Panoramica Do Teatro Portugues

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Teatro

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  • Panormica do teatro portugus

  • 1. pr-histria (teatro pr-vicentino)

    elementos rudimentares e dispersos aos quais Gil Vicente, mais tarde, deu

    uma forma e contedo literrios

    Cenas representadas na igreja os jogos profanos que no podiam ser representados dentro do templo secularizao do teatro:

    1) drama hiertico

    2) drama laico

    3) drama ulico (aristocrtico): radicado na corte para comemorar e ilustrar acontecimentos festivos

  • arremedilhos

    1193: o testemunho mais antigo que se conhece de manifestaes teatrais em Portugal, documento relativo doao de Sancho I de umas terras aos 2 jograis em paga de um arremedilho representado na corte

    representao elementar que combina declamao e mmica (remedillo numa das Cantigas de Santa Maria, espectculo que dava o remedador no reinado de Afonso X jogral especializado na arte de imitar)

    florescimento nos sculos XIII - XIV

    ncleo das farsas vicentinas

  • teatro litrgico

    Sc. XIII repetitivas proibies de dana, canto, jogos e representao nos actos do culto:

    as nicas representaes aceites eram os 2 grandes mistrios de cristandade: Encarnao (nacimento de Cristo e adorao dos magos) e Ressurreio (vrias vezes parte da procisso das festas solenes de Corpus Christi)

    o mais remoto espcime: breve dilogo entre pastores acerca do nascimento do Cristo (brevirio do sc. XIV do Mosteiro de Sta. Cruz de Coimbra)

    ncleo dos autos pastoris de Vicente

    Pranto de Nossa Senhora: uma das composies dramticas mais frequentes na liturgia medieval, mais tarde parte do mistrio da Paixo de Cristo

  • momos e entremezes

    Momos: divertimentos corteses em que tomavam parte fidalgos, pajens ou

    monarca

    Entremezes: vrios episdios da representao

    temas das novelas de cavalaria

    por ocasio de festas (casamentos)

    referidos nas crnicas de F. Lopes (Joo I), Zurara (momos ordenados pelo infante Henrique), Rui de Pina (Joo II)

    ncleo dos autos narrativos de Vicente (Dom Duardos)

    Cancioneiro Geral (Garcia de Resende, 1516): Anrique da Mota (pequenos

    trechos dialogados - breves quadros de costumes, de aco concisa e esquemtica, conhecidos como Farsa do Alfaiate e Lamentao do Clrigo) ,

    Ncleo de stira vicentina

  • 2. teatro vicentino (Gil Vicente, 1465 1536)

    autor, actor e encenador

    entre 1502 1536: cerca de 50 peas, compiladas pelo filho Lus (1562) gneros: moralidades autos religiosos (p.ex. Auto de S. Martinho, Auto das Barcas do Inferno, do

    Purgatrio, do Paraso, Auto da Feira) farsas (p.ex. Auto da ndia, Farsa de Ins Pereira) comdias (p. ex. Dom Duardos, Amadis de Gaula)

    obra sob o signo de dualidade:

    Ideologia: medieval (cristianismo ortodoxo e tradicional) x renascentista (crtica do clero e Igreja)

    Sociedade: denncia de corrupo da administrativa, venalidade da justia, materialismo do clero, parasitarismo da aristocracia x misrias dos pobres,, exaltao da poltica expansionista, heroismo x realidade burguesa (adultrio etc.)

    Temas: profanos x religiosos

    Estrutura: esquematismo dos autos pastoris e linearidade das farsas x complexidade das alegorias profanas ou religiosas

    Lngua: portugus x espanhol (e dialectos e outras lnguas) Ritmo: verso heptasslabo (tom coloquial) x mais largos (tom solene) Personagens: irreais (mitolgicas, alegricas, lendrias) x reais

  • 3. herana vicentina (final do sc. XVI)

    autos de tema religioso

    Afonso lvares (intruduo sistemtica no teatro portugus das vidas de santos dramatizadas: os autos de Santo Antnio, So Vicente, So Tiago, Santa Brbara)

    Baltasar Dias (vidas de santos, Auto do Nascimento de Cristo)

    autos de tema profano

    Antnio Ribeiro Chiado autos de uma estrutura e estilo muito simples linguagem de um realismo coloquial , colorido e pitoresco, vida dos bairros pobres (mercados, tabernas etc.)

    Antnio Prestes de sensibilidade potica e estilo mais rebuscado descretamente anuncia o conceptismo seiscentista, autos de realidade burguesa crtica dos costumes

    obra na colectnea colectiva Autos e comdias portuguesas (1587). Inclusive 2 autos de Cames

  • 4. teatro camoniano

    Auto dos Anfitries (1587)

    El-Rei Seleuco (postumamente, 1645, 1 parte de Rimas)

    Filodemo (1587)

    escritos entre 1542 1555 (obra juvenil)

    certa influncia vicentina (formas populares do auto: esquema estrfico e mtrico, linguagem)

    esprito renascentista (a natureza mais forte que a vontade dos deuses e as convenes sociais, temas mitolgicos imitados dos escritores greco-romanos)

  • 5. teatro clssico

    Francisco S de Miranda: comdias Os Estrangeiros , Os Vilhalpandos (edit. Postumamente, 1559, 1560), localizadas numa Itlia convencional, mas trata-se de uma pintura da vida comum de Portugal (corrupo, amores comprados ou fingidos, personagens tipos: frades libertinos, militaraes fanfarres, crdulos enamorados etc.)

    Antnio Ferreira: comdias Bristo, O Cioso (escritas 1554, 1558, edit. 1622, em prosa), tragdia Castro (publicada postumamente em 1587, mas representada na vida do autor) ganha pela sobriedade, lirismo do coro e falta de melodramatismo

    Jorge Ferreira de Vasconcelos: nas suas comdias (ou novelas dialogadas) contrape o amor idealista das novelas de cavalaria e o amor mais realista, viso panormica da sociedade portuguesa: Eufrsina (1555, meio coimbro), Ulissipo (1618, meio lisboeta), Aulegrafia (1619, meio corts e aristocrtico)

  • 6. teatro barroco (sc. XVII)

    um intervalo obscuro: perda da autonomia o repertrio em latim ou castelhano

    teatro escolar (jesuita) : sem grande flego, no entanto com muita decorao na montagem cnica

    escola nacional:

    Francisco Manuel de Melo: O Fidalgo Aprendiz (escrito 1644-46,

    publicado 1665, Obras Mtricas)

    comdia de influncia vicentina (farsa), italiana e espanhola

    diviso em 3 jornadas (no h unidade de espao)

    um bom doseamento de situaes cmicas em que se encontra o protagonista D. Gil Cogominho, fidalgo provinciano ansioso de triunfar

    na corte de Lisboa

  • 7. teatro do sc. XVIII

    proliferao da actividade teatral (sem ser sempre de qualidade), influncia da pera italiana e teatro clssico francs

    1) peras (nos reinados de D. Joo V e D. Jos), construo de salas de espectculo (Teatro de Ajuda em 1737, pera do Tejo em 1755 destruda pelo terramoto, Teatro de Queluz em 1753 etc., Teatro de S. Carlos em 1793)

    2) teatro de cordel: Antnio Jos da Silva (O Judeu) no Teatro do Bairro Alto entre 1733-1738. Peas (peras) de temas mitolgicos (Encantos de Medeia, 1735, Labirinto de Creta e Anfitrio ou Jpiter e Alcmena, 1736, Precipcio de Faetonte, 1738), com 2 excepes (Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pana, 1733, Guerras do Alecrim e da Manjerona, 1737 stira aos costumes da aristocracia setecentista suas convenes e linguagem em contraste com o bom-senso das classes baixas)

    3) teatro da Arcdia: esforo por renovar o teatro nacional (conciliao de padres clssicos e de um realismo burgus), cultivava-se a tragdia e comdia (Correia Garo: Assembleia ou Partida, 1770, stira burguesia com pretenses afidalgadas, Manuel de Figueiredo ideia de um teatro pedaggico que deve educar e no fazer rir, temas da histria portuguesa (tragdias Viriato, 1757, Ins, 1774)

  • 8. teatro garrettiano

    restaurao do teatro nacional (criao da Inspeco-Geral dos Teatros e Espectculos Nacionais e de Conservatrio Geral de Arte Dramtica, edificao do Teatro Nacional)

    reestruturao do teatro: formao de actores e de pblico, estmulo produo nacional, construo da casa de espectculos

    nos tempos juvenis: peas de temas mitolgicos (sem interesse)

    restaurao do teatro nacional:

    Um Auto de Gil Vicente (publ. 1841), a propsito de uma pea vicentina Cortes de Jpiter, representada 1521)

    O Alfageme de Santarm (estreada 1842) no quadro da revoluo de 1383 o afrontamento entre a nobreza e o povo)

    Frei Lus de Sousa (repr. pelos amadores 1843, estreada 1850 no Teatro Nacional) uma tragdia autntica, que inspira terror e piedade sem cenas macabras de assassnios etc. A fatalidade da tragdia antiga entrelaa-se com a dialctica dos sentimentos: um drama histrico, poltico, psicolgico, metafsico, existencial

  • 9. teatro realista e naturalista

    afirmou-se polemicamente com 2 agrupamentos independentes (Teatro Livre,

    1904 e Teatro Moderno, 1905, dissidente deste: propunham-se a rejuvenescer

    o teatro portugus, infestado de retrgradas ideias. Programa: fidelidade linha naturalista, )

    Marcelino Mesquita: Prola (1885) episdio da vida acadmica

    D. Joo da Cmara: Os Velhos (1893) localizada numa aldeia alentejana, instalao da linha frrea, reaces de pequenos proprietrios rurais ante o progresso

    Lopes de Mendona: O Azebre (1909) contraste entre um meio bomio desregrado, mas generoso, e uma burguesia hipcrita

  • 10. teatro simbolista

    D. Joo da Cmara: Meia-Noite (1900) drama de extremo subjectivismo em que as almas das personagens dialogam entre si e

    dentro de si

    Eugnio de Castro: poemas em forma dramtica (Belkiss, 1894)

    Fernando Pessoa: O Marinheiro (1915), o drama esttico, Fausto, tragdia subjectiva (fragmentos escritos entre 1908 e 1935)

    Antnio Patrcio: Pedro, o Cru (1918) tragdia da saudade, D. Joo e a Mscara (1924) fbula trgica

  • 11. teatro entre as duas guerras

    em geral muito drama histrico, drama regional, comdia ou drama de costumes

    Vitoriano Braga: Octvio (1916) crtica social com sondagem psicolgica, aplaudida por Pessoa, um caso de homossexualidade reprimida, A Casaca Encarnada (1922) crtica da burguesia oportunista, enriquecida pela guerra

    Alfredo Corts: Zilda (1921), O Lodo (1923) denncia de uma sociedade hipcrita que permite os vcios que ao mesmo tempo condena (a primeira pea no meio da alta burguesia, a segunda no prostbulo), Gladiadores (1934) stira de smbolos sociais e polticos, esttica expressionista

    Jos de Almada-Negreiros: Deseja-se Mulher (1927-28, estreado 35 anos depois), S.O.S. (1929) peas de vanguarda, de inspirao futurista e surrealista, uma fantasia pessoalssima

    mais tarde:

    Jos Rgio: Jacob e o Anjo (1941, estreado em 1952 em verso francesa, Paris), Benilde ou a Virgem-Me (1947), El-Rei Sebastio (1949): confronto entre o esprito e matria, o eterno e o perecvel na condio humana

  • 12. 1945 - 1960

    1946 Teatro-Estdio do Salitre: a primeira tentativa meditada e consequente de actualizao do teatro portugus, necessidade de libertar o teatro portugus da hegemonia naturalista

    outros teatros: o Ptio das Comdias (1948), Teatro Experimental do Porto (1953 ) e muitos outros (p.ex. Teatro Moderno de Lisboa - 1961, Cornucpia, Teatro de Campolide 1973 etc.) que encenaram tambm peas polmicas, logo proibidas pela censura (p.ex. O Render dos Heris de Cardoso Pires, 1960)

    1. problemtica social (Alves Redol, Romeu Correia)

    2. pensamento existencialista (Jos-Augusto Frana: Azazel, 1956, evocador do pensamento camusiano, Jorge de Sena: O Indesejado, 1951)

    estas tendncias cruzam-se na obra de Luiz Francisco Rebello: Algum Ter de Morrer (1956), Urgente o Amor (1958), Os Pssaros de Asas Cadas (1959) etc.

  • 13. 1960 - 1974

    1. teatro pico, de matriz brechtiana (acentua o carcter histrico da realidade apresentada, o pblico provocado para manter um distanciamento em relao ao espectculo e chegar concluso que a sua prpria realidade histrica e pode ser criticada e modificada, parbolas histricas no se trata da reconstruo do passado, mas sim de um novo olhar, fonte de exemplo, de reflexo crtica e transformao da sociedade):

    Bernardo Santareno: obra evolui do naturalismo com problemtica social (as desigualdades e injustias sociais, a frustrao e discriminao sexual etc.) para o teatro pico (O Judeu, 1966)

    Lus de Sttau Monteiro (Felizmente H Luar, 1961)

    2. teatro do absurdo (humor ilgico de Ionesco, ambiguidade das personagens de Beckett, desmontagem de lugares-comuns, de

    comportamentos estereotipados e valores oficiais da ordem estabelecida):

    Natlia Correia: A Pcora (1966, indito at 1983)

  • 14. teatro depois de 25 de Abril

    continuidade dos teatros j existentes (reformas), surto dos novos (nova poltica de teatros que visa abertura aos espaos at agora menos privilegiados)

    continuidade do trabalho dos autores dos anos precedentes

    novos autores:

    Mrio de Carvalho Ldia Jorge (A Maon, 1997) Fernando Dacosta (Um Jeep em Segunda Mo, 1987, tema da guerra

    colonial)

    Jos Saramago (Que Farei com Este Livro?, 1980, aludindo a Cames e Os Lusadas, parbola, In Nomine Dei, 1993, tema do fanatismo e intolerncia religiosa)

    Mrio Cludio (A Ilha do Oriente, 1989, alegoria sobre os Descobrimentos)

    Jos Jorge Letria (recorre sistematicamente intertextualidade para revisitar a Histria, O Estreito, 1992)

    Lusa Costa Gomes, Maria Velho da Costa