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Paraná&Cia A Revista de Economia e Negócios do Paraná Ano 8 nº 55 - fevereiro \ março de 2009 - R$ 8,00 A PARANAENSE SEPAC REGISTRA CRESCIMENTO SUPERIOR A 100% NAS VENDAS DO PAPEL SANITÁRIO DE FOLHA DUPLA E QUER ENTRAR ENTRE OS LÍDERES DO PAPEL TISSUE VEJA TAMBÉM Entrevista com John Poracky, vice-presidente da AIMS INTERNATIONAL MANAGEMENT SEARCH, a maior rede de busca de executivos do planeta ENTRE OS LÍDERES João Ferreira Dias Filho, um dos fundadores da SEPAC, empresa que quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes do folha dupla.

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A Re v is t a de Ec o n o mia e Negócios do Paraná A pArAnAense sepAC registrA CresCimento superior A 100% nAs vendAs do pApel sAnitário de folhA duplA e quer entrAr entre os líderes do pApel tissue veja também Entrevista com John Poracky, vice-presidente da AIMS IntErnAtIonAl MAnAgEMEnt SEArch, a maior rede de busca de executivos do planeta João Ferreira Dias Filho, um dos fundadores da SEPAC, empresa que quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes do folha dupla.

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Paraná&CiaA Revista de Economia e Negócios do Paraná

Ano

8 n

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09 -

R$

8,00

A pArAnAense sepAC registrA CresCimento superior A 100% nAs vendAs do pApel sAnitário de folhA duplA e quer entrAr entre os líderes do pApel tissue

veja também

Entrevista com John Poracky,

vice-presidente da AIMS IntErnAtIonAl

MAnAgEMEnt SEArch, a maior rede de busca de

executivos do planeta

EntrE os lídErEs

João Ferreira Dias Filho, um

dos fundadores da SEPAC,

empresa que quer se posicionar

em terceiro lugar entre os

fabricantesdo folha dupla.

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Depois que o governo prorrogou por mais três meses o desconto do IPI para a aquisição de car-ros novos, o Paraná res-pirou aliviado. O setor tinha grandes possibilida-des de desencadear uma crise sem precedentes na economia estadual pelo efeito cascata, com pos-sibilidades de um gran-de número de demissões. Com a prorrogação, as vendas continuam altas e não há demissões. Nas demais áreas da economia está tudo como dantes. A agricultura terá uma safra das boas, embora não seja recorde, e os preços estão bons. Na construção civil há energia de crescimento e lançamentos para os pró-ximos dois anos, uma vez que o setor estava em defa-sagem com as necessidades de mercado há anos.

Assim o Paraná vai pas-

A Revista Paraná&Cia é uma publicação bimensal da Editora Ecocidade.Rua XV de Novembro, 1700 cj 07 Alto da Rua XV - Curitiba/PR CEP - 80050-000Tel (41) 3082.8877Impressão - Gráfica Capital

Jornalista Responsável - Bernardo Staviski | [email protected] - Luis Gaspar, Celsio Correato, João Alberto Simião,José Eduardo Moskevicz, José Roberto da Silva e Souza e Oscar C. Dizzimoto. Assistente de Arte - Lucas Staviski

sando quase incólume pela crise, e até mesmo com a fal-ta de mão de obra no campo para atender projetos de ex-pansão das cooperativas.

E expansão é o que mais

quer a curitibana TWGroup, que ensaia um vertiginoso crescimento no Brasil e na Itália por conta do forne-cimento de moldes para a indústria automobilística. Apesar deste ser um dos se-tores mais afetados pela cri-se, a empresa já vislumbra

um forte crescimento de quase 1000% até 2012.

Outra empresa que também quer crescer mais e ficar entre os líderes do mercado de papel tissue de folha dupla é a paranaense SEPAC, capa desta edição, que registra crescimento superior a 100% nas ven-das desse produto em 2008 e quer crescer mais 50% em 2009.

Quem veio para Curiti-ba participar de uma pales-tra em março foi John Po-racky, vice-presidente da AIMS International Ma-nagement Search, a maior rede de busca de executivos do planeta, presente em 55 países. Da sua visita, John deixou uma entrevista para esta edição da Paraná&Cia, em que falou sobre a crise e sobre a importância de se reter talentos na empresa.

O Editor

Da Redação

Uma luz no fim do túnel

Paraná&Cia

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Nesta Edição

Entre os LíderesA paranaense sepAc registra crescimento superior a 100% nas vendas do papel sanitário de folha dupla e quer ficar entre os líderes do papel tissue.

EntrevistaVice-presidente da AIMs, a maior rede de busca de executivos do planeta, John poracky veio a curitiba e falou sobre a crise no Brasil e no mundo e da importância de se reter os talentos.

Crescendo mesmo com a crisecom crescimento em 2008, demonstrado por um faturamento maior do que o previsto, o cooperativismo paranaense comemora com cautela.

Depois de conquistar Angola, Moçambique e Venezuela a MVc mira o mercado interno com suas casas de plástico.

Construção de plástico

Pág. 10

Pág. 06

Pág. 20

Pág. 22

ÍndiceEnergia................................................................14

Aquisição...........................................................15

Mudança de Foco ..............................................16

Indústria Automobilística............................... 28

Porto de Paranaguá ......................................... 31

Meio Ambiente...................................................32

De contrato renovado: Copel renova aluguel da Usina UEG Araucária para Petrobras por mais três anos.

Transporte escolar para todos: sai o primeiro lote dos 2.048 ônibus para transporte escolar que Governo paranaense quer comprar até o final do ano.

De volta para casa: depois de passar pelo controle de empresas como Souza Cruz, Nabisco e Kraft Foods do Brasil, a Maguary volta para antigos donos.

Quase 1000% de crescimento: mesmo em meio a crise que afeta o setor automobilístico, a Paranaense TWGroup quer multiplicar seu faturamento por 10 em quatro anos.

Problema antigo: segundo o ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, dragagem deixará Porto de Paranaguá entre os melhores do mundo.

Cuidando das araucárias: chegando ao Brasil com seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a norte-americana Boeing investe em projeto ambiental no Paraná.

Lucrando e preservando: cooperativa Lar se habilita a receitas com crédito de carbono e investe R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano.

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Entrevista

“A crise não é o fim do mundo”

John Poracky

promovida pelo IBEF-PR, do sócio brasileiro De Bernt Entschev e do IBMEC onde lembrou “a impor-tância de se ter funcionários talentosos para estes tempos difíceis”. Poracky trabalha em Chicago, o que equivale a dizer que assiste a crise nos Estados Unidos e no resto do mundo bem do “olho do furacão”.

Segundo ele, apesar do desemprego em taxas alarmantes e uma quantidade cada vez maior de candidatos a vagas de executivos “continua sendo um grande desafio contratar pessoas ta-lentosas e habilidosas e a verdade é que segun-do as pesquisas o desemprego não melhorou a oferta deste tipo de individuo”.

Além da AIMS, John Poracky é sócio dire-tor da MCWood e foi um dos fundadores do Douth Lake National Bank, onde trabalhou como vice-presidente. Também atuou como consultor sênior no Bank of América e na Deloitte&Touché. Segue a entrevista:

Vice-presidente da AIMs International Management search, a maior rede de busca de executivos do planeta, presente em 55 países, John poracky veio a curitiba em março para participar de palestra

PR&Cia▶ Já é possível sentir um impacto no mercado para executivos. Como os contratantes de-vem responder? O que é importante para treinar esses profissionais?

John Poracky▶ Isto é ab-solutamente verdade. As contratações estão em baixa e o desemprego está crescendo. Ao mesmo tem-po em que isso acontece, vemos uma quantidade cada vez maior de candida-tos. Mesmo assim, estudos recentes mostram que en-contrar pessoas talentosas é ainda um grande desafio para os contratantes, que acabam forçados a serem mais seletivos por terem mais candidatos para esco-lher. Para direcionar esse impacto, os líderes execu-tivos precisam olhar para o programa de avaliação de talentos da própria empre-sa. Esses programas devem conter testes antes da con-tratação, e também avalia-ções após a contratação. Essa avaliação pós-con-tratação serve como ferra-

menta para os profissionais e seus contratan-tes, já que aju-dam a analisar as capacidades, fraquezas, per-sonalidade e seu papel como um todo.

PR&Cia▶ Exis-te hoje a neces-

Em 2007, as 20 maiorEs

companhias dE capital abErto do planEta tinham um

valor próximo a us$ 5,3 trilhõEs.

hojE valEm

us$ 3,5 tri

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sidade de um novo perfil de executivo para o mer-cado, com novas compe-tências? John Poracky▶ A resposta é não. Não são necessaria-mente novas competências que importam, mas sim a habilidade do executivo em enfrentar situações e saber o que ele deve fazer para que sua organização seja bem sucedida. Isto é realmente a “chave” do ne-gócio. O CEO precisa ser um líder que consiga co-municar a direção que ele quer dar à organização e fazer com que as pessoas acreditem nesse caminho para, assim, conseguir que essa estratégia seja segui-da. Todo esse processo precisa ser muito transpa-rente, onde todos estejam cientes sobre o que real-mente está acontecendo na empresa, para assim poder responder adequadamente aos problemas.

PR&Cia▶ Neste tempo de crise, muitas empresas estão diminuindo ou mes-mo tirando os bônus que a classe executiva vinha re-cebendo pelo cumprimen-to de metas, etc. Quanto tempo isso irá durar?

John Poracky▶ Sempre existirão situações de pa-gamento de bônus, como a da AIG, mas isso não atinge a raiz do problema. É apenas uma parte. O grande foco do problema é que em qualquer dessas

situações onde o governo tem que dar dinheiro para organizações sobrevive-rem, é necessário que haja um controle maior e regu-lações, para que não seja necessário fazer isso. Par-te do problema é que esse controle não existia. Como exemplo, nos EUA, o que aconteceu é que muitas or-ganizações que não eram bancos, como seguradoras

como a AIG, e a Merryl Linch viram uma oportu-nidade de ganhar muito dinheiro ao entrar no ni-cho de financiamentos de casas. Isso é algo que nun-ca deveria ter sido permiti-do. Isso aconteceu porque não tivemos regras que im-pedissem que isso aconte-cesse.

PR&Ci a ▶ E nt e nd e ndo que a crise aqui é um pou-co diferente, qual sua vi-são sobre o atual cenário econômico no Brasil?

John Poracky▶ Um dos países que mais chamam a atenção nestes últimos tempos é o Brasil, pois pelo planejamento que teve em 2005, 2006 e 2007, ele está em boa forma. A sua economia nesses anos esta-va crescendo em 5.5%. Fi-nanceiramente, é claro que o país foi afetado pela cri-se, mas o Brasil é um dos poucos que ainda apresen-tam algum crescimento no seu PIB, ao contrário de alguns países europeus e os EUA, que estão assis-tindo apenas a queda de crescimento. Pelas nossas pesquisas, o Brasil é um dos poucos “pontos bri-lhantes” na América Lati-na durante essa crise eco-nômica.

PR&Cia▶ Qual é a gran-de lição que essa crise dei-xa para os jovens executi-vos brasileiros?

John Poracky▶ Recessões houve muitas nos últimos cem anos e a diferença des-ta é que muitos dos jovens empresários nunca passa-ram por ela e pensam que é o fim do mundo. Mas essa não é a realidade, é apenas o curso de se fazer negócios. Nesse caso, por não haver um controle, o que nos levou a crise atual, são lições que os executi-vos e os governos precisam aprender, para evitar que aconteça novamente.

PR&Cia▶ Qual é a men-sagem que o senhor quer

"Um dos países que mais chamam a atenção nestes últimos tempos é o Brasil, pois pelo planejamento que teve em 2005, 2006 e 2007, ele está em boa forma. A sua economia nesses anos estava crescendo em 5.5%"

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Entrevista John Poracky

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passar na sua palestra?

John Poracky▶ Primeiro a de que é necessária uma transparência para toda a empresa, e que não se limite apenas aos executivos. Se-gundo, que os maiores bens de uma empresa são funcio-nários talentosos. Com isso em mente, na minha apre-sentação, falo sobre cinco grandes práticas chaves a se-rem adotadas em situações econômicas desfavoráveis que são: avaliar e desenvol-ver talentos apropriadamen-te; planejamento efetivo de mão de obra; criação de grupos inovadores de cola-boradores; melhorar o ba-lanço de trabalho/vida do funcionário e; criar progra-mas de reconhecimento de desempenho.

PR&Cia▶ As multinacio-nais sempre trazem jovens executivos para uma espé-cie de estágio na economia brasileira. E os executivos daqui também começam a ganhar o mundo. Como o senhor vê a escola de for-mação do executivo brasi-leiro?

John Poracky▶ Eu acredito que um ponto chave nesse mundo inter-relacionado que vivemos é que não so-mos mais “silos”. É necessá-rio olhar para a competição e o seu “banco de talentos” em uma escala global. As-sim, esses indivíduos apren-dem em uma escala global, e não apenas local. Uma das coisas que acho muito

importante, mas que está em falta nos últimos 10 a 15 anos, é o fator da leal-dade. Parte da razão dis-so são os cortes, a falta de comunicação, pessoas sem saber exatamente qual sua função e que não vêem ne-nhuma oportunidade de crescimento numa empre-sa. E essa lealdade precisa ser resgatada.

PR&Cia▶ Qual é o papel do executivo dentro de uma empresa, em um mo-mento de crise?

John Poracky▶ É de ex-trema importância que os executivos demonstrem sua liderança em tempos de crise. Como líderes, pri-meiramente e mais impor-tante, os executivos devem demonstrar e inspirar con-fiança no seu time e através da organização. Nós sabe-mos que os executivos se

deparam com desafios em uma hora ou outra. E neste ponto, o desafio é gigante para todos os profissionais pelo mundo. Durante es-ses tempos difíceis, líderes devem trabalhar juntamen-te com uma administra-ção chave, de uma maneira transparente, para formu-lar o melhor plano para le-var o negócio para frente. É importante que ele seja um comunicador e influencia-dor eficiente. Deve mostrar para a direção da empresa e para seus funcionários que “Isto é o que iremos fazer e aqui está o porquê. Aqui está o que você vai ganhar com isto e assim é como nós nos transformaremos como organização”. Um bom líder sempre terá em mente o “Isso é possível”.

PR&Cia▶ Como o “pós-crise” deve ser imaginado, já que é muito provável que vários aspectos da ordem econômica podem ser alte-rados?

John Poracky▶ A crise vai definitivamente mudar a ordem econômica. A maio-ria das maiores empresas do mundo está muito me-nor – dentre as 20 maio-res companhias de capital aberto do planeta, que jun-tas somavam um capital de mais ou menos $5.3trilhões em 2007, contabilizaram em 2008 menos de $3.5tri-lhões. Posso dizer que o mercado de ações e a des-valorização do dólar são os culpados disso■

"Um ponto chave nesse mundo inter-

relacionado que vivemos é que não

somos mais “silos”. É necessário olhar para a competição e o seu “banco de talentos” em uma

escala global. Assim, esses indivíduos

aprendem em uma escala global, e não

apenas local.

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destaca a gerente comer-cial da Sepac, Sonia Mabile.

Segundo o diretor-presi-dente e um dos fundadores da empresa, João Ferreira

Dias Filho, essa ação da empresa é uma opção es-tratégica e tam-bém uma deman-da do mercado. Para o executivo, o consumidor

brasileiro está comprando produtos de maior qualida-de. O carro-chefe da Sepac, hoje, é o papel higiênico Pa-loma, de folha simples, mas a aposta é no pa-pel de folha du-pla, representado na fábrica pela marca Duetto.

No ú l t i m o ano, a Sepac re-gistrou um au-mento expressi-vo nas vendas de papéis higiênicos folha dupla. Em 2008, o produto da marca Duetto vendeu 115% a mais que no ano anterior. No se-gundo semestre os números fo-ram ainda mais

Capa

Os brasileiros estão mais exigentes. A migração do consu-

midor que comprava o papel sanitários de folha simples para o de folha dupla está fa-zendo surgir um novo mercado, que, segundo a Associação Bra-sileira de Ce-lulose e Papel (Bracelpa), já corresponde a aproximadamente 15% do mercado total de papéis sa-nitários. Em 2008, o mer-cado de tissue apresentou um crescimento de 10% em valor, puxado justamente pelo aumento da demanda no segmento de folha dupla.

Embalada por essa ten-dência, a paranaense Sepac, que já inaugurou sua nova máquina para produzir papel higiênico de folha dupla em agosto do ano passado, quer agora se posicionar em ter-ceiro lugar entre os fabrican-tes deste mercado dominado pela Kimberly Clark (marcas Neve e Scott) e pela Santher (Personal). “Com a alta tec-nologia empregada na indús-tria, é possível disponibilizar ao mercado papéis de alta qualidade a custos acessíveis, mesmo em tempos de crise”,

expressivos, 170% a mais se comparado ao mesmo pe-ríodo de 2007. “Em 2009 a intenção é fazer com que a empresa cresça 50% em fa-turamento com ampliação do nosso mercado. Não é tarefa simples, porque signi-fica retirar fatias de mercado dos líderes”, conta João Fer-reira Dias Filho. A empre-sa obteve um faturamento de R$ 97 milhões em 2006. Ele subiu R$ 108 milhões em 2007 e para R$ 134 mi-lhões para 2008. Hoje ela está na quinta posição entre

SEPAC

SEPAC registra crescimento superior a 100% nas vendas do folha dupla e quer entrar entre os líderes do papel tissue.

EntrE Os LÍdErEs

é o QuE a EmprEsa QuEr crEscEr Em

Em 2009

50%

2006 R$ 97 milhões

2007 R$ 108 milhões

2008 R$ 134 milhões

fAtuRAmENto DA SEPAC

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João Ferreira Dias Filho, um dos fundadores da

SEPAC, empresa que quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes

do folha dupla.

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duzir o calor necessário ao processo industrial”, explica o diretor-presidente. “Outra mudança é que antes tínha-mos foco no atacado e ago-ra vamos investir no varejo, principalmente nos pontos de venda”, acrescenta. Pe-los números da Bracelpa, por sinal, no total geral do mercado há muito espaço ainda a ser criado: o Brasil tem um consumo per capita entre 4 a 5 kg de papel tis-sue enquanto que nos EUA e Canadá o consumo atinge a 20 kg. No Nordeste brasi-leiro, por sinal, o consumo é de apenas 1,2 kg per capita.

O mercado

As vendas domésticas do papel de folha dupla soma-ram US$ 836 milhões em 2008, o que correspondeu a um crescimento de 5,6% em relação ao ano anterior. Em janeiro deste ano, as vendas no mercado interno conta-bilizaram US$ 73 milhões,

os maiores fabricantes des-te tipo de produto no país.

A Sepac quer repetir no Centro-Oeste e no Sudeste o que faz no Sul do país onde no mercado geral de papéis higiênicos (folha simples + folha dupla) tem a lideran-ça no Paraná em volume de vendas, com 23% de partici-pação de mercado, segundo a pesquisa Nielsen. Na re-gião Sul, inclusive, nos dois primeiros meses de 2009, houve um “empate” entre Sepac e Kimberly na lide-rança do mercado, ambas com 15% de participação (share volume). A Sepac tem também uma presença for-te em Santa Catarina, esta-do em que também recupe-rou a liderança de mercado.

“A nossa estratégia é um papel de alta qualidade, mas com preço 20% inferior ao dos grandes concorrentes. Para conseguir isso investi-mos pesado num sistema que utiliza biomassa de reflores-tamentos próprios para pro-

Capa SEPAC

da medicina a fabricação de papel sanitários

A EmPRESA

A Sepac foi instalada no município de Mallet, 10 mil habitantes, no sul do Paraná, ao final da dé-cada de 70 pelos irmãos João e Amílcar, ambos médicos na região – João, clínico geral e cirurgião em Mallet e Amilcar, também clínico geral, em Rio Azul - que resolve-

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"A nossa estratégia é um papel de alta

qualidade, mas com preço 20% inferior

ao dos grandes concorrentes. Para

conseguir isso investimos pesado

num sistema que utiliza biomassa de

reflorestamentos próprios para

produzir o calor necessário ao

processo industrial"João Ferreira Dias Filho

alta de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2008. No ano passado, foram produzidas 849 mil toneladas de papel tissue, o que representou um aumento de 4,6% em relação a 2007. A produção de papel higiênico popular cresceu 3,6% em 2008, em relação ao ano anterior, para 58 mil toneladas. Por sua vez, a pro-dução de papel higiênico fo-lha dupla aumentou 12% no ano passado, para 103 mil to-neladas, segundo a Bracelpa.

Segundo um estudo con-duzido pelo economista Marcos Vital, do BNDES (Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social), o país apresentou a segunda maior taxa média de crescimento entre os princi-pais fabricantes de papel hi-giênico desde o ano de 2000, atrás somente da China. En-tre 2000 e 2006, a propor-ção de papéis higiênicos de folha simples de boa quali-dade passou de 31,33% para 19,18%. Já a participação

dos papéis de folha simples de alta qualidade subiu con-sideravelmente, de 32,29% para 39,07%. Houve aumen-to também na fabricação de papéis de folha dupla, que responderam por 12,53% da produção em 2006, contra uma participação de 10,62% em 2000 ■

ram investir parte de suas economias em refloresta-mento, pensando no futuro. A Sepac começou com uma simples serraria, passou à produção de pasta mecâni-ca e celulose anos depois e, finalmente, chegou ao papel sanitário, depois que os dois irmãos optaram por abando-nar as concorridas clínicas e a medicina. Em 1996 houve uma cisão do negócio e João ficou com fábrica e o irmão

com o setor de refloresta-mento. Com a nova máqui-na, a Sepac está saindo de uma produção de 100 tone-ladas diárias para 200 tone-ladas/dia de papel tissue. O carro-chefe da Sepac, hoje, é o papel higiênico Paloma, de folha simples, mas a aposta é no papel de folha dupla, representado na fábrica pela marca Duetto.“O divisor de águas foi o ano de 1990 quando tinha 49

anos e fiz uma viagem ao Japão para conhecer proje-tos de pequenas indústrias de papel que funcionavam muito bem naquele país. Aquilo me entusiasmou e a medicina foi ficando de lado”, conta João Ferreira Dias Filho. A empresa tem plano, inclusive, de insta-lar uma quarta máquina a partir do final de 2009 e agregar mais 100 mil tone-ladas à sua produção.

da medicina a fabricação de papel sanitários

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14. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

“O nosso planejamento era o de que esta usina deveria entrar em operação a partir de 2010, mas com o contrato com a Pe-trobras estamos antecipando receitas ao invés de termos somen-te despesas com m a n u t e n ç ã o”, disse o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.

Para a Petro-bras, o negócio se tornou interes-sante porque tem de cumprir os pe-didos originários da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em situações de emer-gência ou de falta de água nos reservatórios do país. Em fun-

Energia uEG Araucária

Copel renova aluguel da Usina UEG Araucária para Petrobras por mais três anos.

de Contrato renovado

Foi renovado o contrato de aluguel da A UEG Araucária Ltda. com a

Petrobras por mais três anos contados a partir de 1º de janei-ro de 2009 – a estatal também possui 20% de participação no empreendimento. Controlada pela Companhia Paranaen-se de Energia (Copel), a usina UEG Araucária possui 484,5 megawatts de potência, o sufi-ciente para abastecer uma cida-de de 1,5 milhão de habitantes e permanecerá à disposição da Petrobras, maior comercializa-dora de energia elétrica do país no mercado livre. UEG exigiu recursos estimados em R$ 750 milhões na época de sua cons-trução e, por algum tempo, es-teve ameaçada de não operar.

ção da escassez na oferta desse combustível, a Petrobras prefe-re usar a UEG e desligar térmi-cas menos eficientes. A UEG funciona a ciclo combinado – de suas três turbinas, duas são movidas a gás e uma a vapor. Com isso, a usina gera 30% mais energia que as termoelé-tricas convencionais, usando a mesma quantidade de gás. O primeiro contrato de locação, agora renovado, foi formado em dezembro de 2007.

Pelo aluguel da planta, a UEG Araucária receberá par-celas fixas mensais, acrescidas de parcela variável quando houver despacho de energia. “Em relação ao contrato ante-rior, a Aneel reduziu os despa-chos de energia para algo em torno de 200 MW, o que dimi-nuirá os valores. Paralelamen-te, a Petrobras firmou contrato de R$ 1,8 milhão mensais com a Copel Geração e Transmis-são para assegurar os serviços de operação e manutenção da usina, no mesmo período do contrato de locação”, disse Ru-bens Ghilardi.

Os valores de contrato são de R$ 13,14 por MWh (mega-watt-hora) na parcela fixa e de R$ 33,23 na parcela variável,

vezes a energia assegurada do empreendimen-to que agora é de 200 MW e o número de horas do mês. Na con-dição de contra-tada da Petrobras para a prestação dos serviços de operação e ma-

nutenção da Usina, a Copel vai receber R$ 1,8 milhão por mês (R$ 5,86 por MWh multiplica-dos pelos mesmos valores de potência e tempo) ■

A usina termoelétrica UEG de Araucária. Foto SECS .

3 mAioRES uSiNAS Do PARquE téRmiCo oPERADo PElA PEtRobRAS

Governador Leonel Brizola (RJ)

TermoMacaé (RJ)

UEG Araucária (PR)

896 MW

1.038 MW

484,5 MW

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Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .15

cação, Yvelise Arco-Verde.Desses primeiros 1.100 ôni-

bus, 630 veículos de 31 lugares cada, da marca Volskwagen, são fabricados pela Mascarello, de Cascavel, pelo valor de R$ 79,8 milhões, e 470 de 23 lu-gares cada, da Iveco, pela Ne-obus, de Caxias do Sul (RS), a um custo de R$ 53,5 milhões. As duas empresas fabricam 14 ônibus por dia. "O compro-misso é que até o final deste primeiro semestre, todos os 1.100 estejam transportando alunos que vivem no interior do estado", disse o governador Roberto Requião. A capacida-de dos 1.100 ônibus é de trans-portar 49,8 mil estudantes ■

Aquisição municípios

sai o primeiro lote dos 2.048 ônibus para transporte escolar que Governo paranaense quer comprar até o final do ano.

transporte escolar para todos

Até o final do ano, o governo paranaen-se deverá completar a

aquisição de um total de 2.048 ônibus do tipo micro-ônibus com modelos de 23 lugares e de 31 lugares, desenvolvido para também atender as ca-racterísticas das estradas ru-rais brasileiras. Isto faz par-te da ação do Programa de Transporte Escolar (PTE), que pretende atender cerca de 270 mil estudantes que de-pendem de transporte para ir à escola nas áreas rurais para-naenses, em um investimen-to total de R$ 247,4 milhões.

Na sua primeira fase, que já está em execução, o PTE prevê a compra de 1.100 ôni-bus com investimento R$ 133,4 milhões. Os veículos já estão sendo repassados em comodato às prefeituras. Dia 23 de março foram colocados à disposição de 26 municípios da Região Metropolitana de Curitiba e do litoral do Pa-raná com menos de 100 mil habitantes o primeiro lote de 80 ônibus escolares. No total, esta aquisição envolve inves-timentos de R$ 247 milhões. “A renovação da frota utili-zada no transporte escolar é uma das formas de garantir, com qualidade e seguran-ça, o acesso e a permanên-cia dos alunos nas escolas da educação básica da rede pú-blica estadual e municipal”, afirmou a secretária da Edu-

O design dos ônibus foi feito na Secretaria do

Desenvolvimento Urbano (Sedu), que é parceira da

Secretaria da Educação (Seed) no Programa de

Transporte Escolar.

Foto:SECS

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16. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

mudança de foco Kraft e maguary

Depois de passar pelo controle de empresas como Souza Cruz, Nabisco e Kraft Foods do Brasil, a Maguary volta para antigos donos.

de volta para casa

O filho pródigo à casa torna. Por uma da-quelas inusitadas

coincidências que acontecem na história das empresas, a fabricante de sucos Maguary, líder no país em sucos con-centrados está voltando às mãos da mesma família que a fundou em 1953, no Nor-deste do Brasil, depois de ter passado, desde 1984, pelo

controle de empresas como a Souza Cruz, Nabisco e, ulti-mamente, a Kraft Foods do Brasil. No começo de mar-ço, a Kraft anunciou na ca-pital paranaense que vendeu a empresa para a Companhia Brasileira de Bebidas – CBB, holding criada em 2008 para adquirir participação na Da-fruta e atuar no segmento de bebidas naturais à base de

mudando o foco Fabio Acerbi, Diretor de Assuntos Corporativos

da Kraft Foods (acima), “Era um negócio

relativamente pequeno, e não foi contemplado

pela estratégia da Kraft de ser líder no setor de

snacks no país ”.

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Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .17

do Brasil. Com a aquisição da Maguary, a CBB conso-lida e expande sua presença no segmento de sucos após ter adquirido, em dezembro de 2008, uma participação de 54% na Dafruta, criada por Silvio Tavares de Melo, tam-bém fundador da Maguary em 1953, e que atua em sucos

concentrados, prontos para beber e semi-elaborados desde 1984. Na transação, o grupo CBB foi assessorado pela Casaforte Investimen-tos, uma empresa de private equity, e pela IGC Partners.

A Maguary

A Maguary foi fundada pela família Tavares de Melo e pelo empresário Clóvis

"A Maguary não tinha a devida

atenção dentro das linhas da Kraft ao

ponto da gente nem mais encomendar pesquisa sobre as

vendas de sucos prontos, onde a participação no

mercado foi ficando cada vez menor, ao contrário dos

concentrados onde é líder"

Fabio Acerbi

frutas. "Você não sabe como estou alegre. Para nós, a ven-da da Maguary foi traumá-tica, porque gostávamos da empresa", conta o presidente do conselho de administra-ção da CBB, Romildo Tava-res de Melo, que, junto com outros três irmãos retornou ao mercado de sucos recen-temente.

Segundo Fabio Acerbi, Diretor de Assuntos Cor-porativos da Kraft Foods, “Era um negócio relativa-mente pequeno, e não foi contemplado pela estratégia da Kraft de ser líder no setor de snacks no país – biscoitos, chocolates e bebidas em pó”. Desde a chegada do novo diretor presidente da Kraft Foods Brasil, Mark Clouse, em janeiro de 2008, esta es-tratégia ficou mais explícita. Entraram no negócio, que não teve seu valor revelado devido a cláusulas de confi-dencialidade, as linhas de su-cos concentrados e prontos para beber, além das fábri-cas localizadas em Araguari (MG) e Aracati (CE), envol-vendo no total perto de 200 dos mais de 7 mil emprega-dos da empresa no país.

“A Maguary não tinha a devida atenção dentro das linhas da Kraft ao ponto da gente nem mais encomendar pesquisa sobre as vendas de sucos prontos, onde a par-ticipação no mercado foi fi-cando cada vez menor, ao contrário dos concentrados onde é líder. Com alguém concentrado neste ramo, com o foco na atividade, com certeza a empresa agora terá a devida atenção”, comple-tou a diretor da Kraft Foods

Nóbrega Lima, no município de Pedras de Fogo, na Paraí-ba. A empresa surgiu com o objetivo de industrializar as frutas típicas da região, que inicialmente limitava-se a produtos derivados de aba-caxi. Em 1974, instalou uma fábrica em Bonito (PE) e ou-tra em Araguari (MG), que permitiram a diversificação do seu portfólio de produ-tos, tanto com vários outros sabores de sucos, especial-mente o de caju, quanto com produtos derivados de coco e castanha de caju. Tornou-se referência em qualidade e as-sumiu a liderança do merca-do de sucos concentrados de frutas. A Maguary foi ven-dida pela família Tavares de Melo em 1984.

Na verdade, o setor de su-cos concentrados é um gran-de mercado em volume, mas com menor rentabilidade do que o de sucos prontos. O mercado de concentrados movimenta R$ 550 milhões e o de prontos, R$ 1,3 bi-lhão. A Maguary é líder na categoria de concentrados, com 37,3% de um mercado que movimenta 540 milhões de litros ao ano. No de su-cos prontos sua participação é insignificante, segundo a Kraft. Além disso, a Magua-ry parou no tempo, enquan-to os concorrentes lançaram novos sabores - bebidas com soja, chá verde, linhas light, diet ou com menos açúcar ■

o mERCADo DE SuCoS No bRASil

Movimentação ParticipaçãoSucos concentrados $ 550 milhões 80%Sucos prontos R$ 1,3 bilhão 25%*

* aproximadamente

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18. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Aconteceu

União Européia investirá 1,6 milhão de euros em pesquisa de bioetanol no Paraná

A União Européia está destinando 1,6 milhão de eu-ros para acelerar as pesquisas para a produção do bioetanol de segunda geração, a partir do baga-ço da cana-de-açúcar, que estão concentradas no Brasil na fábrica da Novozymes Latin America, fabricante di-namarquesa de enzimas indus-triais, instalada em Araucária

– PR. Com a empresa, a maior do mundo no se-tor, a Universidade Fede-ral do Paraná e o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba – SP, fazem parte de um grupo de cin-co parceiros que receberão a verba. Benjamin Knu-dsen, gerente de pesquisa da Novozymes, disse que o objetivo destes recur-sos é “integrar todos os

envolvidos no processo de pesquisa para que a meta de ter as enzimas capazes de pro-duzir o álcool de segunda geração em escala comer-

cial em 2010 seja atingida”.O projeto tem alcance

mundial e envolve a Novozy-

Dentro de dois meses, uma nova refinaria e a linha própria de envase da paranaense Imco-pa devem estar funcionando a todo vapor em Cambé, no Norte paranaense. Hoje, com sede em Araucária, na região Metropolitana de Curi-tiba, a Imcopa produz 400 mil caixas mensais e seu óleo, comercializado com a marca Leve, é conhecido somente no Sul, aonde é distribuído.

“A nova indústria vai produzir mais 900 mil caixas mensais e nosso foco agora passa a ser também o mercado do Sudeste. Com a pro-dução de 1,3 milhão de caixas mensais vamos estar entre os três maiores fabricantes do país e queremos chegar a 12% do mercado total”, re-vela Enrique Marti Traver, diretor de operações da indústria. Hoje, a empresa tem menos de 4% das vendas de óleo comestível.

Imcopa quer brigar com líderes no óleo de soja

Enrique Marti Traver, diretor de operações

da Imcopa.

mes da Dinamarca, dos Estados Unidos

e a Universidade de Lund, na Suécia. Os recursos da União Eu-ropéia incluem a cons-trução de um novo la-boratório de pesquisa e desenvolvimento na Novozymes de Arau-cária. Segundo a em-presa, o objetivo do contrato de dois anos com a UE é para desen-volver uma tecnologia de biocombustível lim-po e com boa relação custo-benefício. Esta é

a maior ação em pesqui-sas já feita pela Novozymes,

com a participação de cerca de 150 funcionários trabalhando em várias partes do mundo para a conversão da biomassa em etanol.

é a mEta dE produção do

álcool dE sEgunda gEração Em Escala

comErcial

2010

2ª Geração de biocombustível

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Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .19

Praticamente dois meses antes do prazo anunciado no acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curi-tiba, a Renault do Brasil co-meçou a incorporar parte dos funcionários que estavam com contratos suspensos desde de-zembro. No final de março, cerca de 500 dos 1 mil fun-cionários retorna-ram ao trabalho e vão passar por cursos de atuali-zação até o final desta semana para depois entrarem na linha de produção. O diretor de Re-cursos Humanos da empresa, Carlos Magni antecipou que, embora o número ainda não esteja fechado, “no decorrer de abril serão incorporados ao quadro pelo menos mais 50 trabalhadores”.

Como medida para garan-

tir a manutenção dos postos de trabalho, durante quase três meses eles trocaram a li-nha de produção por cursos de qualificação que, segundo a Renault, somaram 80 horas/funcionário até agora. “A sus-pensão do contrato é forma

pouco conhecida no país de não se chegar ao recurso extremo da de-missão. No curto prazo, ela reduz custos porque, no

nosso caso, significou que os recursos do FAT bancaram 50% das despesas com os sa-lários destes funcionários”, disse Carlos Magni.

Com o retorno do grupo, a produção dos veículos de passeio dos modelos Sandero, Logan, hoje em torno de 350 por dia, deve subir para mais de 500 unidades diárias.

O grande sonho do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner - o de fa-zer sua empresa atingir um faturamento anual de R$ 1 bilhão - se concretizou jus-tamente no final do ano em que ele deixou o comando direto da empresa e passou para o Conselho de Ad-ministração. Graças a ven-das surpreendentes entre novembro e dezembro e a abertura de 195 novas lojas no decorrer de 2008, a em-presa paranaense, a maior rede de franquias do país, anunciou ontem um cres-cimento de 25% sobre 2007 com uma receita na indús-tria de R$ 1,044 bilhão. A lucratividade também atingiu margens históricas, com um aumento de 45% em relação ao ano anterior.

Em outubro passado, o novo C.O. de O Boticário, Artur Grynbaum, previa crescimento de 16%, o que, na época, era considerado muito bom uma vez que o mercado de perfumes e cos-méticos vinha se expandin-do a 10% ao ano. “Estamos francamente otimistas em relação ao Brasil e projeta-mos a abertura de 100 no-vas lojas em 2009, com um crescimento acima do que o mercado prevê, entre 8% a 10% para este ano. É por isso que estamos anuncian-do investimentos de R$ 170 milhões até 2012 para con-tinuar alavancando o cres-cimento da rede que chegou a 2.660 lojas no Brasil, atin-gindo 1.520 municípios”, disse Artur Grynbaum.

O primeiro r$ 1 bilhão

Voltando ao trabalho

dE volta a casaNo final de março, a Renault do Brasil começa a incorporar parte dos funcionários que estavam com contratos suspensos por causa da crise.

renault reintegra 500 e vai chamar mais funcionários

"cErca dE 500 dos 1 mil funcionários

rEtornaram ao trabalho"

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20. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Crescimento Cooperativismo

Os efeitos da crise financeira no cooperativismo paranaense parecem ser menores. prova disso é o crescimento em 2008, demonstrado por um faturamento maior do que o previsto. Mesmo assim o setor comemora com cautela.

Abraçando o crescimento

A previsão que o presi-dente da Ocepar – Or-ganização das Coope-

rativas do Paraná, João Paulo Koslowski, havia feito no fi-nal de 2008 estava errada. Ele havia dito que todo o sistema cooperativista paranaense chegaria a um faturamento de R$ 22 bilhões, e que dentro deste número, o setor agro-pecuário representaria R$ 20 bilhões. Mas para a felicidade de muitos ele pecou por cau-tela - os resultados foram ain-da melhores.

A previsão, que já era por

si extraordinária porque efetiva-mente houve a combinação dos melhores preços com a maior pro-dução da história do setor no Pa-raná, agora está sendo revista para mais. Todo o setor coo-perativista deve faturar perto de R$ 25 bilhões e somente o setor agropecuário deve ir a R$ 23 bilhões, contra um re-sultado de R$ 16,8 bilhões em 2007, crescendo mais de 10%

Cooperativa faturamento crescimento

Copacol R$ 978 milhões 41%

C.Vale R$ 1.94 bilhão 38%

Coamo R$ 4,71 bilhões 35%

Lar R$ 1,74 bilhão 45%

Capal R$ 325 milhões 35%

Integrada R$ 1 bilhão 25%

Cocamar R$ 1,37 bilhão 25%

Fontes – Balanço das cooperativas

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Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .21

em relação ao inicialmente previsto, segundo a Ocepar.

Os números devem ser fechados nos próximos dias, mas isso está acontecendo porque os dados que a Ocepar dispunha no final de dezem-bro, época da primeira previ-são, não levaram em conta os dados contábeis dos balanços que começaram a ser divulga-dos desde o início de fevereiro, e que refletem umas situação mais real, onde a influência da desvalorização do Real frente ao dólar ficou mais clara, e o impacto da queda dos preços das commodities não foi tão grande quanto se esperava até porque a maior parte da pro-dução já estava vendida quan-do a crise começou.

O sistema cooperativista paranaense é o que apresenta melhores resultados, o mais bem estruturado e o que mais cresce no país, superando, no ano passado, em exportações as de São Paulo. O resultado se deve basicamente a soja. Cerca de 65% da produção do Estado passa por elas. Na última safra, a colheita foi de 12 milhões de toneladas, e quase 8 milhões de toneladas do grão passaram pelas coo-perativas. Das 40 cooperati-vas que trabalham com soja, cinco industrializam o pro-

duto, transformando em fa-relo para ração ou óleo. Perto de 40% da produção de soja é industrializada. A expor-tação também é significativa e representa 45% de tudo o que as cooperativas do setor agropecuário vendem para o exterior.

“Em 2008 a exportação do setor atingiu a US$ 1,5 bilhão contra US$ 1,2 bilhão

em 2007”, disse o presidente da Ocepar. São 77 entidades que respondem por cerca de 18% do PIB estadual, 55% da economia do agronegó-cio regional e 800 mil postos de trabalho. Embora os efeitos da crise ainda sejam pre-ocupantes, num plano mais real o presiden-

“neste momento não devemos tomar

créditos a custos elevados, evitando

um indesejável passivo financeiro

num momento de oscilação

desfavorável do câmbio”

João Paulo Koslowski

mElhor do QuE prEvisto Na foto, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslowski, que anunciou que a nova previsão aponta para um crescimento 10% maior do que o previsto anteriormente.

iNDiCADoRES Do CooPERAtiviSmoindicadores 2006 2007 2008*Faturamento (bilhões R$) 16,5 18,5 25,0Cooperativas (pessoas) 228 234 240Cooperados (pessoas) 406.791 451.500 500.000Colaboradores (pessoas) 50.000 51.000 55.000Exportações (US$ milhões) 852,9 1.100,0 1.500,0Impostos recolhidos (R$ milhões) 781,9 898,0 1.000,0Investimentos (R$ milhões) 794 1.028 1.275Eventos Realizados 2.368 2.950 3.000Participações/treinandos 104.614 120.000 100.000Postos de trabalhos gerados 773.309 926.608 1,25 milhão

*Estimativa p/ 2008 – Fonte: Sistema Ocepar

te da poderosa Coamo, José Aroldo Galassini, a maior do país de Campo Mourão, es-tava mais preocupado com a falta de mão-de-obra na sua região para trabalhar em três novos armazéns que a coope-rativa está construindo para ampliar sua capacidade de armazenagem para as próxi-mas safras. E com todas as letras, dizia que a cooperati-va vai perseguir em 2009 pelo menos o mesmo resultado de 2008, quando faturou R$ 4,71 bilhões.

Para o presidente da Oce-par, não é hora de se por o pé no freio das atividades, mas sim, talvez, de apenas reduzir o ritmo para perceber melhor o que o mercado sinaliza e protelar novos investimentos com vistas na expectativa do mercado consumidor. Mas o que devemos fazer de ver-dade, segundo ele, neste mo-mento “é não tomar créditos a custos elevados, evitando um indesejável passivo finan-ceiro num momento de os-cilação desfavorável do câm-bio”, conclui ■

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22. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Depois de conquistar Angola, Moçambique e Venezuela a MVC mira o mercado interno com suas casas de plástico.

dá para acreditar que é de Plástico?

Quem diria que 30% do faturamento da líder brasileira na produ-

ção de componentes plásticos para a indústria automobi-lística começaria a vir de sua participação no setor da cons-trução civil. Instalada em São José dos Pinhais, a paranaense MVC Componentes Plásticos vem pesquisando sua entrada na área de construção civil desde 2003, com um tipo de casa popular feita de plástico reforçado com fibra de vidro,

Componentes Plásticos mvC

Page 23: ParanáeCia55

uma estrutura metálica, e de baixo custo. A empresa per-tencia a Marcopolo, mas teve seu controle adquirido pela também gaúcha Artecola no ano passado.

Hoje, ela ganha forças e seu espaço no mercado inter-no. Mas isso somente depois de ter ido primeiro ao exte-rior para testar seus produtos e conseguiu abrir mercados importantes em Angola, Mo-çambique, Venezuela, Uru-guai e Nigéria. “Tivemos

muitas dificuldades porque no Brasil não havia normas nem testes para este produto porque todos trabalham com alvenaria. Lá fora o material era mais conhecido”, conta o diretor geral da MVC, Gilmar Lima.

Com base no seu trabalho com plásticos para a indústria automotiva, a empresa come-çou a pesquisar a fabricação de um produto padrão de rápida montagem e de baixo custo, próprio para programas habi-

intEira dE plástico

Na foto, sede do Clube de Tiro Paranaense, em

Curitiba, com 1.600 metros quadrados e construído com os componentes de plástico. "São

muitas as utilizações possíveis" .

Page 24: ParanáeCia55

Componentes Plásticos mvC

tacionais de países em desen-volvimento. “Nós nos base-amos no trabalho que é feito para caminhões frigoríficos e barcos, um tipo de constru-ção chamada sanduíche, onde de um lado você tem chapas e um recheio no miolo com ga-nhos em relação à alvenaria no custo, na acústi-ca e em proprie-dades térmicas”, explica o diretor. “Levamos nos-sos primeiros modelos para Angola fazendo a montagem em lugares inacessíveis. Nos-so primeiro lote de casas, num total de 1.300 metros quadra-dos, foi instalado em 2005 a 400 km da capital Luanda”,

acrescenta.A partir do modelo angola-

no, onde a empresa construiu mais de 6 mil metros qua-drados de casas que até hoje sempre são entregues comple-tas – com a parte elétrica e hi-

dráulica embuti-da e isolamento térmico e acús-tico, e também galpões de 600 metros quadra-dos até 1mil me-tros quadrados, a passagem para Moçambique foi mais fácil no ano

seguinte e, em 2007, a MVC abriu também o mercado na Venezuela. “Normalmente são projetos demorados. Le-vamos pelo menos seis meses para abrir um novo país entre

testes e homologa-ções e agora esta-mos trabalhando

da rEcEita da EmprEsa no sEgmEnto dE

construção civil vEm dE ExportaçõEs

80%

Visão interna e externa de posto policial de 26m2

do Distrito Federal, construído com os componentes de plástico.

24.

Page 25: ParanáeCia55

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .25

Na foto, o diretor geral da MVC, Gilmar Lima. A participação da empresa no setor de construção civil cresceu de 5% a 10% nos anos anteriores para 30% em 2008, ou o equivalente a R$ 30 milhões e a empresa fechou um grande contrato para construir 300 postos policiais em Brasília, a um valor de R$ 40 milhões.

PREçoS E moDEloS DAS CASAS DA mvC

22 m2 R$ 13 mil30 m2 R$ 16 mil42 m2 R$ 30 mil63 m2 R$ 47 mil

a Nigéria. Nós não demos muita força ao projeto nos dois últimos anos também porque o dólar estava muito baixo, mas agora as coisas es-tão acontecendo naturalmente também no mercado interno”, afirma Gilmar Lima.

Em 2008, a participação do setor de construção civil no faturamento da MVC cresceu de 5% a 10% nos anos ante-riores para 30%, ou o equi-valente a R$ 30 milhões e a empresa fechou um grande contrato no mercado interno para construir 300 unidades de postos policiais em Brasí-

ExportaçãoEscola de1300m2

construída em Angola. " Lá fora o material

era mais conhecido".

lia, a um valor de R$ 40 mi-lhões – já implantou 60 em 2008, a programação para 2009 é de outros 140 e os res-tantes 100 serão construídos em 2010. “O negócio cresceu tanto e está se tornando tão importante que, a partir de janeiro de 2009, criamos uma nova empresa – a Poloplast Painéis – somente para cuidar

do setor de construção civil”, revela o diretor geral. O total acumulado desde a primei-ra venda em 2005 em Ango-la até aqui já ultrapassa os 70 mil metros quadrados de área construída dentro do sistema. “Mas, por enquanto, 80% das nossas receitas no segmento são originárias de exportação. Para alguns países vão às casas e construções completas, mas o Paraguai, por exemplo, só compra os painéis”, informa. Para ele, o mercado brasilei-ro está se abrindo aos poucos para este tipo de construção “embora a Caixa Econômica ainda faça muitas restrições ao produto: “construímos a sede de um Clube de Tiro in-teiro em Curitiba, com 1.600 metros quadrados. São muitas as utilizações possíveis. Para a Gol fizemos 28 postos de ma-nutenção. No Uruguai esta-mos instalando 28 mil metros quadrados de forros com os nossos painéis no novo aero-porto de Montevidéu”, con-clui Gilmar Lima ■

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26. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Segundo o levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), a futura colheita de in-verno, onde o trigo ocupa a maior parte das inten-ções de plantio, deverá apresentar um crescimen-to de área de 3% em 2009, passando de 1,4 milhão de hectares em 2008 para 1,43 milhão de hectares neste ano. Com isso, a produção deve se estabili-zar em 3,7 milhões de toneladas, considerando o trigo e as demais culturas de inverno produzidas no Paraná como aveia branca, canola, etc.

O secretário da Agricultura, Valter Bianchini, avaliou que a expectativa é boa, os produtores es-tão estimulados e o crescimento de área poderá ainda superar estas estimativas após o anúncio de medidas do Ministério da Agricultura para incen-tivar a cultura de trigo no País.

O secretário comentou também que acredita em um crescimento da área plantada com o trigo considerando o aqueci-mento no mercado de sementes, e a divulgação das normas da safra de inverno, principalmente do preço mínimo para o trigo, por parte do Ministério da Agricul-tura.

safra de inverno no Paraná cresce 3% aponta deral

Na foto, Valter Bianchini, Secretário da Agricultura e do Abastecimento.

bússola

Produtor vende a soja com pressa no Paraná para pagar dívidas

Paranaguá exporta mais

foto

: SEC

S

Aproveitando as boas condi-ções do tempo seco, e elevação dos preços para faixas entre R$ 46 a R$ 47 a saca de 60 quilos, os produtores de soja paranaense es-tão acelerando a colheita e a co-mercialização da safra nos últimos dias de março. “Como quase não houve financiamento por parte dos fornecedores para a aquisição de insumos no ano passado, devi-do a crise de crédito, boa parte dos produtores quer vender logo sua produção para quitar as dívidas com aquisição de insumos de uma só vez”, informa Flávio Turra, ge-rente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo ele, o movimento é parecido com o que ocorreu no ano pas-sado, nesta época, quando os produtores também ace-leraram a comercialização, mas pelo motivo de bons preços de mercado.

CRESCimENto DA áREA PlANtADA DAS lAvouRAS DE iNvERNoTrigo 3%Cevada 25%Aveia Preta 16%Canola 64%Centeio 70%

Na contramão da queda das expor-tações de congelados observada no país desde o começo do ano, principalmen-te de frangos e carne bovina, o porto paranaense de Paranaguá conseguiu ampliar sua movimentação em 33,78% no período graças a implantação uma grande estrutura de armazenamento de congelados na retroárea. Veja o compa-rativo com outros portos ao lado:

ComPARAtivo DoS PoRtoS – ExPoRtAção

Portos2008 – Até fevereiro (em ton.)

2009 – Até Fevereiro (em ton.)

Variação (%)

Paranaguá 192.351 257.333 +33,78

Santos 198.765 155.925 - 21,55

Itajaí 256.668 123.755 - 51,78

Rio Grande 100.981 100.733 - 0,25

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Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .27

Dados divulgados em março pelo IBGE revelam que o volu-me de vendas do comércio vare-jista do Paraná cresceu 4,8% em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2008. Esse é o trigésimo resultado positivo consecutivo nessa base de comparação. “É um resultado que não deixa dú-vidas quanto ao dinamismo do comércio paranaense, por conta principalmente do aumento da renda da população”, avalia o presidente do Instituto Parana-ense de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (Ipardes), Carlos Manuel dos Santos.

Para o secretário estadual da Indústria, do Comércio e Assun-tos do Mercosul, Virgílio Morei-ra Filho, o aumento registrado

Vendas do comércio varejista do Paraná subiram 4,8% em janeiro

segundo números do Instituto Médico-Legal e da sEsP, criminalidade aumenta em Curitiba e região Metropolitana

Os números do Institu-to Médico-Legal não dei-xam dúvidas de que Curi-tiba sofre uma epidemia de violência. No último bimes-tre deste ano, ocorreu um aumento de 30% da crimi-nalidade pra-ticada na capital e Região Metropolitana, em compa-ração aos números divulga-dos no mesmo período de

2008. “Curitiba nunca viveu um período tão violento”, disse o presidente da Comis-

são de Segurança Pública da As-sembléia Legis-lativa, deputado Mauro Moraes, do PMDB.

Segundo da-dos divulgados pela SESP, em

2008 houve um aumento de 9% no total de assassinatos praticados na capital. No res-tante do Paraná o salto foi de

7%. Ao contrário de esta-dos reconhecidamente vio-lentos, como São Paulo e Rio de Janeiro, no Paraná as estatísticas referentes à criminalidade aumentaram assustadoramente. “Além do investimento em estru-tura para as duas corpora-ções, é preciso aumentar os dois efetivos e pagar salá-rios justos. A partir daí é que podemos falar de um plano para combater a cri-minalidade no Paraná”, de-fendeu.

foi o aumEnto da criminalidadE na capital E rEgião mEtropolitana

30%Fo

to:S

ECS

em janeiro consolida os resul-tados obtidos em 2008. “No ano passado, as vendas do comércio varejista no Paraná cresceram quase 7%. Estamos mantendo o comércio aque-cido, e esta é a nossa respos-ta para a crise internacional”, analisa.

Vendas do comércio varejista do Paraná subiram 4,8% em

janeiro.

Capital da Violência

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28. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

indústria Automobilística tWGroup

Mesmo em meio a crise que afeta o setor automobilístico, a paranaense TWGroup quer multiplicar faturamento por 10 em quatro anos.

Quase 1000% de crescimento

diante de tantos acon-tecimentos negativos que estão ocorrendo

no mercado global nos últi-mos meses, é difícil fazer pre-visões otimistas se tratando do ambiente conturbado da indústria automobilística - o que o diga, acreditar que elas podem superar as expectati-vas. Mas não é o que pensa a paranaense TWGroup (Too-ling Worldwide Group) que desde o final de 2007 vem se preparando para alavancar esta prodigiosa expansão e

que espera obter os pri-meiros resultados de

impacto até o final de 2009, crescendo nada menos que 943% até 2012.

A empre-sa, com capital

100% nacional e com operações po-

sicionadas na Ásia, Europa e América

do Sul, tem sólidas razões para apostar nestes grandes núme-ros. Trabalha com um pro-duto diferenciado e que está na contramão de toda a crise mundial: a produção de gigan-tescos ferramentais (moldes) para injeção plástica, alguns com mais de 50 toneladas e custo superior a US$ 1 mi-lhão. “Hoje em dia a materia-lização da inovação, do estilo e do arrojo nos veículos tem vindo através das estruturas plásticas espalhadas pelo car-ro e que compõe 1/3 do veícu-lo. É nestes aspec-tos que um carro se diferencia para as diferentes clas-ses sociais”, expli-ca José Damigo Neto, vice-presi-dente de planeja-mento e gestão.

É em momen-tos de crise como os de agora, que as empresas costumam apostar ainda mais em inovação e em novos lan-çamentos para se diferenciar e manter posições no mercado

e a TWGroup atende exa-tamente esta expectativa

porque é ponto de parti-da e fornece boa parte

das diferenças que irão compor um novo ve-

ículo. “Para nós o ambiente de negócios está melhor do que nunca porque as montadoras terão que providenciar novos projetos. Veja o que ocorre na indústria automobilística brasileira. Em 2007 foram oito lançamentos; em 2008 este nú-mero subiu para 12 e em 2009 devem chegar a 19. Esta é a ma-

neira que este se-tor encontra para atingir novos nichos, proteger seu futuro e ob-ter novas manei-ras de aumentar as margens que normalmente são comprimidas em tempos de crise”,

justifica o diretor.Hoje o maior cliente da

empresa é a Fiat, aliás, uma das maiores responsáveis pela história de crescimento e arro-jo da TWAGroup, porque foi através da fabricante italiana que os empresários parana-enses ingressaram com força no setor e passaram a fabricar moldes para projetos inova-

da inovação, do Estilo E do arrojo nos vEículos tEm

vindo através das Estruturas

plásticas

1/3

28. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

José Damigo Neto, vice-presidente

de planejamento e gestão

Page 29: ParanáeCia55

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .29

Fábrica da TWGroup: com capital 100% nacional e com operações posicionadas na Ásia, Europa e América do Sul, a empresa trabalha com um produto diferenciado - a produção de gigantescos ferramentais (moldes) para injeção plástica.

dores de pára-choques, pai-néis de instrumentos, painéis de porta para as marcas Alfa Romeo, BMW, Fiat, Toyota, Opel, Volvo, Ford e Renault, dentro de um tipo de enge-nharia colaborativa entre estas montadoras e a empresa onde vende as vantagens de uma in-fra-estrutura de design, enge-nharia, prototipagem, produ-ção e logística internacional, cujo principal segmento de atuação é o atendimento à ca-deia de fornecimento do setor automotivo em todo o mundo. Atualmente, a TWGroup é uma das cinco maiores empre-sas do mundo neste segmento, segundo José Damigo Neto.

O início

A história começou com dois engenheiros curitibanos - Ozir Lara, atualmente pre-sidente da empresa e Guntolf van Kaik Jr, encarregado das operações na China, criaram em 1998 uma empresa para produzir especificamente a tampa das garrafas pet de óleo

de soja para empresas como a Bunge. O negócio deu certo e ganhou escala, mas não renta-bilidade, o que levou os dois engenheiros a criar em 2000 a Termopar, para a produção de ferramental de injeção de

plásticos, o que envolvia a fa-bricação ou importação das chamadas “câmaras quentes”, o coração do molde. Em 2004, a Termopar começou a de-senvolver uma cadeia de for-

necedores de moldes na Chi-na, e seus níveis de qualidade atraíram a atenção da Fiat que logo em seguida apresentou os dois engenheiros paranaenses a uma empresa italiana forne-cedora de moldes com grande tradição, tecnologia e design e em dificuldades – a CM Enge-nharia, de Diadema(SP), que pertencia ao Grupo Stracchi, empresa familiar com mais de 100 anos e sede em Turim for-necedora inclusive da Ferrari. “A CM estava com grandes problemas e nas negociações que seguiram Ozir e Guntolf compraram a empresa”, conta José Damigo Neto.

Este relacionamento com a Fiat foi intensificado ainda mais quando a empresa levou os dois engenheiros paranaen-ses para a Itália para conhecer a matriz da CM em Turim, que também estava com gran-des problemas. Pertencia a três irmãos com mais de 60 anos, estava endividada ao extremo e com um desencaixe entre faturamento e produção que estava inviabilizando o negó-cio. “O que acontecia era que empresa financiava seus clien-tes e foi se endividando junto a instituições financeiras. Um molde é entregue normalmen-te 120 dias após o pedido e a empresa só recebia uma pri-meira parcela por sua fabrica-ção depois deste tempo. A se-gunda parcela só vinha depois de testes e emissão do laudo, o que completava 220 dias”, diz o vice-presidente de pla-nejamento e gestão. “É mui-

"O ambiente de negócios está melhor do que

nunca porque as montadoras terão que providenciar novos projetos...

...Em 2007 foram oito lançamentos;

em 2008 este número subiu para

12 e em 2009 devem chegar a 19"

José Damigo Neto

28. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

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30. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

to tempo sem faturamento”, acrescenta.

Em 2006 eles decidiram comprar a empresa familiar acreditando que ela possuía uma dívida de 4 milhões de euros que logo depois se cons-tatou ser de mais de 10 milhões de euros. Foi neste período que José Damigo Neto ingres-sou na empresa para “dar um choque de gestão” no negócio e fazer o planejamento de lon-go prazo e que logo depois se tornou o terceiro sócio.

Com a evolução do empre-endimento, head office situa-do na capital paranaense, fá-brica de Turim, Diadema e os fornecedores na China (bases em Honk Kong e Shenzhen) por essa época os empresários decidiram buscar mais recur-sos junto a investidores, abrin-do uma nova participação na sociedade. E quem ingressou nela como quarto sócio em 2007, adquirindo 25% do ne-gócio, também foi um em-presário acostumado a fazer transações com a Fiat – Flávio Brandão Resende, um dos fun-dadores da Localiza, por si-

nal, a maior cliente mundial da mon-tadora italiana.

Em outubro de 2007 os quatro resolveram criar a TWGroup, uma holding com sede em Curitiba para centralizar toda a administração das empresas e dos planos futuros que envolvem a entrada nos setores espa-cial e petrolífero para os quais foi contratado Irajá Busch Ribas, um engenheiro do ITA que foi vice-presidente da Embra-er. A holding também abriga um negócio de importação do grupo de produtos de entrete-nimento da China e que repre-senta 18% do faturamento.

A TWGroup não gosta de comentar sua receita, mas de uma dívida de 10 milhões de euros criada pela aquisição em Turim em 2007 a empre-sa atingiu um receita acima de R$ 120 milhões em 2008,

dobrando de ta-manho, com ven-das de 130 moldes que usaram 1 mil toneladas de aço e envolveram 2.600 pessoas na sua fa-bricação na Itália, China e Brasil. Normalmente um molde da empresa paranaense serve para fabricar até 1 mil unidades de um determinando produto.

“Em 2008 fi-camos nos prepa-rando em tecno-

logia e infra-estrutura com investimentos de 5,5 milhões de euros e em 2009 vamos investir mais 10 milhões de euros. Agora é justamente a hora de começar a expansão nas vendas porque inclusive estamos prevendo a aquisição de uma nova base nos EUA e Canadá”, revela José Damigo Neto. “Depois, moldes para a injeção de plásticos não se res-tringem a indústria automobi-lística. Vendemos para quem produz protótipos de motos, caminhões, trens, tratores e metrôs”, diz o diretor. “O que nos diferencia é que somos uma peça imprescindível na inovação, um dos primeiros a ser chamados para consultas e cotações em novos projetos e estudos de um novo produto, seja ele um carro, uma moto, um caminhão, ou até mesmo um avião desde as fases mais preliminares, como é o caso da prototipagem, onde desen-volvemos ferramentais e peças que ajudam a montar um "car-ro-teste" para os estudos in-ternos até os diversos testes de utilização e o pré-lançamento à imprensa”, conclui Damigo■

indústria Automobilística tWGroup

AlGuNS CliENtES DA EmPRESA

• fiat• alfa romeo• bmW • fiat • toyota • opel • volvo • ford • renault

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Porto de Paranaguá Dragagem de aprofundamento

segundo o ministro da secretaria especial de portos, Pedro Brito, dragagem deixará Porto de Paranaguá entre os melhores do mundo.

Problema Antigo

O Porto de Paranaguá é um dos mais impor-tantes do Brasil, com

condições de equiparar-se aos melhores do mundo”, foi o que disse o ministro da Secre-taria Especial de Portos, Pedro Brito. Foi durante entrevis-ta ao vivo ao programa “Em Questão”, pro-duzido e coorde-nado pela Secre-taria de Imprensa da Presidência da República. Na entrevista, Brito afirmou que, com as obras de draga-gem de aprofun-damento, o ter-minal público paranaense terá as mesmas condições de ope-ração oferecidas pelos maiores portos do mundo.

“Hoje o Porto de Parana-guá é responsável por grande parte da exportação de grãos e pela competitividade des-ses produtos. Vamos investir R$ 123 milhões na dragagem de aprofundamento do porto que, com isso, passará a ter uma profundidade de 15 me-tros, ficando pron-

to para receber os maiores na-vios do mundo, que hoje não atuam em nenhum porto lati-no-americano e que poderão chegar aos portos brasileiros. Daremos ao Porto de Parana-guá as condições hoje disponi-bilizadas nos maiores portos do mundo”, afirmou Brito.

No ano pas-sado, os Portos do Paraná movi-mentaram mais de 33 milhões de toneladas de pro-dutos. Só as ex-portações foram responsáveis pela geração US$ 14 bilhões, um au-

mento de 18,91 % em compa-ração a 2007. O montante re-presenta o valor agregado das mercadorias embarcadas no terminal com destino ao mer-cado externo.

Manutenção

Antes de iniciar a dragagem de aprofundamento, a Admi-nistração dos Portos de Para-naguá e Antonina (Appa) está

realizando a campanha de manutenção do Canal da Galheta, que dá acesso aos Portos de Parana-guá e Antonina. Com a conclusão dos traba-lhos, o Canal voltará a ter suas dimensões ori-

ginais de 200 metros de largura e 15

metros de profundidade. A es-timativa é que sejam dragados cerca de 3,67 milhões de me-tros cúbicos de sedimentos do Canal, numa área de seis qui-lômetros de comprimento.

A draga holandesa HAM 310 funciona 24 horas por dia e a operação de carga e descar-ga dura, em média, cerca de quatro horas. A área de despe-jo está localizada a cerca de 15 quilômetros do Canal da Ga-lheta. Atualmente, a draga está em fase de manutenção ■

foi o QuE o porto dE paranaguá

movimEntou Em 2008 Em produtos

33 mide ton.

um dos mElhorEsO ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito (foto), diz que o Porto de Paranaguá é um dos mais importantes do Brasil, com condições de equiparar-se aos melhores do mundo. Fo

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meio ambiente boing e SPvS

chegando ao Brasil com seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a norte-americana Boeing investe em projeto ambiental no paraná.

Cuidando bem das araucárias

A n o r t e - a m e r i c a n a Boeing resolveu fa-zer sua estréia no

país na área ambiental. Em vias de uma maior aproxima-ção com o Brasil em função do seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a Boeing aprovei-ta sua chegada para também apoiar um projeto da para-naense SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental. O pro-

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grama em que ela se encaixou se chama Desmatamento Evi-tado que, em parcerias com o setor privado, atraiu empre-sas como Banco HSBC, Po-sitivo Informática, O Boticá-rio, Rigesa e Sun Chemical e já garantiu a adoção e preser-vação de 1.716,63 hectares de áreas verdes no Paraná.

A Boeing vai proteger uma área de remanescentes florestais de floresta de arau-cária em São João do Triunfo com seu investimento, cujo montante não foi revelado, mas segundo especialistas se aproxima de US$ 40 mil. O valor aparentemente não é alto, mas é o começo de um projeto que deve abranger mais áreas e novos investi-mentos. Em 2007, a fabrican-te de aviões destinou aproxi-madamente U$ 3,7 milhões para ONGs em todo o mun-do, segundo a SPVS. Em São João do Triunfo serão de-senvolvidas ações de manejo para conservação da nature-za, um programa de educação ambiental para proprietários rurais da região e pesquisas científicas em flora e fauna.

A parceria surgiu por in-termédio da Pan American Development Foundation (PADF), orga-nização que cria parcerias público-privadas para de-senvolver projetos sociais na América Latina e Caribe. “Essa é a primei-ra ação da Boeing com a PADF. Es-colhemos o pro-grama Desmata-mento Evitado como projeto pi-loto devido a SPVS ser líder na área em

que atua e pela inovação para encontrar soluções comuns e factíveis para questões das comunidades”, disse Luisa Villegas, da PADF.

A SPVS

A SPVS, por sinal, entrou na lista dos 100 melhores projetos ambientais do mun-do que concorreram a um edital para obter financia-

mento pela Comunidade Eu-ropéia. Com um projeto de cinco anos destinado a con-servação da biodiversidade do litoral paranaense a ONG participou em março do pri-meiro Auction Floor – uma espécie de leilão de projetos ambientais – em Bruxelas, na

Bélgica. A Care Brasil – com projeto voltado a mudanças climáticas no Piauí, será a segunda ONG brasileira a participar da seleção que tem orçamento de 2 milhões de euros destinados a cinco li-nhas de atuação: Áreas Pro-tegidas; Gestão Integrada; Geração de Renda; Comuni-cação; e Sustentabilidade do Projeto.

Para o diretor da SPVS, Clóvis Borges, o Programa Desmatamento Evitado per-mite que áreas de florestas nativas deixem de ser des-matadas, mantendo o carbo-no estocado e contribuindo com a regulação climática, além de proteger a biodiver-sidade e a função ecológica dessas áreas. “O projeto está servindo de modelo, pois as empresas não estão fazendo uma doação e sim investin-do num diferencial para seu produto. O projeto foi mon-tado com precisão e sabemos o que acontece em cada área. Por isso, o Brasil – 5º maior emissor de gases de efei-to estufa do mundo – passa a combater o aquecimento global com ações como esta, focadas em evitar o desmata-mento”, explica ■

"O projeto está servindo de

modelo, pois as empresas não estão fazendo

uma doação e sim investindo num diferencial para

seu produto" Luisa Villegas

Que as florestas de araucárias do sul tinham

originalmente 167 mil km2 (16,7 milhões ha) e que, desses, 80 mil km2 (8 milhões ha) estavam

no Paraná, o que equivale a 1/3 da área do Estado. O problema é que agora só restam cerca de

660 km2 (66 mil ha), ou seja, 0,8% da área.

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Cooperativa Lar se habilita a receitas com crédito de carbono e investe R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano.

Lucrando e preservando

Energia elétrica e crédi-tos de carbono. É isso que a Cooperativa

Agroindustrial Lar, de Me-dianeira está conseguindo a partir dos dejetos das aves da sua unidade industrial locali-zada na vizinha Matelândia.

Há pouco mais de 10 anos era difícil acre-ditar ser possí-vel criar receita e eletricidade do que seria, na época, a penas um incômodo. Instituído pelo Protocolo de Kyoto, que aconteceu no final da década de 90, o comércio de créditos de carbono permite a países desenvolvidos, com metas apertadas de redução de emissões de gases estufa, a compra de créditos de países

em desenvolvimento, atra-vés do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O MDL permite que países desenvolvidos invis-tam em projetos (energéticos ou florestais) de redução de

emissões e uti-lizem os crédi-tos para reduzir suas obrigações: cada tonela-da deixada de ser emitida ou retirada da at-mosfera poderá ser adquirida

pelo país que tem metas de redução a serem atingidas. Cria-se assim um mercado mundial de Reduções Certi-ficadas de Emissão (RCE).

Só para se ter uma idéia, a Cooperativa Agroindus-trial Lar está se habilitando a uma receita anual de pelo menos 120 mil euros no mer-cado de créditos de carbono. Para isso, investiu R$ 4 mi-lhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano, ou seja, deixarão de serem jogadas na atmosfera 20 mil toneladas anuais de CO2.

O projeto da Lar, inédito no Brasil, foi desenvolvido pela cooperativa em conjun-to com a empresa espanhola ZeroEmissions, do grupo

Foto aérea da Cooperativa

Agroindustrial Lar.

foi o QuE o QuE a coopErativa invEstiu

no projEto QuE rEndará 20 mil

créditos dE carbono ao ano

r$ 4 mi

Abengoa. Com apoio da Itaipu Binacional, a co-operativa também passará a produzir energia elétrica a partir do dejeto de aves da sua unidade industrial de Matelândia.

Pelo projeto, numa fase inicial, os efluentes da unida-de industrial da Lar passam por um conjunto de peneiras e por um sistema de flotação. A matéria orgânica retira-da nesses passos é utilizada como matéria-prima para ra-ção. O restante do material líquido vai para os biodiges-tores, onde produzem o gás metano usado para a produ-ção de energia. Os efluentes prosseguem para um conjun-to de lagoas onde a água é re-tirada para reuso industrial e para irrigação. “Acreditamos que esse tipo de iniciativa vai

meio ambiente Cooperativa lar

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Estabelecido no artigo 12 do Protocolo de Kyoto, o MDL ou CDM (sigla em inglês) é uma medida para promover o desen-volvimento sustentável em países subdesenvolvidos - único dentre os mecanismos de flexibilização que prevê a participação das nações em desenvolvimento. O

objetivo é estimular a produ-ção de energia limpa, como a solar e a gerada a partir de biomassa, e remover o carbo-no da atmosfera.O MDL permite que paí-ses desenvolvidos invistam em projetos (energéticos ou florestais) de redução de emis-sões e utilizem os créditos para reduzir suas obrigações: cada tonelada deixada de ser emitida ou retirada da atmos-fera poderá ser adquirida pelo país que tem metas de redu-ção a serem atingidas. Cria-se assim um mercado mundial de Reduções Certificadas de Emissão (RCE).

Mecanismo de desenvolvimento Limpo

crescer cada vez mais no Bra-sil por causa da preocupa-ção ambiental”, disse Irineu

Rodrigues, presidente da Lar.

A cooperativa é um exemplo do sistema de produção que predo-mina na região Oeste do Paraná, onde mi-lhares de produtores, muitos deles inte-grados em coopera-tivas, dedicam-se a

um conjunto de ati-vidades que vai desde a

produção de soja e milho, que servem como ração, à

suinocultura, à avicultu-ra e à bovinocultura de leite. O abate de aves na região, por exemplo, chega a 1 milhão de ani-mais por dia.

No caso da Coopera-tiva Lar, os créditos foram

calculados pela ZeroEmis-sions e levam em conta três fatores: o tratamento aeróbi-co do gás metano - 21 vezes mais poluente que o gás car-

bônico e que passa a ser capturado das lagoas de tratamen-to de efluentes para gerar energia - a cobertura das la-goas de tratamento e a geração própria de energia limpa, a partir de fonte re-novável. Ao deixar de consumir ener-gia da rede pública, a cooperativa tam-bém diminui emis-sões, porque parte da energia dispo-nibilizada pelo sis-tema elétrico bra-sileiro é produzida por termelétricas a gás e a carvão ■

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Rotineiramente, em outros cantos do país, o Paraná é tido como um estado progressista, de onde parte muitas inovações e com uma população de características avançadas socialmente.

O Paraná que não muda dejeito algum

Isso não é verdade quan-do se trata de política par-tidária ou de política em-presarial. Nestas situações, uma das características mais impressionantes dos parana-enses como povo é sua to-tal aversão a mudanças. Os presidentes de suas institui-ções são longevos e, se não houver impedimento legal, costumam ficar em seus car-gos por dois, três, cinco ou mesmo mais mandatos. Bas-ta ver o que acontece com os políticos: nos últimos 25 anos o Paraná foi governa-do praticamente por três pessoas: Álvaro Dias ficou 4 anos, Roberto Requião deve completar 12 anos e Jaime Lerner permaneceu outros oito anos. Álvaro Dias, atu-almente senador pelo PSDB,

promete retornar como candi-dato em 2010 e já se movimen-ta para isso com muita energia para obter outro quatro anos. Não se discute aqui a compe-tência, mas a falta de renova-ção, de oxigenação nas ins-tituições e na política é mais

um sintoma de acomodação e desinteresse do que qualquer outra coisa. Ágide Meneguet-te, o presidente da poderosa Federação da Agricultura do estado (FAEP), na semana re-trasada foi reconduzido pela sétima vez para um mandato de três anos a frente da insti-tuição, batendo todos os re-cordes de permanência no po-der. Mas isso vale para todas

as instituições, mesmo as liga-das a iniciativa privada, como a Federação das Indústrias, Sebrae, Sesc, entre outras.

Mas, para ocupar estes es-paços, há também uma crô-nica falta de novas lideran-ças no Paraná. O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo estado tem uma parcela inegável de culpa nisso tudo. Há poucos empreende-dores de sucesso no território fora do agronegócio porque o parque industrial mais de-senvolvido é formado quase todo por multinacionais, com dirigentes que pouco ou nada participam de política empre-sarial e passam longe da polí-tica partidária. Aliás, algumas das marcas mais tradicionais e mais caras aos paranaenses fo-ram incorporadas por empre-sas estrangeiras como o extin-to Bamerindus, a Refrigeração Paraná, da marca Prosdócimo, ou simplesmente desaparece-ram como a rede Hermes Ma-cedo que, num determinando momento, foi a maior empresa de varejo do país. Um publi-citário local, por sinal nasci-do em Jacarezinho, no Norte paranaense, cunhou uma ex-pressão que se tornou bastante conhecida na capital: a de que “O curitibano tem receio de atravessar o Rio Atuba”, o que explicaria também, além do desinteresse, a falta de arrojo que permeia a cultura política

por Norberto Staviski

Artigo

"Há poucos empreendedores de sucesso no território fora do agronegócio porque o parque industrial mais desenvolvido é formado quase todo por multinacionais, com dirigentes que pouco ou nada participam de política empresarial e passam longe da política partidária"

Artigo publicado originalmente no Jornal Gazeta mercantil

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e empresarial local. Como o Rio Atuba fica ao Norte de Curitiba, exatamente no ca-minho que é necessário tri-lhar para ir para os grandes mercados de São Paulo e do Sudeste, atravessá-lo seria o primeiro passo para que os paranaenses conquistas-sem respeito e admiração nacional, uma espécie lo-cal de Rubicão dos Césares.

Claro que há exceções como O Boticário, o Grupo C.R.Almeida, a J.Malucelli, o Grupo Positivo e o con-junto de cooperativas agro-pecuárias que possuem uma atuação invejável, mas, na verdade, o empresário para-naense assim como sua classe política em geral tem poucas ambições além de atender o mercado regional e costu-ma se contentar com pouco.

Depois, os que fazem su-cesso geralmente se distan-ciam do debate e da partici-pação em qualquer tipo de política. Outra interessante característica paranaense, aliás, é a falta de distinção ideológica. Nenhum destes últimos governantes para-naenses pode ser classificado como de esquerda, direita ou de centro. Todos, sem exce-ção, governaram de uma ma-neira em que se misturou de tudo, ao sabor de conveniên-cias eleitorais e do comodis-mo do eleitor que tem medo de qualquer novidade, mas sempre beirando o fácil po-pulismo e exercitando mais o marketing pessoal do que qualquer outra coisa. E, pelos nomes que circulam no hori-zonte da terra dos pinheirais, não há nenhuma novidade que possa alterar esse qua-dro para os próximos anos ■

Crise mercado em baixa

em função das perdas no campo e da crise mundial, paraná diminui o ritmo em 2009.

desacelerando

A economia paranaense está diretamente atre-lada ao agronegócio e

a indústria automobilística do estado. Com esta dependência acentuada, 2009 deverá ser um ano de redução no ritmo de crescimento, já que a crise eco-nômica mundial vem afetando em muito o setor mais moder-no, ou seja, o de produção de automóveis. Mas o que tam-bém deve influir de fato na re-dução de sua taxa de crescimento foi uma longa e ines-perada estiagem no final de 2008, que ocasionou perdas de mais de 5 milhões de to-neladas na safra de verão, o que significa quase R$ 4 bilhões a menos a girar no mercado.

Nestes últimos anos, a eco-nomia do estado vem apresen-tando taxas de crescimento em torno de 5%, e deve alcançar 6% em 2008 pelos bons re-sultados da agropecuária que, graças aos recordes de preços de commodities, fez dobrar o poder de consumo nos muni-cípios com economias atrela-das ao agronegócio. O Paraná possui o setor cooperativista mais bem organizado e in-dustrializado do país e isso se reflete efetivamente na sua economia. Tanto que os pro-blemas não vão afetar os in-vestimentos de R$ 1,5 bilhão que o setor fará em 2009. "A nossa previsão de crescimento

está sendo reavaliada, afinal de contas ainda não é possível quantificar a crise que atinge o Brasil e consequentemente o nosso Estado. Somente no final do mês de março, ao ava-liarmos o primeiro trimestre do ano, vamos ter um núme-ro. Esperávamos para este ano um crescimento entre 6% e 7%, mas acreditamos, sendo conservadores, que vamos fi-car entre 4,5 e 5%", explica o

Secretário do Pla-nejamento do Pa-raná, ÊnioVerri.

Segundo a Fe-deração das In-dústrias do Paraná (FIEP), atividade industrial do Pa-raná surpreendeu em dezembro, re-

gistrando alta de 2,38% em relação ao mês anterior. Com o resultado, a indústria para-naense registrou em 2008 um crescimento de 8,82% nas ven-das industriais em relação ao ano anterior, tornando 2008 o ano de maior faturamento da série histórica de vendas industriais no Paraná pesqui-sada pela FIEP. Para a FIEP, este desempenho não vai se repetir em 2009 porque a crise prejudica setores-chave para a economia do estado, como agricultura, construção civil e indústria automobilística. A queda no preço das commodi-ties agrícolas também reduz a renda do campo, com reflexo no comércio e no setor de ser-viços no interior do estado■

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Charge

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