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Patente Europeia com Efeito Unitário Janeiro 2015

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Patente Europeia com Efeito Unitário

Janeiro 2015

Cip2

Índice

Glossário de abreviaturas 3

Sumário Executivo 4

1. Introdução 14

2. Caracterização Registo e manutenção de patentes 15

3. Avaliação do Impacto Patente Europeia com Efeito Unitário 36

4. Conclusões 63

Anexo 1 Bases de dados e ferramentas de tradução 67

Anexo 2 Avaliação do impacto: cálculos auxiliares 72

Anexo 3 Entrevistas realizadas 82

Anexo 4 Bibliografia 84

Anexo 5 Dados estatísticos IEP 86

3

CAE Classificação de Actividades Económicas

CPE Convenção sobre a Patente Europeia

CPC Classificação Cooperativa de Patente (Patent Classification Cooperative)

IEP Instituto Europeu de Patentes (European Patent Office)

I&I&D Inovação, Investigação e Desenvolvimento

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

IPC Classificação Internacional de Patente (International Patent Classification)

EMC Estados-Membros Contratantes

OE Orçamento do Estado

OEP Organização Europeia de Patentes

WIPO Organização Mundial da Propriedade Intelectual (World Intellectual Property Organization)

PCT Tratado de cooperação em matéria de patentes (Patent Cooperation Treaty)

PE Patente europeia

PEU Patente europeia com efeito unitário

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

TJEU Tribunal de Justiça da União Europeia

TUP Tribunal Unificado de Patentes

UE União Europeia

UPD Unidades de Pesquisa e Desenvolvimento

Glossário de abreviaturas

4

A Deloitte, a pedido da Confederação Empresarial de

Portugal (CIP), elaborou o presente estudo com vista à

avaliação do impacto da introdução da patente europeia

com efeito unitário (PEU) e da implementação do Tribunal

Unificado de Patentes (TUP) nas empresas portuguesas.

De salientar que a introdução da PEU é complementar às

soluções de patenteamento atualmente disponíveis:

nacional, europeia e internacional. Nenhuma destas

soluções será descontinuada e continuarão todas a estar

disponíveis para as entidades que a elas queiram

recorrer.

Em 2013, as entidades portuguesas apresentaram um

total de 199 pedidos de registo de patente europeia, ocupando 36º lugar neste ranking. Este total de

pedidos de registo de patente europeia fica bastante aquém da média da UE (28), com 2.991 pedidos,

e muito aquém de países como a Alemanha (32.022), a França (12.417) e o Reino Unido (6.469). De

salientar que os primeiros lugares deste ranking são ocupados por países não europeus: os E.U.A

(64.967) e o Japão (52.437).

Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.

Se analisarmos as patentes europeias concedidas, Portugal ocupa a 46º posição do ranking mundial,

com apenas 26 patentes europeias

concedidas em 2013, muito distante da

média europeia (1.087) e ainda mais

distante das 13.425 concedidas a

entidades alemãs.

1 Espacenet Search results. Existem situações de patentes concedidas a parcerias entre duas entidades, por regra

empresas e Universidades, as quais são consideradas como uma entidade na nota de destaque. Das 26 patentes

europeias concedidas a entidades portuguesas, 4 foram concedidas a parcerias entre empresas e Universidades.

Apenas duas empresas nacionais têm duas patentes concedidas em 2013.

64.967

52.437

32.022

22.292 16.857

12.417

6.469 2.476 199

55.554

EstadosUnidos

(1º)

Japão (2º)

Alemanha(3º)

China(4º)

Repúblicada Coreia

(5º)

França(6º)

Reino Unido(9º)

Espanha(14º)

Portugal(36º)

Outros

Sumário Executivo

Os pedidos de patente europeia apresentados por entidades portuguesas representam menos de 0,1% do total de pedidos de patente europeia registados em 2013.

As 26 patentes europeias concedidas, em 2013, a entidades portuguesas foram concedidas a apenas 24 entidades1, das quais apenas 2 foram concedidas exclusivamente a Universidades.

Média UE (28): 2.991

5

Para estimar o impacto da introdução da PEU e da implementação do TUP, em Portugal, foram

definidas duas hipóteses de análise:

Patente Europeia com Efeito Unitário

A patente europeia com efeito unitário tem como elemento-chave diferenciador da solução de patente

europeia em vigor, o efeito automático que terá ao nível do território dos vários Estados-Membros

Contratantes (EMC), evitando o processo de validação individual nos vários países. Consideram-se

EMC os países que, além de assinarem a Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu2, de 10 de

março de 2011, que autoriza a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente

unitária, ratificarem o Acordo referente ao TUP.

Portugal assinou a referida Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu prevendo-se que a PEU seja

introduzida e produza efeito no território nacional, caso Portugal venha a ratificar o Acordo referente

ao TUP.

Aliás, dos 27 Estados-Membros da UE à data da

assinatura da referida decisão, apenas a Itália e a

Espanha não subscreveram a Decisão

2011/167/UE do Conselho Europeu e a Polónia e

Espanha não assinaram o Acordo referente ao

Tribunal Unificado de Patentes. Os seus territórios

estarão excluídos do efeito automático da

concessão de PEU. Nestes países, uma entidade

que pretenda registar uma patente terá de

continuar a recorrer à validação individual da

patente europeia tradicional ou recorrer às

respetivas soluções de patente nacional.

O organismo responsável por conceder as PEU é o

Instituto Europeu de Patentes (IEP) e o pedido de

PEU será apresentado numa das línguas oficiais

do IEP: inglês, francês ou alemão. Ao contrário da

patente europeia em vigor, não será necessário

entregar, nos países que o exigem, uma tradução

da descrição e das reivindicações da patente, após

a sua concessão, para que uma patente seja válida

num determinado EMC. O INPI, Instituto Nacional

de Propriedade Industrial, não terá

responsabilidade na validação e concessão destas

2 Artigo 2.º e nº.2 do Artigo 18.º do Regulamento referente à PEU.

0Hipótese

Não adoção por Portugal da

PEU e a não ratificação do

Acordo referente ao TUP

1Hipótese

Adoção por Portugal da

PEU e ratificação do

Acordo referente ao TUP

A patente europeia com efeito unitário…

Produz efeito automático no território dos

EMC, sem requerer validação e pagamento

de taxas de manutenção por país.

Não substitui as soluções de

patenteamento atualmente disponíveis,

mas sim complementa-as.

O IEP é o organismo responsável pela sua

concessão e gestão das patentes, sendo o

inglês, francês e alemão as suas línguas

oficiais.

Terá apenas efeito automáticos nos países

que ratificarem o TUP e tenham assinado a

Decisão 2011/167/UE do Conselho

Europeu.

Estará disponível para empresas

portuguesas ainda que Portugal não adira à

solução.

6

PEU, mas caber-lhe-á uma parcela da receita relativa às taxas de manutenção de PEU cobradas pelo

IEP.

Este sistema prevê um período de transição máximo de 12 anos, durante o qual o IEP aperfeiçoará o

sistema de tradução automática, já disponível para apoiar o processo de pesquisa e consulta de

patentes nas bases de dados disponibilizadas pelo Instituto. As traduções não terão validade jurídica

vinculativa.

A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais

domínios de análise em ambas as hipóteses consideradas para as empresas que registam

patentes:

Domínio

Hipótese mais vantajosa

Considerações Não adesão

à PEU

Adesão à

PEU

Processo e

procedimentos de

pedido de registo

de patentes

Considera-se que a introdução da PEU é mais vantajosa, por

não requerer a validação do efeito da patente país a país e

por não ter taxas e procedimentos diferenciados por país.

Custos

associados ao

pedido de registo

e manutenção de

patentes

Depende do número de

países onde se pretenda

validar a patente

Com base nos valores estimados pela Comissão Europeia

para as taxas a cobrar relativas à concessão e manutenção

da PEU, calcula-se que o custo associado à PEU será

aproximado do custo associado a uma PE validada em 5 ou

mais países (ligeiramente superior no decurso do período de

transição e ligeiramente inferior findo este período). De

acordo com o estudo "How Much More Will the Unitary

Patent Cost?"3 será vantajosa para cerca de 50% das

patentes europeias validadas.

Custos

associados à

verificação de não

violação de

patentes

Apesar de não se preverem alterações do custo individual

associado a esta verificação, entende-se que, com a

introdução da PEU, estes estudos sejam necessários com

maior frequência pelo que se considera a não adesão à PEU

mais vantajosa para as empresas portuguesas.

Custos

associados a

traduções

Os pedidos de patente são apresentados numa das 3

línguas oficiais do IEP (no período de transição, caso o

pedido seja entregue em alemão ou francês deve igualmente

ser apresentada uma tradução para inglês e, se o pedido for

apresentado em inglês, uma tradução para qualquer outra

língua de um EMC que seja língua oficial da União). Não é

necessário apresentar uma tradução da descrição e/ou das

reivindicações para a língua oficial de determinado EMC

para que a mesma seja considerada válida4. Por este motivo

considera-se vantajosa a adesão à PEU para as empresas

portuguesas.

3 “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013

4 Situação apenas verificada na patente europeia para as dispensas de tradução previstas no Artigo 65.º do Acordo

de Londres: França, Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido.

7

Domínio

Hipótese mais vantajosa

Considerações Não adesão

à PEU

Adesão à

PEU

Pesquisa e

compreensão do

conteúdo das

patentes

registadas

Por, no caso de adesão à PEU, deixar de ser necessária a

apresentação da descrição e reivindicações em português

para que uma patente seja válida no território nacional,

considera-se que será mais difícil compreender o conteúdo

das patentes, particularmente atendendo à linguagem

técnica utilizada.

De referir ainda que, mesmo no cenário de adesão à PEU,

este constrangimento poderá ser verificado para a análise de

restrições nos mercados para os quais as empresas

portuguesas exportam e onde o efeito automático ocorra.

Será, contudo, sempre superior no cenário de adesão à

PEU, dada a sua aplicação ao mercado nacional.

Custos de

ajustamento

(Formação)

Os custos de ajustamento, neste caso, são incorridos em

ambas as hipóteses de análise colocadas. Assume-se que,

apesar da PEU não estar em vigor em Portugal, haverá

entidades portuguesas a recorrer à solução ou que serão

afetadas pela mesma, uma vez que a PEU estará em vigor

em alguns dos mercados externos em que operam.

Contudo, o universo de entidades abrangidas por ações de

formação e pesquisa de informação será maior no cenário

de Portugal aderir à PEU, pelo que se considera que os

custos serão maiores nesta hipótese de análise.

Licenças de

utilização com

patentes detidas

por entidades

portuguesas

(receita)

Considera-se que haverá maior procura potencial de

licenças de utilização dada a maior quantidade de patentes

válidas nos vários EMC em determinado momento, esta

procura poderá aumentar a receita potencial para as

entidades portuguesas que detêm patentes.

Risco de violação

de uma patente

A introdução do efeito unitário aumentará o número de

patentes em vigor, em Portugal, em dado momento. Por este

motivo considera-se que o risco de cometer uma violação de

uma patente é maior no cenário de adesão à PEU, sendo

por isso considerado mais vantajoso a não adesão à PEU.

Por seu turno, para as empresas que não registam patentes identificam-se mais riscos do que

benefícios. A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais

domínios de análise, em ambas as hipóteses consideradas, para as entidades portuguesas que não

registam patentes:

Domínio

Hipótese mais vantajosa

Considerações Não adesão

à PEU

Adesão à

PEU

Risco de violação

de uma patente

A introdução do efeito unitário aumentará o número de

patentes em vigor, em Portugal, em dado momento. Por este

motivo considera-se que o risco de cometer uma violação de

uma patente é maior no cenário de adesão à PEU, sendo

por isso considerado mais vantajoso a não adesão à PEU.

8

Domínio

Hipótese mais vantajosa

Considerações Não adesão

à PEU

Adesão à

PEU

Pesquisa e

compreensão do

conteúdo das

patentes

registadas

Por, no caso de adesão à PEU, deixar de ser necessária a

apresentação da descrição e reivindicações em português

para que uma patente seja válida no território nacional,

considera-se que será mais difícil compreender o conteúdo

das patentes, particularmente atendendo à linguagem

técnica utilizada.

Considera-se que este custo será também suportado pelas

empresas que não registam patentes, uma vez que o efeito

automático e o aumento de patentes em vigor obrigarão a

um acompanhamento mais regular das patentes em vigor

em dado momento.

De referir ainda que, mesmo no cenário de adesão à PEU,

este constrangimento poderá ser verificado para a análise de

restrições nos mercados para os quais as empresas

portuguesas exportam e onde o efeito automático ocorra.

Será, contudo, sempre superior no cenário de adesão à

PEU, dada a sua aplicação ao mercado nacional.

Licenças de

utilização de

patentes não

detidas por

entidades

portuguesas

(custo)

O efeito automático introduzido pela PEU levará à

necessidade de acompanhar e acautelar de forma mais

cuidadosa as patentes em vigor. O aumento do risco de

litígio, introduzido por esta via, poderá levar ao aumento do

número de licenças requeridas por empresas nacionais

(mesmo no mercado nacional) o que conduz também ao

aumento dos respetivos custos.

Consideramos que a introdução da patente europeia

com efeito unitário em Portugal apresenta benefícios

para a parcela das empresas e outras entidades que

registam patentes, porque:

Uma vez concedida, produz efeito automático no

território dos EMC, evitando o processo burocrático

inerente à patente europeia que pressupõe a

identificação dos países em que o requerente pretende

validar a patente e o subsequente processo de

validação (com requisitos e taxas de manutenção

diferenciados por país). A vantagem desta simplicidade

administrativa será reforçada pelo facto de o valor das

taxas associadas ao registo e manutenção ser

aproximado do valor das taxas aplicadas a patentes

europeias validadas em 5 ou mais países (ligeiramente

superiores durante o período de transição e

ligeiramente inferiores findo este período)5, tornando a

PEU vantajosa para cerca de 50% das patentes

europeias concedidas, de acordo com o artigo: "How

Much More Will the Unitary Patent Cost?"6.

5 Tendo por base os pressupostos assumidos para avaliação de impacto e que constam do presente estudo.

6 “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013

Considera-se que a introdução da patente europeia com efeito unitário apresenta benefícios para a parcela das empresas e outras entidades que registam patentes. A sua concretização dependerá dos valores que vierem a ser definidos pelo IEP para as taxas a cobrar no âmbito da PEU.

9

A simplificação das traduções exigidas (apenas em inglês, francês e alemão) reduz os custos

inerentes ao processo de validação de patentes europeias que atualmente exige a apresentação

da tradução da patente na língua de cada um dos

países em que o requerente pretende validar a patente

europeia7.

Haverá maior procura potencial para a comercialização

das licenças de utilização de patentes (que representam

uma fonte adicional de receita para entidades

detentoras de patentes), uma vez que o âmbito

territorial no qual as PEU são válidas é mais alargado.

Contudo, existem também alguns desafios para o tecido

empresarial português, aplicáveis para a maioria das

empresas portuguesas que não regista patentes e que

importa referir:

As PEU terão efeito automático no território nacional e este efeito automático aumenta a

probabilidade de ocorrência de uma violação, ainda que de forma inusitada, de uma patente

concedida e em vigor. Mesmo empresas que só operem no território nacional, que não tenham

investimento em I&I&D e que não tenham patentes registadas ou pensem em registar, terão de

consultar com frequência as bases de dados disponíveis para evitar situações de violação de

patentes concedidas e potencial litígio.

A necessidade de elaborar estudos de verificação de não violação de patentes assumirá também

uma importância reforçada, podendo vir a representar custos adicionais para as empresas, até

porque a simplificação das traduções exigidas poderá acrescentar complexidade adicional à

compreensão do objeto das patentes.

Por último, a não adesão da Espanha, Polónia e Itália não permitirá maximizar o potencial ganho

da solução, uma vez que a proteção nestes mercados continuará a obrigar ao recurso às

tradicionais soluções de patente nacional e europeia (sem efeito unitário), com a consequente

duplicação de esforços e custos.

O registo de patentes visa proteger o investimento

em I&I&D e parece-nos uma ferramenta

imprescindível para o incentivo desta atividade. A

patente europeia com efeito unitário apresenta

benefícios a este nível face à patente europeia,

conforme referido anteriormente, e será um

incentivo adicional à proteção do investimento

realizado.

Face a esta conclusão, devemos, contudo,

relembrar que os pedidos de patente europeia

apresentados por entidades portuguesas representou, em 2013, menos de 0,1% do total de pedidos

de patente europeia apresentados. Para as empresas que não registam patentes os desafios serão

maiores, uma vez que serão confrontados com a maior e automática abrangência territorial da PEU e

com o aumento da probabilidade de ocorrência de uma violação de uma PEU em vigor (podendo

obrigar a adaptação da sua actividade ou ao envolvimento em processos de litígio).

Tribunal Unificado de Patentes

A patente europeia com efeito unitário é acompanhada pela proposta de implementação de um

Tribunal Unificado de Patentes, com competências em matéria de patentes europeias e patentes

europeias com efeito unitário. A Espanha e a Polónia assumiram publicamente a sua intenção de não

ratificar o respetivo Acordo, preservando as competências ao nível dos respetivos tribunais nacionais,

mas a Itália, que não faz parte do conjunto de países que aderiram à patente europeia com efeito

unitário, assinou o Acordo referente ao TUP (embora ainda não o tenha ratificado).

7 Como descrito anteriormente, as exigências a este nível variam de país para país. Em alguns países é exigida a

tradução completa das patentes, noutros apenas das reivindicações, noutros é exigida a tradução das

reivindicações e uma tradução para inglês da descrição, sendo igualmente identificadas situações de dispensa de

entrega de traduções ao abrigo do Acordo de Londres.

Contudo, para a maioria das empresas portuguesas, que não registam patentes, identificam-se mais riscos do que benefícios.

A não adesão, em particular, da Espanha não permitirá maximizar os potenciais benefícios da PEU.

10

Para que o TUP entre em vigor é obrigatório que o respetivo Acordo seja ratificado por, no mínimo, 13

países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França. O Acordo referente ao TUP

está neste momento em processo de ratificação, estando ratificado por 6 países, um dos quais a

França. Portugal ainda não ratificou o acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes.

O TUP será constituído por:

Está ainda prevista a existência de:

Centro de Mediação e Arbitragem, em Liubliana e Lisboa,

Centro de Formação de Juízes, em Budapeste.

Para a implementação do TUP está previsto um período de transição de 7 anos, o qual poderá ser

prolongado por um período máximo de 7 anos adicionais. Enquanto as receitas do TUP não forem

suficientes para o financiamento autónomo da sua atividade e apenas durante o período de transição,

está previsto que os EMC terão de realizar uma contribuição anual com vista ao seu financiamento, a

qual acresce a eventuais custos que tenham de ser suportados pela constituição e operação das

divisões locais e regionais (a cargo dos respetivos EMC).

Tribunal Unificado de

Patentes

(TUP)

Tribunal de

Recurso

Tribunal de

Primeira

Instância

Secretariado

Divisão Central Divisões

Locais

Divisões

regionais

Paris, Londres

e Munique Em cada EMC

que o pedir Por acordo de

2 ou + EMC

Na sede do Tribunal

de Recurso

Luxemburgo

11

A tabela seguinte resume as principais conclusões da avaliação do impacto nos principais domínios de

análise em ambas as hipóteses consideradas:

Domínio

Hipótese mais vantajosa

Considerações Não adesão

ao TUP

Adesão ao

TUP

Custos dos

processos

judiciais

Não determinado

A avaliação deste domínio é de difícil comparação dada a

reduzida disponibilidade de dados relativos a processos de

litígio de patentes em Portugal e na UE.

A comparabilidade do custo dos processos de litígio no TUP

não poderia ser realizada exclusivamente com Portugal,

mas sim com um conjunto de países, amostra esta de difícil

harmonização, em cujos tribunais nacionais estes processos

normalmente decorreriam.

Foram apresentadas estimativas dos custos com base em

alguns estudos realizados, contudo, dada a inexistência de

estudos que quantifiquem os custos incorridos em

processos idênticos em território nacional, não é possível

afirmar qual a hipótese mais vantajosa.

A confirmarem-se as opiniões expressas do especialista

nesta matéria, Kevin Mooney, e com as quais a ACPI

concorda, os custos com advogados para processos de

litígio de patentes no TUP poderão variar entre 500.000€ e

4.000.000€. Estes custos são muito elevados e difíceis de

suportar pela maioria das empresas portuguesas.

Adicionalmente, ainda que Portugal não ratifique o Acordo

referente ao TUP, entidades portuguesas podem ter em

curso processos de litígio no TUP. Pelo que a não

ratificação do acordo não as impede de incorrer nos custos

judiciais que lhe estão associados.

Custos de

ajustamento

Os custos de ajustamento relacionados com o TUP só se

verificam na hipótese de análise que pressupõe que

Portugal ratifica o Acordo referente ao Tribunal Unificado de

Patentes, de 19 de Fevereiro de 2013.

Os custos de ajustamento incluem a criação de uma divisão

local do Tribunal de Primeira Instância do TUP (estimados

em cerca de 650.000€/ano, de acordo com os pressupostos

assumidos8), bem como a contribuição anual que terá de ser

suportada por Portugal para o financiamento do TUP no

decurso do período de transição (estudo da Comissão

Europeia aponta para uma contribuição total anual entre 4,6

milhões de euros e 13,3 milhões de euros no período 2015 e

2019 – a parcela correspondente a cada EMC dependerá do

número de países que ratificarem o Acordo referente ao

TUP).

Uniformização

de regras e

interpretação

das leis

O TUP terá competência para processos de litígio relativos a

PEU e PE. É, por este motivo, válido assumir que a

uniformização de regras e interpretação será, à partida,

mais fácil e provável num cenário de âmbito territorial mais

alargado do TUP do que no cenário em que as

competências em matéria de litígios relacionados com

patentes cabem aos tribunais nacionais de cada país.

8 Não exaustivo, pelo que se considera uma estimativa muito conservadora dos custos associados ao

funcionamento da divisão local, não inclui, por exemplo, os custos com outros fornecimentos e serviços externos.

12

No caso do TUP, face à incerteza verificada, não nos parece existir benefício na ratificação do

respetivo Acordo pelos motivos que, de seguida, elencamos:

Inexistência de um estudo que permita aferir as diferenças de custos judiciais a incorrer no TUP

por comparação aos custos verificados num processo de litígio de patentes nos tribunais

nacionais. Sem esta avaliação, que não é possível de realizar no âmbito do presente estudo, é

difícil de avaliar o impacto da sua implementação no tecido empresarial português. De salientar

que, a este propósito e caso Portugal ratifique o Acordo referente ao TUP, a ACPI recomenda às

empresas a constituição de provisão para fazer face a potenciais litígios no montante de

1.000.000€. Este montante é claramente pesado e incomportável para uma larga fatia das PME

portuguesas.

A possibilidade dos processos de litígio decorrerem fora do território nacional, numa língua

diferente da portuguesa, dificultará a compreensão dos detalhes do processo e a argumentação

por parte das entidades portuguesas que se virem envolvidas nos mesmos. Para já são apenas

conhecidas as localizações da divisão central do Tribunal de Primeira Instância (Paris, Londres e

Munique) e do Tribunal de Recurso (Luxemburgo). Caso Portugal opte por ratificar o Acordo

referente ao TUP, apesar do acréscimo de custos que representa, a implementação de uma

divisão local parece ser a solução mais prudente para mitigar este risco.

Pelo período máximo de duração do período de transição, os EMC serão chamados a contribuir

para suportar os custos operacionais do TUP, enquanto o mesmo não for capaz de se

autofinanciar. Esta contribuição representará um acréscimo de despesa para o Orçamento do

Estado que deve ser tida em consideração.

De realçar que, ainda que Portugal não ratifique o

Acordo referente ao Tribunal Unificado de

Patentes, nada impede que uma empresa ou

outra entidade portuguesa se veja envolvida num

processo que nele decorra, podendo, mesmo

neste cenário, haver custos acrescidos para as

empresas portuguesas (ainda que em menor

escala).

Apesar dos riscos e constrangimentos

identificados, realçamos também que a implementação do TUP poderá contribuir para a uniformização

do quadro legal e da jurisprudência nesta matéria, o que deverá ser entendido como um benefício.

Contudo, o seu alcance dependerá do número efetivo de países que vier a ratificar o Acordo referente

ao TUP.

Em suma…

A introdução da PEU em Portugal, face aos

pressupostos assumidos, apresenta benefícios

válidos para a parcela de empresas que registam

patentes ao nível dos custos e da simplificação

administrativa.

Ainda que Portugal não ratifique o Acordo

referente ao TUP e, consequentemente, o efeito

unitário da PEU não tenha efeito no território

nacional, as empresas portuguesas poderão,

mesmo nestas circunstâncias, recorrer à PEU e

beneficiar da sua existência.

Face às incertezas, neste momento não nos parece haver benefício na ratificação do Acordo referente ao TUP.

Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, a solução PEU estará acessível para as empresas portuguesas que registem patentes, apesar do seu efeito unitário não se estender ao território nacional.

13

Contudo, no que diz respeito ao impacto da PEU

em empresas que não registam patentes e na

implementação do TUP, identificamos riscos que

devem ser acautelados e ponderados no

processo de tomada de decisão. Considerando

que a PEU só terá efeito unitário nos EMC que

ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e

ao TUP têm de ser tomadas em conjunto e

dependem da ratificação do Acordo referente ao

TUP.

O processo de tomada de decisão nesta matéria

está a ser desenvolvido num contexto de elevada

incerteza, nomeadamente, não se conhecem as

taxas associadas ao registo e manutenção das

PEU, os países que irão ratificar o Acordo

referente ao TUP e os custos associados a

processos de litígio no TUP. O desconhecimento

destas variáveis chave impede que seja feita uma

avaliação efetiva e exata do impacto da

introdução da PEU e do TUP sobre o tecido empresarial português. Entendemos que a decisão

definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza

relativamente a estas variáveis chave.

Sem prejuízo da importância da patente para a proteção do investimento em I&I&D realizado, caso a

posição portuguesa seja favorável à introdução da PEU e TUP, entendemos fundamental a definição

de políticas públicas que promovam com sucesso o I&I&D e o registo de patentes por parte das

entidades portuguesas. Políticas públicas estas que, aliás, nos parecem fundamentais em qualquer

um dos cenários, mas que assumem uma importância fulcral caso se venha a confirmar a adesão de

Portugal, com tão reduzido número de patentes concedidas, à patente europeia com efeito unitário.

Realçamos ainda que, devido ao desconhecimento destas variáveis determinantes, a avaliação de

impacto realizada teve de assumir um conjunto de pressupostos chave, dos quais destacamos:

Pressupostos assumidos

Custos associados ao

pedido de registo e

manutenção de uma

PEU

Taxas estimadas para o pedido de registo e manutenção de uma PEU (Dados

Comissão Europeia).

Na comparação dos custos da PEU com a patente europeia, definiram-se

determinados conjuntos de países para conseguir apurar o custo de validação

individual da patente europeia nos mesmos.

Receitas INPI Estimativas de evolução do número de registos de patentes europeias e PEU no

período 2015-2019, com base nas taxas de crescimento deste registo, verificadas

nos períodos 2004-2013 e 2009-2013.

Critérios de distribuição pelos vários EMC da receita cobrada pelo IEP relativa a

taxas de manutenção da PEU e respetivos ponderadores de cada critério.

Custos de

ajustamento

Pressupostos relativos ao custo individual de formação, bem como ao número de

pessoas que seria formada em cada uma das hipóteses de análise.

Na Hipótese 1, em que Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP, é assumido

que Portugal constrói uma divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP.

Contribuição anual relativa ao financiamento do TUP (paga pelos EMC durante

um período máximo correspondente ao período de transição até que o TUP seja

capaz de se autofinanciar. Foram assumidos pressupostos relativos aos custos

totais do TUP e total de contribuições devidas pelos EMC em cada ano (com base

em estudo realizado pela comissão europeia) e ainda pressupostos relativos ao

número de países que ratificam o Acordo referente ao TUP.

A PEU só terá efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser tomadas em conjunto. Ponderado o impacto das duas soluções, a decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza relativamente a determinadas variáveis chave.

14

O presente estudo visa avaliar o potencial impacto económico nas empresas portuguesas da

introdução da patente europeia com efeito unitário e da ratificação do acordo referente ao Tribunal

Unificado de Patentes.

A patente europeia com efeito unitário é complementar às soluções de patenteamento (nacional,

europeia e internacional) atualmente disponíveis e distingue-se por, após a publicação da menção da

sua concessão, ter efeito unitário e automático no território dos vários Estados-Membros Contratantes.

A patente europeia, hoje disponível e que não será descontinuada, obriga à identificação dos países

em que se pretende efetuar a sua validação, com procedimentos e taxas distintas aplicáveis em cada

país.

A solução de patente europeia com efeito unitário será complementada pela implementação do

Tribunal de Unificado de Patentes, com competências em matéria de patente europeia e patente

europeia com efeito unificado (em processo de ratificação).

A avaliação de impacto é efetuada com base nos 27 Estados-Membros que integravam a UE à data

da assinatura da Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que autoriza

uma cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. A Croácia, que

aderiu à UE em Julho de 2013, é apenas considerada para efeitos de cálculo da média comunitária na

caracterização estatística da situação atual.

É neste momento claro que nem todos os países da UE irão implementar a solução: a Itália e a

Espanha não assinaram o acordo de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de

patente unitária e, no âmbito do Tribunal Unificado de Patentes, a Itália, por seu turno, assinou o

Acordo referente ao TUP (embora não o tenha para já ratificado), mas a Polónia assumiu a sua

intenção de não o fazer. Facto é que a PEU só terá efeito unitário nos países que, além de terem

assinado a Decisão 2011/167/UE, ratificarem o Acordo referente ao TUP. Para efeito do presente

estudo considera-se que a Polónia não faz parte do conjunto de países em que PEU entrará em vigor,

uma vez que não assinou o Acordo referente ao TUP.

O presente relatório encontra-se estruturado por forma a caracterizar algumas das soluções de

patenteamento hoje disponíveis e a solução que está para entrar em vigor (patente europeia com

efeito unitário e Tribunal Unificado de Patentes) e avalia o seu impacto nas empresas portuguesas,

sempre que possível quantificando-o. No momento em que este estudo é elaborado existem ainda

vários aspectos por definir (como as taxas a aplicar pelo IEP neste âmbito) que conduzem a que a

avaliação de impacto seja realizada com base num conjunto de pressupostos e, nalguns casos, se

opte por realizar uma avaliação qualitativa.

São ainda identificadas as principais vantagens e desvantagens da introdução desta nova solução e

apresentadas as principais conclusões do estudo.

1. Introdução

15

2.1. A patente europeia com efeito unitário

A patente europeia com efeito unitário (doravante referida como a patente europeia unitária, ou em

abreviatura "PEU") é um sistema projetado para a proteção da propriedade de patentes na União

Europeia, compreendendo:

1. Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que autoriza uma

cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária9;

2. Regulamento (UE) nº 1257/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Dezembro de

2012, que regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de

patentes (adiante denominado por "Regulamento referente à PEU");

3. Regulamento (UE) nº 1260/2012 do Conselho, de 17 de Dezembro de 2012, que regulamenta a

cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes no que diz respeito

ao regime da tradução aplicável (doravante referido como "Regulamento referente à tradução");

4. Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes, de 19 de Fevereiro de 2013, juntamente com

os respetivos estatutos (doravante referido como "Acordo referente ao TUP").

Os regulamentos referidos nos pontos 2 e 3 estão em vigor e são válidos em todos os países

abrangidos pela decisão de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente

unitária. O ponto 4 ainda não está em vigor e só entrará após o cumprimento dos seguintes dois

requisitos:

Ratificação de, no mínimo, 13 países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e

França (por cumprir, apenas seis países, um dos quais a França, ratificaram o Acordo até à data

de 30 de janeiro de 2015); e

Início da aplicação das alterações ao Regulamento 1215/2012 (UE)10

a 10 de Janeiro de 2015 (já

cumprido).

O Parlamento Europeu debateu desde, meados dos anos 7011

, a criação de um sistema único de

patentes com o objetivo de reduzir os custos para as empresas associados à obtenção de patentes na

UE e uniformizar a interpretação das regras, criando uma jurisdição única a vigorar em todos os

Estados-Membros da União Europeia. Em Dezembro de 2012 foi conseguido um entendimento entre

25 Estados-Membros da UE12

e criado um pacote legislativo referente ao sistema de proteção unitária

de patentes na União Europeia.

A 19 de Fevereiro de 2013, o “Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes” foi assinado

também por 25 Estados-Membros13

para regular o sistema único de proteção de patentes, criando um

9 Apenas não aprovado pela Itália e Espanha (http://www.epo.org/law-practice/unitary/unitary-patent.html).

10 O Acordo UE 1215/2012 regula a jurisdição e o reconhecimento da aplicação das decisões em matérias civis e

comerciais. Este Acordo foi publicado em 20 de Dezembro de 2012 e tem início de aplicação a 10 de Janeiro de

2015 (Artigo 81º do Acordo n.º 1215/2012). 11

Informação retirada do estudo “A Patente Europeia de Efeito Unitário, Consequências para a Economia

Portuguesa” - realizado pela ACPI. 12

Os Estados-Membros que subscreveram o regulamento referente à PEU são: Áustria, Bélgica, Bulgária,

República Checa, Chipre, Alemanha, Dinamarca, Estónia, Grécia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Letónia,

Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suécia e Reino

Unido. 13

Os Estados-Membros que assinaram o Acordo referente ao TUP são os mesmos que assinaram o regulamento

referente à PEU, com exceção da Polónia (que não o assinou) e da Itália (que o assinou). Assim, os Estados-

2. Caracterização Registo e manutenção de patentes

16

novo Tribunal com competência exclusiva para gerir, entre outros, os litígios referentes a violações e

revogação de patentes europeias. O Tribunal Unificado de Patentes (doravante referido como “TUP”)

será constituído por:

Tribunal de Primeira Instância, constituído pelas divisões central, locais e regionais;

Tribunal de Recurso;

Secretaria.

Paralelamente serão ainda criadas as seguintes duas estruturas:

Centro de Arbitragem e Mediação; e

Centro de Formação de Juízes.

O Tribunal de Primeira Instância deverá dividir-se em divisão central, divisões locais e divisões

regionais:

A divisão central estará sediada em Paris, com secções em Munique e Londres. Em Paris estará

também sediado o gabinete do presidente do TUP;

As divisões locais estarão sediadas no território dos EMC que as decidam implementar, num

número máximo de 4 por EMC;

Por último, as divisões regionais serão instaladas mediante o acordo prévio de 2 ou mais EMC.

O Tribunal de Recurso estará sediado no Luxemburgo, assim como a Secretaria.

As línguas oficiais do TUP serão o inglês, o alemão e o francês, sendo que, no caso das divisões

locais e divisões regionais, os EMC poderão, em princípio, optar pela sua própria língua oficial.

A Espanha e Polónia não assinaram o “Acordo referente ao TUP”14

.

O sistema de patente europeia, atualmente em vigor, é utilizado por empresas em todo o mundo.

Desde 2004, registaram-se mais de 2,25 milhões de pedidos de novas patentes europeias, sendo a

taxa de crescimento anual média15

de 4,35%. Só em 2013, registaram-se, aproximadamente, 266.000

pedidos de novas patentes e foram concedidas 66.70716

.

A titulo de exemplo, e segundo dados do EPO (Anual Report Statistics, Patent Granted), em Portugal,

e em 2013, apenas foram concedidas 26 patentes europeias. É importante salientar que, em 2013, a percentagem de pedidos de patentes europeias solicitadas por

empresas ou cidadãos portugueses representa apenas 0,075% do total de pedidos de patente

europeia registados (199 pedidos em 2013), segundo o EPO, Anual Report Statistics, Patent Filings.

Atualmente, as empresas portuguesas podem registar os seus pedidos de patente utilizando três

procedimentos independentes, os quais são descritos na tabela seguinte:

Membros subscritores são: Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Chipre, Alemanha, Dinamarca, Estónia,

Grécia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal,

Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suécia e Reino Unido. 14

A Croácia aderiu recentemente à UE (1 de julho de 2013), não sendo ainda conhecida a sua posição

relativamente a esta matéria. 15

Taxa média de crescimento anual no período de 2004 a 2013. Fonte: Anual Report Statistics, Patent Filings –

IEP. 16

O processo de análise e concessão de patentes é moroso, pelo que não existe uma relação direta entre os

pedidos de patente submetidos num ano e as patentes concedidas nesse mesmo ano.

17

Tabela 1. Procedimento de patenteamento

17

O pedido de patente, em Portugal, também pode ser apresentado, por uma pessoa individual ou coletiva não

estabelecida ou domiciliada no país, diretamente junto do INPI sem ter que constituir um mandatário. Deve, no

entanto, indicar uma morada em Portugal ou um endereço eletrónico ou número de fax, para efeitos de envio das

notificações. 18

Atualmente, a CPE integra 38 Estados-Membros e mais 2 Estados de extensão (Bósnia e Herzegovina e

Montenegro) - http://www.epo.org/about-us/organisation/member-states.html 19

Referência à legislação nacional na CPE - http://www.epo.org/law-practice/legal-texts/national-law.html 20

De salientar que o WIPO não concede patentes, apenas recebe e encaminha os pedidos. 21

Lista dos países membros do PCT - http://www.wipo.int/pct/guide/en/gdvol1/annexes/annexa/ax_a.pdf

Tipo de Procedimento Descrição

Procedimento nacional17

Realizados junto dos Institutos Nacionais de Patentes de cada país. Em

Portugal, este procedimento é realizado junto do Instituto Nacional da

Propriedade Industrial (doravante referido como “INPI”);

A proteção daí resultante é válida apenas no território português e está

sujeita apenas à legislação nacional;

Todas as disputas serão resolvidas nos tribunais nacionais.

Procedimento regional

(Patente europeia)

Realizado junto da Organização Europeia de Patentes (doravante

designada por “OEP”), sediada em Munique, regendo-se pela Convenção

sobre a patente europeia, assinada em 5 de Outubro de 1973 (doravante

designada por “CPE”), que, por sua vez, confiou a sua missão de conceder

patentes ao Instituto Europeu de Patentes (doravante por IEP).

A patente europeia agrega, a pedido do interessado, um conjunto de

patentes nacionais. É potencialmente válida em 38 países europeus18

que

serão indicados, consoante a necessidade de proteção pretendida por

quem submete o pedido de patente, após a sua concessão. O pedido de

patente é, em seguida, validado junto do Instituto Nacional de Patentes de

cada país.

Um pedido de indemnização, por exemplo, a decorrer em vários países em

simultâneo, a título de violação de uma patente europeia decorre nos vários

países em que a patente está em vigor, segundo a legislação aplicável em

cada um.19

Procedimento internacional

Realizado junto da Organização Mundial de Propriedade Intelectual

(doravante designada por “WIPO”), com sede em Genebra, ao abrigo do

Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (Patent Cooperation

Treaty, PCT), facilitando ao requerente a solicitação de proteção de uma

invenção simultaneamente em vários países20

;

Atualmente, o PCT inclui 148 países21

. Após a conclusão da fase

internacional o requerente deve indicar quais os países em que pretende

continuar o processo de concessão de patente nacional ou regional;

Cada pedido internacional tem de percorrer as etapas necessárias em cada

Estado designado/selecionado, tem o efeito de um pedido nacional ou

regional (patente europeia), estando sujeito às regras aplicáveis.

Fonte: Diário da República, CPE e Acordos do Sistema de Patente Europeia com Efeito Unitário.

18

Estes procedimentos continuarão a vigorar, em simultâneo, com a patente europeia com efeito

unitário, sendo que nenhum deles será substituído ou descontinuado.

A PEU é uma patente europeia e, até à publicação da menção da concessão da patente europeia, não

existem diferenças processuais. Após a data de publicação da menção de concessão, o requerente

tem um mês para solicitar o efeito unitário para os países aderentes22

. Para uma melhor compreensão

das diferenças entre uma patente europeia com validação individual nos vários países e uma patente

europeia com efeito unitário, a tabela seguinte apresenta as diferenças processuais entre os dois

regimes.

Tabela 2. Comparação da patente europeia (sem efeito unitário e com validação individual nos países

pretendidos) e patente europeia com efeito unitário

Sem efeito unitário Com efeito unitário

Instituição que

concede Instituto Europeu de Patentes (IEP).

23 24

Elegibilidade

para a inscrição de

patente

Não há limitação geográfica. O pedido de patente europeia pode ser apresentado

por qualquer pessoa singular ou coletiva ou qualquer órgão equivalente a uma

pessoa jurídica, nos termos da lei a que é sujeita.25

26

Lugar de entrega de

pedido de patente

Diretamente no IEP 27

ou através do respetivo Instituto Nacional de Patentes de

cada país. Através do INPI, no caso português.28

22

Considerando 18 do Regulamento referente à PEU, 2012. 23

Artigo 4.º, n.º 3 da CPE. 24

Considerando 5 do Regulamento referente à PEU. 25

Artigo 58.º da CPE, assinada em Munique em 5 de Outubro de 1973, alterada pelo ato de alteração do Artigo

63.º da Convenção em 17 de Dezembro de 1991, e as decisões do Conselho de Administração da OEP de 21 de

Dezembro de 1978, 13 de Dezembro de 1994, 20 Outubro de 1995, 5 de Dezembro de 1996 e 10 de Dezembro de

1998 e 27 de Outubro de 2005, bem como os protocolos que fazem parte integrante (Decreto-Lei 36/2003, de 5 de

Março) e Considerando 4 do Regulamento referente à PEU. 26

A proteção unitária deverá estar ao dispor dos titulares de patentes europeias, tanto dos EMC como de outros

Estados, independentemente da respetiva nacionalidade, domicílio ou local de estabelecimento. (Considerando 4,

Regulamento referente à PEU). 27

Considerando 5 do Regulamento referente à PEU. 28

Artigo 76.º, n.º 1 referente à CPE.

19

Sem efeito unitário Com efeito unitário

Língua do pedido da

patente

Numa das línguas oficiais do IEP

(inglês, francês ou alemão) ou, no

caso de o requerimento ser

preenchido noutra língua, o requerente

tem um prazo de dois meses a contar

da data da apresentação do pedido de

patente para entregar uma tradução

numa das línguas oficiais do IEP. 29

30

Na entrega do pedido, por uma

pessoa singular ou uma PME, com

residência ou estabelecimento

principal no território de um EMC cuja

língua oficial seja um idioma diferente

do inglês, francês ou alemão, bem

como para os seus residentes no

estrangeiro, está prevista uma

redução da taxa devida pelo pedido e

exame (a redução atual é de 30% dos

encargos relacionados com as taxas

de pedido e exame).31

O processo de requisição de uma

patente europeia com efeito unitário

segue os procedimentos descritos na

coluna “sem efeito unitário”, só diferindo

durante o período de transição:

Neste período, um pedido preenchido

em alemão ou francês, também deve

ser acompanhado por uma tradução

para inglês. No caso de o pedido ter

sido apresentado em inglês, também

tem de ser acompanhado por uma

tradução para qualquer outra língua

oficial dos EMC, que seja língua oficial

da União32

. Isto para assegurar que,

durante o período de transição, todas

as PEU são disponibilizadas em

inglês, a língua mais usual no campo

de pesquisa tecnológica e das

publicações internacionais. 33

29

Artigo 14.º, n.º 2 do CPE, de acordo com a alteração introduzida pela decisão CA/D 19/13. 30

Dado que IEP concede patentes europeias e patentes europeias com efeito unitário, as regras relativas à língua

do requerimento são idênticas para ambas: Considerando 5 do Regulamento referente à PEU e Artigo 14.º da

CPE. 31

De acordo com o artigo referente à redução de fees do CPE, http://www.epo.org/law-practice/legal-

texts/html/epc/2013/e/articl14.html. 32

Considerando 12 do Regulamento referente à tradução. 33

Está previsto um regime de compensação para o reembolso de custos de tradução. Artigo 5.º do Regulamento

referente à tradução.

20

Sem efeito unitário Com efeito unitário

Língua da

descrição e das

reivindicações da

patente na publicação

da concessão

A descrição e as reivindicações serão

publicadas numa das línguas oficiais

do IEP e acompanhadas de traduções

das reivindicações para as outras

línguas oficiais do IEP.34

O prazo para a entrega das traduções

nos Estados-Membros designados

expira três meses a contar da data da

publicação da menção da concessão

da patente no Boletim Europeu de

Patentes, exceto nos casos em que o

respetivo Estado fixe um período mais

longo.35

No caso da patente europeia ser

concedida pelo IEP e o requerente

querer validar a mesma em Portugal

será obrigatório fornecer uma tradução

da descrição e das reivindicações em

português.36

Os documentos traduzidos a entregar

para validação da patente em cada

país variam dependendo da geografia

em questão37

, existindo

inclusivamente situações, decorrentes

do Acordo de Londres, de países que

dispensam as traduções entre si38

.

As regras para a descrição e

reivindicações da patente europeia

com efeito unitário só diferem no

período de transição como

mencionado na “língua do

requerimento da patente”.

A descrição e as reivindicações da

PEU não serão traduzidas para a

língua dos EMC onde o requerente

necessite de validação, uma vez que

esta já produz efeito automático nos

EMC. Continuam a ser exigidas as

traduções para os Estados-Membros

fora da cooperação reforçada.

Em caso de litígio referente a uma

alegada violação de uma PEU, o seu

titular deverá fornecer uma tradução

para a língua oficial do EMC em que

a alegada violação ocorreu ou para a

do país em que o requerido tem

residência. 39

Em caso de litígio relativo a um

pedido de indemnização por perdas

e danos, o Tribunal em que o

processo decorrer deve considerar

(especialmente quando o alegado

autor da violação é uma PME, uma

pessoa singular, uma organização

sem fins lucrativos, uma

universidade ou uma entidade

pública no domínio da investigação)

se, antes de receber a tradução

acima referida, o requerido agiu sem

conhecimento ou não tendo motivos

razoáveis para saber que incorria

numa violação de uma PEU.40

34

Artigo 14.º, n.º 1 da CPE. As línguas oficiais do IEP são o inglês, francês e alemão. 35

Artigo 65.º, n.º1 da CPE. 36

Artigos 79.º e 80.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de Julho. 37

Dos 38 países que subscrevem a CPE, de acordo com o Artigo 65.º, n.º 1 e n.º2 do CPE, a Áustria, Bélgica,

Bulgária, Chipre, República Checa, Estónia, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Noruega, Polónia, Portugal,

Roménia e Sérvia, Eslováquia, Espanha e Turquia exigem a tradução da descrição e das reivindicações de uma

patente. Os restantes exigem traduções parciais destes documentos (apenas a tradução das reivindicações para

língua oficial do país ou a tradução das reivindicações para a língua oficial do país acompanhadas por uma

tradução para inglês da descrição). 38

De acordo com o Artigo 65.º do Acordo de Londres, os países que tenham em comum umas das línguas oficiais

do IEP dispensam a apresentação de traduções para efeitos de validação de uma patente europeia: França,

Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido. 39

O Artigo 4.º do Regulamento referente à tradução prevê que, em caso de litígio relativo a uma PEU, é legítimo

exigir que o titular da patente apresente uma tradução integral para uma língua oficial de um EMC no qual a

patente tenha sido alegadamente violada ou em que esteja domiciliado o requerido. 40

Idem

21

Sem efeito unitário Com efeito unitário

O âmbito da patente Define o alcance do monopólio do

titular da patente europeia,

determinado pelas reivindicações da

patente.41

Se o âmbito definido da

patente europeia pela tradução for

mais limitado do que o âmbito

especificado na língua original em que

a patente foi concedida pelo IEP, o

texto válido da patente europeia é a

sua tradução (com exceção de um

processo de anulação de patente

europeia).42

O alcance do monopólio do titular de

uma PEU é determinado pelas

reivindicações da patente.

A PEU confere ao titular da patente o

direito de impedir terceiros da prática

de atos contra os quais essa patente

oferece proteção em todo o território

dos EMC, sem prejuízo das

limitações aplicáveis.43

O âmbito e limitações da patente são

uniformes em todos os EMC.44

Validação Deve ser solicitada em todos os

países em que o titular queira validar a

sua patente.45

Se a proteção em Portugal no âmbito

da patente europeia é requerida, por

exemplo, por uma entidade alemã,

esta deve vir acompanhada de uma

tradução da descrição da patente, da

reivindicação e dos desenhos, para

português.

A patente entra em vigor

“automaticamente" no território dos

EMC que assinaram a decisão de

cooperação reforçada no domínio da

criação da proteção de patente

unitária e que ratificarem o Acordo

referente ao TUP46

. O pedido de

registo de efeito unitário deve ser

apresentado no IEP num prazo de

um mês após a publicação da

menção da concessão da patente.47.

Alcance da patente Nos países em que o requerente

pretende validar a patente48

,

selecionáveis de entre os 38 países

signatários da CPE mais dois países

de extensão (Bósnia e Herzegovina e

Montenegro), incluindo todos os

países da UE.

Em todo o território dos EMC, sem

prejuízo das limitações aplicáveis.

41

Artigo 69.º da CPE: O âmbito da proteção conferida por uma patente europeia ou um pedido de patente europeia

é determinado pelas reivindicações. 42

Artigo 70.º da CPE complementado pelo Artigo 75.º do Decreto-lei 143/2008,de 25 de Julho. 43

Artigo 5.º, n.º 1 do Regulamento referente a PEU, 2012. 44

Artigo 5.º, n.º 2 do Regulamento referente a PEU, 2012. 45

12 países da UE aderiram a um tratado internacional - intitulado Acordo de Londres- destinado a revogar ou

limitar a obrigação de apresentar uma tradução da descrição de Patentes Europeias (Acordo sobre a aplicação do

Artigo 65.º do CPE, Diário oficial do Parlamento Europeu de 2001, n.º 12). 8 países do acordo acima mencionado:

França, Alemanha, Irlanda, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino Unido escusaram-se da exigência

de apresentação de traduções. Outros 12 países que aderiram ao acordo exigem a apresentação de traduções das

reivindicações nas suas línguas oficiais e em alguns deles deve ser feita a tradução de patentes em inglês se o

processo perante o IEP foi realizado em francês ou alemão. 46

Artigo 5.º, n.º 1 e Artigo 18.º n.º2 do Regulamento referente à PEU, 2012. 47

De acordo com o Artigo 9.º, alínea g) do Regulamento referente à PEU, 2012. 48

Atualmente existem 38 países membros da OEP, incluindo todos os países da UE. A lista de países com as

respetivas datas de adesão ao IEP está disponível no website do mesmo. - http://www.epo.org/about-

us/organisation/member-states.html

22

Sem efeito unitário Com efeito unitário

Manutenção da

validade de uma

patente

Pela manutenção da validade em

Portugal de uma patente europeia

concedida, o INPI cobra taxas

periódicas anuais. A duração de uma

patente é de 20 anos.49

Estas taxas

são equivalentes às cobradas para as

patentes nacionais.

As entidades portuguesas detentoras

de patentes europeias pagam taxas

junto das autoridades competentes

dos países em que efetuaram a

validação, no valor fixado nos

mesmos.50

As taxas pagas pela manutenção de

patentes em vigor são fixadas num

valor: 51

i. Equivalente às taxas de

renovação para uma patente

europeia em vigor com uma

cobertura geográfica média das

atuais Patentes Europeias;

ii. Que reflita o indicador de

renovação de patentes europeias

concedidas;

iii. Que reflita o número de pedidos

de efeito unitário.

O valor destas taxas, à data em que

o presente documento está a ser

elaborado, ainda não foi fixado.

Apenas se conhece a sua forma de

cálculo.52

Tribunais e

contencioso

De acordo com o Artigo 64.º da

CPE53

, qualquer infração de patente

europeia é apreciada pelos tribunais

nacionais.

De acordo com o Artigo 1.º do

Acordo referente ao TUP, os litígios

relacionados com as patentes

europeias e as PEU serão sujeitos à

jurisdição do TUP.54

O titular da patente terá a

possibilidade de afastar, no período

de transição, a jurisdição do TUP no

âmbito da patente europeia.55

Findo o período de transição, os

litígios relacionados com as patentes

europeias com ou sem efeito unitário

serão tratados pelo TUP,

obrigatoriamente.

49

Todas as patentes têm uma vigência máxima de 20 anos: Artigo 99.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de Julho;

http://www.epo.org/law-practice/legal-texts/html/epc/2013/e/ar63.html;

http://ec.europa.eu/internal_market/indprop/patent/faqs/index_en.htm 50

Em alguns países é necessário ter um procurador ou um agente oficial de propriedade industrial, existem vários

prazos e formas de pagamento pela manutenção da validade da patente (por exemplo, conforme o país, o

pagamento pode ser feito apenas pessoalmente, numa estação de correios, por transferência bancária,

diretamente no Instituto, etc.): Análise de Impacto Regulatório da Comissão Europeia de 15 de Abril de 2011

(9224/11 ADD 2). Em Portugal não é necessário um agente oficial de propriedade industrial. 51

É necessário referir que estas taxas, à data em que este documento está a ser elaborado, ainda não foram

fixadas. Apenas se conhece a sua forma de cálculo através do Artigo 12.º, n.º 3 do Regulamento referente à PEU,

2012. 52

Artigo 12.º, n.º 3 do Regulamento referente à PEU, 2012. 53

O Artigo 64.º, n.º 1 do CPE, 2013, descreve que uma patente europeia tem os mesmos direitos que uma patente

nacional conferida por um EMC. 54

É necessário clarificar que, assim que o TUP entrar em funções, tanto os casos referentes a patentes europeias

como os referentes à PEU podem ser tramitados neste Tribunal. 55

Artigo 83.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013.

23

Sem efeito unitário Com efeito unitário

Anulação No caso do IEP decidir limitar a pedido

do requerente ou revogar uma patente

europeia, o seu efeito é replicado, de

forma automática, em todos os

Estados-Membros da UE onde a

patente foi validada.56

A competência, em caso de litígio,

para a limitação ou revogação de uma

patente europeia pertence aos

tribunais nacionais.

A PEU pode ser limitada (a pedido do

requerente), transferida, anulada ou

pode expirar com efeito unitário em

todos os EMC.57

A competência, em caso de litígio,

para a limitação, transferência,

anulação e expiração de uma PEU

pertence ao TUP.

Fonte: Diário da República, CPE e Acordos do Sistema de Patente Europeia com Efeito Unitário.

2.2. Processos do Tribunal Unificado de Patentes (TUP)

Através da decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 Março de 2011, foi autorizada a

cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária.

No seguimento da referida autorização, o Conselho e o Parlamento Europeu, aprovaram os

Regulamentos de 17 de Dezembro de 2012, o (UE)

1257/2012 e o (UE) 1260/2012 respetivamente, que

regulam a cooperação reforçada no domínio da

criação da proteção unitária de patentes e o regime

de tradução aplicável.

Após a aprovação destes regulamentos, 25 Estados-

Membros assinaram o Acordo referente ao TUP

(2013/C 175/01) em 19 de Fevereiro de 201358

, o qual

foi publicado no Jornal Oficial da UE a 20 de Junho de

2013.

O TUP tem competência exclusiva para julgar e

decidir sobre59

:

Qualquer PEU;

Certificado complementar de proteção emitido para um produto protegido por uma patente;

Patente europeia que ainda permaneça válida à data da entrada em vigor do referido Acordo ou,

concedida após essa data, sem prejuízo do disposto no Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP;

Pedido de patente europeia em análise na data de entrada em vigor do respetivo Acordo ou,

formulado após essa data, sem prejuízo do disposto no Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP.60

No âmbito do presente estudo e para melhor compreender as competências deste Tribunal, o Artigo

32.º do Acordo referente ao TUP detalha a sua competência exclusiva nas seguintes matérias:

a) Ações por violação ou ameaça de violação de patentes e certificados complementares de

proteção e respetivas contestações, incluindo pedidos reconvencionais relativos a licenças;

b) Ações de verificação de não violação de patentes e certificados de proteção suplementar;

c) Ações com vista à concessão de medidas provisórias e cautelares e medidas inibitórias;

d) Ações de extinção de patentes e de declaração de nulidade dos certificados complementares de

proteção;

56

Artigo 105b.º, n.º3 do Acordo referente à CPE, 2013. 57

Artigo 3.º, n.º 2 do Regulamento referente à PEU, 2012. 58

EU-27, à exceção da Espanha e da Polónia. 59

Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 60

O Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP, 2013. Descreve as normas vigentes no decurso do período de

transição, a partir do momento em que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor.

A cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária foi autorizada em 2011 e o Acordo referente ao TUP foi publicado em 2013

24

e) Pedidos reconvencionais de extinção de patentes e de declaração de nulidade dos certificados

complementares de proteção;

f) Ações por danos ou pedidos de indemnização decorrentes da proteção provisória conferida por

um pedido de patente europeia publicado;

g) Ações relativas à utilização da invenção antes da concessão da patente ou ao direito baseado na

utilização anterior da invenção;

h) Ações de indemnização por licenças com base no Artigo 8.º do Regulamento (UE) n.º 1257/2012;

e

i) Ações relativas às decisões do Instituto Europeu de Patentes tomadas no âmbito das funções a

que se refere o Artigo 9.º do Regulamento (UE) n.º 1257/2012.

Os tribunais nacionais dos EMC são competentes para conhecer das ações relacionadas com

patentes e com os certificados complementares de proteção que não sejam da competência exclusiva

do TUP61

.

O TUP inclui, assim, na sua estrutura:

O Tribunal de Primeira Instância, constituído por divisões central, locais e regionais62

;

O Tribunal de Recurso;

Uma Secretaria63

.

O recurso das decisões do Tribunal de Primeira Instância será interposto no Tribunal de Recurso.

Figura 1. Organograma explicativo TUP

Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP, 2013.

61

Artigo 32.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 62

Artigo 7.º, n.º 4. Por cada 100 casos de litígio por ano civil, um EMC pode pedir uma divisão local adicional (por

um período de três anos consecutivos). O número de divisões locais num EMC não pode ser superior a 4. 63

Trata de documentos relativos aos processos em curso e informa as partes.

Tribunal Unificado de

Patentes

(TUP)

Tribunal de

Recurso

Tribunal de

Primeira

Instância

Secretariado

Divisão Central Divisões

Locais

Divisões

regionais

Paris, Londres

e Munique Em cada EMC

que o pedir Por acordo de

2 ou + EMC

Na sede do Tribunal

de Recurso

Luxemburgo

25

2.2.1. Composição dos painéis de juízes do Tribunal de Primeira Instância e Tribunal

de Recurso

Tribunal de Primeira Instância

A composição dos painéis de juízes do Tribunal de Primeira Instância será realizada com base nas

seguintes regras:64

i. Divisão central

Na divisão central, os painéis de juízes serão constituídos por 3 juízes (2 juízes com

formação jurídica e 1 juiz com formação técnica e com qualificações e experiência no campo

técnico em questão 65

), alocados da bolsa de juízes66

. No entanto, qualquer painel da divisão

central que lide com ações ao abrigo do Artigo 32.º, n.º 1, alínea i)67

, deverá ser composto

por três juízes com formação jurídica de diferentes nacionalidades de entre os vários EMC.

ii. Divisão local

Menos de 50 processos de patentes por ano, em média nos últimos 3 anos: um juiz com

formação jurídica da nacionalidade do EMC em que a divisão local está sediada e dois juízes

com formação jurídica que não sejam nacionais do EMC que acolhe a divisão local, alocados

da bolsa de juízes;68

50 ou mais processos de patentes por ano, em média nos últimos 3 anos: dois juízes com

formação jurídica do EMC em que a divisão local está sediada e um juiz de formação jurídica

de nacionalidade distinta da do EMC que acolhe a divisão local, alocado da bolsa de juízes.69

iii. Divisão regional

Qualquer painel de uma divisão regional será composto por dois juízes com formação

jurídica, selecionados da lista regional de juízes e preferencialmente da mesma

nacionalidade dos EMC que constituem a divisão regional, e um juiz com formação jurídica

de nacionalidade distinta da dos EMC que constituem a divisão regional alocado da bolsa de

juízes.70

Em qualquer um dos casos e a pedido de uma das partes ou do próprio painel, será indicado, da bolsa

de juízes, um juiz técnico, com qualificações e experiência no campo técnico em questão. Na prática,

a grande maioria dos casos em curso no Tribunal de Primeira Instância será julgado por quatro juízes,

pois as questões de infração e possível nulidade/validade de patentes são maioritariamente questões

técnicas de considerável complexidade.

Adicionalmente, em qualquer um dos casos anteriores, as partes podem acordar que o processo seja

atribuído a apenas um juiz.

Tribunal de Recurso

O painel do Tribunal de Recurso será constituído por cinco juízes de diferentes nacionalidades (dos

vários EMC): três juízes com formação jurídica e dois juízes com formação técnica e com

qualificações e experiência no campo técnico em questão, nomeados pelo presidente do Tribunal de

Recurso da bolsa de juízes.71

64

Artigo 8.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 65

Artigo 8.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 66

Conforme disposto pelo Artigo 18.º, n.º366

do Acordo referente ao TUP descreve que os juízes da pool de juízes

serão alocados para a divisão em causa pelo presidente do Tribunal de Primeira Instância e que a alocação dos

juízes deve ser baseada na experiencia jurídica ou técnica, competências linguísticas e a experiência relevante

para o processo em questão. A atribuição dos juízes deve garantir a mesma alta qualidade de trabalho e o mesmo

nível elevado de competência técnica e legal em todos os painéis do Tribunal da Primeira Instância. 67

Artigo 9.º, Regulamento referente à PEU. Ações relativas às decisões do IEP no âmbito das suas funções. 68

Artigo 8.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 69

Artigo 8.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013. 70

Artigo 8.º, n.º 4 do Acordo referente ao TUP, 2013. 71

Artigo 9.º do Acordo referente ao TUP.

26

2.2.2. Bolsa de Juízes72

A bolsa de juízes é constituída por todos os juízes com formação jurídica e juízes com formação

técnica do Tribunal de Primeira Instância que sejam juízes do Tribunal, a tempo inteiro ou parcial. A

bolsa de juízes inclui pelo menos um juiz com formação técnica com as qualificações e a experiência

pertinentes em cada área tecnológica. Os juízes com formação técnica da bolsa de juízes estão

igualmente à disposição do Tribunal de Recurso.

A lista relativa à bolsa de juízes deverá ser elaborada pelo secretário da divisão central do Tribunal de

Primeira Instância e deverá indicar, em relação a cada juiz, no mínimo, as suas aptidões linguísticas,

experiência no campo tecnológico que domina e listar todos os processos por si liderados

anteriormente.

Uma divisão local ou regional que necessitar de um juiz desta bolsa de juízes deverá endereçar o

pedido ao presidente do Tribunal de Primeira Instância, com uma descrição detalhada do processo,

identificação da língua oficial do EMC onde o mesmo decorrerá e a língua em que o processo será

tramitado, bem como o campo tecnológico em que a patente se insere.

2.2.3. Língua do Tribunal de Primeira Instância e do Tribunal de Recurso73

Tribunal de Primeira Instância

A língua do processo na divisão central será a língua em que a patente em questão foi

concedida74

.

A língua oficial de qualquer divisão local ou regional do Tribunal de Primeira Instância é uma das

línguas oficiais do país que acolhe a divisão local ou uma das línguas oficiais dos EMC que

constituem a divisão regional.75

Não obstante, os EMC poderão designar uma ou mais línguas oficiais do IEP como a língua do

processo da sua divisão local ou regional.76

Com o acordo das partes, o painel competente pode, por razões de conveniência e justiça, decidir

sobre o uso da língua em que foi concedida a patente como a língua do processo. Se o painel não

aprovar a escolha, as partes podem ainda solicitar que o processo decorra na divisão central. A

pedido de uma das partes, e depois de ouvidas as restantes partes interessadas e o painel

competente, o presidente do Tribunal de Primeira Instância pode, por razões de equidade e

considerando todas as circunstâncias relevantes, em particular, a posição do requerido, decidir

sobre o uso da língua em que foi concedida a patente como língua do processo. Nestas

circunstâncias, o presidente do Tribunal de Primeira Instância deve avaliar a necessidade de

disposições específicas de tradução e interpretação.

Tribunal de Recurso77

A língua do processo no Tribunal de Recurso é a língua do processo no Tribunal de Primeira

Instância. Não obstante, as partes podem acordar na utilização da língua em que foi concedida a

patente como língua do processo.

Em casos excecionais e, na medida considerada adequada, o Tribunal de Recurso pode decidir

sobre outra língua oficial de um EMC como a língua do processo para a totalidade ou parte do

mesmo, mediante acordo entre as partes.

72

Artigo 18.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 73

Artigos 49.º, 50.º e 51.º do Acordo referente ao TUP, 2013. De realçar que o Artigo 51.º contêm facilidades

adicionais no âmbito das traduções. O requerido, se entender necessário, poderá pedir uma tradução dos

documentos relevantes para a língua do EMC a que pertence. 74

Artigo 49.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 75

Artigo 49.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 76

Um processo só decorrerá numa língua. Uma divisão local ou regional poderá, contudo, designar como língua

oficial mais do que uma língua oficial dos EMC. Artigo 49.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 77

Artigo 50.º do Acordo referente ao TUP, 2013.

27

2.2.4. Competências das divisões do Tribunal de Primeira Instância78

As ações da competência do TUP devem ser interpostas junto à79

:

Divisão local acolhida pelo EMC onde ocorreu ou existe ameaça de violação, ou a divisão regional

em que esse EMC participa; ou

Divisão local ou regional do EMC onde o requerido ou, no caso de múltiplos requeridos, um dos

requeridos tenha a sua residência ou estabelecimento principal, ou, na sua ausência, o seu local

de trabalho. As ações contra vários requeridos múltiplos apenas podem ser intentadas se os

requeridos tiverem uma relação comercial e se estiverem relacionadas com a mesma alegada

violação. Ações interpostas contra requeridos com residência, estabelecimento principal ou local

de trabalho fora do território dos EMC, devem ser apresentadas perante a divisão local ou regional

do território em que tenha ocorrido alegada violação da patente.

Se o EMC em questão não tiver uma divisão local e não integrar uma divisão regional, o processo

deve ser remetido para a divisão central.

Caso seja intentada, perante várias divisões diferentes, uma ação entre as mesmas partes

relativamente à mesma patente, a divisão à qual o caso foi submetido em primeiro lugar é competente

para a totalidade da ação e as divisões que eventualmente forem implicadas posteriormente declaram

a ação improcedente nos termos do regulamento de processo

No que concerne a pedidos reconvencionais de extinção, previstos no Artigo 32.º, n.º 1, alínea e) do

Acordo referente ao TUP80

, no âmbito de uma ação por violação referida no Artigo 32.º, n.º 1, alínea

a)81

do mesmo Acordo, a divisão local ou regional em causa pode, ouvidas as partes:

Dar seguimento à ação por violação e ao pedido reconvencional de extinção e solicitar ao

presidente do Tribunal de Primeira Instância para alocar, a partir da bolsa de juízes, um juiz com

formação técnica e com qualificações e experiência na área tecnológica em causa;

Remeter o pedido reconvencional da extinção à divisão central para decisão e, suspender ou dar

seguimento à ação por violação; ou

Com o acordo das partes, remeter a ação à divisão central para decisão.

No que concerne a ações de verificação de não violação de patentes e certificados complementares

de proteção, bem como a ações de extinção de patentes e de declaração de nulidade de certificados

complementares de proteção previstos no artigo 32.º, n.º 1, alínea b) e d) do Acordo referente ao TUP,

as ações são obrigatoriamente intentadas na divisão central.

78

Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 79

As partes podem ainda acordar em intentar as ações a que se refere o Artigo 32.º, n.º 1, alíneas a) a h), perante

a divisão da sua escolha, incluindo a divisão central, conforme disposto no Artigo 33.º, n.º 7 do Acordo referente ao

TUP, 2013. 80

Artigo 32.º de Acordo referente ao TUP. Pedidos reconvencionais de extinção de patentes e de declaração de

nulidade dos certificados complementares de proteção. 81

Artigo 32.º de Acordo referente ao TUP. Ações por violação ou ameaça de violação de patentes e certificados

complementares de proteção e respetivas contestações, incluindo pedidos reconvencionais relativos a licenças.

28

Para melhor compreensão sobre o local onde os processos podem decorrer, a tabela seguinte

apresenta alguns exemplos:

Tabela 3. Localização dos processos em caso de adesão de Portugal ao Acordo referente ao TUP

Situação da empresa ou cidadão português Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP

Enquanto requerido num processo de

alegada violação de uma PEU, no território

de um EMC (fora do território português)

O requerido pode ser processado na divisão local ou regional

do Tribunal de Primeira Instância do EMC onde teve lugar a

alegada violação (os processos são realizados na língua do

país onde a divisão local ou regional esteja sediada) ou numa

divisão local em Portugal (sede ou morada requerido 82

,

processo decorrerá em português).83

Se Portugal não criar uma divisão local ou regional, um

requerido de nacionalidade portuguesa pode ser processado

junto da divisão central do TUP.

Enquanto requerido num processo de

alegada violação de uma PEU em território

português

O requerido é processado numa divisão local ou regional do

Tribunal de Primeira Instância em Portugal (o processo

decorre em português).

Se, em Portugal, não existir uma divisão local ou regional do

TUP, o requerido pode ser processado na divisão central do

TUP.84

(nesse caso, o processo será conduzido em inglês,

alemão ou francês).85

Um empresário ou cidadão de

nacionalidade portuguesa pretende

invalidar uma PEU

Nesta situação, o empresário português atua junto da divisão

central do Tribunal de Primeira Instância.86

Os processos são

conduzidos em inglês, alemão ou francês.

Um empresário ou cidadão de

nacionalidade portuguesa pretende

processar uma pessoa coletiva ou

individual oriunda de outro EMC por

alegada violação de uma PEU

O empresário ou cidadão português pode processar o

requerido no país em que entende que terá ocorrido a

violação ou na divisão central.87

Se o processo decorrer na divisão central será conduzido em

inglês, alemão ou francês.

Se o processo decorrer no país em que tenha ocorrido a

violação, então, a língua do processo será a língua da divisão

local ou regional onde o mesmo decorre.

Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP, 2013.

2.2.5. Financiamento do Tribunal Unificado de Patentes (TUP)88

O Acordo relativo ao TUP estabelece que o TUP apenas financiará os custos decorrentes da sua

operação89

, isto é, não suportará o investimento inicial imprescindível para a construção das

instalações que irão albergar a divisão central e as suas secções, divisões locais ou regionais do

Tribunal de Primeira Instância, o Tribunal de Recurso, o Centro de Mediação e Arbitragem e o Centro

de Formação de Juízes. Adicionalmente, durante o período de transição, cada EMC também deverá

fornecer o pessoal administrativo necessário para o normal funcionamento das divisões locais e

regionais com sede no seu território.

82

Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 83

Artigo 49.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 84

Artigo 33.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013. 85

Artigo 49.º, n.º 6 do Acordo referente ao TUP, 2013. 86

Artigo 32.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 87

Artigo 33.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 88

Artigo 37.º do Acordo referente ao TUP, 2013. 89

Artigo 37.º, n.º 1 do Acordo referente ao TUP, 2013.

29

À parte dos custos e recursos acima mencionados, cada EMC é ainda responsável por realizar uma

contribuição, calculada de acordo com:90

Número de patentes europeias ativas no seu território à data de entrada em vigor do Acordo

relativo ao TUP;

Número de processos relativos a patentes europeias, por alegada violação ou pedido de anulação,

que tenham dado entrada nos tribunais nacionais até 3 anos antes da entrada em vigor do Acordo

relativo ao TUP.

Findo o período de transição, espera-se que o

Tribunal se autofinancie e a partir deste

momento, caso venham a ser necessárias

contribuições, a contribuição de cada EMC

será determinada de acordo com a respetiva

proporção no total de taxas anuais cobradas

(taxas cobradas relativas à manutenção da

validade de uma patente) relativas à PEU

(válidas no momento em que contribuição

será devida).

2.2.6. Centro de Mediação e Arbitragem de Patentes e Formação de Juízes

O Centro de Mediação e Arbitragem estará localizado em Liubliana e Lisboa e disponibilizará os meios

para a mediação e arbitragem de litígios relacionados com patentes europeias e patentes europeias

com efeito unitário91

.

O Centro estabelecerá as regras de arbitragem e mediação e designará uma lista de mediadores e

árbitros para acompanhar as partes interessadas, com vista à resolução do litígio.

Atualmente, ainda não se conhece qual será o seu modelo de financiamento. De salientar que o

Centro não deterá competências para revogar ou limitar uma patente.

Para melhorar, aumentar e assegurar uma ampla distribuição geográfica de competências e

conhecimentos específicos, bem como utilizar a experiência dos juízes em casos de litígio de

patentes, o Acordo referente ao TUP criou ainda um Centro de Formação de Juízes com sede em

Budapeste.

O Centro de Formação92

terá como foco a:

a) Realização de estágios em tribunais nacionais de patentes ou em divisões do Tribunal de Primeira

Instância para audição de um número substancial de casos de litígio;

b) Melhoria das competências linguísticas;

c) Melhoria dos aspetos técnicos do direito de patentes;

d) Divulgação de conhecimento e troca de experiências entre juízes técnicos;

e) Preparação de candidatos a juízes.

Em suma, o Centro de Formação deve providenciar formação contínua aos juízes do TUP. Devem ser

organizadas reuniões regulares entre todos os juízes do TUP, a fim de discutir a evolução do direito de

patentes e para assegurar a coerência e consistência da jurisprudência.

90

Artigo 37.º, n.º 3 do Acordo referente ao TUP, 2013. 91

Artigo 35.º, n.º 2 do Acordo referente ao TUP, 2013. 92

Artigo 19.º do Acordo referente ao TUP, 2013.

Espera-se que o TUP se autofinancie após o período de transição (7 anos), dependendo durante o mesmo das contribuições dos vários EMC.

30

2.3. O período de transição

Figura 2. Cronograma do período de transição

Fonte: Elaborado com base no Acordo referente ao TUP.

No momento em que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor, ainda existirão ações judicias

pendentes em outros órgãos de âmbito nacional e europeu, ao abrigo da CPE, atualmente em vigor.

Como tal, para não criar situações de dúvida sobre o quadro regulamentar aplicável nestas

circunstâncias, haverá um quadro legal específico vigente no decurso do período de transição.

O período de transição só terá início no momento que o Acordo referente ao TUP entrar em vigor

satisfazendo as seguintes condições:

Ratificação do Acordo por pelo menos 13 Estados-Membros, incluindo obrigatoriamente a

Alemanha, Reino Unido e França (países onde a divisão central do Tribunal de Primeira Instância

estará sediado)93

; ou

Data em que as alterações ao Acordo (UE) 1215/2012 entrarem em vigor.94

Este terá uma duração de 7 anos, sendo que cinco anos após o seu início, se desenvolverá uma

avaliação do desempenho do sistema para avaliar se será necessário prolongar este período de

transição por um máximo de 7 anos adicionais face ao inicialmente previsto. Esta decisão será tomada

pelo Comité Administrativo, com base nos resultados da consulta e na opinião do TUP. O Comité

Administrativo será constituído por 1 membro representante de cada EMC e observado por um

membro em representação da Comissão Europeia.95

93

Até à data seis Estados-Membros já ratificaram o Acordo: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Malta e Suécia.

Lista retirada do website da Comissão Europeia atualizada até 30.01.2015. 94

Entrou em vigor à data de 10 de Janeiro de 2015. 95

Artigo 12.º do Acordo referente ao TUP, 2013.

Entrada em vigor do

Acordo referente ao

TUP e início do

período de transição

O Acordo entrará em vigor no primeiro dia do quarto

mês após o cumprimento dos seguintes requisitos: 1. Após ratificação de 13 países, incluindo

obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França.

2. Data, em que as alterações ao regulamento (UE) 1215/2012 entrarem em vigor.

A 7 anos do fim do período de

transição

A 2 anos do fim do

período de transição

O período de transição poderá ser

extensível até um máximo de 7 anos

após o fim do período de transição

inicial

Com base em consulta efetuada pelo

Comité Administrativo e tendo em

consideração a posição do TUP, o

Comité poderá prolongar o período de

transição por um período máximo de 7

anos.

Fim do período

de transição

Avaliação do Comité

Administrativo

Realização de ampla consulta aos utilizadores do

sistema e levantamento do número de Patentes

Europeias e certificados complementares de proteção

emitidos para produtos protegidos por Patentes

Europeias relativas a processos anteriormente

conduzidos pelos tribunais nacionais.

31

2.3.1. Período de transição para o Tribunal Unificado de Patentes

Antes de prosseguir com a discussão em torno da regulamentação sobre o período de transição, é

necessário compreender a opção do opt-out. Esta opção, ativa durante o período de transição, permite

a um titular ou requerente de uma patente europeia ou de um certificado complementar de proteção

emitido ou solicitado antes do fim do período de transição, a possibilidade de optar por defender os

seus direitos perante um organismo diferente do TUP, a menos que uma ação por alegada violação ou

anulação dessa mesma patente já tenha sido entretanto interposta ao TUP96

.

Para o efeito, os titulares devem comunicar o seu opt-out, pagando uma taxa ainda por definir, para o

registo implementado no Tribunal de Recurso, até 1 mês antes do fim do período de transição, e só

entrará em vigor após dar entrada no registo. Será possível desistir da opção opt-out, pagando uma

taxa ainda por definir, a qualquer momento, mediante notificação do registo.

A regulamentação sobre o período de transição abrange ainda as competências em matéria de

decisão relativas a processos de alegada violação ou pedido de anulação de uma patente, incluindo

ainda regulamentação relativa à língua e à tradução.

Durante o período de transição, qualquer ação por alegada violação ou pedido de anulação de uma

patente europeia ou uma ação por alegada violação ou declaração de nulidade de um certificado

complementar de proteção emitido para um produto protegido por uma patente europeia, pode ainda

ser apresentado nos tribunais nacionais ou em outra autoridade nacional competente.97

Isto implica

que os processos que tenham dado entrada nestes organismos competentes, até ao término do

período de transição, podem continuar a ser tramitados nos mesmos organismos competentes.

2.4. Situação Atual – dados estatísticos

A caracterização estatística dos pedidos e emissões de patentes europeias permite-nos perceber a

importância deste instrumento e é, por esse motivo, uma parte fundamental do estudo de impacto

desenvolvido. Nas páginas seguintes são apresentados os principais dados estatísticos disponíveis e

que permitem fazer essa caracterização, considerando as patentes, pedidas e concedidas, no âmbito

do universo de países que assinaram o PCT98

, bem como no universo mais restrito dos 28 países que

compõem a UE.

Anualmente, o IEP sistematiza e divulga os dados relativos a Patentes Europeias dos diversos

Estados-Membros, de acordo com a informação que lhe é remetida pelos respetivos Institutos

Nacionais de Patentes.

Gráfico 1. Taxa média de sucesso de emissão de patentes europeias e posição no ranking mundial

(patentes concedidas vs. pedidos realizados no período 2009-2013)

Fonte: Estatísticas IEP e cálculos próprios referentes ao período 2009-2013.

96

Artigo 83.º, n.º 3, Acordo referente ao TUP, 2013. 97

Artigo 83.º, n.º 1, Acordo referente ao TUP, 2013. 98

Patent Cooperation Treaty assinado por 148 países, incluindo os 28 países da UE.

46% 45%

39% 39%

30% 29%

22%

16% 16%

Itália(23º)

Liechtenstein(24º)

Alemanha(25º)

França(27º)

Chipre(38º)

ReinoUnido(41º)

EstadosUnidos(56º)

Portugal(66º)

Espanha(70º)

Média UE (28): 24%

32

No período entre 2009 e 2013, a taxa média de sucesso na obtenção de patentes europeias99

, no

caso português, ronda os 16%, inferior à taxa média de sucesso para a média dos países da UE que é

de, aproximadamente, 24%100

. A Alemanha surge em 25º lugar deste rank (39%), a França em 27º

(39%) e o Reino Unido em 41º (29%).

De realçar que, no total dos 28 Estados-Membros da UE, existem 19 países que contabilizam uma

taxa de sucesso superior à de Portugal.

Gráfico 2. Patentes europeias em 2013

Fonte: Estatísticas IEP e cálculos próprios referentes ao ano de 2013.

Em 2013, foram apresentados 265.690 pedidos de patente europeia pelo total de países que

assinaram o PCT, dos quais 147.869 foram entregues diretamente no IEP.

Neste universo, Portugal apresentou um total de 199 pedidos de patente101

, dos quais 94 pedidos

foram entregues diretamente no IEP. Foram, no mesmo ano, concedidas 26 patentes europeias a

entidades portuguesas, das 66.707 patentes concedidas102

.

Gráfico 3. Pedidos de patente europeia entregues e posição no ranking mundial (2013)

Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.

99

Taxa média de sucesso: Número médio de patentes europeias concedidas dos últimos 5 anos / Número médio

de pedidos de patentes europeias nos últimos 5 anos. Assumimos esta fórmula de cálculo dado que o IEP em

média, demora entre 4 a 5 anos a conceder uma patente europeia desde da data em que o pedido é realizado. 100

Taxa média de sucesso calculada através da média das taxas de sucesso dos Estados-Membros constituintes

da UE (28).

101 No PCT e IEP.

102 Mais uma vez realçamos o facto de não existir uma correlação direta entre os pedidos entregues num ano e as

patentes concedidas nesse mesmo ano.

181.937

82.311 36.282

83.754

65.558

30.425

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

Total de pedidos de patente europeia Pedidos de patente europeia entreguesno IEP

Patentes europeiasconcedidas

Resto do Mundo Europa (28)

265.690

147.869

66.707

64.967

52.437

32.022

22.292 16.857

12.417

6.469 2.476 199

55.554

EstadosUnidos

(1º)

Japão (2º)

Alemanha(3º)

China(4º)

Repúblicada Coreia

(5º)

França(6º)

Reino Unido(9º)

Espanha(14º)

Portugal(36º)

Outros

Média UE (28): 2.991

33

Os líderes no registo de pedidos de patente europeia são os EUA, Japão, Alemanha, China e

República da Coreia, que juntos representam 71% de total de pedidos de patente europeia realizados

no IEP em 2013.

Gráfico 4. Patentes europeias concedidas e posição no ranking mundial (2013)

Fonte: Estatísticas IEP referentes ao ano de 2013. Para mais detalhe consultar o Anexo 5.

Relativamente às patentes europeias concedidas, Portugal ocupa a 42ª posição, num ranking liderado

pelos EUA e Alemanha. A Espanha está posicionada no 19º lugar e países como França, Itália e

Reino Unido, ocupam o 4º, 6º e 7º lugar, respetivamente.

Gráfico 5. Pedidos de patente europeia entregues por milhão de habitantes e posição no ranking mundial

(2013)

Fonte: Estatísticas IEP, World Bank e cálculos próprios referentes a 2013.

O Liechtenstein103

com 349 pedidos, lidera o número de pedidos de patente europeia por milhão de

habitantes, seguido pela Suíça, Luxemburgo e Alemanha. De realçar que o Reino Unido, tal como

Espanha e Portugal estão abaixo da média europeia com 101, 53 e 19 pedidos de patente europeia

por cada milhão de habitantes, respetivamente.

103

O Liechtenstein lidera o ranking com uma população composta por 36.925 habitantes.

14.877

13.425

12.133

4.910

2.668 2.353 2.064 1.883 395 26

11.973

EUA(1º)

Alemanha(2º)

Japão(3º)

França(4º)

Suíça(5º)

Itália(6º)

ReinoUnido(7º)

Holanda(9º)

Espanha(19º)

Portugal(42º)

Outros

986 972

397 206 188

101 53 19

Liechtenstein(1º)

Suiça(2º)

Luxemburgo(3º)

Alemanha(13º)

EstadosUnidos(18º)

França(21º)

Reino Unido(26º)

Espanha(33º)

Portugal(40º)

9.449

Média UE (28): 1.087

Média UE (28): 175

34

Gráfico 6. Patentes europeias concedidas por milhão de habitantes e e posição no ranking mundial (2013)

Fonte: Estatísticas IEP, World Bank e cálculos próprios referentes a 2013.

O Liechtenstein104

, com 113 patentes concedidas, lidera o número de patentes europeias concedidas

por milhão de habitantes. De realçar que os Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Portugal estão

abaixo da média europeia com 47, 32, 8 e 2 patentes europeias concedidas por cada milhão de

habitantes, respetivamente.

Tabela 4. Entidades com maior número de

pedidos de patente europeia em Portugal (2013)

Tabela 5. Entidades com maior número de pedidos de

patente europeia (2013)

Rank Entidade

N.º

pedidos

PCT

Rank Entidade

N.º

pedidos

PCT

1 Instituto Superior Técnico 7 1 Panasonic Corporation 2.839

2 Universidade de Lisboa 7 2 ZTE Corporation 2.309

3 Universidade de Aveiro 6

3 Huawei Technologies CO.,

LTD

2.110

4 Universidade do Minho 6 4 Qualcomm Incorporated 2.050

5 Universidade do Porto 6 5 Intel Corporation 1.871

6 Biosurfit, S.A. 4 6 Sharp Kabushiki Kaisha 1.839

7 Novadelta - Comercio e

Industria de Cafés S.A. 4

7 Robert Bosch Corporation

1.809

8 Universidade de Coimbra 4

8 Toyota Jidosha Kabushiki

Kaisha

1.698

9 Yd Ynvisible, S.A. 4 9 Ericsson 1.468

10 Portela & C.A., S.A. 3

10 Koninklijke Philips Electronics

N.V.

1.423

Fonte: Estatística WIPO referentes ao ano de 2013.

104

O Liechtenstein lidera o ranking com uma população composta por 36.925 habitantes.

330 324

167 74 47 32 8 2

Liechtenstein(1º)

Suiça(8º)

Luxemburgo(7º)

Alemanha(9º)

França(16º)

EstadosUnidos(21º)

Reino Unido(26º)

Espanha(37º)

Portugal(43º)

3.060

Média UE (28): 54

35

De salientar que as entidades com o maior número de pedidos registados de patente europeia são

grandes empresas multinacionais do sector de componentes para informática, telecomunicações,

automóveis e componentes para telemóveis. Como esperado, estes são sectores altamente

concorrenciais e onde é realizado um vasto investimento em pesquisa e desenvolvimento, para

encontrar novos produtos e componentes. As patentes protegem os resultados desta investigação e

permitem a estas empresas diferenciar os seus produtos e atividade dos restantes concorrentes nos

mercados em que atuam. São por este motivo um instrumento fundamental de estratégia empresarial.

Em Portugal, as entidades que mais registaram pedidos de patente europeia foram entidades de

ensino superior.

Gráfico 7. Pedidos de patentes por sectores em Portugal (1998-2013)

Fonte: Estatísticas WIPO entre 1998 e 2013.

Relativamente ao mercado português, entre 1998 e 2013, o pedido de registo de patente europeia é

dominado por empresas da indústria farmacêutica, de engenharia civil, do sector químico, da

biotecnologia e outras máquinas especiais. Em conjunto, estes sectores totalizam 36,22% do total de

pedidos de patentes.

Para finalizar, é necessário referir que, em Portugal, durante o ano de 2013, foram validadas 3.905105

patentes europeias.

105

Dados ACPI.

9,6%

8,4%

7,5%

5,4%

4,9%

4,4%

4,3%

4,2%

3,6% 3,5%

44,3%

Farmacêuticas

Engenharia Civil

Química orgânica fina

Biotecnologia

Outras máquinas especiais

Tecnologia médica

Móveis e jogos

Transporte

Engenharia Química

Medição

Outros

36

3.1 Metodologia

O presente estudo visa avaliar o impacto nas empresas portuguesas da introdução, em Portugal, da

patente europeia com efeito unitário (PEU) e do Tribunal Unificado de Patentes (TUP).

Não existindo uma metodologia de avaliação de impacto regulatório aprovada em Portugal, a presente

avaliação de impacto segue os seguintes princípios gerais:

Os pressupostos da análise devem ser claramente explicitados;

Será sempre indicada a fonte dos dados e, nos casos aplicáveis, a metodologia de pesquisa ou de

cálculo utilizada;

Serão examinados os custos e benefícios da introdução da PEU e do TUP, tendo como ponto de

partida a situação anterior à sua adoção;

As estimativas de custos e benefícios, sempre que possível, têm em consideração as

opiniões/recomendações de especialistas;

Os resultados da avaliação do impacto devem ser apresentados, sempre que possível, de forma

quantificada. Se tal não for possível, deverá ser feita uma avaliação qualitativa do seu impacto.

Seguindo os princípios gerais de avaliação do impacto mencionados serão examinados dois cenários

possíveis relativos à introdução da PEU106

e adesão ao TUP:

Para simplificação do modelo de avaliação de impacto, assumimos que os prazos de adoção da PEU

e de implementação do TUP foram determinados com base na data prevista para a entrada em vigor

106

Portugal poderá ainda não aderir ao sistema, uma vez que o efeito unitário só se aplicará aos países que, além

de terem assinado a decisão de cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária,

ratificarem o Acordo referente ao TUP, de acordo com o Artigo 18.º, nº2 do Regulamento referente à PEU.

0Hipótese

Não adoção por Portugal da

PEU e a não ratificação do

Acordo referente ao TUP

1Hipótese

Adoção por Portugal da

PEU e ratificação do

Acordo referente ao TUP

3. Avaliação do Impacto Patente Europeia com Efeito Unitário

37

dos regulamentos107

: 10 de Janeiro de 2015108

. Foram também tidos em consideração os prazos

previstos para o período de transição: 12 anos para a PEU109

e 7 anos para o TUP110

.

O horizonte temporal utilizado para a avaliação do impacto foi de 20 anos (até 2034), o qual inclui o

período de transição previsto para a implementação da PEU e do TUP (12 e 7 anos, respetivamente)

e os anos seguintes. O horizonte temporal de 20 anos está, desta forma, também alinhado com o

prazo máximo de vigência de uma patente no mercado.

Os valores considerados no cálculo dos custos e benefícios foram obtidos a partir de diversas fontes

de informação consideradas relevantes:

Pesquisa documental e de bases de dados;

Entrevistas a empresas privadas e instituições de ensino superior;

Consulta a especialistas em propriedade intelectual.

3.1.1 Descrição das hipóteses analisadas

Hipótese 0 - Não adoção por Portugal da PEU e não

ratificação do Acordo referente ao TUP

Esta hipótese pressupõe que Portugal não adere à

PEU e não ratifica o Acordo referente ao TUP. Assume

também que o sistema de patente europeia com efeito

unitário será criado e incluirá 23 Estados-Membros da

UE (exceto Portugal, Espanha, Polónia e Itália)111

.

Neste contexto, as empresas portuguesas poderão

optar, para o registo das suas patentes, por qualquer

uma das várias soluções existentes (nacional,

europeia, europeia com efeito unitário e internacional),

contudo, o território nacional não será abrangido de forma automática pela PEU. Por este motivo,

qualquer entidade, nacional ou estrangeira, que queira obter proteção no mercado nacional terá de o

fazer recorrendo à patente nacional ou patente europeia (validada em Portugal).

A não adesão de Portugal ao Acordo referente ao TUP implicará ainda que os litígios relacionados

com violações de patentes europeias, que tenham lugar em território português, estarão sujeitos à

jurisdição nacional e Portugal não terá de contribuir para o financiamento do TUP.

Contudo, eventuais infrações de PEU cometidas por entidades portuguesas no território dos EMC

estarão sujeitas à jurisdição do TUP.

107

Regulamento referente à PEU e Regulamento referente à tradução, Regulamento (UE) nº 1257/2012 e

Regulamento (UE) nº 1260/2012, respetivamente. 108

O Acordo (UE) n.º 1215/2012 regula a jurisdição e o reconhecimento da aplicação das decisões em matérias

civis e comerciais. Este Acordo foi publicado em 20 de Dezembro de 2012 e entrará em vigor a 10 de Janeiro de

2015 (Artigo 81.º do Acordo (UE) n.º 1215/2012). O sistema de patente com efeito unitário entrará, então, em vigor

a 10 de Janeiro de 2005 ou quando 13 Estados-Membros ratificarem o Acordo. 109

Considerando 13 do Regulamento referente à PEU. 110

Artigo 83.º do Acordo referente ao TUP. 111

Uma vez que a Polónia não assinou o Acordo referente ao TUP e a PEU só produzirá efeito automático nos

países que ratificarem o Acordo referente ao TUP, considera-se que a Polónia não fará parte dos EMC.

0Hipótese

Não adoção por Portugal da

PEU e a não ratificação do

Acordo referente ao TUP

38

Hipótese 1 - Adoção por Portugal da PEU e

ratificação do Acordo referente ao TUP

Esta hipótese assenta no pressuposto de que

Portugal adere à PEU e ratifica o Acordo referente

ao TUP.

Assume-se que, nesta circunstância, o sistema

abrangerá 24 Estados-Membros da UE (com

exceção da Polónia, Espanha e Itália). As empresas

portuguesas poderão continuar a beneficiar da

proteção conferida pelas patentes de âmbito

nacional, europeu e internacional, bem como da

recém-implementada solução PEU.

Neste contexto, as PEU concedidas terão efeito automático no território nacional.

Assume-se igualmente que Portugal ratifica o Acordo referente ao TUP e que será criada, em

Portugal, uma divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP112

. Assume-se também que os

processos relacionados com violações de patentes incorridas no território nacional decorrerão nesta

divisão local do TUP113

.

Portugal terá ainda de contribuir para o financiamento da implementação do TUP, à semelhança dos

restantes EMC114

. Neste caso, considera-se que também a Itália terá de contribuir para o

financiamento do TUP, uma vez que assinou o respetivo Acordo.

112

Uma divisão local poderá ser criada em qualquer país que ratificou o Acordo referente ao TUP. Segundo a

opinião de especialistas em propriedade intelectual, o número de processos de litígio de patente em Portugal

justifica a construção de uma divisão local em Portugal. Consideramos, assim, que Portugal terá uma divisão local,

embora ainda não seja conhecida uma decisão definitiva por parte das Autoridades Portuguesas relativamente a

esta matéria. 113

De acordo com o Artigo 33.º, n.º 1, os processos poderiam decorrer na divisão local do país onde ocorra a

infracção ou no país do requerido. Para efeitos da presente avaliação de impacto, considera-se que os processos

decorrerão em Portugal para infracções ou alegadas infracções cometidas em território nacional. 114

No Artigo 37.º, n.º 3 e n.º 4 do Acordo Referente ao TUP: “No período transitório inicial de sete anos a contar da

entrada em vigor do presente Acordo, a contribuição de cada EMC que tenha ratificado ou aderido ao Acordo antes

da sua entrada em vigor é calculado com base no número de patentes europeias que produzem efeitos no território

desse Estado na data de entrada em vigor do presente Acordo e no número de patentes europeias que são objeto

de ações por violação ou extinção intentadas perante os tribunais nacionais desse Estado-Membro nos três anos

anteriores à entrada em vigor do presente Acordo. No mesmo período transitório inicial de sete anos, as

contribuições dos Estados-Membros que ratificam ou aderem ao presente Acordo após a sua entrada em vigor são

calculadas com base no número de patentes europeias que produzem efeitos no território desses Estados-

Membros na data da respetiva ratificação ou adesão e no número de patentes europeias que são objeto de ações

por violação ou extinção intentadas perante os tribunais nacionais daqueles Estados-Membros nos três anos

anteriores à respetiva ratificação ou adesão. Findo o período transitório inicial de sete anos, espera-se que o

Tribunal esteja em condições de se autofinanciar; todavia, caso venham a ser necessárias contribuições dos EMC,

estas deverão ser determinadas de acordo com a chave de repartição das taxas anuais de renovação de patentes

europeias com efeito unitário aplicável quando a contribuição se torna necessário.”

1Hipótese

Adoção por Portugal da

PEU e ratificação do

Acordo referente ao TUP

39

A tabela seguinte apresenta algum detalhe de cada uma das hipóteses consideradas, por forma

facilitar o entendimento sobre cada uma e as diferenças entre si:

Tabela 6. Tabela comparativa das hipóteses de análise consideradas

Hipótese 0 Hipótese 1

Adesão à PEU e ratificação do Acordo

referente ao TUP Não Sim

Criação do sistema de patente europeia com

efeito unitário Sim

Alcance Territorial da PEU

UE27 exceto

Portugal, Polónia,

Espanha e Itália

UE27 exceto Polónia,

Espanha e Itália

Entidades portuguesas podem beneficiar da

PEU Sim

115

Patentes vigentes em Portugal Patentes nacionais e PE

validadas em Portugal116

Patentes nacionais, PE validadas

em Portugal e PEU117

Processos de violação de PE, que ocorram

em Portugal Tribunais Nacionais

TUP

Processos de violação de PEU, que ocorram

em Portugal Não aplicável

Processos de violação de PE e PEU por

empresas portuguesas, com lugar fora do

território nacional

TUP;

Tribunais Nacionais em Espanha e Polónia (apenas no

caso de patentes europeias validadas nestes territórios).

3.1.2 Pressupostos metodológicos

De seguida, apresentam-se os pressupostos metodológicos utilizados para a avaliação do impacto no

tecido empresarial português da introdução da PEU e adesão ao TUP em Portugal. Estes

pressupostos encontram-se divididos em:

Pressupostos gerais;

Pressupostos relativos à evolução do número de PE e PEU;

Pressupostos relativos ao cálculo de outros benefícios e custos relacionados com a PEU;

Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos relacionados com processos judiciais;

Pressupostos assumidos para análise dos custos de ajustamento das estruturas existentes ao

novo sistema.

115

As entidades portuguesas podem sempre beneficiar da PEU. Contudo, no caso da Hipótese 0, as PEU

concedidas não têm validade automática em território nacional. 116

A estas acrescem as patentes internacionais validadas em território nacional, mas que são excluídas para

efeitos da avaliação de impacto. 117

Idem.

40

Pressupostos gerais

i. Foram considerados apenas os benefícios e os custos que diferem entre as duas hipóteses

de análise consideradas, razão pela qual não se deve assumir que foram considerados e

explicitados todos os custos e benefícios potenciais incorridos em cada hipótese;

ii. A exceção de Portugal, cuja adesão depende da hipótese em análise, considera-se que a

PEU entrará em vigor em todos os países que assinaram o acordo de cooperação reforçada

no domínio da criação da proteção de patente unitária e assinaram o Acordo referente ao

TUP118

;

iii. Na hipótese 0, considera-se que, mesmo sem a adesão de Portugal à PEU e não ratificação

do Acordo referente ao TUP, os empresários portugueses poderão beneficiar da PEU, uma

vez que a PEU estará em vigor nos restantes 23 países da UE (com exceção de Portugal,

Polónia, Espanha e Itália);

iv. Assume-se que a PEU entrará em vigor no início de 2016;

v. Considera-se ainda que a publicação das primeiras menções de concessão de PEU pode

ocorrer logo no ano de entrada em vigor da solução, para pedidos de patente europeia

entregues previamente e que sejam decididos nesse momento;

vi. Assume-se também que, na Hipótese 1, será criada em Portugal uma divisão local do

Tribunal de Primeira Instância do TUP, embora ainda não seja conhecida uma decisão neste

sentido por parte de Portugal;

vii. A evolução da taxa de inflação foi assumida de acordo com os valores apresentados na

seguinte tabela119

:

2015 2016 2017 2018 2019 em diante

0,9% 1,4% 1,6% 1,7% 1,7%

viii. Para o cálculo dos cash flows associados a alguns dos custos e receitas estimadas foi

aplicado um método de cálculo, frequentemente utilizado em avaliações de projetos de

investimento, o valor atual líquido (doravante designado por VAL). O VAL tem como objetivo

avaliar a viabilidade de um projeto de investimento através do cálculo do valor atual de todos

os seus “cash flows” futuros. Os cash flows futuros foram atualizados à taxa de desconto de

6%120

para o horizonte temporal definido;

118

Conforme listados no capítulo 2 do presente estudo (países da UE, à exceção da Polónia, Itália e Espanha). 119

The Economist Intelligence Unit Forecast, inflation EU28. 120

De acordo com Despacho n.º 13208/2003, de 25 de Junho (Ministério das Finanças), respeitante à taxa de

desconto e às projeções de inflação. Este despacho estima que a taxa de desconto real a ser usada na avaliação

dos projectos públicos seja de 4% somando a taxa de inflação fixada em 2%. Para efeitos de simplificação esta

taxa será usada para comparar as hipóteses que dizem respeitantes ao INPI, Orçamento do Estado e empresas

abrangidas.

A

41

Pressupostos relativos à evolução do número de PE e PEU

Para que as patentes europeias concedidas se mantenham em vigor é necessário pagar, anualmente,

uma taxa de manutenção, cujo montante aumenta a cada ano do período de vigência da patente. Se o

titular da patente não pagar a respetiva taxa de manutenção, esta perderá a sua validade.

O IEP disponibiliza, anualmente, os dados relativos ao número de pedidos efetuados e patentes

europeias concedidas. Considerando que uma patente tem uma vigência máxima de 20 anos e que,

anualmente, muitas patentes europeias caducam, assume-se que o número de patentes em vigor num

determinado ano é igual ao número de patentes concedidas nos nove anos anteriores e no próprio

ano (num total de 10 anos).121

121

Dados obtidos através do estudo “Commission Staff Working Paper Impact Assessment Accompanying

document to the Proposal for a Regulation Of The European Parliament And The Council implementing

enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent protection and Proposal for a Council Regulation

implementing enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent protection with regard to the

applicable translation arrangements, {COM(2011) 215}, {COM(2011) 216}, {SEC(2011) 483} Brussels, SEC(2011)

482/2” (doravante referido como “CSWP”).

B

42

No que concerne à estimativa de evolução do número de PE e PEU assumiram-se os seguintes

pressupostos:

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

moderado

Cenário

pessimista

Taxa de crescimento anual dos

pedidos de patente europeia que

dão entrada no IEP

2015-2034 5,89%122

5,89%123

4,35%124

Taxa de crescimento de patentes

europeias concedidas pelo IEP 2015-2034 6,45%

125 6,45%

126 1,43%

127

Taxa de crescimento anual de

patentes europeias validadas em

Portugal

2014-2015

0,62%128

0,62%129

0,31%130

2016-2034

Considera-se que as

necessidades de validação de PE

em Portugal são totalmente

cobertas pelas PEU em vigor.131

Taxa de crescimento anual das

patentes europeias em vigor em

Portugal

2014-2034

-1,38%132

-1,38%

Após 2016

Considera-se um decréscimo à

taxa de 10% ao ano,

correspondente, ao fim do seu

período de vida útil.133

122

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e

2013. Dados obtidos no IEP. 123

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e

2013. Dados obtidos no IEP. 124

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2004 e

2013. Dados obtidos no IEP. 125

Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.

Dados obtidos no IEP. 126

Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.

Dados obtidos no IEP. 127

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2004

e 2013. Dados obtidos no IEP. 128

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 129

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 130

No cenário pessimista considera-se que a taxa de crescimento a aplicar é metade do que a verificada no cenário

moderado. Assume-se um pressuposto diferente do aplicado nos restantes critérios, uma vez que a taxa de

crescimento verificada no período 2004-2013 é negativa. 131

Dado o número reduzido de patentes europeias que são, atualmente, validadas em Portugal, considera-se que,

no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades

de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de

PE no mercado nacional. 132

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias em vigor em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados fornecidos pela ACPI. 133

Dado o número reduzido de patentes europeias que estão, atualmente, em vigor em Portugal, considera-se que,

no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades

de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de

PE no mercado nacional.

43

Para estimar o número de PEU em vigor, a partir de 2016134

, assumiu-se o seguinte pressuposto:

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

Moderado

Cenário

Pessimista

Número de PEU em vigor na

Europa

2016-2018 30% das Patentes europeias concedidas anualmente

2018-2034 50% das Patentes europeias concedidas anualmente

Pressupostos relativos ao cálculo de outros benefícios e custos relacionados

com a PEU

Da introdução da PEU decorrerão ainda outras alterações com impacto quantificado, ao nível dos

custos e benefícios. Os pressupostos aplicáveis são os seguintes:

Pressupostos relativos à receita relacionada com o registo e manutenção de patentes

europeias para o Estado Português:

Para estimar a receita arrecadada pelo INPI com os pedidos de patente europeia e proveitos

associados à sua manutenção assume-se o seguinte pressuposto, válido para as duas hipóteses

de análise colocadas:

Rendimento unitário por

patente europeia para o

INPI

Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

Moderado

Cenário

Pessimista

Validação 2015-2034 52,25€

135,

atualizado anualmente com base na taxa de inflação.

Manutenção 2015-2034 106€

136,

atualizado anualmente com base na taxa de inflação.

134

Com a entrada em vigor da PEU no início de 2016, considera-se que é a partir desse momento que as patentes

europeias concedidas podem ser convertidas em PEU; 135

Valor obtido com base na taxa cobrada pelo INPI para pedidos de validação, considerando que 100% dos

pedidos são submetidos em formato digital. Os pedidos realizados em papel, segundo a opinião de especialistas

consultados sobre esta matéria, são residuais. 136

Calculado com base na média das anuidades aplicadas pelo INPI para a manutenção nos primeiros 10 anos.

C

44

É necessário referir que 50% das receitas arrecadadas relativas à manutenção das PEU serão

retidas no IEP para cobrir custos de manutenção do instituto e os restantes 50% serão distribuídos

pelos vários EMC137

, de acordo com a aplicação de critérios de distribuição (é a partir desta

parcela que se calcula a receita a transferir para o INPI na Hipótese 1).

À data de elaboração do presente estudo, estes critérios não são ainda claros, pelo que foram

assumidos alguns pressupostos, definidos em conformidade com o disposto no Regulamento

referente à PEU, bem como com a opinião de especialistas138

nesta matéria.

Critério139

Período de

análise Ponderador Pressuposto

Número de pedidos de registo de patente

europeia 2016-2034 45% 0,26%

140

Dimensão do mercado português 2016-2034 45% 2,93%141

Compensação dos EMC, cuja língua oficial

não seja uma das línguas oficiais do IEP142

2016-2034 10% 0,625%

143

O ponderador indicado na tabela anterior é utilizado para repartir os 50% do total de receitas

obtidas pelo IEP relativas à manutenção de PEU pelos diferentes critérios identificados.

Pressupostos relativos a custos com a elaboração estudos de não violação de patentes

Uma empresa ou entidade com atividades relacionadas com I&I&D, antes de investir nas mesmas,

deve analisar as patentes que estão, nesse momento, em vigor no mercado em que atua ou

noutros países em que tenha interesse comercial ou produtivo relevante.

É necessário analisar cada base de dados de patentes de forma detalhada e, por este motivo,

estes estudos são, com frequência, encomendados a organismos com competência para conceder

patentes ou a agentes de propriedade industrial.

Uma vez que as taxas cobradas pelo IEP para proceder à elaboração destes estudos são fixas,

assume-se que as mesmas não irão sofrer alterações com a entrada em vigor da PEU e que, por

esse motivo, não existirá diferença entre as várias hipóteses analisadas. A taxa de pesquisa

cobrada pelo IEP é de 1.285€144

.

137

De acordo com o Artigo 13.º, n.os

1 e 2 do Regulamento referente à PEU, Portugal só terá direito a esta parcela

no caso da Hipótese 1. 138

“A patente europeia de efeito unitário – consequências para a economia portuguesa”. Dezembro 2013, ACPI 139

Artigo 13.º do Regulamento referente à PEU 140

Através do número de pedidos de patente europeia efetuados, em 2013, junto do IEP, obteve-se a percentagem

relativa a Portugal e calculou-se a proporção relativa face aos 24 EMC. 141

Taxa calculada com base no peso do número de habitantes de cada EMC no total de habitantes do total dos

EMC, ou seja, foi calculada em função da população abrangida por uma PEU em determinado EMC. 142

O Artigo 13.º, n.º 2, alínea c) do Regulamento referente à PEU prevê que esta compensação seja devida por a

língua oficial de determinado EMC ser distinta das línguas oficiais do IEP; Nível de actividade de registo de

patentes seja desproporcionalmente baixo ou cuja adesão à OEP seja relativamente recente. Para efeitos do

presente estudo consideram-se apenas os países cuja língua oficial é diferente da do IEP. 143

Taxa calculada multiplicando 50% das receitas provenientes das taxas de manutenção das PEU, pelo

ponderador (20%) a dividir pelos 16 Estados-Membros que aderiram ao Acordo referente ao TUP, cuja língua

oficial, não é, uma das línguas oficiais do IEP. (Bulgária, Chipre, Republica Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia,

Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Holanda, Itália, Portugal, Roménia, Eslovénia e Eslováquia). 144

Taxa publicada na página do IEP http://www.epoline.org/portal/portal/default/epoline.Scheduleoffees

45

Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos relacionados com

processos judiciais

Face à reduzida disponibilidade de dados relacionados com litígios de patentes (quer em Portugal,

quer fora do território nacional), a estimativa deste custo foi realizada tendo por base o custo de um

processo de litígio de uma ação de anulação de patente na Alemanha145

.

Os custos médios (com advogados, agentes da propriedade intelectual e custas de tribunais) variam

de acordo com o valor do processo em causa:

Valor do

processo 250.000 € 500.000 € 750.000 € 1.000.000 € 1.250.000 € 1.500.000 €

Custos Valor % Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

Advogados146

5.633 € 32% 8.033 € 25% 9.908 € 25% 11.783 € 25% 15.533 € 25% 19.283 € 24%

Agentes de

propriedade

intelectual147

5.633 € 32% 8.033 € 25% 9.908 € 25% 11.783 € 25% 15.533 € 25% 19.283 € 24%

Custas do

Tribunal148

6.312 € 36% 15.912 € 50% 19.962 € 50% 24.012 € 50% 32.112 € 51% 40.212 € 52%

Total 17.578 € 100% 31.978 € 100% 39.777 € 100% 47.578 € 100% 63.177 € 100% 78.778 € 100%

O peso assumido para o cálculo do custo médio de um processo litígio de uma ação de anulação de

patente foi calculado com base na média dos pesos de cada um dos tipos de custos no total de custos

(tabela anterior), por valor do processo, de acordo com a seguinte tabela:

Advogados Agentes de propriedade

intelectual Custas do Tribunal Total

26% 26% 48% 100%

O valor do processo é o valor do interesse económico do processo atribuído por quem o instaura e é

distinto do valor da eventual indemnização a ser aplicada149

.

145

“Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers” (2013 e atualizado

em 16.04.2014). 146

Os custos relativos a advogados, agentes oficiais de propriedade intelectual e custas do tribunal relativos a uma

ação de anulação de patente foram retirados do estudo: “Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark

and Design Attorneys Lawyers” (2013 e atualizado em 16.04.2014) do “Federal Patent Court” alemão. 147

Idem. 148

Idem

149 No caso da Alemanha o valor da indemnização é até determinado por um Tribunal Especializado designado por

“Infringement Court”.

D

46

Adicionalmente considera-se que, em caso de ser interposto recurso da decisão do Tribunal de

Primeira Instância, o total de custos incorridos irão duplicar. A este propósito, apurou-se ainda que,

42% dos processos totais de litígio com patentes europeias transitam do Tribunal de Primeira

Instância para o Tribunal de Recurso.150

Para estimar as custas com tribunais a considerar como pressuposto do presente estudo foi assumido

como pressuposto os valores publicados pela Comissão Europeia151

de acordo com uma análise de

sensibilidade para três cenários:

Cenário Ação por

violação

Pedido

reconvencional

de anulação

Ação de

anulação Recurso

Recurso contra

decisão

temporária

Otimista 3.000 € 2.000 € 3.000 € 6.000 € 3.000 €

Moderado 6.000 € 4.000 € 6.000 € 9.000 € 4.500 €

Pessimista 12.000 € 7.000 € 12.000 € 20.000 € 10.000 €

Utilizando a média das custas com o tribunal para uma ação de anulação entre o cenário moderado e

pessimista (valores assinalados na tabela anterior e que são estimados pela Comissão Europeia para

o TUP) e os pesos dos vários custos incorridos num processo de anulação (determinados na página

anterior e que se reportam à Alemanha), os custos médios de um processo de litígio para uma ação

de anulação no TUP são assumidos de acordo com os valores indicados na seguinte tabela:

Advogados Agentes da propriedade

intelectual Custas do Tribunal Total

4.868 € 4.868 € 9.000 € 18.736 €

No que concerne às indemnizações a serem eventualmente devidas, assume-se como pressuposto os

custos mínimos e máximos incorridos num processo de litígio de patentes para os seguintes países

indicados152

:

Custo Reino Unido França Alemanha Espanha Holanda Itália

Mínimo 150.000 € 50.000 € 50.000 € 50.000 € 60.000 € 200.000 €

Máximo 1.500.000 € 200.000 € 250.000 € 100.000 € 200.000 € 400.000 €

Existem, contudo, opiniões muito divergentes das apresentadas no estudo “Meissner Bolte, German

and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers”: Kevin Mooney, Chairman of the

Committee tasked with drafting the Rules and Procedure of the Unified Patent Court, estima que os

custos com advogados em processos de litígio de patentes no TUP poderão ascender a valores entre

150

Dados recolhidos através da média das taxas de processos resolvidos no Tribunal de Primeira Instância e de

Segunda Instância em França, Alemanha e Reino Unido. "Patent Litigation Across Europe" Stuart J.H. Graham &

Nicolas Van Zeebroeck, 2014, Table 6 pp.688. 151

“Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified

Patent Court, 2011”. 152

"Patent Litigation Across Europe" Stuart J.H. Graham & Nicolas Van Zeebroeck, 2014.

47

500.000€ e 4.000.000€153

. A ACPI concorda com a perspetiva apresentada por Kevin Mooney e

aconselha as empresas a constituírem uma provisão para litígios de patentes no valor de 1.000.000€.

A divisão central do Tribunal de Primeira Instância do TUP estará localizada em Paris, com secções

em Londres e em Munique e são, neste momento, ainda desconhecidas as localização de eventuais

divisões regionais e locais. Sabe-se ainda que o Tribunal de Recurso se localizará no Luxemburgo,

mas não foram encontrados dados relativos aos custos com processos de litígios de patentes para

este país.

Pressupostos assumidos para o cálculo dos custos de ajustamento

Os custos de ajustamento calculados incluem:

153

Seminário promovido pela ERA – Academy of European Law, Dezembro/2014, em Londres.

E

a) Custos de formação dos funcionários do

INPI e das entidades dos sectores com mais

patentes registadas (Hipótese 0 e Hipótese

1)

c) Contribuições anuais iniciais dos

EMC que ratificarem o Acordo

referente ao TUP para financiar a sua

atividade nos primeiros anos de

implementação (Hipótese 1). Após o

período de transição, o TUP deverá

autofinanciar-se de acordo com o

previsto no Artigo 37.º do Acordo

referente ao TUP

b) Custos relativos à manutenção da

divisão local do Tribunal de Primeira

Instância do TUP em Portugal

48

a) Custos de formação

O custo médio assumido para a formação de uma pessoa, em 2015, é de 500€154

. Para os anos

seguintes, este valor foi atualizado com base na taxa de inflação prevista e definida nos

pressupostos gerais.

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

Moderado

Cenário

Pessimista

N.º entidades a frequentar

as ações de formação 2015-2034 2.271

155 4.650

156 2.271

157

Funcionários do INPI 2015-2034 108158

108159

108160

Assume-se que os representantes das empresas e funcionários do INPI irão receber formação nos

3 primeiros anos de entrada em vigor do Sistema de patente europeia com efeito unitário e, nos

anos subsequentes, irão atualizar os conhecimentos de 5 em 5 anos.

b) Pressupostos relativos à manutenção de uma divisão local do Tribunal de Primeira

Instância do TUP em Portugal

Assume-se que este tribunal será capaz de autofinanciar a sua atividade a partir de 2021, ou seja,

demorará 7 anos (equivalente à duração prevista do período de transição) até ser possível

autofinanciar-se.

Durante o mesmo período, assume-se que o custo de manutenção da divisão local do Tribunal de

Primeira Instância do TUP incluirá o custo dos salários dos juízes a si afetos, bem como os custos

administrativos e o aluguer das infraestruturas161

.

O total de funcionários adstritos à divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP que se

assume localizado em Portugal será:

1 juiz com formação jurídica de nacionalidade portuguesa;

2 juízes com formação jurídica de outra nacionalidade 162

;

2 administrativos.

O Acordo referente ao TUP prevê ainda a possibilidade de, a pedido de uma das partes ou a

pedido do próprio painel de juízes, ser indicado um juiz técnico, com qualificações e experiência no

154

Montante estimado com base nas inscrições em ações de formação providenciadas pelo IEP e tempo médio

despendido nas mesmas. Calculado, somando o valor da inscrição numa sessão de formação de dois dias e

custo/hora do trabalhador para a empresa nesses dois dias. Pressuposto assumido com base no Estudo “Analysis

of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary patent protection in Poland”

realizado pela Deloitte Polónia. 155

Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes

registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 156

Número total de entidades do sector com mais patentes registadas. Cálculo efectuado com dados

disponibilizados pelo IEP e INE. 157

Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes

registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 158

Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para

2015. 159

Idem. 160

Idem. 161

O cálculo da renda das instalações para a divisão local do TUP foi realizado com base no Estudo Prime Watch

elaborado em 2013, onde prevê o custo de arrendamento por m2 das zonas de Lisboa. Consideramos que o

Tribunal se sedeará num espaço de 750m2. 162

De um ou dois outros EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP.

49

campo técnico em questão, para acompanhar um determinado processo. Como não existe uma

alocação deste juiz técnico a todos os processos da divisão local e como os juízes técnicos são

alocados de uma bolsa de juízes, o seu custo não é assumido como custo da divisão local.

Para calcular os custos relativos a salários, utilizam-se os valores disponibilizados pela Comissão

Europeia163

. Os custos totais anuais são os que se apresentam na tabela seguinte:

Salário Juiz Nacional Salário 2 Juízes

Estrangeiro

Salário 2

funcionários

Administrativos

Aluguer das

infraestruturas Total

116.200 € /ano164

304.400 € /ano165

44.000 € /ano166

180.000 € /ano 656.600 €

c) Contribuição anual inicial respeitante ao financiamento do TUP

Relativamente à contribuição anual inicial dos vários EMC que ratificarem o Acordo referente ao

TUP e que respeita ao seu financiamento, assume-se que serão apenas exigidas durante os 7

primeiros anos de implementação do TUP (Hipótese 1).167

Os custos totais do TUP obtidos168

e considerados para efeitos da avaliação de impacto são os

que de seguida se indicam:

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Custos totais do TUP 6,425 10,685 13,956 19,594 26,470 39,310 41,569

Contribuição total dos EMC 4,613 6,730 7,966 10,864 13,300 23,394 24,739

(milhões de euros)

O valor da contribuição total para 2020 e 2021 foram estimados com base no peso médio da

contribuição no total de custos previstos para o TUP entre 2015 e 2019 (valores assinalados a

verde na tabela anterior):

2015 2016 2017 2018 2019 2020 e 2021

Peso da contribuição nos

custos totais do TUP 72% 63% 57% 55% 50% 60%

163

Os salários dos juízes foram calculados com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and

Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 164

O salário do juiz nacional foi calculado com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and

Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 165

O salário do juiz de nacionalidade estrageira foi calculado adicionando 30% do salário base de um juiz nacional,

correspondente ao subsídio de expatriação. Cálculo efetuado com base no estudo: “Preliminary Findings of DG

Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 166

O salário dos funcionários administrativos foi calculado com base em na informação disponibilizada no Portal do

Governo para um funcionário de apoio técnico administrativo. 167

O estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the

Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011” aponta para o autofinanciamento do TUP num período

de 5 anos. Contudo, por forma a alinhar com o período de transição estabelecido (prazo máximo previsto para a

contribuição dos EMC) consideramos no presente estudo que o TUP se autofinancia em 7 anos. 168

Estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload

and financing of the Unified Patent Court, 2011”.

50

Assume-se ainda que, na Hipótese 1 cenário moderado, apenas 25169

países irão ratificar o Acordo

referente ao TUP e que, na Hipótese 1 cenário pessimista, apenas o número de países

obrigatórios para o sistema entrar em vigor o ratificam (13 países).

3.2 Custos associados à obtenção e manutenção de uma PE vs PEU

O sistema de proteção de patente europeia com efeito unitário é introduzido com o intuito de beneficiar

as empresas inovadoras que investiram em investigação e conceder-lhes um monopólio

territorialmente alargado (válido nos países que assinaram os Regulamentos referentes à PEU) pelo

período de vigência da patente, procurando promover e incentivar a inovação e I&I&D no seio do

tecido empresarial.

Atualmente, as entidades que pretendam obter uma patente europeia devem ter em consideração,

nomeadamente, os seguintes aspetos:

Procedimentos e requisitos legais para a obtenção de uma patente europeia;

Seleção dos países onde pretendem validar a mesma;

Taxas a serem pagas: relativas ao pedido, validação e manutenção da mesma;

Outros custos associados com a tradução para as línguas oficiais dos países em questão e com a

pesquisa e análise sobre patentes já concedidas.

De seguida é apresentada uma estimativa dos custos aproximados de obtenção e de manutenção de

uma PE e de uma PEU. Os custos associados a obtenção de uma PEU não estão ainda fixados pelo

que se utilizará, para efeitos comparativos, os valores disponibilizados pela Comissão Europeia no

documento “"Classic" european patent versus new unitary patent” (2013)170

.

169

Países que assinaram a decisão UE relativa à cooperação reforçada no domínio da criação da protecção de

patente unitária, à excepção da Polónia (que não assinou o Acordo referente ao TUP) e adicionalmente incluindo a

Itália (que apesar de não ter aderido à PEU, assinou o Acordo referente ao TUP, embora não o tenha para já

ratificado). 170

Documento publicado na página de perguntas e respostas da Comissão Europeia, cuja última atualização data

de Outubro de 2014. http://ec.europa.eu/internal_market/indprop/patent/faqs/index_en.htm#maincontentSec11

51

Tabela 7. Comparação do custo de registo e manutenção de uma PE e uma PEU

Tipo de

patente Países

171

Custo de

registo172

Custo de manutenção Custos totais

para uma

patente com

vida útil de 10

anos

Vida útil 10

anos173

Vida útil 20

anos174

PE

Alemanha 4.595 € 1.420 € 13.170 € 6.015 €

Alemanha, Reino Unido e França 4.595 € 3.435 € 26.344 € 8.030 €

Alemanha, Reino Unido, França,

Holanda e Portugal 5.995 € 6.032 € 43.889 € 12.027 €

Alemanha, Reino Unido, França,

Holanda, Portugal, Bélgica,

Suécia, Hungria, Dinamarca e

Irlanda

9.495 € 16.225 € 80.725 € 25.720 €

Nos 24 países da UE que

assinaram a decisão de

cooperação reforçada e

assinaram o acordo referente ao

TUP175

18.595 € 31.805 € 169.141 € 50.400 €

PEU

No período de transição 6.425 €176

6.032 €177

43.889 €

12.457 €

Após do período de transição 4.725 €178

10.757 €

Fonte: Cálculos próprios com base em taxas de manutenção de cada país e estimativas da Comissão Europeia

para os custos de manutenção da PEU através do estudo: “"Classic" European Patent versus new Unitary patent”.

Analisando o quadro comparativo anterior, a PEU terá, no decurso do período de transição, um custo

total ligeiramente superior ao de uma PE validada em 5 países e, findo este período, o custo total da

PEU será ligeiramente inferior ao da PE validada nos mesmos 5 países. De acordo com o artigo: "How

171

Países selecionados para realização do benchmark. 172

Os custos de registo de uma patente europeia foram calculados somando as taxas disponibilizadas pelo IEP

mais os custos de tradução estimados para uma patente europeia com 35 páginas. Para calcular as taxas de

registo de uma patente europeia em diversos países, somou-se o valor apurado para determinado país aos custos

de tradução para os países aplicáveis. Foram consideradas as dispensas de apresentação das traduções entre

países que têm em comum uma das línguas oficiais do IEP, de acordo com o estabelecido no Artigo 65.º do Acordo

de Londres. 173

As anuidades foram calculadas de acordo com as tabelas disponibilizadas pelos Institutos Nacionais de

Patentes de cada país. Os valores apresentados correspondem à soma das vigésimas anuidades de cada país

seleccionado. 174

As anuidades foram calculadas de acordo com as tabelas disponibilizadas pelos Institutos Nacionais de

Patentes de cada país. Os valores apresentados correspondem à soma das vigésimas anuidades de cada país

selecionado. 175

UE27 exceto Espanha, Itália e Polónia. 176

Valores disponibilizados pela Comissão Europeia através do estudo: "Classic" European Patent versus new

Unitary Patent”. 177

De acordo com o artigo: “Reddie and Grose” de Janeiro de 2013, a obtenção de uma PEU será benéfica para as

empresas que queiram proteger a sua patente em pelo menos 5 países. De acordo com o mesmo, assumimos que

os custos de manutenção de uma PEU são iguais aos de manutenção de uma patente europeia nos 5 países

selecionados para o benchmark. 178

Valores disponibilizados pela Comissão Europeia através do estudo: "Classic" European Patent versus new

Unitary patent”.

52

Much More Will the Unitary Patent Cost?"179

, 40% das patentes europeias são validadas, em média,

em 5 países, 8% entre 13 e 28 países e 2% em todos os países.

Se adicionalmente considerarmos a centralização dos processos junto do IEP, que constitui uma das

principais vantagens da PEU - uma vez que elimina a necessidade de validar individualmente a PE em

vários países, com procedimentos distintos em cada país e taxas aplicáveis, também elas distintas - a

PEU será vantajosa para cerca de 50% das patentes europeias validadas.

A concretização real deste benefício dependerá dos valores que vierem a ser efetivamente fixados

pelo IEP:

Acresce que, atualmente, se o requerente desejar validar uma patente europeia em 10 países, é

obrigado a realizar um conjunto de traduções, dependendo dos países abrangidos180

. Com o sistema

de patente europeia com efeito unitário apenas será obrigado a apresentar numa das 3 línguas oficiais

do IEP (inglês, francês e alemão).

As vantagens e desvantagens da patente europeia com efeito unitário serão descritos mais adiante,

contudo, importa reforçar que, do ponto de vista do custo da patente (e com base nos pressupostos

assumidos), o registo e manutenção de uma patente europeia com efeito unitário parece ser vantajosa

para entidades que registem patentes europeias e que as validem em pelo menos 5 países.

3.3 Avaliação do impacto

De seguida analisaremos os impactos da possível adoção da PEU por Portugal e ratificação do

Acordo referente ao TUP em diversos domínios de análise.

Os benefícios e custos são suportados pelos cálculos auxiliares apresentados no Anexo 2 do presente

estudo.

3.3.1 Análise dos benefícios

Tabela 8. Comparação dos benefícios nas hipóteses de análise consideradas

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Receita

arrecadada pelo

INPI

Incluem os rendimentos

provenientes de:

Atividade do INPI no

âmbito da emissão e

manutenção de patentes

nacionais registadas no

território nacional;

Atividade do INPI no

âmbito da emissão e

manutenção de patentes

europeias validadas em

Portugal.

Incluem os rendimentos

provenientes de:

Atividade do INPI no

âmbito da emissão e

manutenção de patentes

nacionais registadas no

território nacional;

Atividade do INPI no

âmbito da emissão e

manutenção de patentes

europeias validadas em

Portugal.

Atividade do IEP no

âmbito da manutenção de

PEU.

A hipótese 0 será mais

vantajosa, uma vez que as

receitas serão superiores nesta

hipótese, com base nos

pressupostos assumidos.

No dois cenários estimados (anexo

2) para a hipótese 1, o valor

estimado da receita para o INPI

será inferior à verificada na

hipótese 0 entre,

aproximadamente, 14,97 e 16,59

milhões de euros.

De realçar que os cálculos

realizados foram suportados em

vários pressupostos que, caso não

se verifiquem, podem alterar o

sentido da análise.

179

“Reddie and Grose” de Janeiro de 2013 180

De acordo com o Artigo 65.º do Acordo de Londres, alguns países, que têm uma língua em comum com o IEP,

dispensam os requisitos de tradução: França, Alemanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Suíça e Reino

Unido.

53

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Receitas

provenientes de

licenças (para

empresas ou

entidades

detentoras de

PEU)

A empresa detentora de uma patente pode ceder a utilização dos seus

direitos, sob a forma de uma licença. Uma vez que os empresários

portugueses, independentemente da adesão ou não ao sistema de

patente europeia com efeito unitário, terão a possibilidade de obter

uma PEU. Presume-se que as receitas provenientes das licenças de

todos os tipos de patente (nacional, PE e PEU) serão as mesmas para

ambas as hipóteses.

Pode, contudo, existir maior procura dada a maior abrangência

territorial.

Não aplicável, idêntico em ambas

as hipóteses consideradas.

Não considerando eventual

impacto do aumento da procura.

Imagem ou

prestígio (para

empresas ou

entidades

detentoras de

PEU)

Uma entidade detentora de uma patente (nacional, PE ou PEU) pode

ver o seu valor aumentar por simplesmente detê-la:

A patente pode ser avaliada;

É um ativo adicional;

Pode gerar receitas adicionais por via da concessão de licenças

de utilização de patentes detidas;

A detenção de uma patente também pode aumentar o valor da

empresa perante potenciais clientes ou investidores.

Uma vez que as entidades portuguesas, independentemente da

adesão ou não ao sistema de patente europeia com efeito unitário,

terão a possibilidade de deter uma PEU, presume-se que o benefício

neste domínio será o mesmo para ambas as hipóteses analisadas.

Não aplicável, idêntico em ambas

as hipóteses consideradas.

Acesso a novos

mercados

A validação automática de uma PEU num território mais alargado

poderia, numa primeira análise, beneficiar a entrada de uma entidade

nos países abrangidos pela PEU.

Contudo, e uma vez que a PEU será acessível a entidades

portuguesas, independentemente do cenário analisado, considera-se

que não existem diferenças substanciais neste domínio nas duas

hipóteses analisadas.

Não aplicável, idêntico em ambas

as hipóteses consideradas.

No entanto, de acordo com as

entrevistas realizadas, possuir uma

patente tem pouca influência nas

decisões sobre a entrada em

novos mercados geográficos. A

estratégia de exploração de novos

mercados, a dimensão do próprio

mercado e os recursos disponíveis

são tidos como os maiores

condicionantes.

Registo de

patentes

O registo de uma PE ramifica-se

a partir do momento em que é

necessário selecionar o conjunto

de países onde se pretende

efetuar a sua validação. Cada

país tem os seus organismos

competentes, requisitos,

processos e taxas aplicáveis,

tornando a gestão do processo

complexa.

A validação automática nos

vários EMC elimina a

diversidade de organismos

requisitos, processos e taxas

aplicáveis.

Conduz por este motivo à

simplificação do processo

administrativo inerente.

Devido à simplificação

administrativa que introduz,

considera-se a adesão à PEU

mais vantajosa.

54

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Anulação de

patentes

A anulação de uma patente

europeia em caso de litígio é

decidida nos tribunais nacionais

em cada país em que esta foi

concedida.

Anulação com efeito automático

no território alargado dos EMC,

decidida pelo TUP.

A hipótese mais favorável

dependerá sempre da perspetiva

em que o interessado se encontra.

No caso de ser o titular da patente

anulada, a hipótese mais vantajosa

será a Hipótese 0 uma vez que a

sua anulação ocorre

individualmente em cada país,

podendo até os tribunais nacionais

de cada país tomar decisões em

sentidos inversos. Caso o

interessado seja quem pretende

anular a patente, a Hipótese 1 será

a mais favorável.

Consideramos a Hipótese 1 mais

favorável, pela maior

simplicidade processual e

também pela maior

uniformização de regras que

potencialmente produz.

Uniformização

de regras e

interpretação

das leis

Os tribunais nacionais mantêm

as suas competências no âmbito

das PE validadas em território

nacional.

O TUP assume a competência

para processos de litígio

relativos a PEU e PE (exceto

Espanha).

É válido assumir que a

uniformização de regras e

interpretação será, à partida, mais

vantajosa num cenário de âmbito

territorial mais alargado do TUP,

pelo que a Hipótese 1 será mais

vantajosa.

3.3.2 Análise dos custos

Apresenta-se abaixo uma comparação dos custos incorridos em ambas as hipóteses de análise

consideradas:

Tabela 9. Comparação dos custos nas hipóteses de análise consideradas

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Custos de

registo e

manutenção de

patentes (PE e

PEU)

Conforme descrito no ponto 3.2 do presente estudo, calcula-se que o

custo associado à PEU será aproximado do custo associado a uma

PE validada em 5 ou mais países (ligeiramente superior no decurso do

período de transição e ligeiramente inferior findo este período). De

acordo com o estudo "How Much More Will the Unitary Patent

Cost?"181

será, nestas circunstâncias, vantajosa para cerca de 50%

das patentes europeias validadas.

De referir que a solução PEU estará disponível para entidades

portuguesas em qualquer uma das hipóteses analisadas, contudo, na

hipótese 0 a extensão ao território nacional exigirá uma PE validada

em Portugal.

A hipótese mais vantajosa

dependerá do número de países

em que se pretenda validar a

patente.

Poderão existir alterações à análise

deste domínio dependendo do valor

das taxas relativas à PEU que

vierem a ser fixadas pelo IEP.

181

Reddie & Grose, Janeiro de 2013

55

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Custos

relacionados

com a aquisição

de uma licença

de utilização de

uma patente

Quanto maior o número de patentes em vigor num dado mercado, maior

a probabilidade de uma empresa cometer, deliberada ou

inadvertidamente, uma violação a uma patente detida por outra

empresa.

A necessidade das entidades nacionais adquirirem licenças de utilização

de patentes em determinados mercados é potencialmente maior na

hipótese de adesão à PEU, dada a sua validação automática em

território nacional e aumento do número de PEU em vigor no mercado

nacional em determinado momento.

Não se assumem alterações no

custo das licenças de utilização

de patentes concedidas, mas é

possível que entidades portuguesas

se vejam obrigadas a recorrer com

maior frequência à sua utilização por

forma a evitar processos de litígio

(devido à maior abrangência

territorial da PEU).

Contudo, esta probabilidade verifica-

se em ambas as hipóteses

colocadas, uma vez que, mesmo na

Hipótese 0, as entidades podem ser

envolvidas em processos de litígio

de patentes desde que cometidas

no território de um dos EMC

(elevado peso do mercado

comunitário nas exportações

portuguesas obrigara em qualquer

uma das hipóteses a cuidados

adicionais neste sentido).

Custos de

verificação de

não violação de

patentes

Conforme descrito no ponto 3.1.2 do presente estudo, não se preveem

alterações das taxas cobradas pelo IEP para proceder à elaboração

destes estudos.

Contudo, com o alargamento do âmbito territorial introduzido pela PEU,

aumenta a necessidade de elaborar estes estudos, prevendo-se um

aumento dos custos totais que lhe estão associados.

Apesar de não se preverem

alterações do custo associado a

esta verificação, entende-se que,

com a introdução da PEU, estes

estudos sejam necessários com

maior frequência pelo que se

considera a Hipótese 0 mais

vantajosa.

56

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Custos

associados com

traduções

Para a validação de uma PE em

Portugal é necessário apresentar

uma tradução da descrição e das

reivindicações em Português,

tornando mais simples a sua

interpretação por parte das

entidades que atuam no território

nacional.

Adicionalmente, entidades

portuguesas que pretendam

validar uma PE noutros países

têm também de apresentar uma

tradução da patente para as

línguas oficiais desses países182

,

com exceção do disposto no

Acordo de Londres (alguns

países, que têm uma língua em

comum com o IEP, dispensam a

apresentação de traduções)183

.

A descrição da PEU será

publicada pelo IEP em inglês,

alemão ou francês.

Durante o período de transição,

se for efetuado um pedido de

PEU em alemão ou francês, uma

tradução da descrição e das

reivindicações estará sempre

disponível em inglês, apesar de

não ser a versão juridicamente

vinculativa.

Está igualmente contemplado que

as PME dos EMC beneficiarão do

reembolso dos custos incorridos

com a tradução até um

determinado limite (ainda não

definido)184

.

Após o período de transição, não

haverá a exigência de anexar a

versão em inglês, e estarão

disponíveis traduções

automáticas, procurando facilitar

a pesquisa de patentes185

.

No entanto, o sistema de tradução

automática provavelmente não irá

permitir a tradução adequada da

descrição da patente (como o

significado contextual).

Sendo necessárias menos

traduções no processo de registo

das patentes considera-se a

Hipótese 1 mais vantajosa.

Contudo, é possível que as

entidades nacionais, mesmo que

não detenham patentes, incorram

em custos adicionais de tradução

com a PEU por forma a acautelar

eventuais infrações de patentes em

vigor em território nacional.

Custos dos

processos

judiciais

A avaliação deste domínio é de difícil comparação dada a reduzida

disponibilidade de dados relativos a processos de litígio de patentes em

Portugal e na UE.

A comparabilidade do custo dos processos de litígio no TUP não poderia

ser realizada exclusivamente com Portugal, mas sim com um conjunto

de países, amostra esta de difícil harmonização, em cujos tribunais

nacionais estes processos normalmente decorreriam.

Foram apresentadas estimativas dos custos com base nalguns estudos

realizados, contudo, dada a inexistência de estudos que quantifiquem os

custos incorridos em processos idênticos em território nacional, não é

possível afirmar qual a hipótese mais vantajosa.

Adicionalmente, e pelos motivos anteriormente expostos, ainda que

Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, entidades

portuguesas podem ter em curso processos de litígio no TUP. Pelo que

a não ratificação do acordo não é impede as entidades portuguesas de

incorrerem nos custos judiciais que lhe estão associados.

Com a informação disponível à data

de elaboração do estudo não é

possível identificar claramente a

hipótese mais vantajosa a este

nível.

A confirmarem-se as opiniões

expostas do especialista nesta

matéria, Kevin Mooney, e com as

quais a ACPI concorda, os custos

com advogados para processos de

litígio de patentes no TUP poderá

variar entre 500.000€ e 4.000.000€.

Estes custos são muito elevados e

difíceis de suportar pela maioria das

empresas portuguesas.

182

Dos 38 países que subscrevem a CPE, de acordo com o Artigo 65.º, n.º 1 e n.º2 do CPE, a Áustria, Bélgica,

Bulgária, Chipre, República Checa, Estónia, Grécia, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Noruega, Polónia, Portugal,

Roménia e Sérvia, Eslováquia, Espanha e Turquia exigem a tradução da descrição e das reivindicações de uma

patente. Os restantes exigem traduções parciais destes documentos (apenas a tradução das reivindicações para

língua oficial do país ou a tradução das reivindicações para a língua oficial do país acompanhadas por uma

tradução para inglês da descrição). 183

Artigo 65.º do Acordo de Londres. 184

Artigo 5.º n.º 1 e n.º 2 do Regulamento referente à tradução. 185

Para mais informações sobre o sistema de tradução automática, consulte o anexo 1.

57

Domínio Hipótese 0 Hipótese 1 Hipótese mais favorável

Custos de

ajustamento

Uma vez o sistema estará

acessível para entidades

portuguesas, ainda que Portugal

não adira à PEU, assume-se

que algumas destas entidades

poderão incorrer nos custos de

ajustamento estimados e que

incluem os custos de formação

associados.

A adesão por Portugal à PEU

conduzirá a um maior número

de interessados em obter

informação sobre a PEU e os

custos de formação abrangerão

ainda os funcionários do INPI.

Pelo que se estima que os

custos de formação sejam

superiores nesta hipótese.

Os custos de ajustamento em

Portugal incluem ainda, nesta

hipótese de análise, a criação

de uma divisão local do Tribunal

de Primeira Instância do TUP

(estimados em cerca de

650.000€/ano, de acordo com

os pressupostos assumidos186

),

bem como a contribuição anual

que terá de ser suportada por

Portugal para o financiamento

do TUP no decurso do período

de transição (estudo da

Comissão Europeia aponta para

uma contribuição total anual

entre 4,6 milhões de euros e

13,3 milhões de euros entre

2015 e 2019 – a parcela

correspondente a cada EMC

dependerá do número de países

que ratificarem o Acordo

referente ao TUP).

Estima-se que os custos de

ajustamento na Hipótese 1 serão

superiores aos verificados na

Hipótese 0, pelo que neste domínio,

a Hipótese 0 será a mais

vantajosa.

186

Não exaustivo pelo que se considera uma estimativa muito conservadora dos custos associados ao

funcionamento da divisão local, não inclui, por exemplo, os custos com outros fornecimentos e serviços externos.

58

3.3.3 Análise ao impacto por grupos de entidades privadas

Apresenta-se de seguida uma análise ao impacto que o sistema de patente europeia com efeito

unitário terá sobre os principais grupos de entidades afetados pela entrada em vigor do sistema de

patente europeia com efeito unitário:

Tabela 10. Impacto por grupos de entidades privadas

Grupo Impacto Positivo Impacto Negativo

Empresas

exportadoras

Como grande parte das empresas

exportadoras detentoras de patentes,

entrevistadas no âmbito do presente estudo,

exportam para mais de 4 países europeus, a

introdução do sistema de patente europeia

com efeito unitário é percecionada como

vantajosa:

Simplificação dos processos

administrativos associados:

substituição da validação e manutenção

da patente em vários países por um

processo com efeito unitário nos vários

EMC;

Se não existir alteração substancial dos

atuais custos associados à PE e

previstos para a PEU, os custos de

validação e manutenção de uma PEU

serão aproximados aos de uma PE

validada em 5 países, tornando mais

atrativa a possibilidade de explorar

novos mercados.

O alargamento do âmbito territorial das

patentes, através da PEU e o impacto na

concorrência que produz, incentivam as

empresas a registar patentes de forma a

proteger os seus investimentos.

Tendo em conta que o alcance da patente ao

nível dos mercados abrangidos pelo seu

efeito aumenta, é expectável que a

concorrência nesses mercados aumente

com potencial impacto na sua quota de

mercado.

Como a quantidade de patentes válidas em

cada EMC terá tendência para aumentar, a

possibilidade das empresas estarem

utilizar tecnologia ou outras soluções

patenteadas por outrem nos mercados em

que operam também aumenta e pode

conduzir a custos acrescidos:

Licenciamento da sua utilização;

Suspensão da sua utilização para evitar

cometer uma infração; ou

Envolvimento em processos de litígio.

Este ponto terá igualmente impacto nas

restantes empresas não exportadoras, uma

vez que, com a introdução da PEU, estas

patentes concedidas terão efeito automático

em Portugal.

Entidades com forte

investimento em I&D

Advogados

Empresas

exportadoras

Agentes oficiais de

propriedade

industrial

.

59

Grupo Impacto Positivo Impacto Negativo

Entidades com

forte

investimento em

I&I&D

Como a PEU estará automaticamente válida

nos vários EMC, o “retorno sobre o

investimento” esperado também deverá

aumentar:

Porque têm impacto automático num

território mais alargado, com impacto na

concorrência nos mercados em que a

empresa atua;

Podendo igualmente potenciar algumas

fontes de receita adicional, como seja

através do licenciamento da utilização de

patentes em mercados que não atuam.

O alargamento do âmbito territorial das

patentes, através da PEU e o impacto na

concorrência que produz, incentivam as

empresas a registar patentes de forma a

proteger os seus investimentos.

Por consequência do impacto positivo, a

concorrência crescerá e o desafio para

desenvolver novos produtos e novas

tecnologias aumentará, assim como os

custos que lhe estão associados.

O aumento do número de patentes em

vigor em Portugal aumenta a necessidade

de elaborar estudos relativos à avaliação

de não violação de patentes e limita a

criação de soluções que não violem essas

patentes.

Agentes oficiais

de propriedade

industrial

A introdução de um novo sistema fará

aumentar a necessidade de recurso a

agentes oficiais de propriedade industrial,

sobretudo no período da transição, para ter

acesso a mais informação sobre o sistema e

compreender os procedimentos que lhe estão

associados.

Advogados

O aumento de países onde as patentes são

validadas de forma automática conduz ao

aumento da probabilidade de se cometer

uma infração a uma patente já registada.

Consequentemente aumenta também a

probabilidade de processos de litígio, o

que aumentará a necessidade das

empresas recorrerem aos serviços

jurídicos prestados por advogados

especializados em processos de patentes,

ainda que possam não ser de nacionalidade

portuguesa (dependendo da localização onde

o processo decorrer).

60

3.3.4 Ameaças, oportunidades, vantagens e desvantagens para as PME, decorrentes

da introdução da PEU e ratificação do TUP

Em Portugal existem cerca de 1,056 milhões de empresas187

, das quais as micro, pequenas e médias

empresas constituem cerca de 99,8%188

do total de empresas. As PME geram 57,6%189

do volume de

negócios português.

Dada a sua predominância no tecido empresarial português, mas também porque o impacto de

alterações do quadro regulamentar é diferente nas PME do que é nas grandes empresas,

apresentamos de seguidas as principais vantagens, desvantagens, ameaças e oportunidades para as

PME decorrentes da introdução do sistema de patente europeia com efeito unitário.

187

Dados INE, 2013 (Empresas por actividade económica e forma jurídica). 188

Idem. 189

Dados INE, 2013.

AmeaçasOportunidades

Vantagens Desvantagens

61

Tabela 11. Vantagens, desvantagens, ameaças e oportunidades para as PME decorrentes da adesão à PEU

e ratificação do TUP

Vantagens

Alargamento do leque de opções de patenteamento

(através da introdução da PEU). Todos os sistemas

de patentes atualmente existentes (nacional,

europeu e internacional) irão permanecer em vigor,

mesmo após introdução do sistema de patente

europeia com efeito unitário.

Regulação, procedimentos e requisitos uniformes

para todos os EMC.

Maior abrangência geográfica concedida de forma

automática aos titulares de uma PEU.

Aproximação dos custos associados ao pedido e

manutenção de uma PEU para empresas que

detenham uma patente europeia validada em pelo

menos 5 países.

Simplificação administrativa do processo: basta

efetuar um pedido único para obter a proteção

alargada. Com o atual sistema, é necessário

efetuar um pedido de validação em cada país onde

se pretenda validar a patente (com taxas e

procedimentos distintos por país).

Simplificação do processo de traduções, uma vez

que será apenas exigível apresentar a descrição e

as reivindicações das patentes em inglês, alemão

ou francês, após o período de transição. Mesmo no

decurso do período de transição são introduzidas

simplificações dos requisitos de tradução190

.

Adicionalmente, durante o período de transição da

PEU, está previsto que as PME possam requerer

uma compensação191

, junto do IEP, para os custos

incorridos com traduções da descrição e das

reivindicações para uma das línguas oficiais do

IEP.

Desvantagens

A descrição e as reivindicações de uma PEU, apenas

podem ser publicadas numa das 3 línguas oficiais do

IEP, o que dificulta a compreensão do seu detalhe

para não nativos das línguas em questão (Inglês,

Alemão e Francês).

Espanha e Itália não subscreveram a cooperação

reforçada no domínio da criação da proteção de

patente europeia com efeito unitário. Por este motivo,

os seus territórios não estão abrangidos pela PEU.

Adicionalmente, Espanha e Polónia declararam

publicamente a sua intenção de não ratificar o Acordo

referente ao TUP. Estas exceções potenciam

situações de desigualdade entre os agentes

económicos dos vários países da UE.

Em caso de violação ou alegada violação, a

tramitação dos processos judiciais pode ocorrer num

país diferente da nacionalidade do requerido (esta

desvantagem também se aplica no caso da Hipótese

0, se o requerido for uma entidade portuguesa e a

alegada infração for relativa a uma PEU e que tenha

ocorrido no território de um dos vários EMC). Embora

não existam estudos que permitam, com rigor,

determinar as diferenças de custos associados a

processos judiciais nos vários países, os custos

incorridos no TUP podem ser superiores aos

incorridos em território nacional192

.

190

Durante o período de transição, será sempre necessário apresentar uma tradução das reivindicações em inglês

quando a língua oficial escolhida for o alemão ou francês ou para qualquer outra língua de um EMC que seja língua

oficial da União quando o pedido for entregue em inglês. 191

Em valor ainda por definir. 192

Custos de deslocação e representação para acompanhar processos que decorram em tribunais localizados em

território não português, custos com tradução uma vez que a língua do processo poderá ser diferente da

portuguesa, custos associados à contratação de serviços legais e jurídicos (embora não tenha sido possível

realizar, com os dados disponíveis, este benchmark).

62

Oportunidades

A detenção de patentes traz benefícios claros do

ponto de vista de imagem e valor para as empresas

que as detém. Neste sentido, o facto de a sua

validação ser automática num território mais

alargado pode trazer oportunidades adicionais e

facilitar a entrada de empresas portuguesas em

novos mercados.

Para as empresas portuguesas que detenham

PEU, a receita proveniente do licenciamento

associado à utilização das suas patentes poderá

aumentar, uma vez que o mercado abrangido pela

proteção será maior.

O alargamento do âmbito territorial das patentes

através da PEU e o impacto na concorrência que

produz incentivam as empresas a registar patentes

de forma a proteger os seus investimentos.

Ameaças

Aumenta a probabilidade de cometer uma infração

e do, consequente, litígio. Mais patentes estarão

automaticamente em vigor num território mais

alargado, obrigando a uma acompanhamento mais

próximo e cuidado das patentes registadas e em

vigor (mesmo no mercado nacional).

Este alargamento do território abrangido pela PEU

tem impacto também nas empresas (sem patentes

registadas) e que atuam apenas no mercado

nacional (os denominados utilizadores passivos do

sistema). Um maior número de patentes em vigor

no mercado nacional irá condicionar e afetar do

ponto vista operacional a atividade destas

empresas.

As PME podem vir a deparar-se com maiores

dificuldades em competir nos mercados em que

atuam, uma vez que as grandes empresas, com

mais recursos para investir em I&I&D, mas também

com maior capacidade para registar patentes e

suportar os custos inerentes a litígios, terão maior

capacidade para se impor e adquirir vantagem

competitiva.

Os dados estatísticos demonstram que os agentes

económicos nacionais recorrem com pouca

frequência ao registo de patentes, seja porque

consideram o sistema complexo ou dispendioso ou

porque não investem em I&I&D, a introdução da

PEU fará com que as entidades portuguesas

possam incorrer com maior facilidade em situações

de infração de PEU no território dos vários EMC

uma vez que a sua aplicação é automática neste

território mais alargado. Esta ameaça é valida quer

na Hipótese 0 como na Hipótese 1, embora mais

agravada na Hipótese1 (uma vez que as PEU têm

aplicação automática no território nacional).

63

Num mundo global e cada vez mais integrado, a necessidade de adquirir vantagem competitiva sobre

concorrentes é cada vez maior. O investimento em I&I&D é um dos fatores que permite obter essa

vantagem competitiva, contudo, os custos e o “time to market” que lhe estão associados tornam

fundamental a existência de soluções que permitam às empresas e outras entidades proteger esse

investimento: As patentes.

Atualmente existem soluções diversas que podem ser utilizadas para este efeito: nacional, europeia e

internacional.

A UE tem vindo a desenvolver uma nova solução: A patente europeia com efeito unitário. Projetada

com objetivo de tornar o espaço europeu mais competitivo, sustentável e vocacionado para o

crescimento e criação de emprego.

Ao longo do presente estudo, avaliamos o impacto da introdução da patente europeia com efeito

unitário e da implementação do Tribunal Unificado de patentes através da comparação de dois

cenários:

Hipótese 0: Portugal não adere à PEU e não ratifica o Acordo referente ao TUP.

Hipótese 1: Portugal adere à PEU e ratifica o Acordo referente ao TUP.

Ainda que a Adesão de Portugal à PEU e ratificação do TUP não se venha a concretizar, a solução

PEU estará disponível para as entidades portuguesas que registem patentes, embora o seu efeito

automático não se reflita no território nacional.

Por facilidade de entendimento, dividimos as conclusões a que chegámos entre o que se refere à PEU

e o que se refere ao TUP.

4.1 Patente europeia com efeito unitário

Portugal subscreveu a Decisão 2011/167/UE do Conselho Europeu, de 10 de Março de 2011, que

autoriza uma cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. Mas,

considerando que a patente europeia com efeito unitário terá apenas efeito nos EMC em que o TUP

tenha competência exclusiva para as patentes europeias com efeito unitário à data do registo, existe

ainda margem para reequacionar esta decisão.

Consideramos que a introdução da patente europeia com efeito unitário em Portugal apresenta

benefícios para a parcela das entidades que utilizam o sistema e registam patentes, porque:

Uma vez concedida, produz efeito automático no território dos EMC, evitando o processo

burocrático inerente à patente europeia que pressupõe a identificação dos países em que o

requerente pretende validar a patente e o subsequente processo de validação (com requisitos e

taxas de manutenção diferenciados por país). A vantagem desta simplicidade administrativa será

reforçada pelo facto de o valor das taxas associadas ao registo e manutenção ser aproximado do

valor das taxas aplicadas a patentes europeias validadas em 5 ou mais países (ligeiramente

superiores durante o período de transição e ligeiramente inferiores findo este período)193

, tornando

a PEU vantajosa para cerca de 50% das patentes europeias concedidas, de acordo com o artigo:

"How Much More Will the Unitary Patent Cost?"194

.

A simplificação das traduções exigidas (apenas em inglês, francês e alemão) reduz os custos

inerentes ao processo de validação de patentes europeias que atualmente exige a apresentação

193

Tendo por base os pressupostos assumidos para avaliação de impacto e que constam do presente estudo. 194

“Reddie and Grose” de Janeiro de 2013

4. Conclusões

64

da tradução da patente na língua de cada um dos

países em que o requerente pretende validar a patente

europeia195

.

Haverá maior procura potencial para a comercialização

das licenças de utilização de patentes (que

representam uma fonte adicional de receita para

entidades detentoras de patentes), uma vez que o

âmbito territorial no qual as PEU são válidas é mais

alargado.

A verificação efetiva destes benefícios depende dos

valores definitivos das taxas de registo e manutenção que

se vierem a aplicar. Contudo, para os custos estimados

pela Comissão Europeia196

, a solução PEU é favorável

para a parcela das empresas que registam patentes e que

as validam em, pelo menos, 5 países.

Contudo, existem também alguns desafios para o

tecido empresarial português, aplicáveis para a

maioria das empresas portuguesas que não regista

patentes e que importa referir:

As PEU terão efeito automático no território nacional e

este efeito automático aumenta a probabilidade de

ocorrência de uma violação, ainda que de forma

inusitada, de uma patente concedida e em vigor.

Mesmo empresas que só operem no território

nacional, que não tenham investimento em I&I&D e

que não tenham patentes registadas ou pensem em

registar, terão de consultar com frequência as bases de dados disponíveis para evitar situações de

violação de patentes concedidas e potencial litígio.

A necessidade de elaborar estudos de verificação de não violação de patentes assumirá também

uma importância reforçada, podendo vir a representar custos adicionais para as empresas, até

porque a simplificação das traduções exigidas poderá acrescentar complexidade adicional à

compreensão do objeto das patentes.

Por último, a não adesão da Espanha, Polónia e Itália não permitirá maximizar o potencial ganho

da solução, uma vez que a proteção nestes mercados continuará a obrigar ao recurso às

tradicionais soluções de patente nacional e europeia (sem efeito unitário), com a consequente

duplicação de esforços e custos.

O registo de patentes visa proteger o investimento em

I&I&D e parece-nos uma ferramenta imprescindível para

o incentivo desta atividade. A patente europeia com efeito

unitário apresenta, face à PE, benefícios a este nível e

será um incentivo adicional à proteção do investimento

realizado.

Face a esta conclusão, devemos, contudo, salientar que

os pedidos de patente europeia apresentados por

entidades portuguesas representou, em 2013, menos de

0,1% do total de pedidos de patente europeia

apresentados e que as 26 patentes que foram

efetivamente concedidas, no mesmo ano, foram

concedidas a apenas 24 entidades ou parcerias entre

195

Como descrito anteriormente, as exigências a este nível variam de país para país. Em alguns países é exigida a

tradução completa das patentes, noutros apenas das reivindicações, noutros é exigida a tradução das

reivindicações e uma tradução para inglês da descrição, sendo igualmente identificadas situações de dispensa de

entrega de traduções ao abrigo do Acordo de Londres. 196

“”Classic European Patent versus Unitary Patent” 197

Espacenet Search results. Existem situações de patentes concedidas a parcerias entre duas entidades, por

regra empresas e Universidades, as quais são consideradas como uma entidade na nota de destaque. Das 26

patentes europeias concedidas a entidades portuguesas, 4 foram concedidas a parcerias entre empresas e

Universidades. Apenas duas empresas nacionais têm duas patentes concedidas em 2013.

Considera-se que a introdução da patente europeia com efeito unitário apresenta benefícios para a parcela das empresas e outras entidades que registam patentes, cuja concretização dependerá dos valores que vierem a ser definidos pelo IEP para as taxas a cobrar no âmbito da PEU.

Contudo, para a maioria das empresas portuguesas, que não registam patentes, identificam-se mais riscos do que benefícios.

As 26 patentes europeias concedidas, em 2013, a entidades portuguesas foram concedidas a apenas 24 entidades197, das quais apenas 2 foram concedidas exclusivamente a Universidades.

65

entidades distintas. Para as empresas que não registam patentes os desafios serão maiores, uma vez

que serão confrontados com a maior e automática abrangência territorial da PEU e com o aumento da

probabilidade de ocorrência de uma violação de uma PEU em vigor (podendo obrigar a adaptação da

sua actividade ou ao envolvimento em processos de litígio).

4.2 Tribunal Unificado de Patentes

A patente europeia com efeito unitário é acompanhada pela proposta de implementação de um

Tribunal Unificado de Patentes, com competências em matéria de patentes europeias e patentes

europeias com efeito unitário. A Espanha e a Polónia assumiram publicamente a sua intenção de não

ratificar o respetivo Acordo, preservando as competências ao nível dos respetivos tribunais nacionais,

mas a Itália, que não faz parte do conjunto de países que aderiram à patente europeia com efeito

unitário, assinou o Acordo referente ao TUP (embora não o tenha, para já, ratificado).

Para que o TUP entre em vigor é obrigatório que o respetivo Acordo seja ratificado por, no mínimo, 13

países, incluindo obrigatoriamente a Alemanha, Reino Unido e França. O Acordo referente ao TUP

está neste momento em processo de validação,

estando validado por 6 países, um dos quais a

França. Portugal ainda não ratificou o acordo

referente ao Tribunal Unificado de Patentes.

No caso do TUP, não nos parece, face às

incertezas verificadas, existir benefício associado à

ratificação do Acordo neste momento, pelos

motivos que de seguida elencamos:

Inexistência de um estudo que permita aferir as

diferenças de custos judiciais a incorrer no TUP

por comparação aos custos verificados num processo de litígio de patentes nos tribunais

nacionais. Sem esta avaliação, que não é possível de realizar no âmbito do presente estudo, é

difícil de avaliar o impacto da sua implementação no tecido empresarial português. De salientar

que, a este propósito e caso Portugal ratifique o Acordo referente ao TUP, a ACPI recomenda às

empresas a constituição de provisão para fazer face a potenciais litígios no montante de

1.000.000€. Este montante é claramente pesado e incomportável para uma larga fatia das PME

portuguesas.

A possibilidade dos processos de litígio decorrerem fora do território nacional, numa língua

diferente da portuguesa, dificultará a compreensão dos detalhes do processo e a argumentação

por parte das entidades portuguesas que se virem envolvidas nos mesmos. Para já são apenas

conhecidas as localizações da divisão central do Tribunal de Primeira Instância (Paris, Londres e

Munique) e do Tribunal de Recurso (Luxemburgo). Caso Portugal opte por ratificar o Acordo

referente ao TUP e apesar do acréscimo de custos, a implementação de uma divisão local parece

ser a solução mais prudente para mitigar este risco.

Pelo período máximo de duração do período de transição, os EMC serão chamados a contribuir

para suportar os custos operacionais do TUP enquanto o mesmo não for capaz de se

autofinanciar. Esta contribuição representará um acréscimo de despesa para o Orçamento do

Estado que deve ser tida em consideração.

De realçar que, ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao Tribunal Unificado de Patentes,

nada impede que uma empresa ou outra entidade portuguesa se veja envolvida num processo que

nele decorra, podendo, mesmo neste cenário haver custos acrescidos para as empresas portuguesas

(ainda que em menor escala).

Apesar dos riscos e constrangimentos identificados, realçamos também que a implementação do TUP

poderá contribuir para a uniformização do quadro legal e da jurisprudência nesta matéria, o que

deverá ser entendido como um benefício. Contudo, o seu alcance dependerá do número efetivo de

países que vier a ratificar o Acordo referente ao TUP.

Face às incertezas, neste momento não nos parece haver benefício na ratificação do Acordo referente ao TUP.

66

4.3 Em suma…

A introdução da PEU em Portugal, face aos

pressupostos assumidos, apresenta benefícios para a

parcela das empresas que registam patentes e as

validam em, pelo menos, 5 países, com benefícios ao

nível dos custos e da simplificação administrativa.

Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao

TUP e, consequentemente, o efeito unitário da PEU

não tenha efeito no território nacional, as empresas

portuguesas poderão, mesmo nestas circunstâncias,

recorrer à PEU e beneficiar da sua existência.

Contudo, no que diz respeito ao impacto da PEU em

empresas que não registam patentes e na

implementação do TUP, identificamos riscos que

devem ser acautelados e ponderados no processo de

tomada de decisão. Considerando que a PEU só terá

efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a

decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser

tomadas em conjunto e dependem da ratificação do

Acordo referente ao TUP.

O processo de tomada de decisão nesta matéria está a

ser desenvolvido num contexto de elevada incerteza,

nomeadamente, não se conhecem as taxas associadas ao registo e manutenção das PEU, todos os

países que irão ratificar o Acordo referente ao TUP e os custos associados a processos de litígio no

TUP. O desconhecimento destas variáveis chave

impede que seja feita uma avaliação efetiva e exata

do impacto da introdução da PEU e do TUP sobre o

tecido empresarial português. Entendemos que a

decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria

ser tomada num contexto de maior certeza

relativamente a estas variáveis chave.

Sem prejuízo da importância da patente para a

proteção do investimento em I&I&D realizado, caso a

posição portuguesa seja favorável à introdução da

PEU e TUP, entendemos fundamental a definição de

políticas públicas que promovam com sucesso o

I&I&D e o registo de patentes por parte das entidades

portuguesas. Políticas públicas estas que, aliás, nos

parecem fundamentais em qualquer um dos cenários,

mas que assumem uma importância fulcral caso se

venha a confirmar a adesão de Portugal, com tão

reduzido número de patentes concedidas, à patente

europeia com efeito unitário.

A não adesão, em particular, da Espanha não permitirá maximizar os potenciais benefícios da PEU.

Ainda que Portugal não ratifique o Acordo referente ao TUP, a solução PEU estará acessível para as empresas portuguesas que registem patentes, apesar do seu efeito unitário não se estender ao território nacional.

A PEU só terá efeito unitário nos EMC que ratificarem o TUP, a decisão de adesão à PEU e ao TUP têm de ser tomadas em conjunto. Ponderado o impacto das duas soluções, a decisão definitiva sobre a posição portuguesa deveria ser tomada num contexto de maior certeza relativamente a determinadas variáveis chave.

67

A1.1 Análise às bases de dados utilizadas na pesquisa de informação sobre patentes nacionais, europeias e internacionais

Uma entidade, individual ou coletiva, que queira patentear a sua invenção deve efetuar o pedido de

patente junto do organismo competente para o efeito. A partir deste momento, o organismo

competente pela concessão da patente consegue disponibilizar grande parte da informação sobre o

fluxo do registo e o seu ponto de situação às Unidades de Pesquisa e Desenvolvimento (doravante

UPD) e ao público em geral. A informação pode ser consultada e examinada por qualquer pessoa ou

entidade interessada.

As UPD têm uma vasta coleção de dados relacionados com patentes que podem ser exploradas por

qualquer indivíduo. Por exemplo, as entidades que pretendam investir num projeto de I&I&D devem

confirmar se o possível resultado final esperado do projeto não se encontra já patenteado ou em

processo de patenteamento.

Adicionalmente, as entidades que estejam a produzir um produto ou componente fazendo uso de

invenções patenteadas fora do seu território podem também consultar estas bases de dados com o

objetivo de obter uma licença para a sua utilização e evitar potenciais casos de litígio.

Em ambos os casos, a qualidade da informação sobre patentes é considerada de grande relevância.

Como tal, o sistema de pesquisa deve ser intuitivo, eficiente e apresentar resultados concretos de

acordo com as necessidades dos seus utilizadores.

Existem várias bases de dados disponíveis e cada uma oferece informações específicas sobre

patentes. Para testar o uso e integridade das bases de dados foram realizadas pesquisas, em

algumas das bases de dados disponíveis, inserindo palavras-chave nos respetivos motores de busca

e analisados os resultados produzidos, de acordo com a:

Clareza, especificidade e correspondência da informação apresentada;

Relação entre as palavras introduzidas e os resultados apresentados;

Consistência dos resultados apresentados em relação aos critérios pesquisados;

Disponibilização da informação para todos os atributos para as patentes pesquisadas.

As bases de dados analisadas foram as que de seguida se identifica:

Internacional

Europeia

Nacional• Base de Dados Nacional INPI

• Espacenet Portugal

• Espacenet-patent search

• European Patent Register

• Patentscope

Anexo 1 Bases de dados e ferramentas de tradução

68

Bases de dados de âmbito nacional

1. A base de dados nacional do INPI

Em Portugal, o organismo que responsável pela manutenção e disponibilização da base de dados

com informações de patentes nacionais198

é o INPI. A base de dados fornece informação detalhada

sobre as patentes nacionais e europeias em vigor, nomeadamente:

Síntese;

Resumo;

Classificação internacional;

Fases jurídicas;

Taxas periódicas;

Entidades intervenientes;

Documentos relacionados;

Publicações em Boletim da Propriedade Industrial (BPI);

Países designados;

Epígrafe da língua estrangeira;

Processos associados;

Imagem da invenção.

A base de dados é intuitiva, apesar de a informação só estar disponível em português.

Relativamente à atualização da informação, não é possível filtrar os dados por data de entrada do

pedido de patente, pelo que não é possível estabelecer conclusões sobre a sua atualização.

Identifica-se ainda que as reivindicações de cada patente nacional não estão disponíveis online e

que o texto relativo ao objeto da patente contém informação muito limitada, pelo que poderá ser

necessário uma pesquisa através de outras fontes ou através de uma agente de propriedade

intelectual para apurar com maior precisão a informação necessária. Adicionalmente, não são

disponibilizadas imagens e desenhos para todas as patentes.

2. Espacenet Portugal199

A base de dados Espacenet é desenvolvida pelo IEP. Esta plataforma foi desenvolvida para

consultar patentes europeias concedidas pelo IEP, mas em vários países é adaptado para também

permitir a pesquisa de informações sobre patentes nacionais e patentes europeias validadas no

território nacional. Neste, caso o Espacenet Portugal é gerido pelo INPI. Este motor de busca

mostra informações sobre os pedidos de patentes nacionais desde 1976, bem como de todas as

patentes europeias e internacionais válidas em Portugal.

Para se iniciar uma pesquisa é possível selecionar o critério pelo qual se pretende pesquisar:

Título de uma patente;

Palavras incluídas no resumo;

Palavras incluídas no texto integral;

Requerente ou pelo inventor;

Número da publicação;

Número de pedido;

Prioridade;

Data da publicação;

Código de classificação.

Esta base de dados é apelativa do ponto de vista do design e, relativamente à informação

disponível, inclui nalguns casos o documento original com a descrição da invenção.

Foram identificadas algumas situações em que o resumo da patente não está disponível, mas nos

casos em que é disponibilizado, existe a possibilidade de tradução automática. No entanto, quando

198

Acessível a partir do link: http://servicosonline.inpi.pt/pesquisas/main/patentes.jsp?lang=PT 199

Acessível a partir do link http://pt.espacenet.com/

69

esta funcionalidade é selecionada, o utilizador é reencaminhado para uma página que indica que a

funcionalidade não existe.

Bases de dados de âmbito europeu

Na página do IEP existem várias bases de dados de pesquisa disponíveis focadas em assuntos

específicos, de acordo com o tipo de informação pretendida. Apresenta-se de seguida duas dessas

bases de dados.

1. Espacenet-patent search200

A base de dados disponibiliza informação sobre mais de 70 milhões de patentes em mais de 90

países. A informação está disponível em inglês e, em alguns casos, em vários idiomas,

dependendo da classificação da patente. Por exemplo: para a classificação internacional de

patentes (IPC) é atribuída pelos respetivos institutos nacionais de patentes que a concederam, o

que significa que a informação também está disponível na respetiva língua, mas uma Patent

Classification Cooperative (CPC) é atribuída pelo IEP, consequentemente a informação só está

disponível em inglês.

As buscas podem ser realizadas através de uma simples pesquisa (inserindo uma palavra-chave

ou um valor) ou por meio de uma pesquisa avançada, pesquisando por título, número da

publicação, número do pedido, número de prioridade, data de publicação, pelo requerente ou

nome do inventor ou ainda através dos respetivos códigos de classificação. Para apoiar a

interpretação do texto, é disponibilizada uma plataforma automática de tradução.201

A informação obtida no Espacenet Europeu fornece também informação sobre as reivindicações

das patentes, descrições e imagens.

O Espacenet Europeu não fornece qualquer informação sobre as fases do processo de concessão

de patentes, taxas periódicas, nem os países designados. Como tal, a sua utilização não substitui

totalmente a base de pesquisa nacional fornecido pelo INPI.

A base de dados é intuitiva, facto confirmado pelos utilizadores entrevistados202

, que atribuíram

uma classificação média de 4, (numa escala de 1 a 5, sendo “5” equivalente a uma muito boa

experiência de utilização) relativamente à utilização da base de dados no Espacenet.

2. European Patent Register203

A informação da base de dados Espacenet-Patent Research é complementada pela informação

disponibilizada na base de dados European Patent Register. Esta base de dados fornece

informações sobre pedidos de patentes europeias, à medida que o processo de concessão

progride (incluindo o período de oposição vigente durante todo o processo). As pesquisas podem

ser realizadas através da inserção de uma palavra-chave relativa:

À página inicial;

Ao texto completo;

Ao título;

Nomes dos intervenientes;

Número de identificação;

Classificação Internacional;

Datas de pedido;

Concessão.

A base de dados é de fácil utilização fácil e, de um modo geral, a informação é bastante completa.

No entanto, não é possível efetuar pesquisas avançadas.

200

Acessível a partir do link:

http://ep.espacenet.com/singleLineSearch;jsessionid=89C81F6053D05D58E7F91C1E601B7E46?locale=en_EP 201

O presente anexo contém detalhes desta ferramenta mais adiante. 202

Mais informações sobre as entrevistas realizadas no anexo 3 do presente estudo. 203

Acessível a partir do link http://www.epo.org/searching/free/register.html

70

Bases de dados internacionais

1. Patentscope

A Patentscope é disponibilizada pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) e a

informação que disponibiliza é similar à providenciada pela base de dados Espacenet. Fornece a

síntese, descrição da patente, as reivindicações e imagens relacionadas com a invenção. A

pesquisa pode ser realizada através da inserção de uma palavra-chave procurando por qualquer

campo, relativo:

Página inicial;

Texto completo;

Título;

Nomes relacionados;

Ou através da inserção de valores procurando por:

Número de identificação da patente;

Classificação internacional;

Datas relacionadas.

Através da análise efetuada à base de dados Patentscope conseguimos afirmar que a sua

utilização é intuitiva e que a informação sobre patentes disponíveis é muito completa. Como

também observado para a base de dados.

A1.2 Análise do funcionamento do sistema proposto para a tradução da documentação relativa às patentes emitidas pelo IEP

Como referido na seção anterior, a descrição de uma patente nem sempre se encontra disponível em

língua inglesa (considerada a mais utilizada a nível mundial no trabalho cientifico e académico). Este

facto tem um impacto negativo na utilidade das bases de dados disponíveis

O IEP fornece um sistema de tradução desenvolvido em parceria com o Google Translate. O serviço é

integrado no mecanismo de busca e é facilmente acessível aquando da leitura da descrição e

conteúdos da patente em causa. O sistema de traduções está disponível desde 2012, mas a

integração de todos os idiomas europeus (concorrendo para um total de 28 línguas) apenas se

efetivou em 2013. É relevante referir que, apesar de ser possível traduzir automaticamente a

informação, esta tradução não é oficialmente aceite, servindo apenas o propósito de facilitar e suportar

a interpretação de documentos por parte dos utilizadores.

Este sistema é integrado no Espacenet, mas também no servidor europeu de publicação (a plataforma

oficial de publicações do IEP). O sistema é semelhante ao utilizado originalmente pela Google

Translate. No entanto está programado para interpretar o vocabulário e a forma gramatical utilizados

em documentos desta natureza: a interpretação é possível por via de um algoritmo que “aprende” e

evolui construtivamente, baseado no histórico de informação e dados relativos a patentes,

providenciados pelos Institutos Nacionais de Patentes membros do IEP e por outros parceiros do

Instituto. O sistema evolui de forma proporcional ao conjunto de informações e dados que lhe são

providenciados, isto é, quanto mais documentos o sistema analisar, melhor e mais sofisticada se torna

a sua capacidade de tradução.

Como mencionado anteriormente, a qualidade do sistema de tradução é bastante relevante na

mitigação do risco de infrações e na proteção do investidor em I&I&D. Adicionalmente pode ser visto

como um mecanismo de suporte à decisão de contratar, ou não, tradutores especializados para o

efeito.

No sentido de validar a qualidade das traduções, foram efetuados um conjunto de testes, tendo sido

introduzidas no sistema, informações retiradas do seu texto original em inglês, português, alemão ou

francês a serem traduzidas subsequentemente para o mesmo conjunto de idiomas, mas distintos do

idioma original. Tendo por base estes testes, a qualidade da tradução foi avaliada mediante os

seguintes fatores:

A tradução efetiva de todas as palavras constantes do documento;

71

A construção frásica da versão traduzida, bem como o seu sentido;

O formato da tradução;

O número de línguas em que os documentos da patente eram passíveis de ser traduzidos.

Estes testes permitem-nos concluir que a tradução funciona corretamente em termos gerais (uma

grande abrangência de termos foi corretamente traduzida), contudo foram identificadas algumas

lacunas ou insuficiências:

A estrutura das frases nem sempre é corretamente traduzida. Algumas frases são divididas em

frases mais pequenas, o que afeta o sentido da frase;

A tradução nem sempre é feita na língua correta. A título de exemplo, há traduções pedidas em

português, cujo resultado é fornecido noutro idioma (como o castelhano);

Existem algumas ineficiências na tradução de termos técnicos;

Não está disponível para todos os idiomas;

A formatação do texto pode ser alterada com a tradução, com impacto negativo na sua

interpretação.

De acordo com o IEP, o sistema encontra-se em melhoria contínua, uma vez que evolui

constantemente a cada documento introduzido.

72

Para calcular os custos e benefícios de ambas as hipóteses de análise são seguidos os pressupostos

e metodologia descritos no capítulo 3 do presente estudo.

Estimativa da evolução do número de PE e PEU (2015-2034)

Para calcular a evolução do número de PE foram assumidos os seguintes pressupostos

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

moderado

Cenário

pessimista

Taxa de crescimento anual do total

de pedidos de patente europeia que

dão entrada no IEP

2015-2034 5,89%204

5,89%205

4,35%206

Taxa de crescimento do total de

patentes europeias concedidas pelo

IEP

2015-2034 6,45%207

6,45%208

1,43%209

Da sua aplicação ao número total de patentes europeias pedidas em 2013 (dados IEP), resulta:

2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0

265.690

297.891 315.426 333.994 374.472 396.516 527.794 702.535 883.142

Hipótese 1

moderado 297.891 315.426 333.994 374.472 396.516 527.794 702.535 883.142

Hipótese 1

pessimista 289.300 301.880 315.007 342.999 357.914 442.802 462.057 482.150

204

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e

2013. Dados obtidos no IEP. 205

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2009 e

2013. Dados obtidos no IEP. 206

Taxa de crescimento média do número de pedidos de patente europeia no período compreendido entre 2004 e

2013. Dados obtidos no IEP. 207

Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.

Dados obtidos no IEP. 208

Taxa média de crescimento das patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2009-2013.

Dados obtidos no IEP. 209

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias concedidas no período compreendido entre 2004

e 2013. Dados obtidos no IEP.

Anexo 2 Avaliação do impacto: cálculos auxiliares

73

Da sua aplicação ao número total de patentes europeias concedidas em 2013 (dados IEP), resulta:

2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0

66.707

75.589 80.463 85.653 97.057 103.316 141.214 193.015 247.833

Hipótese 1

moderado 75.589 80.463 85.653 97.057 103.316 141.214 193.015 247.833

Hipótese 1

pessimista 68.623 69.602 70.595 72.623 73.659 79.064 80.192 81.336

Considera-se que210

:

No período entre 2016 e 2018, 70% do total de patentes europeias concedidas são PE e os

restantes 30% PEU; e

A partir de 2019, 50% do total de patentes europeias concedidas são PE e os restantes 50% PEU.

2013 2015 2016 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0 66.707 75.589 80.463 74.224 97.057 103.316 141.214 193.015

PE 66.707 75.589 56.324 48.528 48.528 51.658 70.607 96.507

PEU - - 24.139 25.696 48.528 51.658 70.607 96.507

Hipótese 1 moderado

75.589 80.463 74.224 97.057 103.316 141.214 193.015

PE 66.707 75.589 56.324 48.528 48.528 51.658 70.607 96.507

PEU - - 24.139 25.696 48.528 51.658 70.607 96.507

Hipótese 1 pessimista 68.623 69.602 75.646 72.623 73.659 79.064 84.866

PE 66.707 68.623 48.722 54.467 54.467 55.244 59.298 63.649

PEU - - 20.881 21.179 18.156 18.415 19.766 21.216

210

O pressuposto definido de acordo com o artigo: "How Much More Will the Unitary Patent Cost?" Reddie &

Grose, Janeiro de 2013, onde refere que 40% das patentes europeias são validadas, em média, em 5 países, 8%

entre 13 e 28 países e 2% em todos os países. Considera-se assim que no período de arranque da PEU, 2016-

2018, 30% das patentes europeias concedidas serão PEU, passando a 50% a partir de 2019.

74

Estimativa da evolução do número de patentes europeias validadas e em vigor em Portugal (2015-2034)

Para o cálculo da evolução das patentes europeias validadas em Portugal foram assumidos os

seguintes pressupostos:

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

moderado

Cenário

pessimista

Taxa de crescimento anual de

patentes europeias validadas em

Portugal

2014-2015

0,62%211

0,62%212

0,31%213

Após 2016

Considera-se que as

necessidades de validação de PE

em Portugal são totalmente

cobertas pelas PEU em vigor.214

Da aplicação destes pressupostos ao número de PE validadas em Portugal, resulta:

2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0

3.905

3.953 3.978 4.002 4.052 4.007 4.204 4.336 4.444

Hipótese 1 moderado 3.953 0 0 0 0 0 0 0

Hipótese 1 pessimista 3.929 0 0 0 0 0 0 0

211

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 212

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias validadas em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados retirados da base de dados do INPI fornecidos pela ACPI. 213

Assume-se que a taxa de crescimento média de patentes europeias validadas em Portugal irá reduzir para

metade da que se verificou no período 2009-2013. Assume-se um pressuposto diferente do aplicado nos restantes

critérios, uma vez que a taxa de crescimento verificada no período 2004-2013 é negativa. 214

Dado o número reduzido de patentes europeias que são, atualmente, validadas em Portugal, considera-se que,

no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades

de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de

PE no mercado nacional.

75

Relativamente às patentes europeias em vigor:

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

moderado

Cenário

pessimista

Taxa de crescimento anual de

patentes europeias em vigor em

Portugal

2014-2034

-1,38%215

-1,38%

Após 2016

Considera-se um decréscimo à

taxa de 10% ao ano,

correspondente, ao fim do seu

período de vida útil.216

Da aplicação destes pressupostos ao número de PE em vigor em Portugal, resulta:

2013 2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0

27.909

27.142 26.766 26.396 25.670 25.315 23.611 22.022 20.828

Hipótese 1 moderado 27.142 24.090 21.381 16.842 14.948 8.233 4.534 2.814

Hipótese 1 pessimista 27.142 24.090 21.381 16.842 14.948 8.233 4.534 2.814

Receitas IEP referentes a PEU

Uma vez que, no cenário de adesão de Portugal à PEU, caberá ao INPI uma parcela das receitas

referentes à manutenção das PEU, apresenta-se de seguida a evolução esperada de receitas do IEP

referentes à PEU:

2016 2017 2018 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 1 moderado 172,028 186,052 201,418 363,421 393,436 443,533 659,541 905,930

Registo 157,264 170,085 184,132 332,232 359,671 393,324 584,879 803,376

Manutenção/renovação 14,764 15,967 17,286 31,189 33,765 50,209 74,662 102,554

Hipótese 1 pessimista 148,807 153,345 158,176 271,932 280,500 248,328 289,991 328,300

Registo 136,037 140,185 144,601 248,595 256,427 220,217 257,163 291,135

Manutenção/renovação 12,771 13,160 13,575 23,338 24,073 28,111 32,828 37,164

(milhões de euros, valores arredondados)

Para efeitos de taxa de manutenção a cobrar pela PEU, considera-se a média das taxas de

manutenção cobradas nos primeiros 10 anos de vigência de uma patente para a amostra de 5 países

considerada na página 51 (Alemanha, Reino Unido, França, Holanda e Portugal) – 603€.

215

Taxa de crescimento média do número de patentes europeias em vigor em Portugal no período compreendido

entre 2009 e 2013. Dados fornecidos pela ACPI. 216

Dado o número reduzido de patentes europeias que estão, atualmente, em vigor em Portugal, considera-se que,

no cenário de adesão de Portugal à PEU, as PEU automaticamente válidas em Portugal cobrem as necessidades

de empresas de validação de patente em mercado nacional, deixando de existir validação adicional e individual de

PE no mercado nacional. Considerando que uma patente tem, em média, uma vida útil de 10 anos, considera-se

um decréscimo correspondente a 1/10, isto é, 10% ao ano.

76

Receitas INPI

As receitas para o INPI, no que concerne a PE e PEU, resultam das estimativas de evolução do

número de PE validadas em Portugal e PEU definidas anteriormente.

No caso da Hipótese 0, consideram-se apenas as receitas arrecadadas por via de PE validadas em

Portugal. Na hipótese 1 são consideradas as estimativas de evolução de PE validadas em Portugal,

bem como a parcela de receita que caberá ao INPI no que concerne às PEU (50% das receitas

relativas a taxas de manutenção auferidas com a PEU serão retidas no IEP para cobrir custos de

manutenção do instituto e os restantes 50% serão distribuídos pelos vários EMC).

À data de elaboração do presente estudo, estes critérios não são ainda claros, pelo que foram

assumidos alguns pressupostos, definidos em conformidade com o disposto no Regulamento

referente à PEU, bem como com a opinião de especialistas217

nesta matéria.

Critério218

Período de

análise Ponderador Pressuposto

Número de pedidos de registo de patente

europeia 2016-2034 45% 0,26%

219

Dimensão do mercado português 2016-2034 45% 2,93%220

Compensação dos EMC, cuja língua oficial não

seja uma das línguas oficiais do IEP221

2016-2034 10% 0,625%

222

No que concerne à receita arrecadada pelo INPI relativa a PE validadas e em vigor em Portugal,

assume-se ainda o seguinte pressuposto:

Rendimento unitário por

patente europeia para o

INPI

Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

Moderado

Cenário

Pessimista

Validação 2015-2034 52,25€

223,

atualizado anualmente com base na taxa de inflação.

Manutenção 2015-2034 106€

224,

atualizado anualmente com base na taxa de inflação.

217

“A patente europeia de efeito unitário – consequências para a economia portuguesa”. Dezembro 2013, ACPI 218

Artigo 13.º do Regulamento referente à PEU 219

Através do número de pedidos de patente europeia efetuados, em 2013, junto do IEP, obteve-se a percentagem

relativa a Portugal e calculou-se a proporção relativa face aos 25 Estados-Membros que assinaram a decisão de

cooperação reforçada no domínio da criação da proteção de patente unitária. 220

Taxa calculada com base no peso do número de habitantes de cada EMC no total de habitantes do total dos

EMC, ou seja, foi calculada em função da população abrangida por uma PEU em determinado EMC. 221

O Artigo 13.º, n.º 2, alínea c) do Regulamento referente à PEU prevê que esta compensação seja devida por a

língua oficial de determinado EMC ser distinta das línguas oficiais do IEP; Nível de atividade de registo de patentes

seja desproporcionalmente baixo ou cuja adesão à OEP seja relativamente recente. Para efeitos do presente

estudo consideram-se apenas os países cuja língua oficial é diferente da do IEP. 222

Taxa calculada multiplicando 50% das receitas provenientes das taxas de manutenção das PEU, pelo

ponderador (20%) a dividir pelos 16 Estados-Membros que aderiram ao Acordo referente ao TUP, cuja língua

oficial, não é, uma das línguas oficiais do IEP. (Bulgária, Chipre, Republica Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia,

Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Holanda, Itália, Portugal, Roménia, Eslovénia e Eslováquia). 223

Valor obtido com base na taxa cobrada pelo INPI para pedidos de validação, considerando que 100% dos

pedidos são submetidos em formato digital. Os pedidos realizados em papel, segundo a opinião de especialistas

consultados sobre esta matéria, são residuais. 224

Calculado com base na média das anuidades aplicadas pelo INPI para a manutenção nos primeiros 10 anos.

77

Da aplicação dos critérios explicitados resulta a seguinte estimativa de receita total do INPI:

2015 2016 2017 2019 2020 2025 2030 2034

Hipótese 0 3,101 3,104 3,111 3,131 3,141 3,190 3,241 3,282

PE 3,101 3,104 3,111 3,131 3,141 3,190 3,241 3,282

Hipótese 1 moderado 3,101 2,714 2,467 2,146 1,979 1,410 1,179 1,179

PE 3,101 2,604 2,348 1,913 1,727 1,035 0,620 0,412

PEU - 0,111 0,120 0,233 0,253 0,376 0,559 0,768

Hipótese 1 pessimista 3,100 2,699 2,446 2,087 1,907 1,245 0,866 0,670

PE 3,100 2,604 2,348 1,913 1,727 1,035 0,620 0,412

PEU - 0,096 0,099 0,175 0,180 0,210 0,246 0,278

(milhões de euros, valores arredondados)

Para se percecionar as receitas totais do INPI foram somadas todas as receitas anuais e atualizadas

ao ano presente:

(milhões de euros)

As Receitas para o INPI são menores na Hipótese 1. A diferença estimada é de:

Diferença entre a Hipótese 1 moderado e Hipótese 0: -14,97 Milhões de Euros;

Diferença entre a Hipótese 1 pessimista e Hipótese 0: -16,59 Milhões de Euros.

A diferença verificada entre as hipóteses varia consoante o número PE validadas e PE em vigor em

Portugal e de PEU em vigor em dado momento.

36,335

21,370

19,747

Hipótese 0 Hipótese 1 moderada Hipótese 1 pessimista

78

Custos de ajustamento

A. Custos de formação

O custo médio assumido para a formação de uma pessoa, em 2015, é de 500€225

. Para os anos

seguintes, este valor foi atualizado com base na taxa de inflação prevista e definida nos pressupostos

gerais.

Pressuposto Período de

análise Hipótese 0

Hipótese 1

Cenário

Moderado

Cenário

Pessimista

N.º entidades a frequentar as

ações de formação 2015-2034 2.271

226 4.650

227 2.271

228

Funcionários do INPI 2015-2034 108229

108230

108231

Assume-se que os representantes das empresas e funcionários do INPI irão receber formação nos 3

primeiros anos de entrada em vigor do sistema de patente europeia com efeito unitário e, nos anos

subsequentes, irão atualizar os conhecimentos de 5 em 5 anos.

Com base nestes pressupostos, os custos com formação (atualizados ao momento presente, em

milhões de euros):

225

Montante estimado com base nas inscrições em ações de formação providenciadas pelo IEP e tempo médio

despendido nas mesmas. Calculado, somando o valor da inscrição numa sessão de formação de dois dias e

custo/hora do trabalhador para a empresa nesses dois dias. Pressuposto assumido com base no Estudo “Analysis

of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary patente protection in Poland”

realizado pela Deloitte Polónia. 226

Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes

registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 227

Número total de entidades do sector com mais patentes registadas. Cálculo efectuado com dados

disponibilizados pelo IEP e INE. 228

Assumimos que apenas 50% dos empresários representantes das empresas do sector com mais patentes

registadas irão frequentar as acções de formação. Cálculo efectuado com dados disponibilizados pelo IEP e INE. 229

Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para

2015. 230

Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para

2015. 231

Número de funcionários a 31.12.2014 ao serviço do INPI. Número obtido através do Plano de Actividades para

2015.

4,998

9,996

4,998

0,297

0,297

0,297

Hipótese 0 Hipótese 1,moderada

Hipótese 1,pessimista

Custos de formaçãopara as Empresas

Custos de formaçãopara o Estado

79

B. Custo de manutenção da divisão local do TUP

Apenas válido para a hipótese 1, uma vez que na Hipótese 0 Portugal não ratifica o Acordo referente

ao TUP.

Assume-se que este tribunal será capaz de autofinanciar a sua atividade a partir de 2021, ou seja,

demorará 7 anos (equivalente à duração prevista do período de transição) até ser possível

autofinanciar-se.

Durante o mesmo período, assume-se que o custo de manutenção da divisão local do Tribunal de

Primeira Instância do TUP incluirá o custo dos salários dos juízes a si afetos, bem como os custos

administrativos e o aluguer das infraestruturas232

.

O total de funcionários adstritos à divisão local do Tribunal de Primeira Instância do TUP que se

assume localizar em Portugal será:

1 juiz com formação jurídica de nacionalidade portuguesa;

2 juízes com formação jurídica de outra nacionalidade 233

;

2 administrativos.

O Acordo referente ao TUP prevê ainda a possibilidade de, a pedido de uma das partes ou a pedido

do próprio painel de juízes, ser indicado um juiz técnico, com qualificações e experiência no campo

técnico em questão, para acompanhar um determinado processo. Como não existe uma alocação

deste juiz técnico a todos os processos da divisão local e como os juízes técnicos são alocados de

uma bolsa de juízes, o seu custo não é assumido como custo da divisão local.

Para calcular os custos relativos a salários anuais, utilizam-se os valores disponibilizados pela

Comissão Europeia234

. Os custos totais anuais são os que se apresentam na tabela seguinte:

Salário Juiz

Nacional

Salário 2 Juízes

Estrangeiro

Salário 2

funcionários

Administrativos

Aluguer das

infraestruturas Total

116.200 € 235

304.400 € 236

44.000 € 237

180.000 € 656.600 €

232

O cálculo da renda das instalações para a divisão local do TUP foi realizado com base no Estudo Prime Watch

elaborado em 2013, onde prevê o custo de arrendamento por m2 das zonas de Lisboa. Consideramos que o

Tribunal se sedeará num espaço de 750m2. 233

De um ou dois outros EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP. 234

Os salários dos juízes foram calculados com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and

Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 235

O salário do juiz nacional foi calculado com base no estudo “Preliminary Findings of DG Internal Market and

Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 236

O salário do juiz de nacionalidade estrageira foi calculado adicionando 30% do salário base de um juiz nacional,

correspondente ao subsídio de expatriação. Cálculo efetuado com base no estudo: “Preliminary Findings of DG

Internal Market and Services-Study on the Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 237

O salário dos funcionários administrativos foi calculado com base em na informação disponibilizada no Portal do

Governo para um funcionário de apoio técnico administrativo.

80

Os custos de manutenção da divisão local do TUP apenas se irão verificar na Hipótese 1 e englobam

os custos com administrativos, renda das infraestruturas onde a divisão local irá estar sedeada e

custos com os salários dos juízes. O montante apresentado é o somatório de todos os custos

incorridos durante o período de transição com a manutenção da divisão local atualizados ao ano

presente (em milhões de euros).

C. Contribuição anual relativa ao financiamento do TUP

Relativamente à contribuição anual inicial dos vários EMC que ratificarem o Acordo referente ao TUP

e que respeita ao seu financiamento, assume-se que serão apenas exigidas durante os 7 primeiros

anos de implementação do TUP (Hipótese 1).238

Os custos totais do TUP obtidos239

e considerados para efeitos da avaliação de impacto são os que de

seguida se indicam:

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Custos totais do TUP 6,425 10,685 13,956 19,594 26,470 39,310 41,569

Contribuição total dos EMC 4,613 6,730 7,966 10,864 13,300 23,394* 24,739*

(milhões de euros)

O valor da contribuição total para 2020 e 2021 foram estimados com base no peso médio da

contribuição no total de custos previstos para o TUP entre 2015 e 2019:

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Peso da contribuição nos

custos totais do TUP 72% 63% 57% 55% 50% 60%

Assume-se que, na Hipótese 1 cenário moderado, que apenas 25240

países irão ratificar o Acordo

referente ao TUP e que, na Hipótese 1 cenário pessimista, apenas o número de países obrigatórios

238

O estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the

Caseload and financing of the Unified Patent Court, 2011” aponta para o autofinanciamento do TUP num período

de 5 anos. Contudo, por forma a alinhar com o período de transição estabelecido (prazo máximo previsto para a

contribuição dos EMC) consideramos no presente estudo que o TUP se autofinancia em 7 anos. 239

Estudo da Comissão Europeia: “Preliminary Findings of DG Internal Market and Services-Study on the Caseload

and financing of the Unified Patent Court, 2011”. 240

Países que assinaram a decisão UE relativa à cooperação reforçada no domínio da criação da protecção de

patente unitária, à excepção da Polónia (que assumiu publicamente que não iria ratificar o Acordo referente ao

3,761

2,454

1,050

0,257

Juízes Infra-estruturas Administrativos Total

81

para o sistema entrar em vigor o ratificam (13 países). Com base nestes pressupostos, o valor da

contribuição a ser paga por Portugal (atualizada ao momento presente, em milhões de euros) é o

seguinte:

Para se percecionar os gastos totais incorridos com as contribuições a serem pagas por Portugal

foram somados todos os custos anuais e atualizados ao ano presente:

(milhões de euros)

TUP) e adicionalmente incluindo a Itália (que apesar de não ter aderido à PEU, assinou o Acordo referente ao

TUP).

0,185 0,269 0,319

0,435 0,532

0,936 0,990

0,355 0,518 0,613

0,836 1,023

1,800 1,903

2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Hipótese 1,moderada

Hipótese 1,pessimista

2,979 2,979

Total: 5,271

2,292

Hipótese 1,moderada

Hipótese 1,pessimista

Prestação a ser paga por país ratificante Diferença entre as Hipóteses

82

No âmbito do presente estudo, para obter insights e avaliar a opinião de entidades detentoras de

patentes no que diz respeito à patente nacional e europeia (em vigor), bem como relativamente à PEU

e TUP, foram realizadas entrevistas telefónicas com algumas dessas entidades durante o período

compreendido entre 13 e 26 de janeiro de 2015.

Foram selecionadas para as entrevistas entidades, empresas e Instituições de Ensino Superior

sedeadas ou com representação em Portugal, que investem em I&I&D e que registam patentes em

diversas áreas.

No total foram entrevistadas quatro Instituições de Ensino Superior e quatro empresas localizadas em

Portugal. Das oito entidades cerca de 38% exportam ou têm parcerias fora de Portugal, principalmente

para os Estados Unidos e para a Europa, mercados onde o nível de concorrência é considerado

elevado.

A maioria das entidades entrevistadas já realizaram pedidos de patente europeia, quer através do IEP como do PCT.

Os mercados europeus preferenciais para validar as PE que detém são a França, Alemanha, Espanha e Reino-Unido e, em alguns casos, a Itália. Estes países correspondem a aproximadamente 52% da população europeia.

População dos Estados-Membros pertencentes ao sistema de patente europeia (%)241

Os agentes oficiais da propriedade intelectual são com frequência consultados por todas as entidades

entrevistadas, por regra, com o objetivo de prestar esclarecimentos e apoiar no processo de pedido de

registo de patente europeia e as fases subsequentes.

Relativamente à experiência dos entrevistados com processos de litígio relacionados com patentes

nenhuma das entidades entrevistadas tinha experiência relevante nesta matéria, não tendo por

isso sido possível estimar os custos associados aos mesmos.

No que concerne à PE, os entrevistados indicaram como principais dificuldades/constrangimentos:

Custos com tradução incorridos com as traduções que têm de ser feitas para cada país onde o

requerente queira validar a patente;

Morosidade e burocracia inerente ao processo de registo e validação de patentes;

Diferenças ao nível da legislação e requisitos, no momento de efetuar a validação da PE, tornam o

processo muito complexo;

Elevados custos associados à manutenção de patentes;

241

O total da população corresponde ao número total de habitantes residentes nos 38 países que fazem parte do

sistema de patente europeia. Bósnia and Herzegovina e Montenegro estão incluídos no total da população.

10%

13%

8%

11%

10%

48%

França

Alemanha

Espanha

Reino-Unido

Itália

Resto da Europa

Anexo 3 Entrevistas realizadas

83

Embora muitas das entidades entrevistadas recorram a agentes oficiais de propriedade intelectual,

todas as entidades indicaram estar familiarizadas com as bases de dados de consulta de patentes

disponíveis. A maioria das entidades entrevistadas realizam as suas pesquisas utilizando a plataforma

Espacenet, a qual consideram bastante intuitiva e completa. A experiência de utilização foi, em geral,

classificada como muito positiva.

No que concerne à PEU, apenas 63% das entidades entrevistadas consideraram estar

suficientemente informadas para dar uma opinião fundamentada sobre o potencial impacto do novo

sistema, em termos de negócio e do ambiente económico.

Destes 63%, 80% dos inquiridos consideram a PEU como uma solução com impacto positivo em

relação ao sistema de patentes europeu atualmente em vigor e 20% consideram que existem alguns

aspetos positivos e outros negativos.

Conhecimento sobre PEU Opinião sobre PEU

Os aspetos positivos identificados com maior frequência foram:

Diminuição dos custos totais (custos com traduções e as várias taxas por país),

Validação automática em todos os EMC elimina uma grande parte do processo burocrático e

simplifica os procedimentos.

Já os aspetos negativos identificados incidiram sobre o facto de terem de ser suportados custos

adicionais para a validação das patentes nos países que aderirem à PEU. Este facto pode anular

parcialmente os benefícios alcançados, porque a validação desses países terá de ocorrer sempre em

paralelo.

Foi igualmente questionada a necessidade de impulsionar a utilização deste novo sistema e de que

forma seria possível mitigar os riscos envolvidos. As respostas obtidas focaram os seguintes pontos:

Financiamento, ainda que parcial, dos custos associados às patentes.

Acesso, clareza e disponibilidade de informação relativa registo de patentes, por exemplo, como

redigir as reivindicações. Na opinião geral dos inquiridos, um suporte adicional ou maior rigor na

preparação do texto das patentes poderia ajudar a melhorar a qualidade das mesmas e a passar a

obter uma maior taxa de sucesso na concessão das mesmas.

80%

20%

Opinião positiva Opinião desfavorável

63%

38%

Conhece Não tem conhecimento

84

Estudos

A Patente Europeia de Efeito Unitário, Consequências para a Economia Portuguesa, ACPI,

dezembro de 2013.

Danguy Jérôme, van Pottelberghe de la Potterie Bruno, Economic Cost-Benefit Analysis of

the Community Patent, EC DG International Market, 2009.

Preliminary Findings of DG Internal Market and Services, Study on the Caseload and Financing of

the Unified Patent Court, 2011.

Meissner Bolte, German and European Patent, Trademark and Design Attorneys Lawyers,

http://www.mbp.de/uploads/media/IP-Litigation_in_Germany.pdf, 2013 e atualizado em 16.04.2014.

Reddie & Grose, How Much More Will the Unitary Patent Cost, janeiro de 2013.

S.J. Graham and N. van Zeebroek, Comparing Patent Litigation Across Europe: A First Look,

Stanford Technology Law Review 17:655 (2014): 655-708.

Tribunal Unificado de Patentes, Consequências para a Economia Portuguesa, ACPI, dezembro de

2013.

CJA Consultants Ltd, Patent Litigation Insurance – A study or the European Commission on the

feasibility of possible insurance schemes against patent litigation risks, CJA Consultants Ltd, 2006.

Conselho da União Europeia, Commission Staff Working Paper Impact Assessment

Accompanying document to the Proposal for a Regulation Of The European Parliament And

The Council implementing enhanced cooperation in the area of the creation of unitary patent

protection and Proposal for a Council Regulation implementing enhanced cooperation in the area of

the creation of unitary patent protection with regard to the applicable translation arrangements,

Jornal Oficial da União Europeia, 13 novembro 2011.

“Analysis of prospective economic effects related to the implementation of the system of unitary

patent protection in Poland” realizado pela Deloitte Polónia, 1 de outubro de 2012.

Prime Watch 2013, analisa e traça as principais tendências do mercado de escritórios de Lisboa.

Utilizado para calcular o preço do m2 a pagar na renda da divisão local do tribunal do TUP.

Bases de dados

Dados da Comissão Europeia: “Classic" european patent versus new unitary patent, documento

referente à diferença em custos entre a patente europeia e uma patente europeia com efeito

unitário.

Dados da Comissão Europeia: http://ec.europa.eu/growth/industry/intellectual-property/industrial-

property/patent/ratification/index_en.htm, número de países que participaram na cooperação

reforçada no domínio da criação da protecção de patente unitária, número de países que

assinaram o Acordo referente ao TUP e número de países que ratificaram o Acordo referente ao

TUP.

Dados da WIPO: http://www.wipo.int/portal/en/index.html, perfil de Portugal, total de aplicações de

patentes, bolsas totais de patentes, aplicação de residentes por 100 bilhões de dólares PIB,

aplicação de residentes por milhão de habitantes, listagem dos Países Membros do PCT,

entidades com mais pedido de patentes internacionais no mundo.

Dados do Banco Mundial: http://www.worldbank.org/, indicadores de desenvolvimento mundial,

taxas de utilização da propriedade intelectual, população total de cada país, PIB por país.

Dados do IEP, http://www.epo.org/, número de pedidos de patentes europeias por pais no IEP,

número de patentes europeias concedidas por pais no IEP, taxas de propriedade intelectual, top

pedidos de patentes europeias, top patentes europeias concedidas, listagem dos países do

sistema do sistema europeu de patentes, regras relativas a taxas da PE, língua das reivindicações

das patentes europeias, informações sobre o Acordo de Londres e artigos da CPE.

Dados do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual: http://www.marcasepatentes.pt/,

informações sobre, patentes nacionais e procedimentos nacionais e taxas de propriedade

Anexo 4 Bibliografia

85

intelectual, Plano de Actividades 2015, base de dados de patentes e agentes oficiais da

propriedade intelectual.

Economist Intelligence Unit Forecast, utilizado para obter inflação para a UE28, outubro 2014.

Página de internet do TUP, http://www.unified-patent-court.org/, para informações sobre os

Estados-Membros do TUP.

Portal do Governo de Portugal, http://www.portugal.gov.pt/pt.aspx :salários dos funcionários.

Dados do INE: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, relativos ao número de

empresas totais em Portugal e empresas portuguesas por CAE.

Regulamentos

Conselho da União Europeia, Convenção sobre a Patente Europeia, 5 de outubro de 1973,

modificada pelo acto de alteração do Artigo 63º da Convenção de 17 de dezembro de 1991 e

decisões do Conselho de Administração do Instituto Europeu de Patentes, de 21 de dezembro de

1978, 13 de dezembro de 1994, 20 de outubro de 1995 a 5 de dezembro de 1996 e 10 de

dezembro de 1998, e de outubro 2013 bem como os protocolos que dela fazem parte integrante

(Diário Oficial de 26 de abril de 2004).

Acordo do Conselho da União Europeia 2013/C 175/01 de 2013 relativo ao TUP.

Diário da República: Artigo 99.º do Decreto-Lei 143/2008, de 25 de julho, onde aprova medidas de

simplificação e de acesso à propriedade industrial.

Projecto de Regulamento do Conselho da União Europeia 2011/0094 (COC) de 13 de abril de

2011 que introduz uma cooperação reforçada no domínio da protecção da patente unitária no que

diz respeito ao regime de tradução aplicável, Comissão Europeia, {COM(2011) 215 final}

{SEC(2011) 482 final}.

Decisão que autoriza a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária:

http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:076:0053:0055:en:PDF, de 10

de março de 2011.

Patent Cooperation Treaty (PCT) of the World Intelectual Property Organization (WIPO) de 19 de

junho de 1970, modificado em 28 de setembro de 1979, 3 de fevereiro de 1984 e 3 de outubro de

2001.

Projecto de Regulamento do Parlamento e do Conselho Europeu 2011/0093 (COD) que introduz

uma cooperação reforçada no domínio da protecção da patente unitária, Comissão Europeia,

{COM(2011) 216 final} {SEC(2011) 482 final} {SEC(2011) 483 final}.

Regulamento da Assembleia da República lei 16/2008 que disciplina a intervenção do Estado na

definição, concessão, preparação, concurso, adjudicação, alteração, fiscalização e

acompanhamento global das parcerias público-privadas e cria a Unidade Técnica de

Acompanhamento de Projetos.

Regulamento do Conselho da União Europeia (UE) n.º 1260/2012 de 17 de dezembro de 2012 que

regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes no

que diz respeito ao regime de tradução aplicável, [2003] OJ L361/1.

Regulamento do Conselho da União Europeia (UE) n.º 1260/2012 de 17 de dezembro de 2012 que

regulamenta a cooperação reforçada no domínio da criação da proteção unitária de patentes,

[2003] OJ L361/89.

Regulamentos do Ministério das Finanças despacho nº 13208/2003 de 25 de junho 2003 com o

intuito de uniformizar a apresentação e apreciação de propostas para parcerias público-privadas e

obedecendo, Diários da Republica 1.ª SERIE, Nº 100, de 23.05.2012, Pág. 2702, utilizado para

obter a taxa de desconto.

86

Estatísticas de patentes europeias IEP (2013)

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

AD Andorra 5 1

AE United Arab Emirates 86 6

AG Antigua And Barbuda 0 0

AI Anguilla 3 0

AL Albania 1 1

AM Armenia 8 0

AN Netherlands Antilles 1 7

AO Angola 0 0

AR Argentina 45 15

AS American Samoa 0 0

AT Austria 2.379 837

AU Australia 1.740 323

AW Aruba 1 0

AZ Azerbaijan 4 0

BA Bosnia And Herzegovina 8 1

BB Barbados 187 100

BD Bangladesh 3 0

BE Belgium 2.243 736

BF Burkina Faso 0 0

BG Bulgaria 56 5

BH Bahrain 4 1

BI Burundi 0 0

Anexo 5 Dados estatísticos IEP

87

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

BJ Benin 0 0

BM Bermuda 30 24

BN Brunei Darussalam 1 0

BO Bolivia, Plurinational State Of 0 0

BR Brazil 690 80

BS Bahamas 16 13

BW Botswana 0 0

BY Belarus 32 2

BZ Belize 2 0

CA Canada 3.505 902

CD Congo, The Democratic Republic Of The 0 0

CG Congo 0 0

CH Switzerland 7.966 2.668

CI Côte D'Ivoire 1 0

CK Cook Islands 0 0

CL Chile 137 13

CM Cameroon 0 0

CN China 22.292 941

CO Colombia 76 4

CR Costa Rica 7 0

CU Cuba 12 6

CW Aruba 3 0

CY Cyprus 58 17

CZ Czech Republic 291 67

DE Germany 32.022 13.425

DK Denmark 2.397 608

DM Dominica 0 0

DO Dominican Republic 4 0

88

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

DZ Algeria 6 0

EC Ecuador 15 1

EE Estonia 42 9

EG Egypt 41 3

ER Eritrea 0 0

ES Spain 2.476 395

ET Ethiopia 0 0

FI Finland 2.818 665

FJ Fiji 0 0

FO Faroe Islands 0 1

FR France 12.417 4.910

DA Gabon 1 0

GB United Kingdom 6.469 2.064

GD Grenada 0 0

GE Georgia 15 0

GH Ghana 1 0

GI Gibraltar 2 10

GL Greenland 0 0

GN Guinea 0 0

GP Guadeloupe 0 0

GQ Equatorial Guinea 0 0

GR Greece 135 30

GT Guatemala 0 0

GU Guam 0 0

HK Hong Kong 10 17

HN Honduras 0 0

HR Croatia 38 7

HT Haiti 0 0

89

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

HU Hungary 196 50

ID Indonesia 14 2

IE Ireland 725 187

IL Israel 1.783 420

IN India 1.361 181

IQ Iraq 0 1

IR Iran, Islamic Republic Of 1 0

IS Iceland 62 16

IT Italy 4.662 2.353

JM Jamaica 0 0

JO Jordan 1 3

JP Japan 52.437 12.133

KE Kenya 6 1

KG Kyrgyzstan 1 0

KH Cambodia 0 0

KN Saint Kitts And Nevis 2 1

KP Korea, Democratic People'S Republic Of 1 0

KR Korea, Republic Of 16.857 1.989

KW Kuwait 2 1

KY Cayman Islands 27 39

KZ Kazakhstan 16 0

LA Lao People'S Democratic Republic 5 0

LB Lebanon 8 2

LC Saint Lucia 0 0

LI Liechtenstein 349 113

LK Sri Lanka 13 0

LR Liberia 0 0

LT Lithuania 74 5

90

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

LU Luxembourg 528 176

LV Latvia 92 5

LY Libyan Arab Jamahiriya 0 0

MA Morocco 44 0

MC Monaco 21 13

MD Moldova, Republic Of 1 1

ME Montenegro 1 0

MG Madagascar 0 0

MH Marshall Islands 0 1

MK Macedonia, The Former Yugoslav Republic Of 4 0

ML Mali 0 0

MM Myanmar 0 0

MN Mongolia 0 0

MO Macao 0 0

MT Malta 88 22

MU Mauritius 13 5

MX Mexico 191 34

MY Malaysia 271 25

NA Namibia 8 1

NC New Caledonia 0 0

NE Niger 0 0

NG Nigeria 15 0

NI Nicaragua 2 0

NL Netherlands 7.606 1.883

NO Norway 806 220

NZ New Zealand 305 52

OM Oman 0 0

PA Panama 23 5

91

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

PE Peru 24 0

PF French Polynesia 0 0

PG Papua New Guinea 0 0

PH Philippines 27 1

PK Pakistan 2 0

PL Poland 510 95

PR Puerto Rico 3 5

PT Portugal 199 26

PY Paraguay 0 0

QA Qatar 36 0

RE Réunion 0 0

RO Romania 30 2

RS Serbia 24 3

RU Russian Federation 1.168 53

SA Saudi Arabia 386 43

SC Seychelles 14 3

SD Sudan 0 0

SE Sweden 5.004 1.789

SG Singapore 902 111

SH Saint Helena 0 0

SI Slovenia 161 52

SK Slovakia 37 5

SL Sierra Leone 0 0

SM San Marino 10 4

SN Senegal 1 0

SV El Salvador 0 0

SY Syrian Arab Republic 1 0

SZ Swaziland 0 0

92

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

TC Turks And Caicos Islands 0 1

TD Chad 0 0

TG Togo 0 0

TH Thailand 107 7

TK Tokelau 1 0

TM Turkmenistan 0 0

TN Tunisia 3 0

TO Tonga 0 0

TR Turkey 909 144

TT Trinidad And Tobago 0 1

TW Taiwan, Province Of China 1.107 474

TZ Tanzania, United Republic Of 0 0

UA Ukraine 152 5

UG Uganda 0 0

US United States 64.967 14.877

UY Uruguay 11 1

UZ Uzbekistan 5 0

VA Holy See (Vatican City State) 0 0

VC Saint Vincent And The Grenadines 7 4

VE Venezuela, Bolivarian Republic Of 3 3

VG Virgin Islands, British 26 84

VI Virgin Islands, U.S. 2 0

VN Viet Nam 16 0

VU Vanuatu 0 0

WS Samoa 3 4

YE Yemen 0 0

ZA South Africa 351 54

ZM Zambia 0 0

93

País Pedidos

entregues

Patentes

concedidas

ZW Zimbabwe 0 0

Not classified 55 1

Total 265.690 66.707

Fonte: IEP. http://www.epo.org/about-us/annual-reports-statistics/statistics/filings.html;

http://www.epo.org/about-us/annual-reports-statistics/statistics/granted-patents.html

94

“Deloitte” refere-se a Deloitte Touche Tohmatsu Limited, uma sociedade privada de responsabilidade limitada do

Reino Unido (DTTL), ou a uma ou mais entidades da sua rede de firmas membro e suas entidades relacionadas. A

DTTL e cada uma das firmas membro da sua rede são entidades legais separadas e independentes. A DTTL

(também referida como "Deloitte Global") não presta serviços a clientes.

Para aceder à descrição detalhada da estrutura legal da DTTL e suas firmas membro consulte

www.deloitte.com/pt/about

A Deloitte presta serviços de auditoria, consultoria fiscal, consultoria de negócios e de gestão e corporate finance a

clientes nos mais diversos sectores de atividade. Com uma rede globalmente ligada de firmas membro em mais de

150 países e territórios, a Deloitte combina competências de elevado nível com oferta de serviços qualificados

conferindo aos clientes o conhecimento que lhes permite abordar os desafios mais complexos dos seus negócios.

Os mais de 200.000 profissionais da Deloitte empenham-se continuamente para serem o padrão de excelência.

Esta comunicação apenas contém informação de carácter geral, pelo que não constitui aconselhamento ou

prestação de serviços profissionais pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited, pelas suas firmas membro ou pelas

suas entidades relacionadas (a “Rede Deloitte”). Nenhuma entidade da Rede Deloitte é responsável por quaisquer

danos ou perdas sofridos pelos resultados que advenham da tomada de decisões baseada nesta comunicação.

© 2015. Para informações, contacte Deloitte Consultores, S.A.

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