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Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana – SUPRAM CM SUPRAM CM Av. Nossa Senhora do Carmo, 90 Carmo Belo Horizonte – MG – 30330-000 Telefone: (31) 3228-7700 DATA: 19/05/11 Página: 1/13 PARECER ÚNICO 236/2010 PROTOCOLO Nº. 0351474/2011 Indexado ao(s) Processo(s) Licenciamento Ambiental Nº 23061/2005/006/2010 LP+LI Indeferimento Outorga Nº 9081/2010 APEF Nº 3964/2010 Empreendimento: TERMINAL DE CARGAS DE SARZEDO LTDA. CNPJ: 07695967/0001- 84 Município: Sarzedo Unidade de Conservação: APE Taboão Bacia Hidrográfica: Rio Paraopeba Sub Bacia: Ribeirão Sarzedo Atividades objeto do licenciamento Código DN 74/04 Descrição Classe E-01-14-7 TERMINAL DE MINÉRIO 3 E-01-04-1 FERROVIA (PERA FERROVIARIA) 1 E-03-03-4 RETIFICAÇÃO DE CURSO D’ÁGUA 3 Medidas mitigadoras: SIM NÃO Medidas compensatórias: SIM NÃO Condicionantes: SIM NÃO Automonitoramento: SIM NÃO Responsável pelo empreendimento: José Eduardo Bumachar Pereira Registro de classe Responsável Técnico pelos Estudos Apresentados Rômulo Luís Noronha Junior Registro de classe CREA MG 46.429 Processos no SIAM FASE SITUAÇÃO 23061/2005/001/2006 LP+LI Licença Concedida 23061/2005/002/2006 AI Multa paga/arquivado 23061/2005/003/2006 LO Licença Concedida 23061/2005/004/2008 LP+LI 23061/2005/005/2009 LP+LI Equipe Interdisciplinar: MASP Assinatura Angélica Araújo de Oliveira 1.213.696-6 Gladson de Oliveira 1.149.306-1 Raphael Medina Gomes Andrade 1.227.986-5 Isabel Cristina R. R. C. de Menezes Diretora Técnica MASP 1043798-6 Diego Koiti de Brito Fugiwara Chefe do Núcleo Jurídico MASP 1145849-4

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PARECER ÚNICO 236/2010 PROTOCOLO Nº. 0351474/2011 Indexado ao(s) Processo(s) Licenciamento Ambiental Nº 23061/2005/006/2010 LP+LI Indeferimento Outorga Nº 9081/2010 APEF Nº 3964/2010 Empreendimento: TERMINAL DE CARGAS DE SARZEDO LTDA. CNPJ: 07695967/0001-84 Município: Sarzedo

Unidade de Conservação: APE Taboão Bacia Hidrográfica: Rio Paraopeba Sub Bacia: Ribeirão Sarzedo Atividades objeto do licenciamento

Código DN 74/04 Descrição Classe

E-01-14-7 TERMINAL DE MINÉRIO 3

E-01-04-1 FERROVIA (PERA FERROVIARIA) 1 E-03-03-4 RETIFICAÇÃO DE CURSO D’ÁGUA 3

Medidas mitigadoras: SIM NÃO Medidas compensatórias: SIM NÃO Condicionantes: SIM NÃO Automonitoramento: SIM NÃO Responsável pelo empreendimento: José Eduardo Bumachar Pereira

Registro de classe

Responsável Técnico pelos Estudos Apresentados Rômulo Luís Noronha Junior

Registro de classe CREA MG 46.429

Processos no SIAM FASE SITUAÇÃO

23061/2005/001/2006 LP+LI Licença Concedida 23061/2005/002/2006 AI Multa paga/arquivado 23061/2005/003/2006 LO Licença Concedida 23061/2005/004/2008 LP+LI 23061/2005/005/2009 LP+LI

Equipe Interdisciplinar: MASP Assinatura Angélica Araújo de Oliveira 1.213.696-6

Gladson de Oliveira 1.149.306-1

Raphael Medina Gomes Andrade 1.227.986-5

Isabel Cristina R. R. C. de Menezes Diretora Técnica

MASP 1043798-6

Diego Koiti de Brito Fugiwara Chefe do Núcleo Jurídico

MASP 1145849-4

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1. INTRODUÇÃO

O Terminal de Cargas Sarzedo Ltda. formalizou dia 28/07/2010 processo de licença Prévia e de Instalação concomitantes, n° 23061/2005/006/2010, com interesse de obter a licença para implantação de novo pátio do Terminal de Cargas Sarzedo, com uma pêra ferroviária, em área próxima ao terminal já existente, sendo necessários desvio e canalização de trecho do Ribeirão Sarzedo, com intervenção em APP.

A empresa atua no manuseio e transporte de cargas, bem como na operação de pátios de estocagens. O Terminal localiza-se na zona rural do município de Sarzedo, ao longo da ferrovia da MRS Logística e se estende por 1400 metros. Foi projetado para uma capacidade de 150.000 toneladas/ mês, atendendo demanda pelo transporte ferroviário de minérios e outros produtos regionais.

2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

O terminal de cargas localiza-se em Sarzedo com acesso, a partir de Belo Horizonte, pela MG-040. O curso d’água que recebe os efluentes da drenagem pluvial é o Ribeirão Sarzedo, afluente do Rio Paraopeba. A vegetação é classificada como de transição / ecotono entre a Floresta Estacional Semidecidual (Mata Atlântica) e o Cerrado. A geologia local é constituída por afloramento de gnaisses, migmatito e granitóides do embasamento cristalino. Encontra-se no contato entre duas grandes unidades geomorfológicas: Quadrilátero Ferrífero e Depressão Sanfranciscana, esta, subdividida em Depressão Belo Horizonte, é representada por formas fluviais de dissecação. Os solos mais comuns na área do empreendimento são latossolo vermelho nas áreas elevadas das colinas, e podzólico vermelho-amarelo nas áreas de forte dissecação, configurando vertentes ravinadas e vale encaixado. Clima tropical, do tipo Cwa, mesotérmico úmido, de verão quente úmido e inverno seco, caracterizado por apresentar temperaturas médias anuais superiores à 21ºC. A precipitação média anual é de 1.490 mm, podendo variar entre 1200 a 1500 mm.

2.1. Caracterização do empreendimento O projeto prevê a instalação de uma balança rodoviária na portaria. Em seguida, uma passagem superior à linha férrea para acesso às áreas de estocagem dentro da “pêra ferroviária”, para evitar qualquer interferência entre a circulação e acesso de veículos rodoviários com a operação ferroviária, eliminando a necessidade de fazer cortes na composição ferroviária durante o carregamento. O carregamento é previsto com pás carregadeiras em número suficiente para possibilitar a liberação de toda a composição em 4 horas. A pêra ferroviária foi projetada para carregamento simultâneo com trens de 132 vagões GDE e três locos SD-40, dando um total de 1.461,00 m de comprimento, em dois pares de trens por dia. A geometria da via neste segmento apresenta raio

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mínimo de 135,00 m na região da pêra e a linha de perfil com rampas de 0,25% e - 0,25%, cota média de 737,554 m, em toda extensão da pêra. A nova pêra de carregamento tem um comprimento total de 2.566,64m, segmento de entrada e saída da pêra. Neste trecho, estão localizadas as chaves das linhas e a balança ferroviária de carregamento. Pelo projeto, neste trecho será necessário construir a travessia da linha férrea da MRS Logística até a área interna da pêra ferroviária sobre o ribeirão Sarzedo. A área total do empreendimento é de aproximadamente 22 ha, incluindo área de estocagem e de carregamento do minério. A unidade contará com 24 funcionários próprios, divididos em: encarregados, vigias, ajudantes de pátio, conferentes de pátio e balanceiros. Regime de operação de 12 horas diárias, 07 (sete) dias na semana.

Fonte: RCA, Figura 04: Desenho ilustrativo da pêra ferroviária, sob a atual área. Alternativa 4, escolhida .

2.2. Alternativas locacionais Para a construção da pêra ferroviária devem ser considerados os seguintes aspectos técnicos obrigatórios: - Raio mínimo de 150m (135m em espaços restritos). - Rampa máxima de acesso 0,7%. - Rampa máxima no interior da pêra 0,25%. - Saída da ferrovia em trecho tangente. - Pontes em tangente com menor extensão possível e não esconso.

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- Utilização máxima de área própria do Terminal de Cargas de Sarzedo. - Não interferência em outras propriedades. - A extensão da linha interna da pêra deve ter no mínimo 1500m, para não interferir na linha

principal. - Deve haver uma segunda linha para acesso imediato de um segundo trem de 1500m à pêra

após o carregamento e a saída do primeiro trem. - Travessia do Ribeirão Sarzedo em menor extensão e agressão ao meio ambiente. - Linha adicional para vagões avariados. As alternativas apresentadas no relatório foram:

Alternativa 1 O primeiro traçado parte do trecho tangente ao KM 594+628. Este modelo apresentou os seguintes inconvenientes: - Interferência em residências, indústrias e adutora da COPASA. - Significado valor de desapropriação de terrenos. - Travessia do ribeirão em três pontos. - Grande intervenção em APP - Impossibilidade da implantação de segunda linha acessória e da linha para vagões avariados. - A pequena extensão da saída não permitiria a implantação de um segundo AMV (aparelho de

mudança de via).

Alternativa 1. Fonte: Projeto Detalhado, protocolo R034165/2011.

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Alternativa 2

O segundo modelo foi escolhido a partir da tangente no KM 595+400. Este traçado apresenta os seguintes problemas: - Obra de contenção vultuosa para inserção da linha de acesso em riacho no interior de uma

propriedade residencial. - Desnível de mais de 4m de altura em terreno abrupto. - Interferência em riacho e APP. - Desapropriação de propriedades caras e de difícil negociação. - Travessia do ribeirão em três pontos. - Inserção do ribeirão dentro da pêra com necessidade de aterro do mesmo. -

Alternativa 2. Fonte: Projeto Detalhado, protocolo R034165/2011.

Alternativa 3 Foi escolhido outro trecho, também em tangente no KM 595+400. O modelo apresenta os mesmos inconvenientes da alternativa dois, com exceção da travessia do ribeirão que, neste caso, ocorreria em dois pontos (e não três).

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Alternativa 3. Fonte: Projeto Detalhado, protocolo R034165/2011.

Não foi apresentada nenhuma alternativa que possibilitasse a construção da pêra seguindo os parâmetros técnicos obrigatórios e com menor impacto ambiental. Os estudos apresentados são, portanto, insatisfatórios. Observa-se que a alternativa locacional sugerida pela SUPRAM CM para estudos técnicos por parte do empreendedor não foi contemplada no relatório. Ficou claro, e citado no texto do projeto, que a escolha apresentada deveu-se ao “desejo do Terminal de aumentar sua capacidade de movimentação de minério, com menor custo operacional, geração de novos empregos e atendimento ao mercado de Serra azul”, e não aos aspectos ambientais. (pagina 5/8 do projeto) Conclui-se que não foi comprovada a inexistência de alternativa técnica e locacional ao projeto proposto.

3. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS A sub-bacia do ribeirão Sarzedo, a partir do ponto de intervenção do empreendimento possui uma área de 160 km2 e atravessa os municípios de Betim, Sarzedo e Mário campos, onde deságua no Rio Paraopeba. Segundo o Mapeamento de Qualidade das Águas realizado pelo IGAM, o Ribeirão Sarzedo possui IQA Ruim (25<IQA=50) e baixa contaminação por tóxicos. O enquadramento é Classe 2, segundo a DN COPAM 14/1995, Art 1º, trecho 56. Este mapeamento indicou também, que na estação BP086, próxima a foz do ribeirão no rio Paraopeba, existem quatro parâmetros que não atenderam ao limite legal da DN COPAM/CERH 01/2008: Coliformes Termotolerantes, Fósforo Total, Manganês Total e Oxigênio Dissolvido. Para implantação do projeto, será necessário construir uma travessia, sobre o ribeirão Sarzedo, da linha férrea até a área interna da pêra ferroviária. Foram previstos, a retificação do canal do ribeirão, com a supressão de um meandro, aterro da várzea, conformação do terreno e uma ponte férrea. Para esta intervenção foi formalizado processo de outorga nº 9081/2010, para desvio de curso d’água. Esta canalização e desvio tem extensão de 350 metros.

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A geomorfologia do canal natural do Ribeirão Sarzedo apresenta alta sinuosidade e baixa declividade, conformando uma sucessão de meandros. O escoamento é lento, de baixa energia, com perda da capacidade de condução dos deflúvios, assoreamento de sua calha, a elevação significativa do nível d’água em eventos chuvosos e instabilidade de taludes. A equipe da SUPRAM CM considera a canalização do Ribeirão Sarzedo uma intervenção desnecessária e sem condições técnicas sustentáveis, conforme o relatório do projeto que considera que “o local não é adequado para implantação de pontes” (pagina 4 do Relatório Técnico da intervenção; pagina 15 do processo outorga 9081/2010). O Ribeirão Sarzedo não atende às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água; e existe risco de agravamento de processos como enchentes, erosão e/ou movimentos de massa rochosa.

Projeto de Retificação do ribeirão Sarzedo.Fonte: RCA, pg 14.

3. AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO FLORESTAL E INTERVENÇÃO EM APP 4.1 FLORA Segundo mapa do IBGE, o empreendimento TERMINAL DE CARGAS SARZEDO, está localizado no Bioma Mata Atlântica, porém, este ecossistema encontra-se totalmente antropisado e modificado nesta região devido às influencias sofridas, restando apenas pastos e fragmentos florestais esparsos.

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A vegetação predominante na área é de Cerrado, apresentando formações de Cerrado Ralo e Cerrado de desenvolvimento mediano. O desmatamento desordenado reduziu a porção florestal, sendo observada apenas nos locais mais úmidos na forma de Mata de Galeria e em determinados pontos altos da zona rural. Algumas espécies imunes ou protegidas de corte foram encontradas na área de supressão, Machaerium Villosum e Tabebuia Chrysotricha. 4.2 SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO De acordo com o projeto, seriam suprimidos 1,97 hectares de vegetação nativa com um total de 75,3 m³ de material lenhoso. A área de 1 hectare encontra-se antropisada e sua paisagem totalmente modificada pela ação do homem, 0,97 hectares encontra-se em APP e está bem preservada com algumas árvores altas, que caracteriza-se como Florestal Estacional Semidecidual em estagio médio de regeneração. 4.3 SUPRESSÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Num total de 0,97 hectares de intervenção, a área pertence à fitofisionomia de Floresta Estacional Semidecidual, num estagio médio de regeneração, com alguns indivíduos atingindo portes mais elevados. Devido ao fato de que o empreendimento não ter a prerrogativa de Intervenção em Área de Preservação Permanente por meio de um Decreto de Utilidade Pública, esta Intervenção não tem amparo Legal, portanto não poderá acontecer o que inviabiliza o deferimento da autorização de intervenção. 4.4 RESERVA LEGAL O termo de responsabilidade e compromisso de averbação e preservação de Reserva Legal foi assinado pelo proprietário aos 25/02/2011, sob responsabilidade técnica de Marcelo Araújo Porto Nazareth, engenheiro florestal, CREA MG 49.190/D, ART 14201100000000018523. Contudo o empreendedor não apresentou o registro do imóvel com a reserva legal averbada. 4. IMPACTOS IDENTIFICADOS Alterações do relevo remodelando a topografia original podem acarretar em impactos diretos como o transtorno visual e em impactos indiretos relacionados à: flora, fauna, estabilidade de solos e rochas e intervenção na rede de drenagem do local. Para implantação da Pêra ferroviária, diversos podem ser os impactos, tais como: turbidez da água e assoreamento do ribeirão Sarzedo (causados pelo carreamento de material, através das águas de chuva e vento, para o curso d’água). A retificação é uma obra de engenharia realizada no sistema fluvial que envolve a direta modificação da calha do rio e desencadeia consideráveis impactos, no canal e na planície de inundação. O emprego desse processo de retificação do ribeirão exige permanente manutenção da capacidade do canal. Isso envolve dragagem, corte e/ou remoção das obstruções. Por sua vez, a freqüência da dragagem requerida pelos canais é função do tipo granulométrico dos sedimentos, o que varia com o ambiente e a taxa de sedimentação.

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Os impactos geomorfológicos que ocorrem no canal retificado mudam o padrão de drenagem, reduzindo o comprimento do canal, com a perda dos meandros; altera a forma do canal (aprofundamento e alargamento), diminui a rugosidade do leito e aumenta seu gradiente. A jusante do canal pode ser verificado um aumento da carga sólida e a erosão no canal pelos eventos torrenciais do regime. Quanto ao aspecto social, podemos citar como impactos negativos o desconforto visual e acústico, incômodo da população com o aumento de poeira e de tráfego pesado nas estradas e vias do município afetado. Em contrapartida, o empreendimento gera empregos diretos e indiretos, arrecadação de impostos e melhorias de serviços. Geração de Ruídos e Poluição do ar Os efluentes atmosféricos que serão gerados no empreendimento são basicamente ruídos, material particulado e CO2, oriundos do tráfego de veículos e máquinas durante as obras de implantação, principalmente a terraplanagem. Por tratar-se de terminal ferroviário de cargas, o ruído será gerado pela movimentação de vagões, máquinas, veículos de pequeno e médio porte e caminhões, além das operações de carga e descarga. Efluentes Líquidos A Pêra ferroviária irá gerar somente águas de serviço, utilizadas para aspersão das vias e controlar a poeira fugitiva. No entanto a estrutura de apoio, que será a portaria / balança, será uma fonte de emissão de efluente sanitário. Para o tratamento deste efluente, será instalado um sistema de fosse séptica, filtro anaeróbio e sumidouro na portaria para atender a demanda de esgoto gerada pelos funcionários naquele local, como mostra o Plano de Controle Ambiental. O refeitório, vestiários e escritórios, se localizam no terminal já existente, próximo ao novo empreendimento, e quando necessário, os funcionários se deslocarão. A empresa não pretende implantar nova oficina de manutenção de máquinas, uma vez que na área do terminal de Sarzedo, essa infra-estrutura existe e atenderá também às necessidades da Pêra Ferroviária. Dessa forma, não será produzido efluente oleoso. Resíduos sólidos A área possui relevo pouco acidentado, mas será necessária a terraplanagem para nivelamento do terreno, sendo o volume estimado de escavação de 1.308.586 m³ e o de aterramento é: Aterro corpo (empolado) = 1.119.400 m³ e Aterro camada final (empolado) = 6.033 m³. Impactos Sobre o Meio Biótico Estão associados ao meio biótico da flora impactos do tipo: diminuição da biodiversidade das espécies, redução da área de ocupação da vegetação e alteração na dinâmica de regeneração. Em se tratando da fauna, os impactos poderão ser relacionados à redução de suas fontes de alimentos, gerando uma modificação na cadeia alimentar, destruindo abrigos e nichos ecológicos, deslocando a fauna terrestre.

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5. MEDIDAS MITIGADORAS A seguir são apresentados os programas de controle ambiental constantes do PCA. Controle da poluição sonora A empresa propõe implantar uma cortina arbórea formada principalmente por eucalipto; controlar a velocidade do tráfego dos veículos (limitados a 40 km/h, diminuindo assim o ruído emitido); distribuir equipamentos de proteção individual – EPI aos funcionários; instalar janelas de vidros apropriados, que minimizam os ruídos bem como as poeiras; efetuar reparos no pavimento das estradas e vias de acesso ao empreendimento, minimizando o desgaste de peças dos veículos, para que estes produzam menos ruído. Controle da poluição hídrica Para o tratamento do esgoto sanitário, foi projetado sistema de fossa séptica, filtro anaeróbico e sumidouro em dimensões adequadas à vazão diária estimada de 2800 litros, para 40 pessoas, de acordo com as normas da ABNT. Serão incluídos dois pontos de amostragem do despejo: o primeiro a montante do tanque séptico, e o segundo ponto, localizado a jusante do filtro anaeróbio, representando o esgoto tratado. Controle de resíduos sólidos O lixo gerado no escritório, refeitório e sanitários (papel, plástico e orgânicos), por ser pequena quantidade, são entregues ao caminhão da coleta publica. Controle poluição atmosférica Segundo o empreendedor a única emissão de efluentes atmosféricos é a poeira proveniente da movimentação dos veículos e das operações de carga e descarga. Para minimizar esses impactos a empresa realizará aspersão de água com um caminhão pipa na vias de acesso e nas pilhas de minério e a implantação de uma cortina arbórea para evitar a propagação da poeira para áreas vizinhas. Atendendo as condicionantes e a legislação vigente a empresa realiza monitoramento mensal em vários pontos críticos em relação à ocupação da vizinhança. 6. DISCUSSÃO

Para fazer jus à prerrogativa de intervenção em APP o empreendedor deveria atender a Resolução CONAMA 369/2006, Artigo 3º, Incisos I, II, III, e IV, in verbis:

“Art. 3 A intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:

I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos;

II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água;

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III - averbação da Área de Reserva Legal; e

IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de massa rochosa.”

Contudo, conforme descrito no corpo deste parecer, somente o Inciso III, da Reserva Legal, foi atendido parcialmente. 7. CONTROLE PROCESSUAL Trata-se de requerimento de Licença Prévia concomitante com Licença de Instalação para implantação de novo pátio do Terminal de Cargas Sarzedo, com uma pêra ferroviária, em área próxima ao terminal já existente, sendo necessários desvio e canalização de trecho do Ribeirão Sarzedo, com intervenção em APP. O processo encontra-se formalizado com a documentação listada no FOB, constando dentre outros a declaração emitida pela Prefeitura Municipal de Sarzedo, de que o local e o tipo de atividade estão de acordo com as leis e regulamentos administrativos do Município, fls. 12. Os custos de análise do licenciamento foram devidamente quitados, bem como os emolumentos, conforme se comprova nos recibos acostados aos autos, fls. 13,14 e a certidão negativa de débito ambiental foi expedida pela Diretoria Operacional da SUPRAM CM dando conta da inexistência de débitos ambientais até aquela data, fls. 147. O RCA e o PCA foram acompanhados das ARTs de seus elaboradores junto ao conselho de classe profissional, acostado às fls. 97/100. Em atendimento ao Princípio da Publicidade e ao previsto na Deliberação Normativa COPAM nº 13/95 foi publicado em jornal de grande circulação o requerimento das Licenças Prévia e de Instalação concomitantemente, fls. 146. Pelo órgão ambiental foi publicado no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, fls. 148. Diante de todos os impeditivos técnicos apresentados, salientamos a pretensão de intervir em Área de Preservação Permanente, inclusive com a necessidade de supressão no montante de 0,97 ha, onde a análise técnica constatou a ocorrência de vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica em estágio médio de regeneração, com alguns indivíduos atingindo portes mais elevados, o que não será autorizado, haja vista o não atendimento dos requisitos da Resolução CONAMA 369/2006, que estabelece critérios para esse tipo de intervenção, senão vejamos:

Art. 1 o Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

(...)

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Art. 2 o O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes casos:

I - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia;

c) as atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, outorgadas pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;

d) a implantação de área verde pública em área urbana;

e) pesquisa arqueológica;

f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados; e

g) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos privados de aqüicultura, obedecidos os critérios e requisitos previstos nos §§ 1 o e 2 o do art. 11, desta Resolução.

II - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, de acordo com o estabelecido pelo órgão ambiental competente;

b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a cobertura vegetal nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a função ecológica da área;

c) a regularização fundiária sustentável de área urbana;

d) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;

III - intervenção ou supressão de vegetação eventual e de baixo impacto ambiental, observados os parâmetros desta Resolução.

O empreendedor não apresentou nenhuma declaração pelo poder público federal ou estadual de que se trata de empreendimento de utilidade pública, apenas uma declaração emitida pela MRS Logística, concessionária de transporte de cargas, alegando que o empreendimento é uma obra

Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana – SUPRAM CM

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DATA: 19/05/11 Página: 13/13

essencial de infraestrutura destinada ao serviço público de transporte, o que caracterizaria utilidade pública, conforme alínea b, do Inciso I, do artigo 2º da Resolução CONAMA 369/2006. Encontra-se equivocado o empreendedor ao fazer essa afirmativa, pois está claro na Lei 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, que as obras essenciais de infra-estrutura de interesse nacional destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia, deverão ser declaradas pelo poder público Federal ou dos Estados. Ademais, destaca que a análise técnica conclui pelo atendimento insatisfatório das alternativas locacionais apresentadas, de forma a resultar em menor impacto ambiental, e a inobservância dos parâmetros técnicos obrigatórios para o empreendimento proposto. Assim, não restam dúvidas de que o empreendimento não apresenta condições técnicas e jurídicas para sua implantação, motivo pelo qual recomendamos a URC Paraopeba o indeferimento das licenças prévia e de instalação ora requeridas. 8. CONCLUSÃO

Neste parecer, sugere-se o indeferimento do processo partindo do pressuposto que, o empreendimento não é viável ambientalmente em função de aspectos legais, por não ter prerrogativa para intervenção em APP, e em função de aspectos técnicos, considerando o local proposto para desvio e canalização do Ribeirão Sarzedo ser inadequado para tal intervenção e as alternativas locacionais apresentadas não serem satisfatórias.