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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 25 PAINEL AGRONÔMICO SERINGAIS PAULISTAS SÃO OS MAIS PRODUTIVOS DO MUNDO O Estado de São Paulo tem os seringais mais produtivos do mundo, com produtividade superior a 1.300 kg ha -1 de bor- racha, ao ano, frente aos 1.100 kg ha -1 da Tailândia, 1.000 kg ha -1 da Malásia e 800 kg ha -1 da Indonésia – países heveicultores tradicionais. A competência paulista nesta área tem como base a pesquisa agrícola desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que desenvolve pesquisas de melhoramento genético, manejo, tratos culturais e adubação e nutrição em seringueira. O principal objetivo do Programa do IAC é obter clones de seringueira adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo, com características de alto potencial de produção e vigor. Nos lançamentos mais recentes, o IAC conseguiu esse perfil aliado à precocidade. Nos novos materiais desenvolvi- dos pelo Instituto Agronômico, a extração do látex pode ser feita em cinco anos a partir do plantio, isto é, dois anos antes do que normalmente ocorre. Este perfil precoce está presente em quatro, dos 15 clones lançados pelo Instituto. São eles: IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 “Começar a sangrar com tempo 30% menor significa antecipar ganhos para pagar o investimento”, explica Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador líder do Programa Seringueira do Instituto Agronômico. Todos os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm tam- bém maior produtividade do que o material mais plantado em São Paulo, atualmente, o importado da Ásia, RRIM 600, que produz em torno de 1.250 kg ha -1 ao ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz 1.731 kg ha -1 de látex, 38% superior que o mais plantado. São ganhos de 500 kg de borracha seca por ano. “As pesquisas do IAC envolvem 51 experimentos de campo distribuídos em todo o Estado (aproximadamente 95 mil hectares) e um total de 500 novos clones avaliados”, afirma Paulo de Souza Gonçalves. A cultura da seringueira é reconhecida como grande geradora de emprego. Para cada cinco hectares, uma pessoa é contratada. Nos 95 mil hectares plantados em São Paulo são gerados mais de 19 mil empregos diretos no campo. A mão de obra não é conside- rada “pesada”, de acordo com Gonçalves, possibilitando que toda a família possa trabalhar na área. Outra vantagem do cultivo é a produção ao longo de todo o ano, possibilitando renda contínua ao produtor e diluição do risco, principalmente quando comparada com as culturas anuais, em que qualquer problema climático ou fitossanitário compromete a renda durante o ano. Considerando o aspecto ambiental, a seringueira auxilia na fixação de gás carbônico no solo. Em setembro de 1996, foi con- siderada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie para reflorestamento. “Ao término da vida útil dos seringais, aos 35 anos, o produtor terá ainda a renda pela venda da madeira, já bem aceita pela indústria moveleira dos mercados orientais e dos Estados Unidos, com preço de mercado em torno de US$ 200 o m³”, afirma. (IAC Notícias) NOVO SELO BUSCA VALORIZAR O “VALE DO SILÍCIO DO CAMPO” Pesquisadores e empreendedores do agronegócio lançaram oficialmente o AgTech Valley – Vale do Piracicaba, primeiro selo de denominação de um polo brasileiro de tecnologia voltado exclusi- vamente à inovação agrícola. A intenção é aproveitar o ambiente de conhecimento do município paulista – fomentado pelo campus da Escola de Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/ USP) – e as empresas agrícolas já instaladas na região para criar uma marca capaz de gerar valor aos produtos e serviços desenvolvidos. "Estamos entre as cinco melhores faculdades do mundo em estudos de agricultura tropical e temos hoje no vale do rio Piraci- caba dezenas de empresas de inovação pesquisando desde etanol de segunda geração até microrganismos que capturam carbono. Somos o "Vale do Silício do agronegócio". Precisamos usar isso a nosso favor", afirma Mateus Modin, professor do Departamento de Genética da Esalq e um dos idealizadores da iniciativa. Um levantamento inicial realizado pelo professor Modin identificou a presença de 89 empresas agrícolas no vale, incluindo startups incubadas na Esalqtec e grandes empresas como a Raízen, também representada no Parque Tecnológico. Mas há mais delas, e outra vantagem do selo será juntar pontas, apresentar fornecedores e compradores e criar uma rede local de inovação e de negócios. (Valor Econômico) PODA AUMENTA EM ATÉ 30% PRODUTIVIDADE DE CAFEEIROS CANÉFORA Nova técnica sistematizada pela Embrapa Rondônia, chamada poda de formação, pode fazer com que os cafeeiros da espécie canéfora (Conilon e Robusta) apre- sentem aumento de até 30% de produtividade na primeira safra. A prática ainda permite a padroni- zação das podas de pro- dução, já que as hastes formadas apresentarão a mesma idade. A poda dos cafeeiros é praticada por alguns cafeicultores, porém sem critérios e de forma empírica. A sistematização traz embasamento técnico e comprovação de resultados. A poda é realizada de forma manual, utilizando-se como ferramenta uma tesoura de poda, e consiste de duas etapas: (a) a poda do ponteiro e limpeza do caule das plantas; (b) a seleção de brotos e a limpeza do caule das plantas. O primeiro passo é a eliminação de todos os ramos de produção, folhas baixeiras e gema apical (olho do cafeeiro). Cerca de 45 a 90 dias após a poda apical, deve ser realizada a desbrota, eliminando-se o excesso de brotos conforme a expectativa do número de hastes que se pretende manter por planta. Dessa forma, mantém-se de três a quatro brotos por planta, dando preferência para os brotos inseridos na parte mais baixa do caule. No momento da desbrota, devem ser eliminados os ramos de produção do baixeiro que tenham surgido após a poda. (Embrapa Rondônia)

PAINEL AGRONÔMICO...e um total de 500 novos clones avaliados”, afirma Paulo de Souza Gonçalves. A cultura da seringueira é reconhecida como grande geradora de emprego. Para cada

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 25

PAINEL AGRONÔMICO

SERINGAIS PAULISTAS SÃO OS MAIS PRODUTIVOS DO MUNDO

O Estado de São Paulo tem os seringais mais produtivos do mundo, com produtividade superior a 1.300 kg ha-1 de bor-racha, ao ano, frente aos 1.100 kg ha-1 da Tailândia, 1.000 kg ha-1 da Malásia e 800 kg ha-1 da Indonésia – países heveicultores tradicionais. A competência paulista nesta área tem como base a pesquisa agrícola desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que desenvolve pesquisas de melhoramento genético, manejo, tratos culturais e adubação e nutrição em seringueira.

O principal objetivo do Programa do IAC é obter clones de seringueira adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo, com características de alto potencial de produção e vigor. Nos lançamentos mais recentes, o IAC conseguiu esse perfil aliado à precocidade. Nos novos materiais desenvolvi-dos pelo Instituto Agronômico, a extração do látex pode ser feita em cinco anos a partir do plantio, isto é, dois anos antes do que normalmente ocorre. Este perfil precoce está presente em quatro, dos 15 clones lançados pelo Instituto. São eles: IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 “Começar a sangrar com tempo 30% menor significa antecipar ganhos para pagar o investimento”, explica Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador líder do Programa Seringueira do Instituto Agronômico.

Todos os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm tam-bém maior produtividade do que o material mais plantado em São Paulo, atualmente, o importado da Ásia, RRIM 600, que produz em torno de 1.250 kg ha-1 ao ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz 1.731 kg ha-1 de látex, 38% superior que o mais plantado. São ganhos de 500 kg de borracha seca por ano.

“As pesquisas do IAC envolvem 51 experimentos de campo distribuídos em todo o Estado (aproximadamente 95 mil hectares) e um total de 500 novos clones avaliados”, afirma Paulo de Souza Gonçalves.

A cultura da seringueira é reconhecida como grande geradora de emprego. Para cada cinco hectares, uma pessoa é contratada. Nos 95 mil hectares plantados em São Paulo são gerados mais de 19 mil empregos diretos no campo. A mão de obra não é conside-rada “pesada”, de acordo com Gonçalves, possibilitando que toda a família possa trabalhar na área.

Outra vantagem do cultivo é a produção ao longo de todo o ano, possibilitando renda contínua ao produtor e diluição do risco, principalmente quando comparada com as culturas anuais, em que qualquer problema climático ou fitossanitário compromete a renda durante o ano.

Considerando o aspecto ambiental, a seringueira auxilia na fixação de gás carbônico no solo. Em setembro de 1996, foi con-siderada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie para reflorestamento. “Ao término da vida útil dos seringais, aos 35 anos, o produtor terá ainda a renda pela venda da madeira, já bem aceita pela indústria moveleira dos mercados orientais e dos Estados Unidos, com preço de mercado em torno de US$ 200 o m³”, afirma. (IAC Notícias)

NOVO SELO BUSCA VALORIZAR O “VALE DO SILÍCIO DO CAMPO”

Pesquisadores e empreendedores do agronegócio lançaram oficialmente o AgTech Valley – Vale do Piracicaba, primeiro selo de denominação de um polo brasileiro de tecnologia voltado exclusi-vamente à inovação agrícola. A intenção é aproveitar o ambiente de conhecimento do município paulista – fomentado pelo campus da Escola de Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/ USP) – e as empresas agrícolas já instaladas na região para criar uma marca capaz de gerar valor aos produtos e serviços desenvolvidos.

"Estamos entre as cinco melhores faculdades do mundo em estudos de agricultura tropical e temos hoje no vale do rio Piraci-caba dezenas de empresas de inovação pesquisando desde etanol de segunda geração até microrganismos que capturam carbono. Somos o "Vale do Silício do agronegócio". Precisamos usar isso a nosso favor", afirma Mateus Modin, professor do Departamento de Genética da Esalq e um dos idealizadores da iniciativa.

Um levantamento inicial realizado pelo professor Modin identificou a presença de 89 empresas agrícolas no vale, incluindo startups incubadas na Esalqtec e grandes empresas como a Raízen, também representada no Parque Tecnológico. Mas há mais delas, e outra vantagem do selo será juntar pontas, apresentar fornecedores e compradores e criar uma rede local de inovação e de negócios. (Valor Econômico)

PODA AUMENTA EM ATÉ 30% PRODUTIVIDADE DE CAFEEIROS CANÉFORA

Nova técnica sistematizada pela Embrapa Rondônia, chamada poda de formação, pode fazer com que os cafeeiros da espécie canéfora (Conilon e Robusta) apre-sentem aumento de até 30% de produtividade na primeira safra. A prática ainda permite a padroni-zação das podas de pro-dução, já que as hastes formadas apresentarão a mesma idade. A poda dos cafeeiros é praticada por alguns cafeicultores, porém sem critérios e de forma empírica. A sistematização traz embasamento técnico e comprovação de resultados.

A poda é realizada de forma manual, utilizando-se como ferramenta uma tesoura de poda, e consiste de duas etapas: (a) a poda do ponteiro e limpeza do caule das plantas; (b) a seleção de brotos e a limpeza do caule das plantas. O primeiro passo é a eliminação de todos os ramos de produção, folhas baixeiras e gema apical (olho do cafeeiro). Cerca de 45 a 90 dias após a poda apical, deve ser realizada a desbrota, eliminando-se o excesso de brotos conforme a expectativa do número de hastes que se pretende manter por planta. Dessa forma, mantém-se de três a quatro brotos por planta, dando preferência para os brotos inseridos na parte mais baixa do caule. No momento da desbrota, devem ser eliminados os ramos de produção do baixeiro que tenham surgido após a poda. (Embrapa Rondônia)