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Partilhando Nossa Fé MAI/2012 – ANO 01 – ED. 03 OS FUNDAMENTALISTAS DO PALÁCIO “Se nem a presença de uma menina anencéfala de dois anos de idade, levada pela mãe diante dos olhos dos Ministros do Supremo, foi suficiente para demonstrar a inconsistência de tudo que ali se afirmava, então definitivamente aquela corte é um hospício.” Eric Voegelin chama de fundamentalista a pessoa que acredita em frases independentemente de seu significado. Quem acompanhou o debate no Supremo Tribunal Federal a respeito do aborto de bebês anencéfalos assistiu a um verdadeiro conclave de fundamentalistas. Era visível – irritante, eu diria – o esforço para criar uma realidade jurídica que, à evidência, era ficta, ou, valendo-me de outra expressão de Eric Voeglin, era uma “segunda realidade” (um “mundo como ideia”, diria o poeta Bruno Tolentino). Tome-se a palavra feto, por exemplo. No vocabulário dos fundamentalistas do Palácio, essa palavra designa algo que se desenvolve no ventre de uma mulher e que, a depender da lúcida compreensão de conspícuos magistrados, será chamado de “pessoa” quando vier à luz, especialmente se o for de modo saudável. Nessa perspectiva, a palavra aborto ganha especial significado no vocabulário fundamentalista. A interrupção da gestação de um feto, que, por qualquer razão, os fundamentalistas do Palácio consideram não merecer a designação de pessoa, chama-se “antecipação terapêutica do parto”. Sobre o ser pessoa, então, os fundamentalistas dispõem de um arsenal de definições, todas muito bem exemplificadas do ponto de vista do direito patrimonial; sempre, porém, com aquela ressalva expressa de que o nascituro, para ser pessoa, precisa vir à luz com “vida”: precisa deixar de ser alguma coisa no ventre da mãe. Mas nem só de desconstruir o sentido das palavras vivem os fundamentalistas do Palácio. Eles cultivam, com igual afã, a nobre arte de esvaziar o sentido das palavras, relativizando-as a ponto de já não significarem nada; ali permanecem moribundas, um flatus vocis. Refiro-me, especialmente, ao vocábulo composto “ser humano”, praticamente caído em desuso, feito arcaísmo. Modernamente, o vocábulo correto seria pessoa, ou seja, coisa que, saída do útero de mulher de modo saudável, tornou-se “alguém”. E nem se diga sobre o destino de palavras como “fé”, “Deus”, “Cristo”, “caridade”, “vida”... Ah, sim!, os fundamentalistas são kantianos: de um lado a razão (a ciência, o racional, a objetividade), de outro a fé (a superstição, o irracional, o puramente subjetivo). Não é preciso dizer que, nesse particular, o argumento dos fundamentalistas beira ao deboche: “O Estado é laico!”, bradou aquele relator de pronúncia amaneirada. Por Deus! Do que esse homem estava falando? Quem é esse Estado que é laico? Quem é esse Estado senão o conjunto de seres humanos nascidos de mulher, feitos à imagem do Criador? Que é a vida humana senão o sopro do Criador? O sopro do Criador é a centelha divina sem a qual somos apenas pó, sopro esse que se renova todas as vezes que o milagre da vida acontece, exatamente no instante em que, no ventre da mulher, o espermatozoide fecunda o óvulo. Isso é a realidade. Isso era o único fato objetivo sobre o qual deveriam decidir, mas que os fundamentalistas, porque habitam uma segunda realidade, desprezaram: os fundamentalistas são cegos por opção. E quando o debate público já não encontra fundamento na realidade, quando a discussão não passa de mero produto verbal sem contato com o chão duro da experiência concreta, entramos no reino da loucura, onde tudo conta, menos o real. Se nem a presença de uma menina anencéfala de dois anos de idade, levada pela mãe diante dos olhos dos Ministros do Supremo, foi suficiente para demonstrar a inconsistência de tudo que ali se afirmava, então definitivamente aquela corte é um hospício.

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Aborto! Direito à Vida! STF!

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MAI/2012 – ANO 01 – ED. 03

OS FUNDAMENTALISTAS DO PALÁCIO

“Se nem a presença de uma menina anencéfala de dois anos de idade, levada pela mãe diante dos olhos dos Ministros do Supremo, foi suficiente para demonstrar a inconsistência de tudo que ali se afirmava, então definitivamente aquela corte

é um hospício.”

Eric Voegelin chama de fundamentalista a pessoa que acredita em frases independentemente de seu significado. Quem acompanhou o debate no Supremo Tribunal Federal a respeito do aborto de bebês anencéfalos assistiu a um verdadeiro conclave de fundamentalistas. Era visível – irritante, eu diria – o esforço para criar uma realidade jurídica que, à evidência, era ficta, ou, valendo-me de outra expressão de Eric Voeglin, era uma “segunda realidade” (um “mundo como ideia”, diria o poeta Bruno Tolentino).

Tome-se a palavra feto, por exemplo. No vocabulário dos fundamentalistas do Palácio, essa palavra designa algo que se desenvolve no ventre de uma mulher e que, a depender da lúcida compreensão de conspícuos magistrados, será chamado de “pessoa” quando vier à luz, especialmente se o for de modo saudável.

Nessa perspectiva, a palavra aborto ganha especial significado no vocabulário fundamentalista. A interrupção da gestação de um feto, que, por qualquer razão, os fundamentalistas do Palácio consideram não merecer a designação de pessoa, chama-se “antecipação terapêutica do parto”. Sobre o ser pessoa, então, os fundamentalistas dispõem de um arsenal de definições, todas muito bem exemplificadas do ponto de vista do direito patrimonial; sempre, porém, com aquela ressalva expressa de que o nascituro, para ser pessoa, precisa vir à luz com “vida”: precisa deixar de ser alguma coisa no ventre da mãe.

Mas nem só de desconstruir o sentido das palavras vivem os fundamentalistas do Palácio. Eles cultivam, com igual afã, a nobre arte de esvaziar o sentido das palavras, relativizando-as a ponto de já não significarem nada; ali permanecem moribundas, um flatus vocis. Refiro-me, especialmente, ao vocábulo composto “ser humano”, praticamente caído em desuso, feito arcaísmo. Modernamente, o vocábulo correto seria pessoa, ou seja, coisa que, saída do útero de mulher de modo saudável, tornou-se “alguém”.E nem se diga sobre o destino de palavras como “fé”, “Deus”, “Cristo”, “caridade”, “vida”... Ah, sim!, os fundamentalistas são kantianos: de um lado a razão (a ciência, o racional, a objetividade), de outro a fé (a superstição, o irracional, o puramente subjetivo). Não é preciso dizer que, nesse particular, o argumento dos fundamentalistas beira ao deboche: “O Estado é laico!”, bradou aquele relator de pronúncia amaneirada. Por Deus!

Do que esse homem estava falando? Quem é esse Estado que é laico? Quem é esse Estado senão o conjunto de seres humanos nascidos de mulher, feitos à imagem do Criador? Que é a vida humana senão o sopro do Criador?

O sopro do Criador é a centelha divina sem a qual somos apenas pó, sopro esse que se renova todas as vezes que o milagre da vida acontece, exatamente no instante em que, no ventre da mulher, o espermatozoide fecunda o óvulo. Isso é a realidade. Isso era o único fato objetivo sobre o qual deveriam decidir, mas que os fundamentalistas, porque habitam uma segunda realidade, desprezaram: os fundamentalistas são cegos por opção.E quando o debate público já não encontra fundamento na realidade, quando a discussão não passa de mero produto verbal sem contato com o chão duro da experiência concreta, entramos no reino da loucura, onde tudo conta, menos o real. Se nem a presença de uma menina anencéfala de dois anos de idade, levada pela mãe diante dos olhos dos Ministros do Supremo, foi suficiente para demonstrar a inconsistência de tudo que ali se afirmava, então definitivamente aquela corte é um hospício.

Márcio Luís Chila Freyesleben é procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais.

www.midiasemmascara.org

DANILO CORTEZ GOMES

ANDERSON DINIZ BRITO DE AZEVEDO PETTERSON JOSÉ

DOS S. DANTAS

DAS OBRIGAÇÕES DE TODOS OS FIÉIS “De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, tem o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião

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sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, dêem a conhecer

essa sua opinião também aos outros fiéis.” (Cân. 212 §3, do Código de Direito Canônico)

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ESCOLHE, POIS A VIDA! ESCOLHE, POIS A VIDA!(Dt 30,19) (Dt 30,19)

Como todos já sabem, o Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54/DF. Foi um julgamento polêmico e marcado por profundas reflexões, seja dos cientistas do direito, seja dos fiéis cristãos.

Não pretendo, neste simples artigo, esgotar o assunto, mesmo porque me falta capacidade técnica e espaço para tanto. Objetivo simplesmente expor algumas poucas reflexões que me despertaram o interesse jurídico e religioso, sobre as quais não vi nenhuma menção nos meios de massa. Nesse intuito, consultei o sítio eletrônico do STF, na seção dos informativos semanais, e alguns votos divulgados na rede mundial de computadores. Ressalvo, em tempo, que não citarei os nomes dos ministros, haja vista não haver qualquer intenção em ferir a imagem de qualquer deles.

O julgamento teve início com um argumento bastante característico dos cientistas modernos: o de afastar a influência religiosa do julgamento. Transcrevo-o, integralmente: “A questão posta neste processo – inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual configura crime a interrupção de gravidez de feto anencéfalo – não pode ser examinada sob os influxos de orientações morais religiosas. Essa premissa é essencial à análise da controvérsia. Isso não quer dizer, porém, que a oitiva de entidades religiosas tenha sido em vão. Como bem enfatizado no parecer da Procuradoria Geral da República relativamente ao mérito desta arguição de descumprimento de preceito fundamental, “numa democracia, não é legítimo excluir qualquer ator da arena de definição do sentido da Constituição. Contudo, para tornarem-se aceitáveis no debate jurídico, os argumentos provenientes dos grupos religiosos devem ser devidamente ‘traduzidos’ em termos de razões públicas” (folhas 1026 e 1027), ou seja, os argumentos devem ser expostos em termos cuja adesão independa dessa ou daquela crença”. (grifo nosso).

Percebam as intenções do julgador. Primeiro, liberta-se o Estado de qualquer amarra religiosa, declarando-o livre para analisar imparcialmente a lide

proposta. O problema é que tal sistemática só possui aplicação naqueles julgamentos a respeito de demandas econômicas, eleitorais, trabalhistas, etc. Em causas que envolvem os chamados direitos de estado da pessoa humana, torna-se impossível o afastamento das convicções pessoais, filosóficas e religiosas dos julgadores. Isso porque, estes também são seres humanos e a sua atividade julgadora depende diretamente de todos os elementos que compõem a sua formação humanística.

Logo, é totalmente vã a tentativa de afastar a religiosidade do ser humano, pois essa é uma característica intrínseca da pessoa humana, como bem expõe o Catecismo da Igreja Católica: “O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso... De muitos modos, na sua história e até hoje, os homens exprimiram a sua busca de Deus em crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc.). Apesar das ambiguidades de que podem enfermar, estas formas de expressão são tão universais que bem podemos chamar ao homem um ser religioso: 'Deus «criou de um só homem todo o gênero humano, para habitar sobre a superfície da terra, e fixou períodos determinados e os limites da sua habitação, para que os homens procurassem a Deus e se esforçassem realmente por O atingir e encontrar. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós. É n'Ele que vivemos, nos movemos e existimos» (Act 17, 26-28)'.(Números 27 e 28).

O segundo argumento é o de que os grupos religiosos devem traduzir suas convicções em forma de razões públicas, cujos termos impliquem em adesão independente dessa ou daquela crença. Ou seja, pede-se que a Igreja se expresse

somente em termos “científicos”, cuja aceitação seja destituída de dependência com a fé. Ressalte-se aqui, segundo minha humilde opinião e a de muitos juristas, a exemplo dos dois ministros que julgaram contra a ADPF 54/DF, que é perfeitamente possível, com a legislação vigente, rebater juridicamente todos os argumentos formulados por aqueles que julgaram procedente o pedido.

Todavia, enveredar por este caminho pode ser inócuo a longo prazo, pois uma simples modificação do texto constitucional ou da legislação infraconstitucional poderia ensejar a perda de eficácia dos fundamentos exclusivamente jurídicos eventualmente adotados pela Igreja.

Por esses motivos, como a Igreja trabalha sob uma perspectiva da verdade plena e absoluta revelada, deve alicerçar suas exortações em fundamentos de fé e de razão, validada esta última pelo senso de Justiça Natural inerente à consciência da humanidade.

Continua na página 3

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FOTOS , FATOS E PENSAMENTOS

Elba Ramalho, rezando em

Frente ao STF

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ANO 01 – MAI/2012 PARTILHANDO NOSSA FÉ ED. 03 – PÁG. 3

ESCOLHE, POIS A VIDA! ESCOLHE, POIS A VIDA!(Dt 30,19) (Dt 30,19)

Observe-se o formidável prólogo da Carta Encíclica Fides et Ratio do beato João Paulo II: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que

as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a

contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2)”.

Por fim, evitando que o texto se torne entedioso, menciono só mais outro grande artifício da engenharia do pensamento humano quando precisa se posicionar diante de impasses ligados a sua existência. Tanto no presente julgamento, quanto naquele referente às pesquisas com células tronco embrionárias, os magistrados buscaram a relativização do valor da vida. Explico. Foi defendido que a vida, para extrair da Constituição a garantia de sua proteção suprema, precisa preencher uma série de requisitos, os quais, a cada decisão polêmica, vão crescendo em número e complexidade.

A Igreja de Cristo, em contrapartida, apesar de se compadecer do sofrimento das gestantes de crianças anencéfalas, tem o dever inalienável de proteger a vida em q ualquer condição. Mais uma vez, exponho os ensinamentos do beato João Paulo II, desta vez contidas na encíclica Evangelium Vitae. Segundo o referido documento, o homem é chamado a uma plenitude de vida que se estende muito além das dimensões da sua existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus. Aduz que a vida terrena não é realidade última, mas

penúltima, tratando-se, em todo o caso, de uma realidade sagrada confiada para a guardarmos com sentido de responsabilidade e levarmos à perfeição no amor pelo dom de nós mesmos a Deus e aos irmãos.

A Igreja defende, conforme a mesma encíclica, que “Mesmo por entre dificuldades e incertezas, todo o homem sinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz da razão e com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer, na lei natural inscrita no coração (cf. Rm 2, 14-15), o valor sagrado da vida humana desde o seu início até ao seu termo, e afirmar o direito que todo o ser humano tem de ver plenamente respeitado este seu bem primário.”.

O Sagrado Magistério continua ensinando que por causa do mistério do Verbo de Deus feito carne, cada homem está confiado à solicitude materna da Igreja. Desse modo, qualquer ameaça à dignidade e à vida humana repercute no coração da própria Igreja. É impossível não A tocar no centro da sua fé na encarnação redentora do Filho de Deus. Não pode passar, também, sem A interpelar na sua missão de anunciar o Evangelho da vida pelo mundo inteiro a toda a criatura.

Por essa razão, a Igreja Católica continuará a se posicionar absolutamente contrária a qualquer tentativa de relativizar ou suprimir o direito à vida, independentemente da sua duração ou viabilidade.

Profeticamente, o Sumo Pontífice anterior, ao introduzir a encíclica envangelium vitae, previu: “Infelizmente, este panorama inquietante, longe de diminuir, tem vindo a dilatar-se: com as perspectivas abertas pelo progresso científico e tecnológico, nascem outras formas de atentados à dignidade do ser humano, enquanto se delineia e consolida uma nova situação cultural que dá aos crimes contra a vida um aspecto inédito e — se é possível — ainda mais iníquo,

suscitando novas e graves preocupações: amplos sectores da opinião pública justificam alguns crimes contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual e, sobre tal pressuposto, pretendem não só a sua impunidade mas ainda a própria autorização da parte do Estado para os praticar com absoluta liberdade e, mais, com a colaboração gratuita dos Serviços de Saúde”.

Diante desse quadro alarmante, os cristãos devem depositar seu desespero na promessa feita por Jesus Cristo: o Paráclito não abandonará jamais a sua Igreja. As mães que desejarem alcançar a plenitude do

significado da maternidade que lhe foi confiada, seja de crianças saudáveis ou acometidas de doenças físicas ou cerebrais gravíssimas, devem se espelhar na Santa Virgem Maria, aderindo livremente à missão

da Igreja em pregar o evangelho da vida para toda a humanidade.

São incontáveis e insondáveis os benefícios que a gestação de uma criança anencéfala pode trazer para o seio da família que a acolhe. Todos os parentes, em especial os pais, são convidados a experimentarem uma perspectiva superior do significado da vida. Se bem entendida, poderá ser uma ocasião de reunião e reflexão fecundas para a conversão de todos.

Ademais, quando se reflete sobre a eternidade de Deus, em sua dimensão temporal, é preciso ressaltar que inexiste diferença de valor da vida de um ser anencéfalo e de uma pessoa sem tal característica.

Concluindo, o livre sofrimento destas mães, assim como o dos justos e santos, não será esquecido jamais por Deus, nem muito menos destituído de eficácia. Pelo contrário, servirá para engrandecer o tesouro que a Igreja preserva desde seu nascimento para entregá-lo ao Pai de Infinita Bondade.

ANDERSON AZEVEDO

FOTOS , FATOS E PENSAMENTOS

Grupo de ABORTISTAS, comemorando a aprovação do “direito” de MATAR

CRIANÇAS

Grupo de Brasileiros – Católicos, Protestantes, Espíritas e Ateus – em vigília no STF, defendendo a VIDA.

“Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à

liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade”

Art. 5° da Constituição

Federal, rasgada

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A TARTARUGA E O BEBÊ: A BANALIZAÇÃO DA VIDA HUMANA Grupos feministas espalhados

pelo país e ONG´s financiadas por órgãos internacionais, aliadas a partidos políticos que tem como ideologia resoluções imorais e contrárias a fé cristã, infelizmente são “peças-chave” na tentativa de legalizar a prática abortiva no Brasil. Não se surpreenda com algumas informações aqui detalhadas resumidamente, a saber: a LEGALIZAÇÃO DO ABORTO está na mira desses indivíduos que não tem respeito pela vida humana! E mais: a grande maioria dos brasileiros, dos cristãos, dos homens e mulheres de bem, estão à mercê e alheios a essas tentativas contínuas por parte desses grupos abortistas.

É fato: caso não haja uma mudança significativa na agenda nacional relacionada ao aborto, corremos o risco de ter os nossos impostos financiando o ASSASSINATO de vidas humanas. A questão central não é apenas a utilização de dinheiro público para tal ato insano, mas a natureza em si do ato que é abominável e inadmissível! Os jargões governistas e lobistas bradam: “Aborto é questão de saúde pública”; “As mulheres tem direito sobre seus corpos”; dentre outros mais. Ora, e as crianças não possuem o direito à vida? Por acaso esse já não é uma garantia disposta no Art. 5º da Constituição Federal?

A verdade é que os que são a favor do aborto estão buscando formas mais sutis de tornar possível essa barbárie, esse infanticídio. Chego a pensar em alguns momentos que um dos lugares mais perigosos para um ser humano atualmente seja na barriga de sua mãe, não acham? É assim que muitos dos nossos “representantes” tem tratado o direito à vida, isto é, como um objeto. Para se ter ideia, observem a declaração feita pela Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres – Eleonora Manicucci: “Como sanitarista, tenho que dizer que o aborto é uma questão de saúde pública, não de ideologia, assim como o crack, a dengue e o HIV”.

Percebam!!! A vida humana é lançada no mesmo patamar do problema das drogas... Não que os dependentes químicos não precisem de assistência, mas o valor da vida é INEGOCIÁVEL. A mesma ministra ainda criticou os médicos que atualmente não praticam o aborto nos casos de estupro e risco de vida para mulher, quando se salvaguardam pela objeção de consciência.

Como o Governo afirma ao povo brasileiro que não é a favor do aborto, mas nomeia uma cidadã como esta para atuar na gestão de políticas públicas? Incoerência? A meu ver não, mas estratégia leviana e mentirosa para enganar os brasileiros de boa vontade. Nesse país, trata-se como criminoso alguém que mata uma tartaruga (veja o projeto TAMAR), e dou minha adesão à proteção da natureza, todavia, a prática abortiva é tida como normal, como questão de saúde pública? Certas coisas não nos permitem ficar de braços cruzados.

Nessa perspectiva terrível, tramita no Senado Federal o projeto elaborado por uma Comissão de Juristas que trata da Revisão do

Código Penal, e algumas dessas propostas são no intuito de LEGALIZAR O ABORTO no Brasil, ampliando as possibilidades de descriminalização (termo jurídico utilizado, mas que na prática pode ser traduzido por legalização), tais como: a) gravidez em caso do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida; b) anencefalia comprovada ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em casos atestados em dois meses; c) por vontade da gestante até a 12ª semana de gravidez, se o médico ou o psicólogo atestar que a mulher não apresenta condições de arcar com a maternidade.

Vejam as barbaridades! No item “b”, o processo de eugenia já começa a se tornar uma possível realidade no Brasil; e no item “c”, o fator subjetivo prevalece, ou seja, tem algo mais “vago e subjetivo” que um atestado médico/psicólogo para afirmar ou não que uma mulher tem condições de ser mãe? Além do mais, essa revisão do código penal prevê penas mais

brandas do que o homicídio em geral para os casos de eutanásia.

Sobre esse assunto diz o Catecismo da Igreja no parágrafo 2277: “Sejam quais forem os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inadmissível”.

Em relação ao aborto, “a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecido os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida (...). O inalienável direito à vida de todo indivíduo

humano inocente é um elemento constitutivo da sociedade civil e de sua legislação: Os direitos inalienáveis da pessoa devem ser reconhecidos e respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 2270).Mas o que fazer diante dessas atrocidades que estão sendo disseminadas em nosso país?

Cabe a nós cidadãos denunciarmos tais projetos e lutarmos para que estes não sejam aprovados. Envie mensagens para os nossos representantes (deputados e senadores), seja um defensor da vida na sua casa, na rua em que reside, no grupo de que participa... De forma particular me dirijo aos formadores de

opinião – mídia, líderes comunitários e religiosos, pais e mães, conselhos instituídos, dentre outros – para que extirpem os discursos meramente superficiais e em alguns casos inexistentes sobre um assunto tão grave e urgente.

O povo precisa de melhores informações, haja vista que estas não chegam a muitos. Você que se diz cristão, está mais do que na hora de anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, Daquele que veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10). Sejamos profetas dos tempos modernos! Será que vamos esperar as “pedras falarem”? Que Deus não permita isso! O aborto provocado é e continuará sendo um CRIME BÁRBARO, UM ASSASSINATO. Diga sim a vida, não colabore com a cultura de morte!

DANILO CORTEZ GOMES

SÉRIE: “MITOS LITÚRGICOS”Mito 3: "A Adoração da Eucaristia fora da Missa é ultrapassada!"Resposta: Não é! O Santo Padre Bento XVI afirma (Sacramentum Caritatis, n. 66-67):"De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. Precisamente assim, e

Grupo de ABORTISTAS, comemorando a aprovação do “direito” de MATAR

CRIANÇAS

Grupo de Brasileiros – Católicos, Protestantes, Espíritas e Ateus – em vigília no STF, defendendo a VIDA.

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apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. (...) Juntamente com a assembleia sinodal, recomendo, pois, vivamente aos pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária. Para isso, será de grande proveito uma catequese específica na qual se explique aos fiéis a importância deste ato de culto que permite viver, mais profundamente e com maior fruto, a própria celebração litúrgica. Depois, na medida do possível e sobretudo nos centros mais populosos, será conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam reservar propositadamente para a adoração perpétua. Além disso, recomendo que na formação catequética, particularmente nos itinerários de preparação para a Primeira Comunhão, se iniciem as crianças no sentido e na beleza de demorar-se na companhia de Jesus, cultivando o enlevo pela sua presença na Eucaristia."

Autor: Francisco Dockhorn - http://www.salvemaliturgia.com