Upload
doannhu
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Parceriapara a mudança
Cooperação para o desenvolvimento da UE com os países de África, Caraíbas e Pacífi co
Comissão EuropeiaGabinete de Cooperação da EuropeAid
Rue de la Loi 41 I 1049 Bruxelas, BÉLGICAFax : + 32 22996407E-mail : [email protected]
A brochura «Parceria para a mudança» está disponível em 17 línguas ofi ciais da União Europeia em:http://ec.europa.eu/europeaid/infopoint/publications/index_en.htm
A Comissão Europeia, ou qualquer outra pessoa agindo em seu nome, não é responsável pela utilização que possa ser feita das informações apresentadas.
Todas as fotografi as são ©União Europeia, 2010 excepto indicação contráriaCapa © François LenoirConcepção/pre-press: Tipik Communication Agency
Europe Direct é um serviço que responde às suas perguntas sobre a União Europeia.
Linha telefónica gratuita (*):
00 800 6 7 8 9 10 11(*) Alguns operadores de telefonia móvel não permitem o acesso aos números iniciados por 00 800
ou cobram estas chamadas
Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu)http://ec.europa.eu/worldhttp://ec.europa.eu/europeaid/where/acp/index_en.htmhttp://ec.europa.eu/development
Uma fi cha catalográfi ca fi gura no fi m desta publicação
Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2010
ISBN: 978-92-79-15506-2doi:10.2783/39556
© União Europeia, 2010 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte
Impresso na Bélgica
IMPRESSO EM PAPEL RECICLADO E PAPEL GRÁFICO COM RÓTULO ECOLÓGICO DA UE (WWW.ECOLABEL.EU)
Parceriapara a mudança
Cooperação para o desenvolvimento da UE com os países de África, Caraíbas e Pacífi co
Parceria para a mudança 5
ÍndiceIntrodução 9
Parceiros no desenvolvimento 11
Um historial de parcerias 11
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 11
Respeitar os nossos compromissos 12
Apoio aos países ACP 13
Resposta às necessidades 14
Fornecer mais ajuda, melhor e mais rápida 15
Ajuda aos mais necessitados 15
Resultados no terreno 17
Comércio e integração regional 17
Todos os países ACP: Manter o crescimento das exportações de produtos hortícolas para a Europa 17
África Austral: promoção de parcerias de investimento 18
Ambiente 19
África Central: Conservação e gestão das florestas tropicais 20
Infra-estrutura, comunicações e transporte 21
África Subsariana: Assegurar investimentos essenciais em infra-estruturas 21
Chade: Novas estradas podem conduzir a novos negócios 22
Caraíbas: Como manter a competitividade na era digital 23
Água e energia 24
Senegal: Água potável segura e melhor saneamento básico para a comunidade rural de Coubalan 24
Região do Pacífico: Energia solar para as ilhas mais distantes 25
Agricultura e desenvolvimento rural 26
Belize: Pobreza rural, a maior barreira ao desenvolvimento 26
Etiópia: Melhorar a segurança alimentar através de um programa de protecção à produção 27
Todos os países ACP: Apoio objectivo aos produtores de produtos agrícolas básicos 28
Governança, democracia e direitos humanos 29
Mali: Mais competências para as autoridades locais 29
Malaui: Apoio à participação dos cidadãos na vida pública 30
África do Sul: Acesso à justiça e aos direitos humanos 31
Paz e segurança 32
África: A forma como a UE ajuda África a fazer a manutenção da paz 32
Desenvolvimento humano 33
Nigéria: Protecção das crianças contra doenças infecciosas 33
Kiribati: Melhores serviços de saúde para as ilhas 34
Haiti: Educação para todos 35
Rwanda: Radio novela popular ajuda a lutar contra a SIDA 36
Tanzânia: Programa de protecção regional para refugiados 37
Parceria para a mudança6
Países de África, Caraíbas e Pacífi co
Chade
NigériaNígerBeninTogo
Burkina FasoGana
Cabo VerdeGâmbia
Guiné-BissauGuinéSerra Leoa
Costa do Marfim Libéria Camarões
República Centro-AfricanaGuiné Equatorial
São Tomé e PríncipeGabão
República do Congo
República Democrática do Congo
Angola
Zâmbia
Zimbabué
Botsuana
Namíbia
MaliMauritânia
Senegal
Bahamas
Turcos e Caicos (RU)
Cuba RepúblicaA)
Dominicana Rico (EUPorto
AntíguaBelize e Barbuda
Jamaica Haiti St Kittse Nevis
Ilha de Dominica
S. Vincente Santa Lúciae Grenadines Barbados
Granada Trinidadee Tobago
Suriname
Guiana
Suazilândia
Moçambique
Seychelles
Maurícias
Tanzânia
QuéniaUganda
DjibutiEritreia
EtiópiaSudãoSomália
Malaui
BurundiRuanda
África do Sul
Madagáscar
Palau
Papua Nova Guiné
Ilhas SalomãoTimor-Leste
Tonga
Tuvalu
Vanuatu Samoa
Niue
Nauru
IlhasMarshall
Kiribati
Fiji
Estados Federadosda Micronésia
Ilhas Cook
Ilhas MarianasSetentrionais
Indonésia
Nova Caledónia
Wallis eFutuna
Tokelau
Parceria para a mudança 7
Parceria para a mudança 9
IntroduçãoA União Europeia (UE) e os Estados-Membros são os maiores doa-
dores mundiais. Juntos, representam quase 60 % da ajuda mundial
ao desenvolvimento. Mais de metade deste montante é canalizado
para os países de África, Caraíbas e Pacífi co (ACP).
O Acordo de Parceria ACP-UE, também conhecido por Acordo de
Cotonou, é a pedra angular da cooperação com os países de Áfri-
ca, Caraíbas e Pacífi co. Os objectivos do Acordo são a redução da
pobreza através do apoio ao desenvolvimento económico, social e
ambiental sustentável nas regiões ACP e a sua integração na econo-
mia mundial. Ao mesmo tempo, o Acordo promove a consolidação
da democracia, o estado de direito, a boa governança e o respeito
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A UE dá
desta forma prioridade à defesa dos interesses dos países mais des-
favorecidos e às camadas mais pobres das populações.
O Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) é o principal instru-
mento de fi nanciamento dos 79 países ACP, bem como dos países
e territórios ultramarinos (PTU) ligados à Dinamarca, França, Países
Baixos e Reino Unido e associados à UE. O FED não faz parte do
orçamento geral da UE. Este fundo específi co é composto pelas
contribuições dos Estados-Membros. As verbas do 10.º FED estão
disponíveis a todos os países que tenham ratifi cado o Acordo de
Cotonou, que entrou em vigor a 1 de Julho de 2008.
A Comissão Europeia tem vindo a fornecer mais ajuda, melhor e
mais rápida ao longo dos anos. Durante o período do 9.º FED, entre
2000-2007, € 15,8 mil milhões foram afectados à cooperação para
o desenvolvimento com os países ACP. Ao abrigo do 10.º FED, esta
verba aumentou para € 22,7 mil milhões para o período 2008-2013.
Além disso, a Comissão está a desenvolver esforços no sentido de
tornar a sua ajuda mais efectiva, melhorando para o efeito a previ-
sibilidade, a fl exibilidade e concentrando-se nos resultados. É ainda
prestada especial atenção à necessidade de serem fornecidas res-
postas adequadas aos países em situação de confl ito, pós-confl ito
e àqueles que se encontram noutras situações delicadas.
A ajuda da UE aos países ACP é dada com base no Consenso Euro-
peu para o Desenvolvimento adoptado em 2005. Este documento
apresenta uma visão comum e defi ne um quadro comum de prin-
cípios, valores e objectivos que norteiam as actividades da UE, a
nível dos Estados-Membros e da União, de apoio à erradicação da
pobreza, procurando concretizar os Objectivos de Desenvolvimen-
to do Milénio (ODM).
A UE está empenhada em atingir os ODM nos países ACP, e também
noutros países. A UE é de opinião que o objectivo fundamental de
redução da pobreza está intrinsecamente ligado aos objectivos
complementares de boa governança e respeito pelos direitos hu-
manos - valores que subjazem à própria UE.
No âmago da política de desenvolvimento da UE estão os princípios
de apropriação e participação. A Comissão Europeia (CE) organiza
e promove o diálogo entre actores estatais e não estatais sobre as
prioridades e estratégias de desenvolvimento com os países par-
ceiros. As acções da CE visam benefi ciar os grupos mais pobres e
vulneráveis da sociedade, melhorar a sua participação nas decisões
sobre políticas que os afectam e, desta forma, ajudá-los a construir
uma sociedade civil dinâmica, essencial para a democracia e para
o desenvolvimento.58 %
20 %
5 %
12 %
5 %
Exclui programas temáticos ACP,
incluindo linhas orçamentais para a África do Sul, bananas e açúcar
Distribuição por instrumento geográfi co em milhões de EUR, 2009
Vizinhos do Sul 1 137
Vizinhos de Leste 318
Ásia 673
América Latina 308
África, Caraíbas, Pacífi co 3 379
(€ Milhões)
Parceria para a mudança 11
Parceiros no desenvolvimentoUm historial de parceriasHá mais de cinquenta anos que a UE apoia os países ACP. O Tra-
tado de Roma de 1957 defi niu disposições para a criação do FED,
inicialmente destinado à prestação de ajuda técnica e fi nanceira
aos países de África com os quais os Estados-Membros tivessem
laços históricos.
O grupo de estados ACP foi ofi cialmente criado em 1975 com o
Acordo Gergetown, inicialmente assinado por 46 Estados de África,
Caraíbas e Pacífi co. Hoje, o grupo ACP é composto por 79 países, e
todos, à excepção de Cuba, são signatários do Acordo de Cotonou:
48 Estados de África, cobrindo toda a região da África Subsariana,
15 Estados das Caraíbas e 15 do Pacífi co.
Entre 1975 e 2000, as relações ACP-UE foram dominadas pelas revi-
sões periódicas das Convenções de Lomé (Lomé I – Lomé IV bis). Após
um processo de alteração, estas convenções foram substituídas pelo
Acordo de Parceria Económica ACP-UE, assinado em Cotonou, Benin,
em Junho de 2000 e que entrou em vigor em Abril de 2003. O Acordo
de Cotonou está em vigor até Junho de 2020. O Acordo é revisto de
cinco em cinco anos e a segunda revisão realizou-se em 2010.
A parceria ACP-UE estabelece uma ligação clara entre a dimensão
política, comercial e do desenvolvimento, e assenta em cinco pilares:
• reforço da dimensão política nas relações entre os países ACP e
a União Europeia;
• participação da sociedade civil, sector privado e outros actores
não estatais;
• redução da pobreza, sendo este um objectivo-chave no âmbito
dos objectivos acordados a nível internacional (em particular os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio);
• um quadro inovador de cooperação económica e comercial;
• racionalização dos instrumentos fi nanceiros e um sistema de
programação fl exível.
A UE tem uma relação especial com a África do Sul que assenta em
valores políticos, sociais e éticos fundamentais, tais como a demo-
cracia, direitos humanos, boa governança e um forte empenho na
luta contra a pobreza e a exclusão social. O Acordo de Comércio,
Desenvolvimento e Cooperação foi celebrado com o objectivo de
reforçar a cooperação bilateral em vários domínios, servindo de
base jurídica para regular as relações entre a África do Sul e a UE.
Os ODM são a base da cooperação ACP-UE, em particular no que
respeita a erradicação da pobreza extrema e fome, assim como
os outros objectivos de desenvolvimento acordados nas con-
ferências das Nações Unidas.
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
Um marco no caminho para mais e melhor ajuda foi o acordo sobre
os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em 2000, em que
a União Europeia, juntamente com a comunidade internacional,
se comprometem em alcançar uma série de objectivos no domínio
do desenvolvimento – em particular reduzir para metade a pobreza
no mundo até 2015.
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
Na Cimeira do Milénio das Nações Unidas de 2000, a comuni-
dade internacional defi niu oito Objectivos de Desenvolvimen-
to do Milénio que deverão ser alcançados até 2015:
• Erradicar a pobreza extrema e a fome
• Alcançar o ensino primário universal
• Promover a igualdade entre os géneros
• Reduzir a mortalidade infantil
• Melhorar a saúde materna
• Combater o VIH/SIDA, e outras doenças graves
• Garantir a sustentabilidade ambiental
• Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento
Apesar dalgumas tendências mundiais positivas, muitos países es-
tão longe de atingir os ODM acordados até 2015, em particular os
países da África Subsariana. Além disso, surgiram novos desafi os
que atrasaram o progresso e impedem que os ODM sejam alcan-
çados como previsto: a crise fi nanceira e económica mundial, mas
também os preços altos e voláteis dos alimentos e dos produtos
agrícolas básicos.
A erradicação da pobreza e o cumprimento
dos ODM continuam a ser objectivos primor-
diais para a UE. Neste sentido, a UE apoia acções
em áreas-chave tais como educação, ambiente,
saúde, água e saneamento, segurança alimentar,
infra-estruturas e igualdade entre os géneros.
12 Parceria para a mudança
Respeitar os nossos compromissosEm 2002, os líderes mundiais adoptaram o Consenso de Monterrey so-
bre o Financiamento do Desenvolvimento que visa erradicar a pobreza,
alcançar um crescimento económico estável e promover o desenvolvi-
mento sustentável, ao mesmo tempo que se avança rumo a um sistema
económico inclusivo e equitativo. Nesta óptica, os países doadores con-
cordaram afectar 0,7 % do seu PNB para a Assistência Ofi cial ao Desen-
volvimento (AOD). Os compromissos do Consenso de Monterrey foram
reiterados em 2008 na Conferência Internacional de Acompanhamento
sobre Financiamento do Desenvolvimento que se realizou em Doha.
Estes compromissos da comunidade internacional de doadores, tradu-
ziram-se em mais ajuda, o que permite à Comissão Europeia introduzir
abordagens inovadoras, tais como os Contratos ODM, concentrando a
sua ajuda orçamental aos países benefi ciários nos resultados relaciona-
dos com os ODM, designadamente na saúde e na educação. Os Contra-
tos foram concebidos para que os países benefi ciários benefi ciassem de
um apoio fi nanceiro mais previsível e a mais longo prazo.
Em 2009, o orçamento para a ajuda externa da Comissão Europeia era de
aproximadamente € 11,8 mil milhões, sendo os principais benefi ciários
os países ACP. Entre 2005 e 2008, os compromissos assumidos pelo FED
relativamente aos países ACP aumentaram em 41 %, tendo atingido
um nível recorde de € 4,4 mil milhões, em 2008. Nesse mesmo período,
os níveis de fi nanciamento para os países ACP, tanto do FED como do
orçamento da UE, aumentaram 14%, tendo a média sido de € 3,7 mil
milhões no período entre 2005-2008. O conjunto dos pagamentos des-
ceu ligeiramente em 2009, devido principalmente ao incumprimento
dos critérios relativos às despesas no âmbito do apoio orçamental em
determinados países benefi ciários.
0
500
1999
1 352
2003
2 345
2001
1 779
2005
2 826
2007
2 920
2000
1 640
2004
2 464
2002
1 922
2006
2 826
2008
3 215
2009
3 123
1 000
2 000
3 000
1 500
2 500
3 500
Pagamentos FED (1999-2009) (montantes brutos – valores nominais)Pagamentos
(€ Milhões)
Parceria para a mudança 1313
Apoio aos países ACPA Comissão Europeia dispõe de vários instrumentos para prestar
assistência aos países ACP e PTU. A fatia de leão provém do FED.
Trata-se de um instrumento intergovernamental fi nanciado pelos
Estados-Membros da UE, cujas contribuições individuais são es-
tabelecidas de acordo com uma tabela específi ca. O FED tem as
suas próprias regras fi nanceiras e é supervisionado por um comité
específi co composto pelos Estados-Membros.
Para o período 2008 a 2013, o FED gere um orçamento total de €
22,7 mil milhões. Deste montante, € 22 mil milhões são afectados
aos países ACP, € 286 milhões aos PTU e € 430 milhões à Comissão,
a título de despesas de apoio à programação e execução.
28 %
12 %
7 %
23 %
7 %5 %
10 %
3 %
4 %
1 %
Consenso Europeu: áreas de cooperação ao desenvolvimento em que a UE intervém fi nanceiramente através do FED
Governança e apoio às reformas económicas institucionais 426
Integração comercial e regional 228
Infra-estrutura e transporte 795
Água e energia 243
Coesão social e emprego 46
Desenvolvimento social e humano 186
Desenvolvimento rural, planeamento territorial, agricultura e segurança alimentar 355
Ambiente e a gestão sustentável dos recursos naturais 105
Prevenção de confl itos e Estados fragilizados 126
Multi-áreas 992
Áreas relacionadas com a cooperação para o desenvolvimento Compromissos (€ Milhões)
Compromissos APD 2009 em milhões €. Estimativa de Março de 2010. Apenas a título exemplifi cativo.
A par do FED, o orçamento geral da UE prevê ajuda através de uma
série de instrumentos geográfi cos e temáticos. Os seguintes instru-
mentos aplicam-se aos países ACP: o Instrumento de Financiamen-
to da Cooperação para o Desenvolvimento (ICD), o Instrumento
de fi nanciamento para a promoção da democracia e dos direitos
humanos (IFPDDH) e o Instrumento de Estabilidade (IdE).
O ICD inclui uma cooperação geográfi ca com a África do Sul, bem
como programas temáticos que abrangem diferentes áreas de ac-
tividade e que benefi ciam o conjunto dos países em desenvolvi-
mento, incluindo os Estados ACP. Estes programas apoiam acções
nos seguintes domínios:
• investimento nas pessoas (sectores sociais);
• actores não estatais (sociedade civil) e autoridades locais;
• ambiente e gestão sustentável dos recursos naturais, incluindo
a energia;
• segurança alimentar;
• migração e asilo.
O ICD inclui ainda medidas de acompanhamento para 20 países
ACP exportadores de açúcar, com o objectivo de apoiar o seu pro-
cesso de ajustamento no seguimento da reforma do mercado do
açúcar da UE. A partir de 2010, o ICD passará a apoiar os países ACP
exportadores de banana.
Refi ram-se ainda os acordos bilaterais dos Estados-Membros com
os países em desenvolvimento e a aplicação individual de iniciativas
de cooperação sob a responsabilidade dos países.
14 Parceria para a mudança
Resposta às necessidadesOs resultados concretos no terreno são o fruto de um processo de
programação abrangente a vários níveis, para dar resposta efi caz
às questões que se colocam. A Comissão Europeia trabalha estrei-
tamente com os benefi ciários das ajudas com o objectivo de asse-
gurar a partilha das responsabilidades e reforçar o nível de parceria,
a apropriação e consistência das políticas.
PROGRAMAÇÃO DAS AJUDAS
A Comissão defi niu documentos estratégicos por país e região, jun-
tamente com os países parceiros e as delegações locais da UE – os
denominados documentos de estratégia nacional e regional (DEN e
DER). Estes documentos são ainda complementados com programas
indicativos nacionais e regionais (PIN e PIR), que descrevem mais deta-
lhadamente as acções planeadas, o respectivo orçamento aproximati-
vo e o prazo de execução. Posteriormente, são elaborados programas
de acção anuais (PAA), que descrevem as acções concretas a ser fi nan-
ciadas em cada um dos países e regiões parceiros durante um ano.
A Comissão Europeia estabelece um diálogo permanente e con-
tínuo com o país parceiro durante o período de programação. Ao
fazê-lo, a Comissão pretende incentivar uma participação plena e
activa do país parceiro e a supervisão conjunta dos desenvolvimen-
tos, que poderá redundar numa mudança das prioridades, tal como
a resposta a dar à actual crise fi nanceira mundial.
As actividades de cooperação estão descentralizadas. Isto sig-
nifi ca que, tanto a programação como a execução da ajuda ao
desenvolvimento dependem, em grande medida, das delega-
ções da UE no terreno em cooperação com os governos locais.
As delegações, e os países parceiros, identifi cam as acções a realizar,
analisam a viabilidade das mesmas, supervisionam a sua execução
e asseguram-se que são fi scalizadas e avaliadas. Hoje, mais de 80 %
das operações são geridas pelas delegações da UE. Contrariamente
aos programas nacionais, alguns programas regionais e horizontais
são geridos directamente através da sede do EuropeAid em Bruxelas.
A AJUDA NA PRÁTICA
A ajuda ao desenvolvimento é fornecida através de dois canais
distintos: a abordagem do projecto ou apoio orçamental. A abor-
dagem do projecto apoia iniciativas específi cas com objectivos
claramente identifi cados, um orçamento e um prazo fi xos. O
apoio orçamental envolve a transferência directa de fundos para
o orçamento nacional de um país, com base em indicadores de
desempenho acordados. Consoante o que tiver sido acordado,
o apoio orçamental também pode ser atribuído a um sector es-
pecífi co, como por exemplo, à saúde ou educação. Em ambas as
circunstâncias, a elegibilidade para esta forma de apoio depende
do respeito de critérios muito rigorosos, incluindo boas práticas
de gestão fi nanceira.
A Comissão Europeia recorre principalmente ao apoio orçamental
como forma de melhorar a efi cácia da ajuda, através da utilização
de sistemas nacionais e o reforço da responsabilidade democrática,
a apropriação e a capacidade dos governos benefi ciários para gerir
o desenvolvimento nos respectivos países. Em 2008, o apoio orça-
mental geral foi aprovado em 22 países, o que representa 45 % da
totalidade dos compromissos, comparativamente a 11 % em 2007.
A totalidade dos compromissos de apoio orçamental cresceu 110 %
e passou de € 3,9 mil milhões no período 2001-2004 para € 8,5 mil
milhões entre 2005-2008. Ao abrigo do 10.º FED (2008-2013), cerca
de 44 % das dotações nacionais programadas para os países ACP
serão atribuídas sob a forma de apoio orçamental.
Parceria para a mudança 15
Fornecer mais ajuda, melhor e mais rápida
Em anos recentes, a Comissão fez esforços consideráveis e investiu
recursos no sentido de fornecer mais ajuda, aonde é mais necessária,
e de forma mais atempada e efectiva. O alinhamento das ajudas dos
doadores com as estratégias e procedimentos de países parceiros e a
incorporação dos objectivos dos programas de desenvolvimento a ní-
vel local são o cerne da política europeia externa em matéria de ajuda.
Estes, e outros objectivos-chave de desenvolvimento, estão descritos
no Consenso Europeu para ao Desenvolvimento de 2005 que acabou
por conduzir à adopção, em 2007, do Código de Conduta da UE em
matéria de divisão das tarefas na política de desenvolvimento. Ambos
os documentos fornecem uma visão comum da política de desenvolvi-
mento dos Estados-Membros e da Comissão no sentido de aumentar a
efi cácia da ajuda, utilizando para o efeito melhores sistemas de afecta-
ção que funcionem com base nas vantagens relativas de cada doador
europeu. O Consenso reitera os compromissos da UE, assumidos na
Declaração de Paris sobre a Efi cácia da Ajuda ao Desenvolvimento de
2005, de aumentar os esforços da UE em termos de harmonização,
alinhamento e melhor gestão da ajuda, com garantia de resultados.
Em Setembro de 2008, o Fórum de Acra sobre a Efi cácia da Ajuda adop-
tou a denominada Agenda de Acção de Acra que inclui compromissos
políticos importantes, assumidos entre os países doadores e os países
em desenvolvimento, e medidas muito ambiciosas de melhoria da
aplicação da Declaração de Paris.
No âmbito do Código de Conduta da UE em matéria de divisão das
tarefas na política de desenvolvimento, a Comissão Europeia está a
harmonizar as práticas dos países doadores através de melhores me-
canismos de co-fi nanciamento com outros doadores, bem como da
cooperação delegada. Esta última traduz-se por um acordo de parceria
entre a Comissão e outra entidade doadora, segundo o qual uma das
partes delega na outra autoridade para agir em seu nome em ques-
tões de gestão de fundos. A outra entidade poderá ser outro Estado-
Membro, um doador bilateral ou uma organização internacional. Este
processo permitiu reduzir as despesas gerais dos doadores, e também
dos países parceiros.
Ajuda aos mais necessitadosA comunidade internacional já chegou à conclusão que tem de melho-
rar a resposta que dá aos países em situação mais periclitante, para que
se possa verifi car um desenvolvimento real dos países mais pobres do
mundo e se atingirem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
até 2015. A fragilidade diz respeito às estruturas fracas e em colapso
em que o Estado é incapaz, ou não está disposto, a respeitar as suas
obrigações em matéria de prestação de serviços essenciais, de garantia
de segurança e manutenção do estado de direito. As situações de fragi-
lidade mencionadas representam um desafi o para o desenvolvimento
sustentável, o crescimento equitativo e para a paz, pois podem criar
instabilidade regional, fl uxos migratórios descontrolados e até colocar
riscos para a segurança mundial. Razão pela qual nestes últimos anos
a UE, em conjunto com a comunidade internacional, fez um esforço
concertado para responder aos problemas específi cos de confl ito, pós
confl ito e outras situações de instabilidade, em que os serviços de se-
gurança e de emergência devem ser assegurados às populações a
curto prazo, ao mesmo tempo que devem ser gradualmente reforçadas
a capacidade para serem prestados serviços sociais, de segurança e
justiça de uma forma duradoura.
A Comissão Europeia desenvolve e executa uma série de interven-
ções que respondem aos problemas humanitários, de segurança e
desenvolvimento a longo prazo. Para responder aos novos desafi os,
e garantir que os programas são efi cazes, mesmo nos países mais
pobres em situação de instabilidade e de crise, a Comissão adapta
as suas estratégias, a programação e os procedimentos de forma a
responderem às circunstâncias locais. A Comissão reforçou ainda a
sua efi cácia em situações delicadas, dando resposta às necessidades
com base numa variedade de instrumentos, que vão desde o apoio a
projectos, ao apoio orçamental.
Além disso, a Comissão está a usar o valor acrescentado das suas ope-
rações nos países designados como «órfãos», em que estão activos
poucos outros doadores. A Comissão aproveita todas as oportunidades
para incentivar os Estados-Membros a ajudar estes países. Além disso,
recorre cada vez mais a procedimentos de co-fi nanciamento, o que
permite angariar fundos adicionais dos Estados-Membros a favor dos
países que carecem de doadores.
Parceria para a mudança 17
Resultados no terrenoComércio e integração regionalAUE é o principal parceiro comercial da maioria
dos países ACP, e de quase todos os países da
África subsariana. Em 2008, o comércio com os
países ACP ascendeu a € 92 mil milhões. Apesar
do comércio com os países ACP continuar
a ser marginal, a UE pretende aumentar a
contribuição que o comércio representa para
o desenvolvimento económico e social, e a
ajudar os países ACP a aceder aos mercados
mundiais. Um dos objectivos específi cos da
UE em matéria de estratégia de apoio ao
comércio é ajudar a região ACP a tirar proveito
de todas as oportunidades de comércio
e a maximizar os benefícios das reformas
comerciais. Tal inclui a eliminação progressiva
dos obstáculos comerciais aos produtores ACP,
designadamente os obstáculos pautais e não
pautais, e o reforço da cooperação em todos
os sectores relacionados com o comércio.
A ajuda ao comércio transformou-se numa
componente vital das relações externas da
UE, da actual Agenda de Desenvolvimento
de Doha da OMC e das negociações em curso
em torno dos Acordos de Parceria Económica
(APE) com os países ACP.
ACORDOS DE PARCERIA ECONÓMICA
Os APE têm por objectivo consolidar as
iniciativas de integração regional entre os
países ACP e promover a integração gradual
destes últimos na economia mundial. As
negociações resultam de uma decisão
conjunta da UE e dos países ACP de rever
as suas relações comerciais do passado,
baseadas essencialmente nas preferências
comerciais num só sentido acordadas às
exportações dos ACP e celebrar novos acordos
comerciais respeitando as regras da OMC.
Os APE têm em conta os constrangimentos
económicos, sociais e ambientais dos países
ACP em questão, e da sua capacidade para se
adaptarem ao novo contexto comercial.
PROMOÇÃO DA INTEGRAÇÃO REGIONAL
Embora o comércio entre os Estados-Membros
da UE represente mais de 60 % do seu comércio
total entre eles, a percentagem equivalente
relativa ao comércio entre os países ACP é de
apenas 10 %. Há, por conseguinte, uma porta
aberta para os mercados regionais dos países
ACP melhorarem através da promoção das
trocas comerciais, do estímulo ao crescimento
e da criação de emprego. O comércio e a
integração regional estão interligados e o
avanço na integração é uma condição para a
multiplicação dos fl uxos comerciais. O apoio
da UE ao comércio e à integração regional
nos países ACP focaliza-se na criação de
políticas adequadas ao desenvolvimento
do comércio e do sector privado. Ora, isto
é possível através da criação de quadros
regulamentares mais orientados para as
empresas, procedimentos simplifi cados de
criação e gestão de empresas entre regiões,
infra-estruturas económicas efi cientes, bem
como medidas no sentido de promover um
enquadramento jurídico estável e a redução
dos custos de importação e exportação. A
dimensão regional inclui a harmonização
dos processos e procedimentos para que
mais mercados regionais integrados possam,
por sua vez, aumentar as oportunidades das
empresas dos países ACP poderem aceder aos
mercados mundiais.
m termos de alimentos biológicos. O projecto
mbém os ajuda a respeitar o número crescente
a rigidez das normas privadas exigidas pelas
adeias europeias de supermercados. O PIP foi
nçado em 2001 enquanto programa de ini-
iativa no domínio dos pesticidas, com o ob-
ctivo de desencorajar o uso de pesticidas e
romover o respeito pelos padrões exigidos
ara as exportações para a Europa, mas o
u âmbito foi posteriormente alarga-
TODOS OS PAÍSES ACP • Manter o crescimento das exportações de produtos hortícolas para a Europa
ACP puderam manter a sua quota-
parte de produtos hortícolas
nos mercados da UE. A taxa de
cobertura do programa ultra-
passou os 80 % do comércio de
frutas e legumes frescos dos
ACP para o mercado da UE.
Em muitos países ACP, as exportações de fruta,
legumes e fl ores representam o motor do cresci-
mento económico. Os produtores e exportadores
dos ACP precisam de informações actualizadas e
de recursos humanos competentes para pode-
rem aceder aos mercados e tirar partido das novas
oportunidades. O comércio de produtos hortí- do e passou a incluir a conformidade com uma
colas tem o potencial de poder vir a contribuir extensa lista de normas e regulamentos da UE.
ainda mais para redução da pobreza nos países
ACP, em particular de grupos, designadamente O PIP está actualmente na segunda fase. A pri-
das mulheres do campo, que dispõem de poucas meira fase decorreu entre 2001 e 2008. Na versão
oportunidades de auferirem um rendimento. actual, o PIP concentra-se também na assistên-
cia e formação de pequenos agricultores e dos
Graças ao projecto PIP, a UE garante ao sector agrupamentos de produtores. Um resultado
hortícola dos ACP o acesso ao mercado europeu, importante do PIP foi o reforço das normas de
devendo os países respeitar os regulamentos de segurança da fruta e dos legumes vendidos nos
segurança alimentar da UE, os requisitos ambien- mercados locais dos países ACP.
tais, as melhores práticas de comércio equita-
tivo e responder à procura dos consumidores Graças ao PIP, os fornecedores dos países
e
ta
e
c
la
c
je
p
p
se
Título do projecto
PIP – desenvolvimento sustentável da
indústria dos países de África, Caraíbas e Pacífi co
Duração
Primeira fase 2001-2009; segunda fase 2009-2014
Contribuição da UE
Primeira fase, € 38,2 milhões; segunda fase, € 33 milhões
Parceiro
COLEACP (rede de produtores/exportadores ACP,
importadores & outros da UE)
http://www.coleacp.org/pip
ermos de alimentos biológicos. O projecto
bém os ajuda a respeitar o número crescente
gidez das normas privadas exigidas pelas
ias europeias de supermercados. O PIP foi
ado em 2001 enquanto programa de ini-
va no domínio dos pesticidas, com o ob-
vo de desencorajar o uso de pesticidas e
mover o respeito pelos padrões exigidos
as exportações para a Europa, mas o
mbito foi posteriormente alarga-
ACP puderam manter a sua quota-
parte de produtos hortícolas
nos mercados da UE. A taxa de
cobertura do programa ultra-
passou os 80 % do comércio de
frutas e legumes frescos dos
ACP para o mercado da UE.
18 Parceria para a mudança
ÁFRICA AUSTRAL • Promoção de parcerias de investimento
Os catorze países que compõem a Comu-
nidade para o Desenvolvimento da África
Austral estão à procura de investimentos que
permitam expandir e modernizar o seu sector
produtivo. Esta comunidade precisa de um au-
mento substancial dos investimentos, tanto
do interior da mesma como vindos
do exterior, para impulsionar
a sua economia e reduzir a
pobreza. O Programa de
Promoção de Investimen-
tos UE-SADC (ESIPP) foi
concebido para facilitar
e simplifi car os procedi-
mentos de investimento.
O programa centrou-se
em cinco sectores-chave
para as economias regionais:
materiais de construção e constru-
ção; engenharia ligeira; turismo; minas; e
agro-indústria. O programa tinha duas fi na-
lidades: a primeira era o reforço das capaci-
dades e do papel das organizações inter-
mediárias (a combinação entre parceiros de
investimento potenciais) nos países SADC;
e a segunda dar assistência directa às empre-
sas da SADC, através da organização de even-
tos e apresentação a potenciais investidores
de outros países da região ou da Europa.
O ESIPP organizou uma grande reunião para
parceiros e uma série de reuniões de
trabalho de cada um dos cinco
sectores. Os eventos decor-
reram em diferentes paí-
ses da SADC. A reunião
de parceiros fi nal – para
o sector agro-industrial
– decorreu na Tanzâ-
nia, em Maio de 2008.
Estes eventos atraíram
mais de 400 pessoas,
mais de 60 empresas
intermediárias da SADC,
da África ocidental e de leste
e da UE, a quem 128 empresas da
SADC mostraram os seus projectos e oportu-
nidades de investimento. Foram organizadas
mais de 1.400 reuniões empresariais directas e
os parceiros assinaram 169 cartas de intenção.
o
Antes do encerramento em Junho de 2008:
• juntament e com a Associação de Câmaras
de Comércio e Indústria da SADC (ASCCI), o
ESIPP produziu um kit para micro, pequenas
e médias empresas (MPME) mostrando todos
os procedimentos exigidos para a abertura
e funcionamento de uma pequena empresa
na África Austral;
• o ESSIP contribuiu para a criação de um
Fórum de Empresas de Comércio (Business
Trade Forum) UE-África Austral (BTFES) para
encorajar a participação das empresas no de-
senvolvimento de relações comerciais entre
a UE e a SADC.
Título do projecto
Programa de Promoção de
Investimentos UE-SADC
Duração
2002-2008
Fundos da UE
€ 18,3 milhões
Parceiro
Comunidade para o Desenvolviment
da África Austral (SADC)
Parceria para a mudança 19
AmbienteA degradação do ambiente é uma ameaça
grave para o mundo em desenvolvimento.
O mundo rural está muito dependente dos
recursos naturais para poder sobreviver. Ao
mesmo tempo, é o mais exposto às conse-
quências dos desastres ambientais causa-
dos pelas alterações climáticas, destruição
do ecossistema, poluição e escassez dos re-
cursos naturais. Proteger o ambiente ajuda
a reforçar o desenvolvimento económico e
social a longo prazo e é, por conseguinte,
um elemento-chave para se poder reduzir
a pobreza de maneira duradoura e alcançar
um desenvolvimento sustentável nos países
ACP. O Consenso Europeu para o Desenvol-
vimento sublinha a imporp gtância da gestão
sustentável e a preservação dos recursos
naturais, tanto como fonte de rendimento,
como meio para salvaguardar e criar em-
pregos, proteger a vida dos que trabalham
no meio rural, mas também os produtos e
serviços ambientais.
O Acordo de Parceria Económica ACP-UE
integra a sustentabilidade ambiental em
todos os aspectos da cooperação ao de-
senvolvimento. E fá-lo, através de medidas
correctivas relacionadas com problemas
ambientais específi cos ou medidas trans-
versais integradas no interior de outras
políticas, tal como a criação e reforço da
capacidade científip ca e técnica de todos
os agentes interessados (governos, insti-
tuições, organizações da sociedade civil,
etc.). Entre as iniciativas concretas da UE
em países ACP, contam-se as acções no
domínio do desenvolvimento sustentável,
das alterações climáticas, da biodiversidade,
da desertifi cação, das fl orestas e sua ges-
tão, dos recursos marinhos, e dos detritos
e produtos químicos. As iniciativas servem
igualmente para a promoção de energias
renováveis, especialmente através de apoio
institucional e assistência técnica, criação
de um enquadramento legislativo e admi-
nistrativo favorável ao investimento e pro-
moção da cooperação regional.
©FAO/G. Napolitano
20 Parceria para a mudança
ÁFRICA CENTRAL • Conservação e gestão das fl orestas tropicais
A África Central é onde se encontra a maior
mancha de fl oresta tropical, logo após a bacia do
Amazonas. Se fosse explorada de forma racional,
esta área podia ser um vector de desenvolvimen-
to perfeito. Grande parte da sua incomparável
riqueza de biodiversidade permane-
ce ainda intacta.
O programa ECOFAC
combina dois princípios:
conservação e desenvol-
vimento. Este programa
é a prova do empenho
da UE na protecção e
utilização racional dos
ecossistemas fl orestais da
África Central.
Estes ecossistemas estão ameaçados
pela desfl orestação resultante do abate ilegal
de árvores. A sua biodiversidade enfrenta reptos
como o comércio de carne de primatas, que co-
loca em perigo a sobrevivência de determinadas
espécies animais selvagens. A conservação das
fl orestas tropicais africanas é vital para o desen-
volvimento económico e social de aproximada-
mente 65 milhões de pessoas.
O programa actual, o ECOFAC IV, vigora entre
2006 e 2010 e envolve a população local nas suas
actividades. Nele participam sete paí-
ses: Camarões, República Central
Africana, Guiné Equatorial,
Gabão, São Tomé e Prínci-
pe, Congo-Brazzaville e
República Democrática
do Congo.
As fl orestas tropicais
estendem-se por mais de
1.620.000 km2 deste terri-
tório. Graças, sobretudo, ao
ECOFAC, cerca de 180.000 km2
são actualmente geridos como zo-
nas de conservação. A abordagem regional
do programa conduziu à criação de uma rede
de zonas protegidas na África Central.
O ECOFAC fornece à população local alternativas
à caça, incluindo o desenvolvimento do ecotu-
rismo como fonte de rendimento, e a formação
em carpintaria, fabrico de tijolos, novas técnicas
agrícolas e novas formas de explorar os recursos
da fl oresta.
O ECOFAC contribui para o plano de acção da
UE sobre legislação, governação e comércio no
domínio da fl oresta (FLEGT), no âmbito do qual
trabalha com países produtores de madeira, no
sentido de combater a desfl orestação e travar o
abate ilegal de árvores. O ECOFAC apoia ainda
um projecto, juntamente com a Unesco e o Go-
verno francês, para consciencializar os que vivem
nas fl orestas, em particular os mais jovens, para a
necessidade de protegerem os grandes primatas
que estão ameaçados de extinção.
Título do projecto
Conservação e utilização racional
dos ecossistemas fl orestais na região da
África Central (ECOFAC)
Duração
2006-2010
Fundos da UE
€ 38,2 milhões
Parceiro
Instituições nacionais dos sete países
que participam
Parceria para a mudança 21
Infra-estrutura, comunicações e transporteINFRA-ESTRUCTURA Y TRANSPORTE
As infra-estruturas e os transportes são ele-
mentos essenciais do desenvolvimento, visto
representarem o acesso a empregos, à saúde,
à educação e a outras funções sociais de pros-
peridade que são vitais para a segurança e
bem-estar das pessoas, tanto nas áreas rurais,
como urbanas. Os custos de transporte de-
vem ser minimizados para que o crescimento
económico e social possa ser uma realidade e
o comércio e a integração regional se concre-
tizem. Contudo, o estado dos transportes ain-
da é um obstáculo em inúmeros países ACP,
em particular nos menos desenvolvidos. O
reforço da contribuição dos transportes para
o desenvolvimento exige que sejam seguros,
baratos, efi cientes e sustentáveis, com um im-
pacto mínimo no ambiente. O apoio da UE
para a infra-estrutura de transportes é bem vi-
sível na cooperação ao desenvolvimento com
os países ACP. Entre 1995 e 2006, a Comissão
contribuiu com cerca de € 6,5 mil milhões
para projectos no domínio dos transportes,
tendo a região dos ACP recebido 80 % deste
montante. A maior parte destes fundos serviu
para melhorar a rede de transporte rodoviá-
rio, reduzir o custo das viagens e aumentar a
qualidade do serviço.
ÁFRICA SUBSARIANA • Assegurar investimentos essenciais em infra-estruturas
As infra-estruturas, sobretudo, na área dos trans-
portes, da energia, das comunicações e da água,
são vitais para o desenvolvimento sustentável,
crescimento económico e redução da pobreza
em África. Estima-se que o investimento neces-
sário para melhorar as infra-estruturas na África
Subsariana seja de cerca de € 60 mil milhões por
ano, entre 2010 e 2015.
A UE criou em 2007 o Fundo Fiduciário UE-África
para as Infra-estruturas cujo objectivo é aumen-
tar os investimentos internacionais e da UE nas
infra-estruturas e interconectividade em África,
que funciona em conjunto com outras inicia-
tivas, actores e instrumentos, respeitando o
princípio de apropriação por parte dos países
em África.
Até fi nais de 2009, o Fundo afec-
tou mais de € 96 milhões em
subsídios para 19 projectos-
chave de infra-estrutura,
estando € 26 milhões
já previstos para dois
outros projectos. No
total estão previs-
tos empréstimos na
ordem dos € 1,5 mil
milhões com fundos
provenientes da UE ou
de instituições fi nanceiras
internacionais, bem como do
sector privado.
Espera-se que cada euro de subsídios aprovados
venha a gerar cerca de € 14 de investimentos no
total. Os fi nanciamentos podem ser realizados
de várias formas: subsídios à taxa
de juro, assistência técnica,
subsídios directos e pré-
mios de seguros. O
Fundo Fiduciário é
um instrumento
essencial na Par-
ceria UE-África
para as infra-
estruturas, ad-
ministrado em
conjunto por
uma comissão de
organização e por
membros africanos.
Título do projecto
Fundo Fiduciário UE-África para as
Infra-estruturas
Duração
2007- em curso
Contribuição da UE
€ 308,7 milhões (2007-2009)
Parceiros
12 Estados-Membros da UE; Banco Europeu de Investimento;
agências europeias de desenvolvimento, bancos ou instituições
fi nanceiras; Banco Africano de Desenvolvimento
www.eu-africa-infrastructure-tf.net
Parceria para a mudança2222
O Fundo combina dotações em subsídios da
Comissão Europeia e de 12 Estados-Membros,
com as capacidades de empréstimos do Ban-
co Europeu de Investimento (BEI) e dos ban-
cos de fi nanciamento ao desenvolvimento da
UE que participam ou das agências. O Banco
Africano do Desenvolvimento participa nas
discussões do Fundo Fiduciário sobre a pre-
paração dos projectos e a sua avaliação. O total
das contribuições para o Fundo Fiduciário é
hoje de € 372,7 milhões, graças a contribuições
adicionais feitas em 2009 pela Comissão Eu-
ropeia e Reino Unido, bem como de um pri-
meiro compromisso assumido pela Finlândia.
Os projectos em quatro sectores de infra-es-
truturas, designadamente energia, transportes,
água e telecomunicações, enquadram-se nos
critérios do empréstimo do Fundo Fiduciário.
Exemplos de projectos apoiados:
• sistemas hidroeléctricos (i.e. Felou na África
Ocidental);
• redes de interconexão de electricidade (i.e.
Benin-Togo; Namíbia-Zâmbia);
• estradas , vias ferroviárias, aeroportos e portos
(i.e. Beira, Walvis Bay; Pointe Noire, Port Louis;
Aeroporto Internacional de Jomo Kenyatta,
Quénia; Great Eastern Road, Zâmbia);
• sist ema de Cabo Submarino da África Orien-
tal (EASSy), um cabo de fi bra óptica que liga
os países da África Austral e Oriental à rede
internacional de comunicações;
• estudos pr eliminares para as redes hidroe-
léctricos em Sambagalou e Gouina (África
Ocdental) e Ruzzi e Gibe (África Central e
Oriental).
CHADE • Novas estradas podem conduzir a novos negócios
O Chade é quase duas vezes maior do que
o território francês, mas em 2005 dispunha
apenas de 667 quilómetros de estradas
internacionais asfaltada
de 2009, dispunha já d
km e continua a crescer,
ças, em parte, ao apoio
União Europeia. A Uniã
Europeia fi nanciou a
construção da estrada
transfronteiriça que liga
Moundou, na região su
do Chade, mais produtiv
e densamente populad
N’Gaoundere, nos Cama
Hoje, a União Europeia c
a apoiar o prolongamento da rede
rodoviária em direcção ao interior sudeste do
Chade. O projecto visa melhorar a rede rodo-
viária do Chade e reduzir o seu isolamento,
em particular através da diminuição do tem-
po de viagem para Douala, a cidade portuária
s. Em fi nais
e 1090
gra-
da
o
l
a
a, a
rões.
ontinua
mais próxima, nos Camarões. Estes projectos
irão estimular o desenvolvimento económico
sustentável, o que por sua vez ajudará a
reduzir os níveis de pobreza. A
União Europeia fi nanciou an-
teriormente, de forma par-
cial, uma via rápida entre
N’Djamena e Moundou
(Ere-Kelo-Moundou
148km), cuja constru-
ção terminou em 2005.
A estrada de 390 km
que liga N’Gaoundere, o
terminal dos caminhos-de-
ferro de Douala, e Moundou,
a segunda maior cidade do Chade,
abriu em 2007. Este projecto foi o maior in-
vestimento jamais realizado pela UE em Áfri-
ca numa só estrada. A sua abertura coincidiu
com a construção de uma via com piso entre
Moundou e Koumra (190 km), que foi inaugu-
rada em Dezembro de 2009. A UE contribuiu
com 79 % dos custos de construção, tendo o
Governo do Chade pago o restante.
A conclusão da estrada entre Moundou e
Koumra serviu de estímulo às actividades
económicas, o que resultou, designadamente,
na criação de seis empresas de viagens que
passaram a prestar serviços regulares de trans-
porte entre estas cidades do sul e N’Djamena.
A actividade industrial deverá evoluir e, com
o avanço da rede de estradas para regiões
agrícolas isoladas, aumenta o potencial de
exportação dos seus produtos.
A UE fi nanciou vários projectos no domínio
ambiental, tendo fi nanciado 3 ONG a traba-
lhar ao longo deste percurso, nos domínios
da segurança rodoviária, luta contra a desfl o-
restação e redução do avanço das doenças
sexualmente transmissíveis e o VIH/Sida, com-
plementando desta forma as actividades de
construção.
O actual projecto da UE fornece ainda apoio
institucional ao Ministério das Infra-estruturas
e Transportes e ao sector privado dos transpor-
tes, em particular no domínio da manutenção
das vias rodoviárias. A capacidade do Governo
do Chade para gerir a rede rodoviária e lutar
contra a sobrecarga dos veículos é essencial
para assegurar a sustentabilidade a longo pra-
zo dos investimentos em estradas.
Título do projecto
Apoio à política do sector do
transporte: manutenção de estradas
e rotas económicas
Duração
2005-2013
Contribuição da UE
€ 84 milhões
Parceiro
Ministério da Infra-estrutura
e Transportes do Chade
Parceria para a mudança 2323
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
No futuro, as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) deverão igualmente de-
sempenhar um papel-chave no desenvol-
vimento dos países ACP, ao contribuir para
aumentar a competitividade das empresas.
Contudo, o desenvolvimento rápido e posi-
tivo das TIC nos países ACP exigirá a partici-
pação e investimentos do sector privado. A
Comissão Europeia apoia, de facto, uma sé-
rie de projectos do sector das TIC através de
parcerias público-privadas, apesar do fi nan-
ciamento ser comparativamente reduzido. A
principal preocupação da UE neste sector é
o apoio à reforma regulamentar e ao aumen-
to da capacidade administrativa para asse-
gurar que as empresas privadas dispõem de
um acesso igual e equitativo aos mercados
competitivos. A UE encoraja os governos dos
países ACP a apoiar o sector das TIC crian-
do, para o efeito, capacidade institucional e
fornecendo incentivos, tais como benefícios
fi scais. A UE pretende ainda que os países
ACP apoiem as tecnologias mais efi cazes
e a transferência de conhecimento a nível
mundial através, por exemplo, de regimes
de direitos de propriedade intelectual mais
fl exíveis e de parcerias internacionais.
CARAÍBAS • Como manter a competitividade na era digital
Os pequenos Estados caribe-
nhos enfrentam desafi os
consideráveis à sua
competitividade, re-
lacionados com a
globalização, com a
economia baseada
no conhecimento e
com a revolução na
área da informação e
das comunicações. Es-
tes Estados dependem
da agricultura, do turismo
e dos serviços fi nanceiros que
requerem uma capacidade huma-
na e fi nanceira limitada. A competitivida-
de futura dependerá da transição para o sector
dos serviços, a nível regional e internacional, com
pessoas formadas e com alto nível de literacia e
competências técnicas, em particular nas TIC e
nos serviços baseados na Internet.
A Rede Caribenha de Conhe-
cimento e Aprendizagem
(RCCA) foi criada para
dar resposta a estes
desafi os, e conta
com o apoio da UE.
Numa primeira fase
entre 2007 e 2009, a
UE apoiou a RCCA aju-
dando-a a estabelecer
um quadro institucional
e instrumentos que per-
mitissem à rede servir os seus
membros e ao mesmo tempo os
institutos de ensino de nível 3 (TEI) das
Caraíbas a participar nesta rede.
Na prática, o resultado foi:
• um aumento da efi ciência e relevância dos
TEI e de vários ministérios através de assistên-
cia técnica no planeamento, gestão fi nancei-
ra e recursos humanos;
• a criação de uma rede de conhecimento e
aprendizagem sustentável;
• o reforço da capacidade para lançar progra-
mas regionais de educação e serviços de
ensino à distância.
Os factores mais relevantes foram a formação
e a assistência técnica dada a mais de 100 TEI
que se encontravam a vários níveis de desen-
volvimento, situados numa área geográfi ca
muito vasta. A RCCA e os seus membros preci-
savam de ser preparados para fazer arrancar a
rede, em termos de recursos humanos compe-
tentes, planeamento estratégico e operacional
e gestão fi nanceira.
No seguimento da primeira fase, a UE passou
a fi nanciar a designada RCCA II. O fi nancia-
mento está agora orientado para a realização
de um plano empresarial e de um estudo de
viabilidade para a rede. A UE fi nancia ainda o
equipamento da rede e o aluguer de longa
duração dos seus circuitos de transmissão digi-
tais. Quando estiver terminada, a RCCA estará
ligada às redes de ensino mundiais da América
Latina e da Europa.
Título do projecto
Apoio à Rede Caribenha de Conhecimento
e Aprendizagem
Duração
Primeira fase 2007-2009; segunda fase 2009-2012
Contribuição da UE
Primeira fase, € 2 milhões; segunda fase, € 10 milhões
Parceiros
Banco Caribenho de Desenvolvimento Banco
Interamericano de Desenvolvimento; Organização
dos Estados Americanos; governos da CARICOM;
PNUD; Agência Canadiana de Assistência
http://www.ckln.org
24 Parceria para a mudança
A
Água e energiaÁGUA
A água é essencial para a vida e para o de-
senvolvimento humano. Contudo, mais de
300 milhões de pessoas em África têm acesso
limitado a água potável e a redes de sanea-
mento básico, sendo estas as principais causas
de doenças e morte. Em alguns países ACP, os
já limitados recursos hídricos estão sob pres-
são devido às variações sazonais e aos ciclos
periódicos de seca e de cheias. As alterações
climáticas estão também a ter um impacto ne-
gativo cada vez maior. A Comissão Europeia
está a responder a estes desafi os através de
acções pontuais no âmbito do quadro dos
seus programas de cooperação nacional e
regional com os países ACP, bem como com
instrumentos de política específi cos, tais como
a Facilidade Europeia para a água destinada
aos países ACP e a Iniciativa Água da UE.
SENEGAL • Água potável segura e melhor saneamento básico para a comunidade rural de Coubalan
A comunidade rural de Coubalan, situada no
Sul de Casamance, tinha no passado um dos
níveis mais baixos de água segura e estruturas
de saneamento adequadas do Senegal. Apenas
20 % da população tinha acesso a água potável
segura. Este projecto, co-fi nanciado pela Faci-
lidade Europeia para a água ACP-UE, visa dar
acesso, de forma sustentável, à água potável e
saneamento básico a 13 aldeias em Coubalan,
num total de mais de 17.000 habitantes. O pro-
jecto intervém numa área de 200 km2. Coubalan
é a primeira comunidade rural no Senegal que
dispõe de abastecimento de água e de rede de
saneamento que serve a totalidade da região. Os
recursos hídricos são geridos localmente pela
comunidade rural através de uma estrutura
administrativa descentralizada.
A Facilidade Europeia para a água teve um or-
çamento de € 497 milhões durante o período
2004-2009 e tem € 200 milhões para o período
2009-2013.
Na prática, o resultado foi:
• a criação de três sistemas hidráulicos ligados
a cinco poços, fornecendo água potável de
qualidade em quantidades apropriadas;
• a instalação de 923 latrinas em 13 aldeias
abrangendo todo o território da comunidade
rural de Coubalan;
• a ligação de 1200 casas à
rede de abastecimen-
to de água
• o lançamento
de duas cam-
panhas sobre
saneamen-
to, levadas
a cabo nas
aldeias em
questão e
nas escolas
existentes;
• a gestão dos recursos hídricos feita pela
comunidade com a participação da popu-
lação local.
Este projecto surgiu no seguimento de uma
iniciativa da sociedade civil liderada por uma
ONG italiana em parceria com a comu-
nidade rural de Coubalan. Ao pro-
jecto estão ainda associados
outros parceiros. Entre eles
o Ministério dos Negócios
Estrangeiros e Europeus
francês, a cidade de
Cherbourg-Octeville na
Normândia, o Conselho
Regional da Baixa-Nor-
mândia, a Agência das
Águas de Sena-Normândia
e os Serviços Hidráulicos do
Senegal.
Título do projecto
Água potável segura e melhor saneamento
básico para a comunidade rural de Coubalan
Duração
2006-2009
Contribuição da UE
€ 931.388 (67 % do total)
Parceiros
ACRA (Associazione di Cooperazione Rurale em África e na
mérica Latina), Itália; organizações de comunidades locais
lideradas pelo Conselho Rural de Coubalan, Senegal
http://ec.europa.eu/europeaid/
water-facility
Parceria para a mudança 25
ENERGIA
O acesso limitado a serviços de fornecimen-
to de energia fi áveis é uma característica da
pobreza e os países ACP não são uma excep-
ção. Em alguns países, o acesso a serviços
de energia modernos e sustentáveis não
ultrapassa os 10 % nas áreas rurais. Além de
que, a grande dependência nos tradicionais
combustíveis de biomassa, tal como o car-
vão e a madeira, conduz a uma degradação
do ambiente devido à desfl orestação e à má
utilização dos recursos naturais. Até hoje, ne-
nhum país conseguiu reduzir a pobreza de
maneira substancial sem primeiramente ter
respondido à crescente necessidade de fon-
tes de energia efi cientes. Esta é a razão pela
qual é vital melhorar o acesso e promover
o uso de tecnologias de energias renová-
veis de forma sustentável nos países ACP, e
incentivar, desta forma, o fornecimento de
serviços de energia fi áveis e baratos, tanto
para as comunidades rurais como urbanas. A
UE está a fazer esta promoção através de di-
ferentes medidas e iniciativas, sendo a mais
importante a Facilidade Energia ACP-UE,
bem como a Iniciativa Energia para a Erra-
dicação da Pobreza e Energia Sustentável da
União Europeia (EUEI).
REGIÃO DO PACÍFICO • Energia solar para as ilhas mais distantes
A maioria das
ilhas-países do Pací-
fi co, em geral isola-
das e relativamente
pequenas, depende
dos combustíveis fós-
seis importados para a
geração de energia. Em-
bora este tipo de produção
de electricidade seja frequen-
temente insufi ciente, existe um
potencial para o desenvolvimento de fontes de
energia alternativas. Os países ACP no Pacífi co
são em geral banhados por muito sol. Transfor-
mar esta vantagem em energia não é simples.
Esta foi a tarefa realizada em cinco ilhas remotas
no âmbito do projecto REP-5, fi nanciado pelo 9.º
FED. As cinco ilhas são os Estados Federados de
Micronésia, República de Nauru, Niue, República
de Palau e a República das Ilhas Marshall.
O REP-5 pôs em prática uma série de projectos
em matéria de energia renovável e efi ciente em
cinco países para os ajudar a reduzir a sua depen-
dência dos combustíveis fósseis importados e au-
mentar a quantidade de electricidade disponível
para as comunidades das suas ilhas.
Mas os obstáculos foram muitos, desde o trans-
porte e desembarque dos painéis solares e das
pesadas baterias, instalados em seguida em ilhas
remotas, à formação das equipas de manutenção
básica e reparação em cada um dos locais onde
se fez a instalação. O facto de os equipamentos
fi carem instalados em pequenos atóis
próximos do Oceano Pacífi co,
exigia que fossem robustos
para poderem resistir à
corrosão num ambiente
com elevado índice de
salinidade.
Além da electricidade
renovável para a rede, o
projecto prevê o forne-
cimento de energia para
cada uma das casas e edifí-
cios públicos, incluindo escolas
e dispensários. O projecto previu ain-
da a instalação de contadores pré-pagos, fornos
a gás efi cientes e caldeiras de água solares. Tudo
isto foi acompanhado por uma campanha para
incentivar a diminuição do consumo de energia
junto das comunidades locais. A campanha ser-
viu para mostrar como se devem usar e gerir os
novos sistemas da forma mais efi ciente possível.
Este contacto directo reforçou a participação da
comunidade local no projecto, bem como o seu
sentimento de apropriação.
Após a execução com êxito do REP-5, os mesmos
cinco países continuarão o projecto ao abrigo
do 10.º FED. A estes países juntaram-se agora
Kiribati e Tonga.
O REP-5 foi realizado sob a responsabilidade do
Secretariado do Fórum das Ilhas do Pacífi co com
sede nas Fiji.
Título do projecto
Apoio sector da energia em cinco ilhas ACP
Pacífi co
Duração
2006-2009
Contribuição da UE
€ 12,39 milhões
Parceiros
Consórcio internacional liderado pela IT Power, RU,
com a Transenergie e Ademe, França
http://www.rep5.eu
26 Parceria para a mudança
Agricultura e desenvolvimento rural©FAO/G. Napolitano
A agricultura e o desenvolvimento rural de-
sempenham um papel-chave na redução
da pobreza e no reforço do crescimento nos
países ACP. O sector da agricultura, a criação
de gado, a silvicultura e as pescas formam a
base da economia de grande parte da popu-
lação nos países ACP. São também uma das
principais fontes de emprego, fornecimento
de matérias-primas para a indústria e para a
exportação, contribuindo amplamente, desta
maneira, para o produto interno bruto desses
países. A agricultura nos países em desenvolvi-
mento é particularmente sensível às mudanças
nos fl uxos comerciais, devido ao seu nível de
diversifi cação, em geral, baixo e a um número
reduzido de produtos para exportação. Con-
tudo, o facto de a agricultura ser uma fonte de
alimentação e de rendimentos para os mais
pobres, faz dela um elemento importante
para a segurança alimentar e para a existência
de serviços sociais a preços moderados, bem
como para a conservação dos ecossistemas e
da biodiversidade. A UE trabalha a vários ní-
veis no sentido de apoiar o desenvolvimento
agrícola e rural nos países ACP. A nível conti-
nental, por exemplo, a UE propôs um quadro
de cooperação com a União Africana, com um
enfoque na capacitação e no reforço institucio-
nal das organizações regionais africanas. Estas
acções vão complementar os programas de
cooperação nacionais e estimular o desenvol-
vimento da agricultura de forma mais alargada.
A UE ajuda ainda os países ACP dependentes
da exportação de produtos agrícolas básicos e
outros produtos tal como o café, açúcar e cacau
a aumentar os lucros dos produtores e reduzir
as fl utuações de rendimento, tanto a nível ma-
croeconómico, como produtivo.
BELIZE • Pobreza rural, a maior barreira ao desenvolvimento
A pobreza rural em Belize não é
o mero resultado da miséria
económica. Está ligada a
factores estruturais mais
profundos, tal como a
escassez de infra-estru-
turas, transportes, aces-
so aos serviços de saúde
ou água potável, e baixo
nível de competências
humanas. Estes factores
impedem as zonas rurais de
poder participar nas actividades
económicas, de maneira signifi cativa
Esta é a razão pela qual o pro-
grama de desenvolvimento
rural de Belize (BRDP) está
a ser apoiado pela UE.
O objectivo do BRDP
é transferir mais po-
der para a população
pobre das zonas rurais
e ajudá-la a investir na
criação de riqueza e na
eliminação da pobreza.
O programa adopta, assim,
uma abordagem participativa e
descentralizada de baixo para cima (bottom-
up) e ajuda as comunidades locais e distritos
a defi nir as suas estratégias e a identifi car
projectos e empresas a apoiar. A agricultura
tradicional precisa de melhorar a sua produ-
tividade e competitividade. As comunidades
também devem diversifi car as suas actividades
e orientar-se para as acções que gerem rendi-
mento fora da agricultura.
Título do projecto
Programa de Desenvolvimento Rural
de Belize
Duração
2006-2011
Contribuição da UE
€ 7,2 milhões
Parceiros
Ministério do Desenvolvimento Económico,
autoridades locais & ONG
http://www.brdp.org
Parceria para a mudança 27
Os resultados esperados a longo prazo do
BRDP são:
• a criação de um sector agrícola mais efi ciente,
produtivo e competitivo e o reforço e promo-
ção das actividades económicas rurais fora
da agricultura; o objectivo é apoiar a criação
de 75-125 empresas rurais produtivas e 300
a 600 micro-projectos;
• melhores serviços básicos para a população
rural; o objectivo é dar acesso a 115.000 pes-
soas nas zonas rurais às 100-200 novas infra-
estruturas apoiadas pelo BRDP;
• o reforço das políticas e do ambiente institu-
cional no interior do qual possam operar os
produtores agrícolas, os comerciantes, as em-
presas de transformação e as comunidades.
O objectivo é que 10 % das famílias rurais no
país venham a benefi ciar do BRDP, e que, pelo
menos, 30 % dos benefi ciários sejam mulheres
e jovens. O que signifi ca um apoio a 60 aldeias
das 192 existentes no país.
ETIÓPIA • Melhorar a segurança alimentar através de um programa de protecção à produção
Choques climáticos sucessivos – secas e cheias
– nos anos recentes, levaram grande parte da
população da Etiópia à miséria. Muitos vende-
ram os seus bens para poder sobreviver, fi cando
permanentemente dependentes da assistência
que lhes é fornecida. Para inverter esta neces-
sidade de ajuda de emergência
maciça, o Governo da Etió-
pia, em colaboração com
parceiros em projectos
de desenvolvimento,
criou uma estrutura
alternativa para re-
solver a questão da
insegurança alimen-
tar crónica: o pro-
grama de protecção
à produção (PSNP). O
PSNP da Etiópia é um dos
principais programas interna-
cionais concebido para responder,
de forma mais adequada, às necessidades das
famílias no combate à insegurança alimentar.
O programa utiliza investimentos produtivos
para gerar rendimentos, apoiar o crescimento
económico rural e solucionar a questão dos
efeitos ambientais. O fi nanciamento de obras
públicas cria empregos pagos e dá às popula-
ções necessitadas o dinheiro de que precisam
para que as famílias possam comprar alimentos,
readquirir os seus bens e começar a ganhar a
sua vida novamente.
A nível comunitário, as populações em questão
benefi ciam igualmente dos projectos de obras
públicas de construção de escolas, espaços para
o fornecimento de cuidados de saúde, pontos
de abastecimento de água potável e activi-
dades de conservação do solo. Aqueles que
não possam participar nos projectos de obras
públicas, designadamente os mais idosos e as
pessoas vulneráveis, mulheres grávidas ou pes-
soas com incapacidades, recebem pagamentos
em dinheiro.
O programa de protecção à produção cus-
ta € 220 milhões por ano e é fi nanciado por
nove doadores, incluindo a UE e quatro
Estados-Membros. O programa
atende cerca de 10 % da popu-
lação da Etiópia, ou seja, 7,5
milhões de pessoas. Os
fundos da UE estão de-
positados num fundo
fi duciário gerido pelo
Banco Mundial.
Todos os anos são utili-
zadas transferências em
dinheiro para fi nanciar os
milhares de projectos de
obras públicas no âmbito dos
planos de desenvolvimento da comu-
nidade. Os mercados foram promovidos através
da injecção de dinheiro na economia local, e a
capacidade institucional para gerir o PSNP foi re-
forçada. O programa é propriedade do Governo
e a sua execução é feita ao nível local.
A UE contribuiu com mais € 20,23 milhões para
o programa, para além dos € 98 milhões previs-
tos para o período 2005-2007, ajudando assim
as populações a enfrentar a seca e o aumento
do preço dos alimentos em 2008-2009. Além
disso, a UE afectou € 20 milhões para a Facilida-
de Alimentar para proteger os benefi ciários do
programa do impacto do aumento em fl echa
do preço dos alimentos. A UE prevê contribuir
com € 100 milhões adicionais para o programa
no período 2008-2013.
Título do projecto
Apoio a um programa de protecção à
produção (PSNP)
Duração
2005-2009 (primeira fase)
Contribuição da UE
€ 180,23 milhões
Parceiros
Governo da Etiópia; banco Mundial; PAM; USAID;
CIDA; Irlanda, Suécia, Países Baixos e RU
28 Parceria para a mudança
TODOS OS PAÍSES ACP • Apoio objectivo aos produtores de produtos agrícolas básicos
O programa Produtos agrícolas básicos ACP
(AAACP) reconhece claramente a relação entre
o comércio e a redução da pobreza. O objecti-
vo é a redução da pobreza, ao mesmo tempo
que se estabilizam os rendimen-
tos e as condições de vida
dos produtores de
produtos agríco-
las básicos nos
países ACP. Um
terço do or-
çamento de
€ 45 milhões
servirá para
ajudar o sec-
tor do algodão.
O programa, lan-
çado em Setembro
de 2007, está em curso
até Dezembro de 2011. Entre
os resultados conseguidos até hoje, o
AAACP realça os seguintes:
• o desenvolvimento de 16 sectores estraté-
gicos;
• criação de vários grupos de trabalho de pro-
moção das relações agricultores-comprado-
res entre os países ACP;
• mais ampla divulgação das boas práticas agrí-
colas, especialmente na África Ocidental com
a formação de 7 000 agricultores;
• organização de uma importante reunião re-
gional sobre cereais, em Dacar;
• avanços signifi cativos na apli-
cação de projectos de ges-
tão de risco no domínio
dos produtos agrícolas
básicos.
No sector do algo-
dão, os estudos,
visitas ao terreno e
sessões de forma-
ção em marketing
deram resultados
concretos. As primeiras
transacções directas de
exportação de algodão fo-
ram concluídas entre produtores
africanos e negociantes na China, Tailândia e
Bangladesh. Foi ainda publicado um trabalho
conjunto de referência sobre lições da reforma
do sector do algodão em África.
Foram acordadas algumas mudanças com
respeito aos dois últimos anos do programa,
com a participação dos interessados:
No Pacífi co, o programa irá doravante foca-
lizar-se na segurança alimentar, com acções
orientadas para o sector das frutas e legumes.
Na região da África Central, a mandioca e a
banana-da-terra foram identifi cadas como
produtos agrícolas prioritários. Na África Oci-
dental, o algodão é o sector-chave, muitas
vezes em combinação com os cereais. Os pa-
íses da África Oriental e Austral optaram por
apoiar a cultura de grãos alimentares, o sec-
tor da horticultura e dos cereais. Além disso,
foi criado um ponto focal em cada uma das
cinco regiões ACP para incentivar uma maior
apropriação e envolvimento destas regiões
no programa.
A colaboração inter-agências entre as organi-
zações parceiras da UE será reforçada para se
obterem melhores sinergias e reduzir os custos
através de actividades, tal como a criação de
grupos de trabalho conjuntos. Os parceiros da
UE no AAACP são as organizações internacio-
nais já activas e com experiência nas questões
de comércio e produção internacional de pro-
dutos agrícolas básicos.
Título do projecto
Todos os Programas ACP de Produtos agrícolas
básicos
Duração
Setembro de 2007-Dezembro de 2011
Contribuição da UE
€ 45 milhões
Parceiros
Banco Mundial; FAO; Centro de Comércio Internacional (ITC); Fundo
Comum para produtos agrícolas básicos (CFC); e a CNUNCTAD
(Conferência das Nações Unidas para o comércio e o
desenvolvimento)
http://www.euacpcommodities.eu
Parceria para a mudança 29
Governança, democracia e direitos humanosO desenvolvimento a longo prazo não pode
ser conseguido sem um Governo capaz de ser-
vir os interesses públicos de maneira efectiva.
Sem governança, responsabilização e respeito
pelo estado de direito, a prosperidade só po-
derá ser alcançada por alguns, em detrimento
de outros membros da sociedade, especial-
mente dos que se encontram numa situação
de maior necessidade. Os avanços da reforma
no domínio da governança são cruciais para
o desenvolvimento económico, redução da
pobreza, estabilidade e segurança. Por todas
estas razões, a UE colocou a governança no
centro da sua cooperação com os países ACP
parceiros. A abordagem da UE relativamente à
governança tem em conta a dimensão política,
económica, social, cultural e ambiental desses
países. A UE incentiva a participação a nível
nacional e local através do apoio a actores
não-estatais e autoridades locais. Os progra-
mas de assistência à promoção da democracia
concentram-se na organização de processos
eleitorais equitativos, livres e transparentes; no
reforço das capacidades institucionais e orga-
nizacionais dos parlamentos; na promoção de
meios de comunicação social independentes;
e encoraja os sistemas políticos pluralistas ge-
nuínos. O apoio ao estado de direito abran-
ge os programas de reforma da justiça, sem
esquecer os aspectos relativos à justiça civil,
comercial e penal, bem como a reforma do
sector da segurança. Ao mesmo tempo, a UE
tenta promover os princípios da democracia,
respeito pelos direitos humanos e as liberda-
des fundamentais, que são pré-requisitos para
o desenvolvimento e segurança em qualquer
sociedade e, por conseguinte, essenciais para
a luta contra a pobreza.
MALI • Mais competências para as autoridades locais
Um dos elementos-chave
do desenvolvimento
sustentável no Mali é a
reforma administrativa
e descentralização de
mais competências para
as autoridades locais. Em
2006, a UE lançou um pro-
grama de apoio de quatro anos para a reforma
administrativa e descentralização (PA-
RAD) para reforçar a capacidade
do Governo e das autoridades
locais para desenvolverem,
direccionar e coordenar as
políticas e acções de de-
senvolvimento e melho-
rar o acesso da popula-
ção aos serviços básicos.
O PARAD abrange toda a administração do
Mali, incluindo vários ministérios, os serviços
descentralizados e as autoridades locais. As
autoridades locais representam 703 municipa-
lidades, 49 círculos, oito regiões e o Distrito de
Bamako, a capital. O programa dá ao Governo
do Mali apoio orçamental sectorial. Em 2006,
pela primeira vez, um país ACP recebeu apoio
orçamental ao sector da governança.
Título do projecto
Programa de apoio à reforma da
administração e descentralização
Duração
2006-2010
Contribuição da UE
€ 72 milhões
Parceiros
Governo do Mali
Parceria para a mudança3030
O apoio orçamental permite que dotações
para investimentos sejam distribuídas a uma
região e em todas as áreas de intervenção. Este
apoio orçamental soma-se aos recursos afec-
tados para a modernização e descentralização
da administração, bem como às transferências
para as autoridades locais através do “fundo
de investimento do governo local”. Estas do-
tações servem para fi nanciar a construção de
infra-estruturas locais, tal como salas de aula,
centros de saúde, equipamento e poços.
São utilizados indicadores de desempenho
para avaliar o programa, medindo o progresso
do acesso da população aos serviços básicos,
tais como água potável, consultas pré-natais
e níveis de escolaridade para raparigas. Os in-
dicadores avaliam igualmente a qualidade da
governação local, os recursos utilizados pelas
autoridades locais por habitante, a supervisão
de projectos municipais, a descentralização
do orçamento e o nível de utilização das tec-
nologias de informação e comunicação (TIC).
A ideia subjacente do programa é ainda a cria-
ção de ligações entre a descentralização e a
reforma da administração pública, melhoran-
do o acesso das populações locais aos serviços
básicos fornecidos pelas autoridades locais.
O PARAD está a expandir-se e passará a ser o
PARADEDER (2010-2014) com a inclusão no
seu âmbito do desenvolvimento económico
regional.
MALAUI • Apoio à participação dos cidadãos na vida pública
O Malaui vive desde 1994 numa
democracia multi-partidária.
O progresso do país rumo
à boa governança e a
participação dos seus
cidadãos na vida
pública é vital para
o reforço do pro-
cesso democrático.
O maior desafi o é a
taxa de iliteracia que
atinge os 68 %. Além
disso, a população rural
tem um acesso muito limi-
tado à informação.
A educação cívica é, por conseguinte, ne-
cessária para aumentar o conhecimento dos
cidadãos dos seus direitos e obrigações, bem
como dos conceitos básicos de direitos hu-
manos, responsabilização democrática, estado
de direito e participação na governação local.
Estes são os objectivos do programa NICE –
Iniciativa nacional para a educação cívica no
Malaui – actualmente na terceira fase.
O NICE visa, essencialmente, dinami-
zar a participação dos cidadãos
no processo democrático
de tomada de decisão
ao nível comunitário,
distrital e nacional.
O programa apoia
ainda capacitação
da sociedade civil e
procura aumentar a
responsabilidade dos
actores estatais e não
estatais com deveres.
São de realçar os resultados
seguintes:
• a criação de gabinetes nos 28 distritos do
Malaui, permitindo a divulgação da mensa-
gem às comunidades rurais mais distantes;
• a cr iação de 163 bibliotecas rurais e centros
de recursos para promover a literacia e faci-
litar o acesso à informação;
• o lançamento de uma série de clubes de
rádio para divulgação dos eventos junto da
população rural;
• o apoio à cr iação de uma estrutura de grande
alcance com 8.000 educadores cívicos comu-
nitários formados;
• um maior empenho relativamente à tolerân-
cia política, em especial nos distritos onde
foram criados comités multi-partidários;
• pessoas mobilizadas para participarem nas
eleições presidenciais e legislativas em 1999,
2004 e 2009.
No âmbito do programa foram formados mais
de 400 observadores eleitorais responsáveis
pela fi scalização. Antes das eleições de Maio
de 2009, todas as representações distritais
organizaram e coordenaram actividades de
formação cívica e de votação em várias fases
do processo eleitoral. Este trabalho contou
com a participação de parceiros, tais como
as assembleias distritais e as organizações
comunitárias de base (CBO).
Título do projecto
Iniciativa nacional para a educação cívica
no Malaui (NICE)
Duração (fase III)
Maio de 2006-Dezembro de 2010
Contribuição da UE
€ 8,9 milhões
Parceiros
Governo do Malaui, ONG locais e CBO
(organizações comunitárias de base)
http://www.nicemw.org
Parceria para a mudança 3131
ÁFRICA DO SUL • Acesso à justiça e aos direitos humanos
Desde a transição da África do Sul de um regi-
me de apartheid para a democracia, o Governo
empenhou-se em eliminar as desigualdades
e melhorar a vida dos cidadãos através
da promoção e consolidação
de uma cultura assente nos
direitos humanos. O De-
partamento de Justiça
e Desenvolvimento
Constitucional dis-
põe de um manda-
to para promover os
direitos humanos e o
acesso à justiça para
todos.
O objectivo do programa,
que foi lançado em 2009, é re-
forçar a democracia na África do Sul
graças a um melhor acesso à justiça e através
da promoção dos direitos constitucionais. O
programa apoiará o departamento no seu
trabalho de acesso à justiça para os grupos
vulneráveis e marginalizados, em particular os
que vivem nas povoações dos arredores das
cidades e nas zonas rurais. O programa visa
ainda fortalecer a capacidade das organiza-
ções da sociedade civil para que possam
realizar actividades de defesa das
causas e fazer lóbi através de
um diálogo político com
o Governo e outras ins-
tituições.
Do programa espe-
ram-se três resul-
tados essenciais. O
primeiro é melhorar
o acesso à justiça, in-
cluindo mecanismos de
restauração da justiça para
os grupos vulneráveis e margi-
nalizados. O segundo é conscienciali-
zar e dar a conhecer os direitos constitucionais
na África do Sul aos grupos vulneráveis e mar-
ginalizados. O terceiro é aumentar a participa-
ção nos processos democráticos, através do
diálogo político público e de organizações da
sociedade civil mais efi cientes.
As fi nalidades específi cas do programa são:
• a cr iação de gabinetes de aconselhamento
em povoações dos arredores das cidades e
nas zonas rurais e reforçar a sua capacidade;
• a cr iação de “tribunais de igualdade” em todo
o país;
• o desenvolvimento de um programa nacio-
nal para promover a consciencialização ou os
direitos ao abrigo da Lei da Igualdade;
• afastar as audições de delitos menos graves
do sistema judicial para processos de reso-
lução de litígios alternativos;
• os programas de apoio para resolver a ques-
tão da violência contra as mulheres, crianças,
pessoas portadoras de defi ciência e os mais
idosos.
Título do projecto
Acesso à justiça e promoção dos direitos
constitucionais
Duração
2009-2012
Contribuição da UE
€ 25 milhões
Parceiros
Departamento de Justiça e Desenvolvimento
Constitucional; Fundação para os Direitos
Humanos; organizações da sociedade
civil
32 Parceria para a mudança
Paz e segurançaOs confl itos violentos abrandam de forma
signifi cativa o desenvolvimento económico,
político e social. A segurança e o desenvolvi-
mento são, por conseguinte, interdependen-
tes e reforçam-se mutuamente. O desenvol-
vimento sustentável não é possível num país
ameaçado pela insegurança interna, crise e
confl itos. Simultaneamente, também não
pode haver paz duradoura sem desenvolvi-
mento. A resolução das causas prováveis dos
confl itos, tais como a pobreza, as doenças, a
desigualdade e a falta de governança, é cru-
cial para a promoção da paz e do desenvolvi-
mento. Graças à Facilidade de Paz para África,
a UE tem vindo a apoiar os esforços africanos
na gestão de confl itos e prevenção através
da capacitação, assistência técnica e fi nancia-
mento de missões de paz e segurança.
ÁFRICA • A forma como a UE ajuda África a fazer a manutenção da paz
A persistência de confl itos em África coloca
não só uma ameaça à segurança internacional
e regional, como debilita também o desenvol-
vimento económico e social deste continente.
A UE concede apoio fi nanceiro aos esforços
da União Africana e de outras orga-
nizações regionais no sentido
de encontrarem «soluções
africanas para os proble-
mas africanos», através
da Facilidade de Paz
para África.
A gestão e o pessoal
que trabalha no âmbi-
to das operações fi nan-
ciadas pela Facilidade são
africanos. Este facto reforça
a responsabilidade de África
em matéria de manutenção de paz no
continente e as suas capacidades em termos
de prevenção, gestão e resolução de confl itos.
Esta iniciativa foi lançada em 2004 em resposta a
um pedido dos líderes governamentais da União
Africana e incide em três aspectos primordiais:
• melhor diálogo UE-Áfr ica em matéria de res-
posta aos desafi os no domínio da paz e da
segurança;
• cr iação de uma arquitectura
de paz e segurança africana
mais efi ciente;
• lançamento de uma
fonte de fi nanciamento
previsível para apoiar
operações de paz de-
senvolvidas por África.
A Facilidade de Paz para
África é fi nanciada pelo
Fundo Europeu de Desenvol-
vimento da UE. Pela primeira vez,
actividades de paz e segurança tão impor-
tantes são fi nanciadas através de um programa
de ajuda ao desenvolvimento.
Daí que haja, como resultado, limitações aos
fi nanciamentos que a Facilidade poder dar. A
Facilidade pode fi nanciar as despesas locais
com o pessoal de manutenção de paz, pagar
subsídios, rações, cuidados médicos e transporte,
assim como o combustível, equipamento civil e
de comunicação. A Facilidade não pode fi nanciar
a compra de armas, munições, equipamento mi-
litar específi co ou peças sobresselentes. O paga-
mento dos vencimentos de base dos soldados e
a formação militar estão igualmente excluídos.
A dotação da Facilidade foi de € 440 milhões
no período 2004-2008 e é de € 300 milhões no
período 2009-2011. As principais operações fi -
nanciadas por esta iniciativa foram realizadas na
Somália, na República Centro-africana, no Sudão
e nas Ilhas Comores. Foram ainda fi nanciados
importantes programas de capacitação.
©African Union
Título do projecto
Facilidade de Paz para África
Duração
Primeira fase, 2004-2008; segunda fase, 2009-2011
Contribuição da UE
Primeira fase, € 440 milhões; segunda fase, € 300 milhões
Parceiros
União Africana & oito organizações africana regionais
http://ec.europa.eu/europeaid
/peace-facility
Parceria para a mudança 33
Desenvolvimento humanoO desenvolvimento envolve pessoas. Todos
precisam de se sentir seguros, dispor de ali-
mentos, de um abrigo e acesso aos serviços so-
ciais básicos. As pessoas deviam ser protegidas
da violência, da discriminação e da injustiça,
deviam poder ter uma vida saudável e adquirir
os conhecimentos e competências de que pre-
cisam para se desenvolverem enquanto indiví-
duos e cidadãos. Para que o desenvolvimento
seja viável e sustentável, deve ser orientado
para as pessoas, aumentar as oportunidades
dos mais pobres e vulneráveis e dar-lhes a
capacidade para poderem sair da situação de
pobreza em que se encontram. O desenvol-
vimento humano é um elemento crucial do
Consenso Europeu para o Desenvolvimento,
que abrange uma série de áreas, incluindo a
saúde, a educação, a igualdade de género, as
crianças e os jovens, emprego e diversidade
cultural. Para a UE, o desenvolvimento huma-
no é simultaneamente o cerne do processo
de desenvolvimento e o principal objectivo
da política de desenvolvimento. A coopera-
ção com os países ACP tem, por conseguinte,
como fi nalidade alcançar melhorias tangíveis
em domínios individuais do desenvolvimento
humano. Entre eles, um melhor e maior acesso
igual a serviços básicos e ao ensino, um maior
nível de igualdade de oportunidades e a ca-
pacitação das mulheres, aumento dos postos
de trabalho, trabalho decente e coesão social,
melhoria dos direitos das crianças e maior pre-
venção do trabalho infantil, tráfi co, violência
e outras formas de exploração, bem como a
protecção e promoção da diversidade cultural.
NIGÉRIA • Protecção das crianças contra doenças infecciosas
A União Europeia contribuiu com € 97,4 mi-
lhões para o período 2002-2009 para apoiar o
programa de imunização de crianças, com me-
nos de cinco anos, na Nigéria, contra doenças
preveníveis. O programa, conhecido por PRIME,
começou em seis estados focais e foi posterior-
mente alargado a 17 outros. No início, o progra-
ma deparou-se com enormes difi culdades no
Estado de Kebbi, situado no noroeste do país,
um dos seis estados focais. Muitos membros da
população muçulmana local desconfi avam do
programa devido aos rumores de que poderia
afectar a fertilidade das mulheres.
Contudo, graças a uma cooperação positi-
va com os líderes islâmicos, políticos e das
próprias aldeias, e o apoio dos pais das
crianças imunizadas, a desconfi ança
foi gradualmente ultrapassada e o
programa pôde avançar. A com-
ponente de erradicação da po-
liomielite começou em 2002 e o
apoio à imunização de rotina ini-
ciou-se em Maio de 2003. Nessa
altura, a taxa de imunização de
rotina no Estado de Kebbi estava
muito abaixo da média nacional,
nos 1,7 %. No fi nal do programa em
2009, esta taxa tinha atingido os 77 %,
uma das mais altas do país.
Título
do projecto
Parceria para melhorar a efi cácia da
imunização - UE (PRIME)
Duração
2002-2009
Contribuição da UE
€ 97,4 milhões
Parceiros
EPOS Health Management, Alemanha; National Primary
Healthcare Development Agency (Agência Nacional de
desenvolvimento de cuidados de saúde primários),
Nigéria; OMS; Unicef; DfID Programa de
Imunização em Kano, Nigéria
Parceria para a mudança3434
O PRIME tinha duas fi nalidades principais. A
primeira era erradicar a poliomielite e a se-
gunda reforçar os sistemas no sentido de pro-
videnciarem serviços de imunização de rotina.
As doenças preveníveis que existem na Nigéria
são: a poliomielite, a difteria, a coqueluche, o
tétano, a tuberculose, a rubéola, a hepatite e
a meningite.
O programa visou o reforço das infra-estru-
turas vitais, incluindo centros de cuidados de
saúde primários, pessoal e a instalação e repa-
ração de equipamento crucial da cadeia de frio
para armazenamento de vacinas. O programa
permitiu ainda melhorar a gestão dos serviços
de imunização no interior das estruturas de
cuidados de saúde primários.
Os resultados até à data são os seguintes:
• maior empenho, tanto do Governo, como da
comunidade nas actividades de imunização
de rotina;
• aumento em fl echa da cobertura de imuni-
zação de rotina para mais de 80 % em todo
o país;
• formação de mais de 73.000 trabalhadores
na área da saúde;
• aument o em 97 % das instalações dedica-
das à saúde para a realização e supervisão
da imunização de rotina;
• primeira estratégia de comunicações nacio-
nais integradas e mobilização social.
KIRIBATI • Melhores serviços de saúde para as ilhas
Kiribati é considerada pelas NU como um país
menos desenvolvido. O isolamento geográ-
fi co, a reduzida dimensão, as ilhas dispersas,
uma base económica limitada e a vulnerabili-
dade à subida do nível do mar são obstáculos
à melhoria dos padrões de vida da população.
O principal objectivo do projecto é ajudar a
melhorar as condições de vida nas
ilhas de Kiribati, de uma forma
sustentável, através de um
maior acesso aos cuida-
dos de saúde primá-
rios. Visa no total as
18 ilhas Gilbert, com
uma população
de cerca de 42.000
pessoas.
Uma parte do projec-
to prevê a construção
de 18 centros de saúde e
56 dispensários, com equipa-
mento, água e abastecimento em
energia solar, computadores, equipamento de
comunicação de rádio e saneamento. A outra
consiste em melhorar a qualidade dos serviços
de saúde e a efi ciência da gestão e da oferta,
bem como a oferta de melhores programas
de formação para profi ssionais na área dos
cuidados de saúde nestas ilhas.
O projecto infl uenciou a revisão e de-
senvolvimento de políticas por
parte do Ministério da Saúde
e Serviços Médicos de Kiri-
bati, designadamente a
expansão dos sistemas
de informação dos
serviços de saúde. O
projecto está igual-
mente ligado a ini-
ciativas do Governo e
de outros doadores, em
domínios como o forne-
cimento de equipamento
médico, equipamento de co-
municação e computadores.
Outros resultados específi cos do projecto:
• maior utilização dos ser viços de saúde, espe-
cialmente por mulheres e crianças;
• melhor gestão dos stocks de farmácia e me-
dicamentos;
• maior conhecimento clínico, capacidades e
competências por parte do pessoal de enfer-
magem, diminuindo a dependência nos médi-
cos para conselhos, e melhorando o diagnós-
tico das doenças;
• melhor acompanhament o das doenças através
dos novos sistemas de informação de saúde;
• disponibilidade de inf ormação fi ável levou a
melhor desempenho da gestão e das políticas;
• a gestão dos casos , sobretudo nas urgências,
melhorou graças à existência de melhor equi-
pamento e abastecimento de luz à noite e de
água corrente.
Título do projecto
Melhoria dos serviços de saúde nas ilhas
da República de Kiribati
Duração
Junho de 2006-Dezembro de 2010
Contribuição da UE
€ 8,8 milhões
Parceiros
Escola de Medicina de Fiji; Governo de Kiribati;
Associação de ONG de Kiribati
Parceria para a mudança 3535
HAITI • Educação para todos
Já antes do terramoto de Janei-
ro de 2010 e as suas conse-
quências a longo prazo,
o Haiti era o país mais
pobre do hemisfério
ocidental com enor-
mes problemas de
desenvolvimento. A
educação é um sério
desafi o devido à escas-
sez de professores qua-
lifi cados num país onde
a população é composta
maioritariamente por jovens
em idade escolar. A UE lançou o pro-
grama PARQE com o objectivo de reforçar as
capacidades e as responsabilidades do sistema
educativo nacional em quatro departamentos
do Haiti, dos 10 existentes, ajudando assim o
país a responder ao desafi o da educação para
todos. O programa visa melhorar a qualidade
da formação dos professores, os métodos de
ensino e os materiais didácticos.
O programa PARQE I, que funcionou entre 2003
e 2007, colocava a ênfase nas infra-estruturas,
tendo contribuído para a construção de 300
escolas do ensino básico e a criação de
17 instalações de formação de
professores para a formação
interna dos mesmos.
O programa PARQE II
visa melhorar a qua-
lidade do ensino.
Prevê a formação
de 3.000 professores
e 400 Directores de
escola e conselheiros
educativos. O PARQE II
começou pela distribuição
de mais de 617.000 manuais
escolares para o ano lectivo 2008-
2009 e 265.000 manuais escolares para 2009-
2010. Além disso, foram entregues 100.000 kits
escolares com livros, lápis, apagadores, esfero-
gráfi cas, caixas de lápis de cor, ferramentas de
geometria e mochilas, durante o ano lectivo
2009-2010. O programa responde ainda à ques-
tão dos alunos com idades superiores à escolar
e como melhor atender às suas necessidades
específi cas.
Apesar do terramoto, o programa poderá conti-
nuar, já que visa quatro departamentos do nor-
te e do sul de Port-au-Prince, por conseguinte,
a alguma distância do epicentro. Contudo, uma
dotação de € 1,6 milhões do orçamento de € 14
milhões do PARQE II está a ser transferida para
a reconstrução de escolas e salas de aula nos
quatro departamentos abrangidos pelo projec-
to, que atendem um infl uxo de crianças prove-
nientes da capital, agora devastada.
Um dos objectivos do PARQE II é a construção
de instalações para a formação de professores
em Cap Haitien, a segunda maior cidade do
país. O programa visa ainda a construção de
90 salas de aula, a renovação de mais de 70
escolas e a criação de uma rede nacional de
escolas públicas e privadas. Prevê também a
criação de um comité de gestão e uma asso-
ciação de pais para cada escola, e o reforço da
capacidade institucional do Ministério da Edu-
cação, em particular nos quatro departamentos
abrangidos pelo programa.
Título do projecto
Programa de apoio para reforçar o sector
da educação no Haiti II (PARQE II)
Duração
Novembro de 2007-Dezembro de 2011
Contribuição da UE
€ 14 milhões
Parceiro
Ministério da Educação Nacional e da Formação
Profi ssional, Haiti
http://a2s.typepad.com/parqe
Parceria para a mudança3636
RUANDA • Radio novela popular ajuda a lutar contra a SIDA
Uma já antiga radio novela tor-
nou-se na principal fonte
de informação sobre VIH/
SIDA e outras ameaças à
saúde reprodutiva, para
as mulheres em zonas
rurais no Ruanda. O
programa chamado
Urunana («de mãos da-
das») tem actualmente
uma audiência numerosa
e fi el. Desde a sua estreia
em 1999, já foram apresenta-
dos mais de 1000 episódios.
O Urunana segue um grupo de personagens
que vive numa aldeia fi ctícia na região dos
Grandes Lagos. A história combina entre-
tenimento com aspectos educativos, com
um enfoque na saúde sexual e reprodutiva,
incluindo o VIH/SIDA. O conteúdo do progra-
ma é dirigido à audiência, e inclui visitas, por
parte de investigadores a aldeias ruandesas
todos os meses, no sentido de discutirem as
a
questões de saúde com a popu-
lação local e recolher histórias
que servirão depois para os
episódios seguintes.
Os actores e a equipa
de produção visitam
regularmente as zonas
rurais para gravar os
episódios. Estas sessões
de gravação atraem vá-
rios milhares de pessoas,
criando um maior espectro
para uma discussão interactiva.
Estas sessões de discussão e avaliação por
parte de consultores independentes de-
monstram que, após as emissões, a maioria
dos ouvintes discute entre si as questões le-
vantadas, tal como o planeamento familiar e
o sexo seguro – temas delicados, raramente
discutidos pelas famílias ruandesas. Muitas
destas famílias declaram prestar atenção às
mensagens do Urunana. De acordo com uma
sondagem realizada pelos consultores, cer-
ca de 74 % da população ruandesa ouve o
Urunana pelo menos uma vez por semana.
A rádio é dominante nas zonas rurais, onde
cerca de 50 % da população e iliterada.
O programa Urunana foi inicialmente gerido
e produzido por uma ONG britânica, a He-
alth Unlimited, que gradualmente transferiu
as suas operações para um parceiro local,
a Urunana Development Communication
(UDC), criada especifi camente para este fi m.
O projecto foi parcialmente fi nanciado pela
UE desde 2006 e deverá ser auto-sustentável
em 2010.
Os dois episódios semanais do programa são
emitidos pela Radio Ruanda e pelo serviço da
BBC Great Lakes.
Título do projecto
Well Women Media Project III
Duração
Abril de 2006-Setembro de 2010
Contribuição da UE
€ 750.000 (63 % dos custos totais)
Parceiros
Health Unlimited, RU e UDC, Ruand
http://www.healthunlimited.org/
Programmes/Africa/Rwanda
Parceria para a mudança 3737
TANZÂNIA • Programa de protecção regional para refugiados
A Tanzânia tem a maior po-
pulação de refugiados em
África, que inclui sobre-
tudo pessoas do vizinho
Burundi e da República
Democrática do Congo.
A Tanzânia foi selecciona-
da como localização para
uma das duas iniciativas
ao abrigo do programa de
protecção regional da UE (PPR).
As outras localizações são a Ucrânia, a
Moldávia e a Bielorrússia.
Os objectivos do programa de protecção re-
gional da Tanzânia são a aumento da capa-
cidade de protecção das autoridades nacio-
nais, a melhoria das condições nos campos
e nos centros de acolhimento, e a criação
de condições para uma solução duradoura.
Nesta óptica, foram delineadas três soluções:
o regresso dos refugiados ao país de origem,
a integração na Tanzânia, ou a reins-
talação num país terceiro.
Até agora, os resultados do
PPR são positivos. As au-
toridades locais, as ONG
e a sociedade civil estão
agora mais mobilizadas
para ajudar os refugia-
dos. Os refugiados são
mais bem tratados do que
no passado, tanto no interior
como fora dos campos. Os refu-
giados portadores de defi ciência e os
mais vulneráveis têm prioridade no processo
de reinstalação. O trabalho de preparação das
opções para cada um dos refugiados (repa-
triação, integração ou reinstalação) foi acele-
rado. Em particular, a repatriação voluntária
ou a naturalização de burundeses está já a ser
realizada e deverá continuar.
No total foram fi nanciados quatro projectos
ao abrigo do programa de protecção regional
na Tanzânia durante a fase inicial entre 2006
e 2009:
• r eforço das capacidades de protecção e so-
luções de segurança para os refugiados na
Tanzânia (Programa Aeneas 2005);
• reforço das capacidades de protecção na Tan-
zânia – complementando e evoluindo com
base no projecto-piloto PPR (Aeneas 2006);
• apoio às ac tividades da ACNUR na região
dos Grandes Lagos e na Europa de leste no
contexto dos PPR (Programa temático nos
domínios da Migração & Asilo 2008);
• apoio aos pedidos de naturalização dos refu-
giados nos antigos campos (FED 2008).
Título do projecto
Programa de Protecção Regional (PPR)
Duração
2006-2009
Contribuição da UE
€ 7 milhões
Parceiros
Gabinete do Alto Comissariado da Nações
Unidades para os Refugiados
Comissão EuropeiaCooperação para o desenvolvimento da UE com os países de África, Caraíbas e Pacífi co
Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia
2010 – 40 p. – 21x29,7cmISBN 978-92-79-15506-2
COMO OBTER PUBLICAÇÕES DA UNIÃO EUROPEIAPublicações gratuitas:
• via EU Bookshop (http://bookshop.europa.eu);
• nas representações ou delegações da Comissão Europeia.
Pode obter os respectivos contactos em: http://ec.europa.eu
ou enviando um fax para: +352 2929-42758.
Publicações pagas:
• via EU Bookshop (http://bookshop.europa.eu).
Assinaturas pagas (por exemplo, as séries anuais do Jornal Ofi cial da União Europeia, as
colectâneas da jurisprudência do Tribunal de Justiça):
• através de um dos agentes de vendas do Serviço das Publicações da União Europeia
(http://publications.europa.eu/others/agents/index_pt.htm).
tmh
pt.
_x
ind
e/
aid
e/e
uro
p.e
ua
.eu
rop
ce//
tp:
th
PT
KQ
-30
-10-3
33
-PT-C