Papel Tissue

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    PELE

    CELU

    LOSE

    A INDSTRIA DE PAPISSANITRIOS PANORAMAMUNDIAL E BRASILEIROMarcos H. F. Vital*

    * Economista do Departamento de Indstria de Papel e Celulose darea de Insumos Bsicos do BNDES.

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    Papis para fins sanitrios (ou papis tissue) o nomegenrico dado a uma categoria de produtos que, de acordocom a segmentao da Associao Brasileira de Celulose ePapel (Bracelpa), engloba os seguintes papis: a) Higinico Popu-lar; b) Folha Simples de Boa Qualidade; c) Folha Simples de Alta

    Qualidade; d) Higinico Folha Dupla; e) Toalha de Cozinha; f) Toa-lha de Mo; g) Guardanapo; h) Leno; e i) Leno Hospitalar.1

    Os papis tissue so assim nomeados devido s suaspropriedades fsicas, que lembram as de um tecido: suavidade, es-pessura, capacidade de absoro de umidade e resistncia. Essespapis possuem baixas gramaturas (15 a 50 g/m2) e so produzidoscom base em diversos tipos de fibras, sendo as curtas e as recicla-das as de maior utilizao. As fibras curtas do maciez ao papelenquanto as longas do resistncia.

    As marcas de mercado so bastante diferenciadas, re-presentando uma famlia de produtos com caractersticas distintas.No caso dos papis higinicos, alm da segmentao em folhassimples (FS) e folhas duplas (FD), observa-se outro conjunto de va-riantes, tais como: a) papis com ou sem colorao; b) com ou semperfume; c) linhas infantis; d) papis com impresses etc.

    Essas segmentaes e diferenciaes tambm so obser-vadas em outros tipos de produto. Em particular, a indstria de pro-

    dutos de higiene infantil e feminina (fraldas e absorventes ntimos)engendra grande esforo inovador e apresenta alto dinamismo.Neste elo, as inovaes no tocante maciez e capacidade de ab-soro dos produtos so fundamentais na disputa por mercados.

    Os diversos tipos de produto da linha tissueso fabrica-dos, no Brasil, por diferentes empresas, sob as mais variadas mar-cas e nomes de fantasia, tais como: 1) papis higinicos (Scott,Personal, Sublime, Carinho, Paloma, Primavera); 2) toalhas (Neve,Scott, Snob, Kitchen, Mili, Mascot, Yuri); 3) guardanapos (Santepel, Scott,

    Lips, Bom Pety, Maxim); 4) lenos (Kleenex, Kiss, Softys, Maxim);5) absorventes e fraldas (Intimus gel, Depend, Plenitud, Turma daMnica, Huggies). (ver Tabela 1).

    O mercado dos papis tissuepode ser dividido em duaspartes bem diferenciadas:

    At home, ou mercado das famlias, onde os produtos so usadosno recesso dos lares; e

    Caracterizaodo Produto ePanoramaGeral

    1 As fraldas e os absor-ventes femininos tambmfazem parte da linha deprodutos de papis tissue,no sendo, entretanto, in-cludos nas estatsticas daBracelpa.

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    Away from home, que atende o mercado institucional/empresa-rial, incluindo bares, restaurantes, hotis, hospitais, unidadesindustriais, linhas areas etc.

    Enquanto no mercado at homea concorrncia centradano estabelecimento de marcas, na qualidade dos produtos (suas

    diferenciaes) e no esforo inovador, no mercado institucional,away from home, preos e relaes comerciais de longo prazo con-tribuem para o sucesso das empresas.

    O mercado de papis para fins sanitrios dominado porgrandes produtores globais e apresenta elevados ndices de con-centrao industrial, constituindo-se numa indstria dinmica, isto, em constante processo de inovao.2

    A configurao industrial que se observa no mercadomundial de papis para fins sanitrios se assemelha a um oligop-lio diferenciado.3Por isto, diferentemente de uma commodity, que

    Tabela 1

    Principais Marcas Nacionais de Papis Tissue, por Produto e FabricanteEMPRESAS

    PRODUTOSKIMBERLY SANTHER MELHORAMENTOS MILI SA COPAPA SEPAC MANIKRAFT

    1. Papis

    Higinicos FS

    Scott Personal Sublime Mili Carinho Paloma,

    Stylus

    Primavera,

    Gardnia2.PapisHiginicos FD

    Scott,Neve

    Personal Softys Attuale Sissa Duetto Mirafiori

    3. Toalhas Scott Snob Kitchen Mili _ _ Mascot, Yuri

    4. Guardanapos Scott Santepel Lips BomPety

    Maxim Mascot,Gardnia

    5. Lenos Intimus,Kleenex,BabyWipes,

    TurmadaMnica

    Kiss Softys Scooby-Doo

    _ Maxim _

    6.LenoHospitalar

    Semmarca

    Snob _ _ _ _ Hospaper

    7.Absorventes eFraldas

    Intimus,IntimusGel,Depend,Plenitud,Turmada

    Mnica,Huggies

    Sym _ Mili _ _ _

    Fonte: Website oficial das respectivas empresas.

    2Ainda que a configura-o industrial, em termosdo nmero de empresas edo ranking entre elas, tenhase alterado apenas margi-nalmente, a indstria pos-sui alto dinamismo no queconcerne a inovaes de

    produtos e processos deproduo.3 No qual, por questes derenda, marca e gosto dasfamlias, a curva de deman-da com a qual cada empre-sa se defronta no nica(ou seja, no a mesmapara todas as empresas).Ao contrrio, defrontam-secom curvas de demandaespecficas para cada pro-duto diferenciado. Disto re-sultam diferentes curvas dereceita marginal, permitindoa prtica de discriminaode preos.

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    geralmente possui mercado com preo nico, os preos dos papistissuevariam, significativamente, de acordo com as marcas e asqualidades intrnsecas de cada produto (cor, cheiro, maciez, capa-cidade de absoro de umidade etc.).

    Nos ltimos dez anos, foi possvel observar mudanas norankingdas empresas lderes no mercado internacional. Destaca-se o grande crescimento da Kimberly-Clark, que assumiu a lide-rana, e da Georgia Pacific, que saltou da quinta para a segundacolocao, alm da SCA, que passou da quarta para a terceira co-locao. As principais marcas negociadas no mercado mundial soapresentadas na Tabela 2.

    Tabela 2

    Principais Marcas Internacionais de Papis Tissue, por Produto e FabricanteEMPRESAS

    PRODUTOSGEORGIAPACIFIC

    KIMBERLY CLARK SCA KRUEGERPROCTER &GAMBLE

    1.PapisHiginicos FS

    _ _ Nevax _ _

    2.PapisHiginicos FD

    Angel Soft,QuiltedNorthern,SoftnGentle

    Cottonelle,Scott, Andrex

    ZewaSensitive,Cosy, Danke,Edet , Flex,Lovely, Regio,

    Da VinciSystems

    Charmin

    3. Toalhas Browny,Sparkle,Mardi Grass,So-Dri

    Scott, Viva Libresse, BodyForm, Boreal,Edet, Handee,Tessy

    Da VinciSystems Bounty

    4. Guardanapos Browny,Mardi Grass,Vanity Fair,Zee

    Scott Saba, Edet,Lovely

    _ _

    5. Lenos SoftnGentle Cottonelle,Kleenex,

    Edet, Feh,Scotti, Sorbent,Tempo,

    Da VinciSystems

    Puffs

    6.Leno

    Hospitalar

    Sem marca Snob _ _ Hospaper

    7.Absorventes eFraldas

    _ Depend,Goodnites,Huggies,Kotex, Poise,Pull-Ups

    Tena, Libero,Libresse,Serenity,Drypers,Nuvenia, Nana,Nosotras

    _ Always,Tampax,Pumps,

    Fonte: Website oficial das respectivas empresas.

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    A capacidade instalada da indstria, por continentes, mostrada na Tabela 3 e, com base em sua anlise, pode-se concluirque, em 2006:

    Europa, Amrica do Norte, sia e Oceania detiveram 87% da

    capacidade instalada em todo o mundo, trabalhando a plenoemprego;4

    A indstria latino-americana representou apenas 11% do total evem trabalhando, historicamente, com taxas de utilizao da ca-pacidade em nveis inferiores aos observados em outras regies(exceto a frica, onde o nvel de utilizao ainda menor).

    Tabela 3

    Capacidade Instalada e Taxa de Utilizao, por Continentes(20002006)

    CONTINENTES

    CAPACIDADEINSTALADA

    (MIL TONELADAS)

    PRODUO EM2006

    (MIL TONELADAS)

    TAXA DEUTILIZAOEM 2006 (%)

    Em 2000 Em 2006

    Europa 6.392 7.062 6.729 95,28

    Amrica do Norte(EUA e Canad)

    7.483 7.494 7.549 100,73

    sia e Oceania 6.252 7.874 8.835 112,20

    Amrica Latina 2.535 2.884 2.629 91,16frica 253 482 399 82,78

    Total 22.916 25.796 26.141 101,34

    Fonte: Pulp & Paper International (PPI), Annual Review 2000-2006.

    Vale notar que a capacidade instalada corresponde ao valor de ca-pacidade nominal das mquinas.5

    Em 2006, os nove maiores pases produtores de tissueforam responsveis por 73% da produo mundial destes papis.Entre eles, apenas dois pases latino-americanos em desenvolvi-mento se destacam: Brasil e Mxico.

    No que tange distribuio da produo mundial, vale no-tar que:

    O Brasil, a partir de 2005, ultrapassou o Canad, alterando sua

    posio para oitavo colocado;

    O MercadoInternacional

    CapacidadeInstalada

    Principais PasesProdutores

    4 A teoria econmica neo-clssica considera o nvelde produo de pleno em-prego aquele em que osfatores de produo, capitale trabalho, em particular,esto sendo plenamen-te utilizados, ou seja, noh capacidade ociosa naeconomia. De outro modo,com o pleno emprego dosfatores, no seria possvelampliar o nvel de produ-o, exceto se a capacida-de instalada tambm fosseampliada. Na prtica, taxasde utilizao de capacida-de entre 90% e 95% j soconsideradas como plenoemprego dos fatores.

    5 Uma vez que a produoefetiva pode variar paramais ou para menos, emfuno de pequenos ajus-tes ou benfeitorias feitos emcada fbrica, possvel quese observe um nvel de pro-duo suavemente superior capacidade nominal deproduo informada pelosfornecedores de equipa-mentos.

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    Em 2004, o Mxico ultrapassou a Inglaterra, tornando-se o sextomaior produtor de tissuedo mundo; e

    A China apresentou a maior taxa anual (geomtrica) de cresci-mento, 12,69% a.a., seguida de Brasil (4,73% a.a.), Alemanha

    (3,51% a.a.), Mxico (3,41% a.a.) e Itlia (2,74% a.a.).

    O aumento da produo chinesa est em linha com ocrescimento de sua renda nos ltimos anos. Mantendo essas taxasde crescimento, a China, em 2010, se tornar o maior produtor depapis tissuedo mundo, ultrapassando os EUA. O Brasil passar aocupar a stima posio, superando a Inglaterra; e o Mxico irmanter a sexta posio.

    Tabela 4

    Distribuio da Produo Mundial de Tissue, pelos Principais Pases Produtores(20002006)(Em Mil t)

    PASES(POSIO EM

    2000)2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    TAXAGEOMTRICA

    DECRESCIMENTO

    (% a.a.)

    1.EstadosUnidos 6.248 6.382 6.451 6.436 6.451 6.721 6.806 1,44

    2.China 2.295 3.531 3.604 3.470 3.840 4.360 4.700 12,69

    3.Japo 1.736 1.710 1.688 1.673 1.699 1.762 1.793 0,544.Itlia 1.200 1.224 1.315 1.338 1.377 1.439 1.411 2,74

    5.Alemanha 1.017 1.027 1.035 1.053 1.071 1.188 1.251 3,51

    6.Inglaterra 722 738 823 808 806 795 806 1,85

    7.Mxico 691 689 726 758 812 857 845 3,41

    8.Canad 652 685 667 699 735 724 743 2,20

    9.Brasil 597 619 673 684 735 778 787 4,73

    Produodos 9 Maiores 15.158 16.605 16.982 16.919 17.526 18.624 19.142 3,97

    Outros 5.090 5.148 4.992 6.030 6.496 6.622 6.999 6,25Total 20.248 21.753 21.974 22.949 24.022 25.246 26.141 4,35

    Fonte: PPI.

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    Desde sua fuso com a Scott Paper Company, a Kimberly-Clark vem dominando o mercado de produtos sanitrios, atuandocomo importante produtora global e supridora de produtos de usopessoal e industrial, com unidades industriais em 38 pases, ofer-tando produtos em outros 150. Com suas diversas marcas regis-tradas, a Kimberly-Clark controla fatias relevantes de mercado emvrios segmentos da indstria de tissue.

    Tabela 5

    Capacidade Instalada das Principais EmpresasMundiais 1997 e 2005

    PRINCIPAIS EMPRESAS

    CAPACIDADE(EM MIL

    TONELADAS) PRINCIPAIS EMPRESAS

    CAPACIDADE(EM MIL

    TONELADAS)

    Em 1997 Em 2005

    Fort James6

    2.800 Kimberly-Clark 3.800Kimberly-Clark 2.300 Georgia Pacific 3.669

    Procter&Gamble 1.050 SCA 1.924

    SCA 918 Procter&Gamble 1.600

    Georgia Pacific 584 Krueger 535

    Krueger 496 Cascades 450

    Chesapeake 306 M-real 450

    Fonte: PPI.

    A Procter & Gamble (P&G), por seu turno, uma dasmaiores empresas de produtos de consumo no-durvel (produ-tos de higiene e limpeza, rao para animais, baterias, aparelhoseletrnicos de barbear, fraldas descartveis, entre outros), com re-ceitas de vendas superiores a US$ 76 bilhes, em 2007. A P&Gopera em 140 pases e, em 1998, despendeu US$ 3,27 bilhes emaquisies de novos negcios, a maioria deles no setor de papis.Essas aquisies incluram a Tambrands Inc. e seu produto chefe,

    o Tampax. Alm disso, adquiriu a Loreto y Pena Paper Company,no Mxico, e a SsangYong Paper Company, na Coria.

    A Kruegerconcentra seus esforos de venda no mercadoinstitucional bares, restaurantes, hotis, companhias areas etc., fabricando rolos de papel higinico, toalhas e lenos, bem comoacessrios para banheiros (dispensers).

    A Georgia Pacific (GP) domina o mercado at home detissue para banheiro. A empresa possui 300 fbricas espalhadas

    pelos EUA, Amrica Latina e Europa. Os principais segmentosde atuao do grupo, para o mercado residencial, so: papis

    PrincipaisEmpresas

    ProdutorasMundiais

    6 Em 2000, a Fort Jamesfoi adquirida pela Georgia

    Pacific.

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    sanitrios, guardanapos, toalhas, copos descartveis, pratos de acrli-co e papis de imprimir para uso domstico. 7

    A SCA atua, principalmente, na Europa, e detm, em m-dia, 22% daquele mercado, sendo lder em alguns dos pases da

    Comunidade Europia.Pela heterogeneidade de lnguas presentesna Europa, a empresa detentora da maior variedade de marcas,adaptadas para cada pas em que atua.

    A produo mundial de papis tissue, em 2006, somou26,1 milhes de toneladas, enquanto a produo brasileira no mes-mo ano atingiu 787 mil toneladas, representando cerca de 3% daproduo mundial dessa categoria de papel.

    Tabela 6

    Produo Mundial de Papel por Categorias (2000 2006)(Em Mil t)

    CATEGORIAS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    TAXAGEOMTRICA

    DECRESCIMENTO

    (% a.a.)

    1. Imprimir eEscrever 99.163 93.663 101.655 103.930 112.124 112.466 116.964 2,79

    2. Imprensa 39.525 37.861 36.942 37.425 39.262 38.700 38.961 -0,243. Embalagem 112.570 111.647 115.377 123.390 130.087 132.427 139.655 3,66

    4. Sanitrios 20.248 21.753 21.974 22.949 24.022 25.246 26.141 4,35

    5. Outros 51.842 53.251 54.734 51.125 54.305 58.201 60.968 2,74

    Total 323.348 318.175 330.682 338.819 359.800 367.040 382.689 2,85

    Fonte: PPI.

    Entre 2000 e 2006, a produo mundial de papis tissueapresentou crescimento de 4,35% a.a., enquanto a produo de

    papis de todos os tipos elevou-se 2,85% a.a., no mesmo perodo,resultando em discreto aumento na participao daquele tipo depapel, de 6,26% para 6,83%.

    A evoluo recente do consumo aparente mundial de dife-rentes tipos de papel apresentada na Tabela 7.

    ProduoMundialAgregada

    ConsumoAparente

    7 A GP atua ainda nos se-guintes segmentos empre-sariais: fibras, construocivil, qumica, produtos parasade, fertilizantes, entreoutros (ver http://www.gp.com/).

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    O consumo mundial per capita de papel tissue 4 kg/ano,mas com valores extremos bastante discrepantes: 23 kg/ano porhabitante nos Estados Unidos, 4 kg/ano, no Brasil, e 3 kg/ano, naChina. Os baixos nveis de consumo per capita em regies comosia, frica, Rssia e Amrica Latina indicam a existncia de gran-de potencial para os produtores de tissuenessas regies.

    A produo e o consumo mundial aparente de papistissue, entre 2000 e 2006, cresceram a taxas prximas, de 4,35%a.a. e 4,54% a.a., respectivamente.

    As discrepncias entre produo e consumo so despre-

    zveis e se alternam no tempo, de modo que ora o consumo excedea produo (o que leva a crer que o mesmo tem sido, eventualmen-te, suprido com variaes nos estoques) ora a produo excede oconsumo (acumulando estoques). Isso ocorre porque, muitas vezes,pela combinao do princpio da demanda efetiva com o princpio daacelerao, elevaes no consumo induzem elevaes na produo(consumo equivale produo ex-post), ou seja, quando o consumoexcede a produo, as empresas tendem a investir em ampliaesde capacidade, de modo que a produo pode acabar sendo leve-mente superior ao consumo, no perodo subseqente10.

    Numa simulao, feita com base em uma regresso linearsimples, possvel inferir que, em 2010, o consumo mundial atin-giria 29,9 milhes de toneladas, enquanto a produo alcanaria ovolume de 30,1 milhes de toneladas. Esse pequeno descasamen-to permite afirmar que no existem excessos significativos nem deoferta nem de demanda, o que tende a levar estabilidade no preode tais mercadorias (ver Grfico 1).

    BalanoInternacional:ProduoversusConsumoAparente

    Tabela 8

    Produo versusConsumo Aparente(Em Mil t)

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    TAXAGEOMTRICA

    DE CRESCIMENTO(% a.a.)

    Produo 20.248 21.753 21.974 22.949 24.022 25.246 26.141 4,35

    Consumo 20.023 22.111 22.328 23.350 23.917 25.700 26.129 4,54

    Fonte: PPI.

    10 O princpio da demanda

    efetiva, em contraposio conhecida Lei de Say (JeanBaptist Say), consiste nahiptese de que a produ-o de bens e servios puxada, induzida, pela de-manda global (consumo +gastos do governo + inves-timentos + exportaes) dasociedade. J o princpio daacelerao, associado aoeconomista Paul Samuel-son, afirma que, por causade uma proporcionalidade

    entre vendas e estoque eentre estoque e investimen-to, elevaes da demandagerariam elevaes na ca-pacidade de produo daeconomia.

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    Grfico 1

    Estimativa de Evoluo da Produo e do ConsumoMundial Aparente de Papis Sanitrios

    Fonte: PPI.

    De modo geral, a produo de papis tissue realizada pertodo mercado de destino. Esse fato se justifica pela baixa densidade doproduto e pelo diminuto valor agregado que possui por m. Dessa for-ma, as exportaes ocorrem em nvel regional, e aquelas de longa dis-tncia so pouco significativas em razo dos custos de transporte.11

    Nos EUA onde o consumo cresce mais que a produo , possvel observar, por conseguinte, forte volume importado, em

    2006. Ainda que o pas tambm figure entre os principais exporta-dores, o volume importado supera as vendas externas, fazendo dopas um importador lquido do produto.

    A Itlia e a Frana destacam-se como os grandes expor-tadores da Europa, sendo a Inglaterra e a Espanha os principais im-portadores. A Frana, apesar de apresentar volume expressivo deimportaes, possui balana comercial superavitria, exportando pro-dutos em que possui vantagens comparativas, e importando aquelesem que a produo domstica lhe mais onerosa. A Espanha, por suavez, apresenta balana comercial bastante equilibrada.

    Principais PasesExportadores e

    Importadores

    11 De fato, entre os diferen-tes tipos de papis produ-zidos, os papis sanitriosapresentam a menor rela-o exportaes/produo.

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    Na Amrica Latina, em 2006, o Mxico aparece comomaior exportador, mas tambm como maior importador, apresen-tando balana comercial negativa (importador lquido). O Brasilexportou pouco, mas tambm importou pouco, apresentando su-pervit comercial. Argentina e Chile tambm aparecem como im-portadores lquidos.

    Tabela 9

    Papis Sanitrios Principais Pases Exportadores e Importadores (2006)(Em Mil t)

    PRINCIPAIS PASESEXPORTAES EM 2006

    (Em Mil Toneladas)PRINCIPAIS PASES

    IMPORTAES EM 2006(Em Mil Toneladas)

    Itlia 719 EUA 583

    Frana 474 Inglaterra 315

    EUA 454 Frana 297

    China 380 Espanha 161

    Polnia 195 Blgica 153

    Sucia 179 Alemanha 147

    Alemanha 143 Holanda 140

    Espanha 137 Sua 110

    Fonte: PPI.

    A origem da indstria de papis sanitrios confunde-secom o prprio processo de industrializao brasileiro. O primeiropapel higinico fabricado na Amrica Latina foi introduzido no pas,em 1928, pela Cia. Melhoramentos, com o nome de fantasia SulAmrica. Neste mesmo ano, a empresa inicia a fabricao das toa-lhas de papel Volga, vendidas, principalmente, para barbearias.

    J na dcada de 1950, elevaes sistemticas na produ-o desse tipo de papel (em sua maioria, manufaturado com baseem celulose importada) comearam a ser observadas. De acordocom dados da Bracelpa, a produo de papis para fins sanitrios na poca, basicamente, papel higinico passou de 5,7 mil to-neladas, em 1950, para 20 mil toneladas, em 1960, mostrando taxageomtrica de expanso de 13,51% a.a.

    A IndstriaNacional dePapis Tissue

    BreveRetrospecto

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    Tabela 10

    Taxas Histricas de Crescimento da Produo dePapis Sanitrios

    ANOPRODUO

    (Em Toneladas)

    TAXA GEOMTRICADE CRESCIMENTO

    (%a.a.)

    1950 5.6511960 20.068 1950-1960 13,51

    1970 57.514 1960-1970 11,10

    1980 231.993 1970-1980 14,97

    1990 403.712 1980-1990 5,70

    2000 596.732 1990-2000 3,99

    2006 787.417 2000-2006 4,73

    Fonte: Bracelpa.

    Na dcada de 1960, observou-se tambm grande cres-cimento da produo, que passou das 20 mil toneladas para 57,5mil toneladas, em 1970,apresentando crescimento geomtrico de11,10% a.a.

    No perodo denominado milagre econmico (19671974), a produo de papis para fins sanitrios cresceu acima daevoluo do PIB, passando das 57,5 mil toneladas observadas em1970 para 232 mil toneladas, em 1980,com taxa de crescimentode 15% a.a.

    Nas dcadas seguintes, em funo da reduo do cresci-mento populacional e da renda domstica, as taxas de crescimen-to tenderam, gradualmente, mdia mundial, mantendo-se, ainda,sempre acima das taxas de crescimento de outros tipos de papis.A crise e a estagnao observadas ao longo da dcada de 1980impactaram sobremaneira as taxas de crescimento do setor, que ca-ram dos 15% a.a., observados no perodo anterior, para 5,7% a.a.

    No incio da dcada de 1990, a produo de papis parafins sanitrios havia alcanado o patamar de 403,7 mil toneladas,

    passando para 596,7 mil toneladas em 2000 e para 787,4 mil em2006, confirmando a tendncia de estabilizao / maturidade do se-tor na economia nacional, com taxas de crescimento de 4% a.a. e4,7% a.a., respectivamente.

    A participao da produo brasileira de papis para finssanitrios na produo nacional total de papis tem se mantido nointervalo entre 7% e 9%.

    Em 2006, o Brasil produziu 8,7 milhes de toneladas depapis (todos os tipos),e os tissuesrepresentaram 9,03%(Tabela

    11). No mercado internacional, a produo de tissueapresenta pro-poro levemente inferior a nacional, respondendo por 6% a 7% daproduo total de papis.

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    Tabela 11

    Produo Brasileira de Papis, por Tipos 2006

    PAPELPRODUO EM 2006

    (Em Toneladas)PARTICIPAO

    (%)

    Imprensa 135.084 1,55Imprimir 2.450.372 28,09Escrever 100.935 1,16Embalagem 4.231.216 48,50Fins Sanitrios 787.417 9,03Papel Carto 618.568 7,09Cartolina 200.913 2,30Especiais 200.126 2,29Total 8.724.631 100,00Fonte: Bracelpa.

    Conforme dito anteriormente, em 2006, a produo bra-sileira de papis para fins sanitrios somou 787 mil toneladas(Tabela 12).

    Com base na anlise dos dados, observa-se que, em 2006:

    a) Os principais tipos de papis tissuefabricados no pasforam: papis higinicos de folha simples (58,25%), papis higini-

    cos de folha dupla (12,53%) e toalhas de mo (14,93%);

    Tabela 12

    Proporo de Cada Tipo de Papel na Produo Total de Papis para Fins Sanitrios

    TIPO DE PAPEL

    PRODUO 2000 PRODUO 2006

    (Em Toneladas) Participao (%) (Em Toneladas) Participao (%)

    Higinico Popular 31.959 5,36 41.516 5,27

    Folha Simples de Boa Qualidade 186.937 31,33 151.028 19,18

    Folha Simples de Alta Qualidade 192.700 32,29 307.618 39,07

    Higinico Folha Dupla 63.378 10,62 98.646 12,53

    Toalha de Cozinha 34.622 5,80 31.294 3,97

    Toalha de Mo 61.769 10,35 117.546 14,93

    Guardanapo 21.869 3,67 36.581 4,65

    Leno 2.338 0,39 2.979 0,38

    Leno Hospitalar 1.160 0,19 209 0,03

    Total 596.732 100,00 787.417 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    A Ofertade PapisSanitrios noBrasil

    A Distribuio daOferta no MercadoNacional, porProduto

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    b) Houve reduo na participao de papis de folha sim-ples (de aproximadamente 63,62% para 58,25%) e elevao naparticipao dos papis folha dupla (de 10,62% para 12,53%);

    c) Houve substituio dos papis de folha simples de boa

    qualidade por papis de folha simples de alta qualidade.

    A concentrao da produo em papis higinicos de folhasimples um reflexo da distribuio de renda do Brasil e da baixa ren-da mdia dos percentis inferiores de tal distribuio. Deve-se ressaltarque as naes mais desenvolvidas no utilizam mais papis higinicosde folha simples ou o fazem em pequena proporo.

    A substituio gradativa dos papis de folha simples porpapis de folha dupla movimento natural. Por ser um bem infe-

    rior,12a demanda por papis de folha simples se reduz com o au-mento da renda dos pases.

    Chama ateno, ainda, a queda acentuada na proporodos papis de folha simples de boa qualidade e o aumento daspropores dos papis de folha simples de alta qualidade. Essemovimento tambm esperado com o crescimento da renda percapita e com a melhoria do perfil distributivo da renda. Ao perce-ber aumentos na renda real, as classes de menor poder aquisitivoesto substituindo o papel de qualidade inferior pelos de melhor

    qualidade.

    Ressalta-se, ainda, a reduo da proporo de papis decozinha e o aumento das toalhas de mo.

    Historicamente, a indstria brasileira de papis sanitriostem operado, em mdia, com 30% de capacidade ociosa.

    A persistncia temporal de tal nvel de ociosidade suge-re a presena de uma curva de oferta elstica, fazendo com quevariaes na demanda gerem efeito misto (sobre a produo e ospreos).Esse efeito depender da existncia, ou no, de coalizo(tcita ou explcita) entre os produtores.

    A existncia de capacidade ociosa, por si s, implicao desemprego de fatores de produo. A teoria clssica inglesasupunha que a ociosidade, ou seja, a no-realizao do pleno

    emprego dos fatores, seria oriunda de desequilbrios no mercadode trabalho. No caso de oligoplios, a explicao para o desem-prego de fatores outra. De um ponto de vista estratgico,

    CapacidadeInstalada e Grau de

    Utilizao

    12 Um bem inferior defini-do como aquele cuja elasti-cidade-renda negativa. Aelasticidade-renda a razoincremental entre a variaono consumo de um bem (dx)e a variao na renda doconsumidor (dy), escrita naforma contnua com a dife-rencial dx/dy.

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    interessante para cada firma, individualmente, manter certo nvelde ociosidade para que, em face de expanses de demanda, elapossa aumentar sua produo e, eventualmente, ampliar/mantersua fatia de mercado. Quando uma nica empresa detm gran-de parcela do mercado em que atua e opera com capacidadeociosa, expanses em seus nveis de produo tendem a gerarelevaes significativas da oferta, reduzindo os preos e as mar-gens de lucros das outras firmas do setor, reafirmando o carterde interdependncia das estruturas oligopolistas. Cientes dessepoder de alterar o preo do produto final e afetar os competido-res, as empresas tendem a operar com certa margem de ociosi-dade. Desta forma, so capazes de manter seu poder de merca-do com a ameaa iminente de expandir sua produo e afetara margem de lucro dos concorrentes.

    Grfico 2

    Produo e Capacidade Instalada

    Fonte: Bracelpa.

    Uma vez que as firmas operam com capacidade ociosa, aoferta total menor e, conseqentemente, o preo do produto maiordo que poderia ser reduzindo o bem-estar dos consumidores.

    Em 2007, no Brasil, as empresas Mili e Sepac elevaram suas

    capacidades em 30 mil toneladas. A Kimberly fechou a unidade deCruzeiroSP (36 mil toneladas) e reiniciou a produo na fbrica deMogi das CruzesSP (25 mil toneladas).

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    As cinco maiores empresas do setor de papis para finssanitrios (no incluindo a Kimberly) detiveram, em 2006, 38,79%da produo total. Somando-se o valor estimado de participaoda Kimberly, as cinco maiores empresas teriam detido, em 2006,56,77% da produo, constituindo o nicho industrial mais pulveri-zado, entre as demais configuraes industriais observadas paraoutros tipos de papis produzidos no Brasil.13

    PrincipaisProdutoresNacionais eLocalizaoGeogrfica

    Tabela 13

    Produo Nacional de Papis para Fins Sanitrios, porEmpresa(Em Toneladas)

    EMPRESAS(POSIO EM 2000)

    PRODUOEM 2000

    PARTICIPAO(% EM 2000)

    EMPRESAS(POSIO EM 2006)

    PRODUOEM 2006

    PARTICIPAO(% EM 2006)

    Klabin-Kimberly 123.710 20,73 Kimberly-Clark* 141.650 17,99

    Santher (MG,

    SP, RS)

    101.894 17,08 Santher 115.923 14,72

    Melhoramentos(SP)

    59.987 10,05 Mili S.A 65.418 8,31

    Manikraft (SP) 38.555 6,46 Melhoramentos 63.286 8,04

    Mili S.A (SC) 29.292 4,91 Copapa 30.561 3,88

    Cia Canoinhasde Papel

    17.233 2,89 Sepac 30.206 3,84

    Copapa (RJ) 16.894 2,83 Manikraft 23.547 2,99

    Sepac (PR) 16.159 2,71 Cia Canoinhasde Papel

    21.490 2,73

    Nobrecel (SP) 9.687 1,62 Nobrecel S.A 18.570 2,36Trs Portos (RS) 8.677 1,45 Ondunorte 16.560 2,10

    Indaial (SC) 7.445 1,25 Indaial 13.118 1,67

    Ondunorte (PE) 5.463 0,92 Guar 11.707 1,49

    Ind. Papel Guar(SP)

    3.360 0,56 Trs Portos 9.555 1,21

    Outros 158.376 26,54 Outros** 225.826 28,68

    Total 596.732 Total 787.417

    Fonte: Bracelpa.* Valor estimado.14

    **Valor fornecido pela Bracelpa, excluindo-se o valor estimado da Kimberly-Clark.

    13 Ao analisar a configura-o industrial dos diferentestipos de papis sanitrios,porm, observam-se nichosbastante concentrados,como apresentado adiante.Para realizar as anlises aseguir fez-se necessrioum ajuste metodolgico.A partir de 2003, quando

    foi desfeita a joint-ventureKlabin-Kimberly e a empre-sa passou a denominar-seKimberly-Clark, ela no maispermitiu que seus dados deproduo fossem publica-dos pela Bracelpa, explicita-mente vinculados ao nomeda empresa. Assim sendo,os dados da Bracelpa pas-saram a englobar, na ru-brica outros, os valoresde produo da Kimberly.Em alguns casos, tal fato

    compromete a preciso dadefinio de suas parcelasde mercado. Para contor-nar o problema, utilizou-semetodologia prpria paraestimar intervalos de con-fiana para omarket-shareda referida empresa.14 A produo da Kimberlyfoi estimada aplicando-se ataxa mdia de crescimentodo setor, entre 2000 e 2006,de 4,73 % a.a., sobre o va-lor da produo da empresa

    em 2000.

    A participao das cinco maiores empresas na produ-o total de papis sanitrios sofreu leve reduo, entre 2000 e2006, passando de 59,23% para 52,94%, indicando desconcen-trao industrial.

    Em 2000, a Kimberly liderava o mercado nacional, com20,73% da produo total, seguida pela Fbrica de Papel SantaTherezinha (Santher) (17,08%), Melhoramentos (10,05%) e da

    Manikraft (6,46%).

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    Em 2006, a Kimberly manteve a liderana,16 ainda segui-da pela Santher (com 14,72%) e da Mili S.A. (com 8,31%), que ul-trapassou a Melhoramentos (8,04%), tomando a terceira posio.Naquele ano, todas as outras empresas apresentaram participaoabaixo de 4%.

    A Kimberly-Clark Brasil, subsidiria da Kimberly-Clark,empresa lder mundial na fabricao de papis tissue, est presen-te no Brasil desde 1996e fabrica produtos para o lar e para em-presas. No segmento de produtos destinados s necessidades dolar, a empresa produz todos os tipos de papis tissuemencionados(FS, FD, fraldas, absorventes, lenos, toalhas e guardanapos). Nomercado institucional, fabrica dispensers, rolos de papel higinico,toalha, guardanapos, sabonetes lquidos, acessrios para banhei-ros e outros produtos de proteo individual (luvas e roupas).

    A Santher, fundada h mais de 65 anos, dedica-se pro-duo de variados tipos de papis tissue, para uso domstico, indus-trial e outros (desenvolvidos para mercados especficos). A Santher,alm de fabricar todos os tipos de tissuemencionados para o mercadoat homecom algumas marcas bem consolidadas, produz papis emgrandes rolos e dispenserspara atender ao mercado institucional.

    A Cia. Melhoramentos atua nos seguintes segmentos: edi-torao, livraria, papel tissue, celulose, higiene e desenvolvimento

    urbano. Com a Melhoramentos Papis, a empresa atende os con-sumidores (por meio da Diviso Consumo), com os seguintes pro-dutos: toalhas de papel, guardanapos, lenos e papel higinico. Porintermdio da Diviso Institucional, atende empresas de todos os ti-pos, sejam indstrias, restaurantes, bares, hospitais, shopping cen-tersou escritrios. A Melhoramentos Papis e a Florestal tambmproduzem pastas de celulose (mecnica ou quimiotermomecnica),componentes fundamentais de inmeras embalagens cartonadase de papis tissue. A empresa foi criada pelo brasileiro AntnioRodovalho e, posteriormente, em 1920, adquirida pela empresaWeiszflog, de propriedade de dois irmos alemes.

    Tabela 14

    Concentrao Industrial na Indstria de Papis (20002006)15

    GERAL IMPRIMIR ESCREVER EMBALAGEM SANITRIOS CARTO

    CR5 (Em 2000) 0,51 0,83 0,79 0,32 0,57 0,74

    CR5 (Em 2006) 0,45 0,91 0,82 0,55 0,56 0,83

    Fonte: Bracelpa.

    Principais Empresasdo Setor

    15 O ndice de concentraoCR5 da indstria de papistissue, como um todo, pas-sou de 0,57, em 2000, para

    0,56, em 2006, indicandocerto grau de desconcen-trao industrial. O ndiceCRn dado pela seguintefrmula: Pn/Pm, onde(Pn) a produo de cadafirma e (Pm) a produototal das firmas.16 Pelos motivos expostos,no foi possvel determinarcom preciso a exata parce-la de mercado da empresa.Estimou-se sua participaoem aproximadamente 17%.

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    Fundada em 1983, a Mili fabrica produtos de higiene elimpeza. Seus produtos papel higinico, toalha de papel, guarda-napos, fraldas descartveis e absorventes higinicos esto entreos lderes nacionais de mercado. A linha de produtos tambm composta por uma srie de itens de limpeza domstica. A Mili uma empresa fechada de capital nacional.

    A Manikraft Guaianazes Indstria de Celulose e PapelLtda. possui capital 100% nacional, de origem familiar, e atua naproduo de materiais de higiene e limpeza. A Manikraft opera tan-to no mercado domstico (at home) como no mercado institucional(away from home). Para o primeiro segmento, a empresa fabricapapis higinicos de folha simples (diferenciados por caractersti-cas como cor e essncias de perfumes), papis higinicos de folhadupla, toalhas e guardanapos. Para o mercado institucional, produzrolos de grande comprimento, dispensersde metais e de plstico,

    lenos hospitalares, toalhas em bobinas, sabonetes lquidos e toa-lhas interfolhas.

    Em 2006, o Brasil produziu 41.516 toneladas de papel hi-ginico popular, representando 5,27% do total de papis sanitriosproduzidos no pas (Tabela 15).

    Sovel, Incopa, Ondunorte e Copapa detiveram, juntas,94,47% do volume total produzido.

    Como possvel observar, este segmento da indstria,um tpico oligoplio puro (em razo da homogeneidade do produto),passou por algumas transformaes. A Inbrapel, primeira colocadaem 2000, perdeu posio para a Ondunorte. De fato, a Inbrapel

    ConfiguraoIndustrial:Um Olhar

    Pormenorizado

    Papel HiginicoPopular

    Tabela 15

    Higinico Popular Principais Fabricantes (20002006)EMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Inbrapel 9.200 28,79 Ondunorte 15.744 37,92

    Manikraft 6.546 20,48 Copapa 13.234 31,88

    Copapa 5.981 18,71 Ind. Papel SovelAmaznia

    5.242 12,63

    Ondunorte 5.463 17,09 Incopa 5.000 12,04

    Incopa 3.406 10,66 Manikraft 26 0,06

    Ind. Papel SovelAmaznia

    1.363 4,26 Outros 2.270 5,47

    Total 31.959 100,00 Total 41.516 100,00Fonte: Bracelpa.

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    sequer figura entre as maiores, em 2006. A empresa deixou defabricar papel popular e migrou para o nicho de papis de folhasimples de boa qualidade. A Ondunorte apresentou grande cres-cimento tanto em termos absolutos como em termos relativos. AManikraft parece deixar o mercado de papis populares em buscade nicho de produtos de maior qualidade. A aparente sada da Ma-nikraft e da Inbrapel deste mercado abriu espao para expansodas empresas Sovel, Ondunorte e Copapa.

    Em 2000, a produo nacional de papis de FS de boaqualidade e de FS de alta qualidade foi, respectivamente, 187 mil e193 mil, totalizando aproximadamente 380 mil toneladas.

    Em 2006, a produo total de papis de FS de boaqualidade somou 151 mil toneladas e a produo de FS de alta quali-dade, 308 mil, totalizando aproximadamente 459 mil toneladas depapis FS (valor 21,16 % maior do que em 2000).

    Observou-se alterao na proporo dos tipos de papelde FS. Em 2000, os de boa qualidade representavam 49% do total, en-quanto 51% era de alta qualidade. J em 2006, esta proporo era33% e 67%, respectivamente.

    Em 2000, os papis higinicos de FS (boa e alta qualida-de) representavam 63% da produo total de papis tissue(31% deboa qualidade, 32% de alta qualidade), enquanto em 2006, passa-ram a representar 58% da produo total (19% de boa qualidade e39% de alta).

    Em 2000, as cinco maiores empresas (Klabin-Kimberly,Mili, CPB, Sepac e Copapa) detinham 55% da produo de papis

    de FSBQ. Em 2006, as cinco maiores detiveram 32% (exclusiveKimberly).17

    Mili e Copapa expandiram suas produes, ampliandosuas parcelas. Vale notar a expressiva expanso, em termos re-lativos (passando de 4,15% para 9,22%) e absolutos (79,37%), daCopapa e, em termos relativos, da Mili (saltando de 8,96% para13,09%).

    Papel Higinico deFolha Simples (FS)

    Folha Simples de BoaQualidade (FSBQ)

    17 Utilizando-se o valor esti-mado de produo da Kim-berly, da ordem de 64.069toneladas, a participaodas cinco maiores na pro-duo total subiria para,aproximadamente, 72%.

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    Em 2006, o Brasil produziu 307,6 mil toneladas de papishiginicos de FSAQ, representando 67% do total de papis FS e39,07% do total de papis sanitrios produzidos naquele ano.18

    Em 2000, as cinco maiores empresas detiveram 70% daproduo, lideradas pela Santher (37,68%) e pela Melhoramentos(15,19%), seguidas da Kimberly (5,54%) e da Safelca (4,78%).

    Tabela 16

    Produtores de Papel Higinico de Folha Simples de Boa Qualidade

    EMPRESAS - 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Klabin-Kimberly 54.287 29,04 Mili (SC) 19.776 13,09

    Mili (SC) 16.753 8,96 Copapa (RJ) 13.925 9,22

    Sepac (PR) 15.710 8,40 Ouro Verde (RS) 5.946 3,93

    Copapa (RJ) 7.763 4,15 Estrela (PR) 4.750 3,14

    CBP (GO) 7.488 4,01 Bom Pastor (MG) 4.177 2,76

    Manikraft (SP) 6.855 3,67 Nobrecel (SP) 4.005 2,65

    Sovel (AM) 5.322 2,85 Sepac (PR) 3.762 2,49

    Bom Pastor (MG) 5.000 2,67 Ipelsa (Paraba) 2.571 1,70

    Trs Portos (RS) 4.540 2,42 Manikraft (SP) 1.139 0,75

    Santher (MG) 3.915 2,09 Santher (MG) 839 0,55

    Melhoramentos (SP) 3.374 1,80 PSA (RS) 790 0,52

    Ouro Verde (RS) 3.100 1,65 Trs Portos (RS) 439 0,29

    Ipelsa (Paraba) 3.094 1,65 Outros (KC*) 88.900 58,86

    Mimopel (RJ) 2.310 1,23

    Estrela (PR) 2.228 1,19

    PSA (RS) 1.191 0,63

    Inpopel (PR) 207 0,11

    Outros 43.800 23,43

    Total 186.937 100,00 Total 151.028 100,00

    Fonte: Bracelpa.* Inclui Kimberly-Clark.

    Folha Simples de AltaQualidade (FSAQ)

    18 A ausncia de informa-es acerca da Kimberlycompromete a anlise parao ano de 2006.

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    Em 2006, foram produzidas 98,6 mil toneladas de papishiginicos FD, representando 12,53 % do total de papis tissuepro-duzidos no pas.

    Em 2000, a Kimberly liderava a produo com suas mar-cas Neve e Scott, produzindo 65,66% do total de papis de FD fa-bricado no pas, seguida pela Santher (17,27%), Melhoramentos(14,06%) e Manikraft (3,02%).

    Em 2006, nos estados em que a Kimberly possui unidadespara fabricao de papis de FD (Santa Catarina e So Paulo), a

    produo da rubrica outros somou 67.530 toneladas. Estima-seque a empresa tenha produzido ao redor de 90% deste total. Com

    Tabela 17

    Produo de Papel Higinico de Folha Simples de Alta QualidadeEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Santher 72.611 37,68 Santher 75.890 24,67

    Melhoramentos 29.275 15,19 Mili 37.017 12,03

    Manikraft 13.448 6,98 Melhoramentos 30.356 9,87

    Klabin-Kimberly 10.680 5,54 Sepac 24.924 8,10

    Safelca (SP) 9.223 4,78 Canoinhas 17.514 5,69

    Mili 8.781 4,55 Damapel 9.709 3,16

    Sepac 8.049 4,17 Trs portos 8.497 2,76

    Trs Portos 6.051 3,14 Manikraft 8.422 2,74

    CBP 4.878 2,53 Ipelsa 5.576 1,81

    Ipelsa 2.885 1,49 Copapa 3.247 1,06

    Nobrecel (SP) 2.432 1,26 Ondunorte 816 0,27

    Copapa 565 0,29 Outros 85.650 27,84

    Outros 23.822 12,36

    Total 192.700 100,00 307.618 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    Papel Higinico deFolha Dupla (FD)

    Tabela 18

    Produo de Papel Higinico de Folha DuplaEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Klabin-Kimberly 41.607 65,66 Santher 16.810 17,04Santher 10.942 17,27 Manikraft 6.598 6,69Melhoramentos 8.908 14,06 Melhoramentos 6.058 6,14Manifraft 1.911 3,02 Cia canoinhas 1.007 1,02Sepac 0 0 Sepac 643 0,65

    Cia. Canoinhas 0 0Outros (InclusiveKimberly) 67.530 68,46

    Total 63.368 100,00 Total 98.646 100,00Fonte: Bracelpa.

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    256 A Indstria de Papis Sanitrios Panorama Mundial e Brasileiro

    esses nveis de produo, a empresa se mantm na liderana destesegmento, com grande margem sobre o segundo colocado deten-do, por estimativa, em torno de 62% deste mercado.

    Com essa configurao industrial, esse nicho de mercado

    mostra-se o mais concentrado entre os papis, tendo, claramente,uma empresa lder (Kimberly), que exerce grande poder sobre aoferta (e portanto sobre os preos).

    Em 2006, a produo de papis toalha representou 19% daproduo total de papis sanitrios, ou seja, 149 mil toneladas, sen-do 31 mil toneladas de toalhas de cozinha e 118 mil toneladas detoalhas de mo.

    Naquele mesmo ano, Santher, Mili, Manikraft e Cia. Ca-noinhas responderam por 69% da produo de toalhas de cozinha,mostrando tendncia de desconcentrao industrial. O principal fa-tor responsvel pela reduo na concentrao deste nicho indus-trial foi a reduo significativa do volume produzido pela Kimberly.Vale notar que essa reduo permitiu a expanso das empresasMili, Cia. Canoinhas, Melhoramentos e Dama.

    Em 2000, as cinco maiores empresas (Klabin-Kimberly,Santher, Manikraft, Copapa e Melhoramentos) detiveram 87% daproduo de toalhas de cozinha. Naquele ano, o CR4 era 0,83 eo CR3 era 0,76 corroborando a tese de elevada concentraoindustrial deste nicho.

    Em 2006, a produo total de toalhas de mo somou117.546 toneladas, valor 90% maior que a produo observada em2000.

    Em 2000, as cinco maiores empresas (Melhoramentos,Indaial, PSA, Serrana e Manikraft) detiveram 63% da produo. Em2006, as cinco maiores empresas (Melhoramentos, Indaial, Guar,Nobrecel e PSA) detiveram 51% do total produzido.

    Deve-se notar, entretanto, que os volumes de produo da

    Kimberly, em 2006, esto includos na rubrica outros, o que podelevar a valor subestimado da concentrao do setor. Estima-se quea empresa foi responsvel por 7% a 10% do total produzido.

    Papel Toalha

    Toalha de Cozinha

    Toalha de Mo

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    A produo brasileira de guardanapos cresceu 67% entre2000 e 2006, saindo de 22 mil toneladas para 37 mil toneladas.

    Em 2000, Santher liderava a produo (18,71%), segui-da pela Melhoramentos (16,13%), Kimberly (15,38%), Nobrecel

    (9,98%), Mili (9,63%) e Manikraft (7,01%). Juntas, as seis empresasdetiveram 77% da produo daquele ano.

    Tabela 19

    Produo de Toalha de Cozinha, por EmpresaEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Klabin-Kimberly 13.110 37,65 Santher 10.220 32,03

    Santher 9.483 27,23 Mili 4.779 15,27

    Manikraft 4.026 11,56 Manikraft 3.946 12,61

    Copapa 2.488 7,14 Cia. Canoinhas 2.693 8,61

    Melhoramentos 1.315 3,78 Melhoramentos 2.691 8,60

    Mili 0 0,00 Dama 2.055 6,57

    Outros 4.400 12,64 Sepac 860 2,75

    Outros (InclusiveKimberly) 4.050 12,94

    Total 34.622 100,00 31.294 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    Tabela 20

    Produo de Toalha de Mo, por EmpresaEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Melhoramentos 12.208 19,76 Melhoramentos 18.700 15,91

    Indaial 7.445 12,05 Indaial 13.118 11,16

    PSA 6.917 11,20 Guar 11.707 9,96

    Serrana 6.868 11,12 Nobrecel 9.126 7,76

    Manikraft 5.736 9,29 PSA 7.713 6,56

    Inpopel 4.494 7,28 Santher 5.654 4,81

    Nobrecel 4.105 6,65 Inpopel 4.893 4,16

    Guar 3.360 5,44 Manikraft 1.616 1,37

    Mili 1.652 2,67 Ipasa 1.584 1,35

    Tres Portos 905 1,47 Tres Portos 545 0,46

    Copapa 44 0,07 Ouro Verde 440 0,37

    Independncia 14 0,02 Serrana 0,00

    Klabin-Kimberly 5 0,01 Mili 0,00

    Outros 8.016 12,98 Outros 42.450 36,11

    Total 61.769 100,00 117.546 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    Guardanapos

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    258 A Indstria de Papis Sanitrios Panorama Mundial e Brasileiro

    Tabela 21

    Produo de Guardanapos, por EmpresaEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Santher 4.091 18,71 Santher 5.897 16,12

    Melhoramentos 3.528 16,13 Nobrecel 5.439 14,87

    Klabin-Kimberly 3.364 15,38 Melhoramentos 3.927 10,74

    Nobrecel 2.182 9,98 Mili 3.846 10,51

    Mili 2.106 9,63 Manikraft 1.800 4,92

    Manikraft 1.533 7,01 Cia Canoinhas 276 0,75

    Copapa 53 0,24 Copapa 155 0,42

    Trs Portos 45 0,21 Trs Portos 74 0,20

    PSA 12 0,05 Sepac 17 0,05

    Outros 4.955 22,66 Outros (inclusive Kimberly) 15.150 41,42

    Total 21.869 100,00 36.581 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    Em 2006, as participaes foram: Santher (16,12%), No-brecel (14,87%), Melhoramentos, Mili (10,51%) e Kimberly (entre14% e 19%).19

    A produo nacional de lenos passou de 2.338 tonela-das, em 2000, para 2.979 toneladas, em 2006.

    A Melhoramentos manteve sua participao, enquanto aSanther perdeu mercado.

    No possvel inferir exatamente o que ocorreu com aparticipao de mercado da Kimberly. Entretanto, o conhecimentoacumulado permite dizer que a produo sob a rubrica outros re-fere-se somente a Kimberly. Nesse caso, a produo da empresaseria estimada em 1.030 toneladas de lenos, o que representaria35% da produo total.

    O setor de guardanapos reafirma o carter oligoplico daindstria de papis sanitrios, apresentando-se como um de seussubnichos mais concentrados, contendo apenas trs grandes em-presas produtoras.

    Lenos

    19 Pela mesma razo, jexposta anteriormente, osnmeros da Kimberly soapenas estimativas. Para oclculo, sups-se que a par-ticipao dos outros (almdas seis maiores) manteve-se entre 22% e 27%, que,subtrados dos 41% (em quese inclui a produo da Kim-berly), deixam uma margemde participao entre 14% e19% para tal empresa.

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    A produo domstica de lenos hospitalares reduziu-sebastante entre 2000 e 2006, passando de 1.160 toneladas, para209 toneladas.

    PSA e Nobrecel, antigas fabricantes do produto, saramdeste mercado, restando somente a Melhoramentos.

    Por conseguinte, o suprimento deste tipo de papel temsido feito por meio de importaes do produto fato relatado demaneira mais detalhada, adiante, no item Comrcio Exterior.

    Apesar de no representarem frao muito elevada da

    produo total (apenas 9%), os papis para fins sanitrios chamamateno por apresentarem a maior taxa de crescimento mdio dosltimos cinco anos, ou seja, 4,73% a.a.

    Quando se analisa a evoluo da produo das diferentescategorias de tissueentre 2000 e 2006, verifica-se que:

    a) Os papis de folha simples de alta qualidade (FSAQ),higinicos de folha dupla, toalhas de mo e guardanapos apresen-taram as maiores taxas anuais de crescimento: 8,11 % , 7,65 % ,

    11,32 % e 8,95 %, respectivamente.

    b) O elevado crescimento da produo de papis de folhasimples de alta qualidade e dos papis de folha dupla oriundodo crescimento da renda, do crescimento populacional e do efeito-substituio entre produtos que ocorre, naturalmente, com o pro-cesso de desenvolvimento dos pases.

    c) Os papis de folha simples de boa qualidade, as toa-lhas de cozinha e os lenos hospitalares apresentaram taxas devariao negativas.

    Tabela 22

    Produo Brasileira de Lenos, por EmpresaEMPRESAS 2000 T % EMPRESAS 2006 T %

    Melhoramentos 1.079 46,15 Melhoramentos 1.345 45,15

    Klabin-Kimberly 657 28,10 Santher 604 20,28

    Santher 602 25,75 Outros 1.030 34,58

    Total 2.338 100,00 Total 2.979 100,00

    Fonte: Bracelpa.

    Leno Hospitalar

    Papis

    Sanitrios:Nveis deProduoe Taxas deCrescimento

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    260 A Indstria de Papis Sanitrios Panorama Mundial e Brasileiro

    Diferentes foras atuam na formao da resultante dedemanda final por papis tissue, sendo algumas de carter estrutu-ral e outras de carter conjuntural. Entre as primeiras, destacam-seo crescimento populacional, a distribuio interpessoal da renda eos preos relativos. No que tange a fatores conjunturais, ressaltam-se a taxa de crescimento do PIB, internacional e domstico, as ta-xas de juros e cmbio, alm das polticas sociais e sanitrias.

    O crescimento populacional fator importante na compo-sio da demanda final por papis tissue, sendo, entretanto, com-plementar s variaes na renda, isto , o crescimento populacio-nal, isoladamente, tem pouca influncia sobre a demanda deste tipode papel. Este fato comprovado com o caso africano, em quea populao cresce a taxas elevadas, mas a renda pouco evolui,resultando em tmido crescimento da demanda.

    Ainda que a populao brasileira, a partir da dcada de1970, tenha observado uma reduo gradual em suas taxas de

    As Foras deDemanda

    AspectosDemogrficos

    CrescimentoPopulacional

    Tabela 23

    Produo e Taxas de Crescimento de Papis Tissue, por Categoria (20002006)(Em t)

    TIPOS DE

    PAPEL

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    TAXASGEOMTRICAS

    DE

    CRESCIMENTO(% a.a.)

    HiginicoPopular

    31.959 31.610 40.683 40.219 40.957 41.764 41.516 4,46

    FolhaSimples BQ

    186.937 178.751 177.958 174.523 146.403 151.989 151.028 -3,49

    FolhaSimples AQ

    192.700 197.069 198.794 213.077 272.201 311.144 307.618 8,11

    HiginicoFolha Dupla

    63.378 70.726 84.510 80.892 93.159 87.345 98.646 7,65

    Toalha deCozinha 34.622 41.769 49.694 50.269 45.158 45.451 31.294 -1,67

    Toalha deMo

    61.769 71.205 88.224 92.480 104.187 106.390 117.546 11,32

    Guardanapo 21.869 25.061 29.046 27.598 27.346 30.889 36.581 8,95

    Leno 2.338 2.569 1.942 2.540 3.032 2.961 2.979 4,12

    LenoHospitalar

    1.160 252 2.266 2.562 2.606 0 209 -24,85

    Total 596.732 619.012 673.117 684.160 735.049 777.933 787.417 4,73

    Fonte: Bracelpa.

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    crescimento populacional (por causa da queda nas taxas de nata-lidade), o tamanho da populao pode gerar variaes muito gran-des, em termos absolutos.

    Populao Infantil

    Tabela 24

    Taxas de Crescimento Populacional do Brasil

    ANO

    TOTAL VARIAO ABSOLUTA TAXAGEOMTRICA

    DECRESCIMENTO

    Homens Mulheres Total Homens Mulheres (% a.a.)

    1940 20.614.088 20.622.227 41.236.315 0 0

    1950 25.885.001 26.059.396 51.944.397 5.270.913 5.437.169 2,34

    1960 35.055.457 35.015.000 70.070.457 9.170.456 8.955.604 3,04

    1970 46.331.343 46.807.694 93.139.037 11.275.886 11.792.694 2,89

    1980 59.123.361 59.879.345 119.002.706 12.792.018 13.071.651 2,48

    1991 72.485.122 74.340.353 146.825.475 13.361.761 14.461.008 1,93

    1996 77.442.865 79.627.298 157.070.163 4.957.743 5.286.945 1,36

    Fonte: IBGE.

    As estimativas de crescimento da populao brasileira deindivduos com idade abaixo de 1 ano so bastante conservado-ras. Em 2005, esta populao somava 1,7 milho de indivduos. De

    acordo com estimativas do IBGE, esse nmero ser mantido, em2010, e continuar no mesmo patamar at 2020.20

    A estagnao da populao infantil no significa, neces-sariamente, estagnao do mercado de fraldas descartveis, por-que, como dito, ainda que o nmero de crianas com menos de 1ano se mantenha estvel, necessrio saber o que ocorrer com onvel de renda dos pais desses recm-nascidos, bem como a taxade variao da renda por eles percebida. O que a estagnao dapopulao abaixo de 1 ano pode sugerir, de fato, que existe, no

    longo prazo, um fator limitador para o crescimento de tal mercado.

    Comparaes entre o censo de 1980, 1991 e de 2000mostram, com clareza, o envelhecimento da populao brasileira.Enquanto, em 1980, a proporo de pessoas acima de 65 anosde idade equivalia a 4,01% da populao total, em 1991 e 2000,as propores eram, respectivamente, 4,83% e 5,85% do total deresidentes no pas.

    20 De fato, a estimativa do

    IBGE de que a populaocom menos de 1 ano, em2020, seja de 1,6 milho decrianas.

    Populao Acima de65 Anos

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    O envelhecimento da populao impacta o setor de tissueao aumentar a demanda por fraldas geritricas. Assim, em 1991,o pas possua 7,1 milhes de idosos acima dos 65 anos, contra9,9 milhes de idosos na mesma faixa etria em 2000, ou seja, 2,8milhes de indivduos a mais. De acordo com o IBGE, em 2050, onmero de pessoas acima de 65 anos de idade ser equivalenteao nmero de indivduos entre 0 a 14 anos de idade e representar18% do total de residentes no pas. Essa tendncia estrutural, deenvelhecimento da populao, dever provocar um aumento da de-manda por este tipo de produto.

    Os clculos acima mostram a importncia das variaesna estrutura etria sobre o tamanho do mercado de papis tissue(fraldas, em particular).

    A dinmica da populao feminina pode influenciar o mer-cado de tissue, no segmento deabsorventes e produtos para cuida-dos pessoais de duas formas:1) nmero maior de mulheres significademanda maior por tais produtos; e 2) como um maior nmero demulheres est presente no mercado de trabalho, recebendo me-lhores remuneraes, de se esperar que o consumo de produtosdestinados a elas seja tambm maior.

    O crescimento da populao brasileira no apresenta dis-crepncias significativas no tocante ao sexo. Entre 1980 e 1990,observou-se um aumento de 13 milhes de homens na populaobrasileira e de 14 milhes de mulheres.

    Por outro lado, quando se observa a dinmica dos rendi-mentos, por sexo, percebe-se que, entre 1989 e 1999, a remunera-o mdia das mulheres aumentou 28%, em termos reais, enquan-to remunerao mdia dos homens, no mesmo perodo, caiu 14%,segundo estimativas do IBGE.

    Uma vez que o fenmeno da entrada de mulheres no mer-cado de trabalho brasileiro relativamente recente, espera-se quea remunerao feminina continue aumentando, proporcionalmente,nos prximos anos, o que sinaliza boas perspectivas para produtosvoltados aos cuidados femininos.

    Tanto a distribuio de renda quanto as alteraes emsua estrutura interna podem influenciar a demanda por papis

    sanitrios.

    Populao Feminina

    Distribuio deRenda

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    Pases como o Brasil, com grande contingente de pessoasrecebendo salrios muito baixos, apresentam produo e consumode papis de baixa qualidade (folha simples/popular) proporcional-mente maiores.

    Por outro lado, alteraes em tal distribuio, como oaumento da renda dos percentis inferiores, tendem a acarretar asubstituio de produtos de menor qualidade por produtos de maiorqualidade ou gerar demandas mais fortes pelos mesmos tipos depapis, dada a elevada propenso marginal a consumir das classesde mais baixa renda.21

    Desta forma, os fenmenos recentes 1) substituio depapis higinicos de folha simples de boa qualidade por papis de fo-lha simples de alta qualidade e; 2) substituio de papis de folha

    simples por papis de folha dupla acompanham a melhoria darenda dos percentis inferiores da distribuio brasileira, observadanos ltimos anos. Ademais, o aumento da proporo de indivduosauferindo rendas abaixo de dois salrios mnimos explica porque aproduo de papel popular continua crescendo.

    Tabela 25

    Variao do Rendimento Real Domiciliar Per Capita, porQuintil(Em %)

    QUINTIL DERENDIMENTODOMICILIARPER CAPITA

    2002/2001 2003/2002 2004/2003 2005/2004 2005/2001

    1 8,15 -6,35 10,49 10,78 23,96

    2 2,20 -4,37 7,37 7,82 13,15

    3 0,84 -3,98 5,75 7,05 9,61

    4 0,06 -4,42 4,34 5,49 5,27

    5 -0,59 -6,11 1,75 5,96 0,63

    Total -0,17 -5,40 3,27 6,38 3,75

    Fonte: IBGE, PNAD Elaborao da OIT22

    .

    De acordo com Prado (2006), entre 2001 e 2005, o ren-dimento dos 20% mais pobres aumentou 23,96%, enquanto, namdia, os rendimentos subiram 3,75%, acarretando discreta melho-ria na distribuio de renda brasileira (ver Tabela 25).

    21 Neste ponto, vale ressal-

    tar a importncia da redu-o da inflao nas varia-es da renda real recebidapelas classes mais pobres,assim como das variaesobservadas no salrio mni-mo e das polticas pblicasde transferncia de renda.

    22 Prado (2006).

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    A evoluo recente das vendas domsticas contrastada,na Tabela 26, com a produo no mesmo perodo.

    O descasamento existente entre vendas domsticas eproduo aponta a existncia de um volume crescente de exceden-

    tes exportveis. De fato, a relao entre exportaes e produosofreu um pequeno aumento, passando de 4,02%, em 2000, para4,82% em 2006 o que mostra que as variaes na renda do restodo mundo representam vetor no-desprezvel para a anlise devariaes na demanda agregada de tissue.

    EvoluoRecente

    das VendasDomsticas e

    Produo

    Tabela 26

    Vendas Domsticas versusProduo (20002006)(Em t)

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TAXA DECRESCIMENTO(% a.a.)

    VendasDomsticas

    592.054 605.875 637.805 640.815 681.546 724.523 752.271 4,07

    Produo 596.732 619.012 673.117 684.160 735.049 777.933 787.417 4,73

    Diferena 4.678 13.137 35.312 43.345 53.503 53.410 35.146

    Fonte: Bracelpa.

    Alm disso, a poltica cambial brasileira exerceu influnciafavorvel adicional, que est se desfazendo com a recente valoriza-o do real frente ao dlar norte-americano.

    O consumo aparente de papis para fins sanitrios, umaestimativa para o total de produtos comprado por residentes, sis-tematicamente menor que a produo domstica, posto que partedesta produo exportada.

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    Cerca de 80% das vendas de papis sanitrios esto con-centradas nos estados de So Paulo, Santa Catarina, Paran e Riode Janeiro.

    Grfico 3

    Distribuio Regional das Vendas Domsticas de PapisSanitrios 2006

    Fonte: Bracelpa.

    Tabela 27

    Vendas Domsticas de Papis Tissue, por Categoria (20002006)

    TIPOS DEPAPEL

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006TAXAS DE

    CRESCIMENTO(% a.a.)

    HiginicoPopular 31.909 31.438 40.582 41.981 37.406 41.219 39.780 3,74

    FolhaSimplesde BoaQualidade

    193.098 180.184 172.196 173.122 134.929 140.998 149.476 -4,18

    FolhaSimplesde AltaQualidade

    190.029 199.991 195.400 201.263 255.446 298.010 296.106 7,67

    HiginicoFolha Dupla

    56.982 58.790 68.483 66.184 83.627 67.798 89.317 7,78

    Toalha deCozinha

    33.982 38.781 42.822 37.234 42.278 43.154 28.001 -3,18

    Toalha deMo

    61.438 69.772 86.116 89.792 95.974 102.120 112.444 10,60

    Guardanapo 21.522 24.537 28.154 26.937 26.730 28.608 34.179 8,01

    Leno 2.001 2.036 1.935 1.928 2.520 2.616 2.790 5,70

    LenoHospitalar

    1.093 346 2.117 2.375 2.636 0 178 -26,10

    Total 592.054 605.875 637.805 640.815 681.546 724.523 752.271 4,07

    Fonte: Bracelpa.

    DistribuioRegional doConsumo

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    Sob o ngulo do consumo per capita de papis higinicos,pode-se observar que, no acumulado dos ltimos cinco anos, todasas regies geogrficas nacionais apresentaram crescimento, comdestaque para o Sul, Norte/Nordeste (N/NE) e Centro-Oeste (C-O).No pas como um todo, o consumo cresceu em 20% por habitante,o que corresponde a quase 4% ao ano.

    Tabela 28

    Consumo Per Capitade Papel Higinico, por Regies(Em Rolo por Habitante)

    BRASIL N/NE RJ SP SUL C-O

    2001 24,79 11,14 31,34 40,31 26,8 21,07

    2002 27,11 12,46 36,58 42,74 30,6 23,56

    2003 28,88 12,51 37,7 40,45 33,92 26,54

    2004 29,21 13,5 37,2 38,92 34,31 27,522005 30,33 14,85 35,67 41,47 36,82 30,4

    Fonte: Nielsen Consultoria.

    Em So Paulo, mercado mais desenvolvido do pas, oconsumo 36,72% superior mdia nacional, enquanto no Rio deJaneiro esse percentual da ordem de 17,60%. A Regio Norte/Nordeste ainda apresenta consumo de menos de 50% da mdia na-cional. Mais uma vez, o nvel da renda per capita e sua distribuioso vetores determinantes do consumo, alm das demais variveis

    j mencionadas.

    Por fim, vale dizer que a taxa de crescimento de longoprazo da economia tambm consiste em fator estrutural de grandeimportncia para a demanda de papis para fins sanitrios. A evo-luo recente do PIB apresentada, adiante, na seo ComrcioExterior.

    No existem dados oficiais sobre preos de papistissueno Brasil. Ainda assim, foi feita pesquisa de campo em trssupermercados do Rio de Janeiro (Po de Acar, Sendas e Gua-nabara), bem como nos sitesde busca e comparao de preos,Buscap, Froogle e Officenet.23 Foram calculados preos mdios,datados de fevereiro de 2008.

    Com base na anlise da amostra, pode-se concluir que:

    a) O papel higinico de folha simples custa, em mdia,metade do preo dos papis de folha dupla. O preorelativo entre eles parece, pois, acompanhar os custos

    Preos23 Respectivamente: www.buscape.com.br; www.froo-gle.com; www.officenet.com.

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    diretos de produo (ou seja, o papel de duas cama-das custa o dobro do papel de uma camada). O pacotecom oito rolos de papel de folha simples custa, em m-dia, R$ 3,87, enquanto o pacote com quatro rolos depapel de folha dupla custa, em mdia, R$ 3,22.

    b) No Brasil, a Kimberly pratica os maiores preos, en-

    quanto, no exterior, a Procter & Gamble, com a marcaCharmin, apresenta os produtos mais caros.

    Vale notar a novidade lanada pela Kimberly, o Neve Neu-tro, vendido por R$ 7,16 o pacote com 4 rolos de 50 metros cada.24

    Com base na amostra acima, possvel extrair que:

    a) Os preos dos papis higinicos de folha simples sorelativamente mais altos no exterior que no Brasil. En-

    quanto no mercado domstico o preo do papel de fo-lha simples metade do preo do de folha dupla, no

    Tabela 29

    Preos Praticados no Mercado Interno: Produtos Selecionados(Em R$)

    PRODUTOS/EMPRESAS

    KIMBERLY SANTHER MELHORAMENTOS MILI SA MANIKRAFT DAMAPEL

    1. PapisHiginicos FS(Pacote com 8Rolos)

    - Personal(3,79) Sublime(3,79 - 4,14) - - -

    2. PapisHiginicos FD(Pacote com 4Rolos)

    Neve(3,38 4,29)

    Personal(2,98 3,28)

    Softys(3,24)

    Mirafiori(3,36)

    Dualette**(2,59-2,69)

    3. Toalhas(2 Unidades)

    ScottChiffon(2,79)

    Snob(2,59)

    - Mili(2,09)

    - -

    4.Guardanapos(50 Unidades)

    ScottChiffon(1,86)

    Santepel(1,35 1,59)

    Lips(2,59)Kitchen(1,05)

    - - -

    5. Lenos (50Folhas)

    Kleenex(12,88)

    - Softys(1,83)

    - - -

    6. Fraldas Turma daMnica*(27,00)

    - - - - -

    Fonte: Buscap/Froogle.*Pacote com 11 fraldas.**A empresa fabrica tambm papis de folha tripla.

    24 A metragem padro de30 metros. Deve-se notarque o preo praticado pelaKimberly duas vezes maiorque o produto convencional(com 30mX4 = 120m ), sen-do o volume apenas 70%maior (50mX4= 200m).

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    exterior, os dois tipos de papel possuem diferenas depreo muito pequenas.

    b) As toalhas de papel nacionais so relativamente maiscaras que as toalhas americanas ( taxa de conversode 1:1,8). Em mdia, as toalhas de papel nacionaiscustam R$ 2,44, enquanto nos EUA custam, em m-dia, US$ 1,29 (R$ 2,33).

    c) O preo dos guardanapos nacionais , em mdia, R$1,82, enquanto nos EUA custam, em mdia, US$ 2,75(R$ 4,95).

    O preo dos papis higinicos de folha dupla no exte-rior difere dos preos de papis higinicos de folha dupla nacionais,tanto no que diz respeito ao preo mdio praticado (um pouco maiornos EUA) quanto varincia do preo (tambm maior nos EUA). Amdia e a varincia mais elevadas so oriundas da maior varieda-de de produtos, inclusive de produtos do tipo premium(com 3 ou 4camadas de papel) mais comuns em mercados com maior rendaper capita.

    Tabela 30

    Preos Praticados nos EUA, Produtos Selecionados(Em US$)

    PRODUTOS/EMPRESAS GEORGIA PACIFIC KIMBERLY CLARK PROCTER & GAMBLE

    1. Papis higinicos FS* - Scott

    (3,19 3,99 )

    Charmin

    (2,39 3,15)

    2. Papis higinicos FD Angel Soft / QuiltedNorthern(1,49 2,49)

    - Charmin**(4,49 8,89)

    3. Toalhas(Pacote com 2 Unidades)

    (1,04 1,48) Scott(0,86 1,73)

    -

    4. Guardanapos(Pacote com 50Unidades)

    (1,60 3,90) -

    5. Lenos SoftnGentle

    (1,29-1,59)

    Kleenex

    (1,29-2,29)

    Puff

    (2,49 3,99)6.Absorventes - - Tampax / Always (7,99

    - 8,99)

    7. Fraldas - Huggies(9,49 12,34)

    Pampers(7,37-11,49)

    * Os papis de folha simples vm em pacotes de 8 rolos, enquanto os de folha dupla vm em pacotes com 4 rolos.** Pacote com 12 rolos.

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    As fraldas descartveis so produtos com elevado grau dediferenciao. Assim, a comparao entre os produtos torna-se am-bgua, uma vez que, por exemplo, nos EUA so vendidos pacotescom unidades diferentes das unidades no Brasil. O custo por fralda custo unitrio poderia ser calculado, no fosse o fato de esteser tambm muito variado (de acordo com o tamanho de fralda) epor razes de escala: pacotes maiores possuem preos unitriosmenores e vice-versa.

    A dinmica do setor externo mais bem compreendidacom base na anlise de trs variveis de fundamental importncia

    na explicao dos fluxos internacionais de produtos (e capitais au-tnomos): 1) ataxa de cmbio; 2) o nvel de atividade econmicainternacional; e 3) o nvel de atividade econmica domstica.25

    Comrcio

    Exterior

    Tabela 31

    Taxas de Cmbio e de Crescimento do PIB (20002007)

    ANOS/COTAES

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    R$/US$

    (Mdias)

    1,80 2,35 2,92 3,08 2,93 2,44 2,18 1,95

    PIBInternacional(Taxa deCrescimento% a.a.)26

    4,8 2,5 3,1 4,0 5,3 4,8 5,4 5,2

    PIBDomstico(Taxa deCrescimento% a.a.)

    4.3 1.3 2.7 1.1 5.7 2.9 3.7 4.4

    Fonte: FMI (PIB), Bacen (taxas de cmbio).

    25 A taxa de cmbio vari-vel fundamental para asdecises econmicas decompra, venda e investi-mentos externos, pois alte-ra o preo relativo entre osprodutos internacionais e osdomsticos (o preo recebi-do pelo exportador nacionale o preo pago por produtosimportados), assim como ofluxo de rendimentos es-perado para certos inves-timentos que, vale aindalembrar, depende tambmdos diferenciais entre astaxas de juros domstica einternacional.

    26 PIB a preos constantesdeflacionado pelas taxas decmbio.

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    Entre 1994 e 2007, o Brasil vivenciou variados regimescambiais e diferentes padres de evoluo da taxa de cmbio R$/US$. Observam-se momentos de valorizao e desvalorizao (emregimes de cmbio fixo ou de bandas mveis) e de apreciaese depreciaes, aps a flexibilizao do regime, desde 1999. En-tre 2000 e 2003 possvel notar movimento de depreciao dataxa de intercmbio (da ordem de 62,22%), revertido a partir de2003. Desde ento, observou-se apreciao sistemtica das taxasde cmbio.27

    O fluxo internacional de papis tissue (exportaes eimportaes) oscilou, nos ltimos anos, em consonncia com asvariaes nas taxas reais de cmbio e com as variaes do PIBinternacional e domstico.

    Assim sendo, observa-se no somente crescimento rela-tivo das exportaes concomitante com a desvalorizao do realfrente ao dlar, entre 2000 e 2004, mas tambm, incremento rela-tivo das importaes quando da valorizao da moeda nacionalfrente a norte-americana, ao longo de 2007.

    Do mesmo modo, o crescimento das exportaes apare-ce associado ao crescimento do PIB internacional e, o crescimentodas importaes, ao PIB domstico.

    O comrcio internacional pode depender, ainda, de outrostrs fatores: 1) do tamanho das economias; 2) de suas taxas decrescimento; e 3) da distncia entre os mercados.28

    Dada a elasticidade-renda das importaes de cada pas(ou propenso marginal a importar, definida como o quociente entreaumento das importaes e aumento do PIB), as suas importaesdependero no somente das taxas de intercmbio, mas tambm

    do crescimento da renda pessoal disponvel domstica. Desta for-ma, deve-se destacar a influncia dos atuais (elevados) nveis decrescimento do PIB mundial (puxado pela China, ndia e EUA) so-bre as exportaes brasileiras (importaes dos outros pases).

    Por outro lado, o crescimento do PIB domstico, capitanea-do pelas exportaes, induzir novas importaes.29

    Alm do efeito externo, o PIB brasileiro tem sido forte-mente impactado pelo desempenho da indstria nacional que, por

    sua vez, retroalimentada pela elevao do consumo domstico.Ademais, os investimentos do PAC, somados ao atual nvel

    As Taxas deCmbio

    O Nvel deAtividade

    EconmicaInternacional

    27 Entre 2003 e 2007, a taxade cmbio passou do pa-tamar mdio de 3,08 para1,95, mostrando apreciaode 36,68%. A apreciaoprosseguiu, e a taxa decmbio, em maio de 2008,alcanou R$1,62/US$.

    28 Ver Isard, The GravityEquation, 1954.29

    O efeito final dependerdas elasticidades das expor-taes e das importaes.

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    Como possvel observar na Tabela 32, os principais pro-dutos exportados pelo setor, em 2006, foram: 1) papel higinico defolha dupla e 2) papel higinico de folha simples de alta qualidade;estes apresentaram a extraordinria taxa de crescimento de 27%a.a., entre 2000 e 2006. Deve-se notar, entretanto, que as exporta-es, ainda que tenham crescido entre 2000 e 2006, sofreram fortequeda entre 2002 e 2006 (de 37,5 %).

    Tambm merece destaque o extraordinrio crescimen-to das exportaes de toalhas de mo e guardanapos, 36,94% e29,28% a.a., respectivamente.

    Tabela 32

    Exportaes de Papis Tissue, por Tipo de Produto (20002006)

    TIPOS DE PAPEL 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006TAXAS DE

    CRESCIMENTO(% a.a.)

    Higinico Popular 44 172 95 0 0 1 0

    Folha Simples deBoa Qualidade

    3.061 1.387 3.203 2.943 744 3.368 572 -24,39

    Folha Simples deAlta Qualidade

    2.239 3.677 2.236 3.392 20.751 18.880 9.511 27,26

    Higinico Folha

    dupla

    6.844 10.802 16.154 16.158 16.320 18.564 10.962 8,17

    Toalha deCozinha

    711 3.069 6.577 7.725 2.856 1.255 1.056 6,82

    Toalha de Mo 251 1.405 734 759 725 1.415 1.655 36,94

    Guardanapo 248 762 551 684 643 842 1.158 29,28

    Leno 319 422 66 82 368 82 222 -5,86

    Leno Hospitalar 0 0 0 0 0 0 0

    Total Exportado 13.717 21.696 29.616 31.743 42.407 44.407 25.136 10,62

    Produo deTissue

    596.732 619.012 673.117 684.160 735.049 777.933 787.417 4,73

    Exportao/Produo

    2,30 3,50 4,40 4,64 5,77 5,71 3,19 5,63

    Taxa de CmbioMdia do PerodoR$/US$

    1,80 2,3 2,9 3,07 2,9 2,4 2,17

    Fonte: Bracelpa.

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    As importaes de papel apresentadas pela Bracelpa se-guem o captulo 48 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM),que difere um pouco da nomenclatura da prpria Bracelpa.31 Combase nos cdigos NCM, possvel analisar, por meio de dados daSecex, o quantumexportado e importado de cada rubrica.

    O pas superavitrio (em quantidade) no comrcio damaioria dos papis tissue(papis higinicos, lenos, toalhas e guar-danapos), com exceo do mercado de fraldas e lenos hospitala-res, em que possvel observar alguns anos deficitrios.

    Novamente, a taxa de cmbio mostra sua relevante in-fluncia sobre o quantumexportado e importado, refletindo-se nareduo das exportaes e no aumento das importaes, no binio20062007.

    A maior parte das exportaes brasileiras de tissuedes-tina-se aos EUA e Amrica Latina & Caribe com exceo dasfraldas, exportadas tambm para o continente africano.

    A maioria das importaes brasileiras do produto oriun-da do Cone Sul e dos EUA. Toalhas, guardanapos e fraldas soimportadas, em menores quantidades, de outros parceiros comer-

    ciais como China, Taiwan e Alemanha, ao mesmo tempo em queso exportadas tambm para outros parceiros como Guatemala,Trinidad e Tobago e Panam.

    importante ressaltar que parte do comrcio internacional feito intrafirmas, isto , empresas transnacionais que possuemunidades no s no Brasil, mas tambm no Cone Sul, compram desua filial num desses pases e distribuem nos supermercados bra-sileiros. Este parece ser o caso da Kimberly no mercado de fraldasdescartveis.

    A anlise dos fluxos internacionais de comrcio se tornamais interessante e compreensiva quando se comparam exporta-es e importaes, em valor, e o conseqente Balano Comercialnum determinado perodo.

    O primeiro fato notrio consiste nos sistemticos super-vits na balana comercial dosetor, entre 20002006, para quase to-dos os tipos de papis tissue, exceto lenos hospitalares e fraldas.

    Importaes eSaldo Comercial(Quantum)

    Destino dasExportaese Origem dasImportaes

    A BalanaComercial

    31 De acordo com a NCM,os papistissue so agre-gados em seis rubricas:a) 48.18.10.00 - Papelhiginico;b) 48.03.00.90 - Outrospapis para fabricao depapel higinico e toucador;c) 48.18.20.00 - Lenos;d) 48.12.30.00 - Toalhas eguardanapos;e) 48.18.40.10 - Fraldas;f) 48.18.90.90 - Leno etoucador hospitalar.

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    Em segundo lugar, vale notar que, aos nveis atuais detaxa de cmbio, o supervit exaurido. De fato, em 2006, o setorfoi deficitrio e, em 2007, at outubro, o setor apresentava supervitcorrespondente a apenas 15% do valor observado nos cinco anosanteriores.

    Com a valorizao da moeda brasileira frente ao dlarnorte-americano, o mercado interno foi parcialmente suprido, desde2005, com produtos importados dos EUA, da Argentina e do Chile.Como exemplo, vale notar que as importaes de fraldas cresce-ram 100% entre 20002006, quando companhias como a Procter& Gamble do Brasil introduziram, no mercado interno, as fraldasPampers Active, produzidas na Argentina, e as calcinhas (pants)descartveis produzidas nos EUA.

    A taxa mdia de crescimento da produo domstica depapis tissue, entre 2000 e 2006, foi de 4,73% a.a., enquanto a pro-duo mundial cresceu taxa de 4,35% a.a., no mesmo perodo.32

    A maior parcela de tissueproduzida no Brasil atende omercado de papis higinicos de folha simples (de boa e alta quali-dade), seguido das toalhas de mo e dos papis higinicos de folhadupla. No entanto, observa-se uma gradativa reduo da demanda

    por papis de folha simples, substitudos por papis de folha du-pla, como ocorreu em pases em avanado estgio de desenvolvi-mento. Esta realidade nacional, de supremacia dos papis de folhasimples, contrasta com o panorama internacional, uma vez que amaioria dos pases desenvolvidos utiliza, proporcionalmente, me-nos papis de folha simples. Alm disto, observa-se substituio naproduo de papis de folha simples de boa qualidade porpapisde folha simples de alta qualidade, como reflexo na melhoria darenda dos percentis inferiores da distribuio.

    A demanda por este tipo de papel bastante sensvels variaes de renda,bem como s variaes na distribuio derenda,sobretudo quando se trata dos percentis inferiores. Assimsendo, a reduo dos nveis de inflao (e, conseqentemente,do imposto inflacionrio) associada s polticas de renda-mnimapassaram a se constituir em fatores importantes para o crescimen-to das vendas de papis para fins sanitrios. Aponta-se, ainda, ocrescimento populacional como um dos fatores relevantes para odinamismo da demanda.

    A estrutura de oferta domstica de papis do tipo tissue

    no se alterou significativamente nos ltimos 15 anos, apresentan-do, em 2006, quase os mesmos produtores observados em 1990. A

    Concluses

    32 Uma srie mais longa, en-tre 1980 e 2006, aponta parauma taxa histrica de cresci-mento de 4,8% a.a, diferindo,minimamente, da taxa obser-vada em perodo recente.

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    exceo foi a entrada da Kimberly-Clark, por meio da aquisio daunidade de tissueda Klabin, em 1998. Observaram-se, entretanto,pequenas alteraes no rankingdo setor. Alm disso, num olharpormenorizado, possvel observar que, em determinados nichos,o dinamismo mais latente.

    A estrutura internacional da oferta tambm pouco se al-terou no tocante aos seus participantes, mostrando, entretanto,dinamismo em termos da distribuio de seu market-share. Emparticular, nota-se a tomada de liderana pela Kimberly-Clark eo aumento da participao de mercado da Georgia Pacific e daSCA. As indstrias nacional e mundial apresentam-se como umoligoplio diferenciado.

    As exportaes brasileiras, como proporo da produ-o domstica total, aumentaram entre 2000 e 2006, passando de

    2,30% para 3,19%. A participao brasileira no comrcio interna-cional no muito significativa, e nossas exportaes representa-ram apenas 0,09% das vendas mundiais, em 2006. Alm disso, aabundante oferta de matria-prima e a distncia de outros centrosprodutores no fazem do Brasil um importador do produto. A re-centevalorizao cambial tem gerado impactos negativos sobre abalana comercial do setor.

    Imperfeies de mercado alta concentrao, em particu-lar fazem com que polticas de expanso da oferta tenham pou-co impacto sobre os preos, uma vez que o carter oligopolista daindstria a mantm operando com nveis elevados de capacidadeociosa. Esse fato sugere a possibilidade de coordenao implci-ta de preos, situao em que as firmas com maior custo definemseus preos e as firmas mais eficientes aproveitam a quase-rendado oligoplio. Tais imperfeies so mais notrias no Brasil que noresto do mundo.

    A combinao das atuais taxas de crescimento econmi-co e demogrfico do Brasil com melhorias na distribuio de rendae elevado nvel de utilizao da capacidade instalada (ao redor de

    79%, em 2006) sugere uma oportunidade para o crescimento domercado domstico de papis sanitrios e, portanto, para a entradade novas firmas e/ou expanso de capacidade das firmas existen-tes. Alm disso, o incentivo entrada de novas empresas reduziriao grau de concentrao de alguns nichos industriais, acirrando aconcorrncia, aumentando a oferta de produtos e beneficiando, emltima instncia, os consumidores finais.

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    276 A Indstria de Papis Sanitrios Panorama Mundial e Brasileiro

    De acordo com a teoria microeconmica neoclssica, osbens podem ser classificados como normaisou inferiores de acor-do com o sinal da elasticidade-renda da demanda. Podem, ainda,ser denominados substitutosou complementares, conforme o sinalda elasticidade-preo cruzada.

    Se, de um lado, o consumo de um bem se eleva quandoa renda do consumidor aumenta, este dito um bem normal (esua elasticidade-renda positiva).33 Se a elasticidade-renda de umdado produto 1,2, por exemplo, isto significa que variaes de 1%na renda do consumidor acarretam variaes de 1,2% no consumodeste bem.

    Se, de outro lado, o consumo de um bem se reduz quandoa renda do consumidor se eleva, este bem dito inferior. Existe,

    ainda, um tipo particular de bem inferior, denominado bem de Giffen aquele que quando seu preo aumenta, sua demanda tambmaumenta.34

    .Os bens normais se dividem ainda em bens de necessidadee bens de luxo. Os primeiros se caracterizam por variaesno consumo menos que proporcionais s variaes na renda,apresentando elasticidade-renda compreendida no intervalo 0

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    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 28, p. 233-278, set. 2008 277

    Tabela 33

    Elasticidades Mdias do Perodo 2000200535

    ITENS/ANOS MDIA

    Higinico Popular 2,33

    Folha Simples Boa Qualidade -3,66

    Folha Simples Alta Qualidade 4,62

    Higinico Folha Dupla 7,29

    Toalha de Cozinha 1,17

    Toalha de Mo 5,60

    Guardanapo 3,37

    Leno 4,56

    Leno Hospitalar 75,00

    Fonte: Bracelpa/Bacen.

    Tabela 34

    A Taxonomia dos Produtos Tissue

    PRODUTOSNORMAL INFERIOR

    SUBSTITUTOS36 COMPLEMENTARESNecessidade Luxo Giffen No-Giffen

    HiginicoPopular

    x FS boaqualidade

    Dispensers

    FSBQ

    x Higinicopopular,FS altaqualidade

    Dispensers

    FSAQ x FD Dispensers

    Folha Duplax FS alta

    qualidadeDispensers

    Toalha deCozinha

    x Tecidos

    Toalha deMo

    x Tecidos

    Guardanapo x Tecidos

    Leno x TecidosLenoHospitalar

    - - - - Tecidos

    35 Vale, ainda, ressaltaras elevadas elasticidadesapresentadas pelos papisleno e leno hospitalar,que, contudo, devem serconsideradas com cautela,pois certamente demons-tram que a demanda va-riou intensamente por fato-res outros alm da renda.Como a produo deles muito pquena dentro do se-tor, pequenas variaes nomontante produzido geramvariaes percentuais ele-vadas, que se refletem naelasticidade-renda.

    36 Deve-se notar que a subs-titubilidade/complementa-riedade dos bens foi definidade modo apenas intuitivo eno de modo preciso, atra-vs do estudo das elastici-dades-preo cruzadas.

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    BNDES BANCO NACIONALDE DESENVOLVIMENTO ECONMICOE SOCIAL.BNDES 50 anos: histrias setoriais. Rio de Janeiro: BNDES,2002.

    BRACELPA ASSOCIAO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL. Relatrioanual. So Paulo:Bracelpa, 20002007.

    IBGE INSTITUTO BRASILEIRODE GEOGRAFIAE ESTATSTICA. Censos 1991e 2000. Rio de Janeiro: IBGE.

    MATTOS GRION, R. & VALENA, A. C. Papis para fins sanitrios.Informes Setoriais, BNDES, 1999.

    MACEDO, A. et al. Papis para fins sanitrios. BNDES Setorial,n. 5, mar. 1997.

    NEEDHAM, J. Science and civilization in China. Chemistry and

    Chemical Technology, Paper and Printing, vol. 5, parte 1. Taipei:Caves Books, Ltd. 1996.

    PRADO, A. A queda da desigualdade e da pobreza no Brasil. Visodo Desenvolvimento, n. 14, set. 2006.

    Sitesoficiais das empresas do setor.

    THE TISSUE MAGAZINE, May 2003. Disponvel em:< http://www.tissuemagazine.com/>.

    Referncias