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PARTIDOS POLÍTICOS: UMA DAS PIORES
INVENÇÕES DA CIÊNCIA POLÍTICA!
29/09/15
“ A divulgação da ideologia pelo ensino conduz sempre à
instauração do sistema político correspondente. A
Universidade do Estado é a Universidade Pombalina. Foi
criada com uma ideologia, a do Iluminismo, da qual
resultou o falso liberalismo do século passado. Ao
Iluminismo sucedeu o Positivismo, comandado por Teófilo
Braga, que deu origem ao liberalismo ignorante, corrupto,
anti - clerical e anti - sindicalista da 1ª República. O
Positivismo – como mostra H. Marcuse no livro “Razão e
Revolução” – prepara mentalmente o Marxismo. Com
efeito, a nossa Universidade substitui, nos anos quarenta, o
Positivismo pelo Marxismo e o resultado foi a instauração
do actual Socialismo.
Orlando Vitorino – O processo das presidenciais de 86
Os Partidos Políticos (PP) existem hoje na nossa vida sem
ninguém saber nada acerca deles; isto é quem os inventou,
como surgiram e porquê, o seu historial, como funcionam,
nada!
Não se sabe nada.
No entanto, são os partidos que, no mundo ocidental e
tendencialmente no mundo inteiro, detêm – melhor
dizendo, julga-se que detêm - as rédeas do poder e da
governação.
Passou a ser assim, porque sim.
2
E já quase ninguém questiona coisa alguma.
No entanto a acção dos PP tem sido assaz perniciosa para a
vida dos povos.
E no caso de Portugal foram sempre um desastre, uma
verdadeira catástrofe.
E não há maneira de percebermos isto e mudarmos as
coisas. Ou pelo menos tentar.
Para ilustrar o que dizemos, vamos republicar, à laia de
introdução, um pequeno texto escrito em 27/9/10, intitulado
“O Sistema Político e o Comportamento dos Partidos”.
*****
“O público, como todos os soberanos, como os reis, os
povos e as mulheres, não gosta que se lhes diga a verdade”.
Alexandre Dumas
“…O sistema político democrático – como é entendido no
Ocidente e em Portugal – assume na sua doutrina, que os
Partidos Políticos são “estruturantes” da Democracia. Ou
seja sem PP não há Democracia. Não vamos hoje discutir
este “entendimento”, mas observar o comportamento dos
ditos partidos, um nome aliás, infeliz.
Devemos começar por fazer uma pergunta e responder-lhe:
para que servem os PP, qual o seu objectivo primordial?
Pois o objectivo número um – e ao qual todos os demais se
subordinam – é tomar o Poder e mantê-lo.
Como o Poder – nas democracias – é legitimado pelo voto
popular, segue-se que a maioria, senão a totalidade, do
esforço de qualquer PP se resume a tentar convencer o
3
eleitorado a votar no seu programa e nas suas figuras de
proa.
Se os partidos existentes que se reclamam da doutrina
marxista-leninista – que prevê a via revolucionária para a
tomada do poder (na verdade qualquer via…) – se dedicam
à subversão da sociedade ou do Estado e mantêm
capacidades para serem usadas nesse âmbito, é assunto de
especulação, normalmente à boca pequena, pois raramente
estes temas são abordados nos liberalíssimos órgãos de
comunicação social.
E, de facto, se o objectivo primeiro dos PP, não fosse
conseguir o Poder, não se justificava a sua existência.
Manter o Poder é, a seguir, a tarefa fundamental, pois
permite alargar a sua influência e distribuir lugares e
prebendas pelos seus filiados (de que existe uma
sofreguidão insaciável), condição sine qua non para
garantir alguma lealdade canina nas hostes, sem o que
despontarão “tendências”, “dissidências”, “alas críticas”,
“renovadores”, etc., sempre efusiva e democraticamente
saudadas, mas que constituem uma dor de cabeça que enjoa
qualquer dirigente partidário, só de pensar nelas.
Ora quem está no Poder, não o quer abandonar e por isso
fará tudo por lá se manter. A primeira coisa que faz é
ocupar o maior número de lugares possível; depois tentar
arranjar maneira de condicionar a comunicação social e
arranjar uma parafernália enorme de propaganda e relações
públicas; na sequência, distribuem negócios pelos amigos,
verdadeiros ou putativos - isto é fundamental para garantir
apoios e aumentar os réditos do saco azul partidário; a
seguir começam a mentir - leia-se Alexandre Dumas – até
porque as pessoas, de um modo geral, gostam que se lhes
4
minta (só aceitam a verdade em tempos de catástrofes
extremas…).
O início das promessas começa aqui. Como é preciso
garantir o voto, é só facilidades, mais direitos, mais obras,
mais subsídios, quiçá a lua. Ninguém quer ouvir falar em
sacrifícios, deveres, trabalho, disciplina, organização,
hierarquia, restrições, etc.
A partir daqui a economia definha, os costumes relaxam-se,
o crime aumenta, a corrupção instala-se. As crises
internacionais e os “azares” que sempre acontecem
agravam o descalabro.
Finalmente, como não sabem fazer mais nada senão isto – o
sistema parece que não se regenera – começam a pedir
dinheiro emprestado. A partir daqui está tudo estragado e é
uma questão de tempo para ser o próprio regime a ser posto
em causa.
Vejamos agora os partidos que estão na oposição. Como o
objectivo é, recorda-se, chegar ao Poder, têm que ser contra
(até por princípio!), o governo em funções, suportado por
um ou mais partidos; têm que o desacreditar, apresentar
soluções diferentes, etc.
Tal resume-se, por norma, numa política de bota abaixo e
por se fazer demagogia, abusando das promessas. Quem
tem meios para isso, provoca greves, cortes de estrada,
manifestações nas ruas e campanhas de propaganda. Os
mais fundamentalistas põem bombas.
Quando, após mais uma campanha eleitoral, longa,
desgastante e cara (e com o uso e abuso, as pessoas já não
as suportam!), a Oposição chega ao Poder, faz exactamente
o que os anteriores fizeram com algumas "nuances" de
circunstância, ou novidades de marketing.
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A seguir pede mais dinheiro emprestado.
Andamos nisto desde 1820, com um intervalo de 48 anos, e
várias guerras civis, pelo meio.
Quando o dinheiro emprestado, normalmente usado no
pagamento da dívida e não em investimento reprodutivo,
atinge uma certa soma, o descalabro financeiro passa do
endividamento na razão aritmética, para a geométrica e a
seguir para o crescimento exponencial. Ora nenhum partido
está em condições de inverter esta tendência não só porque
é contra a lógica de funcionamento do sistema (como se
pagariam as promessas?), como a oposição não permitiria.
Só haveria “solução” se houvesse um amplo consenso
partidário e aceitarem governar juntos.
Ora isso é, justamente aquilo que, novamente, a lógica do
sistema mais repele, porque uma vez (por hipótese), isso
conseguido, deixariam de ser necessários os partidos… Os
tais que são estruturantes da Democracia.
Como casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem
razão, e a forme é má conselheira, diz o povo, não o
Dumas, podem os leitores facilmente ajuizar, onde é que
tudo isto se arrisca a descambar, após uma palete de
confusões e desgraças, que hão-de suceder no entretanto.
Pôr as barbas de molho talvez não fosse má ideia”.
Vamos hoje tentar aprofundar um pouco mais esta
temática.
*****
O DESPONTAR DOS PARTIDOS POLÍTICOS
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“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes,
escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a
faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém,
são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a
concepção, nem o instinto político, nem a experiência que
faz o estadista. É assim que, há muito tempo, em Portugal
são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política
de compadrio, política de expediente. País governado ao
acaso, governado por vaidades e por interesses, por
especulação e corrupção, por privilégio e influência de
camarilha, será possível conservar a sua independência?”
Eça de Queiroz, 1867, in “O Distrito de Évora
O termo “partido” é o particípio passado do verbo “partir”,
tendo neste âmbito o significado de “dividir”. Ou seja uma
parte da sociedade representada num grupo.
Um partido será então (e modernamente) uma união de
pessoas voluntariamente ligadas e legalmente organizado,
de direito privado, constituído com o objectivo de
conquistar o poder político num determinado país. Possui
uma estrutura, uma organização burocrática e uma
ideologia, que pode ser nacional ou transnacional.
A razão principal para a existência de PP é a da formação
de uma organização onde as pessoas que tenham as
mesmas ideias sobre a governação da urbe, se possam
juntar, organizar e lutar pelos seus ideais.
Isto, em tese, tem alguma lógica.
Acontece, porém, que nos esquecemos que o que preside a
tudo e tudo condiciona, é a natureza humana.
7
E, neste âmbito, tudo se coaduna para que tudo se deteriore
e não cumpram os supostos objectivos para que foram
criados.
A ideia de “partido” é antiga, mas tomou forma sobretudo
após as Revoluções Americana e Francesa.
De facto, remonta a Aristóteles e à Grécia antiga e também
a Roma, onde se dava o nome de partido a um grupo de
seguidores de uma ideia, doutrina, ou pessoa.
Sem embargo, foi na Inglaterra, no século XVII que
surgiram os primeiros partidos da era moderna: o “Whig” e
o “Tory”, ambos em 1678.
O partido “Whig” – uma palavra de origem escocesa, que
significa leite amargo ou soro do leite, que no século XVII
fazia parte da alimentação dos pobres e indigentes – reunia
as tendências liberais, no Reino Unido e estava ligado às
correntes protestantes (sobretudo calvinista, na sua forma
presbiteriana) das sociedades escocesa e inglesa.
Este Partido foi dissolvido em 1868, dando origem ao
Partido Liberal que alternou no poder, com o Partido
Conservador, até á I Guerra Mundial.
A partir desta perdeu importância e foi substituído pelo
Partido Trabalhista, na alternância do poder político na
Grã-Bretanha.
O Partido “Tory” é um partido de tendência conservadora
que reunia a aristocracia britânica. A palavra “Tory” é de
origem irlandesa, que no princípio tinha conotações
depreciativas pois a origem da palavra significava
bandoleiro – homem armado que se dedicava ao roubo e à
pilhagem, mas que pode ser traduzido significando apenas
a pertença a um “bando”.
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Os Tories foram fundados por Thomas Osborne, o Conde
de Danby, o Lorde Chanceler e o próprio Rei, Carlos II.
Os Tories opunham-se aos Whigs por estes defenderem a
exclusão de Jaime II ao trono, por se ter convertido ao
Catolicismo.
Esta situação ficou apenas resolvida na célebre “Revolução
Gloriosa”, de 1688.
Por influência de Robert Peel o partido foi extinto, em
1834, e substituído pelo Partido Conservador (que herdou o
nome), passando este a ter maiores preocupações sociais.
O Partido Trabalhista (“Labour Party”) só foi fundado, em
17 de Fevereiro de 1900, e embora esteja filiado na
Internacional Socialista é, em muitos aspectos, mais um
Partido Social Democrata. Assume-se de esquerda com
laivos de liberal e tem o seu apoio maior nos sindicatos.
*****
“O Orador: Sr. Presidente! Que me não queiram persuadir
de que estou em casa de orates! Que é isto? Que bailar de
ébrios é este em volta de Portugal moribundo? Como
podem rir-se os enviados do povo, quando um enviado do
povo exclama: Não tireis à nação o que ela vos não pode
dar, governos! Não espremeis o úbere da vaca faminta, que
ordenhareis sangue! Não queirais converter os clamores do
povo em cantorias de teatro! Não vades pedir ao lavrador
quebrado de trabalho os ratinhados cobres das suas
economias para regalos da capital, enquanto ele se priva do
apresigo de uma sardinha, porque não tem uma pojeia com
que comprá-la”
Camilo Castelo Branco, in “A Queda de um Anjo”
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Uma “frente partidária” ocorre quando vários partidos se
unem numa plataforma comum visando um determinado
objectivo eleitoral.
A existência de partidos dá origem ao Parlamentarismo,
isto é, os representantes dos diferentes partidos estão
representados num Parlamento/Cortes, em função da
percentagem de votos obtidos em votação nacional.
O líder do partido mais votado ocupa, por norma, o cargo
de Primeiro-Ministro e forma governo.
O Rei ou o Presidente da República, que estão, ou devem
estar, acima dos Partidos Políticos, são os Chefes de
Estado.
A forma de organização política toma ainda três formas
principais: a presidencialista; a semi - presidencialista e a
parlamentarista, conforme a distribuição de poderes entre o
Chefe de Estado, o Governo e o Parlamento.
Para além disto, partidos com ideologias idênticas ou
semelhantes, organizaram fóruns internacionais e
internacionalistas, em que se filiaram. Destas destacam-se a
III Internacional Comunista (hoje praticamente inexistente,
mas que, provavelmente, inspirou todas as outras); a sua
principal dissidente, a IV Internacional, composta de
Trotskistas; a Internacional Socialista; a Liberal, a
Internacional Democrática e uma miríade de outras como,
os Humanistas, Verdes, Libertários, Monárquicos, etc.
O número de partidos políticos desenvolveu-se como
cogumelos durante todo o século XX e tornou-se a forma
mais comum de alguém se fazer notado ou fazer carreira
para atingir um cargo político.
A terminologia existente de “Partido Único” é uma
contradição dado que o termo “partido” implica divisão,
10
logo a existência de pelo menos dois; e também é comum
ver-se utilizar o termo “pluripartidarismo” em vez do
correcto “pluripartidismo”; já que é este termo que significa
a pluralidade e a existência de vários partidos, enquanto
pluripartidarismo significa pluralidade de partidários.
Uma palavra para o Brasil, dada a sua relação muito
especial com a História Portuguesa e antiguidade da sua
independência.
Consta que a primeira vez que se utilizou o termo “partido”
no Brasil, remonta à ida da Família Real Portuguesa para o
Rio de Janeiro, em 1808. Nessa altura falava-se no “Partido
Português” e no “Partido Brasileiro”, o que era já prenúncio
dos partidários da secessão.
Sem embargo os primeiros partidos com existência legal,
foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, ambos no
segundo reinado (1840-1889). Estes partidos e o Partido
Republicano Paulista, foram os partidos políticos que mais
perduraram na sociedade brasileira.
Note-se a similitude com o que se passava em Portugal, por
sua vez muito influenciado com o que ocorria no seu
poderoso vizinho ibérico.
*****
“Acervo de teorias irrealizáveis, se teorias se podiam
chamar, de instituições talvez impossíveis sempre, mas de
certo modo impossíveis numa sociedade como a nossa e na
época em que tais instituições se iam assim exumar do
cemitério dos desacertos humanos.”
Alexandre Herculano, sobre a Constituição de 1822
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Em Portugal os primeiros PP são uma consequência directa
da Revolução Liberal de 1820 – que foi onde começou a
nossa actual desgraça – e da Constituição a que deu origem,
em 1822.
Por sua vez, esta Constituição encontra a sua motivação
próxima na Constituição Espanhola de Cádis, de 1812 e
ambas se fundamentam na famigerada Revolução Francesa,
a tal que ao contrário dos louvaminheiros, se ilustrou (e
espalhou), maioritariamente, com erros, desgraças e crimes.
Constituição completamente desajustada à sociedade
portuguesa contemporânea (como foi na I República e é
hoje).
Feita a Revolução, que obrigou a Corte a regressar a Lisboa
do seu remanso brasileiro - um regresso tardio que a
Monarquia e o povo português, pagaram com língua de
palmo – logo se desentenderam todos, dividindo-se a
Coroa, o Governo, o Povo e (mais grave de tudo) o
Exército, em “liberais” (uma minoria, mas activa e com
apoios externos) e “absolutistas”, melhor dizendo,
“legitimistas” (a grande maioria, mas pouco coesa e algo
atordoada), sem se conseguir ainda definir algo parecido
com partidos como os concebemos hoje.
Este facto provocou uma grande instabilidade política com
golpes e contra golpes, acabando por se reformar a
Constituição, em 1826; o que deu origem a uma segunda
divisão, que foi a de haver liberais moderados, adeptos da
nova Constituição, e outros mais extremistas que
defendiam a Constituição original, de 1822.
Até que a facção mais conservadora e legitimista operou
um golpe de estado, em 3/6/1823, liderado pelo Infante D.
Miguel, que mandou convocar Cortes á moda antiga (as
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últimas tinham ocorrido, em 1698, no reinado de D. Pedro
II – cujo fim representou outro erro da Dinastia de
Bragança), proclamando-se Rei Absoluto.
Com a “Abrilada” de 1824, D. Miguel é exilado em Viena
de Áustria.
A morte de D. João VI, em 1826, que teria sido envenenado
– e a deterioração da situação, levaram à outorga da Carta
Constitucional, desse mesmo ano e à guerra civil de 1828-
34 (a pior que alguma vez tivemos) entre os liberais,
capitaneados pelo Infante D. Pedro, que tinha abdicado de
imperador do Brasil, em 1830 (depois de ter traído o País
ao declarar a secessão do Brasil), e se dispôs a defender os
supostos direitos de sua filha D. Maria, ao trono de
Portugal 1.
A guerra civil foi feia, fratricida e provocou feridas e
divisões que ainda hoje não estão completamente saradas.
Não nos vamos alongar nela pois não é esse o objectivo
deste escrito.
Venceram os liberais e a sua vitória ficou consagrada na
Convenção de Évora-Monte, de 1834.
As leis que decretaram a seguir, sobretudo por Joaquim
António de Aguiar e Mouzinho da Silveira, viraram o país
do avesso.2
A Constituição também foi mudada e uma nova versão foi
aprovada em 1834, depois alterada em 1838, por via da
Revolução Setembrista e retomada a de 1826 com
1 D. Miguel tinha entretanto casado com sua sobrinha, a futura D. Maria II, por procuração, em 1826; em
1826/7 reuniram-se cortes e D. Pedro confia a regência do reino ao seu irmão, infante D. Miguel. D. Miguel
regressa a Portugal em 22/2/1828 e jura a Carta quatro dias depois. Dá-se entretanto, um golpe de estado
absolutista que divide as Cortes e convoca os três estados do Reino. Os liberais emigram em massa devido
às perseguições de que foram alvo. 2 Algumas tinham sido aprovadas mesmo antes do fim da guerra, como foi o caso da lei que extinguia as
Ordens Religiosas, datada de 28/5/1834.
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variantes, em 10/2/1842, após golpe de estado de Costa
Cabral.
Neste “intermezzo” surgiram dois partidos, um mais à
direita, os Cartistas, e outro mais à esquerda, os
Setembristas.
Tudo desembocou em mais duas guerras civis, a “Maria da
Fonte”, em 1846 e a “Patuleia”, no ano seguinte.
O país estava a saque há demasiado tempo.
O Marechal Saldanha cujas cambalhotas ideológicas e de
campo, ficaram famosas e só tinham equivalência na sua
competência como chefe militar, fez mais um golpe de
estado, em 1851.
A partir daqui a situação política e social foi estabilizando
devagar, dando origem à Regeneração e ao “Rotativismo”,
tentando-se imitar o parlamentarismo inglês, com um
partido mais à direita, o Regenerador, e outro mais à
esquerda, o Histórico ou Progressista; que se iriam
alternando (rodando) no Poder.
É só a partir desta época que se pode passar a falar num
sistema partidário minimamente estabilizado e em que se
criaram partidos semelhantes aos actuais.
O que, aliás, não deixou de gerar toda a desgraça que levou
á queda da Monarquia Liberal, cujo estertor se deu entre
1890 e 1910; á tragédia sanguinolenta da I República e, ao
actual descalabro pós 25/4/1974, que está pura e
simplesmente a alienar e a destruir o país e a nacionalidade.
E só não entrou em convulsão há mais tempo, por causa da
“pesada herança” (em ouro e divisas), das ajudas do FMI e
dos Fundos Comunitários.3 Mesmo assim tudo isto se
conseguiu desbaratar! 3 E de uma “censura” muitas vezes pior que a anterior…
14
Em anexo, apresenta-se uma lista dos partidos existentes
em Portugal desde que este folclore político teve início.
*****
COMO CARACTERIZAR UM PARTIDO
POLÍTICO? 4
“Os diferentes partidos não são mais do que escolas de
imoralidade, e portanto companhias de comércio ilícito,
onde as diferentes lutas que promovem, não são mais do
que o modo de realizarem o escambo das consciências, o
sacrifício dos amigos, e o bem do País, e por conseguinte o
modo de realizarem o fruto do peculato, depois de postas
em almoeda as opiniões.
A classe dos malfeitores é a que mais tem ganho com as
garantias constitucionais”.
Luz Soriano (sobre a política do seu tempo)
Os Partidos Políticos (PP), por norma, são organizações
mal nascidas, mal ponderadas, mal estruturadas e mal
doutrinadas. São falhos de princípios e de coerência, pois
baseiam a sua atitude na conveniência do momento e na
Demagogia – a doença infantil da Democracia.
O seu discurso destina – se a agradar às massas não a
resolver os problemas existentes.
O Estado, que não é mais do que a Nação politicamente
organizada, destina-se a cumprir as funções clássicas (e
utópicas) das necessidades humanas e da Polis: a
4 Análise centrada na realidade portuguesa.
15
Segurança, a Justiça e o Bem-Estar. Por esta ordem, pois
a ordem dos termos não é arbitrária.
O objectivo de um Partido Político – seja ele “democrático”
ou não – é o de alcançar o poder, supostamente através da
apresentação de um programa de acções que levem o
eleitorado a votar neles. O segundo objectivo é o de se
manterem no poder, este alcançado.
Ora estes dois objectivos pouco têm a ver com os três
outros, que os povos anseiam, mesmo que
inconscientemente.
A sua prática é a melhor constatação desta realidade.
Por isso os PP são um erro e estão errados.
Representam uma excrescência do País, o cancro de um
regime e da Democracia e acabam por se representar
apenas a eles mesmos e a divorciarem-se da Nação.
A Nação é representada pelas suas instituições que emanam
da vivência social de séculos.
Nos Municípios que vêm desde Afonso Henriques; nas
Corporações de ofícios e mercadores, que temos desde o
século XIV; na Universidade; nas instituições do Direito;
nas Forças Armadas; nas Academias; na Igreja; nas
Associações Patronais e de Trabalhadores; nos organismos
culturais e desportivos, etc.
Tudo isto não tem nada a ver, nem deve ter, com PP. E não
lhes devem nada: estão, para aquém e além deles.
O Poder Político tinha tradição antiga na Monarquia e no
Direito Natural que o Liberalismo, primeiro, e a República,
depois – não a “Respública”, que é de sempre – veio
interromper e aniquilar.
16
Os PP são, por isso, organizações artificiais que
normalmente importam ideias ou ideologias estranhas à
Nação dos Portugueses.
Até o termo “partido” é infeliz e anacrónico: significa que
não é inteiro e que será uma parte e não o todo.
E quanto a ideologias, todas elas até hoje – todas – se
esgotaram em desastres, miséria, injustiças e guerra!
Não sabem resolver nenhum problema em termos
nacionais. Podem ser considerados, no melhor, como
tentativas de espíritos bem - intencionados que tentaram
melhorar o mundo, mas que falharam redondamente!
Que boas lembranças é que a generalidade da população
retém da miríade de “ismos”, que abalaram o mundo? O
Socialismo, o Comunismo, o Maoismo, o Capitalismo, o
Trostkismo, o Fascismo, o Nazismo, o Marxismo, o
Liberalismo, etc.?
Lembram-se de algum que tenha resolvido algum problema
sério ou tenha contribuído para que se avançasse na
aproximação às metas da Segurança, da Justiça e do Bem-
Estar?
E a razão da falha clamorosa de todas as ideologias, estou
em crer, tem a ver com o facto de elas se terem esquecido
de que o fulcro da existência se encontra no mistério da
vida e na essência da natureza humana.
O que deveria levar à conclusão e consequência de que toda
a organização política e social deve ter este postulado como
alfa e ómega!
Os PP representam pois, a guerra civil permanente, no
mínimo a instabilidade social permanente.
Mesmo que desejavelmente, não seja uma guerra civil por
meios violentos, não deixa de ser uma guerra civil.
17
Lutam entre eles, na lógica do “bota abaixo”; lutam dentro
deles, pois estão constantemente a dividir-se em facções,
tendências, até mesmo noutro partido; criam sistemas de
informações próprios; organismos paralelos; tentam
infiltrar-se noutras organizações e permitem-se andar às
caneladas com outros órgãos de soberania.
Têm uma sofreguidão inaudita e nunca saciada por lugares
e prebendas onde possam colocar membros seus (os
conhecidos “boys” and “girls”) e com o tempo passam a ser
coios de negócios.
Um PP não tem regras de admissão nem faz escrutínio; não
obriga a Ética nem prima pela Deontologia própria. Cada
Partido é apenas um bando. Um PP não tem escola, nem
regras credíveis e a carreira faz-se na linha do “yes
minister”, na intriga e em transportar solicitamente a pasta
do “chefe”.
É o reino dos vira - casacas, dos poltrões dos que dizem
uma coisa hoje e amanhã outra, sem qualquer pudor ou
réstia de consciência e escrúpulo.
Não há notícia da expulsão de um membro de um partido
por mau comportamento, apenas quando critica algum
proeminente.
Os futuros “jotinhas” não crescem pois, num útero, mas
sim num cólon. Por isso não são paridos, mas cagados!
Um PP não é renovável e a tendência é de piorar sempre a
sua performance e a qualidade dos seus membros
destacados.
A razão é simples: os chamados “homens bons dos
concelhos”, ao assistirem a esta degradação, não se alistam
nas fileiras, antes fogem delas como o Diabo da Cruz!
18
E passado pouco tempo a população resume a situação em
três palavras: “são todos iguais!” E deixa de ir votar; pior
entra em descrença compulsiva ou em alinhamento
deplorável.
Está à vista de todos.
Como neste sistema os membros dos partidos – e no nosso
caso, apenas estes – são os que se sentam no Parlamento e
no Governo e, só por excepção, não se sentam em Belém,
ou seja “isto” transformou-se numa verdadeira
Partidocracia.
O Eça chamou-lhe um “sítio e mal frequentado”.
E sendo aqueles que fazem as leis, assistimos ao iníquo e
despudorado, mas muito humano, acto de as mesmas serem
– naquilo que à partidocracia interessa – da sua
conveniência. “Hélas” finalmente um entendimento!
Estamos a falar da lei de financiamento dos partidos, que é
um escândalo para o orçamento; das leis em que
estabelecem os seus próprios vencimentos e prebendas; do
orçamento para o funcionamento dos próprios órgãos de
soberania – que gastam o que querem sem escrutínio que
valha – das leis eleitorais, etc., leis que perpetuam o “status
quo” e que são normalmente “ocultados” da opinião
pública, entre muitas outras.
Nestas entram também as leis que isentam os PP de uma
quantidade de impostos e emolumentos com que se castiga
o comum dos cidadãos, ao mesmo tempo que se lhes
permite terem dívidas enormes, que ninguém obriga a
pagar (só comparável ao que se passa com os clubes de
futebol…) e um património imobiliário e não só, enorme
que também ninguém parece interessado em controlar e
evidenciar.
19
Com assombroso despautério chegam a afirmar que a
“Democracia é cara”, como querendo dizer, se querem
democracia, têm de nos aturar!
Em síntese um PP é a organização mais susceptível a que a
corrupção medre e medre fora de controlo (e quando há
perigo, muda-se a lei, veja-se por exemplo, o caso Casa
Pia).
*****
AS CAMPANHAS ELEITORAIS
“Às vezes, é melhor ficar calado e deixar que as pessoas
pensem que você é um imbecil, do que falar e acabar de
vez com a dúvida”
Abraham Lincoln
As campanhas eleitorais podem definir-se pela elaboração
de manifestos eleitorais que ninguém lê – e que após os
votos contados só vão ser válidos para o que interessar; por
uma chuva de promessas que ninguém espera cumprir, ou
ver cumpridas e a criação de uma suposta atmosfera de
festa, com muitos gritos, ruído e tentativas de juntar muitas
pessoas com bandeirinhas, seja à volta de uns canecos, seja
em arruadas ou espaços confinados, abrilhantados com
bandas rock, foguetes, cabeçudos e parafernália vária.
Tenta-se esquadrinhar o país, o melhor possível, com este
pão e circo omnipresente.
Quanto mais ululante for o espectáculo, mais aquelas
alminhas se sentem reconfortadas e confiantes.
Os que podem distribuem camisolas, canetas, emblemas,
bonés, sacos e miudezas várias com símbolos partidários,
20
que não servem rigorosamente para nada a não ser dar
dinheiro a ganhar a quem os vende.
Alguns autarcas mais afoitos ou endinheirados chegam a
oferecer eletrodomésticos; no século XIX chamavam-lhes
caciques locais e, sempre que podiam, davam umas
“chapeladas”, nas urnas…
Aliás o termo “urna” define bem – certamente por ironia do
destino – o fim de todo este espectáculo que, com o passar
do tempo se assemelha a funeral.
Como os estrategas das campanhas entendem que este
receituário dá votos, os partidos concorrentes esmifram-se
por arranjarem cada vez mais fundos para gastar,
provocando uma espiral de gastos escandalosos e
supérfluos, que são um atentado ao bom senso e uma
ofensa ao comum do cidadão!
O conceito requentado de “esquerda” e “direita” – também
ele com origem na Revolução Francesa – também inquina
tudo e não ajuda a nada.5
Os debates e os discursos são, de um modo geral, de uma
pobreza confrangedora; vazios de ideias; cheios de ataques
pessoais; mentiras avulsas ditas com ar sério; sem qualquer
sentido de Estado, preocupação institucional, ou de
qualquer assunto que seja relevante para a vida da Nação.
Se o saudoso Coronel Homero de Matos fosse vivo estaria,
por certo, a ouvi-lo dizer deles “têm a luminosidade de uma
vela de sebo dentro de um corno de carneiro”!
Não raro o discurso de campanha muda ou inflete,
conforme episódios fortuitos ou provocados, que vão
surgindo; resultado de “sondagens” – outro negócio que só
5 Este conceito tem origem na Assembleia Nacional Francesa, quando os partidários do Rei se sentavam à
direita do Presidente da Assembleia, e os partidários da Revolução se sentavam à esquerda.
21
vai servindo para confundir o eleitor; ou com dizeres de
comentadores, que passaram a pulular e que nenhum órgão
de comunicação agora dispensa. Parece até que passaram a
constituir uma espécie de Camara - Baixa do Parlamento…
No meio disto tudo, os candidatos a deputados – os tais
representantes do povo – praticamente não existem,
concentrando-se tudo nas figuras dos chefes partidários.
E ao que eles se submetem, meu Deus!
Como é que pessoas crescidas se dispõem a fazer figuras
ridículas e caricatas como andar a cantarolar, ou a dar um
pé de dança, em festarolas; provar todos os vinhos e
petiscos que lhes põem à frente (este ainda é o menos mau);
andar a beijocar varinas nos mercados e criancinhas com
ranho, em feiras; como se sujeitam a ouvir imprecações nas
ruas e mais um sem número de momices e futilidades, que
uma pessoa no seu estado normal – isto é, não estando em
campanha eleitoral – jamais lhe passaria pela cabeça fazer,
em público?
Tudo isto para pedir um voto?
Mas o voto será assim uma coisa de tão pouco valor que
vale o que eles se sujeitam?
E depois de termos visto e ouvido os futuros governantes a
esfalfarem-se nestas figuras tristes, alguém os pode
respeitar ou levar a sério?
CONCLUSÃO
“Atolados há mais de um século no mais funesto dos
ilogismos políticos, esquecemo-nos de que a unidade
nacional, a harmonia, a paz, a felicidade e a força de um
povo não têm por base senão o rigoroso e exacto
22
cumprimento colectivo dos deveres do cidadão perante a
inviolabilidade sagrada da família, que é a célula da
sociedade; perante o culto da religião, que é a alma
ancestral da comunidade; e perante o culto da bandeira, que
é o símbolo da honra e da integridade da Pátria. Quebrámos
estouvadamente o fio da nossa História, principiando por
substituir o interesse da Pátria pelo interesse do Partido,
depois o interesse do partido pelo interesse do grupo, e por
fim o interesse do grupo pelo interesse individual de cada
um”.
Ramalho Ortigão
Portugal governou-se – e não parece ter-se governado mal
– durante sete séculos sem partidos políticos. Não fizeram
falta nenhuma.
Depois dos partidos aparecerem e terem contribuído para
afundar o país, no mais fundo dos precipícios, houve
apenas uma época de cerca de 40 anos em que se restaurou
a Nação e o Estado, justamente por tudo se ter realizado à
sua margem e influência.
Não fizeram falta nenhuma.
E hoje também não fazem. 6
Portugal como nação, não é um regime político, muito
menos um conjunto de partidos políticos.
É uma comunidade antiga, estruturada e amalgamada por
uma História de muitos séculos (não é velha!), de
vicissitudes, tragédias e glórias, sustentado desde Ourique,
6 Não se empenhem os leitores em criticarem-me já, apontando alternativas. Fá-lo-ei a seu tempo. Para já
alguns deduzem-se do texto. E ainda estamos em fase de consciencialização…
23
com um objectivo teleológico e telúrico, que se transmutou
numa realidade espiritual superior: a Pátria Portuguesa.
Ora os PP são a antítese de tudo isto.
Eles destroem a unidade do Estado, comportando-se como
pequenos estados dentro do estado; minam a coesão da
sociedade e a tranquilidade da população.
Tudo neles é centrífugo, nada é centrípeto.
Vivem em função dos ciclos eleitorais (aliás, é raro o mês
em que não há uma campanha eleitoral qualquer) e da caça
ao voto, não do que têm e devem fazer.
Ninguém consegue governar se estivermos em campanha
eleitoral permanente…
Nada é institucional, com visão de futuro, com vista ao
engrandecimento do país como tal, pois tudo é mesquinho,
virado para o curto prazo, a aliança de circunstância, a
oportunidade de negócio.
Em cevar os apetites do aparelho.
Nos Partidos os valores são substituídos pelas
transigências e a oportunidade do momento onde a
virtude não faz escola e o vício campeia.
Como não têm escoras onde se apoiar, são ainda facilmente
infiltrados ou tomados de assalto por organizações secretas
ou discretas que fizeram da sociedade o seu pasto e do
poder político o seu objecto e esteio.
Quase todos sabem ao que me refiro, mas poucos se
atrevem a falar no tema. É assunto ainda tabu, de que não
há discussão na praça pública.
Os Partidos dividem e subvertem tudo: no ensino, por
exemplo, existem Universidades que estão divididas por
blocos sectários, que afectam o ensino, tornando-se a
antítese do que devem representar; as pessoas passam a
24
frequentar espaços públicos ou coletividades, porque são da
mesma cor partidária – nas grandes cidades tal está
esbatido, mas nas cidades e vilas pequenas, tal é muito
notório; nas próprias instituições (e também em empresas)
há uma misturada e concorrência continuada e pestilenta,
relativamente às opções políticas de cada um e mesmo a
nível dos altos cargos da Magistratura, Diplomacia e até
das Forças Armadas, não há quem seja tão “democrata” que
resista a escolher pessoas do gosto da corrente partidária
que esteja no Poder em detrimento de outros.
Dava pano para mangas.
Muitos cidadãos, desesperados com o evoluir da situação,
tentam – dentro do sistema, que é encabeçado pela
Constituição – formar outros partidos para tentar combater
o “sistema” por dentro.
Tudo em vão. Quem chegou primeiro instalou-se e tratou
de bloquear o sistema. O sistema está bloqueado.
Ao contrário do que muitos julgam, o bom do Padre
Américo esteve longe de acabar com os malandros todos…
A juntar a tudo o que foi dito – que já não seria pouco – os
partidos políticos iniciais, passaram do nacionalismo para o
internacionalismo – os partidos comunistas eram até, sem
excepção, correias de transmissão do Partido Comunista da
URSS! 7– e do internacionalismo para o domínio de
organizações de poder financeiro e político sem rosto, que
já chegam ao ponto de recrutar, empregar, “formar” e
inocular, quem lhes interessa nos partidos, parlamentos e
governos.
Ou seja os Partidos Políticos deixaram de ter seja o que for,
com Patriotismo. 7 Até o Mao Zedong se zangar com os soviéticos…
25
São pois tumores malignos no seio da Nação.
Quem tem cancro é melhor tratar de acabar com ele, senão
já sabe o que lhe acontece.
Os cidadãos têm que se mobilizar para alterar este estado
de coisas de modo a que possamos evoluir para algo melhor
e que se adapte à índole portuguesa, de preferência sem
termos de passar por revoluções sempre dolorosas e de
custos altíssimos.
Sem embargo terão que ocorrer rupturas.
E a Ciência Política tem que sair do marasmo em que se
encontra e procurar alternativas melhores.8
Parafraseando o Almada Negreiros, ABAIXO OS
PARTIDOS. PIM!9
Na campa dos partidos poderia então ler-se como epitáfio:
“Andaram por cá e não deixaram saudades.
Repousem no Purgatório eternamente (nem o diabo os
quer).
A Nação aliviada.
A Pátria, nada lhes deve.”
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
8 Teremos que voltar a estes assuntos, em tempo.
9 Manifesto anti Dantas.
26
ANEXO: LISTA DE PARTIDOS POLÍTICOS EM
PORTUGAL
Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante o
“primeiro” Liberalismo – 1822-1834
Cartistas – de tendência conservadora, predecessores
do Partido Regenerador;
Vintistas – de tendência radical, a partir de 1836
chamados Setembristas (devido à revolução de
Setembro) ou Arsenalistas, e designados, em 1842
como Progressistas.
Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante a
Monarquia Constitucional
Partido Regenerador (1851)
Partido Regenerador Liberal (Partido Franquista,
1903)
Partido Nacionalista (1903)
Partido Progressista (1842), designado Partido
Progressista Histórico (ou apenas Partido Histórico,
em 1852)
Partido Reformista (1862)
Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante a I
República
27
Acção Realista Portuguesa
Centro Académico da Democracia-Cristã (do qual
foram membros Oliveira Salazar e Manuel Gonçalves
Cerejeira)
Centro Católico Português
Cruzada Nun’Álvares
Integralismo Lusitano
PCP – Partido comunista Português – fundado em 6 de
Março de 1921
Partido Nacional Republicano (“Partido Sidonista”)
PRP – Partido Republicano Português, que originou
várias divisões:
- Partido Democrático
- Partido Republicano da Esquerda Democrática
- Partido Reformista
- Partido da União Republicana (União Republicana
ou Partido Unionista)
- Partido Republicano Evolucionista (Partido
Evolucionista)
- Partido Centrista Republicano
- Partido Popular
- Partido Radical
- Partido Liberal Republicano (reunião de
evolucionistas e unionistas)
- União Liberal republicana
- Partido Republicano da Reconstituição Nacional
(Partido Reconstituinte)
- Partido Republicano Nacionalista (reunião de
liberais, Reconstituintes e sidonistas)
Partido Socialista Português
28
União Católica
União Cívica (grupo da Seara Nova)
Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante o
Estado Novo
Legião Vermelha - (1919)
PCP - Partido Comunista Português, na
clandestinidade (1921)
UNR – União nacional Republicana (1927)
LDR – Liga de Defesa da República (Liga de Paris)
(1927)
Liga 28 de Maio – (1927)
ALP – Aliança Libertária Portuguesa (1931)
ARS – Aliança Republicana e socialista (1931)
FARP – Federação Anarquista da Região Portuguesa
(1932)
UN – União Nacional (1932-1969), partido único do
regime salazarista, fundado em 1932, e que em 1969
seria designado ANP
MNS – Movimento Nacional Sindicalista (1933)
PSI – Partido Socialista Independente (1943)
MUNAF – Movimento de Unidade Nacional Anti -
Fascista (1943)
NS – Nacional Sindicalistas (1943)
US – União Socialista (1944)
GAC – Grupos Anti - Fascistas de Combate (1944)
MUD – Movimento de Unidade Democrática (1945)
PT – Partido Trabalhista (1945)
JSP – Juventude Socialista Portuguesa (1946)
29
AS – Aliança Socialista (1949)
MND – Movimento Nacional Democrático (1950)
FSU – Frente Socialista Unificada (1952)
FS – Frente Socialista /1952)
RRS – Resistência Republicana e Socialista, grupo
liderado por Mário Soares (1953)
ADS – Acção Democrática Social (1956)
PPM – Partido Popular Monárquico (1957)
FN – Frente Nacional (1959)
FPLN – Frente Patriótica de Libertação Nacional
(1962)
JRP – Junta Revolucionária Portuguesa (1962),
presidida pelo General Humberto Delgado
FAP – Frente de Acção Popular e Antifascista (1963)
CM-LP – Comité Marxista-Leninista Português
(1964)
MAR – Movimento de Acção Revolucionária (1964)
MMI – Movimento Monárquico Independente (1965)
LUAR – Liga de Unidade e Acção Revolucionária
(1967)
Ala Liberal – deputados eleitos nas listas da ANP,
que pretendia reformar internamente o regime (1969)
MOD – Movimento de Oposição Democrática (1968)
ANP – Acção Nacional Popular (1969), extinta após o
25 de Abril de 1974
CDE – Comissão Democrática Eleitoral (1969)
CCRM-L – Comités Comunistas Revolucionários
Marxistas-Leninistas (1970)
30
ARA – Acção Revolucionária Armada (1970), criada
pelo PCP para luta armada contra o regime
BR – Brigadas Revolucionárias (1970)
PCP (M-L) – Partido Comunista de Portugal
(Marxista-Leninista) (1970)
MRPP – Movimento Reorganizativo do Proletariado
(1970)
MJD – Movimento da Juventude Democrática (1970)
URML – Unidade Revolucionária Marxista -
Leninista (1971)
MDE – Movimento Democrático Estudantil (1971)
CLAC – Comités de Luta Anti - Colonial e Anti-
Imperialista (1972)
FEM-L – Federação dos Estudantes Marxistas-
Leninistas (1972)
PRP-BR – Partido Revolucionário do Proletariado
(1973) – passa a integrar as Brigadas Revolucionárias
(BR)
PS- Partido Socialista (1973)
LCI – Liga Comunista Internacionalista (1973)
CNSPP – Comissão Nacional de socorro aos Presos
Políticos (1973)
CBS – Comissões de Base Socialistas (1973)
Lista de Partidos e Coligações extintas na III República
Esta lista apresenta os partidos que já foram reconhecidos
pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal
Constitucional mas que já não existem ou cessaram a sua
actividade
31
“Esquerda”
AOC – Aliança Operária Camponesa
FEC (m-l) – Frente Eleitoral dos Comunistas
(marxistas-leninistas) (Em 1976 altera a sua
designação e sigla para OCMLP)
FER – Frente da Esquerda Revolucionária (Criado em
1989, proveniente da alteração da denominação da
LST)
FSP – Frente Socialista Popular (Integrou a coligação
FEPU com o PCP e o MDP)
FUP – Força de Unidade Popular (Inscrito em 1980,
nunca concorreu a eleições)
GDUP’s – Grupos Dinamizadores de Unidade Popular
(Inscrito em 1976, concorreu somente às eleições
autárquicas de 1976)
LCI – Liga Comunista Internacionalista (Em 1979
funde-se com o PRT no PSR)
LST – Liga Socialista dos Trabalhadores (Inscrito em
1983; em 1989, alterou a sua denominação para FER)
MDP/CDE – Movimento Democrático
Português/Comissões Democráticas Eleitorais
(Plataforma de antifascistas antes do 25 de Abril, mais
tarde tornou-se um partido e concorreu sozinho ou
coligado com o PCP por diversas vezes)
MES – Movimento de Esquerda Socialista
MUT – Movimento para a Unidade dos Trabalhadores
(Surge em 1974, da alteração da denominação do
32
POUS. Concorreu às legislativas de 1995. Em 1999
retomou a denominação original POUS)
OCMLP – Organização Comunista Marxista-
Leninista Portuguesa
PCP (m-l) – Partido Comunista de Portugal (marxista-
leninista)
PC (R) - Partido Comunista (Reconstruído)
PRT – Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Em
1979 funde-se com a LCI no PSR)
PSR – Partido Socialista Revolucionário
PST – Partido Socialista dos Trabalhadores (Inscrito
em 1980)
PT – Partido Trabalhista (Criado em 1979, resultante
da alteração da denominação da AOC)
PUP – Partido de Unidade Popular
PXXI – Política XXI
UDP – União Democrática Popular
“Centro-Esquerda”
ASDI – Acção Social-democrata Independente
(Concorreu em 1979 e 1980 em coligação com o PS)
CDM – Centro Democrático de Macau
MD – Movimento pelo Doente (Nunca concorreu a
eleições)
PRD – Partido Renovador Democrático
PSN – Partido da Solidariedade nacional
UEDS – União da Esquerda para a Democracia
socialista
33
“Centro”
MEP – Movimento Esperança Portugal
“Centro-Direita”
ADIM- Associação para a Defesa dos Interesses de
Macau
PG – Partido da Gente
PPR – Partido Português da Regiões (Nunca
concorreu a eleições)
MMS – Movimento Mérito e Sociedade (Em 2011
alterou a sua designação para Partido Liberal-
Democrata)
“Direita”
FN – Frente Nacional (1980)
MIRN/PDP – Movimento Independente para a
Reconstrução Nacional / Partido da Direita Portuguesa
PDC – Partido da Democracia Cristã
Coligações
AD – Aliança Democrática – (Coligação entre o
PPD/PSD, o CDS e o PPM)
APU – Aliança Povo Unido (Coligação entre o PCO e
o MDP)
FEPU – Frente Eleitoral Povo Unido (Coligação entre
o PCP, o MDP e a FSP)
34
FRS – Frente Republicana e Socialista (Coligação
entre o PS, a ASDI e a UEDS; concorreu em 1980)
MPT-P.H. – FEH – Frente Ecologia e Humanismo
Outras Organizações da III República
FN – Frente Nacional
LUAR – Liga de Unidade e Acção Revolucionária
(1967)
PRP-BR – Partido Revolucionário do Proletariado
(1973)
FLA – Frente de Libertação dos Açores (1974)
FLAMA – Frente de Libertação do Arquipélago da
madeira (1974)
PL – Partido Liberal (1974)
ELP – Exército de Libertação de Portugal (1975)
MDLP – Movimento Democrático de Libertação de
Portugal (1975)
SUV – Soldados Unidos Vencerão (1975)
ID – Associação de Intervenção Democrática (1987)
Plataforma de Esquerda (1992)
Ruptura/FER (2000)
MLS – Movimento Liberal Social (2005)
MIC – Movimento de Intervenção e Cidadania (2006)
MAS – Movimento Alternativa socialista (2012)
Lista de Partidos e Coligações Activas.
35
Esta lista apresenta todos os partidos existentes
reconhecidos pelo Tribunal Constitucional
Com representação parlamentar na legislatura 2011-
2015
B.E. – Bloco de Esquerda – Fundado em 1998 depois
da fusão entre o Partido socialista Revolucionário
(PSR) (trotskista), União Democrática Popular (UDP)
(marxista-leninista), o Política XXI (PXXI) (marxista-
leninista) e a Frente de Esquerda Revolucionária
(Ruptura/FER) (trotskista).
PCP – Partido Comunista Português – Fundado em
1921, é o partido mais antigo e com a história mais
longa.
PEV – Partido Ecologista “Os Verdes” – Fundado em
1982, concorreu sempre em coligação com o PCP na
Coligação Democrática Unitária.
PS – Partido Socialista – Fundado em 1973, á
semelhança do Partido Social Democrata, é um partido
de tradição social-democrata em Portugal.
PPD/PSD – Partido Social Democrata – Fundado em
1974 por um grupo de deputados afectos à “Ala Liberal”
da Assembleia Nacional.
CDS-PP – CDS – Partido Popular – Fundado em
1974, o CDS é o partido mais à direita do Parlamento
36
embora a sua declaração de princípios declare que a
sua ideologia é Centrista, uma vez que não acredita no
Marxismo ou no Fascismo.
Partidos sem Representação Parlamentar
“Extrema-Esquerda”
PCTP/MRPP – Partido Comunista dos Trabalhadores
Portugueses
POUS – Partido Operário de Unidade socialista
MAS – Movimento Alternativa Socialista
“Esquerda”
L – LIVRE
PAN – Partido pelos Animais e pela Natureza
P.H. – Partido Humanista
“Centro-Esquerda”
PTP – Partido Trabalhista Português
PDA – Partido Democrático do Atlântico
“Centro”
MPT – Partido da Terra
“Centro-Direita”