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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Documentos Igrejas Lusófonas20 - A semana de... Lígia Silveira22 -Entrevista: Padre Vasco Pinto Magalhães32 - Dossier Férias

52- Internacional58 - Multimédia60 - Estante62 - Vaticano II64- Agenda66 - Por estes dias68 - Programação Religiosa69 - Minuto YouCat70 - Liturgia72 - Fundação AIS74 - Lusofonias

Foto da capa: DRFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

Durante o mês de agosto não é publicado o semanário digital Ecclesia.A próxima edição está ao seu dispor na primeia quinta-feira de setembro, dia 4.

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Festival Jota éum evanto deevengelização[ver+]

Entrevista - Férias: lugaresdeencontro [ver+]

Parem a guerra,suplicou o PapaFrancisco[ver+]

João Aguiar Campos | MárciaCarvalho | Catarina António Sofia Pinto e Liliana NóbregaBarbosa | Paulo Aido | Padre TonyNeves

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Mais cansado que nunca

João Aguiar, Secretariado Nacionaldas ComunicaçõesSociais

Apresso-me a prevenir os leitores: não vouescrever sobre desânimo, descrença ou abulia.Não o quero fazer, embora pudesse encontrarpretextos nas dificuldades diárias. O título destaslinhas quer ser uma simples prevenção, a pensarnas férias. Não é, de facto, tão raro quanto issoque, ao fim de uns dias ou semanas ausentes dotrabalho, regressemos às ocupações diárias maiscansados que no momento em que assuspendemos. Já um velho professor meu – ocónego Arlindo Ribeiro da Cunha – nos dizia, aosjovens seminaristas, à segunda-feira: “Depois deum domingo ou feriado nunca se deveriatrabalhar. É que a gente também precisa dedescanso!..."Importa, pois, estar de sobreaviso contra estaeventualidade.Eu próprio – que já tive a ousadia de me autopropor para o rol dos sensatos – tenho deconfessar que isso me aconteceu: acampei,entrei no comboio à noite e saltei dele namadrugada; carreguei mochilas pesadas ecarteira vazia; comi em andamento e bebi nasfontes; coleccionei postais e tentativas de entrarde borla em museus e espectáculos; espreiteinoitadas e contei as horas rabujando no sacocama que não amaciava o chão das estações…Ganhei alguma coisa com isso? Ganhei bastante.Mas também perdi muito: a sofreguidão nemsempre me deixou saborear; os roteiros algumavez me distraíram da

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verdade que estava mesmo diantedos olhos; a foto rápidafrequentemente me criou a ilusão deque tinha visto a sério o que, afinal,apenas fotografara. Mas, sobretudo,por diversas ocasiões me aconteceuo que acima apontei: voltei aotrabalho mais cansado que nunca e– o que agora me parece maispenalizador -- com uma subtil ouincómoda sensação de desperdício.Hoje gostaria, por isso, de poderregressar a muitos sítios, para pedirdesculpa de ali haver passado acorrer. Gostaria de sentar-me emmuitas catedrais, igrejas, galerias dearte -- ou mesmo esplanadas -- sema sofreguidão de estar noutro lugarno minuto seguinte. Realmente, nemtudo tem a paciência do livro quenos espera após cada abandono,passem-se escassas horas ou ummês de poisio…Sim, hoje reconheço que háinstantes que poderiam serprofundos ou continuados se nãome tivesse resignado à suaaparente instantaneidade.As férias que alguns de nós (ainda)podem ter não são

uma espécie de “dinheirinho extra”que nos veio de uma surpresa e,por isso, é tentadoramente aceitávelgastar levianamente. Mais que umtempo extra, as férias podem/devemser um tempo extraordinário. Sê-lo-ão, porém, apenas se nosproporcionarem a oportunidadepara o essencial. Mas como defini-lo? – perguntam.Numa resposta simples, entendoque na lista do “essencial” podemosinscrever grande parte das coisasque sempre dizemos não fazer “commuita pena”, por “falta de tempo”.Há, de facto, desculpas maisfrequentes que estas: “Não tivetempo”, “não tenho tempo”, “não seise terei tempo”?.. Apresentamo-lasaos amigos e à família;apresentámo-las a Deus e a nósmesmos. E o pior é que o fazemoscom grande convicção, tãohabituados que estamos a gerir male a não joeirar, quantas vezesimersos em contradições: nãotempos tempo e desbaratamo-lo;não temos saúde e descuidamo-la;cansamo-nos a descansar…

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«Existe uma aplicação do CódigoPenal para quem usa gravata eoutra, infinita menos benévola,em Portugal e em todos osoutros país do mundo, paraquem não a usa».(José Vítor Malheiros – Jornal«Público» 31 de julho de 2014) «O nosso sistema educativo sempreinvestiu pouco na formação moral,na capacitação dos agentes para aautonomia».(Jorge Teixeira da Cunha – Jornal«Voz Portucalense» 30 de julho de2014)

«Vale a pena contar estas histórias,de famílias simples portuguesas delocalidades periféricas, quealcançam feitos do tamanho domundo».(Pedro S. Guerreiro – Jornal«Record» 31 de julho 2014) «Resta saber como o país iráaproveitar a “pipa de massa”dos fundos comunitários».(Editorial do Jornal «Público» 31de julho de 2014)

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Música: Festival Jota é um«evento de evangelização»

O padre Jorge Castela, diretorartístico do Festival Jota consideraque este projeto é “deevangelização” e para gerar “novosimpulsos” na presença da Igrejajunto dos jovens. “Este é um evento deevangelização, só existe por Deus epara Deus, não fazia sentido deoutra forma. A verdade é que vale apena verificar que há algum frutoque fica no meio dos jovens queparticipam”, referiu o padre JorgeCastela em declarações à AgênciaECCLESIA.Para o diretor artístico do FestivalJota, que decorreu em Carvalhais,São Pedro do Sul, nos dias 25, 26 e27 de julho, este projeto temtambém o objetivo de tornar osjovens evangelizadores de outrosjovens, “Num evento onde aspessoas se identificam pela mesmacausa que é Cristo é de facto maisfácil mas depois também temos que

acreditar que estes eventos servempara dar novos impulsos, a forçaque é preciso para se mostrar aquiloque nós somos”, desenvolveu opadre Jorge Castela.Para os participantes no FestivalJota, que começou na diocese daGuarda em 2007 em torno da BandaJota, a música é motivo de união,transmite a “mensagem doEvangelho”.A próxima edição do Festival Jota,em 2015, vai decorrer na Diocesedo Algarve, nos dias 24, 25 e 26 dejulho.

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Liturgia: Os santostêm um papel eclesial e socialO presidente da ComissãoEpiscopal de Liturgia eEspiritualidade disse, em Fátima,que atualmente os santos “não sãosó propostos como intercessores emodelos a imitar, mas comopersonalidades emblemáticas peloseu papel eclesial e social”D. José Cordeiro falava no XLEncontro Nacional de PastoralLitúrgica que decorre em Fátima de28 de julho a 01 de agosto e temcomo tema «Creio na Comunhãodos Santos: o Culto dos Santos naIgreja»Na sua conferência «Creio naComunhão dos Santos» o preladode Bragança-Miranda realça que aIgreja “é uma realidade dinâmica” e“a convicção pessoal ou umaparticular disciplina de vida nãobastam para fazer de um homemcristão”, lê-se na conferênciaenviada à Agência ECCLESIA.Uma existência cristã pressupõe “aincorporação, a participação nacomunidade”, disse aosparticipantes.

A vida sacramental é um “autênticoitinerário de santidade”: “ossacramentos da Iniciação cristã e avocação universal à santidade; ossacramentos da remissão dospecados ou o primado da graça; ossacramentos que edificam acomunidade dos Santos”, frisou opresidente da Comissão Episcopalde Liturgia e Espiritualidade.Para D. José Cordeiro é “urgente enecessário investir as energias eforças nas quatro colunas da Igrejaque os Atos dos Apóstolosrecordam: «Eram assíduos aoensino dos Apóstolos, à uniãofraterna, à fração do pão e àsorações»”.

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Tráfico humano: Globalização gerasituações «mais sofisticadas»A irmã Júlia Barroso, da Comissãode Apoio às Vítimas do Tráfico dePessoas (CAVITP), afirmou que énecessário trabalhar todos os diasno combate ao tráfico humano, hojeum fenómeno mais sofisticado.“Hoje as situações vão sendo cadavez mais sofisticadas. O problemada escravatura, do tráfico e daexploração, que estão todos muitointerligados, é um fenómenorelacionado com a globalização,com a liberalização e com estecapitalismo selvagem que procura olucro acima de tudo e não tem emconta a pessoa humana”, disse airmã Júlia Barroso em declarações àAgência ECCLESIA.Por decisão da Assembleia Geral daONU, assinalou-se no dia 30 dejulho o primeiro Dia Mundial Contrao Tráfico de Pessoas.Para a religiosa da CAVIPT, oimportante não é tanto “fazer coisasnum dia”, mas “todo o trabalho quese realiza ao longo dos anos”.A irmã Júlia Barroso sustenta que “o que se sabe é como a ponta

do icebergue” e que “existemcrianças, jovens e adultos, homense mulheres, que são enganados”.“Prevenir não resulta porque apessoa está numa situação defragilidade e cai no engano”,recordou.A irmã Júlia Barroso explica que emPortugal, desde 2006, aprofundamesta temática, “com formadoresespecializados” e têm aprendido “aperceber, a detetar e a finalizar estaproblemática”.A irmã Júlia Barroso informou aindaa Comissão promove diferentesiniciativas de alerta econsciencialização quando seassinala o Dia Europeu Contra oTráfico Humano, a 18 de outubro.

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Media: Um padre que procurouemprego no jornalismo

O cónego Rui Osório da Diocese doPorto celebra, a 02 de agosto desteano, 50 anos de ordenaçãopresbiteral e contou à AgênciaECCLESIA episódios da sua vida, amaior parte deles centrados nojornalismo.Desempenhou várias funções no«Jornal de Notícias» “menos um,mas de propósito”, disse.Reconhece que foi convidado paraser director de vários jornais, masnunca esqueceu uma frase de D.António Ferreira Gomes: “O senhornunca se ponha em bicos de péspara ser director de um jornal laicoporque isso é clericalismo”.Ordenado em 1964, o padre RuiOsório começou a ganhar o gostopela área da comunicação socialnos últimos anos de estudante e atéteve, durante dois anos,semanalmente, um programa naRádio Renascença.Este programa radiofónico eragravado e transmitido, às quartas-feiras, na hora de almoço.Devido ao impacto do documentoconciliar «Inter Mirifica»,

D. Florentino Andrade e Silva, naaltura administrador apostólico doPorto devido ao exílio de D. AntónioFerreira Gomes, pediu-lhe paraestudar jornalismo.Depois da formação em Espanha ecerca de um ano após a vinda dopadre Rui Osório vem do exílio obispo do Porto, D. António FerreiraGomes.Com o consentimento de D. AntónioFerreira Gomes, o padre e jornalistaresolve profissionalizar-se econsegue trabalho no «Jornal deNotícias» em 1977.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Missionário no Japão é novo superior geral da «Boa Nova»

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DOCUMENTO

Comunicado final do XI Encontro deBispos dos Países Lusófonos(Luanda, 21-27 de julho de 2014)1. De 21 a 27 de julho estivemos emLuanda, Angola, no XI Encontro deBispos dos Países Lusófonos, quetem como objetivo fortalecer acomunhão eclesial e a recíprocacomplementaridade, promover acooperação em prol dascomunidades e a fidelidade àidentidade católica lusófona e criarespaço para aprofundar oconhecimento mútuo entre asIgrejas católicas dos paíseslusófonos:- de Angola, D. Gabriel Mbilingi,Arcebispo de Lubango e Presidenteda Conferência Episcopal de Angolae S. Tomé (CEAST), e D. EmílioSumbelelo, Bispo do Uíge eSecretário da CEAST;- do Brasil, Cardeal RaymundoDamasceno Assis, Arcebispo deAparecida e Presidente daConferência Nacional dos Bispos doBrasil (CNBB), e D. Leonardo UlrichSteiner, Bispo Auxiliar de Brasília eSecretário da CNBB;- de Cabo Verde, D. Arlindo GomesFurtado, Bispo de Santiago;- da Guiné Bissau, D. Pedro CarlosZilli, Bispo de Bafatá,

e D. José Lampra Cá, Bispo Auxiliarde Bissau;- de Moçambique, D. FranciscoChimoio, Arcebispo de Maputo eVice?Presidente da ConferênciaEpiscopal de Moçambique (CEM);- de Portugal, D. Manuel Clemente,Patriarca de Lisboa e Presidente daConferência Episcopal Portuguesa(CEP), P. Manuel Barbosa,Secretário da CEP;- de S. Tomé e Príncipe, D. ManuelAntónio dos Santos, Bispo de S.Tomé e Príncipe;- de Timor Leste, D. Norberto doAmaral, Bispo de Maliana eSecretário da Conferência Episcopalde Timor Leste (CETL).Participou também o Dr. JorgeLíbano Monteiro, Presidente daFundação Fé e Cooperação (FEC). 2. Os trabalhos tiveram início comas palavras de abertura doPresidente da CEAST, o ArcebispoD. Gabriel Mbilingi. Salientou arelevância deste Encontro comoimportante espaço para estreitar aunidade, a comunhão e acolaboração pastoral entre asIgrejas lusófonas. Situou-o

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entre o entusiasmo do Ano da Fé ea preparação do próximo Sínododos Bispos sobre a família,destacando os desafios daexortação apostólica «A Alegria doEvangelho», sobretudo no sentidode uma Igreja missionária, aberta epróxima das pessoas. Terminousalientando três grandes sinais dostempos que aconteceram depois doúltimo encontro de 2012 em Timor: arenúncia de Bento XVI, a eleição doPapa Francisco e a canonização deJoão XXIII e João Paulo II.

3. «O papel transformador doEvangelho na sociedade dehoje, à luz da Evangelii gaudium»foi o tema que nos congregou numseminário que decorreu naUniversidade Católica de Angola(UCAN), aberto ao mundoacadémico e político, aos leigos, aoclero e aos membros dos institutosreligiosos. Foi um tempo muitoprecioso de reflexão e debate àvolta de três tópicos principais sobreo papel da Igreja junto do mundodos pobres, do mundo da economiae do mundo da política.

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Depois das palavras de abertura acargo do Núncio Apostólico emAngola e do Presidente da CEAST,participámos, juntamente comespecialistas leigos, em três painéisalusivos a essas temáticas.Propomos aqui apenas algumasinterpelações sobre as váriasabordagens para as Igrejas locaisque servimos:- continuar a fazer uma análiserigorosa e competente sobre assituações concretas em que a Igrejaestá profeticamente presente,irradiando com mais eficácia a luztransformadora do Evangelho deCristo;- cuidar da evangelização na sualigação profunda com a promoçãohumana;- atender às situações de pobrezas,dando resposta a partir do estudodas suas causas e soluções, emdiálogo constante com a sociedadee o Estado;- encorajar a presença e ação dosleigos nas várias áreas deintervenção na sociedade,nomeadamente nos campos social,económico e político;- retomar continuamente, comimplicações concretas na vida e naorganização da sociedade, o ideáriodos quatro grandes

princípios da doutrina social daIgreja: dignidade da pessoahumana, bemcomum, subsidiariedade esolidariedade;- incentivar a dimensão ética naeconomia e na gestão, capaz detransformar por dentro umaeconomia que muitas vezes provocaa exclusão e o sofrimento dos maisfracos;- promover organismos profissionaisque se inspirem na doutrina socialda Igreja, como, por exemplo, aAssociação Cristã de Empresários eGestores (ACEGE, Portugal) e aAssociação Católica de Gestores eDirigentes (ACGD, Angola);- procurar que a busca de soluçõesnos vários campos de presença nasociedade seja feita em cooperaçãocom outras Igrejas Cristãs e outrasReligiões, daí a importância dodiálogo ecuménico e inter-religiosoem vista de iniciativas comuns. 4. Na partilha sobre a realidade, osdesafios, as urgências e assoluções que a Igreja enfrenta nosnossos diversos países, foramsublinhados alguns aspetos naprocura de pontos comuns de ação:

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- o cuidado da Igreja em continuarem estado permanente de missão;- a atenção à iniciação cristã comoitinerário principal da fé e aconstrução de autênticascomunidades cristãs deacolhimento;- a valorização e a divulgação daBíblia em todos os setores dasnossas Igrejas particulares;- o cuidado pastoral da família e detodas as problemáticas que aenvolvem;- a atenção orante e pastoral àsvocações ao sacerdócio e deespecial consagração;- a prática da caridade, comoresposta social e caritativa da Igrejaa todas as situações de carências epobrezas;- a aposta na formação e educaçãoem todas as fases etárias e emtodos os campos onde a Igreja deveestar presente;- a atenção muito especial àpresença da Igreja nasuniversidades, cuidando de umapastoral universitária mais articuladae em rede;- a abertura da Igreja a todas asproblemáticas da vida digna e plenapara todos e em todas as fases davida;

- a defesa da paz e da justiça, daigualdade e da liberdade nos váriossetores da vida da sociedade.

5. Tivemos ocasião de participar nacelebração da Eucaristia nascomunidades paroquiais de SãoPaulo e da Sagrada Família, emLuanda, em comunhão com oscristãos e pastores da mesma Igrejade Cristo. Ficámos sensibilizadoscom o entusiasmo, a alegria e aparticipação de tão grande númerode fiéis nestas celebrações. 6. Fomos recebidospela Presidência da República deAngola, na pessoa do Ministro deEstado e Chefe da Casa Civil, emclima de cortesia e cordialidade.Agradeceu a nossa presença e otrabalho da Igreja

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em Angola, manifestando oacompanhamento e o conhecimentoque o Governo de Angola tem darealidade da Igreja neste país e nosoutros países lusófonos. Tivemostambém a oportunidade deapresentar a realidade de cadaIgreja lusófona, salientando odesejo de que se fomente econcretize a cooperação emdiversos campos de ação. 7. Na avaliação dos 11 encontrosdesde 1996, achamos que osEncontros de Bispos dos PaísesLusófonos são úteis e se devemcontinuar a realizar, como ocasiãomuito oportuna para conhecimento,aproximação e cooperação entre asIgrejas lusófonas. Nesse sentido,aprovámos um regulamentointerno em vista de uma melhororganização destes encontros e dasua concretização junto das váriasIgrejas lusófonas. 8. O XII Encontro de Bispos dosPaíses Lusófonos vai decorrer emAparecida, Brasil, de 23 a 28 dejulho de 2016.

9. Os últimos dias do nossoEncontro decorreram em Benguela,onde participámos com grandealegria no jubileu de 50 anos desacerdócio de D. Óscar Braga,que foi Bispo de Benguela de 1975a 2008, aí fomentando as essenciaisdimensões eucarística, mariana emissionária. Nesta diocese e emquase todo o país angolano, criou epromoveu relevantes projetospastorais junto das crianças e dosjovens, dos casais e das famílias,das mulheres e dos idosos, e cuidoude modo especial e com todo ocarinho das vocações sacerdotais,religiosas e laicais. Invocamos asmaiores bênçãos de Deus para D.Óscar, em comunhão de ação degraças pela sua vida de Pastor tãodedicado ao povo e à Igreja emBenguela e em Angola. 10. No encerramento dos nossostrabalhos, queremos exprimir anossa profunda gratidão, napessoa de D. Gabriel Mbilingi,Presidente da CEAST, peloacolhimento tão amistoso e fraternoque a Igreja de Angola teve paraconnosco.

Proclamado em Benguela a 27 dejulho de 2014

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Se a poesia viesse connosco deférias...

Lígia SilveiraAgência ECCLESIA

Vamos de férias. Desejamos deixar aspreocupações e exigências do dia a dia,prometendo oportunamente voltar a elas.Para o padre Vasco Pinto Magalhães o queverdadeiramente nos descansa é a relação –connosco e com os outros. Por isso, para melhorvivermos o tempo de descanso, deveríamosmarcar um encontro pessoal, sublinha ele emconversa com a ECCLESIA.Considera-se, comummente, que o tempo dedescanso tem de ser cheio, interativo. Se assimnão se concretizar não terá valido a pena. Pensona tentação humana de querer voltar com mil euma fotografias com relatos de luzes e sonorasgargalhadas para muitos “likes”.“As férias deveriam ser a capacidade de criarcondições e concretizar momentos dehumanização, momentos de paragem, derespirar, de digerir, espaços de silêncio e derelação”.«Estarão as coisas deslumbradas de ser elas?Quem me trouxe finalmente a este lugar? Ressoaa vaga no interior da gruta rouca e a maréretirando deixou redondo e doirado o quarto deareia e pedra. No centro da manhã, no centro docírculo do ar e do mar, no alto do penedo, no altoda coluna está poisada a rola branca do mar.Desertas surgem as pequenas praias». Sophiade Mello Breyner Andresen viu o mar e a luz pordentro na praia Dona Ana, em Lagos, onde n’«Asgrutas» mergulhou e deixou

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parar o tempo para encontrar abeleza.Alberto Caeiro, heterónimo deFernando Pessoa, fala da aragemque antecipa o pôr-do-sol.«No entardecer dos dias de Verão,às vezes,/ Ainda que não haja brisanenhuma, parece/ Que passa, ummomento, uma leve brisa.../ Mas asárvores permanecem imóveis/ Emtodas as folhas das suas folhas/ Eos nossos sentidos tiveram

uma ilusão, /Tiveram a ilusão do quelhes agradaria... /Ah, os sentidos, osdoentes que vêem e ouvem!/Fôssemos nós como devíamos ser/E não haveria em nós necessidadede ilusão.../ Bastar-nos-ia sentir comclareza e vida/ E nem repararmospara que há sentidos... (…)»Que a inteireza do estar e do sentirfaçam parte dos nossos dias dedescanso. Boas férias!

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Férias: lugares de encontroAs férias deveriam começar com um encontro pessoal, connoscopróprios. Essa é a sugestão que o padre Vasco Pinto Magalhães,jesuíta, deixa para qualquer pessoa que inicie um período dedescanso. O autor do livro «Só avança quem descansa» diz aindaque mais do que turistas, deveríamos ser peregrinos, para dar valore espaço ao tempo. Só assim se alcança o verdadeiro repouso –cultivando relações e não fotografias. Agência Ecclesia (AE) – Queoportunidade oferecem as férias?Padre Vasco Pinto Magalhães(PVPM) – As férias são umaoportunidade mas não são umaoportunidade para todos. As fériasnão são apenas o tempo de verão;também há grandes férias deinverno. Devia haver férias dePáscoa. Acho que devíamosrechear todo o nosso tempo detempos de verdadeiro descanso. AE – As férias são mais um estadode alma do que um tempo balizadopor estações do ano?PVPM – As férias deveriam ser acapacidade de criar condições econcretizar momentos dehumanização, momentos deparagem, de respirar, de digerir,espaços de silêncio e de relação.Sobretudo porque vivemos umtempo intensivo, onde a

quantidade se sobrepõe àqualidade. Acresce a necessidadede parar, caso contrário mastigamosem seco e não assimilamos. Este éum dos perigos do nosso tempo,que a quantidade perverta aqualidade.Estou convencido que aquilo quenos descansa é a verdadeirarelação humana. Falamos muito unscom os outros, interagimos, masrelacionarmo-nos é algo que nospode escapar com grandefacilidade. Há as relações sociais,de trabalho, de família, mas arelação que nos descansa, que nosfaz aceitar quem somos, que nosajuda a aceitar o outro – isso, é comcerteza, o que mais nos descansa.

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AE – Mas a relação faz parte dodia-a-dia normal do ano inteiro…PVPM – Por isso é que uma pessoaque viva solitária - ainda que nomeio de multidão - se não tiverexperiência quotidiana, desgasta-senuma relação saudável, afetiva,tranquila.Desde logo a relação consigopróprio. Se eu estou mal comigo,como vou descansar? Se não meentendo, se estou em conflito comrealidades e giro mal esse conflito;se a pressão é tanta por coisas amais ou coisas a menos. Realmentedevíamos começar pela relaçãoconnosco próprios, para aprender adescansar.Não é só ter tempo de férias e terdinheiro para rumar à montanha ouà praia. É outra coisa. Nessesentido depende muito do estado dealma, mas também de comoconcretizo e arranjo condições.Uma coisa é estar nesta paisagem(Casa de Oração de Santa RafaelaMaria, em Palmela); outra é naAvenida da Liberdade, no meio dabarulheira. Não há dúvida queprecisamos cortar para encontrarritmos mais humanos.Toda a nossa vida é rítmica: inspirare expirar, alimentar-se e

digerir. Mas parece que montamosuma sociedade contra o ritmo, ou aoritmo de um computador. AE – Contra o tempo…PVPM – A aceleração do progressohoje, sobretudo no mundo dacomunicação e da informática, é tãogrande que humanamente nãotemos capacidade paraacompanhar. Somos levados pelamáquina. Não estou nada contra oprogresso, mas tem umaambiguidade.Não sou capaz de dizer se aspessoas hoje se cansam mais oumenos. Mas há um ritmo maisacelerado, que torna mais difícilencontrar um espaço para respiraras árvores, ouvir esta cigarra queestá aqui ao lado a cantar.Há uma ambiguidade no progresso:certamente é uma coisa boa, masvai muito à frente da nossacapacidade de o digerir e integrar.O facto de estarmos semprecontactáveis: não vou dizer que émau, mas é perigoso. Há pessoasque já não são capazes de parar.Ficam muito aflitas: falta-me otelemóvel, tenho de ver os emails,não sei o que está a acontecer.

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AE – O período de descanso e deférias pode ser, por isso, umperíodo de ansiedade, deirritabilidade?PVPM – Esse é um dos grandesperigos e das ambiguidades,provocado pelo facto de quandocomeçamos as férias nãocomeçarmos com descanso.As férias podem tornar-se numacorreria, uma competição, umaansiedade para estar em todo olado, para viver uma série decoisas, encher um programa

incrível. Acaba por ser uma novacanseira. As pessoas regressam deférias a precisar de respirar, dedescanso. Por isso distingo as fériase o descanso.Os domingos deixaram de sertempos de relaxamento, de fazer asíntese, rever a semana e preparara próxima. Vamos acumulando. Porvezes digo às pessoas que nãoestão em descanso mas emressaca.

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AE – Férias, no latim, significa «diade festa». Estamos preparados paraesse dia de festa?PVPM – Devíamos estar. Mas afesta supõe um espaço tranquilo dealegria, uma comunicação, não sefaz festa sozinho, porque se perde arelação.Podem fazer-se férias sozinho: há arelação com a natureza, podevisitar-se museus. E podedescansar muito. Mas trata-se deenriquecer-se de outras relaçõesconstrutivas. Por isso a arte, anatureza, a experiência da fé maisdesenvolvida, um retiro paracomunicar melhor com Deus, semansiedade.

AE – Pode ser um tempo para fazerperguntas?PVPM – Deve ser. Acho que é maisimportante perguntar do queresponder. Estamos sempre àespera das respostas que geramuma grande ansiedade. «Queresposta é que eu dou a isto?»; masdevíamos antes dizer «que perguntaé que eu faço a isto?»; «Como éque se resolve isto?»; devíamosperguntar «onde é que isto emleva?»Devíamos, desde pequenos, serensinados a perguntar, mais do quea responder. A resposta está aonível da intelectualidade, na ideiaconcebida de que

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confundimos a vida com umproblema. Mas a vida não é umproblema, é um processo. Aosprocessos interrogamo-los. Osproblemas são teóricos. Eu costumodizer que a vida não tem solução,mas os problemas têm solução. Avida tem percursos,desenvolvimentos, ritmos que vãodando resposta ao crescimento.Nós não fazemos uma criançacrescer metendo-a dentro de umcomputador, dando-lhe respostaspara as quais ela ainda não temperguntas. É preciso que ela tenhaperguntas. AE – Tenha tempo…PVPM – Tenha tempo. A correria dotempo está a estragar-nos acapacidade de amar. O tempo e oamor são indesligáveis. Amar ésobretudo tempo e espera. Se nãoracionalizamos e torna-se um jogode conquista ou sedução. Amar éestar, é colher, dar tempo nomomento da entrega.Christian Bobin, um autor de quegosto muito, dizia que a fadiga batefortemente a duas portas: ao amor eao sono. Na correria e no cansaçonão somos capazes de amar.Fazemos coisas, temos algumasrelações, mas o amor,

a amizade, precisa de tempo e,cansados, não somos capazes deamar.Dizia ele também que no cansaçofechamos a porta ao silêncio e àamizade. Porque é que hoje hátantas irritações nas relaçõeshumanas, mesmo nas pessoas dequem se gosta? A relação estáviciada pelo cansaço, pornecessidades, por se estar com opensamento em outro lugar oupessoa, por estar a fazer duascoisas ao mesmo tempo. O amortem de ser personalizado, tem deestar centrado no outro. AE – Tem de haver uma partilha detempo?PVPM – E acontece isso naamizade. O amor a Deus é umarelação com os valores, com oabsoluto, com a verdade. No meiodesta agitação de estarmos a fazertrês coisas ao mesmo tempo, quererresponder a solicitaçõessimultâneas, impressionados aindacom pessoas que não têm trabalhoe férias, que estão sós, a carga émuito forte.Não abrimos porta ao silêncio queseria condição primeira da relação.O silêncio é a condição para ouvir efalar melhor.

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Não é a ausência de comunicação.Sabemos que no silêncio ouvimos aprópria consciência, o outro,descobrem-se outros níveis. Isso étão repousante.Mas as pessoas quando estão muitocansadas desatam a correr. Umaespécie de tentação de fuga para afrente. Penso muito nisto. Tantagente cansada, com depressõesque o tempo curava e a relaçãocuraria. Afinal estão no meio damultidão mas muito sozinhas. Pessoas em relaçãoAE – O livro Cântico dos Cânticosdeixa indicações sugeridas por si.«Porque eis que passou o inverno,a chuva cessou e se foi. Aparecemas flores na terra, o tempo decantar chega e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deuos seus figos e as vides em flor,exalam o seu aroma.» (CT 2, 10-14) Este trecho relata um passeiopartilhado por dois amantes queoptam por sair para apreciar abeleza da natureza e o temposilencioso que a vida pede.PVPM – É uma relação cheia doritmo da natureza. Não quer terfrutos no inverno. Percebe a

beleza das estações. Não quercolher fora do tempo. Também narelação não se pode colher fora dotempo.O Cântico dos Cânticos é muitobonito porque há afastamento eaproximação, uma espécie de medode se perder o outro porque estálonge e não vem na hora que euqueria, mas está para vir. É muitobonito porque é o grande retrato darelação com Deus. Mas amamo-nosmal.O Cântico dos Cânticos é a grandemetáfora da relação. Sem medo deperceber que há sentimentos. O queaconteceu com esta história deandarmos com os sentimentos aexplodir ou recalcados? Criamos oque alguns filósofos chamam de«imotivismo». Não controlamos evivemos das emoções; queremosrespostas racionais, mas vivemosdas emoções. O «imotivismo» é umadoença do nosso tempo. Tudo sefaz por impulso, emoção e dizemosque temos direito à emoção, aosentimento, que é uma grandeconfusão.Nesse trecho percebemos que háemoção, mas não separada dainteligência. Perceber os tempos eos modos.

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AE – Mostra inteireza?PVPM – Mostra que, sem estarfechado dentro de si próprio, seestá bem centrado em si mesmo. Éuma distinção que gosto de fazer –uma coisa é uma pessoa fechadano seu umbigo; outra é uma pessoacentrada. Uma pessoa centradapode dar-se a si própria ou dar oseu centro a outro; uma pessoaumbigada não dá nem recebe.

Essa está stressadíssima.Há coisas que hoje dificultam atranquilidade. As crises económicase financeiras, o desemprego- comoé que vão ter férias e descanso? Épreciso sabedoria para controlar aansiedade, quando não se temdinheiro para alimentar os filhos. Oque é isso de férias? Vai chamarnomes a outro.

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AE – Daí a importância depercebermos as fériasindependentemente do local ondeestejamos?PVPM – Sim, embora haja locaisque ajudam. Nós somos carne eosso, estamos ligados à natureza, àpressão atmosférica, ao ambiente,tudo isso nos faz ser quem somos.Seria uma abstração pensar quesou independente disso tudo. Nãosou.O que não quer dizer que não hajauma construção que vaifuncionando à medida que voufazendo decisões, que não sóimpulsos. Organizo as férias oudeixo correr? Há um certo deixarcorrer como sinal de liberdade, mastambém não devo ser imprudente,devo planear, mas sem ser escravo.Há outra doença do nosso tempoque é a competição. Estamossempre a olhar para o outro, o outroestá a divertir-se e eu não, o outroestá ali e eu não…. A competiçãoque leva à inveja. É das coisas quemais cansa. Porque é a má relação.

Turistas ou peregrinos?AE – Nas férias, devemos serturistas ou peregrinos?PVPM – Mesmo nas férias devemosser peregrinos. E não estou nadacontra o turismo, gosto de fazerturismo. Quase todos os anos façouma viagem com um grupo. Embreve irei à Sicília, uma ilha que unea história passada e o futuro.Pensamos na Sicília e nas pessoasque estão a chegar a morrer noMediterrâneo.Fazer férias não nos devia desligardestas duas realidades: das graçase das desgraças. Deveríamos ligá-las bem. Nesse sentido sou maisperegrino.O turista – por vezes digo essa frase– é andar nesta vida usufruindo edeitando fora o que não interessa.Os turistas que não me levem a malporque é muito bom poder viajar ehá épocas na vida em que o turismofaz muito bem, se é bem organizado,se tem um objetivo. Mas se for umacumular de fotografias… Lembra-me a historinha do japonês

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que foi viajar e perguntaram-lhe setinha gostado. Ele disse: «Não sei,ainda não vi as fotografias.» Isso éno mau sentido do turista.O turista, no bom sentido, éperegrino, sabe o valor do tempo,tem metas, não quer comer tudo deuma vez, trava a gula. Faz umaescolha. Isso é que descansa. Casocontrário tem-se uma lista imensade coisas que se viu e onde seesteve, mas vale a pena perguntar«onde é que estiveste comopessoa?» Se entraste nacompetição, podes dizer quejá tiveste em muitos locais,

mas não estiveste em lado nenhum.A vida é por a cabeça no céu e ospés na terra. É viver sem abdicar doespírito e dos objetivos, do querercrescer.É uma distinção que eu gosto defazer que parece óbvia mas naprática não é: crescer e aumentar.Uma pessoa crescida não é umacriança aumentada; é uma criançaque se transformou, morreu, passoua jovem e agora é adulto. Mas jánão é criança.A nossa tentação do mundo éaumentar: as experiências, omundo. E há férias que são correr.

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AE- A poetisa Adília Lopes diz que«O tempo é templo».PVPM – Não conhecia e é bemverdade. Precisa do tempo paracada coisa. O livro do Eclesiastestem um hino ao tempo. O tempo quevivemos, aquele quedesaproveitamos porque estamospresos ao passado ou cegos com ofuturo.O nosso templo é o aqui e o agora.É aqui que eu posso por os pés nochão, encontrar uma pessoa e olhá-la, receber o Espírito, abstrair-medo que não interessa. Por isso éque a oração descansa imenso.Naturalmente quando não é umareza aflita. Mas quando a oraçãosignifica respirar o Espírito, que évento, respiração, inspirar erespirar. E por isso não se poderezar como quem liga um botão,uma máquina, porque por vezesestamos ofegantes. Precisamosfechar os olhos, tomar consciênciade onde estamos, respirar fundo,procurar o objetivo. E ai a conversaacontece. Tal como a conversa deduas pessoas, com ritmo. Casocontrário é uma violência.

Há tanta violência no nosso mundo.Pela negativa e pela positiva. Nósabrimos um jornal e não nos dádescanso. Os jornais não existempara isso, mas deviam dar se asnoticias não fossem precipitadas.Sobretudo se não sesobrepusessem. Estamos a cairnuma coisa terrível que o PapaFrancisco chamou de «globalizaçãoda indiferença». Como acontecemtantas coisas e ao mesmo tempo,nada vale nada, é tudo igual.Isto arrasa, nivela por baixo eaburguesa. Tornamo-nos burgueses– pessoas que têm todos os meios,mas já não vibram com nada.A globalização que é uma coisa boa,acho eu, mas muito ambígua, pelaforma como quer ser alcançada –tudo para todos ao mesmo tempo. AE – Coloca-nos em relação mastira-nos as relações?PVPM – Porque aniquila a diferença.As diferenças é que nosenriquecem. O Papa Francisco dizuma coisa engraçada, a

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propósito da globalização e doscritérios: geralmente pensamos queo ideal da globalização, enquantofigura, seria a esfera. Mas ele dizque a esfera massifica porque todosos pontos estão à mesma distânciado centro, como se fossem iguais.O ideal não é sermos uma esferamas um poliedro, onde por muitasfaces que existam todas sãodiferentes. A globalização, quandotrata tudo por igual, destrói apessoa. O igualitarismo estimula acompetição porque queremos serdiferentes. Devemos sê-lo, pensoeu. AE – Peço-lhe que nos indiquealgumas dicas para melhor prepararo tempo de férias. A primeira já adeu, no início da nossa conversa –marcar esse encontro connoscopróprios. Há mais?PVPM – Pensar que vou para fériasnão apenas para me distrairmas para ter a oportunidade de meencontrar. Encontrar-me comigo,com os outros, com os valores ecom o futuro. Viver a comunhão coma natureza, os outros.

Que as férias não sejam só paradistrair no sentido do esquecer arealidade presente: fazer umintervalo onde não se pense. Não -pensar em que é que eu voupensar. Escolher um bom livro,perceber onde vou ouvir uma boamúsica, perceber onde, se soucrente, rezar e como. E isso fazerparte do programa de férias. Seria adica que eu deixaria.

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Jovens Sem Fronteiratrazem vida a Aldeia da GuardaAvelãs de Ambom é uma pequenaaldeia que, em muitos aspetos,retrata aquilo que muito se tem ditono nosso país sobre desertificação.A pouco mais de 13 km de distânciada cidade da Guarda, tem cerca de70 habitantes e destes a suamaioria está já acima dos 60 anosde idade. Nas próximas semanasesta aldeia prepara-se, com grandeentusiasmo, para acolher um grupode jovens missionários doMovimento Jovens Sem Fronteiras.Acolher esta iniciativa representapara a aldeia de Avelãs de Ambomuma grade lufada de ar fresco etambém, um passo em frente notrabalho que está a ser feito pelaAssociação para a Promoção SocialCultural e Ambiental de Avelãs deAmbom (APSCAAA), que desde2011, tem a funcionar, na antigacasa paroquial, um Centro de Dia.Entre os dias 7 e 17 de agosto, osjovens missionários vão passargrande parte do seu tempo a darvida e cor a este projeto queresponde às necessidades daaldeia de Avelãs de Ambom etambém, cada vez mais, às

aldeias vizinhas que vivem osmesmos problemas. Centro de Dia eServiço Domiciliários são as duasgrandes valências. O que sepretende é que a populaçãoencontre aqui um lugar deacolhimento mas também uma bolsade esperança que permita, por umlado, à população idosa ter consigoalguém que ajuda, trata e cuida, poroutro lado, para as famílias quevivem fora da aldeia, é a segurançae a partilha de umaresponsabilidade. A tudo istoacresce um ambiente de grandeproximidade e de familiaridade quepermite dar a todos uma respostadiferente, desenhada a partir daidentidade e, até mesmo, dapersonalidade e hábitos de vida decada pessoa. Uma das grandesdificuldades que a APSCAAA temencontrado neste seu trabalho, queé de promoção do desenvolvimentolocal, é precisamente o quebrar daresistência que muitos idosos aindaoferecem a este tipo de serviço.Os jovens missionários vão, duranteestas duas semanas, percorrerestes espaços

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desta e de outras aldeias vizinhas,nomeada do Rocamondo, onde asdificuldades e os ansiosos sãosemelhantes. “As aldeias vivem,particularmente durante o inverno,períodos de grande isolamento eesta animação que envolve toda acomunidade traz às nossas aldeiasum sinal de vida, esperança, alegriaque só os jovens são capazes. Paraa nossa aldeia é uma oportunidade

muito importante de ter movimentonas nossas ruas, gente nas nossascomunidades, música, cor egargalhadas que no dia-a-dia, infelizmente, nem sempreacontece.” José Almeida, atualpresidente da APSCAAA, ele própriorepresenta uma nova geração quetem vivido o potenciado orejuvenescimento da aldeia deAvelãs de Ambom. “A nossaAssociação e outras que trabalhamconnosco,

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temos desenvolvido, nos últimosanos, um esforço muito grande deregresso às origens chamando aatenção não apenas para asdificuldades que se vivem no interiormas, principalmente, reavivando erenovando a sua identidade.”A experiência de acolher este grupode jovens é mais um passo nestesentido. “Queremos celebrar juntosa alegria de podermos partilharideias, valores e expectativas”,explica José Almeida, acrescentandoque “eles trazem também apossibilidade de trabalharmosjuntos, com aldeias vizinhas,quebrando, por vezes algumasbarreiras e são, também, um sinalmuito importante de

esperança. Lembram-nos que nãoestamos sozinhos no nossotrabalho”. Para esta aldeia esta é aprimeira experiência de acolhimentoa uma iniciativa e umaevidência mais valias: “o interiortornou-se efetivamente uma terra demissão e se do ponto de vista davivência da fé esta é uma aldeia quetem uma espiritualidade muito bemdefinida, torna-se fundamental paranós estabelecer pontes que nospermitam ir além das fronteiras donosso território, alargar fronteiras etambém, cativar a atenção de quemestá longe e tornarmo-nos maispróximos.” Nos últimos anos não só o Verão,

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mas, de forma especial, esta épocado ano tem-se tronado ponto deencontro de uma grande famíliaalargada que é esta comunidade.Criada em 2004, a APSCAAA temsido o motor de grande dinamismonesta freguesia que agora estáintegrada na União de Freguesiasde Avelãs de Ambom e Rocamondo.Um projeto que

vem promovendo diversasatividades culturais e derecuperação do território que têmpermitido congregar durante o anomuitos dos habitantes, naturais oudescendentes, familiares e amigos,que se encontram espalhados umpouco por todo o país.

Márcia Carvalho

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Partir em missãoFalar sobre o que me motivou apartir em missão, faz-me reviver erever todo o longo percurso queprecisei fazer para que chegasse aessa decisão.Desde 2001 que fazia voluntariadona Casa de Saúde da Idanha. Nomesmo ano ingressei na JuventudeHospitaleira, com quem em 2009parti para Timor Leste.A doação que se faz novoluntariado, seja ele qual for, vividono sentido cristão, é sempre total.Sempre fui assim em tudo na minhavida. E achei que bastava. Noentanto, um dia, senti anecessidade de ir mais além, de darmais, de me entregar mais. Ouvia ostestemunhos de quem partia emmissão e “me ardia o coração”, noverdadeiro sentido da palavra.Encantavam-me os relatos, mas oque me tocava mais profundamenteera a felicidade nos rostos, a paz, aalegria contagiante transmitida emcada palavra. E isso, fez-me iniciarum processo, um caminho, umaformação, muitas dúvidas, muitasinquietações, mas uma vontade deir e me doar,

me entregar aonde Deus meenviasse…Partir em missão é sempre umadecisão que começa de dentro parafora. Primeiro, sentimos o apelo a ir.Depois lidamos com esse apelo.Depois questionamo-lo. E depois, seo decidirmos aceitar, começamos alidar com todas as questõesexteriores: deixar casa, família,amigos e partir, rumo aodesconhecido.Aceitei o desafio que Deus mecolocava e arrisquei a partida.Queria acima de tudo levar Deusonde ainda não O conhecessem.Queria dar o melhor de mim paraque a vida daqueles a quem eu iriaservir pudessem sentir umatransformação, para quemelhorassem… As expetativas eramgrandes, os receios também. Aindaassim, parti. Deixei pra trás uma vidade conforto, de segurança, umafamília que amo e que me amaincondicionalmente, uma famíliahospitaleira onde “servi” entre 2001até 2009, amigos, profissão….E fui!E ainda bem que fui!O que me levou a deixar tudo e ir?Parece cliché, mas foi

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mesmo o amor profundo de Deus eo chamamento que Ele me fez. Deque nos servem os dons que temos,que Deus nos dá, se não oscolocamos ao serviço do outro?!Hoje sou a mesma pessoa? Não,sou uma pessoa totalmentediferente do que era, melhor, maismadura na vida e na fé, maisconsciente do mundo em que vivo.Partiria de novo?

Já parti de novo e acreditoverdadeiramente que cada dia partode novo, pois a vida é missão, ondequer que se esteja. Encaro cadatrabalho como a missão que me édada em cada momento e dedico-me “de alma e coração” ao mesmo!Ser missionário é ir, onde quer queDeus me envie, e aí permanecercom amor!

Catarina António

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“Serviço a um Povo” em Mogadouroe “Tendas na Praia” na QuarteiraAs Irmãs Doroteias e a JuventudeDoroteia promovem de 1 a 10 deAgosto dois tipos de experiência deserviço e evangelização – O“Serviço a um Povo” e as “Tendasna Praia”…Duas experiências, para viver umúnico lema: “Um CoraçãoComprometido”.No “Serviço a Um Povo”, arealizar em Mogadouro, Diocese deBragança, os jovens procurarão serpresença de Jesus que ama eserve… que se faz próximo, qualSamaritano. É uma experiênciadiária de presença aos mais frágeis,aos mais sós, em lares de 3ª idadeou aos velhinhos que estão emcasa, pelo diálogo entre gerações,pela escuta, pelo recordar cançõesde outros tempos, pela partilha deuns com os outros.Uma experiência de animação decrianças e jovens, não comatividades radicais, mas provocandoem cada um o desejo da relaçãoverdadeira… de um face a face…de um construir, juntos, algo aapresentar numa festa final a toda apopulação…

é uma experiência de relação deum tu-a-tu que os transforma… osajuda a perceber que é possívelser-se “mais” com outros… para afelicidade de todos.Uma experiência de diálogo com apopulação em geral que testemunhaa alegria de ser Cristão compropostas de momentos de oração,ao estilo de Taizé, e convívios ànoite nas praças principais.Tudo termina com uma festa-convívio final onde cada grupo demissão será convidado a partilhar,com todos, o que viveu ao longo dasemana…Nas “Tendas na Praia”, a realizarna Quarteira, Diocese do Algarve,os jovens vivem uma experiência deevangelização onde procurammostrar que “de Deus não se fazférias”. Diariamente, os jovensiniciam o dia com uma proposta deoração no areal, seguindo-se aentrega de mensagens bíblicas comsímbolos, provocando o diálogo comquem passa pelo calçadão,procurando ser presença de Jesusque vai ao encontro de todos.

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Ao final da tarde, pelo calçadão, ogrupo realizará momentos deprovocação-interpelação, atravésde teatros de rua, canções, desafiosonde procuram levar a alegria deser Cristão.Ao longo da semana, na “tenda dosilêncio”, cada um é convidado aparar, a entrar dentro de si eencontrar-se com Deus… perceberque no burburinho da praia épossível estar com Deus. Este ano,haverá a proposta de umacelebração penitencial, a realizar,numa das tardes, na Igreja N. Srada Conceição.À noite, os jovens animarão

os serões com cânticos e danças nocalçadão, promovendo a interaçãoentre população e grupo.Alternadamente realizar-se-ãomomentos de orações ao estilo deTaizé, se possível no areal.O objetivo das experiências seráconseguido se cada jovemparticipante experimentar que o seucoração fica mais comprometidocom o anúncio e testemunho doEvangelho no seu quotidiano,“buscando em tudo a Vontade deDeus” como lhes propõe SantaPaula Frassinetti e que a JuventudeDoroteia assumiu como a “bússola”para viver como Cristão.

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Um dia na "Terra Amada"Começa bem cedo o dia em Vale dePapas. Pequena aldeia do distritode Viseu, concelho de Cinfães.Durante o ano comaproximadamente 30 habitantes emais alguns de verão, quando osemigrantes regressam.Esta é a segunda edição doIniciativa Terra Amada. Um grupo dealunos de arquitetura e engenharia,voluntários, que passam parte doverão, e das suas férias, a trabalharpara o desenvolvimento sustentáveldo interior do país. Este é umprojeto criado Arquiteto FenandoGonçalves e organizado pelaArquiteta Ana Pinho, diretora docurso de Arquitetura daUniversidade Católica de Viseu.Desde dia 2 de Julho que a equipaorganizadora deu início aostrabalhos na aldeia, mas osvoluntários só chegaram dia 24 deJulho e ficam até dia 3 de Agosto.São 10 dias passados nesta aldeia,a viver o dia a dia dos seushabitantes, as suas tradições, assuas alegrias e de constanteaprendizagem.Todos os dias são diferente e todoseles começam e acabam com onascer e o pôr do sol.

O acordar faz-se com o som dospássaros, o chocalhar das ovelhas evacas, a voz da Professora AnaPinho, o som dos motores doscarros, dos trabalhadores e dasmáquinas a arrancar.Aos poucos, o ritmo dos fechos dastendas de campismo, onde osvoluntários dormem, intensifica-se.Começa a azáfama diária, da filapara as casas de banho, instaladasem contentores, gentilmente cedidospela Câmara de Cinfães.Apesar da fome, a fila que se seguenão é a do pequeno almoço porque,enquanto o leite arrefece, primeiro épreciso organizar as equipas do dia.São os voluntários que escolhem aobra onde querem trabalhar nessedia, e para isso, colocam o seunome na lista respectiva,preenchendo a vaga.Cada obra tem um chefe de equipa,permanente, que distribui as tarefase organiza o material. As vagas vãovariando à medida dasnecessidades, o que permite atodos os voluntários experimentar econhecer cada obra ficando ondemais gostam.

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Certo é que quem acorda tarde nãotem escolha possível, ficando comas restantes vagas. Um incentivo ao‘levantar cedo e cedo erguer, dásaúde e faz crescer’.Segue-se o pequeno almoço, leitequente com café e pão com docecaseiro.Terminado o convivo matinal, cadaum sabe exatamente para

onde se deslocar e quem é o seuchefe de equipa. Casa da Cristina,do Senhor Manuel ou do SenhorAmérico, Queijaria, Forja, Moinho,Eira, Espigueiros e Espaço Público,são as escolhas possíveis.Para além destas opções, todos osdias há uma equipa de 2 rapazes e2 raparigas, escalada, por ordemalfabética, para limpar as casas

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de banho sendo esta a única tarefapara a qual ninguém faz fila para seinscrever.O trabalho começa cedo, mas não ésó para estes 50 voluntários e 14elementos da equipa. Mal o solespreita, as portas dos corraisabrem-se e as ruas enchem-se devacas, ovelhas e cabras que, apasso lento, seguem os seuspastores em direção os montes,onde vão em busca de erva fresca.Todos os dias, de manhã e ao fimda tarde, os pastores repetem estarotina, passando por nós,sorridentes e afáveis, dando-nos sbons dias e proferindo palavras deincentivo ao trabalho, semprecuriosos com o avançar de cadaobra e com a quantidade deraparigas a trabalhar no duro.Entretanto já chegou o SenhorPaulo, empreiteiro geral das obras,que é quase sempre o primeiro achegar e que nos contagia com asua energia matinal.Rápido e desenrascado põe toda agente a trabalhar. Sobe para a suaempilhadora, de um lado para ooutro e percorre todas as obrassempre que necessário, nuncanegando ajuda ou atenção. E, nofinal de cada dia não dá

descanso enquanto as obras nãoestiverem arrumadas até ao fim.Sem o apoio incondicional doSenhor Paulo, este projeto não erapossível.E assim, o frio da noite e o orvalhoda manhã, que cobriam as tendas,dão lugar a dias de sol e de muitocalor, fazendo aumentar a olhosvistos as idas às muitas fontes deágua fresca que existem pela aldeia,para encher os cantis e trocar doisdedos de conversa com assenhoras que lavam a roupa e, porvezes, a lã retirada das ovelhas.O silêncio habitual da aldeia écorrompido pelas serras eléctricas,moto-picos, retroescavadoras e odescarregar de material que vemnas carrinhas para cada obra. Aprofessora Ana Pinho começa a suacorreria, de um lado para o outro,para conseguir responder a todosos pedidos e acompanhar o avançode cada obra. Já é meio dia, e está na hora dechegarem mais voluntários à aldeia.São alunos e professores da EscolaProfissional de Cinfães, curso deHotelaria. São eles que nosrecarregam de energias

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para o resto do dia de trabalho.Cozinham comida típica da regiãopara todos os participantes etrabalhadores, trazendo-a deCinfães em travessas.Terminado o almoço, os voluntáriosvoltam a colocar os coletes ecapacetes, a encher as garrafas deágua fresca, diretamente das bicas,e voltam ao trabalho tarde fora. E,para que não dê o sono, ninguémesquece o precioso o religiosocafezinho do dia, tomado no únicocafé improvisado da aldeia: oarmazém das ferramentas doSenhor David.Muitas são as obras e ofícios aaprender.

Dos muitos espigueiros distribuídospela aldeia, a equipa está arequalificar quatro. Aqui, osespigueiros têm o nome decanastros, e servem para guardaras espigas de milho e o centeio deum ano para o outro.Lixadeiras, martelos e esfregões deaço, são alguns dos instrumentosutilizados para dar nova vida a estescanastros. Precisam de telhasnovas, substituir madeiras, limparpedras, etc. Sempre acompanhadospor uma equipa de carpinteiros quenos ajuda e ensina pacientemente.Dois destes canastros estão a serreconstruídos seguindo técnicasantigas.

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A queijaria é a obra mais exigentedesta segunda edição do TerraAmada. São três edifícios em pedra,antigamente usados para currais.Muita é a terra e pedras queprecisaram ser retirados, paredesem granito refeitas, chão nivelado etelhado novo em folha. Este novoedifício vai criar alguns postos detrabalho e trazer mais valoreconómico para esta aldeia. EmMarço passado, alguns voluntáriosvieram à aldeia, de propósito, paraajudar na plantação de cardo paraque pudesse crescer e ser usadona a produção de queijo nestaqueijaria. A casa da Cristina é das obras maisavançadas até agora. Já tem portae janelas. A Cristina é uma dashabitantes mais nova desta aldeia,com 27 anos. Até ao momento, vivecom os pais mas vai, agora, ter umanova casa e um pequeno atelierpara continuar a fazer as suascasinhas de colmo em miniatura, jámuito conhecidas pelas redondezas.

A forja, apesar de pequena, temdado muito trabalho aos voluntários.No passado serviu para trabalhar emoldar ferro a altas temperaturas.Até agora restavam algumas peçasdeixadas ao esquecimento,enferrujadas e a memória doantigamente e desta arte. Aintervenção aqui, passa por limpar apedra exterior, restaurar o seuinterior, ferramentas e melhorar osacessos ao edifício. O moinho é a obra que fica maislonge da aldeia e, para lá chegar, énecessário percorrer um caminho deervas altas durante cerca de 20minutos a pé. Uma verdadeiraaventura, porém que não impedevoluntários de irem para lá trabalhar.É um moinho de água, junto a umpequeno ribeiro que está a sofrerum processo de limpeza e restaurocom voluntários ajudados por umatelier de conservação, para quepossa voltar a ser utilizado, embreve, na produção de farinha.

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A equipa Terra Amada está,igualmente, a reabilitar mais duascasas.A casa do Senhor Manuel e daDona Rosa era uma das últimascasa sem casa de banho destaaldeia. A Câmara de Cinfães teve ainiciativa de colocar água dacompanhia pela aldeia toda. Porisso, um jovem arquiteto, antigoaluno na Universidade Católica deViseu decidiu contribuir e desenharuma pequenina casa de banho,encaixada na cozinha entre umforno antigo e uma parede depedra. A Dona Rosa,

dona da casa, acompanha curiosacada passo dos voluntários e a suacasa de banho nova a nascer. A casa do Senhor Américo, pai daCristina, vai sofrer uma grandetransformação. Vai ter uma casanova, com sala, quarto e casa debanho com banheira, para além dosarranjos exteriores que osvoluntários estão a fazer, comcanteiros para flores e mobiliário emmadeira.Todos os dias vêmo-lo entrar pelacasa onde nasceu e sempre viveu,olhos a brilhar e nos diz que “malpode esperar para ver a casapintadinha de branco”.

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Por fim, há uma equipa responsávelpelo espaço público. É precisoredesenhar as caixas do correio,bancos de pedra, ruas calcetadas,água da companhia, locais paracaixotes do lixo e reciclagem,caminhos e acessos para forja, eira,sinalética, etc. E, chega ao fim mais um dia em Valede Papas. Os ‘trolhas’, nomecarinhoso que os voluntários usamuns com os outros, regressam aoacampamento,

a pingar de suor e comalgumas mazelas que,carinhosamente, a nossa enfermeirade serviço, Célia, cuida. Depois do banho, o corpo estálavado, mesmo quando não há águaquente, e as botas de biqueira deaço fora dos pés.Chinelos e cabelos molhadospercorrem o acampamento,acompanhados por escaldões nopescoço, nas orelhas e bolhas nasmãos.

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Ouvem-se guitarras e vozes aacompanhar, e o grupinho dasmassagens entra ao serviço.Devorado o jantar, a noite é livre e,por isso, os voluntários aproveitameste tempo para conviver, fazerjogos, ficar no acampamento e, aosfins de semana, irem às festas deverão das aldeias vizinhas.Chega assim a hora do descansodo guerreiro, de ver as estrelas nocéu limpo de Vale de Papas, devoltar para a tenda, enchercolchões, de deixar a noite passar, oorvalho cair e um novo dia nascer.Nem vento, nem frio, nem chuva,conseguem superar o cansaço queo corpo vai acumulando.

Estes dias de convívio entrevoluntários e habitantes, de trabalhoárduo, com uma rotina diferente dasgrandes cidades, neste lugaresquecido, no meio da Beira Alta,resume-se a uma experiênciainesquecível. Um crescimento tantoa nível pessoal e humano comoprofissional. Apesar das rivalidadesentre alunos de Arquitetura eEngenharia, todos reconhecem queo trabalho em conjunto é essencial eque irão levar sempre consigo arecordação deste verão totalmentediferente e pleno de significado. Faz-nos bem a Terra Amada!

Sofia Pinto e Liliana NóbregaEquipa Terra Amada

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«É a hora de parar» a guerra,suplicou o PapaO Papa afirmou que o “diálogo”, a“negociação” e a “força dareconciliação” são o caminho para apaz no Médio Oriente, no Iraque ena Ucrânia e que é necessário“parar” a guerra.“Peço-vos para que continueis aunir-vos à minha oração para que oSenhor conceda à população e àsautoridades daquelas zonas asabedoria e a força necessária paraavançar com determinação nocaminho da paz, enfrentando todasas injúrias com a firmeza do diálogoe da negociação e com a força dareconciliação”, disse o Papa após aoração do ângelus, na Praça deSão Pedro.“Irmãos e irmãs, jamais a guerra,jamais a guerra”, pediu o Papa,pensando sobretudo nas crianças“a quem se destrói a esperança deuma vida digna no futuro”.“Parem, por favor. Peço-vos comtodo o coração. É a hora de parar.Parem, por favor”, insistiu o Papa noVaticano durante a oração dominicaldo ângelus.Francisco sublinhou que “todas asdecisões” têm de ser tomadas tendoem conta o

“bem comum e o respeito por todasas pessoas” e não os “interessesparticulares”.No encontro dominical com osperegrinos e turistas que seencontram em Roma, o Paparecordou também o centésimoaniversário do início da PrimeiraGuerra Mundial, um “massacreinútil”, que “causou milhões devítimas e muita destruição” e que,após “quatro longos anos”, deixouuma “paz frágil”.“Recordando este trágicoacontecimento, espero que não serepitam os erros do passado, masse tenha presente a lição dahistória, fazendo sempre prevaleceras razões da paz através de umdiálogo paciência e corajoso”,afirmou Francisco.O Papa referiu que na segunda-feira, quando se assinalou oaniversário do início do conflito,viveu-se “uma jornada de luto narecordação deste drama”.Diante dos milhares de pessoas naPraça de São Pedro, onde o Papamencionou um grupo de escuteirosda paróquia de Gavião (diocese dePortalegre-Castelo

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Branco), Francisco referiu-se aoEvangelho deste domingo, quenarra duas parábolas onde o Reinode Deus é comparado a um tesouroescondido num campo e à procurade uma pérola preciosa.Para o Papa, cada um deve“procurar Jesus, encontrar Jesus”

porque esse é o “grande tesouro”.Francisco referiu que cada um deveandar com um o livro dosEvangelhos e “ler uma página todosos dias”.“Lendo um passo, encontraremosJesus”, disse o Papa, este domingo,no Vaticano.

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Santa Sé confirma viagem do Papaao Sri Lanka e FilipinasA Sala de Imprensa da Santa Séinformou hoje que Papa vai realizaruma visita pastoral ao Sri Lanka, de12 a 15 janeiro de 2015, e àsFilipinas entre o dia 15 e 19 domesmo mês.De acordo com o boletim diário daSala de Imprensa do Vaticano, oPapa Francisco “aceitou o convitedas autoridades civis e religiosas”para visitar os dois países da Ásia –Sri Lanka e Filipinas – em janeiro de2015.O padre Federico Lombardi, diretorda sala de imprensa da Santa Sé,em junho, já tinha assinalado que as“duas viagens à Ásia em poucosmeses representam, evidentemente,uma grande atenção” que do seuponto de vista revelam “a aberturade uma nova fronteira dopontificado”.“Duas viagens importantes a umgrande continente, em poucosmeses, numa área do mundo quenunca foi visitada por Bento XVI noseu pontificado, são uma presençade grande impacto”, desenvolveu.

O comunicado de hoje da Sala deImprensa acrescenta que “oprograma da visita será publicadoem breve” e que de 12 a 15 janeirode 2015 Francisco vai estar no SriLanka e depois viaja para asFilipinas onde permanece de 15 a19 Janeiro de 2015.Segundo o diretor da Sala deImprensa da Santa Sé, o Papatambém tem convites para visitar oMéxico e os Estados Unidos daAmérica, em 2015.

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Iraque: Ações concretaspara proteger os cristãos

A Comissão Justiça e Paz Europaemitiu o comunicado “Chamadapara a ação política” ondeapresenta seis objetivos que devemser colocados em prática “comvigor” e alerta para a expulsão“horrível” dos cristãos de Mossul,Iraque.“Declarar o ISIS oficialmente umaorganização terrorista” e “proibirqualquer fornecimento de armas edivulgar grupos e países que osapoiam”, são os dois primeirosobjetivos que a Comissão Justiça ePaz pretende em relação às açõesdos militantes islâmicos contra oscristãos no Iraque.“Exercer pressão sobre o Governodo Iraque a prosseguir uma políticade unidade nacional, incluindo todaa sua população e impedir adesintegração do Iraque, que temconsequências desastrosas paratoda a região”, é outro dos pontospropostos no comunicado enviadohoje à Agência ECCLESIA.A Comissão Justiça e Paz Europaalerta também para a necessidadede “conceder uma ajudahumanitária generosa

para todos os governos da região”,que são confrontados com um“grande número de refugiados” paraconseguirem “mitigar o sofrimentohumano”.Nos dois últimos objetivos ocomunicado assinala que énecessário “fornecer apoios esolidariedade aos cristãosbrutalmente perseguidos” para querecuperem “a esperança” esobrevivam a “este tempo” e pedeque a “perseguição religiosa” seja“efetivamente” reconhecida comouma terra de asilo”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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JMJ 2013: Encontro mundial de jovens foi há um ano no Rio de Janeiro

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Casa de Leitura

http://www.casadaleitura.org/ Porque acreditamos que a leitura éuma das melhores formas depassarmos o tempo de Verão, estasemana propomos uma visita atentae cuidada ao sítiowww.casadeleitura.pt. Este projetoda Fundação Calouste Gulbenkian,tem como objetivo “capacitar osmediadores de leitura comferramentas teóricas e práticassuscetíveis de construir uma redenacional de verdadeiros promotoresde leitura em que se incluemcrianças, jovens adultos,professores, bibliotecários e pais”.“A Casa da Leitura nos seusdistintos níveis de leitura, oferecenão apenas a recensão de mais de1400 títulos de literatura para ainfância e juventude, organizadossegundo faixas etárias e temas, comatualização periódica semanal,como desenvolve temas, biografiase bibliografias”.Na página de abertura encontramosalém das notícias, que poderáconsulta-las mais desenvolvidas no“arquivo de

notícias”, outras opções que tornameste espaço virtual único e bastanteinteressante. Ainda no topo dapágina inicial dispomos de umamontra (dividida por quatrocategorias: pré-leitores, leitoresiniciais, leitores medianos e leitoresautónomos) onde “cada título édepois apresentado, nalguns casocom desenvolvimento emcomentário e acompanhado darespetiva capa e de uma duplapágina do miolo do livro, quandoeste é ilustrado”.Na opção “os livros da minhainfância”, encontra breves relatos devárias “personalidades dos maisdiversos quadrantes” quevasculham as suas memórias para“recuperar e comentar as suasprimeiras leituras”. Em “Vidas eobras”, temos “breves introduções àbiografia e bibliografia dos principaisautores de literatura (para a infânciae juventude) ”. Por outro lado em“temas”, dispomos do“desenvolvimento em ensaiossintéticos de algumas questõesespecíficas, teóricas e práticas, emtorno da leitura e da literatura parainfância e juventude”.

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Caso pretenda aceder a“comentários de edições essenciaisem língua estrangeira ainda portraduzir ou importar para o mercadonacional”, basta clicar em “Livros deOutras Casas do Mundo”. Por últimoem “Livros de Casas Lusófonas”,dispomos de “comentários a ediçõesessenciais em língua portuguesanão publicados em Portugal”.

É de facto riquíssimo o espólio delivros, resenhas, comentários etextos, todos eles relacionados compublicações dedicadas às crianças,adolescentes e jovens, presenteneste espaço virtual. Torna-se assimevidente que este é um sítio aguardar nos seus favoritos.

Fernando Cassola Marques

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A Serra da Arrábida na poesiaportuguesaA Serra da Arrábida sempre foi umamusa inspiradora para os homensdas letras. Naquele miradourovirado para o azul atlântico e dapena dos escritores brotaramnascentes pintadas com letrascromadas e apelativas. Em boahora, o Centro de EstudosBocageanos resolveu lançar a obra«A Serra da Arrábida na PoesiaPortuguesa».Como refere o prefácio, doze anosapós a primeira publicação da obra,os organizadores resolveramempreender uma segunda edição,revista e aumentada, e agorainserida na colecção «Clássicos deSetúbal».

Da autoria de António MateusVilhena e Daniel Pires, esteexcelente livro reúne composiçõespoéticas de escritores quecolocaram a Serra da Arrábida nosanais das letras.A segunda edição desta colectâneaacrescenta à primeira textos de vintee seis poetas. De entre elessobressai Camões, o expoentemáximo da literatura portuguesaque, numa das mais depuradaséclogas, não esqueceu a «SerraMãe», a forma como Sebastião daGama a baptizou. Igualmente acontemplaram nos seus poemasfiguras como Francisco JoaquimBingre,

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Maria Gabriela Llansol e José deMatos Rocha.Uma faceta enriquecedora destaobra com mais de quatrocentaspáginas é a presença de textosinéditos de vários autores, entre osquais Inácio Monteiro, Manuel MariaPortela, Augusto Casimiro eSebastião da Gama. O volumeapresenta um escopo temporal lato.Com efeito, parafraseandoNapoleão, extasiado com a belezadas Pirâmides do Egipto, «váriosséculos nos contemplam», ao folheá-lo: o primeiro poema foi compostoem meados do século XVI, estandoo último datado do ano 2014.As composições seleccionadas sãoantecedidas por notíciasbiobibliográficas, que apresentamum carácter sucinto. Oscoordenadores da obraprivilegiaram não os autores, mas atemática versada. Os escritorescoligidos encontram-se ordenadoscronologicamente.A presente colectânea constitui,no domínio do património imaterialda Serra da Arrábida, um repositóriode textos poéticos. Um excelentelivro para saborear nestas férias. Etermino com Miguel Torga:

Arrábida, Páscoa de 1952Refúgio «Sozinho a ouvir o mar, que não diznada.Férias do mundo e de quem láanda.Concha de ouriço, mas desabitada,Aberta no lençol da areia branda. Não se lembrem de mim estasemana!Matem o Cristo, e ele queressuscite!Eu, nesta angústia humana oudesumana,Quero apenas que o sono me visite.»

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II Concílio do Vaticano: Osdocumentos «não se podem fecharnas prateleiras»

Na inauguração da 2ª sessão do “acontecimentomais importante do século XX para os católicos: IIConcílio do Vaticano”, o Papa Paulo VI fez um pedidoque ficou célebre na história: «Igreja, o que dizes deti mesma?».Para D. Jorge Ortiga, um concílio surge como “umaporta aberta a uma nova forma de estar, pensar eagir, abrindo uma nova era de propostas,transformações e adaptações” (In: «Vaticano II – 50anos, 50 olhares», Lisboa, Paulus Editora). De ummodo muito sintético, se o Concílio de Trento reflectiugenericamente sobre os bispos e sacerdotes, e oConcílio Vaticano I sobre o Papa (primazia einfalibilidade papal), “pela lógica, faltava agora umconcílio sobre o laicado”, escreveu o prelado deBraga na obra citada.Na sessão do dia 23 de outubro de 1963,“singularmente viva”, (Henri Fesquet; «O Diário doConcílio», volume I, Lisboa, Publicações Europa-América). As intervenções foram “mais vigorosas emais precisas” do que habitual e foi “incontestávelque o tema dos leigos estimulava a atenção dosbispos.Insistindo sobre as funções dos leigos, o II Concíliodo Vaticano marca o “fim de uma longa épocadurante a qual a Igreja foi tentada a evadir-se davida, a confundir a acção com exercícios escolásticose as realidades com ficções jurídicas ou sistemas”,Henri Fesquet. Após o cardeal Caggiano, arcebispode Buenos Aires (Argentina), o cardeal Suenens

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(Malines-Bruxelas) abriu “o fogocom uma intervenção enérgica evivamente aplaudida” e visava,directamente, o cardeal Ruffini. AIgreja, retorquiu o prelado belga, é“o lugar dos carismas” e está“fundamentada” como disse SãoPaulo. E insistiu: “A Igreja tem umaestrutura carismática” e deverespeitar “a liberdade dos filhos deDeus”.Ao terminar, o cardeal Suenenspede para que os auditores leigosdo concílio “desempenhem umpapel activo”, que “o seu númeroseja aumentado e que as mulheres,que constituem, 50% dahumanidade, e as religiosas, cercade um milhão e meio, não estejamausentes do Vaticano II”, lê-se naobra citada.Se o sonho gerou concretizações,passados 50 anos, este magnoacontecimento convocado peloPapa João XXIII e continuado peloPapa Paulo VI, é um “projectoinacabado”, sublinha D. JorgeOrtiga. As resistências continuam

“a ser imensas e a caracterizaçãoda sociedade hodierna dificulta umamaior ministerialidade, por causa daausência de tempo e pelasexigências competitivas da consciência profissional, onde seconfunde a verdadeira felicidadecom a avidez do ter”, escreveuarcebispo de Braga em «Vaticano II– 50 anos, 50 olhares», Lisboa,Paulus Editora.Nesta linha de ideias e nummomento de repensar a pastoral, aIgreja, no mundo e em Portugal, ocaminho percorrido até agora temnecessariamente de criarresponsabilidades novas, “quepassarão pela atitude de formação afazer-se para que a novidade nãotenha envelhecido passados 50anos”.Os documentos conciliares não sepodem “fechar nas prateleiras deum passado recente ou ser usadosparcialmente quando convém. “Sóassim é que teremos crédito paradizer à Igreja o que ela pensa sobresi mesma”, conclui D. Jorge Ortiga.

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Agosto 201401 de agosto 2014 * Porto (Ovar) - Capítulo provincialdo Instituto Jesus Maria José com otema «Com Maria conservar aesperança e viver na alegria» (01 a04) * Porto (Régua) - Encontro doMovimento Missionário deProfessores com o tema«Reencontro da alegria» (01 a 08) * Algarve (Quarteira) e Bragança(Mogadouro) - Missão de verãopromovida pelas Irmãs Doroteias(01 a 10) 02 de agosto 2014 * Fátima - Peregrinação dascomunidades católicas africanas deLisboa ao Santuário de Fátima. * Porto (Sé) - O Bispo do Porto, D.António Francisco dos Santos,celebra uma eucaristiacomemorativa das bodas de ouro de7 sacerdotes da diocese.

* Portalegre (Serra de São Mamede)- A Junta Regional dos escuteiros dePortalegre-Castelo realiza o XVACAREG, o seu acampamentoregional, com o tema «Razões danossa Esperança». (02 a 07) * Coimbra (Ferreira do Zêzere) -Acampamento dos escuteiros daregião de Lisboa com o tema «Nãotenhais medo de empreendercaminhos novos de doação total aoSenhor». (02 a 08) * Setúbal (Lagoa de Albufeira) -Acampamento do Corpo Nacional deEscutas da * Lisboa (Camarate) - Semana devida comunitária com jovens, com asirmãs missionárias e os missionáriosCombonianos (02 a 10). 03 de agosto 2014 * Lisboa (Mosteiro de São Dinis) -Encerramento do encontrointernacional das Equipas de Jovensde Nossa Senhora com o tema«Quo vadis?» (Para onde vais?)

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* Porto (Igreja de S. João Baptistada Foz do Douro) - Celebração dos50 anos de sacerdócio do cónegoRui Osório. * Lisboa (Mosteiro dos Jerónimos) -Sessão do ciclo de concertos deórgão no Mosteiro dos Jerónimoscom André Ferreira. * Lisboa (Seminário de Alfragide) -Encontro Europeu da JuventudeDehoniana (03 a 10) * França (Taizé) - Peregrinação aTaizé promovida pelo Secretariadoda Pastoral Juvenil da Diocese deLeiria-Fátima (03 a 11)

04 de agosto 2014 * Eslovénia (Rogla) - Fórum mundialdos jovens escuteiros (04 a 07) * Fátima - Segunda sessão dasOficinas Musicais Criativas (OMC),um programa especial para meninose meninas com idades entre os 10 eos 13 anos promovida peloSantuário de Fátima.(04 a 07)

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A Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, no CentroHistórico do Porto, acolhe até ao dia 15 de agosto uma“Pequena Fraternidade Provisória” de três jovens queestá a realizar trabalho social e de evangelização. Asjovens de diferentes nacionalidades - francesa, alemãe espanhola – de segunda a sexta-feira, às 18h30,animam a oração da noite na Igreja de São José dasTaipas.Este projeto da Comunidade ecuménica de Taizé estáinserido nas celebrações dos 75 anos da fundaçãodesta Comunidade na França celebrados em 2015. O 12º Fórum mundial de jovens escuteiros, de 4 a7 de agosto, realiza-se em Rogla na Eslovénia,leste da Europa. A organização explica que “esteencontro é considerado como uma medidaprovisória para melhorar o envolvimento dosjovens na tomada de decisões a nível mundial” ecada associação nacional pode enviar doisdelegados e três observadores. O Curso de Missiologia com o tema «Família, umprojeto…», de 25 a 30 de agosto, é uma iniciativa dosInstitutos Missionários Ad Gentes (IMAG), em Portugal,com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias (OMP)e realiza-se no Seminário dos Missionários dosConsolata, em Fátima. As inscrições podem ser feitasem http://cursodemissiologia.blogspot.pt até ao dia 18de agosto.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 3 de agosto: Férias Lugares de Encontro RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 4 -Entrevista ao padre CarlosGodinho, da Obra Nacionalda Pastoral do Turismo;Terça-feira, dia 05 -Informação e apresentaçãodo voluntariado missionário;Quarta-feira, dia 06 -Informação e apresentação do livro "A Ilha e o Verbo";Quinta-feira, dia 07 - Documentário sobre a Igreja queSofre;Sexta-feira, dia 08 - Apresentação da liturgia dedomingo pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 3 de agosto, 06h00 - Férias: propostasdo padre Vasco PInto Magalhães para melhor viver otempo de descanso. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 4 a 8 de agosto - Adiocese do Algarve: P. Miguel Neto, D. Manuel Quintas,Carlos Oliveira (Cáritas), P. Manuel Marques e TeresaSalgueiro

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Que missão tem o Papa?

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Ano A – 18.º domingo do TempoComum Acolher erepartir o Pãoda Eucaristia

Na liturgia do 18.º domingo do tempo comum, Deusconvida-nos a nos sentarmos à mesa que Ele própriopreparou, onde nos oferece gratuitamente o alimentoque sacia a nossa fome de vida, de felicidade, deeternidade.Na primeira leitura, Deus convida o seu Povo a deixara terra da escravidão e a dirigir-se ao encontro daterra da liberdade, a Jerusalém nova da justiça, doamor e da paz. Aí, Deus saciará definitivamente a fomedo seu Povo e oferecer-lhe-á gratuitamente a vida emabundância, a felicidade sem fim.A segunda leitura, no hino ao amor de Deus peloshomens, amor do qual nenhum poder hostil nos podeafastar, explica porque é que Deus enviou ao mundo oseu próprio Filho, a fim de nos convidar para obanquete da vida eterna.O Evangelho apresenta-nos Jesus, o novo Moisés,com a missão de realizar a libertação do seu Povo. Nocontexto de uma refeição, Jesus mostra aos seusdiscípulos que é preciso acolher o pão que Deusoferece e reparti-lo com todos os homens. É dessaforma que os membros da comunidade do Reinofugirão da escravidão do egoísmo e alcançarão aliberdade do amor.O Evangelho convida-nos a refletir sobre apreocupação de Deus em oferecer a todos os homensa vida em abundância. Todos são convidados para obanquete do Reino. Aos desclassificados e proscritosque vivem à margem da vida e da história, aos quetêm fome de amor e de justiça, aos que vivem atoladosno desespero, aos que têm permanentemente osolhos toldados

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por lágrimas de tristeza, aos que omundo condena e marginaliza, aosque não têm pão na mesa nem pazno coração, Deus diz: “querooferecer-te essa plenitude de vidaque os teus irmãos te negam. Tutambém estás convidado para amesa do Reino”.A narração do Evangelho de hojetem um inegável contextoeucarístico; as palavras “ergueu osolhos ao céu e recitou a bênção,partiu os pães e deu-os aosdiscípulos” levam-nos à fórmula queusamos sempre que celebramos aEucaristia.Sentar-se à mesa com Jesus ereceber o pão que Ele oferece, aEucaristia, é comprometer-se

com a dinâmica do Reino e assumira lógica da partilha, do amor, doserviço.Celebrar a Eucaristia obriga-nos alutar contra as desigualdades, ossistemas de exploração, osesquemas de açambarcamento dosbens, os esbanjamentos, a procurade bens supérfluos.Nunca nos cansemos de acolher erepartir o Pão da Eucaristia, parasaciar tantas fomes bem próximasde nós. Só assim estamos a tornarJesus presente no mundo e a fazercom que o Reino seja uma realidadeviva nas nossas vidas ecomunidades.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Sudão do Sul. Um país a caminho do precipício

Ninguém está a salvoA guerra civil, no Sudão do Sul,já ceifou a vida de milhares depessoas desde Dezembro doano passado, mas essa é apenasuma das maiores ameaças. Afome e as doenças prenunciamuma catástrofe de dimensõesinimagináveis. A guerra, a fome e a malária sãopalavras quase proibidas entre osmais de 1,5 milhões de pessoas queenchem por completo os diversoscampos de refugiados que tiveramde se improvisar para acolher todosos que fugiram dos combates.Há palavras que não se pronunciampois atraem a má sorte. Nosdiversos campos de refugiados,como em Tong Ping, Malakal ouMingkaman, todos tiveram dereaprender a viver. Melhor: todosaprenderam o que significasobreviver. A guerra e o medoescorraçou-os de suas casas, dassuas aldeias. Agora estão por ali,como se fossem mendigos, à esperaque a situação melhore.Fez agora três anos que o Sudãodo Sul festejou a suaindependência. A paz

durou pouco tempo. Em Dezembro,explodiu o conflito quando opresidente Salva Kiir Mayarditacusou o seu ex-vice-presidenteRiek Machar de estar a preparar umgolpe de Estado. O exército dividiu-se e o conflito espalhou-se como umvírus maligno num corpo enfezado.Na verdade, esta é uma guerra tribalentre a etnia dinka e os nuer, entreos seguidores do presidente e os doex-vice-presidente.O Sudão do Sul parece uma naçãoamaldiçoada. Depois da sofridaindependência do Norte,maioritariamente muçulmano, foipreciso começar quase tudo dozero. O país nasceu falido apesarda enorme riqueza que se escondeno subsolo. Neste momento calcula-se que cinco milhões de pessoasprecisem de ajuda humanitária deemergência no Sudão do Sul.Mãos vaziasO Monsenhor Roko Taban Musa,Administrador Apostólico de Malakal,não sabe como acudir tantaspessoas. Foi como que umterramoto que se abateu sobre asua diocese. As cidades de

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Bentiu, Malakal e Bor estãoirreconhecíveis. O Monsenhor falaem mais de 30 mil casas em ruína emais de 100 mil pessoas sem nadapara comer. “Este conflito édevastador e extremamenteinumano”, diz-nos, ao telefone.Percebe-se que está aflito. Comoalimentar tantas pessoas quandonão se tem nada para oferecer?Monsenhor Taban precisaurgentemente de arroz, milho, feijão,açúcar, azeite e sal. E água potável.“As pessoas estão a passar fome e,se não se fizer nada, é umadesgraça.”Nos campos de refugiados milharesde pessoas

acotovelam-se na esperança deconseguirem sobreviver mais umdia, uma semana que seja, um mês.No entanto, ninguém se atreve aregressar às suas aldeias, ninguémconsegue esquecer os dias dehorror. A Fundação AIS lançouuma campanha de emergência paraos refugiados no Sudão do Sul. Épreciso que o Monsenhor Tabantenha os alimentos de que precisapara salvar as vidas dos que estãoa passar fome. Ele está de mãosvazias e pediu-nos ajuda. Ele contaconsigo.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Voluntariado com Missão

Tony Neves

A Rita é dos JSF de Lordelo-Paredes. Depois deuma longa caminhada na sua paróquia e nogrupo JSF local, aventurou-se e fez umaexperiência Missionária de um mês em Angola, aPonte 2011, em Kalandula, Malanje. A Xanapertenceu aos JSF das Neves-Beja, grupo quese coligou com o de Castro Verde. Após diversasSemanas Missionárias em Portugal, candidatou-se à Ponte 2011 e também fez um mês de Missãoem Kalandula, um projeto acolhido pelo P.Manuel Viana e coordenado pelo P. MiguelRibeiro.O tempo passou, mas a ideia de partir para umaMissão mais prolongada nunca as deixou em paz.Fizeram a preparação para o VoluntariadoMissionário Espiritano e candidataram-se a partir.A Missão de Itoculo, no norte de Moçambique, foia proposta que lhe fizeram e ambas a agarraramde braços abertos.Meio ano depois,a Rita escreve: ‘Há 6 meses queMoçambique conta com a minha presença e coma da Xana como voluntárias na Missão Católicade Itoculo, em conjunto com o estágio do DinoSemedo, seminarista espiritano. O nossotrabalho como voluntárias tem-se mostrado degrande importância para esta paróquia, uma vezque, apesar da equipa missionária serconstituída por dois padres e três irmãs, estesnão conseguem contribuir para todos osministérios da pastoral paroquial. Assim,

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com a nossa presença,conseguem-se abranger com maisfacilidade todos os ministérios, deforma a conseguir continuar aevangelizar mais e melhor aparóquia de S. José de Itoculo. Onosso trabalho tem passadoprincipalmente pelos ministérios deComunicação Social, Justiça e Paz,Escolas Comunitárias, Jovens eEcumenismo, juntamente com ostrabalhos que desenvolvemos comaulas de Português e Inglês naEscola Secundária, Educação Morale Cívica e Educação Musical naEscola Primária e também naadministração do Lar FemininoEugénia Caps e da

Biblioteca Paroquial’.Conclui: ‘Por vezes não nos damosconta do quanto este trabalho podeser importante para umacomunidade. Mesmo que não nossintamos preparados para o fazer,que tenhamos medo de errar, medode não conseguir, vamos tentar edar o nosso melhor. E no fim, oagradecimento que vamos receber,vai fazer com que tudo valha a pena’.Desafia: ‘Ser voluntário, aqui ou emqualquer parte do mundo, épossível. E sem nunca esquecerque “quem quer arranja maneira,quem não quer arranja desculpas”.’.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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