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Cip2
Índice
Glossário de abreviaturas 3
Sumário Executivo 4
1. Introdução 14
2. Caracterização Registo e manutenção de patentes 15
3. Avaliação do Impacto Patente Europeia com Efeito Unitário 36
4. Conclusões 63
Anexo 1 Bases de dados e ferramentas de tradução 67
Anexo 2 Avaliação do impacto: cálculos auxiliares 72
Anexo 3 Entrevistas realizadas 82
Anexo 4 Bibliografia 84
Anexo 5 Dados estatísticos IEP 86
3
CAE Classificação de Actividades Económicas
CPE Convenção sobre a Patente Europeia
CPC Classificação Cooperativa de Patente (Patent Classification Cooperative)
IEP Instituto Europeu de Patentes (European Patent Office)
I&I&D Inovação, Investigação e Desenvolvimento
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial
IPC Classificação Internacional de Patente (International Patent Classification)
EMC Estados-Membros Contratantes
OE Orçamento do Estado
OEP Organização Europeia de Patentes
WIPO Organização Mundial da Propriedade Intelectual (World Intellectual Property Organization)
PCT Tratado de cooperação em matéria de patentes (Patent Cooperation Treaty)
PE Patente europeia
PEU Patente europeia com efeito unitário
PIB Produto Interno Bruto
PME Pequenas e Médias Empresas
TJEU Tribunal de Justiça da União Europeia
TUP Tribunal Unificado de Patentes
UE União Europeia
UPD Unidades de Pesquisa e Desenvolvimento
Glossário de abreviaturas
4
A Deloitte, a pedido da Confederação Empresarial de
Portugal (CIP), elaborou o presente estudo com vista à
avaliação do impacto da introdução da patente europeia
com efeito unitário (PEU) e da implementação do Tribunal
Unificado de Patentes (TUP) nas empresas portuguesas.
De salientar que a introdução da PEU é complementar às
soluções de patenteamento atualmente disponíveis:
nacional, europeia e internacional. Nenhuma destas
soluções será descontinuada e continuarão todas a estar
disponíveis para as entidades que a elas queiram
recorrer.
Em 2013, as entidades portuguesas apresentaram um
total de 199 pedidos de registo de patente europeia, ocupando 36º lugar neste ranking. Este total de
pedidos de registo de patente europeia fica bastante aquém da média da UE (28), com 2.991 pedidos,
e muito aquém de países como a Alemanha (32.022), a França (12.417) e o Reino Unido (6.469). De
salientar que os primeiros lugares deste ranking são ocupados por países não europeus: os E.U.A
(64.967) e o Japão (52.437).
Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.
Se analisarmos as patentes europeias concedidas, Portugal ocupa a 46º posição do ranking mundial,
com apenas 26 patentes europeias
concedidas em 2013, muito distante da
média europeia (1.087) e ainda mais
distante das 13.425 concedidas a
entidades alemãs.
1 Espacenet Search results. Existem situações de patentes concedidas a parcerias entre duas entidades, por regra
empresas e Universidades, as quais são consideradas como uma entidade na nota de destaque. Das 26 patentes
europeias concedidas a entidades portuguesas, 4 foram concedidas a parcerias entre empresas e Universidades.
Apenas duas empresas nacionais têm duas patentes concedidas em 2013.
64.967
52.437
32.022
22.292 16.857
12.417
6.469 2.476 199
55.554
EstadosUnidos
(1º)
Japão (2º)
Alemanha(3º)
China(4º)
Repúblicada Coreia
(5º)
França(6º)
Reino Unido(9º)
Espanha(14º)
Portugal(36º)
Outros
Sumário Executivo
Os pedidos de patente europeia apresentados por entidades portuguesas representam menos de 0,1% do total de pedidos de patente europeia registados em 2013.
As 26 patentes europeias concedidas, em 2013, a entidades portuguesas foram concedidas a apenas 24 entidades1, das quais apenas 2 foram concedidas exclusivamente a Universidades.
Média UE (28): 2.991
5
Para estimar o impacto da introdução da PEU e da implementação do TUP, em Portugal, foram
definidas duas hipóteses de análise:
Patente Europeia com Efeito Unitário
A patente europeia com efeito unitário tem como elemento-chave diferenciador da solução de patente
europeia em vigor, o efeito automático que terá ao nível do território dos vários Estados-Membros
Contratantes (EMC), evitando o processo de validação individual nos vários países. Consideram-se
EMC os países que, além de assinarem a Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu2, de 10 de
março de 2011, que autoriza a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente
unitária, ratificarem o Acordo referente ao TUP.
Portugal assinou a referida Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu prevendo-se que a PEU seja
introduzida e produza efeito no território nacional, caso Portugal venha a ratificar o Acordo referente
ao TUP.
Aliás, dos 27 Estados-Membros da UE à data da
assinatura da referida decisão, apenas a Itália e a
Espanha não subscreveram a Decisão
2011/167/UE do Conselho Europeu e a Polónia e
Espanha não assinaram o Acordo referente ao
Tribunal Unificado de Patentes. Os seus territórios
estarão excluídos do efeito automático da
concessão de PEU. Nestes países, uma entidade
que pretenda registar uma patente terá de
continuar a recorrer à validação individual da
patente europeia tradicional ou recorrer às
respetivas soluções de patente nacional.
O organismo responsável por conceder as PEU é o
Instituto Europeu de Patentes (IEP) e o pedido de
PEU será apresentado numa das línguas oficiais
do IEP: inglês, francês ou alemão. Ao contrário da
patente europeia em vigor, não será necessário
entregar, nos países que o exigem, uma tradução
da descrição e das reivindicações da patente, após
a sua concessão, para que uma patente seja válida
num determinado EMC. O INPI, Instituto Nacional
de Propriedade Industrial, não terá
responsabilidade na validação e concessão destas
2 Artigo 2.º e nº.2 do Artigo 18.º do Regulamento referente à PEU.
0Hipótese
Não adoção por Portugal da
PEU e a não ratificação do
Acordo referente ao TUP
1Hipótese
Adoção por Portugal da
PEU e ratificação do
Acordo referente ao TUP
A patente europeia com efeito unitário…
Produz efeito automático no território dos
EMC, sem requerer validação e pagamento
de taxas de manutenção por país.
Não substitui as soluções de
patenteamento atualmente disponíveis,
mas sim complementa-as.
O IEP é o organismo responsável pela sua
concessão e gestão das patentes, sendo o
inglês, francês e alemão as suas línguas
oficiais.
Terá apenas efeito automáticos nos países
que ratificarem o TUP e tenham assinado a
Decisão 2011/167/UE do Conselho
Europeu.
Estará disponível para empresas
portuguesas ainda que Portugal não adira à
solução.
6
PEU, mas caber-lhe-á uma parcela da receita relativa às taxas de manutenção de PEU cobradas pelo
IEP.
Este sistema prevê um período de transição máximo de 12 anos, durante o qual o IEP aperfeiçoará o
sistema de tradução automática, já disponível para apoiar o processo de pesquisa e consulta de
patentes nas bases de dados disponibilizadas pelo Instituto. As traduções não terão validade jurídica
vinculativa.
A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais
domínios de análise em ambas as hipóteses consideradas para as empresas que registam
patentes:
Domínio
Hipótese mais vantajosa
Considerações Não adesão
à PEU
Adesão à
PEU
Processo e
procedimentos de
pedido de registo
de patentes
Considera-se que a introdução da PEU é mais vantajosa, por
não requerer a validação do efeito da patente país a país e
por não ter taxas e procedimentos diferenciados por país.
Custos
associados ao
pedido de registo
e manutenção de
patentes
Depende do número de
países onde se pretenda
validar a patente
Com base nos valores estimados pela Comissão Europeia
para as taxas a cobrar relativas à concessão e manutenção
da PEU, calcula-se que o custo associado à PEU será
aproximado do custo associado a uma PE validada em 5 ou
mais países (ligeiramente superior no decurso do período de
transição e ligeiramente inferior findo este período). De
acordo com o estudo "How Much More Will the Unitary
Patent Cost?"3 será vantajosa para cerca de 50% das
patentes europeias validadas.
Custos
associados à
verificação de não
violação de
patentes
Apesar de não se preverem alterações do custo individual
associado a esta verificação, entende-se que, com a
introdução da PEU, estes estudos sejam necessários com
maior frequência pelo que se considera a não adesão à PEU
mais vantajosa para as empresas portuguesas.
Custos
associados a
traduções
Os pedidos de patente são apresentados numa das 3
línguas oficiais do IEP (no período de transição, caso o
pedido seja entregue em alemão ou francês deve igualmente
ser apresentada uma tradução para inglês e, se o pedido for
apresentado em inglês, uma tradução para qualquer outra
língua de um EMC que seja língua oficial da União). Não é
necessário apresentar uma tradução da descrição e/ou das
reivindicações para a língua oficial de determinado EMC
para que a mesma seja considerada válida4. Por este motivo
considera-se vantajosa a adesão à PEU para as empresas
portuguesas.
3 “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013
4 Situação apenas verificada na patente europeia para as dispensas de tradução previstas no Artigo 65.º do Acordo
de Londres: França, Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido.
7
Domínio
Hipótese mais vantajosa
Considerações Não adesão
à PEU
Adesão à
PEU
Pesquisa e
compreensão do
conteúdo das
patentes
registadas
Por, no caso de adesão à PEU, deixar de ser necessária a
apresentação da descrição e reivindicações em português
para que uma patente seja válida no território nacional,
considera-se que será mais difícil compreender o conteúdo
das patentes, particularmente atendendo à linguagem
técnica utilizada.
De referir ainda que, mesmo no cenário de adesão à PEU,
este constrangimento poderá ser verificado para a análise de
restrições nos mercados para os quais as empresas
portuguesas exportam e onde o efeito automático ocorra.
Será, contudo, sempre superior no cenário de adesão à
PEU, dada a sua aplicação ao mercado nacional.
Custos de
ajustamento
(Formação)
Os custos de ajustamento, neste caso, são incorridos em
ambas as hipóteses de análise colocadas. Assume-se que,
apesar da PEU não estar em vigor em Portugal, haverá
entidades portuguesas a recorrer à solução ou que serão
afetadas pela mesma, uma vez que a PEU estará em vigor
em alguns dos mercados externos em que operam.
Contudo, o universo de entidades abrangidas por ações de
formação e pesquisa de informação será maior no cenário
de Portugal aderir à PEU, pelo que se considera que os
custos serão maiores nesta hipótese de análise.
Licenças de
utilização com
patentes detidas
por entidades
portuguesas
(receita)
Considera-se que haverá maior procura potencial de
licenças de utilização dada a maior quantidade de patentes
válidas nos vários EMC em determinado momento, esta
procura poderá aumentar a receita potencial para as
entidades portuguesas que detêm patentes.
Risco de violação
de uma patente
A introdução do efeito unitário aumentará o número de
patentes em vigor, em Portugal, em dado momento. Por este
motivo considera-se que o risco de cometer uma violação de
uma patente é maior no cenário de adesão à PEU, sendo
por isso considerado mais vantajoso a não adesão à PEU.
Por seu turno, para as empresas que não registam patentes identificam-se mais riscos do que
benefícios. A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais
domínios de análise, em ambas as hipóteses consideradas, para as entidades portuguesas que não
registam patentes:
Domínio
Hipótese mais vantajosa
Considerações Não adesão
à PEU
Adesão à
PEU
Risco de violação
de uma patente
A introdução do efeito unitário aumentará o número de
patentes em vigor, em Portugal, em dado momento. Por este
motivo considera-se que o risco de cometer uma violação de
uma patente é maior no cenário de adesão à PEU, sendo
por isso considerado mais vantajoso a não adesão à PEU.
8
Domínio
Hipótese mais vantajosa
Considerações Não adesão
à PEU
Adesão à
PEU
Pesquisa e
compreensão do
conteúdo das
patentes
registadas
Por, no caso de adesão à PEU, deixar de ser necessária a
apresentação da descrição e reivindicações em português
para que uma patente seja válida no território nacional,
considera-se que será mais difícil compreender o conteúdo
das patentes, particularmente atendendo à linguagem
técnica utilizada.
Considera-se que este custo será também suportado pelas
empresas que não registam patentes, uma vez que o efeito
automático e o aumento de patentes em vigor obrigarão a
um acompanhamento mais regular das patentes em vigor
em dado momento.
De referir ainda que, mesmo no cenário de adesão à PEU,
este constrangimento poderá ser verificado para a análise de
restrições nos mercados para os quais as empresas
portuguesas exportam e onde o efeito automático ocorra.
Será, contudo, sempre superior no cenário de adesão à
PEU, dada a sua aplicação ao mercado nacional.
Licenças de
utilização de
patentes não
detidas por
entidades
portuguesas
(custo)
O efeito automático introduzido pela PEU levará à
necessidade de acompanhar e acautelar de forma mais
cuidadosa as patentes em vigor. O aumento do risco de
litígio, introduzido por esta via, poderá levar ao aumento do
número de licenças requeridas por empresas nacionais
(mesmo no mercado nacional) o que conduz também ao
aumento dos respetivos custos.
Consideramos que a introdução da patente europeia
com efeito unitário em Portugal apresenta benefícios
para a parcela das empresas e outras entidades que
registam patentes, porque:
Uma vez concedida, produz efeito automático no
território dos EMC, evitando o processo burocrático
inerente à patente europeia que pressupõe a
identificação dos países em que o requerente pretende
validar a patente e o subsequente processo de
validação (com requisitos e taxas de manutenção
diferenciados por país). A vantagem desta simplicidade
administrativa será reforçada pelo facto de o valor das
taxas associadas ao registo e manutenção ser
aproximado do valor das taxas aplicadas a patentes
europeias validadas em 5 ou mais países (ligeiramente
superiores durante o período de transição e
ligeiramente inferiores findo este período)5, tornando a
PEU vantajosa para cerca de 50% das patentes
europeias concedidas, de acordo com o artigo: "How
Much More Will the Unitary Patent Cost?"6.
5 Tendo por base os pressupostos assumidos para avaliação de impacto e que constam do presente estudo.
6 “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013
Considera-se que a introdução da patente europeia com efeito unitário apresenta benefícios para a parcela das empresas e outras entidades que registam patentes. A sua concretização dependerá dos valores que vierem a ser definidos pelo IEP para as taxas a cobrar no âmbito da PEU.
9
A simplificação das traduções exigidas (apenas em inglês, francês e alemão) reduz os custos
inerentes ao processo de validação de patentes europeias que atualmente exige a apresentação
da tradução da patente na língua de cada um dos
países em que o requerente pretende validar a patente
europeia7.
Haverá maior procura potencial para a comercialização
das licenças de utilização de patentes (que representam
uma fonte adicional de receita para entidades
detentoras de patentes), uma vez que o âmbito
territorial no qual as PEU são válidas é mais alargado.
Contudo, existem também alguns desafios para o tecido
empresarial português, aplicáveis para a maioria das
empresas portuguesas que não regista patentes e que
importa referir:
As PEU terão efeito automático no território nacional e este efeito automático aumenta a
probabilidade de ocorrência de uma violação, ainda que de forma inusitada, de uma patente
concedida e em vigor. Mesmo empresas que só operem no território nacional, que não tenham
investimento em I&I&D e que não tenham patentes registadas ou pensem em registar, terão de
consultar com frequência as bases de dados disponíveis para evitar situações de violação de
patentes concedidas e potencial litígio.
A necessidade de elaborar estudos de verificação de não violação de patentes assumirá também
uma importância reforçada, podendo vir a representar custos adicionais para as empresas, até
porque a simplificação das traduções exigidas poderá acrescentar complexidade adicional à
compreensão do objeto das patentes.
Por último, a não adesão da Espanha, Polónia e Itália não permitirá maximizar o potencial ganho
da solução, uma vez que a proteção nestes mercados continuará a obrigar ao recurso às
tradicionais soluções de patente nacional e europeia (sem efeito unitário), com a consequente
duplicação de esforços e custos.
O registo de patentes visa proteger o investimento
em I&I&D e parece-nos uma ferramenta
imprescindível para o incentivo desta atividade. A
patente europeia com efeito unitário apresenta
benefícios a este nível face à patente europeia,
conforme referido anteriormente, e será um
incentivo adicional à proteção do investimento
realizado.
Face a esta conclusão, devemos, contudo,
relembrar que os pedidos de patente europeia
apresentados por entidades portuguesas representou, em 2013, menos de 0,1% do total de pedidos
de patente europeia apresentados. Para as empresas que não registam patentes os desafios serão
maiores, uma vez que serão confrontados com a maior e automática abrangência territorial da PEU e
com o aumento da probabilidade de ocorrência de uma violação de uma PEU em vigor (podendo
obrigar a adaptação da sua actividade ou ao envolvimento em processos de litígio).
Tribunal Unificado de Patentes
A patente europeia com efeito unitário é acompanhada pela proposta de implementação de um
Tribunal Unificado de Patentes, com competências em matéria de patentes europeias e patentes
europeias com efeito unitário. A Espanha e a Polónia assumiram publicamente a sua intenção de não
ratificar o respetivo Acordo, preservando as competências ao nível dos respetivos tribunais nacionais,
mas a Itália, que não faz parte do conjunto de países que aderiram à patente europeia com efeito
unitário, assinou o Acordo referente ao TUP (embora ainda não o tenha ratificado).
7 Como descrito anteriormente, as exigências a este nível variam de país para país. Em alguns países é exigida a
tradução completa das patentes, noutros apenas das reivindicações, noutros é exigida a tradução das
reivindicações e uma tradução para inglês da descrição, sendo igualmente identificadas situações de dispensa de
entrega de traduções ao abrigo do Acordo de Londres.
Contudo, para a maioria das empresas portuguesas, que não registam patentes, identificam-se mais riscos do que benefícios.
A não adesão, em particular, da Espanha não permitirá maximizar os potenciais benefícios da PEU.
10
Para que o TUP entre em vigor é obrigatório que o respetivo Acordo seja ratificado por, no mínimo, 13
países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França. O Acordo referente ao TUP
está neste momento em processo de ratificação, estando ratificado por 6 países, um dos quais a
França. Portugal ainda não ratificou o acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes.
O TUP será constituído por:
Está ainda prevista a existência de:
Centro de Mediação e Arbitragem, em Liubliana e Lisboa,
Centro de Formação de Juízes, em Budapeste.
Para a implementação do TUP está previsto um período de transição de 7 anos, o qual poderá ser
prolongado por um período máximo de 7 anos adicionais. Enquanto as receitas do TUP não forem
suficientes para o financiamento autónomo da sua atividade e apenas durante o período de transição,
está previsto que os EMC terão de realizar uma contribuição anual com vista ao seu financiamento, a
qual acresce a eventuais custos que tenham de ser suportados pela constituição e operação das
divisões locais e regionais (a cargo dos respetivos EMC).
Tribunal Unificado de
Patentes
(TUP)
Tribunal de
Recurso
Tribunal de
Primeira
Instância
Secretariado
Divisão Central Divisões
Locais
Divisões
regionais
Paris, Londres
e Munique Em cada EMC
que o pedir Por acordo de
2 ou + EMC
Na sede do Tribunal
de Recurso
Luxemburgo
11
A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais domínios de
análise em ambas as hipóteses consideradas:
Domínio
Hipótese mais vantajosa
Considerações Não adesão
ao TUP
Adesão ao
TUP
Custos dos
processos
judiciais
Não determinado
A avaliação deste domínio é de difícil comparação dada a
reduzida disponibilidade de dados relativos a processos de
litígio de patentes em Portugal e na UE.
A comparabilidade do custo dos processos de litígio no TUP
não poderia ser realizada exclusivamente com Portugal,
mas sim com um conjunto de países, amostra esta de difícil
harmonização, em cujos tribunais nacionais estes processos
normalmente decorreriam.
Foram apresentadas estimativas dos custos com base em
alguns estudos realizados, contudo, dada a inexistência de
estudos que quantifiquem os custos incorridos em
processos idênticos em território nacional, não é possível
afirmar qual a hipótese mais vantajosa.
A confirmarem-se as opiniões expressas do especialista
nesta matéria, Kevin Mooney, e com as quais a ACPI
concorda, os custos com advogados para processos de
litígio de patentes no TUP poderão variar entre 500.000€ e
4.000.000€. Estes custos são muito elevados e difíceis de
suportar pela maioria das empresas portuguesas.
Adicionalmente, ainda que Portugal não ratifique o Acordo
referente ao TUP, entidades portuguesas podem ter em
curso processos de litígio no TUP. Pelo que a não
ratificação do acordo não as impede de incorrer nos custos
judiciais que lhe estão associados.
Custos de
ajustamento
Os custos de ajustamento relacionados com o TUP só se
verificam na hipótese de análise que pressupõe que
Portugal ratifica o Acordo referente ao Tribunal Unificado de
Patentes, de 19 de Fevereiro de 2013.
Os custos de ajustamento incluem a criação de uma divisão
local do Tribunal de Primeira Instância do TUP (estimados
em cerca de 650.000€/ano, de acordo com os pressupostos
assumidos8), bem como a contribuição anual que terá de ser
suportada por Portugal para o financiamento do TUP no
decurso do período de transição (estudo da Comissão
Europeia aponta para uma contribuição total anual entre 4,6
milhões de euros e 13,3 milhões de euros no período 2015 e
2019 – a parcela correspondente a cada EMC dependerá do
número de países que ratificarem o Acordo referente ao
TUP).
Uniformização
de regras e
interpretação
das leis
O TUP terá competência para processos de litígio relativos a
PEU e PE. É, por este motivo, válido assumir que a
uniformização de regras e interpretação será, à partida,
mais fácil e provável num cenário de âmbito territorial mais
alargado do TUP do que no cenário em que as
competências em matéria de litígios relacionados com
patentes cabem aos tribunais nacionais de cada país.
8 Não exaustivo, pelo que se considera uma estimativa muito conservadora dos custos associados ao
funcionamento da divisão local, não inclui, por exemplo, os custos com outros fornecimentos e serviços externos.
12
No caso do TUP, face à incerteza verificada, não nos parece existir benefício na ratificação do
respetivo Acordo pelos motivos que, de seguida, elencamos:
Inexistência de um estudo que permita aferir as diferenças de custos judiciais a incorrer no TUP
por comparação aos custos verificados num processo de litígio de patentes nos tribunais
nacionais. Sem esta avaliação, que não é possível de realizar no âmbito do presente estudo, é
difícil de avaliar o impacto da sua implementação no tecido empresarial português. De salientar
que, a este propósito e caso Portugal ratifique o Acordo referente ao TUP, a ACPI recomenda às
empresas a constituição de provisão para fazer face a potenciais litígios no montante de
1.000.000€. Este montante é claramente pesado e incomportável para uma larga fatia das PME
portuguesas.
A possibilidade dos processos de litígio decorrerem fora do território nacional, numa língua
diferente da portuguesa, dificultará a compreensão dos detalhes do processo e a argumentação
por parte das entidades portuguesas que se virem envolvidas nos mesmos. Para já são apenas
conhecidas as localizações da divisão central do Tribunal de Primeira Instância (Paris, Londres e
Munique) e do Tribunal de Recurso (Luxemburgo). Caso Portugal opte por ratificar o Acordo
referente ao TUP, apesar do acréscimo de custos que representa, a implementação de uma
divisão local parece ser a solução mais prudente para mitigar este risco.
Pelo período máximo de duração do período de transição, os EMC serão chamados a contribuir
para suportar os custos operacionais do TUP, enquanto o mesmo não for capaz de se
autofinanciar. Esta contribuição representará um acréscimo de despesa para o Orçamento do
Estado que deve ser tida em consideração.
De realçar que, ainda que Portugal não ratifique o
Acordo referente ao Tribunal Unificado de
Patentes, nada impede que uma empresa ou
outra entidade portuguesa se veja envolvida num
processo que nele decorra, podendo, mesmo
neste cenário, haver custos acrescidos para as
empresas portuguesas (ainda que em menor
escala).
Apesar dos riscos e constrangimentos
identificados, realçamos também que a implementação do TUP poderá contribuir para a uniformização
do quadro legal e da jurisprudência nesta matéria, o que deverá ser entendido como um benefício.
Contudo, o seu alcance dependerá do número efetivo de países que vier a ratificar o Acordo referente
ao TUP.
Em suma…
A introdução da PEU em Portugal, face aos
pressupostos assumidos, apresenta benefícios
válidos para a parcela de empresas que registam
patentes ao nível dos custos e da simplificação
administrativa.
Ainda que Portugal não ratifique o Acordo
referente ao TUP e, consequentemente, o efeito
unitário da PEU não tenha efeito no território
nacional, as empresas portuguesas poderão,
mesmo nestas circunstâncias, recorrer à PEU e
beneficiar da sua existência.
Face às incertezas, neste momento não nos parece haver benefício na ratificação do Acordo referente ao TUP.
Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, a solução PEU estará acessível para as empresas portuguesas que registem patentes, apesar do seu efeito unitário não se estender ao território nacional.
13
Contudo, no que diz respeito ao impacto da PEU
em empresas que não registam patentes e na
implementação do TUP, identificamos riscos que
devem ser acautelados e ponderados no
processo de tomada de decisão. Considerando
que a PEU só terá efeito unitário nos EMC que
ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e
ao TUP têm de ser tomadas em conjunto e
dependem da ratificação do Acordo referente ao
TUP.
O processo de tomada de decisão nesta matéria
está a ser desenvolvido num contexto de elevada
incerteza, nomeadamente, não se conhecem as
taxas associadas ao registo e manutenção das
PEU, os países que irão ratificar o Acordo
referente ao TUP e os custos associados a
processos de litígio no TUP. O desconhecimento
destas variáveis chave impede que seja feita uma
avaliação efetiva e exata do impacto da
introdução da PEU e do TUP sobre o tecido empresarial português. Entendemos que a decisão
definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza
relativamente a estas variáveis chave.
Sem prejuízo da importância da patente para a proteção do investimento em I&I&D realizado, caso a
posição portuguesa seja favorável à introdução da PEU e TUP, entendemos fundamental a definição
de políticas públicas que promovam com sucesso o I&I&D e o registo de patentes por parte das
entidades portuguesas. Políticas públicas estas que, aliás, nos parecem fundamentais em qualquer
um dos cenários, mas que assumem uma importância fulcral caso se venha a confirmar a adesão de
Portugal, com tão reduzido número de patentes concedidas, à patente europeia com efeito unitário.
Realçamos ainda que, devido ao desconhecimento destas variáveis determinantes, a avaliação de
impacto realizada teve de assumir um conjunto de pressupostos chave, dos quais destacamos:
Pressupostos assumidos
Custos associados ao
pedido de registo e
manutenção de uma
PEU
Taxas estimadas para o pedido de registo e manutenção de uma PEU (Dados
Comissão Europeia).
Na comparação dos custos da PEU com a patente europeia, definiram-se
determinados conjuntos de países para conseguir apurar o custo de validação
individual da patente europeia nos mesmos.
Receitas INPI Estimativas de evolução do número de registos de patentes europeias e PEU no
período 2015-2019, com base nas taxas de crescimento deste registo, verificadas
nos períodos 2004-2013 e 2009-2013.
Critérios de distribuição pelos vários EMC da receita cobrada pelo IEP relativa a
taxas de manutenção da PEU e respetivos ponderadores de cada critério.
Custos de
ajustamento
Pressupostos relativos ao custo individual de formação, bem como ao número de
pessoas que seria formada em cada uma das hipóteses de análise.
Na Hipótese 1, em que Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP, é assumido
que Portugal constrói uma divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP.
Contribuição anual relativa ao financiamento do TUP (paga pelos EMC durante
um período máximo correspondente ao período de transição até que o TUP seja
capaz de se autofinanciar. Foram assumidos pressupostos relativos aos custos
totais do TUP e total de contribuições devidas pelos EMC em cada ano (com base
em estudo realizado pela comissão europeia) e ainda pressupostos relativos ao
número de países que ratificam o Acordo referente ao TUP.
A PEU só terá efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser tomadas em conjunto. Ponderado o impacto das duas soluções, a decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza relativamente a determinadas variáveis chave.
14
O presente estudo visa avaliar o potencial impacto económico nas empresas portuguesas da
introdução da patente europeia com efeito unitário e da ratificação do acordo referente ao Tribunal
Unificado de Patentes.
A patente europeia com efeito unitário é complementar às soluções de patenteamento (nacional,
europeia e internacional) atualmente disponíveis e distingue-se por, após a publicação da menção da
sua concessão, ter efeito unitário e automático no território dos vários Estados-Membros Contratantes.
A patente europeia, hoje disponível e que não será descontinuada, obriga à identificação dos países
em que se pretende efetuar a sua validação, com procedimentos e taxas distintas aplicáveis em cada
país.
A solução de patente europeia com efeito unitário será complementada pela implementação do
Tribunal de Unificado de Patentes, com competências em matéria de patente europeia e patente
europeia com efeito unificado (em processo de ratificação).
A avaliação de impacto é efetuada com base nos 27 Estados-Membros que integravam a UE à data
da assinatura da Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que autoriza
uma cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. A Croácia, que
aderiu à UE em Julho de 2013, é apenas considerada para efeitos de cálculo da média comunitária na
caracterização estatística da situação atual.
É neste momento claro que nem todos os países da UE irão implementar a solução: a Itália e a
Espanha não assinaram o acordo de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de
patente unitária e, no âmbito do Tribunal Unificado de Patentes, a Itália, por seu turno, assinou o
Acordo referente ao TUP (embora não o tenha para já ratificado), mas a Polónia assumiu a sua
intenção de não o fazer. Facto é que a PEU só terá efeito unitário nos países que, além de terem
assinado a Decisão 2011/167/UE, ratificarem o Acordo referente ao TUP. Para efeito do presente
estudo considera-se que a Polónia não faz parte do conjunto de países em que PEU entrará em vigor,
uma vez que não assinou o Acordo referente ao TUP.
O presente relatório encontra-se estruturado por forma a caracterizar algumas das soluções de
patenteamento hoje disponíveis e a solução que está para entrar em vigor (patente europeia com
efeito unitário e Tribunal Unificado de Patentes) e avalia o seu impacto nas empresas portuguesas,
sempre que possível quantificando-o. No momento em que este estudo é elaborado existem ainda
vários aspectos por definir (como as taxas a aplicar pelo IEP neste âmbito) que conduzem a que a
avaliação de impacto seja realizada com base num conjunto de pressupostos e, nalguns casos, se
opte por realizar uma avaliação qualitativa.
São ainda identificadas as principais vantagens e desvantagens da introdução desta nova solução e
apresentadas as principais conclusões do estudo.
1. Introdução
15
2.1. A patente europeia com efeito unitário
A patente europeia com efeito unitário (doravante referida como a patente europeia unitária, ou em
abreviatura "PEU") é um sistema projetado para a proteção da propriedade de patentes na União
Europeia, compreendendo:
1. Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que autoriza uma
cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária9;
2. Regulamento (UE) nº 1257/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Dezembro de
2012, que regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de
patentes (adiante denominado por "Regulamento referente à PEU");
3. Regulamento (UE) nº 1260/2012 do Conselho, de 17 de Dezembro de 2012, que regulamenta a
cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes no que diz respeito
ao regime da tradução aplicável (doravante referido como "Regulamento referente à tradução");
4. Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes, de 19 de Fevereiro de 2013, juntamente com
os respetivos estatutos (doravante referido como "Acordo referente ao TUP").
Os regulamentos referidos nos pontos 2 e 3 estão em vigor e são válidos em todos os países
abrangidos pela decisão de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente
unitária. O ponto 4 ainda não está em vigor e só entrará após o cumprimento dos seguintes dois
requisitos:
Ratificação de, no mínimo, 13 países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e
França (por cumprir, apenas seis países, um dos quais a França, ratificaram o Acordo até à data
de 30 de janeiro de 2015); e
Início da aplicação das alterações ao Regulamento 1215/2012 (UE)10
a 10 de Janeiro de 2015 (já
cumprido).
O Parlamento Europeu debateu desde, meados dos anos 7011
, a criação de um sistema único de
patentes com o objetivo de reduzir os custos para as empresas associados à obtenção de patentes na
UE e uniformizar a interpretação das regras, criando uma jurisdição única a vigorar em todos os
Estados-Membros da União Europeia. Em Dezembro de 2012 foi conseguido um entendimento entre
25 Estados-Membros da UE12
e criado um pacote legislativo referente ao sistema de proteção unitária
de patentes na União Europeia.
A 19 de Fevereiro de 2013, o “Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes” foi assinado
também por 25 Estados-Membros13
para regular o sistema único de proteção de patentes, criando um
9 Apenas não aprovado pela Itália e Espanha (http://www.epo.org/law-practice/unitary/unitary-patent.html).
10 O Acordo UE 1215/2012 regula a jurisdição e o reconhecimento da aplicação das decisões em matérias civis e
comerciais. Este Acordo foi publicado em 20 de Dezembro de 2012 e tem início de aplicação a 10 de Janeiro de
2015 (Artigo 81º do Acordo n.º 1215/2012). 11
Informação retirada do estudo “A Patente Europeia de Efeito Unitário, Consequências para a Economia
Portuguesa” - realizado pela ACPI. 12
Os Estados-Membros que subscreveram o regulamento referente à PEU são: Áustria, Bélgica, Bulgária,
República Checa, Chipre, Alemanha, Dinamarca, Estónia, Grécia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suécia e Reino
Unido. 13
Os Estados-Membros que assinaram o Acordo referente ao TUP são os mesmos que assinaram o regulamento
referente à PEU, com exceção da Polónia (que não o assinou) e da Itália (que o assinou). Assim, os Estados-
2. Caracterização Registo e manutenção de patentes
16
novo Tribunal com competência exclusiva para gerir, entre outros, os litígios referentes a violações e
revogação de patentes europeias. O Tribunal Unificado de Patentes (doravante referido como “TUP”)
será constituído por:
Tribunal de Primeira Instância, constituído pelas divisões central, locais e regionais;
Tribunal de Recurso;
Secretaria.
Paralelamente serão ainda criadas as seguintes duas estruturas:
Centro de Arbitragem e Mediação; e
Centro de Formação de Juízes.
O Tribunal de Primeira Instância deverá dividir-se em divisão central, divisões locais e divisões
regionais:
A divisão central estará sediada em Paris, com secções em Munique e Londres. Em Paris estará
também sediado o gabinete do presidente do TUP;
As divisões locais estarão sediadas no território dos EMC que as decidam implementar, num
número máximo de 4 por EMC;
Por último, as divisões regionais serão instaladas mediante o acordo prévio de 2 ou mais EMC.
O Tribunal de Recurso estará sediado no Luxemburgo, assim como a Secretaria.
As línguas oficiais do TUP serão o inglês, o alemão e o francês, sendo que, no caso das divisões
locais e divisões regionais, os EMC poderão, em princípio, optar pela sua própria língua oficial.
A Espanha e Polónia não assinaram o “Acordo referente ao TUP”14
.
O sistema de patente europeia, atualmente em vigor, é utilizado por empresas em todo o mundo.
Desde 2004, registaram-se mais de 2,25 milhões de pedidos de novas patentes europeias, sendo a
taxa de crescimento anual média15
de 4,35%. Só em 2013, registaram-se, aproximadamente, 266.000
pedidos de novas patentes e foram concedidas 66.70716
.
A titulo de exemplo, e segundo dados do EPO (Anual Report Statistics, Patent Granted), em Portugal,
e em 2013, apenas foram concedidas 26 patentes europeias. É importante salientar que, em 2013, a percentagem de pedidos de patentes europeias solicitadas por
empresas ou cidadãos portugueses representa apenas 0,075% do total de pedidos de patente
europeia registados (199 pedidos em 2013), segundo o EPO, Anual Report Statistics, Patent Filings.
Atualmente, as empresas portuguesas podem registar os seus pedidos de patente utilizando três
procedimentos independentes, os quais são descritos na tabela seguinte:
Membros subscritores são: Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Chipre, Alemanha, Dinamarca, Estónia,
Grécia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal,
Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suécia e Reino Unido. 14
A Croácia aderiu recentemente à UE (1 de julho de 2013), não sendo ainda conhecida a sua posição
relativamente a esta matéria. 15
Taxa média de crescimento anual no período de 2004 a 2013. Fonte: Anual Report Statistics, Patent Filings –
IEP. 16
O processo de análise e concessão de patentes é moroso, pelo que não existe uma relação direta entre os
pedidos de patente submetidos num ano e as patentes concedidas nesse mesmo ano.
17
Tabela 1. Procedimento de patenteamento
17
O pedido de patente, em Portugal, também pode ser apresentado, por uma pessoa individual ou coletiva não
estabelecida ou domiciliada no país, diretamente junto do INPI sem ter que constituir um mandatário. Deve, no
entanto, indicar uma morada em Portugal ou um endereço eletrónico ou número de fax, para efeitos de envio das
notificações. 18
Atualmente, a CPE integra 38 Estados-Membros e mais 2 Estados de extensão (Bósnia e Herzegovina e
Montenegro) - http://www.epo.org/about-us/organisation/member-states.html 19
Referência à legislação nacional na CPE - http://www.epo.org/law-practice/legal-texts/national-law.html 20
De salientar que o WIPO não concede patentes, apenas recebe e encaminha os pedidos. 21
Lista dos países membros do PCT - http://www.wipo.int/pct/guide/en/gdvol1/annexes/annexa/ax_a.pdf
Tipo de Procedimento Descrição
Procedimento nacional17
Realizados junto dos Institutos Nacionais de Patentes de cada país. Em
Portugal, este procedimento é realizado junto do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (doravante referido como “INPI”);
A proteção daí resultante é válida apenas no território português e está
sujeita apenas à legislação nacional;
Todas as disputas serão resolvidas nos tribunais nacionais.
Procedimento regional
(Patente europeia)
Realizado junto da Organização Europeia de Patentes (doravante
designada por “OEP”), sediada em Munique, regendo-se pela Convenção
sobre a patente europeia, assinada em 5 de Outubro de 1973 (doravante
designada por “CPE”), que, por sua vez, confiou a sua missão de conceder
patentes ao Instituto Europeu de Patentes (doravante por IEP).
A patente europeia agrega, a pedido do interessado, um conjunto de
patentes nacionais. É potencialmente válida em 38 países europeus18
que
serão indicados, consoante a necessidade de proteção pretendida por
quem submete o pedido de patente, após a sua concessão. O pedido de
patente é, em seguida, validado junto do Instituto Nacional de Patentes de
cada país.
Um pedido de indemnização, por exemplo, a decorrer em vários países em
simultâneo, a título de violação de uma patente europeia decorre nos vários
países em que a patente está em vigor, segundo a legislação aplicável em
cada um.19
Procedimento internacional
Realizado junto da Organização Mundial de Propriedade Intelectual
(doravante designada por “WIPO”), com sede em Genebra, ao abrigo do
Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (Patent Cooperation
Treaty, PCT), facilitando ao requerente a solicitação de proteção de uma
invenção simultaneamente em vários países20
;
Atualmente, o PCT inclui 148 países21
. Após a conclusão da fase
internacional o requerente deve indicar quais os países em que pretende
continuar o processo de concessão de patente nacional ou regional;
Cada pedido internacional tem de percorrer as etapas necessárias em cada
Estado designado/selecionado, tem o efeito de um pedido nacional ou
regional (patente europeia), estando sujeito às regras aplicáveis.
Fonte: Diário da República, CPE e Acordos do Sistema de Patente Europeia com Efeito Unitário.
18
Estes procedimentos continuarão a vigorar, em simultâneo, com a patente europeia com efeito
unitário, sendo que nenhum deles será substituído ou descontinuado.
A PEU é uma patente europeia e, até à publicação da menção da concessão da patente europeia, não
existem diferenças processuais. Após a data de publicação da menção de concessão, o requerente
tem um mês para solicitar o efeito unitário para os países aderentes22
. Para uma melhor compreensão
das diferenças entre uma patente europeia com validação individual nos vários países e uma patente
europeia com efeito unitário, a tabela seguinte apresenta as diferenças processuais entre os dois
regimes.
Tabela 2. Comparação da patente europeia (sem efeito unitário e com validação individual nos países
pretendidos) e patente europeia com efeito unitário
Sem efeito unitário Com efeito unitário
Instituição que
concede Instituto Europeu de Patentes (IEP).
23 24
Elegibilidade
para a inscrição de
patente
Não há limitação geográfica. O pedido de patente europeia pode ser apresentado
por qualquer pessoa singular ou coletiva ou qualquer órgão equivalente a uma
pessoa jurídica, nos termos da lei a que é sujeita.25
26
Lugar de entrega de
pedido de patente
Diretamente no IEP 27
ou através do respetivo Instituto Nacional de Patentes de
cada país. Através do INPI, no caso português.28
22
Considerando 18 do Regulamento referente à PEU, 2012. 23
Artigo 4.º, n.º 3 da CPE. 24
Considerando 5 do Regulamento referente à PEU. 25
Artigo 58.º da CPE, assinada em Munique em 5 de Outubro de 1973, alterada pelo ato de alteração do Artigo
63.º da Convenção em 17 de Dezembro de 1991, e as decisões do Conselho de Administração da OEP de 21 de
Dezembro de 1978, 13 de Dezembro de 1994, 20 Outubro de 1995, 5 de Dezembro de 1996 e 10 de Dezembro de
1998 e 27 de Outubro de 2005, bem como os protocolos que fazem parte integrante (Decreto-Lei 36/2003, de 5 de
Março) e Considerando 4 do Regulamento referente à PEU. 26
A proteção unitária deverá estar ao dispor dos titulares de patentes europeias, tanto dos EMC como de outros
Estados, independentemente da respetiva nacionalidade, domicílio ou local de estabelecimento. (Considerando 4,
Regulamento referente à PEU). 27
Considerando 5 do Regulamento referente à PEU. 28
Artigo 76.º, n.º 1 referente à CPE.
19
Sem efeito unitário Com efeito unitário
Língua do pedido da
patente
Numa das línguas oficiais do IEP
(inglês, francês ou alemão) ou, no
caso de o requerimento ser
preenchido noutra língua, o requerente
tem um prazo de dois meses a contar
da data da apresentação do pedido de
patente para entregar uma tradução
numa das línguas oficiais do IEP. 29
30
Na entrega do pedido, por uma
pessoa singular ou uma PME, com
residência ou estabelecimento
principal no território de um EMC cuja
língua oficial seja um idioma diferente
do inglês, francês ou alemão, bem
como para os seus residentes no
estrangeiro, está prevista uma
redução da taxa devida pelo pedido e
exame (a redução atual é de 30% dos
encargos relacionados com as taxas
de pedido e exame).31
O processo de requisição de uma
patente europeia com efeito unitário
segue os procedimentos descritos na
coluna “sem efeito unitário”, só diferindo
durante o período de transição:
Neste período, um pedido preenchido
em alemão ou francês, também deve
ser acompanhado por uma tradução
para inglês. No caso de o pedido ter
sido apresentado em inglês, também
tem de ser acompanhado por uma
tradução para qualquer outra língua
oficial dos EMC, que seja língua oficial
da União32
. Isto para assegurar que,
durante o período de transição, todas
as PEU são disponibilizadas em
inglês, a língua mais usual no campo
de pesquisa tecnológica e das
publicações internacionais. 33
29
Artigo 14.º, n.º 2 do CPE, de acordo com a alteração introduzida pela decisão CA/D 19/13. 30
Dado que IEP concede patentes europeias e patentes europeias com efeito unitário, as regras relativas à língua
do requerimento são idênticas para ambas: Considerando 5 do Regulamento referente à PEU e Artigo 14.º da
CPE. 31
De acordo com o artigo referente à redução de fees do CPE, http://www.epo.org/law-practice/legal-
texts/html/epc/2013/e/articl14.html. 32
Considerando 12 do Regulamento referente à tradução. 33
Está previsto um regime de compensação para o reembolso de custos de tradução. Artigo 5.º do Regulamento
referente à tradução.
20
Sem efeito unitário Com efeito unitário
Língua da
descrição e das
reivindicações da
patente na publicação
da concessão
A descrição e as reivindicações serão
publicadas numa das línguas oficiais
do IEP e acompanhadas de traduções
das reivindicações para as outras
línguas oficiais do IEP.34
O prazo para a entrega das traduções
nos Estados-Membros designados
expira três meses a contar da data da
publicação da menção da concessão
da patente no Boletim Europeu de
Patentes, exceto nos casos em que o
respetivo Estado fixe um período mais
longo.35
No caso da patente europeia ser
concedida pelo IEP e o requerente
querer validar a mesma em Portugal
será obrigatório fornecer uma tradução
da descrição e das reivindicações em
português.36
Os documentos traduzidos a entregar
para validação da patente em cada
país variam dependendo da geografia
em questão37
, existindo
inclusivamente situações, decorrentes
do Acordo de Londres, de países que
dispensam as traduções entre si38
.
As regras para a descrição e
reivindicações da patente europeia
com efeito unitário só diferem no
período de transição como
mencionado na “língua do
requerimento da patente”.
A descrição e as reivindicações da
PEU não serão traduzidas para a
língua dos EMC onde o requerente
necessite de validação, uma vez que
esta já produz efeito automático nos
EMC. Continuam a ser exigidas as
traduções para os Estados-Membros
fora da cooperação reforçada.
Em caso de litígio referente a uma
alegada violação de uma PEU, o seu
titular deverá fornecer uma tradução
para a língua oficial do EMC em que
a alegada violação ocorreu ou para a
do país em que o requerido tem
residência. 39
Em caso de litígio relativo a um
pedido de indemnização por perdas
e danos, o Tribunal em que o
processo decorrer deve considerar
(especialmente quando o alegado
autor da violação é uma PME, uma
pessoa singular, uma organização
sem fins lucrativos, uma
universidade ou uma entidade
pública no domínio da investigação)
se, antes de receber a tradução
acima referida, o requerido agiu sem
conhecimento ou não tendo motivos
razoáveis para saber que incorria
numa violação de uma PEU.40
34
Artigo 14.º, n.º 1 da CPE. As línguas oficiais do IEP são o inglês, francês e alemão. 35
Artigo 65.º, n.º1 da CPE. 36
Artigos 79.º e 80.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de Julho. 37
Dos 38 países que subscrevem a CPE, de acordo com o Artigo 65.º, n.º 1 e n.º2 do CPE, a Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, República Checa, Estónia, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Noruega, Polónia, Portugal,
Roménia e Sérvia, Eslováquia, Espanha e Turquia exigem a tradução da descrição e das reivindicações de uma
patente. Os restantes exigem traduções parciais destes documentos (apenas a tradução das reivindicações para
língua oficial do país ou a tradução das reivindicações para a língua oficial do país acompanhadas por uma
tradução para inglês da descrição). 38
De acordo com o Artigo 65.º do Acordo de Londres, os países que tenham em comum umas das línguas oficiais
do IEP dispensam a apresentação de traduções para efeitos de validação de uma patente europeia: França,
Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido. 39
O Artigo 4.º do Regulamento referente à tradução prevê que, em caso de litígio relativo a uma PEU, é legítimo
exigir que o titular da patente apresente uma tradução integral para uma língua oficial de um EMC no qual a
patente tenha sido alegadamente violada ou em que esteja domiciliado o requerido. 40
Idem
21
Sem efeito unitário Com efeito unitário
O âmbito da patente Define o alcance do monopólio do
titular da patente europeia,
determinado pelas reivindicações da
patente.41
Se o âmbito definido da
patente europeia pela tradução for
mais limitado do que o âmbito
especificado na língua original em que
a patente foi concedida pelo IEP, o
texto válido da patente europeia é a
sua tradução (com exceção de um
processo de anulação de patente
europeia).42
O alcance do monopólio do titular de
uma PEU é determinado pelas
reivindicações da patente.
A PEU confere ao titular da patente o
direito de impedir terceiros da prática
de atos contra os quais essa patente
oferece proteção em todo o território
dos EMC, sem prejuízo das
limitações aplicáveis.43
O âmbito e limitações da patente são
uniformes em todos os EMC.44
Validação Deve ser solicitada em todos os
países em que o titular queira validar a
sua patente.45
Se a proteção em Portugal no âmbito
da patente europeia é requerida, por
exemplo, por uma entidade alemã,
esta deve vir acompanhada de uma
tradução da descrição da patente, da
reivindicação e dos desenhos, para
português.
A patente entra em vigor
“automaticamente" no território dos
EMC que assinaram a decisão de
cooperação reforçada no domínio da
criação da proteção de patente
unitária e que ratificarem o Acordo
referente ao TUP46
. O pedido de
registo de efeito unitário deve ser
apresentado no IEP num prazo de
um mês após a publicação da
menção da concessão da patente.47.
Alcance da patente Nos países em que o requerente
pretende validar a patente48
,
selecionáveis de entre os 38 países
signatários da CPE mais dois países
de extensão (Bósnia e Herzegovina e
Montenegro), incluindo todos os
países da UE.
Em todo o território dos EMC, sem
prejuízo das limitações aplicáveis.
41
Artigo 69.º da CPE: O âmbito da proteção conferida por uma patente europeia ou um pedido de patente europeia
é determinado pelas reivindicações. 42
Artigo 70.º da CPE complementado pelo Artigo 75.º do Decreto-lei 143/2008,de 25 de Julho. 43
Artigo 5.º, n.º 1 do Regulamento referente a PEU, 2012. 44
Artigo 5.º, n.º 2 do Regulamento referente a PEU, 2012. 45
12 países da UE aderiram a um tratado internacional - intitulado Acordo de Londres- destinado a revogar ou
limitar a obrigação de apresentar uma tradução da descrição de Patentes Europeias (Acordo sobre a aplicação do
Artigo 65.º do CPE, Diário oficial do Parlamento Europeu de 2001, n.º 12). 8 países do acordo acima mencionado:
França, Alemanha, Irlanda, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido escusaram-se da exigência
de apresentação de traduções. Outros 12 países que aderiram ao acordo exigem a apresentação de traduções das
reivindicações nas suas línguas oficiais e em alguns deles deve ser feita a tradução de patentes em inglês se o
processo perante o IEP foi realizado em francês ou alemão. 46
Artigo 5.º, n.º 1 e Artigo 18.º n.º2 do Regulamento referente à PEU, 2012. 47
De acordo com o Artigo 9.º, alínea g) do Regulamento referente à PEU, 2012. 48
Atualmente existem 38 países membros da OEP, incluindo todos os países da UE. A lista de países com as
respetivas datas de adesão ao IEP está disponível no website do mesmo. - http://www.epo.org/about-
us/organisation/member-states.html
22
Sem efeito unitário Com efeito unitário
Manutenção da
validade de uma
patente
Pela manutenção da validade em
Portugal de uma patente europeia
concedida, o INPI cobra taxas
periódicas anuais. A duração de uma
patente é de 20 anos.49
Estas taxas
são equivalentes às cobradas para as
patentes nacionais.
As entidades portuguesas detentoras
de patentes europeias pagam taxas
junto das autoridades competentes
dos países em que efetuaram a
validação, no valor fixado nos
mesmos.50
As taxas pagas pela manutenção de
patentes em vigor são fixadas num
valor: 51
i. Equivalente às taxas de
renovação para uma patente
europeia em vigor com uma
cobertura geográfica média das
atuais Patentes Europeias;
ii. Que reflita o indicador de
renovação de patentes europeias
concedidas;
iii. Que reflita o número de pedidos
de efeito unitário.
O valor destas taxas, à data em que
o presente documento está a ser
elaborado, ainda não foi fixado.
Apenas se conhece a sua forma de
cálculo.52
Tribunais e
contencioso
De acordo com o Artigo 64.º da
CPE53
, qualquer infração de patente
europeia é apreciada pelos tribunais
nacionais.
De acordo com o Artigo 1.º do
Acordo referente ao TUP, os litígios
relacionados com as patentes
europeias e as PEU serão sujeitos à
jurisdição do TUP.54
O titular da patente terá a
possibilidade de afastar, no período
de transição, a jurisdição do TUP no
âmbito da patente europeia.55
Findo o período de transição, os
litígios relacionados com as patentes
europeias com ou sem efeito unitário
serão tratados pelo TUP,
obrigatoriamente.
49
Todas as patentes têm uma vigência máxima de 20 anos: Artigo 99.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de Julho;
http://www.epo.org/law-practice/legal-texts/html/epc/2013/e/ar63.html;
http://ec.europa.eu/internal_market/indprop/patent/faqs/index_en.htm 50
Em alguns países é necessário ter um procurador ou um agente oficial de propriedade industrial, existem vários
prazos e formas de pagamento pela manutenção da validade da patente (por exemplo, conforme o país, o
pagamento pode ser feito apenas pessoalmente, numa estação de correios, por transferência bancária,
diretamente no Instituto, etc.): Análise de Impacto Regulatório da Comissão Europeia de 15 de Abril de 2011
(9224/11 ADD 2). Em Portugal não é necessário um agente oficial de propriedade industrial. 51
É necessário referir que estas taxas, à data em que este documento está a ser elaborado, ainda não foram
fixadas. Apenas se conhece a sua forma de cálculo através do Artigo 12.º, n.º 3 do Regulamento referente à PEU,
2012. 52
Artigo 12.º, n.º 3 do Regulamento referente à PEU, 2012. 53
O Artigo 64.º, n.º 1 do CPE, 2013, descreve que uma patente europeia tem os mesmos direitos que uma patente
nacional conferida por um EMC. 54
É necessário clarificar que, assim que o TUP entrar em funções, tanto os casos referentes a patentes europeias
como os referentes à PEU podem ser tramitados neste Tribunal. 55
Artigo 83.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013.
23
Sem efeito unitário Com efeito unitário
Anulação No caso do IEP decidir limitar a pedido
do requerente ou revogar uma patente
europeia, o seu efeito é replicado, de
forma automática, em todos os
Estados-Membros da UE onde a
patente foi validada.56
A competência, em caso de litígio,
para a limitação ou revogação de uma
patente europeia pertence aos
tribunais nacionais.
A PEU pode ser limitada (a pedido do
requerente), transferida, anulada ou
pode expirar com efeito unitário em
todos os EMC.57
A competência, em caso de litígio,
para a limitação, transferência,
anulação e expiração de uma PEU
pertence ao TUP.
Fonte: Diário da República, CPE e Acordos do Sistema de Patente Europeia com Efeito Unitário.
2.2. Processos do Tribunal Unificado de Patentes (TUP)
Através da decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 Março de 2011, foi autorizada a
cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária.
No seguimento da referida autorização, o Conselho e o Parlamento Europeu, aprovaram os
Regulamentos de 17 de Dezembro de 2012, o (UE)
1257/2012 e o (UE) 1260/2012 respetivamente, que
regulam a cooperação reforçada no domínio da
criação da proteção unitária de patentes e o regime
de tradução aplicável.
Após a aprovação destes regulamentos, 25 Estados-
Membros assinaram o Acordo referente ao TUP
(2013/C 175/01) em 19 de Fevereiro de 201358
, o qual
foi publicado no Jornal Oficial da UE a 20 de Junho de
2013.
O TUP tem competência exclusiva para julgar e
decidir sobre59
:
Qualquer PEU;
Certificado complementar de proteção emitido para um produto protegido por uma patente;
Patente europeia que ainda permaneça válida à data da entrada em vigor do referido Acordo ou,
concedida após essa data, sem prejuízo do disposto no Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP;
Pedido de patente europeia em análise na data de entrada em vigor do respetivo Acordo ou,
formulado após essa data, sem prejuízo do disposto no Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP.60
No âmbito do presente estudo e para melhor compreender as competências deste Tribunal, o Artigo
32.º do Acordo referente ao TUP detalha a sua competência exclusiva nas seguintes matérias:
a) Ações por violação ou ameaça de violação de patentes e certificados complementares de
proteção e respetivas contestações, incluindo pedidos reconvencionais relativos a licenças;
b) Ações de verificação de não violação de patentes e certificados de proteção suplementar;
c) Ações com vista à concessão de medidas provisórias e cautelares e medidas inibitórias;
d) Ações de extinção de patentes e de declaração de nulidade dos certificados complementares de
proteção;
56
Artigo 105b.º, n.º3 do Acordo referente à CPE, 2013. 57
Artigo 3.º, n.º 2 do Regulamento referente à PEU, 2012. 58
EU-27, à exceção da Espanha e da Polónia. 59
Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 60
O Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP, 2013. Descreve as normas vigentes no decurso do período de
transição, a partir do momento em que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor.
A cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária foi autorizada em 2011 e o Acordo referente ao TUP foi publicado em 2013
24
e) Pedidos reconvencionais de extinção de patentes e de declaração de nulidade dos certificados
complementares de proteção;
f) Ações por danos ou pedidos de indemnização decorrentes da proteção provisória conferida por
um pedido de patente europeia publicado;
g) Ações relativas à utilização da invenção antes da concessão da patente ou ao direito baseado na
utilização anterior da invenção;
h) Ações de indemnização por licenças com base no Artigo 8.º do Regulamento (UE) n.º 1257/2012;
e
i) Ações relativas às decisões do Instituto Europeu de Patentes tomadas no âmbito das funções a
que se refere o Artigo 9.º do Regulamento (UE) n.º 1257/2012.
Os tribunais nacionais dos EMC são competentes para conhecer das ações relacionadas com
patentes e com os certificados complementares de proteção que não sejam da competência exclusiva
do TUP61
.
O TUP inclui, assim, na sua estrutura:
O Tribunal de Primeira Instância, constituído por divisões central, locais e regionais62
;
O Tribunal de Recurso;
Uma Secretaria63
.
O recurso das decisões do Tribunal de Primeira Instância será interposto no Tribunal de Recurso.
Figura 1. Organograma explicativo TUP
Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP, 2013.
61
Artigo 32.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 62
Artigo 7.º, n.º 4. Por cada 100 casos de litígio por ano civil, um EMC pode pedir uma divisão local adicional (por
um período de três anos consecutivos). O número de divisões locais num EMC não pode ser superior a 4. 63
Trata de documentos relativos aos processos em curso e informa as partes.
Tribunal Unificado de
Patentes
(TUP)
Tribunal de
Recurso
Tribunal de
Primeira
Instância
Secretariado
Divisão Central Divisões
Locais
Divisões
regionais
Paris, Londres
e Munique Em cada EMC
que o pedir Por acordo de
2 ou + EMC
Na sede do Tribunal
de Recurso
Luxemburgo
25
2.2.1. Composição dos painéis de juízes do Tribunal de Primeira Instância e Tribunal
de Recurso
Tribunal de Primeira Instância
A composição dos painéis de juízes do Tribunal de Primeira Instância será realizada com base nas
seguintes regras:64
i. Divisão central
Na divisão central, os painéis de juízes serão constituídos por 3 juízes (2 juízes com
formação jurídica e 1 juiz com formação técnica e com qualificações e experiência no campo
técnico em questão 65
), alocados da bolsa de juízes66
. No entanto, qualquer painel da divisão
central que lide com ações ao abrigo do Artigo 32.º, n.º 1, alínea i)67
, deverá ser composto
por três juízes com formação jurídica de diferentes nacionalidades de entre os vários EMC.
ii. Divisão local
Menos de 50 processos de patentes por ano, em média nos últimos 3 anos: um juiz com
formação jurídica da nacionalidade do EMC em que a divisão local está sediada e dois juízes
com formação jurídica que não sejam nacionais do EMC que acolhe a divisão local, alocados
da bolsa de juízes;68
50 ou mais processos de patentes por ano, em média nos últimos 3 anos: dois juízes com
formação jurídica do EMC em que a divisão local está sediada e um juiz de formação jurídica
de nacionalidade distinta da do EMC que acolhe a divisão local, alocado da bolsa de juízes.69
iii. Divisão regional
Qualquer painel de uma divisão regional será composto por dois juízes com formação
jurídica, selecionados da lista regional de juízes e preferencialmente da mesma
nacionalidade dos EMC que constituem a divisão regional, e um juiz com formação jurídica
de nacionalidade distinta da dos EMC que constituem a divisão regional alocado da bolsa de
juízes.70
Em qualquer um dos casos e a pedido de uma das partes ou do próprio painel, será indicado, da bolsa
de juízes, um juiz técnico, com qualificações e experiência no campo técnico em questão. Na prática,
a grande maioria dos casos em curso no Tribunal de Primeira Instância será julgado por quatro juízes,
pois as questões de infração e possível nulidade/validade de patentes são maioritariamente questões
técnicas de considerável complexidade.
Adicionalmente, em qualquer um dos casos anteriores, as partes podem acordar que o processo seja
atribuído a apenas um juiz.
Tribunal de Recurso
O painel do Tribunal de Recurso será constituído por cinco juízes de diferentes nacionalidades (dos
vários EMC): três juízes com formação jurídica e dois juízes com formação técnica e com
qualificações e experiência no campo técnico em questão, nomeados pelo presidente do Tribunal de
Recurso da bolsa de juízes.71
64
Artigo 8.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 65
Artigo 8.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 66
Conforme disposto pelo Artigo 18.º, n.º366
do Acordo referente ao TUP descreve que os juízes da pool de juízes
serão alocados para a divisão em causa pelo presidente do Tribunal de Primeira Instância e que a alocação dos
juízes deve ser baseada na experiencia jurídica ou técnica, competências linguísticas e a experiência relevante
para o processo em questão. A atribuição dos juízes deve garantir a mesma alta qualidade de trabalho e o mesmo
nível elevado de competência técnica e legal em todos os painéis do Tribunal da Primeira Instância. 67
Artigo 9.º, Regulamento referente à PEU. Ações relativas às decisões do IEP no âmbito das suas funções. 68
Artigo 8.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 69
Artigo 8.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013. 70
Artigo 8.º, n.º 4 do Acordo referente ao TUP, 2013. 71
Artigo 9.º do Acordo referente ao TUP.
26
2.2.2. Bolsa de Juízes72
A bolsa de juízes é constituída por todos os juízes com formação jurídica e juízes com formação
técnica do Tribunal de Primeira Instância que sejam juízes do Tribunal, a tempo inteiro ou parcial. A
bolsa de juízes inclui pelo menos um juiz com formação técnica com as qualificações e a experiência
pertinentes em cada área tecnológica. Os juízes com formação técnica da bolsa de juízes estão
igualmente à disposição do Tribunal de Recurso.
A lista relativa à bolsa de juízes deverá ser elaborada pelo secretário da divisão central do Tribunal de
Primeira Instância e deverá indicar, em relação a cada juiz, no mínimo, as suas aptidões linguísticas,
experiência no campo tecnológico que domina e listar todos os processos por si liderados
anteriormente.
Uma divisão local ou regional que necessitar de um juiz desta bolsa de juízes deverá endereçar o
pedido ao presidente do Tribunal de Primeira Instância, com uma descrição detalhada do processo,
identificação da língua oficial do EMC onde o mesmo decorrerá e a língua em que o processo será
tramitado, bem como o campo tecnológico em que a patente se insere.
2.2.3. Língua do Tribunal de Primeira Instância e do Tribunal de Recurso73
Tribunal de Primeira Instância
A língua do processo na divisão central será a língua em que a patente em questão foi
concedida74
.
A língua oficial de qualquer divisão local ou regional do Tribunal de Primeira Instância é uma das
línguas oficiais do país que acolhe a divisão local ou uma das línguas oficiais dos EMC que
constituem a divisão regional.75
Não obstante, os EMC poderão designar uma ou mais línguas oficiais do IEP como a língua do
processo da sua divisão local ou regional.76
Com o acordo das partes, o painel competente pode, por razões de conveniência e justiça, decidir
sobre o uso da língua em que foi concedida a patente como a língua do processo. Se o painel não
aprovar a escolha, as partes podem ainda solicitar que o processo decorra na divisão central. A
pedido de uma das partes, e depois de ouvidas as restantes partes interessadas e o painel
competente, o presidente do Tribunal de Primeira Instância pode, por razões de equidade e
considerando todas as circunstâncias relevantes, em particular, a posição do requerido, decidir
sobre o uso da língua em que foi concedida a patente como língua do processo. Nestas
circunstâncias, o presidente do Tribunal de Primeira Instância deve avaliar a necessidade de
disposições específicas de tradução e interpretação.
Tribunal de Recurso77
A língua do processo no Tribunal de Recurso é a língua do processo no Tribunal de Primeira
Instância. Não obstante, as partes podem acordar na utilização da língua em que foi concedida a
patente como língua do processo.
Em casos excecionais e, na medida considerada adequada, o Tribunal de Recurso pode decidir
sobre outra língua oficial de um EMC como a língua do processo para a totalidade ou parte do
mesmo, mediante acordo entre as partes.
72
Artigo 18.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 73
Artigos 49.º, 50.º e 51.º do Acordo referente ao TUP, 2013. De realçar que o Artigo 51.º contêm facilidades
adicionais no âmbito das traduções. O requerido, se entender necessário, poderá pedir uma tradução dos
documentos relevantes para a língua do EMC a que pertence. 74
Artigo 49.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 75
Artigo 49.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 76
Um processo só decorrerá numa língua. Uma divisão local ou regional poderá, contudo, designar como língua
oficial mais do que uma língua oficial dos EMC. Artigo 49.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 77
Artigo 50.º do Acordo referente ao TUP, 2013.
27
2.2.4. Competências das divisões do Tribunal de Primeira Instância78
As ações da competência do TUP devem ser interpostas junto à79
:
Divisão local acolhida pelo EMC onde ocorreu ou existe ameaça de violação, ou a divisão regional
em que esse EMC participa; ou
Divisão local ou regional do EMC onde o requerido ou, no caso de múltiplos requeridos, um dos
requeridos tenha a sua residência ou estabelecimento principal, ou, na sua ausência, o seu local
de trabalho. As ações contra vários requeridos múltiplos apenas podem ser intentadas se os
requeridos tiverem uma relação comercial e se estiverem relacionadas com a mesma alegada
violação. Ações interpostas contra requeridos com residência, estabelecimento principal ou local
de trabalho fora do território dos EMC, devem ser apresentadas perante a divisão local ou regional
do território em que tenha ocorrido alegada violação da patente.
Se o EMC em questão não tiver uma divisão local e não integrar uma divisão regional, o processo
deve ser remetido para a divisão central.
Caso seja intentada, perante várias divisões diferentes, uma ação entre as mesmas partes
relativamente à mesma patente, a divisão à qual o caso foi submetido em primeiro lugar é competente
para a totalidade da ação e as divisões que eventualmente forem implicadas posteriormente declaram
a ação improcedente nos termos do regulamento de processo
No que concerne a pedidos reconvencionais de extinção, previstos no Artigo 32.º, n.º 1, alínea e) do
Acordo referente ao TUP80
, no âmbito de uma ação por violação referida no Artigo 32.º, n.º 1, alínea
a)81
do mesmo Acordo, a divisão local ou regional em causa pode, ouvidas as partes:
Dar seguimento à ação por violação e ao pedido reconvencional de extinção e solicitar ao
presidente do Tribunal de Primeira Instância para alocar, a partir da bolsa de juízes, um juiz com
formação técnica e com qualificações e experiência na área tecnológica em causa;
Remeter o pedido reconvencional da extinção à divisão central para decisão e, suspender ou dar
seguimento à ação por violação; ou
Com o acordo das partes, remeter a ação à divisão central para decisão.
No que concerne a ações de verificação de não violação de patentes e certificados complementares
de proteção, bem como a ações de extinção de patentes e de declaração de nulidade de certificados
complementares de proteção previstos no artigo 32.º, n.º 1, alínea b) e d) do Acordo referente ao TUP,
as ações são obrigatoriamente intentadas na divisão central.
78
Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 79
As partes podem ainda acordar em intentar as ações a que se refere o Artigo 32.º, n.º 1, alíneas a) a h), perante
a divisão da sua escolha, incluindo a divisão central, conforme disposto no Artigo 33.º, n.º 7 do Acordo referente ao
TUP, 2013. 80
Artigo 32.º de Acordo referente ao TUP. Pedidos reconvencionais de extinção de patentes e de declaração de
nulidade dos certificados complementares de proteção. 81
Artigo 32.º de Acordo referente ao TUP. Ações por violação ou ameaça de violação de patentes e certificados
complementares de proteção e respetivas contestações, incluindo pedidos reconvencionais relativos a licenças.
28
Para melhor compreensão sobre o local onde os processos podem decorrer, a tabela seguinte
apresenta alguns exemplos:
Tabela 3. Localização dos processos em caso de adesão de Portugal ao Acordo referente ao TUP
Situação da empresa ou cidadão português Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP
Enquanto requerido num processo de
alegada violação de uma PEU, no território
de um EMC (fora do território português)
O requerido pode ser processado na divisão local ou regional
do Tribunal de Primeira Instância do EMC onde teve lugar a
alegada violação (os processos são realizados na língua do
país onde a divisão local ou regional esteja sediada) ou numa
divisão local em Portugal (sede ou morada requerido 82
,
processo decorrerá em português).83
Se Portugal não criar uma divisão local ou regional, um
requerido de nacionalidade portuguesa pode ser processado
junto da divisão central do TUP.
Enquanto requerido num processo de
alegada violação de uma PEU em território
português
O requerido é processado numa divisão local ou regional do
Tribunal de Primeira Instância em Portugal (o processo
decorre em português).
Se, em Portugal, não existir uma divisão local ou regional do
TUP, o requerido pode ser processado na divisão central do
TUP.84
(nesse caso, o processo será conduzido em inglês,
alemão ou francês).85
Um empresário ou cidadão de
nacionalidade portuguesa pretende
invalidar uma PEU
Nesta situação, o empresário português atua junto da divisão
central do Tribunal de Primeira Instância.86
Os processos são
conduzidos em inglês, alemão ou francês.
Um empresário ou cidadão de
nacionalidade portuguesa pretende
processar uma pessoa coletiva ou
individual oriunda de outro EMC por
alegada violação de uma PEU
O empresário ou cidadão português pode processar o
requerido no país em que entende que terá ocorrido a
violação ou na divisão central.87
Se o processo decorrer na divisão central será conduzido em
inglês, alemão ou francês.
Se o processo decorrer no país em que tenha ocorrido a
violação, então, a língua do processo será a língua da divisão
local ou regional onde o mesmo decorre.
Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP, 2013.
2.2.5. Financiamento do Tribunal Unificado de Patentes (TUP)88
O Acordo relativo ao TUP estabelece que o TUP apenas financiará os custos decorrentes da sua
operação89
, isto é, não suportará o investimento inicial imprescindível para a construção das
instalações que irão albergar a divisão central e as suas secções, divisões locais ou regionais do
Tribunal de Primeira Instância, o Tribunal de Recurso, o Centro de Mediação e Arbitragem e o Centro
de Formação de Juízes. Adicionalmente, durante o período de transição, cada EMC também deverá
fornecer o pessoal administrativo necessário para o normal funcionamento das divisões locais e
regionais com sede no seu território.
82
Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 83
Artigo 49.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 84
Artigo 33.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 85
Artigo 49.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 86
Artigo 32.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 87
Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 88
Artigo 37.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 89
Artigo 37.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013.
29
À parte dos custos e recursos acima mencionados, cada EMC é ainda responsável por realizar uma
contribuição, calculada de acordo com:90
Número de patentes europeias ativas no seu território à data de entrada em vigor do Acordo
relativo ao TUP;
Número de processos relativos a patentes europeias, por alegada violação ou pedido de anulação,
que tenham dado entrada nos tribunais nacionais até 3 anos antes da entrada em vigor do Acordo
relativo ao TUP.
Findo o período de transição, espera-se que o
Tribunal se autofinancie e a partir deste
momento, caso venham a ser necessárias
contribuições, a contribuição de cada EMC
será determinada de acordo com a respetiva
proporção no total de taxas anuais cobradas
(taxas cobradas relativas à manutenção da
validade de uma patente) relativas à PEU
(válidas no momento em que contribuição
será devida).
2.2.6. Centro de Mediação e Arbitragem de Patentes e Formação de Juízes
O Centro de Mediação e Arbitragem estará localizado em Liubliana e Lisboa e disponibilizará os meios
para a mediação e arbitragem de litígios relacionados com patentes europeias e patentes europeias
com efeito unitário91
.
O Centro estabelecerá as regras de arbitragem e mediação e designará uma lista de mediadores e
árbitros para acompanhar as partes interessadas, com vista à resolução do litígio.
Atualmente, ainda não se conhece qual será o seu modelo de financiamento. De salientar que o
Centro não deterá competências para revogar ou limitar uma patente.
Para melhorar, aumentar e assegurar uma ampla distribuição geográfica de competências e
conhecimentos específicos, bem como utilizar a experiência dos juízes em casos de litígio de
patentes, o Acordo referente ao TUP criou ainda um Centro de Formação de Juízes com sede em
Budapeste.
O Centro de Formação92
terá como foco a:
a) Realização de estágios em tribunais nacionais de patentes ou em divisões do Tribunal de Primeira
Instância para audição de um número substancial de casos de litígio;
b) Melhoria das competências linguísticas;
c) Melhoria dos aspetos técnicos do direito de patentes;
d) Divulgação de conhecimento e troca de experiências entre juízes técnicos;
e) Preparação de candidatos a juízes.
Em suma, o Centro de Formação deve providenciar formação contínua aos juízes do TUP. Devem ser
organizadas reuniões regulares entre todos os juízes do TUP, a fim de discutir a evolução do direito de
patentes e para assegurar a coerência e consistência da jurisprudência.
90
Artigo 37.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013. 91
Artigo 35.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 92
Artigo 19.º do Acordo referente ao TUP, 2013.
Espera-se que o TUP se autofinancie após o período de transição (7 anos), dependendo durante o mesmo das contribuições dos vários EMC.
30
2.3. O período de transição
Figura 2. Cronograma do período de transição
Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP.
No momento em que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor, ainda existirão ações judicias
pendentes em outros órgãos de âmbito nacional e europeu, ao abrigo da CPE, atualmente em vigor.
Como tal, para não criar situações de dúvida sobre o quadro regulamentar aplicável nestas
circunstâncias, haverá um quadro legal específico vigente no decurso do período de transição.
O período de transição só terá início no momento que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor
satisfazendo as seguintes condições:
Ratificação do Acordo por pelo menos 13 Estados-Membros, incluindo obrigatoriamente a
Alemanha, Reino Unido e França (países onde a divisão central do Tribunal de Primeira Instância
estará sediado)93
; ou
Data em que as alterações ao Acordo (UE) 1215/2012 entrarem em vigor.94
Este terá uma duração de 7 anos, sendo que cinco anos após o seu início, se desenvolverá uma
avaliação do desempenho do sistema para avaliar se será necessário prolongar este período de
transição por um máximo de 7 anos adicionais face ao inicialmente previsto. Esta decisão será tomada
pelo Comité Administrativo, com base nos resultados da consulta e na opinião do TUP. O Comité
Administrativo será constituído por 1 membro representante de cada EMC e observado por um
membro em representação da Comissão Europeia.95
93
Até à data seis Estados-Membros já ratificaram o Acordo: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Malta e Suécia.
Lista retirada do website da Comissão Europeia atualizada até 30.01.2015. 94
Entrou em vigor à data de 10 de Janeiro de 2015. 95
Artigo 12.º do Acordo referente ao TUP, 2013.
Entrada em vigor do
Acordo referente ao
TUP e início do
período de transição
O Acordo entrará em vigor no primeiro dia do quarto
mês após o cumprimento dos seguintes requisitos: 1. Após ratificação de 13 países, incluindo
obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França.
2. Data, em que as alterações ao regulamento (UE) 1215/2012 entrarem em vigor.
A 7 anos do fim do período de
transição
A 2 anos do fim do
período de transição
O período de transição poderá ser
extensível até um máximo de 7 anos
após o fim do período de transição
inicial
Com base em consulta efetuada pelo
Comité Administrativo e tendo em
consideração a posição do TUP, o
Comité poderá prolongar o período de
transição por um período máximo de 7
anos.
Fim do período
de transição
Avaliação do Comité
Administrativo
Realização de ampla consulta aos utilizadores do
sistema e levantamento do número de Patentes
Europeias e certificados complementares de proteção
emitidos para produtos protegidos por Patentes
Europeias relativas a processos anteriormente
conduzidos pelos tribunais nacionais.
31
2.3.1. Período de transição para o Tribunal Unificado de Patentes
Antes de prosseguir com a discussão em torno da regulamentação sobre o período de transição, é
necessário compreender a opção do opt-out. Esta opção, ativa durante o período de transição, permite
a um titular ou requerente de uma patente europeia ou de um certificado complementar de proteção
emitido ou solicitado antes do fim do período de transição, a possibilidade de optar por defender os
seus direitos perante um organismo diferente do TUP, a menos que uma ação por alegada violação ou
anulação dessa mesma patente já tenha sido entretanto interposta ao TUP96
.
Para o efeito, os titulares devem comunicar o seu opt-out, pagando uma taxa ainda por definir, para o
registo implementado no Tribunal de Recurso, até 1 mês antes do fim do período de transição, e só
entrará em vigor após dar entrada no registo. Será possível desistir da opção opt-out, pagando uma
taxa ainda por definir, a qualquer momento, mediante notificação do registo.
A regulamentação sobre o período de transição abrange ainda as competências em matéria de
decisão relativas a processos de alegada violação ou pedido de anulação de uma patente, incluindo
ainda regulamentação relativa à língua e à tradução.
Durante o período de transição, qualquer ação por alegada violação ou pedido de anulação de uma
patente europeia ou uma ação por alegada violação ou declaração de nulidade de um certificado
complementar de proteção emitido para um produto protegido por uma patente europeia, pode ainda
ser apresentado nos tribunais nacionais ou em outra autoridade nacional competente.97
Isto implica
que os processos que tenham dado entrada nestes organismos competentes, até ao término do
período de transição, podem continuar a ser tramitados nos mesmos organismos competentes.
2.4. Situação Atual – dados estatísticos
A caracterização estatística dos pedidos e emissões de patentes europeias permite-nos perceber a
importância deste instrumento e é, por esse motivo, uma parte fundamental do estudo de impacto
desenvolvido. Nas páginas seguintes são apresentados os principais dados estatísticos disponíveis e
que permitem fazer essa caracterização, considerando as patentes, pedidas e concedidas, no âmbito
do universo de países que assinaram o PCT98
, bem como no universo mais restrito dos 28 países que
compõem a UE.
Anualmente, o IEP sistematiza e divulga os dados relativos a Patentes Europeias dos diversos
Estados-Membros, de acordo com a informação que lhe é remetida pelos respetivos Institutos
Nacionais de Patentes.
Gráfico 1. Taxa média de sucesso de emissão de patentes europeias e posição no ranking mundial
(patentes concedidas vs. pedidos realizados no período 2009-2013)
Fonte: Estatísticas IEP e cálculos próprios referentes ao período 2009-2013.
96
Artigo 83.º, n.º 3, Acordo referente ao TUP, 2013. 97
Artigo 83.º, n.º 1, Acordo referente ao TUP, 2013. 98
Patent Cooperation Treaty assinado por 148 países, incluindo os 28 países da UE.
46% 45%
39% 39%
30% 29%
22%
16% 16%
Itália(23º)
Liechtenstein(24º)
Alemanha(25º)
França(27º)
Chipre(38º)
ReinoUnido(41º)
EstadosUnidos(56º)
Portugal(66º)
Espanha(70º)
Média UE (28): 24%
32
No período entre 2009 e 2013, a taxa média de sucesso na obtenção de patentes europeias99
, no
caso português, ronda os 16%, inferior à taxa média de sucesso para a média dos países da UE que é
de, aproximadamente, 24%100
. A Alemanha surge em 25º lugar deste rank (39%), a França em 27º
(39%) e o Reino Unido em 41º (29%).
De realçar que, no total dos 28 Estados-Membros da UE, existem 19 países que contabilizam uma
taxa de sucesso superior à de Portugal.
Gráfico 2. Patentes europeias em 2013
Fonte: Estatísticas IEP e cálculos próprios referentes ao ano de 2013.
Em 2013, foram apresentados 265.690 pedidos de patente europeia pelo total de países que
assinaram o PCT, dos quais 147.869 foram entregues diretamente no IEP.
Neste universo, Portugal apresentou um total de 199 pedidos de patente101
, dos quais 94 pedidos
foram entregues diretamente no IEP. Foram, no mesmo ano, concedidas 26 patentes europeias a
entidades portuguesas, das 66.707 patentes concedidas102
.
Gráfico 3. Pedidos de patente europeia entregues e posição no ranking mundial (2013)
Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.
99
Taxa média de sucesso: Número médio de patentes europeias concedidas dos últimos 5 anos / Número médio
de pedidos de patentes europeias nos últimos 5 anos. Assumimos esta fórmula de cálculo dado que o IEP em
média, demora entre 4 a 5 anos a conceder uma patente europeia desde da data em que o pedido é realizado. 100
Taxa média de sucesso calculada através da média das taxas de sucesso dos Estados-Membros constituintes
da UE (28).
101 No PCT e IEP.
102 Mais uma vez realçamos o facto de não existir uma correlação direta entre os pedidos entregues num ano e as
patentes concedidas nesse mesmo ano.
181.937
82.311 36.282
83.754
65.558
30.425
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
Total de pedidos de patente europeia Pedidos de patente europeia entreguesno IEP
Patentes europeiasconcedidas
Resto do Mundo Europa (28)
265.690
147.869
66.707
64.967
52.437
32.022
22.292 16.857
12.417
6.469 2.476 199
55.554
EstadosUnidos
(1º)
Japão (2º)
Alemanha(3º)
China(4º)
Repúblicada Coreia
(5º)
França(6º)
Reino Unido(9º)
Espanha(14º)
Portugal(36º)
Outros
Média UE (28): 2.991
33
Os líderes no registo de pedidos de patente europeia são os EUA, Japão, Alemanha, China e
República da Coreia, que juntos representam 71% de total de pedidos de patente europeia realizados
no IEP em 2013.
Gráfico 4. Patentes europeias concedidas e posição no ranking mundial (2013)
Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.
Relativamente às patentes europeias concedidas, Portugal ocupa a 42ª posição, num ranking liderado
pelos EUA e Alemanha. A Espanha está posicionada no 19º lugar e países como França, Itália e
Reino Unido, ocupam o 4º, 6º e 7º lugar, respetivamente.
Gráfico 5. Pedidos de patente europeia entregues por milhão de habitantes e posição no ranking mundial
(2013)
Fonte: Estatísticas IEP, World Bank e cálculos próprios referentes a 2013.
O Liechtenstein103
com 349 pedidos, lidera o número de pedidos de patente europeia por milhão de
habitantes, seguido pela Suíça, Luxemburgo e Alemanha. De realçar que o Reino Unido, tal como
Espanha e Portugal estão abaixo da média europeia com 101, 53 e 19 pedidos de patente europeia
por cada milhão de habitantes, respetivamente.
103
O Liechtenstein lidera o ranking com uma população composta por 36.925 habitantes.
14.877
13.425
12.133
4.910
2.668 2.353 2.064 1.883 395 26
11.973
EUA(1º)
Alemanha(2º)
Japão(3º)
França(4º)
Suíça(5º)
Itália(6º)
ReinoUnido(7º)
Holanda(9º)
Espanha(19º)
Portugal(42º)
Outros
986 972
397 206 188
101 53 19
Liechtenstein(1º)
Suiça(2º)
Luxemburgo(3º)
Alemanha(13º)
EstadosUnidos(18º)
França(21º)
Reino Unido(26º)
Espanha(33º)
Portugal(40º)
9.449
Média UE (28): 1.087
Média UE (28): 175
34
Gráfico 6. Patentes europeias concedidas por milhão de habitantes e e posição no ranking mundial (2013)
Fonte: Estatísticas IEP, World Bank e cálculos próprios referentes a 2013.
O Liechtenstein104
, com 113 patentes concedidas, lidera o número de patentes europeias concedidas
por milhão de habitantes. De realçar que os Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Portugal estão
abaixo da média europeia com 47, 32, 8 e 2 patentes europeias concedidas por cada milhão de
habitantes, respetivamente.
Tabela 4. Entidades com maior número de
pedidos de patente europeia em Portugal (2013)
Tabela 5. Entidades com maior número de pedidos de
patente europeia (2013)
Rank Entidade
N.º
pedidos
PCT
Rank Entidade
N.º
pedidos
PCT
1 Instituto Superior Técnico 7 1 Panasonic Corporation 2.839
2 Universidade de Lisboa 7 2 ZTE Corporation 2.309
3 Universidade de Aveiro 6
3 Huawei Technologies CO.,
LTD
2.110
4 Universidade do Minho 6 4 Qualcomm Incorporated 2.050
5 Universidade do Porto 6 5 Intel Corporation 1.871
6 Biosurfit, S.A. 4 6 Sharp Kabushiki Kaisha 1.839
7 Novadelta - Comercio e
Industria de Cafés S.A. 4
7 Robert Bosch Corporation
1.809
8 Universidade de Coimbra 4
8 Toyota Jidosha Kabushiki
Kaisha
1.698
9 Yd Ynvisible, S.A. 4 9 Ericsson 1.468
10 Portela & C.A., S.A. 3
10 Koninklijke Philips Electronics
N.V.
1.423
Fonte: Estatística WIPO referentes ao ano de 2013.
104
O Liechtenstein lidera o ranking com uma população composta por 36.925 habitantes.
330 324
167 74 47 32 8 2
Liechtenstein(1º)
Suiça(8º)
Luxemburgo(7º)
Alemanha(9º)
França(16º)
EstadosUnidos(21º)
Reino Unido(26º)
Espanha(37º)
Portugal(43º)
3.060
Média UE (28): 54
35
De salientar que as entidades com o maior número de pedidos registados de patente europeia são
grandes empresas multinacionais do sector de componentes para informática, telecomunicações,
automóveis e componentes para telemóveis. Como esperado, estes são sectores altamente
concorrenciais e onde é realizado um vasto investimento em pesquisa e desenvolvimento, para
encontrar novos produtos e componentes. As patentes protegem os resultados desta investigação e
permitem a estas empresas diferenciar os seus produtos e atividade dos restantes concorrentes nos
mercados em que atuam. São por este motivo um instrumento fundamental de estratégia empresarial.
Em Portugal, as entidades que mais registaram pedidos de patente europeia foram entidades de
ensino superior.
Gráfico 7. Pedidos de patentes por sectores em Portugal (1998-2013)
Fonte: Estatísticas WIPO entre 1998 e 2013.
Relativamente ao mercado português, entre 1998 e 2013, o pedido de registo de patente europeia é
dominado por empresas da indústria farmacêutica, de engenharia civil, do sector químico, da
biotecnologia e outras máquinas especiais. Em conjunto, estes sectores totalizam 36,22% do total de
pedidos de patentes.
Para finalizar, é necessário referir que, em Portugal, durante o ano de 2013, foram validadas 3.905105
patentes europeias.
105
Dados ACPI.
9,6%
8,4%
7,5%
5,4%
4,9%
4,4%
4,3%
4,2%
3,6% 3,5%
44,3%
Farmacêuticas
Engenharia Civil
Química orgânica fina
Biotecnologia
Outras máquinas especiais
Tecnologia médica
Móveis e jogos
Transporte
Engenharia Química
Medição
Outros
36
3.1 Metodologia
O presente estudo visa avaliar o impacto nas empresas portuguesas da introdução, em Portugal, da
patente europeia com efeito unitário (PEU) e do Tribunal Unificado de Patentes (TUP).
Não existindo uma metodologia de avaliação de impacto regulatório aprovada em Portugal, a presente
avaliação de impacto segue os seguintes princípios gerais:
Os pressupostos da análise devem ser claramente explicitados;
Será sempre indicada a fonte dos dados e, nos casos aplicáveis, a metodologia de pesquisa ou de
cálculo utilizada;
Serão examinados os custos e benefícios da introdução da PEU e do TUP, tendo como ponto de
partida a situação anterior à sua adoção;
As estimativas de custos e benefícios, sempre que possível, têm em consideração as
opiniões/recomendações de especialistas;
Os resultados da avaliação do impacto devem ser apresentados, sempre que possível, de forma
quantificada. Se tal não for possível, deverá ser feita uma avaliação qualitativa do seu impacto.
Seguindo os princípios gerais de avaliação do impacto mencionados serão examinados dois cenários
possíveis relativos à introdução da PEU106
e adesão ao TUP:
Para simplificação do modelo de avaliação de impacto, assumimos que os prazos de adoção da PEU
e de implementação do TUP foram determinados com base na data prevista para a entrada em vigor
106
Portugal poderá ainda não aderir ao sistema, uma vez que o efeito unitário só se aplicará aos países que, além
de terem assinado a decisão de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária,
ratificarem o Acordo referente ao TUP, de acordo com o Artigo 18.º, nº2 do Regulamento referente à PEU.
0Hipótese
Não adoção por Portugal da
PEU e a não ratificação do
Acordo referente ao TUP
1Hipótese
Adoção por Portugal da
PEU e ratificação do
Acordo referente ao TUP
3. Avaliação do Impacto Patente Europeia com Efeito Unitário
37
dos regulamentos107
: 10 de Janeiro de 2015108
. Foram também tidos em consideração os prazos
previstos para o período de transição: 12 anos para a PEU109
e 7 anos para o TUP110
.
O horizonte temporal utilizado para a avaliação do impacto foi de 20 anos (até 2034), o qual inclui o
período de transição previsto para a implementação da PEU e do TUP (12 e 7 anos, respetivamente)
e os anos seguintes. O horizonte temporal de 20 anos está, desta forma, também alinhado com o
prazo máximo de vigência de uma patente no mercado.
Os valores considerados no cálculo dos custos e benefícios foram obtidos a partir de diversas fontes
de informação consideradas relevantes:
Pesquisa documental e de bases de dados;
Entrevistas a empresas privadas e instituições de ensino superior;
Consulta a especialistas em propriedade intelectual.
3.1.1 Descrição das hipóteses analisadas
Hipótese 0 - Não adoção por Portugal da PEU e não
ratificação do Acordo referente ao TUP
Esta hipótese pressupõe que Portugal não adere à
PEU e não ratifica o Acordo referente ao TUP. Assume
também que o sistema de patente europeia com efeito
unitário será criado e incluirá 23 Estados-Membros da
UE (exceto Portugal, Espanha, Polónia e Itália)111
.
Neste contexto, as empresas portuguesas poderão
optar, para o registo das suas patentes, por qualquer
uma das várias soluções existentes (nacional,
europeia, europeia com efeito unitário e internacional),
contudo, o território nacional não será abrangido de forma automática pela PEU. Por este motivo,
qualquer entidade, nacional ou estrangeira, que queira obter proteção no mercado nacional terá de o
fazer recorrendo à patente nacional ou patente europeia (validada em Portugal).
A não adesão de Portugal ao Acordo referente ao TUP implicará ainda que os litígios relacionados
com violações de patentes europeias, que tenham lugar em território português, estarão sujeitos à
jurisdição nacional e Portugal não terá de contribuir para o financiamento do TUP.
Contudo, eventuais infrações de PEU cometidas por entidades portuguesas no território dos EMC
estarão sujeitas à jurisdição do TUP.
107
Regulamento referente à PEU e Regulamento referente à tradução, Regulamento (UE) nº 1257/2012 e
Regulamento (UE) nº 1260/2012, respetivamente. 108
O Acordo (UE) n.º 1215/2012 regula a jurisdição e o reconhecimento da aplicação das decisões em matérias
civis e comerciais. Este Acordo foi publicado em 20 de Dezembro de 2012 e entrará em vigor a 10 de Janeiro de
2015 (Artigo 81.º do Acordo (UE) n.º 1215/2012). O sistema de patente com efeito unitário entrará, então, em vigor
a 10 de Janeiro de 2005 ou quando 13 Estados-Membros ratificarem o Acordo. 109
Considerando 13 do Regulamento referente à PEU. 110
Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP. 111
Uma vez que a Polónia não assinou o Acordo referente ao TUP e a PEU só produzirá efeito automático nos
países que ratificarem o Acordo referente ao TUP, considera-se que a Polónia não fará parte dos EMC.
0Hipótese
Não adoção por Portugal da
PEU e a não ratificação do
Acordo referente ao TUP
38
Hipótese 1 - Adoção por Portugal da PEU e
ratificação do Acordo referente ao TUP
Esta hipótese assenta no pressuposto de que
Portugal adere à PEU e ratifica o Acordo referente
ao TUP.
Assume-se que, nesta circunstância, o sistema
abrangerá 24 Estados-Membros da UE (com
exceção da Polónia, Espanha e Itália). As empresas
portuguesas poderão continuar a beneficiar da
proteção conferida pelas patentes de âmbito
nacional, europeu e internacional, bem como da
recém-implementada solução PEU.
Neste contexto, as PEU concedidas terão efeito automático no território nacional.
Assume-se igualmente que Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP e que será criada, em
Portugal, uma divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP112
. Assume-se também que os
processos relacionados com violações de patentes incorridas no território nacional decorrerão nesta
divisão local do TUP113
.
Portugal terá ainda de contribuir para o financiamento da implementação do TUP, à semelhança dos
restantes EMC114
. Neste caso, considera-se que também a Itália terá de contribuir para o
financiamento do TUP, uma vez que assinou o respetivo Acordo.
112
Uma divisão local poderá ser criada em qualquer país que ratificou o Acordo referente ao TUP. Segundo a
opinião de especialistas em propriedade intelectual, o número de processos de litígio de patente em Portugal
justifica a construção de uma divisão local em Portugal. Consideramos, assim, que Portugal terá uma divisão local,
embora ainda não seja conhecida uma decisão definitiva por parte das Autoridades Portuguesas relativamente a
esta matéria. 113
De acordo com o Artigo 33.º, n.º 1, os processos poderiam decorrer na divisão local do país onde ocorra a
infracção ou no país do requerido. Para efeitos da presente avaliação de impacto, considera-se que os processos
decorrerão em Portugal para infracções ou alegadas infracções cometidas em território nacional. 114
No Artigo 37.º, n.º 3 e n.º 4 do Acordo Referente ao TUP: “No período transitório inicial de sete anos a contar da
entrada em vigor do presente Acordo, a contribuição de cada EMC que tenha ratificado ou aderido ao Acordo antes
da sua entrada em vigor é calculado com base no número de patentes europeias que produzem efeitos no território
desse Estado na data de entrada em vigor do presente Acordo e no número de patentes europeias que são objeto
de ações por violação ou extinção intentadas perante os tribunais nacionais desse Estado-Membro nos três anos
anteriores à entrada em vigor do presente Acordo. No mesmo período transitório inicial de sete anos, as
contribuições dos Estados-Membros que ratificam ou aderem ao presente Acordo após a sua entrada em vigor são
calculadas com base no número de patentes europeias que produzem efeitos no território desses Estados-
Membros na data da respetiva ratificação ou adesão e no número de patentes europeias que são objeto de ações
por violação ou extinção intentadas perante os tribunais nacionais daqueles Estados-Membros nos três anos
anteriores à respetiva ratificação ou adesão. Findo o período transitório inicial de sete anos, espera-se que o
Tribunal esteja em condições de se autofinanciar; todavia, caso venham a ser necessárias contribuições dos EMC,
estas deverão ser determinadas de acordo com a chave de repartição das taxas anuais de renovação de patentes
europeias com efeito unitário aplicável quando a contribuição se torna necessário.”
1Hipótese
Adoção por Portugal da
PEU e ratificação do
Acordo referente ao TUP
39
A tabela seguinte apresenta algum detalhe de cada uma das hipóteses consideradas, por forma
facilitar o entendimento sobre cada uma e as diferenças entre si:
Tabela 6. Tabela comparativa das hipóteses de análise consideradas
Hipótese 0 Hipótese 1
Adesão à PEU e ratificação do Acordo
referente ao TUP Não Sim
Criação do sistema de patente europeia com
efeito unitário Sim
Alcance Territorial da PEU
UE27 exceto
Portugal, Polónia,
Espanha e Itália
UE27 exceto Polónia,
Espanha e Itália
Entidades portuguesas podem beneficiar da
PEU Sim
115
Patentes vigentes em Portugal Patentes nacionais e PE
validadas em Portugal116
Patentes nacionais, PE validadas
em Portugal e PEU117
Processos de violação de PE, que ocorram
em Portugal Tribunais Nacionais
TUP
Processos de violação de PEU, que ocorram
em Portugal Não aplicável
Processos de violação de PE e PEU por
empresas portuguesas, com lugar fora do
território nacional
TUP;
Tribunais Nacionais em Espanha e Polónia (apenas no
caso de patentes europeias validadas nestes territórios).
3.1.2 Pressupostos metodológicos
De seguida, apresentam-se os pressupostos metodológicos utilizados para a avaliação do impacto no
tecido empresarial português da introdução da PEU e adesão ao TUP em Portugal. Estes
pressupostos encontram-se divididos em:
Pressupostos gerais;
Pressupostos relativos à evolução do número de PE e PEU;
Pressupostos relativos ao cálculo de outros benefícios e custos relacionados com a PEU;
Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos relacionados com processos judiciais;
Pressupostos assumidos para análise dos custos de ajustamento das estruturas existentes ao
novo sistema.
115
As entidades portuguesas podem sempre beneficiar da PEU. Contudo, no caso da Hipótese 0, as PEU
concedidas não têm validade automática em território nacional. 116
A estas acrescem as patentes internacionais validadas em território nacional, mas que são excluídas para
efeitos da avaliação de impacto. 117
Idem.
40
Pressupostos gerais
i. Foram considerados apenas os benefícios e os custos que diferem entre as duas hipóteses
de análise consideradas, razão pela qual não se deve assumir que foram considerados e
explicitados todos os custos e benefícios potenciais incorridos em cada hipótese;
ii. A exceção de Portugal, cuja adesão depende da hipótese em análise, considera-se que a
PEU entrará em vigor em todos os países que assinaram o acordo de cooperação reforçada
no domínio da criação da proteção de patente unitária e assinaram o Acordo referente ao
TUP118
;
iii. Na hipótese 0, considera-se que, mesmo sem a adesão de Portugal à PEU e não ratificação
do Acordo referente ao TUP, os empresários portugueses poderão beneficiar da PEU, uma
vez que a PEU estará em vigor nos restantes 23 países da UE (com exceção de Portugal,
Polónia, Espanha e Itália);
iv. Assume-se que a PEU entrará em vigor no início de 2016;
v. Considera-se ainda que a publicação das primeiras menções de concessão de PEU pode
ocorrer logo no ano de entrada em vigor da solução, para pedidos de patente europeia
entregues previamente e que sejam decididos nesse momento;
vi. Assume-se também que, na Hipótese 1, será criada em Portugal uma divisão local do
Tribunal de Primeira Instância do TUP, embora ainda não seja conhecida uma decisão neste
sentido por parte de Portugal;
vii. A evolução da taxa de inflação foi assumida de acordo com os valores apresentados na
seguinte tabela119
:
2015 2016 2017 2018 2019 em diante
0,9% 1,4% 1,6% 1,7% 1,7%
viii. Para o cálculo dos cash flows associados a alguns dos custos e receitas estimadas foi
aplicado um método de cálculo, frequentemente utilizado em avaliações de projetos de
investimento, o valor atual líquido (doravante designado por VAL). O VAL tem como objetivo
avaliar a viabilidade de um projeto de investimento através do cálculo do valor atual de todos
os seus “cash flows” futuros. Os cash flows futuros foram atualizados à taxa de desconto de
6%120
para o horizonte temporal definido;
118
Conforme listados no capítulo 2 do presente estudo (países da UE, à exceção da Polónia, Itália e Espanha). 119
The Economist Intelligence Unit Forecast, inflation EU28. 120
De acordo com Despacho n.º 13208/2003, de 25 de Junho (Ministério das Finanças), respeitante à taxa de
desconto e às projeções de inflação. Este despacho estima que a taxa de desconto real a ser usada na avaliação
dos projectos públicos seja de 4% somando a taxa de inflação fixada em 2%. Para efeitos de simplificação esta
taxa será usada para comparar as hipóteses que dizem respeitantes ao INPI, Orçamento do Estado e empresas
abrangidas.
A
41
Pressupostos relativos à evolução do número de PE e PEU
Para que as patentes europeias concedidas se mantenham em vigor é necessário pagar, anualmente,
uma taxa de manutenção, cujo montante aumenta a cada ano do período de vigência da patente. Se o
titular da patente não pagar a respetiva taxa de manutenção, esta perderá a sua validade.
O IEP disponibiliza, anualmente, os dados relativos ao número de pedidos efetuados e patentes
europeias concedidas. Considerando que uma patente tem uma vigência máxima de 20 anos e que,
anualmente, muitas patentes europeias caducam, assume-se que o número de patentes em vigor num
determinado ano é igual ao número de patentes concedidas nos nove anos anteriores e no próprio
ano (num total de 10 anos).121
121
Dados obtidos através do estudo “Commission Staff Working Paper Impact Assessment Accompanying
document to the Proposal for a Regulation Of The European Parliament And The Council implementing
enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent protection and Proposal for a Council Regulation
implementing enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent protection with regard to the
applicable translation arrangements, {COM(2011) 215}, {COM(2011) 216}, {SEC(2011) 483} Brussels, SEC(2011)
482/2” (doravante referido como “CSWP”).
B
42
No que concerne à estimativa de evolução do número de PE e PEU assumiram-se os seguintes
pressupostos:
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
moderado
Cenário
pessimista
Taxa de crescimento anual dos
pedidos de patente europeia que
dão entrada no IEP
2015-2034 5,89%122
5,89%123
4,35%124
Taxa de crescimento de patentes
europeias concedidas pelo IEP 2015-2034 6,45%
125 6,45%
126 1,43%
127
Taxa de crescimento anual de
patentes europeias validadas em
Portugal
2014-2015
0,62%128
0,62%129
0,31%130
2016-2034
Considera-se que as
necessidades de validação de PE
em Portugal são totalmente
cobertas pelas PEU em vigor.131
Taxa de crescimento anual das
patentes europeias em vigor em
Portugal
2014-2034
-1,38%132
-1,38%
Após 2016
Considera-se um decréscimo à
taxa de 10% ao ano,
correspondente, ao fim do seu
período de vida útil.133
122
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e
2013. Dados obtidos no IEP. 123
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e
2013. Dados obtidos no IEP. 124
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2004 e
2013. Dados obtidos no IEP. 125
Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.
Dados obtidos no IEP. 126
Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.
Dados obtidos no IEP. 127
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2004
e 2013. Dados obtidos no IEP. 128
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 129
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 130
No cenário pessimista considera-se que a taxa de crescimento a aplicar é metade do que a verificada no cenário
moderado. Assume-se um pressuposto diferente do aplicado nos restantes critérios, uma vez que a taxa de
crescimento verificada no período 2004-2013 é negativa. 131
Dado o número reduzido de patentes europeias que são, atualmente, validadas em Portugal, considera-se que,
no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades
de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de
PE no mercado nacional. 132
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias em vigor em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados fornecidos pela ACPI. 133
Dado o número reduzido de patentes europeias que estão, atualmente, em vigor em Portugal, considera-se que,
no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades
de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de
PE no mercado nacional.
43
Para estimar o número de PEU em vigor, a partir de 2016134
, assumiu-se o seguinte pressuposto:
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
Moderado
Cenário
Pessimista
Número de PEU em vigor na
Europa
2016-2018 30% das Patentes europeias concedidas anualmente
2018-2034 50% das Patentes europeias concedidas anualmente
Pressupostos relativos ao cálculo de outros benefícios e custos relacionados
com a PEU
Da introdução da PEU decorrerão ainda outras alterações com impacto quantificado, ao nível dos
custos e benefícios. Os pressupostos aplicáveis são os seguintes:
Pressupostos relativos à receita relacionada com o registo e manutenção de patentes
europeias para o Estado Português:
Para estimar a receita arrecadada pelo INPI com os pedidos de patente europeia e proveitos
associados à sua manutenção assume-se o seguinte pressuposto, válido para as duas hipóteses
de análise colocadas:
Rendimento unitário por
patente europeia para o
INPI
Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
Moderado
Cenário
Pessimista
Validação 2015-2034 52,25€
135,
atualizado anualmente com base na taxa de inflação.
Manutenção 2015-2034 106€
136,
atualizado anualmente com base na taxa de inflação.
134
Com a entrada em vigor da PEU no início de 2016, considera-se que é a partir desse momento que as patentes
europeias concedidas podem ser convertidas em PEU; 135
Valor obtido com base na taxa cobrada pelo INPI para pedidos de validação, considerando que 100% dos
pedidos são submetidos em formato digital. Os pedidos realizados em papel, segundo a opinião de especialistas
consultados sobre esta matéria, são residuais. 136
Calculado com base na média das anuidades aplicadas pelo INPI para a manutenção nos primeiros 10 anos.
C
44
É necessário referir que 50% das receitas arrecadadas relativas à manutenção das PEU serão
retidas no IEP para cobrir custos de manutenção do instituto e os restantes 50% serão distribuídos
pelos vários EMC137
, de acordo com a aplicação de critérios de distribuição (é a partir desta
parcela que se calcula a receita a transferir para o INPI na Hipótese 1).
À data de elaboração do presente estudo, estes critérios não são ainda claros, pelo que foram
assumidos alguns pressupostos, definidos em conformidade com o disposto no Regulamento
referente à PEU, bem como com a opinião de especialistas138
nesta matéria.
Critério139
Período de
análise Ponderador Pressuposto
Número de pedidos de registo de patente
europeia 2016-2034 45% 0,26%
140
Dimensão do mercado português 2016-2034 45% 2,93%141
Compensação dos EMC, cuja língua oficial
não seja uma das línguas oficiais do IEP142
2016-2034 10% 0,625%
143
O ponderador indicado na tabela anterior é utilizado para repartir os 50% do total de receitas
obtidas pelo IEP relativas à manutenção de PEU pelos diferentes critérios identificados.
Pressupostos relativos a custos com a elaboração estudos de não violação de patentes
Uma empresa ou entidade com atividades relacionadas com I&I&D, antes de investir nas mesmas,
deve analisar as patentes que estão, nesse momento, em vigor no mercado em que atua ou
noutros países em que tenha interesse comercial ou produtivo relevante.
É necessário analisar cada base de dados de patentes de forma detalhada e, por este motivo,
estes estudos são, com frequência, encomendados a organismos com competência para conceder
patentes ou a agentes de propriedade industrial.
Uma vez que as taxas cobradas pelo IEP para proceder à elaboração destes estudos são fixas,
assume-se que as mesmas não irão sofrer alterações com a entrada em vigor da PEU e que, por
esse motivo, não existirá diferença entre as várias hipóteses analisadas. A taxa de pesquisa
cobrada pelo IEP é de 1.285€144
.
137
De acordo com o Artigo 13.º, n.os
1 e 2 do Regulamento referente à PEU, Portugal só terá direito a esta parcela
no caso da Hipótese 1. 138
“A patente europeia de efeito unitário – consequências para a economia portuguesa”. Dezembro 2013, ACPI 139
Artigo 13.º do Regulamento referente à PEU 140
Através do número de pedidos de patente europeia efetuados, em 2013, junto do IEP, obteve-se a percentagem
relativa a Portugal e calculou-se a proporção relativa face aos 24 EMC. 141
Taxa calculada com base no peso do número de habitantes de cada EMC no total de habitantes do total dos
EMC, ou seja, foi calculada em função da população abrangida por uma PEU em determinado EMC. 142
O Artigo 13.º, n.º 2, alínea c) do Regulamento referente à PEU prevê que esta compensação seja devida por a
língua oficial de determinado EMC ser distinta das línguas oficiais do IEP; Nível de actividade de registo de
patentes seja desproporcionalmente baixo ou cuja adesão à OEP seja relativamente recente. Para efeitos do
presente estudo consideram-se apenas os países cuja língua oficial é diferente da do IEP. 143
Taxa calculada multiplicando 50% das receitas provenientes das taxas de manutenção das PEU, pelo
ponderador (20%) a dividir pelos 16 Estados-Membros que aderiram ao Acordo referente ao TUP, cuja língua
oficial, não é, uma das línguas oficiais do IEP. (Bulgária, Chipre, Republica Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia,
Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Holanda, Itália, Portugal, Roménia, Eslovénia e Eslováquia). 144
Taxa publicada na página do IEP http://www.epoline.org/portal/portal/default/epoline.Scheduleoffees
45
Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos relacionados com
processos judiciais
Face à reduzida disponibilidade de dados relacionados com litígios de patentes (quer em Portugal,
quer fora do território nacional), a estimativa deste custo foi realizada tendo por base o custo de um
processo de litígio de uma ação de anulação de patente na Alemanha145
.
Os custos médios (com advogados, agentes da propriedade intelectual e custas de tribunais) variam
de acordo com o valor do processo em causa:
Valor do
processo 250.000 € 500.000 € 750.000 € 1.000.000 € 1.250.000 € 1.500.000 €
Custos Valor % Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %
Advogados146
5.633 € 32% 8.033 € 25% 9.908 € 25% 11.783 € 25% 15.533 € 25% 19.283 € 24%
Agentes de
propriedade
intelectual147
5.633 € 32% 8.033 € 25% 9.908 € 25% 11.783 € 25% 15.533 € 25% 19.283 € 24%
Custas do
Tribunal148
6.312 € 36% 15.912 € 50% 19.962 € 50% 24.012 € 50% 32.112 € 51% 40.212 € 52%
Total 17.578 € 100% 31.978 € 100% 39.777 € 100% 47.578 € 100% 63.177 € 100% 78.778 € 100%
O peso assumido para o cálculo do custo médio de um processo litígio de uma ação de anulação de
patente foi calculado com base na média dos pesos de cada um dos tipos de custos no total de custos
(tabela anterior), por valor do processo, de acordo com a seguinte tabela:
Advogados Agentes de propriedade
intelectual Custas do Tribunal Total
26% 26% 48% 100%
O valor do processo é o valor do interesse económico do processo atribuído por quem o instaura e é
distinto do valor da eventual indemnização a ser aplicada149
.
145
“Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers” (2013 e atualizado
em 16.04.2014). 146
Os custos relativos a advogados, agentes oficiais de propriedade intelectual e custas do tribunal relativos a uma
ação de anulação de patente foram retirados do estudo: “Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark
and Design Attorneys Lawyers” (2013 e atualizado em 16.04.2014) do “Federal Patent Court” alemão. 147
Idem. 148
Idem
149 No caso da Alemanha o valor da indemnização é até determinado por um Tribunal Especializado designado por
“Infringement Court”.
D
46
Adicionalmente considera-se que, em caso de ser interposto recurso da decisão do Tribunal de
Primeira Instância, o total de custos incorridos irão duplicar. A este propósito, apurou-se ainda que,
42% dos processos totais de litígio com patentes europeias transitam do Tribunal de Primeira
Instância para o Tribunal de Recurso.150
Para estimar as custas com tribunais a considerar como pressuposto do presente estudo foi assumido
como pressuposto os valores publicados pela Comissão Europeia151
de acordo com uma análise de
sensibilidade para três cenários:
Cenário Ação por
violação
Pedido
reconvencional
de anulação
Ação de
anulação Recurso
Recurso contra
decisão
temporária
Otimista 3.000 € 2.000 € 3.000 € 6.000 € 3.000 €
Moderado 6.000 € 4.000 € 6.000 € 9.000 € 4.500 €
Pessimista 12.000 € 7.000 € 12.000 € 20.000 € 10.000 €
Utilizando a média das custas com o tribunal para uma ação de anulação entre o cenário moderado e
pessimista (valores assinalados na tabela anterior e que são estimados pela Comissão Europeia para
o TUP) e os pesos dos vários custos incorridos num processo de anulação (determinados na página
anterior e que se reportam à Alemanha), os custos médios de um processo de litígio para uma ação
de anulação no TUP são assumidos de acordo com os valores indicados na seguinte tabela:
Advogados Agentes da propriedade
intelectual Custas do Tribunal Total
4.868 € 4.868 € 9.000 € 18.736 €
No que concerne às indemnizações a serem eventualmente devidas, assume-se como pressuposto os
custos mínimos e máximos incorridos num processo de litígio de patentes para os seguintes países
indicados152
:
Custo Reino Unido França Alemanha Espanha Holanda Itália
Mínimo 150.000 € 50.000 € 50.000 € 50.000 € 60.000 € 200.000 €
Máximo 1.500.000 € 200.000 € 250.000 € 100.000 € 200.000 € 400.000 €
Existem, contudo, opiniões muito divergentes das apresentadas no estudo “Meissner Bolte, German
and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers”: Kevin Mooney, Chairman of the
Committee tasked with drafting the Rules and Procedure of the Unified Patent Court, estima que os
custos com advogados em processos de litígio de patentes no TUP poderão ascender a valores entre
150
Dados recolhidos através da média das taxas de processos resolvidos no Tribunal de Primeira Instância e de
Segunda Instância em França, Alemanha e Reino Unido. "Patent Litigation Across Europe" Stuart J.H. Graham &
Nicolas Van Zeebroeck, 2014, Table 6 pp.688. 151
“Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified
Patent Court, 2011”. 152
"Patent Litigation Across Europe" Stuart J.H. Graham & Nicolas Van Zeebroeck, 2014.
47
500.000€ e 4.000.000€153
. A ACPI concorda com a perspetiva apresentada por Kevin Mooney e
aconselha as empresas a constituírem uma provisão para litígios de patentes no valor de 1.000.000€.
A divisão central do Tribunal de Primeira Instância do TUP estará localizada em Paris, com secções
em Londres e em Munique e são, neste momento, ainda desconhecidas as localização de eventuais
divisões regionais e locais. Sabe-se ainda que o Tribunal de Recurso se localizará no Luxemburgo,
mas não foram encontrados dados relativos aos custos com processos de litígios de patentes para
este país.
Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos de ajustamento
Os custos de ajustamento calculados incluem:
153
Seminário promovido pela ERA – Academy of European Law, Dezembro/2014, em Londres.
E
a) Custos de formação dos funcionários do
INPI e das entidades dos sectores com mais
patentes registadas (Hipótese 0 e Hipótese
1)
c) Contribuições anuais iniciais dos
EMC que ratificarem o Acordo
referente ao TUP para financiar a sua
atividade nos primeiros anos de
implementação (Hipótese 1). Após o
período de transição, o TUP deverá
autofinanciar-se de acordo com o
previsto no Artigo 37.º do Acordo
referente ao TUP
b) Custos relativos à manutenção da
divisão local do Tribunal de Primeira
Instância do TUP em Portugal
48
a) Custos de formação
O custo médio assumido para a formação de uma pessoa, em 2015, é de 500€154
. Para os anos
seguintes, este valor foi atualizado com base na taxa de inflação prevista e definida nos
pressupostos gerais.
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
Moderado
Cenário
Pessimista
N.º entidades a frequentar
as ações de formação 2015-2034 2.271
155 4.650
156 2.271
157
Funcionários do INPI 2015-2034 108158
108159
108160
Assume-se que os representantes das empresas e funcionários do INPI irão receber formação nos
3 primeiros anos de entrada em vigor do Sistema de patente europeia com efeito unitário e, nos
anos subsequentes, irão atualizar os conhecimentos de 5 em 5 anos.
b) Pressupostos relativos à manutenção de uma divisão local do Tribunal de Primeira
Instância do TUP em Portugal
Assume-se que este tribunal será capaz de autofinanciar a sua atividade a partir de 2021, ou seja,
demorará 7 anos (equivalente à duração prevista do período de transição) até ser possível
autofinanciar-se.
Durante o mesmo período, assume-se que o custo de manutenção da divisão local do Tribunal de
Primeira Instância do TUP incluirá o custo dos salários dos juízes a si afetos, bem como os custos
administrativos e o aluguer das infraestruturas161
.
O total de funcionários adstritos à divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP que se
assume localizado em Portugal será:
1 juiz com formação jurídica de nacionalidade portuguesa;
2 juízes com formação jurídica de outra nacionalidade 162
;
2 administrativos.
O Acordo referente ao TUP prevê ainda a possibilidade de, a pedido de uma das partes ou a
pedido do próprio painel de juízes, ser indicado um juiz técnico, com qualificações e experiência no
154
Montante estimado com base nas inscrições em ações de formação providenciadas pelo IEP e tempo médio
despendido nas mesmas. Calculado, somando o valor da inscrição numa sessão de formação de dois dias e
custo/hora do trabalhador para a empresa nesses dois dias. Pressuposto assumido com base no Estudo “Analysis
of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary patent protection in Poland”
realizado pela Deloitte Polónia. 155
Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes
registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 156
Número total de entidades do sector com mais patentes registadas. Cálculo efectuado com dados
disponibilizados pelo IEP e INE. 157
Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes
registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 158
Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para
2015. 159
Idem. 160
Idem. 161
O cálculo da renda das instalações para a divisão local do TUP foi realizado com base no Estudo Prime Watch
elaborado em 2013, onde prevê o custo de arrendamento por m2 das zonas de Lisboa. Consideramos que o
Tribunal se sedeará num espaço de 750m2. 162
De um ou dois outros EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP.
49
campo técnico em questão, para acompanhar um determinado processo. Como não existe uma
alocação deste juiz técnico a todos os processos da divisão local e como os juízes técnicos são
alocados de uma bolsa de juízes, o seu custo não é assumido como custo da divisão local.
Para calcular os custos relativos a salários, utilizam-se os valores disponibilizados pela Comissão
Europeia163
. Os custos totais anuais são os que se apresentam na tabela seguinte:
Salário Juiz Nacional Salário 2 Juízes
Estrangeiro
Salário 2
funcionários
Administrativos
Aluguer das
infraestruturas Total
116.200 € /ano164
304.400 € /ano165
44.000 € /ano166
180.000 € /ano 656.600 €
c) Contribuição anual inicial respeitante ao financiamento do TUP
Relativamente à contribuição anual inicial dos vários EMC que ratificarem o Acordo referente ao
TUP e que respeita ao seu financiamento, assume-se que serão apenas exigidas durante os 7
primeiros anos de implementação do TUP (Hipótese 1).167
Os custos totais do TUP obtidos168
e considerados para efeitos da avaliação de impacto são os
que de seguida se indicam:
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Custos totais do TUP 6,425 10,685 13,956 19,594 26,470 39,310 41,569
Contribuição total dos EMC 4,613 6,730 7,966 10,864 13,300 23,394 24,739
(milhões de euros)
O valor da contribuição total para 2020 e 2021 foram estimados com base no peso médio da
contribuição no total de custos previstos para o TUP entre 2015 e 2019 (valores assinalados a
verde na tabela anterior):
2015 2016 2017 2018 2019 2020 e 2021
Peso da contribuição nos
custos totais do TUP 72% 63% 57% 55% 50% 60%
163
Os salários dos juízes foram calculados com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and
Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 164
O salário do juiz nacional foi calculado com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and
Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 165
O salário do juiz de nacionalidade estrageira foi calculado adicionando 30% do salário base de um juiz nacional,
correspondente ao subsídio de expatriação. Cálculo efetuado com base no estudo: “Preliminary Findings of DG
Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 166
O salário dos funcionários administrativos foi calculado com base em na informação disponibilizada no Portal do
Governo para um funcionário de apoio técnico administrativo. 167
O estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the
Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011” aponta para o autofinanciamento do TUP num período
de 5 anos. Contudo, por forma a alinhar com o período de transição estabelecido (prazo máximo previsto para a
contribuição dos EMC) consideramos no presente estudo que o TUP se autofinancia em 7 anos. 168
Estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload
and financing of the Unified Patent Court, 2011”.
50
Assume-se ainda que, na Hipótese 1 cenário moderado, apenas 25169
países irão ratificar o Acordo
referente ao TUP e que, na Hipótese 1 cenário pessimista, apenas o número de países
obrigatórios para o sistema entrar em vigor o ratificam (13 países).
3.2 Custos associados à obtenção e manutenção de uma PE vs PEU
O sistema de proteção de patente europeia com efeito unitário é introduzido com o intuito de beneficiar
as empresas inovadoras que investiram em investigação e conceder-lhes um monopólio
territorialmente alargado (válido nos países que assinaram os Regulamentos referentes à PEU) pelo
período de vigência da patente, procurando promover e incentivar a inovação e I&I&D no seio do
tecido empresarial.
Atualmente, as entidades que pretendam obter uma patente europeia devem ter em consideração,
nomeadamente, os seguintes aspetos:
Procedimentos e requisitos legais para a obtenção de uma patente europeia;
Seleção dos países onde pretendem validar a mesma;
Taxas a serem pagas: relativas ao pedido, validação e manutenção da mesma;
Outros custos associados com a tradução para as línguas oficiais dos países em questão e com a
pesquisa e análise sobre patentes já concedidas.
De seguida é apresentada uma estimativa dos custos aproximados de obtenção e de manutenção de
uma PE e de uma PEU. Os custos associados a obtenção de uma PEU não estão ainda fixados pelo
que se utilizará, para efeitos comparativos, os valores disponibilizados pela Comissão Europeia no
documento “"Classic" european patent versus new unitary patent” (2013)170
.
169
Países que assinaram a decisão UE relativa à cooperação reforçada no domínio da criação da protecção de
patente unitária, à excepção da Polónia (que não assinou o Acordo referente ao TUP) e adicionalmente incluindo a
Itália (que apesar de não ter aderido à PEU, assinou o Acordo referente ao TUP, embora não o tenha para já
ratificado). 170
Documento publicado na página de perguntas e respostas da Comissão Europeia, cuja última atualização data
de Outubro de 2014. http://ec.europa.eu/internal_market/indprop/patent/faqs/index_en.htm#maincontentSec11
51
Tabela 7. Comparação do custo de registo e manutenção de uma PE e uma PEU
Tipo de
patente Países
171
Custo de
registo172
Custo de manutenção Custos totais
para uma
patente com
vida útil de 10
anos
Vida útil 10
anos173
Vida útil 20
anos174
PE
Alemanha 4.595 € 1.420 € 13.170 € 6.015 €
Alemanha, Reino Unido e França 4.595 € 3.435 € 26.344 € 8.030 €
Alemanha, Reino Unido, França,
Holanda e Portugal 5.995 € 6.032 € 43.889 € 12.027 €
Alemanha, Reino Unido, França,
Holanda, Portugal, Bélgica,
Suécia, Hungria, Dinamarca e
Irlanda
9.495 € 16.225 € 80.725 € 25.720 €
Nos 24 países da UE que
assinaram a decisão de
cooperação reforçada e
assinaram o acordo referente ao
TUP175
18.595 € 31.805 € 169.141 € 50.400 €
PEU
No período de transição 6.425 €176
6.032 €177
43.889 €
12.457 €
Após do período de transição 4.725 €178
10.757 €
Fonte: Cálculos próprios com base em taxas de manutenção de cada país e estimativas da Comissão Europeia
para os custos de manutenção da PEU através do estudo: “"Classic" European Patent versus new Unitary patent”.
Analisando o quadro comparativo anterior, a PEU terá, no decurso do período de transição, um custo
total ligeiramente superior ao de uma PE validada em 5 países e, findo este período, o custo total da
PEU será ligeiramente inferior ao da PE validada nos mesmos 5 países. De acordo com o artigo: "How
171
Países selecionados para realização do benchmark. 172
Os custos de registo de uma patente europeia foram calculados somando as taxas disponibilizadas pelo IEP
mais os custos de tradução estimados para uma patente europeia com 35 páginas. Para calcular as taxas de
registo de uma patente europeia em diversos países, somou-se o valor apurado para determinado país aos custos
de tradução para os países aplicáveis. Foram consideradas as dispensas de apresentação das traduções entre
países que têm em comum uma das línguas oficiais do IEP, de acordo com o estabelecido no Artigo 65.º do Acordo
de Londres. 173
As anuidades foram calculadas de acordo com as tabelas disponibilizadas pelos Institutos Nacionais de
Patentes de cada país. Os valores apresentados correspondem à soma das vigésimas anuidades de cada país
seleccionado. 174
As anuidades foram calculadas de acordo com as tabelas disponibilizadas pelos Institutos Nacionais de
Patentes de cada país. Os valores apresentados correspondem à soma das vigésimas anuidades de cada país
selecionado. 175
UE27 exceto Espanha, Itália e Polónia. 176
Valores disponibilizados pela Comissão Europeia através do estudo: "Classic" European Patent versus new
Unitary Patent”. 177
De acordo com o artigo: “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013, a obtenção de uma PEU será benéfica para as
empresas que queiram proteger a sua patente em pelo menos 5 países. De acordo com o mesmo, assumimos que
os custos de manutenção de uma PEU são iguais aos de manutenção de uma patente europeia nos 5 países
selecionados para o benchmark. 178
Valores disponibilizados pela Comissão Europeia através do estudo: "Classic" European Patent versus new
Unitary patent”.
52
Much More Will the Unitary Patent Cost?"179
, 40% das patentes europeias são validadas, em média,
em 5 países, 8% entre 13 e 28 países e 2% em todos os países.
Se adicionalmente considerarmos a centralização dos processos junto do IEP, que constitui uma das
principais vantagens da PEU - uma vez que elimina a necessidade de validar individualmente a PE em
vários países, com procedimentos distintos em cada país e taxas aplicáveis, também elas distintas - a
PEU será vantajosa para cerca de 50% das patentes europeias validadas.
A concretização real deste benefício dependerá dos valores que vierem a ser efetivamente fixados
pelo IEP:
Acresce que, atualmente, se o requerente desejar validar uma patente europeia em 10 países, é
obrigado a realizar um conjunto de traduções, dependendo dos países abrangidos180
. Com o sistema
de patente europeia com efeito unitário apenas será obrigado a apresentar numa das 3 línguas oficiais
do IEP (inglês, francês e alemão).
As vantagens e desvantagens da patente europeia com efeito unitário serão descritos mais adiante,
contudo, importa reforçar que, do ponto de vista do custo da patente (e com base nos pressupostos
assumidos), o registo e manutenção de uma patente europeia com efeito unitário parece ser vantajosa
para entidades que registem patentes europeias e que as validem em pelo menos 5 países.
3.3 Avaliação do impacto
De seguida analisaremos os impactos da possível adoção da PEU por Portugal e ratificação do
Acordo referente ao TUP em diversos domínios de análise.
Os benefícios e custos são suportados pelos cálculos auxiliares apresentados no Anexo 2 do presente
estudo.
3.3.1 Análise dos benefícios
Tabela 8. Comparação dos benefícios nas hipóteses de análise consideradas
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Receita
arrecadada pelo
INPI
Incluem os rendimentos
provenientes de:
Atividade do INPI no
âmbito da emissão e
manutenção de patentes
nacionais registadas no
território nacional;
Atividade do INPI no
âmbito da emissão e
manutenção de patentes
europeias validadas em
Portugal.
Incluem os rendimentos
provenientes de:
Atividade do INPI no
âmbito da emissão e
manutenção de patentes
nacionais registadas no
território nacional;
Atividade do INPI no
âmbito da emissão e
manutenção de patentes
europeias validadas em
Portugal.
Atividade do IEP no
âmbito da manutenção de
PEU.
A hipótese 0 será mais
vantajosa, uma vez que as
receitas serão superiores nesta
hipótese, com base nos
pressupostos assumidos.
No dois cenários estimados (anexo
2) para a hipótese 1, o valor
estimado da receita para o INPI
será inferior à verificada na
hipótese 0 entre,
aproximadamente, 14,97 e 16,59
milhões de euros.
De realçar que os cálculos
realizados foram suportados em
vários pressupostos que, caso não
se verifiquem, podem alterar o
sentido da análise.
179
“Reddie and Grose” de Janeiro de 2013 180
De acordo com o Artigo 65.º do Acordo de Londres, alguns países, que têm uma língua em comum com o IEP,
dispensam os requisitos de tradução: França, Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino
Unido.
53
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Receitas
provenientes de
licenças (para
empresas ou
entidades
detentoras de
PEU)
A empresa detentora de uma patente pode ceder a utilização dos seus
direitos, sob a forma de uma licença. Uma vez que os empresários
portugueses, independentemente da adesão ou não ao sistema de
patente europeia com efeito unitário, terão a possibilidade de obter
uma PEU. Presume-se que as receitas provenientes das licenças de
todos os tipos de patente (nacional, PE e PEU) serão as mesmas para
ambas as hipóteses.
Pode, contudo, existir maior procura dada a maior abrangência
territorial.
Não aplicável, idêntico em ambas
as hipóteses consideradas.
Não considerando eventual
impacto do aumento da procura.
Imagem ou
prestígio (para
empresas ou
entidades
detentoras de
PEU)
Uma entidade detentora de uma patente (nacional, PE ou PEU) pode
ver o seu valor aumentar por simplesmente detê-la:
A patente pode ser avaliada;
É um ativo adicional;
Pode gerar receitas adicionais por via da concessão de licenças
de utilização de patentes detidas;
A detenção de uma patente também pode aumentar o valor da
empresa perante potenciais clientes ou investidores.
Uma vez que as entidades portuguesas, independentemente da
adesão ou não ao sistema de patente europeia com efeito unitário,
terão a possibilidade de deter uma PEU, presume-se que o benefício
neste domínio será o mesmo para ambas as hipóteses analisadas.
Não aplicável, idêntico em ambas
as hipóteses consideradas.
Acesso a novos
mercados
A validação automática de uma PEU num território mais alargado
poderia, numa primeira análise, beneficiar a entrada de uma entidade
nos países abrangidos pela PEU.
Contudo, e uma vez que a PEU será acessível a entidades
portuguesas, independentemente do cenário analisado, considera-se
que não existem diferenças substanciais neste domínio nas duas
hipóteses analisadas.
Não aplicável, idêntico em ambas
as hipóteses consideradas.
No entanto, de acordo com as
entrevistas realizadas, possuir uma
patente tem pouca influência nas
decisões sobre a entrada em
novos mercados geográficos. A
estratégia de exploração de novos
mercados, a dimensão do próprio
mercado e os recursos disponíveis
são tidos como os maiores
condicionantes.
Registo de
patentes
O registo de uma PE ramifica-se
a partir do momento em que é
necessário selecionar o conjunto
de países onde se pretende
efetuar a sua validação. Cada
país tem os seus organismos
competentes, requisitos,
processos e taxas aplicáveis,
tornando a gestão do processo
complexa.
A validação automática nos
vários EMC elimina a
diversidade de organismos
requisitos, processos e taxas
aplicáveis.
Conduz por este motivo à
simplificação do processo
administrativo inerente.
Devido à simplificação
administrativa que introduz,
considera-se a adesão à PEU
mais vantajosa.
54
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Anulação de
patentes
A anulação de uma patente
europeia em caso de litígio é
decidida nos tribunais nacionais
em cada país em que esta foi
concedida.
Anulação com efeito automático
no território alargado dos EMC,
decidida pelo TUP.
A hipótese mais favorável
dependerá sempre da perspetiva
em que o interessado se encontra.
No caso de ser o titular da patente
anulada, a hipótese mais vantajosa
será a Hipótese 0 uma vez que a
sua anulação ocorre
individualmente em cada país,
podendo até os tribunais nacionais
de cada país tomar decisões em
sentidos inversos. Caso o
interessado seja quem pretende
anular a patente, a Hipótese 1 será
a mais favorável.
Consideramos a Hipótese 1 mais
favorável, pela maior
simplicidade processual e
também pela maior
uniformização de regras que
potencialmente produz.
Uniformização
de regras e
interpretação
das leis
Os tribunais nacionais mantêm
as suas competências no âmbito
das PE validadas em território
nacional.
O TUP assume a competência
para processos de litígio
relativos a PEU e PE (exceto
Espanha).
É válido assumir que a
uniformização de regras e
interpretação será, à partida, mais
vantajosa num cenário de âmbito
territorial mais alargado do TUP,
pelo que a Hipótese 1 será mais
vantajosa.
3.3.2 Análise dos custos
Apresenta-se abaixo uma comparação dos custos incorridos em ambas as hipóteses de análise
consideradas:
Tabela 9. Comparação dos custos nas hipóteses de análise consideradas
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Custos de
registo e
manutenção de
patentes (PE e
PEU)
Conforme descrito no ponto 3.2 do presente estudo, calcula-se que o
custo associado à PEU será aproximado do custo associado a uma
PE validada em 5 ou mais países (ligeiramente superior no decurso do
período de transição e ligeiramente inferior findo este período). De
acordo com o estudo "How Much More Will the Unitary Patent
Cost?"181
será, nestas circunstâncias, vantajosa para cerca de 50%
das patentes europeias validadas.
De referir que a solução PEU estará disponível para entidades
portuguesas em qualquer uma das hipóteses analisadas, contudo, na
hipótese 0 a extensão ao território nacional exigirá uma PE validada
em Portugal.
A hipótese mais vantajosa
dependerá do número de países
em que se pretenda validar a
patente.
Poderão existir alterações à análise
deste domínio dependendo do valor
das taxas relativas à PEU que
vierem a ser fixadas pelo IEP.
181
Reddie & Grose, Janeiro de 2013
55
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Custos
relacionados
com a aquisição
de uma licença
de utilização de
uma patente
Quanto maior o número de patentes em vigor num dado mercado, maior
a probabilidade de uma empresa cometer, deliberada ou
inadvertidamente, uma violação a uma patente detida por outra
empresa.
A necessidade das entidades nacionais adquirirem licenças de utilização
de patentes em determinados mercados é potencialmente maior na
hipótese de adesão à PEU, dada a sua validação automática em
território nacional e aumento do número de PEU em vigor no mercado
nacional em determinado momento.
Não se assumem alterações no
custo das licenças de utilização
de patentes concedidas, mas é
possível que entidades portuguesas
se vejam obrigadas a recorrer com
maior frequência à sua utilização por
forma a evitar processos de litígio
(devido à maior abrangência
territorial da PEU).
Contudo, esta probabilidade verifica-
se em ambas as hipóteses
colocadas, uma vez que, mesmo na
Hipótese 0, as entidades podem ser
envolvidas em processos de litígio
de patentes desde que cometidas
no território de um dos EMC
(elevado peso do mercado
comunitário nas exportações
portuguesas obrigara em qualquer
uma das hipóteses a cuidados
adicionais neste sentido).
Custos de
verificação de
não violação de
patentes
Conforme descrito no ponto 3.1.2 do presente estudo, não se preveem
alterações das taxas cobradas pelo IEP para proceder à elaboração
destes estudos.
Contudo, com o alargamento do âmbito territorial introduzido pela PEU,
aumenta a necessidade de elaborar estes estudos, prevendo-se um
aumento dos custos totais que lhe estão associados.
Apesar de não se preverem
alterações do custo associado a
esta verificação, entende-se que,
com a introdução da PEU, estes
estudos sejam necessários com
maior frequência pelo que se
considera a Hipótese 0 mais
vantajosa.
56
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Custos
associados com
traduções
Para a validação de uma PE em
Portugal é necessário apresentar
uma tradução da descrição e das
reivindicações em Português,
tornando mais simples a sua
interpretação por parte das
entidades que atuam no território
nacional.
Adicionalmente, entidades
portuguesas que pretendam
validar uma PE noutros países
têm também de apresentar uma
tradução da patente para as
línguas oficiais desses países182
,
com exceção do disposto no
Acordo de Londres (alguns
países, que têm uma língua em
comum com o IEP, dispensam a
apresentação de traduções)183
.
A descrição da PEU será
publicada pelo IEP em inglês,
alemão ou francês.
Durante o período de transição,
se for efetuado um pedido de
PEU em alemão ou francês, uma
tradução da descrição e das
reivindicações estará sempre
disponível em inglês, apesar de
não ser a versão juridicamente
vinculativa.
Está igualmente contemplado que
as PME dos EMC beneficiarão do
reembolso dos custos incorridos
com a tradução até um
determinado limite (ainda não
definido)184
.
Após o período de transição, não
haverá a exigência de anexar a
versão em inglês, e estarão
disponíveis traduções
automáticas, procurando facilitar
a pesquisa de patentes185
.
No entanto, o sistema de tradução
automática provavelmente não irá
permitir a tradução adequada da
descrição da patente (como o
significado contextual).
Sendo necessárias menos
traduções no processo de registo
das patentes considera-se a
Hipótese 1 mais vantajosa.
Contudo, é possível que as
entidades nacionais, mesmo que
não detenham patentes, incorram
em custos adicionais de tradução
com a PEU por forma a acautelar
eventuais infrações de patentes em
vigor em território nacional.
Custos dos
processos
judiciais
A avaliação deste domínio é de difícil comparação dada a reduzida
disponibilidade de dados relativos a processos de litígio de patentes em
Portugal e na UE.
A comparabilidade do custo dos processos de litígio no TUP não poderia
ser realizada exclusivamente com Portugal, mas sim com um conjunto
de países, amostra esta de difícil harmonização, em cujos tribunais
nacionais estes processos normalmente decorreriam.
Foram apresentadas estimativas dos custos com base nalguns estudos
realizados, contudo, dada a inexistência de estudos que quantifiquem os
custos incorridos em processos idênticos em território nacional, não é
possível afirmar qual a hipótese mais vantajosa.
Adicionalmente, e pelos motivos anteriormente expostos, ainda que
Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, entidades
portuguesas podem ter em curso processos de litígio no TUP. Pelo que
a não ratificação do acordo não é impede as entidades portuguesas de
incorrerem nos custos judiciais que lhe estão associados.
Com a informação disponível à data
de elaboração do estudo não é
possível identificar claramente a
hipótese mais vantajosa a este
nível.
A confirmarem-se as opiniões
expostas do especialista nesta
matéria, Kevin Mooney, e com as
quais a ACPI concorda, os custos
com advogados para processos de
litígio de patentes no TUP poderá
variar entre 500.000€ e 4.000.000€.
Estes custos são muito elevados e
difíceis de suportar pela maioria das
empresas portuguesas.
182
Dos 38 países que subscrevem a CPE, de acordo com o Artigo 65.º, n.º 1 e n.º2 do CPE, a Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, República Checa, Estónia, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Noruega, Polónia, Portugal,
Roménia e Sérvia, Eslováquia, Espanha e Turquia exigem a tradução da descrição e das reivindicações de uma
patente. Os restantes exigem traduções parciais destes documentos (apenas a tradução das reivindicações para
língua oficial do país ou a tradução das reivindicações para a língua oficial do país acompanhadas por uma
tradução para inglês da descrição). 183
Artigo 65.º do Acordo de Londres. 184
Artigo 5.º n.º 1 e n.º 2 do Regulamento referente à tradução. 185
Para mais informações sobre o sistema de tradução automática, consulte o anexo 1.
57
Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável
Custos de
ajustamento
Uma vez o sistema estará
acessível para entidades
portuguesas, ainda que Portugal
não adira à PEU, assume-se
que algumas destas entidades
poderão incorrer nos custos de
ajustamento estimados e que
incluem os custos de formação
associados.
A adesão por Portugal à PEU
conduzirá a um maior número
de interessados em obter
informação sobre a PEU e os
custos de formação abrangerão
ainda os funcionários do INPI.
Pelo que se estima que os
custos de formação sejam
superiores nesta hipótese.
Os custos de ajustamento em
Portugal incluem ainda, nesta
hipótese de análise, a criação
de uma divisão local do Tribunal
de Primeira Instância do TUP
(estimados em cerca de
650.000€/ano, de acordo com
os pressupostos assumidos186
),
bem como a contribuição anual
que terá de ser suportada por
Portugal para o financiamento
do TUP no decurso do período
de transição (estudo da
Comissão Europeia aponta para
uma contribuição total anual
entre 4,6 milhões de euros e
13,3 milhões de euros entre
2015 e 2019 – a parcela
correspondente a cada EMC
dependerá do número de países
que ratificarem o Acordo
referente ao TUP).
Estima-se que os custos de
ajustamento na Hipótese 1 serão
superiores aos verificados na
Hipótese 0, pelo que neste domínio,
a Hipótese 0 será a mais
vantajosa.
186
Não exaustivo pelo que se considera uma estimativa muito conservadora dos custos associados ao
funcionamento da divisão local, não inclui, por exemplo, os custos com outros fornecimentos e serviços externos.
58
3.3.3 Análise ao impacto por grupos de entidades privadas
Apresenta-se de seguida uma análise ao impacto que o sistema de patente europeia com efeito
unitário terá sobre os principais grupos de entidades afetados pela entrada em vigor do sistema de
patente europeia com efeito unitário:
Tabela 10. Impacto por grupos de entidades privadas
Grupo Impacto Positivo Impacto Negativo
Empresas
exportadoras
Como grande parte das empresas
exportadoras detentoras de patentes,
entrevistadas no âmbito do presente estudo,
exportam para mais de 4 países europeus, a
introdução do sistema de patente europeia
com efeito unitário é percecionada como
vantajosa:
Simplificação dos processos
administrativos associados:
substituição da validação e manutenção
da patente em vários países por um
processo com efeito unitário nos vários
EMC;
Se não existir alteração substancial dos
atuais custos associados à PE e
previstos para a PEU, os custos de
validação e manutenção de uma PEU
serão aproximados aos de uma PE
validada em 5 países, tornando mais
atrativa a possibilidade de explorar
novos mercados.
O alargamento do âmbito territorial das
patentes, através da PEU e o impacto na
concorrência que produz, incentivam as
empresas a registar patentes de forma a
proteger os seus investimentos.
Tendo em conta que o alcance da patente ao
nível dos mercados abrangidos pelo seu
efeito aumenta, é expectável que a
concorrência nesses mercados aumente
com potencial impacto na sua quota de
mercado.
Como a quantidade de patentes válidas em
cada EMC terá tendência para aumentar, a
possibilidade das empresas estarem
utilizar tecnologia ou outras soluções
patenteadas por outrem nos mercados em
que operam também aumenta e pode
conduzir a custos acrescidos:
Licenciamento da sua utilização;
Suspensão da sua utilização para evitar
cometer uma infração; ou
Envolvimento em processos de litígio.
Este ponto terá igualmente impacto nas
restantes empresas não exportadoras, uma
vez que, com a introdução da PEU, estas
patentes concedidas terão efeito automático
em Portugal.
Entidades com forte
investimento em I&D
Advogados
Empresas
exportadoras
Agentes oficiais de
propriedade
industrial
.
59
Grupo Impacto Positivo Impacto Negativo
Entidades com
forte
investimento em
I&I&D
Como a PEU estará automaticamente válida
nos vários EMC, o “retorno sobre o
investimento” esperado também deverá
aumentar:
Porque têm impacto automático num
território mais alargado, com impacto na
concorrência nos mercados em que a
empresa atua;
Podendo igualmente potenciar algumas
fontes de receita adicional, como seja
através do licenciamento da utilização de
patentes em mercados que não atuam.
O alargamento do âmbito territorial das
patentes, através da PEU e o impacto na
concorrência que produz, incentivam as
empresas a registar patentes de forma a
proteger os seus investimentos.
Por consequência do impacto positivo, a
concorrência crescerá e o desafio para
desenvolver novos produtos e novas
tecnologias aumentará, assim como os
custos que lhe estão associados.
O aumento do número de patentes em
vigor em Portugal aumenta a necessidade
de elaborar estudos relativos à avaliação
de não violação de patentes e limita a
criação de soluções que não violem essas
patentes.
Agentes oficiais
de propriedade
industrial
A introdução de um novo sistema fará
aumentar a necessidade de recurso a
agentes oficiais de propriedade industrial,
sobretudo no período da transição, para ter
acesso a mais informação sobre o sistema e
compreender os procedimentos que lhe estão
associados.
Advogados
O aumento de países onde as patentes são
validadas de forma automática conduz ao
aumento da probabilidade de se cometer
uma infração a uma patente já registada.
Consequentemente aumenta também a
probabilidade de processos de litígio, o
que aumentará a necessidade das
empresas recorrerem aos serviços
jurídicos prestados por advogados
especializados em processos de patentes,
ainda que possam não ser de nacionalidade
portuguesa (dependendo da localização onde
o processo decorrer).
60
3.3.4 Ameaças, oportunidades, vantagens e desvantagens para as PME, decorrentes
da introdução da PEU e ratificação do TUP
Em Portugal existem cerca de 1,056 milhões de empresas187
, das quais as micro, pequenas e médias
empresas constituem cerca de 99,8%188
do total de empresas. As PME geram 57,6%189
do volume de
negócios português.
Dada a sua predominância no tecido empresarial português, mas também porque o impacto de
alterações do quadro regulamentar é diferente nas PME do que é nas grandes empresas,
apresentamos de seguidas as principais vantagens, desvantagens, ameaças e oportunidades para as
PME decorrentes da introdução do sistema de patente europeia com efeito unitário.
187
Dados INE, 2013 (Empresas por actividade económica e forma jurídica). 188
Idem. 189
Dados INE, 2013.
AmeaçasOportunidades
Vantagens Desvantagens
61
Tabela 11. Vantagens, desvantagens, ameaças e oportunidades para as PME decorrentes da adesão à PEU
e ratificação do TUP
Vantagens
Alargamento do leque de opções de patenteamento
(através da introdução da PEU). Todos os sistemas
de patentes atualmente existentes (nacional,
europeu e internacional) irão permanecer em vigor,
mesmo após introdução do sistema de patente
europeia com efeito unitário.
Regulação, procedimentos e requisitos uniformes
para todos os EMC.
Maior abrangência geográfica concedida de forma
automática aos titulares de uma PEU.
Aproximação dos custos associados ao pedido e
manutenção de uma PEU para empresas que
detenham uma patente europeia validada em pelo
menos 5 países.
Simplificação administrativa do processo: basta
efetuar um pedido único para obter a proteção
alargada. Com o atual sistema, é necessário
efetuar um pedido de validação em cada país onde
se pretenda validar a patente (com taxas e
procedimentos distintos por país).
Simplificação do processo de traduções, uma vez
que será apenas exigível apresentar a descrição e
as reivindicações das patentes em inglês, alemão
ou francês, após o período de transição. Mesmo no
decurso do período de transição são introduzidas
simplificações dos requisitos de tradução190
.
Adicionalmente, durante o período de transição da
PEU, está previsto que as PME possam requerer
uma compensação191
, junto do IEP, para os custos
incorridos com traduções da descrição e das
reivindicações para uma das línguas oficiais do
IEP.
Desvantagens
A descrição e as reivindicações de uma PEU, apenas
podem ser publicadas numa das 3 línguas oficiais do
IEP, o que dificulta a compreensão do seu detalhe
para não nativos das línguas em questão (Inglês,
Alemão e Francês).
Espanha e Itália não subscreveram a cooperação
reforçada no domínio da criação da proteção de
patente europeia com efeito unitário. Por este motivo,
os seus territórios não estão abrangidos pela PEU.
Adicionalmente, Espanha e Polónia declararam
publicamente a sua intenção de não ratificar o Acordo
referente ao TUP. Estas exceções potenciam
situações de desigualdade entre os agentes
económicos dos vários países da UE.
Em caso de violação ou alegada violação, a
tramitação dos processos judiciais pode ocorrer num
país diferente da nacionalidade do requerido (esta
desvantagem também se aplica no caso da Hipótese
0, se o requerido for uma entidade portuguesa e a
alegada infração for relativa a uma PEU e que tenha
ocorrido no território de um dos vários EMC). Embora
não existam estudos que permitam, com rigor,
determinar as diferenças de custos associados a
processos judiciais nos vários países, os custos
incorridos no TUP podem ser superiores aos
incorridos em território nacional192
.
190
Durante o período de transição, será sempre necessário apresentar uma tradução das reivindicações em inglês
quando a língua oficial escolhida for o alemão ou francês ou para qualquer outra língua de um EMC que seja língua
oficial da União quando o pedido for entregue em inglês. 191
Em valor ainda por definir. 192
Custos de deslocação e representação para acompanhar processos que decorram em tribunais localizados em
território não português, custos com tradução uma vez que a língua do processo poderá ser diferente da
portuguesa, custos associados à contratação de serviços legais e jurídicos (embora não tenha sido possível
realizar, com os dados disponíveis, este benchmark).
62
Oportunidades
A detenção de patentes traz benefícios claros do
ponto de vista de imagem e valor para as empresas
que as detém. Neste sentido, o facto de a sua
validação ser automática num território mais
alargado pode trazer oportunidades adicionais e
facilitar a entrada de empresas portuguesas em
novos mercados.
Para as empresas portuguesas que detenham
PEU, a receita proveniente do licenciamento
associado à utilização das suas patentes poderá
aumentar, uma vez que o mercado abrangido pela
proteção será maior.
O alargamento do âmbito territorial das patentes
através da PEU e o impacto na concorrência que
produz incentivam as empresas a registar patentes
de forma a proteger os seus investimentos.
Ameaças
Aumenta a probabilidade de cometer uma infração
e do, consequente, litígio. Mais patentes estarão
automaticamente em vigor num território mais
alargado, obrigando a uma acompanhamento mais
próximo e cuidado das patentes registadas e em
vigor (mesmo no mercado nacional).
Este alargamento do território abrangido pela PEU
tem impacto também nas empresas (sem patentes
registadas) e que atuam apenas no mercado
nacional (os denominados utilizadores passivos do
sistema). Um maior número de patentes em vigor
no mercado nacional irá condicionar e afetar do
ponto vista operacional a atividade destas
empresas.
As PME podem vir a deparar-se com maiores
dificuldades em competir nos mercados em que
atuam, uma vez que as grandes empresas, com
mais recursos para investir em I&I&D, mas também
com maior capacidade para registar patentes e
suportar os custos inerentes a litígios, terão maior
capacidade para se impor e adquirir vantagem
competitiva.
Os dados estatísticos demonstram que os agentes
económicos nacionais recorrem com pouca
frequência ao registo de patentes, seja porque
consideram o sistema complexo ou dispendioso ou
porque não investem em I&I&D, a introdução da
PEU fará com que as entidades portuguesas
possam incorrer com maior facilidade em situações
de infração de PEU no território dos vários EMC
uma vez que a sua aplicação é automática neste
território mais alargado. Esta ameaça é valida quer
na Hipótese 0 como na Hipótese 1, embora mais
agravada na Hipótese1 (uma vez que as PEU têm
aplicação automática no território nacional).
63
Num mundo global e cada vez mais integrado, a necessidade de adquirir vantagem competitiva sobre
concorrentes é cada vez maior. O investimento em I&I&D é um dos fatores que permite obter essa
vantagem competitiva, contudo, os custos e o “time to market” que lhe estão associados tornam
fundamental a existência de soluções que permitam às empresas e outras entidades proteger esse
investimento: As patentes.
Atualmente existem soluções diversas que podem ser utilizadas para este efeito: nacional, europeia e
internacional.
A UE tem vindo a desenvolver uma nova solução: A patente europeia com efeito unitário. Projetada
com objetivo de tornar o espaço europeu mais competitivo, sustentável e vocacionado para o
crescimento e criação de emprego.
Ao longo do presente estudo, avaliamos o impacto da introdução da patente europeia com efeito
unitário e da implementação do Tribunal Unificado de patentes através da comparação de dois
cenários:
Hipótese 0: Portugal não adere à PEU e não ratifica o Acordo referente ao TUP.
Hipótese 1: Portugal adere à PEU e ratifica o Acordo referente ao TUP.
Ainda que a Adesão de Portugal à PEU e ratificação do TUP não se venha a concretizar, a solução
PEU estará disponível para as entidades portuguesas que registem patentes, embora o seu efeito
automático não se reflita no território nacional.
Por facilidade de entendimento, dividimos as conclusões a que chegámos entre o que se refere à PEU
e o que se refere ao TUP.
4.1 Patente europeia com efeito unitário
Portugal subscreveu a Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que
autoriza uma cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. Mas,
considerando que a patente europeia com efeito unitário terá apenas efeito nos EMC em que o TUP
tenha competência exclusiva para as patentes europeias com efeito unitário à data do registo, existe
ainda margem para reequacionar esta decisão.
Consideramos que a introdução da patente europeia com efeito unitário em Portugal apresenta
benefícios para a parcela das entidades que utilizam o sistema e registam patentes, porque:
Uma vez concedida, produz efeito automático no território dos EMC, evitando o processo
burocrático inerente à patente europeia que pressupõe a identificação dos países em que o
requerente pretende validar a patente e o subsequente processo de validação (com requisitos e
taxas de manutenção diferenciados por país). A vantagem desta simplicidade administrativa será
reforçada pelo facto de o valor das taxas associadas ao registo e manutenção ser aproximado do
valor das taxas aplicadas a patentes europeias validadas em 5 ou mais países (ligeiramente
superiores durante o período de transição e ligeiramente inferiores findo este período)193
, tornando
a PEU vantajosa para cerca de 50% das patentes europeias concedidas, de acordo com o artigo:
"How Much More Will the Unitary Patent Cost?"194
.
A simplificação das traduções exigidas (apenas em inglês, francês e alemão) reduz os custos
inerentes ao processo de validação de patentes europeias que atualmente exige a apresentação
193
Tendo por base os pressupostos assumidos para avaliação de impacto e que constam do presente estudo. 194
“Reddie and Grose” de Janeiro de 2013
4. Conclusões
64
da tradução da patente na língua de cada um dos
países em que o requerente pretende validar a patente
europeia195
.
Haverá maior procura potencial para a comercialização
das licenças de utilização de patentes (que
representam uma fonte adicional de receita para
entidades detentoras de patentes), uma vez que o
âmbito territorial no qual as PEU são válidas é mais
alargado.
A verificação efetiva destes benefícios depende dos
valores definitivos das taxas de registo e manutenção que
se vierem a aplicar. Contudo, para os custos estimados
pela Comissão Europeia196
, a solução PEU é favorável
para a parcela das empresas que registam patentes e que
as validam em, pelo menos, 5 países.
Contudo, existem também alguns desafios para o
tecido empresarial português, aplicáveis para a
maioria das empresas portuguesas que não regista
patentes e que importa referir:
As PEU terão efeito automático no território nacional e
este efeito automático aumenta a probabilidade de
ocorrência de uma violação, ainda que de forma
inusitada, de uma patente concedida e em vigor.
Mesmo empresas que só operem no território
nacional, que não tenham investimento em I&I&D e
que não tenham patentes registadas ou pensem em
registar, terão de consultar com frequência as bases de dados disponíveis para evitar situações de
violação de patentes concedidas e potencial litígio.
A necessidade de elaborar estudos de verificação de não violação de patentes assumirá também
uma importância reforçada, podendo vir a representar custos adicionais para as empresas, até
porque a simplificação das traduções exigidas poderá acrescentar complexidade adicional à
compreensão do objeto das patentes.
Por último, a não adesão da Espanha, Polónia e Itália não permitirá maximizar o potencial ganho
da solução, uma vez que a proteção nestes mercados continuará a obrigar ao recurso às
tradicionais soluções de patente nacional e europeia (sem efeito unitário), com a consequente
duplicação de esforços e custos.
O registo de patentes visa proteger o investimento em
I&I&D e parece-nos uma ferramenta imprescindível para
o incentivo desta atividade. A patente europeia com efeito
unitário apresenta, face à PE, benefícios a este nível e
será um incentivo adicional à proteção do investimento
realizado.
Face a esta conclusão, devemos, contudo, salientar que
os pedidos de patente europeia apresentados por
entidades portuguesas representou, em 2013, menos de
0,1% do total de pedidos de patente europeia
apresentados e que as 26 patentes que foram
efetivamente concedidas, no mesmo ano, foram
concedidas a apenas 24 entidades ou parcerias entre
195
Como descrito anteriormente, as exigências a este nível variam de país para país. Em alguns países é exigida a
tradução completa das patentes, noutros apenas das reivindicações, noutros é exigida a tradução das
reivindicações e uma tradução para inglês da descrição, sendo igualmente identificadas situações de dispensa de
entrega de traduções ao abrigo do Acordo de Londres. 196
“”Classic European Patent versus Unitary Patent” 197
Espacenet Search results. Existem situações de patentes concedidas a parcerias entre duas entidades, por
regra empresas e Universidades, as quais são consideradas como uma entidade na nota de destaque. Das 26
patentes europeias concedidas a entidades portuguesas, 4 foram concedidas a parcerias entre empresas e
Universidades. Apenas duas empresas nacionais têm duas patentes concedidas em 2013.
Considera-se que a introdução da patente europeia com efeito unitário apresenta benefícios para a parcela das empresas e outras entidades que registam patentes, cuja concretização dependerá dos valores que vierem a ser definidos pelo IEP para as taxas a cobrar no âmbito da PEU.
Contudo, para a maioria das empresas portuguesas, que não registam patentes, identificam-se mais riscos do que benefícios.
As 26 patentes europeias concedidas, em 2013, a entidades portuguesas foram concedidas a apenas 24 entidades197, das quais apenas 2 foram concedidas exclusivamente a Universidades.
65
entidades distintas. Para as empresas que não registam patentes os desafios serão maiores, uma vez
que serão confrontados com a maior e automática abrangência territorial da PEU e com o aumento da
probabilidade de ocorrência de uma violação de uma PEU em vigor (podendo obrigar a adaptação da
sua actividade ou ao envolvimento em processos de litígio).
4.2 Tribunal Unificado de Patentes
A patente europeia com efeito unitário é acompanhada pela proposta de implementação de um
Tribunal Unificado de Patentes, com competências em matéria de patentes europeias e patentes
europeias com efeito unitário. A Espanha e a Polónia assumiram publicamente a sua intenção de não
ratificar o respetivo Acordo, preservando as competências ao nível dos respetivos tribunais nacionais,
mas a Itália, que não faz parte do conjunto de países que aderiram à patente europeia com efeito
unitário, assinou o Acordo referente ao TUP (embora não o tenha, para já, ratificado).
Para que o TUP entre em vigor é obrigatório que o respetivo Acordo seja ratificado por, no mínimo, 13
países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França. O Acordo referente ao TUP
está neste momento em processo de validação,
estando validado por 6 países, um dos quais a
França. Portugal ainda não ratificou o acordo
referente ao Tribunal Unificado de Patentes.
No caso do TUP, não nos parece, face às
incertezas verificadas, existir benefício associado à
ratificação do Acordo neste momento, pelos
motivos que de seguida elencamos:
Inexistência de um estudo que permita aferir as
diferenças de custos judiciais a incorrer no TUP
por comparação aos custos verificados num processo de litígio de patentes nos tribunais
nacionais. Sem esta avaliação, que não é possível de realizar no âmbito do presente estudo, é
difícil de avaliar o impacto da sua implementação no tecido empresarial português. De salientar
que, a este propósito e caso Portugal ratifique o Acordo referente ao TUP, a ACPI recomenda às
empresas a constituição de provisão para fazer face a potenciais litígios no montante de
1.000.000€. Este montante é claramente pesado e incomportável para uma larga fatia das PME
portuguesas.
A possibilidade dos processos de litígio decorrerem fora do território nacional, numa língua
diferente da portuguesa, dificultará a compreensão dos detalhes do processo e a argumentação
por parte das entidades portuguesas que se virem envolvidas nos mesmos. Para já são apenas
conhecidas as localizações da divisão central do Tribunal de Primeira Instância (Paris, Londres e
Munique) e do Tribunal de Recurso (Luxemburgo). Caso Portugal opte por ratificar o Acordo
referente ao TUP e apesar do acréscimo de custos, a implementação de uma divisão local parece
ser a solução mais prudente para mitigar este risco.
Pelo período máximo de duração do período de transição, os EMC serão chamados a contribuir
para suportar os custos operacionais do TUP enquanto o mesmo não for capaz de se
autofinanciar. Esta contribuição representará um acréscimo de despesa para o Orçamento do
Estado que deve ser tida em consideração.
De realçar que, ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes,
nada impede que uma empresa ou outra entidade portuguesa se veja envolvida num processo que
nele decorra, podendo, mesmo neste cenário haver custos acrescidos para as empresas portuguesas
(ainda que em menor escala).
Apesar dos riscos e constrangimentos identificados, realçamos também que a implementação do TUP
poderá contribuir para a uniformização do quadro legal e da jurisprudência nesta matéria, o que
deverá ser entendido como um benefício. Contudo, o seu alcance dependerá do número efetivo de
países que vier a ratificar o Acordo referente ao TUP.
Face às incertezas, neste momento não nos parece haver benefício na ratificação do Acordo referente ao TUP.
66
4.3 Em suma…
A introdução da PEU em Portugal, face aos
pressupostos assumidos, apresenta benefícios para a
parcela das empresas que registam patentes e as
validam em, pelo menos, 5 países, com benefícios ao
nível dos custos e da simplificação administrativa.
Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao
TUP e, consequentemente, o efeito unitário da PEU
não tenha efeito no território nacional, as empresas
portuguesas poderão, mesmo nestas circunstâncias,
recorrer à PEU e beneficiar da sua existência.
Contudo, no que diz respeito ao impacto da PEU em
empresas que não registam patentes e na
implementação do TUP, identificamos riscos que
devem ser acautelados e ponderados no processo de
tomada de decisão. Considerando que a PEU só terá
efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a
decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser
tomadas em conjunto e dependem da ratificação do
Acordo referente ao TUP.
O processo de tomada de decisão nesta matéria está a
ser desenvolvido num contexto de elevada incerteza,
nomeadamente, não se conhecem as taxas associadas ao registo e manutenção das PEU, todos os
países que irão ratificar o Acordo referente ao TUP e os custos associados a processos de litígio no
TUP. O desconhecimento destas variáveis chave
impede que seja feita uma avaliação efetiva e exata
do impacto da introdução da PEU e do TUP sobre o
tecido empresarial português. Entendemos que a
decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria
ser tomada num contexto de maior certeza
relativamente a estas variáveis chave.
Sem prejuízo da importância da patente para a
proteção do investimento em I&I&D realizado, caso a
posição portuguesa seja favorável à introdução da
PEU e TUP, entendemos fundamental a definição de
políticas públicas que promovam com sucesso o
I&I&D e o registo de patentes por parte das entidades
portuguesas. Políticas públicas estas que, aliás, nos
parecem fundamentais em qualquer um dos cenários,
mas que assumem uma importância fulcral caso se
venha a confirmar a adesão de Portugal, com tão
reduzido número de patentes concedidas, à patente
europeia com efeito unitário.
A não adesão, em particular, da Espanha não permitirá maximizar os potenciais benefícios da PEU.
Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, a solução PEU estará acessível para as empresas portuguesas que registem patentes, apesar do seu efeito unitário não se estender ao território nacional.
A PEU só terá efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser tomadas em conjunto. Ponderado o impacto das duas soluções, a decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza relativamente a determinadas variáveis chave.
67
A1.1 Análise às bases de dados utilizadas na pesquisa de informação sobre patentes nacionais, europeias e internacionais
Uma entidade, individual ou coletiva, que queira patentear a sua invenção deve efetuar o pedido de
patente junto do organismo competente para o efeito. A partir deste momento, o organismo
competente pela concessão da patente consegue disponibilizar grande parte da informação sobre o
fluxo do registo e o seu ponto de situação às Unidades de Pesquisa e Desenvolvimento (doravante
UPD) e ao público em geral. A informação pode ser consultada e examinada por qualquer pessoa ou
entidade interessada.
As UPD têm uma vasta coleção de dados relacionados com patentes que podem ser exploradas por
qualquer indivíduo. Por exemplo, as entidades que pretendam investir num projeto de I&I&D devem
confirmar se o possível resultado final esperado do projeto não se encontra já patenteado ou em
processo de patenteamento.
Adicionalmente, as entidades que estejam a produzir um produto ou componente fazendo uso de
invenções patenteadas fora do seu território podem também consultar estas bases de dados com o
objetivo de obter uma licença para a sua utilização e evitar potenciais casos de litígio.
Em ambos os casos, a qualidade da informação sobre patentes é considerada de grande relevância.
Como tal, o sistema de pesquisa deve ser intuitivo, eficiente e apresentar resultados concretos de
acordo com as necessidades dos seus utilizadores.
Existem várias bases de dados disponíveis e cada uma oferece informações específicas sobre
patentes. Para testar o uso e integridade das bases de dados foram realizadas pesquisas, em
algumas das bases de dados disponíveis, inserindo palavras-chave nos respetivos motores de busca
e analisados os resultados produzidos, de acordo com a:
Clareza, especificidade e correspondência da informação apresentada;
Relação entre as palavras introduzidas e os resultados apresentados;
Consistência dos resultados apresentados em relação aos critérios pesquisados;
Disponibilização da informação para todos os atributos para as patentes pesquisadas.
As bases de dados analisadas foram as que de seguida se identifica:
Internacional
Europeia
Nacional• Base de Dados Nacional INPI
• Espacenet Portugal
• Espacenet-patent search
• European Patent Register
• Patentscope
Anexo 1 Bases de dados e ferramentas de tradução
68
Bases de dados de âmbito nacional
1. A base de dados nacional do INPI
Em Portugal, o organismo que responsável pela manutenção e disponibilização da base de dados
com informações de patentes nacionais198
é o INPI. A base de dados fornece informação detalhada
sobre as patentes nacionais e europeias em vigor, nomeadamente:
Síntese;
Resumo;
Classificação internacional;
Fases jurídicas;
Taxas periódicas;
Entidades intervenientes;
Documentos relacionados;
Publicações em Boletim da Propriedade Industrial (BPI);
Países designados;
Epígrafe da língua estrangeira;
Processos associados;
Imagem da invenção.
A base de dados é intuitiva, apesar de a informação só estar disponível em português.
Relativamente à atualização da informação, não é possível filtrar os dados por data de entrada do
pedido de patente, pelo que não é possível estabelecer conclusões sobre a sua atualização.
Identifica-se ainda que as reivindicações de cada patente nacional não estão disponíveis online e
que o texto relativo ao objeto da patente contém informação muito limitada, pelo que poderá ser
necessário uma pesquisa através de outras fontes ou através de uma agente de propriedade
intelectual para apurar com maior precisão a informação necessária. Adicionalmente, não são
disponibilizadas imagens e desenhos para todas as patentes.
2. Espacenet Portugal199
A base de dados Espacenet é desenvolvida pelo IEP. Esta plataforma foi desenvolvida para
consultar patentes europeias concedidas pelo IEP, mas em vários países é adaptado para também
permitir a pesquisa de informações sobre patentes nacionais e patentes europeias validadas no
território nacional. Neste, caso o Espacenet Portugal é gerido pelo INPI. Este motor de busca
mostra informações sobre os pedidos de patentes nacionais desde 1976, bem como de todas as
patentes europeias e internacionais válidas em Portugal.
Para se iniciar uma pesquisa é possível selecionar o critério pelo qual se pretende pesquisar:
Título de uma patente;
Palavras incluídas no resumo;
Palavras incluídas no texto integral;
Requerente ou pelo inventor;
Número da publicação;
Número de pedido;
Prioridade;
Data da publicação;
Código de classificação.
Esta base de dados é apelativa do ponto de vista do design e, relativamente à informação
disponível, inclui nalguns casos o documento original com a descrição da invenção.
Foram identificadas algumas situações em que o resumo da patente não está disponível, mas nos
casos em que é disponibilizado, existe a possibilidade de tradução automática. No entanto, quando
198
Acessível a partir do link: http://servicosonline.inpi.pt/pesquisas/main/patentes.jsp?lang=PT 199
Acessível a partir do link http://pt.espacenet.com/
69
esta funcionalidade é selecionada, o utilizador é reencaminhado para uma página que indica que a
funcionalidade não existe.
Bases de dados de âmbito europeu
Na página do IEP existem várias bases de dados de pesquisa disponíveis focadas em assuntos
específicos, de acordo com o tipo de informação pretendida. Apresenta-se de seguida duas dessas
bases de dados.
1. Espacenet-patent search200
A base de dados disponibiliza informação sobre mais de 70 milhões de patentes em mais de 90
países. A informação está disponível em inglês e, em alguns casos, em vários idiomas,
dependendo da classificação da patente. Por exemplo: para a classificação internacional de
patentes (IPC) é atribuída pelos respetivos institutos nacionais de patentes que a concederam, o
que significa que a informação também está disponível na respetiva língua, mas uma Patent
Classification Cooperative (CPC) é atribuída pelo IEP, consequentemente a informação só está
disponível em inglês.
As buscas podem ser realizadas através de uma simples pesquisa (inserindo uma palavra-chave
ou um valor) ou por meio de uma pesquisa avançada, pesquisando por título, número da
publicação, número do pedido, número de prioridade, data de publicação, pelo requerente ou
nome do inventor ou ainda através dos respetivos códigos de classificação. Para apoiar a
interpretação do texto, é disponibilizada uma plataforma automática de tradução.201
A informação obtida no Espacenet Europeu fornece também informação sobre as reivindicações
das patentes, descrições e imagens.
O Espacenet Europeu não fornece qualquer informação sobre as fases do processo de concessão
de patentes, taxas periódicas, nem os países designados. Como tal, a sua utilização não substitui
totalmente a base de pesquisa nacional fornecido pelo INPI.
A base de dados é intuitiva, facto confirmado pelos utilizadores entrevistados202
, que atribuíram
uma classificação média de 4, (numa escala de 1 a 5, sendo “5” equivalente a uma muito boa
experiência de utilização) relativamente à utilização da base de dados no Espacenet.
2. European Patent Register203
A informação da base de dados Espacenet-Patent Research é complementada pela informação
disponibilizada na base de dados European Patent Register. Esta base de dados fornece
informações sobre pedidos de patentes europeias, à medida que o processo de concessão
progride (incluindo o período de oposição vigente durante todo o processo). As pesquisas podem
ser realizadas através da inserção de uma palavra-chave relativa:
À página inicial;
Ao texto completo;
Ao título;
Nomes dos intervenientes;
Número de identificação;
Classificação Internacional;
Datas de pedido;
Concessão.
A base de dados é de fácil utilização fácil e, de um modo geral, a informação é bastante completa.
No entanto, não é possível efetuar pesquisas avançadas.
200
Acessível a partir do link:
http://ep.espacenet.com/singleLineSearch;jsessionid=89C81F6053D05D58E7F91C1E601B7E46?locale=en_EP 201
O presente anexo contém detalhes desta ferramenta mais adiante. 202
Mais informações sobre as entrevistas realizadas no anexo 3 do presente estudo. 203
Acessível a partir do link http://www.epo.org/searching/free/register.html
70
Bases de dados internacionais
1. Patentscope
A Patentscope é disponibilizada pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) e a
informação que disponibiliza é similar à providenciada pela base de dados Espacenet. Fornece a
síntese, descrição da patente, as reivindicações e imagens relacionadas com a invenção. A
pesquisa pode ser realizada através da inserção de uma palavra-chave procurando por qualquer
campo, relativo:
Página inicial;
Texto completo;
Título;
Nomes relacionados;
Ou através da inserção de valores procurando por:
Número de identificação da patente;
Classificação internacional;
Datas relacionadas.
Através da análise efetuada à base de dados Patentscope conseguimos afirmar que a sua
utilização é intuitiva e que a informação sobre patentes disponíveis é muito completa. Como
também observado para a base de dados.
A1.2 Análise do funcionamento do sistema proposto para a tradução da documentação relativa às patentes emitidas pelo IEP
Como referido na seção anterior, a descrição de uma patente nem sempre se encontra disponível em
língua inglesa (considerada a mais utilizada a nível mundial no trabalho cientifico e académico). Este
facto tem um impacto negativo na utilidade das bases de dados disponíveis
O IEP fornece um sistema de tradução desenvolvido em parceria com o Google Translate. O serviço é
integrado no mecanismo de busca e é facilmente acessível aquando da leitura da descrição e
conteúdos da patente em causa. O sistema de traduções está disponível desde 2012, mas a
integração de todos os idiomas europeus (concorrendo para um total de 28 línguas) apenas se
efetivou em 2013. É relevante referir que, apesar de ser possível traduzir automaticamente a
informação, esta tradução não é oficialmente aceite, servindo apenas o propósito de facilitar e suportar
a interpretação de documentos por parte dos utilizadores.
Este sistema é integrado no Espacenet, mas também no servidor europeu de publicação (a plataforma
oficial de publicações do IEP). O sistema é semelhante ao utilizado originalmente pela Google
Translate. No entanto está programado para interpretar o vocabulário e a forma gramatical utilizados
em documentos desta natureza: a interpretação é possível por via de um algoritmo que “aprende” e
evolui construtivamente, baseado no histórico de informação e dados relativos a patentes,
providenciados pelos Institutos Nacionais de Patentes membros do IEP e por outros parceiros do
Instituto. O sistema evolui de forma proporcional ao conjunto de informações e dados que lhe são
providenciados, isto é, quanto mais documentos o sistema analisar, melhor e mais sofisticada se torna
a sua capacidade de tradução.
Como mencionado anteriormente, a qualidade do sistema de tradução é bastante relevante na
mitigação do risco de infrações e na proteção do investidor em I&I&D. Adicionalmente pode ser visto
como um mecanismo de suporte à decisão de contratar, ou não, tradutores especializados para o
efeito.
No sentido de validar a qualidade das traduções, foram efetuados um conjunto de testes, tendo sido
introduzidas no sistema, informações retiradas do seu texto original em inglês, português, alemão ou
francês a serem traduzidas subsequentemente para o mesmo conjunto de idiomas, mas distintos do
idioma original. Tendo por base estes testes, a qualidade da tradução foi avaliada mediante os
seguintes fatores:
A tradução efetiva de todas as palavras constantes do documento;
71
A construção frásica da versão traduzida, bem como o seu sentido;
O formato da tradução;
O número de línguas em que os documentos da patente eram passíveis de ser traduzidos.
Estes testes permitem-nos concluir que a tradução funciona corretamente em termos gerais (uma
grande abrangência de termos foi corretamente traduzida), contudo foram identificadas algumas
lacunas ou insuficiências:
A estrutura das frases nem sempre é corretamente traduzida. Algumas frases são divididas em
frases mais pequenas, o que afeta o sentido da frase;
A tradução nem sempre é feita na língua correta. A título de exemplo, há traduções pedidas em
português, cujo resultado é fornecido noutro idioma (como o castelhano);
Existem algumas ineficiências na tradução de termos técnicos;
Não está disponível para todos os idiomas;
A formatação do texto pode ser alterada com a tradução, com impacto negativo na sua
interpretação.
De acordo com o IEP, o sistema encontra-se em melhoria contínua, uma vez que evolui
constantemente a cada documento introduzido.
72
Para calcular os custos e benefícios de ambas as hipóteses de análise são seguidos os pressupostos
e metodologia descritos no capítulo 3 do presente estudo.
Estimativa da evolução do número de PE e PEU (2015-2034)
Para calcular a evolução do número de PE foram assumidos os seguintes pressupostos
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
moderado
Cenário
pessimista
Taxa de crescimento anual do total
de pedidos de patente europeia que
dão entrada no IEP
2015-2034 5,89%204
5,89%205
4,35%206
Taxa de crescimento do total de
patentes europeias concedidas pelo
IEP
2015-2034 6,45%207
6,45%208
1,43%209
Da sua aplicação ao número total de patentes europeias pedidas em 2013 (dados IEP), resulta:
2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0
265.690
297.891 315.426 333.994 374.472 396.516 527.794 702.535 883.142
Hipótese 1
moderado 297.891 315.426 333.994 374.472 396.516 527.794 702.535 883.142
Hipótese 1
pessimista 289.300 301.880 315.007 342.999 357.914 442.802 462.057 482.150
204
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e
2013. Dados obtidos no IEP. 205
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e
2013. Dados obtidos no IEP. 206
Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2004 e
2013. Dados obtidos no IEP. 207
Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.
Dados obtidos no IEP. 208
Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.
Dados obtidos no IEP. 209
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2004
e 2013. Dados obtidos no IEP.
Anexo 2 Avaliação do impacto: cálculos auxiliares
73
Da sua aplicação ao número total de patentes europeias concedidas em 2013 (dados IEP), resulta:
2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0
66.707
75.589 80.463 85.653 97.057 103.316 141.214 193.015 247.833
Hipótese 1
moderado 75.589 80.463 85.653 97.057 103.316 141.214 193.015 247.833
Hipótese 1
pessimista 68.623 69.602 70.595 72.623 73.659 79.064 80.192 81.336
Considera-se que210
:
No período entre 2016 e 2018, 70% do total de patentes europeias concedidas são PE e os
restantes 30% PEU; e
A partir de 2019, 50% do total de patentes europeias concedidas são PE e os restantes 50% PEU.
2013 2015 2016 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0 66.707 75.589 80.463 74.224 97.057 103.316 141.214 193.015
PE 66.707 75.589 56.324 48.528 48.528 51.658 70.607 96.507
PEU - - 24.139 25.696 48.528 51.658 70.607 96.507
Hipótese 1 moderado
75.589 80.463 74.224 97.057 103.316 141.214 193.015
PE 66.707 75.589 56.324 48.528 48.528 51.658 70.607 96.507
PEU - - 24.139 25.696 48.528 51.658 70.607 96.507
Hipótese 1 pessimista 68.623 69.602 75.646 72.623 73.659 79.064 84.866
PE 66.707 68.623 48.722 54.467 54.467 55.244 59.298 63.649
PEU - - 20.881 21.179 18.156 18.415 19.766 21.216
210
O pressuposto definido de acordo com o artigo: "How Much More Will the Unitary Patent Cost?" Reddie &
Grose, Janeiro de 2013, onde refere que 40% das patentes europeias são validadas, em média, em 5 países, 8%
entre 13 e 28 países e 2% em todos os países. Considera-se assim que no período de arranque da PEU, 2016-
2018, 30% das patentes europeias concedidas serão PEU, passando a 50% a partir de 2019.
74
Estimativa da evolução do número de patentes europeias validadas e em vigor em Portugal (2015-2034)
Para o cálculo da evolução das patentes europeias validadas em Portugal foram assumidos os
seguintes pressupostos:
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
moderado
Cenário
pessimista
Taxa de crescimento anual de
patentes europeias validadas em
Portugal
2014-2015
0,62%211
0,62%212
0,31%213
Após 2016
Considera-se que as
necessidades de validação de PE
em Portugal são totalmente
cobertas pelas PEU em vigor.214
Da aplicação destes pressupostos ao número de PE validadas em Portugal, resulta:
2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0
3.905
3.953 3.978 4.002 4.052 4.007 4.204 4.336 4.444
Hipótese 1 moderado 3.953 0 0 0 0 0 0 0
Hipótese 1 pessimista 3.929 0 0 0 0 0 0 0
211
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 212
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 213
Assume-se que a taxa de crescimento média de patentes europeias validadas em Portugal irá reduzir para
metade da que se verificou no período 2009-2013. Assume-se um pressuposto diferente do aplicado nos restantes
critérios, uma vez que a taxa de crescimento verificada no período 2004-2013 é negativa. 214
Dado o número reduzido de patentes europeias que são, atualmente, validadas em Portugal, considera-se que,
no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades
de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de
PE no mercado nacional.
75
Relativamente às patentes europeias em vigor:
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
moderado
Cenário
pessimista
Taxa de crescimento anual de
patentes europeias em vigor em
Portugal
2014-2034
-1,38%215
-1,38%
Após 2016
Considera-se um decréscimo à
taxa de 10% ao ano,
correspondente, ao fim do seu
período de vida útil.216
Da aplicação destes pressupostos ao número de PE em vigor em Portugal, resulta:
2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0
27.909
27.142 26.766 26.396 25.670 25.315 23.611 22.022 20.828
Hipótese 1 moderado 27.142 24.090 21.381 16.842 14.948 8.233 4.534 2.814
Hipótese 1 pessimista 27.142 24.090 21.381 16.842 14.948 8.233 4.534 2.814
Receitas IEP referentes a PEU
Uma vez que, no cenário de adesão de Portugal à PEU, caberá ao INPI uma parcela das receitas
referentes à manutenção das PEU, apresenta-se de seguida a evolução esperada de receitas do IEP
referentes à PEU:
2016 2017 2018 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 1 moderado 172,028 186,052 201,418 363,421 393,436 443,533 659,541 905,930
Registo 157,264 170,085 184,132 332,232 359,671 393,324 584,879 803,376
Manutenção/renovação 14,764 15,967 17,286 31,189 33,765 50,209 74,662 102,554
Hipótese 1 pessimista 148,807 153,345 158,176 271,932 280,500 248,328 289,991 328,300
Registo 136,037 140,185 144,601 248,595 256,427 220,217 257,163 291,135
Manutenção/renovação 12,771 13,160 13,575 23,338 24,073 28,111 32,828 37,164
(milhões de euros, valores arredondados)
Para efeitos de taxa de manutenção a cobrar pela PEU, considera-se a média das taxas de
manutenção cobradas nos primeiros 10 anos de vigência de uma patente para a amostra de 5 países
considerada na página 51 (Alemanha, Reino Unido, França, Holanda e Portugal) – 603€.
215
Taxa de crescimento média do número de patentes europeias em vigor em Portugal no período compreendido
entre 2009 e 2013. Dados fornecidos pela ACPI. 216
Dado o número reduzido de patentes europeias que estão, atualmente, em vigor em Portugal, considera-se que,
no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades
de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de
PE no mercado nacional. Considerando que uma patente tem, em média, uma vida útil de 10 anos, considera-se
um decréscimo correspondente a 1/10, isto é, 10% ao ano.
76
Receitas INPI
As receitas para o INPI, no que concerne a PE e PEU, resultam das estimativas de evolução do
número de PE validadas em Portugal e PEU definidas anteriormente.
No caso da Hipótese 0, consideram-se apenas as receitas arrecadadas por via de PE validadas em
Portugal. Na hipótese 1 são consideradas as estimativas de evolução de PE validadas em Portugal,
bem como a parcela de receita que caberá ao INPI no que concerne às PEU (50% das receitas
relativas a taxas de manutenção auferidas com a PEU serão retidas no IEP para cobrir custos de
manutenção do instituto e os restantes 50% serão distribuídos pelos vários EMC).
À data de elaboração do presente estudo, estes critérios não são ainda claros, pelo que foram
assumidos alguns pressupostos, definidos em conformidade com o disposto no Regulamento
referente à PEU, bem como com a opinião de especialistas217
nesta matéria.
Critério218
Período de
análise Ponderador Pressuposto
Número de pedidos de registo de patente
europeia 2016-2034 45% 0,26%
219
Dimensão do mercado português 2016-2034 45% 2,93%220
Compensação dos EMC, cuja língua oficial não
seja uma das línguas oficiais do IEP221
2016-2034 10% 0,625%
222
No que concerne à receita arrecadada pelo INPI relativa a PE validadas e em vigor em Portugal,
assume-se ainda o seguinte pressuposto:
Rendimento unitário por
patente europeia para o
INPI
Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
Moderado
Cenário
Pessimista
Validação 2015-2034 52,25€
223,
atualizado anualmente com base na taxa de inflação.
Manutenção 2015-2034 106€
224,
atualizado anualmente com base na taxa de inflação.
217
“A patente europeia de efeito unitário – consequências para a economia portuguesa”. Dezembro 2013, ACPI 218
Artigo 13.º do Regulamento referente à PEU 219
Através do número de pedidos de patente europeia efetuados, em 2013, junto do IEP, obteve-se a percentagem
relativa a Portugal e calculou-se a proporção relativa face aos 25 Estados-Membros que assinaram a decisão de
cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. 220
Taxa calculada com base no peso do número de habitantes de cada EMC no total de habitantes do total dos
EMC, ou seja, foi calculada em função da população abrangida por uma PEU em determinado EMC. 221
O Artigo 13.º, n.º 2, alínea c) do Regulamento referente à PEU prevê que esta compensação seja devida por a
língua oficial de determinado EMC ser distinta das línguas oficiais do IEP; Nível de atividade de registo de patentes
seja desproporcionalmente baixo ou cuja adesão à OEP seja relativamente recente. Para efeitos do presente
estudo consideram-se apenas os países cuja língua oficial é diferente da do IEP. 222
Taxa calculada multiplicando 50% das receitas provenientes das taxas de manutenção das PEU, pelo
ponderador (20%) a dividir pelos 16 Estados-Membros que aderiram ao Acordo referente ao TUP, cuja língua
oficial, não é, uma das línguas oficiais do IEP. (Bulgária, Chipre, Republica Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia,
Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Holanda, Itália, Portugal, Roménia, Eslovénia e Eslováquia). 223
Valor obtido com base na taxa cobrada pelo INPI para pedidos de validação, considerando que 100% dos
pedidos são submetidos em formato digital. Os pedidos realizados em papel, segundo a opinião de especialistas
consultados sobre esta matéria, são residuais. 224
Calculado com base na média das anuidades aplicadas pelo INPI para a manutenção nos primeiros 10 anos.
77
Da aplicação dos critérios explicitados resulta a seguinte estimativa de receita total do INPI:
2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034
Hipótese 0 3,101 3,104 3,111 3,131 3,141 3,190 3,241 3,282
PE 3,101 3,104 3,111 3,131 3,141 3,190 3,241 3,282
Hipótese 1 moderado 3,101 2,714 2,467 2,146 1,979 1,410 1,179 1,179
PE 3,101 2,604 2,348 1,913 1,727 1,035 0,620 0,412
PEU - 0,111 0,120 0,233 0,253 0,376 0,559 0,768
Hipótese 1 pessimista 3,100 2,699 2,446 2,087 1,907 1,245 0,866 0,670
PE 3,100 2,604 2,348 1,913 1,727 1,035 0,620 0,412
PEU - 0,096 0,099 0,175 0,180 0,210 0,246 0,278
(milhões de euros, valores arredondados)
Para se percecionar as receitas totais do INPI foram somadas todas as receitas anuais e atualizadas
ao ano presente:
(milhões de euros)
As Receitas para o INPI são menores na Hipótese 1. A diferença estimada é de:
Diferença entre a Hipótese 1 moderado e Hipótese 0: -14,97 Milhões de Euros;
Diferença entre a Hipótese 1 pessimista e Hipótese 0: -16,59 Milhões de Euros.
A diferença verificada entre as hipóteses varia consoante o número PE validadas e PE em vigor em
Portugal e de PEU em vigor em dado momento.
36,335
21,370
19,747
Hipótese 0 Hipótese 1 moderada Hipótese 1 pessimista
78
Custos de ajustamento
A. Custos de formação
O custo médio assumido para a formação de uma pessoa, em 2015, é de 500€225
. Para os anos
seguintes, este valor foi atualizado com base na taxa de inflação prevista e definida nos pressupostos
gerais.
Pressuposto Período de
análise Hipótese 0
Hipótese 1
Cenário
Moderado
Cenário
Pessimista
N.º entidades a frequentar as
ações de formação 2015-2034 2.271
226 4.650
227 2.271
228
Funcionários do INPI 2015-2034 108229
108230
108231
Assume-se que os representantes das empresas e funcionários do INPI irão receber formação nos 3
primeiros anos de entrada em vigor do sistema de patente europeia com efeito unitário e, nos anos
subsequentes, irão atualizar os conhecimentos de 5 em 5 anos.
Com base nestes pressupostos, os custos com formação (atualizados ao momento presente, em
milhões de euros):
225
Montante estimado com base nas inscrições em ações de formação providenciadas pelo IEP e tempo médio
despendido nas mesmas. Calculado, somando o valor da inscrição numa sessão de formação de dois dias e
custo/hora do trabalhador para a empresa nesses dois dias. Pressuposto assumido com base no Estudo “Analysis
of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary patente protection in Poland”
realizado pela Deloitte Polónia. 226
Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes
registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 227
Número total de entidades do sector com mais patentes registadas. Cálculo efectuado com dados
disponibilizados pelo IEP e INE. 228
Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes
registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 229
Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para
2015. 230
Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para
2015. 231
Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para
2015.
4,998
9,996
4,998
0,297
0,297
0,297
Hipótese 0 Hipótese 1,moderada
Hipótese 1,pessimista
Custos de formaçãopara as Empresas
Custos de formaçãopara o Estado
79
B. Custo de manutenção da divisão local do TUP
Apenas válido para a hipótese 1, uma vez que na Hipótese 0 Portugal não ratifica o Acordo referente
ao TUP.
Assume-se que este tribunal será capaz de autofinanciar a sua atividade a partir de 2021, ou seja,
demorará 7 anos (equivalente à duração prevista do período de transição) até ser possível
autofinanciar-se.
Durante o mesmo período, assume-se que o custo de manutenção da divisão local do Tribunal de
Primeira Instância do TUP incluirá o custo dos salários dos juízes a si afetos, bem como os custos
administrativos e o aluguer das infraestruturas232
.
O total de funcionários adstritos à divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP que se
assume localizar em Portugal será:
1 juiz com formação jurídica de nacionalidade portuguesa;
2 juízes com formação jurídica de outra nacionalidade 233
;
2 administrativos.
O Acordo referente ao TUP prevê ainda a possibilidade de, a pedido de uma das partes ou a pedido
do próprio painel de juízes, ser indicado um juiz técnico, com qualificações e experiência no campo
técnico em questão, para acompanhar um determinado processo. Como não existe uma alocação
deste juiz técnico a todos os processos da divisão local e como os juízes técnicos são alocados de
uma bolsa de juízes, o seu custo não é assumido como custo da divisão local.
Para calcular os custos relativos a salários anuais, utilizam-se os valores disponibilizados pela
Comissão Europeia234
. Os custos totais anuais são os que se apresentam na tabela seguinte:
Salário Juiz
Nacional
Salário 2 Juízes
Estrangeiro
Salário 2
funcionários
Administrativos
Aluguer das
infraestruturas Total
116.200 € 235
304.400 € 236
44.000 € 237
180.000 € 656.600 €
232
O cálculo da renda das instalações para a divisão local do TUP foi realizado com base no Estudo Prime Watch
elaborado em 2013, onde prevê o custo de arrendamento por m2 das zonas de Lisboa. Consideramos que o
Tribunal se sedeará num espaço de 750m2. 233
De um ou dois outros EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP. 234
Os salários dos juízes foram calculados com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and
Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 235
O salário do juiz nacional foi calculado com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and
Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 236
O salário do juiz de nacionalidade estrageira foi calculado adicionando 30% do salário base de um juiz nacional,
correspondente ao subsídio de expatriação. Cálculo efetuado com base no estudo: “Preliminary Findings of DG
Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 237
O salário dos funcionários administrativos foi calculado com base em na informação disponibilizada no Portal do
Governo para um funcionário de apoio técnico administrativo.
80
Os custos de manutenção da divisão local do TUP apenas se irão verificar na Hipótese 1 e englobam
os custos com administrativos, renda das infraestruturas onde a divisão local irá estar sedeada e
custos com os salários dos juízes. O montante apresentado é o somatório de todos os custos
incorridos durante o período de transição com a manutenção da divisão local atualizados ao ano
presente (em milhões de euros).
C. Contribuição anual relativa ao financiamento do TUP
Relativamente à contribuição anual inicial dos vários EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP
e que respeita ao seu financiamento, assume-se que serão apenas exigidas durante os 7 primeiros
anos de implementação do TUP (Hipótese 1).238
Os custos totais do TUP obtidos239
e considerados para efeitos da avaliação de impacto são os que de
seguida se indicam:
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Custos totais do TUP 6,425 10,685 13,956 19,594 26,470 39,310 41,569
Contribuição total dos EMC 4,613 6,730 7,966 10,864 13,300 23,394* 24,739*
(milhões de euros)
O valor da contribuição total para 2020 e 2021 foram estimados com base no peso médio da
contribuição no total de custos previstos para o TUP entre 2015 e 2019:
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Peso da contribuição nos
custos totais do TUP 72% 63% 57% 55% 50% 60%
Assume-se que, na Hipótese 1 cenário moderado, que apenas 25240
países irão ratificar o Acordo
referente ao TUP e que, na Hipótese 1 cenário pessimista, apenas o número de países obrigatórios
238
O estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the
Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011” aponta para o autofinanciamento do TUP num período
de 5 anos. Contudo, por forma a alinhar com o período de transição estabelecido (prazo máximo previsto para a
contribuição dos EMC) consideramos no presente estudo que o TUP se autofinancia em 7 anos. 239
Estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload
and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 240
Países que assinaram a decisão UE relativa à cooperação reforçada no domínio da criação da protecção de
patente unitária, à excepção da Polónia (que assumiu publicamente que não iria ratificar o Acordo referente ao
3,761
2,454
1,050
0,257
Juízes Infra-estruturas Administrativos Total
81
para o sistema entrar em vigor o ratificam (13 países). Com base nestes pressupostos, o valor da
contribuição a ser paga por Portugal (atualizada ao momento presente, em milhões de euros) é o
seguinte:
Para se percecionar os gastos totais incorridos com as contribuições a serem pagas por Portugal
foram somados todos os custos anuais e atualizados ao ano presente:
(milhões de euros)
TUP) e adicionalmente incluindo a Itália (que apesar de não ter aderido à PEU, assinou o Acordo referente ao
TUP).
0,185 0,269 0,319
0,435 0,532
0,936 0,990
0,355 0,518 0,613
0,836 1,023
1,800 1,903
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Hipótese 1,moderada
Hipótese 1,pessimista
2,979 2,979
Total: 5,271
2,292
Hipótese 1,moderada
Hipótese 1,pessimista
Prestação a ser paga por país ratificante Diferença entre as Hipóteses
82
No âmbito do presente estudo, para obter insights e avaliar a opinião de entidades detentoras de
patentes no que diz respeito à patente nacional e europeia (em vigor), bem como relativamente à PEU
e TUP, foram realizadas entrevistas telefónicas com algumas dessas entidades durante o período
compreendido entre 13 e 26 de janeiro de 2015.
Foram selecionadas para as entrevistas entidades, empresas e Instituições de Ensino Superior
sedeadas ou com representação em Portugal, que investem em I&I&D e que registam patentes em
diversas áreas.
No total foram entrevistadas quatro Instituições de Ensino Superior e quatro empresas localizadas em
Portugal. Das oito entidades cerca de 38% exportam ou têm parcerias fora de Portugal, principalmente
para os Estados Unidos e para a Europa, mercados onde o nível de concorrência é considerado
elevado.
A maioria das entidades entrevistadas já realizaram pedidos de patente europeia, quer através do IEP como do PCT.
Os mercados europeus preferenciais para validar as PE que detém são a França, Alemanha, Espanha e Reino-Unido e, em alguns casos, a Itália. Estes países correspondem a aproximadamente 52% da população europeia.
População dos Estados-Membros pertencentes ao sistema de patente europeia (%)241
Os agentes oficiais da propriedade intelectual são com frequência consultados por todas as entidades
entrevistadas, por regra, com o objetivo de prestar esclarecimentos e apoiar no processo de pedido de
registo de patente europeia e as fases subsequentes.
Relativamente à experiência dos entrevistados com processos de litígio relacionados com patentes
nenhuma das entidades entrevistadas tinha experiência relevante nesta matéria, não tendo por
isso sido possível estimar os custos associados aos mesmos.
No que concerne à PE, os entrevistados indicaram como principais dificuldades/constrangimentos:
Custos com tradução incorridos com as traduções que têm de ser feitas para cada país onde o
requerente queira validar a patente;
Morosidade e burocracia inerente ao processo de registo e validação de patentes;
Diferenças ao nível da legislação e requisitos, no momento de efetuar a validação da PE, tornam o
processo muito complexo;
Elevados custos associados à manutenção de patentes;
241
O total da população corresponde ao número total de habitantes residentes nos 38 países que fazem parte do
sistema de patente europeia. Bósnia and Herzegovina e Montenegro estão incluídos no total da população.
10%
13%
8%
11%
10%
48%
França
Alemanha
Espanha
Reino-Unido
Itália
Resto da Europa
Anexo 3 Entrevistas realizadas
83
Embora muitas das entidades entrevistadas recorram a agentes oficiais de propriedade intelectual,
todas as entidades indicaram estar familiarizadas com as bases de dados de consulta de patentes
disponíveis. A maioria das entidades entrevistadas realizam as suas pesquisas utilizando a plataforma
Espacenet, a qual consideram bastante intuitiva e completa. A experiência de utilização foi, em geral,
classificada como muito positiva.
No que concerne à PEU, apenas 63% das entidades entrevistadas consideraram estar
suficientemente informadas para dar uma opinião fundamentada sobre o potencial impacto do novo
sistema, em termos de negócio e do ambiente económico.
Destes 63%, 80% dos inquiridos consideram a PEU como uma solução com impacto positivo em
relação ao sistema de patentes europeu atualmente em vigor e 20% consideram que existem alguns
aspetos positivos e outros negativos.
Conhecimento sobre PEU Opinião sobre PEU
Os aspetos positivos identificados com maior frequência foram:
Diminuição dos custos totais (custos com traduções e as várias taxas por país),
Validação automática em todos os EMC elimina uma grande parte do processo burocrático e
simplifica os procedimentos.
Já os aspetos negativos identificados incidiram sobre o facto de terem de ser suportados custos
adicionais para a validação das patentes nos países que aderirem à PEU. Este facto pode anular
parcialmente os benefícios alcançados, porque a validação desses países terá de ocorrer sempre em
paralelo.
Foi igualmente questionada a necessidade de impulsionar a utilização deste novo sistema e de que
forma seria possível mitigar os riscos envolvidos. As respostas obtidas focaram os seguintes pontos:
Financiamento, ainda que parcial, dos custos associados às patentes.
Acesso, clareza e disponibilidade de informação relativa registo de patentes, por exemplo, como
redigir as reivindicações. Na opinião geral dos inquiridos, um suporte adicional ou maior rigor na
preparação do texto das patentes poderia ajudar a melhorar a qualidade das mesmas e a passar a
obter uma maior taxa de sucesso na concessão das mesmas.
80%
20%
Opinião positiva Opinião desfavorável
63%
38%
Conhece Não tem conhecimento
84
Estudos
A Patente Europeia de Efeito Unitário, Consequências para a Economia Portuguesa, ACPI,
dezembro de 2013.
Danguy Jérôme, van Pottelberghe de la Potterie Bruno, Economic Cost-Benefit Analysis of
the Community Patent, EC DG International Market, 2009.
Preliminary Findings of DG Internal Market and Services, Study on the Caseload and Financing of
the Unified Patent Court, 2011.
Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers,
http://www.mbp.de/uploads/media/IP-Litigation_in_Germany.pdf, 2013 e atualizado em 16.04.2014.
Reddie & Grose, How Much More Will the Unitary Patent Cost, janeiro de 2013.
S.J. Graham and N. van Zeebroek, Comparing Patent Litigation Across Europe: A First Look,
Stanford Technology Law Review 17:655 (2014): 655-708.
Tribunal Unificado de Patentes, Consequências para a Economia Portuguesa, ACPI, dezembro de
2013.
CJA Consultants Ltd, Patent Litigation Insurance – A study or the European Commission on the
feasibility of possible insurance schemes against patent litigation risks, CJA Consultants Ltd, 2006.
Conselho da União Europeia, Commission Staff Working Paper Impact Assessment
Accompanying document to the Proposal for a Regulation Of The European Parliament And
The Council implementing enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent
protection and Proposal for a Council Regulation implementing enhanced cooperation in the area of
the creation of unitary patent protection with regard to the applicable translation arrangements,
Jornal Oficial da União Europeia, 13 novembro 2011.
“Analysis of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary
patent protection in Poland” realizado pela Deloitte Polónia, 1 de outubro de 2012.
Prime Watch 2013, analisa e traça as principais tendências do mercado de escritórios de Lisboa.
Utilizado para calcular o preço do m2 a pagar na renda da divisão local do tribunal do TUP.
Bases de dados
Dados da Comissão Europeia: “Classic" european patent versus new unitary patent, documento
referente à diferença em custos entre a patente europeia e uma patente europeia com efeito
unitário.
Dados da Comissão Europeia: http://ec.europa.eu/growth/industry/intellectual-property/industrial-
property/patent/ratification/index_en.htm, número de países que participaram na cooperação
reforçada no domínio da criação da protecção de patente unitária, número de países que
assinaram o Acordo referente ao TUP e número de países que ratificaram o Acordo referente ao
TUP.
Dados da WIPO: http://www.wipo.int/portal/en/index.html, perfil de Portugal, total de aplicações de
patentes, bolsas totais de patentes, aplicação de residentes por 100 bilhões de dólares PIB,
aplicação de residentes por milhão de habitantes, listagem dos Países Membros do PCT,
entidades com mais pedido de patentes internacionais no mundo.
Dados do Banco Mundial: http://www.worldbank.org/, indicadores de desenvolvimento mundial,
taxas de utilização da propriedade intelectual, população total de cada país, PIB por país.
Dados do IEP, http://www.epo.org/, número de pedidos de patentes europeias por pais no IEP,
número de patentes europeias concedidas por pais no IEP, taxas de propriedade intelectual, top
pedidos de patentes europeias, top patentes europeias concedidas, listagem dos países do
sistema do sistema europeu de patentes, regras relativas a taxas da PE, língua das reivindicações
das patentes europeias, informações sobre o Acordo de Londres e artigos da CPE.
Dados do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual: http://www.marcasepatentes.pt/,
informações sobre, patentes nacionais e procedimentos nacionais e taxas de propriedade
Anexo 4 Bibliografia
85
intelectual, Plano de Actividades 2015, base de dados de patentes e agentes oficiais da
propriedade intelectual.
Economist Intelligence Unit Forecast, utilizado para obter inflação para a UE28, outubro 2014.
Página de internet do TUP, http://www.unified-patent-court.org/, para informações sobre os
Estados-Membros do TUP.
Portal do Governo de Portugal, http://www.portugal.gov.pt/pt.aspx :salários dos funcionários.
Dados do INE: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, relativos ao número de
empresas totais em Portugal e empresas portuguesas por CAE.
Regulamentos
Conselho da União Europeia, Convenção sobre a Patente Europeia, 5 de outubro de 1973,
modificada pelo acto de alteração do Artigo 63º da Convenção de 17 de dezembro de 1991 e
decisões do Conselho de Administração do Instituto Europeu de Patentes, de 21 de dezembro de
1978, 13 de dezembro de 1994, 20 de outubro de 1995 a 5 de dezembro de 1996 e 10 de
dezembro de 1998, e de outubro 2013 bem como os protocolos que dela fazem parte integrante
(Diário Oficial de 26 de abril de 2004).
Acordo do Conselho da União Europeia 2013/C 175/01 de 2013 relativo ao TUP.
Diário da República: Artigo 99.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de julho, onde aprova medidas de
simplificação e de acesso à propriedade industrial.
Projecto de Regulamento do Conselho da União Europeia 2011/0094 (COC) de 13 de abril de
2011 que introduz uma cooperação reforçada no domínio da protecção da patente unitária no que
diz respeito ao regime de tradução aplicável, Comissão Europeia, {COM(2011) 215 final}
{SEC(2011) 482 final}.
Decisão que autoriza a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:076:0053:0055:en:PDF, de 10
de março de 2011.
Patent Cooperation Treaty (PCT) of the World Intelectual Property Organization (WIPO) de 19 de
junho de 1970, modificado em 28 de setembro de 1979, 3 de fevereiro de 1984 e 3 de outubro de
2001.
Projecto de Regulamento do Parlamento e do Conselho Europeu 2011/0093 (COD) que introduz
uma cooperação reforçada no domínio da protecção da patente unitária, Comissão Europeia,
{COM(2011) 216 final} {SEC(2011) 482 final} {SEC(2011) 483 final}.
Regulamento da Assembleia da República lei 16/2008 que disciplina a intervenção do Estado na
definição, concessão, preparação, concurso, adjudicação, alteração, fiscalização e
acompanhamento global das parcerias público-privadas e cria a Unidade Técnica de
Acompanhamento de Projetos.
Regulamento do Conselho da União Europeia (UE) n.º 1260/2012 de 17 de dezembro de 2012 que
regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes no
que diz respeito ao regime de tradução aplicável, [2003] OJ L361/1.
Regulamento do Conselho da União Europeia (UE) n.º 1260/2012 de 17 de dezembro de 2012 que
regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes,
[2003] OJ L361/89.
Regulamentos do Ministério das Finanças despacho nº 13208/2003 de 25 de junho 2003 com o
intuito de uniformizar a apresentação e apreciação de propostas para parcerias público-privadas e
obedecendo, Diários da Republica 1.ª SERIE, Nº 100, de 23.05.2012, Pág. 2702, utilizado para
obter a taxa de desconto.
86
Estatísticas de patentes europeias IEP (2013)
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
AD Andorra 5 1
AE United Arab Emirates 86 6
AG Antigua And Barbuda 0 0
AI Anguilla 3 0
AL Albania 1 1
AM Armenia 8 0
AN Netherlands Antilles 1 7
AO Angola 0 0
AR Argentina 45 15
AS American Samoa 0 0
AT Austria 2.379 837
AU Australia 1.740 323
AW Aruba 1 0
AZ Azerbaijan 4 0
BA Bosnia And Herzegovina 8 1
BB Barbados 187 100
BD Bangladesh 3 0
BE Belgium 2.243 736
BF Burkina Faso 0 0
BG Bulgaria 56 5
BH Bahrain 4 1
BI Burundi 0 0
Anexo 5 Dados estatísticos IEP
87
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
BJ Benin 0 0
BM Bermuda 30 24
BN Brunei Darussalam 1 0
BO Bolivia, Plurinational State Of 0 0
BR Brazil 690 80
BS Bahamas 16 13
BW Botswana 0 0
BY Belarus 32 2
BZ Belize 2 0
CA Canada 3.505 902
CD Congo, The Democratic Republic Of The 0 0
CG Congo 0 0
CH Switzerland 7.966 2.668
CI Côte D'Ivoire 1 0
CK Cook Islands 0 0
CL Chile 137 13
CM Cameroon 0 0
CN China 22.292 941
CO Colombia 76 4
CR Costa Rica 7 0
CU Cuba 12 6
CW Aruba 3 0
CY Cyprus 58 17
CZ Czech Republic 291 67
DE Germany 32.022 13.425
DK Denmark 2.397 608
DM Dominica 0 0
DO Dominican Republic 4 0
88
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
DZ Algeria 6 0
EC Ecuador 15 1
EE Estonia 42 9
EG Egypt 41 3
ER Eritrea 0 0
ES Spain 2.476 395
ET Ethiopia 0 0
FI Finland 2.818 665
FJ Fiji 0 0
FO Faroe Islands 0 1
FR France 12.417 4.910
DA Gabon 1 0
GB United Kingdom 6.469 2.064
GD Grenada 0 0
GE Georgia 15 0
GH Ghana 1 0
GI Gibraltar 2 10
GL Greenland 0 0
GN Guinea 0 0
GP Guadeloupe 0 0
GQ Equatorial Guinea 0 0
GR Greece 135 30
GT Guatemala 0 0
GU Guam 0 0
HK Hong Kong 10 17
HN Honduras 0 0
HR Croatia 38 7
HT Haiti 0 0
89
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
HU Hungary 196 50
ID Indonesia 14 2
IE Ireland 725 187
IL Israel 1.783 420
IN India 1.361 181
IQ Iraq 0 1
IR Iran, Islamic Republic Of 1 0
IS Iceland 62 16
IT Italy 4.662 2.353
JM Jamaica 0 0
JO Jordan 1 3
JP Japan 52.437 12.133
KE Kenya 6 1
KG Kyrgyzstan 1 0
KH Cambodia 0 0
KN Saint Kitts And Nevis 2 1
KP Korea, Democratic People'S Republic Of 1 0
KR Korea, Republic Of 16.857 1.989
KW Kuwait 2 1
KY Cayman Islands 27 39
KZ Kazakhstan 16 0
LA Lao People'S Democratic Republic 5 0
LB Lebanon 8 2
LC Saint Lucia 0 0
LI Liechtenstein 349 113
LK Sri Lanka 13 0
LR Liberia 0 0
LT Lithuania 74 5
90
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
LU Luxembourg 528 176
LV Latvia 92 5
LY Libyan Arab Jamahiriya 0 0
MA Morocco 44 0
MC Monaco 21 13
MD Moldova, Republic Of 1 1
ME Montenegro 1 0
MG Madagascar 0 0
MH Marshall Islands 0 1
MK Macedonia, The Former Yugoslav Republic Of 4 0
ML Mali 0 0
MM Myanmar 0 0
MN Mongolia 0 0
MO Macao 0 0
MT Malta 88 22
MU Mauritius 13 5
MX Mexico 191 34
MY Malaysia 271 25
NA Namibia 8 1
NC New Caledonia 0 0
NE Niger 0 0
NG Nigeria 15 0
NI Nicaragua 2 0
NL Netherlands 7.606 1.883
NO Norway 806 220
NZ New Zealand 305 52
OM Oman 0 0
PA Panama 23 5
91
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
PE Peru 24 0
PF French Polynesia 0 0
PG Papua New Guinea 0 0
PH Philippines 27 1
PK Pakistan 2 0
PL Poland 510 95
PR Puerto Rico 3 5
PT Portugal 199 26
PY Paraguay 0 0
QA Qatar 36 0
RE Réunion 0 0
RO Romania 30 2
RS Serbia 24 3
RU Russian Federation 1.168 53
SA Saudi Arabia 386 43
SC Seychelles 14 3
SD Sudan 0 0
SE Sweden 5.004 1.789
SG Singapore 902 111
SH Saint Helena 0 0
SI Slovenia 161 52
SK Slovakia 37 5
SL Sierra Leone 0 0
SM San Marino 10 4
SN Senegal 1 0
SV El Salvador 0 0
SY Syrian Arab Republic 1 0
SZ Swaziland 0 0
92
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
TC Turks And Caicos Islands 0 1
TD Chad 0 0
TG Togo 0 0
TH Thailand 107 7
TK Tokelau 1 0
TM Turkmenistan 0 0
TN Tunisia 3 0
TO Tonga 0 0
TR Turkey 909 144
TT Trinidad And Tobago 0 1
TW Taiwan, Province Of China 1.107 474
TZ Tanzania, United Republic Of 0 0
UA Ukraine 152 5
UG Uganda 0 0
US United States 64.967 14.877
UY Uruguay 11 1
UZ Uzbekistan 5 0
VA Holy See (Vatican City State) 0 0
VC Saint Vincent And The Grenadines 7 4
VE Venezuela, Bolivarian Republic Of 3 3
VG Virgin Islands, British 26 84
VI Virgin Islands, U.S. 2 0
VN Viet Nam 16 0
VU Vanuatu 0 0
WS Samoa 3 4
YE Yemen 0 0
ZA South Africa 351 54
ZM Zambia 0 0
93
País Pedidos
entregues
Patentes
concedidas
ZW Zimbabwe 0 0
Not classified 55 1
Total 265.690 66.707
Fonte: IEP. http://www.epo.org/about-us/annual-reports-statistics/statistics/filings.html;
http://www.epo.org/about-us/annual-reports-statistics/statistics/granted-patents.html
94
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