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1 GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL E DA BIODIVERSIDADE DIRETORIA DE GESTÃO DA BIODIVERSIDADE PARECER TÉCNICO Criação de Unidade de Conservação Municipal/ Castanhal-Pa. Belém – Pa 2017

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL E DA BIODIVERSIDADE

DIRETORIA DE GESTÃO DA BIODIVERSIDADE

PARECER TÉCNICO Criação de Unidade de Conservação Municipal/ Castanhal-Pa.

Belém – Pa 2017

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Em atenção à Secretaria Municipal de Meio Ambiente do munícipio de Castanhal (SEMMA-Castanhal), que solicita do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) o apoio técnico para a realização de estudos técnicos de viabilidade para a criação de Unidade de Conservação (UC) municipal, segue parecer técnico.

O presente parecer teve a sua abordagem a partir de pontos considerados fundamentais para o processo de criação de UC, sendo eles: reconhecimento da área, aspectos físicos, biológicos, aspectos de infraestrutura, saneamento básico, socioeconômico, situação fundiária e relevância ambiental da área para a criação de Unidade de Conservação Municipal, no município de Castanhal. 1 CONSIDERAÇÕES:

Na área de conservação e preservação dos ecossistemas, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio), por meio da Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio), vem realizando importante trabalho, notadamente na criação de novas UCs. Além de UCs estaduais, as ações da Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio), se estendem ao apoio técnico a criação de UC municipal que se caracterizem como instrumento legal para a preservação da biodiversidade e geração de serviços ambientais aos municípios paraenses.

A área proposta para a criação de Unidade de Conservação da Natureza Municipal, possui aproximadamente 15ha e localiza-se em área urbana da cidade de Castanhal, estado do Pará, no bairro do Cariri, entre a Rua. Salvador Tracaioli, Pass: Arame e Rua. São João (Figura 1). Distante aproximadamente 77 km da capital Belém, a área é coberta por uma vegetação antropizada, com ocorrência de diferentes fitofisionomias como: floresta antropizada em estágio avançado de regeneração, com presença de árvores emergentes, assim como, áreas de capoeiras. Há ocorrência de duas nascentes, que permanecem perenes durante todo ano contribuindo favoravelmente para manutenção e reprodução de várias espécies de animais. Atualmente a referida área, pertence ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), por meio de Termo de Aforamento emitido pela Prefeitura Municipal de Castanhal, no ano de 1981, ao antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.

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Figura 1: Mapa de Localização.

Fonte: IDEFLOR-Bio, 2017.

O presente parecer técnico, aqui apresentado, é resultado de visita em campo para reconhecimento da área, reunião com os poderes locais para apresentação da importância ambiental da área e de (03) três expedições de levantamento e estudos relacionados aos aspectos do meio físico, biológico, infraestrutura, saneamento básico, socioeconômico e situação fundiária, além de levantamento Institucional e logística para realização de consulta pública.

O apoio técnico do IDEFLOR-Bio à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Castanhal (SEMMA), foram autorizadas em Portaria conforme registradas neste Parecer a saber:

1. Portaria nº 36 de 02/02/2017, Doe nº 33308, de 06/02/2017, autoriza realização de levantamento de áreas verde para possível criação de Unidade de Conservação da Natureza, no município de Castanhal, no dia 02/02/2017.

2. Portaria nº 96 de 16/02/2017, Doe nº 33317, de 17/02/2017, autoriza participação em reunião de trabalho com as autoridades constituídas do poder executivo do referido

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município, para apresentar e discutir o projeto de criação de unidade de conservação, no município de Castanhal, no dia 17/02/2017.

3. Portaria nº 214 de 29/03/2017, Doe nº 33344, de 30/03/2017, autoriza realização de levantamento biológico da área para criação de Unidade de Conservação da Natureza Municipal, no município de Castanhal, no período de 04 a 07/04/2017.

4. Portaria nº 291 de 25/04/2017, Doe nº 33361 de 25/04/2017, autoriza realização de levantamento de Infraestrutura, Saneamento Básico e Meio Físico para estudo de área para criação de Unidades de Conservação Municipal, no município de Castanhal, no período de 02 a 06/05/2017.

5. Portaria nº 394 de 16/05/2017, Doe nº 33376, de 18/05/2017, autoriza a realização de levantamento socioeconômico nas confrontações da área indicada para criação da Unidade de Conservação, consulta aos órgãos competentes sobre a situação fundiária da área e levantamento Institucional e de Logística para realização de Consulta Pública, no município de Castanhal, no período de 22 a 27/05/2017.

Na sequência, este parecer sistematiza o resultado de (06) seis relatórios gerados a partir de visitas técnicas à área, reuniões e expedições de levantamento e estudos sobre a área, sistematizados por servidores do IDEFLOR-Bio e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), no período de fevereiro a maio de 2017, elaborados por técnicos com formação em Engenharia Florestal, Biologia, Arquitetura, Urbanismo, Edificações, Agronomia, Sociologia e Cientista Ambiental.

Os trabalhos desenvolvidos pela equipe técnica do Governo do Estado do Pará, copilados e que subsidiam este parecer são:

1. LOBATO, Crisomar; GORAYEB, Aína Leite; ALVES, Soraya Tatiana Macedo. Relatório de Visita Técnica para Criação da Unidade de Conservação Municipal do Bosque Florestal no município de Castanhal – Pa. Belém/Pa: DGBio/ GBio/ IDEFLOR-Bio, 2017, 14p.

2. BOELTER, Carlos Renato et. al. Relatório Biológico da Área do Horto Florestal do município de Castanhal – Pa. Belém/Pa: GBio/ IDEFLOR-Bio, 2017, 41p.

3. SILVA, Elineuza Faria. Estudo Técnico de Criação da UC Municipal Bosque

Florestal: Diagnóstico do Meio Físico, no Município de Castanhal – Pa. Belém/Pa: Difisc/Semas, 2017, 32p.

4. LAMEIRA, Joyce Angélica Silva; FERREIRA, Mauro da Costa. Criação de UC Municipal em Castanhal-Pa: relatório de infraestrutura e saneamento básico. Belém/Pa: DAF/GLOG/IDEFLOR-Bio, 2017, 80p.

5. RIBEIRO, Jocilete de Almeida; GORAYEB, Aína Leite. Diagnóstico Socioeconômico e da Situação Fundiária para Criação de Unidade de Conservação Municipal de Proteção Integral na Categoria “Parque Municipal”: área urbana do município de Castanhal. Belém/Pa: DGBio/IDFLOR-Bio, 2017, 56p.

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2 RESULTADOS: SITUAÇÃO AMBIENTAL: MEIO FÍSICO

Os aspectos do meio físico considerados foram: Clima, hidrografia, geologia e geomorfologia e solos. Clima

Regionalmente, o município de Castanhal encontra-se sob influência do clima tropical chuvoso (úmido), no qual as temperaturas médias, variam entre 18 e 35°C e a média pluviométrica é de 2.500 a 3.000mm anuais. Do ponto de vista local, a tendência climática que correspondente a área de interesse para a criação da UC acompanha aquela para o município em geral.

O valor médio relacionado a precipitação pluviométrica anual varia em torno de 2.432mm. O mês com menor precipitação é novembro, com 63mm, e o mais chuvoso é o mês de março, apresentando uma média de 411mm (Figura 2). Os números são indicativos de que a área abrangida por este estudo não apresenta estação seca, embora apresente períodos com índices de precipitação considerados baixos. A variação sazonal das precipitações indica sazonalidade bem definida, com maiores índices de pluviosidade nos 6 (seis) primeiros meses do ano.

Figura 2: Curso médio anual de precipitação pluviométrica para o município de Castanhal-Pa.

Fonte: CLIMATE-DATA. ORG, 2017.

A média anual confere a área um valor de 25.8°C. O mês com temperatura média mais elevada é o de outubro e o mês com temperatura mais reduzida é março.

Quando comparados, o mês menos chuvoso tem uma diferença de precipitação de 348mm em relação ao mês mais chuvoso. As temperaturas médias têm uma variação de 1.2°C durante o ano. A Umidade relativa do ar no município é elevada, variando de 80% a 85%, característica que está intimamente relacionada com o regime de precipitação que ocorre na região.

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Hidrografia A rede hidrográfica da área de estudo é simples, contado com apenas 2 (dois) córregos

cujos cursos cortam a área do terreno, um próximo à Rua Padre Salvador Tracaioli (parte superior da Figura 3), e o outro mais em direção à Rua São João (parte inferior da Figura 3), que se fundem a um curso d'água maior, já fora dos limites da área de interesse, em direção aos fundos do terreno, pela Rua Maximino Porpino (Figura 3).

Figura 3: Hidrografia da área de estudo.

Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Castanhal – Cons&SeA (sem data).

Embora a maior parte da vegetação ciliar ainda se encontre em bom estado de

conservação, há informações de que os córregos já sofreram, e ainda sofrem, sérios impactos que resultaram na diminuição da vazão, contaminação da água, assoreamento, morte da fauna aquática pré-existente e até mesmo morte de nascentes.

O lançamento de efluentes domésticos configura-se como o maior problema neste contexto.

Todos os pontos de lançamento caem sobre as nascentes presentes na área, e embora pareça que ao longo do curso da água a mesma apresente-se límpida e aparentemente de boa qualidade, ela está provavelmente contaminada pelos materiais que recebe. Seria importante que uma análise de qualidade da água fosse realizada para comprovar o fato e subsidiar um plano de recuperação, evitando assim que interferências sem critérios nas nascentes e ao longo dos cursos d’água venham causar danos irreversíveis à rede natural de drenagem, preservando, desta forma, os recursos hídricos para o bem do ambiente como um todo.

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No total foram identificadas 7 (sete) nascentes, no interior da área como ilustrado na Figura 4. Figura 4: Localização dos pontos referentes as nascentes presentes no interior da área.

Fonte: SEMAS, 2017.

A nascente N1 localizada no ponto de coordenadas 01°18'07,4'' S e 47°55'11,7'' W,

correspondente a que sofre influência direta do ponto de lançamento de efluentes P1, apresenta um solo com grave problema de erosão que levou ao surgimento de uma área de voçoroca (Figura 5). Em razão do acentuado processo erosivo muito de vegetação já foi perdida, inclusive muitos indivíduos de castanheira e espécies de palmeiras nativas.

No ponto de coordenadas 01°18'09,1'' S e 47°55'12,2'' W, ocorre a presença de uma nascente (N7), onde, há muitos anos era possível o uso para banho e lazer, pois a água aflorava com bastante intensidade e a profundidade do córrego era significativa. Atualmente esse trecho encontra-se com alto grau de assoreamento. De acordo com depoimentos locais, nas imediações desse trecho ocorreu um incêndio no período do verão no ano de 2016, provocando a destruição de parte da vegetação de sua margem. O incidente foi consequência da queima de lixo doméstico. O fogo atingiu uma grande distância, dizimando muitas espécies vegetais no interior da área. Figura 5: Trecho assoreado ao longo do curso d'água de uma das nascentes presentes no interior da área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017. .

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Em ambos os córregos encontrados no interior da área, principalmente naquele localizado neste estudo como presente na parte inferior da Figura 3, a vazão foi drasticamente diminuída e a fauna aquática, antes abundante, foi dizimada. Completaram ainda que existia mais uma nascente naquele local, mas que por força dos impactos que sofreu a mesma secou.

Relatos de moradores do entorno, informam que todas as nascentes se unem até encontrar o Igarapé Cariri.

Geologia e Geomorfologia

A estrutura geológica do município de Castanhal é constituída, dominantemente, por sedimentos antigos da Formação Barreiras, compostos de arenitos finos e grosseiros, siltitos e argilitos caulínicos, pertencentes ao período geológico Terciário. Em menor proporção são encontrados os depósitos de sedimentos recentes do Quaternário constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas que ocorrem nas faixas estreitas e descontínuas acompanhando os cursos d'água.

Na área de estudo predominam sedimentos do Quaternário, também denominado antropozóico, em cujos terrenos estão contidas formações holocênicas compostas por areias e argilas inconsolidadas que por vezes aparecem com mosqueados avermelhados resultantes da oxidação do ferro na matriz do solo (Figura 6). Figura 6: Solos com presença de mosqueados avermelhados no interior da área de estudo.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Associados aos sedimentos quaternários ocorrem os solos hidromórficos, correlacionados principalmente às áreas de florestas de várzea, margeando os cursos d'água.

Estes sedimentos ocupam a maior parte da área estudada, compondo os materiais formadores dos neossolos e gleissolos presentes no seu interior.

A topografia do município, de modo geral, é caracterizada pelo relevo plano, podendo ocorrer setores com relevo suave ondulado a ondulado. A área de interesse para a criação da UC sugere pertencer à classe de declividade plano.

A feição geomorfológica do município de Castanhal é dominantemente de tabuleiros ou baixos platôs pediplanados bem conservados. Ocorrem, também, colinas de topos aplainados, moderadamente dissecadas, principalmente às proximidades da sede municipal e acompanhando as margens do Rio Apeú e seus pequenos afluentes, e na margem do Rio Inhangapi. Solos

Como apontado na literatura, no município de Castanhal predominam solos pertencentes às classes dos Argissolos, Neossolos, Gleissolos e Espodossolos.

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No interior da área foram observadas principalmente 3 (três) classes: Neossolos e Gleissolos, dominando a paisagem, e em menor proporção os Argissolos. A primeira classe identificada no interior da área foi a classe de NEOSSOLO FLÚVICO, solos rasos em estádio inicial de evolução, com pequena expressão dos processos pedogenéticos, apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o horizonte C ou sobre a rocha de origem (camada R), ou seja, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.

Na área de estudo foi identificado a classe GLEISSOLO HÁPLICO, que compreende a classe de solos minerais, hidromórficos, pouco evoluídos, pouco profundos, com textura argilosa, desenvolvidos a partir de sedimentos recentes do Quaternário sob forte influência do lençol freático próxima à superfície. Ocorrem mais frequentemente em áreas de relevo plano, notadamente próximo das nascentes N1, N2 e N6 acompanhando as margens dos cursos d'água sob vegetação natural de floresta equatorial higrófila de várzea. Raramente ocorrem associados ao Neossolo Flúvico, como as proximidades da nascente N7 e ao longo de suas margens.

E por fim, a ocorrência na área de ARGISSOLO AMARELO, solos minerais, profundos, bem drenados, pouco estruturados, com textura binária arenosa/média.

Estes solos encontram-se em grande extensão na parte mais frontal do terreno, onde localiza-se o prédio da SEMADA, principalmente na extensão que fica em frente à Passagem do Arame, em áreas identificadas com plantio de seringueira, utilizada para plantio de hortaliças, sob plantio de castanheiras, atividades essas mantidas pela Secretaria de Agricultura, além da área utilizada como campo de vôlei.

Salienta-se que todas as áreas ora citadas são pouco expressivas, com aproximadamente 10 metros de comprimento por 8 metros de largura, em média, sendo que aquelas com solo sob plantio apresentam um número pequeno de indivíduos por área. Com relação a horta, no momento não está havendo cultivo.

Na lateral que fica paralela à Rua São João, onde observa-se outra área de lazer que é utilizada pela comunidade do entorno, um campo de futebol desprovido de cobertura vegetal, onde também ocorre Argissolo Amarelo (Figura 7).

Figura 7: Argissolo encontrado em área utilizada como campo de futebol.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

É importante informar que, à exceção da área do campo de futebol, considerável parte

da área frontal do terreno onde foi sugerida a ocorrência de argissolos já sofreu vários aterramentos, o que camufla o real tipo de solo ali existente. Foram observadas camadas de

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terra preta e argila proveniente de aterros das ruas do entorno na superfície do solo. A identificação aqui realizada considerou a abertura de miniperfis até a profundidade de aproximadamente 50cm em razão da escassez de ferramentas e pelo pouco tempo disponível em campo para um reconhecimento mais preciso dos solos da área.

Segundo a literatura, as principais limitações destes solos quanto ao uso agrícola se prendem principalmente à fertilidade natural baixa, condicionada pelos teores muito baixos de soma de bases, CTC e alta saturação com alumínio, que exigem a aplicação de fertilizantes e corretivos para melhorar o nível de nutrientes às plantas. SITUAÇÃO AMBIENTAL: MEIO BIOLÓGICO

Os aspectos relacionados ao meio biológico foram: Herpetofauna, Mastofauna e Vegetação. Herpetofauna

Os estudos apontaram a ocorrência de muitas cobras como a surucucu, jiboia e cobra-coral.

Foi mencionado que no período de inverno, algumas vezes, é visualizado um ou dois jacarés, que sobem o igarapé oriundo de áreas externas. De acordo com os levantamentos realizados pelo Museu Emilio Goeldi (MPEG) no município de Castanhal não houve ainda coleta de jacarés, e para quelônios, o único registro foi de matá-matá Chelus fimbriatus (MPEG 510, do Rio Apeú, Boa Vista, Castanhal). Os registros do MPEG ratificam a ocorrência de Erythrolamprus taeniogaster no município, sendo que o indivíduo encontrado já se estava morto na beira do córrego (Figura 8). O indivíduo encontrado vivo era juvenil e apresentava comportamento de fuga e às vezes defesa.

A espécie E. taeniogaster pertence à Família Dipsadidae, apresenta hábitos noturnos e diurnos, é facilmente observada próximo de córregos, pois são semiaquáticas, são bem generalistas, adaptando-se bem em ambientes conservados ou antropizados, não são peçonhentas.

Figura 8: A; B. Espécie Erythrolamprus taeniogaster encontrada morta na beira do córrego.

A. B.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Por meio de armadilhas e procura ativa, foi registrado dois espécimes de serpentes, cada uma por setor (1 e 2) e vestígios da muda de uma espécie não identificada (Figura 9). Figura 9: Muda de uma espécie de serpente não identificada de aproximadamente150 cm.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Para o grupo dos anfíbios foi capturado pela armadilha dois indivíduos da Família Leptodactylidae, pertencentes a espécies Adenomera andreae comumente chamados de rã (Figura 10, A e B). São terrestres, tem hábitos diurnos e noturnos. Alimentam-se de besouros e formigas quando jovens, e os adultos de grilos, besouros, aranhas, diplópodos e formigas. Reproduzem-se durante a estação chuvosa, com um pico em dezembro. E espécie não identificada (Figura 10, C).

Figura 10: A; B. Espécimes de rã pertecentes a espécie Adenomera andreae, capturados na armadilha; C. Ovos

de anfíbio não identificado.

A. B. C. Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Mastofauna

A área apresenta bom estado de conservação, constituindo um fragmento de floresta ombrófila densa já antropizada, apresentando árvores emergentes, área de capoeira e áreas plantadas com espécies ameaçadas de extinção.

Contudo, observou-se que é um local que possui circulação frequente de pessoas. Relatos de moradores próximos informam que a área é frequentemente visitada por pessoas que usam o local para caça e treino de aves e/ou outras atividades ilícitas.

Para o censo de mastofauna, os dados obtidos foram escassos, sendo registrado apenas um avistamento e um vestígio (pegadas), ambos ocorreram fora das trilhas (Figura 11).

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Figura 11: A. vestígios (pegadas) de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris); B. Espécie de gambá conhecido popularmente como mucura (Didelphis marsupialis).

Fonte: Pesquisa de campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

A espécie avistada foi identificada como Didelphis marsupialis, popularmente

conhecida como mucura e as pegadas foram identificadas para espécie Hydrochaeris hydrochaeris, popularmente conhecida como capivara.

Funcionários da Secretaria de Agricultura do Município, relataram avistar algumas vezes a presença de capivaras próximos ao leito do rio, isto foi possível confirmar com o registro das pegadas.

As informações do censo demonstram que nos poucos avistamentos obtidos, todos foram registrados fora da trilha. Vegetação

No total foram registradas 163 espécies de plantas vasculares distribuídas em diferentes tipos de vegetação, sendo que algumas desta podem ocorrer em mais de um tipo de fitofisionomia. Dentro das fitofisionomias presentes, a floresta ombrófila densa de terra firme registrou 40 espécies de plantas (34%), seguido pela mata de Várzea “Ciliar” com 33 espécies 28% do total. Para floresta plantada foram registradas 22 espécies (19%), área aberta contribui com 20 espécies (17%) do total (Gráfico 1).

Gráfico 1: Número de espécies por tipo de vegetação ocorrente na área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

A B

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Dentro dos tipos de hábito vegetativo, o hábito arbóreo foi dominante com 48 espécies (50%) do total, seguido pelo habito de erva com 19 espécies (20%) e Palmeiras com 10 espécies (10%). O Habito epífitico registrou 6 espécies (6%), enquanto o hábito Hemiepífitico 7 espécies (7%). Para arbusto foram registradas 4 espécies (4%) e liana apenas 2 duas espécies (2%) do total (Gráfico 2). Dentre as 136 espécies ocorrentes na área 10 ssp estão presentes em listas de espécies ameaçadas de extinção em nível estadual (COEMA, 2007), Federal (MMA, 2014) e internacional (IUCN, 2017).

Gráfico 2: Número de espécie de plantas por tipo de habito vegetativo na área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017. Floresta de Terra Firme

A floresta de terra firme é encontrada nas áreas mais altas e com presença de solo argiloso apresenta um extrato emergente com árvores que podem atingir 40 metros de altura sendo composta por espécies como Tachi-vermelho (Tachigali melanocarpa) Faveira benguê (Parkia nitida) Cumarú (Dipteryx odorata), (Ducke), Pequiá (Caryocar villosum) e Tauari (Couratari guianensis). O sub-bosque é composto por espécies como Louro-seda (Ocotea guianensis), tanimbuca (Buchenavia tomentosa) Tenteiro (Abarema jupunba) e tapiririca (Tapirira guianensis) e palmeiras como Mumbaca (Astrocaryum gynacanthum).

Cabe ressaltar que nessa floresta foram encontrados indivíduos de Pau-Amarelo (Euxylophora paraenses) árvore endêmica da área de endemismo Belém e criticamente ameaçada de extinção. Por outro lado, neste tipo de floresta são encontradas espécies frutíferas que atraem a fauna local como uchi (Endopleura uchi), bacuri (Platonia insignis), além de espécies de uso medicinal como a Carapanaúba (Aspidosperma excelsum) e Sucuúba (Himatanthus revolutus).

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Figura 12. A; B. Individuo de Pau-amarelo (Exylophora paraenses); C. Indivíduo de Tachi-vermelho (Tachigali melanocarpa); D. Individuo de louro-seda (Ocotea guianensis).

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Floresta de Várzea (Ciliar) A Floresta de várzea encontrada nas margens de igarapés (ciliar) com solo arenoso

está sujeita a alagamentos periódicos, possui um extrato emergente com árvores que podem atingir cerca de 30m sendo composta por espécies como Virola (Virola surinamensis), Fava-macapuxi (Albizia pedicellaris), Faveira (Parkia decussata), Anani (Symphonia globulifera) Parapará (Jacaranda copaia), Barbatimão (Pterocarpus officinalis) e palmeiras como Buriti (Mauritia flexuosa), Paxiúba, (Socratea exorrhiza) e Açaí (Euterpe olearace) (Figura 13). Dentre estas, Virola é uma espécie presente na lista de espécies ameaçadas de extinção. Além disso, conta com uma grande variedade de epífitas e hemiepífitas e plantas com valor ornamental.

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Figura 13: Aspecto da vegetação de Várzea sendo A: Hemiepífitas, B: Virola (Virola surinamensis) C: Vegetação, D: Igarapé.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Área aberta A vegetação de área aberta é encontrada ao lado da área de floresta ombrófila densa de

terra firme sendo esta composta por vegetação pioneira com predominância de ervas e arbustos distribuídos em famílias como: Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae e Melastomataceae (Figura 14). Além disso, inúmeras plântulas de espécies oriundas da floresta como o Cumaru ocorrem na área. Esta vegetação também conta com espécies arbóreas como embaúba (Cecropia distachya), tapiririca (Tapirira guianensis) e mama-de-cadela (Zanthoxylum rhoifolium), ambas as espécies características de vegetação em estado inicial de regeneração florestal.

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Figura 14. Aspecto da vegetação e plantas da área aberta. A. Melastomataceae (Rhynchanthera serrulata); B. Apocynaceae (Mandevilla hirsuta); C. Maria-fecha-porta (Mimosa pudica) e uma Turneraceae (Turnera subulata); D. Vegetação de área aberta em estágio inicial de regeneração florestal.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017. Floresta plantada

A floresta plantada é composta por um castanhal com predominância de castanha (Bertholletia excelsa) enriquecida com uma variedade de árvores frutíferas e madeireiras da região amazônica, entre elas o Freijo (Cordia sagotii), cedro (Antrocaryon amazonicum), Ingá-açú (Inga cinnamomea), Cumarú (Dipteryx odorata), Jatobá (Hymenaea courbaril) e Ipê-amarelo (Handroanthus serratifolius) (Figura 15) Em outra área há a predominância de um seringal que conta com inúmeras espécies de árvores como, taberebá (Spondias mombin), Mogno (Swietenia macrophylla) Cupuaçú (Theobroma grandiflorum), Andiroba (Carapa guianensis) entre outras. Além disso, nesta área destaca-se a presença de um enorme exemplar de samaúma (Ceiba pentandra) (Figura 15)

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Figura 15: A. Castanhal; B. Seringal; C. Exemplar de Samaumeira (Ceiba pentandra); D. Aspecto do Castanhal com presença de outras espécies de árvores da Amazônia.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA

Os aspectos socioeconômicos abordados foram: População, Sexo, Religião, Demografia, Educação, Saúde, Segurança Alimentar, Organização Social, Acesso a Benefícios Sociais, Atividade Desenvolvida, Renda Familiar e Acesso a Crédito.

População Em pesquisa realizada no Google e em contagem in locu foram identificadas 118 edificações nas confrontações com a área proposta para a criação da UC. Estima-se que na rua Padre Salvador Tracaioli e nas passagens Arame e São João residam aproximadamente 116 famílias e uma população de aproximadamente 425 pessoas, conforme podemos visualizar no quadro 01.

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Quadro 1: Número de famílias e população estimada e população da pesquisa.

Bairro Logradouro Nº de Edificações

Nº de Famílias Estimado

População Estimada

Residências Visitadas

Famílias Entrevistadas

População da Pesquisa

Rua. Padre Salvador Tracaioli 37 37 135 20 20 73

Cariri Passagem Arame 60 59 238 24 24 97

Passagem São João 21 20 52 11 11 29

Total 118 116 425 55 55 199

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Sexo, Faixa Etária e Religião

De acordo com a pesquisa familiar, a população nessa área é na sua maioria do sexo feminino, representada por 51% (101) dos entrevistados, contra 41% (98) do sexo masculino, como podemos verificar no Gráfico 03. Gráfico 3: Distribuição da população de acordo com o sexo e faixa etária.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Quanto a faixa etária da população, podemos observar que 23% (46) encontram-se com a idade de 0 a 12 anos, consideradas crianças pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O número de adolescentes, considerados com a idade entre 13 a 17 anos representam 5% (10) da população pesquisada. A população jovem que consideramos na idade de 18 a 29 anos, para os padrões amazônicos soma-se 41, representando 21%. A população adulta considerada pessoas que se encontram na idade entre 30 a 59 anos, representa 40% (79). E por fim a população idosa que constitui 11% (23) da população pesquisada, como podemos observar no Gráfico 03.

Quanto a religião dos moradores, segundo a pesquisa familiar, podemos quantificar como sendo predominantes de católicos, representando 57% (114), em seguida encontram-se os evangélicos com 29% (57), os que responderam que não tinham religião representam 2% (4) e os entrevistados que não responderam sobre esse item, somam-se 12% (24), conforme Gráfico 04.

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Gráfico 4: Religião dos moradores da população da área de estudo.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Demografia

A pesquisa também levantou informações sobre a origem dos moradores, pretensão de mudança para o outro lugar e o motivo para uma eventual mudança do local. Conforme o quadro 02, podemos observar que a maioria (91%) dos entrevistados declarou ser da região norte e paraense, contra apenas 9% da região nordeste, mais especificamente dos estados do Maranhão e Ceará. A origem dos entrevistados que são de origem do estado do Pará está representada por 49% do município de Castanhal, 7% representam pessoas oriundas dos municípios de Inhangapi e São Miguel do Guamá, cada um. Belém, Vizeu e Curuçá, foram representados por 4% cada um. Sendo que os municípios de Capanema, Santa Maria do Pará, Bragança, Marapanim, Primavera, Igarapé-Açú, Mãe do Rio, Capitão Poço e Garrafão do Norte, somam 2% cada um. Quadro 2: Origem dos moradores do entorno da área de estudo.

Local de Origem Valor Absoluto Valor Relativo

Castanhal 27 49%

Nordeste (Maranhão e Ceará) 5 9%

Inhangapi 4 7%

São Miguel do Guamá 4 7%

Belém 2 4%

Vizeu 2 4%

Curuçá 2 4%

Capanema 1 2%

Santa Maria do Pará 1 2%

Bragança 1 2%

Marapanim 1 2%

Primavera 1 2%

Igarapé-Açú 1 2%

Mãe do Rio 1 2%

Capitão Poço 1 2%

Garrafão do Norte 1 2%

Total 55 100%

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Na aplicação dos formulários, a amostra de 55 moradores, foi questionado sobre o grau de satisfação em morar no local e se os moradores teriam pretensão em se mudar e se sim, qual o motivo. Das respostas apresentadas, podemos verificar no Gráfico 05, que 75% (41) respondeu “não”, não tem a pretensão de mudar do local, contra 25% (14) que responderam “sim”, gostariam de se mudar do local. Desses 14 moradores que responderam “sim”, podemos verificar também, que, 65% (9) pretendem se mudar porque querem ter a casa própria, 28% por causa da violência e por vontade pessoal, 14% (2) cada, e 7% (1) porque a família cresceu.

Gráfico 05: Pretensão e motivo dos moradores para se mudar da área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Considera-se importante esses dados porque visualiza um horizonte de pertencimento dos moradores em relação ao lugar e com a revitalização da área uma valorização também dos imóveis e do nível de satisfação das pessoas que residem naquele lugar por muitos anos. Educação A pesquisa desenvolvida também produziu informações sobre a educação formal na área. Foram produzidas informações sobre a escolaridade da população local, a cobertura de serviços disponíveis no bairro, a existência de merenda escolar e a abordagem da temática de educação ambiental nas escolas. Conforme o Gráfico 06, foi observado a partir da pesquisa familiar de uma amostra de 168 pessoas, que a maioria possui somente o ensino fundamental, cursando ou já cursado, dentro da população com idade escolar, representando um percentual de 60% (101), já que não foi utilizada a metodologia do IBGE de completo e incompleto. Seguido de 22% (37) do ensino médio, 4% (6) de analfabetos, 2% (3) de pessoas com nível superior e 12% (21) que não souberam informar. Gráfico 6: Escolaridade dos moradores e acesso às escolas.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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O Gráfico 06, também confirmou o reconhecimento por parte dos entrevistados da

existência de escolas no bairro e nas proximidades, onde, 96% (53) responderam que sim,

existe escola no bairro.

Em pesquisa de campo foi constado que a Escola de Ensino Fundamental São João Bosco, localizada na Passagem São João, bairro Cariri e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª Graziela Gabriel, localizada na Rua. Antônio Ferreira, bairro Milagre, recepcionam os alunos que residem na área de estudo, referente ao acesso no nível fundamental.

A pesquisa de campo também procurou saber com os 55 entrevistados, representante familiar, sobre a existência de merenda escolar e sobre a abordagem da Educação Ambiental dentro da escola. Referente a merenda escolar 85% (47) responderam que existe sim, 4% (2) responderam não e 11% (6) não souberam responder, como observa-se no Gráfico 7. Gráfico 7: Existência de merenda escolar e a abordagem sobre Educação Ambiental.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

O Gráfico 7, também aponta que 40% (22) dos entrevistados responderam que a escola não aborda a temática sobre educação ambiental não é abordada nas escolas, contra 27% (15) que responderam sim e 33% (18) não souberam responder. Como foram respostas do responsável por dar a entrevista e não os diretamente afetados, que seriam os alunos, e como em entrevista com ambas as escolas constatamos que as escolas abordam a temática de forma transversal no conteúdo programático, a mesma poderá vir a ter maior aprofundamento com a criação da unidade de conservação.

Saúde Durante a pesquisa de campo foram levantadas as seguintes informações sobre saúde,

tais como: doenças ocorridas na família, existência de posto de saúde e formas de atendimento. Com relação a ocorrência de doenças na família, a pesquisa obteve 59 respostas a partir de 55 formulários aplicados, considerando que alguns entrevistados responderam mais de uma opção. Como demonstrada no Gráfico 8, 29% (17) dos entrevistados responderam a ocorrência de diarreia. A ocorrência de doenças como dengue, verminose e doenças respiratórias foram responsáveis por 17% (10) cada uma. A ocorrência de gripe foi respondida por 8% (5), a tuberculose por 3% (2) e a malária por 2% (1). A ocorrência de câncer, zica e pressão alta foi incluída na opção “outras”, representada por 8% (4) dos entrevistados.

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Como podemos observar o maior índice de ocorrência de doenças está relacionada as condições de saneamento básico, falta de esgoto e água tratada, assim como as condições de moradia. Gráfico 8: Ocorrência de doenças nas famílias.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Perguntado aos entrevistados sobre a existência ou não de posto de saúde no bairro, 51% (28) respondeu que sim, existia e 49% (27) respondeu que não existia. Conforme Gráfico 7, verifica-se que os números quase se equiparam, pois, verificou-se in locus que o posto de saúde mais próximo que os entrevistados se referem, localiza-se no bairro Milagre, vizinho ao bairro Cariri, área de estudo. Gráfico 9: Existência de posto de saúde no bairro de forma de atendimento à saúde.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Com relação a forma de atendimento de saúde, a pesquisa concluiu que 41% (42) se consulta no Posto de Saúde do bairro Milagre, 11% (11) possui atendimento pelo Programa Saúde da Família, 6% (6) recebe visita do Agente Comunitário de Saúde e 2% (2) recebeu atendimento de parteiras. O atendimento pelo Programa Saúde da Família foi representado por 20% (21) dos entrevistados, assim como 20% (21) responderam que procuram atendimento de saúde em outra localidade. Segurança Alimentar

Outro aspecto relacionado à saúde, investigado na pesquisa de campo, foi a segurança alimentar. Podemos verificar no Gráfico 10, que das 139 respostas declaradas pelos entrevistados, haja vista que a maioria dos entrevistados responderam mais de uma resposta, é que as famílias se alimentam de carne 29% (41), aves 27% (37) e peixes 24% (33), considerando uma carência de vegetais e mariscos, consumido por apenas 14% (19) e 6% (9), respectivamente.

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Gráfico 10: Alimentação consumida pelas famílias e locais de compras.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Fato relatado de aspecto positivo consistiu na declaração de 66% (38) dos entrevistados declararem realizar suas compras na própria localidade, entenda-se na localidade, o próprio bairro, bairro vizinho e até mesmo a cidade de Castanhal, contrapondo a 34% (20) dos entrevistados que declararam realizarem suas compras em outras localidades.

Organização Social De forma geral a organização social e política dos moradores que residem nas confrontações da área em estudo é pouca desenvolvida. Conforme podemos observar no Gráfico 11, 60% (35) dos entrevistados responderam que possuem participação institucional, contra 40% (20) que não participam de nenhum tipo de organização.

Dos quais participam de alguma Instituição, 91% (32) responderam que participam de igreja, católica e a evangélica, 6% (2) participam do sindicato rural e 3% (1) de cooperativa escolar. Gráfico 11: Participação Institucional dos moradores do entorno da área indicada para criação da UC.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Pode-se dizer que a única forma de organização que realmente agrega os moradores do local é a religião. Os movimentos religiosos desempenham papel fundamental principalmente na organização dos espaços de sociabilidade dos moradores locais. Atuam juntos aos moradores da localidade, principalmente a religião católica e a religião evangélica. Entretanto, questionados sobre a presença de trabalhos desenvolvidos por Organizações Governamentais e Não Governamentais (ONGs) na área, 84% (46) dos entrevistados

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responderam desconhecer qualquer tipo de trabalho de ambas as organizações, mas 16% (9), reconheceram ou participam do trabalho do CRAS Milagre (Centro de Referência de Assistência Social), localizado no bairro Milagre, vizinho do bairro Cariri, objeto de nosso estudo, como podemos visualizar no Gráfico 12. Gráfico 12: Trabalho de Organizações Governamentais e ONGs na área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Acesso aos Benefícios Sociais

Das 55 famílias entrevistadas, 37 famílias declararam que recebem algum tipo de benefício social. Os benefícios acessados pela população local são o Bolsa Família e Pensão/Aposentadoria, sendo que 5 famílias recebem mais de um benefício social. Gráfico 13: Acesso das famílias aos benefícios sociais.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Conforme a leitura do Gráfico 13, acima, podemos dizer que o benefício do Bolsa Família predomina com 54% (20) e o do benefício de Pensão/Aposentadoria representa 46% (17) dos entrevistados. Violência Um dos problemas enfrentados no estado do Pará é a violência. Segundo O IPEA, 2017, a taxa de homicídio no estado do Pará chega em 45%, ocupando o 5º lugar da federação em violência, mesmo o município de Castanhal não estando inserido nos municípios mais

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violentos do estado, que hoje são Altamira, Marabá, Marituba e Ananindeua, ele sofre também com esse problema social. Por isso, quando questionado aos entrevistados quais seriam os maiores problemas enfrentados na área, com deficiência dos serviços públicos, 34% (39) das respostas apontaram para o problema da segurança, como podemos observar no Gráfico 14. Gráfico 14: Maiores problemas enfrentados pelos moradores da área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

E os dados apresentados no Gráfico 15, relacionados aos problemas de violência na área de estudo tiveram 64 respostas, haja vista que alguns entrevistados responderam mais de uma opção. Sendo assim, podemos classificar as respostas em assaltos, com 38% (24), tráfico de drogas com 34% (22) e assassinatos, com 6% (4), sendo que 14% (9) dos entrevistados preferiram não responder e 8% (5) dos entrevistados responderam que não existe nenhum tipo de problemas relacionados a violência. No mesmo Gráfico 15, no entanto, também podemos observar que 82% (45) dos entrevistados responderam que nunca foram assaltados na rua em que moram, contra 14% (8) que responderam que já foram assaltados na rua em que moram e 4% (2) prefeririam não responder. Gráfico 15: Problemas de violência na área e moradores que foram assaltados na rua em que moram.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Por outro lado, os moradores que já presenciaram assalto na rua em que moram somam-se 56% (31) contra a 44% (24) que respondeu nunca ter presenciado nenhum assalto, conforme apresentado no Gráfico 16. Sendo que, dos 31 entrevistados que responderam já ter presenciado algum assalto em sua rua, sabe-se que desse total, 32% (10) dos entrevistados

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presenciaram apenas uma vez, 16% (5) apenas duas vezes, 23% (7) apenas três vezes e 29% (9) já presenciaram mais quatro vezes. Conclui-se que o número de vezes presenciado esse episódio é bastante significativo e deve ser levado em consideração pelas autoridades competentes.

Gráfico 16: Moradores que já presenciaram assalto na rua e número de vezes.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Sem dúvida, é possível mudar esse quadro com políticas públicas para a área e consequentemente com a revitalização da área em estudo.

Aspectos Econômicos Em relação aos aspectos econômicos, a pesquisa levantou informações sobre atividades desenvolvidas pelos moradores, vínculo de trabalho, renda das famílias, renda percapita familiar e acesso ao crédito.

Trata-se de famílias que se caracterizam por possuir baixa renda e que tem como a principal atividade pequenos serviços e o trabalho informal, e algumas sobrevivem somente de pensão/aposentadoria e do Programa Bolsa Família. Atividades Desenvolvidas Conforme os dados amostrais de 40 famílias, que responderam possuir uma atividade econômica, podemos observar que 53% (21) famílias vivem de serviços, 23% (9) vivem de pequenos comércios, como mercearias. Sendo que 13% (5) vivem de produção e comércio, assim como serviço e comércio, somam-se também 13% (5), conforme demonstra o Gráfico 17. A pesquisa não se preocupou em especificar as atividades, mas são atividades de mercearia, salão de beleza, artesanato, produção de doces, carpintaria, ajudante de pedreiro, serviços de babá e serviços doméstico.

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Gráfico 17: Atividades desenvolvidas pelas famílias e vínculos de trabalho.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Com relação ao vínculo de trabalho, observado no Gráfico acima (??), a pesquisa mostra que 47% (20) vivem do trabalho informal. Emprego formal com carteira assinada, representa 28% (12), emprego formal sem carteira assinada, representa 19% (8) e os quais trabalham no serviço público somam-se 7% (3), do universo amostral de 43 famílias que responderam. Renda Familiar A população pesquisada, que vive nas confrontações da área em estudo, pode ser considerada uma população de baixa renda. De modo geral as atividades econômicas desenvolvidas não geram uma economia monetária de grande porte e nem de poupança, servindo apenas para uma deficiente subsistência. Como podemos verificar no Gráfico 18, a partir da amostra de 43 famílias pesquisadas, 65% (28) sobrevivem com renda percapita de até ½ salário mínimo, 28% (12) famílias vivem com renda entre ½ a 1 salário e 7% (3) vivem com renda entre 1 a 2 salários. Gráfico 18: Renda familiar percapita (baseado no salário de 2017 de R$937,00). E renda de 12 famílias.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Vale salientar, que 12 famílias pesquisadas declararam que sobrevivem somente de aposentadoria ou pensão, Programa Bolsa Família e de pequenas vendas e serviços esporádicos. Sendo que, como podemos observar o Gráfico 18, acima, dessas 12 famílias, 42% (5) sobrevivem somente com a renda da aposentadoria, 17% (2) sobrevivem somente com o auxílio do bolsa família, 2 (17%) famílias vivem de aposentadoria e pequeno comércio, 1 (8%) família vive de serviços esporádicos e pequeno comércio, 1 (8%) uma outra família declarou viver somente do bolsa família e comércio, e por fim 1 (8%) uma família não declarou a renda. Acesso a Crédito No que se refere o acesso ao crédito, a pesquisa demonstrou que das 55 famílias entrevistadas, 27% (15) dos pesquisados responderam que já acessaram crédito, contra 73% (40) que respondeu que nunca acessou alguma forma de crédito. Conforme Gráfico 19, apresentado abaixo.

Gráfico 19: Acesso das famílias ao crédito e a sua modalidade.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

No mesmo Gráfico 19, acima, fica demonstrado que das 15 famílias que já acessaram alguma forma de crédito, 40% (6) preferiu não informar, 40% (6) acessaram na modalidade de empréstimo, 13% (2) na modalidade de financiamento e 7% (1) na modalidade de consignado.

INFRAESTRUTURA

Os aspectos relacionados à Infraestrutura foram: Transporte, Energia Elétrica, Energia para Produção de Alimentos, Comunicação, Arquitetura Local e Infraestrutura da área. Transporte

No entorno da área estudada, constatou-se que os entrevistados realizam seu deslocamento local, principalmente, através de bicicleta e a pé (Gráfico 1), quando necessitam efetuar tarefas básicas, como compra de alimentos, remédios e pagamento de contas.

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Gráfico 20: Deslocamento na área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Segundo a FAPESPA (2016), nos anos 2014 e 2015, registra-se em Castanhal um aumento no número de pessoas com veículos próprios, porém, o número de motocicletas é superior ao de automóveis. Quanto ao número de ônibus e de micro-ônibus, veículos utilizados para o transporte público, não houve um crescimento expressivo. Energia Elétrica

No entorno da área estudada, 100% dos entrevistados afirmaram utilizar a energia elétrica fornecida pela concessionária CELPA, que dispõe de 01 subestação de distribuição e agência de atendimento, localizadas na Av. Barão do Rio Branco, no bairro da Titanlândia.

Energia para Produção de Alimentos

No entorno da área estudada, 100% dos entrevistados afirmaram utilizar o gás liquefeito de petróleo (GLP) para a produção de alimentos. Porém, 25% dos entrevistados responderam utilizar também outras fontes de energia, como o carvão vegetal e a lenha (conforme o Gráfico 21). A população do município adquire o gás através de distribuidoras autorizadas e em estabelecimentos comerciais.

Gráfico 11: Energia para produção de alimentos.

Fonte: Pesquisa Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Comunicação

A aplicação dos questionários constatou que os entrevistados utilizam a televisão como o principal meio de comunicação (com 50%) para a obtenção de conhecimento e

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informação (conforme o Gráfico 22). Em segundo lugar está a Internet (com 24%), utilizada principalmente através dos aparelhos de telefonia móvel. Em terceiro lugar está o rádio (com 18%). Gráfico 22: Meios de Informação.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

A telefonia fixa é minoria na área, com apenas 11% dos entrevistados fazendo uso

dela. A telefonia móvel é utilizada por 77% dos entrevistados, incluindo àqueles que possuem telefonia fixa (conforme o Gráfico 23). Segundo o Gráfico 24, as operadoras mais utilizadas entre os entrevistados são: Oi (com 41%) e Tim (com 36%). Alguns dos entrevistados fazem uso de mais de uma operadora, chegando a possuir até 04 operadoras diferentes (Oi, Claro, Tim e Vivo).

Gráfico 23: Usuários de Telefonia Fixa.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Gráfico 24: Telefonia Móvel – Operadoras.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

De acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia realizada pela SECOM (2015) no território brasileiro, 95% dos entrevistados afirmaram assistir diariamente televisão (Tv) com o objetivo de se informar e/ou saber das notícias. No Estado do Pará, a pesquisa apontou que a maioria dos paraenses assistem à programação da Tv aberta, num período aproximadamente de 04 dias na semana, também com o objetivo de se informar e/ou saber das notícias.

Arquitetura Local

O entorno da área estudada é ocupado predominantemente (91%) por residências, em lotes que possuem alguma delimitação física (na maioria, em alvenaria), conforme Gráfico 25. A maioria das edificações locais possuem paredes de alvenaria (94%), cobertura de telha de barro (79%), esquadrias de madeira (87%) e são de pavimento térreo (Gráfico 26). Gráfico 25: Uso do Solo.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Gráfico 26: Material das Edificações – Paredes.

Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

A maioria dos lotes visitados apresenta, pelo menos, 01 afastamento (distância entre a

edificação e os limites do lote, onde não há construção). Muitos desses afastamentos compreendem aos quintais, alguns preservados em solo natural e/ou com alguma vegetação. Porém, observa-se uma crescente conduta dos moradores quanto à pavimentação desses espaços, através de piso cimentado e/ou revestimento cerâmico, sugerindo assim uma futura ampliação da área construída.

Infraestrutura da Área

A referida área possui alguma delimitação física e prédios no seu interior, são utilizados pela Secretaria Municipal de Agricultura. Hoje, a área possui delimitação física em alguns trechos, através de um muro de alvenaria, que varia de altura, com alguns trechos sem revestimento e com os pilares aparentes, e outros com reboco sem acabamento (Figura 16). Figura 16: Detalhes do muro e da pavimentação da área.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLO-Bio, 2017.

Do lado da via pública, a área não possui calçamento e nem passeio, mas somente uma faixa de vegetação, sem tubulação ou meio fio. A entrada principal da área, objeto de análise, não possui portão ou portaria, e o horário de funcionamento da Secretaria é de 7:00-13:00, por questões de segurança. O muro ainda incompleto torna a área vulnerável para os funcionários da Prefeitura e para os moradores. A área do entorno possui iluminação pública, porém alguns moradores relataram que as lâmpadas são quebradas com o objetivo de manter o local escuro e propício ao crime.

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SANEAMENTO BÁSICO Os aspectos referentes ao Saneamento Básico considerados foram: Abastecimento de

Água, Esgotamento Sanitário, Drenagem de Águas Fluviais, Gestão de Resíduos Sólidos e Acúmulo de Lixo. Abastecimento de Água

A pesquisa apontou que no entorno da área de interesse, as edificações dispõem, primeiramente, de abastecimento público de água realizado pela COSANPA (59%), e em segundo lugar, de abastecimento próprio através de poço artesiano (39%), que variam entre 10m a 40m de profundidade. Conforme o Gráfico 27, a opção "Vizinho" compreende 01 entrevistado que se utiliza do abastecimento de água do vizinho. Gráfico 27: Abastecimento de Água.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Quanto à qualidade da água, 52% dos entrevistados consideram a água boa para o

consumo, enquanto que 41% consideram a água entre razoável, ruim e péssima. Vale ressaltar que àqueles que reclamaram da qualidade da água, estavam se referindo ao abastecimento público. Gráfico 28: Qualidade da Água.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Entre os que reclamaram da qualidade da água do abastecimento público, justificaram

suas respostas informando que a água apresentava características organolépticas alteradas, como a cor e sabor, conforme Gráfico 29.

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Gráfico 29: Características da Água.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

A maioria dos entrevistados (73%) não realiza nenhum tratamento na água antes do

consumo. Enquanto que os demais (27%) utilizam algum tipo de tratamento para garantir maior qualidade da água, seja porque utilizam o abastecimento público ou poço artesiano.

Gráfico 30: Tratamento utilizado na água.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Conforme a Agência Nacional de Águas - ANA (2010), o Estado do Pará possui uma

elevada disponibilidade hídrica, tanto superficial quanto subterrânea, sendo que, aproximadamente, 76% dos municípios do Estado são abastecidos por mananciais subterrâneos.

O abastecimento de água dos municípios paraenses é realizado pela COSANPA, por sistemas municipais e por sistemas privados. De acordo com ANA (2010), os sistemas de abastecimento do Pará são bastante precários, onde a metade dos municípios não possuem tratamento da água distribuída, apesar da crescente demanda. Esgotamento Sanitário

No levantamento realizado no entorno da área de interesse, 96% dos entrevistados responderam dispor de fossa séptica para o tratamento do esgotamento sanitário. Porém, ainda foi registrada a ocorrência de edificações com fossa negra e que destinam seus efluentes a céu aberto, conforme o Gráfico 31.

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Gráfico 31: Tratamento do Esgotamento Sanitário.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

De acordo com o Ministério das Cidades - MCid (2013), no ano de 2010, 35% da

população brasileira ainda contavam com soluções inadequadas para o esgotamento sanitário (dentre lançamento em fossa rudimentar1, rio, lago ou mar, ou outro escoadouro, ou não tendo banheiro ou sanitário). E, considerando a situação das macrorregiões, na região Norte predominavam o uso de fossas rudimentares.

Drenagem de Águas Pluviais

Quanto às águas pluviais, 46% dos entrevistados afirmaram que nas vias próximas à área estudada ocorriam alagamentos, com baixa frequência, principalmente nos períodos de chuvas intensas, conforme Gráfico 32. O sistema de drenagem de águas pluviais do município é constituído somente de meio-fios, sargetas e galerias, que conduzem o volume de água para os corpos hídricos, sem tratamento.

Gráfico 32: Ocorrência de alagamentos (IDEFLOR-BIO, 2017)

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Na Passagem do Arame, via onde fica localizada a entrada principal da área de

interesse (onde fica o prédio da Secretaria Municipal de Agricultura), estão localizados 04 pontos de lançamento de águas pluviais (P48, P50, P52 e P53), executados pela Prefeitura Municipal. Todos os pontos estão direcionando o escoamento para dentro da área (Figura 17).

1 Fossa rudimentar – quando o sanitário está ligado a uma fossa rústica (fossa negra, poço, buraco, etc.).

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Figura 17: Localização dos pontos de lançamento na Pass. Arame.

Fonte: IDEFLOR-Bio, 2017.

Devido à declividade do terreno, o escoamento percorre a área transversalmente, indo em direção ao corpo hídrico que corta a Av. Maximino Porpino da Silva. São nesses trechos que os resíduos sólidos ficam acumulados, na borda do caminho do escoamento. Segundo funcionário da Secretaria, um desses lançamentos contaminou uma área de nascente (Figura 18).

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Figura 18: Imagens de 03 pontos de lançamento para dentro do Horto.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Conforme relato de alguns moradores do entorno, no período chuvoso, a tubulação localizada na Pass. Arame, próxima à Pass. Padre Salvador Tracaioli, que direciona o escoamento que vem da Rua Dr. Lauro Sodré para dentro da área, transborda e traz grandes transtorno aos moradores. A tubulação não é vedada, deixando o escoamento visível e próximo do contato dos moradores, uma vez que existem residências muito próximas (Figura 19).

Figura 19: Tubulações de lançamento de outras vias e escoamento superficial.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Conforme a Lei Federal nº 11.445/2007, o sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas consiste em medidas tomadas através do conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais urbanas. Gestão de Resíduos Sólidos

Quanto aos resíduos sólidos, 90% dos resíduos produzidos no entorno da área estudada são recolhidos pela coleta realizada pela Prefeitura Municipal, que ocorre, em geral, durante dois dias na semana. Porém, ainda foram registradas duas outras destinações finais

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feitas com os resíduos pelos ocupantes da área: a queima de resíduos e o depósito a céu aberto. Gráfico 33: Destinação dos Resíduos Sólidos.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Acúmulo de Lixo

Dentro da área estudada foram encontrados alguns pontos com acúmulo de resíduos sólidos (Figura 20), dentre lixo doméstico, carcaças de equipamentos eletroeletrônicos e peças de equipamentos urbanos (como a cabine de um orelhão telefônico). Esse material está acumulado próximo aos corpos d’água existentes na área, sugerindo que os resíduos foram arrastados pela força das águas da chuva, que, devido à drenagem e à declividade local, acabam encontrando passagem pela área, indo em direção ao igarapé localizado na Av. Maximino Porpino da Silva (Figura 20).

Figura 20: Lixo acumulado dentro da área estudada.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Apesar da coleta pública de resíduos realizada pela Prefeitura, no mínimo, 1x por

semana no entorno da área estudada, observa-se que o lixo acumulado se dar pela ausência de ações de sensibilização e educação ambiental com a população do entorno, que ainda utiliza a queima e lançamento a céu aberto de alguns resíduos. A área estudada não está 100% delimitada, ainda possui trechos sem muro e sem grades, isso facilita o lançamento de resíduos para a área de mata intensa, principalmente, grandes objetos (como a cabine do

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orelhão telefônico). A falta de fiscalização por parte do órgão administrador da área facilita essa ação poluidora, assim como, a falta de uma periódica manutenção da área verde.

SITUAÇÃO FUNDIÁRIA

De acordo com o levantamento realizado no entorno da área, 75% dos entrevistados estavam ocupando imóveis próprios, enquanto que 16% estavam ocupando os imóveis mediante contrato de aluguel (Gráfico 34). Quanto ao tipo de documento, 59% responderam possuir algum tipo de documento do imóvel, dentre recibo, registro de cartório, escritura pública e certidão. E 4% dos entrevistados que responderam ter recebido o imóvel de herança (Gráfico 35). Gráfico 2Situação dos imóveis.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Gráfico 3Documentação do imóvel.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Sobre o tempo de moradia dos entrevistados (Gráfico 36), foi possível identificar que a maioria (27%) residiam na área entre 20 a 25 anos. Enquanto que 14% residiam num tempo menos de 01 ano e outros 14% residiam entre 01 a 50 anos. Porém, foi possível constatar a presença de famílias que residiam na área a mais de 50 anos, e que testemunharam a abertura das vias que contornam a área. Também foi possível presenciar dentre os entrevistados, pessoas que moraram dentro da área, por ocasião de seus pais serem funcionários do IBAMA, uma espécie de compensação para a proteção da área.

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Gráfico 4Tempo de Moradia

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Segundo relatos de servidores da Prefeitura Municipal, a área, inicialmente, era de propriedade do Município, sendo repassada por este para o Governo Federal, a fim de instalar uma base do IBAMA. Até meados de 2000, o IBAMA estava funcionando dentro da área, porém a Prefeitura já fazia projetos para a área e para instalar nela a Secretaria Municipal de Agricultura. Atualmente, a Secretaria Municipal de Agricultura encontra-se em funcionamento na área.

É de conhecimento geral que a área estudada pertence ao poder público, seja municipal ou federal. A área não possui moradores ou invasões em seu interior, e está facilmente delimitada, por vias públicas (vértices norte, leste e sul) e por uma propriedade particular (vértice oeste). A propriedade privada chega até a Av. Maximino Porpino da Silva.

Existe um desentendimento entre a população local e o proprietário deste terreno, vizinho da área. Moradores relatam que o proprietário tende a desfazer um caminho que existe entre os dois terrenos, que seria um prolongamento da Trav. Irmã Adelaide, ligando a Pass. Pe. Salvador Tracaioli e a Pass. São João. O caminho é utilizado pelos moradores do local e o proprietário está delimitando sua área, com alvenaria, pilares e arame (Figura 21).

Figura 21: Vista do caminho entre os dois terrenos, detalhe em vermelho.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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A COMUNIDADE E A ÁREA

Segundo o levantamento realizado, 57% dos entrevistados afirmaram não utilizar a área, enquanto que 27% responderam que, atualmente, utilizam a área de alguma forma e 12% responderam que utilizavam a área, no passado (Gráfico 37). Gráfico 37: Utilização da área pelos moradores.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Dentre os que responderam utilizar a área atualmente, 65% afirmaram que a utilizam para a extração de frutas, 22% para atividades de lazer, 7% para a realização de atividades domésticas e 7% como caminho para outros lugares (Gráfico 38).

Gráfico 38: Uso atual dado pelos moradores.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Entre àqueles que utilizavam a área no passado, 45% responderam que utilizavam a

área para lazer, 22% extraiam frutas, 22% moravam na área e 11% coletavam água (Gráfico 39).

Apesar da redução do número de usuários nos últimos anos, a área do Horto ainda é utilizada pelos moradores de seu entorno, e as principais atividades são: lazer, extração de frutas e auxílio às atividades domésticas. A área possui um lugar especial na vida dos moradores do bairro Cariri.

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Gráfico 5Uso feito no passado.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

Pesquisas já realizadas com os moradores do entorno da área sobre a relação dos

moradores e área, registraram que no passado (há uns 20 anos atrás, aproximadamente), as brincadeiras dos moradores ocorriam no seu entorno, sendo que no final da tarde, os homens adultos jogavam futebol dentro da área, enquanto que os adolescentes jogavam em outro campo. De baixo das árvores, nas áreas próximas às pistas, havia uma extensa área de areia, onde as crianças brincavam de casinha e carrinho, e os adultos costumavam "atar" suas redes. Os espaços eram mantidos limpos pelos próprios moradores.

Porém, devido ao crescimento da violência no local, essa relação foi alterada. Onde, "os moradores desse bairro passaram a sofrer com a má fama do lugar", sofrendo inconvenientes que estão atrapalhando na procura por emprego. Os moradores do “Florestal”, como a área ficou conhecida, passaram a ser marginalizados.

Em virtude da pesquisa, os entrevistados puderam fazer sugestões de melhorias para a área. A principal sugestão apontada pelos entrevistados foi a criação do Bosque ou do Parque, com a infraestrutura e os serviços necessários. Alguns tomaram como referência o Bosque Rodrigues Alves, situado em Belém. A segunda sugestão foi a introdução de mecanismos de segurança na área, como a finalização do muro e a construção de portaria. E a terceira sugestão foi a realização de limpeza e manutenção das áreas verdes, uma vez que há no meio da vegetação alta o acúmulo de lixo (Gráfico 40).

Gráfico 40: Sugestões para a área.

Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

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Na ocasião, os entrevistados foram questionados se eles conheciam ou se já tinham ouvido falar de Unidade de Conservação (UC). 77% deles responderam que não conheciam e que não tinham ouvido falar (Gráfico 41).

Gráfico 6Conhecimento dos Moradores sobre UC.

Fonte: Pesquisa de Campo, IDEFLOR-Bio, 2017.

LEVANTAMENTO INSTITUCIONAL Uma minuta de Levantamento Institucional com 110 Instituições Locais e Regionais, da esfera municipal, estadual e federal, incluindo lideranças locais, foi realizado, visando a realização da Consulta Pública para a criação da UC no município de Castanhal.

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3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES: As recomendações aqui pautadas partem dos estudos realizados referente aos aspectos

do meio físico, biológico, socioeconômico, infraestrutura, saneamento básico e fundiário, e, são suficientes para a tomada de decisão do poder público municipal para criar a Unidade de Conservação da Natureza Municipal, proposta, no município de Castanhal.

A presença de pelo menos 7 (sete) nascentes existentes no interior da área, e que estão seriamente ameaçadas, além da presença de pelo menos 3 (três) espécies da flora ameaçadas de extinção, justificam a urgente necessidade de proteção desse ecossistema a partir da criação de uma Unidade de Conservação Municipal.

Algumas nascentes ainda se encontram bastante preservadas e o uso do solo no interior da área estudada é praticamente nulo, o que reforça a importância da preservação/conservação.

Para que a UC proposta atinja seus objetivos é imprescindível que sejam adotadas medidas imediatas quanto a mitigação dos impactos ambientais que a área vem sofrendo. Os vetores de pressão (lançamento de esgoto e depósito de lixo) identificam e refletem os principais impactos sobre a área analisada e precisam urgentemente ser anulados, pois influenciam de forma direta e indireta a integridade dos limites físicos e aspectos relativos à conservação da biodiversidade no contexto geral. Uma análise de qualidade da água seria importante para confirmar o nível de contaminação, se presente, e subsidiar um programa de recuperação dos corpos hídricos locais.

Área apresenta potencial para ser uma Unidade de Conservação da Natureza, pois apresenta grandes variedades de plantas da região Amazônica e algumas espécies exóticas, assim como, variedade faunística.

A vegetação ocorrente na área abriga grande diversidade de plantas pertencentes principalmente ao bioma Amazônia, dentre essas, inúmeras espécies frutíferas, madeireiras, medicinais e ornamentais. Além disso, o espaço disponibiliza, através de sua área de floresta nativa e plantações, acesso a população ao conhecimento das principais espécies de árvores utilizadas popularmente na Amazônia.

A área também é de grande relevância ecológica porque possui muitos indivíduos de Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa), árvores de grande porte presente em três listas de espécies ameaçadas de extinção em âmbito estadual, federal e internacional.

Os estudos recomendam, além do processo de criação, a realização de ações de educação ambiental com a comunidade para sensibilizá-los sobre a importância da proteção das espécies da fauna assim como a importância da conscientização do uso adequado da área, ressaltando as atividades de recreação, contemplação e lazer. Ação de recuperação e reflorestamentos dos pontos que necessitam na área. Assim como, a reintrodução e monitoramento de espécies da mastofauna regional de pequeno porte e estudo pormenorizado da herpetofauna e mastofauna, para a identificação de possibilidade de ocorrência de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção.

A criação da referida UC, proporcionará segurança jurídica para a SEMMA/Castanhal realizar a gestão da área, além de proporcionar a comunidade do entorno maior envolvimento em projetos que assegure educação ambiental, segurança e qualidade de vida. As articulações das ações de governo deverão ser canalizadas para a área para que um processo de revitalização e de gestão seja mais eficaz.

O processo de regularização da área, retornando para o poder público municipal, é primordial para dar seguimento às etapas posteriores do processo de criação da Unidade. A consolidação territorial configura-se como item indispensável na implementação de UCs.

Os estudos recomendam várias ações para a área, que poderão ser melhor assimilados se consultados, classificadas em ações imediatas, ações de médio e longo prazo, mas, entre as ações imediatas, recomenda-se que a regularização fundiária da área seja legalizada, que a

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Consulta Pública seja realizada e que a proteção legal da área seja enquadrada na forma de Criação de Unidade de Proteção Integral, na categoria PARQUE NATURAL MUNICIPAL, segundo o que determina o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (SNUC).

Belém, 17 de outubro de 2017.

JOCILETE DE ALMEIDA RIBEIRO DE FREITAS Técnica em Gestão Pública – Socióloga – Matr: 57175480

Esp. Tecnologias de Abordagens para o Meio Ambiente e Relações de Trabalho Msc. Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local