PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das
71
Bacharelado em Engenharia Civil JOSÉ NELSON DE MENEZES ANDRADE PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais manifestações patológicas em residências do município de Paripiranga (BA) Paripiranga 2021
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais
manifestações patológicas
em residências do município de Paripiranga (BA)
Paripiranga 2021
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais
manifestações patológicas
em residências do município de Paripiranga (BA)
Monografia apresentada no curso de graduação do Centro
Universitário AGES como um dos pré- requisitos para obtenção do
título de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Me.
Raphael Sapucaia dos Santos
Paripiranga 2021
Andrade, José Nelson de Menezes, 1990 Patologias na Construção
Civil: análises e causas das
principais manifestações patológicas em residências do
município de Paripiranga-BA/ José Nelson de Menezes Andrade.
– Paripiranga, 2021. 71 f.: il. Orientador: Profº. Me. Raphael
Sapucaia dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia
Civil) – UniAGES, Paripiranga, 2021..
1. Patologias na Construção Civil: Análises e causas das principais
manifestações patológicas em residências do município de
Paripiranga-BA. I. Título. II. UniAGES.
JOSÉ NELSON DE MENEZES ANDRADE
PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: análise e causas das principais
manifestações patológicas em
residências do município de Paripiranga (BA)
Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do
título de bacharel em Engenharia Civil à Comissão Julgadora
designada pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão de Curso do
Centro Universitário AGES. Paripiranga, 13 de julho de 2021.
BANCA EXAMINADORA
Ages
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade da vida, pela força concedida diariamente
para
poder superar todas as dificuldades encontradas nessa
jornada.
Aos meus familiares, por se fazerem sempre presentes durante esta
etapa de
minha vida, dedicando-se e incentivando-me, em especial à minha
mãe, Agenilda
Borges, que em cada dia de sua vida cuida de mim de modo tão
singular.
Àqueles que contribuíram com pensamentos positivos, transmitindo
boas
energias em virtude da decisão que tomei de voltar a estudar depois
de alguns anos.
Aos meus colegas, em especial, Alanna e Jonathas, que durante esse
tempo
dividiram comigo essa caminhada e dispomos da absorção de
inúmeros
conhecimentos, agregando valor moral, profissional e como seres
humanos.
Ao professor Raphael Sapucaia, por ter sido meu orientador e por
todos os
ensinamentos ministrados por esse ser ímpar, durante o decorrer da
graduação.
À minha companheira Monizia Nascimento e à minha filha Maria
Yasmim.
Aos amigos verdadeiros, que sempre buscaram meios de me fortalecer
nos
momentos difíceis, em especial, a todos aqueles que trabalham
diariamente comigo,
como se fôssemos irmãos.
RESUMO
A presença de manifestações patológicas nas residências faz deste
ambiente um recinto impróprio para a vivência, resultando em
desconforto e risco à sanidade dos que ali residem. Este trabalho
tem como objetivo analisar o surgimento, as causas e as principais
incidências de manifestações patológicas de Paripiranga - BA. As
patologias da construção civil são problemas diagnosticados tendo
identificações e causas destas anomalias. Alguns termos usados na
medicina também se aplicam à engenharia como diagnósticos,
prognósticos, terapias, tratamentos. Para a realização deste
trabalho foi elaborada uma pesquisa bibliográfica através de
livros, teses e dissertações, manuais, artigos científicos, dentre
outros. Para contribuir para o maior aprofundamento da pesquisa foi
desenvolvido um questionário contendo algumas perguntas sobre a
existência de anomalias nas residências da referida cidade. Este
questionamento foi realizado de forma presencial, sendo que todas
as medidas preventivas contra a disseminação da Covid-19 foram
adotadas. Através da aplicação do questionário foi possível
identificar diversas formas de manifestações patológicas nesta
cidade, tendo como principais manifestações as provenientes da
presença de umidade. Desse modo, foi possível concluir que a causa
das principais incidências em Paripiranga - BA foi a falta de
acompanhamento técnico por profissionais da engenharia, como também
esboço de projetos, logo se tornando notória a importância da
elaboração de projetos sucintos que englobem cada segmento das
construções, inclusive relacionados à impermeabilização, sendo
inegável o acompanhamento por engenheiros em todo ciclo
construtivo
PALAVRAS-CHAVE: Manifestações Patológicas. Identificações e
Diagnósticos. Presença de umidade. Tratamentos. Impermeabilização.
Engenharia Civil.
ABSTRACT
The presence of pathological manifestations in the houses makes
this environment an inappropriate place for living, resulting in
discomfort and risk to the health of those who live there. This
work aims to analyze the emergence, causes and main incidences of
pathological manifestations in Paripiranga - BA. Civil construction
pathologies are diagnosed problems having identifications and
causes of these anomalies. Some terms used in medicine also apply
to engineering such as diagnostics, prognostics, therapies,
treatments. To carry out this work, a bibliographic research was
carried out through books, theses and dissertations, manuals,
scientific articles, among others. To contribute to a greater
research depth, a questionnaire was developed containing some
questions about the existence of anomalies in the houses in that
city. This questioning was carried out in person, and all
preventive measures against the dissemination of Covid-19 were
adopted. Through the application of the questionnaire, it was
possible to identify various forms of pathological manifestations
in this city, with the main manifestations coming from the moisture
presence. Thus, it was possible to conclude that the cause of the
main incidences in Paripiranga - BA was the lack of technical
follow-up by engineering professionals, as well as project
sketching, soon becoming notorious the importance of preparing
succinct projects that encompass each construction segment,
including related to waterproofing, being undeniable the follow-up
by engineers throughout the construction cycle. KEYWORDS:
Pathological Manifestations. Identifications and Diagnoses.
Moisture presence. Treatments. Waterproofing. Civil
Engineering.
LISTAS
1: Patologia devido à infiltração d’água em laje
........................................................ 16
2: Patologia devido à infiltração umidade ascensional/capilaridade
......................... 17
3: Umidade durante a execução / mão de
obra.........................................................
18
4: Patologia devido à infiltração d’água em sistemas
hidrossanitários ...................... 19
5: Alguns dos tipos de impermeabilizantes flexíveis
................................................. 22
6: Impermeabilização flexível em vigas baldrames
................................................... 22
7: Exemplificação dos tipos de impermeabilizantes flexível e rígida
......................... 23
8: Fissuras na face da parede referentes à fachada externa
.................................... 24
9: Representação dos tipos de fissuras
....................................................................
25
10: Patologia oriunda da falta de cobrimento das armaduras,
provocando expansão
devido à oxidação
.................................................................................................
27
11: Patologia resultante da falta de cobrimento das armaduras,
ocasionando
expansão devido à oxidação
.................................................................................
28
12: Patologia resultante de recalque diferencial em fundação
.................................. 29
13: Pilar sem possível tratamento com viga
..............................................................
32
14: Problema relacionado ao despreparo da mão de obra, podendo ser
fonte de
futura patologia
.....................................................................................................
32
16: Desplacamento de revestimento
cerâmico..........................................................
35
17: Presença de eflorescência em fachada devido à falta de
impermeabilização da
base dos revestimentos
.......................................................................................
36
18: Localização do município de Paripiranga
...........................................................
39
19: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a
presença ........... 44
20: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a
presença intensa
de morfo
....................................................................................................................
45
21: Fissuras devido à expansão dos materiais pela capacidade de
absolvição de
umidade
....................................................................................................................
51
22: Fissuras devido às cargas exercidas pelo telhado de residências
...................... 52
LISTA DE GRÁFICOS
1: Percentual de residências que possuíam algum tipo de
manifestação patológica 43
2: Percentual das principais manifestações patológicas encontradas
na cidade
estudada
...................................................................................................................
43
3: Percentual da quantidade de desplacamento encontrado de acordo
com o número
de residências vistoriadas
.........................................................................................
46
4: Percentual de residências que possuem presença de umidade
........................... 48
5: Percentual de fissuras encontradas de acordo com o número de
residências
vistoriadas
.................................................................................................................
50
6: Percentual de residências que possuem acompanhamento por
profissionais de
engenharia ou arquitetura durante procedimento de execução de suas
obras ......... 53
7: Percentual de residências que possuíam algum tipo de projetos
para a execução
de suas obras
............................................................................................................
54
8: Percentual de obras com acompanhamento de responsável técnico
para
manutenções periódicas
...........................................................................................
54
9: Percentual de residências que foram realizadas manutenções
periódicas ........... 55
10: Percentual de residências que possuíam algum tipo de
manifestações
patológicas
...............................................................................................................
56
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia
IBI Instituto Brasileiro de Impermeabilização
SUMÁRIO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
.....................................................................................
13
2.1 Contexto Histórico, a Demanda sobre Novos Métodos Construtivos
e o
Surgimento de Patologias
.................................................................................
13
2.2 Definição e Contexto Envolvendo Patologia na Construção Civil
................... 13
2.3 Tipos de Patologias Causadas pela Presença de
Umidade............................ 14
2.3.1 Patologias relacionadas à aparição de umidade e seus
respectivos tipos
........................................................................................................................
14
2.3.3 Umidade ascensional
.............................................................................
16
2.3.6 Umidade acidental
.................................................................................
18
2.4 Patologias em Componentes Estruturas
......................................................... 23
2.4.1 Fissuras
.................................................................................................
24
2.4.2 Patologias resultantes da falta de cobrimento das armaduras
.............. 26
2.4.3 Patologia decorrente de problemas na infraestrutura
............................ 29
2.5 Patologias nos Revestimentos
........................................................................
32
2.5.1 Problemas relacionados ao despreparo da mão de obra
...................... 32
2.5.2 Presença de patologias devido à presença de umidade na parte
interna
dos revestimentos
...........................................................................................
33
3 METODOLOGIA
....................................................................................................
38
3.2 Mecanismos Utilizados para a Realização deste Trabalho
............................. 40
3.2.1 Elaboração de Questionário
..................................................................
40
3.2.2 Representações fotográficas
.................................................................
41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
.............................................................................
42
4.1 Discussão das Análises Propostas de Acordo com Cada Tipo de
Anomalia,
suas Possíveis Causas e Soluções
...............................................................
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
...................................................................................
58
1 INTRODUÇÃO
O estudo das patologias torna-se primordial para as análises das
possíveis
causas resultantes das principais manifestações patológicas, logo é
através dessas
análises que se torna possível compreender as suas origens. O
intuito de
estabelecer este surgimento é compreendido através da observação de
todo ciclo
construtivo, desde a aquisição dos materiais e suas respectivas
atribuições, a
realização de um planejamento e projeto coerente, a capacitação da
mão de obra,
entre outros. Desse modo, através destas observações, poderá ser
elaborado o
diagnóstico preciso para cada tipo de patologia identificada
(ANDRADE, 1997).
Andrade (1997) afirma que o estudo e atribuições sistemáticas
das
manifestações características dos problemas encontrados permite
elaborar estudos
mais concludentes com subsídios necessários para contribuir com o
entendimento
das causas dos problemas e assim poder desenvolver técnicas e
métodos que
promovam o melhor desempenho na elaboração dos diagnósticos. Dessa
forma,
estas informações podem desempenhar melhores resultados durante o
processo
construtivo, possibilitando o conhecimento deste, podendo minimizar
a incidência
das patologias.
São diversos os fatores que podem resultar em problemas nas
construções,
sendo a presença de umidade a responsável por cerca de 37% a 50%
destes
problemas. A percolação d’água nos componentes estruturais resulta
em uma série
de patologias, que podem variar desde a presença de uma simples
eflorescência ou
mofo para problemas mais consistentes como o comprometimento dos
componentes
estruturais, pondo em risco os que ali residem (LIMA et al.,
2013).
Seguindo estes princípios, é inegável a importância da engenharia
civil para
se desenvolver e elaborar métodos eficazes que promovam melhores
condições e
bem-estar social para os que habitam as residências. Conforme Bazzo
e Pereira
(2006), a engenharia é um processo que junto à criatividade dos
engenheiros,
buscam artifícios que possam desenvolver atribuições para sanar
possíveis
problemas técnicos, bem como elaborar meios que celebre o
atendimento das
necessidades humanas.
11
De acordo com Andrade (1997), grande parte do processo de
degradação dos
componentes estruturais pode ser minimizada com a adequação dos
processos
construtivos, envolvendo cada etapa, iniciando com a aquisição e
controle dos
materiais utilizados. Sendo assim, a Engenharia Civil tem buscado
meios que
promovam a qualidade na execução das obras e na aquisição de
materiais de
qualidade visando minimizar possíveis problemas e uma redução de
custos devido
aos reparos e a reposição de novos materiais com péssima
qualidade.
Com a escolha dos materiais a serem utilizados em determinada
construção,
atrelada a um bom projeto e mão de obra qualificada para cada fim,
será possível
designar o resultado final da construção. Uma das causas das
deteriorações das
estruturas corresponde à baixa qualidade na aquisição dos materiais
utilizados, por
problemas de projeto e mão de obra (POSSAN; DEMOLINER, 2013).
De acordo com Rodrigues (2016), um dos processos fundamentais
para
promover durabilidade e qualidade em uma obra corresponde à etapa
da
impermeabilização. Essa etapa é considerada uma das mais
importantes de uma
obra, pois tem como objetivo principal proteger a edificação contra
o intemperismo e
as patologias. Essas origens são devido às falhas no decorrer do
processo
construtivo, por falta de planejamento e elaboração detalhada dos
custos, entre
outros fatores. Sendo assim, foi possível observar que 80% das
residências da
cidade de Paripiranga possuem problemas referentes à falta de
impermeabilização.
Diante disso, este trabalho consiste em destacar a incidência e as
origens do
surgimento da presença de patologias na cidade de Paripiranga. Com
o
desenvolvimento tecnológico dos materiais e o conhecimento
repassado a esta
cidade com o surgimento de diversos profissionais da engenharia no
referido
município, percebe-se que a presença de patologias em diversas
residências é
bastante comum.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho consiste em analisar a
causa das
principais manifestações patológicas de Paripiranga de modo a
contribuir para
prevenção e minimização do surgimento de novos problemas referentes
às
manifestações patológicas. Seguindo o critério geral da pesquisa,
foi realizada uma
pesquisa em campo, onde foi possível identificar quais os problemas
mais
predominantes neste município e, em seguida, desenvolver medidas
eficazes que
possam solucioná-los.
A maioria dos problemas identificados no âmbito da pesquisa
está
relacionada à presença de umidade no interior das edificações, onde
as pessoas
que residem estão mais suscetíveis a problemas de saúde em razão da
presença de
umidade e patologias decorrentes da mesma.
Este trabalho também tem como objetivo identificar as causas e
elaborar
soluções para os problemas encontrados na cidade estudada, promover
o
conhecimento aos munícipes, principalmente, aos que estão
diretamente
relacionados ao setor da construção civil. Dessa forma, a
disseminação do
conhecimento é fundamental para desenvolver métodos de incentivo à
importância
do planejamento e projetos sucintos, detalhando cada etapa da
execução, até
mesmo os referentes à etapa de impermeabilização, que é inegável a
sua correta
execução, haja vista que a maioria das patologias é resultante da
fata dessa etapa.
Acredita-se que as patologias encontradas são referentes a
problemas
advindos da falta de planejamento e de projeto, falta de
conhecimento e mão de
obra sem qualificação. Boa parte dos materiais utilizados na
construção civil é
porosa, consequentemente, a falta de capacitação dos profissionais
envolvidos,
somados a falta de conhecimento e de projeto adequado são as
possíveis causas
dos problemas.
Essa pesquisa é composta por cinco capítulos e através destes é
possível
dissertar sobra cada item abordado neste trabalho. O referencial
teórico, segundo
capítulo, trata das principais patologias encontradas na cidade de
Paripiranga,
inclusive algumas hipóteses de como saná-las. A metodologia
corresponde aos
métodos utilizados no âmbito da pesquisa, nela está descrito o
ambiente e as
técnicas de pesquisa aplicada durante o estudo.
O quarto capítulo, composto pelos resultados e discussões,
corresponde aos
resultados encontrados durante o âmbito da pesquisa em campo. Nele
aborda-se as
principais patologias encontradas na cidade analisada, suas
possíveis causas e
soluções para as mesmas. No quinto e último capítulo, são
apresentadas as
considerações finais sobre todos os temas abordados.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contexto Histórico, a Demanda sobre Novos Métodos Construtivos
e o Surgimento de Patologias
Conforme Bazzo (2006), a sociedade é considerada leiga em vários
setores, e
na engenharia não poderia ser diferente, por isso o profissional da
engenhara é tido
como indivíduo sem importância, voltado apenas para realização de
cálculos, sendo
que os engenheiros são profissionais aptos a identificarem e
solucionar problemas
usando a sua criatividade, não dependendo apenas das atribuições
cientificas.
De acordo com Weimer et al. (2018), no decorrer da história, o
homem
sempre buscou o envolvimento com a construção civil. Com o passar
do tempo e
com o desenvolvimento dos países, cresceu a demanda por novos
métodos
construtivos. Com isso, houve a necessidade da aceleração do
processo, buscando
atingir metas em menor tempo e execução.
Diante disso, segundo os autores supracitados, embasados com
aceleramento das obras e novas demandas, notou-se que estes
empreendimentos
estavam se deteriorando precocemente, conclui-se então que a
redução de controle
de materiais e dos serviços prestados nas mesmas foi fundamental
para as
aparições de problemas.
2.2 Definição e Contexto Envolvendo Patologia na Construção
Civil
Segundo Weimer et al. (2018), foi percebida a necessidade de
elaborarem
estudos que fornecessem medidas e informações precisas sobre as
causas dos
problemas nas edificações. Contudo, semelhante a medicina, as
patologias
presentes nas edificações foram submetidas à identificação e causas
destes
problemas.
De acordo com Souza e Ripper (1998), para complementação do
termo
patologia, os mesmos referem-se genericamente considerando como um
novo ramo
14
de estudos desenvolvidos para abranger uma nova área da engenharia
que
possibilite a identificação, origens, causas, consequências e os
mecanismos das
ocorrências voltadas para degradação das estruturas.
Nessa linha de estudo, mediante as necessidades de elaborar
condições
sucintas para a definição deste conceito, Sena et al. (2020)
associam o estudo das
patologias como sendo um novo conceito a ser desenvolvido para a
área da
construção civil. Segundo ele, esse estudo tem por finalidade
observar, estudar e
elaborar laudos contendo informações precisas sobre as principais
causas e origens
que, posteriormente, desenvolvem-se para falhas nos itens que
compõem toda a
edificação.
De acordo com Lichtenstein (1985), as manifestações patológicas
estão
sempre presentes na construção civil, seja elas com vasta ou pouca
predominância,
podendo ter variações na sua aparição. Segundo o autor, as
patologias podem ser
classificadas como simples, quando identificada precocemente e
sanadas ou
complexas, que possuem maior grau de dificuldade, podendo resultar
em riscos para
os componentes estruturais. Entretanto, necessitam de observações e
estudos mais
definidos a partir de uma análise mais individualizada.
Ainda sobre Lichtenstein (1985), é inegável estudos coerentes, como
um
levantamento histórico da edificação acometida por possíveis
patologias, em busca
das principais causas e origens. Recomenda-se, desse modo, que
sejam colhidas
amostras dos problemas encontrados nas edificações para que possam
ser
examinadas em laboratórios e posteriormente serem designadas as
causas que
desencadearam os problemas e, assim, ter subsídios suficientes para
promover os
melhores diagnósticos.
2.3 Tipos de Patologias Causadas pela Presença de Umidade
2.3.1 Patologias relacionadas à aparição de umidade e seus
respectivos tipos
No âmbito da pesquisa em campo, foi possível observar diferentes
formas de
patologias em suas residências, muitas delas derivadas de problemas
relacionados
com a umidade. Segundo Queruz (2007), a umidade é uma das
principais fontes que
15
resultam em problemas patológicos, ou seja, a água é considerada a
fonte de
origem dos problemas ou o meio para que estes passem a existir. De
acordo com
Carmo (2003), os tipos de patologias oriundas da umidade,
geralmente são
derivados da falta de impermeabilização, que podem se desencadear
em diversos
problemas, como a corrosão dos elementos de aço que compõem as
estruturas, a
degradação do concreto, o surgimento de mofo e problemas nas
pinturas, por
exemplo.
Ainda segundo o mesmo autor, a falta de impermeabilização faz com
que as
funções aglomerantes do cimento possam perder suas
características,
desencadeando o desplacamento de revestimento, eflorescências,
crescimento de
vegetação, entre outros problemas. Lersch (2003), por sua vez, diz
que a presença
de umidade nas edificações é proveniente de uma série de
contribuições que
auxiliam e facilitam estes acontecimentos.
2.3.2 Umidade de infiltração
Segundo Lersch (2003), a umidade por infiltração ocorre através de
possíveis
trincas e fissuras encontradas nos ambientes externos, tendo como
auxilio para esse
acontecimento a capacidade e absorção dos componentes estruturais.
As áreas
externas vulneráveis à umidade sem impermeabilização correta sofrem
degradações
com a precipitação das chuvas e por intermédio das ações dos
ventos.
Taguchi (2010) ressalta que a continuidade da umidade nos
componentes
estruturais, irá resultar em fenômenos secundários e que o
surgimento de fungos,
bolores, mofos e a degradação dos componentes estruturais
representados na
Figura 1 é muito provável, tornando o ambiente inabitável,
colocando em risco os
moradores daquele local.
16
Figura 1: Patologia devido à infiltração d’água em laje. Fonte:
Criação do autor (produzida em 2021).
2.3.3 Umidade ascensional
Esse tipo de patologia é causado pela percolação d’água pelos
vasos
capilares e a porosidade dos materiais, de acordo com Guimarães et
al. (2015).
Nessa mesma linha de pensamento, Alfano et al. (2006) afirmam que
esse tipo e
patologia é causado pelo fluxo de umidade contra as forças
gravitacionais, que
ocorrem no sentido vertical em sentido às áreas permeáveis da
estrutura, através
dos vasos capilares até o equilíbrio com as forças
gravitacionais.
Esse tipo de patologia é bastante comum nas residências visitadas e
de fácil
visualização. São oriundas das umidades presentes nas fundações,
como citado
anteriormente. Para Seele (2000), esse tipo de problema prevalece
desde a
fundação até em média 80 cm de altura, conforme a Figura 2, podendo
atingir no
máximo 1,5 m, em virtude do diâmetro dos poros capilares, ou seja,
quanto menor
os poros, a percolação d’água será mais elevada até atingir o seu
equilíbrio.
17
2.3.4 Umidade por condensação
Segundo Lersch (2003), esse tipo de umidade resulta do vapor de
água
presente no ambiente, onde junto à superfície de materiais com
temperatura inferior
a do orvalho. Tal fenômeno ocorre pela redução de capacidade de
absorção de
umidade pelo ar quando é resfriado, na interface da parede. De
acordo com Queruz
(2007), esse tipo de patologia pode ser ou não mais danosa aos
componentes que
estão vulneráveis de acordo com a sua densidade, de modo que quanto
mais
densos, mais atacados serão, portanto, os menos densos possuem
maiores
resistência a esse fenômeno.
2.3.5 Umidade de obra
18
Lersch (2003) diz que esse tipo de umidade está relacionado com o
tempo de
exposição à umidade que os componentes estruturais estão expostos
durante o
processo executivo da obra. O mesmo afirma também que não é
possível destacar
os possíveis problemas gerados por essa exposição. Ainda seguindo
essa linha de
pensamento, é difícil avaliar os problemas decorrentes desse tipo
de infiltração em
edificações antigas, pois a umidade de mão de obra, de acordo com a
Figura 3,
tende a desaparecer pouco tempo depois do término da
execução.
Figura 3: Umidade durante a execução / mão de obra. Fonte: Criação
do autor (produzido em 2021).
2.3.6 Umidade acidental
Esse tipo de patologia, consoante Perez (1985), é ocasionado por
problemas
ligados à falta de conhecimento ou negligência dos profissionais
durante a execução
dos sistemas hidrossanitários da estrutura, calhas, entre outros.
Conforme dito pelo
autor e apresentado na Figura 4, essa patologia acomete os
componentes
estruturais desencadeando diversos problemas, como a contaminação
do ambiente,
surgimento de fungos e mofo, que, por sua vez, podem comprometer a
sanidade dos
que estão inseridos neste meio.
19
Verçosa (1991), dando seguimento ao autor e aos problemas gerados
por
este tipo de umidade, ressalta que são diversos os tipos de
manifestações que são
resultantes destes problemas. Entretanto, eles podem ser fáceis de
identificar, basta
uma observação precisa após as precipitações de chuvas ou a
utilização de algum
dos componentes que compõe os sistemas de captação de águas ou
esgotamentos
sanitários.
Figura 4: Patologia devido à infiltração d’água em sistemas
hidrossanitários.
Fonte: Criação do autor (desenvolvida em 2021).
De acordo com Carvalho Júnior (2015), 75% das patologias das
construções
são referentes à problemas relacionados ao sistema hidráulico, o
mesmo ainda
afirma que isso se deve pela negligência das empresas em não
levarem em
consideração os projetos hidráulicos dos edifícios. Essas falhas
são oriundas do uso
inapropriado dos componentes do sistema, por meio do despreparo,
materiais de
baixa qualidade, falta de fiscalização, decorrentes da operação e
manutenção.
Com base na ABNT NBR 5626 (2020), os componentes do sistema
hidráulico
de distribuição de águas devem estar protegidos e abrigados de
fontes de calor
interna e externa do edifício a que compõe e livre da exposição
direta com a
radiação solar, visto que sua eficácia e funcionamento correto sem
o surgimento das
20
não conformidades estão diretamente relacionados com todas as
premissas
necessárias para uma boa execução e manutenção de todo o
sistema.
2.3.7 Umidade por capilaridade
Para Verçosa (1985), as patologias originadas a partir da
capilaridade são
provenientes da descontinuidade dos materiais presentes na
construção civil. Estes
materiais possuem espaços vazios que são permeados pela água que se
desloca
por dentro destes. Ainda de acordo com o mesmo, a saturação dos
materiais não
ocorre somente com a água encontrada no solo, mas também pelos sais
existentes
no terreno, algumas vezes contidas no próprio material.
De acordo com o Perez (1985), a umidade representa um dos
maiores
problemas a ser corrigido dentro da construção civil. Décadas
depois do autor citar
esse problema, é bastante comum em diversas obras na cidade
estudada problemas
relacionados ao surgimento de patologias causadas pela infiltração
d’água. O ciclo
de vida útil de uma obra depende de alguns fatores. Klein (1999)
diz que a vida útil
das construções está diretamente relacionada aos cuidados que por
ventura forem
tomados durante o processo construtivo, manutenção e mão de obra
qualificada.
Uma das maneiras eficazes de evitar, minimizar ou erradicar os
problemas
decorrentes da presença de umidade nos componentes estruturais
representados no
gráfico acima, é impermeabilização dos componentes vulneráveis a
este tipo de
patologia. Uma série de fatores contribui para a necessidade de
impermeabilização
nas partes vulneráveis da estrutura. Sendo assim, esse processo tem
como
finalidade gerar proteção contra a percolação de fluidos (gases ou
água)
promovendo um meio salubre para os moradores, bem como a proteção e
garantia
de vida útil dos componentes estruturais (VEDACIT, 2010).
De acordo com a ABNT NBR 9575 (2010), a impermeabilização é
considerada o conjunto de técnicas e métodos construtivos que
buscam através de
suas camadas impermeabilizantes, proteger a estrutura da ação do
intemperismo.
Conforme a referida norma, existem disponíveis dois tipos de
impermeabilização,
elas são caracterizadas por serem rígidas e flexíveis. Na primeira
podem ser
21
utilizadas camadas de produtos impermeáveis, com o auxílio de
aditivos que
promova maior eficácia e durabilidade nos serviços.
Segundo a norma citada anteriormente, a inclusão dos aditivos e
produtos
químicos tem por finalidade repelir a água e consequentemente
inibir a estrutura da
percolação dos líquidos provenientes dos diversos tipos de umidades
proferidos nos
subtópicos anteriores.
De acordo com Vedacit (2010), os sistemas de impermeabilização
devem ser
realizados seguindo os critérios das normas vigentes, em que deve
ser respeitado o
período de curas das argamassas ou concreto, haja vista que a
eficácia dos
produtos depende desse tempo de cura. As partes que possuem
maiores
vulnerabilidades são as que compõem as coberturas e áreas externas,
ainda que as
mesmas possuam argamassas e concretos impermeáveis faz-se
necessária a
aplicação de uma camada impermeabilizante.
Conforme os segmentos expostos por Vedacit (2010), a
impermeabilização
flexível se dá pela aplicação de produtos com características
maleáveis, de modo a
aderirem aos componentes estruturais, que possuem composições que
permitam a
sua movimentação junto à estrutura, conforme a mesma se desloque
devido às
ações externas do intemperismo, e dilatação térmica. Como
representado na Figura
5, essas aplicações são indicadas para áreas sujeitas aos ataques
diretos da
umidade, calor, precipitação de chuva, como terraços, calhas,
coberturas, fachadas,
entre outros.
22
Figura 5: Alguns dos tipos de impermeabilizantes flexíveis. Fonte:
Silva e Oliveira (2018).
Segundo Silva e Oliveira (2018), a impermeabilização flexível é
dada pela
aplicação de elementos com características betuminosas, em que
serão aplicadas
diretamente sobre as superfícies que supostamente irão resultar em
algum tipo de
patologia referente à presença de umidade. Assim sendo, esse tipo
de
impermeabilização deve ser aplicado em áreas sujeitas a forte
exposição solar, com
variações de temperatura, suscetível à umidade, representado pela
Figura 6.
Figura 6: Impermeabilização flexível em vigas baldrames. Fonte:
Criação do autor (produzida em 2021).
23
Silva e Oliveira (2018) tratam o sistema de impermeabilização como
rígido
aqueles que não estão suscetíveis às possíveis movimentações, ou
seja, não estão
sujeitos à fissuração. De acordo com os mesmos autores, esse tipo
de
impermeabilização deve ser aplicado em áreas com menor
probabilidade de
exposição a fontes de calor, em estruturas que não sofram algum
tipo de
movimentação. Portanto, esse tipo de impermeabilização deve ser
aplicado em
áreas internas, reservatórios, piscinas, fundações, entre outros.
Vedacite (2010)
segue essa linha de critérios sobre a impermeabilização rígida,
logo, deve ser
aplicado somente em partes construtivas não fissuráveis, como
mostra a Figura 7.
Figura 7: Exemplificação dos tipos de impermeabilização flexível e
rígida. Fonte: VEDACITE (2010).
2.4 Patologias em Componentes Estruturais
Muitas das patologias presentes no município são provenientes da
falta de
conhecimento e acompanhamento de um profissional da engenharia.
Arivabene
(2015) diz que devem ser desenvolvidos métodos e práticas
construtivas que
24
englobem a compatibilização dos projetos e da mão de obra,
inclusive, realizar
manutenções periódicas a fim de preservar e garantir a durabilidade
das estruturas.
2.4.1 Fissuras
Com base nas observações realizadas in loco, notou-se a presença de
várias
anomalias nestas construções. Entre algumas delas estão as fissuras
nas paredes,
que de acordo com a ABNT NBR 15575 (2013), são classificadas como
ativas ou
passivas, isto é, possuem variações na espessura de acordo com os
movimentos
higrotérmicos; e ativas são aquelas que possuem abertura constante.
Esta norma
ainda define que as aberturas serão denominadas de fissuras quando
apresentarem
espessura inferior a 0,6mm e de trincas quando apresentarem
espessura maior ou
igual a 0,6mm como apontado na Figura 8.
Figura 8: Fissuras na face da parede referente à fachada externa.
Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Existe uma série de fatores que implicam no surgimento de alguns
tipos de
fissuras, Duarte (1998) informa que as fissuras podem ser
originadas pelo alto índice
de carregamento da estrutura, variação de temperatura, tráfego de
veículos, entre
25
outros. Dessa maneira, os esforços atuantes são maiores que a
resistência
características dos materiais sob estas cargas, o mesmo ainda
afirma que fissuras
em paredes de alvenaria ou similares com aberturas ≤ 0,1mm, são
insignificantes,
visto que são consideradas capilares.
Para Taguchi (2010), as fissuras que podem ser consideradas
causadoras de
patologias são aquelas que são possíveis serem observadas a olho nu
a uma
determinada distância. Ele ainda ressalta que mesmo sem a percepção
a olho nu,
deve ser observado se há a existência de focos de umidade, pois a
partir da
presença d’água podem ser originadas novas patologias.
De acordo com Ceotto et al. (2005), assim que notória a presença de
algum
tipo de fissura considerada patológica deve dar-se início ao
procedimento de
mapeamento destas, complementado por fotos, desenhos ou esquemas
que assim
possa representar detalhadamente quais os tipos de ocorrência que
são
predominantes em cada estrutura, é através deste método que será
possível
designar a melhor forma de tratamento de acordo com as causas e
seus
diagnósticos, exemplificado pela Figura 9.
Figura 9: Representação dos tipos de fissuras. Fonte: TAGUCHI
(2010).
26
Com base em Taguchi (2010), esses tipos de fissuras são
provenientes de
uma série de fatores que resultam nestes tipos de patologias, logo,
as fissuras
horizontais são provocadas pela dilatação térmica, adensamento das
argamassas e
falta de engastamento da parede com a viga superior ou encanamento
precoce da
estrutura. As consideradas aleatórias possuem características de
problemas
relacionados com as argamassas e pinturas, as inclinadas estão
relacionadas com
problemas nas fundações, como recalques das fundações ou
problemas
relacionados às vergas e contra vergas.
Souza e Ripper (1998) enunciam que para tratar desses tipos de
patologias é
importante estar diretamente interligado com o tipo, causa e
diagnóstico, destarte, o
conhecimento dos agentes causadores são fundamentais para poder
trata-los. As
fissuras são resultantes do excesso de carga sobre determinado
ponto da estrutura,
de modo que a mesma tende a fissurar, posto que a sua resistência é
inferior às
cargas as quais está submetida.
No tratamento designado de acordo com o diagnóstico, pode haver
a
necessidade de alguns reforços nos componentes estruturais, isso
irá variar de
acordo com cada situação na qual as fissuras consideradas
superficiais serão mais
simples e mais fáceis de serem sanadas. Em casos mais extremos, em
que ocorre
um maior grau de comprometimento, é necessário recorrer a resinas
epoxídicas,
embora sejam mais caras, possuem eficácia em sua incorporação com a
nata de
cimento Portland e aditivos (SOUZA; RIPPER, 1998).
2.4.2 Patologia resultante da falta de cobrimento das
armaduras
A vida útil de uma construção deve estar de acordo com a ABNT NBR
6118
(2014), que estabelece que a durabilidade da estrutura depende da
sua concepção,
isto é, se foram levados em consideração os fatores correspondentes
a classe de
agressividade da região, e os respectivos cobrimentos das
armaduras, visando
cumprir o ciclo de vida útil previsto no projeto.
Toda edificação deve possuir um critério de durabilidade, de acordo
com a
ABNT NBR 6118 (2014), as estruturas de concreto armado devem
possuir
atribuições que promovam o desempenho e durabilidade das estruturas
através de
27
ensaios e estudos da agressividade da região, mediante apresentação
no projeto de
execução da obra. Os critérios de qualidade são deferidos pela ABNT
NBR 12655
(2006), que define que a durabilidade da estrutura dependerá de
ensaios
comprobatórios do desempenho e durabilidade, tendo em vista também
o nível de
agressividade e resistência aos esforços mecânicos, dessa maneira
será possível
mitigar os problemas representados pela Figura 10.
Figura 10: Patologia oriunda da falta de cobrimento das armaduras,
provocando expansão devido à
oxidação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
Segundo Thomaz (1989), as corrosões sejam de qualquer
natureza,
produzem o óxido de ferro. A sua graduação volumétrica é superior
ao volume
natural do aço, todavia, decorrente dessa expansão surge na face
dos componentes
estruturais as fissuras. Segundo o autor, as armaduras dispostas
sem o adequado
cobrimento estarão expostas às intempéries presentes no ambiente,
incluindo o
oxigênio. A Figura 11 apresenta o resultado dessa exposição.
28
Figura 11: Patologia resultante da falta de cobrimento das
armaduras, ocasionando expansão devido
à oxidação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
A falta de recobrimento das armaduras, sem exclusão das
armaduras
principais, aquelas que estão sendo submetidas aos esforços de
tração, segundo a
ABNT NBR 6118 (2014), deve ser levado em consideração o
distanciamento das
armaduras e da parte externa da concretagem, isto é, de acordo com
cobrimento e
qualidade do concreto é que se desenvolve a proteção adequada para
que os
agentes externos não comprometam a durabilidade. A mesma norma
afirma que em
casos especiais medidas que auxiliam a proteção das armaduras ainda
podem ser
adotadas: galvanização das armaduras, aplicação de revestimentos,
pinturas e
impermeabilizantes, entre outros.
Mitzsuzaki e Amarante (2019) ressaltam que os problemas como
corrosão
nas armaduras das estruturas possuem relação com a exposição da
mesma às
intempéries do ambiente. Sendo assim, a exposição à umidade junto
ao oxigênio,
favorece a degradação precoce da armadura devido à oxidação. Os
autores ainda
destacam que em grandes centros urbanos, onde as estruturas ficam
suscetíveis à
carbonatação gerada pela grande concentração de CO2.
Mitzsuzaki e Amarante (2019) afirmam que as moléculas de CO2 são
diluídas
através da umidade presente na estrutura, que posteriormente, irá
se unir as
moléculas de cálcio presentes no concreto, promovendo o ácido de
cálcio que
compromete muito a estrutura pelo seu auto poder de corrosão. Para
os mesmos
29
autores, para a prevenção desse tipo de patologia, deve ser levado
em consideração
o cobrimento necessário que deve existir sobre as armaduras e
conhecer os índices
de agressividade de cada região.
Marcelli (2007), em seu livro Sinistros na Construção Civil,
informa que a
parte fundamental para existir a proteção adequada das armaduras,
são estudos
relacionados ao tipo de concreto utilizado em cada estrutura e
também o tipo de
agressividade ambiente a que os componentes estruturais estão
expostos. Para
tanto, segundo o autor, são através destes estudos que se permite
desenvolver o
cobrimento adequado das armaduras e promover um meio alcalino
evitando
fissuração e desplacamento dos componentes estruturais em função da
expansão
resultante da oxidação das armaduras.
2.4.3 Patologia decorrente de problemas na infraestrutura
Muitas das patologias existentes na cidade estudada referem-se à
problemas
com a frequência de umidade, foi possível observar problemas
gerados pelas ações
mecânicas como o recalque diferencial das fundações, exposto na
Figura 12. Souza
e Ripper (1998) abordam que toda edificação seja no período de
execução ou pós-
obra, em um determinado ciclo de tempo sofre algumas alterações em
razão das
cargas atuantes sobre as mesmas. Esses carregamentos deslocam
lentamente a
estrutura até a sua estabilização total no solo.
Figura 12: Patologia resultante de recalque diferencial em
fundação. Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
30
Ainda de acordo com Souza e Ripper (1998), o surgimento de fissuras
nas
construções pode estar ligado à movimentação da estrutura por
possíveis erros de
cálculos nas fundações, variações de carga de acordo com a área da
fundação
projetada, entre outros. Em seu estudo, o autor ressalta que devem
ser levadas em
consideração possíveis ampliações, devendo ser observado que o solo
da antiga
construção não vai sofrer nenhum tipo de movimentação, portanto, o
mesmo já está
estabilizado.
Mitzsuzaki e Amarante (2019), em seu artigo, abordam que as
fissuras
podem surgir de várias formas após o enrijecimento dos componentes
estruturais,
logo uma destas possíveis causas é através do recalque diferencial.
De acordo com
o mesmo, as fissuras provenientes desse tipo de patologia possuem
inclinação
direcionada para o ponto de maior recalque e são provocadas pelas
tensões de
cisalhamento.
Existem diversos problemas nas construções em várias das etapas em
que se
referem à construção, até referentes à fundação. De acordo com
Marcelli (2007),
são bastante comuns problemas nas edificações de pequeno e médio
porte, pela
falta de estudos relacionados ao solo, originando patologias e
diversos problemas
que possuem relação direta com este.
Marcelli (2007) afirma que esses problemas podem ser aumentados por
meio
do despreparo de profissionais da engenharia para as atribuições
que lhe são
cabíveis. Tais profissionais podem se iludir com possíveis soluções
e procedimentos
duvidosos que aparentam ser vantajosos, podendo ainda, não estarem
de acordo
com as normas técnicas do país.
Conforme Pinto (2006), o estudo do solo é essencial para a
engenharia, este
consiste em observar todas as características de resistência
mecânica por meio de
ensaios realizados em amostras coletadas através das sondagens. De
acordo com
estes ensaios é possível obter o comportamento específico de
resistência do solo
quando receber os carregamentos verticais oriundos das edificações,
portanto, irá
ser definido o tipo de fundação para cada tipo de solo e
edificação, contribuindo para
extinguir fissuras e trincas em todo o conjunto estrutural da
obra.
Marcelli (2007) disserta que é fundamental possuir conhecimentos
das
características e tipo de solo em que irá ser executada uma obra
porque a
verificação do subsolo é crucial para desenvolver o tipo de
fundação apropriada.
Para conhecer o subsolo é necessária a realização de ensaios
através de
31
tipos de solos predominantes em cada região.
Embora sejam identificados os tipos de solo, segundo Marcelli
(2007), não é
possível compreender com 100% de exatidão o recalque absoluto que
acontecerá
na estrutura, e ainda salienta que para conseguir um resultado
satisfatório é
necessário que o projetista possua reconhecimento de qualidades em
seus
trabalhos já executados. Sendo assim, o autor afirma que diante de
todas as
peculiaridades é inegável a presença do profissional da engenharia
durante o
período de execução da obra e fazer o acompanhamento periódico
antes e durante
o período de execução, visando a possibilidade de alterações e
mudanças no tipo
predominante de solo, e, portanto, fazer as intervenções e
alterações necessárias no
projeto.
Em outro trecho de seu estudo, Marcelli (2007) aborda que é
bastante comum
em obras de pequeno porte problemas estruturais causados pelo
dimensionamento
de sapatas isoladas. Marcelli (2007), em seu contexto, realça a
importância da falta
de experiência de quem executou a obra, de modo a generalizar o
tipo de solo da
região, que podem até ignorar as cotas de apoios das sapatas
resultando em
recalques bem acentuados.
Além dos problemas relacionados com os recalques diferenciais, o
mesmo
autor acentua a importância do travamento adequado dos pilares,
onde na Figura 13
é nítida a falta deste travamento. Para ele, toda a estrutura pode
perder a sua rigidez
podendo ocasionar o comprometimento global do empreendimento. Os
pilares
intertravados proporcionam rigidez à estrutura, que corresponde a
todos os esforços
atuantes e cargas acidentais. Conforme mencionado, caso não haja
essa
estabilidade e desenvolva para possíveis sinistros, os componentes
acometidos
pelos problemas de engasgamentos devem ser submetidos a reforços
nos
componentes comprometidos.
32
Figura 13: Pilar sem possível travamento com a viga. Fonte: Criação
do autor (produzida em 2021).
2.5 Patologias nos Revestimentos
2.5.1 Problemas relacionados ao despreparo da mão de obra
A Figura 14 representa uma patologia relacionada ao despreparo da
mão de
obra quando realizara o revestimento, segundo Fiorito (2003),
durante o
procedimento de execução do revestimento cerâmico, a mão de obra é
de
fundamental importância promovendo qualidade, durabilidade,
estética e vida útil do
mesmo, ou seja, é indispensável uma mão de obra qualificada para
realização
destes procedimentos.
Figura 14: Problema relacionado ao despreparo da mão de obra,
podendo ser fonte de futura patologia. Fonte: Criação do autor
(produzida em 2021).
33
Outro fator que pode comprometer a vida útil dos revestimentos é a
variação
de temperatura. Fiorito (2003) enfatiza que o revestimento cerâmico
deve possuir
juntas entre as peças, a fim de mitigar possíveis problemas em
virtude das tensões
térmicas. Portanto, sem o devido distanciamento entre as peças, ao
serem
submetidas às variações de temperaturas ou a outros carregamentos
externos, pode
ocorrer desplacamento das peças.
2.5.2 Presença de patologias devido à presença de umidade na parte
interna dos revestimentos
Como citado nos tópicos anteriores por alguns autores, a umidade
também
gera problemas nos revestimentos, principalmente, quando está
presente na parte
interna de algumas peças, como representado na Figura 15. Os
revestimentos
cerâmicos não possuem função de impedir a percolação de água no seu
sentido
inverso, isto é, da fundação para superfície, para estes fins
existem outras etapas de
execução que possibilitam a impermeabilização do local onde serão
aplicados os
revestimentos, promovendo o bem-estar de seus usuários (FIORITO,
2003).
Figura15: Percolação d’água em revestimento cerâmico. Fonte:
Criação do autor (produzida em 2021).
De acordo com os estudos de Bauer (2016), as patologias presentes
nos
revestimentos têm suas causas advindas da falta de eficiência dos
projetos, ou da
inexistência deles, pela ausência de junta de dilatação e,
principalmente, pela falta
34
de conhecimento das argamassas, do tipo cerâmico e dos materiais
empregados
nas juntas de movimentação, quando estas existem. Portanto, segundo
Bauer
(2008), é imprescindível que sejam considerados todos os
procedimentos cabíveis
em toda execução dos revestimentos.
Seguindo o âmbito da pesquisa desenvolvida, as patologias presentes
neste
município apresentam características de serem oriundas da falta
de
impermeabilização, vide Gráfico 1. Nesse contexto dos
revestimentos, em sua base,
devem ser locadas mantas impermeabilizantes em locais suscetíveis à
umidade. De
acordo com Bauer (2016), para estes fins são utilizados materiais
betuminosos como
as mantas asfálticas desenvolvidas para serem usadas como
impermeabilizantes. A
sua aplicação já é bastante comum, sendo que é bastante eficaz,
economicamente
viável e contribuirá para a preservação das partes vulneráveis às
intempéries
resultantes da umidade. BAUER (2016).
Segundo a ABNT NBR 9952 (2014) para aplicação das mantas
asfálticas
como impermeabilizantes, deve apresentar compatibilidade com seus
constituintes,
suportar os esforços atuantes nos quais estão sendo submetidos,
tornando-se
impermeável e sem alteração de volume quando submetida ao contato
com a
umidade.
O conhecimento dos componentes que constituem os insumos utilizados
na
construção civil deve ser compreendido pelos operários ou gestores
de obras.
Consoante Bauer (2008), um dos fatores agravantes que resultam em
patologias
nos revestimentos está ligado à ausência de experiência durante o
procedimento
das etapas de execução da obra. Nesse contexto, o autor destaca que
ao preparar a
superfície de assentamento são utilizadas argamassas de cal não
hidratadas, com
auxílio de mão de obra despreparada e material de péssima
qualidade.
Portanto, Bauer (2008) discorre que a presença de patologias
referentes ao
deslocamento e desplacamento dos revestimentos é oriunda do uso
inadequado e
exagerado da cal em algumas obras. Para tanto, Fiorito (2003)
declara que ao iniciar
o revestimento, visando durabilidade e qualidade no serviço, devem
ser
35
consideradas todas as premissas necessárias para êxito na etapa de
execução e
que todas as superfícies devem estar aprumadas, e (ou) niveladas, a
aplicação da
argamassa de assentamento que deve ocorrer após 08 dias da
aplicação da
argamassa de nivelamento “reboco”.
Portanto, para Fiorito (2003), esses critérios devem ser
analisados, visando
mitigar futuras patologias, e cumprir o ciclo de vida útil dos
revestimentos. Exposto
na Figura 16, segundo Bertolini (2010), uma das causas das
patologias é a
degradação dos materiais, que resulta das interações
físico-químicas do ambiente
em que estes materiais estão inseridos. Essas transformações são
provocadas por
meio da variação de temperatura e agentes agressivos que alteram as
propriedades
dos materiais, sendo capaz de penetrar no seu interior por cauda da
porosidade de
alguns destes materiais.
Figura 16: Desplacamento do revestimento cerâmico. Fonte: Criação
do autor (produzida em 2021).
Bertolini (2010) revela que existem variações nas formas de
acontecer a
corrosão dos componentes metálicos de uma estrutura, porém as
maneiras mais
propícias em que estes componentes estão suscetíveis são através
das corrosões
úmidas e corrosões secas. Essas corrosões, conforme o autor, são
provocadas pelo
contato dos componentes estruturais com meios aquosos, ou seja,
água doce ou
salgada, soluções ácidas ou alcalinas, contato direto com solo
contendo umidade,
entre outros. As corrosões secas, por sua vez, são oriundas das
variações de
temperaturas, em edificações normais designadas para o público
civil, são
desconsideradas.
36
Como observado até então, as patologias são originadas a partir
de
infiltrações predominantes nas estruturas. Bertolini (2010) destaca
que elas ocorrem
em função da reação química entre o aluminato tricálcico presentes
nos cimento das
argamassas, tão quanto o sulfato em solução que forma a etringita,
ou seja,
sulfoaluminato tricálcico, resultando em uma enorme expansão que ao
entrar em
contato com substâncias líquidas, as fissuras devido a esta
expansão promovem a
eflorescência.
A eflorescência é apenas uma das causas das patologias pela
presença de
umidade nos componentes estruturais, segundo Viçosa (1991), a
umidade está
diretamente relacionada com a presença de mofo, ferrugem,
eflorescência,
degradação de pinturas, acidentes estruturais ocasionados por meio
da gravidade
do desenvolvimento das patologias.
Conforme Fiorito (2003), essa patologia está relacionada a
possíveis
intervenções em razão da limpeza com utilização de produtos
contendo substâncias
nocivas aos revestimentos resultando na deterioração, espaços
vazios na sua base
causados pelo despreparo dos colaboradores, que não possuem
qualificação para a
execução dos revestimentos. Além disso, o autor descreve que a
eflorescência
representada pela Figura 17 também surge mediante a precipitação de
chuva, em
que a base dos revestimentos não possui barreiras
impermeabilizantes para o
impedimento da percolação d’água.
Figura 17: Presença de eflorescência em fachada devido à falta de
impermeabilização da base dos revestimentos.
Fonte: Criação do autor (produzida em 2021).
37
Embora não apresente riscos significativos para a estrutura,
conforme
Mitzsuzaki e Amarante (2019), a predominância de umidade na
estrutura deve ser
observada e considerada, logo a frequente aparência pode resultar
em problemas
futuros decorrente disto. Diante dos problemas encontrados, devem
ser observados
e designados quais são os tipos de patologias e sua gravidade,
conhecendo suas
proporções e nível de gravidade será possível evitar que os
problemas possam
migrar para um estado mais crítico que possa comprometer a vida
útil da estrutura.
Portanto, a identificação do problema deve ser diagnosticada desde
suas raízes.
38
Este trabalho teve como caráter inicial para seu desenvolvimento
pesquisas
bibliográficas através de livros e artigos científicos, teses de
mestrado e doutorado,
de modo a possuir caráter explicativo, incluindo conhecer e
identificar as principais
manifestações patológicas da cidade estudada. Diante das
identificações, poder
desenvolver e elaborar métodos que possam classificar as patologias
presente nas
residências, quais os tipos mais comuns e suas possíveis
causas.
De acordo com Barros e Lehfeld (2001), a pesquisa bibliográfica
caracteriza-
se por ser de documentação direta através da pesquisa em campo, em
que o
pesquisador possui o papel observador e exploratório a fim de
coletar dados e
informações necessárias para realização de sua pesquisa diretamente
no local onde
ocorrem os fenômenos.
Esta pesquisa possui caráter exploratório, que consoante Gil
(2007), o estudo
realizado possui finalidade de identificar e designar os tipos de
manifestações
patológicas encontradas em campo, familiarizando estes problemas
com os estudos
bibliográficos de modo a torná-los mais explícitos e sucintos,
podendo desenvolver
técnicas e métodos que possam sanar a presença destas
anomalias.
O presente trabalho pressupõe uma pesquisa quali-quantitativa. Esse
método
de pesquisa, conforme Lakatos (2003), consiste em unir as
abordagens
bibliográficas com os dados obtidos em campo. Desse modo, devem ser
analisados
todos os dados de forma crítica, com intuito de identificá-los de
forma sucinta a fim
de interpretar e desenvolver meios através das observações
realizadas, que diante
dos questionários e abordagens promovam soluções cabíveis para cada
problema.
3.1 Ambiente da Pesquisa
Esse trabalho foi realizado no município de Paripiranga/BA, onde de
acordo
com Silva, Moreira e Zimmermann (2005), está localizada no Nordeste
do estado da
Bahia, limitando-se a leste e sul com o estado de Sergipe, a oeste
com a cidade
39
Adustina e a norte com a cidade Cel. João Sá, a 364 Km da sua
capital Salvador,
conforme a Figura 18.
De acordo com Weatather Spark (2021), o município de
Paripiranga/BA
possui uma ampla variação climática no decorrer do ano, sua
temperatura média
varia entre 17 °C a 33 °C, sendo que o período de precipitação de
chuvas ocorre
com mais frequência entre o dia 11 de março a 24 de agosto. A
variação de
temperatura, precipitação de chuvas, mudanças dos teores de umidade
do ar
somadas às estruturas precárias da cidade favorece para o
surgimento de diversos
problemas patológicos nessa região, como exemplificadas no
referencial teórico
deste trabalho.
3.2.1 Elaboração de questionário
A fundamentação bibliográfica desse trabalho foi realizada por meio
de um
questionamento elaborado através de perguntas que continham
algumas
indagações sobre a incidência e quais manifestações patológicas
eram
predominantes nas residências da cidade de Paripiranga/BA, e também
sobre a
presença de profissionais da engenharia durante as obras, concepção
de projetos,
entre outros. Esse questionário era composto por perguntas
pré-definidas, para
promover melhor compreensão aos entrevistados, visando colher
resultados mais
precisos e sucintos.
As perguntas elaboradas foram se a residências possuíam
problemas
referentes à umidade, se existem fissuras ou rachaduras,
desplacamento de pisos e
revestimentos, se aconteceu acompanhamento de um profissional da
engenharia ou
arquitetura durante a execução e a elaboração de projeto para a
realização da obra,
e por quem tenha sido realizado esse projeto, se era notório a
presença de
problemas nas instalações hidráulica e elétrica, quais os problemas
mais
predominantes, se já foi realizada alguma manutenção e se essas
manutenções
foram acompanhadas por profissionais da engenharia.
Destaca-se que se esse questionário também dispunha de perguntas
sobre a
existência de propostas de mitigar o surgimento das patologias,
visando as
construções visualmente mais novas. É importante salientar que a
designação das
residências vistoriadas se deu de modo aleatório, sem definição de
tempo de
construída, com o intuito de analisar os métodos construtivos e, em
consequência
verificar as causas das manifestações patológicas de acordo com o
método de
construção de cada residência aferida.
41
A elaboração do questionário, citado anteriormente, foi de forma
presencial.
Por esse intermédio foi possível fazer os registros fotográficos da
presença das
manifestações patológicas, sempre com autorização dos residentes
das casas
vistoriadas. É importante ressaltar que, pelo período de
enfermidades causadas pela
pandemia de covid-19 foram tomadas todas as medidas de precaução,
seguindo
todas as orientações e medidas para evitar a disseminação da corona
vírus.
Também se faz necessário explicitar que foi utilizado no ambiente
de estudo a
utilização de álcool em gel, uso de máscara e luvas descartáveis,
para promover a
segurança de todos os envolvidos no local da vistoria e coleta das
fotografias.
42
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
No presente capítulo são discutidos os dados obtidos no âmbito da
pesquisa,
cada incidência e causadores dos diversos tipos de manifestações
patológicas da
cidade de Paripiranga/BA são abordados e analisados. Desse modo,
pode-se
desenvolver um possível diagnóstico de acordo com os estudos e
observações
realizadas em campo e é a partir destas observações e análises que
será possível
designar o tratamento mais adequado e viável para cada tipo de
anomalia presente
na cidade estudada.
4.1 Discussão das Análises Propostas de Acordo com Cada Tipo de
Anomalia, suas Possíveis Causas e Soluções
É importante frisar que nesta etapa da pesquisa os resultados
obtidos foram
de acordo com os questionamentos aferidos aos proprietários ou
inquilinos que
residiam no momento da realização da pesquisa, onde estas análises
foram feitas
com base em fotografias dos ambientes com a presença de algumas
anomalias,
sem coleta de amostras para estudos mais aprofundados em
laboratórios, visando
evitar possíveis fontes de contato com as residências em virtude
das precauções
exigidas pela pandemia.
Diante dos dados coletados durante a pesquisa bibliográfica foi
possível
observar de forma coerente a presença de manifestações patológicas
em todas as
residências verificadas. Embora não tenha sido observada ou
identificada problemas
em instalações elétricas ou em componentes do sistema
hidrossanitário, pois as
observações eram superficiais por conta do tempo presente nas
residências em
busca de minimizar a proximidade com os que ali residiam, para
evitar um possível
contágio no momento em que o país vive um contexto de pandemia,
mesmo assim,
foi perceptível afirmar que 100% das casas possuíam ao menos um
tipo de
manifestação patológica, conforme o Gráfico 1.
43
Gráfico 1: Percentual de residências que possuíam algum tipo de
manifestação patológica. Fonte: Criação do autor (produzido em
2021).
Também foi questionado quais os problemas mais predominantes
nas
residências, de modo a identificar as principais incidências de
anomalias presentes
nestes locais. Contudo, ao realizar essa observação foi possível
designar as mais
perceptíveis anomalias predominantes nesta cidade. No Gráfico 2 são
descritas
algumas das principais formas de incidência de manifestações
patológicas de
Paripiranga/BA.
100%
0%
Residências com patologias
Residências sem patologias
R e s id
percentual
35%
87%
13%
72%
Fissuras
Umidade
Desplacamento
P a
to lo
g ia
44
patológicas com percentuais bem elevados em diversos problemas,
entretanto, as
pinturas são uma das mais afetadas no setor da construção, como
exposto pela
Figura 19. Estes problemas, em muitos dos casos, segundo Alfano et
al. (2006), é
resultado da presença de umidade sob a face das bases que receberão
as pinturas,
ainda, segundo o autor, as forças oriundas dos ventos e da chuva
também auxiliam
no deterioramento destas camadas, favorecendo a percolação de
umidade nos
vazios desprotegidos destas superfícies.
Figura 19: Problemas em pinturas devido à presença de umidade.
Fonte: Criação do autor (produzida em 2021)
Em concordância com Alfano et al. (2006) sobre as possíveis causas
dos
problemas a respeito dos problemas encontrados na figura acima,
compreende-se
que uma das causas mais prováveis desta anomalia origina-se a
partir da falta de
conhecimento dos materiais utilizados em ambientes externos,
majorados pela falta
de impermeabilização das bases, que possuem vasta predominação de
umidade,
resultando em descascamentos e aparição de mofos.
Outro problema bastante comum nas superfícies das paredes que
possuem
origem devido à presença contínua de umidade são os mofos,
representados pela
Figura 20 que mostra uma superfície acometida por esta manifestação
que
45
compromete todo o recinto, tornando o mesmo inabitável ou com
vastas
probabilidades de riscos à sanidade dos moradores daquela
residência (TAGUCHI,
2010).
Figura 20: Problemas em pinturas devido à presença de umidade com a
presença intensa de mofo. Fonte: Criação do autor (produzida em
2021).
Algumas medidas podem ser adotadas para evitar o acumulo de
erros
durante a execução das obras, principalmente, com intermédio da
presença de
profissionais da engenharia que quase não se fez presente em todas
as construções
da cidade estudada. Segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de
Engenharia (IBAPE) a presença de profissionais da engenharia é
crucial para a
identificação e elaboração de laudos precisos de modo a desenvolver
métodos que
inibam a presença das patologias nos diversos tipos de obras e
residências, bem
como compreender as características típicas de cada
edificação.
Outra forma de prevenir e evitar possíveis problemas nas faces das
paredes
ou qualquer outro tipo de superfície, principalmente, as áreas
externas ou sujeitas à
umidade, é desenvolver projetos de impermeabilização, sempre
acompanhado por
profissionais da área e dispor de alguns laudos designados perante
observação
minuciosa de engenheiros civis ou peritos das construções.
46
Para a minimização dos problemas ligados à presença de mofo
algumas
técnicas podem ser adotadas, sendo suficientes para inibir estas
manifestações. É
possível também tratar com o auxílio de materiais que facilitem a
limpeza das
superfícies, de preferência com objetos livre de umidade, uma vez
que mofo são
microrganismos que gostam de umidade e pouca ventilação. Após a
limpeza deve
ser preparada uma solução composta por 80 g de fosfato trissódico,
90 ml de
hipoclorito e 30 g de detergente, diluídos em 2700 ml de
água.
Vale destacar que se a presença do mofo persistir devem ser
analisadas as
causas e prováveis meios em que possa estar ocorrendo a percolação
de água para
o surgimento dos mesmos (SOBRINHO, 2008).
Em conformidade com o explícito na elaboração do questionário
deste
trabalho foi notória a predominância de problemas referentes ao
desplacamento de
revestimentos em algumas casas. A presença deste tipo de problema
foi identificado
com menor incidência, portanto, é possível afirmar que somente em
apenas duas
das residências foi encontrado este tipo de problema, como exposto
no Gráfico 3
desta pesquisa.
Gráfico 3: Percentual da quantidade de desplacamento encontrado de
acordo com o número de residências vistoriadas. Fonte: Criação do
autor (produzido em 2021).
Este problema também está presente com menor incidência na
cidade
estudada. Apesar de encontradas em pequena porcentagem, ou seja, em
apenas
13% das obras observadas, sendo 3 residências das 23 vistoriadas.
Sendo assim,
13%
87%
Residência com desplacamento
Residência sem desplacamento
deve-se também estarem inclusas nos números pertinentes aos dados
que
representam as incidências das manifestações patológicas de
Paripiranga.
As causas destas anomalias, segundo Bauer (2008), correspondem à
falta de
conhecimento e empregabilidade dos materiais na obra e ao
desconhecimento por
parte dos profissionais de como utilizá-los corretamente, a falta
de qualificação e
prática no manuseio dos mesmos. Bauer (2008) ainda afirma que estes
problemas
podem ser do uso inadequado ou em excesso de argamassas de cal não
hidratadas
que auxiliadas por material de baixa qualidade podem multiplicar as
chances de
problemas com desplacamento de peças dos revestimentos.
Outra forma que proporcione resolver estes problemas relacionados
ao
desplacamento e promover o ciclo de vida destes revestimentos é,
consoante Fiorito
(2003), que antes receber os revestimentos, as bases sejam
aprumadas “paredes”
e/ou corretamente niveladas “pisos”, respeitando o período mínimo
de cura de 8 dias
destas bases e para uma aplicação adequada deve ser elaborado um
estudo da
capacidade de produção de cada profissional, visando desenvolver
cursos
profissionalizantes em busca de uma mão de obra qualificada em
busca de
promover os melhores resultados na aplicação dos revestimentos, e
até erradicar os
possíveis problemas referentes ao despreparo dos profissionais
nesta etapa de
execução da obra.
Dando seguimento a pesquisa, foi perguntado aos proprietários ou
pessoas
que ali residiam, se as suas casas possuíam problemas relacionado à
infiltração.
Desse modo, em um total de residências representado pela análise de
23 casas, foi
possível descrever os resultados, a partir do Gráfico 4, que esboça
que 20 das 23
casas possuem problemas referentes à infiltração, sendo assim já
era evidente que
diversos problemas nas obras da cidade eram referentes à presença
de umidade.
48
Gráfico 4: Percentual de residências que possuem presença de
umidade. Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).
Foi possível identificar diversas formas de manifestações
patológicas
relacionadas com a frequência de umidade, para aumentar essa
probabilidade
Paripiranga possui variações climáticas no decorrer do ano,
atingindo 70% de
umidade relativa do ar em algumas épocas do ano, conforme (WEATHER
SPARK
2021). Esse alto índice de umidade pode ser considerado causador da
maioria dos
problemas encontrados na cidade, logo, estes problemas são apenas
resultados da
falta de especialização, manutenção e projetos de
impermeabilização, que possuem
características de inibir a possibilidade de percolação de água
pelos poros dos
componentes estruturais (VEDACITE, 2010).
Conforme Lersch (2003), o surgimento das manifestações patológicas
pela
presença de umidade pode ser pela umidade por infiltração, em que
ocorre a
presença de problemas nos componentes estruturais, tais como,
fissuras, trincas,
ações de movimentações térmicas, entre outras. Nessa linha de
pensamento, estas
patologias podem ser originadas a partir da umidade ascensional, em
que
Guimarães et al. (2015) dizem que a percolação d’água ocorre pelos
vazios dos
vasos capilares dos componentes estruturais.
Desse modo, ainda existem outras fontes que podem resultar em
patologias
devido à presença ou excesso de umidade nas estruturas, isto é,
podem ser por
umidade por condensação, execução de obra, acidental, dentre
outras. Para Lersch
87%
13%
Possuem problemas devido a umidade
Não apresenta problemas referente a umidade
49
(2003), a umidade por condensação ocorre junto à superfície dos
materiais, quando
estas superfícies atingem temperatura inferior à temperatura do
orvalho. A umidade
por