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Patologia Geral: Conceitos Nucleares (Módulo 1/4) Termos médicos gerais e Patologia como especialidade Patologia: (Grego, pathos = sofrimento; logos = estudo do) – Ramo das Ciências da Saúde que trata da etiologia, da patogenia e das modificações provocadas pelas doenças nos organismos vivos. É também a especialidade médica que levanta informações diagnósticas por meio da análise de espécimes biológicos. Dentre suas subespecialidades, estão a Patologia Cirúrgica (v. Biopsias), a Patologia Forense, a Patologia Clínica, a Citopatologia e a Patologia Molecular . Autópsia: (Grego, auto = próprio; psien = ver) – Para alguns autores, o termo indica “ver por si mesmo”, referindo-se ao exame pelo qual as alterações morfológicas podem ser observadas nos diferentes órgãos in loco, e associadas aos sinais e sintomas previamente apresentados pelo paciente. Outros traduzem o termo autópsia como “o exame de si mesmo”, advogando que a palavra só deveria ser usada quando o procedimento é feito em humanos; em animais, o termo adequado seria necropsia. No dia-a-dia, autópsia e necropsia são termos intercambiáveis, empregados tanto na patologia humana como na veterinária. Órgãos:(Grego, organon = instrumento) – Estruturas anatômicas bem individualizadas, constituídas por vários tecidos, que, em conjunto, realizam funções características, e.g., coração, ovário, pulmão etc. o Tecido:(Latim, texere = tecer, pelo Francês tissu) – Conjunto integrado de células com estrutura e atividades semelhantes, que desempenham funções específicas. Entre essas células existe a matriz extracelular , que pode ser mínima em alguns tecidos e abundante em outros, contendo macromoléculas importantes tanto do ponto de vista estrutural como funcional. Etiologia: (Grego, etio = causa; logia = estudo de) – Estudo das causas das doenças. Difere de fatores de risco, que podem não ter associação causal com

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Patologia Geral: Conceitos Nucleares (Módulo 1/4)

Termos médicos gerais e Patologia como especialidade

Patologia: (Grego, pathos = sofrimento; logos = estudo do) – Ramo das Ciências da Saúde que trata da etiologia, da patogenia e das modificações provocadas pelas doenças nos organismos vivos. É também a especialidade médica que levanta informações diagnósticas por meio da análise de espécimes biológicos. Dentre suas subespecialidades, estão a Patologia Cirúrgica (v. Biopsias), a Patologia Forense, a Patologia Clínica, a Citopatologia e a Patologia Molecular.

Autópsia: (Grego, auto = próprio; psien = ver) – Para alguns autores, o termo indica “ver por si mesmo”, referindo-se ao exame pelo qual as alterações morfológicas podem ser observadas nos diferentes órgãos in loco, e associadas aos sinais e sintomas previamente apresentados pelo paciente. Outros traduzem o termo autópsia como “o exame de si mesmo”, advogando que a palavra só deveria ser usada quando o procedimento é feito em humanos; em animais, o termo adequado seria necropsia. No dia-a-dia, autópsia e necropsia são termos intercambiáveis, empregados tanto na patologia humana como na veterinária.

Órgãos:(Grego, organon = instrumento) – Estruturas anatômicas bem individualizadas, constituídas por vários tecidos, que, em conjunto, realizam funções características, e.g., coração, ovário, pulmão etc.

o Tecido:(Latim, texere = tecer, pelo Francês tissu) – Conjunto integrado de células com estrutura e atividades semelhantes, que desempenham funções específicas. Entre essas células existe a matriz extracelular, que pode ser mínima em alguns tecidos e abundante em outros, contendo macromoléculas importantes tanto do ponto de vista estrutural como funcional.

Etiologia: (Grego, etio = causa; logia = estudo de) – Estudo das causas das doenças. Difere de fatores de risco, que podem não ter associação causal com determinada doença, e de patogenia, que estuda os seus mecanismos de instalação da doença. O bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis; Heinrich Herrmann Robert Koch, médico e microbiologista alemão, 1843-1910), por exemplo, é o agente etiológico da tuberculose, cuja patogenia depende da imunidade celular modificada e da inflamação crônica granulomatosa (v. Granulomas).

Doença:(Latim, dolentia = sofrimento, dor, mágoa) – Uma das maneiras de conceituar doença é fazê-lo em oposição ao conceito de saúde. No entanto, tal como proposto pela Organização Mundial da Saúde, o conceito dessa é muito mais abrangente do que o negativo de doença: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste somente na ausência de doença ou de enfermidade.” Por isso, é mais interessante conceituar doença de modo positivo, como qualquer alteração do estado de bem-estar aparente de um organismo. Mesmo assim, essa conceituação tem limitações, pois implica subjetividade (Quem define o bem-estar?), de relatividade (O bem-estar tem graus de intensidade ou é absoluto?) e de estatística (O estado normal dos organismos é de bem-estar? Se não o é, a maioria dos organismos está doente?).

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o Enfermidade: (Latim, infirmare = enfraquecer, deixar de ser firme) – Geralmente, esse termo é usado de modo intercambiável com doença. Para alguns autores, no entanto, o termo designa a condição nosológica (Grego, nosos = doença) na qual há sinais e sintomas, i.e., o indivíduo é denominado enfermo quando a doença se torna clinicamente evidente.

Patogenia: (Grego, pathos = sofrimento, doença; genos = nascimento) – Estudo dos mecanismos que propiciam o desenvolvimento de determinada doença.

Biopsia: (Grego, bio = vida; psien = ver; examinar durante a vida) – Procedimento cirúrgico pelo qual amostras de uma lesão são retiradas do paciente e analisadas ao microscópio óptico para diagnóstico e orientação do tratamento clínico ou cirúrgico. Ao contrário da autópsia, a biopsia é um procedimento in vivo. O termo foi criado em 1879 por Ernest Henri Besnier (dermatologista francês, 1831-1909).

Necropsia: (Grego, necros = morte; opsien = ver) – Exame de cadáveres humanos ou de animais para estudo de doenças e esclarecimento das causas de morte (v. Autópsia).

Citologia exfoliativa: (Grego, cito = célula; logo = estudo; Latim, exfoliare = separar em folhas) – Exame citológico de células que revestem superfícies de cavidades ou de órgãos. Essas células descamam naturalmente ou são passíveis de colheita por esfoliação.

Diagnóstico diferencial

Diagnóstico

Endógeno

Exógeno

Estrutural

Funcional

Hematoxilina & Eosina

História natural: Conjunto de informações sobre as causas (v. Etiologia), os mecanismos de instalação (v. Patogenia), sinais e sintomas (estudados na semiologia) e evolução de determinada doença em um indivíduo não-tratado

Iatrogenia: (Grego, iatros = médico; genia = origem) – É o estabelecimento de processo patológico ou alteração nociva provocada inadvertidamente no paciente em decorrência de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos.

Idiopático: (Grego, idios = próprio, origem espontânea; patos = doença) – Termo utilizado para indicar que a etiologia de determinada doença não é conhecida

Incidência: (Latim, incidentia = que recai, incide) – A incidência de um atributo é a medida de seu surgimento em uma população (v. Prevalência). A incidência traz a idéia de mudança de estado, geralmente da saúde para a doença.

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Prevalência: (Latim, prevalentia) – A prevalência de certo atributo é a fração de uma população que apresenta esse atributo (v. Incidência). A prevalência quantifica a existência de uma condição, geralmente uma doença, em determinado momento. É uma proporção, portanto sem dimensão e com valores compreendidos entre zero e um (e.g., a prevalência de Diabetes melito no Brasil em 2002 é 0,01 ou 1% da população).

o Diabetes melito: (Grego, dia = através de; bainein = passar; Latim, melito = mel) – Doença metabólica caracterizada por poliúria (Grego, poli = muito; oiren = urina; diurese excessiva) e glicosúria (glicose na urina), que confere sabor adocicado à urina. Apresenta alta prevalência na população mundial (cerca de 3%), sendo conseqüente à deficiência absoluta ou relativa de insulina, hormônio mediador da entrada de glicose nas células

Incidioso

Lâminas de congelação [biópsia]: Procedimento pelo qual cortes histológicos são obtidos de fragmentos de tecido congelado de imediato após sua retirada do paciente, sem fixação prévia (v. Fixadores) e sem inclusão em parafina. O objetivo da congelação é tornar o tecido rígido o suficiente para ser cortado. Ela é realizada a baixas temperaturas, ou com exposição do tecido ao CO2, isopentano, nitrogênio líquido etc. Como a técnica é rápida (minutos), é realizada durante cirurgias para diagnóstico e orientação da conduta operatória. Nesse caso, é também denominada biopsia intra-operatória.

Fixadores: Soluções em que tecidos ou células são imersos para evitar sua autólise e preservar sua estrutura.

Lesão

Morfologia

Morbidade: (Latim, morbidus = doença) – Em epidemiologia, indica taxa real ou potencial de determinada moléstia em uma população, em determinado momento ou intervalo de tempo; nesse caso, é expressa pelos índices quantitativos de incidência e de prevalência (v. Mortalidade). Alternativamente, morbidade expressa a capacidade de determinado agente etiológico provocar uma moléstia (v. Etiologia).

Mortalidade: (Latim, mortalitate = mortandade) – É a incidência de óbito (v. Epidemiologia). Comumente, refere-se a uma causa específica aplicada a uma população durante determinado período; e.g., a mortalidade por homicídios na região da Grande São Paulo cresceu ininterruptamente nas décadas de 1980-90, sendo a maior causa de óbitos entre adultos jovens do sexo masculino nesse período. (v. Morbidade).

Epidemiologia:(Grego, epi = sobre; demo = povo; logia = estudo de; estudo daquilo que se propaga em uma população) – Ciência que estuda os padrões de ocorrência, de distribuição, a natureza e os fatores determinantes das doenças em populações humanas. Nisso a epidemiologia difere da clínica médica, que estuda a doença em indivíduos.

Nosocomial

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Patogenia

Patognomônico: (Grego, pathos = sofrimento; moléstia; gnomos = sinal, indicador) – Sinal e/ou sintoma considerado característico e indicativo de determinada doença.

Patologia Cirúrgica

Patologia Clínica

Prevalência

Prognóstico: (Grego, pro = anterior; gnose = conhecimento; saber com antecedência) – Expectativa sobre como determinada doença vai evoluir. O prognóstico é estabelecido com base na avaliação dos fatores prognósticos, que são índices clínicos ou laboratoriais associados à doença ou dela dependentes.

Punção Aspirativa: (Grego, cito = célula; logo = estudo de) – Exame citológico de material aspirado por agulha de lesões em pele, mama, nódulos linfáticos, glândulas salivares e tireóide.

Remissão

Síndrome: (Grego, sindrome = conjunto) – Conjunto característico de sinais e sintomas que resultam de causas diversas (v. Etiologia). Assim, a síndrome ictérica pode ser devida à calculose biliar, mas também pode ser devida a hepatites virais ou à hemólise; a síndrome anêmica (v. Anemia) pode ser devida a sangramentos, mas também pode resultar de aplasia da medula óssea; a síndrome de Cushing pode ser devida a excesso corticosteróide exógeno, mas pode ser conseqüente à hipersecreção de cortisol por adenoma do córtex da glândula adrenal.

Sintoma

Degenerações, acúmulos intracelulares e pigmentos

Degenerações: (Latim, degeneratio = deterioração) – Termo consagrado na Patologia Geral para descrever aspectos da deterioração morfológica e funcional das células e de algumas estruturas extracelulares (v. Adaptação). No entanto, apenas em alguns casos o termo “degeneração” é legítimo, como na degeneração de cartilagem articular, na qual realmente o material extracelular acha-se decomposto, e na degeneração walleriana, que ocorre no axônio quando ele é separado do corpo neuronal. Em vez de “degeneração”, deve-se empregar o termo “acúmulo” nos casos em que há aumento da quantidade de substâncias no interior das células (e.g., acúmulo de glicogênio, de lípides, de água, para indicar degeneração glicogênica, degeneração gordurosa e degeneração hidrópica, respectivamente).

Adaptação: (Latim, adaptare = tornar apto, ajustar) – Fenômeno pelo qual determinado nível de organização de um ser vivo se altera para manter a homeostasia em resposta a modificações de seu ambiente, em particular

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nas situações que exigem aumento ou diminuição de sua função, mas ocorre também após agressões físicas, químicas ou biológicas. As modificações da adaptação podem ser contínuas (e.g., indução enzimática, atrofia, hiperplasia, hipertrofia, metaplasia etc.), ou do tipo tudo-ou-nada (e.g., ocorrência ou não de apoptose, entrada ou não no ciclo celular, estabelecimento ou não de certo programa de diferenciação).

o Organização: (Latim, organizo = dar uma estrutura, tornar apto à vida) – Fenômeno da inflamação crônica caracterizado pelo aparecimento do tecido de granulação e por fibrose progressiva (v. Cicatrização). O termo descreve o processo pelo qual o organismo modifica coágulos, trombos (v. Trombos, evolução dos), tecidos necróticos e quaisquer outros materiais absorvíveis que ocorram nos tecidos.

o Tecido de granulação: Tecido transitório que se forma em resposta à destruição tecidual e representa etapa importante do processo de cicatrização (v. Inflamação crônica). É um tecido altamente vascularizado, à custa de pequenos vasos neoformados em meio a fibroblastos jovens e estroma mixóide, fibrina e células inflamatórias.

o Fibrose: (Latim, fibra = fibra; ose = formação) – Produção e deposição de tecido conjuntivo como conseqüência à inflamação crônica e destruição tissular (v. Cicatrização, v. Reparação).

o Cicatrização: (Latim, cicatrix = cicatriz; processo de formação de cicatrizes) – Tipo de reparação na qual áreas de tecido lesado são removidas e substituídas por fibrose. Diferente da regeneração, a cicatrização ocasiona perda das características estruturais e funcionais vigentes antes da agressão.

o Reparação: (Latim, reparatione = pôr em bom funcionamento) – A

restauração de órgãos e tecidos parcialmente destruídos se faz através de dois processos não-exclusivos: a regeneração e a cicatrização.

o Regeneração: (Latim, re generatione = tornar a viver) – Tipo de reparação na qual as áreas lesadas sofrem restitutio ad integrum (Latim, reconstituição integral), mantendo as características estruturais e funcionais vigentes no tecido antes da agressão e do desencadeamento da inflamação. É o que geralmente ocorre no fígado em casos de hepatite viral do tipo A.

o Inflamação: (Latim, inflammare = atear fogo) – Fenômeno complexo que envolve alterações vasculares, intersticiais e celulares, que ocorre em resposta a um agente agressor, inicialmente localizado na área da agressão. As inflamações são designadas pelo nome do tecido em que ocorrem seguidas do sufixo -ite, e.g., miocardite, encefalite etc. Embora exista a tentativa de usar a duração do processo para definir os tipos agudo e crônico de inflamação, os critérios histomorfológicos são mais adequados para distingui-los. Assim, a inflamação deve ser classificada em inflamação aguda ou inflamação crônica, dependendo da ocorrência de exsudato, congestão, tipos determinados de células inflamatórias (polimorfonucleares e mononucleares), proliferação fibroblástica e deposição de colágeno.

Inflamação crônica: (Latim, inflammare = atear fogo) -– Processo inflamatório (v. Inflamação) caracterizado por infiltrado de células mononucleares (v. Linfócitos; v. Plasmócitos; v. Macrófagos), proliferação de fibroblastos e de

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vasos (v. Tecido de granulação) e progressiva deposição de colágeno, que culmina com fibrose (v. Cicatrização).

Inflamação aguda: (Latim, inflammare = atear fogo) – Caracteriza-se por alterações vasculares (aumentos do fluxo sanguíneo e da permeabilidade) com formação de exsudato e edema inflamatório. As células características da fase aguda da inflamação são os neutrófilos. Esses fenômenos são responsáveis pelos sinais característicos da inflamação aguda definidos por Celsus (Aulus Cornelius Celsus, escritor romano 30 a.C.-38 d.C.): calor (aumento do fluxo sanguíneo), rubor (vasodilatação), tumor (edema) e dor (liberação de mediadores químicos e sensibilização de terminações nervosas). No século XIX, Virchow (Rudolf Ludwig Karl Virchow, patologista alemão, 1821-1902) acrescentou a esses sinais a quinta característica do processo inflamatório: functio lesa ou perda da função, resultado da dor local e alteração da estrutura do tecido afetado (e.g., ocasionada pelo edema)

Exsudato: (Grego, ex = para fora; Latim, sudare = suar) – Edema intersticial ou derrame constituído por fluido rico em proteínas (. 3 g%), particularmente fibrina, apresentando densidade superior à do plasma (1,010).

Edema: (Grego, oidema = inchaço) – Acúmulo de líquido, que pode ocorrer em cavidades naturais (v. Derrame cavitário) no interstício ou dentro de células (i.e., edema intracelular ou degeneração hidrópica).

Degeneração hidrópica: (Latim, degeneratio = deterioração; Grego, hidropico = que contém água) – Também denominada edema intracelular, ou inchação ou tumefação turva, resulta do acúmulo de água intracitoplasmática (v. Degeneração). É a manifestação morfológica inicial de quase todas as formas de lesão celular que ocasionam distúrbios da homeostase iônica e hídrica.

o Tumefação: (Latim, tumefacere = inchar, tornar intumescido) – Edema intracelular, também referido como inchação ou tumefação turva, degeneração hidrópica ou vacuolar.

Homeostasia: (Grego, homeos = o mesmo; estase = estacionar, parar) – Tendência de um sistema biológico (e.g., célula, tecido, organismo) preservar sua estabilidade funcional.

Atrofia: (Grego, a = privação de; trophe = alimento) – Tipo de adaptação caracterizada pela diminuição do volume das células devido à escassez de sinais tróficos (e.g., baixa demanda funcional ou perda de inervação), agressão persistente ou envelhecimento (atrofia senil). Como conseqüência, ocorre diminuição do tamanho e peso dos órgãos que, além da atrofia celular, também sofrem diminuição da quantidade de células por apoptose.

o Envelhecimento: (Latim, in = movimento para dentro, no sentido de; vetulu = velho; escere = transformar-se) – Processo pelo qual os organismos exibem progressiva diminuição da capacidade funcional de seus tecidos, com dificuldades para a manutenção da homeostasia (v. Adaptação). O organismo senil apresenta resposta limitada aos estímulos ambientais, suscetibilidade aumentada ao desenvolvimento de doenças em geral, além de alta prevalência de doenças crônico-degenerativas, como distúrbios cardiovasculares e neoplasias

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Hiperplasia: (Grego, hiper = muito, em excesso; plassein = formação) – Tipo de adaptação caracterizada pelo aumento do número de células de um tecido (v. Proliferação celular). Assim como as hipertrofias, as hiperplasias são reversíveis e ocorrem por aumento de estímulos tróficos (Grego, trofos = nutrição, alimento), que podem ou não ser conseqüência do aumento da demanda funcional de determinado tecido ou órgão.

Metaplasia: (Grego, meta = transformação, mudança; plasia = formação) – Substituição de tecido normal diferenciado por outro igualmente diferenciado (v. Diferenciação celular), mas com função e morfologia distintas do original. Trata-se de um tipo de adaptação celular em resposta a agressões persistentes associada a aumento de proliferação celular, motivo pelo qual pode ser condição precursora de neoplasias malignas (v. Carcinogênese)

Hipertrofia: (Grego, hiper = muito, em excesso; trofos = alimento) – Tipo de adaptação caracterizada pelo aumento do volume das células de um tecido. Assim, como as hiperplasias, as hipertrofias são reversíveis e ocorrem por aumento de estímulos tróficos, o que geralmente resulta do aumento da demanda funcional de determinado tecido ou órgão.

o Carcinogênese:(Grego, carcinos = câncer; genesis = nascimento) – Processo de desenvolvimento de neoplasias, desde as alterações moleculares mais precoces até as manifestações clínicas do tumor (v. Transformação celular; v. Câncer). Esse processo ocorre por múltiplas etapas que, nos seres humanos, podem se suceder por vários anos. Aceita-se que o desenvolvimento neoplásico seja estocástico, ou seja, as alterações verificadas em determinado momento dependem das alterações anteriores e dela se originaram de modo probabilístico, i.e., tiveram chances maiores ou menores de ocorrer. A carcinogênese está sujeita à influência de fatores endógenos (estado nutricional, idade, desequilíbrio hormonal etc.) e exógenos (exposição química, infecções etc.), que constituem seus fatores de risco.

Coágulo: Massa sólida constituída por malha de fibrina e células sanguíneas, notadamente hemácias, resultado da ativação do sistema de coagulação. Ao contrário dos trombos, a agregação e a ativação plaquetária não são elementos importantes na formação dos coágulos (v. Trombose).

Coagulação: (Latim, coagulatione = coalhar, coagular) – Transformação do sangue, normalmente fluido, em massa sólida constituída pelas células sanguíneas e fibrina, o coágulo. O processo de coagulação ocorre pela ativação seqüencial de fatores plasmáticos, mecanismo conhecido como cascata de coagulação (v. Coagulação, sistema de).

Trombos: (Grego, trombos = coágulo) – Massa sólida composta de elementos do sangue (plaquetas, fibrina, hemácias e leucócitos), que se forma durante a vida do paciente no interior dos vasos ou do coração (v. Trombose; v. Trombos, evolução dos; v. Trombos, complicações dos; v. Coagulação, sistema de; v. Virchow, tríade de).

Fibrinólise: sistema de (Grego, lise = quebra, degradação; degradação de fibrina) – Sistema proteolítico responsável pela dissolução da fibrina polimerizada que constitui o coágulo, formado pela ativação do sistema de coagulação. É basicamente constituído pela plasmina e seu precursor, o plasminogênio.

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Trombos, evolução dos: São evoluções possíveis de um trombo a fibrinólise, a embolização e a organização.

Trombos, complicações dos: Basicamente, as complicações dos trombos decorrem de oclusão vascular arterial ou venosa, que pode ser local ou decorrente de embolia. O comprometimento arterial ocasiona infartos. Por outro lado, o comprometimento trombótico venoso acarreta congestão e edemas a montante; no entanto, a mais importante complicação dos trombos venosos é a embolia pulmonar.

o Congestão: (Latim, congestio = empilhar, amontoar) – Congestão ou hiperemia (Grego, hiper = excesso de; emia = sangue) são termos que indicam aumento da quantidade de sangue dentro dos vasos. Ocorre precocemente na inflamação, antes da instalação eventual do edema e da hemorragia.

o Embolia: (Latim; embole = ação de lançar, arremessar) – Circulação de qualquer material não-solúvel (êmbolos) pela corrente sanguínea venosa ou arterial. Os êmbolos são arrastados pelo fluxo sanguíneo, de modo que a embolia sempre ocorrerá a jusante da corrente.

o Infarto:(Grego, in = privação, negação; farcire = saciar; falta de nutrientes) – Necrose conseqüente a isquemia aguda, provocada por oclusão de vaso arterial ou venoso. A maioria é resultado de oclusão arterial por trombose ou embolia, mas também do aumento de placa de ateroma, vasoespasmo local, compressão extrínseca do vaso (e.g., hérnia estrangulada, neoplasia), torção de pedículo vascular (volvo intestinal), ruptura traumática do vaso, entre outras.

o Isquemia: (Grego, ischein = suprimir; emia = sangue) – Ausência ou redução importante do fluxo sanguíneo em determinado tecido ou órgão (v. Infarto). Diferente da hipóxia, na qual há restrição apenas da concentração de O2, na isquemia ocorre também falta de outros nutrientes para a região irrigada. Em geral, o termo isquêmico implica diminuição ou supressão de sangue arterial para determinado território. No entanto, tecidos podem se tornar isquêmicos também por deficiências no retorno venoso. Nesses casos, igualam-se as pressões venosa e arterial, não permitindo que sangue oxigenado aporte ao órgão.

o Ateroma:(Grego, ateros = papa de farinha, mingau; oma = massa, tumor) – Lesão elevada da parede arterial (também denominada placa de ateroma, placa fibrosa, gordurosa, lipídica, ou fibrogordurosa), que ocorre como resultado de disfunção endotelial, seguida de deposição de lipídios intra- ou extracelulares na camada íntima do vaso.

Fibroblasto: (Latim, fibra = fibra; Grego, blastos = germe) – Célula versátil do tecido conjuntivo que produz componentes da matriz extracelular (e.g., colágenos, fibras reticulares e elásticas, glicoproteínas de adesão etc.) e participa ativamente da inflamação. Fibroblastos realizam quimiotaxia, migram para áreas de lesão, produzem fatores de crescimento (e.g., citocinas) e proteases, e podem adquirir fenótipo contrátil, originando os miofibroblastos

Colágeno: (Grego, cola = substância adesiva; genos = produzir, gerar) – Família de proteínas fibrosas que correspondem a cerca de 25% de todas as proteínas de mamíferos; são o maior constituinte da matriz extracelular. São produzidas por células do tecido conjuntivo, como os fibroblastos, e têm papel fundamental na estrutura dos tecidos e no processo de reparação de lesões.

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Quimiotaxia: (Grego, chemeia = química; taxis = ordenação; dirigido por estímulo químico) – Movimento de células na direção de um atraente químico. A quimiotaxia é um dos eventos celulares da inflamação, pelo qual os leucócitos emigram dos vasos para o local da injúria atraídos por mediadores químicos ou produtos de microrganismos. A quimiotaxia ocorre com todas as células livres (i.e., não-aderentes à membrana basal ou sem muitos complexos juncionais), e.g., células inflamatórias, células neoplásicas, bactérias, protozoários, espermatozóides etc.

Leucócitos: (Grego, leuco = branco; cito = célula) – Termo genérico para designar células oriundas da medula óssea, incluindo polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos) e mononucleares (basófilos/mastócitos, linfócitos/plasmócitos e monócitos/macrófagos). Os leucócitos constituem as células mais importantes da resposta imunitária e da inflamação.

Membrana basal: (Latim, membrana = lâmina fina; basis = base) – Especialização da matriz extracelular que se interpõe entre o interstício e a porção basal de células epiteliais e endoteliais. Trata-se de estrutura laminar homogênea, positiva na coloração pelo PAS.

Interstício: (Latim, interstitium = espaço entre partes) – Trata-se do espaço que ocorre por entre as células, fibras conjuntivas e elásticas, e substância fundamental amorfa, preenchido por um fluido constituído por água, proteínas, glicosaminoglicanos, íons etc.

Bactérias: (Grego, bakterion = pequeno bastão) – Microrganismos unicelulares procariotos (Grego, pro = anterior a, primitivo; carion = núcleo), i.e., que não possuem núcleos organizados, delimitados por carioteca. Seres humanos sadios apresentam flora bacteriana normal em pele e mucosas (e.g., intestinos, canal vaginal), importante para a manutenção da fisiologia e homeostasia locais. A infecção ocorre quando esse equilíbrio ecológico é alterado pelo crescimento anômalo de bactérias pertencentes ou não à flora normal.

Infecção: (Latim, infectione) – Presença de microrganismos em sítios anatômicos usualmente estéreis, embora tecidos não-estéreis (e.g., pele e mucosa intestinal) possam também ser alvos de infecção. A maior parte dos autores reserva o termo “infecção” para os casos de interação entre o agente infeccioso e o hospedeiro em que há deflagração de inflamação e/ou de resposta imunitária.

Fatores de crescimento: Substâncias, notadamente polipeptídeos, responsáveis por estímulos para proliferação, diferenciação e funções celulares correlatas. A maioria atua interagindo com receptores específicos de superfície, desencadeando transdução de sinais que, por fim, promovem a expressão dos genes necessários à função celular induzida.

Citocinas: (Grego, cito = célula; Latim, ina = substância) – Peptídeos reguladores secretados por quase todas as células nucleadas, principalmente linfócitos T, macrófagos ativados e células endoteliais, entre outras. As citocinas participam da proliferação celular, da diferenciação celular (e.g., a trombopoietina é uma citocina que estimula a diferenciação de plaquetas na medula óssea), da regulação da resposta imunitária natural e adaptativa e da inflamação (v. Mediadores químicos). Também atuam como fatores de crescimento.

Mediadores químicos: (Latim, mediatus = aquilo que intermedeia) – Moléculas de natureza variada que modulam a inflamação estimulando ou inibindo a permeabilidade vascular, a ativação celular, a quimiotaxia, fagocitose, angiogênese, cicatrização e mesmo a liberação de outros mediadores.

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Estroma:(Grego, estroma = rede ou malha sobre a qual se acomoda algo) – Conjunto de células, fibras conjuntivas e substância fundamental que compõem a estrutura de sustentação de vasos sanguíneos, vasos linfáticos, filetes nervosos e do parênquima de determinado órgão. Freqüentemente, o termo estroma é inadequadamente usado como sinônimo de interstício.

Mixóide:(Grego, mixo = mucosidade; óide = semelhante a) – Termo utilizado para indicar tecidos de aspecto viscoso e brilhante, semelhante a muco, mas que, em geral, não são friáveis. Histologicamente, essas características se devem à grande quantidade de substância intersticial amorfa (v. Interstício).

Pigmentos: (Latim, pigmentum = cor, tinta) – Substâncias de natureza química variada, intra- ou extracelulares, com cor própria, o que torna desnecessário o uso de colorações especiais para observá-las nos tecidos, a olho nu ou ao microscópio. Os pigmentos podem ser produzidos pelas células (endógenos) ou adentrar no organismo (exógenos) pelas vias respiratória, digestiva e por inoculação. Em geral, os pigmentos endógenos existem no organismo em uma taxa determinada e sua produção excessiva ou reduzida pode estar indicando doença.

Amilóide: (Grego, amylon = amido; oide = semelhante a) – Grupo de proteínas anômalas cujo acúmulo progressivo no interstício dos órgãos e/ou na parede de vasos induz atrofia do parênquima por compressão e isquemia.

Antracose: (Grego, antracos = carvão; ose = processo) – Acúmulo de partículas de carvão em órgãos que passam a apresentar áreas focais ou difusas finamente enegrecidas. O carvão é o maior poluente do ar ambiente urbano, de modo que os pulmões são particularmente comprometidos, principalmente em fumantes (v. Pneumoconiose)

Pneumoconiose: (Grego, pneumo = ar, pulmão; conis = poeira; ose = condição) – Condição clínica caracterizada pela deposição permanente nos pulmões de grande quantidade de material particulado orgânico ou inorgânico, associada à inflamação e reparação contra esses agentes.

Aterosclerose:(Grego, ateros = papa feita de farinha, mingau; escleros = duro; ose = processo, formação) – Tipo de arteriosclerose caracterizada pelo desenvolvimento de ateromas em artérias elásticas (e.g., aa. aorta, carótida, ilíaca) e artérias musculares de grande e médio calibres (e.g., aa. coronárias, aa. poplíteas)

Arteriosclerose: (Grego, arteria = condutor de ar; esclero = duro; ose = processo) – Qualquer processo que produz espessamento, endurecimento e perda da elasticidade das artérias.

Bilirrubina: (Latim, bilis = bile; ruber = vermelho; ina = substância) – Pigmento que dá cor esverdeada à bile. Em cortes histológicos tem aspecto finamente granuloso e tonalidade amarelo-esverdeada, brilhante. Devido a suas vias de produção e eliminação, a bilirrubina pode ocorrer e acumular em qualquer tecido, dentro ou fora das células, no sangue e nas luzes das vias biliares e do intestino (v. Icterícia; v. Colestase). Quando em excesso no organismo, a bilirrubina pode ser tóxica, provavelmente por alterar a função mitocondrial. Originalmente, foi denominada de hematoidina, mas essa designação não é mais utilizada.

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Icterícia: (Grego, icterus = amarelo) – Síndrome caracterizada por elevação dos níveis de bilirrubina no sangue e conseqüente à deposição desse pigmento na pele e mucosas (particularmente nas conjuntivas oculares), que passam a apresentar tonalidades que variam do amarelo ao verde-escuro. A bilirrubina é tóxica, provavelmente por alterar a função mitocondrial.

Colestase: (Grego, cole = bile; estase = parada, interrupção) – Redução ou supressão do fluxo de bile devido a disfunção do hepatócito ou obstrução das vias biliares intra- ou extra-hepáticas. Caracteriza-se pelo acúmulo de bile nos canalículos biliares e no interior de hepatócitos, que podem apresentar-se tumefeitos e espumosos (degeneração plumosa).

Calcificação: (Latim, calx = cal, cálcio; ficare = tornar-se em) – Processo de deposição de sais de cálcio em um tecido. Sob coloração de hematoxilina-eosina, os precipitados de cálcio têm aspecto granular ou de massas irregulares azuladas (v. Basofilia). Como a formação dos ossos é a única condição normal em que há calcificação de tecidos, a precipitação de sais de cálcio (fosfatos e carbonatos), junto com quantidades menores de outros minerais, constitui a calcificação patológica, que pode ser distrófica ou metastástica.

Calcificação distrófica

Calicificação metastática

Colesterolose

Corpos psamomas: (Grego, psamos = areia; oma = tumor) – Pequenas estruturas nodulares formadas pela calcificação progressiva de agrupamentos de células neoplásicas necróticas. À palpação, as neoplasias com corpos psamomas fornecem uma sensação de areia, de onde se originou, por analogia, o nome psamoma (tumor arenoso).

Tumor: (Latim, tumore) – Aumento volumétrico de parte de um órgão, de natureza variada, localizado e circunscrito. O tumor provocado pelo exsudato é um dos sinais clássicos da inflamação, ao lado da dor, calor, rubor e perda da função. Pode também ser devido a edema localizado. No entanto, o termo está consolidado, tanto entre especialistas como entre leigos, para indicar neoplasias

Corpúsculos de Councilman: (William Thomas Councilman, patologista americano, 1854-1933) – São hepatócitos em apoptose, que se apresentam destacados dos hepatócitos vizinhos. Morfologicamente são arredondados, com acidofilia citoplasmática devido à condensação de suas organelas. A cromatina marginal apresenta-se fragmentada, de modo que o núcleo é mal identificado.

Apoptose: (Grego; apo = de lado; ptose = cair, descamar) – Termo cunhado em 1972 por Kerr (John Foxton Ross Kerr, patologista australiano, 1934-*) para descrever um tipo de morte celular programada pelo qual os tecidos eliminam células em excesso ou alteradas, mantendo adequada sua quantidade de células normais.

Corpúsculos de Mallory: (Frank Burr Mallory, patologista americano, 1862-1941) – Grumos de filamentos de citoceratina modificada descritos no citoplasma de alguns hepatócitos de alcoólatras (v. Degeneração hialina; v. Álcool). Podem ser

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também observados em síndromes colestáticas crônicas, na doença de Wilson, neoplasias, choque, avitaminose A e após tratamento cirúrgico da obesidade mórbida (bypass jejunal). Por isso, não devem mais ser denominados “corpúsculos hialino-alcoólicos”

Ceratina: (Grego, keratos = chifre, córneo; ina = substância) – Constituinte importante das escamas presentes na camada córnea da epiderme e dos anexos da pele (v. Citoceratinas; v. Ceratinócito).

o Ceratinócito: (Grego, ceratos = chifre; citos = célula) – Célula epitelial (v. Epitélio) que constitui aproximadamente 80% das células da epiderme, onde se organizam em quatro camadas com potenciais distintos de proliferação e síntese: basal ou germinativa, espinhosa ou de Malpighi, granulosa e córnea. Os ceratinócitos diferenciam-se da camada basal até a superfície (camada córnea), onde se apresentam anucleados e repletos de ceratina (escamas córneas), sendo então descamados. Nas camadas espinhosa e granulosa, essas células estão fortemente aderidas umas às outras pelos desmossomos.

o Citoceratinas: (Grego, cito = célula; cerato = chifre, córneo; ina = substância) – Conjunto de proteínas (40-70 kDa) da classe dos filamentos intermediários, presentes em células epiteliais (v. Epitélio). Difere de ceratinas, que são escamas córneas resultantes da diferenciação celular da epiderme.

Degeneração hialina: (Latim, degeneratio = deterioração; Grego, hialos = vítreo) – Refere-se à transformação sofrida por qualquer substância intra- ou extracelular que, sob coloração de hematoxilina-eosina, aparece à microscopia óptica convencional homogeneamente eosinófila (v. Degeneração; v. Eosinofilia). O termo “hialino” é um adjetivo e não se refere a uma substância específica. Expressão melhor que degeneração hialina é hialinose.

o Hialinose: (Grego, hialos = vidro; ose = processo) – Termo preferencial a degeneração hialina. As hialinoses são repercussões de várias doenças importantes e pouco têm em comum, além do aspecto morfológico à microscopia óptica convencional.

Choque: (Francês, choq = abalo) – Síndrome caracterizada por baixa perfusão sistêmica dos tecidos. Embora represente uma via final de situações clínicas distintas, todos os tipos de choque apresentam em comum o colapso do sistema cardiovascular, que ocasiona hipóxia e alterações metabólicas reversíveis em seus estágios iniciais, até fenômenos isquêmicos (v. Isquemia; v. Infarto) e óbito do indivíduo.

Síndrome: (Grego, sindrome = conjunto) – Conjunto característico de sinais e sintomas que resultam de causas diversas (v. Etiologia). Assim, a síndrome ictérica pode ser devida à calculose biliar, mas também pode ser devida a hepatites virais ou à hemólise; a síndrome anêmica (v. Anemia) pode ser devida a sangramentos, mas também pode resultar de aplasia da medula óssea; a síndrome de Cushing pode ser devida a excesso corticosteróide exógeno, mas pode ser conseqüente à hipersecreção de cortisol por adenoma do córtex da glândula adrenal.

o Aplasia: (Grego, a = ausência de; plasia = formação) – Interrupção precoce do desenvolvimento de um órgão, que fica representado somente por escasso tecido conjuntivo no interior do qual podem ser observados esboços de sua estrutura. Quando a interrupção se faz mais tardiamente e o órgão é distinguível, embora pequeno e/ou rudimentar, tem-se a hipoplasia (Grego, hipo = pouco, menos que).

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Naturalmente, a forma, o tamanho e a função do órgão hipoplásico não são normais.

o Adenoma: (Grego, adenos = glândula; oma = tumor) – Neoplasia benigna originada de epitélio glandular. Sua contrapartida maligna é o adenocarcinoma (v. Neoplasias, nomenclatura

o Hemólise: (Grego, hemo = sangue; lise = dissolução) – Processo de destruição prematura de hemácias, cuja sobrevida normal é de 110-120 dias no homem. Quando a velocidade de reposição de hemácias pela medula óssea (eritropoiese) for menor que a taxa de hemólise, instalam-se as anemias hemolíticas.

o Anemia: (Grego, a = falta de; emia = sangue) – Refere-se à redução dos níveis de hemoglobina ou de hemácias abaixo dos valores médios de pessoas saudáveis. Em condições normais, os valores de eritrócitos e da hemoglobina são mantidos constantes pelo equilíbrio entre sua produção e destruição. As anemias podem ser classificadas segundo sua patogenia: perda crônica de sangue (v. Hemorragia), aumento da destruição de hemácias (anemias hemolíticas), ou redução na produção de eritrócitos, e.g., na deficiência de vitamina B12 (anemia perniciosa; v. Vitaminas, deficiência de) ou deficiência de ferro (anemia ferropriva), entre outras. A anemia, portanto, não é uma entidade específica.

Hemorragia: (Grego, hemo = sangue; ragia = jorro, fluxo) – Extravasamento de sangue por ruptura dos vasos ou por congestão crônica, que provoca aumento da pressão intravascular. Além de traumas e de certas infecções que levam a sangramentos (e.g., dengue hemorrágica), existem situações clínicas em que a hemorragia decorre de alterações da coagulação (e.g., as hemofilias, v. Diátese; v. Discrasia).

Discrasia: (Grego, dis = anomalia, distúrbio; crase = mistura harmoniosa de líquidos, temperamento) – Modificação patológica da composição do sangue, particularmente de seus constituintes celulares e dos fatores de coagulação, favorecendo as tromboses e hemorragias (v. Coagulação, sistema de).

Diátese: (Grego, diatese = disposição, estado) – Condição patológica caracterizada pela suscetibilidade aumentada ao desenvolvimento de distúrbios orgânicos de uma mesma natureza.

Corpúsculos hialinos / Russel: (Willian Russell, 1852-1940, médico em Edinburgo, Reino Unido) – São glóbulos hialinos eosinofílicos no citoplasma de plasmócitos, constituídos por imunoglobulinas (v. Acidofilia, v. Hialinose). Ao microscópio eletrônico, esses corpúsculos acham-se retidos no retículo endoplasmático liso e complexo de Golgi. Ocorrem sobretudo na inflamação crônica, em que há estímulo prolongado para a produção de anticorpos

Esteatose: (Grego, esteatos = gordura; ose = processo) – Acúmulo citoplasmático reversível de gordura (sob a forma de triglicerídeos), em quantidade maior que o normal ou em células que normalmente não a contêm.

Glicogenoses: (glicogênio; Grego, ose = processo) – Grupo de doenças caracterizadas por acúmulo anormal e/ou alterações estruturais da molécula de glicogênio, resultante de deficiência hereditária de uma das enzimas envolvidas na

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síntese ou degradação desse polissacarídeo. Histologicamente, o acúmulo intracelular de glicogênio, que aparece como vacúolos claros na coloração pela hematoxilina-eosina, é PAS-positivo e sensível ao tratamento com diastase (v. PAS, coloração pelo).

Hemocromatose

Hemossiderina: (Grego, hemo = sangue; sidero = ferro; -ina = substância) – Pigmento dourado, granuloso e brilhante, que ocorre geralmente no interior de macrófagos. A hemossiderina resulta do acúmulo de ferro nessas células após hemorragia, hemólises ou após oferta excessiva do metal pela dieta (e.g., alimentos) ou por via parenteral (e.g., transfusões sanguíneas). A hemossiderina cora-se em azul forte pela coloração de Perls, que permite diferenciá-la da melanina e da lipofuscina.

Melanina: (Grego, melas = preto; Latim, ina = substância química) – Pigmento endógeno marrom-escuro, intracelular, produzido a partir do aminoácido tirosina em tecidos ectodérmicos (epiderme e epitélio pigmentado do fundo do olho, em núcleos do tronco cerebral e sistema de células cromofílicas – medular da adrenal e gânglios neurossimpáticos).

Lipofuscina: (Latim, lipo = gordura; fuscus = marrom; ina = substância) – Pigmento citoplasmático cas--tanho-amarelado finamente granuloso, irregular e brilhante. Aparentemente, esse pigmento não lesa a célula em que se acumula, e documenta destruição prévia de membranas citoplasmáticas e de organelas, sendo também conhecido como pigmento de “uso e desgaste”. A lipofuscina é PAS-positiva diástase-resistente (v. PAS, coloração pelo), álcool-ácido resistente (v. Ziehl-Neelsen, coloração de) e fluorescente sob luz ultravioleta; diferente da hemossiderina, não se cora para ferro (v. Perls, coloração de).

o Hemossiderina: (Grego, hemo = sangue; sidero = ferro; -ina = substância) – Pigmento dourado, granuloso e brilhante, que ocorre geralmente no interior de macrófagos. A hemossiderina resulta do acúmulo de ferro nessas células após hemorragia, hemólises ou após oferta excessiva do metal pela dieta (e.g., alimentos) ou por via parenteral (e.g., transfusões sanguíneas). A hemossiderina cora-se em azul forte pela coloração de Perls, que permite diferenciá-la da melanina e da lipofuscina.

Lipofuscina

Melanina

Melanose

Xantomas: (Grego, xanthos = amarelo; oma = tumor) – Pequeno tumor cutâneo, amarelado e macio, constituído por acúmulo de macrófagos que fagocitaram lipoproteínas extravasadas do plasma (v. Xantelasma). A grande quantidade de lipídios (colesterol e fosfolípides) no citoplasma dessas células confere-lhes aspecto espumoso (v. Célula xantomatosa). Freqüentemente, os xantomas estão associados a estados de hiperlipidemia.

Xantelasma: (Grego, xanthos = amarelo; elasma = lâmina, placa) – Tipo de xantoma, caracterizado por placas amareladas, levemente elevadas, que

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ocorre em pálpebras e região periocular. Xantelasmas podem não apresentar relação com estados hiperlipidêmicos.

Agressão e morte celular

Abscesso: (Latim, abscessus) – Cavidade não-natural, resultante de necrose de liquefação de um órgão, preenchida total ou parcialmente por pus e causada pela liberação de enzimas líticas por neutrófilos e macrófagos. Alternativamente, pode ser o resultado de um êmbolo séptico que provoca infarto com supuração focal.

Necrose: (Grego, necros = morte; ose = processo) – Processo de morte celular que ocorre após o “ponto-de-não-retorno” (v. Adaptação) de uma célula agredida letalmente em um organismo vivo (por isso deve ser diferenciada de autólise). Os fenômenos que provocam e instalam a necrose de um tecido diferem de modo importante daqueles que desencadeiam a morte programada individual das células (v. Apoptose). Células e tecidos preservados por fixadores, como o formaldeído, estão mortos, mas não necróticos.

o Necrose de liquefação: (Grego, necros = morte; ose = processo; Latim, liquefactio = liquefazer) – Tipo de necrose na qual o tecido necrótico apresenta-se amolecido ou mesmo liquefeito. Resulta da ação de enzimas hidrolíticas, com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto, favorecida pela estrutura e constituição do mesmo. A digestão de estruturas e organelas celulares por autólise e/ou heterólise prevalece sobre a desnaturação das proteínas (v. Necrose de coagulação).

Autólise: (Grego, auto = a si próprio; lisis = dissolução, decomposição) – Processo de autodigestão de células ou de tecidos devido à liberação de enzimas proteolíticas do lisossomo.

Heterólise: (Grego, hetero = outro, diferente; lise = dissolução, fragmentação) – Em contraposição a autólise, esse termo se refere à destruição de células por enzimas liberadas por outros tipos celulares, em geral inflamatórias, que infiltram o tecido que será destruído.

Necrose de coagulação:(Grego, necros = morte; ose = processo; Latim, coagulatio = coagular, transformar de sol para gel) – Necrose em geral associada à obstrução de ramo arterial em órgão com circulação terminal (v. Infarto). Nesse caso, a necrose de coagulação é chamada também de necrose isquêmica (v. Isquemia). Macroscopicamente, a área necrótica é branco-amarelada, sem brilho, com limites razoavelmente precisos. Sua forma pode ser irregular ou triangular; nesse último caso, um dos vértices da lesão corresponde à obstrução vascular.

Pus: (Latim, pus) – Líquido viscoso, amarelo-esverdeado, produzido na inflamação aguda. É constituído por exsudato inflamatório, restos teciduais necróticos (v. Necrose) e, eventualmente, por microrganismos.

Agressão aguda

Agressão crônica

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Apoptose

Autólise

Cariorrexis

Estresse oxidativo

Estruturas celulares vulneráveis (e.g., membranas, mitocôndrias, lisossomos, RER)

Gangrena [seca ou úmida]: (Grego, gangraina = morte, putrefação) – São necroses modificadas por fatores ambientais (desidratação, infecção etc.), que ocorrem à custa de dois processos superpostos e independentes: a necrose isquêmica e a necrose de liquefação.

Heterofagia

Hipóxia

Homeostasia

Infarto

Isquemia

Lesão por reperfusão: (Latim, re = novamente, de novo; perfusione = passagem de líquido) – Lesão oxidativa e inflamatória decorrente do restabelecimento súbito da perfusão sanguínea de tecido submetido previamente a isquemia. É conseqüência indesejável da desobstrução de vasos ocluídos por êmbolos, pois agrava as lesões do infarto.

Lesões irreversíveis

Lesões reversíveis

Necrose caseosa: (Grego, necros = morto, inerte; ose = processo; Latim, caseus = queijo) – Forma peculiar de necrose que se apresenta macroscopicamente como massa esbranquiçada de consistência pastosa, semelhante ao queijo branco cremoso. É característica da infecção pelo bacilo de Koch, e ocorre na região central dos granulomas (v. Tuberculose). Outras doenças infecciosas, entretanto, também podem apresentar necrose de aspecto caseoso (e.g., paracoccidioidomicose, histoplasmose).

Granuloma: (Latim, granum = grão; Grego, oma = tumor, massa) – Lesão característica da inflamação crônica granulomatosa, formada pela agregação focal de macrófagos ativados (v. Hipersensibilidade tipo IV). Os macrófagos transformam-se em células epitelióides e células gigantes, dispondo-se em camadas mais ou menos concêntricas e compactas, em geral circundados por halo de células mononucleares, principalmente linfócitos e plasmócitos

Hipersensibilidade: (Grego, hiper = muito, em excesso; Latim, sensibilitate = sensibilidade, excitabilidade) – Resposta imunitária

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exacerbada que resulta em dano celular e/ou tecidual com prejuízo para o organismo. Com freqüência, o termo é empregado como sinônimo de alergia.

Hipersensibilidade tipo IV: (Grego, hiper = muito, em excesso; Latim, sensibilitate = sensibilidade, excitabilidade) – Reação de hipersensibilidade tardia, mediada por células. Ocorre geralmente 48–72 h após o contato com o antígeno e se diferencia dos demais tipos de hipersensibilidade por envolver a ativação de linfócitos T e não depender da presença de anticorpos.

Paracoccidioidomicose: É uma micose sistêmica, endêmica em quase toda a América Latina, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis. A reação inflamatória consiste em granulomas freqüentemente contendo exsudação neutrofílica central (v. Neutrófilos), com quantidade variável de fungos, que podem ser mais bem identificados pela coloração de Gomori-Grocott

Tuberculose: (Latim, tuberculo = saliência; ose = formação de) – Moléstia causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (Robert Koch, médico alemão, 1843-1910) e, mais raramente, pelo Mycobacterium bovis. É a causa mais freqüente de morte por um único agente infeccioso no mundo. Tornou-se grave problema de saúde pública com a concentração de populações de baixa renda após a revolução industrial

Necrose por coagulação

Necrose fibrinóie

Necrose gordurosa / esteatonecrose: (Grego, necros = morte; ose = processo) – Também denominada esteatonecrose, é a necrose do tecido gorduroso. Na maioria das vezes, resulta da ação lítica de enzimas pancreáticas (necrose gordurosa enzimática); outras vezes decorre de trauma do tecido gorduroso (necrose gordurosa traumática)

Necrose de liquefação

Picnose: (Grego, picnos = espesso, condensado; ose = condição) – É uma das alterações nucleares observadas durante o processo de necrose (v. Cariólise), relacionada à queda do pH citoplasmático, sendo geralmente seguida pela cariorrexe (v. Apoptose). O termo indica núcleos pequenos, contraídos, com cromatina condensada e basofílica (v. Basofilia)

Cariólise(Grego, carion = núcleo; lise = dissolução) – Ao lado da picnose e cariorrexe, é um dos três aspectos morfológicos da involução nuclear progressiva associada à morte celular por necrose.

Cariorrexe: (Grego, carion = núcleo; rexis = fragmentação) – Como a cariólise e a picnose, é um dos aspectos morfológicos do núcleo associados à morte celular. Caracteriza-se pela fragmentação da cromatina, que, após a dissolução da membrana nuclear, se apresenta dispersa na célula sob a forma de grumos hipercromáticos (v. Basofilia).

Tumefação turva

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Úlcera: (Latim, ulcera, plural de ulcus = ferida) – Destruição de estruturas superficiais da pele ou de mucosas que alcança a derme ou a submucosa, respectivamente, expondo-as. Em geral, a úlcera é recoberta por crosta fibrinoleucocitária (v. Exsudato) ou por pseudomembrana, mas, quando são crônicas, podem apresentar fundo fibrótico, limpo. Difere da erosão, uma lesão superficial que atinge pouco além da membrana basal dos epitélios.

Erosão: (Latim, erosio = corrosão, desgaste) – Também referida como exulceração, corresponde à área limitada de destruição de um epitélio que ultrapassa minimamente ou não ultrapassa a membrana basal. Assim, difere da úlcera, uma lesão mais profunda que, caracteristicamente, apresenta tecido de granulação no seu fundo.

Pseudomembrana: (Grego, pseudo = falsa; Latim, membrana = tecido fino e delicado que separa espaços ou recobre externamente os órgãos) – Aspecto particular da inflamação aguda, caracterizado por destruição de epitélios e deposição, na superfície ulcerada (v. Úlcera), de uma camada constituída por fibrina (v. Exsudato), muco, células epiteliais necróticas, células inflamatórias e hemácias. Essa estrutura difere de uma membrana verdadeira porque não é natural, é friável e facilmente removível. O aspecto macroscópico inicial é de pequenas placas branco-amareladas aderidas à superfície, tendo mucosa normal de permeio

Adaptações celulares

Hiperplasia

Hipertrofia

Vicariante

Atrofia

Atrofia fosca

Metaplasia

Ubiquitina / proteossomo

Fatores de crescimento