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Departamento de Educação Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura Aluno: Caroline Bárbara F.C.B. Reis 1 Orientador: José Maurício Paiva Andion Arruti Introdução Este relatório é resultado do meu primeiro semestre como bolsista do Laboratório de Antropologia dos Processos de Formação (Lapf), do Departamento de Educação da PUC-Rio. O Lapf tem por objetivo desenvolver estudos e pesquisas sobre a relação entre os processos de formação e agenciamentos de identidades e os processos de produção e transmissão do conhecimento, em suas modalidades escolar e não escolar. Em acordo com tal objetivo geral, minhas atividades de Iniciação Científica estão associadas ao projeto Panorama Quilombola do estado do Rio de Janeiro: Terra, Cultura e Educação e têm o objetivo específico compreender e analisar como a questão da terra, educação e cultura relaciona-se nos contextos das comunidades, assim como gerar subsídios à produção de material didático que responda às exigências da lei 10.639/2003, tendo por base a história e organização cultural das comunidades quilombolas do Rio de Janeiro. Objetivo Meus dois principais objetivos no âmbito do Lapf são: (a) A elaboração de um texto sobre a História da Terra das Comunidades Quilombolas do sul fluminense; (b) A análise das notícias sobre comunidades quilombolas que tratem do tema da educação, tendo por fonte privilegiada o site Observatório Quilombola. 1 Aluna do Departamento de História e bolsista do LAPF (Laboratório de Antropologia dos Processos de Formação) do Departamento de Educação, coordenado pelo professor José Maurício Arruti.

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Departamento de Educação

Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e

Cultura

Aluno: Caroline Bárbara F.C.B. Reis1

Orientador: José Maurício Paiva Andion Arruti

Introdução

Este relatório é resultado do meu primeiro semestre como bolsista do Laboratório de

Antropologia dos Processos de Formação (Lapf), do Departamento de Educação da PUC-Rio.

O Lapf tem por objetivo desenvolver estudos e pesquisas sobre a relação entre os processos de

formação e agenciamentos de identidades e os processos de produção e transmissão do

conhecimento, em suas modalidades escolar e não escolar. Em acordo com tal objetivo geral,

minhas atividades de Iniciação Científica estão associadas ao projeto Panorama Quilombola do

estado do Rio de Janeiro: Terra, Cultura e Educação e têm o objetivo específico compreender e

analisar como a questão da terra, educação e cultura relaciona-se nos contextos das

comunidades, assim como gerar subsídios à produção de material didático que responda às

exigências da lei 10.639/2003, tendo por base a história e organização cultural das

comunidades quilombolas do Rio de Janeiro.

Objetivo

Meus dois principais objetivos no âmbito do Lapf são:

(a) A elaboração de um texto sobre a História da Terra das Comunidades Quilombolas do

sul fluminense;

(b) A análise das notícias sobre comunidades quilombolas que tratem do tema da educação,

tendo por fonte privilegiada o site Observatório Quilombola.

1 Aluna do Departamento de História e bolsista do LAPF (Laboratório de Antropologia dos Processos de

Formação) do Departamento de Educação, coordenado pelo professor José Maurício Arruti.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 2

O objetivo de trabalhar com a produção de um texto destinado a tratar e analisar a

“História da Terra” das comunidades do sul fluminense, tem por foco, especificamente, a Ilha

da Marambaia (Mangaratiba), Santa Rita do Bracuhy (Angra dos Reis) e Campinho da

Independência e Cabral (Parati), e destina-se a produzir subsídios úteis para o trabalho com a

história dos africanos na diáspora, , destinada em especial às escolas localizadas em

comunidades quilombolas e/ou que atendam alunos oriundos dessas comunidades, oferecendo

uma visão articulada de suas próprias histórias locais e nacionais do período da escravidão e do

pós-abolição.

Já o trabalho com as notícias relacionadas às comunidades do Estado do Rio de Janeiro

tem como objetivo elaborar um panorama da questão educacional nas comunidades

quilombolas, com prioridade para aquelas localizadas no Rio de Janeiro, verificando o nome

dos eventos, seus tipos (programas institucionais, não governamentais, projetos, agendas

sociais etc.), quais as comunidades envolvidas etc.

Metodologia

O método de trabalho destinado à produção do texto sobre a “História da Terra” se deu

por meio da leitura dos laudos de reconhecimento territorial das comunidades de Marambaia,

Santa Rita de Bracuhy, Campinho da Independência e Cabral. No primeiro semestre de 2009,

foi proposto ao grupo que se fizesse uma leitura coletiva dos laudos antropológicos dessas

comunidades, identificando aspectos como “conflitos e conflitantes”; “produção e

comercialização” e etc. Um ano depois, visando produzir subsídios a respeito da história dos

negros africanos, visando a execução da Lei 10.639, realizei uma leitura direcionada ao

histórico de ocupação dos territórios das comunidades mencionadas acima, cruzando de forma

preliminar com bibliografias do período pós-abolição. O intuito foi usar uma fonte

relativamente nova para os trabalhos de história – os laudos antropológicos -, além de realizar

um quadro comparativo e compreensivo sobre a origem territorial dessas comunidades. Este

texto foi pensado como um primeiro exercício na organização do material que deverá

posteriormente, entrar em diálogo mais preciso, não apenas com a literatura do período pós-

abolição, mas sobretudo, com a historiografia das regiões.

Com relação ao método de trabalho com as notícias, primeiramente, foi realizado

levantamento e organização das notícias do Observatório Quilombola

(http://www.koinonia.org.br/oq/), que compreende o período de cinco anos (2005 à 2010). Em

seguida o quantitativo de notícias coletado foi transformado em uma base de dados em Excel.

Ao tomarmos ciência da agilidade que o software NVIVO proporciona ao trabalho de seleção

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 3

de informações das notícias passei a utilizá-lo, armazenando e analisando as informações de

cada notícia através do NVIVO. Dessa forma, o trabalho quase que manual com a plataforma

Excel foi substituído pela agilidade do NVIVO que tornou a análise mais dinâmica e simples.

É importante ressaltar, que para o trabalho com o NVIVO fez-se necessário estabelecer

tópicos que norteariam os principais elementos a serem analisados. Os tópicos são: Data/Data

do Evento/Título da Notícia/Nome da Ação/Nome da Ação-Análise/Nome da Ação-

Evento/Tipo da Ação/Âmbito/Nome do Quilombo/Documento de Referência/Nominata -

Instituições/Nominata – Pessoas. Depois de completado o processamento das notícias, ao longo

do segundo semestre desta bolsa PIBIC (2010.2), esperamos ser possível produzir uma analise

da situação e das iniciativas relativas à educação nessas comunidades.

Primeiros Resultados

Neste relatório nos concentraremos apenas no resultado do primeiro objetivo de nosso

projeto de pesquisa PIBIC, ou seja, a apresentação de um texto sintético e preliminarmente

comparativo sobre a Historia da Terras das Comunidades Quilombolas do estado do Rio de

Janeiro. Este texto já foi apresentado, em meados do mês de julho, no encontro da Associação

Nacional de Pesquisa em História (ANPUH) Regional Rio de Janeiro. O segundo objetivo, de

análise da situação e das iniciativas educacionais nas comunidades quilombolas ficará para o

segundo relatório.

Texto História da Terra:

As comunidades remanescentes de quilombo do litoral sul-fluminense: notas preliminares sobre a história contada nos seus laudos

Resumo

Este trabalho tem o objetivo oferecer uma visão articulada das histórias locais das

comunidades do Sul Fluminense, tendo em vista a possibilidade de articula-las também à

história regional e nacional da escravidão e do pós-abolição. Para tanto, trabalharemos a partir

da leitura dos laudos antropológicos de reconhecimento territorial das comunidades da

Marambaia, em Mangaratiba, de Santa Rita do Bracuhy, em Angra dos Reis, de Campinho da

Independência e de Cabral, em Paraty.

Nosso principal objetivo aqui é explorar uma fonte relativamente inédita para os trabalhos de

história e quase totalmente baseadas em relatos orais. Nela investigaremos a visão de conjunto

que se pode produzir a partir dos laudos de cada uma destas situações tomadas isoladamente.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 4

Este texto é pensado como um primeiro exercício na organização do material, que, em seguida,

deverá entrar em diálogo mais largo com a historiografia da região, assim como a literatura que

tem se acumulado sobre o pós-abolição.

Origem da Terra

Marambaia

A Ilha da Marambaia, localizada em Mangaratiba, por sua posição geográfica

estratégica, recepcionava as embarcações de negros que vinham da África e que serviriam

como escravos no trabalho com as lavouras de café. Seriam distribuídos pelo litoral e pelo Vale

do Paraíba, pelo comendador e proprietário da Ilha Joaquim José de Souza Breves2, que junto

com sua família aplicou uma estrutura produtiva e comercial na região, através da produção,

transporte, lavoura e tráfico de escravos, mediante o fracasso canavieiro decorrente do apogeu

do café.

Em fevereiro de 1851, o chefe de polícia interino da província do Rio de Janeiro

apreendeu na Marambaia 199 africanos que de acordo com uma denúncia, haviam

desembarcado na ilha há poucos dias, a maioria dos africanos apreendidos constava ser

procedente de Cabinda. Dias depois dessa apreensão, o patacho Actividade desembarcou na

Marambaia aproximadamente 500 africanos, muitos constavam ser procedentes de Benguela3.

Com a abolição, em 1888, a produção enfraquece. O comendador decide doar “de

boca” a cada família de ex-escravos uma praia da Ilha, muito provavelmente essas famílias já

ocupavam essas praias. No entanto, não há qualquer documentação que comprove a doação

feita por Breves.

Santa Rita do Bracuhy

Situada em Angra dos Reis, a antiga fazenda escravista Santa Rita do Bracuhy, tinha

como proprietário José Joaquim de Souza Breves4 – irmão do então proprietário da Marambaia

– que também fazia da Ilha um porto de desembarques clandestinos de negros africanos, além

de fazê-los trabalhar na produção cafeeira, tanto na agricultura que existia na fazenda, como

nas lavouras de toda a região do litoral e do Vale do Paraíba.

2 Importante traficante de escravos do sul-fluminense, no século XIX. Proprietário da Ilha de Marambaia no

período da produção cafeeira no Rio de Janeiro. 3 Yabeta, Daniela. “A Capital do Comendador” – A Auditoria Geral da Marinha no julgamento sobre a liberdade

dos africanos apreendidos na Ilha da Marambaia (1851). Dissertação de Mestrado. Nov/2009. 4 Proprietário da antiga fazenda escravista Santa Rita do Bracuhí e irmão de Joaquim José de Souza Breves,

ambos traficantes de escravos na região sul-fluminense.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 5

Em 1852, o porto de Bracuhy foi palco do desembarque de aproximadamente 500

africanos do Quelimane, trazidos pelo brigue americano Camargo para trabalharem na

produção do café5 no sul fluminense.

Em 1877, José Breves redigiu seu testamento alforriando os escravos da fazenda do

Bracuhy e deixando 260 alqueires de terra nesta propriedade para os mesmos. Dois anos mais

tarde, em 1879, José Breves morreu e seu irmão Joaquim Breves – o da Marambaia - ficou

responsável pela execução de seu testamento, que nuca foi cumprido.

Campinho da Independência

A comunidade negra de Campinho da Independência está localizada na região sul de

Paraty6. Também se configurou, no XIX, como uma fazenda escravista, fazendo com que os

negros que lá chegavam trabalhassem compulsoriamente na produção da cana e café.

Quando abolido o trabalho escravo, no final do XIX, as atividades comerciais

enfraqueceram. O proprietário, então, doou “de boca” as terras da fazenda aos seus ex-

escravos, sem também, documentar a doação. De acordo com os relatos de moradores, é nesse

momento – a partir da decadência do regime escravocrata - que a comunidade de Campinho

surge. As terras foram entregues à três mulheres negras (duas eram irmãs e a outra era prima),

chamadas Antonica, Marcelina e Luísa, que as receberam do ex- dono da Fazenda

Independência.

Cabral

Localizada no sertão de Paraty-Mirim, especificamente, na Bacia Hidrográfica dos

Meros7, Cabral era, no XIX, uma fazenda escravista, cujos avós e bisavós dos moradores da

comunidade foram escravos na Antiga Fazenda da Caçada8, onde se situa o território de Cabral.

Assim como em Campinho, os escravos que chegavam na Fazenda da Caçada trabalhavam

compulsoriamente nas plantações de cana e café.

5ABREU, Martha. “O caso Bracuhy” In: MATTOS, Hebe e SCHNNOR, Eduardo (Orgs). Resgate: Uma janela para o

oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. 6 Laudo antropológico, realizado em 1998, pelo Projeto mapeamento e Sistematização das Áreas Remanescentes

de Quilombos em convênio, cuja responsável foi Neusa Maria Mendes de Gusmão. 7ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade

quilombola de Cabral – Município de Parati. Rio de Janeiro. Incra, 2008. 8 Relato oral de moradores da comunidade negra de Cabral contido em: ARRUTI, José Maurício: : Relatório

histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade quilombola de Cabral – Município de Parati.

Rio de Janeiro. Incra, 2008.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 6

Com a decadência do sistema escravista, a ex-proprietária Francisca Alvarenga, doou o

território às suas filhas de criação alforriadas9. Uma delas casou-se com um ex-escravo da

proprietária, enquanto o filho de Francisca havia se casado com uma das escravas da mãe.

Três núcleos familiares se constituem em Cabral: Os “Alves”, os “Lucas” e os

“Angélica”. Os dois primeiros se constituíram no bairro de Cabral através do apossamento,

enquanto o último tem o legado da descendência com os ex-escravos da Fazenda. Esse é um

elemento que será melhor descrito quando falarmos a respeito da organização ocupacional

dessas comunidades.

Comparativo

Marambaia, Bracuhy, Campinho e Cabral são comunidades situadas no litoral sul

fluminense e, no século XIX, desempenharam papéis muito distintos no contexto regional,

devido às suas localizações na geografia econômica da região e as suas funções nela. As duas

primeiras, de acordo com seus respectivos laudos, formaram-se na rota dos desembarques

clandestinos de africanos escravizados, que alimentaram de braços toda a região do café.

Ambas eram administradas pela família Breves, que as mantinham com a função de

recepcionar o desembarque clandestino. Já os laudos antropológicos de Campinho e Cabral

explicitam que a base econômica da região de Parati como um todo era a partir da produção de

cana-de-açúcar, que movimentou o trabalho escravo na região por um longo período entrando

em declíneo e abandono no século XX.

Organização Ocupacional

Marambaia

Após a morte de Breves, sua viúva transferiu em 1891, a propriedade da Ilha à

Companhia de Indústrias e Melhoramentos, iniciando um período de sucessivas transferências.

Em 1896, em liquidação forçada, a Ilha foi vendida ao Banco da República do Brasil; em 1905,

devido a uma crise econômica, a Ilha passou a ser propriedade da União, até que a Marinha

nela chegasse e, em 1908, instalasse a Escola de Aprendiz de Marinheiro do Rio de Janeiro.

Mas, em 1910, a Escola é transferida para Campos, deixando a Ilha novamente sem outra

destinação.

9 ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade

quilombola de Cabral – Município de Parati. Rio de Janeiro. Incra, 2008.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 7

Depois disso, a Ilha só será ocupada novamente por iniciativas externas, em 1939, com

a instalação da Escola Técnica de Pesca Darcy Vargas, que funcionou até 1970. A mudança

tornou-se radical. A Escola transforma a pesca em fonte de renda dos moradores10

, que até

então, plantavam e pescavam como fonte de subsistência. O trabalho na roça, aos poucos, foi

sendo relegado pelos moradores que passaram a ter na pesca uma profissão. De acordo com o

laudo, os moradores da Ilha da Marambaia se organizaram em núcleos familiares, em que cada

praia possui um grupo de famílias, cuja produção e consumo são coletivos.

Santa Rita do Bracuhí

De acordo com os relatos de moradores, após a morte do proprietário da Fazenda

Bracuhy, em 1879, o principal meio de subsistência dos moradores foi a partir do trabalho com

a agricultura de subsistência, em que plantavam todos os tipos de semente: feijão, arroz, café,

milho e etc. Algumas pessoas vendiam esses produtos, uma vez que se tinha máquinas de pilar

café, arroz...

De acordo com esses relatos, o laudo reflete acerca da autonomia que esses moradores

sempre tiveram sobre seu trabalho, sobre o que plantar, como plantar e sobre a utilização dos

recursos que tinham disponíveis.

É um legado de autonomia deixado para as gerações de agora, em que os moradores

que lá vivem criam seus filhos e constituem suas famílias tendo no trabalho com a roça o

principal meio de sobrevivência, demonstrando total domínio e autonomia com a exploração

das terras herdadas por seus antepassados.

Campinho da Independência

Segundo os relatos orais recolhidos pelo laudo antropológico da comunidade, com a

proibição do trabalho escravo no país, os negros que na Fazenda estavam permaneceram,

enquanto muitos outros migravam para Campinho fugindo do trabalho compulsório que

continuavam a desempenhar para seus ex-senhores, no final do XIX.

Os moradores passaram a ter na agricultura, no artesanato e na criação de animais em

pastos e quintais suas principais fontes de subsistência11

. A pesca, de acordo com o laudo,

tornou-se uma prática eventual, pois o Rio Carapitanga está poluído em função do crescimento

do núcleo urbano que se instalou nos arredores da comunidade. Por esse motivo, os moradores

10

ARRUTI, José Maurício: Excertos do Relatório Técnico-Científico sobre a comunidade remanescente de

quilombos da Ilha da Marambaia – Município de Mangaratiba. Rio de Janeiro, 2003. 11

GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de: Relatório Técnico-Científico da comunidade negra de Campinho da

Independência – Município de Parati. Unicamp. Rio de Janeiro, 1998.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 8

perceberam a necessidade de trabalharem fora de Campinho, como trabalhadores assalariados,

embora temporários, sem garantias trabalhistas ou uma maior estabilidade.

Cabral

Dada a Abolição, a principal atividade de produção e comercialização se deu através do

cultivo dos produtos da roça12

, como: mandioca, feijão, milho, legumes em geral e banana,

além da criação de animais, embora somente a banana e mandioca tivessem bom mercado

comercial no entorno de Angra dos Reis.

Verifica-se, a partir do laudo, uma lógica de ocupação muito diferente das que foram

apresentadas nas comunidades acima. A dinâmica de ocupação da comunidade, no geral, se

deu através da política de apossamento e da permanência de escravos e alforriados no mesmo

território – os “Alves”, os “Lucas” e os “Angélica”.

O “Alves” é um núcleo residencial constituído por moradores descendentes de Benedito

Alves dos Santos, filho da ex-proprietária da Fazenda da Caçada, Francisca Alvarenga. Casou-

se com uma ex-escrava de sua mãe e ao unir-se à ela, constituiu família. De acordo com o

laudo, não se sabe sob qual título que sob quais meios, Benedito conseguiu documentar a

doação feita por sua mãe à ex-escrava. Mas o que se sabe é que seu filho Benedito Pequeno fez

nova documentação incluindo apenas o nome dele e de outra irmã como herdeiros das terras,

deixando outras duas irmãs de fora, embora estas tenham vivido e constituído família em

Cabral.

Segundo relatos de moradores, Benedito Pequeno impôs que todos que nas terras

morassem trabalhassem, sendo ele que escolheria onde plantar, onde construir e onde tirar

lenha. Por uma década (1940 – 1950) a terra deixou de ser “livre”. Essa situação só foi

modificada com o falecimento de Pequeno em 1958, em que seu filho, conhecido como Binto,

encerrou com essa política de restrição arbitrária.

Os moradores que vivem no núcleo residencial dos “Lucas” são todos descendentes de

Benedito Francisco dos Santos, homem que chegou na região, de acordo com o laudo, sem ter

qualquer descendência com ex-escravos e tão pouco família constituída na localidade.

Comprou um terreno e passou a viver no bairro de Cabral.

O caso dos “Angélica” é diferente. Os moradores que vivem nessas terras, de acordo

com os relatos, carregam consigo o legado da descendência com os ex-escravos. Maria

12

Relatos Orais de moradores colhidos em: ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de

reconhecimento territorial da comunidade quilombola de Cabral – Município de Parati. Incra. Rio de Janeiro,

2008.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 9

Angélica de Alvarenga, uma ex-escrava da Fazenda de Itatinga, no pós-abolição, recebeu como

doação de seu ex-senhor, 70 alqueires de terra. A doação nunca foi documentada.

Comparativo

Verifica-se que em ambas as comunidades os usos da terra foram primordiais para o

sustento das famílias. Em comunidades como Bracuhy, Campinho e Cabral constatou-se a

tentativa de comercializar alguns produtos, embora nem todos encontrassem comércio. Já em

Marambaia, a pesca tornou-se profissão, em que os moradores tinham nela bom comércio.

Além disso, os moradores dessas comunidades se organizaram em núcleos familiares,

cujas funções e tarefas eram divididas coletivamente. Isso fica muito bem explicitado com a

leitura do laudo de Marambaia, por exemplo

Ao analisarmos a organização ocupacional dos moradores dessas comunidades e os

cultivos e a forma de trabalho que desempenham, percebe-se o quanto essas comunidades se

aproximam nesse sentido. O uso coletivo da terra é um dos exemplos que comprova o quanto

essas comunidades se assemelham umas das outras.

Expropriação

Marambaia

Em 1971, a Escola de Pesca é desativada e a Marinha de Guerra do Brasil retorna à Ilha

declarando-a “área de interesse militar13

”. Instala o CADIM (Centro de Adestramento da Ilha

da Marambaia), dando início a uma política de restrições e expulsões dos moradores da

localidade.

A pesca, de acordo com os relatos de moradores, torna-se proibida em determinadas

praias, bem como a queima do mato para a roça e a reforma de casas ou construção de

residências novas para os jovens casais. É o começo de intensas mudanças na realidade das

famílias que lá residem. Além disso, origina-se fortes tensões entre autoridades, moradores e

militares.

Santa Rita do Bracuhy

A construção da estrada BR101 (Rio-Santos), em 1950, iniciou para a Santa Rita do

Bracuhy um período de fortes conflitos, de acordo com o laudo de reconhecimento da

13

ARRUTI, José Maurício: Excertos do Relatório Técnico-Científico sobre a comunidade remanescente de

quilombos da Ilha da Marambaia – Município de Mangaratiba. Rio de Janeiro, 2003.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 10

comunidade. Mediante o agravante dos moradores não terem como comprovar a posse da terra,

tão pouco a descendência com os ex-escravos que herdaram os 260 alqueires de terra do ex-

proprietário da Fazenda14

,parte do território que lhes pertence foi tomado para a construção da

estrada.

Os problemas se agravaram quando em 1970, a empresa Bracuhí Administração,

Participações e Empreendimentos LTDA, de acordo com os moradores, chegou na região e

expulsou famílias que moravam entre a estrada e a faixa litorânea afirmando possuir 302

alqueires de terra. De acordo com o que foi apurado pelo laudo, tanto intimidações por parte da

Companhia, como indenizações irrisórias aos moradores foram feitas, além da destruição de

casas e a extração de areia das margens do Rio Bracuhí. Além disso, verifica-se a total

destruição do caminho de acesso à praia e ao manguezal, em detrimento da construção de uma

mansão pela mesma Empresa.

Campinho da Independência

Parte das terras de Campinho foi perdida para a construção da estrada BR101 (Rio-

Santos)15

. O Rio Carapitanga, como mencionado anteriormente, foi atingido pela poluição

oriunda do crescente núcleo urbano que se instalara no entorno da comunidade.

Além disso, de acordo com os relatos orais, o proprietário de Paraty-Mirim, em 1950,

fez com que os moradores da comunidade marcassem com os dedos – a maioria era analfabeta

– folhas em branco que, posteriormente seriam anexadas a um processo de despejo dos

moradores de Campinho, cujo intuito era a anexação da Fazenda de Campinho à Fazenda de

Paraty-Mirim.

Cabral

De acordo com o laudo antropológico de Cabral, a construção da rodovia BR101 (Rio-

Santos), também significou problemas para os moradores da comunidade negra de Cabral.

Culturas como banana, mandioca, as atividades de pastagens de animais, entre outras,

declinaram. Além disso, a especulação imobiliária na região aumentou, principalmente nas

terras próximas à construção da rodovia e próximas do litoral.

O fato de Paraty ter se tornado, em 1958, Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

trouxe reconhecimento ao município, embora Cabral tenha sido diretamente afetada. O título

14

O’DWYER, Eliane Cantarino; BRAGATTO, Sandra: Laudo antropológico de identificação da comunidade

negra rural de Santa Rita do Bracuhy – Município de Angra dos Reis. Rio de Janeiro, Dez/1998. 15

GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de: Relatório Técnico-Científico da comunidade negra de Campinho da

Independência – Município de Parati. Unicamp. Rio de Janeiro, 1998.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 11

de Paraty dividiu a comunidade negra em duas partes: “cidade antiga” e “cidade nova16

”. Dessa

forma, ainda de acordo com o laudo, os moradores da comunidade passaram a viver na parte

denominada como “cidade nova” reconhecida como uma espécie de “favela horizontal” que

cresceu vertiginosamente.

De acordo com os moradores que vivem na “cidade nova”, um dos principais motivos

que os fizeram optar por morar nessa parte da região foi o fato de estar localizada próxima à

escola e próxima às oportunidades de emprego, além de evitarem o extremo parcelamento de

terra familiar no bairro rural.

Comparativo

No que diz respeito a conflitos e conflitantes, a Ilha da Marambaia se diferencia. Como

explicitado acima, a Marinha brasileira é a causadora de uma política arbitrária e restritiva,

impedindo os moradores de darem continuidade à rotina que haviam conquistado com a pesca

e com a organização espacial que existiam até então.

Bracuhy, Campinho e Cabral são comunidades que possuem um único conflitante: a

estrada BR101, que desde meados do século XX, vem afetando tanto o que diz respeito à

produção quanto à qualidade de vida. A urbanização desenfreada impede que a pesca, por

exemplo, seja realizada em Campinho, já que o Rio Carapitanga foi atingido pela poluição

proveniente da construção da rodovia.

Além disso, tanto os moradores de Marambaia, como os de Bracuhy, Campinho e

Cabral tiveram parte de suas terras tomadas, tanto pela Marinha, como pela estrada, já que não

possuem qualquer documentação que legitime a posse das terras como herança de seus

antepassados.

Plano de Continuidade de Pesquisa

Em 2010.2, o plano é dar continuidade ao texto “Origem da Terra”, tendo ainda como

método de trabalho o uso dos laudos antropológicos, embora comece a ser feita uma maior

articulação com leituras da historiografia das regiões e com literaturas do período pós-abolição.

Dessa forma, pretende-se introduzir um debate historiográfico realizando uma análise mais

profunda e concisa das alterações nas dinâmicas de ocupação oriundas do processo de

16

ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade

quilombola de Cabral – Município de Parati. Incra. Rio de Janeiro, 2008.

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Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura

Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 12

expropriação, bem como a relação estabelecida entre a comunidade e a região logo após a

abolição.

Inicialmente, o que se fez com relação ás notícias do bloco das comunidades do Rio de

Janeiro, foi realizar uma análise preliminar da situação educacional do Estado, verificando os

eventos culturais e territoriais também. Em 2010.2, a continuidade será dada com a realização

de um texto, de aproximadamente dez laudas, que condense e descreva o panorama

educacional nas comunidades de quilombo do Rio de Janeiro focando, sobretudo, a

comunidade de Campinho da Independência, já que se revelou como protagonista nesse debate.

Bibliografia

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