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Paraná&Cia A Revista de Economia e Negócios do Paraná Ano 8 nº 53 - setembro \ outubro de 2008 - R$ 8,00 O Copacabana Palace das DEPOIS DE GANHAR LICITAÇÃO, A EMPRESA INGLESA ORIENT-EXPRESS HOTELS, MESMA ADMINISTRADORA DO COPACABANA PALACE, PLANEJA INVESTIR 59 MILHÕES EM REFORMAS NO HOTEL. VEJA TAMBÉM Entrevista com o novo Presidente da Kraft Foods no Brasil. CATARATAS VISTA PRIVILEGIADA De um lado a bela arquitetura com pintura cor-de-rosa do Hotel das Cataratas. Do outro a deslumbrante presença das quedas d´água.

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A Re v is t a de Ec o n o mia e Negócios do Paraná depois de ganhar licitação, a empresa inglesa orient-express hotels, mesma administradora do copacabana palace, planeja investir 59 milhões em reformas no hotel. veja também Entrevista com o novo Presidente da Kraft Foods no Brasil. Vista PriVilegiada De um lado a bela arquitetura com pintura cor-de-rosa do Hotel das Cataratas. Do outro a deslumbrante presença das quedas d´água. Ano 8 nº 53 - setembro \ outubro de 2008 - R$ 8,00

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Paraná&CiaA Revista de Economia e Negócios do Paraná

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O Copacabana Palace das

depois de ganhar licitação, a empresa inglesa orient-express hotels, mesma administradora do copacabana palace, planeja investir 59 milhões em reformas no hotel.

veja também

Entrevista com o novo

Presidente da Kraft Foods

no Brasil.

cataratas

Vista PriVilegiada De um lado a bela

arquitetura com pintura cor-de-rosa

do Hotel das Cataratas. Do outro

a deslumbrante presença das quedas

d´água.

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O Paraná não escapou ileso da crise financeira, mas pelo menos conseguiu ame-nizar um pouco o estrago. Com uma economia forte-mente ligada a commodities agrícolas, a crise no Estado vem à ritmo lento já que as safras de 2008 e 2009 já esta-vam garantidas e os insumos comprados. Assim, os da-nos causados pela restrição de crédito só deverão ser acentuados no ano que vem, quando os agricultores te-rão de fazer o planejamento da próxima safra. Enquanto isso, setores mais dinâmicos como o imobiliário e o de produção de automóveis já se preparam para enfrentar as quedas de vendas, já que, neste caso, a restrição dos financiamentos, principal-mente dos bancos privados, está fazendo que a economia deste setor desaqueça mais rapidamente. Mas ainda não é momento de se prever o

A Revista Paraná&Cia é uma publicação bimensal da Editora Ecocidade.Rua XV de Novembro, 1700 cj 07 Alto da Rua XV - Curitiba/PR CEP - 80050-000Tel (41) 3082.8877Impressão - Gráfica Capital

Jornalista Responsável - Bernardo Staviski | [email protected] de Capa - A.Marchetti/Itaipu Binacional Colaboradores - Luis Gaspar, Celsio Correato, João Alberto Simião,José Eduardo Moskevicz, José Roberto da Silva e Souza e Oscar C. Dizzimoto. Assistente de Arte - Lucas Staviski

pior. Muitas empresas, basea-das no crescimento constante de pouco tempo atrás, reali-zaram investimentos e estão apostando no Paraná. Nesta

edição da Paraná&Cia traze-mos alguns exemplos disso como o das empresas paulistas Abiara e a Cirela, que desem-barcaram no Estado para in-vestir na construção civil, e da empresa curitibana de trans-porte e locação Ouro Verde, que aproveitou o crescimento do setor sucroalcooleiro para atuar no mercado de aluguel

de colhedoras de cana-de-açúcar.

No turismo também se vê esperança de um cenário melhor: na matéria de capa mostramos como a empre-sa inglesa Orient-Express Hotels, depois de ganhar licitação do arrendamento do Hotel das Cataratas, vai investir 59 milhões em obras de recuperação das instala-ções e de proteção ao meio-ambiente.

Enquanto o turbilhão co-meça a passar e os nervos se acalmar, a Bovespa já esboça sinal de crescimento e o dó-lar começa a cair, devendo ficar perto de 1,90, o que é bom para o exportador e para quem quer fazer turis-mo. Não dá para dizer que tudo voltará a ficar como an-tes, mas o Brasil e o Paraná, com certeza, enfrentam bem este período de turbulência.

O Editor

Da Redação

Nem tudo está perdido

Paraná&Cia

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Nesta Edição

O Copacabana Palace das CataratasDepois de ganhar licitação do Hotel das Cataratas, a empresa inglesa Orient-Express Hotels vai investir R$ 59 milhões em obras de recuperação das instalações e de proteção ao meio-ambiente.

EntrevistaNovo presidente da Kraft Foods no Brasil, o americano Mark Clouse pretende repetir aqui o sucesso que teve na China, quando duplicou o faturamento da empresa naquele país.

LiderançaEm Curitiba para a abertura do Congresso Fenabrave, o presidente da aliança dos grupos Renault-Nissan, Carlos Ghosn anunciou o lançamento de dois novos veículos e antecipou as metas de vendas.

Depois de sair de uma crise, a Construção Civil em Curitiba hoje enfrenta um “boom” sem precedentes e deve crescer mais de 10% em 2008.

Mercado

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Pág. 38

Índicee-commerce.......................................................20

Expansão.............................................................24

Mercado Pet.........................................................26

Agronegócio.....................................................28

Aquisições.....................................................36

Novos Mercados.................................................40

Investindo no crescimento do e-commerce e na sua expansão física, o Grupo MM Mercadomóveis quer dobrar de tamanho até 2012.

Buscando novos nichos de mercado, a empresa paranaense Visum inaugura nova fábrica em Manaus com investimentos de R$ 4 milhões e prevê crescimento de 300%.

Aproveitando a expansão do mercado pet, a empresa paranaense Organnact dobra de faturamento descobrindo um novo nicho nesse segmento.

Aproveitando o crescimento do setor sucroalcooleiro, a empresa curitibana de transporte e locação Ouro Verde parte para o mercado de aluguel de colhedoras de cana-de-açúcar.

Por meio de sua subsidiária nos EUA, a paranaense Bematech adquire integralmente a Logic Controls para ampliar segmento de hospitality.

Aproveitando um nicho ainda pouco explorado, a Imcopa pretende conquistar o público brasileiro preocupado em não consumir produtos transgênicos, saltando de 10% para 51% da produção destinada ao mercado interno.

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Entrevista

5 anos para dobrar de tamanho

Mark Clouse - Presidente da Kraft Foods no Brasil

Formado numa das mais prestigiadas academias militares do mundo, a West Point, no seu tempo de caserna foi considerado um dos maiores es-pecialistas do mundo em helicópteros russos, mas trocou a farda pelo terno e vida de executivo. Passou os primeiros cin-co anos em diversos negócios na área de marke-ting e depois em vendas, cuidando de algo que era relativamente novo na época, o Sam’s Club. Quando voltou ao marketing, começou a cuidar de unidades maiores. Ficou responsável pelo se-tor de queijos da companhia, uma categoria que movimenta US$ 1,3 bilhão ao ano, dentro do fa-turamento global da empresa de US$ 40 bilhões.

O sucesso nesta área foi a recomendação para o executivo ser enviado a China, dois anos atrás, onde os negócios da Kraft não iam bem. Rapidamente ele dobrou o resultado da companhia, de US$ 200 milhões para US$ 400 mi-lhões, implantou a compra da divisão de biscoitos da Danone na região, e ganhou novo crédito com o board. Foi enviado ao Bra-sil, onde está desde janeiro na sede da empresa em Curitiba, para agora dobrar o tamanho da operação brasileira que, em 2007, faturou R$ 3,6 bilhões. A seguir, a entrevista que também inaugura um estilo aberto e menos low profile na empresa:

Aos 28 anos Mark Clouse ingressou na Kraft Foods, nos Estados Unidos, após uma bem-sucedida carreira como piloto de helicóptero e oficial do exército, aliando o fato de ser bom jogador de basquete.

PR&Cia▶ Como o Sr. in-gressou na Kraft?Mark Clouse▶ Existe uma grande variedade de empre-sas nos EUA que contam com um programa chamado JMO (Junior Military Offi-cer), que busca líderes den-tro do exército e levam para o meio empresarial. Após sair de West Point (academia de elite do exército america-no) e cumprir 6 anos e meio nas forças armadas, vivendo em vários lugares como Co-réia, Honduras e Alemanha, eu fui chamado pela Kraft, que tinha uma parceria com esse programa. Penso que, numa carreira, o sucesso está muito ligado às pessoas que trabalham com você. E tive muita sorte por trabalhar com pessoas fantásticas na Kraft, onde aprendi muito. Realmente tive ótimos resul-tados na divisão de queijos e havia uma boa relação de trabalho com a maioria dos que tinham cargos de chefia. Foi nessa época que a Kraft Internacional e a Kraft Nor-te americana se juntaram e, quando isso aconteceu, per-cebi uma ótima oportunidade

fora dos EUA, na China, num papel estratégi-co para desen-volver o merca-do de queijos na região. Os ne-gócios em Sin-gapura não esta-vam indo muito

bem e então pude juntar o conhecimento sobre queijos com o conhecimento militar.

PR&Cia▶ O que estava acontecendo com a subsidi-ária da Kraft na China?Mark Clouse▶ Duas coi-

Para aumentar a caPacidade

de Produção de chocolates na

caPital Paranaense

serão inVestidos

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Precisando dar uma cara nova Para seu veículo de comunicação?

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não Precisa ir muito longe Para isso. Órgãos, Conselhos, Empresas, entre tantos outros, buscam através de veículos informativos a fórmula ideal para atingir o seu público. Mais do que levar informações, uma boa comunicação é um marco para a gestão que quer aumentar sua proximidade com seus parceiros, colaboradores e clientes. Com a Editora Ecocidade, o tratamento da informação da sua instituição é diferenciado.

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sas estavam acontecendo ao mesmo tempo: primeiro, a empresa estava percebendo que estava muito dependen-te dos negócios na América do Norte, e precisávamos aumentar a porcentagem dos nossos negócios nos merca-dos do mundo todo. Sempre tivemos uma operação for-te na Europa, mas a decisão foi a de que iríamos focar em cinco mercados: China, Rús-sia, Brasil, México e Índia. Havia um grande senso de demanda na China, mas nos-so negócio era pequeno e em declínio, de cerca de US$ 200 milhões, e eu tinha a respon-sabilidade por Hong Kong, Taiwan e o território princi-pal. A realidade era que es-távamos vendendo produtos ocidentais para os chineses. Este foi o desafio com que tive de lidar. Havia uma forte concorrência na China, tan-to global quanto regional. O outro grande problema que tivemos é que estavamos ten-tando fazer tudo ao mesmo tempo. Investíamos em 15 marcas diferentes, em 50 a 60 projetos paralelamente, e trabalhando com uma orga-nização muito jovem e inex-periente, sem entender real-mente aonde estavamos indo, ou qual era a visão. O grupo Kraft, em geral, é uma com-binação de aquisições ao lon-go dos anos, como a da Na-bisco, e acabamos com uma combinação de negócios, sem seguir uma estratégia clara. Quando você não tem dire-ção numa organização, um gerente de uma marca acaba tentando resolver seu pro-blema, enquanto o gerente de outra marca tenta resolver o dele. Estavamos realmente perdendo em muitos casos.

PR&Cia▶ O que o Sr. fez?Mark Clouse▶ A primeira e a mais importante coisa que fi-zemos foi alinhar a equipe de liderança a certos princípios e direções. Foram duas ações para fazer isso: primeiro jun-tar todas essas pessoas numa sala e deixar claro que elas se-rão cobradas e remuneradas pela performance de todos juntos. Então decidimos quais eram os pontos fortes e fra-

cos do portfólio com o qual estávamos lidando. Focamos em conseguir vitórias rápidas com os produtos já fortes, pa-rando o “sangramento” dos que iam mal. Também haviam os produtos “neutros”, en-quanto tentava-se arrumar os outros dois tipos. Chamamos isso de “gerência de crise”. Depois, na segunda etapa, a estratégia foi a de perceber quais marcas tínhamos e o que elas significavam para os consumidores chineses. Por exemplo, um grande suces-so foi quando reformulamos o Oreo (biscoito recheado).

Produtos doces não são mui-to procurados pelos chineses e tínhamos a mesma compo-sição no Oreo na China e no EUA. Nós desenvolvemos uma versão menos doce, com o mesmo chocolate escuro e recheio branco, mas mais adequado ao perfil de sabor que os chineses tinham. Fun-cionou muito bem. Então desenvolvemos uma linha de biscoitos Waffer, em diferen-tes formatos que eram com-patíveis com o que os chine-ses queriam. Foi assim que o Oreo se tornou o “motor” da nossa operação na Chi-na. Dobramos o negócio em dois anos. Falei com a China recentemente, e Oreo man-tém metade do negócio lá, e se espalhou pelos três merca-dos. É uma ótima história de sucesso, de como pegar uma marca que é um ícone ameri-cano e torná-la em um ícone chinês. Não podíamos pensar como uma empresa america-na, e sim como chinesa. Fize-mos isso com Tang e em algu-mas outras marcas. Isso após um tempo fez com que todo o negócio na China cresces-se. O time começou a sentir o gosto da vitória novamente. No começo era preciso “em-purrar” e pouco antes de sair apenas “dava apoio”.

PR&Cia▶ E como foi sua vinda para o Brasil?Mark Clouse▶ Quando saí dos EUA haviam dois mer-cados que eu queria muito conhecer. Primeiro o Brasil, depois a China. O Brasil não estava disponível na épo-ca. Conhecia muito bem o portfólio daqui. Para ser ho-nesto, o Brasil tem sido um negócio-modelo para a Kraft há alguns anos. Como forta-

“Não podíamos pensar como uma empresa americana, e sim como chinesa. Fizemos isso com Tang e em algumas outras marcas. Isso após um tempo fez com que todo o negócio na China crescesse. O time começou a sentir o gosto da vitória novamente. ”

Entrevista Mark Clouse - Presidente da Kraft Foods no Brasil

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lecer marcas fortes regional-mente, como Sonho de Valsa, Bis, e como fazer uma marca global como Tang num mer-cado como esse. Posso dizer que, sem dúvida, é a melhor organização de vendas da Kraft. O Brasil foi uma orga-nização que teve muito suces-so, mas nos últimos anos, em nossa própria avaliação, esta-mos apenas indo “bem”. En-tão, temos um problema di-ferente para resolver: ótimas pessoas, ótimos negócios, marcas bem desenvolvidas, mas provavelmente não ven-dendo o seu potencial real.

PR&Cia▶ E qual é a saída para esta situação?Mark Clouse▶ Uma combi-nação de coisas. Quando você tem pontos fortes – o que nós temos - você tende a ficar de-pendente. Somos muito bons na execução, no ponto de vendas e ficamos muito de-pendentes disso. Acho que, como temos muitas marcas boas, é um desafio evoluir e adaptar essas marcas às neces-sidades de um novo consu-midor, ou de um consumidor em evolução. Para realmente merecer essa liderança, é pre-ciso manter o que você faz bem, mas desenvolver outras áreas como inovação, trazen-do o que chamo de “conjun-to de idéia de liderança” e programas que deixam bem claro que somos os líderes do mercado. Pela minha pers-pectiva, o que temos de fazer é tentar “soltar”, destravar o potencial que já existe aqui. Um líder, em grande parte dos casos, é avaliado somen-te após sua saída da empresa. Então, “soltando” a criativi-dade e o potencial, estaremos criando uma organização

que será bem sucedida pe-los próximos 10 ou 15 anos.

PR&Cia▶ A Kraft já tem muita tradição em comprar empresas. Isso significa tam-bém novas aquisições e par-cerias?Mark Clouse▶ O que sem-pre falo sobre joint-ventures, aquisições ou fusão pode até

soar como um disco risca-do: quando você sabe o ca-minho estratégico em que se está, então você procura por parceiros que possam aju-dar a você “acelerar”. Então a resposta a sua pergunta é que estamos sempre a procu-ra de parceiros que possam nos ajudar a “acelerar” pelo nosso caminho estratégico. Se fusões e aquisições fize-rem parte da estratégia, às vezes pode-se esperar uma vida inteira para elas ocorre-rem. A aquisição da Danone,

na China, foi bem-sucedida por ser uma grande empresa e também porque tínhamos uma visão muito clara da di-reção que queríamos seguir. A parceria com a Sadia ago-ra é um grande exemplo. É muito importante entender e se alinhar com a visão e dire-ção dos parceiros, e ter uma situação clara onde todos se beneficiam da experiência, e acho isso muito importante para que haja sucesso.

PR&Cia▶ Por esse acordo a Sadia vai comercializar o cream cheese Philadelphia da Kraft?Mark Clouse▶ Quando se está num mercado como este, é importante manter a comu-nicação e a relação aberta com outras pessoas da indústria, sempre falando sobre o que está acontecendo. A Sadia é uma empresa fantástica, e acho que tem objetivos simi-lares aos que estamos tentan-do chegar. A realidade era que tínhamos grandes marcas, e um grande conhecimento so-bre queijo, globalmente, e a Sadia tem uma ótima distri-buição de nível de excelência mundial. E a realidade é que para nós construirmos essa capacidade de distribuição in-ternamente haveria um custo alto, seria a decisão empresa-rial errada, e então essa com-binação de habilidades se jun-tam de uma maneira perfeita. Estamos em pleno ciclo de ação da relação, estabelecendo um modelo de sucesso com o queijo. Temos de provar que a relação é tão forte quanto acreditamos que seja. Mostrar o sucesso com isso. E então, sempre haverá novas opor-tunidades de dialogar e pen-sar em novas alternativas■

“Quando você tem pontos fortes – o

que nós temos - você tende a

ficar dependente. Somos muito bons

na execução, no ponto de vendas e ficamos muito

dependentes disso. Acho que, como

temos muitas marcas boas, é um

desafio evoluir e adaptar essa marca

às necessidades de um novo

consumidor"

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12. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 12. Revista Paraná&Cia | junho.julho de 2008

Qualidade em hotelaria Na foto, Celso Valle, gerente geral do projeto do Hotel das Cataratas. "queremos transformar o hotel num dos ícones da hospedagem do continente".

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em obras de recuperação das instalações e de proteção ao meio-ambiente. Administra-dora do Copacabana Palace há 18 anos, e do Hotel Mo-nastério, de Cusco, no Peru, a Orient-Express Hotels, Trains and Cruises, com sede em Londres, é responsável por dois dos cinco melhores ho-téis da América Latina – e já se prepara para o terceiro. A idéia

Capa

Não é todo hotel que pode se gabar de uma vista particularmente

deslumbrante. Menos ainda são os que podem ter, a poucos metros, uma das candidatas a 7 Maravilhas da Natureza. Pertencente a União, o Hotel das Cataratas, que é localiza-do dentro da área de proteção ambiental do Parque Nacional do Iguaçu, começa a passar por reformas com sua nova gestão. Depois de ganhar a licitação do arrendamento do Hotel das Cataratas, a empre-sa inglesa Orient-Express Ho-tels vai investir R$ 59 milhões

"Há pelo menos 14 anos o hotel

não recebia investimentos e

a manutenção era precária. Os

sistemas hidráulicos e elétricos estava

inteiramente defasados. Estamos

aproveitando somente as paredes"

Celso Valle

é transformar o hotel num dos ícones da hospedagem do con-tinente e aproveitar o fluxo de visitantes de Foz do Iguaçu, já que a cidade paranaense é um dos principais pólos turísticos brasileiros, recebendo apenas em 2007 mais de 1,3 milhão de pessoas.

Arrendado por 20 anos, numa licitação ganha em 2007, o vencedor tinha o ►

Hotel das Cataratas

Depois de ganhar licitação do arrendamento do Hotel das Cataratas, a empresa inglesa Orient-Express Hotels vai investir R$ 59 milhões em obras de recuperação das instalações e de proteção ao meio-ambiente.

O COPACAbANA PALACE dAS CATArATAS

Vista PriVilegiada De um lado a bela arquitetura com pintura cor-de-rosa do Hotel. Do outro a deslumbrante presença das quedas d´água.

foto

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As Cataratas fazem parte do Parque Nacional do Iguaçu, a maior reserva de floresta pluvial subtropical do mundo, tombado em 1986 pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade. O termo Iguaçu na língua guarani, deriva de ygu (“água”, “rio”) e asu ou açu (“grande”), significa

literalmente “água grande”.

Água gRaNDE

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compromisso de executar obras de recuperação das instalações e de proteção ao meio-ambiente orçadas pelo Ibama em R$ 25,6 milhões. A Orient-Express Hotels, Trains and Cruises foi mais longe. Está investindo mais que o dobro no projeto cujo crono-grama foi iniciado em junho e deverá ser executado em 18 meses, em três etapas, nas três alas que compõe o conjunto arquitetônico erguido no estilo colonial português do século XIX. O hotel permanece aber-to neste período, com previsão de inauguração da primeira ala em janeiro de 2009, ofere-cendo 77 novos apartamentos. "Há pelo menos 14 anos o ho-tel não recebia investimentos e a manutenção era precária. Os sistemas hidráulicos e elétricos estava inteiramente defasados. Estamos aproveitando somen-te as paredes”, diz Celso Valle, um experiente gerente geral do projeto e que em 23 anos de profissão já passou pelo Rio Internacional, Maria Ho-téis, Grande Hotel Campos do Jordão, L’Hotel e Emiliano. E, realmente, o Cataratas estava bem decadente. Os tapetes, por exemplo, não eram tro-cados há pelo menos 15 anos, quando duram no máximo 5 anos, além de existirem mui-tas improvisações.

A Marca Orient Express, no entanto, somente será coloca-da no hotel após o término da reforma do prédio principal, cuja inauguração está previs-ta para maio de 2009. “Nesta etapa da obra estaremos com 131 apartamentos prontos e 64 ainda em fase de transforma-ção”, explica Celso.

Para não perturbar os hós-pedes, as obras começam im-preterivelmente às nove da

manhã e são encerradas às 17 horas. Para não causar pro-blemas com o Ibama, árvores são recolocadas inteiras e está sendo respeitado até o ritmo da reprodução das aves locais, sendo proibido mexer em ár-vores com ninhos enquanto existerem ovos ou filhotes. Do total dos investimentos, R$ 52 milhões serão aplicados no ho-

Capa Hotel das Cataratas

o ParQue das aVesLocalizado na entrada do Parque Nacional do Iguaçu e totalmente integrado à mata, o Parque das Aves é uma boa oportunidade de ver de perto os pássaros e animais da mata.

a usina hidrelétrica de itaiPuA Usina Hidrelétrica de Itaipu possui uma das maiores potências instaladas do mundo e foi eleita pela Associação

Norte-Americana de Engenheiros Civis como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno em 1995. Atração turística popular, a série de barragens está situada no Rio Paraná, a 14 quilômetros a norte da Ponte Internacional que liga Foz do Iguaçu, no Brasil, a Ciudad del Este, no Paraguai.

o temPlo budistaUm dos maiores centros budistas da América do Sul se encontra perto do Rio Paraná. 120 estátuas estão distribuídas em 42 hectares de jardins. Destas, 108 são

idênticas, todas alinhadas em direção ao pôr-do-sol. O que de início parece um exército, representa na verdade cada reencarnação de Buda na Terra. Elas são vigiadas por uma réplica dourada de sete metros de altura de Mi La Pu-San, famoso buda sentado. O templo principal mede 2500 metros quadrados e possui dois andares (entretanto o acesso a esta área é restrito).

o ParQue das aVesO Marco das Três Fronteiras é outra das atrações principais da região. Construído em pedra e cimento, o obelisco é pintado com as cores nacionais

do Brasil. Este marco foi construído para demarcar geograficamente a tripla fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Em cada país, um obelisco foi construído como marco, com a forma de um triângulo eqüilateral, símbolo de igualdade e respeito entre os três países.

ALguMAS dASATrAçõES dAS PrOxIMIdAdES

"Também queremos abrir mais o hotel

para o turista brasileiro e que a proporção de

visitantes nacionais hoje em 5%

chegue a 15%"Celso Valle

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Dentre as atrações, o Hotel terá um passeio exclusivo para seus hóspedes no Macuco Safari, trilhas dentro da reserva ambiental e um passeio de barco pelo rio Iguaçu acima das Cataratas, além de rafting e rappel e uma rota de gastronomia na Argentina.

tel e R$ 7 milhões no parque. Segundo Celso Valle, “o Hotel das Cataratas não terá parale-lo no Brasil por causa de sua localização única no mundo, mas o nosso padrão e referên-cia é o Copacapana Palace” diz ele. Assim, lençóis de algodão egípcio de 300 fios e travess-seiros de plumas de ganso vão acolher os hóspedes dos apar-tamentos comuns enquanto que, nas suítes, o tecido de al-godão terá 600 fios. Todos os apartamentos terão TV’s LCD de 32 polegadas, e a prataria e os cristais serão alemães.

No novo projeto, que man-tém incólume a bela arquitetu-ra com a pintura cor-de-rosa, elaborado em sua maior parte pelo arquiteto francês Michel Joanet, que já executou algu-mas reformas no Copacana

Palace, o Hotel das Cataratas ficará com 195 apartamentos contra os 203 originais. Toda uma ala que ficava num piso inferior meio enterrado foi considerada ina-propriada para hospedagem e alí serão instalados os escritórios. O res-taurante e a área da piscina também estão sendo intei-ramente remode-lados “tanto para o excesso de calor como o excesso de frio que as vezes atinge a região, o restaurante da pis-cina será fechado com vidros”, expli-ca o gerente geral.

Com 95% dos

seus hóspedes formados por estrangeiros, o Hotel Cata-ratas terá sua qualidade au-ditada pela Leading Quality Assurance já que os hotéis da Orient Express não costumam se utilizar das graduações da ABH ou da Embratur, “ba-nalizadas”, segundo Celso. “Nosso público está na faixa dos 60 anos e desejamos di-minuir um pouco esta idade média. Também queremos abrir mais o hotel para o turis-ta brasileiro e que a proporção de visitantes nacionais hoje em 5% chegue a 15%”, diz ele. Toda a reforma também terá o acompanhamento da evolução no preço das diárias: “atual-mente o preço da diária média é de US$ 165. Após a refor-ma a diária média sobe para US$ 350, valor que permane-ce até 2010. Depois, em 2011, atinge a US$ 415”, informa o gerente geral. Ele calcula ►

PAISES TOTAL Brasil 414.888 Argentina 200.887 Espanha 55.624 U.S.A . 35.072 Paraguai 30.644 França 27.666 Alemanha 27.018 Inglaterra 23.449 Itália 18.354 Chile 17.695 Outros 204.136 TOTAL 1.055.433

VISITaÇÃO POR NaCIONaLIDaDE Parque Nacional do Iguaçu - Ranking dos 10 países mais representativos em termos de visitação Fonte: Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade

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que em 10 anos a Orient-Ex-press Hotels, Trains and Crui-ses recupera seu investimento no hotel. No modelo antigo, o Cataratas apresentava uma taxa de ocupação média de 68% mas Celso Valle aposta numa elevação para 75% no novo formato. “Uma das mo-dificações mais importantes será a instalação de um SPA que, juntamente com o turis-mo de aventura será o respon-sável pelo aumento da taxa de permanência do hóspede no hotel. Atualmente ela está em 1,74 dias, mas queremos elevar a taxa para 3 dias porque afinal de contas a Orient Express não vende uma diária e sim uma experiência”, afirma Celso.

No turismo de aventura, o

Hotel terá atrações como um passeio exclusivo para seus hóspedes no Macuco Safari, que leva passageiros em em-barcações infláveis pelo rio Iguaçu até a parte de bai-xo das quedas de água, numa visão de baixo para cima das Cataratas. Além disso, há trilhas dentro da reserva ambiental de 9 km como a do Poço Pre-to que podem ser percor-ridas a pé ou de bicicleta e um passeio de barco pelo rio Iguaçu acima das Ca-taratas, além de rafting e rappel. “Temos também a atração da gastrono-mia argentina em Puerto Iguazu e uma ciclotrilha de 11 quilômetros que

será construída em paralelo a estrada que dá acesso ao hotel e atravessa o parque”, revela. “A cozinha dos dois restau-rantes do hotel será diversifi-

Capa Hotel das Cataratas

aS CIDaDES MaIS VISITaDaS NO BRaSIL POR ESTRaNgEIROS

1o Rio de Janeiro (RJ) 30,25 %2o Foz do Iguaçu (PR) 17,1% 3o São Paulo (SP) 12,6% 4o Florianópolis (SC) 15,1% 5o Salvador (BH) 11,4% 6o Balneário Camboriú (SC) 7,8% 7o Fortaleza (CE) 4,6% 8o Natal (RN) 5,3% 9o Armação de Búzios (RJ) 4,4% 10o Manaus (AM) 4,1%

Fonte: Embratur

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Lençóis de algodão egípcio de 300 fios e travessseiros de plumas de ganso vão acolher os hóspedes dos apartamentos comuns enquanto que, nas suítes, o tecido e algodão terá 600 fios. Todos os apartamentos terão TV’s LCD de 32 polegadas, e a prataria e os cristais serão alemães

História do Hotel das Cataratas

Durante o governo do Presidente Getúlio Vargas, em 1939, foram iniciadas as obras de construção do Hotel das Cataratas, porém, interrompidas durante a II Guerra Mundial. Somente dez anos depois, durante a administração do governo do Presidente Juscelino Kubits-chek, a construção foi finali-zada inauguran-do oficialmente o Hotel em 4 de outubro de 1958 com 52 acomo-dações.

Naquela épo-ca, grandes dificuldades eram enfrentadas por aqueles que planejavam se hospedar no Hotel, devido às vias de acesso que eram bastante primitivas.

Em agosto de 1959, Oswald Q. Bianchi, por sua tradição em hotelaria, asso-ciava-se ao Comte. Linneu Gomes para juntos adminis-trarem o hotel e, assim dessa associação, nascia a Realtur Hotelaria S/A, uma subsidiá-ria do Consórcio Real Aero-

cada, seguindo um cardápio meditarrâneo contemporâ-neo”, conclui.

A empresa

A Orient-Express Hotels, Trains and Cruises é uma em-presa que trabalha em regiões de grande interesse históri-co, cultural e ambiental. São 39 hotéis, três restaurantes, seis trens e dois cruzeiros, em países como África do Sul, Austrália, Espanha, Tailân-dia e Estados Unidos. O Ho-tel das Cataratas é o segundo empreendimento da rede no Brasil. O primeiro é o Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, sob a bandeira Orient-Express desde 1989 ■

vias, cujo controle acionário foi posteriormente adquiri-do pela Varig S/A em 1967. Assim como sucessora da Realtur Hotelaria S/A surgiu a Cia. Tropical de Hotéis que administrou o hotel, como Tropical das Cataratas até setembro de 2007.

O hotel passou por duas obras de ampliação: uma em

1971 e outra em 1982 elevando sua capacidade para os atuais 203 apartamen-tos.

Embora pas-sadas mais de quatro décadas e completando 50 anos nes-te ano, a construção inicial e original foi preservada con-tando com uma manutenção constante e exaustiva.

As Cataratas do Iguaçu foram declaradas Patrimô-nio Natural da Humanidade pela UNESCO e é forte can-didata à eleição como uma das Novas 7 Maravilhas da Natureza, devido ao seu po-tencial natural.

foi a data oficial da inauguração do

hotel das cataratas

1958

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20. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

Não é a toa que gigantes do varejo como Ca-sas Bahia e Wal-Mart

confirmam seus planos de in-vestimentos nos seus portais de venda na internet. Com apenas 13 anos de existência, o varejo eletrônico deve al-cançar faturamento da ordem de R$ 8,5 bilhões este ano, o que representa um aumento de 35% em relação a 2007, segundo estimativa da E-bit, empresa de informações de comércio eletrô-nico ligada à Câ-mara Brasileira de Comércio Ele-trônico.

Acompanhando de perto essa mudança de hábito do consumidor, a segunda maior rede varejista de móveis e eletro do Paraná, a Lojas MM Mercadomóveis, com 100 lo-jas e atuação praticamente concentrada no interior para-naense até aqui, tem projeto para dobrar de tamanho até 2012, com base no crescimen-to do e-commerce e na sua

Com base no crescimento do e-commerce e na sua expansão física, o Grupo MM Mercadomóveis quer dobrar de tamanho até 2012.

dobrando com a ajuda do varejo eletrônico

expansão física para 200 lojas. Em 2007, a empresa fatu-

rou R$ 240 milhões contra R$ 190 milhões em 2006 e deve chegar a R$ 300 milhões em 2008, projetando ser, em dois anos, a maior rede de varejo no Paraná e uma das maiores do Sul do Brasil. "Até 2007 a nossa visão era ser a maior

no Paraná. Agora, além de concen-trar os esforços no Estado, nossa atenção também se volta para ser uma das maiores do Sul brasileiro. No e-commerce pretendemos mul-tiplicar por cinco nossas vendas até

2010 e estamos investindo num depósito exclusivo de 3 mil metros quadrados para este tipo de vendas", conta Márcio Pauliki, superinten-dente da MM Mercadomó-veis e um dos quatro filhos do fundador da rede, Jeroslau Pauliki. A previsão da entrada em operação do novo site da empresa é para este mês para vendas corporativas e em ou-

tubro para o público em geral.Apesar de a venda de mó-

veis pela internet ainda não figurar entre os produtos que lideram o comércio eletrô-nico, as lojas especializadas já perceberam a importância desse canal. Segundo o supe-rintendente da MM Merca-domóveis, o comércio eletrô-nico representa hoje menos de 3% do faturamento da empresa e o objetivo é che-

“No e-commerce pretendemos

multiplicar por cinco nossas vendas até

2010 e estamos investindo num

depósito exclusivo de 3 mil metros

quadrados para este tipo de vendas”

Márcio Pauliki

e-commerce MM Mercadomóveis

CRESCIMENTO DO VaREjO ELETôNICO NO BRaSIL

2005 2,5 bilhões2006 4,3 bilhões2007 5,5 bilhões2008 8,5 bilhões

Fonte: e-bit

Page 21: ParanáeCia53

gar a 7%. “Estamos também investindo em tecnologia e na formação de uma equipe exclusiva de 25 pessoas para cuidar da gestão dos negócios online porque enxergamos o comércio eletrônico como um caminho sem volta e pre-cisamos estar preparados para suprir essa demanda”, diz. A empresa lançou, há pouco mais de dois anos, a loja vir-tual das Lojas MM, mas ela ficou limitada para suportar o atendimento dos novos con-sumidores da rede e se man-tém constante na casa dos 500 mil page-views mensais, com média de 110 mil visitantes únicos. Ao todo são mais de 1.000 produtos distribuídos em diversos departamentos.

O novo projeto, que exi-giu investimentos totais de R$ 1 milhão, é bem mais ambicioso e quer lançar o Grupo MM no cenário dos grandes varejistas nacionais, atraindo público das classes A e B, a predominante no co-mércio eletrônico, mas ofere-cendo produtos para outras classes sociais, como a C, que é a que predomina nas lojas existentes no Paraná, San-ta Catarina e São Paulo que possuem mais de 1 milhão de clientes cadastrados. “A nossa idéia é que a loja on line seja a loja número 1 em vendas e hoje ela seria a 60ª, o equivalente a uma loja do interior”, diz Márcio Pauliki.

A idéia em desenvolvi-

Super MM da avenida Vicente Machado, em Ponta Grossa: Além das lojas físicas, a idéia agora é investir no comércio eletrônico, tratando o e-commerce como um negócio à parte dentro do grupo, com gestão administrativa própria de todos os processos e a transformação do site em um shopping de compras.

mento é tratar o comércio eletrônico como um negó-cio à parte dentro do grupo, com gestão administrativa própria de todos os proces-sos e a transformação do site em um shopping de com-pras, com produtos de ou-tros segmentos além de mó-veis e eletrônicos para que a loja virtual seja diferente da loja física, com produtos mais genéricos para atingir diversos públicos e classes.

Sobre as Lojas MM

As Lojas MM Mercado-móveis são a segunda maior rede varejista de móveis e eletro do Paraná, com quase 100 lojas em mais de 80 cidades (Paraná e São Paulo). O grupo empre-ga atualmente 1500 colabora-dores e tem 1 milhão de clien-tes cadastrados, dos quais 300 mil são ativos ■

11,5 milhões é o total de internautas que comprou pela internet este ano

r$ 324 é o valor médio individual gasto com compras online no primeiro semestre

25% dos internautas fazem compras virtuais

Revista Paraná&Cia | junho.julho de 2008 .21

segunda geração

Márcio Pauliki, superintendente da

MM Mercadomóveis e um dos quatro

filhos do fundador da

rede, Jeroslau Pauliki

Page 22: ParanáeCia53

aconteceu

Numa campanha que será veiculada até o final do ano, o presidente da maior cooperati-va brasileira, a Coamo de Cam-po Mourão(PR), José Haroldo Galassini se tornou a estrela de um anúncio da Bolsa de Chi-cago destinando a promoção de negócios na instituição. A peça publicitária está sendo veiculada no Wall Street Jour-nal e no site da Bloomberg, nos

Estados Unidos, e na Inglater-ra, no jornal Financial Times, entre outros. A idéia partiu da CME Group, que escolheu o diretor-presidente da Coamo para uma campanha mundial para promover a importância da gestão dos riscos de preços no agronegócio. No título do anúncio, o presidente da Co-amo diz: “Eu colho oportuni-dades a partir dos riscos”.

“Eu colho oportunidades a partir dos riscos”

A sonhada produção do álcool de segunda ge-ração, ou o combustível verde como é conhecido, porque é feito a partir de resíduos como bagaço de cana-de-açúcar ou de qualquer vegetal, está mais próxima do que se imagi-na. Quem garante isso é o presidente da Novozymes para a América Latina, Pe-dro Luiz Fernandes para quem “dentro de um ano e meio o país poderá ini-ciar a produção deste tipo de álcool em escala co-mercial”. No ano passado, em 13 de setembro, a di-namarquesa Novozymes, maior produtora de enzi-mas industriais do mundo, e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de São Paulo, assinaram um acordo para selecionar a enzima mais adequada para a hidrólise do bagaço da cana-de-açúcar entre os organismos existentes no acervo da empresa. Com esta tecnologia, o Brasil poderá triplicar sua produ-ção de etanol sem necessi-tar de qualquer ocupação de novos territórios agrí-colas. A sede da empresa na América Latina é em Araucária (PR) e, ao final do projeto, ela vai comer-cializar as enzimas capazes de hidrolisar o bagaço de cana.

brasil poderá produzir etanol de segunda geração em um ano e meio

22. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .23

Operar como pool faz o rafain de Foz do Iguaçu crescer mais de 100% em eventos

rafain de olho nos grandes eventos

Ausente do mercado de grandes eventos por causa do espaço relativamente peque-no que tinha destinando ao seu Centro de Convenções, o Rafain Palace Hotel & Con-vention Cen-ter resolveu apostar alto para crescer neste segmen-to: investiu R$ 6 milhões na ampliação do seu centro de convenções, transformado no maior do país dentro de um hotel, e que pode se dividir em 43 salas, sendo que a menor compor-ta até 15 pessoas e a maior até 3.900 pessoas, além de ter um pé direito de 6,50 metros. “Nós já fomos pioneiros nesta área nos anos de 1980 e chegamos a se-diar um Con-gresso da ABAV em 1993. Com o crescimento do

mercado começamos a perder terreno porque, com 7.500 metros quadrados tínhamos espaço para um congresso, mas não para as exposições que acompanham estes en-

contros”, ex-plica Cândi-do Ferreira Neto, Gerente de Marketing e Vendas do Rafain que pertence a um

grupo familiar da cidade com mesmo nome. Mas só a ex-pansão não bastava. Como atrair os grandes eventos se o hotel tinha a oferecer uma capacidade de hospedagem

na faixa de 500 participantes em seus 224 apartamentos? “Nós optamos por operar

com um pool de hotéis lo-calizados num raio de 10

quilômetros e hoje temos 18 empreendimentos en-volvidos com as nossas promoções e vendendo

nossos projetos”, diz o gerente.

de Volta aos trilhos Ainda são poucas as fazendas certificadas, mas o Paraná já pode voltar a exportar carne à União Européia.

Paraná tem sua 5ª fazenda habilitada para exportar carne à uE

Completando três anos da descoberta de focos de fe-bre aftosa no Paraná - que até hoje não foram comprovados - o estado teve, no final de se-tembro, sua primeira fazenda habilitada para realizar expor-tações de carne bovina para a União Européia. Segundo Péricles Salazar, da Associa-ção Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o estado tem ain-da, em fase de certificação, ou-tras cinco propriedades, mas para realmente ganhar escala “necessita de pelo menos 100 propriedades certificadas”.

O Paraná possui um reba-nho de quase 11 milhões de ca-beças e já foi responsável por perto de 10% das exportações brasileiras do setor. Até o mês de outubro o Paraná habilitou 14 propriedades.

NúMERO DE PROPRIEDaDES HaBILITaDaS a ExPORTaR PaRa O BLOCO Da uE

Minas Gerais 232 Goiás 94 Mato Grosso 80 Rio Grande do Sul 38 Espírito Santo 16 Paraná 14São Paulo 12

Fonte: Ministério da Agricultura

foi o inVestimento do rafain Palace hotel

no seu centro de conVenções

r$ 6 mi

Na foto, Cândido Ferreira Neto, Gerente de Marketing e Vendas do Rafain.

foto

: SEC

S

Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .23

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24. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

de quase 300% em 2008, sal-tando de um faturamento de R$ 105 milhões em 2007 para perto de R$ 300 milhões em 2008. Já a nova fábrica entra nos planos da empresa de fa-turar R$ 1 bilhão em 2011.

Em julho passado, a ad-ministradora de fundos Go-vernança & Gestão Investi-mentos (G&G) com Antônio Kandir à frente fez sua entra-

Expansão Visum

Buscando novos nichos de mercado, a empresa paranaense Visum inaugura nova fábrica em Manaus com investimentos de R$ 4 milhões e prevê crescimento de 300%.

Made in Manaus

Eleita pela Revista Exa-me Pequenas e Médias empresas como uma

das que mais cresce no país – em média 100% ao ano – a paranaense Visum Sistemas Eletrônicos S/A, empresa que atua na terceirização de mon-tagem de placas e produtos eletrônicos EMS (Electronic Manufacturing Service), com sede em Curitiba, prepara mais um grande salto. Como parte de sua estratégia de en-trar em novos nichos de mer-cado como a montagem de celulares, produtos de entre-tenimento e mesmo da linha branca, a Visum, inaugurou em setembro, em Manaus, sua terceira unidade fabril, que conta com investimentos iniciais da ordem de R$ 4 mi-lhões. A empresa prevê com esses planos um crescimento

“Este é o segredo do nosso sucesso: em 60 dias podemos colocar uma nova fábrica funcionando para atender um ou vários grandes clientes”

André Lissner

da no segmento de tecnologia pela Visum com um aporte de R$ 100 milhões e vaga no Conselho de Administração da empresa que está sendo criado. A Visum é uma em-presa de TI que funciona nos moldes de uma facção, mo-delo comum nas empresas de vestuário. Não possui e não quer ter marcas próprias e é especializada na produção e montagem de produtos para grandes empresas como pla-cas eletrônicas com circuitos impressos (mothers board e placas de memórias) forneci-dos a empresas como a AMD e a Positivo Informática. “Pelo nosso projeto, em um mês estaremos com 400 fun-cionários e chegaremos a 800 colaboradores até o final do ano em Manaus”, disse An-dré Lissner, diretor adminis-

crescimentoNa foto, André

Lissner, Diretor Administrativo e

Financeiro da Visum. "Devemos fechar

2008 crescendo em média 100%

ao ano".

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .25

trativo e financeiro da Visum. Em 2006 a empresa contava com apenas 132 funcionários e deve fechar 2008 com 2.000, crescendo em média 100% ao ano nos últimos quatro anos.

Na verdade, a Visum des-cobriu um nicho de mercado em que atende com muita rapidez e flexibilidade pedi-dos de grandes empresas que pretendem lançar produtos com muitos componentes de TI. “Hoje temos 90 grandes clientes e no dia que lançar-mos um produto com nossa própria marca es-tas empresas nos abandonam”, ar-gumenta Lissner. “Este é o segredo do nosso sucesso: em 60 dias pode-mos colocar uma nova fábrica funcionando para atender um ou vários grandes clientes”, completa. Segundo ele, antes mesmo de inaugurar Manaus, a Visum já fechou contratos de fornecimento para empresas locais.

A empresa

A Visum surgiu da idéia do engenheiro Túlio Henri-que de Lima de que era possí-vel fabricar placas eletrônicas no Brasil a um custo baixo. “Trabalhava em uma empre-

sa que importava placas da Dinamarca.” Ele começou a montar placas de forma arte-sanal em sua quitinete. “Di-zem que muitas empresas nascem na garagem, mas eu nem garagem tinha”, brin-ca. A empresa, fundada em 1997, conta com seis unida-des fabris: três na Cidade In-dustrial de Curitiba, uma em Pato Branco, uma na China e uma agora em Manaus. O empreendimento nasceu quando os três decidiram trabalhar por conta própria

com um capital de US$ 27 mil. Os dois engenhei-ros trabalhavam na dinamarquesa Glunz& Jensen e o primeiro pro-duto pesquisa-

do foi uma placa eletrônica de uma máquina de revelar filmes desta empresa. A pri-meira linha de montagem de placas eletrônicas foi finan-ciada pelo BRDE – Banco Regional de Desenvolvimen-to do Extremo Sul. A empre-sa também possui escritórios localizados em Taiwan e Es-tados Unidos, que auxiliam, principalmente, na aquisição de matérias-primas no exte-rior e atualmente encontra-se em fase de implantação do seu sistema de gestão SAP■

O mercado de informática é um dos que mais cresceu no país (mais de 30% em 2007), favorecido pela expansão do crédito consignado e do con-sumo aquecido. Muitas pessoas estão tendo a oportunidade de com-prar o primeiro compu-tador ou fazer upgrades nos equipamentos que possuem, além da nova gama de consumidores que surge com a inclu-são digital. Estima-se que no Brasil entre 18% e 20% da popu-lação já tenha acesso ao computador. São novos consumidores, de novas classes sociais, que se beneficiam com todo esse panorama, que é influenciado pela disponibilidade de crédito, produção local, acesso e queda do dólar. E depois do primeiro computador, fica difícil ficar sem.

funcionários trabalhando na fábrica da VisumDedicação à produção de placas eletrônicas para áreas, como energia, médica, automotiva e informática.

Mercado Aquecido

mother board Em parceria com a AMD, gigante do mercado mundial de microprocessadores, a Visum vai produzir as premiadas placas-mãe AMD VS 761GXM2MA-RS2H, com o objetivo de abastecer o mercado nacional.

CRESCIMENTO Da EMPRESa

R$ 46 milhões 2006R$ 105 milhões 2007R$ 300 milhões 2008

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26. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

Mercado Pet Organnact

Aproveitando a expansão do mercado pet, a empresa paranaense Organnact dobra de faturamento descobrindo um novo nicho nesse segmento.

um negócio "bOM PrA CACHOrrO"

A tendência de consumo de alimentos funcio-nais pelos humanos já

garantiu o sucesso de muitas empresas pelo país afora. Es-tender esse hábito para seus animais de estimação, no entanto, é algo de novo e já vem sendo observado no Bra-sil, criando um mercado que também pode ter suas atra-ções. Com este ponto de par-tida, a paranaense Organnact, empresa com sede em Curi-tiba, pretende duplicar seu faturamento com base em no-vos lançamentos e no atendi-mento específico deste nicho. A Organnact foi fundadada há 12 anos e é especializada em produtos nutracêuticos, probióticos, vitamínicos, mi-nerais, aminoácidos e fitote-rápicos para animais, especial-mente pets. O faturamento estimado para 2008 é de R$ 11

milhões, mas a empresa projeta R$ 20 milhões em 2009, segundo seu presidente e fundador, o médico veteriná-

rio Antonio Roberto Bacila. “Há uma exigência por parte dos consumidores pela quali-dade de vida de seus animais de estimação e, apesar da concorrência entre empresas

de alimentação ser bastante acirrada, o mercado de suple-mentos para animais é poten-cialmente muito mais aberto e pode ser bastante explorado”, diz Antonio Roberto Bacila. Neste nicho, a Organnact in-vestiu R$ 3 milhões em aqui-sições e desenvolvimento de novos produtos. Em março

passado lançou o PetPalitos, palito comestível para os cães que contém probiótico, por enquanto o único no mercado brasileiro. O probiótico é uma levedura 100% natural, que melhora o funcionamento do intestino dos cães e aumen-ta sua resistência a doenças. Além disso, reduz o volume e o odor das fezes, melhora a qualidade da pelagem, pro-porciona melhor absorção dos nutrientes do alimento e contribui para a manutenção da saúde bucal e prevenção da saúde de calculo dental. PetPalitos associa os efeitos positivos do prebiótico (esti-mula o sistema imunológico e a microflora intestinal) e do probiótico, impedindo o crescimento de microorganis-mos nocivos ao animal. Com isso, o cão fica mais resisten-te à ação de agentes presentes no meio ambiente. “O setor de produtos naturais e ecolo-gicamente corretos tem extre-mo potencial e, cada vez mais, atrai proprietários de animais e criadores.

“ Apesar da concorrência entre empresas de alimentação ser bastante acirrada, o mercado de suplementos para animais é potencialmente muito mais aberto”

Antonio Roberto Bacila

O MERCaDO DE PET PRODuTS EM FaTuRaMENTOsegmento 2007 (us$) %Alimento 3.067.511.609,49 75%Medicamentos Veterinários e produtos para higiene, embelezamento,etc.

272.680.639,20 7%

Serviços 546.080.000,00 13%Equipamentos e Acessórios 215.622.000,00 5%Total 4.101.894.248,69 100%

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .27

Depois do sucesso desse produto que em embalagem de 160 gramas vendeu 90mil unidades em pouco mais de dois meses, atendendo o con-sumo de 14 mil animais/mês e representa algo próximo a 2,5 milhões de unidades de palitos, a empresa agora está lançando no mercado a sua li-nha Tabs, uma nova forma de medicar os animais de compa-nhia por meio de tabletes mais saborosos ao seu paladar. Os dois primeiro produtos da li-nha - Promun Dog Tabs e De-ratopic Tabs - proporcionam pele macia e bonita, disposição para brincar, mais resistência às agressões do meio ambien-te, melhoria da flora intestinal e fornecimento extra de vita-minas A, C, E e do complexo B. Para alcançar a meta de fatura-mento e produ-ção, a Organnact comprou em 2007 a gaúcha Fitovet, labora-tório de produ-tos fitoterápicos (à base de ex-tratos de ervas) para saúde animal, por R$ 1,2 milhão. “A empresa atua como coadjuvante dos trata-mentos receitados pelos médi-cos veterinários. Além disso, a reestilização e readequação de produtos e distribuidores na linha de ruminantes; a volta da Fitovet ao mercado, soma-do ao projeto de investimento de marketing mais audacioso vão nos proporcionar o cres-cimento”, justifica Antonio Roberto Bacila.

Sua expectativa cor-responde a um segmento em expansão e que tem sido im-pulsiona-do pelo

inVestimentos em noVos ProdutosEm março deste ano a Organnact lançou o PetPalitos, palito comestível para os cães que contém probiótico. Por enquanto o único no mercado brasileiro.

Em 2007, a indústria brasileira do setor pro-duziu 1,8 milhões de to-neladas de alimentos para cães e gatos. A Região Sudeste é a maior respon-sável por este resultado, respondendo por 52,64% do mercado, seguida pela Sul (40,42%), Centro-Oeste (4,45%), Nordeste (1,94%), Norte (0,55%).

O potencial do mer-cado brasileiro, de acor-do com a associação, está muito além dos resulta-dos conquistados – há 31 milhões de cães e 15 mi-lhões de gatos, um con-sumo potencial de 3,96 milhões de toneladas/ano.

Esses números levam o Brasil à colocação de segundo maior mercado do mundo em número de animais e volume de pro-dução. Entretanto, os ali-mentos industrializados são oferecidos a apenas 45,32% dos animais de companhia, sendo os ou-tros 54,68% alimentados com sobras de mesa. “São aproximadamente 2 mi-lhões de toneladas de ar-roz, carnes, leite e outros alimentos utilizados para alimentar nossos animais de companhia, conse-quentemente desviados da alimentação humana”, afirma José Maria Parra, presidente da Anfal Pet.

crescimento do número de animais de estimação junto às famílias brasileiras. Segundo dados da AnfalPet (Associa-ção Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Pequenos Animais), o gasto médio com

produtos e ser-viços per capita/ano é de R$ 390, entre pet food, produtos farma-cêuticos, vacinas, embelezamento e acessórios, to-talizando R$ 16 bilhões de fatu-ramento. O Bra-

sil é o segundo país no ranking populacional de animais do-mésticos, com 28,8 milhões de cães, 13,08 milhões de gatos e 4 milhões de outros pets, fican-do atrás somente dos Estados Unidos. Para 2008, somente o mercado de Petfood ( alimen-tos) no Brasil deve movimen-tar US$ 3,22 bilhões■

Ao lado, o médico veterinário Antonio Roberto Bacilapresidente e fundador da Organnact.

PrOduçãO dA INdúSTrIA brASILEIrA dO SETOr dE ALIMENTOS PET

é o gasto médio Per caPita/ano

dos brasileiros com Produtos e

serViços Pet

r$ 390

Revista Paraná&Cia | agosto.setembro de 2008 .27

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28. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

agronegócio Ouro Verde

Aproveitando o crescimento do setor sucroalcooleiro, a empresa curitibana de transporte e locação Ouro Verde parte para o mercado de aluguel de colhedoras de cana-de-açúcar.

de olho na demanda

Mesmo com a restri-ção ao crédito ad-vinda da crise finan-

ceira global, que pode afetar a expansão do setor sucroalco-oleiro no Brasil, a perspecti-va ainda é boa de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que prevê que, em sete anos, haverá um aumento de quase o dobro no consumo interno de etanol, ao mesmo tempo em que as exportações mais do que triplicariam. Isso, mais o vertiginoso crescimen-to do setor nos últimos anos, estão propiciando a criação de muitos novos negócios. O mais recente deles foi anun-ciando pela curitibana Ouro Verde Transporte e Locação: o aluguel de colhedoras de ca-na-de-açúcar, equipamentos que custam ao redor de R$ 1 milhão a unidade e que estão tendo grande procura, tanto

pela falta de mão-de-obra em várias regiões produtoras do país, como pela novas res-trições ambientais que estão eliminando a colheita manual da cana com a utilização de

queimadas. “A nossa percep-ção é a de fazer a locação de pelo menos 70 equipamen-tos para as safras entre 2009 e 2010”, disse Adão de Oli-

veira, gestor de negócios da Ouro Verde, empresa que é lider no setor de movimen-tação de produtos químicos, mas que possui uma grande divisão de locação de equi-pamentos como caminhões pesados e extra-pesados, tra-tores e empilhadeiras.

E foi justamente para aten-der a necessidade de clientes do setor sucroalcooleiro que a empresa resolveu entrar no setor: “a Ouro Verde já faz a locação de caminhões para usinas como a Santa Elisa e a Luis Dreyfuss há alguns anos e desse relacionamento surgiram informações sobre essa nova oportunidade de mercado. E eles são os nosso primeiros clientes”, completa Adão de Oliveira. Numa pri-meira operação que acabou de ser fechada, a Dreyfuss locou sete unidades, quatro para operar no Mato Grosso e três

"Há 376 usinas em operação no país e devem ser inauguradas mais 33 em 2008. Entre 2009 e 2011, se prevê a entrada em operação de outras 138 novas usinas"

Adão de Oliveira

2004-2005 2005-06 2006-07 2007-2008Paraná 28.997.547 24.808.908 31.994.581 40.369.063brasil 386.090.117 387.441.876 425.535.761 493.384.552

Fonte: União da Indústria de Cana-de-açúcar/UNICA e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/MAPA.

CaNa-DE-aÇúCaR PROCESSaDa PELaS uSINaS (toneladas)

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .29

bom momentoNa foto, o Superintendente da Ouro Verde, Karlis Jonatan Kruklis "Neste momento em que as empresas estão com seus limites de operações de empréstimos bancários quase totalmente tomados é muito vantajoso não fazer imobilizações em equipamentos como as colhedoras de cana-de-açucar e usar este limite em outra área”.

em Minas Gerais, enquanto que a Santa Elisa alugou um lote de seis unidades. Todos os equipamentos são da mar-ca Case IH. “Neste momento em que as empresas estão com seus limites de operações de empréstimos bancários quase totalmente tomados é muito vantajoso não fazer imobi-lizações em equipamentos como as colhe-doras de cana-de-açucar e usar este limite em outra área”, diz o supe-rintendente da Ouro Verde, Karlis Jonatan Kruklis. “De-pois, nosso negócio é o alu-guel corporativo com contra-tos de cinco anos aonde nós fornecemos toda a manuten-ção e o cliente fica em poder do equipamento o ano intei-ro. E a cada cinco anos nós trocamos a máquina antiga por uma nova”, acrescenta.

O setor de locação da Ouro Verde é responsável por metade do faturamento de mais de R$ 300 milhões obtido pela empresa em 2007. Este tipo de operação

começou mais forte há cerca de cinco anos e a empresa já acumula cerca de 600 equi-pamentos alugados, quase todos no setor sucroalcoo-leiro. “Há todo um setor em crescimento que poderemos atender: em 2006 foram co-mercializadas 313 colhedoras

e em 2007 fo-ram 650. Há 376 usinas em ope-ração no país e devem ser inau-guradas mais 33 em 2008. Entre 2009 e 2011, se prevê a entrada em operação de

outras 138 novas usinas. Nós temos um estudo que diz que o setor deve crescer 790% até 2020”, finaliza o gestor de negócios Adão de Oliveira.

A empresa

A Ouro Verde atua no mercado há 35 anos, com sede em Curitiba. Possui 44 filiais/apoio espalhadas pelo país e ainda uma filial em Buenos Aires, na Argentina, contando com 1200 funcio-nários. Atua com Transporte de Cargas Secas, Trans-

é a estimatiVa de crescimento até

2020 do setor sucroalcooleiro

790%

porte de Granéis Líquidos e Perigosos, Transporte In-ternacional, Armazenagem, Terceirização de Frota e Lo-cação de veículos ■

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30. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

Liderança Renault-Nissan

No lançamento do Sendero Stepway e do Livina, o presidente e CEO da aliança dos grupos Renault-Nissan diz que as perspectivas para 2009 são de vender 200 mil veículos.

O superador de metas

T odas as metas de ven-das e faturamento pre-vistas apenas para 2009

no Brasil serão antecipadas e mesmo superadas até o final de 2008”. É o que afirmou o pre-sidente e CEO da aliança dos grupos Renault-Nissan, o bra-sileiro Carlos Ghosn, que este-ve em Curitiba dia 22 de agosto para participar do lançamento de dois novos veículos – um Renault, o Sendero Stepway, e um Nissan, o Livina, e da abertura do XVIII Congresso Fenabrave, da Federação Na-cional de Distribuição de Veí-culos Automotores. Com isso, as duas empresas já esperam comercializar um total de 200 mil carros em 2009.

Quando Carlos Ghosn as-sumiu a Nissan, em 1999, a montadora estava beirando a falência, com um endivida-mento de 19 bilhões de dóla-res e perdas consecutivas em sete dos últimos oito anos.

lançamentos nissan e renault

Deste lado, o primeiro

veículo de passeio da Nissan produzido

no Brasil, o Livina. Do outro, o Renault Sendero Stepway, modelo crossover

com desenho mais esportivo e mais

robusto.

O executivo asseverou que abandonaria a empresa se não conseguisse fazê-la regressar aos lucros em dois anos. Ne-

cessitou de apenas 18 meses, durante os quais, entre outras coisas, reduziu a dívida da em-presa para metade.

Com uma trajetória de ges-tão arrojada à frente das duas montadoras, Ghosn abriu o lançamento muito satisfeito

com os recordes de ven-das e lucros e anun-

ciou que a empre-sa pretende

utilizar a experiência que está iniciando na associação com a indiana Bajaj naquele país para produzir um carro com preço abaixo dos US$ 10 mil no Bra-sil. “Haverá a adaptação das diferentes características de produção da Índia para o Bra-sil, mas acredito muito que po-deremos lançar um carro mais barato no Brasil”, disse ele. Na Índia, o projeto pretende lan-çar em 2011 um veículo que custará US$ 2,5 mil.

No primeiro semestre de 2008 a Renault do Brasil au-mentou suas vendas em 91,6% em relação a 2007, comerciali-zando 68.904 veículos, bastante acima dos 30% do crescimen-to do mercado. A previsão de Ghosn é a de chegar ao final do ano com 130 mil veículos ven-didos. Já as vendas da Nissan cresceram 130% no semestre e a empresa pretente atingir um patamar de comercialização de 30 mil unidades. Com este resultado, a Renault subiu 1,4 ponto percentual na sua parti-cipação no mercado, atingindo 4,3%, obtendo a quinta colo-cação no ranking das vendas nacionais. A meta da Renault era a de atingir, em 2008, a 106 mil veículos. Boa parte do su-cesso de vendas está apoiado no crescimento do Sendero, com 25 mil unidades empla-cadas no semestre e do Logan, com 24 mil unidades vendidas, o que corresponde a 64% das vendas.

A visita do presidente mun-dial da aliança Renault/Nissan

"Há realmente tendência de queda de vendas nos mercados mais maduros... ... já o crescimento do mercado dos países emergentes vai mais do que compensar esta queda para os grandes fabricantes"

Carlos Ghosn

30. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

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formaçãoFoi educado na França e formou-se, em 1974, pela Escola Politécnica de Paris.

1974

início de carreira Iniciou sua vida profissional na Michelin e, aos 27 anos, tornou-se o mais jovem diretor da fabricante de pneus.

1981

1985matador de custosFoi nomeado responsável máximo pela filial sul-americana da Michelin, onde passou a fazer jus a seu apelido de “matador de custos”.

início de carreira Implementou um plano rigoroso de contenção de gastos para combater a crise da Michelin no Brasil. Sua gestão catapultou-o à presidência da Michelin na América do Norte, tornando-se ali o artífice da aquisição da Uniroyal Goodrich.

raízesCarlos Ghosn nasce em Porto Velho, Rondônia, com família de origem libanesa.

1954

1990

Trajetória de Carlos ghosn

também serviu para marcar a entrada da Nissan na produ-ção de veículos de passeio no Brasil com o lançamento do Livina, com o que a empresa também passa a disputar o seg-mento que utiliza motores flex fuel. O Livina deverá ter suas vendas iniciadas nos primeiros meses de 2009. Trata-se de um monovolume equipado com motores 1.6 ou 1.8 de 16 válvu-las com o que a Nissam passa a disputar uma fatia maior do mercado brasilei-ro: hoje a empresa japonesa compete em 17% do mer-cado total e com o Livina passará a competir na faixas que ocupam 30% do mercado. Este mesmo automóvel já é produzido na China, Indonésia, Africa do Sul e Oriente Médio.

Já o Renault Sendero Ste-pway é um modelo crossover, e começa a ser vendido no país a partir de Outubro com um desenho mais esportivo e apa-rentando mais robustez que o modelo do qual deriva da pla-taforma B0. “É o mais brasi-leiro dos veículos Renault lan-çados no país até hoje”, disse o presidente da empresa no Brasil, Jérôme Stoll. Este é o quinto modelo dos

seis lançamentos que a empre-sa francesa anunciou que irá fazer até o final de 2009 como parte de um investimento de R$ 1 bilhão que começou a ser efetivado a partir de 2006 e que trouxe para o país o Méga-ne, Logan e Sendero.

O projeto envolveu o Re-nault Design América latina, o primeiro stúdio de design da marca no continente america-no, inaugurado em São Pau-lo em abril passado. Os dois

novos veículos serão produzidos no Complexo In-dustrial Ayrton Senna que a Nis-san divide com a Renault em São José dos Pinhais, na Região Metro-politana de Curi-tiba e que pode

produzir até 240 mil veículos por ano, total que deveá ser al-cançado em 2010.

Carlos Ghosn também fez uma avaliação dos mercados mundiais e disse que “há re-almente tendência de queda de vendas nos mercados mais maduros como a Europa, Es-tados Unidos e Japão mas que o crescimento do mercado dos países emergentes vai mais ►

é o número de Veículos

comercializados neste ano

Pelo gruPo renault-nissan

6,1mi

Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .31

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32. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

do que compensar esta queda para os grandes fabricantes". “Acho que em 2009 a Rússia e China irão crescer 10% e o Brasil irá ficar ainda acima dis-so”. O presidente da Nissan/Renault citou também um es-tudo do Banco Mundial que prevê a existência de 3 bilhões de carros rodando no planeta em 2050 contra os 650 milhões que circulam hoje. “Eu não sei se daqui há 20 anos estarei len-do um jornal na forma como é feita a leitura hoje mas sei que haverá pessoas dirigindo automó-veis sejam elétricos, biocombustíveis, a células, biodiesel ou outros mode-los”, argumentou. Segundo ele, ainda há muito espaço para a indús-tria automobilística crescer: “no Brasil, para cada mil habi-tantes, 250 possuem automó-vel. No Japão, para cada mil 600 habitantes possuem um carro e nos Estados Unidos em cada mil pessoas, 800 delas tem carro”, concluiu.

A Lenda Carlos Ghosn

Carlos Ghosn entrou na Michelin em 1978 para dirigir a fábrica de Puy (França), sen-do nomeado logo depois chefe de pesquisa e desenvolvimen-to de pneus industriais em Ladoux. Foi enviado ao Brasil para dirigir as atividades da Michelin na América do Sul e em 1990 chegou a presidência da Miche-lin América do Norte.

A fama de executivo arrojado o levaram a Re-nault em 1996, contrata-do como Diretor Geral Ad-junto, onde supervisionou as atividades da fábrica no Mer-cosul, incluindo a implantação

ceoCarlos Ghosn começa a trabalhar para a Nissan Motor Co. e, em junho do ano seguinte, já era o presidente da empresa. No ano seguinte é nomeado CEO.

1999

duas emPresasSchweitzer, depois de treze anos à frente da companhia francesa, elege seu sucessor no comando da Renault. Agora, Ghosn tem diante de si uma dupla tarefa: por um lado, comandar a Renault e, por outro, dirigir ao mesmo tempo a primeira empresa automobilística da Europa e a fabricante de carros japonesa Nissan, da qual a Renault possui 44%. É a primeira vez que alguém se propõe a dirigir duas empresas de tamanha envergadura, num total de 250.000 funcionários.

2005

2007crescimentoNo comando do 4º maior grupo automobilístico do mundo com 6,1 milhões de unidades comercializadas neste ano.

renaultComeça a trabalhar na Renault quando o presidente da montadora, Louis Schweitzer, pediu

que elaborasse um plano de corte de custos em um momento complicado da empresa. O programa compreendia o fechamento da fábrica de Vilvoorde, na Bélgica, de 3.000 empregados, os quais chegaram a se rebelar para impedir o fechamento da unidade. A montadora francesa, sentindo-se pequena, decidiu comprar 36,8% da Nissan.

1996

Liderança Renault-Nissan

da unidade de São José dos Pinhais-PR, com um investi-mento de US$ 1,3 bilhão. Des-sa época ele fez um mea culpa em algumas entrevistas onde afirmou, por exemplo, que “Erramos muito na estratégia de implantação da empresa no Brasil quando definimos que os veículos seriam fabricados com 50% de componentes na-cionais e 50% importados, o que tornou os nossos carros muito caros, enquanto nos-sos concorrentes trabalhavam

com 85% de naciona-lização”.

Pouco ele pode fazer na época por-que em 1999 foi para a Nissan Motor Co, e no ano seguinte já era o presidente da

empresa, chegando a CEO em 2001. O trabalho lá realizado levou-o ao topo da carreira, quando, em 2005, assumiu o comando do grupo Renault, além da Nissan, comandando o 4º maior grupo automobilístico do mundo com 6,1 milhões de unidades co-mercializadas em 2007■

VEíCuLOS a CaDa 1000 HaBITaNTES250/1000 Brasil600/1000 Japão800/1000 EUA

Na foto, o presidente e CEO da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, que esteve em Curitiba

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .33

artigo

A máxima de que ninguém é insubstituível não funciona no caso do fundador de uma empresa. Enquanto ela é de pequeno ou de médio porte,

bruxo, visionário ou missionário?

esse homem, ou mulher, é re-almente insubstituível.

Se o fundador for retirado do comando, a empresa tem grande chance de morrer.

Ninguém, na empresa, chega perto do típico empre-endedor em termos de sen-sibilidade, conhecimento do negócio, motivação, interes-se pelo resultado, disposição física para 10 ou 15 horas de trabalho diário, conhecimen-to perfeito do que é austeri-dade (gastar no que realmen-te é necessário), objetividade contundente e foco no que decidiu fazer.

Qualquer funcionário está muito longe desse perfil. Não devemos comparar com o proprietário os principais funcionários e nem mesmo os próprios filhos.

Freqüentemente, os filhos e os principais colaborado-res não entendem essa su-perioridade do fundador na empresa. Muitos filhos me confessam que seus pais são verdadeiros bruxos. Dizem eles: “Meu pai, de costas, sabe

que estou fazendo algo errado. Deve ter um olho biônico e um sensor no ouvido, pois escuta e vê tudo. Isso não é bruxaria? Ele anda pela empresa, aparen-temente olhando tudo super-ficialmente. Na verdade, ele ouviu e viu tudo e, quando al-guém vai falar com ele, já sabe a resposta. Isso não é bruxaria? Com todo o meu conhecimen-to universitário, não consigo entender como isto é possível, já que meu pai não é muito li-gado a teorias e técnicas de ad-ministração.”

É evidente que não são somente os filhos que não compreendem a figura do fundador. Os principais fun-cionários, principalmente os recém-contratados, também têm dificuldade para trabalhar com os empreendedores. Pou-cos conseguem aproveitar a ri-queza de conhecimento sobre o negócio acumulado por eles.

Na maioria das vezes, o diagnóstico recomenda tirá-lo do lugar, como se isso fosse pré-requisito para a profissio-

"Os filhos de donos de empresasdizem que seus pais são bruxos. “Elevê e ouve tudo. Quando alguém falacom ele, já sabe a resposta.Isso não é bruxaria?"

nalização da empresa. Quan-do se trata de empreendi-mento de grande porte, em alguns casos a saída do fun-dador é necessária. Ele está há muito tempo no comando e a motivação para mudanças diminui.

Na grande maioria das empresas brasileiras, po-rém, é um equívoco afastar o fundador pela simples ne-cessidade de mudar a cultura radicalmente. A cultura or-ganizacional de uma empre-sa não se muda radicalmente, aperfeiçoa-se. Por isso, todo o cuidado é pouco com pro-postas milagrosas de mudan-ças.

Muitos colaboradores re-clamam da falta de diálogo, de entendimento e de sen-sibilidade do fundador. Isso não é verdade. A empresa está onde está justamente por ele ter cultivado o diálogo, o conhecimento e a sensibili-dade, tanto com os colabora-dores como com os clientes e fornecedores. Foi por essas habilidades e outras mais que a empresa prosperou.

É fundamental conhecer o fundador da empresa onde se trabalha. Se ele é um bruxo, um visionário ou um missio-nário fica para nós a tarefa de descobrir. Por isso, devemos colocar nossa sensibilidade para funcionar. Começar a olhá-lo com outros olhos e ouvi-lo com outros ouvi-dos. Você vai se surpreender ao perceber que sabe muito pouco sobre ele ■

por João Alberto Simião

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Bússola

Especialistas dizem que efeitos maiores da crise serão sentidos em 2009.

um pouco de fôlego antes da crise

Com a compra de insu-mos realizada e parte da área já cultivada, a turbulência deste momento não deve in-fluenciar significativamente as projeções da próxima safra. “A queda dos preços das com-modities agríco-las vai ser rever-tida depois que a turbulência passar”, disse o economista da Consultoria Safras e Merca-dos, Flávio Roberto de Fran-ça Júnior. "Não é o fim dos tempos. Os preços têm con-dições de reagir. Dificilmente vão chegar ao pico que tive-mos no auge da especulação, em junho e julho deste ano, mas não vão recuar para a média histórica. Logo as co-tações da bolsa devem recu-perar força e o dólar estará mais estabilizado. Os preços das commodities permane-cerão acima da média his-tórica”, garantiu. Para ele, a demanda vai ficar menos agressiva em 2009, mas não haverá quedas expressivas no consumo “porque os esto-ques mundiais vão permane-cer em patamares apertados". "É uma crise do setor finan-ceiro, o que diminui os recur-sos disponíveis e se reflete na economia real, que precisa de dinheiro para financiar seus

projetos e continuar crescen-do", concluiu.

Já o especialista em eco-nomia rural e professor da Universidade Federal do Pa-

raná, Eugenio Stefanello, aler-tou que esta cri-se vai ter conse-qüências diretas no crédito rural, mas da próxima safra, em 2009, por motivos como menos re-

cursos em função da redução dos depósitos à vista e das

é o Que deVe aumentar no custo

de Produção no segundo semestre

de 2009

20%

Queiram ou não, os três são pré-candidatos a gover-nador em 2010. Osmar e Alvaro Dias já declararam que pretendem o cargo. Já Beto Richa nada diz, mas é visto como o mais forte para disputar a eleição, graças à sua recente vitória na capital paranaense, com mais de 70% de aprovação nas urnas.

Osmar Dias afirma que é candidato independente dos adversários e Alvaro Dias diz que vai decidir em cima de pesquisa de opinião, em abril. Mas, antes de tudo, os dois torcem mesmo para que Beto Richa fique até o final do mandato na prefeitura, em 2012. Será?

Em quem você votaria?

exigibilidades bancárias; se-letividade maior e prazos me-nores; aumento dos juros de mercado; atraso na liberação; limite da oferta de crédito para a venda de insumos e a compra antecipada de produ-tos (CPR); menos crédito de comercialização e de expor-tação, entre outros. Segundo ele, “um aumento dos custos de produção é irreversível e deve chegar próximo a 20% no segundo semestre de 2009, como também das taxas de ju-ros, que devem ir de 9 a 10% para 12 a 22%”, explicou.

foto

: SEC

S

34. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

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A Sadia deverá utilizar a infra-estru-tura da Ferroeste e os novos trechos da expansão da ferrovia para facilitar novos negócios no Paraná, onde estão cinco das 15 fábricas da empresa. Segundo o diretor presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, ”a infra-estrutura é uma questão crucial para o crescimento e a sustentabilidades de empresas, devido aos gargalos exis-tentes e ao alto custo do transporte no Brasil”, questão ainda mais aguda para empresas exportadoras. Única ferrovia pública do Brasil, a Ferroeste oferece ta-rifas mais baratas, tornando os produtos nacionais mais competitivos. As obras devem começar em 2009.

Expansão da Ferroeste beneficia nova unidade da Sadia

O consumo de energia elétrica dentro do mer-cado atendido diretamente pela Copel, represen-tado por quase 3,5 milhões de ligações espalhadas por 393 dos 399 municípios do Paraná – aumentou 6,4% nos nove primeiros meses de 2008, em com-paração com o mesmo período do ano passado. A Companhia comercializou de 1.º de janeiro até 30 de setembro deste ano 14,645 milhões MWh (me-gawatts-hora) contra 13,768 milhões MWh no ano de 2007 – 877 mil MWh a mais.

Esse crescimento foi fortemente impulsionado pelo desempenho das indústrias instaladas no Es-tado, cujo consumo ob-servou expansão de 9%. O segmento industrial – com 61.903 unidades consumidoras ligadas – responde por quase 35% de toda a energia elétrica fornecida pela Copel ao seu mercado cativo, exer-cendo, por isso, conside-rável influência sobre os números do consumo.

Consumo de eletricidade no Paraná cresceu 6,4% de janeiro a setembro

foto

: SEC

S

De cada 100 empregos formais gerados no Brasil en-tre janeiro e setembro deste ano, 7,4 foram registrados no Paraná. É o que revela o Ca-dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo o levanta-mento, o Paraná foi responsá-vel por 154.896 dos 2.086.570 postos de trabalho gerados este ano no país. Isso signifi-ca que, embora a população do Paraná represente 5,2% da brasileira, o Estado gera 7,4% dos empregos do país.

Esta é a primeira vez no ano em que é possível fazer

Paraná é responsável por 7,4% dos empregos gerados no brasil

este comparativo, já que hou-ve saldo positivo em todas as regiões do território nacional. Os números também confir-mam: o Paraná foi o terceiro maior responsável pelas vagas abertas no país nos nove pri-meiros meses do ano, fican-do atrás apenas de São Pau-lo e Minas Gerais, que têm População Economicamente Ativa (PEA) bem superiores. “Considerando que São Pau-lo tem uma população quatro vezes maior que a do Para-ná e que Minas Gerais tem o dobro, percebemos que estamos no caminho certo e que hoje temos uma política

pública de geração de empre-gos sólida e eficiente”, anali-sa o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná, Nelson Garcia.

foto: SECS

foto

: SEC

S

Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .35

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36. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

tecnologia de fora

Na foto, Marcelo Coppla, diretor de Assuntos

Corporativos da empresa. " Nosso foco é o Brasil e América Latina e vamos

trazer estes produtos para cá, mas agora temos um pé

nos Estados Unidos".

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Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008 .37

aquisições Bematech

Por meio de sua subsidiária nos EUA, a paranaense Bematech adquire integralmente a Logic Controls para ampliar segmento de hospitality.

Com um pé nos EuA

Prosseguindo com sua política agressiva de aquisições depois de

seu IPO (abertura de capital) de R$ 406 milhões em 2007, a paranaense Bematech, líder em automação comercial no Brasil, anunciou final de julho a aquisição integral da Logic Controls Inc, empresa que de-senvolve soluções em automa-ção comercial para o segmento de hospitality - restaurantes, bares e hotéis. A aquisição está sendo feita pela subsidiária norte-americana da empresa, a Bematech International Corp. Em dois anos a paranaense já adquiriu sete empresas do se-tor de software e hardware, in-vestindo R$ 107 milhões nes-tas aquisições. “Ainda estamos abertos a fusões e aquisições desde que sejam para incorpo-rar novos produtos ou siste-mas porque com esta operação encerramos o planejamento de nossas necessidades em 2008”, disse Marcelo Coppla, diretor de Assuntos Corporativos da empresa.

No caso da Logic Con-trols, que obteve em 2007 uma receita de US$ 10 milhões, o valor da compra consiste em um pagamento inicial de US$ 11 milhões e um outro paga-mento calculado de acordo com modelo de desempenho futuro, no prazo de um ano, utilizando uma tabela pro-gressiva de EBITDA da Lo-gic Controls, em que a soma alcançada representa um valor que não pode ultrapassar US$

11 milhões. Há uma semana a Bematech comprou a Mis-terChef Sistemas de Automa-çãoLtda, empresa produtora do software Mister Chef e em maio passado a Snack Control, ambas fabricantes de software para redes de fast food.

Com o negócios feito nos EUA, a Bematech incorpo-ra ativos tecnológicos ao seu

portfólio de hardware com mais de 20 patentes, adquire conhecimento de uma cadeia de fornecedores estratégicos na China e complementa sua oferta para o segmento de hospitality, cuja demanda tem apresentado forte crescimen-to. A Logic Controls produz sistemas KDS (Kitchen Dis-play Systems), que efetuam o controle de pedidos para redes de fast food; PDV Touch (ter-minais de ponto de venda com tecnologia touch screen); PDV Modular; uma linha de CPU´s

para automação comercial, entre outros, que serão agre-gados à linha de produtos da Bematech no Brasil e vendidos em todos os países nos quais a empresa atua. “ Nosso foco é o Brasil e América Latina e vamos trazer estes produtos para cá, mas agora temos um pé nos Estados Unidos”, diz o diretor. A maior parte do fatu-ramento da Logic Controls é no mercado norte-americano.

Logic Controls

A Logic Controls foi fun-dada em 1982 pelo engenheiro Jackson Luhn e está localiza-da em New Hyde Park, Nova Iorque, especializando-se no desenvolvimento e fabricação de uma linha de produtos para o varejo tais como All-in-One POS Touch e Kitchen Display Systems (KDS), Periféricos de pontos de venda (teclados programáveis, gavetas, leito-res de cartão) e computadores industriais. Segundo Marce-lo Coppla, o antigo dono vai permanecer na empresa no setor de Pesquisa & Desenvol-vimento, onde a empresa tem equipe própria nos Estados Unidos e China. O fechamen-to do negócio está sujeito a práticas usuais para operações dessa natureza, como apro-vação pelo Conselho de Ad-ministração da Bematech, finalização do processo de auditoria legal e contábil e fi-nalização de certas obrigações contratuais dos vendedores ■

"Estamos abertos a fusões e aquisições desde que sejam para incorporar novos produtos ou sistemas porque com esta operação encerramos o planejamento de nossas necessidades em 2008"

Marcelo Coppla

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38. Revista Paraná&Cia | setembro.outubro de 2008

Mercado "Boom" imobiliário

Depois de superada a crise da construção civil, Curitiba hoje enfrenta um “boom” sem precedentes no setor e deve crescer mais de 10% em 2008.

Terra fértil para a construção civil

Em crise por um longo período que durou até 2006, quando desapa-

receram do mercado local boa parte das construtoras e incor-poradoras mais tradicionais, Curitiba enfrenta um “boom” sem precedentes no mercado imobiliário. Nada menos que 12 das 27 grandes empresas que abriram seu capital e fo-ram ao mercado de ações fazer captações entre 2006 e 2007, desembarcaram na cidade com grandes projetos. A ida ao mercado resultou num volume de recursos estimado em R$ 18 bilhões, com o que sobra dinheiro para novos empreen-dimentos e novos mercados. A estimativa é a de que, apenas entre o final de 2007 e 2008, se façam lançamentos num valor aproximado de R$ 1,5 bilhão no chamado Valor Global de Venda (VGV) na capital e em municípios da região metro-politana. “O primeiro sinal deste aquecimento foi o au-mento absurdo no preço dos terrenos com casos em que o valor está batendo em R$ 2 mil o metro quadrado, mais do dobro do que era pedido há al-guns anos”, conta o presidente

do Sinduscon-PR, Hamilton Pinheiro Franck.

O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil, se-gundo estimativa oficial, deve atingir um crescimento pró-ximo a 9% em 2008 segundo o Sinduscon Paraná, mas este número pode ser ainda mais

se o mercado continuar tão aquecido como se observou no primeiro semestre do ano. No ano passado, as vendas de imóveis novos cresceram so-mente 5% no estado. “O mo-mento atual é de crescimento sustentável no setor da Cons-

trução Civil. Embora muitos falem da “bolha” e do “boom” do crescimento, o aumento do crédito, a redução de juros e o alongamento dos prazos de financiamento imobiliário têm contribuído para a pavimen-tação de um caminho sólido do setor”, explica o presidente Hamilton. O crescimento da construção em 2008 deverá ser de pelo menos 10% em volu-me (medido por metros qua-drados) de alvarás para novas construções.

De acordo com dados do Banco Central, de janeiro a ju-nho deste ano foram aplicados R$ 414 milhões no Paraná em financiamentos imobiliários com recursos da poupança, 45% a mais que no mesmo pe-ríodo do ano passado. Os fi-nanciamentos realizados com recursos do FGTS atingiram R$ 364 milhões de janeiro a ju-nho, volume 37% superior aos seis primeiros meses de 2007. Com os resultados positivos, as empresas de construção ci-vil estão contratando mais. No primeiro semestre deste ano, o setor dobrou o número de no-vas vagas criadas em relação ao período de janeiro a junho de 2007 e fechou com 11.514 pos-tos de trabalho no Paraná.

“O cenário econômico fa-vorável tem proporcionado também maior segurança aos compradores, que se sentem mais confiantes em assumir financiamento de longo pra-

"O primeiro sinal deste aquecimento foi o aumento absurdo no preço dos terrenos com casos em que o valor está batendo em r$ 2 mil o metro quadrado, mais do dobro do que era pedido há alguns anos"

Hamilton Pinheiro Franck

gERaÇÃO DE EMPREgOSano brasil Paraná curitiba2005 85.053 2.091 1.169 2006 85.796 5.955 2.568 2007 176.755 8.011 3.8652008 (*) 197.153 (102%) 11.514 (99%) 6.354 (123%)

Fonte: MTB/Caged

(*) Janeiro à junho

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Apartamento decorado em um lançamento feito por uma das 12 novas empresas que desembarcaram no Paraná para investir R$ 1,5 bilhão. Dentre as empresas mais importantes estão a Abiara e a Cirela de São Paulo.

zo. Neste contexto, a queda de juros contribuiu bastante para o aquecimento do mercado da construção. Hoje a concor-rência entre os bancos para a oferta de financiamentos imo-biliários está mais acirrada, o que é positivo para o compra-dor, que encontra taxas de 6 a 12%, por exemplo. Os juros no Brasil compe-tem com países de primeiro mundo, que estabilizaram a moeda muito antes do nosso país”, ex-plica presidente do Sinduscom Paraná, Hamilton Pinhei-ro Franck. “Pode-mos perceber que os números são ex-pressivos e as pers-pectivas positivas. O Brasil está efetivamente retomando o crescimento da indústria da construção civil, juntamente com o resto da economia do país, de maneira forte e sustentável, semelhan-te ao que houve na Espanha, Chile e México”, conclui.

Cidades aquecidas

Em Curitiba, Londrina e Maringá, as maiores cidades do

estado e aonde o mercado está mais aquecido, as perspectivas são de estatísticas maiores: na capital, por exemplo, espera-se que o volume de alvarás seja 25% maior que em 2007, quando 2.286.501 m2 foram liberados pela prefeitura. Isso porque o mercado local foi um dos que mais se retraiu

nos anos anterio-res. “Estamos re-tomando números que tivemos no passado”, diz o presidente. A boa fase foi percebida pela maior parte das grandes em-presas brasileiras. Pelo menos doze delas desembarca-ram no estado nos últimos dois anos

com lançamentos superiores a R$ 2 bilhões em valores de venda – só em Curitiba, R$ 1,5 bilhão e R$ 450 milhões em Londrina. Segundo o Sindus-com, 95% destes investimen-tos são para novas moradias.

Por sinal, há todo um qua-dro favorável para a aquisição de imóveis por conta do au-mento da renda do paranaen-se, graças às excelentes safras de 2007 e 2008 que, além de

maré altaNa foto, o presidente

do Sinduscon-PR, Hamilton Pinheiro Franck. "Como o

mercado ficou muito tempo parado e sem

lançamentos, está ávido por novas ofertas

de qualquer categoria”.

NOVaS CONSTRuÇõES NO PaRaNÁAno Residencias 2000 991 2001 1.711 2002 1.650 2003 1.860 2004 1.006 2005 1.708 2006 1.892 2007 3.9272008 (janeiro à junho) 2.079

baterem recordes de produ-ção, vieram atreladas a preços nunca vistos pelos produtores rurais. Como o Paraná é um dos estados que mais depende do setor para investimentos, a hora é de comemorar e in-vestir. Em Londrina, 2007 já foi considerado um ano muito bom para o setor, mas só no primeiro semestre deste ano a cidade superou em 15% o volume de vendas do ano pas-sado, com o que foram comer-cializados 75% dos estoques previstos para este ano e os outros 25% devem ser ven-didos até o final de setembro. Resultado: há mais demanda que produtos.

Para acompanhar este rit-mo, as construtoras locais de-cidiram antecipar para agosto e setembro alguns dos lança-mentos previstos apenas para 2009. No total, serão lança-dos 940 apartamen-tos de médio e alto padrões, com ta-manhos entre 105 e 290 metros qua-drados, com valo-res de R$ 160 mil a R$ 600 mil por unidade ■

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No mercado de com-modities, as regras competitivas parecem

quase sempre igualar os con-correntes, de forma que fica difícil perceber vantagens e diferenças dentre um produ-to e outro, deixando o preço como único apelo. Entretanto algumas empresas conseguem achar nichos de mercado que não só agradam pela qualida-de, mas também por dar op-ções diferentes ao consumidor. Esse é o caso da Imcopa, que preferiu optar por trabalhar apenas com soja não-transgê-nica, e hoje é uma das maio-res movimentadoras e expor-tadoras do mundo do grão, adquirindo anualmente cerca de 2 milhões e 300 mil tonela-das no Paraná e Mato Grosso.

Aproveitando um nicho ainda pouco explorado, a Imcopa pretende conquistar o público brasileiro preocupado em não consumir produtos transgênicos, aumentado a destinação para o mercado interno de 10% para 51% da sua produção.

Com foco no mercado nacional

Agora, em busca de maior rentabilidade nas suas opera-ções e também para não ficar na dependência de pratica-mente só o mercado europeu, a Imcopa está dan-do uma guinada radical no seu per-fil de negócios: até o final de 2009 a empresa quer des-tinar 51% de sua produção ao mercado interno na forma de óleo refinado – hoje a empresa exporta 90% das 450 mil toneladas de óleo bruto que produz por Parana-guá. A Imcopa pretende atin-gir 5% deste mercado de óleo de soja de consumo domésti-co dominando pelas transna-cionais como Bünge e Cargill.

Segundo seu presidente, Frederico José Busato Jr, “a empresa está investindo US$ 50 milhões” na ampliação da produção, capacidade de re-fino e envase e terá ainda de contratar novas empresas no mercado para auxiliar na pro-dução de 1 milhão e 400 mil caixas de latas e embalagens pet que pretende colocar no mercado do Centro-Sul a par-tir de abril do ano que vem. “ Nós ainda não imaginamos utilizar publicidade tradicio-nal porque é preciso colocar pelo menos 1 milhão de cai-xas para sentir o mercado.

“Embora a maior parte do consumidor brasileiro desconheça o assunto transgênicos, nós queremos ocupar este nicho a partir de agora, como fizemos com os negócios na Europa”

Enrique Marti Traver

novos mercados Imcopa

Só depois disso vamos ver o que funcionou na estratégia”, argumentou. “O nosso prin-cipal apelo será o rótulo com a inscrição “alimento não-

transgênico” até porque as marcas líderes de mer-cado estão sendo obrigadas pela le-gislação a colocar nos seus produtos

o símbolo da transgenia. Em-bora a maior parte do consu-midor brasileiro desconheça o assunto transgênicos, nós queremos ocupar este nicho a

Produto non-gmoHá mais de oito anos a Imcopa rotula o óleo de soja da marca Leve com a informação "alimento não-transgênico". A empresa foi a primeira fabricante brasileira de óleo de soja não-transgênico certificado a informar ao consumidor a origem de sua matéria-prima.

desafiosSegundo integrantes da Abrange, o grande desafio do setor de produtos não-transgênicos é garantir o fornecimento da matéria-prima, considerando que a produção de soja transgênica no Brasil já ocupa cerca de 60% da área plantada no País.

é Quanto a imcoPa Quer destinar de sua Produção ao mercado interno

51%

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Por conta de um nicho de mercado que movimenta 1,5 milhão de toneladas de óleo de peixe anualmente, a Imco-pa está estudando há dois anos a substituição do óleo ob-tido principalmente da anchoveta, um peixe em extinção, por um óleo obtido de algas marinhas e também rico em ômega 3 e 6. Este óleo é utilizado essencialmente na pro-dução de um farelo que alimenta a criação de salmão em cativeiro em várias partes do mundo, o que lhe garante o tom róseo único e saboroso da sua carne. A empresa pa-ranaense conseguiu US$ 10 milhões da Finep – Financia-dora de Estudos e Pesquisas para envolver laboratórios e universidades na pesquisa que já identicou quatro espécies

de algas marinhas bastante promissoras, inclusi-ve duas existentes na costa brasileira – há

algas que podem produzir até 100 vezes mais óleo em um hectare do que a soja, por exemplo. “ É um passo importante para novas fontes de produção de óleo e os estudos vão demorar pelo menos mais dois anos. Só aí entraremos na planta industrial para produzir pelo menos 400 mil toneladas por ano para substituir o óleo de peixe que começa a ter dificuldades de pro-dução”, diz o diretor de operações,

Enrique Marti Traver. “ A nossa próxima etapa é estudar como produzir algas em grande quantidade”, acrescenta. A pesquisa é única no mundo, pelo que se tem conhecimen-to, o que pode garantir para a empresa um novo nicho de atuação, algo em que ela gosta

de atuar pelo que se viu com os transgênicos.

partir de agora, como fizemos com os negócios na Europa”, disse o diretor da operações da Imcopa, Enrique Marti Traver.

O produto, hoje comercia-lizado com a marca Leve em pequena quantidade e exclu-sivamente em Curitiba, será vendido pelo mesmo preço das marcas líderes e que utili-zam soja transgênica. “Vamos aguardar ainda pelo menos uns dois anos para ver ser será possível colocar um prêmio no preço para agregar maior valor ao produto pelo fato de ser um óleo comestível não-transgê-nico”, acrescentou o diretor.

A Imcopa fez esta opção de não movimentar transgê-nicos desde 1998 e, a partir disso, multiplicou por dez sua movimentação de soja, passando de 200 mil tone-ladas anuais para as atuais 2 milhões e 300 mil toneladas. Seu faturamento, em 2007, foi de US$ 1,2 bilhão e neste ano será de US$ 1,7 bilhão, graças a elevação de preços no mer-cado internacional de com-modities. Segundo, Frederico Busato Jr, “ o crescimento da produção com os novos investimentos vai compen-sar em parte a destinação maior ao mercado inter-no”. A empresa é certifi-cada pela norte-americana

Na foto, Enrique Marti Traver, Diretor de Operações da

Imcopa.

CETR-ID e pela Non-GMO que atesta o rastreamento do processo deste a produção da semente da soja até o produ-to final. A Cert-ID também emite o selo ProTerra para o produto, o que assegura que a empresa não adquire soja de propriedades em áreas de des-matamento e que não utilizam mão-de-obra infantil ou escra-va, além de possuir um rigo-roso controle agro-químico.

Como a Imcopa adquire a

maior parte de sua matéria-prima de cooperativas, boa parte da segregação do produ-to já foi realizada, o que tem garantido um índice de re-jeição de lotes contaminados por transgênicos na porta da fábrica na faixa de 1,6%. “Em nome do bom relacionamen-to com as cooperativas entra-mos até em setores em que não atuamos como aluguel de armazéns para fazer a segre-gação”, conclui Busato Jr ■

ÓLEO dE ALgAS MArINHAS

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Charge

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