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ISSN 1981 - 5646 [REVISTA ELETRÔNICA DE TURISMO CULTURAL] Número Especial – 2008
15 a 19 de outubro de 2007 www.eca.usp.br/turismocultural |
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PATRIMÔNIO CULTURAL DE SÃO PAULO:
AS MARAVILHAS QUE FAZEM A IMAGEM DA METRÓPOLE
Prof. Dr. Édson Leite1
Profa. Ms. Jane Marques2
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo destacar a importância das listagens formuladas sobre as maravilhas paulistanas, de acordo com concursos lançados pelo portal UOL, a rádio BandNews FM e o Jornal da Tarde, e sua representatividade na construção da imagem da metrópole contemporânea, especialmente para o turismo. Embora possa parecer reducionista eleger apenas sete maravilhas paulistanas, o mérito destas iniciativas pode favorecer a preservação e discussão sobre a memória de São Paulo.
Palavras-chave: patrimônio, metrópole, imaginário, São Paulo.
1 Professor do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte – USP e do curso de
Lazer e Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH/USP. 2 Professora do curso de Lazer e Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH/USP e
doutoranda em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes – ECA/USP.
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Abstract:
The objective of this work has emphasized the importance of the formulated lists about wonders of São Paulo City, in accord of competitions showed of the UOL site, BandNews radio and Jornal da Tarde newspaper, and his representative in this construction of contemporary metropolis image, in special of the tourism. However, it was can to seem reductionist of electing only seven wonders of São Paulo City, the merit of this initiative can increase the preservation and discussion of the São Paulo City memory.
Key words: heritage, metropolis, imaginary, São Paulo.
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1. O Homem Contemporâneo na Metrópole
O advento da máquina impôs ao homem contemporâneo um ritmo diferente de seu
ritmo natural, que, na sociedade pré-industrial, dirigia e controlava o tempo social e as tarefas
a serem cumpridas. Por essa razão não se sentia uma nítida diferença entre o tempo de
trabalho e o tempo de “não-trabalho”.
Paulatinamente, o tempo passa a ser dinheiro e, como o dinheiro é passível de ser
contado, o tempo adquire um valor em si mesmo. Surge a “pressa” como fenômeno típico
principalmente das grandes metrópoles e começam a aparecer equipamentos para se poder
“ganhar tempo”. A sofisticação tecnológica gerou equipamentos para que se “ganhe” tempo e
que se possa ter mais tempo. O fax, o telefone celular, as comunicações virtuais possibilitadas
pela Internet são os marcos da rapidez que hoje impera no tempo social.
Agora, os homens consideram que o tempo é um elemento fundamental para a
coordenação de suas atividades, já que o tempo físico é a medida de sua vida em sociedade.
Essa mensuração é contada em unidades de horas, dias, semanas, meses e anos.
Concomitantemente, o homem preencheu esse tempo com mais tarefas e afazeres.
O espiral de aumento de necessidades e, conseqüentemente, de ampliação de
atividades impostas, faz com que o homem contemporâneo almeje o tempo livre para se sentir
liberto e realizar atividades não obrigatórias, ou seja, usufruir do lazer. O tempo é a medida
natural da vida cotidiana de uma sociedade, a base sobre a qual é possível identificar a
qualidade de sua vida social, de sua valorização do tempo livre de sua população.
Desse modo, a metrópole contemporânea deve ser avaliada mediante a análise do
tempo social (utilizado por todos), quais os custos e os benefícios impostos à população
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urbana através dos fatores que influenciam o seu tempo de trabalho e o seu tempo livre. A
qualidade de vida pode, num contexto social, ser considerada pelas alternativas dos lazeres
que estão dispostos à população sem restrição de renda e segurança. São esses os principais
aspectos que podem ser observados nas sete maravilhas paulistanas, de acordo com a opinião
de internautas do portal UOL, dos leitores do Jornal da Tarde e dos ouvintes da rádio
BandNews FM.
2. O Patrimônio como Afirmação da Metrópole
Após a campanha mundial instituída pela ‘New 7 Wonders Foundation’, em 2001,
para a escolha das Novas Sete Maravilhas do Mundo, pretendendo reunir os monumentos
‘mais interessantes’ da história da humanidade construídos pelo homem – contou com
aproximadamente 100 milhões de votos pela Internet e por mensagens telefônicas em todo o
mundo – e que culminou, em 2007, com a eleição do Cristo Redentor do Rio de Janeiro como
um dos eleitos, várias foram as listas e campanhas para eleição de novas sete maravilhas
surgidas em vários locais do mundo.
O Brasil, feliz por estar representado e sair vencedor no certame das novas maravilhas
mundiais, passou por uma grande campanha interna que se serviu dos veículos de
comunicação de massa para divulgação e estímulo à votação na campanha mundial.
Provavelmente, em conseqüência da exposição do tema na mídia, começam a proliferar as
listas com as sete maravilhas nacionais e regionais.
A idéia de um patrimônio comum a um grupo social, que defina sua identidade e
enquanto tal seja merecedor de proteção é extremamente salutar e pode auxiliar na discussão e
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conscientização sobre a cultura e sobre os recursos culturais de um povo. Cumpre ressaltar
que tantos são os patrimônios quantas são as compartimentações da sociedade e seus
interesses.3
Os primeiros a estabelecerem uma lista de monumentos representativos da cultura
humana foram os gregos, através da lista cuja autoria é atribuída a Antípatro de Sídon e que
relaciona as Sete Maravilhas do Mundo, entre os anos 150 e 120 a.C. Composta por
monumentos e esculturas extraordinários erguidos pelas mãos do homem, esta lista foi
pensada, provavelmente, como um roteiro turístico para o povo grego uma vez que o
Partenon, a Acrópole e outros monumentos importantes de Atenas, não constaram dessa lista,
indicando a idéia de que o que se buscava era o elenco dos monumentos extraordinários que
ultrapassassem os limites da cidade. O mundo conhecido até então era muito mais restrito do
que o atual e contava com menos obras expressivas da engenharia humana.
3. As Sete Maravilhas Paulistanas
O Jornal da Tarde e a BandNews FM lançaram campanhas para eleger as sete
maravilhas paulistanas logo após o anúncio do Cristo Redentor como uma das novas sete
maravilhas mundiais.
O Jornal da Tarde promoveu, em 2007, a eleição das sete maravilhas de São Paulo4. A
idéia foi que os paulistanos escolhessem através de uma enquete disponibilizada pelo Jornal
3 HOBSBAWN, E.; RANGER, T. The invention of tradition. Cambridge: Cambridge University Press,
1992. 4 REVISTA MUSEU. Disponível em: <http://www.revistamuseu.com.br/noticias/not.asp?id=13358&MES=/
7/2007&max_por=10&max_ing=5>. Acesso em: 07 set. 2007.
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na Internet os sete cartões postais da capital paulista. Foram escolhidas as maravilhas da
cidade e os votos computados alcançaram o número de 4.605.
A classificação geral foi a seguinte:
1) Museu do Ipiranga: 11,57%
2) Parque do Ibirapuera: 11,24%
3) Avenida Paulista: 10,11%
4) Estação da Luz: 7,28%
5) Teatro Municipal: 6,54%
6) Mercado Municipal: 5,37%
7) Estádio do Morumbi: 5,28%
8) Museu de Arte de São Paulo (MASP): 3,78%
9) Pico do Jaraguá: 3,44%
10) Sala São Paulo: 3,13%
11) Mosteiro de São Bento: 2,33%
12) Cidade Universitária: 2,24%
13) Zoológico: 2,11%
14) Prédio do Banespa: 2,00%
15) Horto Florestal: 1,98%
16) Pinacoteca: 1,96%
17) Praça da Sé: 1,80%
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18) Terraço Itália: 1,39%
19) Bairro da Liberdade e Vale do Anhangabaú: 1,35%
20) Estádio do Pacaembu: 1,33%
21) Edifício Copan e Pátio do Colégio: 1,20%
22) Metrô: 0,98%
23) Memorial da América Latina e Museu da Língua Portuguesa: 0,87%
24) Viaduto do Chá: 0,85%
25) Rua Oscar Freire: 0,76%
26) Parque Villa-Lobos: 0,74%
27) Shopping Centers: 0,72%
28) Jockey Clube e Rua Augusta: 0,70%
29) Bairro do Bexiga: 0,65%
30) Viaduto Santa Ifigênia: 0,59%
31) Aeroporto de Congonhas: 0,57%
32) Parque Trianon: 0,52%
33) Elevado Costa e Silva: 0,28%
34) Praça da República: 0,24%
Nesta lista, monumentos e lugares poderiam ser eleitos como representativos da
metrópole paulistana. Chama atenção a presença do metrô entre os votados, afinal como meio
para chegar-se aos pontos representativos ele acaba por tornar-se uma atração.
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Da mesma maneira, os shopping centers espalhados por toda a cidade foram
interpretados como um cartão postal da cidade, não importando sua diversidade estilística,
social e econômica. Talvez nesse item se confirme a máxima popular que afirma que ‘praia de
paulista é shopping’.
Quanto aos primeiros colocados, em primeiro lugar o Museu Paulista da USP,
conhecido como Museu do Ipiranga, que representa, de certa maneira, o patrimônio
monumental da cidade, afirmado pelo suntuoso palácio em estilo neo-clássico, acompanhado
de extenso jardim, mas que está associado à independência do Brasil, que – talvez por mero
acaso – foi proclamada em São Paulo. Em segundo lugar, o Parque do Ibirapuera, espaço
paradisíaco, repleto de área verde e espaço, próximo ao centro da metrópole de pedra. A
Avenida Paulista surge em terceiro lugar simbolizando a pujança econômica da cidade, uma
avenida moderna ao estilo das grandes avenidas americanas. Em quarto lugar, a Estação da
Luz, referencial que volta à vida depois de sua revitalização, tentando deixar de ser a
“cracolândia” para se tornar o principal centro musical da cidade. O Teatro Municipal segue
de perto a Estação da Luz, ocupando o quinto lugar na classificação e representando
novamente uma referência musical associada ao aspecto monumental dos prédios construídos
com a riqueza advinda do café. O Mercado Municipal, sexto colocado, associa o monumento
ao consumo gastronômico. Em sétimo lugar, o Estádio do Morumbi numa clara alusão à
paixão nacional representada pelo futebol.
A BandNews FM também instituiu um concurso para a eleição das sete maravilhas de
São Paulo. A participação dos ouvintes, que deviam expressar sua opinião por e-mail, carta,
ligações ou mensagens no site da rádio, com uma lista com seus votos para as sete maravilhas
tinha o seguinte apelo:
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Quem não tem Cristo Redentor, praias, morros, apelido de ‘cidade maravilhosa’ e nem aquele clima de bem-estar o tempo todo, também pode ter suas maravilhas. Vale votar em tudo o que, na sua opinião, é uma maravilha em São Paulo: monumentos, parques, ruas, avenidas, prédios, estádios, teatros, museus... E vale também votar em personalidades que são a cara da cidade, um time de futebol, um símbolo gastronômico, um restaurante, uma livraria, uma banca jornal, uma música... 5
A votação teve um mês de duração, iniciou em julho e os resultados foram divulgados
no dia 27 de agosto, em cerimônia que contou com a presença de políticos (Prefeito Gilberto
Kassab e secretários municipais), do diretor do Museu do Ipiranga, representantes de
associações comerciais e outras autoridades da cidade de São Paulo. O evento aconteceu na
Marquise do Parque do Ibirapuera, o primeiro dos eleitos. A classificação final deste concurso
resultou na seguinte lista de maravilhas paulistanas:
1) Parque do Ibirapuera;
2) Avenida Paulista;
3) Rua 25 de Março;
4) Mercado Municipal;
5) shopping centers;
6) pizza;
7) Museu do Ipiranga.
Considerando a diversidade e os múltiplos aspectos que povoam o imaginário dos
ouvintes participantes, não foram eleitos apenas monumentos e edificações que representam o
patrimônio material da cidade – aqueles que podem ser visitados e indicados como “atrativos
turísticos”, como o Parque do Ibirapuera, o Mercado Municipal e o Museu do Ipiranga. 5 BANDNEWS FM. Maravilhas paulistanas. Disponível em: <http://www.bandnewsfm.com.br/busca.asp?
busca=maravilhas+paulistanas&x=8&y=9>. Acesso em: 07 set. 2007.
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Alguns espaços também ganham notoriedade na cidade (Avenida Paulista, Rua 25 de Março e
os shopping centers). Além disso, há um importante aspecto imaterial da cultura paulistana
que é a variedade gastronômica disponível, representada pela menção da pizza.
O portal UOL6 também contabilizou alguns votos e com expressivo destaque os
primeiros lugares ficaram para os times de futebol paulistanos: Palmeiras (33,8%),
Corinthians (29,8%) e São Paulo (9,6%). Seguidos pela Parada Gay (3,5%) e pelo bairro da
Liberdade (3,3%). Somente em sexto e sétimo lugares aparecem dois dos eleitos: Avenida
Paulista e Mercado Municipal (ambos com 2,4% cada). Em oitavo o Mosteiro de São Bento
(2,1%), depois o Parque do Ibirapuera (1,3%). O Museu do Ipiranga e o Teatro Municipal
tiveram pouco menos de 1% dos votos dos internautas.
Comparando a campanha do Jornal da Tarde com a da BandNews FM podemos notar
como a noção de patrimônio é ampla e possibilita várias representações e multiplicidade de
significados. O concurso promovido pela BandNews FM incorporou um maior número de
aspectos imateriais para representar a metrópole paulistana.
As diferenças e os pontos de semelhança das três listas aqui apresentadas demonstram
a diversidade cultural da metrópole paulistana e ao mesmo tempo o quanto o sentimento de
pertencimento pode estar condicionado a elementos como o futebol e a comida. Elementos
que, em princípio, não são nem mesmo tipicamente paulistanos ou brasileiros. No mundo
globalizado que aflige tanto o tempo de trabalho como o tempo de lazer da metrópole
paulistana, o esporte e a gastronomia podem formar um conjunto harmonioso com os
monumentos representativos da história e os espaços representativos da vida cotidiana, que se
integram ao imaginário para formar uma idéia mais humana e imaginativa da cidade. 6 Segundo informações disponível no portal foram contabilizados 268.861 votos dos internautas participantes.
VIAGENS UOL. O UOL e a BandNews FM querem saber: quais são as sete maravilhas paulistanas? Disponível em: <http://viagem.uol.com.br/enquete/enquete.jhtm?id=1741>. Acesso em: 07 set. 2007.
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3. Particularidades da Metrópole Paulistana: São Paulo além da terra da
garoa
A região de São Paulo não oferece à primeira vista atrativos capazes de
explicar a localização aí de um grande centro de mais de dois milhões de habitantes,
que representa a segunda cidade do Brasil e a terceira da América do Sul.7
A citação de Prado Jr. já não explica tão bem a metrópole paulistana, capital do estado
de São Paulo. Passados quase vinte e cinco anos dessa publicação, a cidade possui 11 milhões
de habitantes8, sendo considerada a cidade mais populosa do Brasil e da América Latina e a
terceira do mundo depois de Tóquio e da Cidade do México. Ocupa uma área de 1.524 km² e
altitude média de 760 metros.
Alguns números expressam a dimensão e a diversidade da cidade de São Paulo9:
• 240.000 lojas;
• 90.000 estabelecimentos de serviços;
• 72.000 estabelecimentos comerciais;
• 34.000 estabelecimentos indústrias.
7 PRADO JR., C. A cidade de São Paulo: geografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1983. 8 IBGE. Estimativa da população 2006. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. Acesso em: 07 set. 2007. 9 GUIA DE SÃO PAULO. A cidade. Disponível em: <http://www.saopaulo.com.br/acidade.htm>. Acesso
em: 09 set. 2007. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Guia São Paulo: Fique mais um dia. Disponível em: <http://www.fiquemaisumdia.com.br/home_pt.php?lingua=pt&pagina=70>. Acesso em: 09 set. 2007. SÃO PAULO CONVENTION & VISITORS BUREAU. São Paulo é tudo de bom. Dados da cidade. Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/cidade/dados-saopaulo.htm>. Acesso em: 09 set. 2007.
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São Paulo é considerada a capital mundial da gastronomia, possui mais de 15.000
bares e 12.500 restaurantes, com mais de 52 especialidades de cozinhas, que vão da
elaboração dos pratos mais simples aos mais sofisticados, dos mais econômicos aos mais
dispendiosos.
Contando com uma das maiores frotas de táxi da América Latina, aproximadamente
28.000 veículos, e com o metrô, que transporta mais de 516 passageiros por ano por entre suas
estações interligadas a terminais de trens e ônibus, São Paulo que não pára de crescer,
também não pára de se movimentar e buscar novos caminhos na direção de suas
extremidades físicas, a cada dia mais ampliadas e que praticamente adentram os municípios
vizinhos, integrando e agigantando ainda mais sua dimensão de super centro.
Com aproximadamente 4.000 farmácias, 1.769 estabelecimentos de saúde, 40
hospitais públicos, 61 hospitais particulares e 24.957 leitos hospitalares, São Paulo tenta curar
os males que em muitos casos advém do stress provocado pela própria metrópole.
São Paulo tem a seu dispor uma das maiores concentrações de shopping centers da
América Latina, mais de 70, que integram em seus espaços cursos superiores, academias de
ginástica, bancos, correios, todo o tipo de lojas e restaurantes, além de cinemas, teatros,
praças, vitrines e estacionamentos relativamente seguros. Espaços que servem para quem quer
perder-se para encontrar, ser encontrado ou simplesmente, passar o tempo – um dos poucos
não-lugares10 que se tornam lugar para muitos paulistanos nesta conturbada metrópole.
As relações numéricas são quase infinitas, mas vale ressaltar que em São Paulo
podemos escolher entre 900 feiras livres, 280 salas de cinema, mais de 4.500 pizzarias, mais
de 2.000 agências bancárias, 59 ruas de comércio especializado, diversos serviços 24 horas,
10 A definição de não-lugares utilizada pode ser obtida em: AUGÉ, M. Não-Lugares. Introdução a uma
antropologia da supermodernidade. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. Coleção Travessia do Século.
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como os de farmácias, chaveiros, supermercados, floriculturas, academias, restaurantes,
doceiras, apenas para citar alguns. São Paulo é responsável por 15% do PIB nacional e
emprega mais de 7,5 milhões de pessoas na região metropolitana.
4. A Grande Metrópole e o Turismo
No setor de turismo, em São Paulo, destacam-se alguns dados11:
• o aeroporto de Cumbica em Guarulhos é o maior da América do Sul: opera mais de 500
vôos por dia;
• a cidade recebe anualmente 10 milhões de visitantes, entre os que vêm a negócios e/ou
lazer, sendo 16,5% estrangeiros e 83,5% brasileiros;
• dos turistas internacionais que visitam São Paulo: 38% são da Europa, 30% dos EUA e
Canadá, 21% do Mercosul, 7% da América Latina e 4% são da Ásia.;
• do total de turistas brasileiros e estrangeiros: 73,5% vêm a negócios, 13,7% a lazer e
12,8% por outros motivos, enquanto no Brasil os números são respectivamente 27,9% a
negócios, 57% a lazer e 15,1% por outros motivos;
• a permanência média na cidade de São Paulo é de 2,3 dias e o gasto diário dos turistas é,
em média, R$ 224,38.
Considerando a forte presença de turistas que vêm à capital paulistana para negócios,
recuperam-se também alguns números do setor de eventos12, pois a cidade chega a realizar
11 SÃO PAULO CONVENTION & VISITORS BUREAU. São Paulo é tudo de bom. Dados da cidade.
Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/cidade/dados -saopaulo.htm>. Acesso em: 09 set. 2007. 12 SÃO PAULO CONVENTION & VISITORS BUREAU. São Paulo é tudo de bom. Dados da cidade.
Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/cidade/dados-saopaulo.htm>. Acesso em: 09 set. 2007.
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aproximadamente 90.000 eventos por ano, o que significa um evento a cada 6 minutos,
movimentando cerca de:
• 500 mil empregos diretos e indiretos;
• 120 das 160 grandes feiras do Brasil;
• 600.000 m² para realização de eventos, pois só o Anhembi tem em torno de 360.000 m²;
• 29 mil empresas expositoras;
• R$ 2,4 bilhões de receita ao ano;
• R$ 700 milhões em locação de área para exposição;
• R$ 700 milhões em serviços;
• R$ 8 bilhões em viagens, hospedagem e transporte terrestre e aéreo.
Os setores que mais realizam feiras, reuniões e eventos na cidade são, pela ordem, o
médico, o científico, o tecnológico, o industrial e o educacional. Nos eventos de São Paulo
circulam aproximadamente 4,3 milhões de pessoas, entre profissionais e compradores, sendo
que 45 mil dos compradores são estrangeiros. Com uma feira de negócios a cada três dias,
75% do mercado brasileiro de eventos é formado por feiras de negócios.
Considerada e cantada em verso e prosa como a terra da garoa, a cidade que não
pára, a cidade dos negócios, a cidade que amanhece trabalhando, ou representada quase
sempre pelos grandes edifícios e céu cinzento, a cidade de São Paulo abriga espaços como
verdadeiros oásis no meio da agitação da metrópole, como o Parque do Ibirapuera – um dos
indicados em todas as listas. Alguns edifícios e monumentos traduzem parte da história do
Estado (Mercado Municipal e Rua 25 de Março, por exemplo, de onde partem muitos
produtos a serem comercializados) e até mesmo do país (Museu do Ipiranga, símbolo do
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Brasil independente e, porque não, a Avenida Paulista, pela forte expressão cultural e
financeira que teve início com a instalação das residências dos barões do café e continua com
reflexos em todo o Brasil como centro bancário e empresarial). Ou seja, os significados
excedem aos espaços da cidade. Pela influência em âmbito regional e nacional, e pela
presença internacional encontra-se classificada como uma “cidade global beta”,
reconhecidamente pelos serviços oferecidos (finanças, firmas de advocacia e publicidade),
segundo categorização da Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC),
da Universidade de Loughborough, no Reino Unido13.
Bela, rica, intelectual, democrática, viva, esportiva, cultural, sentimental, romântica, moderna, séria, extrovertida, profissional. Afinal, o que define São Paulo? Não há absolutamente nenhum adjetivo que consiga decifrar com exatidão o que representa uma das megacidades do mundo. 14
Graças à diversidade de oportunidades que São Paulo oferece, a São Paulo Turismo
(SP Turis) lançou o programa "São Paulo – fique mais um dia", cujo principal objetivo é o de
estimular os turistas que vêm à cidade a negócios ou para eventos a prolongar sua viagem e
aproveitar o que a maior cidade do País pode proporcionar. Segundo o presidente da SP Turis,
Caio Luiz de Carvalho, "São Paulo é a capital dos negócios e eventos na América Latina. O
13 De acordo com essa classificação são consideradas “cidades globais alfa”, com 12 pontos: Londres, Nova
Iorque, Paris e Tóquio; e com 10 pontos: Chicago, Frankfurt, Hong Kong, Los Angeles, Milão e Cidade de Cingapura. Em segundo plano, têm-se as “cidades globais beta” que obtiveram 9 pontos: São Francisco, Sydney, Toronto e Zurique; as com 8 pontos: Bruxelas, Madri, Cidade do México e São Paulo; e ainda as com 7 pontos estão Moscou e Seul. Existem ainda “cidades globais gama”, com 6, 5 ou 4 pontos, nesta última pontuação encontra-se o Rio de Janeiro. São Paulo, portanto, é a única cidade brasileira e da América Latina que configura na lista com forte representação e notório reconhecimento no cenário internacional. WIKIPEDIA. Cidade global. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global>. Acesso em: 09 set. 2007.
14 SÃO PAULO CONVENTION & VISITORS BUREAU. São Paulo é tudo de bom. Dados da cidade. Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/cidade/dados-saopaulo.htm>. Acesso em: 09 set. 2007.
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que muitos não se lembram é que a cidade é também o maior centro de entretenimento da
região".15
Deve-se registrar que a cidade também já foi palco de manifestações que se
estenderam para todo o país e tem concentrado importantes representações nas decisões
políticas, econômicas e sociais de todo o Brasil.
Em função de todo o exposto, causa estranhamento à necessidade de tentar-se manter
em sete o número de símbolos representativos de uma grande metrópole como São Paulo, que
no momento compreende um universo de engenhosidade construtiva e simbólica muito maior
do que fora a dos gregos antes de Cristo. Sem contar que a noção de patrimônio tem
caminhado no sentido de valorizar as construções humanas, as naturais e os fazeres e os
saberes da humanidade. Por outro lado, a preocupação em elencar um rol de maravilhas
recupera aspectos ligados à memória, à simbologia e à convivência cultural do habitante dessa
reconhecida metrópole, por tantas vezes criticada por não salvaguardar sua história.
15 No site da SP Turis, é possível acessar os programas sugeridos para aproveitar um dia a mais na capital. SP
TURIS. Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com >. Acesso em: 09 set. 2007.
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Referências Bibliográficas
AUGÉ, M. Não-Lugares. Introdução a uma antropologia da supermodernidade. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. Coleção Travessia do Século.
HOBSBAWN, E.; RANGER, T. The invention of tradition. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.
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ISSN 1981 - 5646 [REVISTA ELETRÔNICA DE TURISMO CULTURAL] Número Especial – 2008
15 a 19 de outubro de 2007 www.eca.usp.br/turismocultural |
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Imagens das maravilhas paulistanas eleitas nas últimas votações
Parque do Ibirapuera Avenida Paulista
Rua 25 de Março Museu do Ipiranga
Mercado Municipal Pizza
ISSN 1981 - 5646 [REVISTA ELETRÔNICA DE TURISMO CULTURAL] Número Especial – 2008
15 a 19 de outubro de 2007 www.eca.usp.br/turismocultural |
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Shopping centers Estação da Luz
Teatro Municipal Estádio do Morumbi
Fontes: UOL. Folha Imagem. Disponível em: <www.uol.com.br>. SP TURIS. Tour aéreo por São Paulo.
Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com/touraereo/fotos/est_luz_pinacoteca5.jpg>. Acessos em 14
set. 2007.