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FACULDADE KURIOS FAK NÚCLE0 DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE UMA NOVA ÉTICA Monografia de Graduação Jocilaine Moreira Batista do Vale Maranguape, CE, Brasil 2013

PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE UMA NOVA ÉTICA

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O presente trabalho de pesquisa bibliográfica tem como objetivo refletir e analisar as informações sobre o surgimento histórico do homem que revolucionou a história da humanidade. Os historiadores do Cristianismo empenham-se por encontrar os indícios materiais que comprovariam a existência do homem chamado Jesus. Além da Bíblia, encontramos outras referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador judeu do primeiro século. Figura paradigmática, Jesus é o homem mais falado da história. Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos livros, seja para desvendar sua personalidade, para interpretar seus ensinos ou para mencionar seus fatos notáveis. Nos dias atuais, marcados por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais marcantes caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de desenvolvimento tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões da indiferença, a mensagem do Cristo é emblemática para a edificação de um novo ser humano. A característica mais importante da ideia judaica de Deus é a de que o Deus supramundano, distante, é simultaneamente o Deus próximo, que segura em suas mãos poderosas o destino do mundo, de seu povo e de cada indivíduo. Essa ideia ganha contornos mais nítidos na fé em Deus como senhor história que a conduz segundo seu plano desde seu início até um determinado alvo. Para os cristãos, Jesus Cristo é a encarnação perfeita do mais perfeito conceito de ética, que ele revelou em todo o seu ministério, cujo ápice está na cruz do Gólgota.

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F A C U L D A D E K U R I O S F A K

NÚCLE0 DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA

PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA

TERRA: O AUTOR DE UMA NOVA ÉTICA

Monografia de Graduação

Jocilaine Moreira Batista do Vale

Maranguape, CE, Brasil

2013

PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE

UMA NOVA ÉTICA

por

Jocilaine Moreira Batista do Vale

Monografia apresentada ao Curso de Graduação da Faculdade Kurios (Maranguape, CE),

como requisito parcial para obtenção de grau de Graduada em Licenciatura Plena em

Filosofia.

Orientador: Prof. Ladghelson Santos

Maranguape, CE, Brasil

2013

F A C U L D A D E K U R I O S F A K

NÚCLE0 DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a Monografia de Graduação

PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE

UMA NOVA ÉTICA

elaborada por

Jocilaine Moreira Batista do Vale

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Graduada em Filosofia

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________

Ladghelson Santos, Prof. (FAK) (Coordenador/Orientador)

Maranguape, 26 de janeiro de 2013.

Ao meu pai (in memoriam), pela

doce lembrança que acalenta

minha vida e me faz prosseguir.

À minha mãe Maria Alzenir,

pelo incentivo na construção do

meu ser e pela minha formação

moral e intelectual.

Ao meu esposo e aos meus

filhos e nora, pela dedicação,

compreensão, amor e

tolerância.

Agradeço a Deus, amoroso Pai

Eterno, que me deu forças para

conseguir vencer e alcançar

mais um degrau na minha vida.

Seu suporte em amor é

verdadeiramente incondicional.

AGRADECIMENTOS

Este é um agradecimento especial aos mestres com carinho e respeito por fazerem

parte do processo de construção do projeto desafiador chamado Saber.

“Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há

aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda vida. Esses são

imprescindíveis.”

A vocês mestres, homens e mulheres imprescindíveis que transformaram a

ingenuidade em experiência, muito obrigada.

Acróstico

Consolidar idéias e reflexões

Oportuniza a elaboração teórica

Na formatação de uma ação lógica

Social e democrática dos saberes construídos

Tendenciosamente para formar um cidadão

Responsabilidade de todos os profissionais da educação

Unir conhecimento adquirido para expandi-lo

Ciência e experiência apreendidas cotidianamente

Alçando vôo pelo horizonte ilimitado do conhecimento

Orientado pela bússola da humanização

Construindo em parceria a cartilha

Operacional que rege a Escola

Ligando a comunidade institucional

Entrelaçando-se com a comunidade geral

Todos juntos numa grande e bela tapeçaria

Investindo suas habilidades e competências

Valorizando o produto final

Artesões de uma nova era educacional.

Jocilaine Moreira

"Como também nos elegeu nele antes da fundação

do mundo, para que fossemos santos e

irrepreensíveis diante dele em caridade; e nos

predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo

para Si mesmo, segundo o beneplácito de sua

vontade, para louvor e glória da sua graça, pela

qual nos fez agradáveis a si no Amado. Em

quem temos a redenção pelo seu sangue, a

remissão das ofensas, segundo as

riquezas de sua graça. (...) descobrindo-nos o

ministério da sua vontade, segundo o seu

beneplácito, que propusera em si mesmo,

de tornar a congregar em Cristo todas as

coisas, na dispensarão da plenitude dos

tempos, tanto as que estão nos céus como

as que estão na terra; nele, digo, em quem

também fomos feitos herança, havendo sido

predestinados conforme o propósito daquele que

faz todas as coisas, segundo o conselho da sua

vontade."

Efésios 1:4-7, 9-11

RESUMO

Monografia de Graduação

Programa de Graduação em Licenciatura Plena em Filosofia

Faculdade Kurios – Maranguape, Ce

PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR

DE UMA NOVA ÉTICA

AUTORA: JOCILAINE MOREIRA BATISTA DO VALE

ORIENTADOR: LADGHELSON SANTOS

O presente trabalho de pesquisa bibliográfica tem como objetivo refletir e analisar as

informações sobre o surgimento histórico do homem que revolucionou a história da

humanidade. Os historiadores do Cristianismo empenham-se por encontrar os indícios

materiais que comprovariam a existência do homem chamado Jesus. Além da Bíblia,

encontramos outras referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador

judeu do primeiro século. Figura paradigmática, Jesus é o homem mais falado da história.

Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos livros, seja para desvendar sua

personalidade, para interpretar seus ensinos ou para mencionar seus fatos notáveis. Nos dias

atuais, marcados por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais

marcantes, caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de desenvolvimento

tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões da indiferença, a mensagem

do Cristo é emblemática para a edificação de um novo ser humano. A característica mais

importante da ideia judaica de Deus é a de que o Deus supra-humano, distante, é

simultaneamente o Deus próximo, que segura em suas mãos poderosas o destino do mundo,

de seu povo e de cada indivíduo. Essa ideia ganha contornos mais nítidos na fé em Deus como

senhor da história que conduz segundo seu plano desde o início até um determinado alvo. Para

os cristãos, Jesus Cristo é a encarnação perfeita do mais perfeito conceito de ética, que ele

revelou em todo o seu ministério, cujo ápice está na cruz do Gólgota.

Palavras chave: Jesus, Historicidade, Cristianismo, Ética, Filosofia de vida.

ABSTRACT

Monograph Undergraduate

Program Undergraduate Full Degree in Philosophy

Faculdade Kurios de Maranguape

TRAJETÓRIA OVERVIEW HISTORY OF JESUS ON EARTH: THE AUTHOR OF A

NEW ETHICS AUTHOR: JOCILAINE MOREIRA BATISTA DO VALE

ADVISER: LADGHELSON SANTOS

This work of literature aims to reflect and analyze information about the historical emergence

of the man who revolutionized the history of mankind. Historians of Christianity strive to find

material evidence that would prove the existence of the man called Jesus. Besides the Bible,

we find references to other authors in Jesus as Flavius Josephus, a Jewish historian of the first

century. Paradigmatic figure, Jesus is the most talked about man in history. About no other

character has been written so many books, is to unveil his personality, to interpret his

teachings or to mention his remarkable facts. Nowadays, marked by so many feelings of

stiffness, violence and social inequalities characterizing striking a society that has reached a

high level of technological development, but that is still imprisoned in shackles of

indifference, the message of Christ is emblematic for building a new human being. The most

important feature of the Jewish idea of God is that God supramundane, distant, God is

simultaneously the next, holding in his powerful hands the destiny of the world, its people and

every individual. This idea gets clearer edges faith in God as the story leads you according to

his plan from its inception to a particular target. For Christians, Jesus Christ is the most

perfect embodiment of the perfect concept of ethics, which he revealed in his entire ministry,

whose apex is at the cross of Golgotha.

Keywords: Jesus, Historicity, Christianity, Ethics, Philosophy of life.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11

CAPÍTULO I - CONDIÇÕES NECESSARIAS PARA RECEBER O MESSIAS

...................................................................................................................................................13

1.1. O Mundo teria que estar em condições para receber o Messias..................................13

1.2. Preparação geográfica da terra que serviu de berço para receber o Messias:

Palestina...................................................................................................................................14

CAPÍTULO II – ORIGEM E PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE

CRISTO....................................................................................................................................16

2.1. A origem divina de Jesus.................................................................................................16

2.2. Os anos de preparação para o ministério.......................................................................18

CAPÍTULO III – INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS..................................................22

3.1. Ministério de Jesus na Judeia.........................................................................................22

3.2. Ministério de Jesus na Galiléia.......................................................................................23

3.3. Ministério de Jesusna Pereia...........................................................................................29

CAPÍTULO IV – RESGATANDO VIDAS PARA DEUS...................................................33

4.1. A semana da paixão de Cristo.........................................................................................33

4.2. A ressurreição e ascensão de Jesus.................................................................................37

4.3. O retorno triunfante de Jesus.........................................................................................38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................41

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................44

11

INTRODUÇÃO

No presente trabalho será abordado um resumo sistemático da trajetória de Jesus

Cristo na terra começando pelas condições estabelecidas por Deus, desde o começo da queda

do homem pelo pecado, a preparação do mundo social, político e econômico; ministério

didático e prático até chegar ao propósito maior da encarnação de Cristo: o resgate da

humanidade para o Pai, sendo Jesus o primogênito na formação da família de Deus.

Mais de dois milênios depois do seu nascimento, Jesus Cristo não foi esquecido e

jamais será. Ele ainda exerce urna atração universal. Isso é especialmente notável quando se

considera a morte prematura de Jesus (aos 33 anos) e o tipo de morte que ele experimentou.

Além de ser destinada a criminosos, escravos, dissidentes e rebeldes, a crucificação foi

planejada para ser a pena de morte mais dolorosa possível. A morte de Jesus foi um

assassinato cruel, como lembram Richard Bauckhan e Trevor Hart, professores da

Universidade de St. Andrews, na Escócia, no livro "Ao Pé da Cruz":

“Jesus era perigoso demais, provocativo demais e popular

demais pare ser ignorado. O único meio de lidar com Ele era

eliminá-lo. Isso implicaria negociações desagradáveis e pouco

ortodoxas, nervos de aço e consciências maleáveis, mas era

necessário para a segurança nacional e para o bem do povo.

Jesus precisava morrer. Jesus teve a morte do mais

abandonado para que o mais abandonado possa compartilhar

de sua ressurreição.” (BAUCKHAN, p.55,91)

No final do ano de 2000, dom Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), escreveu: "Não existisse Jesus, alguém

teria de inventá-lo, tal a sua importância para a humanidade".

Uma das paginas mais bem escritas sobre Jesus, infelizmente anônima, lembra

que ele era filho de uma camponesa, nasceu numa vila pouco famosa e...

12

“(...) nunca escreveu algum livro, nunca ocupou algum cargo,

nunca possuiu casa própria, nunca cursou uma faculdade,

nunca visitou alguma cidade grande, nunca viajou mais de 200

quilômetros do local de seu nascimento, numa fez alguma

dessas coisas, que geralmente estão associados à grandeza.

Entretanto, vinte séculos se passaram e Jesus permanece a

figura central da raça humana e líder do progresso da

humanidade. Todos os exércitos que já marcharam. Todos os

navios que já navegaram. Todos os parlamentos que já se

reuniram, todos os reis que já reinaram juntos, não influíram

na vida do homem neste planeta quanto essa vida solitária."

(AUTOR DESCONHECIDO)

Deus criou o universo com um propósito: formar uma família. A história da trajetória

em que o Senhor elabora seu plano divino, porém, nos revela a insistente arrogância da

humanidade em rejeitar o amor de Deus e seguir seu próprio caminho, que fatalmente termina

em tragédia e desespero. Todavia, Deus, não é detido por um mundo mau. Ele não fica

surpreso quando a nossa fé vacila ou ao ver a profundidade de nossos erros. Não podemos

surpreender Deus com nossas crueldades. Ele sabe a condição do mundo, desde o princípio

até os dias de hoje, e mesmo assim o ama. E a demonstração maior do amor de Deus pela

humanidade foi pendurada numa cruz:

“Jamais o obsceno se aproximou tanto do santo como no

calvário. Jamais o bem no mundo se envolveu tanto com o mau

como aconteceu na cruz. Nunca o que é reto se misturou a tal

ponto com o que é errado, como quando Jesus foi suspenso

entre o céu e a terra. Deus numa cruz. A humanidade em seu

pior foco. A divindade no melhor." (LUCADO,1999, p. 130)

A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar, que, embora se tenham

passados milênios, o protagonista principal da história da humanidade continua a influenciar o

mundo, de forma tão relevante e maravilhosa, transformando vidas desamparadas e

desesperadas, trazendo-as para junto de si, para juntos formar uma verdadeira comunidade

familiar, no qual todos possam compartilhar de Seu amor: “Porque Deus amou o mundo de

tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas

tenha a vida eterna.” (João 3.16)

13

CAPÍTULO I

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA RECEBER O MESSIAS

1.1. O mundo teria que estar em condições para receber o Messias.

O mundo precisaria estar devidamente preparado para a chegada do Redentor Senhor

chamado Cristo Jesus. Todas as condições para este momento glorioso teriam que ser

devidamente elaboradas, sim porque, Deus estava no comando do grande projeto:

unificar todos os povos, em Jesus, para completar Sua obra salvadora de reconciliar a

humanidade com seu Criador. A história dessa preparação não foi produzida num vácuo, mas

após longa saga das lidas de Deus com Israel. O conhecimento dessa história ajuda-nos a

interpretar com maior clareza os primeiros eventos bíblicos da era cristã. For exemplo, o

ensino acerca de Cristo na lei de Moisés, bem como a pessoa do Messias em relação com Davi

e com as promessas que foram feitas a ele.

Para que Jesus pudesse vir ao mundo era preciso que houvesse um governo central

consolidado. Isto aconteceu com a fundação de quatro reinos: babilônia, medo-persa, grego e

romano. Cada um dando sua contribuição para a vinda do Messias. O estudo da cronologia - a

determinação de datas e a sequência apropriada dos acontecimentos - também é vital a uma

interpretação adequada das Escrituras Sagradas. Exemplificando: os gregos e seu programa de

helenização lançaram a base para cultura da era do Novo Testamento. Muitos dos conflitos e

das lutas existentes nos dias de Jesus e da Igreja foram consequências do governo de

Alexandre e seus sucessores. Os romanos exerceram influência sabre a situação

imediata, ao mesmo tempo em que controlavam governo e as rédeas econômicas da nação,

afetando as práticas culturais e religiosas da época.

Entretanto, a paz entre os povos e raças, teria que estar em plena realização, para que

desse início a civilização e consequentemente a criação do comercio e da indústria. O Senhor

alcançaria os confins da terra. O Senhor trabalhava para que a disseminação da sua

mensagem fosse lida e compreendida por todos os povos. A l íngua literária

estabelecida foi o grego "Koine", esta deu origem a todas as demais línguas

contemporâneas.

Os homens precisavam conhecer o verdadeiro Deus, único e Senhor dos

senhores. Todos precisavam sentir em seus corações um desejo ardente de algo melhor em suas

vidas, e a satisfação desse anelo somente seria suprida por um Deus que os judeus tão bem

14

conheciam e reverenciavam. O entendimento dos costumes e práticas judaica ajuda-nos a

entender os conflitos que Jesus enfrentou no seu ministério. Visto que os conflitos de Jesus

com os fariseus desempenham papel tão predominante nos Evangelhos, alguns se

surpreendem ao descobrir que muitas das facções e seitas do Judaísmo eram bem diferentes

dos fariseus legalistas e tinham compreensão espiritual da Lei.

Estava preparando o palco para a vinda do Messias, chamado Jesus Cristo. O apóstolo

Paulo descreve esse acontecimento aos crentes da igreja em Gálatas:

“Mas, quando chegou à plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,

nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os

que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos".

(GL 4: 4,5)

1.2. Preparação geográfica da terra que serviu de berço para receber o Messias:

Palestina.

A Palestina pode ser conhecida por vários nomes, tais como: Canaã - é o nome do

filho mais moço de Cão, filho de Noé - foi o pai de muitos povos, conhecidos como cananeus..

As nações cananitas foram divididas entre os amoreus, felisteus, moabitas, midianitas,

adonitas, amalequitas, edomeus, heveus e sidônios.

Outro nome pelo qual foi chamada a Palestina fora Israel. Este nome se deu através da

conquista da terra de Canaã por Israel. Com a morte do rei Salomão, Israel se divide em: Reino

do Sul - que permaneceu fiel a casa de Davi, comandados por Roboão, constituídas por duas

tribos, chamadas Judá e Benjamim. E o reino do Norte - comandados por Jeroboão, filho de

Salmão, constituído por dez tribos, chamadas Efraim, Manasses, Rubem, Grade, Simão,

Issacar, Zebulam, Neftai, Aser e Da. Todas consideradas nações cruéis.

Posteriormente, a Palestina, então com o domínio e o cativeiro babilônico passa a ser

chamada de Judá ou Judéia. Em seguida passa pelo domínio do Império Grego -

Romano, onde o reino é dividido, por ocasião da morte do seu imperador Herodes, o Grande.

Essa divisão foi feita entre seus filhos: Arquelau ficou com a Judéia; Herodes Antipas

ficou com a Tetrarquia da Itureia e Traconitis. A Judéia e a Samaria foram

incorporada a províncias da Síria e governada por procurador. Jesus começou seu

ministério público sob o governo de um desses procuradores romanos, chamado Pôncio

Pilatos. Tal procurador declarou a crucificação do Messias, relatada no Livro do Apóstolo

João. Por fim a Palestina é chamada pelo o seu próprio nome, desde os dias de Jesus Cristo

15

até os dias atuais.

A Palestina possuía, na época da conquista pelos os israelitas, cerca de 601.730

homens. No total geral, incluindo mulheres e crianças, cerca de 2.160.000 pessoas.

Sua divisão física era constituída de cinco fatores: planície marítima, a parte baixa de

Sefelá; a Cordilheira Central; o Vale do Jordão e o planalto Oriental.

Estas são as cidades que Jesus andou: Belém, Jerusalém, Jericó, Betânia e Efraim,

todas na Judéia; Pereia e Sicar, em Samaria; Betsaida Julia, em Decapolis; Cesárea

de Filipe, na Tetrarquia de Filipe; Tiro e Sidom, na Fenícia. Lugares considerados santos,

que atualmente são visitados por milhares de pessoas em busca de passar pelo mesmo

caminho que Jesus pisou, seguindo religiosamente seus passos. Alguns sofrendo com o

vislumbre da rejeição que ele sofreu outros chorando por não terem compreendido a

significância dos seus ensinamentos, e ainda aqueles que com o coração contrito, emocionado

e cheio de alegria conseguem ver em cada percurso o sorriso do Mestre Amado. Porém, todas

os que buscam conhecer essa rota, tem a plena convicção de que o Divino esteve entre nós

naquela época remota, e hoje, mais vivo do que nunca, conduz cada cristão aos braços do Pai

Eterno.

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CAPÍTULO II

ORIGEM E PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE CRISTO

2.1. A origem divina de Jesus Cristo.

Os Evangelhos são os grandes acervos da vida preexistente de Jesus na Terra.

Eles relatam desde a origem da criação, onde ele já se encontrava com o Pai até o

advento da sua vinda e sua chegada ao mundo humano. São relatos da trajetória de Jesus

aqui entre nós, mostrando sua divindade e seu projeto de resgate e salvação da

humanidade.

No Novo Testamento encontramos a única fonte substancial do primeiro século

que temos a respeito da vida de Jesus. A literatura judaica ou romana daquele tempo

quase não o menciona. Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, escreveu um

livro sobre a história do judaísmo, procurando mostrar aos romanos que essa religião

realmente não se distancia muito do estilo de vida grego ou romano. Disse ele:

“Ora, havia por esse tempo Jesus, um homem sábio, se for

legitimo chamá-lo de homem, po i s e l e e ra u m op erad or

d e o b ra s maravilhosas, um mestre de quem os homens

recebem a verdade com prazer. Atraiu para si muitos dos

judeus e muitos dos gentios, ele era o Cristo. E quando

Pilatos, por sugestão dos principais homens dentre

nós, condenou-o à cruz, os que o amavam a princípio

não o abandonaram; pois ele apareceu-lhes vivo de novo

no terceiro dia; com forme haviam predito as profecias divinas,

essas e dez mil outras coisas chamadas em virtude de seu nome,

não se extinguiu até hoje.” (JOSEFPHUS, 1926, p. 233 )

Os quatro Evangelhos são nossas únicas fontes principais de informação

a respeito de Jesus Cristo. Não apresentam uma biografia de toda a sua vida, mas um

quadro de sua pessoa e obra. Desde o seu nascimento até seu trigésimo ano,

pouquíssima coisa se diz dele. Até mesmo o relato do seu ministério não é completo.

Muito do que a Apóstolo João sabia e viu, por exemplo, ele deixou de registrar (João

17

21:25). O que está registrado muitas vezes se comprime em poucos versículos. Todos os

Evangelhos dão consideravelmente maior cobertura aos eventos da última semana da vida

de Cristo do que a qualquer outra coisa.

De acordo com William White, ao se posicionar sobre o relato dos Evangelhos,

afirma que:

“Cada escritor desejou acentuar um aspecto um tanto diferente

da pessoa e obra de Cristo; Os relatos variam nos

pormenores. É evidente que os primeiros autores

selecionavam os fatos que melhor se encaixavam em seus

propósitos, e nem sempre observavam uma ordem estritamente

cronológica." (WHITE, 1988, p. 102)

Na realidade, esses livros sagrados são mais interpretações do que crônicas, mas

não há motivo algum para duvidarmos de que tudo quanto declaram os autores seja

totalmente verdadeiro.

Embora cada Evangelho tenha sido escrito para se firmar em seus próprios

méritos, os quatro livros podem ser transformados numa “harmonia

”, ou relato único, da

vida de Jesus Cristo. Ele viveu numa sociedade judaica orientada pelo Antigo

Testamento e basicamente sob as influências da interpretação que os fariseus davam a

Lei.

Os judeus dos dias de Jesus viviam na expectativa de grandes acontecimentos. Os

romanos os oprimiam, mas eles estavam seguramente convictos de que o Messias viria,

pois seria difícil, naquele tempo, encontrar um judeu que vivesse sem alguma forma de

esperança. Alguns tinham verdadeira fé e aguardavam ansiosos a vinda do Messias que

seria seu Salvador - eram Zacarias e Isabel. Simeão, Ana, José e Maria, relatados

nos livros dos apóstolos Lucas (cap. 1:5) e Mateus (cap. 1:18).

Por volta do ano seis aC, aproximando-se o fim do reinado de Herodes em Israel, o

sacerdote Zacarias ministrava no templo em Jerusalém. Apareceu-lhe um anjo anunciando

para breve o nascimento do primeiro descendente da sua linhagem. Esse menino

prepararia o caminho para o Messias, pois o espírito e o poder de Elias repousaram

sobre ele (Lucas 3:3-6).

Três meses antes do nascimento de João, filho de Zacarias, o mesmo anjo

(Gabriel) apareceu a Maria. Esta jovem era noiva de José, carpinteiro descendente do rei

Davi (Isaias 11:1). O anjo disse a Maria que ela conceberia um filho por obra do

18

Espírito Santo, e que ela daria ao menino o nome de Jesus. Maria ficou assombrada ao

tomar conhecimento de que embora fosse virgem, teria um filho que era o verdadeiro

Filho de Deus, o Messias esperado pelo seu povo. Não obstante, Maria aceitou a

mensagem com grande mansidão, contente por estar vivendo na vontade de Deus (Lucas

1:38).

O anjo também lhe disse que sua prima Isabel estava grávida, e Maria se

apressou a partilhar o júbilo com ela. Ao encontrarem-se, Isabel saudou a Maria como a

mãe de seu Senhor. Maria irrompeu num cântico de louvor, um dos mais lindos de

toda a Escritura Sagrada (O "Magnificat", Lucas 1:46-56). José, o marido prometido de

Maria, ficou totalmente chocado com o que parecia ser o fruto de um terrível pecado.

Ele resolveu abandoná-la secretamente. Então, em sonho, um anjo lhe apareceu e

explicou a situação e o instrui a aceitar Maria como esposa como estava planejado.

Jesus vem ao mundo de uma forma milagrosamente sobrenatural, pois fora

concebido sem a intervenção humana. Sua natureza divina, entretanto, tomou a natureza e a

substância humana. Tudo isso aconteceu para que ele fosse visto como um homem e não

um mito, para que tudo se cumprisse nele, o projeto de Deus desde o livro do Gênesis,

desde o principio, que veio ao mundo para a salvação da humanidade.

Nasce Jesus de Nazaré em Belém de Judá atestando a profecia de Miquéias

escrita em seu livro, que diz assim:

"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de

Judá, de ti sairá o que será Senhor em Israel e cujas

saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da

eternidade.” (Mq 5:2)

2.2. Os anos de preparação para o ministério.

A trajetória da vida de Jesus nos seus primeiros anos de ministério na terra foi

marcada por eventos que respaldaram ainda mais as profecias acerca do Messias,

enviado de Deus.

O Novo Testamento conduz-nos ao clímax da obra redentora de Deus, porque nos

apresenta o Messias, Jesus Cristo e nos fala do começo da sua igreja, Os escritores de

Mateus, Marcos, Lucas e João falam-nos do ministério de Jesus. Esses escritores foram

19

testemunhas oculares da vida do Mestre, ou registraram o que testemunhas

oculares lhes contaram, todavia não escreveram sobre ele uma biografia completa.

Tudo quanto registraram, realmente aconteceu, porém concentraram-se no ministério de

Jesus, e deixaram aqui e acolá algumas lacunas da vida do Divino Mestre.

Vamos imaginar alguém escrevendo uma carta a um amigo para apresentar-lhe

uma pessoa importante. Estaria o autor da carta em condições de descrever tudo acerca

da vida dessa pessoa? Claro que não. Ele só poderia escrever acerca daquilo que

conhecia, e provavelmente não tentaria, também, escrever tudo o que soubesse. Ele,

com certeza, se concentraria no que, a seu ver, o amigo deseja e precisa conhecer.

Os homens que escreveram os Evangelhos fizeram a mesma coisa. Eles tinham

em mira explicar a pessoa e a obra de Jesus, registrando o que ele fez e disse. E cada

autor apresenta uma perspectiva ligeiramente diferente acerca de Jesus e de suas obras. Os

autores dos livros sagrados não tentaram relatar todos os eventos da meninice de Jesus,

porque não era esse o motivo de escreverem os registros históricos. Não

procuraram, tampouco, registrar a vida cotidiana de1e. Eles se ativeram do que é

pertinente a salvação e ao discipulado.

Depois que Jesus nasceu seu pai o levou ao tempo em Jerusalém para ser

consagrado (Lucas 2:22-28). Começaram a prepará-lo para viver em “graça, diante de

Deus e dos homens.” (Lucas 2:52)

Quando Jesus chegou a idade de doze ou treze anos, ele fez uma visita especial a

Jerusalém. Ele assumiria então, seu papel na congregação judaica. Enquanto estava ali,

Jesus conversou com os dirigentes religiosos sobre a fé judaica, ele revelou

extraordinária compreensão do verdadeiro Deus, e suas respostas deixaram-nos

admirados. Mais tarde de volta para casa, os pais de Jesus notaram a sua ausência.

Encontraram-no templo, ainda conversando com os especialistas judaicos.

Vamos abrir um parêntese aqui nesse relato, pois essa passagem da bíblia nos

mostra claramente o valor e a importância do Antigo Testamento, que muitas pessoas,

erroneamente deixam de lado, ou simplesmente acham que não teria

significância nenhuma, por se tratar de uma parte da Escritura Sagrada onde o homem

estava debaixo do jugo da Lei, e Jesus nos trouxe com seus ensinamentos, - e por que

não dizer, com sua própria vida - o jugo da graça de Deus. Entretanto, temos que ter em

mente que quando lemos o Antigo Testamento, estamos lendo a bíblia que Jesus lia e

usava. Trata-se das orações que Jesus fazia, dos poemas que memorizava, dos

20

cânticos que entoava, das historias de ninar que ouvia quando criança, das profecias

sobre as quais refletia. Quanto mais entendermos o Antigo Testamento, mais

entenderemos Jesus. Como disse Martinho Lutero: “O Antigo Testamento é um

testamento de Cristo, que pediu que fosse aberto após sua morte e lido e

proclamado em todos os lugares por intermédio dos evangelhos.”

Há um autor maravilhoso que tão bem nos escreve sabre esse tema. Diz

Philip Yancey sabre o Antigo Testamento:

“O Antigo Testamento retrata o mundo como ele é,

sem maquiagens. Em suas páginas encontramos histórias

apaixonadas de amor e de ódio, histórias cruéis e assustadoras

de estupro, esquartejamento, narrativas verídicas de tráfico de

escravos, relatos francos sobre grande honra e sobre as cruéis

traições da guerra. Nada bem ajeitado e ordenado. Crianças

mimadas como Salomão e Sansão recebem dons sobrenaturais;

um homem profundamente bom como Jo recebe catástrofe. Diante

desses distúrbios, talvez você recue contrariado, ou então se

afaste do Deus que teve alguma participação em cada um

desses episódios. A qualidade maravilhosa do Antigo

Testamento é que ele traz as respostas para esses

questionamentos! Deus antecipa-se as nossas objeções e as

inclui em seus escritos sagrados.” (YANCEY, 1999, p. 1; 12)

Prosseguindo com a trajetória de Jesus, a bíblia se cala até o ponto em que nos

apresenta os acontecimentos que deram início ao ministério divino, tendo o Mestre cerca

de trinta anos. Primeiro acontece o começo do ministério de João Batista, quando ele sai

do deserto e parte para as cidades ao longo do Rio Jordão em pregações eloqüentes,

preparando o povo para receber o Messias (Lucas 3:3-9). Dizia ao povo que se

voltasse para Deus e começassem a obedecer-lhe. (João 1:29). João batizou Jesus, e ao

sair Jesus da água, Deus enviou o Espírito Santo em forma de pomba, que pousou sobre

ele.

O Espírito Santo guiou Jesus ao deserto, e ali ele permaneceu sem alimentar-se

durante quarenta dias. Enquanto ele se encontrava nessa situação de enfraquecimento, o

diabo veio e procurou tentá-lo de vários modos. Jesus recusou as propostas do sinistro e

ordenou que ele se retirasse. Então vieram anjos que o alimentaram e o confortaram.

21

Segue o Filho de Deus, dando continuidade ao projeto de salvação da raça humana.

Jesus, o Grande Vitorioso está pronto para exercer o seu ministério público. Em

Carfanaum procura homens para torná-los discípulos, e posteriormente, darem

continuidade a sua obra. Como resultado do testemunho de João Batista, João e Andre

foram para Jesus. Pedro tornou-se seguidor como resultado do testemunho de seu

irmão, o quarto seguidor, Filipe, imediatamente obedeceu à convocação que Jesus lhe

fez. Filipe trouxe Natanael (Bartolomeu) a Cristo, quando Cristo demonstrou conhecer os

pensamentos íntimos de Natanael, este também se uniu ao grupo.

Logo depois Jesus viajou para Galiléia.

22

CAPÍTULO III

INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS

3.1. Ministério de Jesus na Judeia.

Ao chegar à Galiléia, Jesus é convidado para comemorar o casamento de um de

seus parentes junto com sua mãe Maria e seus irmãos. Nessa festa em Canã, acontece o

primeiro milagre registrado do Messias; ele transformou água em vinho. Este gesto

mostrou aos discípulos que ele tinha autoridade sobre a natureza. Após um breve

ministério em Cafarnaum, Jesus e seus seguidores foram a Jerusalém para celebração da

Páscoa. Aqui mediante a purificação do templo, ele declarou publicamente ter

autoridade sobre a adoração dos homens. Neste ponto a narrativa de João parece

discordar dos Evangelhos sinóticos, os quais dizem que Jesus purificou o templo no fim

de seu ministério. Crêem alguns estudiosos que ele fez isso em ambas as ocasiões. No

entender de outros, João relata o acontecimento numa seqüência diferente para acentuar

a autoridade de Jesus. Na ocasião da purificação do templo, Jesus pela primeira vez

menciona sua própria morte e ressurreição: “Destrui este santuário, e em três dias o

reedificarei.”(João 2:19)

Um dos dirigentes judeus, um fariseu por nome Nicodemos, procurou Jesus à

noite para conversar com ele acerca de questões espirituais. A bem conhecida

conversação entre eles concentrou-se na necessidade do novo nascimento (João 3).

Os próximos seis meses encontraram Jesus servindo fora de Jerusalém, mas

ainda na Judéia onde João Batista estava. Aos poucos as pessoas começaram a deixar de

seguir João para seguir, ouvir e aprender as lições que Jesus tinha para lhes ensinar. Isso

deixava os discípulos de João aborrecidos, mas não o próprio João; sem dúvida ele

ficava feliz com a popularidade do Messias (João 3:27-30). Chegando ao fim desses

meses, João foi lançado na prisão pelo fato de denunciar Herodes Antipas por tomar a

esposa de seu irmão Filipe.

Talvez a prisão do Batista tenha impelido Jesus para a Galiléia a fim de ministrar

ali. De qualquer maneira, ele foi para lá.

23

3.2. Ministério de Jesus na Galiléia.

No caminho para a Galileia. Jesus passa pela a estrada de Samaria e para junto

ao "Poço de Jacó", ali encontra uma mulher samaritana e pede-lhe um pouco d'água. A

partir daí inicia-se uma conversa maravilhosa entre os dois. Jesus fala para aquela

mulher sobre a verdadeira fonte de água viva, que era ele próprio, e disse-lhe mais:

"Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem

beber da água que eu lhe dê nunca mais terá sede. Ao

contrário, a água que eu lhe dê se tomará nele uma

fonte de água a jorrar para a vida eterna.”(João 4: 13,

44)

Evidentemente essa mulher e alguns dos seus concidadãos aceitaram a Jesus

como o verdadeiro Messias e Salvador. Também, transformou-se na primeira

missionária de campo, pois anuncia para a cidade a chegada do Redentor.

A primeira parada de Jesus em sua trajetória pela Galiléia foi em Canã. Aqui ele

curou o filho de um nobre. O fervor do nobre persuadiu Jesus a entender seu pedido.

Em Nazaré Jesus adorou na sinagoga no sábado. Aqui lhe pediram que lesse (em

hebraico) e explicasse (talvez em aramaico) um trecho das Escrituras. A princípio seus

compatriotas se alegraram, mas depois ficaram irados quando perceberam que ele se

proclamava o Messias. Levaram-no para fora da cidade a fim de o lançarem num

precipício, mas Jesus, "passando por entre eles, retirou-se." (Lucas 4:30)

A seguir foi Jesus para Cafarnaum, que parece ser o seu quartel-general. Aqui

ele oficialmente chamou para companheiros de viagem os discípulos Pedro, Andre,

Tiago e João, que parecem ter voltado a seus lares e ocupações. Jesus ensinava na

sinagoga aos sábados e curou ali um endemoninhado. Também curou a sogra de Pedro.

Subsequentemente reuniu-se uma multidão de gente enferma, "(...)e Ele os curava,

impondo as mãos sobre cada um." (Lucas 4:40). Tudo o que Jesus falava e fazia era e

continua a ser um ensinamento notável para a vida dos discípulos e de quem estava por

perto presenciando suas obras maravilhosas. Até os nossos dias Jesus continua a nos

ensinar os escritos feitos pelos autores dos Evangelhos, a base de toda a sua pregação: o

amor incondicional ao próximo.

Max Lucado, no seu livro intitulado "Um Dia na Vida de Jesus", diz:

24

"Sem dúvida, na multidão havia aqueles que usariam da

saúde novinha em folha para atacar outros. Jesus

libertou línguas que um dia amaldiçoariam, deu visão a

olhos que praticariam a inveja. curou mãos que

matariam. Muitos daqueles que ele curou nunca iriam

dizer "obrigado", mas mesmo assim ele os curou. A

maioria estava preocupada em ser curada do que em

ser santa. Alguns que pediram por pão hoje, clamariam

por seu sangue alguns meses depois, mas ele os curou

mesmo assim.” (LUCADO, 2002, p.38)

Na fase seguinte do ministério de Jesus, ele encontrou grande aceitação entre o

povo comum. Agora a missão de Jesus era ensinar, de modo que deu as costas àqueles

que o queriam acorrentado a um único ponto do seu ministério: o de cura (Lucas 4:42-

44). O povo aclamava seus milagres e ensinos. Uma típica manifestação do seu poder de

cura no decorrer desse circuito foi a cura de um leproso. Esse incidente sublinhou a

submissão de Jesus à Lei, sua compaixão pelos homens, e seu interesse em levar os

homens à salvação.

De volta a Carfanaum, Jesus demonstrou sua autoridade de perdoar pecados ao

curar um paralítico e convidar Mateus, um odiado publicano, para torna-se seu seguidor.

Durante uma festa na casa de Mateus, escribas e fariseus criticaram a Jesus e a auto-

indulgência dos seus discípulos. Jesus respondeu que eles se regozijavam na presença

do Messias e não se deleitavam em indulgências. Jesus fez alusão a sua morte e ao luto

que a acompanharia. Mas prometeu que o luto teria curta duração, porque o espírito do

evangelho não poderia limitar-se aos "odres velhos" do legalismo judaico.

Durante esse período Jesus começou a enfrentar crescente hostilidade das altas

autoridades judaicas. Estando em Jerusalém para uma das festas anuais dos judeus, ele

foi atacado por haver curado um paralítico no sábado. Dessa forma ele afirmou sua

autoridade sobre o sábado. E os judeus de imediato entenderam que se tratava de uma

reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que ele conhecia a mente de Deus, que

ele julgaria o pecado, e ressuscitaria os mortos. Seus críticos salientaram, com toda

indignação, que somente Deus poderia fazer tais coisas.

De volta a Galiléia, continuou a controvérsia acerca do sábado ao defender os

seus discípulos por colherem espigas nesse dia. Por fim, ele reivindicou ser o “Senhor

do dia”. No sábado curou um homem que tinha a mão direita ressequida. As autoridades

25

religiosas judaicas deram início à trama para destruí-lo (Lucas 6:1-11).

Jesus selecionou doze de seus discípulos que deveriam oficialmente levar avante

o seu ministério. A nomeação dos doze inaugurou um novo período no ministério de

Cristo, começando com o grande Sermão do Monte (Lucas 6:20-49).

Aconteceram diversos incidentes nesse período. Talvez no mesmo dia em que

proferiu o Sermão do Monte, Jesus curou o servo de um centurião. Este centurião era

um soldado romano, simpatizante da religião judaica e evidentemente aceitou a Jesus

como o verdadeiro Messias. O servo foi curado "naquela mesma hora."(Mt 5:5-13)

Em Carfanaum, cerca de 11km distante do local do Sermão do Monte, as

multidões continuaram a pressionar a Jesus. Para escapar a essa pressão, ele se dirigiu a

Naim. Na entrada da cidade ele restaurou a vida do filho de uma viúva. Por esse tempo

vieram da parte de João Batista mensageiros para perguntar a Jesus se ele era realmente

o Messias. Ainda preso, João ficara perplexo com o curso do ministério de Jesus, era

um ministério pacífico e misericordioso em vez de dramático, conquistador e judicante.

Jesus elogiou a João e denunciou as autoridades judaicas que se opuseram a ele,

ressaltou que as cidades da Galiléia que ouviram o Batista não se arrependeram. Não

tinham verdadeiramente “vindo a ele.” (Lucas 7:18-35)

Em uma cidade que Jesus visitou, ele foi ungido por uma mulher pecadora. Ele

perdoou-lhe os pecados na presença de seu hospedeiro, Simão o fariseu. Sem as

costumeiras gentilezas. Sem o beijo da saudação. Sem providenciar que seus pés fossem

lavados. Sem óleo para a cabeça, pois esse era o costume judaico.

No seu livro "Um Amor que Vale a Pena", Max Lucado retrata essa cena assim:

"Simão não fez nada para Jesus se sentir bem-vindo.

No entanto, a mulher faz tudo o que Simão não fez. Não

sabemos o nome dela. Somente conhecemos a sua

reputação: uma pecadora. Mas provavelmente uma

prostituta. Ela não tem convite para a festa e nem

posição na comunidade. (...) Ela veio por Ele. Cada

gesto seu é medido e cheio de significado. Ela encosta

seu rosto nos pés Dele, ainda cobertos com a poeira do

caminho. Não tem água, mas tem lágrimas. Não tem

toalha, mas tem seus cabelos. Usa ambos para lavar os

pés de Cristo. Abre um frasco de perfume, talvez a

única coisa de valor que possuia, e aplica o perfume em

26

seus pés. Alguém poderia pensar que Simão, mais que

todas as pessoas, mostraria um amor como este. Não é

ele o reverendo da igreja, o estudioso dos Escritos?

Mas ele é rispido, distante. Outros certamente achariam

que a mulher procuraria evitar Jesus. Não é ela a

mulher da noite, a mulher vil da cidade? Mas ela não

pode resistir a Ele. O "amor" de Simão é medido e

mesquinho. Por outro lado, o amor dela é extravagante

e arriscado.” (LUCADO, 2003. p. 4.5)

Seguindo pelas cidades da Galiléia Jesus e os doze discípulos e algumas

mulheres devotas: Maria Madalena, Joana, Susana e "muitas outras. Foi nessa viajem

que ele curou um endemoninhado. E os fariseus o acusaram de estar associado com o

diabo. Ele acentuou a bem-aventurança dos que "(...) ouvem a palavra de Deus e

pratica.” (Lucas 8:21). Nesse mesmo dia entrou num barco de onde proferiu muitas

parábolas. A parábola era a principal ferramenta de ensino de Jesus, que tanto revelava

como ocultava as verdades que ele desejava comunicar. Sem dúvida ele repetia este e

outros ditos em diferentes contextos, da mesma maneira que os pregadores de hoje

repetem seus sermões e ilustrações.

Depois da pregação do barco, Jesus atravessou o mar da Galiléia, chegando à

praia ocidental. Antes de partir, dois homens se aproximaram dele e manifestaram

desejo de tornarem-se seus discípulos. Cada um, porém, fez seu pedido de modo irreal e

indigno, e Jesus os censurou.

Enquanto atravessavam o mar, a vida de Jesus foi ameaçada por uma violenta

tempestade. Ele dormia sobre uma almofada na popa do barco, de modo que os

discípulos o acordaram. De imediato ele acalmou a tempestade. Os discipulos

exclamaram: "Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?"

(Lucas 8:25). No outro lado da Galiléia, Jesus encontrou-se com um endemoninhado e

expulsou dele os demônios que entraram numa manada de porcos, os quais

imediatamente se atiraram ao mar e morreram. Quando os moradores da cidade saíram

ao encontro de Cristo, viram o endemoninhado vestido e em perfeito juízo. Cheios de

surpresa, rogaram a Jesus que se retirasse dali. Foi o que ele fez depois de haver enviado

o homem a contar aos amigos sobre o Messias (Mateus 8:28). Jesus operou mais dois

milagres ao voltar para Carfanaum: ressuscitou a filha de Jairo e curou uma mulher que

tinha uma hemorragia quando ela tocou a orla de seu manto (Mateus 9:18).

27

Jesus percorreu novamente as cidades da Galiléia operando diversos milagres e

foi novamente rejeitado pelos nazarenos. Jesus ansiava por conseguir mais

trabalhadores para ceifar a colheita espiritual. Ele discipulou seus apóstolos de dois em

dois a fim de chamar as cidades de Israel ao arrependimento, concedendo-lhes poder de

curarem enfermos e expelir demônios. Nesse ponto, temos o registro sobre a morte de

João Batista, Herodes Antipas hesitou muito tempo antes de mandar matar a João,

porque ele temia o povo, mas sua concupiscência falou mais alto. A consciência culpada

de Herodes levou-o a indagar se Jesus era o João ressurreto.

Sofrendo com a morte de João, rodeado pelas multidões, e exausto do trabalho,

Jesus reuniu os “Doze” e cruzaram o mar da Galiléia. Mas as multidões chegaram lá

antes dele, e Jesus ensinou as massas o dia todo. A sessão chegou ao climax quando

Jesus alimentou toda a multidão (5.000 homens) dividindo e multiplicando cinco pães e

dois peixes (Mateus 14:13-21). Imediatamente após o milagre, Jesus colocou os doze

apóstolos no barco e os mandou atravessar de volta o mar da Galiléia, muito embora se

estivesse formando uma tempestade. Ele retirou-se para as montanhas a fim de escapar

das multidões excessivamente entusiastas, que desejavam por força fazê-lo rei. Eles

proclamavam que Jesus era rei. Jesus ouviu essas vozes, eram sons que emanava

sedução, a mais perigosa das sensações que alguém pode enfrentar: o poder. Entretanto,

ele também ouviu mais alguém. E quando Jesus o ouviu, ele o buscou: preferiu ficar

sozinho com o verdadeiro Deus a ficar junto à multidão de pessoas equivocadas.

Lucado faz um paralelo entre essa passagem e a nossa vida atual ele diz

poeticamente:

"A lógica não disse a Jesus para despedir a multidão. A

sabedoria convencional não lhe disse para virar as

costas ao exército desejoso. Não, não era uma voz fora

que Jesus ouviu, era uma voz interna. A marca da

ovelha era o que lhe tornava capaz de ouvir a voz do

Pastor. A marca de um discípulo é a sua capacidade de

ouvir a voz do Mestre. E não há um momento em que

Jesus não esteja falando. Nenhum sequer. Não existe

um lugar em que Jesus não esteve presente. Nunca

haverá um quarto muito escuro... um saguão muito

envolvente... um escritório muito sofisticado... Sempre

marcando presença, que sempre nos acompanha,

28

implacavelmente ele está lá, batendo à porta dos nossos

corações, com toda gentileza, esperando ser convidado

a entrar. Poucos ouvem essa voz. Um número menor

ainda abre essa porta.” (LUCADO, 2002, p. 72)

Três horas depois da meia-noite, os discípulos foram apanhados. Mas quando o

desastre parecia certo, Jesus veio andando em sua direção por sobre as águas. Depois

que ele acalmou os temores dos discípulos, Pedro perguntou se Jesus lhe permitia ir ao

seu encontro. No meio do caminho, Pedro perdeu a coragem e começou a afundar. Jesus

tomou-o pela mão e o conduziu de volta ao barco. As águas se acalmaram

imediatamente.

Em Carfanaum Jesus começou a curar os enfermos que acudiam a ele vindos de

todas as partes. Logo chegou a multidão que tinha sido alimentada. Encontrando Jesus

na sinagoga, ouviram-no explicar que ele era o verdadeiro pão da vida que veio do céu.

Ele, agora se defrontava com a aceitação da autoridade desse ensino, explicado em

termos de comer a carne de Jesus e beber seu sangue. Isso escandalizou muito deles e se

retiram. Jesus perguntou aos seus companheiros se eles também queriam retira-se. Esta

pergunta deu lugar à conhecida confissão de Pedro: "Senhor, para quem iremos? Tu

tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus.” (João

6:69)

Depois desse discurso sobre o pão da vida, Jesus deixou o ensino público e se

devotou a instrução dos discípulos. As autoridades judaicas ressentiram-se do fato de

Jesus rejeitar as cerimônias religiosas deles e de atrever-se a censurar-lhes as

reivindicações de autoridade. Jesus ia de um lugar para outro, evitando expor-se em

público, mas nem sempre conseguia fazê-lo. Na área de Tiro e Sidom ele curou a filha

de uma gentia, e em Decápolis curou a muitos que as multidões lhe trazia. Alimentou

4.000 pessoas multiplicando pães e alguns peixes (Mateus 15:32-39).

De volta à região de Carfanaum. Novamente se viu sitiado pelas autoridades

religiosas. Para escapar, ele atravessou de barco o mar da Galiléia. A caminho, advertiu

seus discípulos acerca dos fariseus, dos saduceus e de Herodes. Em Betsaida, Jesus

curou um cego. Depois ele e os discípulos viajaram para o norte, para a região de

Cesaréia de Filipe, onde Pedro confessou que Jesus era o Messias, o Cristo, o Filho de

Deus vivo. Jesus replicou que a fé que Pedro revelara fazia dele uma pedra, e que ele

construiria sua igreja sobre essa pedra - isto é: a fé como a que Pedro tinha (Mateus

29

6:13-20). A esta altura Jesus disse que seu sofrimento, morte e ressurreição estavam

próximas.

Cerca de uma semana mais tarde, Jesus tomou a Pedro, Tiago e João e levou-os

a uma montanha, revelando-lhes sua glória celestial (a Transfiguração). Diante dos

olhos deles, conversou com Moisés e com Elias (Lucas 9:28-36). Ao pé da montanha

Jesus curou um rapaz possesso de demônio, a quem os discípulos não poderiam

socorrer.

Jesus pagou o imposto do templo com dinheiro provido de modo miraculoso. A

caminho de Carfanaum. ministrou aos discípulos ensinando à verdadeira natureza da

grandeza e do perdão. São essas as parábolas que Jesus usou para os seus ensinamentos:

a parábola do rico insensato; do servo vigilante; do semeador; do trigo e do joio: do

grão de mostarda: do tesouro escondido; da perda de grande valor: da rede (palavra de

Deus) e o mar (as pessoas).

Passados muitos meses. Jesus foi a Jerusalém para celebrar a festa dos

Tabernáculos. Ele se recusara a ir com sua família, porém mais tarde fez a viajem em

particular. Em Jerusalém dividiam-se as opiniões do povo a respeito de Jesus.

Publicamente ele afirmou ter sido enviado do Pai e ser o Messias, o Salvador do mundo.

As autoridades religiosas superiores enviaram oficiais para prender Jesus, mas ele os

impressionou de tal maneira que não puderam cumprir a tarefa. Então as autoridades

procuraram desacreditá-lo fazendo-o violar a Lei. Mas não tiveram êxito. Trouxeram-

lhe uma mulher apanhada em adultério e ele voltou o incidente por completo contra eles

(Lucas 11:16).

Durante esse período Nicodemos tentou acalmar o ódio do Sinédrio (o supremo

concílio das autoridades religiosas judaicas). Mas enquanto estava em Jerusalém, Jesus

curou um cego no sábado. Essa cura provocou grande controvérsia e o homem foi

expulso da sinagoga. Jesus encontrou-se com o homem que o reconheceu como o

Messias. Jesus profere o famoso discurso sobre o Bom Pastor (João 10:1-21).

3.3. Ministério de Jesus na Pareia.

Decorreram cerca de dois meses enquanto Jesus voltou à Galiléia, foi, talvez,

nessa ocasião que ele enviou 70 discípulos às cidades de Israel para declarar que o

Reino estava próximo e que Jesus era o Messias (Lucas 10). Jesus tentou passar pela

30

Samaria a caminho de Jerusalém, mas o povo rejeitou. Assim, ele cruzou o Jordão e

viajou através da Peréia. A certa altura um homem perguntou a Jesus o que precisava

fazer para herdar a vida eterna. Jesus desse-lhe que amasse a Deus e ao próximo. O

homem, então pergunta: "Quem é o meu próximo?"(Lucas 10:29). Jesus responde com

uma parábola, a famosa parábola do Bom Samaritado.

Jesus continua seus ensinamentos por meio de parábolas, tais como: a parábola

da figueira estéril; das bodas de casamento; da ovelha e da dracma perdida; do filho

pródigo; do rico e Lázaro - muitos estudiosos consideram-na como um fato real; a

parábola do credor; do fariseu e do publicano; dos trabalhadores e da vinha; a parábola

das dez minas, onde os servos recebem o mesmo dom, porém são remunerados

conforme o seu esforço em servir.

Durante essa viajem Jesus operou muitos milagres, como a cura de uma mulher

enferma e de um hidrópico, efetuadas no sábado. Os milagres no sábado provocavam

ainda mais a hostilidade dos fariseus.

Então a cena se transfere para a Judéia. Nessa ocasião, talvez, Jesus tenha

visitado Betânia e o lar de Maria e Marta. Maria assentava-se aos pés de Jesus enquanto

Marta preparava a refeição. Marta queixou-se da ociosidade da irmã, porém Jesus

respondeu assim: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas:

todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será

tirada.” (Lucas 10:41,42)

Em Jerusalém, na festa anual da Dedicação, Jesus declarou-se abertamente o

Messias. Para os judeus essa declaração era uma blasfêmia, e de novo tentaram agarra-

lo. Então Jesus se retirou para Betábara, do outro lado do Jordão. Mas a oposição das

autoridades religiosas continuou a crescer.

Os párias da sociedade congregavam-se ao redor dele para ouvir seus

ensinamentos. Ele ensinava antes de tudo por parábolas. Em particular, Jesus explicava

aos seus discípulos eleitos o verdadeiro significado de suas parábolas e também

continuava a dar-lhes treinamento especial. Certo dia Jesus recebeu um recado urgente

do lar de Maria e Marta: Lázaro, irmão delas, estava mortalmente enfermo. Quando

Jesus chegou a Betânia. Lázaro já havia morrido e estava sepultado fazia quatro dias.

Mas Jesus o levantou do túmulo. Este milagre aumentou a determinação das autoridades

religiosas de livrar-se dele (João 11:1-46).

Jesus afastou-se de novo das multidões por algum tempo. Então voltou o rosto

31

para Jerusalém e para a morte (João 11:54-57).

A respeito desse episódio, Charles H. Dodd, no seu livro “Interpretação do

Quarto Evangelho", diz:

“Os anúncios velados da morte próxima do Cristo como

um evento teológico (como sua elevação, como o ato do

dar sua 'carne' pela vida do mundo) eram seguidos do

relato de ações públicas dos inimigos ameaçando sua

vida: com isso ficou claro que, enquanto por um lado

sua morte é um ato livre de sacrifício de si próprio, por

outro lado, é o assalto do poder das trevas contra a

Luz. Do mesmo modo aqui, Cristo irá para a Judéia a

fim de oferecer sua vida, para que Lázaro possa

ressuscitar dos mortos: e o efeito da ação é provocar

uma sentença de morte contra ele. A sentença ditada em

termos que para os evangelistas são altamente

significantes. O Sumo Sacerdote diz: "É conveniente

para vós que um só homem morra polo povo”, e ao

dizer isso inconscientemente estava exercendo o dom

profético que pertencia ao seu ofício sagrado, pois ele

estava declarando veladamente a verdade de que Cristo

iria morrer "para reunir em um corpo os filhos de Deus

que estão dispersos”. Essa referência faz alusão ao

discurso do Bom Pastor.” (DODD, 1973, p. 476)

O caminho para Jerusalém foi marcado por milagres, ensino e confronto com os

fariseus. Durante a viajem, diversos pais trouxeram seus filhinhos a Jesus para que ele

os abençoasse. Jesus insistiu com "certo homem de posição" para que abandonasse suas

riquezas e o seguisse (Lucas 18:31-34). Como antecipação desse evento, ele descreveu

as recompensas do reino e instruiu aos discípulos a serem sevos do seu povo. Nas

vizinhanças, Jesus curou alguns cegos, dentre os quais estava Bartimeu, que reconheceu

Jesus como sendo o Messias (Marcos 10:46-52). Hospedou-se no lar do publicano

Zaqueu, que também recebeu a salvação mediante a fé em Cristo.

Depois de todos esses ensinamentos maravilhosos, de todas as manifestações

miraculosas e de vários outros prodígios, os discípulos colocam em ação seu grande

egoísmo humano ao quererem saber quem iria se sentar com Jesus no trono da glória.

Jesus então, respondeu: “Vocês beberam o cálice que estou bebendo e serão batizados

32

com o batismo com que estou sendo batizado, mas assentar-se a minha direita ou a

minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem aqueles para quem

foram preparados.” (Marcos 10:39)

Em Betânia na casa de Simão, o leproso, Jesus fora ungido pela terceira vez. Ele

estava sendo preparado para o grande momento de sua vida. Na cruz do Calvário Jesus

resgataria, com um alto preço - preço de sangue - a humanidade inteira, até mesmo

aqueles que o rejeitaram.

Esse cântico belíssimo chamado “Calvário” do Pr. Allison Ambrósio expressa

em poesia aquele momento glorioso:

"Ao monte do Calvário caminhou

Levava sobre si a dura cruz.

E alguns se perguntavam: Quem é ele?

Era Jesus

Levava sabre si a minha dor,

todos os meus pecados também.

Não entendo como eu

fazendo tanto mal,

Sou merecedor assim de tanto bem.

O Calvário é quem

melhor pode contar.

Sobre o maior prova do amor de Deus,

Mandando seu filho amado

pra morrer por mim.

Pra me dar direito então de ir ao céu.

Levava sobre si o seu rancor,

Levava sabre si a minha cruz,

E no monte, do Calvário

a sepultou por mim.

Ele morreu pra eu poder viver

Ele sofreu pra eu poder sorrir

E ao morrer Ele atraiu

a muitos para si.” (AMBRÓSIO, 1999)

33

CAPITULO IV

RESGATANDO VIDAS PARA DEUS

4.1. A semana da paixão de Cristo

Inicia-se a preparação para a consumação da obra estabelecida pelo Senhor, para

a salvação da humanidade. Jesus prediz os últimos acontecimentos, as últimas

instruções são dadas aos seus discípulos. Institui uma ceia para que fosse realizada em

sua memória, era como se fosse um marco, um memorial a ser lembrado sempre pelo os

seus seguidores.

Jesus chorou e clamou por Jerusalém, onde tão poucos souberam dar o

verdadeiro valor a sua vinda quando encarnado na terra, nem tão pouco souberam se

beneficiar dos seus ensinamentos, e muito menos do sacrifício vicário na cruz ao dar a

sua própria vida por eles. Porém deixou bem claro para todos que não era o fim da sua

história. Ele voltaria em glória, triunfante como Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Jesus ensina aos escribas e fariseus, e a todo Israel, o grande e soberano

mandamento, para que todos o seguissem, não somente com palavras, mas com ações

feitas com amor verdadeiro.

O mais importante é esse: “Ouve ó Israel, o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é

o Único Senhor. Ame o Senhor, a seu Deus de todo a coração de toda a sua alma, de

todo o seu entendimento e de todas as suas forças. O segundo é este: Ame ao seu

próximo como a si mesmo. Não existe mandamentos maior do que estes." ( Marcos

12:29-31)

Jesus ensina aos discípulos sobre as coisas que haverão de vir após a sua morte e

ressurreição. Fala-lhes sabre a destruição do templo, sobre os acontecimentos nos fins

dos dias e os sinais que antecedem esses dias. Exorta aos seus seguidores para ficarem

em constante vigilância, orando para não serem pegos de surpresa (referência a parábola

das dez virgens). Jesus passou a quarta-feira descansando em Betânia. Na quinta-feira a

noite ele comeu a Páscoa com seus discípulos (Mateus 26:17-30). Ele enviara Pedro e

João para encontrar o local onde tomariam a refeição. A festa envolvia sacrificar um

cordeiro no templo e comê-lo assentados ao redor da família. Jesus disse a dois dos

discípulos que entrassem e seguissem um homem com um cântaro, eles os conduziriam

34

a casa cujo dono já havia preparado uma sala para esse fim.

Judas Escariotes deixou a refeição para finalizar o acordo, feito anteriormente com

os fariseus no Sinédrio, para trair Jesus. Jesus advertiu aos discípulos restantes de que

naquela noite perderiam a fé nele. Mas Pedro assegurou-lhe sua lealdade. Jesus,

respondendo ao arrogante discípulo, disse-lhe que ele o negaria, não somente uma, mas

três vezes, antes que o galo cantasse ao amanhecer.

Jesus e os discípulos deixaram o Cenáculo e foram para o Jardim do Getsemani.

Enquanto Jesus agonizava em oração os discípulos dormiam.

Em seu livro "Um Amor que Vale a Pena", Max Lucado conjectura sobre os

pensamentos de Jesus. Ele diz o seguinte:

"A qualquer momento Jesus poderia ter dito: “Chega! Já chega!

Vou para casa.” Mas Ele não o fez, porque Ele é amor. E

"amor... tudo suporta.”(Co 13:4-7). Ele suportou a

distância. E mais ainda, suportou a oposição. (...) Por que Ele

não desistiu? Porque o amor por seus filhos era maior que a dor

da jornada. Ele veio para nos encontrar. O nosso mundo estava

desmoronando. Por isso ele veio. Você estava morto, morto no

pecado. Por isso Ele veio. Ele o ama. Esta é a razão da sua

vinda. (...) E o amor de Cristo tudo sofre, tudo crê, tudo

espera, tudo suporta(1 Co 13:7)." (LUCADO, 2003,p. 171,174)

Três vezes Jesus vai ao encontro dos discípulos, e os encontra dormindo,

enquanto o momento de sua prisão e o começo do seu "calvário" está tão próxima.

Finalmente ele acalmou a sua alma e estava pronto para enfrentar a morte e tudo o

quanto ela significava (Mateus 26:36-46). Neste ponto Judas chegou com uma

companhia de homens armados. Ele identificou Jesus para os soldados com um beijo.

Jesus foi levado a julgamento perante as autoridades religiosas e as civis. O

julgamento religioso foi ilegalmente convocado durante a noite, mas confirmou sua

decisão após o romper do dia. Mesmo assim toda questão era um simulacro de injustiça

(Lucas 22:66-71).

O julgamento civil ocorreu sexta feira de manhã perante Pilatos, que não viu

nenhuma ameaça ou crime em Jesus. Remeteu Cristo a Herodes, que zombou dele e o

devolveu a Pilatos (Lucas 23:7-11). O oficial romano esperava libertar Jesus por

exigência do povo, mas a multidão gritou-lhe que soltasse a Barrabás (salteador e

35

homicida). Insistiram com Pilatos para que crucificasse Jesus. Pilatos propôs açoitar a

Cristo e libertá-lo para apaziguar a multidão; infligiu sobre ele outras zombarias e

castigos. Mas de novo a multidão (a mesma que o aclamara como rei) gritava:

"Crucifica-o!”. Por fim, Pilatos cedeu ao apelo enlouquecido da turba e enviou Jesus a

morte. No meio de todo esse tumulto, Jesus manteve a calma e a compostura (Mateus

27:11-31). Quando Pilatos, presunçosamente, disse a Jesus que tinha autoridade tanto

para libertá-lo como para crucificá-lo, Jesus o corrige de modo corajoso: "Não terias

nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima.” (João 19:11)

É preciso ficar claro que a morte de Jesus não foi um acidente de percurso, nem

um mero assassinato, nem um final trágico, nem uma derrota vergonhosa. A morte de

Jesus não esta envolta em mistério, não é algo inexplicável a vista de seu poder e de

seus recursos. Os quatro Evangelhos deixam bem claro que Jesus era “imprendível” e

"imatável", isto é, ninguém tinha o direito nem o poder de lhe tirar a vida. Jesus mesmo

declarou isso enfaticamente: “Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por

minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e do tornar a recebê-la, pois foi isso o

que o meu Pai me mandou fazer.” (João 10:18)

A morte de Jesus foi voluntária, premeditada e anunciada. Embora malhada em

sangue, suor e lágrimas, embora árdua e sofrida, embora extremamente dolorosa e que

Jesus continuasse morto, pois ele tinha todo o poder sobre a morte. Ele mostrou isso

pelo menos em três ocasiões: Quando devolveu à vida a filha de Jairo, que havia

acabado de morrer; quando devolveu a vida ao filho da viúva de Naim, cujo corpo

estava sendo levado para o cemitério; e quando devolveu a vida ao irmão de Maria e

Marta. Agora era a vez de o próprio Jesus tomar a viver e sair do túmulo.

Várias vezes Jesus avisou que passaria pessoalmente pela experiência da morte.

Mas todas as vezes que anunciava a própria morte, ele anunciava também a sua

ressurreição. Certa vez, Jesus fez uma comparação com a experiência de Jonas. Assim

como esse profeta esteve três dias e três noites na barriga de um grande peixe e depois

foi vomitado numa praia, assim ele próprio estaria no interior da terra por três dias e três

noites e depois sairia de lá.

O lugar dos mortos é o cemitério. Mas quando o morto torna a viver, o lugar dele

já não é o cemitério. Foi isso que os anjos disseram as mulheres quando elas foram

perfumar o corpo de Jesus naquele domingo bem cedo: "Por que vocês estão

procurando entre os mortos quem está vivo?" (Lc 24:56)

36

A partir daquele momento, Jesus se apresentou vivo com muitas e valiosas

provas. Esse acontecimento mudou totalmente todos os discípulos por toda a vida.

No amanhecer daquele domingo Pedro e João receberam a noticia: "Levaram o

corpo de Jesus!" Maria foi rápida, tanto em seu anúncio quanto em sua opinião. Ela

pensou que os inimigos de Jesus haviam roubado o corpo. No mesmo instante os dois

discípulos correram até o sepulcro. João chegou primeiro e viu algo que o deixou

estático a entrada. Ele viu somente os lençóis que cobria o corpo do Mestre. Viu

também que o "lenço que tinha estado sobre sua cabeça, não estava com os lençóis, mas

enrolado, num lugar a parte". O original grego proporciona uma útil percepção desse

acontecimento extraordinário. João emprega o termo "enrolado". Este lenço do funeral

não havia sido tirado da cabeça e lançado fora. Ele estava enrolado cuidadosamente em

um lugar a parte.

Max Lucado, no seu livro “Ele Escolheu os Cravos", nos remete a uma reflexão

sobre essa passagem bíblica. Ele escreve o seguinte:

"Através dos trapos da morte, João viu o poder da vida.

Não é estranho que Deus use algo triste como vestes do

funeral para transformar uma vida? Mas Deus é afeito

a tal modo de agir: Em suas mãos jarros vazios de

vinho tornam-se símbolos de poder. A moeda de uma

viúva tomou-se símbolo de generosidade. Uma simples

manjedoura em Belém é o seu símbolo da devoção. E

um instrumento de morte é o símbolo do seu amor.

Ficaríamos surpresos por Ele utilizar as vestes da

morte como um símbolo da vida?” (LUCADO, 2002, p.

118)

Quarenta dias depois que se apresentou vivo com muitas provas incontestáveis,

Jesus foi elevado às alturas a vista de seus discípulos (Marcos 16:19). A esse

acontecimento histórico dá-se o nome de ascensão. Ele marca o termino da missão

visível de Jesus, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.14). Jesus é o

Pão que desceu do céu (João 6:33) e que, depois de morto e ressuscitado, retorna ao céu

(João 2017). A ascensão põe fim à convivência objetiva e familiar de Jesus com os

discípulos até seu regresso no final dos tempos. No intervalo entre a ascensão e a

segunda vinda de Jesus, a comunhão daqueles que crê com ele é subjetiva.

37

4.2. A ressurreição e ascensão de Jesus.

A ascensão de Jesus é muito mais do que uma despedida. Ela significa a

restauração da glória que o Filho de Deus tinha antes da encarnação. No momento da

ascensão, "Deus o exaltou a mais alta posição e lhe deu o nome que esta acima de todo

nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da

terra, e toda língua confesse que Jesus Cisto é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

(Fp 2:9-11)

É isso que declara o evangelista: "O Senhor Jesus foi elevado aos céus e

assentou-se a direita de Deus.” (Mc. 16:19)

Assentar-se a direita do Pai e ocupar a posição de Rei dos reis e Senhor dos

senhores.

Depois da ascensão de Jesus, é muito fácil entender o Salmo 110, atribuído a

Davi (Mt 22:44), que diz assim: “O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te a minha

direita, ate que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés.”

A ascensão é o cumprimento dessa profecia inconsciente de Davi, pois ele falou

pelo Espírito, como o próprio Jesus admitiu. Os escritores do Novo Testamento

entenderam que o ato de sentar-se a direita de Deus significa a exaltação máxima de

Jesus. Em seu discurso no dia de Pentecostes, Pedro declara: "Este Jesus, a quem

crucificaram Deus o fez Senhor e Cristo." (At. 2:36). Ao se referir à ascensão, Paulo

escreve que Jesus esta "muito acima de todo governo e autoridade na que há de vir."

(Ef 1:21)

Essa exaltação de Jesus não é estática, mas dinâmica. O fim dos tempos virá

quando Jesus "(...) entregar o Reino de Deus, o Pai, depois de ter destruído todo

domínio, autoridade e poder." (I Co 15:24). “A redenção não estava completa, até que

todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés.” (I Co 15:25). Esses inimigos

não são inimigos físicos, mas poderes espirituais e invisíveis da maldade. A morte é

"(...) o último inimigo a ser destruído." (I Co 15:26). Os inimigos cananeus "entendiam

a morte como um deus, cujo lábio inferior era toda a terra e o superior o céu, de modo a

engolir tudo" (Bíblia de Genebra). E por essa razão que Bildade se refere à morte como

"o rei dos terrores.” (João 18:14)

Jesus não está assentado no pó nem no chão, por falta de trono, como aconteceu

com a Babilônia (Is 47:1), mas a direita da Majestade nos mais altos céus.

38

A ascensão de Jesus aconteceu no Monte das Oliveiras, nas proximidades de

Betânia. Ao ser elevado aos céus, Jesus estava com as mãos erguidas para abençoar os

circunstantes.

Deus sente-se bem conosco. Ele também está longe de sua família, porém

prometeu voltar. Ele não esta ausente escrevendo um livro, mas a história. Nós não

conhecemos todos os detalhes de Deus. O que fazer nesse meio tempo, enquanto ele não

volta? Confiar. O último capítulo será concluído e o Senhor baterá a porta. Até que isso

aconteça, diz Jesus: "Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus: creiam em

mim... voltarei e os levarei para mim.” (João 14:1.3)

Porque Deus faria tanto esforço em resgatar-nos? Que utilidade temos para ele?

Ele deve ter suas razões, pois há mais de dois mil anos entrou nas águas turvas do

mundo a procura de seus filhos. E a todos quanto permitirem sua aproximação, ele

invoca seus direitos e sela o seu nome. Tudo o que temos que fazer é confiar e clamar:

"Maranata. ora vem Senhor pra bem perto de mim. E

que o tempo nos conserve sempre assim. Num vínculo

de doce comunhão." (Maranata - Allison Ambrosio)

4.3 – O retorno triunfante de Jesus.

Os profetas do Velho Testamento anunciavam ora o sofrimento, ora a glória do

Messias que havia de vir. Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da

graça destinada a humanidade investigaram e examinaram, procurando saber o tempo e

as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava, quando

lhes predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam aqueles sofrimentos.

A eles foi revelado que estavam ministrando, não para si próprios, mas para todos,

quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas por meio daqueles que lhes

pregaram o evangelho pelo Espírito Santo. A respeito da volta do Senhor, foi proferido

por dois anjos no momento da ascensão de Jesus Cristo: “Galileus, porque vocês estão

olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da

mesma forma como o viram subir". (Atos 1:11)

O único texto que menciona o número ordinal para se referir a "Parusia" (volta

gloriosa de Jesus Cristo) está na Epistola aos Hebreus:

“(...) assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar

39

os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar os pecados, mas para

trazer salvação aos que o aguardam." (Hebreus 9:28)

A penúltima frase da Bíblia Sagrada confirma a promessa do segundo advento de

Jesus: "Sim, venho em breve!” (Apocalipse 22:20).

Três pontos sobre a doutrina da segunda vinda são absolutamente claros.

Primeiro, a volta de Jesus será evidente, sem ambiguidade, visível a todos. O Senhor

mesmo explica: “Assim como relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim

será a vinda do Filho do homem." (Mateus 24:27). A mensagem apocalíptica afirma

que ele “(...) vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o

transpassaram." (Apocalipse 1:7)

Segundo, a volta de Jesus será: “Com poder e muita gloria." (Mateus 24:30). Ele

não levará sobre si as nossas iniquidades. Não será oprimido nem afligido, nem levado

ao matadouro.

Terceiro, a volta de Jesus será em dia e hora que ninguém sabe. Ele mesmo

avisou: “O Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam." (Mateus

24:36). No último livro da Bíblia, lê-se esta declaração pessoal e enfática: “Eis que

venho como ladrão!" (Apocalipse 16:15)

Tudo que disse o Senhor pode ser resumido na palavra confiar. Ele cita duas

vezes: "Que os corações de vocês não fiquem aflitos. Vocês confiam em Deus; agora

confiem em mim.” (João 14:1)

Não fiquemos, então, perturbados quanto ao retorno de Cristo, nem ansiosos por

coisas que não podemos compreender. Assuntos como o milênio e o anticristo é um

desafio a nossa capacidade de entendimento, porém não é para nos impressionarmos

nem tão pouco ficarmos divididos. Para o cristão o retorno de Jesus Cristo não é um

enigma a ser resolvido nem um código a ser descoberto, mas um dia que deve ser

aguardado com grande expectativa.

Jesus quer que confiemos nele e que não fiquemos aflitos. Por isso nos assegurou

com essas verdades:

- Eu tenho um lugar bem amplo para vocês: "Existem muitas moradas lá onde

meu Pai mora." (João 14:2)

- É verdade! Eu voltarei! Eu levarei você comigo: “Voltarei e os levarei para

mim, para que vocês estejam onde eu estiver." (João 14:3)

É isto o que Jesus fará. Não sabemos quando ele virá nem como se chegará a nós.

40

Nem tão pouco sabemos por que ele virá. Claro temos ideias e opiniões, mas o que mais

temos é fé. Temos fé que ele tem muitos lugares e que preparou um amplo lugar para

todos que nele crê.

Max Lucado relata em seu livro "Quando Cristo Voltar" as seguintes referências

a cerca da volta de Jesus:

“Chegará o dia que Ele nos libertará. A prova de suas

palavras foi dada quando a pedra rolou e seu corpo

ressurgiu. Ele sabe que um dia este mundo estremecerá

uma vez mais e, num piscar de olhos, como relâmpago

que corta o céu, de um lado para o outro. Ele voltará.

Todos o verão. Você e eu veremos. Os corpos forçarão

as lápides da tumba e surgirão do fundo dos abismos. A

terra tremerá, os céus se enrolarão qual pergaminho e

os homens se esconderão em cavernas. Não os que O

conhecem, não teremos medo algum". (LUCADO, 1999,

p.44).

A igreja é qual a noiva à espera do noivo. De repente ela ouvirá um grito: "O

noivo se aproxima! Saiam para encontra-lo!” (Mateus 25:6). Enquanto ele não chega,

tanto a igreja - representada pelo povo de Deus - como o Espírito Santo faz esta pequena

oração litúrgica: “Vem Senhor Jesus!" (Apocalipse 22:20)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De todas as religiões que exaltam suas doutrinas e seus fundadores, somente

uma teve um “Cordeiro Imolado” que morreu para dar vida aos homens, uma vida

eterna. Ele pagou uma divida que não era sua, um preço foi-lhe cobrado, um preço

muito alto, um preço de sangue. Somente uma religião teve um Senhor que ressuscitou

dentre os mortos e hoje vivo está. Somente uma religião tem um Deus vivo e poderoso

soberano entre os reis. Aquele que liberta, transforma e salva as almas que estão

perdidas e desamparadas. O Cristianismo não é, entretanto, uma religião ligada a rituais

mecanizados, é um ideal, é a história das nossas vidas, é o plano de Deus para a

humanidade. E tudo se converge para Jesus. A história existe por causa dele. Tudo,

desde o princípio foi voltado para ele e terminará nele. Porém, Jesus nos presenteou

com uma dádiva maravilhosa. Ele tornou-nos participantes e co-herdeiros do projeto de

Deus.

Sabe qual é a jóia mais preciosa e brilhante da encarnação de Jesus? Alguns

podem pensar que foi o fato dele ter vivido em um corpo, por curiosidade, para saber

como é a condição humana; outros preferem pensar (e graças por isso) que quando Deus

entrou no tempo e na terra tornando-se homem, Ele, que era ilimitado, tornou-se

limitado. Prisioneiro na carne. Restrito a músculos e pálpebras cansadas. Aquele que

trocou a coroa celestial pela coroa de espinhos fez tudo isso por nós: "Sabendo que não

foi com coisas corruptíveis. como prata ou ouro, que foste resgatado da vossa vã

maneira de viver que, por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso

sangue do Cristo, como de um cordeiro imolado e incontaminado, o qual na verdade,

em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado,

nestes últimos tempos por amor de vós.”(1Pedro 1:18-20)

Quanto mais meditamos na história de Jesus Cristo, mais temos que dar graças a

Deus por nos ter amado em primeiro lugar, por ter nos escolhido para fazer parte do seu

projeto, por ter nos adotado como sua família.

A Bíblia Sagrada traz luz sobre a questão que envolve o plano de Deus. Ela

deixa claro que o grande propósito de Deus é formar para si uma família, em que Ele é o

Pai e nós seus filhos e filhas amados. Por todo o Antigo Testamento vemos constantes

42

declarações de Deus como nosso Pai, mostrando seu cuidado e proteção para com

nossas vidas. Essa citação das Sagradas Escrituras é uma das mais belas: “Haverá uma

mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que

gerou: Embora ela possa esquecê-lo, Eu não me esquecerei de você! Veja, Eu gravei

você, nas palmas das minhas mãos: Seus muros estão sempre diante do mim.” (1saías

49:15-16)

O ser humano, porém, desde o início tratou esse plano com desdém, preferindo

seguir seus próprios caminhos, independente de Deus. O Senhor tentou formar essa

família a partir de Abraão e do povo de Israel (Gn 1:12). Mas outra vez seu anseio não

foi correspondido. O povo judeu se ensimesmou, tornou-se um povo egoísta e deu as

costas para Deus, esquecendo-se de seu propósito, transformando tudo em desgraça.

Mesmo assim, Deus continuou a insistir em investir no ser humano. Não abandonou seu

projeto. Pelo contrário, entregou-se a uma super operação de resgate dispondo-se a

pagar um preço absurdamente elevado para atingir seu objetivo.

Jesus veio proclamar, falar, trazer a mais alvissareira notícia que o mundo já

teve: que Deus não o abandonou. Cristo veio anunciar que os pobres podem dizer: “Sou

rico!"; que os cegos podem dizer: " Eu vejo!"; e que os cativos e presos serão postos em

liberdade e que esta liberdade seria, não apenas espiritual, como também, social, moral

e econômica. A força do ministério de Cristo consistia em anunciar liberdade e vida.

Ricardo Gondim relata em seu livro “Artesões de Uma nova História" o

seguinte:

“Deus procura homens e mulheres que, como

verdadeiros artesões, não meçam esforços para tecer

em parceria com Ele uma nova realidade, uma nova

história.” (GONDIM, 2001, p.22)

Estamos sensíveis para ouvir o palpitar do coração de Deus? Entendemos

realmente a encarnação do Divino? Estamos dispostos a ouvir o clamor de Cristo na

cruz? Estamos preparados para dar as nossas vidas para que os desejos de Deus se

cumpram?

Deus continua buscando em cada homem, em cada mulher um coração

constrangido pelo seu amor e assim reconciliar-se com ele e completar sua obra.

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“Oração do abandono: Em tuas mãos, ó Deus, eu me

abandono. Vira a revira esta argila como barro nas

mãos do oleiro. Dá-lhe forma e depois a esmigalha

como se esmigalhou a vida de João, meu irmão. Manda,

ordena, que queres que eu faça? Elogiado e humilhado,

perseguido, incompreendido, caluniado, consolado,

sofredor, inútil para tudo, me resta se não dizer a

exemplo, de tua mãe: faça-se em mim segundo a tua

palavra. Dá-me o amor por excelência, o amor da cruz,

não da cruz heróica que poderia nutrir o amor próprio;

mas o da cruz vulgar, que carrego com repugnância,

daquele que se encontra cada dia na contradição, no

esquecimento, no insucesso, nos falsos juízos, na frieza,

nas recusas e nos desprezos dos outros, nos mal-estar e

nos defeitos do corpo, nas trevas da mente e na aridez,

no silêncio do coração. Então somente Tu saberás que

te amo, embora eu mesmo nada saiba. Mais isto basta."

(SANTINI, Momentos de amor com Deus)

O ensino moral de Jesus, por ser simultaneamente fundamentado na obediência

da fé (convicção) face à transcendência do Reino e criatividade responsável na invenção

pessoal de um caminho de seguimento e imitação do Senhor vem apoiar a percepção de

que convicção e responsabilidade reciprocamente se completam e se exigem. Não há a

menor contradição, nem pode haver, entre a atitude de submissão radical na fé e o

assumir o protagonismo de, em liberdade cristã, conduzir a própria vida, visto que o

projeto divino a que se adere é o da salvação, libertação e realização dos seres humanos,

e ficaria mutilado, e até desfigurado, se não incluísse a colaboração humana, o

empenho consciente, se apenas o tivessem que acolher passivamente e não o

construíssem. A fecundidade da proposta ética de Jesus situa-se, pois, no ter centrado a

vida moral na verdade da sua referência ao divino, de lhe ter estabelecido um sentido,

uma meta, e um estatuto de liberdade, uma via aberta e, ao mesmo tempo, balizada pelo

seu exemplo, expresso nos alicerces do amor, ou seja um caminho, um meio.

44

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