PARECER PGFN/CAT Nº 2.363 E AS REMESSAS AO · PDF filepor Edgar Santos Gomes ... artigo 7 dos tratados firmados com o Brasil vis‐à‐vis a tributação dos lucros das coligadas

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    PARECERPGFN/CATN2.363EASREMESSASAOEXTERIOR

    PORSERVIOSSEMTRANSFERNCIADETECNOLOGIA

    NMERO33

    porEdgarSantosGomes

    associadosniordeLevy&SalomoAdvogados

    MestreemDireitoTributrioInternacionalpelaUniversidadedeLeidennaHolanda

    EspecialistaemDireitoTributriopeloIBET

    AdvogadonoRiodeJaneiro

    MembrodaABDFedaIFA

    Motivada pormanifestao do Governo da Finlndia, aventando a possibilidade de

    denunciaroacordoparaevitaraduplatributaoepreveniraevasofiscalemmatria

    de impostoderenda firmadocomoBrasil[1],aReceitaFederalrevisouentendimento

    consolidado no controvertido Ato Declaratrio Cosit n. 1, de 5 de janeiro de 2000,

    utilizado pelas autoridades fiscais para justificar a cobrana do imposto de renda da

    fonte(IRF)nasremessasaoexteriorporserviossemtransfernciadetecnologia.

    De acordo com referido ato declaratrio, incidiria IRF nas remessas decorrentes de

    contratosdeprestaodeassistnciatcnicaedeserviostcnicossemtransfernciade

    tecnologia,assimentendidosaquelesnosujeitosaverbaoouregistronoInstituto

    Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e Banco Central do Brasil, mesmo que

    destinadasapasescomosquaisoBrasiltenhatratadoparaevitaraduplatributaoda

    renda,celebradonosmoldesdaConvenoModelodaOrganizaoparaaCooperao

    eDesenvolvimentoEconmico(OCDE).

    Acontrovrsiadecorredeoreferidoatodeclaratriorecusaraaplicaodoartigo7dos

    tratadosque seguem a redaodaConvenoModelodaOCDE, segundooqual os

    lucrosdeumaempresadeumEstadoContratantespodemsertributadosnesseEstado,

    anoserqueaempresaexerasuaatividadenooutroEstadoContratantepormeiode

    umestabelecimentopermanentea situado.Seaempresaexercersuaatividadedeste

    modo,osseuslucrospodemsertributadosnooutroEstado,masunicamentenamedida

    emqueforemimputveisaesseestabelecimentopermanente.

    Conforme defendia a Receita Federal, a regra prevista no artigo 7 dos tratados, que

    estabelece competnciaexclusivadopasdedomicliodoprestadorde servios, no

    http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftn1

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    seria aplicvel aos rendimentos do trabalho e da prestao de servios pagos,

    creditados,entregues,empregadosou remetidos,por fonte situadanopas,apessoa

    fsicaoujurdicaresidentenoexterior[2],massimo21,quetratadeoutrosrendimentos

    noexpressamentemencionadosepermiteatributaocumulativadeambosospases

    contratantes.

    Apsreviso,aReceitaFederalfinalmentereconheceuqueaexignciado IRFestem

    desacordo com o entendimento da doutrina internacional e confere interpretao

    equivocadaaoartigo7daConvenoModelodaOCDE,violandoportantoostratadose

    justificandoadenncia.[3]

    A concluso da Receita Federal foi seguida pela Procuradoria da Fazenda Nacional,

    atravs do Parecer PGFN/CAT n. 2.363/2013[4], no qual ressaltou a existncia de

    precedente do Superior Tribunal de Justia (STJ) afastando a incidncia do IRF nessa

    situaoespecfica[5],cujosslidosfundamentoslevaramaprpriaFazendaNacional

    decisodenorecorrer,bemcomomotivaramdecisesdeTribunaisRegionaisFederais.

    Naquelesautos,oSTJapoiousenoprincpiodaespecialidade,segundooqualanorma

    internacional, por ser aplicvel especificamente s pessoas residentes nos pases

    signatrios do tratado, deve prevalecer sobre a norma genrica, aplicvel s demais

    situaesnoprevistasemtratados.

    A deciso acolheu ainda conceito mais abrangente de lucro, ao contrrio do que

    defendiao Fisco,poisdo contrrioo artigo7dos tratadosbrasileiros,que adotamo

    ModelodaOCDE,noatingiriam sua finalidade,eisque seriaadmitidaabitributao

    internacionalcomoregra,apesardeoobjetivodostratadosserjustamenteodecoibila.

    Apropsito,aaplicaocontrovertidadoartigo7dostratadospelasautoridadesfiscais

    brasileirasnoseresumeaoIRFemquesto,poistambmemmatriadetributaodos

    lucros de controladas e coligadas no exterior, a interpretao do Fisco admite a

    indesejvel dupla tributao, embora naquela discusso o Fisco convenientemente

    defendaconceitomaisabrangentedelucro.

    Emsuma,oParecerPGFN/CATn.2.363/2013reconhecequeosvaloresremetidosao

    exterior decorrentes de contratos de prestao de assistncia tcnica e de servios

    tcnicosquenotenhamporobjetoatransfernciadetecnologianodevemmaisser

    submetidosaoIRF,poisdevemsertributadosapenasnopasderesidnciadaempresa

    estrangeira,salvoseaempresaexerceratividadenoBrasilpormeiodeestabelecimento

    permanente.

    http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftn2http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftn3http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftn4http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftn5

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    Essaorientaotambmnoseaplicacasoexistadisposionostratadosourespectivos

    protocolosautorizandoatributaocumulativanoBrasil,aexemplodealgunsacordos

    que caracterizam referidos rendimentos comoroyalties,ou quando for configurado

    planejamentotributrioabusivo.

    Com relao aos processos judiciais pendentes de deciso final, esperase que os

    Tribunais Regionais Federais que adotavam posio contrria ao decidido pelo STJ

    revejamseuposicionamentoeafastemaexignciaderetenodoimpostoderendana

    fonte.

    Embora louvvel a postura de reconhecer o equvoco na aplicao dos tratados nas

    remessas em anlise, lamentvel o fato de governos estrangeiros sentiremse

    obrigados a condicionar a manuteno de tratado internacional sua adequada

    interpretao pelas autoridades brasileiras, que somente depois de questionadas

    atribuemadevidaimportnciaquestodessarelevncia.

    Resta a expectativa de indagaes pelos governos estrangeiros sobre a aplicao do

    artigo7dostratadosfirmadoscomoBrasilvisvisatributaodoslucrosdascoligadas

    econtroladasnoexterior.

    [1]Decreton.2.465,de19dejaneirode1998.[2]Lei9.779de19dejaneirode1999.[3]Emconcluso,aCositentendeu:

    1. a)Conforme a regra geral dos acordos internacionais para evitar a dupla tributao,aplicasesremessasdecorrentesdaprestaodeserviostcnicosedeassistnciatcnicaotratamentoprevistonoart.7(LucrosdasEmpresas);

    2. b)Na hiptese em queos acordos internacionais autorizem a tributaonoBrasil,ospagamentos de rendimentos de prestao de servios tcnicos e de assistncia tcnicadevero ser submetidos ao tratamento previsto no Artigo 12 (Royalties), conformeestabelecidoemdispositivodeprotocolo;

    3. c)SoboutrahipteseemqueasConvenes internacionaisautorizema tributaonoBrasil, nos casos de prestao de servios tcnicos de carter profissional realizada porpessoaougrupodepessoas,osrendimentosdeprestaodeserviostcnicosdeverosersubmetidosaotratamentoprevistonoArtigo14(ProfissionaisIndependentes),quandonelehouverdisposioexpressasobreatividadesdecartertcnico.

    [4]IRRF.ImpostosobreaRendaRetidonaFonte.NotaTcnicaCositn23,de2013.Remessasao exterior. Pagamento de servios tcnicos e de assistncia tcnica. Ato Declaratrio(Normativo)Cositn1,de2000.ParecerPGFN/CAT/N776/2011.SugestodeoitivadaCRJedaCOCAT.NotaPGFN/CRJ/N1249/2013eNotaPGFN/COCAT/N1291/2013.CenriodedecisesjudiciaisfavorvelrevisodoParecerPGFN/CAT/N776/2011.

    http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftnref1http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftnref2http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftnref3http://www.abdf.com.br/revista/artigo/1980-parecer-pgfncat-no-2363-e-as-remessas-ao-exterior-por-servicos-sem-transferencia-de-tecnologia#_ftnref4

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    [5]TRIBUTRIO. CONVENES INTERNACIONAIS CONTRA A BITRIBUTAO. BRASILALEMANHA E BRASILCANAD. ARTS. VII E XXI. RENDIMENTOS AUFERIDOS POR EMPRESASESTRANGEIRAS PELA PRESTAO DE SERVIOS EMPRESA BRASILEIRA. PRETENSO DAFAZENDANACIONALDE TRIBUTAR,NA FONTE,AREMESSADERENDIMENTOS.CONCEITODE"LUCRODAEMPRESAESTRANGEIRA"NOART.VIIDASDUASCONVENES.EQUIVALNCIAA"LUCROOPERACIONAL". PREVALNCIADASCONVENES SOBREOART.7DA LEI9.779/99.PRINCPIODAESPECIALIDADE.ART.98DOCTN.CORRETAINTERPRETAO.

    1.Aautora,orarecorrida,contratouempresasestrangeirasparaaprestaodeserviosaseremrealizados no exterior sem transferncia de tecnologia. Em face do que dispe o art. VIIdasConvenesBrasilAlemanhaeBrasilCanad,segundooqual"oslucrosdeumaempresadeum Estado Contratante s so tributveis nesse Estado,ano ser queaempresa exera suaatividade em outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente asituado",deixouderecolheroimpostoderendanafonte.

    2. Em razo do no recolhimento, foi autuada pela Receita Federalconsiderao dequearendaenviadaaoexteriorcomocontraprestaoporserviosprestadosnoseenquadranoconceitode"lucrodaempresaestrangeira",previstonoart.VIIdasduasConvenes,poisolucro perfectibilizase, apenas, ao fim do exerccio financeiro, apsasadies e deduesdeterminadaspela legislaoderegncia.Assim,concluiuquearendadeveriasertributadanoBrasil oque impunhatomadoradosserviosasuaretenonafonte , jquesetratariaderendimento no expressamente mencionado nas duasConvenes,nos termos do art. XXI,verbis: "Os rendimentos de um residente de um Estado Contratante provenientes do outr