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AEAARP funda, com outras entidades, fórum para defender os interesses do município Em defesa de Ribeirão Preto painel Ano XVIII nº 236 novembro/ 2014 AEAARP ARQUITETURA Veja como proteger a propriedade intelectual AGRONOMIA Palestra mostra experiência com rotação de cultura da cana ENGENHARIA A aplicação da NBR 15.575:2013 é analisada em artigo

Painel - edição 235 - nov.2014

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Veículo de divulgação oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP).

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Page 1: Painel - edição 235 - nov.2014

AEAARP funda, com outras entidades, fórumpara defender os interesses do município

Em defesa deRibeirão Pretopainel

Ano XVIII nº 236 novembro/ 2014

A E A A R P

ARQUITETURA

Veja como proteger a propriedade intelectual

AGRONOMIA

Palestra mostra experiência com rotação de cultura da cana

ENGENHARIA

A aplicação da NBR 15.575:2013 é analisada em artigo

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2014 se aproxima do final. Foi um ano a~pico.

Iniciou com poucas perspec�vas posi�vas de desenvolvimento econômico, que se concre�-

zaram ao longo do tempo e pelas incertezas decorrentes das expecta�vas pela realização da

Copa do Mundo e posteriormente pela realização das eleições majoritárias do país, entre outras.

O resultado não foi posi�vo.

Na Copa, em que pese o cumprimento incompleto da programação de execução das obras

previstas para a viabilização do mundial, o evento foi realizado, mas em condições de infraes-

trutura aquém do esperado.

Na área espor�va, entretanto, foi o pior resultado de nossa seleção, que experimentou um

vexame diante de sua torcida, o que, de certa forma, reabilitou os integrantes da copa de 1950.

Na área polí�ca, após uma campanha extremamente ríspida e agressiva, na qual ocorreram

desdobramentos impensáveis no início, mas concre�zados após a morte de um dos candidatos

a presidente da república, o resultado não foi melhor.

A eleição foi realizada, o resultado foi proclamado, a atual presidente do país foi reeleita,

mas, o país saiu dividido do pleito.

A diferença de votos entre os candidatos foi muito pequena.

Se acrescentarmos aos votos do candidato que foi vencido, os votos nulos e os votos em

branco, ou seja, os votos dos que não optaram pela candidata vencedora, chegaremos à con-

clusão de que ela não tem o apoio da maioria dos eleitores brasileiros.

Com isso, o que temos observado é uma constante demonstração de insa�sfação por parte

da população, que tem se posicionado contrariamente a esse resultado de diversas formas,

através de manifestações públicas, da mídia e das redes sociais, entre outras.

Aliadas a essas questões, estão vindo à tona novas denúncias de malversação do dinheiro

público por cidadãos ligados às empresas públicas e a integrantes do governo.

Some-se a isso, o fato de que mesmo após o resultado das eleições, ainda não há um defini-

ção de qual o rumo que se pretende imprimir à economia brasileira nos próximos anos, tendo

em vista que o atual ministro da fazenda já foi publicamente descartado, sem que houvesse

qualquer indicação do perfil do futuro integrante da pasta .

Esses fatos influenciaram e certamente con�nuarão a influenciar nega�vamente o desem-

penho de nossa economia por muito tempo. E se a economia não vai bem, a área tecnológica

também não vai.

Neste ano, assis�mos a uma retração enorme na área do agronegócio, da indústria e da

construção civil em nossa região.

No final do ano passado, fizemos neste espaço algumas considerações sobre a expecta�va

conservadora que se desenhava para o ano atual e sobre os cuidados que deveríamos ter ao

planejarmos nossas ações de futuro, principalmente em nossa área de atuação, que é extre-

mamente dependente de fomento público.

Hoje, infelizmente nos deparamos com situação equivalente, que nos leva a concluir que

devemos ter o mesmo cuidado que no ano passado em relação às ações que pretendemos

desenvolver.

Resta aguardarmos com cautela os próximos movimentos governamentais para que possamos

nos posicionar e encarar a dura realidade que se avizinha.

Eng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoPresidente

Eng.º Civil João PauloS. C. Figueiredo

Editorial

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Expediente

A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO

Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

ÍndiceESPECIAL 05AEAARP de olho no futuroCidades mais verdes, mais sustentáveis e mais humanas

ANÁLISE 10A reutilização da água para desenvolvimento do país

BIBLIOTECA 11Livro sobre arquiteto João Batista Vilanova Artigas

ARQUITETURA 12Propriedade intelectual

AGRONOMIA 16Rotação de cultura em canaviais

OPINIÃO 18Empecilhos ao crescimento sustentado das cidades

ARTIGO 20Norma de desempenho: realidade inconteste

INDICADOR VERDE 21

CREA-SP 23Comentários à Lei Federal Nº 5.194/66

TECNOLOGIA 24Concreto autoadensável

NOTAS E CURSOS 26

Errata

No segundo parágrafo da matéria da página 20 da edição 234 da Painel,

o número correto da NBR é 15.575/2013

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Eng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoPresidente

Arq. e urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos1º Vice-presidente

Eng. civil Ivo Colichio Júnior2º Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: eng. civil Hirilandes AlvesDiretor Financeiro: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio BagatinDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil Elpidio Faria JúniorDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. eletr. Tapyr Sandroni JorgeDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil Edes JunqueiraDiretor de Comunicação e Cultura: eng. civil José Aníbal LagunaDiretor Social: arq. e urb. Marta Benedini VecchiDiretor Universitário: arq. e urb. José Antonio Lanchoti

DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Gilberto Marques SoaresArquitetura, Urbanismo e afins: arq. e urb. Carlos Alberto Palladini FilhoEngenharia e afins: eng. civil José Roberto Hortencio Romero

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

Conselheiros TitularesEng. agr. Callil João FilhoEng. civil Carlos Eduardo Nascimento AlencastreEng. civil Cecilio Fraguas JúniorEng. civil Edgard CuryEng. agr. Dilson Rodrigues CáceresEng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet FrancoEng. agr. Geraldo Geraldi JúniorEng. mec. Giulio Roberto Azevedo PradoEng. elet. Hideo KumasakaEng. civil Iskandar AudeEng. civil José Galdino Barbosa da Cunha JúniorArq. e Urb. Maria Teresa Pereira LimaEng. civil Nelson Martins da CostaEng. civil Ricardo Aparecido DebiagiConselheiros SuplentesEng. Agr. Alexandre Garcia TazinaffoArq. e urb. Celso Oliveira dos SantosEng. Agr. Denizart BolonheziArq. Fernando de Souza FreireEng. civil Leonardo Curval MassaroEng. agr. Maria Lucia Pereira Lima

CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP INDICADOS PELA AEAARPEng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e Eng. civil Hirilandes Alves

REVISTA PAINELConselho Editorial: - eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres, eng. mec. Giulio RobertoAzevedo Prado, eng. civil José Aníbal Laguna e eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin [email protected]

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Joaquim Antonio Nascimento 39,cj. 13, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14024-180 - www.textocomunicacao.com.brFones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - [email protected]

Editores: Blanche Amancio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679

Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044

Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719Angela Soares - [email protected]

Foto da capa: Daniela AntunesTiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também nãoexpressam, necessariamente, a opinião da revista.

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AEAARP

ESPECIAL

olho no futuroA Associação é uma das fundadoras do FERP, que reúne enddades de

classe e empresariais para defender interesses comuns

AEAARP de

A AEAARP somou forças com as mais

importantes en�dades de classe e em-

presariais de Ribeirão Preto e colabora,

desde o início deste ano, com o Fórum

de En�dades de Ribeirão Preto (FERP).

O obje�vo é provocar debates qualifica-

dos sobre questões que influenciam na

qualidade de vida da população e nas

a�vidades econômicas, realizando estu-

dos e pesquisas, subsidiando propostas

e planos para os poderes execu�vo, le-

gisla�vo e judiciário.

O engenheiro civil João Paulo Figuei-

redo, presidente da AEAARP, avalia que

a ação conjunta fortalece os debates

que, antes, eram feitos isoladamente.

“A ar�culação dessas en�dades de-

monstra o alinhamento dos propósitos

e, mesmo quando existem divergências,

as discussões evoluem para conclusões

que preservam a questão central: a

qualidade de vida”, observa.

Nesses primeiros meses de a�vidade,

os candidatos a deputado com domicílio

eleitoral em Ribeirão Preto foram saba�-

nados pelas en�dades do FERP, que man-

terá uma agenda de cobrança dos com-

promissos apresentados pelos eleitos.

A AEAARP colaborou tecnicamente

nos debates sobre a implantação do

terminal de ônibus na Praça das Bandei-

ras, em razão do impacto que a circula-

ção de veículos provocará na Catedral

Metropolitana. O documento com os

argumentos da AEAARP foi publicado na

íntegra na edição 235 da revista Painel.João Paulo Figueiredo

Page 6: Painel - edição 235 - nov.2014

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Revista Painel

ESPECIAL

O inícioGuilherme Feitosa, diretor regional

do Ciesp/Fiesp , preside o FERP. A AE-

AARP está entre as 22 en�dades funda-

doras do Fórum que, segundo ele, origi-

nou-se da necessidade de somar forças

e justamente no setor empresarial . A

maior parte das demandas abordadas

até este momento refere-se às ações ou

providências do setor público.

A ro�na do FERP será a de receber e

discu�r as necessidades expressas pe-

las en�dades par�cipantes. Uma vez

acatadas, todas as integrantes somarão

forças em sua defesa. O conceito geral

é o de que sozinho ninguém é tão for-

te. Unidos, poderão obter importantes

conquistas.

“Apesar dos avanços que observa-

mos em relação a algumas áreas, im-

pressiona ver

que alguns

problemas da

cidade persis-

tem e que as

autor idades

insistem em

não interferir.

O nosso papel é alertar, sempre”, ava-

lia João Paulo, presidente da AEAARP.

• ABAGRP - Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto;

• ABIGRAF - Associação Brasileira da Indústria Gráfica, Seccional Ribeirão Preto e Região;

• ACIRP - Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto;

• AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto;

• AESCON RP - Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Ribeirão Preto e Região;

• Associação Rural de Ribeirão Preto e Região;

• ASSOVALE - Associação Rural do Vale do Rio Pardo;

• CANAOESTE - Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo

• CIESP de Ribeirão Preto - Diretoria Regional de Ribeirão Preto do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo;

• COPERCANA - Coopera�va dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo;

• COOPERCITRUS - Coopera�va de Produtores Rurais;

• FIESP de Ribeirão Preto – Departamento de Ação Regional de Ribeirão Preto da Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo;

• PISO - Polo Industrial de Sotware de Ribeirão Preto;

• SESCON SP - Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, e das Empresas de Assessoramento, Perícias,

Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo - Regional de Ribeirão Preto;

• SICORP - Sindicato dos Contabilistas de Ribeirão Preto e Região;

• SINCOVARP - Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto;

• SINDHORP/SINDRIBEIRÃO – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e Região;

• Sindicato Rural de Ribeirão Preto;

• SINDIPÃO - Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Ribeirão Preto;

• SINDIVERP - Sindicato das Indústrias do Vestuário de Ribeirão Preto e Região;

• SINDTUR - Sindicato de Turismo, Hospitalidade, Serviços, Mercado Imobiliário e Condomínios de Ribeirão Preto

e Região;

• SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo - Regional de Ribeirão Preto.

En�dades fundadoras do FERP

Guilherme Feitosa

Page 7: Painel - edição 235 - nov.2014

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AEAARP

As pautas da AEAARPA Associação defende posições que

fortaleçam as a�vidades de engenhei-

ros, arquitetos e agrônomos. Uma delas

é conscien�zar a sociedade sobre a im-

portância de inves�r na segurança das

construções. Uma a�tude que deve ser

tomada por proprietários e profissio-

nais do setor, mas que também deve ser

observada pelos usuários.

“Existem circunstâncias que, quando

acontecem, provocam uma tremenda

comoção e mobilização. Entretanto, é

preciso estar atento antes e observar,

principalmente, a legislação e as nor-

mas vigentes”, acrescenta João Paulo

que lembra que as normas vigentes são

negligenciadas, em algumas situações,

em nome da esté�ca ou da pressa.

A AEAARP pretende também intensi-

ficar a discussão acerca da preservação

do patrimônio histórico e arquitetônico.

O primeiro grande embate do Fórum so-

bre o tema envolve a Catedral Metropo-

litana de Ribeirão Preto, ameaçada pela

instalação de um terminal de ônibus.

O centro da cidade, entretanto, tem

construções que sobrevivem às intem-

péries climá�cas e ações de vândalos.

“E, sobretudo, ao descaso”, opina João

Paulo. Ele lembra que a revista Painel

tratou do tema diversas vezes nos úl�-

mos anos. “A memória deve ser preser-

vada com responsabilidade. O prédio

precisa ter uma finalidade nobre. O uso

e a reforma não podem ser inviabiliza-

dos por regras que encarecem uma in-

tervenção”, opina.

João Paulo pretende pautar também

o inves�mento em infraestrutura. A cri-

se hídrica, por exemplo, exige ações em

médio prazo. “A Agência Nacional de

Águas – ANA – já revelou que a cidade

terá de captar água do Rio Pardo, e não

podemos admi�r que cheguemos nem

perto da situação vivida por São Paulo”,

acrescenta o presidente da AEAARP. Ele

lembra que a gestão dos recursos em

Ribeirão Preto é de responsabilidade do

município, por meio do Departamento

de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DA-

ERP). Também no escopo da pauta de

infraestrutura, a AEAARP pretende en-

cabeçar debates sobre trânsito, trans-

porte e Plano Diretor.

Guilherme cita a internacionalização

Benedito Abbud

É formado em arquitetura

pela Faculdade de Arquitetura

e Urbanismo da Universidade

de São Paulo (FAU-USP), onde

também cursou sua pós-gra-

duação e mestrado. Em 1977

ingressou na área acadêmica

como professor da Faculda-

de de Arquitetura da Pon�x-

cia Universidade Católica de

Campinas, em que ministrou

aulas até 1981. Também foi

professor de paisagismo na

FAU-USP entre 1980 e 1985.

Abbud ocupou o cargo de

presidente da Associação Bra-

sileira de Arquitetos Paisagis-

tas (Abap) durante os biênios

de 1987-1988 e 1999-2000.

É autor do livro Criando pai-

sagens: guia de trabalho em

arquitetura paisagís�ca, pu-

blicado em 2006 pela editora

Senac São Paulo.

Reunião do FERP: entidades devem apresentar temas a serem debatidos

do aeroporto Leite Lopes como uma das

pautas do FERP, um tema amplamente

deba�do na AEAARP. “Com o FERP, am-

plificamos os resultados das discussões

promovidas por meio do Fórum de De-

bates Ribeirão Preto do Futuro, que re-

aliza palestras regulares na Associação e

promove as semanas técnicas”, explica

João Paulo.

Veja nas páginas seguintes a exposi-

ção do arquiteto Benedito Abbud na

AEAARP sobre o inves�mento em qua-

lidade de vida nas cidades por meio de

projetos que valorizam a introdução de

áreas verdes.

Page 8: Painel - edição 235 - nov.2014

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Revista Painel

ESPECIAL

Arquiteto Benedito Abbud, autor de projetos da Copa do Mundo e na

Vila Olímpica, apresenta ideias e projetos que tornam as cidades mais

sustentáveis e com mais áreas verdes

Cidades mais verdes,mais sustentáveis e mais humanas

Como melhorar a qualidade de vida

nas cidades através da implantação de

mais áreas verdes foi o foco da palestra

do arquiteto Benedito Abbud, na

AEAARP. “O carro passou a ser o grande

ator do desenvolvimento das cidades.

Tá na hora de pensar nas cidades para

as pessoas e para o convívio social”.

A sugestão do arquiteto foi: parar de

reclamar dos municípios e descobrir

o que pode ser melhorado. Uma das

soluções apresentadas é a adoção de

mais áreas verdes e espaços públicos

para convivência social.

“Faltam áreas verdes nas cidades”, a

afirmação tem como parâmetro a reco-

mendação da Organização das Nações

Unidas (ONU), que é 12 m² de área ver-

de por habitante. Na região urbanizada

da cidade de São Paulo, por exemplo,

a média é de 2,8 m² por habitante. O

arquiteto ressalta que, mesmo em es-

paços públicos que não foram planeja-

dos para receber arborização, existem

soluções para amenizar a falta de ve-

getação. Por exemplo, aproveitamento

das calçadas e muros, criando praças de

esquina, miniparques e parklets.

“O verde ameniza a temperatura, reduz

a amplitude térmica, diminui os efeitos

da poluição, melhora a umidade rela�va

do ar, promove sombreamento, equilibra

e harmoniza a paisagem, dá frutos, atrai

pássaros e dignifica a paisagem deixando

o espaço mais belo”, afirma o arquiteto.

CalçadasEle compara a largura das calçadas de

hoje com as da época medieval, quando

eram u�lizadas carroças como principal

meio de transporte. “Nas cidades temos

grandes prédios, muitos carros e calça-

das estreitas. As pessoas andam nos

resquícios de espaço que sobram”. Para

ele, o planejamento urbano tem se pre-

ocupadomuito com os veículos e pouco

com as pessoas e a natureza. O Plano

Diretor da cidade de São Paulo tem bus-

cado alterna�vas para esse problema e

aprovou recentemente a instalação de

miniparques e parklets.

Mesmo em calçadas mais estreitas é

possível usar vegetação. O arquiteto ex-

plica que 10 cen�metros de canteiro são

suficientes para plantar uma trepadeira

que resultará em ummuro-verde. “O sol

em ummuro pintado bate e reflete o ca-

lor. Quando tem uma vegetação, a área

verde absorve o calor, deixando o espaço

menos quente”. E o verde valoriza: dos

10 bairrosmais valorizados de São Paulo,

oito são densamente arborizados.

Outro ponto destacado pelo arquite-

to é a segurança. “Criar condições para

que as pessoas usem todos os cantos

da cidade minimiza o problema da falta

de segurança. Quando tem muitas pes-

soas em determinado local, diminui a

ação dos bandidos”. Áreas com grande

metragem linear de muros e pouca pas-

sagem de pedestres podem ser usadas

como pista de corrida, academia ao ar

livre e área de lazer para crianças.

Para a falta de áreas permeáveis, a

Benedito Abbud

A palestra atraiu profissionais e estudantes

Page 9: Painel - edição 235 - nov.2014

9

AEAARP

solução é adotar os pisos drenantes, ca-

pazes de absorver até 95% da água que

está em sua superxcie. “A cidade de São

Paulo possui 60 mil quilômetros de cal-

çada. Se �véssemos absorção da água

que cai nessas vias, teríamos redução

significa�va das enchentes”. Ele afirma

que essa medida isolada não resolverá o

problema, mas vai ajudar a minimizá-lo.

Praças de esquina, parkletse miniparques

Os cinco metros de distância da es-

quina que os carros não podem usar

como estacionamento são também

considerados por Abbud como espaços

mal aproveitados nas cidades. Já que

não podem ser u�lizados pelos veícu-

los, ele propõe que sejam usados por

pessoas. “Em uma esquina você pode

ter até três árvores plantadas. Em um

único quarteirão serão seis. Imagina em

uma rua inteira, a quan�dade de novas

árvores que teremos”.

A cidade de São Paulo aprovou neste

ano a implantação de parklets e dispo-

nibilizou na internet o manual de im-

plantação, assunto publicado na edição

n°232 da revista PAINEL (de julho de

2014). O arquiteto explica que este es-

paço é provisório, podendo ficar instala-

do por até três anos, e que qualquer ci-

dadão poderá solicitar à prefeitura, que

pode autorizar ou não. Pode ter árvores

em vasos, em razão de sua caracterís�ca

provisória.

Os miniparques podem ser implan-

tados em pequenos terrenos. “Esses

espaços funcionam como um ‘respiro’

para a cidade e para os pedestres. Além

disso, valorizam a região e os imóveis

ao seu redor”. Terrenos sem uso são os

principais des�nos para a implantação

de miniparques, conceito esse que ficou

conhecido como acupuntura urbana,

um conjunto de ações pontuais e de

revitalização que pode mudar progres-

sivamente o visual da cidade. Abbud fi-

nalizou a palestra afirmando que ideias

simples podem ajudar a resolver proble-

mas complexos das cidades brasileiras.

Page 10: Painel - edição 235 - nov.2014

10

Revista Painel

desenvolvimento do paísA reutilização da água para

Renato Rossato

ANÁLISE

Engenheiro químico,

especialista em saneamento

Em meio à crise hídrica no estado de

São Paulo, a eficiência da gestão das

águas no nosso país nunca foi tão ques-

�onada. As chuvas deste ano foram es-

cassas, porém isto apenas evidenciou a

fragilidade e falhas do nosso sistema de

tratamento e distribuição de águas.

Já passamos do momento de criação

de um plano de con�ngência e a situ-

ação é emergencial, porém diversas

ações podem ser tomadas para evitar

que isso se repita em longo prazo. Em

2011, por exemplo, o nível de chuvas

foi muito elevado e não pode ser arma-

zenado pelas represas, que a�ngiram

100% da capacidade. Como os siste-

mas não prevêem as alternâncias mais

extremas de chuvas e secas, essa água

acabou sendo desperdiçada.

De acordo com um estudo divulgado

pela Ins�tuição Trata Brasil, cerca de

metade da água que escorre pelos ra-

los ainda chega na forma de esgoto sem

tratamento aos rios, córregos e repre-

sas de São Paulo. Com apenas 38,7% do

volume tratado, a capital paulista está

ignorando um estoque de água equiva-

lente a dois sistemas Cantareira. Com o

devido tratamento desse volume, a cri-

se atual poderia ser amenizada.

A reu�lização da água não é um con-

ceito novo e tem sido pra�cado em

todo o mundo há muitos anos. No Bra-

sil, as estações tratam o esgoto em nível

inicial, por isso a água é u�lizada ape-

nas para limpeza de calçadas, irrigação

de jardins e na produção industrial. Adi-

cionando mais etapas para completar o

tratamento, a água se tornaria potável,

como é feito em países como EUA, Aus-

trália e Bélgica.

A eficiência dos sistemas de tratamen-

to de efluentes também é um fator a ser

levado em consideração. Atualmente,

emprega-se sistema de aeração por ar

difuso no tratamento de efluentes sani-

tários e efluentes industriais, composto

por soprador de ar, tubulações e válvu-

las para alimentação de ar e difusores

de membranas em EPDM. Porém, já é

possível encontrar no mercado novas

tecnologias mais eficientes produzidas

com diferentes �pos de polímeros. Essa

opção, apesar de ter o custo mais alto

de instalação, possui vida ú�l cerca de

200% mais longa, o que reduz conside-

ravelmente os custos com manutenção.

Em longo prazo, o inves�mento é com-

pensado, já que não há a necessidade

de instalar um novo sistema nos próxi-

mos 10 ou 12 anos.

Nesse cenário, o Brasil ainda tem um

longo caminho a percorrer, já que dos

62,8 milhões de domicílios, quase 27 mi-

lhões de residências não possuemaome-

nos rede coletora de esgoto. Para rever-

ter essa situação, segundo um relatório

divulgado em março pelo IBGE, o Brasil

precisa inves�r pouco mais que R$ 313

bilhões até 2033 para que o saneamento

básico alcance 100% da população.

Outro estudo realizado pela Ins�-

tuição Trata Brasil, revelou que alunos

sem acesso à coleta de esgoto e água

tratada sofrem um atraso escolar maior

em comparação aos estudantes com as

mesmas condições socioeconômicas,

mas que moram em locais onde há sa-

neamento. Além da redução em 6,8%

do atraso escolar, de acordo com a pes-

quisa, a universalização do saneamento

refle�ria no ganho de produ�vidade do

trabalho e aumento na remuneração fu-

tura. O turismo também pode se bene-

ficiar e o país arrecadaria anualmente

R$ 7,2 bilhões com a�vidades turís�cas

em áreas onde atualmente não há ser-

viços de coleta de esgoto.

É um inves�mento alto, porém extre-

mamente importante para a u�lização

dos recursos hídricos. O tratamento de

efluentes acaba representando um po-

tencial emergente que visa não somente

a racionalização do uso de umbemfinito,

mas também auxilia indiretamente no

desenvolvimento da sociedade ao redor.

Page 11: Painel - edição 235 - nov.2014

BIBLIOTECA

João Batista Vilanova ArtigasElementos para a compreensão de um caminho

da arquitetura brasileira, 1938-1967

Livro sobre arquiteto

Miguel Antonio Buzzar apresenta

em ‘João Ba�sta Vilanova Ar�gas: ele-

mentos para a compreensão de um ca-

minho da arquitetura brasileira, 1938-

1967’ (Editora Unesp, 455 páginas) um

panorama detalhado do Modernismo

no Brasil, ao mesmo tempo em que o

ar�cula com os caminhos da produção

de João Ba�sta Vilanova Ar�gas (1915-

1985), associada ao movimento arqui-

tetônico conhecido como Escola Paulis-

ta. Com o estudo, o autor empreende

uma tenta�va de preencher as lacunas

existentes na historiografia sobre a

obra do arquiteto e sobre a arquitetura

brasileira em geral.

Buzzar adota o conceito de trama, no

qual os eventos estão repletos de leitu-

ras e com i�nerários precisos, para criar

imagens da historiografia da arquitetura

brasileira, inserindo a obra de Ar�gas.

Ao adotar essa proposição, ele inter-

preta Ar�gas como um caso específico

da genealogia: ideologicamente o ar-

quiteto fez parte cons�tu�va da própria

trama, à medida que procurou criar e

a trama pretendeu confirmar uma ex-

pressão arquitetônica nacional própria.

Já em termos formais ou da forma ar-

quitetônica elaborada e sua densidade

cultural, Ar�gas ques�onava a cons�-

tuição da trama. Para Buzzar, Ar�gas

não “obedeceu” às linhas e, em termos

genéricos, as caracterís�cas arquitetô-

nicas da vertente moldada como hege-

mônica, transferindo para a edificação

e sua construção o que problema�zava

na modernização do país e es�mulando

um conflito em termos culturais.

O livro mostra que as ideias de Ar�gas

procuravam relatar a história comum e

também guardavam autonomia, o que

denotava dupla inscrição – enquanto in-

tegravam também ques�onavam. Com

isso, a produção do arquiteto, sempre

reconhecida inclusive como formadora

de uma vertente da arquitetura brasilei-

ra, não deixa de surgir, na historiografia,

como um não declarado “desvio”, o que

adquiriu uma dimensão de desconforto.

Tudo em Ar�gas seria visto como exces-

sivo, de acordo com Buzzar, mas as sim-

plificações não explicariam porquê sua

produção e seu pensamento, antes de

serem esmaecidos, con�nuaram, e ain-

da con�nuam, a gerar significados.

Buzzar é mestre e doutor em estrutu-

ras ambientais urbanas pela FAU-USP e

livre-docente pela Escola de Engenharia

de São Carlos da Universidade de São

Paulo (EESC USP). Leciona na USP des-

de 1989, inicialmente na EESC, e, atu-

almente, no Ins�tuto de Arquitetura e

Urbanismo. Dono de extensa produção

acadêmica, é pesquisador de arquitetu-

ra e urbanismo contemporâneos e tam-

bém de programas e polí�cas públicas

de habitação de interesse social.

Fonte: Agência Unesp

Miguel Antonio Buzzar aprese

Contamos com suacolaboração!

Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP

(Associação deEngenharia, Arquitetura

e Agronomia deRibeirão Preto)

Agora você escreve o nome

da entidade e destina parte do

valor arrecadado pelo CREA-SP

diretamente para a sua entidade

Page 12: Painel - edição 235 - nov.2014

12

Revista Painel

ARQUITETURA

intelectualQuem protege os direitos de propriedade

intelectual de uma obra arquitetônica?

Propriedade

Quando uma obra de arquitetura

é objeto de propriedade intelectual?

Quem são os �tulares dos direitos au-

torais sobre a obra? Em que consistem,

exatamente, esses direitos? Essas ques-

tões vêm acompanhadas de dilemas. O

Conselho de Arquitetura e Urbanismo

do Brasil (CAU/BR) publicou a Resolu-

ção n° 67, de 5 de dezembro de 2013,

que regulamenta os direitos autorais

na Arquitetura e Urbanismo. A norma,

que está disponível no atalho hyp://

migre.me/mEREc, considera que proje-

tos, obras e demais trabalhos técnicos

de criação no âmbito da Arquitetura e

do Urbanismo podem ser protegidos de

acordo com os direitos de propriedade

intelectual.

“Na elaboração dessa resolução abri-

mos vários canais para a par�cipação

da categoria, contando com a ajuda de

especialistas, consultas à legislação na-

Page 13: Painel - edição 235 - nov.2014

13

AEAARP

cional e internacional, além das contri-

buições encaminhadas pelos CAU/UF e

pelos arquitetos em geral”, diz Antônio

Francisco de Oliveira, coordenador da

Comissão de Exercício Profissional. Para

Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/

BR, a norma recupera a noção de ar-

quitetura como produto cultural, o que,

segundo ele, acaba valorizando não só a

obra, mas também o trabalho do arqui-

teto de criar soluções inovadoras.

A resolução especifica dois �pos de

direitos autorais: os morais, rela�vos à

paternidade da obra intelectual; e os

patrimoniais, que são os direitos de u�-

lização da obra. Assim, projetos e outros

trabalhos técnicos de criação somente

podem ser repe�dos com a concordân-

cia do detentor do direito patrimonial

– que pode ser transferido pelo autor a

outra pessoa. Já, os direitos morais não

podem ser repassados para outro pro-

fissional. Assim, toda peça publicitária

ou placa produzida por arquiteto ou por

outra pessoa xsica ou jurídica, referente

a um projeto ou obra, deve especificar

o nome do autor original, protegendo

O registro das obras inte-

lectuais deverá ser requisi-

tado junto aos CAU/UF, que

farão a análise dos pedidos.

O extrato dos registros efe-

tuados ficará disponível no

portal do CAU/BR.

seus direitos morais.

O registro de projeto ou outro traba-

lho técnico de criação de um arquiteto

urbanista não será feito, caso a a�vida-

de tenha sido realizada no período em

que o profissional não possuía registro

a�vo no CAU. Em casos de violação de

direitos autorais, a resolução também

recomenda indenizações a serem re-

queridas na jus�ça. Por exemplo, caso

um arquiteto queira processar uma

construtora por plágio de obra intelec-

tual protegida, o CAU/BR recomenda

uma indenização de no mínimo quatro

vezes o valor dos honorários profissio-

nais, a ~tulo de violação de direitos au-

Page 14: Painel - edição 235 - nov.2014

14

Revista Painel

ARQUITETURA

O que é Propriedade Intelectual?

É a área do Direito que garante a inventores ou responsáveis por

qualquer produção do intelecto - nos domínios industrial, cien~fico,

literário ou ar~s�co - o direito de obter, por um determinado perío-

do de tempo, recompensa pela própria criação. Segundo definição da

Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), a Proprieda-

de Intelectual está dividida em duas categorias:

• Propriedade Industrial, que inclui as patentes (invenções), marcas,

desenho industrial, indicação geográfica e proteção de cul�vares.

• Direitos Autorais abrangendo trabalhos literário e ar~s�cos, e cul-

tura imaterial como romances, poemas, peças, filmes, música, de-

senhos, símbolos, imagens, esculturas, programas de computador,

internet, entre outros.

Fonte: Associação Paulista de Propriedade Intelectual

torais morais, e mais duas vezes o valor

dos honorários por violação do direito

autoral patrimonial.

SICCAUTércia Oliveira, gerente regional do

CAU de Ribeirão Preto, explica que o

Sistema de Informação e Comunicação

do CAU (SICCAU) disponibiliza a ferra-

menta Registro de Direito Autoral (RDA)

para efetuar o registro de propriedade

intelectual de uma obra arquitetônica.

“É muito simples, funciona da mesma

forma como se emite um Registro de

Responsabilidade Técnica ou uma cer-

�dão”. O passo-a-passo de como pre-

encher o RDA está disponível no atalho

hyp://migre.me/mEUlD. Após o cadas-

tro, o arquiteto urbanista deverá emi�r

o boleto para pagamento da taxa de

expediente, conforme determinado no

ar�go 10, da Resolução n° 67.

Apesar de ainda não ter u�lizado a

ferramenta, a arquiteta Ercília Pamplo-

na, vice-presidente da AEAARP, consi-

dera que o RDA valoriza a profissão do

Tércia Oliveira

arquiteto urbanista. “O trabalho do ar-

quiteto deve ser reconhecido além do

momento de finalização de um projeto

arquitetônico. Ele deve ser reconhecido

por muito tempo”. Ercília explica que

quando o profissional finaliza um pro-

jeto, especifica os materiais a serem

u�lizados e registra esse trabalho, isso

é o que comprova todo o trabalho feito

até aquele momento e as responsabili-

dades que cabem ao arquiteto.

Fonte: Arch Daily, CAU/BR

Ercília Pamplona

Page 15: Painel - edição 235 - nov.2014

15

AEAARP

Na Espanha

O arquiteto espanhol Vicente Cas�llo Guillén publicou um ar�go relacionado aos direitos de proprie-

dade intelectual sobre as obras arquitetônicas, esmiuçando as informações de um parecer publicado

pelo Conselho Superior dos Colégios de Arquitetura da Espanha (CSCAE). Chamado de “Los derechos

de propiedad intelectual sobre las obras arquitectónicas”, a análise traz tópicos relacionados aos direi-

tos morais sobre as obras arquitetônicas e os contratos de trabalho e de obra.

Segundo Cas�lho, o direito de propriedade intelectual sobre as obras arquitetônicas “apresenta gran-

des desequilíbrios internos e não dispõe de estruturas claras para ar�cular com certeza econômica e

segurança legal tal inovação, compensando economicamente o mérito”. Cas�lho também argumenta

que “a falta de compreensão da natureza técnica especial do arquiteto deveria mudar para proteger o

arquiteto da possível vulnerabilidade frente a órgãos públicos e privados que u�lizam concursos como

fontes de ideias a muito baixo custo”.

O ar�go de Cas�lho” Una Ley de Propiedad Intelectual para el impulso y defensa de La arquitectura

española” está disponível no atalho hzp://migre.me/mEPlw.

Fonte: ArchDaily

Page 16: Painel - edição 235 - nov.2014

16

Revista Painel

AGRONOMIA

Rotação de culturaEngenheiro agrônomo Nazareno Gonçalves conta as experiências da

Usina Alta Mogiana com a udlização da soja na rotação de cultura

em canaviais

Com início das a�vidades em 1983,

a Usina Alta Mogiana fez sua primeira

moagem em 1985. Localizada em uma

região que anteriormente era produ-

tora de grãos e pastagens, as primeiras

plantações de cana foram 100% realiza-

das no sistema convencional de manejo

do solo. Em uma palestra realizada na

AEAARP, o engenheiro agrônomo Naza-

reno Hilário Gonçalves, diretor agrícola

da Alta Mogiana, apresentou as experi-

ências da usina no que diz respeito ao

plan�o direto e reduzido e falou sobre a

rotação de cultura u�lizando a soja.

“Iniciamos o plan�o de soja em 1986,

emaproximadamente 500 hectares, com

o obje�vo de auxiliar no controle de erva

daninha. Até 1994, man�vemos omane-

jo convencional do solo e, neste mesmo

agrônomos”. A soja também foi implan-

tada em decorrência da necessidade de

faturamento na entressafra. “A empresa

estava começando, �nha pouco recurso

e precisava pagar a folha depagamento”.

Além disso, o agrônomo ressalta que a

rotação de cultura é uma ferramenta im-

portante para a renovação do canavial.

“O casamento da cana com grãos preci-

sa ser feito para diminuir a ideia de que

produzir cana é monocultura”.

Em 2005, a empresa iniciou o plan�o

mecanizado de cana e no ano seguinte,

adotou o sistema de plan�o direto em

85% da produção e o de plan�o reduzido

em 15%. No ano de 2013, a usina iniciou

testes com plan�o de mudas pré-brota-

das, mais conhecidas como MPB. Esse

sistema prevê a padronização dasmudas

ano, começamos a implantar a colheita

mecanizada”, contou o agrônomo. Foi

no ano de 1996 que a usina realizou um

teste com o sistema de plan�o direto de

soja e cana sob a palha, em uma área

aproximada de 350 hectares. Essa deci-

são veio de uma polí�ca de redução de

operações e custos criada pela empresa.

Além disso, também exis�a uma preocu-

pação com a conservação do solo, prin-

cipalmente, em períodos de es�agens

prolongadas e de chuvas intensas.

A escolha da soja como plantação ro-

ta�va deu-se em razão da disponibilida-

de de tecnologias do grão na região de

São Joaquim da Barra-SP. “Essa região

tem grandes plantadores de soja, além

de contar com infraestrutura disponível

como, por exemplo, armazéns e bons

Page 17: Painel - edição 235 - nov.2014

17

AEAARPrevistapainel

ANUNCIENA

PAINEL

16 | [email protected]

e a redução de até 90% do material u�-

lizado e foi desenvolvido por pesquisa-

dores do Ins�tuto Agronômico de Cam-

pinas (IAC), segundo o portal Agricultura

Rural BR. “Na safra 2014/15, a usina ado-

tou o plan�o de 1.600 hectares deMPB”.

De 1997 a 2007, a soja foi plantada

u�lizando-se do sistema convencional

de manejo de solos. E a par�r de 2008,

o cul�vo passou a ser realizado através

do plan�o direto, em aproximadamente

3.500 hectares. Nazareno explicou que

o período ideal para a plantação da soja

é de 20 de outubro a 25 de novembro.

“Nós fizemos um teste, plantando a soja

mais cedo e foi a que mais produziu. Às

vezes, a loucura pode dar um retorno fi-

nanceiro”. Ele garante que a experiência

não resultou em muita produ�vidade,

porém “dá para pagar, pelo menos, o

preparo do solo para o plan�o da cana”.

Quanto ao compara�vo de custos,

o agrônomo explicou que o sistema

de plan�o reduzido e direto, respec-

�vamente, foi 8% e 13% menor que o

convencional, segundo dados da usina

(veja a tabela apresentada pelo pales-

trante, com as operações adotadas em

cada um desses sistemas). Nazareno

destacou algumas vantagens do pre-

paro reduzido e plan�o direto da cana

e da soja: redução do número de equi-

pamentos por hectare, da potência dos

tratores, do número de operações e do

custo, além de garan�r melhor conser-

vação do solo, maior agilidade no plan-

�o de soja e cana, ampliação do contro-

le de erosão hídrica e eólica e aumento

do faturamento no período de entressa-

fra. Já os pontos nega�vos são risco de

incêndios e diycil controle de algumas

pragas subterrâneas.

Page 18: Painel - edição 235 - nov.2014

18

Revista Painel

crescimento sustentadoEmpecilhos ao

Luiz Augusto Pereira

de Almeida

OPINIÃO

Diretor da Fiabci/Brasil e

diretor deMarkedng da

Sobloco Construtora

Nos úl�mos 20 anos, o Brasil tem

experimentado avanços na questão da

sustentabilidade. De um lado, os em-

presários estão mais conscientes e as

empresas, além do lucro, fortalecem

sua imagem com ações mais é�cas e

transparentes, conforme evidencia a

crescente divulgação dos balanços so-

cioambientais, relatando a sua atuação

poli�camente correta.

Na área ambiental, evoluímos com

nossa Cons�tuição de 1988 e inúmeras

legislações posteriores sobre o tema.

Na área social, milhares de empregos

foram criados. Na economia, apesar das

intermitências no crescimento, presen-

ciamos, nas duas úl�mas décadas, um

aumento de sete vezes o nosso PIB,

passando de 700 bilhões para cerca de

cinco trilhões de reais. Desde o Plano

Real, o planejamento macroeconômico,

orientado pela responsabilidade fiscal

e regime de metas de inflação, criou as

condições necessárias para inves�men-

tos de longo prazo.

No tocante à construção, o conceito

do “ambientalmente correto” impulsio-

nou os selos verdes, como o LEED, AC-

QUA e ISO, que atestam o caráter sus-

tentável de um empreendimento. Eles,

proliferaram, tornando-se uma indús-

tria milionária. Exemplo que comprova

esta tendência foi a Copa do Mundo.

Dos 12 estádios construídos ou refor-

mados, seis foram cer�ficados, o que

coloca o Brasil em segundo lugar no

ranking dos países com maior número

de arenas sustentáveis.

No Plano de Gestão da Sustentabili-

dade, a Olimpíada de 2016, impôs um

plano ambicioso, com inves�mentos

previstos de R$ 36,7 bilhões, incluindo

recursos federais, estaduais, munici-

pais, parcerias público-privadas e ca-

pital par�cular. O exemplo do grande

evento espor�vo a ser realizado no Rio

de Janeiro, que, por sua importância e

visibilidade, atrai inves�mentos especí-

ficos, demonstra o quanto é elevado o

custo da sustentabilidade.

O mercado imobiliário e setor da

construção também têm papel funda-

mental na sustentabilidade, não so-

mente em prédios ou shoppings cer�-

ficados, que chegam a custar até 5% a

mais, mas em novos bairros e cidades.

Nunca foi tão importante o planejamen-

to urbano para a garan�a da qualidade

de vida. Tal conceito, contudo, nem

sempre encontra o merecido respaldo

das cidades

Page 19: Painel - edição 235 - nov.2014

19

AEAARP

nas polí�cas públicas de desenvolvi-

mento dos municípios.

Não é sustentável, por exemplo, fazer

um prédio na periferia da cidade e exigir

que seus moradores gastem horas para

ir e voltar do trabalho. Não é sustentá-

vel espalhar a cidade, com baixa den-

sidade demográfica, forçando o poder

público a levar cada vez mais longe a

infraestrutura (água, esgoto, energia,

escolas, internet, segurança, transporte

e hospitais). Ademais, o espalhamento

consome mais terra, impermeabiliza

mais o solo e subtrai áreas rurais.

Não é sustentável todo mundo querer

legislar sobre o meio ambiente, criando

um emaranhado de normas subje�vas,

com interpretações divergentes, acarre-

tando insegurança para os inves�men-

tos necessários à qualidade da vida no

meio urbano e o crescimento econômi-

co. Não é sustentável falarmos sobre

meio ambiente planetário, se as pes-

soas, no dia a dia de seu espaço mais

próximo, ainda são subme�das a provas

de resistência com um transporte públi-

co precário, falta de moradias, escolas,

postos de saúde, segurança e insuficiên-

cia sanitária.

Além disso, empreendimentos resi-

denciais e de infraestrutura importan-

tes para as cidades têm sua aprovação

subme�da a uma via crucis desanima-

dora até para o mais destemido inves-

�dor. O custo e os sustos jurídico-buro-

crá�cos do Brasil estão impedindo que

cheguemos lá. As amarras são muitas e

não podemos contar com a bondade e

carinho dos estrangeiros com o nosso

desenvolvimento. Pelo contrário, cada

um está tentando prover a sua suficiên-

cia econômica, social e ambiental.

Como o próprio nome diz, países de-

senvolvidos são aqueles que já fizeram

a sua lição de casa. Ou seja, já possuem

o necessário em termos de infraestru-

tura para balizar a qualidade de vida. O

Brasil ainda está muito distante dessa

realidade. A maior prova disso é ter-

mos um ministério dedicado ao com-

bate à fome.

Page 20: Painel - edição 235 - nov.2014

20

Revista Painel

ARTIGO

realidade incontesteNorma de desempenho:

Fausto Carraro

Engenheiro civil da

Central de Desempenho

A grande no�cia é que a sociedade

possui agora uma aliada capaz de pôr

fim a esses problemas. Está em vigor

desde 19 de julho de 2013 a norma

ABNT NBR 15.575:2013 – Edificações

habitacionais - Desempenho, ba�zada

como ‘Norma de Desempenho’.

Todos os projetos habitacionais pro-

tocolados a par�r dessa data e a execu-

ção de suas respec�vas obras deverão

atender aos níveis mínimos de desem-

penho estabelecidos nessa norma. Esta

novidade vem provocando uma verda-

deira revolução nomodo como os agen-

tes atuantes neste setor se relacionam.

Confiamos que a construção civil brasi-

leira será dividida em duas eras: antes e

depois da norma de desempenho.

Do que se trata e por que é tão im-

portante?

Basicamente, a norma de desempe-

nho traduz as necessidades dos usuá-

rios em requisitos e critérios mensurá-

veis, quan�ficando o comportamento

esperado de uma edificação durante

sua vida ú�l e definindo a forma como

ela pode ser avaliada.

Como funciona?

A norma possui uma estrutura que:

• Define quem são e aponta as res-

ponsabilidades/incumbências dos

agentes intervenientes no ciclo de

vida das obras: proje�stas, forne-

No dia 21 de outubro de 2014,

a AEAARP, com o apoio da Neomix

Concreto, realizou evento em que �ve

o prazer de ministrar treinamento

introdutório sobre a Norma de

Desempenho para um seleto grupo de

profissionais, dentre os quais arquitetos

e engenheiros de Ribeirão Preto e região.

O número de inscrições superou a lo-

tação do auditório principal da AEAARP,

resultando na necessidade de disponi-

bilizar mais uma sala para que o trei-

namento pudesse ser transmi�do em

tempo real.

Mas por que esse interesse? O que

levou centenas de profissionais a dei-

xar de lado seus afazeres numa tarde

de terça-feira para receber informações

sobre uma norma técnica? Acredito que

o texto a seguir possa responder esta

questão.

É raro conversar com alguém que

nunca teve dissabores com sua resi-

dência ou prédio onde mora. Rachadu-

ras, infiltrações, vazamentos, pisos que

se soltam, água que não corre para o

ralo, pas�lhas que caem das fachadas,

acús�ca ruim, quartos “calorentos”, es-

corregões no box do banheiro... a lista

é grande. Tais problemas provocam de

desconfortos visuais a acidentes fatais,

empobrecendo a experiência dos mora-

dores com o bem material mais carre-

gado de significados da humanidade: a

casa própria, o lar, a moradia.

O engenheiro que palestrou na AEAARP sobre a ABNT 15.575:2013

escreveu com exclusividade à Painel sobre o tema

Page 21: Painel - edição 235 - nov.2014

21

AEAARP

500.113

É o n ú m e ro d e re g i s t ro s d e

propriedades e posses rurais do país

no Cadastro Ambiental Rural (CAR),

até o mês de outubro de 2014. O

número representa cerca de 10%

da meta total, que é de 5,2 milhões

de cadastros até maio de 2015. A

região norte lidera a quantidade

de cadastramentos, com 174.093

registros, seguida pelas regiões centro-

oeste (166.954), sudeste (71.756), sul

(48.850) e nordeste (38.460). Criado

pela Lei 12.651/12, o CAR é um registro

eletrônico, obrigatório para todos os

imóveis rurais. A par�r dele, é formada

uma base de dados estratégica para o

controle,omonitoramentoeocombate

ao desmatamento das florestas e

demais formas de vegetação na�va do

Brasil, bem como para planejamento

ambiental e econômico dos imóveis

rurais. No momento do cadastro, o

produtor identifica a localidade, as

delimitações da propriedade e deve

fornecer imagens por satélite. Os

agricultores que ainda não �verem as

informações necessárias para realizar

o cadastro, devem procurar a ajuda de

um técnico. O cadastro está disponível

no link hyp://www.car.gov.br/#/.

Fonte: Ministério da Agricultura

INDICADORVERDE

cedores, construtores, incorpora-

dores e usuários;

• Materializa as necessidades dos

usuários em 13 (treze) requisitos

de desempenho (ver ao final),

aplicáveis aos cinco principais sis-

temas que compõem uma edifica-

ção: estrutura, vedações ver�cais

internas e externas, pisos, cober-

turas e hidrossanitários;

• Estabelece critérios obje�vos de

vida ú�l e desempenho para os

sistemas;

• Indica os métodos que permitem

avaliar o cumprimento a esses cri-

térios e;

• Ins�tui o caráter evolu�vo da nor-

ma, prevendo revisões para acres-

centar novos sistemas ou atualizar

os existentes.

A Norma de Desempenho introduziu

um novo paradigma no que se refere

a normas para a construção civil. Seu

ponto de par�da é a experiência do

usuário e não a tecnologia constru�-

va disponível ou consagrada pelo uso

(cujos requisitos são estabelecidos em

normas prescri�vas). Ela define o re-

sultado esperado pela perspec�va do

consumidor e não pela ó�ca do método

u�lizado. Usando um exemplo hipoté�-

co e exagerado, não importa se uma pa-

rede é construída com �jolos de �tânio

ou com folhas de papel;o que interessa

é o seu comportamento em uso, com

base nos critérios estabelecidos. Fazen-

do uma analogia com o futebol, se o

obje�vo do seu �me é ganhar o campe-

onato, não importa se ele está recheado

de craques ou de jogadores medianos,

desde que ganhem os jogos necessários

para ficar à frente do segundo colocado

ao final do certame. O futebol pode não

ser vistoso, desde que o desempenho

seja a�ngido. Agora, é fac~vel aceitar

a hipótese de que um �me de craques

pode vir a ter mais chances de alcan-

çar este obje�vo, mesmo que a história

nos mostre sistema�camente casos em

que isto não ocorreu (exemplos: sele-

ção brasileira de 1982, “dreamteam” do

centenário flamenguista etc.).

Voltando à construção civil, a norma

descreve dezenas de itens que toda

obra deverá atender. Exemplos: garan�r

atenuação sonora que evite situações

desagradáveis como ouvir o vizinho

conversando (em níveis normais, obvia-

mente), ser estanque de modo que não

ocorram infiltrações, resis�r ao peso de

uma TV pendurada sobre um suporte

na parede, garan�r a segurança no uso

evitando ferimentos, permi�r a acessi-

bilidade aos portadores de necessida-José Roberto Romero,

diretor de engenharia da AEAARP

Page 22: Painel - edição 235 - nov.2014

22

Revista Painel

des especiais e pessoas com mobilida-

de reduzida e assim por diante.

A norma também estabelece uma

maneira nova de entender como os

elementos que compõem a edificação

são apresentados. O que vale é o com-

portamento do sistema como um todo,

não de suas partes individualmente.

Com isto, não importa se o construtor

instalou janelas acús�cas nas paredes,

pois sozinhas elas não garantem o de-

sempenho acús�co, visto que o ‘sis-

tema parede’ é composto de outros

elementos como, por exemplo, gesso

acartonado ou alvenaria, portas, por-

tais, além de frestas e a interface entre

esses elementos.

Níveis de desempenho

Outro diferencial introduzido pela

norma são os níveis de desempenho.

Os critérios quan�ta�vos foram clas-

sificados em 03 níveis: mínimo, inter-

mediário e superior. O nível mínimo é

obrigatório para qualquer edificação

habitacional. É válido, portanto, de mo-

radias de interesse social (ex.: Minha

Casa Minha Vida) a imóveis de alto pa-

drão. Já os níveis intermediário e supe-

rior, presentes em alguns critérios, di-

ferenciam o status de um determinado

sistema. Quem procura um imóvel com

caracterís�cas melhores de conforto

acús�co, térmico, lumínico, durabilida-

de etc. deverá adquirir unidades que

atendam aos níveis intermediário ou

superior. Voltando à analogia futebolís-

�ca, se além de ganhar o campeonato

você fizer questão de bons espetáculos,

provavelmente o �me de craques ser-

virá melhor a este �po de desempenho

esperado. O construtor deve informar

ao consumidor para qual nível de de-

sempenho os sistemas da edificação

foram projetados.

Com estas regras, claras por sinal,

espera-se diminuir os li~gios entre

construtoras e clientes, especialmente

quando o cliente acredita não ter rece-

bido o que comprou, em função de pro-

pagandas genéricas que alguns constru-

tores e incorporadores pra�cam. Por

sua vez, estes poderão se resguardar de

clientes que exigem mais do que o que

foi adquirido e devidamente anunciado.

É justo para todos.

Tais mudanças só serão sen�das na

prá�ca daqui a alguns anos (estamos

em 2014), quando as primeiras obras

oriundas de projetos protocolados a

par�r de 19/07/2013 começarem a ser

entregues. Até lá, é crucial que a socie-

dade dissemine esta novidade e exija a

sua aplicação. Por sua vez, os usuários

deverão se acostumar a usar e manter

seus imóveis conforme orientações do

construtor, responsável por entregar o

manual do proprietário (e do síndico,

em caso de prédios) quando da entrega

da obra, atendendo à norma ABNT NBR

14.037. Mas esta é outra história...

Requisitos de desempenhodas edificaçõeshabitacionais conforme aABNT NBR 15575:2013:

1- Segurança estrutural

2- Segurança contra incêndio

3- Segurança no uso e na operação

4- Estanqueidade

5- Desempenho térmico

6- Desempenho acús�co

7- Desempenho lumínico

8- Durabilidade

9- Manutenibilidade

10- Saúde, higiene e qualidade do ar

11- Funcionalidade e acessibilidade

12- Conforto tá�l e antropodinâmico

13- Adequação ambiental

Público formado por profissionais e estudantes interessados na norma

Page 23: Painel - edição 235 - nov.2014

23

AEAARP

CREA-SP

Lei Federal Nº 5.194/66Comentários à

CAPÍTULO I“Seção III - Do exercício ilegal daProfissãoArt. 6º - Exerce ilegalmente a profis-

são de engenheiro, arquiteto ou enge-

nheiro-agrônomo:

a) a pessoa ysica ou jurídica que re-

alizar atos ou prestar serviços, pú-

blicos ou privados, reservados aos

profissionais de que trata esta Lei e

que não possua registro nos Con-

selhos Regionais;

b) o profissional que se incumbir de

a�vidades estranhas às atribuições

discriminadas em seu registro;

c) o profissional que emprestar seu

nome a pessoas, firmas, organiza-

ções ou empresas executoras de

obras e serviços sem sua real par�-

cipação nos trabalhos delas;

d) o profissional que, suspenso de

seu exercício, con�nue em a�vida-

de;

e) a firma, organização ou sociedade

que, na qualidade de pessoa jurídi-

ca, exercer atribuições reservadas

aos profissionais da Engenharia, da

Arquitetura e da Agronomia, com

infringência do disposto no pará-

grafo único do Art. 8º desta Lei.”

Comentários:

O ar�go, em sua alínea “a”, estabele-

ce penalidades para as pessoas ysicas

e jurídicas leigas e/ou sem o respec�vo

registro neste Conselho, que exercem

a�vidade ou função técnica das áreas

de engenharia, agronomia e geologia.

Entende-se por leigo, “pessoas que não

genheiro-agrônomo: desempenho de

cargos, funções e comissões em en�da-

des estatais, paraestatais, autárquicas

e de economia mista e privada; plane-

jamento ou projeto, em geral, de regi-

ões, zonas, cidades, obras, estruturas,

transportes, explorações de recursos

naturais e desenvolvimento da produ-

ção industrial e agropecuária; estudos,

projetos, análises, avaliações, vistorias,

perícias, pareceres e divulgação técnica;

ensino, pesquisa, experimentação e en-

saios; fiscalização e/ou direção de obras

e serviços técnicos).

“Seção IV - Atribuiçõesprofissionais e coordenação desuas a�vidadesArt. 13º - Os estudos, plantas, proje-

tos, laudos e qualquer outro tra-

balho de Engenharia, de Arquite-

tura e de Agronomia, quer público,

quer par�cular, somente poderão

ser subme�dos ao julgamento das

autoridades competentes e só te-

rão valor jurídico quando seus au-

tores forem profissionais habilita-

dos de acordo com esta Lei”.

Comentários:

De acordo com este ar�go, somen-

te terão validade jurídica os contratos

firmados com pessoas ysicas e/ou ju-

rídicas devidamente registradas neste

Conselho, e que estejam atendendo a

todas as exigências desta Lei, inclusive

quanto à adimplência e efe�va par�ci-

pação profissional.

Fonte: CREA-SP

possuem conhecimento aprofundado

sobre determinada área”, ou não com-

provem formação para aquela a�vidade

técnica específica.

A alínea “b” trata dos profissionais

das áreas mencionadas que, apesar de

formados e registrados neste Conselho

para exercer a�vidade(s) em área(s)

específica(s), exerce a�vidade em ou-

tra área que não a de seu registro e/ou

formação, exorbitando, assim, as suas

funções.

A alínea “c” trata dos profissionais

que, apesar de contratados para execu-

ção e/ou acompanhamento de certa(s)

a�vidade(s) técnica(s), efe�vamente

não o faz, transferindo, assim, a outrém,

a responsabilidade por aquele serviço.

Entende-se, assim, que esse profis-

sional, regular perante este Conselho,

“emprestou” seu nome para que outro

realizasse aquela a�vidade técnica, sem

a sua real par�cipação.

A alínea “d” trata dos profissionais

que, por algummo�vo (seja por inadim-

plência ou penalidades em processos

é�cos), estejam suspensos de executa-

rem as a�vidades técnicas per�nentes

a este Conselho, porém, permaneçam

exercendo-as.

A alínea “e” trata das pessoas jurídi-

cas (firmas, organizações ou socieda-

des, devidamente registradas no CREA)

que exerçam a�vidade(s) técnica(s),

sem o efe�vo registro e par�cipação

de profissional legalmente habilitado

para aquela função, de acordo com o

Art.8º desta lei (a�vidades e atribuições

profissionais do engenheiro e do en-

Page 24: Painel - edição 235 - nov.2014

24

Revista Painel

TECNOLOGIA

autoadensávelIPT desenvolve concreto ideal para o preenchimento completo

das fôrmas, sem a ocorrência de segregação, e favorável ao bom

acabamento superficial do produto

Concreto

Pesquisadores do Centro de Tecno-

logia de Obras e Infraestrutura do Ins-

�tuto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

desenvolveram um traço de referência

para o concreto autoadensável u�lizado

em paredes moldadas no local. O proje-

to elaborado por Alessandra Lorenzew

de Castro e Rafael Francisco Cardoso

Santos, do Laboratório de Materiais de

Construção Civil do ins�tuto, tem como

obje�vo atender aos requisitos na NBR

15823:2010, que especifica sobre o con-

creto autoadensável em estado fresco e

contempla propriedades essenciais ao

material como fluidez e resistência à se-

gregação.

Segundo os pesquisadores, a necessi-

dade de aprimoramento do traço surgiu

a par�r da elaboração de um projeto de

iniciação cien~fica, financiado pela Fun-

dação de Apoio ao Ins�tuto de Pesqui-

sas Tecnológicas (FIPT). “Como o pro-

jeto desenvolvido u�lizou amostras de

concreto coletadas durante a execução

de obras u�lizando paredes de concre-

to moldadas no local, verificou-se uma

discordância entre a aplicação prevista

e as caracterís�cas dos materiais que

estavam sendo u�lizados no mercado

da construção, reafirmando o perfil

problemá�co do cenário da execução

do sistema constru�vo de paredes de

concreto, principalmente envolvendo

o concreto autoadensável”, explicam os

pesquisadores.

O concreto aplicado na produção de

paredes moldadas no local deve apre-

sentar uma boa trabalhabilidade, ade-

quada para o preenchimento completo

das fôrmas, sem a ocorrência de segre-

gação e favorável ao bom acabamento

superficial do elemento. Em relação

aos outros três �pos de concreto reco-

mendados para o preenchimento das

fôrmas das paredes moldadas no local

(concreto celular, concreto com eleva-

do teor de ar incorporado e concreto

leve), o autoadensável se diferencia

Page 25: Painel - edição 235 - nov.2014

25

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principalmente pela maior quan�dade

de adi�vos químicos, como os super-

plas�ficantes e de materiais finos que

são adicionados à mistura. Assim, tem

maior capacidade de escoar sob a influ-

ência apenas do seu próprio peso, o que

elimina o processo de adensamento por

vibração e da mão de obra necessária

para esta etapa.

“A capacidade de autoadensabilidade

é ob�da com o equilíbrio entre a alta

fluidez e a moderada viscosidade do

material. A alta fluidez é alcançada com

a u�lização de adi�vos superplas�fican-

tes, enquanto a moderada viscosidade

e a coesão são conseguidas com o incre-

mento de um percentual adequado de

material com granulometria muito fina

e/ou adi�vos modificadores de visco-

sidade. Além disso, em relação às mis-

turas de concreto convencional, aden-

sadas por vibração para o adequado

preenchimento das fôrmas, as misturas

de concreto autoadensável são cons�-

tuídas por um maior volume de pasta

e, consequentemente, por um menor

volume de agregados”, dizem os pes-

quisadores. Este traço referencial ainda

tem vantagens ambientais, já que reu-

�liza materiais que geralmente seriam

descartados, como resíduos oriundos

da britagem de rochas.

Atualmente, o IPT trabalha no de-

senvolvimento de misturas de con-

creto autoadensável com alto teor de

ar incorporado, também para uso no

sistema de paredes moldadas no lo-

cal. U�lizando mais esse adi�vo, será

possível diminuir o peso da estrutura

e construir paredes com melhor de-

sempenho térmico e acús�co. Segun-

do os pesquisadores “o concreto au-

toadensável deve ser u�lizado quando

da necessidade de se obter estruturas

mais duráveis, com economia e menor

tempo de execução, tendo em vista a

proporção o�mizada dos componentes

da mistura e a ausência da necessidade

do adensamento mecânico do concre-

to, mesmo na presença de alta densi-

dade de armaduras e em estruturas de

formas complexas”.

Fonte: Téchne.pini

Page 26: Painel - edição 235 - nov.2014

26

Revista Painel

NOTAS E CURSOS

Apresentados no Architecture and Design Film

Fes�val 2014, em Nova York, conheça os 25 novos

documentários e longas de ficção que apresentam

peculiaridades, desafios e perspec�vas das áreas

de arquitetura e urbanismo. A lista traz ~tulos

sobre obras famosas como o Centre Pompidou

de Paris (França) e de arquitetos consagrados

como o italiano Michele De Lucchi. Neon, um dos

destaques, explora o surgimento e a relevância

do design de uma peça de neon feito em Varsóvia,

Polônia, nas décadas de 1960 e 1970. Os trailers

de 10 filmes estão disponíveis no link hyp://arco

web.com.br/noticias/noticias/25-novos-filmes-

-arquitetura-urbanismo-designFonte: ARCOweb

25 novos filmes sobre arquitetura e urbanismo

A reurbanização de um trecho da margem do

Rio Amazonas, em Manaus, foi um dos projetos

vencedores do Prêmio HolcimAwards 2014

para a América La�na. Elaborado por estudan-

tes de arquitetura e urbanismo da Universidad

Nacional de Córdoba (Argen�na), o projeto

propõe a transferência das a�vidades comer-

ciais, atualmente realizadas na faixa de areia do

rio, para uma plataforma flutuante.A proposta

resolverá uma situação climá�ca desafiadora

da região: os níveis do rio Amazonas variam até

15 m, entre as estações seca e chuvosa, com

inundações frequentes. Os estudantes proje-

taram uma estrutura que avança o perímetro

navegável, sendo ligada à terra firme por meio

de passarelas. A estrutura tem 40 m x 500 m,

podendo ser u�lizada tanto como porto – na

atracação de pequenos barcos – quanto para

comércio. A cobertura, em formato de guarda-

-chuva inver�do, facilita a captura da água de

chuva, para armazenamento e posterior reuso

na manutenção dos serviços.

Fonte: Infraestrutura Urbana

Projeto argenHno cria

mercado flutuante no

Rio Amazonas

O Manual de Construção em Aço - Estruturas compostas por

perfis formados a frio, recentemente lançado pelo Centro Brasileiro

da Construção em Aço (CBCA), reúne conceitos relacionados ao

emprego do aço na construção civil. A publicação apresenta os

fundamentos teóricos do dimensionamento de perfis a frio, tendo

como base as normas NBR 14762:2010 e NBR 6355:2012 da ABNT.

O obje�vo do manual é proporcionar melhores condições de

avaliação da viabilidade econômica de uma edificação, conside-

rando o uso dos sistemas metálicos. O livro também traz aspectos

relacionados à torção, efeito de forças aplicadas em direções não paralelas aos eixos principais

da seção transversal e perfis padronizados pela NBR 6355:2012. O material também disponibiliza

um sorware para calcular os esforços resistentes em barras isoladas, bem como as propriedades

geométricas da seção bruta e efe�va que serão usadas no cálculo de deslocamentos. No link hyp://

www.cbca-acobrasil.org.br/site/publicacoes-manuais.php é possível fazer o download do livro.

Fonte: Construção Mercado

Manual de Construção em Aço para download

Uma empresa de engenharia de projetos publicou o relatório “Future of Rail 2050”, que traz

previsões do setor ferroviário para as próximas décadas. Seus especialistas basearam a análise

em tendências mundiais como crescimento da população urbana, alterações climá�cas, novas

tecnologias etc. O relatório prevê trens de alta velocidade e sem

condutor, cargas enviadas automa�camente ao seu des�no, manu-

tenção preven�va das linhas ferroviárias feitas por robôs-drones e

tecnologia inteligente que permite viagens sem bilhetes. Os avanços

tecnológicos também fornecerão informações precisas do trajeto,

em tempo real, e permi�rão acesso ininterrupto a internet. Com o

aumento da frequência de eventos climá�cos extremos, o relatório

faz uma projeção das futuras técnicas de construção e manutenção.

O estudo também analisa novas formas de transporte de cargas,

a ser realizado por meio de plataformas elevadas acima do solo,

em túneis no subsolo, ou mesmo através de uma nova geração

de dirigíveis. No atalho hyp://migre.me/mAO9G está disponível o

relatório, em inglês.Fonte: Sindicato da Arquitetura e da Engenharia

Como serão as ferrovias do futuro

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Page 27: Painel - edição 235 - nov.2014

27

AEAARP

Page 28: Painel - edição 235 - nov.2014