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Bacharelado em Engenharia Civil JOSÉ NELSON DE MENEZES ANDRADE PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais manifestações patológicas em residências do município de Paripiranga (BA) Paripiranga 2021

PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das

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PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais manifestações patológicas
em residências do município de Paripiranga (BA)
Paripiranga 2021
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais manifestações patológicas
em residências do município de Paripiranga (BA)
Monografia apresentada no curso de graduação do Centro Universitário AGES como um dos pré- requisitos para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Me. Raphael Sapucaia dos Santos
Paripiranga 2021
Andrade, José Nelson de Menezes, 1990 Patologias na Construção Civil: análises e causas das
principais manifestações patológicas em residências do
município de Paripiranga-BA/ José Nelson de Menezes Andrade.
– Paripiranga, 2021. 71 f.: il. Orientador: Profº. Me. Raphael Sapucaia dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – UniAGES, Paripiranga, 2021..
1. Patologias na Construção Civil: Análises e causas das principais manifestações patológicas em residências do município de Paripiranga-BA. I. Título. II. UniAGES.
JOSÉ NELSON DE MENEZES ANDRADE
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais manifestações patológicas em
residências do município de Paripiranga (BA)
Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil à Comissão Julgadora designada pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão de Curso do Centro Universitário AGES. Paripiranga, 13 de julho de 2021.
BANCA EXAMINADORA
Ages
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade da vida, pela força concedida diariamente para
poder superar todas as dificuldades encontradas nessa jornada.
Aos meus familiares, por se fazerem sempre presentes durante esta etapa de
minha vida, dedicando-se e incentivando-me, em especial à minha mãe, Agenilda
Borges, que em cada dia de sua vida cuida de mim de modo tão singular.
Àqueles que contribuíram com pensamentos positivos, transmitindo boas
energias em virtude da decisão que tomei de voltar a estudar depois de alguns anos.
Aos meus colegas, em especial, Alanna e Jonathas, que durante esse tempo
dividiram comigo essa caminhada e dispomos da absorção de inúmeros
conhecimentos, agregando valor moral, profissional e como seres humanos.
Ao professor Raphael Sapucaia, por ter sido meu orientador e por todos os
ensinamentos ministrados por esse ser ímpar, durante o decorrer da graduação.
À minha companheira Monizia Nascimento e à minha filha Maria Yasmim.
Aos amigos verdadeiros, que sempre buscaram meios de me fortalecer nos
momentos difíceis, em especial, a todos aqueles que trabalham diariamente comigo,
como se fôssemos irmãos.
RESUMO
A presença de manifestações patológicas nas residências faz deste ambiente um recinto impróprio para a vivência, resultando em desconforto e risco à sanidade dos que ali residem. Este trabalho tem como objetivo analisar o surgimento, as causas e as principais incidências de manifestações patológicas de Paripiranga - BA. As patologias da construção civil são problemas diagnosticados tendo identificações e causas destas anomalias. Alguns termos usados na medicina também se aplicam à engenharia como diagnósticos, prognósticos, terapias, tratamentos. Para a realização deste trabalho foi elaborada uma pesquisa bibliográfica através de livros, teses e dissertações, manuais, artigos científicos, dentre outros. Para contribuir para o maior aprofundamento da pesquisa foi desenvolvido um questionário contendo algumas perguntas sobre a existência de anomalias nas residências da referida cidade. Este questionamento foi realizado de forma presencial, sendo que todas as medidas preventivas contra a disseminação da Covid-19 foram adotadas. Através da aplicação do questionário foi possível identificar diversas formas de manifestações patológicas nesta cidade, tendo como principais manifestações as provenientes da presença de umidade. Desse modo, foi possível concluir que a causa das principais incidências em Paripiranga - BA foi a falta de acompanhamento técnico por profissionais da engenharia, como também esboço de projetos, logo se tornando notória a importância da elaboração de projetos sucintos que englobem cada segmento das construções, inclusive relacionados à impermeabilização, sendo inegável o acompanhamento por engenheiros em todo ciclo construtivo
PALAVRAS-CHAVE: Manifestações Patológicas. Identificações e Diagnósticos. Presença de umidade. Tratamentos. Impermeabilização. Engenharia Civil.
ABSTRACT
The presence of pathological manifestations in the houses makes this environment an inappropriate place for living, resulting in discomfort and risk to the health of those who live there. This work aims to analyze the emergence, causes and main incidences of pathological manifestations in Paripiranga - BA. Civil construction pathologies are diagnosed problems having identifications and causes of these anomalies. Some terms used in medicine also apply to engineering such as diagnostics, prognostics, therapies, treatments. To carry out this work, a bibliographic research was carried out through books, theses and dissertations, manuals, scientific articles, among others. To contribute to a greater research depth, a questionnaire was developed containing some questions about the existence of anomalies in the houses in that city. This questioning was carried out in person, and all preventive measures against the dissemination of Covid-19 were adopted. Through the application of the questionnaire, it was possible to identify various forms of pathological manifestations in this city, with the main manifestations coming from the moisture presence. Thus, it was possible to conclude that the cause of the main incidences in Paripiranga - BA was the lack of technical follow-up by engineering professionals, as well as project sketching, soon becoming notorious the importance of preparing succinct projects that encompass each construction segment, including related to waterproofing, being undeniable the follow-up by engineers throughout the construction cycle. KEYWORDS: Pathological Manifestations. Identifications and Diagnoses. Moisture presence. Treatments. Waterproofing. Civil Engineering.
LISTAS
1: Patologia devido à infiltração d’água em laje ........................................................ 16
2: Patologia devido à infiltração umidade ascensional/capilaridade ......................... 17
3: Umidade durante a execução / mão de obra......................................................... 18
4: Patologia devido à infiltração d’água em sistemas hidrossanitários ...................... 19
5: Alguns dos tipos de impermeabilizantes flexíveis ................................................. 22
6: Impermeabilização flexível em vigas baldrames ................................................... 22
7: Exemplificação dos tipos de impermeabilizantes flexível e rígida ......................... 23
8: Fissuras na face da parede referentes à fachada externa .................................... 24
9: Representação dos tipos de fissuras .................................................................... 25
10: Patologia oriunda da falta de cobrimento das armaduras, provocando expansão
devido à oxidação ................................................................................................. 27
11: Patologia resultante da falta de cobrimento das armaduras, ocasionando
expansão devido à oxidação ................................................................................. 28
12: Patologia resultante de recalque diferencial em fundação .................................. 29
13: Pilar sem possível tratamento com viga .............................................................. 32
14: Problema relacionado ao despreparo da mão de obra, podendo ser fonte de
futura patologia ..................................................................................................... 32
16: Desplacamento de revestimento cerâmico.......................................................... 35
17: Presença de eflorescência em fachada devido à falta de impermeabilização da
base dos revestimentos ....................................................................................... 36
18: Localização do município de Paripiranga ........................................................... 39
19: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a presença ........... 44
20: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a presença intensa
de morfo .................................................................................................................... 45
21: Fissuras devido à expansão dos materiais pela capacidade de absolvição de
umidade .................................................................................................................... 51
22: Fissuras devido às cargas exercidas pelo telhado de residências ...................... 52
LISTA DE GRÁFICOS
1: Percentual de residências que possuíam algum tipo de manifestação patológica 43
2: Percentual das principais manifestações patológicas encontradas na cidade
estudada ................................................................................................................... 43
3: Percentual da quantidade de desplacamento encontrado de acordo com o número
de residências vistoriadas ......................................................................................... 46
4: Percentual de residências que possuem presença de umidade ........................... 48
5: Percentual de fissuras encontradas de acordo com o número de residências
vistoriadas ................................................................................................................. 50
6: Percentual de residências que possuem acompanhamento por profissionais de
engenharia ou arquitetura durante procedimento de execução de suas obras ......... 53
7: Percentual de residências que possuíam algum tipo de projetos para a execução
de suas obras ............................................................................................................ 54
8: Percentual de obras com acompanhamento de responsável técnico para
manutenções periódicas ........................................................................................... 54
9: Percentual de residências que foram realizadas manutenções periódicas ........... 55
10: Percentual de residências que possuíam algum tipo de manifestações
patológicas ............................................................................................................... 56
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
IBI Instituto Brasileiro de Impermeabilização
SUMÁRIO
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13
2.1 Contexto Histórico, a Demanda sobre Novos Métodos Construtivos e o
Surgimento de Patologias ................................................................................. 13
2.2 Definição e Contexto Envolvendo Patologia na Construção Civil ................... 13
2.3 Tipos de Patologias Causadas pela Presença de Umidade............................ 14
2.3.1 Patologias relacionadas à aparição de umidade e seus respectivos tipos
........................................................................................................................ 14
2.3.3 Umidade ascensional ............................................................................. 16
2.3.6 Umidade acidental ................................................................................. 18
2.4 Patologias em Componentes Estruturas ......................................................... 23
2.4.1 Fissuras ................................................................................................. 24
2.4.2 Patologias resultantes da falta de cobrimento das armaduras .............. 26
2.4.3 Patologia decorrente de problemas na infraestrutura ............................ 29
2.5 Patologias nos Revestimentos ........................................................................ 32
2.5.1 Problemas relacionados ao despreparo da mão de obra ...................... 32
2.5.2 Presença de patologias devido à presença de umidade na parte interna
dos revestimentos ........................................................................................... 33
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 38
3.2 Mecanismos Utilizados para a Realização deste Trabalho ............................. 40
3.2.1 Elaboração de Questionário .................................................................. 40
3.2.2 Representações fotográficas ................................................................. 41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 42
4.1 Discussão das Análises Propostas de Acordo com Cada Tipo de Anomalia,
suas Possíveis Causas e Soluções ............................................................... 42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 58
1 INTRODUÇÃO
O estudo das patologias torna-se primordial para as análises das possíveis
causas resultantes das principais manifestações patológicas, logo é através dessas
análises que se torna possível compreender as suas origens. O intuito de
estabelecer este surgimento é compreendido através da observação de todo ciclo
construtivo, desde a aquisição dos materiais e suas respectivas atribuições, a
realização de um planejamento e projeto coerente, a capacitação da mão de obra,
entre outros. Desse modo, através destas observações, poderá ser elaborado o
diagnóstico preciso para cada tipo de patologia identificada (ANDRADE, 1997).
Andrade (1997) afirma que o estudo e atribuições sistemáticas das
manifestações características dos problemas encontrados permite elaborar estudos
mais concludentes com subsídios necessários para contribuir com o entendimento
das causas dos problemas e assim poder desenvolver técnicas e métodos que
promovam o melhor desempenho na elaboração dos diagnósticos. Dessa forma,
estas informações podem desempenhar melhores resultados durante o processo
construtivo, possibilitando o conhecimento deste, podendo minimizar a incidência
das patologias.
São diversos os fatores que podem resultar em problemas nas construções,
sendo a presença de umidade a responsável por cerca de 37% a 50% destes
problemas. A percolação d’água nos componentes estruturais resulta em uma série
de patologias, que podem variar desde a presença de uma simples eflorescência ou
mofo para problemas mais consistentes como o comprometimento dos componentes
estruturais, pondo em risco os que ali residem (LIMA et al., 2013).
Seguindo estes princípios, é inegável a importância da engenharia civil para
se desenvolver e elaborar métodos eficazes que promovam melhores condições e
bem-estar social para os que habitam as residências. Conforme Bazzo e Pereira
(2006), a engenharia é um processo que junto à criatividade dos engenheiros,
buscam artifícios que possam desenvolver atribuições para sanar possíveis
problemas técnicos, bem como elaborar meios que celebre o atendimento das
necessidades humanas.
11
De acordo com Andrade (1997), grande parte do processo de degradação dos
componentes estruturais pode ser minimizada com a adequação dos processos
construtivos, envolvendo cada etapa, iniciando com a aquisição e controle dos
materiais utilizados. Sendo assim, a Engenharia Civil tem buscado meios que
promovam a qualidade na execução das obras e na aquisição de materiais de
qualidade visando minimizar possíveis problemas e uma redução de custos devido
aos reparos e a reposição de novos materiais com péssima qualidade.
Com a escolha dos materiais a serem utilizados em determinada construção,
atrelada a um bom projeto e mão de obra qualificada para cada fim, será possível
designar o resultado final da construção. Uma das causas das deteriorações das
estruturas corresponde à baixa qualidade na aquisição dos materiais utilizados, por
problemas de projeto e mão de obra (POSSAN; DEMOLINER, 2013).
De acordo com Rodrigues (2016), um dos processos fundamentais para
promover durabilidade e qualidade em uma obra corresponde à etapa da
impermeabilização. Essa etapa é considerada uma das mais importantes de uma
obra, pois tem como objetivo principal proteger a edificação contra o intemperismo e
as patologias. Essas origens são devido às falhas no decorrer do processo
construtivo, por falta de planejamento e elaboração detalhada dos custos, entre
outros fatores. Sendo assim, foi possível observar que 80% das residências da
cidade de Paripiranga possuem problemas referentes à falta de impermeabilização.
Diante disso, este trabalho consiste em destacar a incidência e as origens do
surgimento da presença de patologias na cidade de Paripiranga. Com o
desenvolvimento tecnológico dos materiais e o conhecimento repassado a esta
cidade com o surgimento de diversos profissionais da engenharia no referido
município, percebe-se que a presença de patologias em diversas residências é
bastante comum.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho consiste em analisar a causa das
principais manifestações patológicas de Paripiranga de modo a contribuir para
prevenção e minimização do surgimento de novos problemas referentes às
manifestações patológicas. Seguindo o critério geral da pesquisa, foi realizada uma
pesquisa em campo, onde foi possível identificar quais os problemas mais
predominantes neste município e, em seguida, desenvolver medidas eficazes que
possam solucioná-los.
A maioria dos problemas identificados no âmbito da pesquisa está
relacionada à presença de umidade no interior das edificações, onde as pessoas
que residem estão mais suscetíveis a problemas de saúde em razão da presença de
umidade e patologias decorrentes da mesma.
Este trabalho também tem como objetivo identificar as causas e elaborar
soluções para os problemas encontrados na cidade estudada, promover o
conhecimento aos munícipes, principalmente, aos que estão diretamente
relacionados ao setor da construção civil. Dessa forma, a disseminação do
conhecimento é fundamental para desenvolver métodos de incentivo à importância
do planejamento e projetos sucintos, detalhando cada etapa da execução, até
mesmo os referentes à etapa de impermeabilização, que é inegável a sua correta
execução, haja vista que a maioria das patologias é resultante da fata dessa etapa.
Acredita-se que as patologias encontradas são referentes a problemas
advindos da falta de planejamento e de projeto, falta de conhecimento e mão de
obra sem qualificação. Boa parte dos materiais utilizados na construção civil é
porosa, consequentemente, a falta de capacitação dos profissionais envolvidos,
somados a falta de conhecimento e de projeto adequado são as possíveis causas
dos problemas.
Essa pesquisa é composta por cinco capítulos e através destes é possível
dissertar sobra cada item abordado neste trabalho. O referencial teórico, segundo
capítulo, trata das principais patologias encontradas na cidade de Paripiranga,
inclusive algumas hipóteses de como saná-las. A metodologia corresponde aos
métodos utilizados no âmbito da pesquisa, nela está descrito o ambiente e as
técnicas de pesquisa aplicada durante o estudo.
O quarto capítulo, composto pelos resultados e discussões, corresponde aos
resultados encontrados durante o âmbito da pesquisa em campo. Nele aborda-se as
principais patologias encontradas na cidade analisada, suas possíveis causas e
soluções para as mesmas. No quinto e último capítulo, são apresentadas as
considerações finais sobre todos os temas abordados.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contexto Histórico, a Demanda sobre Novos Métodos Construtivos e o Surgimento de Patologias
Conforme Bazzo (2006), a sociedade é considerada leiga em vários setores, e
na engenharia não poderia ser diferente, por isso o profissional da engenhara é tido
como indivíduo sem importância, voltado apenas para realização de cálculos, sendo
que os engenheiros são profissionais aptos a identificarem e solucionar problemas
usando a sua criatividade, não dependendo apenas das atribuições cientificas.
De acordo com Weimer et al. (2018), no decorrer da história, o homem
sempre buscou o envolvimento com a construção civil. Com o passar do tempo e
com o desenvolvimento dos países, cresceu a demanda por novos métodos
construtivos. Com isso, houve a necessidade da aceleração do processo, buscando
atingir metas em menor tempo e execução.
Diante disso, segundo os autores supracitados, embasados com
aceleramento das obras e novas demandas, notou-se que estes empreendimentos
estavam se deteriorando precocemente, conclui-se então que a redução de controle
de materiais e dos serviços prestados nas mesmas foi fundamental para as
aparições de problemas.
2.2 Definição e Contexto Envolvendo Patologia na Construção Civil
Segundo Weimer et al. (2018), foi percebida a necessidade de elaborarem
estudos que fornecessem medidas e informações precisas sobre as causas dos
problemas nas edificações. Contudo, semelhante a medicina, as patologias
presentes nas edificações foram submetidas à identificação e causas destes
problemas.
De acordo com Souza e Ripper (1998), para complementação do termo
patologia, os mesmos referem-se genericamente considerando como um novo ramo
14
de estudos desenvolvidos para abranger uma nova área da engenharia que
possibilite a identificação, origens, causas, consequências e os mecanismos das
ocorrências voltadas para degradação das estruturas.
Nessa linha de estudo, mediante as necessidades de elaborar condições
sucintas para a definição deste conceito, Sena et al. (2020) associam o estudo das
patologias como sendo um novo conceito a ser desenvolvido para a área da
construção civil. Segundo ele, esse estudo tem por finalidade observar, estudar e
elaborar laudos contendo informações precisas sobre as principais causas e origens
que, posteriormente, desenvolvem-se para falhas nos itens que compõem toda a
edificação.
De acordo com Lichtenstein (1985), as manifestações patológicas estão
sempre presentes na construção civil, seja elas com vasta ou pouca predominância,
podendo ter variações na sua aparição. Segundo o autor, as patologias podem ser
classificadas como simples, quando identificada precocemente e sanadas ou
complexas, que possuem maior grau de dificuldade, podendo resultar em riscos para
os componentes estruturais. Entretanto, necessitam de observações e estudos mais
definidos a partir de uma análise mais individualizada.
Ainda sobre Lichtenstein (1985), é inegável estudos coerentes, como um
levantamento histórico da edificação acometida por possíveis patologias, em busca
das principais causas e origens. Recomenda-se, desse modo, que sejam colhidas
amostras dos problemas encontrados nas edificações para que possam ser
examinadas em laboratórios e posteriormente serem designadas as causas que
desencadearam os problemas e, assim, ter subsídios suficientes para promover os
melhores diagnósticos.
2.3 Tipos de Patologias Causadas pela Presença de Umidade
2.3.1 Patologias relacionadas à aparição de umidade e seus respectivos tipos
No âmbito da pesquisa em campo, foi possível observar diferentes formas de
patologias em suas residências, muitas delas derivadas de problemas relacionados
com a umidade. Segundo Queruz (2007), a umidade é uma das principais fontes que
15
resultam em problemas patológicos, ou seja, a água é considerada a fonte de
origem dos problemas ou o meio para que estes passem a existir. De acordo com
Carmo (2003), os tipos de patologias oriundas da umidade, geralmente são
derivados da falta de impermeabilização, que podem se desencadear em diversos
problemas, como a corrosão dos elementos de aço que compõem as estruturas, a
degradação do concreto, o surgimento de mofo e problemas nas pinturas, por
exemplo.
Ainda segundo o mesmo autor, a falta de impermeabilização faz com que as
funções aglomerantes do cimento possam perder suas características,
desencadeando o desplacamento de revestimento, eflorescências, crescimento de
vegetação, entre outros problemas. Lersch (2003), por sua vez, diz que a presença
de umidade nas edificações é proveniente de uma série de contribuições que
auxiliam e facilitam estes acontecimentos.
2.3.2 Umidade de infiltração
Segundo Lersch (2003), a umidade por infiltração ocorre através de possíveis
trincas e fissuras encontradas nos ambientes externos, tendo como auxilio para esse
acontecimento a capacidade e absorção dos componentes estruturais. As áreas
externas vulneráveis à umidade sem impermeabilização correta sofrem degradações
com a precipitação das chuvas e por intermédio das ações dos ventos.
Taguchi (2010) ressalta que a continuidade da umidade nos componentes
estruturais, irá resultar em fenômenos secundários e que o surgimento de fungos,
bolores, mofos e a degradação dos componentes estruturais representados na
Figura 1 é muito provável, tornando o ambiente inabitável, colocando em risco os
moradores daquele local.
16
Figura 1: Patologia devido à infiltração d’água em laje. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
2.3.3 Umidade ascensional
Esse tipo de patologia é causado pela percolação d’água pelos vasos
capilares e a porosidade dos materiais, de acordo com Guimarães et al. (2015).
Nessa mesma linha de pensamento, Alfano et al. (2006) afirmam que esse tipo e
patologia é causado pelo fluxo de umidade contra as forças gravitacionais, que
ocorrem no sentido vertical em sentido às áreas permeáveis da estrutura, através
dos vasos capilares até o equilíbrio com as forças gravitacionais.
Esse tipo de patologia é bastante comum nas residências visitadas e de fácil
visualização. São oriundas das umidades presentes nas fundações, como citado
anteriormente. Para Seele (2000), esse tipo de problema prevalece desde a
fundação até em média 80 cm de altura, conforme a Figura 2, podendo atingir no
máximo 1,5 m, em virtude do diâmetro dos poros capilares, ou seja, quanto menor
os poros, a percolação d’água será mais elevada até atingir o seu equilíbrio.
17
2.3.4 Umidade por condensação
Segundo Lersch (2003), esse tipo de umidade resulta do vapor de água
presente no ambiente, onde junto à superfície de materiais com temperatura inferior
a do orvalho. Tal fenômeno ocorre pela redução de capacidade de absorção de
umidade pelo ar quando é resfriado, na interface da parede. De acordo com Queruz
(2007), esse tipo de patologia pode ser ou não mais danosa aos componentes que
estão vulneráveis de acordo com a sua densidade, de modo que quanto mais
densos, mais atacados serão, portanto, os menos densos possuem maiores
resistência a esse fenômeno.
2.3.5 Umidade de obra
18
Lersch (2003) diz que esse tipo de umidade está relacionado com o tempo de
exposição à umidade que os componentes estruturais estão expostos durante o
processo executivo da obra. O mesmo afirma também que não é possível destacar
os possíveis problemas gerados por essa exposição. Ainda seguindo essa linha de
pensamento, é difícil avaliar os problemas decorrentes desse tipo de infiltração em
edificações antigas, pois a umidade de mão de obra, de acordo com a Figura 3,
tende a desaparecer pouco tempo depois do término da execução.
Figura 3: Umidade durante a execução / mão de obra. Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).
2.3.6 Umidade acidental
Esse tipo de patologia, consoante Perez (1985), é ocasionado por problemas
ligados à falta de conhecimento ou negligência dos profissionais durante a execução
dos sistemas hidrossanitários da estrutura, calhas, entre outros. Conforme dito pelo
autor e apresentado na Figura 4, essa patologia acomete os componentes
estruturais desencadeando diversos problemas, como a contaminação do ambiente,
surgimento de fungos e mofo, que, por sua vez, podem comprometer a sanidade dos
que estão inseridos neste meio.
19
Verçosa (1991), dando seguimento ao autor e aos problemas gerados por
este tipo de umidade, ressalta que são diversos os tipos de manifestações que são
resultantes destes problemas. Entretanto, eles podem ser fáceis de identificar, basta
uma observação precisa após as precipitações de chuvas ou a utilização de algum
dos componentes que compõe os sistemas de captação de águas ou esgotamentos
sanitários.
Figura 4: Patologia devido à infiltração d’água em sistemas hidrossanitários.
Fonte: Criação do autor (desenvolvida em 2021).
De acordo com Carvalho Júnior (2015), 75% das patologias das construções
são referentes à problemas relacionados ao sistema hidráulico, o mesmo ainda
afirma que isso se deve pela negligência das empresas em não levarem em
consideração os projetos hidráulicos dos edifícios. Essas falhas são oriundas do uso
inapropriado dos componentes do sistema, por meio do despreparo, materiais de
baixa qualidade, falta de fiscalização, decorrentes da operação e manutenção.
Com base na ABNT NBR 5626 (2020), os componentes do sistema hidráulico
de distribuição de águas devem estar protegidos e abrigados de fontes de calor
interna e externa do edifício a que compõe e livre da exposição direta com a
radiação solar, visto que sua eficácia e funcionamento correto sem o surgimento das
20
não conformidades estão diretamente relacionados com todas as premissas
necessárias para uma boa execução e manutenção de todo o sistema.
2.3.7 Umidade por capilaridade
Para Verçosa (1985), as patologias originadas a partir da capilaridade são
provenientes da descontinuidade dos materiais presentes na construção civil. Estes
materiais possuem espaços vazios que são permeados pela água que se desloca
por dentro destes. Ainda de acordo com o mesmo, a saturação dos materiais não
ocorre somente com a água encontrada no solo, mas também pelos sais existentes
no terreno, algumas vezes contidas no próprio material.
De acordo com o Perez (1985), a umidade representa um dos maiores
problemas a ser corrigido dentro da construção civil. Décadas depois do autor citar
esse problema, é bastante comum em diversas obras na cidade estudada problemas
relacionados ao surgimento de patologias causadas pela infiltração d’água. O ciclo
de vida útil de uma obra depende de alguns fatores. Klein (1999) diz que a vida útil
das construções está diretamente relacionada aos cuidados que por ventura forem
tomados durante o processo construtivo, manutenção e mão de obra qualificada.
Uma das maneiras eficazes de evitar, minimizar ou erradicar os problemas
decorrentes da presença de umidade nos componentes estruturais representados no
gráfico acima, é impermeabilização dos componentes vulneráveis a este tipo de
patologia. Uma série de fatores contribui para a necessidade de impermeabilização
nas partes vulneráveis da estrutura. Sendo assim, esse processo tem como
finalidade gerar proteção contra a percolação de fluidos (gases ou água)
promovendo um meio salubre para os moradores, bem como a proteção e garantia
de vida útil dos componentes estruturais (VEDACIT, 2010).
De acordo com a ABNT NBR 9575 (2010), a impermeabilização é
considerada o conjunto de técnicas e métodos construtivos que buscam através de
suas camadas impermeabilizantes, proteger a estrutura da ação do intemperismo.
Conforme a referida norma, existem disponíveis dois tipos de impermeabilização,
elas são caracterizadas por serem rígidas e flexíveis. Na primeira podem ser
21
utilizadas camadas de produtos impermeáveis, com o auxílio de aditivos que
promova maior eficácia e durabilidade nos serviços.
Segundo a norma citada anteriormente, a inclusão dos aditivos e produtos
químicos tem por finalidade repelir a água e consequentemente inibir a estrutura da
percolação dos líquidos provenientes dos diversos tipos de umidades proferidos nos
subtópicos anteriores.
De acordo com Vedacit (2010), os sistemas de impermeabilização devem ser
realizados seguindo os critérios das normas vigentes, em que deve ser respeitado o
período de curas das argamassas ou concreto, haja vista que a eficácia dos
produtos depende desse tempo de cura. As partes que possuem maiores
vulnerabilidades são as que compõem as coberturas e áreas externas, ainda que as
mesmas possuam argamassas e concretos impermeáveis faz-se necessária a
aplicação de uma camada impermeabilizante.
Conforme os segmentos expostos por Vedacit (2010), a impermeabilização
flexível se dá pela aplicação de produtos com características maleáveis, de modo a
aderirem aos componentes estruturais, que possuem composições que permitam a
sua movimentação junto à estrutura, conforme a mesma se desloque devido às
ações externas do intemperismo, e dilatação térmica. Como representado na Figura
5, essas aplicações são indicadas para áreas sujeitas aos ataques diretos da
umidade, calor, precipitação de chuva, como terraços, calhas, coberturas, fachadas,
entre outros.
22
Figura 5: Alguns dos tipos de impermeabilizantes flexíveis. Fonte: Silva e Oliveira (2018).
Segundo Silva e Oliveira (2018), a impermeabilização flexível é dada pela
aplicação de elementos com características betuminosas, em que serão aplicadas
diretamente sobre as superfícies que supostamente irão resultar em algum tipo de
patologia referente à presença de umidade. Assim sendo, esse tipo de
impermeabilização deve ser aplicado em áreas sujeitas a forte exposição solar, com
variações de temperatura, suscetível à umidade, representado pela Figura 6.
Figura 6: Impermeabilização flexível em vigas baldrames. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
23
Silva e Oliveira (2018) tratam o sistema de impermeabilização como rígido
aqueles que não estão suscetíveis às possíveis movimentações, ou seja, não estão
sujeitos à fissuração. De acordo com os mesmos autores, esse tipo de
impermeabilização deve ser aplicado em áreas com menor probabilidade de
exposição a fontes de calor, em estruturas que não sofram algum tipo de
movimentação. Portanto, esse tipo de impermeabilização deve ser aplicado em
áreas internas, reservatórios, piscinas, fundações, entre outros. Vedacite (2010)
segue essa linha de critérios sobre a impermeabilização rígida, logo, deve ser
aplicado somente em partes construtivas não fissuráveis, como mostra a Figura 7.
Figura 7: Exemplificação dos tipos de impermeabilização flexível e rígida. Fonte: VEDACITE (2010).
2.4 Patologias em Componentes Estruturais
Muitas das patologias presentes no município são provenientes da falta de
conhecimento e acompanhamento de um profissional da engenharia. Arivabene
(2015) diz que devem ser desenvolvidos métodos e práticas construtivas que
24
englobem a compatibilização dos projetos e da mão de obra, inclusive, realizar
manutenções periódicas a fim de preservar e garantir a durabilidade das estruturas.
2.4.1 Fissuras
Com base nas observações realizadas in loco, notou-se a presença de várias
anomalias nestas construções. Entre algumas delas estão as fissuras nas paredes,
que de acordo com a ABNT NBR 15575 (2013), são classificadas como ativas ou
passivas, isto é, possuem variações na espessura de acordo com os movimentos
higrotérmicos; e ativas são aquelas que possuem abertura constante. Esta norma
ainda define que as aberturas serão denominadas de fissuras quando apresentarem
espessura inferior a 0,6mm e de trincas quando apresentarem espessura maior ou
igual a 0,6mm como apontado na Figura 8.
Figura 8: Fissuras na face da parede referente à fachada externa. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Existe uma série de fatores que implicam no surgimento de alguns tipos de
fissuras, Duarte (1998) informa que as fissuras podem ser originadas pelo alto índice
de carregamento da estrutura, variação de temperatura, tráfego de veículos, entre
25
outros. Dessa maneira, os esforços atuantes são maiores que a resistência
características dos materiais sob estas cargas, o mesmo ainda afirma que fissuras
em paredes de alvenaria ou similares com aberturas ≤ 0,1mm, são insignificantes,
visto que são consideradas capilares.
Para Taguchi (2010), as fissuras que podem ser consideradas causadoras de
patologias são aquelas que são possíveis serem observadas a olho nu a uma
determinada distância. Ele ainda ressalta que mesmo sem a percepção a olho nu,
deve ser observado se há a existência de focos de umidade, pois a partir da
presença d’água podem ser originadas novas patologias.
De acordo com Ceotto et al. (2005), assim que notória a presença de algum
tipo de fissura considerada patológica deve dar-se início ao procedimento de
mapeamento destas, complementado por fotos, desenhos ou esquemas que assim
possa representar detalhadamente quais os tipos de ocorrência que são
predominantes em cada estrutura, é através deste método que será possível
designar a melhor forma de tratamento de acordo com as causas e seus
diagnósticos, exemplificado pela Figura 9.
Figura 9: Representação dos tipos de fissuras. Fonte: TAGUCHI (2010).
26
Com base em Taguchi (2010), esses tipos de fissuras são provenientes de
uma série de fatores que resultam nestes tipos de patologias, logo, as fissuras
horizontais são provocadas pela dilatação térmica, adensamento das argamassas e
falta de engastamento da parede com a viga superior ou encanamento precoce da
estrutura. As consideradas aleatórias possuem características de problemas
relacionados com as argamassas e pinturas, as inclinadas estão relacionadas com
problemas nas fundações, como recalques das fundações ou problemas
relacionados às vergas e contra vergas.
Souza e Ripper (1998) enunciam que para tratar desses tipos de patologias é
importante estar diretamente interligado com o tipo, causa e diagnóstico, destarte, o
conhecimento dos agentes causadores são fundamentais para poder trata-los. As
fissuras são resultantes do excesso de carga sobre determinado ponto da estrutura,
de modo que a mesma tende a fissurar, posto que a sua resistência é inferior às
cargas as quais está submetida.
No tratamento designado de acordo com o diagnóstico, pode haver a
necessidade de alguns reforços nos componentes estruturais, isso irá variar de
acordo com cada situação na qual as fissuras consideradas superficiais serão mais
simples e mais fáceis de serem sanadas. Em casos mais extremos, em que ocorre
um maior grau de comprometimento, é necessário recorrer a resinas epoxídicas,
embora sejam mais caras, possuem eficácia em sua incorporação com a nata de
cimento Portland e aditivos (SOUZA; RIPPER, 1998).
2.4.2 Patologia resultante da falta de cobrimento das armaduras
A vida útil de uma construção deve estar de acordo com a ABNT NBR 6118
(2014), que estabelece que a durabilidade da estrutura depende da sua concepção,
isto é, se foram levados em consideração os fatores correspondentes a classe de
agressividade da região, e os respectivos cobrimentos das armaduras, visando
cumprir o ciclo de vida útil previsto no projeto.
Toda edificação deve possuir um critério de durabilidade, de acordo com a
ABNT NBR 6118 (2014), as estruturas de concreto armado devem possuir
atribuições que promovam o desempenho e durabilidade das estruturas através de
27
ensaios e estudos da agressividade da região, mediante apresentação no projeto de
execução da obra. Os critérios de qualidade são deferidos pela ABNT NBR 12655
(2006), que define que a durabilidade da estrutura dependerá de ensaios
comprobatórios do desempenho e durabilidade, tendo em vista também o nível de
agressividade e resistência aos esforços mecânicos, dessa maneira será possível
mitigar os problemas representados pela Figura 10.
Figura 10: Patologia oriunda da falta de cobrimento das armaduras, provocando expansão devido à
oxidação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Segundo Thomaz (1989), as corrosões sejam de qualquer natureza,
produzem o óxido de ferro. A sua graduação volumétrica é superior ao volume
natural do aço, todavia, decorrente dessa expansão surge na face dos componentes
estruturais as fissuras. Segundo o autor, as armaduras dispostas sem o adequado
cobrimento estarão expostas às intempéries presentes no ambiente, incluindo o
oxigênio. A Figura 11 apresenta o resultado dessa exposição.
28
Figura 11: Patologia resultante da falta de cobrimento das armaduras, ocasionando expansão devido
à oxidação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
A falta de recobrimento das armaduras, sem exclusão das armaduras
principais, aquelas que estão sendo submetidas aos esforços de tração, segundo a
ABNT NBR 6118 (2014), deve ser levado em consideração o distanciamento das
armaduras e da parte externa da concretagem, isto é, de acordo com cobrimento e
qualidade do concreto é que se desenvolve a proteção adequada para que os
agentes externos não comprometam a durabilidade. A mesma norma afirma que em
casos especiais medidas que auxiliam a proteção das armaduras ainda podem ser
adotadas: galvanização das armaduras, aplicação de revestimentos, pinturas e
impermeabilizantes, entre outros.
Mitzsuzaki e Amarante (2019) ressaltam que os problemas como corrosão
nas armaduras das estruturas possuem relação com a exposição da mesma às
intempéries do ambiente. Sendo assim, a exposição à umidade junto ao oxigênio,
favorece a degradação precoce da armadura devido à oxidação. Os autores ainda
destacam que em grandes centros urbanos, onde as estruturas ficam suscetíveis à
carbonatação gerada pela grande concentração de CO2.
Mitzsuzaki e Amarante (2019) afirmam que as moléculas de CO2 são diluídas
através da umidade presente na estrutura, que posteriormente, irá se unir as
moléculas de cálcio presentes no concreto, promovendo o ácido de cálcio que
compromete muito a estrutura pelo seu auto poder de corrosão. Para os mesmos
29
autores, para a prevenção desse tipo de patologia, deve ser levado em consideração
o cobrimento necessário que deve existir sobre as armaduras e conhecer os índices
de agressividade de cada região.
Marcelli (2007), em seu livro Sinistros na Construção Civil, informa que a
parte fundamental para existir a proteção adequada das armaduras, são estudos
relacionados ao tipo de concreto utilizado em cada estrutura e também o tipo de
agressividade ambiente a que os componentes estruturais estão expostos. Para
tanto, segundo o autor, são através destes estudos que se permite desenvolver o
cobrimento adequado das armaduras e promover um meio alcalino evitando
fissuração e desplacamento dos componentes estruturais em função da expansão
resultante da oxidação das armaduras.
2.4.3 Patologia decorrente de problemas na infraestrutura
Muitas das patologias existentes na cidade estudada referem-se à problemas
com a frequência de umidade, foi possível observar problemas gerados pelas ações
mecânicas como o recalque diferencial das fundações, exposto na Figura 12. Souza
e Ripper (1998) abordam que toda edificação seja no período de execução ou pós-
obra, em um determinado ciclo de tempo sofre algumas alterações em razão das
cargas atuantes sobre as mesmas. Esses carregamentos deslocam lentamente a
estrutura até a sua estabilização total no solo.
Figura 12: Patologia resultante de recalque diferencial em fundação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
30
Ainda de acordo com Souza e Ripper (1998), o surgimento de fissuras nas
construções pode estar ligado à movimentação da estrutura por possíveis erros de
cálculos nas fundações, variações de carga de acordo com a área da fundação
projetada, entre outros. Em seu estudo, o autor ressalta que devem ser levadas em
consideração possíveis ampliações, devendo ser observado que o solo da antiga
construção não vai sofrer nenhum tipo de movimentação, portanto, o mesmo já está
estabilizado.
Mitzsuzaki e Amarante (2019), em seu artigo, abordam que as fissuras
podem surgir de várias formas após o enrijecimento dos componentes estruturais,
logo uma destas possíveis causas é através do recalque diferencial. De acordo com
o mesmo, as fissuras provenientes desse tipo de patologia possuem inclinação
direcionada para o ponto de maior recalque e são provocadas pelas tensões de
cisalhamento.
Existem diversos problemas nas construções em várias das etapas em que se
referem à construção, até referentes à fundação. De acordo com Marcelli (2007),
são bastante comuns problemas nas edificações de pequeno e médio porte, pela
falta de estudos relacionados ao solo, originando patologias e diversos problemas
que possuem relação direta com este.
Marcelli (2007) afirma que esses problemas podem ser aumentados por meio
do despreparo de profissionais da engenharia para as atribuições que lhe são
cabíveis. Tais profissionais podem se iludir com possíveis soluções e procedimentos
duvidosos que aparentam ser vantajosos, podendo ainda, não estarem de acordo
com as normas técnicas do país.
Conforme Pinto (2006), o estudo do solo é essencial para a engenharia, este
consiste em observar todas as características de resistência mecânica por meio de
ensaios realizados em amostras coletadas através das sondagens. De acordo com
estes ensaios é possível obter o comportamento específico de resistência do solo
quando receber os carregamentos verticais oriundos das edificações, portanto, irá
ser definido o tipo de fundação para cada tipo de solo e edificação, contribuindo para
extinguir fissuras e trincas em todo o conjunto estrutural da obra.
Marcelli (2007) disserta que é fundamental possuir conhecimentos das
características e tipo de solo em que irá ser executada uma obra porque a
verificação do subsolo é crucial para desenvolver o tipo de fundação apropriada.
Para conhecer o subsolo é necessária a realização de ensaios através de
31
tipos de solos predominantes em cada região.
Embora sejam identificados os tipos de solo, segundo Marcelli (2007), não é
possível compreender com 100% de exatidão o recalque absoluto que acontecerá
na estrutura, e ainda salienta que para conseguir um resultado satisfatório é
necessário que o projetista possua reconhecimento de qualidades em seus
trabalhos já executados. Sendo assim, o autor afirma que diante de todas as
peculiaridades é inegável a presença do profissional da engenharia durante o
período de execução da obra e fazer o acompanhamento periódico antes e durante
o período de execução, visando a possibilidade de alterações e mudanças no tipo
predominante de solo, e, portanto, fazer as intervenções e alterações necessárias no
projeto.
Em outro trecho de seu estudo, Marcelli (2007) aborda que é bastante comum
em obras de pequeno porte problemas estruturais causados pelo dimensionamento
de sapatas isoladas. Marcelli (2007), em seu contexto, realça a importância da falta
de experiência de quem executou a obra, de modo a generalizar o tipo de solo da
região, que podem até ignorar as cotas de apoios das sapatas resultando em
recalques bem acentuados.
Além dos problemas relacionados com os recalques diferenciais, o mesmo
autor acentua a importância do travamento adequado dos pilares, onde na Figura 13
é nítida a falta deste travamento. Para ele, toda a estrutura pode perder a sua rigidez
podendo ocasionar o comprometimento global do empreendimento. Os pilares
intertravados proporcionam rigidez à estrutura, que corresponde a todos os esforços
atuantes e cargas acidentais. Conforme mencionado, caso não haja essa
estabilidade e desenvolva para possíveis sinistros, os componentes acometidos
pelos problemas de engasgamentos devem ser submetidos a reforços nos
componentes comprometidos.
32
Figura 13: Pilar sem possível travamento com a viga. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
2.5 Patologias nos Revestimentos
2.5.1 Problemas relacionados ao despreparo da mão de obra
A Figura 14 representa uma patologia relacionada ao despreparo da mão de
obra quando realizara o revestimento, segundo Fiorito (2003), durante o
procedimento de execução do revestimento cerâmico, a mão de obra é de
fundamental importância promovendo qualidade, durabilidade, estética e vida útil do
mesmo, ou seja, é indispensável uma mão de obra qualificada para realização
destes procedimentos.
Figura 14: Problema relacionado ao despreparo da mão de obra, podendo ser fonte de futura patologia. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
33
Outro fator que pode comprometer a vida útil dos revestimentos é a variação
de temperatura. Fiorito (2003) enfatiza que o revestimento cerâmico deve possuir
juntas entre as peças, a fim de mitigar possíveis problemas em virtude das tensões
térmicas. Portanto, sem o devido distanciamento entre as peças, ao serem
submetidas às variações de temperaturas ou a outros carregamentos externos, pode
ocorrer desplacamento das peças.
2.5.2 Presença de patologias devido à presença de umidade na parte interna dos revestimentos
Como citado nos tópicos anteriores por alguns autores, a umidade também
gera problemas nos revestimentos, principalmente, quando está presente na parte
interna de algumas peças, como representado na Figura 15. Os revestimentos
cerâmicos não possuem função de impedir a percolação de água no seu sentido
inverso, isto é, da fundação para superfície, para estes fins existem outras etapas de
execução que possibilitam a impermeabilização do local onde serão aplicados os
revestimentos, promovendo o bem-estar de seus usuários (FIORITO, 2003).
Figura15: Percolação d’água em revestimento cerâmico. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
De acordo com os estudos de Bauer (2016), as patologias presentes nos
revestimentos têm suas causas advindas da falta de eficiência dos projetos, ou da
inexistência deles, pela ausência de junta de dilatação e, principalmente, pela falta
34
de conhecimento das argamassas, do tipo cerâmico e dos materiais empregados
nas juntas de movimentação, quando estas existem. Portanto, segundo Bauer
(2008), é imprescindível que sejam considerados todos os procedimentos cabíveis
em toda execução dos revestimentos.
Seguindo o âmbito da pesquisa desenvolvida, as patologias presentes neste
município apresentam características de serem oriundas da falta de
impermeabilização, vide Gráfico 1. Nesse contexto dos revestimentos, em sua base,
devem ser locadas mantas impermeabilizantes em locais suscetíveis à umidade. De
acordo com Bauer (2016), para estes fins são utilizados materiais betuminosos como
as mantas asfálticas desenvolvidas para serem usadas como impermeabilizantes. A
sua aplicação já é bastante comum, sendo que é bastante eficaz, economicamente
viável e contribuirá para a preservação das partes vulneráveis às intempéries
resultantes da umidade. BAUER (2016).
Segundo a ABNT NBR 9952 (2014) para aplicação das mantas asfálticas
como impermeabilizantes, deve apresentar compatibilidade com seus constituintes,
suportar os esforços atuantes nos quais estão sendo submetidos, tornando-se
impermeável e sem alteração de volume quando submetida ao contato com a
umidade.
O conhecimento dos componentes que constituem os insumos utilizados na
construção civil deve ser compreendido pelos operários ou gestores de obras.
Consoante Bauer (2008), um dos fatores agravantes que resultam em patologias
nos revestimentos está ligado à ausência de experiência durante o procedimento
das etapas de execução da obra. Nesse contexto, o autor destaca que ao preparar a
superfície de assentamento são utilizadas argamassas de cal não hidratadas, com
auxílio de mão de obra despreparada e material de péssima qualidade.
Portanto, Bauer (2008) discorre que a presença de patologias referentes ao
deslocamento e desplacamento dos revestimentos é oriunda do uso inadequado e
exagerado da cal em algumas obras. Para tanto, Fiorito (2003) declara que ao iniciar
o revestimento, visando durabilidade e qualidade no serviço, devem ser
35
consideradas todas as premissas necessárias para êxito na etapa de execução e
que todas as superfícies devem estar aprumadas, e (ou) niveladas, a aplicação da
argamassa de assentamento que deve ocorrer após 08 dias da aplicação da
argamassa de nivelamento “reboco”.
Portanto, para Fiorito (2003), esses critérios devem ser analisados, visando
mitigar futuras patologias, e cumprir o ciclo de vida útil dos revestimentos. Exposto
na Figura 16, segundo Bertolini (2010), uma das causas das patologias é a
degradação dos materiais, que resulta das interações físico-químicas do ambiente
em que estes materiais estão inseridos. Essas transformações são provocadas por
meio da variação de temperatura e agentes agressivos que alteram as propriedades
dos materiais, sendo capaz de penetrar no seu interior por cauda da porosidade de
alguns destes materiais.
Figura 16: Desplacamento do revestimento cerâmico. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Bertolini (2010) revela que existem variações nas formas de acontecer a
corrosão dos componentes metálicos de uma estrutura, porém as maneiras mais
propícias em que estes componentes estão suscetíveis são através das corrosões
úmidas e corrosões secas. Essas corrosões, conforme o autor, são provocadas pelo
contato dos componentes estruturais com meios aquosos, ou seja, água doce ou
salgada, soluções ácidas ou alcalinas, contato direto com solo contendo umidade,
entre outros. As corrosões secas, por sua vez, são oriundas das variações de
temperaturas, em edificações normais designadas para o público civil, são
desconsideradas.
36
Como observado até então, as patologias são originadas a partir de
infiltrações predominantes nas estruturas. Bertolini (2010) destaca que elas ocorrem
em função da reação química entre o aluminato tricálcico presentes nos cimento das
argamassas, tão quanto o sulfato em solução que forma a etringita, ou seja,
sulfoaluminato tricálcico, resultando em uma enorme expansão que ao entrar em
contato com substâncias líquidas, as fissuras devido a esta expansão promovem a
eflorescência.
A eflorescência é apenas uma das causas das patologias pela presença de
umidade nos componentes estruturais, segundo Viçosa (1991), a umidade está
diretamente relacionada com a presença de mofo, ferrugem, eflorescência,
degradação de pinturas, acidentes estruturais ocasionados por meio da gravidade
do desenvolvimento das patologias.
Conforme Fiorito (2003), essa patologia está relacionada a possíveis
intervenções em razão da limpeza com utilização de produtos contendo substâncias
nocivas aos revestimentos resultando na deterioração, espaços vazios na sua base
causados pelo despreparo dos colaboradores, que não possuem qualificação para a
execução dos revestimentos. Além disso, o autor descreve que a eflorescência
representada pela Figura 17 também surge mediante a precipitação de chuva, em
que a base dos revestimentos não possui barreiras impermeabilizantes para o
impedimento da percolação d’água.
Figura 17: Presença de eflorescência em fachada devido à falta de impermeabilização da base dos revestimentos.
Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
37
Embora não apresente riscos significativos para a estrutura, conforme
Mitzsuzaki e Amarante (2019), a predominância de umidade na estrutura deve ser
observada e considerada, logo a frequente aparência pode resultar em problemas
futuros decorrente disto. Diante dos problemas encontrados, devem ser observados
e designados quais são os tipos de patologias e sua gravidade, conhecendo suas
proporções e nível de gravidade será possível evitar que os problemas possam
migrar para um estado mais crítico que possa comprometer a vida útil da estrutura.
Portanto, a identificação do problema deve ser diagnosticada desde suas raízes.
38
Este trabalho teve como caráter inicial para seu desenvolvimento pesquisas
bibliográficas através de livros e artigos científicos, teses de mestrado e doutorado,
de modo a possuir caráter explicativo, incluindo conhecer e identificar as principais
manifestações patológicas da cidade estudada. Diante das identificações, poder
desenvolver e elaborar métodos que possam classificar as patologias presente nas
residências, quais os tipos mais comuns e suas possíveis causas.
De acordo com Barros e Lehfeld (2001), a pesquisa bibliográfica caracteriza-
se por ser de documentação direta através da pesquisa em campo, em que o
pesquisador possui o papel observador e exploratório a fim de coletar dados e
informações necessárias para realização de sua pesquisa diretamente no local onde
ocorrem os fenômenos.
Esta pesquisa possui caráter exploratório, que consoante Gil (2007), o estudo
realizado possui finalidade de identificar e designar os tipos de manifestações
patológicas encontradas em campo, familiarizando estes problemas com os estudos
bibliográficos de modo a torná-los mais explícitos e sucintos, podendo desenvolver
técnicas e métodos que possam sanar a presença destas anomalias.
O presente trabalho pressupõe uma pesquisa quali-quantitativa. Esse método
de pesquisa, conforme Lakatos (2003), consiste em unir as abordagens
bibliográficas com os dados obtidos em campo. Desse modo, devem ser analisados
todos os dados de forma crítica, com intuito de identificá-los de forma sucinta a fim
de interpretar e desenvolver meios através das observações realizadas, que diante
dos questionários e abordagens promovam soluções cabíveis para cada problema.
3.1 Ambiente da Pesquisa
Esse trabalho foi realizado no município de Paripiranga/BA, onde de acordo
com Silva, Moreira e Zimmermann (2005), está localizada no Nordeste do estado da
Bahia, limitando-se a leste e sul com o estado de Sergipe, a oeste com a cidade
39
Adustina e a norte com a cidade Cel. João Sá, a 364 Km da sua capital Salvador,
conforme a Figura 18.
De acordo com Weatather Spark (2021), o município de Paripiranga/BA
possui uma ampla variação climática no decorrer do ano, sua temperatura média
varia entre 17 °C a 33 °C, sendo que o período de precipitação de chuvas ocorre
com mais frequência entre o dia 11 de março a 24 de agosto. A variação de
temperatura, precipitação de chuvas, mudanças dos teores de umidade do ar
somadas às estruturas precárias da cidade favorece para o surgimento de diversos
problemas patológicos nessa região, como exemplificadas no referencial teórico
deste trabalho.
3.2.1 Elaboração de questionário
A fundamentação bibliográfica desse trabalho foi realizada por meio de um
questionamento elaborado através de perguntas que continham algumas
indagações sobre a incidência e quais manifestações patológicas eram
predominantes nas residências da cidade de Paripiranga/BA, e também sobre a
presença de profissionais da engenharia durante as obras, concepção de projetos,
entre outros. Esse questionário era composto por perguntas pré-definidas, para
promover melhor compreensão aos entrevistados, visando colher resultados mais
precisos e sucintos.
As perguntas elaboradas foram se a residências possuíam problemas
referentes à umidade, se existem fissuras ou rachaduras, desplacamento de pisos e
revestimentos, se aconteceu acompanhamento de um profissional da engenharia ou
arquitetura durante a execução e a elaboração de projeto para a realização da obra,
e por quem tenha sido realizado esse projeto, se era notório a presença de
problemas nas instalações hidráulica e elétrica, quais os problemas mais
predominantes, se já foi realizada alguma manutenção e se essas manutenções
foram acompanhadas por profissionais da engenharia.
Destaca-se que se esse questionário também dispunha de perguntas sobre a
existência de propostas de mitigar o surgimento das patologias, visando as
construções visualmente mais novas. É importante salientar que a designação das
residências vistoriadas se deu de modo aleatório, sem definição de tempo de
construída, com o intuito de analisar os métodos construtivos e, em consequência
verificar as causas das manifestações patológicas de acordo com o método de
construção de cada residência aferida.
41
A elaboração do questionário, citado anteriormente, foi de forma presencial.
Por esse intermédio foi possível fazer os registros fotográficos da presença das
manifestações patológicas, sempre com autorização dos residentes das casas
vistoriadas. É importante ressaltar que, pelo período de enfermidades causadas pela
pandemia de covid-19 foram tomadas todas as medidas de precaução, seguindo
todas as orientações e medidas para evitar a disseminação da corona vírus.
Também se faz necessário explicitar que foi utilizado no ambiente de estudo a
utilização de álcool em gel, uso de máscara e luvas descartáveis, para promover a
segurança de todos os envolvidos no local da vistoria e coleta das fotografias.
42
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
No presente capítulo são discutidos os dados obtidos no âmbito da pesquisa,
cada incidência e causadores dos diversos tipos de manifestações patológicas da
cidade de Paripiranga/BA são abordados e analisados. Desse modo, pode-se
desenvolver um possível diagnóstico de acordo com os estudos e observações
realizadas em campo e é a partir destas observações e análises que será possível
designar o tratamento mais adequado e viável para cada tipo de anomalia presente
na cidade estudada.
4.1 Discussão das Análises Propostas de Acordo com Cada Tipo de Anomalia, suas Possíveis Causas e Soluções
É importante frisar que nesta etapa da pesquisa os resultados obtidos foram
de acordo com os questionamentos aferidos aos proprietários ou inquilinos que
residiam no momento da realização da pesquisa, onde estas análises foram feitas
com base em fotografias dos ambientes com a presença de algumas anomalias,
sem coleta de amostras para estudos mais aprofundados em laboratórios, visando
evitar possíveis fontes de contato com as residências em virtude das precauções
exigidas pela pandemia.
Diante dos dados coletados durante a pesquisa bibliográfica foi possível
observar de forma coerente a presença de manifestações patológicas em todas as
residências verificadas. Embora não tenha sido observada ou identificada problemas
em instalações elétricas ou em componentes do sistema hidrossanitário, pois as
observações eram superficiais por conta do tempo presente nas residências em
busca de minimizar a proximidade com os que ali residiam, para evitar um possível
contágio no momento em que o país vive um contexto de pandemia, mesmo assim,
foi perceptível afirmar que 100% das casas possuíam ao menos um tipo de
manifestação patológica, conforme o Gráfico 1.
43
Gráfico 1: Percentual de residências que possuíam algum tipo de manifestação patológica. Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).
Também foi questionado quais os problemas mais predominantes nas
residências, de modo a identificar as principais incidências de anomalias presentes
nestes locais. Contudo, ao realizar essa observação foi possível designar as mais
perceptíveis anomalias predominantes nesta cidade. No Gráfico 2 são descritas
algumas das principais formas de incidência de manifestações patológicas de
Paripiranga/BA.
100%
0%
Residências com patologias
Residências sem patologias
R e s id
percentual
35%
87%
13%
72%
Fissuras
Umidade
Desplacamento
P a
to lo
g ia
44
patológicas com percentuais bem elevados em diversos problemas, entretanto, as
pinturas são uma das mais afetadas no setor da construção, como exposto pela
Figura 19. Estes problemas, em muitos dos casos, segundo Alfano et al. (2006), é
resultado da presença de umidade sob a face das bases que receberão as pinturas,
ainda, segundo o autor, as forças oriundas dos ventos e da chuva também auxiliam
no deterioramento destas camadas, favorecendo a percolação de umidade nos
vazios desprotegidos destas superfícies.
Figura 19: Problemas em pinturas devido à presença de umidade. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021)
Em concordância com Alfano et al. (2006) sobre as possíveis causas dos
problemas a respeito dos problemas encontrados na figura acima, compreende-se
que uma das causas mais prováveis desta anomalia origina-se a partir da falta de
conhecimento dos materiais utilizados em ambientes externos, majorados pela falta
de impermeabilização das bases, que possuem vasta predominação de umidade,
resultando em descascamentos e aparição de mofos.
Outro problema bastante comum nas superfícies das paredes que possuem
origem devido à presença contínua de umidade são os mofos, representados pela
Figura 20 que mostra uma superfície acometida por esta manifestação que
45
compromete todo o recinto, tornando o mesmo inabitável ou com vastas
probabilidades de riscos à sanidade dos moradores daquela residência (TAGUCHI,
2010).
Figura 20: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a presença intensa de mofo. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Algumas medidas podem ser adotadas para evitar o acumulo de erros
durante a execução das obras, principalmente, com intermédio da presença de
profissionais da engenharia que quase não se fez presente em todas as construções
da cidade estudada. Segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia (IBAPE) a presença de profissionais da engenharia é crucial para a
identificação e elaboração de laudos precisos de modo a desenvolver métodos que
inibam a presença das patologias nos diversos tipos de obras e residências, bem
como compreender as características típicas de cada edificação.
Outra forma de prevenir e evitar possíveis problemas nas faces das paredes
ou qualquer outro tipo de superfície, principalmente, as áreas externas ou sujeitas à
umidade, é desenvolver projetos de impermeabilização, sempre acompanhado por
profissionais da área e dispor de alguns laudos designados perante observação
minuciosa de engenheiros civis ou peritos das construções.
46
Para a minimização dos problemas ligados à presença de mofo algumas
técnicas podem ser adotadas, sendo suficientes para inibir estas manifestações. É
possível também tratar com o auxílio de materiais que facilitem a limpeza das
superfícies, de preferência com objetos livre de umidade, uma vez que mofo são
microrganismos que gostam de umidade e pouca ventilação. Após a limpeza deve
ser preparada uma solução composta por 80 g de fosfato trissódico, 90 ml de
hipoclorito e 30 g de detergente, diluídos em 2700 ml de água.
Vale destacar que se a presença do mofo persistir devem ser analisadas as
causas e prováveis meios em que possa estar ocorrendo a percolação de água para
o surgimento dos mesmos (SOBRINHO, 2008).
Em conformidade com o explícito na elaboração do questionário deste
trabalho foi notória a predominância de problemas referentes ao desplacamento de
revestimentos em algumas casas. A presença deste tipo de problema foi identificado
com menor incidência, portanto, é possível afirmar que somente em apenas duas
das residências foi encontrado este tipo de problema, como exposto no Gráfico 3
desta pesquisa.
Gráfico 3: Percentual da quantidade de desplacamento encontrado de acordo com o número de residências vistoriadas. Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).
Este problema também está presente com menor incidência na cidade
estudada. Apesar de encontradas em pequena porcentagem, ou seja, em apenas
13% das obras observadas, sendo 3 residências das 23 vistoriadas. Sendo assim,
13%
87%
Residência com desplacamento
Residência sem desplacamento
deve-se também estarem inclusas nos números pertinentes aos dados que
representam as incidências das manifestações patológicas de Paripiranga.
As causas destas anomalias, segundo Bauer (2008), correspondem à falta de
conhecimento e empregabilidade dos materiais na obra e ao desconhecimento por
parte dos profissionais de como utilizá-los corretamente, a falta de qualificação e
prática no manuseio dos mesmos. Bauer (2008) ainda afirma que estes problemas
podem ser do uso inadequado ou em excesso de argamassas de cal não hidratadas
que auxiliadas por material de baixa qualidade podem multiplicar as chances de
problemas com desplacamento de peças dos revestimentos.
Outra forma que proporcione resolver estes problemas relacionados ao
desplacamento e promover o ciclo de vida destes revestimentos é, consoante Fiorito
(2003), que antes receber os revestimentos, as bases sejam aprumadas “paredes”
e/ou corretamente niveladas “pisos”, respeitando o período mínimo de cura de 8 dias
destas bases e para uma aplicação adequada deve ser elaborado um estudo da
capacidade de produção de cada profissional, visando desenvolver cursos
profissionalizantes em busca de uma mão de obra qualificada em busca de
promover os melhores resultados na aplicação dos revestimentos, e até erradicar os
possíveis problemas referentes ao despreparo dos profissionais nesta etapa de
execução da obra.
Dando seguimento a pesquisa, foi perguntado aos proprietários ou pessoas
que ali residiam, se as suas casas possuíam problemas relacionado à infiltração.
Desse modo, em um total de residências representado pela análise de 23 casas, foi
possível descrever os resultados, a partir do Gráfico 4, que esboça que 20 das 23
casas possuem problemas referentes à infiltração, sendo assim já era evidente que
diversos problemas nas obras da cidade eram referentes à presença de umidade.
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Gráfico 4: Percentual de residências que possuem presença de umidade. Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).
Foi possível identificar diversas formas de manifestações patológicas
relacionadas com a frequência de umidade, para aumentar essa probabilidade
Paripiranga possui variações climáticas no decorrer do ano, atingindo 70% de
umidade relativa do ar em algumas épocas do ano, conforme (WEATHER SPARK
2021). Esse alto índice de umidade pode ser considerado causador da maioria dos
problemas encontrados na cidade, logo, estes problemas são apenas resultados da
falta de especialização, manutenção e projetos de impermeabilização, que possuem
características de inibir a possibilidade de percolação de água pelos poros dos
componentes estruturais (VEDACITE, 2010).
Conforme Lersch (2003), o surgimento das manifestações patológicas pela
presença de umidade pode ser pela umidade por infiltração, em que ocorre a
presença de problemas nos componentes estruturais, tais como, fissuras, trincas,
ações de movimentações térmicas, entre outras. Nessa linha de pensamento, estas
patologias podem ser originadas a partir da umidade ascensional, em que
Guimarães et al. (2015) dizem que a percolação d’água ocorre pelos vazios dos
vasos capilares dos componentes estruturais.
Desse modo, ainda existem outras fontes que podem resultar em patologias
devido à presença ou excesso de umidade nas estruturas, isto é, podem ser por
umidade por condensação, execução de obra, acidental, dentre outras. Para Lersch
87%
13%
Possuem problemas devido a umidade
Não apresenta problemas referente a umidade
49
(2003), a umidade por condensação ocorre junto à superfície dos materiais, quando
estas superfícies atingem temperatura inferior à temperatura do orvalho. A umidade
por