Parecer PMI X RD Rubens Siqueira Duarte - Inexigibilidade de licitação

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PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAIANAAdvocacia Geral do Município

Parecer nº _____/2011

Interessado: Prefeitura Municipal de Itabaiana/SE

EMENTA: Parecer jurídico referente à possibilidade de

contratação da empresa RD RUBENS DUARTE ASSESSORIA,

pela PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAIANA.

Existindo a mínima dúvida acerca da subsunção do fato à

norma, no tocante à possibilidade de contratação direta, é

exigida por parte da Administração Pública a realização de

procedimento licitatório, por cautela.

I – DOS FATOS

Trata-se de consulta formulada a respeito da possibilidade de

contratação por parte da PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAIANA da empresa RD

RUBENS DUARTE ASSESSORIA, a qual prestaria serviços de serviços de assessoria

especializados na estruturação do setor de fiscalização e dívida ativa.

Praça: Fausto Cardoso,12- Itabaiana/SE – (079) 3431-9705 - CNPJ nº 13.104.740/0001-10

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O possível contrato teria como objeto, a transferência de expertise

jurídica ao setor de execução fiscal, e de assuntos tributários para a recuperação de

crédito fiscal sonegados, com relação ao ISSQN sobre os contratos de arrendamento

mercantil, leasing, firmados pelas instituições financeiras no município, com auxílio de T.I.

tecnologia de informática e utilização de sistema de recuperação de crédito denominado

WEB RISS QUE.

Esses são os fatos.

II – DA INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

A administração pública tem como regra a realização do procedimento

licitatório, e, como medida em extremo excepcional, a sua inexigibilidade. Essa particular

hipótese de contratação sem licitação é regrada pelo inciso II, do art. 25, da Lei nº

8.666/93.

Ressalte-se que o rol trazido pelo dispositivo mencionado é taxativo,

exauriente, não sendo possível a sua ampliação por vontade do administrador, pois o

mesmo trata de direito excepcional, devendo sua interpretação ser restritiva.

Dessa forma, temos três requisitos a serem cumpridos para que possa

ser feita a inexigibilidade de licitação, são eles: a) o legal - serviço especializado – que são

os serviços enquadrados no rol do art. 13 da Lei nº 8.666/93; b) o subjetivo – a notória

especialização -, o qual é consubstanciado nas qualificações particulares do profissional

ou da empresa; e c) o objetivo - serviço de natureza singular -, que consiste na

singularidade do objeto do contrato, ou seja, na excepcionalidade do serviço a ser

contratado.


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II. a) – Serviço Especializado

Para a professora Hely Lopes Meireles:

“Serviços especializados são aqueles que, além da

habilitação técnica e profissional regular, são confiados a

quem se aprofundou nos estudos, no exercício da profissão,

na pesquisa científica, ou através de cursos de pós-

graduação ou de estágios de aperfeiçoamento”.

É de bom alvitre notar que, a Lei de Licitações ao referir-se, no art. 25, II,

aos serviços técnicos profissionais especializados, faz alusão direta às atividades que, se

acham enumeradas no art. 13 da mesma.

Nesse diapasão, Antônio Roque Citadini entende que, “os serviços

especializados, à que alude à lei, são aqueles expressamente previstos no art. 13 da Lei de

Licitações e Contratos Administrativos, quais sejam: estudos técnicos, planejamento e

projetos básicos ou executivo; pareceres, perícias e avaliações em geral; assessorias ou

consultorias técnicas financeiras ou tributárias; fiscalização, supervisão ou gerenciamento

de obras ou serviços; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; restauração de obras de arte e bens de valor

histórico”.


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II.b) – Notória Especialização

Quando fez referência à notória especialização à norma regulamentar

no seu § 1º do art. 25, definiu-a como “... Considera-se de notória especialização o

profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de

desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,

equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir

que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do

objeto do contrato".

Daí, como se pode notar, é encontrada a base legal para a efetiva

contratação direta a qual se ampara no nível de qualificação e de capacitação do

prestador de serviço, tais características irão diferenciá-lo dos demais profissionais que

atuam em determinada área ou segmento de mercado, lhe possibilitando uma

inquestionável condição diferenciada.

Ao se interpretar cada uma das palavras que compõem a

locução notória especialização, é possível determinar o significado que a ela se desejou

emprestar. O notório é aquilo que é público, ou seja, é do conhecimento de todos. Já a

especialização é o ato ou efeito de especializar; é adotar uma especialidade, distinguir-se,

singularizar-se.

Sendo assim, notoriamente especializado será, o profissional ou

empresa que, detendo especial qualificação, desfrute de um certo conceito e se

diferencie, exatamente por isso, daqueles do mesmo ramo ou segmento de atuação. Essa

notoriedade não basta ser alegada pela Administração Pública, tal juízo deve ser

exercitado pela comunidade.


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Nesse entendimento a professora Hely Lopes Meirelles aborda o

assunto afirmando que: “que a notória especialização, é o reconhecimento público da alta

capacidade profissional. Notoriedade profissional é algo mais que habilitação profissional.

Esta é a autorização legal para o exercício da profissão; aquela é a proclamação da

clientela e dos colegas sobre o indiscutível valor do profissional na sua especialidade.

Notoriedade é, em última análise, para fins de dispensa de licitação, a fama consagradora

do profissional no campo de sua especialidade".

Dessa forma, diante de determinadas situações, onde estiverem

caracterizadas a notória especialização do prestador, seja ele pessoa física ou jurídica,

não será necessário a realização de prévio processo licitatório, pois o mesmo estará

prejudicado devido a impossibilidade de competição entre dois ou mais licitantes, a qual

é resultado do alto nível de qualificação e da extrema capacitação daquele a quem se

pretende contratar.

Compreendida tal especialidade da inexigibilidade de licitação, destaco

que não há na documentação colacionada da empresa a ser contratada, sinais que

demonstrem suficiente notória especialização. Além do que, os currículos e

documentação dos profissionais acostados aos autos mostram um louvável esforço na

busca do seu aperfeiçoamento profissional, porém, de sua análise não se conclui a

notória especialização exigida.

II.c) – Serviço de Natureza Singular

Por fim, questão outra que se apresenta relevante nesse contexto, diz

respeito ao serviço de natureza singular, consoante expressa menção disposta no inciso II,


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do art. 25, da Lei nº 8.666/93, a qual é requisito imprescindível para que seja possível a

contratação direta de serviços técnicos profissionais especializados.

Por natureza singular do serviço se entende aquele que possui

determinada complexidade que o individualiza, o torna raro, especial, extraordinário etc.

Para Raul Armando Mendes, serviços de natureza singular são:

“... aqueles que, embora não sendo únicos, revestem-se de

singularidade, cuja execução só pode ser atribuída a um

determinado profissional ou empresa especializada”.

Essa singularidade consubstancia-se, no ensinamento de Antônio Roque

Citadini, “... no fato do objeto do contrato ser de natureza pouco comum, com razoável

dose de complexidade, de tal forma individualizadora, que justifique a dispensa de todo o

procedimento licitatório”.

O Tribunal de Contas da União, orienta que qualquer contratação de

pessoa física ou jurídica por tempo determinado, inclusive assessoria jurídica, deve

prevalecer à realização do processo licitatório, quando da não configuração da

singularidade do serviço, sendo permitido a contratação direta apenas em caráter

excepcional, conforme exemplificado pela decisão a seguir exposta:

Abstenha-se de contratar serviços jurídicos por

inexigibilidade de licitação, com fundamento no art. 25 da

Lei n. 8.666/93, se não restarem comprovados os requisitos

da inviabilidade de competição previstos no citado

dispositivo legal, especialmente quanto a singularidade do


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objeto e a notória especialização. (Acórdão 717/2005 –

Plenário)

Nesse mesmo sentido, o STJ assim se manifesta:

RECURSO ESPECIAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONTRATO

PARA REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS

ESPECIALIZADOS, MAS NÃO SINGULARES – ESCRITÓRIO DE

ADVOCACIA – LICITAÇÃO – DISPENSA – 1. Os serviços

descritos no art. 13 da Lei nº 8.666/1993, para que sejam

contratados sem licitação, devem ter natureza singular e ser

prestados por profissional notoriamente especializado, cuja

escolha está adstrita à discricionariedade administrativa. 2.

Estando comprovado que os serviços jurídicos de que

necessita o ente público são importantes, mas não

apresentam singularidade, porque afetos a ramo do Direito

bastante disseminado entre os profissionais da área, e não

demonstrada a notoriedade dos advogados – em relação aos

diversos outros, também notórios, e com a mesma

especialidade – que compõem o escritório de advocacia

contratado, decorre ilegal contratação que tenha

prescindido da respectiva licitação. 3. Recurso especial não

provido.

Em face disso, o serviço a ser contratado há de possuir natureza

singular, o que não se observa na análise do objeto da proposta comercial de prestação

de serviços técnicos especializados e dos currículos dos profissionais.


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Podemos também fazer notar, que nenhuma informação a respeito de

trabalhos realizados nessa área pela referida empresa, foi juntada a documentação

anexa, talvez isso se deva pelo seu reduzido tempo de existência, afinal como se constata

dos documentos e certidões, a mesma foi fundada há poucos meses .

É obvio que, um contrato de alto valor exige atuação profissional atenta

e eficiente. Todavia, a empresa a ser contratada não é a única habilitada à prestação dos

serviços contidos no objeto do contrato, pois questões atinentes ao direito tributário e ao

direito financeiro (ou bancário, como alguns propugnam) estão, atualmente, bastante

disseminadas. Conforme pode se verificar das folhas de nºs 10/15, anexas ao parecer.

Dessa feita, não se deve considerar de natureza singular aquilo que

possa ser feito por numerosos profissionais ou empresas.

Entendemos, portanto, que existam no mercado, profissionais com igual

capacidade e qualificação, que atenderão a um procedimento licitatório devidamente

instruído e que tenha a devida publicidade.

III – CONCLUSÃO

Diante dos argumentos retro exposto, no caso em tela não

vislumbramos motivo suficiente para não se exigir à realização do procedimento de

licitação.

Uma vez que, afastados, os requisitos da notória especialização e o da

natureza singular do objeto do contrato em relação ao caso concreto, nada justifica a


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inexigibilidade de licitação pretendida, uma vez que os requisitos para sua realização são

cumulativos.

Ademais em pesquisa realizada, constatamos que em via de regra, a

contratação do já referido serviço, objeto do presente parecer, tem sido realizada por

diversas prefeituras municipais do Brasil através de processo licitatório, conforme

instrumentos colacionados as fls. 16/18, nos quais foi constatado que o valor da

contraprestação a ser paga ao vencedor das licitações dos editais mencionados, é inferior

ao que é proposto pela propensa contratada, conforme se verifica na proposta

contratual.

Desse modo, concluímos pela impossibilidade da contratação da

empresa RD RUBENS DUARTE ASSESSORIA, através de inexigibilidade do procedimento

licitatório.

É o que nos parece, s.m.j.

Seguem os autos para superior análise e deliberação.

Itabaiana, 08 de novembro de 2011.

ANDRÉ LUÍS ANDRADE MACIELAdvogado Geral do Município

SÉRGIO ALEXANDRE GUIMARÃES MACIELAssessor Especial


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