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    Volume 9

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    Presidente da Repblica

    Fernando Henrique Cardoso

    Ministro de Estado da Educao e do Desporto

    Paulo Renato Souza

    Secretrio Executivo

    Luciano Oliva Patrcio

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    MEIO AMBIENTESADE

    MEIO AMBIENTESADE

    PARMETROSCURRICULARESNACIONAIS

    PARMETROSCURRICULARESNACIONAIS

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    Secretaria de Educao FundamentalI ara Glria A reias Prado

    Departamento de Poltica da Educao FundamentalV ir gnia Zlia de A zevedo Rebeis Farha

    Coordenao-Geral de Estudos e Pesquisas da Educao FundamentalM aria I ns L aranjeira

    PAR MET ROS CU RRICU L A RES N A CION A IS (1 A 4 SRIE)

    Volume 1 - I ntr oduo aos Parmetros Curr iculares N acionaisVolume 2 - L ngua PortuguesaVolume 3 - Matemtica

    Volume 4 - Cincias N aturaisVolume 5 - H istr ia e GeografiaVolume 6 - ArteVolume 7 - Educao F sicaVolume 8 - A presentao dos T emas Tr ansversais e t icaVolume 9 - M eio A mbiente e SadeVolume 10 - Plur alidade Cultural e Orientao Sexual

    B823p Brasil. Secretaria de Educao Fundamental.Parmetros curriculares nacionais : meio ambiente,

    sade / Secretaria de Educao Fundamental. Braslia :128p.

    1. Parmetros curriculares nacionais. 2. MeioAmbiente. 3. Sade : Ensino de primeira quarta srie.I. Ttulo.

    CDU: 371.214

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    Braslia1997

    MINISTRIO DA EDUCAO E DO DESPORTOSECRETARIA DE EDUCAO FUNDAMENTAL

    MEIO AMBIENTESADEMEIO AMBIENTESADE

    PARMETROSCURRICULARESNACIONAIS

    PARMETROSCURRICULARESNACIONAIS

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    AO PROFESSOR

    com al egri a que colocamos em suas mos osParmetros Curriculares Nacionaisreferentes squatro primeiras sries da Educao Fundamental.

    Nosso objetivo auxili-lo na execuo de seu trabalho, compartilhando seu esforo dirio de fazer

    com que as crianas dominem os conhecimentos de que necessitam para crescerem como cidados plenamentereconhecidos e conscientes de seu papel em nossa sociedade.Sabemos que isto s ser alcanado se oferecermos criana brasileira pleno acesso aos recursos

    culturais relevantes para a conquista de sua cidadania. Tais recursos incluem tanto os domnios do sabertradicionalmente presentes no trabalho escolar quanto as preocupaes contemporneas com o meio am-biente, com a sade, com a sexual idade e com as questes ti cas relat ivas i gual dade de di rei tos, di gni dadedo ser humano e solidariedade.

    Nesse sentido, o pr opsi to do M ini str io da E ducao e do Despor to, ao consol idar osParmetros, apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidado participativo,reflexivo e autnomo, conhecedor de seus direitos e deveres.

    Para fazer chegar osParmetros sua casa um longo caminho foi percorrido. Muitos participaramdessa jornada, orgulhosos e honrados de poder contribuir para a melhoria da qualidade do EnsinoF undamental . E sta soma de esfor os permi ti u que eles fossem pr oduzi dos no contexto das discusses peda-ggicas mai s atuai s. F oram elaborados de modo a servi r de referencial par a o seu tr abal ho, respei tando asua concepo pedaggica prpria e a pluralidade cultural brasileira. Note que eles so abertos e flexveis,podendo ser adaptados realidade de cada regio.

    E stamos cer tos de que osParmetrossero instrumento til no apoio s discusses pedaggicas emsua escola, na elaborao de projetos educativos, no planejamento das aulas, na reflexo sobre a prticaeducativa e na anlise do material didtico. E esperamos, por meio deles, estar contribuindo para a suaatualizao profissional um direito seu e, afinal, um dever do Estado.

    Paulo Renato Souza

    Ministro da Educao e do Desporto

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    OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

    Os Parmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental queos alunos sejam capazes de:

    compreender a cidadania como participao social e poltica, assim como

    exerccio de direitos e deveres polticos, civis e sociais, adotando, nodia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperao e repdio s injustias,respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

    posicionar-se de maneira crtica, responsvel e construtiva nas diferen-tes situaes sociais, utilizando o dilogo como forma de mediar conflitose de tomar decises coletivas;

    conhecer caractersticas fundamentais do Brasil nas dimenses sociais,materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noode identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinncia ao Pas;

    conhecer e valorizar a pluralidade do patrimnio sociocultural brasilei-ro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e naes,posicionando-se contra qualquer discriminao baseada em diferenasculturais, de classe social, de crenas, de sexo, de etnia ou outras carac-tersticas individuais e sociais;

    perceber-se integrante, dependente e agente transformador doambiente, identificando seus elementos e as interaes entre eles, con-tribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

    desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento deconfiana em suas capacidades afetiva, fsica, cognitiva, tica, esttica,de inter-relao pessoal e de insero social, para agir com perseveran-a na busca de conhecimento e no exerccio da cidadania;

    conhecer e cuidar do prprio corpo, valorizando e adotando hbitossaudveis como um dos aspectos bsicos da qualidade de vida e agindocom responsabilidade em relao sua sade e sade coletiva;

    utilizar as diferentes linguagens verbal, matemtica, grfica, plsticae corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas

    idias, interpretar e usufruir das produes culturais, em contextos p-blicos e privados, atendendo a diferentes intenes e situaes de co-municao;

    saber utilizar diferentes fontes de informao e recursos tecnolgicospara adquirir e construir conhecimentos;

    questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolv-los, utilizando para isso o pensamento lgico, a criatividade, a intuio,a capacidade de anlise crtica, selecionando procedimentos everificando sua adequao.

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    ESTRUTURADOS PARMETROS CURRICULARES NACIONAIS

    PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

    Os quadrinhos no-sombreados correspondem aos itens que sero trabalhados nosParmetros Curriculares Nacionais de quinta a oitava srie.

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    SUMRIO

    MEIO AMBIENTE

    Apresentao i ...........................................................................................................15

    1 PARTEJustificativa i ............................................................................................................... 19

    A questo ambiental .............................................................................................. 19

    Crise ambiental ou crise civilizatria? ...................................................................... 21

    A educao como elemento indispensvel para a transformaoda conscincia ambiental ..................................................................................... 24

    Meio Amb iente no ensino fundam ental i ................................................................. 29

    Educao Ambiental e cidadania ......................................................................... 29

    Noes bsicas para a questo ambiental ............................................................ 30Meio Ambiente e seus elementos ..................................................................... 31

    Elementos naturais e construdos do meio ambiente .................................. 32

    reas urbana e rural .................................................................................... 33Fatores fsicos e sociais do meio ambiente ................................................. 34Proteo ambiental .................................................................................... 34

    Proteo ............................................................................................... 35Preservao.......................................................................................... 35Conservao ........................................................................................ 36Recuperao ....................................................................................... 36Degradao......................................................................................... 37

    Sustentabilidade ............................................................................................... 38

    Diversidade ....................................................................................................... 42

    Algumas vises distorcidas sobre a questo ambiental ..................................... 43

    Ensinar e aprender em Educao Ambiental ......................................................... 47Contedos relativos a valores e atitudes ........................................................... 49Contedos relativos a procedimentos .............................................................. 50

    Obje tivos ge rais de Me io Amb iente para o ensino fundam ental i ..........................53

    2 PARTEOs co ntedos de Meio Ambiente pa ra o primeiro e segundo ciclosi .....................57

    Critrios de seleo e organizao dos contedos ............................................... 57

    Blocos de contedos .............................................................................................. 58Os ciclos da natureza ....................................................................................... 58Sociedade e meio ambiente ........................................................................... 60

    Manejo e conservao ambiental ................................................................... 61Contedos comuns a todos os blocos .............................................................. 63

    Avaliao i .................................................................................................................. 65

    Sobre a avaliao no tema Meio Ambiente ........................................................... 65

    Critrios de avaliao ............................................................................................. 67

    Orientaes didticas i .............................................................................................. 71

    Consideraes gerais ............................................................................................. 71

    O tema Meio Ambiente no projeto educativo ........................................................ 73

    Comunidade escolar.............................................................................................. 75

    Formao permanente e constante ...................................................................... 76

    Realidade local e outras realidades como suporte para otrabalho pedaggico ............................................................................................. 77

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    Anexo .........................................................................................................................81

    SADE

    Apresentao i ...........................................................................................................85

    1 PARTEConcepo do tema i ................................................................................................89

    Introduo ..............................................................................................................89

    Ampliando o horizonte ............................................................................................90

    Brasil: onde necessrio prevenir e remediar......................................................... 92

    Buscando o horizonte possvel ................................................................................. 94

    Ensinar sad e ou e duc ar pa ra a sade? i .................................................................97

    Obje tivos ge rais de Sad e pa ra o ensino fundam ental i ....................................... 101

    2 PARTEOs co ntedos de Sade para o primeiro e segundo cic losi ................................. 105

    Blocos de contedos ............................................................................................ 105

    Autoconhecimento para o autocuidado ....................................................... 106

    Vida coletiva ................................................................................................... 111

    Critrios de avalia o i ........................................................................................... 117

    Orientaes didticas i ............................................................................................ 121

    Bibliografia

    Meio Ambiente ..................................................................................................... 123

    Sade ................................................................................................................... 126

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    MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE

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    APRESENTAO

    A questo ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante paraa sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relao estabelecida entre a natureza e o uso

    pelo homem dos recursos naturais disponveis.Essa conscincia j chegou escola e muitas iniciativas tm sido desenvolvidas em tornodesta questo, por educadores de todo o Pas. Por estas razes, v-se a importncia de se incluir atemtica do Meio Ambiente como tema transversal dos currculos escolares, permeando toda prticaeducacional.

    A inteno deste documento tratar das questes relativas ao meio-ambiente em que vivemos,considerando seus elementos fsicos e biolgicos e os modos de interao do homem e da natureza,por meio do trabalho, da cincia, da arte e da tecnologia.

    A primeira parte aborda a questo ambiental a partir de um breve histrico e apresenta osmodelos de desenvolvimento econmico e social em curso nas sociedades modernas. Discorre

    sobre o reconhecimento, por parte de organizaes governamentais e lideranas nacionais e inter-nacionais, da importncia da educao ambiental, enfatizando as noes comumente associadas aotema. Ao final dessa primeira parte, encontram-se os objetivos gerais do tema Meio Ambiente paratodo o ensino fundamental.

    A segunda parte, referente aos contedos, critrios de avaliao e orientaes didticas, dirigida para as primeiras quatro sries.

    Na seleo de contedos presentes no documento, os educadores devero considerar suanatureza interligada s outras reas do currculo e a necessidade de serem tratados de modo integrado,no s entre si, mas entre eles e o contexto histrico e social em que as escolas esto inseridas.

    Secretaria de Educao Fundamental

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    MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE

    1 PARTE

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    JUSTIFICATIVA

    A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-

    relaes e a interdependncia dos diversos elementos na constituio e manuteno da vida. Em

    termos de educao, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho

    vinculado aos princpios da dignidade do ser humano, da participao, da co-responsabilidade, dasolidariedade e da eqidade.

    A questo ambiental

    medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfao

    de necessidades e desejos crescentes, surgem tenses e conflitos quanto ao uso do espao e dos

    recursos em funo da tecnologia disponvel.

    Nos ltimos sculos, um modelo de civilizao se imps, trazendo a industrializao, com

    sua forma de produo e organizao do trabalho, alm da mecanizao da agricultura, que inclui ouso intenso de agrotxicos, e a urbanizao, com um processo de concentrao populacional nas

    cidades.

    A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com conseqncias indesejveis que se agra-

    vam com igual rapidez. A explorao dos recursos naturais passou a ser feita de forma demasiada-

    mente intensa. Recursos no-renovveis, como o petrleo, ameaam escassear. De onde se retirava

    uma rvore, agora retiram-se centenas. Onde moravam algumas famlias, consumindo alguma gua

    e produzindo poucos detritos, agora moram milhes de famlias, exigindo imensos mananciais e

    gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Essas diferenas so determinantes para a degradao

    do meio onde se insere o homem. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal so tirados de seuequilbrio. E a riqueza, gerada num modelo econmico que propicia a concentrao da renda, no

    impede o crescimento da misria e da fome. Algumas das conseqncias indesejveis desse tipo

    de ao humana so, por exemplo, o esgotamento do solo, a contaminao da gua e a crescenteviolncia nos centros urbanos.

    medida que tal modelo de desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, sur-giram manifestaes e movimentos que refletiam a conscincia de parcelas da populao sobre operigo que a humanidade corre ao afetar de forma to violenta o seu meio ambiente. Em pasescomo o Brasil, preocupaes com a preservao de espcies surgiram j h alguns sculos, como

    no caso do pau-brasil, por exemplo, em funo de seu valor econmico. No final do sculo passadoiniciaram-se manifestaes pela preservao dos sistemas naturais que culminaram na criao deParques Nacionais, como ocorreu nos Estados Unidos.

    nesse contexto que, no final do sculo passado, surge a rea do conhecimento que sechamou de Ecologia. O termo foi proposto em 1866 pelo bilogo Haeckel, e deriva de duas palavrasgregas: oikos, que quer dizer morada, e logos, que significa estudo. A Ecologia comea comoum novo ramo das Cincias Naturais e seu estudo passa a sugerir novos campos do conhecimento,como, por exemplo, a ecologia humana e a economia ecolgica. Mas s na dcada de 1970 o termoecologia passa a ser conhecido do grande pblico. Com freqncia, porm, ele usado comoutros sentidos e at como sinnimo de meio ambiente.

    Nas naes mais industrializadas passa-se a constatar uma deteriorao na qualidade de vidaque afeta a sade tanto fsica quanto psicolgica dos habitantes das grandes cidades. Por outro

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    lado, os estudos ecolgicos comeam a tornar evidente que a destruio e at a simples alterao de um nico elemento num ecossistema1 pode ser nociva e mesmo fatal para o sistema como umtodo.Grandes extenses de monocultura, por exemplo, podem determinar a extino regional dealgumas espcies e a proliferao de outras. Vegetais e animais favorecidos pela plantao ou cujospredadores foram exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, prejudicando a prpriaplantao. Eles passam a ser considerados ento uma praga. A indstria qumica oferece como

    soluo o uso de praguicidas que acabam, muitas vezes, envenenando as plantas, o solo e a gua.Problemas como esse vm confirmar a hiptese, que j se levantava, de que poderia haver riscossrios em se manter um alto ritmo de ocupao, invadindo e destruindo a natureza sem conheci-mento das implicaes que isso traria para a vida no planeta.

    At por volta da metade do sculo XX, ao conhecimento cientfico da Ecologia somou-se ummovimento ecolgico voltado no incio principalmente para a preservao de grandes reas deecossistemas intocados pelo homem, criando-se parques e reservas. Isso foi visto muitas vezescomo uma preocupao potica de visionrios,uma vez que pregavam o afastamento do homemdesses espaos, inviabilizando sua explorao econmica.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da dcada de 60, intensificou-se apercepo de que a humanidade pode caminhar aceleradamente para o esgotamento ou ainviabilizao de recursos indispensveis sua prpria sobrevivncia. E, assim sendo, que algodeveria ser feito para alterar as formas de ocupao do planeta estabelecidas pela cultura dominante.Esse tipo de constatao gerou o movimento de defesa do meio ambiente, que luta para diminuir oacelerado ritmo de destruio dos recursos naturais ainda preservados e busca alternativas queconciliem, na prtica, a conservao da natureza com a qualidade de vida das populaes quedependem dessa natureza.

    Crise ambiental ou crise civilizatria?

    Para uns, a maior parte dos problemas atuais, decorrentes do modelo de desenvolvimento,economia e sociedade, pode ser resolvida pela comunidade cientfica. Confiam na capacidade de ahumanidade produzir novas solues tecnolgicas e econmicas a cada etapa, em resposta a cadaproblema que surge, permanecendo basicamente no mesmo paradigma civilizatrio dos ltimossculos.

    Para outros, a questo ambiental representa quase uma sntese dos impasses que o atualmodelo de civilizao acarreta. Consideram que aquilo a que se assiste, no final do sculo XX, no

    s uma crise ambiental, mas uma crise civilizatria. E que a superao dos problemas exigirmudanas profundas na concepo de mundo, de natureza, de poder, de bem-estar, tendo por basenovos valores individuais e sociais. Faz parte dessa nova viso de mundo a percepo de que ohomem no o centro da natureza.

    Para outros ainda, o homem deveria se comportar no como dono do mundo, mas, perceben-do-se como parte integrante da natureza, resgatar a noo de sacralidade da natureza, respeitada ecelebrada por diversas culturas tradicionais antigas e contemporneas.

    1. Entende-se por ecossistema o conjunto de interaes desenvolvidas pelos componentes vivos (animais, vegetais, fungos,protozorios e bactrias) e no-vivos (gua, gases atmosfricos, sais minerais e radiao solar) de um determinado ambiente(Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, 1992).

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    A educa o c omo elementoindispensvel para a transformao

    da conscincia ambiental

    Uma das principais concluses e proposies assumidas internacionalmente a recomendao

    de se investir numa mudana de mentalidade, conscientizando os grupos humanos para anecessidade de se adotarem novos pontos de vista e novas posturas diante dos dilemas e das

    constataes feitas nessas reunies.

    Por ocasio da Conferncia Internacional Rio/92, cidados representando instituies de

    mais de 170 pases assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educao para a

    construo de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado, o que requer

    responsabilidade individual e coletiva em nveis local, nacional e planetrio. E isso o que se

    espera da Educao Ambiental no Brasil, que foi assumida como obrigao nacional pela Constituio

    promulgada em 1988.

    Todas as recomendaes, decises e tratados internacionais sobre o tema3 evidenciam a

    importncia atribuda por lideranas de todo o mundo para a Educao Ambiental como meio

    indispensvel para se conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentveis de interao

    sociedade-natureza e solues para os problemas ambientais. Evidentemente, a educao sozinha

    no suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente condio necessria para tanto. A

    Conferncia Intergovernamental de Educao Ambiental de Tbilisi estabeleceu princpios que

    constam deste documento, no item Orientao didtica geral.

    O Brasil, alm de ser um dos maiores pases do mundo em extenso, possui inmeros recursos

    naturais de fundamental importncia para todo o planeta: desde ecossistemas importantes como assuas florestas tropicais, o pantanal, o cerrado, os mangues e restingas, at uma grande parte da

    gua doce disponvel para o consumo humano. Dono de uma das maiores biodiversidades 4 do

    mundo, tem ainda uma riqueza cultural vinda da interao entre os diversos grupos tnicos

    americanos, africanos, europeus, asiticos o que traz contribuies para toda a comunidade.

    Parte desse patrimnio cultural consiste no conhecimento importantssimo, mas ainda pouco

    divulgado, dos ecossistemas locais: seu funcionamento, sua dinmica e seus recursos.

    preocupante, no entanto, a forma como os recursos naturais e culturais brasileiros vm

    sendo tratados. Poucos produtores conhecem ou do valor ao conhecimento do ambiente especfico

    em que atuam. Muitas vezes, para extrair um recurso natural, perde-se outro de maior valor, comotem sido o caso da formao de pastos em certas reas da Amaznia. Com freqncia, tambm, a

    extrao de um bem (minrios, por exemplo) traz lucros somente para um pequeno grupo de

    pessoas, que muitas vezes nem so habitantes da regio e levam a riqueza para longe e at para

    fora do pas, deixando em seu lugar uma devastao que custar caro sade da populao e aos

    cofres pblicos. Alm disso, a degradao dos ambientes intensamente urbanizados nos quais se

    insere a maior parte da populao brasileira tambm razo de ser deste tema. A fome, a misria,

    a injustia social, a violncia e a baixa qualidade de vida de grande parte da populao brasileira

    2. A primeira conferncia internacional promovida pela Organizao das Naes Unidas (ONU) foi a de Estocolmo, em 1972. E asegunda foi no Rio de Janeiro, em 1992, a Rio/92.3. Ver Anexo.4. A respeito do termo biodiversidade (bio = vida; diversidade = diferena), ver item Diversidade, no tpico Meio Ambienteno ensino fundamental deste documento.

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    so fatores que esto fortemente relacionados ao modelo de desenvolvimento e suas implicaes

    socioambientais.

    Nesse contexto, fica evidente a importncia de se educar os futuros cidados brasileiros para

    que, como empreendedores, venham a agir de modo responsvel e com sensibilidade, conservando

    o ambiente saudvel no presente e para o futuro; como participantes do governo ou da sociedade

    civil, saibam cumprir suas obrigaes, exigir e respeitar os direitos prprios e os de toda a comunidade,tanto local como internacional; e, como pessoas, encontrem acolhida para ampliar a qualidade

    de suas relaes intra e interpessoais com o ambiente tanto fsico quanto social.

    A preocupao em relacionar a educao com a vida do aluno seu meio, sua comunidade

    no novidade. Ela vinha crescendo especialmente desde a dcada de 60 no Brasil. Exemplo

    disso so atividades como os estudos do meio. Porm, a partir da dcada de 70, com o cresci-

    mento dos movimentos ambientalistas, passou-se a adotar explicitamente a expresso Educao

    Ambiental para qualificar iniciativas de universidades, escolas, instituies governamentais e

    no-governamentais pelas quais se busca conscientizar setores da sociedade para as questes

    ambientais. Um importante passo foi dado com a Constituio de 1988, quando a Educao

    Ambiental se tornou exigncia constitucional a ser garantida pelos governos federal, estaduais e

    municipais (art. 225, 1, VI)5 .

    Hoje, de acordo com o depoimento de vrios especialistas que vm participando de encontros

    nacionais e internacionais, o Brasil considerado um dos pases com maior variedade de experincias

    em Educao Ambiental, com iniciativas originais que, muitas vezes, se associam a intervenes

    na realidade local. Portanto, qualquer poltica nacional, regional ou local que se estabelea deve

    levar em considerao essa riqueza de experincias, investir nela, e no inibi-la ou descaracterizar

    sua diversidade. necessrio ainda ressaltar que, embora recomendada por todas as conferncias

    internacionais, exigida pela Constituio e declarada como prioritria por todas as instncias de

    poder, a Educao Ambiental est longe de ser uma atividade tranqilamente aceita e desenvolvida,

    porque ela implica mudanas profundas e nada incuas. Ao contrrio, quando bem realizada, a

    Educao Ambiental leva a mudanas de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania

    que podem ter fortes conseqncias sociais.

    5. At meados da dcada de 90 no havia sido definida completamente uma poltica de Educao Ambiental em termos nacionais.As caractersticas e as responsabilidades do poder pblico e dos cidados com relao Educao Ambiental fixaram-se por lei noCongresso Nacional. Cabe ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) definir os objetivos, as estratgias e os meios para aefetivao de uma poltica de Educao Ambiental no pas.

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    MEIO AMBIENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

    Educao Ambiental e cidadania

    Como se infere da viso aqui exposta, a principal funo do trabalho com o tema MeioAmbiente contribuir para a formao de cidados conscientes, aptos para decidirem e atuarem narealidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e dasociedade, local e global. Para isso necessrio que, mais do que informaes e conceitos, a escolase proponha a trabalhar com atitudes, com formao de valores, com o ensino e a aprendizagem dehabilidades e procedimentos. E esse um grande desafio para a educao. Comportamentosambientalmente corretos sero aprendidos na prtica do dia-a-dia na escola: gestos desolidariedade, hbitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participao em pequenasnegociaes podem ser exemplos disso.

    H outros componentes que vm se juntar escola nessa tarefa: a sociedade responsvel

    pelo processo como um todo, mas os padres de comportamento da famlia e as informaesveiculadas pela mdia exercem especial influncia sobre as crianas.

    No que se refere rea ambiental, h muitas informaes, valores e procedimentos que sotransmitidos criana pelo que se faz e se diz em casa. Esse conhecimento dever ser trazido eincludo nos trabalhos da escola, para que se estabeleam as relaes entre esses dois universos noreconhecimento dos valores que se expressam por meio de comportamentos, tcnicas, manifestaesartsticas e culturais.

    O rdio, a TV e a imprensa, por outro lado, constituem a grande fonte de informaes que amaioria das crianas e das famlias possui sobre o meio ambiente. Embora muitas vezes aborde o

    assunto de forma superficial ou equivocada, a mdia vem tratando de questes ambientais. Notciasde TV e de rdio, de jornais e revistas, programas especiais tratando de questes relacionadas aomeio ambiente tm sido cada vez mais freqentes. Paralelamente, existe o discurso veiculadopelos mesmos meios de comunicao que prope uma idia de desenvolvimento que no raroconflita com a idia de respeito ao meio ambiente. So propostos e estimulados valores insustentveisde consumismo, desperdcio, violncia, egosmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade etantos outros.

    importante que o professor trabalhe com o objetivo de desenvolver, nos alunos, uma posturacrtica diante da realidade, de informaes e valores veiculados pela mdia e daqueles trazidos de

    casa. Para tanto, o professor precisa conhecer o assunto e, em geral, buscar junto com seus alunosmais informaes em publicaes ou com especialistas. Tal atitude representar maturidade de suaparte: temas da atualidade, em contnuo desenvolvimento, exigem uma permanente atualizao; efaz-lo junto com os alunos representa excelente ocasio de, simultaneamente e pela prtica,desenvolver procedimentos elementares de pesquisa e sistematizao da informao, medidas,consideraes quantitativas, apresentao e discusso de resultados, etc.

    Noes bsicas para a questo ambiental

    O conhecimento sistemtico relacionado ao meio ambiente e ao movimento ambiental sobastante recentes. A prpria base conceitual definies como a de meio ambiente e de desen-

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    volvimento sustentvel, por exemplo est em plena construo. De fato, no existe consensosobre esses termos nem mesmo na comunidade cientfica; com mais razo, pode-se admitir que omesmo ocorra fora dela.

    No entanto, existe uma terminologia prpria de elementos que formam as bases gerais doque se pode chamar de pensamento ecolgico. Justamente pelo fato de estar em pleno processo

    de construo, a definio de muitos desses elementos controvertida. Assim, considerou-seimportante a apresentao, como uma referncia, de trs noes centrais: a de Meio Ambiente, ade Sustentabilidade e a de Diversidade.

    M E I O A M B I E N T E E SE U S EL E M E N T OS

    Como foi afirmado, o conceito de meio ambiente ainda vem sendo construdo. Por enquanto,ele definido de modo diferente por especialistas de diferentes cincias.

    Por outro lado, muitos estudiosos da rea ambiental consideram que a idia para a qual sevem dando o nome de meio ambiente no configura um conceito que possa ou que interesse serestabelecido de modo rgido e definitivo. mais relevante estabelec-lo como uma representa-o social, isto , uma viso que evolui no tempo e depende do grupo social em que utilizada.So essas representaes, bem como suas modificaes ao longo do tempo, que importam: nelasque se busca intervir quando se trabalha com o tema Meio Ambiente.

    De fato, quando se trata de decidir e agir com relao qualidade de vida das pessoas, fundamental trabalhar a partir da viso que cada grupo social tem do significado do termo meioambiente e, principalmente, de como cada grupo percebe o seu ambiente e os ambientes maisabrangentes em que est inserido. So fundamentais, na formao de opinies e no estabelecimento

    de atitudes individuais, as representaes coletivas dos grupos sociais aos quais os indivduospertencem. E essas representaes sociais so dinmicas, evoluindo rapidamente. Da a importn-cia de se identificar qual representao social cada parcela da sociedade tem do meio ambiente,para se trabalhar tanto com os alunos como nas relaes escola-comunidade.

    De qualquer forma, o termo meio ambiente tem sido utilizado para indicar um espao(com seus componentes biticos e abiticos6 e suas interaes) em que um ser vive e se desenvolve,trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o. No caso do serhumano, ao espao fsico e biolgico soma-se o espao sociocultural. Interagindo com oselementos do seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificao que se transformam com

    o passar da histria. E, ao transformar o ambiente, o homem tambm muda sua prpria viso arespeito da natureza e do meio em que vive.

    Uma estratgia didtica para melhor se estudar o meio ambiente consiste em se identificaremelementos que constituem seus subsistemas ou partes deles. Assim se distinguem, por exemplo, oselementos naturais e construdos, urbanos e rurais ou fsicos e sociais do meio ambiente. No entanto,o professor deve ter em vista o fato de que a prpria abordagem ambiental implica ver que noexistem tais categorias como realidades estanques, mas que h gradaes. As classificaes sosimplificaes que permitem perceber certas propriedades do que se quer estudar ou enfatizar.Mas so sempre simplificaes.

    6. Componentes biticos e abiticos so os componentes de um ecossistema. Componentes biticos so os seres vivos: animais(inclusive o homem), vegetais, fungos, protozorios e bactrias, bem como as substncias que os compem ou so geradas por eles.Componentes abiticos so aqueles no-vivos: gua, gases atmosfricos, sais minerais e todos os tipos de radiao (Secretaria do MeioAmbiente do Estado de So Paulo, 1992).

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    Elementos naturais e constr udos do meio ambiente

    De um lado, distinguem-se aqueles elementos que so como a natureza os fez, sem ainterveno direta do homem: desde cada recurso natural presente num sistema, at conjuntos deplantas e animais nativos, silvestres; paisagens mantidas quase sem nenhuma interveno huma-na; nascentes, rios e lagos no atingidos pela ao humana; etc. Esses elementos so predominantesnas matas, nas praias afastadas, nas cavernas no descaracterizadas. Mas, de fato, no existe umanatureza intocada pelo homem, uma vez que a espcie humana faz parte da trama toda da vida noplaneta e vem habitando e interagindo com os mais diferentes ecossistemas h mais de um milhode anos. Por isso, a maior parte dos elementos considerados naturais ou so produto de uma interaodireta com a cultura humana (uma cenoura ou uma alface, por exemplo, so na realidade produtosde manejo gentico por centenas de anos), ou provm de ambientes em que a atuao do homemno parece evidente porque foi conservativa e no destrutiva, ou ainda consistem em sistemas nosquais j houve regenerao, aps um tempo suficiente.

    De outro lado, consideram-se os elementos produzidos ou transformados pela ao humana,que se pode chamar de elementos construdos do meio ambiente: desde matrias-primas processadas,at objetos de uso, construes ou cultivos. Em determinados sistemas prevalecem os elementosadaptados pela sociedade humana, como cidades e reas industriais, praias urbanizadas, plantaes,pastos, jardins, praas e bosques plantados, etc.

    Esse tipo de diferenciao til principalmente para chamar a ateno sobre a forma comose realiza a ao do homem na natureza e sobre como se constri um patrimnio cultural. Permitediscutir a necessidade, de um lado, de preservar e cuidar do patrimnio natural para garantir a

    sobrevivncia das espcies, a biodiversidade, conservar saudveis os recursos naturais como agua, o ar e o solo; e, de outro lado, preservar e cuidar do patrimnio cultural, construdo pelassociedades em diferentes lugares e pocas. Tudo isso importante para garantir a qualidade devida da populao.

    reas urbana e rural

    Em geral se usa essa diferenciao para distinguir a rea das concentraes urbanas, em queo ambiente mais fortemente modificado pela ao antrpica7 rea urbana , da rea rural,

    fora dos limites da cidade, onde se localizam desde intervenes muito fortes como asmonoculturas, at as reas mais intocadas como as Unidades de Conservao (parques, reservas,estaes ecolgicas, etc.). Esse tipo de classificao til especialmente quando se pensa emintervir em decises relativas a polticas pblicas: determinadas questes ambientais so conside-radas de carter urbano, como saneamento, trnsito, reas verdes, patrimnio histrico; e outrasso consideradas questes rurais, como as relacionadas aos recursos hdricos, conservao de reascom vegetao nativa, eroso, uso de agrotxicos. Pelas regras da legislao no Brasil, muitasdecises podem ser tomadas localmente quando dizem respeito ao municpio, especialmente rea urbana. Por isso ser til para o aluno, e principalmente para a escola como instituio, conheceros limites definidos pela prefeitura para a rea urbana. E tambm conhecer minimamente as leis,

    7. Ao antrpica toda ao provinda do homem. As conseqncias da ao antrpica, como geradora de impacto ambiental, incluemfatores como a dinmica populacional (aglomeraes, crescimento populacional, deslocamentos, fluxos migratrios), o uso e aocupao do solo (expanso urbana, paisagismo, instalaes de infra-estrutura, rede viria, etc.), a produo cultural e tambm asaes de proteo e recuperao de reas especficas (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, 1992).

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    as restries, as regras que deveriam ser obedecidas em cada parte do municpio, especialmente nacomunidade com a qual interage diretamente. Isso certamente proporcionar boas ocasies detrabalhar a participao e a cidadania com os alunos, oferecer exemplos do exerccio de valores emtomadas de deciso individuais, coletivas e institucionais.

    F atores fsicos e sociais do meio ambiente

    Nesse caso estar em evidncia, ao se identificarem os elementos, o espao das relaesestabelecidas: de um lado, destacam-se os fatores fsicos do ambiente, quando se vai tratar dasrelaes de trocas de energia e do uso dos recursos minerais, vegetais ou animais entre os elementosnaturais ou construdos; e, de outro, destacam-se os fatoressociaisdo ambiente quando se quertratar das relaes econmicas, culturais, polticas de respeito ou dominao, de destruio oupreservao, de consumismo ou conservao, por exemplo que podem abranger os nveis local,regional e internacional.

    Pr oteo ambiental

    Muitas vezes, nos estudos, nas aes e mesmo nas leis ambientais, empregam-se termos queindicam formas cuidadosas de se lidar com o meio ambiente, como proteo, conservao,preservao, recuperao e reabilitao. Em oposio a estes, emprega-se especialmente o termodegradao ambiental, que engloba uma ou vrias formas de destruio, poluio ou contaminaodo meio ambiente. O que querem dizer? Qual a diferena entre eles?

    Conhecer o significado mais preciso desses termos e as leis de proteo ambiental que incidem

    sobre a regio em que a escola se insere importante para os professores. Por sua funo mesma deoferecer oportunidades para que os alunos comecem a se exercitar no desempenho da cidadania e,mais ainda, para que a escola saiba como assumir sua responsabilidade como instituio do bairro,do municpio, como parte da sociedade local instituda. Para tanto, esses termos so apresentados aseguir. Para os que so empregados pela legislao ambiental, procurou-se manter, aqui, a definiodada pela lei ou por rgos nacionais e internacionais de Meio Ambiente e de Sade8 .

    PROTEO

    Significa o ato de proteger. a dedicao pessoal quele ou quilo que dela precisa; a

    defesa daquele ou daquilo que ameaado. O termo proteo tem sido utilizado por vriosespecialistas para englobar os demais: preservao, conservao, recuperao, etc. Para eles, essasso formas de proteo. No Brasil h vrias leis estabelecendo reas de Proteo Ambiental (APAs),que so espaos do territrio brasileiro, assim definidos e delimitados pelo poder pblico (Unio,Estado ou Municpio), cuja proteo se faz necessria para garantir o bem-estar das populaespresentes e futuras e o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Nas APAs declaradas pelosEstados e Municpios podero ser estabelecidos critrios e normas complementares (de restrioao uso de seus recursos naturais), levando-se em considerao a realidade local, em especial a

    8. Definies extradas de: Organizao Mundial da Sade (OMS) (ver TEIXEIRA, P. F., 1996); Secretaria do Meio Ambiente doEstado de So Paulo; Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema, RJ); Cdigo Florestal, Lei n. 4.771, de 15/9/1965; Resolues do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e Constituio Federal, art. 225.

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    situao das comunidades tradicionais que porventura habitem tais regies. O uso dos recursosnaturais nas APAs s pode se dar desde que no comprometa a integridade dos atributos quejustifiquem sua proteo (Constituio Federal, art. 225, 1, III).

    PRESERVAO

    Preservao a ao de proteger contra a destruio e qualquer forma de dano ou degradaoum ecossistema, uma rea geogrfica ou espcies animais e vegetais ameaadas de extino,

    adotando-se as medidas preventivas legalmente necessrias e as medidas de vigilncia adequadas.

    O Cdigo Florestal estabelece reas de preservao permanente, ao longo dos cursos dgua

    (margens de rios, lagos, nascentes e mananciais em geral), que ficam impedidas de qualquer uso.

    Essas reas se destinam, em princpio, vegetao ou mata ciliar9 especialmente importante para

    garantir a qualidade e a quantidade das guas, prevenindo assoreamento e contaminao. A

    Constituio brasileira impe, tambm, a preservao do meio ambiente da Serra do Mar, da

    Floresta Amaznica, da Mata Atlntica, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira (Consti-

    tuio Federal, art. 225, 4o).

    CONSERVAO

    Conservao a utilizao racional de um recurso qualquer, de modo a se obter um rendimento

    considerado bom, garantindo-se entretanto sua renovao ou sua auto-sustentao. Analogamente,

    conservao ambiental quer dizer o uso apropriado do meio ambiente dentro dos limites capazes

    de manter sua qualidade e seu equilbrio em nveis aceitveis. Para a legislao brasileira,

    conservar implica manejar, usar com cuidado, manter; enquanto preservar mais restritivo:

    significa no usar ou no permitir qualquer interveno humana significativa.

    RECUPERAO

    Recuperao, no vocabulrio comum, o ato de recobrar o perdido, de adquiri-lo novamente.

    O termo recuperao ambiental aplicado a uma rea degradada pressupe que nela se

    restabeleam as caractersticas do ambiente original. Nem sempre isso vivel e s vezes pode

    no ser necessrio, recomendando-se ento uma reabilitao. Uma rea degradada pode ser

    reabilitada (tornar-se novamente habilitada) para diversas funes, como a cobertura por vegetao

    nativa local ou destinada a novos usos, semelhantes ou diferentes do uso anterior degradao. A

    lei prev, na maioria dos casos, que o investimento necessrio recuperao ou reabilitao sejaassumido pelo agente degradador. Alm disso, o agente responsvel pelo dano ambiental deve

    reparar esse dano. Reparao o ressarcimento, para efeito de consertar ou atenuar dano causado

    a pessoa ou patrimnio, e, no caso de dano ambiental, alm de provvel pagamento de multa,

    pode envolver a obrigao de recuperar ou reabilitar a rea degradada.

    9. Mata ciliar a faixa de vegetao nativa s margens de rios, lagos, nascentes e mananciais em geral, especialmente importante paragarantir a qualidade e a quantidade das guas, prevenindo assoreamento e contaminao (Secretaria do Meio Ambiente do Estado deSo Paulo, 1992).

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    DEGRADAO

    Degradao ambiental consiste em alteraes e desequilbrios provocados no meio ambienteque prejudicam os seres vivos ou impedem os processos vitais ali existentes antes dessas alteraes.Embora possa ser causada por efeitos naturais, a forma de degradao que mais preocupa governos

    e sociedades aquela causada pela ao antrpica, que pode e deve ser regulamentada. A atividadehumana gera impactos ambientais que repercutem nos meios fsico-biolgicos e socioeconmicos,afetando os recursos naturais e a sade humana, podendo causar desequilbrios ambientais no ar,nas guas, no solo e no meio sociocultural. Algumas das formas mais conhecidas de degradaoambiental so: a desestruturao fsica (eroso, no caso de solos), a poluio e a contaminao.Para a Fundao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, poluio a introduo, no meio,de elementos tais como organismos patognicos, substncias txicas ou radioativas, emconcentraes nocivas sade humana. Fala-se tambm em contaminao, muitas vezes comosinnimo de poluio, porm quase sempre em relao direta sobre a sade humana. De fato,para a Organizao Mundial da Sade rgo da ONU , poluio ou contaminao ambiental

    uma alterao do meio ambiente que pode afetar a sade e a integridade dos seres vivos.

    S U S T E N T A B I L I D A D E

    Com o confronto inevitvel entre o modelo de desenvolvimento econmico vigente quevaloriza o aumento de riqueza em detrimento da conservao dos recursos naturais e anecessidade vital de conservao do meio ambiente, surge a discusso sobre como promover odesenvolvimento das naes de forma a gerar o crescimento econmico, mas explorando os recursosnaturais de forma racional e no predatria. Estabelece-se, ento, uma discusso que est longede chegar a um fim, a um consenso geral. Ser necessrio impor limites ao crescimento? Serpossvel o desenvolvimento sem aumentar a destruio? De que tipo de desenvolvimento se fala?

    De qualquer forma, concorda-se que fundamental a sociedade impor regras ao crescimento, explorao e distribuio dos recursos de modo a garantir as condies da vida no planeta. Nosdocumentos assinados pela grande maioria dos pases do mundo, incluindo-se o Brasil, fala-se emgarantir o acesso de todos aos bens econmicos e culturais necessrios ao seu desenvolvimentopessoal e a uma boa qualidade de vida, relacionando-o com os conceitos de desenvolvimento esociedade sustentveis.

    Desenvolvimento sustentvelfoi definido pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes semcomprometer a capacidade das geraes futuras de suprir suas prprias necessidades10 . Muitosconsideram essa idia ambgua, permitindo interpretaes contraditrias. Porque desenvolvimentopode ser entendido como crescimento, e crescimento sustentvel uma contradio: nenhumelemento fsico pode crescer indefinidamente. Nas propostas apresentadas pelo Programa dasNaes Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), emprega-se o termo desenvolvimento sustentvelsignificando melhorar a qualidade da vida humana dentro dos limites da capacidade de suportedos ecossistemas11 . Isso implica, entre outros requisitos, o uso sustentvel dos recursos renovveis ou seja, de forma qualitativamente adequada e em quantidades compatveis com sua capacidadede renovao.

    10. Dias, G. F., 1992.11. Dias, G. F., 1992.

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    O Pnuma, com o apoio da ONU e de diversas organizaes no-governamentais, props, em1991, princpios, aes e estratgias para a construo de uma sociedade sustentvel12 . Naformulao dessa proposta emprega-se a palavra sustentvel em diversas expresses: desenvol-vimento sustentvel, economia sustentvel, sociedade sustentvel e uso sustentvel. Parte-se doprincpio que se uma atividade sustentvel, para todos os fins prticos ela pode continuar

    indefinidamente. Contudo, no pode haver garantia de sustentabilidade a longo prazo porque muitosfatores so desconhecidos ou imprevisveis. Diante disso, prope-se que as aes humanas ocorramdentro das tcnicas e princpios conhecidos de conservao, estudando seus efeitos para que seaprenda rapidamente com os erros. Esse processo exige monitorizao das decises, avaliao eredirecionamento da ao. E muito estudo. Portanto, traz implicaes para o trabalho dos professorese responsabilidades para a escola como uma das instncias da sociedade que pode contribuir para omesmo processo.

    Uma sociedade sustentvel, segundo o mesmo Programa, aquela que vive em harmoniacom nove princpios interligados apresentados a seguir.

    Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos (princpiofundamental). Trata-se de um princpio tico que reflete o dever denos preocuparmos com as outras pessoas e outras formas de vida, agorae no futuro.

    Melhorar a qualidade da vida humana (critrio de sustentabilidade).Esse o verdadeiro objetivo do desenvolvimento, ao qual o crescimentoeconmico deve estar sujeito: permitir aos seres humanos perceber oseu potencial, obter autoconfiana e uma vida plena de dignidade esatisfao.

    Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra (critrio de

    sustentabilidade). O desenvolvimento deve ser tal que garanta a proteoda estrutura, das funes e da diversidade dos sistemas naturais doPlaneta, dos quais temos absoluta dependncia.

    M inimizar o esgotamento de recursos no-renovveis (critrio desustentabilidade). So recursos como os minrios, petrleo, gs, carvomineral. No podem ser usados de maneira sustentvel porque noso renovveis. Mas podem ser retirados de modo a reduzir perdas eprincipalmente a minimizar o impacto ambiental. Devem ser usados demodo a ter sua vida pro-longada como, por exemplo, atravs de

    reciclagem, pela utilizao de menor quantidade na obteno deprodutos, ou pela substituio por recursos renovveis, quando poss-vel.

    Permanecer nos limites de capacidade de supor te do Planeta T er ra(critrio de sustentabilidade). No se pode ter uma definio exata, porenquanto, mas sem dvida h limites para os impactos que os ecossistemase a biosfera como um todo podem suportar sem provocar uma destruioarriscada. Isso varia de regio para regio. Poucas pessoas consumindomuito podem causar tanta destruio quanto muitas pessoas consumindopouco. Devem-se adotar polticas que desenvolvam tcnicas adequadase tragam equilbrio entre a capacidade da natureza e as necessidades deuso pelas pessoas.

    12. Organizao das Naes Unidas, 1991.

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    M odifi car at it udes e prti cas pessoais (meio para se chegar sustentabilidade). Para adotar a tica de se viver sustentavelmente, aspessoas devem reexaminar os seus valores e alterar o seu comporta-mento. A sociedade deve promover atitudes que apiem a nova tica edesfavoream aqueles que no se coadunem com o modo de vida sus-

    tentvel. Permit ir que as comunidades cuidem de seu pr prio ambiente (meio

    para se chegar sustentabilidade). nas comunidades que os indivduosdesenvolvem a maioria das atividades produtivas e criativas. Econstituem o meio mais acessvel para a manifestao de opinies etomada de decises sobre iniciativas e situaes que as afetam.

    Gerar uma estr utura nacional para a integrao de desenvolv imentoe conservao (meio para se chegar sustentabilidade). A estruturadeve garantir uma base de informao e de conhecimento, leis e

    instituies, polticas econmicas e sociais coerentes. A estrutura deveser flexvel e regionalizvel, considerando cada regio de modo inte-grado, centrado nas pessoas e nos fatores sociais, econmicos, tcnicose polticos que influem na sustentabilidade dos processos de gerao edistribuio de riqueza e bem-estar.

    Constituir uma aliana global (meio para se chegar sustentabilidade).Hoje, mais do que antes, a sustentabilidade do planeta depende daconfluncia das aes de todos os pases, de todos os povos. As grandesdesigualdades entre ricos e pobres so prejudiciais a todos. A tica docuidado com a Terra aplica-se em todos os nveis, internacional, nacionale individual. Todas as naes s tm a ganhar com a sustentabilidademundial e todas esto ameaadas caso no consigamos essasustentabilidade.

    D I V E R S I D A D E

    Um dos valores que passa a ser reconhecido como essencial para a sustentabilidade da vidana Terra o da conservao da diversidade biolgica (biodiversidade). E para a sustentabilidadesocial, reconhece-se a importncia da diversidade dos tipos de sociedades, de culturas

    (sociodiversidade).Os seres vivos evoluram por milhes de anos, chegando o mundo forma como est hoje,

    num equilbrio qumico e climtico que permitiu o aparecimento das espcies atuais, entre elas aespcie humana. A diversidade biolgica ou biodiversidade consiste no conjunto total de disponi-bilidade gentica de diferentes espcies e variedades, de diferentes ecossistemas. Por lentosprocessos evolutivos, surgem novas variedades, novas espcies, constituem-se novos sistemas. Epor mudanas nas condies ecolgicas, outras variedades, espcies e ecossistemas desaparecem.Mas as atividades humanas esto agora acelerando muito as mudanas nas condies ecolgicas,levando a rpidas mudanas climticas e extino de espcies e variedades, o que tem umagravidade considervel.

    Pouco se sabe ainda do papel relativo de cada espcie e de cada ecossistema na manutenodesse equilbrio em condies viveis para a sobrevivncia. Mas sabe-se que todas as espcies so

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    componentes do sistema de sustentao da vida, que a conservao da biodiversidade estratgicapara a qualidade de vida. Cada vez mais descobrem-se substncias de grande valor para a sade,alimentao, obteno de tinturas, fibras e outros usos, no grande laboratrio representado pelasdiferentes espcies de plantas e animais, muitas at pouco tempo desconhecidas ou desprezadaspela cultura oficial. A diversidade biolgica deve ser conservada no s por sua importncia conhecidae presumvel para a humanidade, mas por uma questo de princpio: todas as espcies merecem

    respeito, pertencemos todos mesma e nica trama da vida neste planeta.

    Quanto diversidade das formas de sociedade e cultura, em poucas palavras, importantereconhecer a imensa variedade de modos de vida, de relaes sociais, de construes culturais quea humanidade chegou a desenvolver. Essa variedade, embora tenha uma relao com os ambientesem que as diferentes sociedades evoluram, no foi condicionada univocamente por essas condies,j que a imaginao e a criatividade humana so ilimitadas: em circunstncias semelhantes, muitasformas diferentes de vida e de expresso cultural so propostas por diferentes grupos, muitas soluesdiferentes podem ser encontradas para problemas semelhantes.

    Toda a riqueza de solues, de expresses culturais, de concepes de mundo, de vida emsociedade presentes nos milhares de povos contemporneos, bem como em suas histrias, constituiigualmente um patrimnio que interessa a toda a humanidade conservar. No no sentido de congelar,estancar. Mas no sentido de valorizar, respeitar e permitir a continuidade do processo histrico-cultural de cada povo, ao invs de acultur-lo, impondo-lhe condies de vida que exijam o aban-dono dos meios de subsistncia e de produo cultural que lhe so prprios. Tanto os povos indgenasquanto as culturas regionais, todos os grupos de diferentes procedncias que enriquecem a formaotnica e cultural, devem ter seu espao de manifestao garantido e sua dignidade e seu amorprprio resgatados quando em situao de desapreo ou discriminao.

    A L GU MA S V ISES DI STORCID A S SOBRE AQU E ST O A M B I E N T A L

    O uso da temtica ambiental por muitos agentes e, em especial, pelos meios de comunicao,tem levado formao de alguns preconceitos e veiculao de algumas imagens distorcidas sobreas questes relativas ao meio ambiente. s vezes essas distores ocorrem por falta de conhecimento,o que se justifica diante da novidade da tem- tica. Mas outras vezes so provocadas,propositadamente, para desmobilizar movimentos, para prejudicar a imagem dos princpiose valores ambientais.

    Alguns desses preconceitos, ou falsos dilemas, sero discutidos a seguir.

    A questo ecolgica ou ambiental deve se restringir preservao dosambientes naturais intocados e ao combate da poluio; as demaisquestes envolvendo saneamento, sade, cultura, decises sobre po-lticas de energia, de transportes, de educao, ou de desenvolvimento so extrapolaes que no devem ser da alada dos ambientalistas.

    Com relao a isso, deve-se considerar que, como a realidade funciona de um modo sistmicoem que todos os fatores interagem, o ambiente humano deve ser compreendido com todos os seusinmeros problemas. Tratar a questo ambiental, portanto, abrange toda a complexidade da aohumana: se quanto s disciplinas do conhecimento ela um tema transversal, interdisciplinar, nos

    setores de atuao da esfera pblica ela s se consolida numa atuao do sistema como um todo,sendo afetada e afetando todos os setores: educao, sade, saneamento, transportes, obras,alimentao, agricultura, etc.

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    Os que defendem o meio ambiente so pessoas radicais e privilegia-das, que no necessitam trabalhar para sobreviver, mantm-se aliena-das da realidade sobre as exigncias impostas pela necessidade de de-senvolvimento; defendem posies que s pertur-bam quem realmenteproduz e deseja levar o pas para um nvel melhor de desenvolvimen-

    to.Atualmente grande parte dos ambientalistas concorda com a necessidade de se construir

    uma sociedade mais sustentvel, socialmente justa e ecologicamente equilibrada. Isso significaque defender o meio ambiente, hoje, preocupar-se com a melhoria das condies econmicas,especialmente dos que se encontram em situao de pobreza ou misria, que a grande maioriada populao mundial, de acordo com dados da ONU. O crescimento econmico deve ser tambmsubordinado a uma explorao racional e responsvel dos recursos naturais, de forma a noinviabilizar a vida das geraes futuras. Todo cidado tem o direito a viver num ambiente saudvele agradvel, respirar ar bom, beber gua pura, passear em lugares com paisagens notveis, apreciarmonumentos naturais e culturais, etc. Defender esses direitos um dever de cidadania, e no

    uma questo de privilgio.

    um luxo e um despropsito defender, por exemplo, a vida do mico-leo-dourado, enquanto milhares de crianas morrem de fome ou dediarria na periferia das grandes cidades, no Norte ou no Nordeste.

    Se para salvar crianas da fome e da morte bastasse deixar que se extinguissem algumasespcies, criar-se-ia um dilema. Mas como isso no verdade, trata-se, ento, de um falso dilema.A situao das crianas no Brasil no compete com a situao do mico-leo-dourado ou de qualqueroutra espcie ameaada de extino. O problema da desnutrio e da misria de outra ordem ea sua importncia no , de forma alguma, diminuda por haver preocupaes com as espcies em

    extino. A falta de condio de vida adequada que vitima inmeras crianas no Brasil umproblema gravssimo que deve receber tratamento prioritrio nas aes governamentais, semdvida. Como esse, existem muitos outros problemas com os quais se deve lidar, e a existncia deum problema (como a misria) no anula a existncia de outro (como a extino de espcies) etampouco justifica a omisso perante qualquer um deles. As pessoas que sofrem privaeseconmicas so as maiores vtimas da mesma lgica que condena o mico e condenar cada vezmais as crianas das prximas geraes: a lgica da acumulao da riqueza a qualquer custo e dodesrespeito vida. Cada espcie que se extingue uma perda econmica e vital de toda a sociedadepresente e futura. Uma espcie ameaada sinal de alerta para uma situao geral muito maisampla, de grande perigo para todo um sistema do qual dependem os seres vivos.

    Quem trabalha com questes relativas ao meio ambiente pensa de modoromntico, ingnuo, acredita que a natureza humana intrinsecamen-te boa e no percebe que antes de tudo vem a dura realidade dasnecessidades econmicas. Afinal, a pior poluio a pobreza, e parahaver progresso normal que algo seja destrudo ou poludo.

    Os seres humanos no so intrinsecamente bons, mas so capazes tanto de grandes gestosconstrutivos e de generosidade quanto de egosmo e de destruio. No entanto, a sociedadehumana s vivel quando o comportamento das pessoas se baseia numa tica. Sem ela, no possvel a convivncia. E sem convivncia, sem vida em comum, no h possibilidade de existnciade qualquer sociedade humana, muito menos de uma sociedade saudvel. Um grande equvocoseria associar qualidade de vida somente com riqueza material. A qualidade de vida do homem

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    est diretamente vinculada qualidade da gua que se bebe, do ar que se respira, dos alimentosque se consome e da sade que se obtm por meio desse conjunto. Sem isso, de nada adiantartoda a riqueza. A dura realidade econmica no justifica a destruio e a poluio, quando se sabeque h processos de produo mais adequados. Tambm no se justifica que, para poucos acumularemmais riquezas, muitos tenham que se submeter destruio, ao dano sade e, muitas vezes, pobreza. De fato, poluio no implica progresso: antes, na maior parte das vezes, sinal deignorncia e descaso.

    Idealiza-se a natureza, quando se fala da harmonia da natureza. Como que se pode falar em harmonia, se na natureza os animais se atacamviolentamente e se devoram? Que harmonia essa?

    A harmonia um conceito dinmico. H harmonia nos movimentos, nas transformaes.Todo movimento, todo crescimento, toda transformao, em princpio, exige um movimento deenergia, portanto um relativo desequilbrio, que se resolve em um novo estado de equilbrio.Assim a vida. Quando se fala na harmonia da natureza, a referncia a esse equilbrio. O impulso

    de sobrevivncia que leva um animal a matar outro favorece a manuteno desse equilbrio danatureza. Os animais matam para se defender ou para se alimentar, mas jamais matam inutilmente.Matar e morrer, aqui, so disputas entre formas de vida. a manifestao da harmonia na natureza,na qual cada um desempenha seu papel e para tudo h uma funo, inclusive para a morte. J adevastao e a explorao predatria que compromete a existncia de diversidade gentica, queameaa de extino espcies inteiras, gera grande desequilbrio e fere a harmonia da natureza.Aqui, a morte surge sem funo, sendo apenas um impulso destrutivo. Poderia ser sem maioresconseqncias. Mas um grande desequilbrio pode causar reaes em cadeia, irreversveis, deefeitos devastadores inclusive para a prpria espcie humana.

    Ensinar e aprender em Educ a o Ambiental

    A opo pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisio deconhecimento e informao por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequadojunto dos alunos. Pela prpria natureza da questo ambiental, a aquisio de informaes sobre otema uma necessidade constante para todos. Isso no significa dizer que os professores deverosaber tudo para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que devero sedispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noo de que oprocesso de construo e de produo do conhecimento constante.

    O trabalho de Educao Ambiental deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos aconstrurem uma conscincia global das questes relativas ao meio para que possam assumir posiesafinadas com os valores referentes sua proteo e melhoria. Para isso importante que possamatribuir significado quilo que aprendem sobre a questo ambiental. E esse significado resultadoda ligao que o aluno estabelece entre o que aprende e a sua realidade cotidiana, da possibilidadede estabelecer ligaes entre o que aprende e o que j conhece, e tambm da possibilidade de

    utilizar o conhecimento em outras situaes. A perspectiva ambiental oferece instrumentos paraque o aluno possa compreender problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seupas e a do planeta. Muitas das questes polticas, econmicas e sociais so permeadas por elementos

    diretamente ligados questo ambiental. Nesse sentido, as situaes de ensino devem se organizarde forma a proporcionar oportunidades para que o aluno possa utilizar o conhecimento sobre MeioAmbiente para compreender a sua realidade e atuar sobre ela. O exerccio da participao em

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    pessoas com seu meio, at as relaes entre povos e naes, passando pelas relaes sociais,

    econmicas e culturais.

    O convvio escolar ser um fator determinante para a aprendizagem de valores e atitudes.

    Considerando a escola como um dos ambientes mais imediatos do aluno, a compreenso das questes

    ambientais e as atitudes em relao a elas se daro a partir do prprio cotidiano da vida escolar do

    aluno.

    CON TE DOS RELA TI V OS A PROCEDIMEN TOS

    Valores e compreenso s no bastam. preciso que as pessoas saibam como atuar, como

    adequar sua prtica a esses valores.

    A aprendizagem de procedimentos adequados e acessveis indispensvel para o

    desenvolvimento das capacidades ligadas participao, co-responsabilidade e solidariedade.

    Assim, fazem parte dos contedos procedimentais desde formas de manuteno da limpeza do

    ambiente escolar (jogar lixo nos cestos, cuidar das plantas da escola, manter o banheiro limpo) ou

    formas de evitar o desperdcio, at como elaborar e participar de uma campanha ou saber dispor

    dos servios existentes relacionados com as questes ambientais (por exemplo, os rgos ligados

    prefeitura ou as organizaes no-governamentais que desenvolvem trabalhos, exposies,

    oferecem servios populao, possuem material e informaes de interesse da escola e dos

    alunos, etc.).

    Alm dos procedimentos aqui sugeridos, o professor poder identificar outros procedimentos

    importantes de serem trabalhados com os alunos diante de seus interesses e necessidades. bemprovvel que alguns desses procedimentos, assim como diversos conceitos, no sejam de domnio

    nem do prprio professor, j que esses assuntos so de certa forma novos nas escolas. O professor

    tem o direito de procurar ajuda na comunidade, na direo da escola, nos livros, com colegas,

    etc. , discutindo com os alunos as informaes obtidas e mostrando-lhes, assim, que o processo

    do conhecimento permanente, que um dos atributos mais importantes da espcie humana a

    imensa curiosidade, a eterna condio de aprendiz.

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    OBJETIVOS GERAIS DE MEIO AMBIENTEPARA O ENSINO FUNDAMENTAL

    Considerando a importncia da temtica ambiental e a viso integrada de mundo, tanto notempo como no espao, a escola dever, ao longo das oito sries do ensino fundamental, oferecer

    meios efetivos para que cada aluno compreenda os fatos naturais e humanos a esse respeito,desenvolva suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais que lhepermitam viver numa relao construtiva consigo mesmo e com seu meio, colaborando para que asociedade seja ambientalmente sustentvel e socialmente justa; protegendo, preservando todas asmanifestaes de vida no planeta; e garantindo as condies para que ela prospere em toda a suafora, abundncia e diversidade.

    Para tanto prope-se que o trabalho com o tema Meio Ambiente contribua para que os alunos,ao final do primeiro grau, sejam capazes de:

    conhecer e compreender, de modo integrado e sistmico, as noes

    bsicas relacionadas ao meio ambiente;

    adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem ainteraesconstrutivas, justas e ambientalmente sustentveis;

    observar e analisar fatos e situaes do ponto de vista ambiental, demodo crtico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuarde modo reativo e propositivo para garantir um meio ambiente saudvele a boa qualidade de vida;

    perceber, em diversos fenmenos naturais, encadeamentos e relaes

    de causa-efeito que condicionam a vida no espao (geogrfico) e notempo (histrico), utilizando essa percepo para posicionar-se critica-mente diante das condies ambientais de seu meio;

    compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos deconservao e manejo dos recursos naturais com os quais interagem,aplicando-os no dia-a-dia;

    perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural,adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas dopatrimnio natural, tnico e cultural;

    identificar-se como parte integrante da natureza, percebendo os processospessoais como elementos fundamentais para uma atuao criativa,responsvel e respeitosa em relao ao meio ambiente.

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    MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE

    2 PARTE

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    OS CONTEDOS DE MEIO AMBIENTEPARA O PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS

    Critrios de seleo e organizaodos contedos

    A questo ambiental, no ensino de primeiro grau, centra-se principalmente no desenvolvi-mento de valores, atitudes e posturas ticas, e no domnio de procedimentos, mais do que naaprendizagem de conceitos, uma vez que vrios dos conceitos em que o professor se basear paratratar dos assuntos ambientais pertencem s reas disciplinares.

    Por outro lado, pela prpria natureza da temtica ambiental, vem a dificuldade de se elegeruma gama de contedos que contemple de forma satisfatria as exigncias e a diversidade quecompem a realidade brasileira. Mais do que um elenco de contedos, o tema Meio Ambienteconsiste em oferecer aos alunos instrumentos que lhes possibilitem posicionar-se em relao squestes ambientais.

    Com base nisso fez-se a seleo dos contedos, segundo os seguintes critrios: importncia dos contedos para uma viso integrada da realidade,

    especialmente sob o ponto de vista socioambiental;

    capacidade de apreenso e necessidade de introduo de hbitos eatitudes j no estgio de desenvolvimento em que se encontram;

    possibilidade de desenvolvimento de procedimentos e valores bsicospara o exerccio pleno da cidadania.

    Os contedos foram reunidos em trs blocos gerais:

    Os ciclos da natureza. Sociedade e meio ambiente.

    Manejo e conservao ambiental.

    Dessa forma sugere-se ao professor que, tendo como base as caractersticas de uma naturezaintegrada numa rede de interdependncias, renovaes, vida-e-morte, trocas de energia, trocas deelementos biticos e abiticos, percorra desde a preocupao do mundo com as questes ecolgicasque comearam relacionadas natureza intocada, at as consideraes sobre os direitos e deveresdos alunos e sua comunidade com relao qualidade do ambiente em que vive, chegando spossibilidades de atuao individual, coletiva e institucional.

    Dentro de cada bloco, o professor poder sugerir temas numa seqncia que v do local aoglobal e vice-versa; do ambientalmente equilibrado, saudvel, diversificado e desejvel, ao degradadoou poludo, para que se sinta a necessidade de se superar essa situao; e indicar medidas necessrias,discutir responsabilidades, decidir possveis contribuies pessoais e coletivas, para que a constataode algum mal no seja seguida de desnimo ou desmobilizao, mas da potencializao das pequenase importantes contribuies que a escola (entendida como docentes, alunos e comunidade) podedar para tornar o ambiente cada vez melhor e os alunos cada vez mais comprometidos com a vida,a natureza, a melhoria dos ambientes com os quais convivem.

    Os contedos aqui elencados j se encontram contemplados pelas reas. Esto destacadospara garantir a compreenso do tema de forma integral e favorecer a reflexo e o planejamento dotrabalho com as questes ambientais. Os contedos propostos referem-se aos dois primeiros ciclosdo ensino fundamental. Por exigir um tratamento diferenciado daquele dado aos contedos das

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    reas e porque podem ser abordados em ambos os ciclos de forma mais ou menos aprofundada eabrangente, os contedos do tema Meio Ambiente obedecero aos critrios de seqenciaoestabelecidos pelas reas.

    Blocos de contedos

    OS CICL OS DA N A TU REZA

    A funo deste bloco permitir ao aluno compreender que os processos na natureza no soestanques, nem no tempo nem no espao. Pelo contrrio, h sempre um fluxo que define direesnos movimentos e nas transformaes. Mas essas transformaes, que permitem a recomposiodos elementos necessrios permanncia da vida no planeta, podem ter seu ritmo alterado e atmesmo inviabilizado pela ao humana. Muitos desses fluxos e movimentos constituem ciclos emque se evidenciam a reciclagem de uma srie de elementos.

    Dentre esses ciclos, por exemplo, um dos mais importantes o da gua. Ao ser trabalhado,espera-se que o professor ressalte a necessidade desse recurso para a vida em geral; a importnciaque sempre teve na histria dos povos; a noo de bacia hidrogrfica e a identificao de como sesitua a escola, o bairro e a regio com relao ao sistema de drenagem; a ao antrpica e aconseqente tendncia de escassez de gua com qualidade suficiente para os objetivos do usohumano; de que forma a reciclagem natural pode ser prejudicada por processos de degradaoirreversveis, a importncia para a sociedade dos recursos dos rios, do mar e dos ecossistemasrelacionados a eles, etc.

    Outro ciclo a ser evidenciado o da matria orgnica. Ele permite tratar desde como osseres vivos transitam em elos de vida e morte, transformando-se e dando seqncia ao repassar

    ininterrupto da vida a partir dos primrdios de seu aparecimento no planeta processo do qual oser humano herdeiro, por descender das primeiras formas de vida que irromperam na Terra ,at consideraes sobre o lixo como um importante arsenal de matria a ser aproveitada, comocomposto orgnico, ou reciclada, e o problema da produo de materiais no-degradveis. Poroutro lado, esse mesmo assunto remete s teias e cadeias alimentares e importncia de no seprejudicar a sade nem se inviabilizar formas de vida pelo uso inadequado de substncias queacabam entrando na alimentao dos seres vivos e na cadeia alimentar humana.

    Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos a de, ao observar determinadofenmeno, perceber nele relaes e fluxos, no espao e no tempo. Por exemplo, ao observar uma

    fileira de formigas, a gua de um riacho ou a que sai de uma torneira, perguntar-se de onde elavem, por onde passou e onde chegar, refletir sobre as conseqncias disso a curto e longo prazos;ou, ao ver um casulo, um girino, perceber esses estados como fases de um ciclo; a proteo quesignifica o casulo, o risco que representa a fase de girino e a correlao disso com o grande nmerode girinos que so gerados; o problema que seria se todos sobrevivessem, ou se todos os saposfossem exterminados, etc.

    Assim, para este bloco foram selecionados os seguintes contedos:

    os ciclos da gua, seus mltiplos usos e sua importncia para a vida, paraa histria dos povos;

    os ciclos da matria orgnica e sua importncia para o saneamento;

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    as teias e cadeias alimentares, sua importncia e o risco de transmissode substncias txicas que possam estar presentes na gua, no solo e noar;

    o estabelecimento de relaes e correlaes entre elementos de ummesmo sistema;

    a observao de elementos que evidenciem ciclos e fluxos na natureza,no espao e no tempo.

    SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

    Pelos contedos sugeridos nesse bloco, oferece-se ocasio para a discusso das interaes queos grupos humanos tm em seu ambiente de vida. Cultura, trabalho e arte so expresses econseqncias dessa relao. Como o meio ambiente influi nessa produo? E vice-versa, como essaproduo influi no ambiente? E na prpria humanidade? Como as comunidades interagem com os

    recursos disponveis para estabelecer seu prprio modo de viver, sua qualidade de vida? Como fazerpara que essa interao no venha a prejudicar a prpria comunidade? Como e por que impor limites?Que normas e regras mais importantes regulam as atividades humanas na regio, impondo deveres egarantindo direitos? H problemas que os alunos ou a escola poderiam ajudar a resolver?

    Para que estas e outras questes semelhantes possam ser abordadas, indicam-se os seguintescontedos:

    a diversidade cultural e a diversidade ambiental;

    os limites da ao humana em termos quantitativos e qualitativos;

    as principais caractersticas do ambiente e/ou paisagem da regio em quese vive; as relaes pessoais e culturais dos alunos e de sua comunidadecom os elementos dessa paisagem;

    as diferenas entre ambientes preservados e degradados, causas econseqncias para a qualidade de vida das comunidades, desde o entor-no imediato at de outros povos que habitam a regio e o planeta, bemcomo das geraes futuras;

    a interdependncia ambiental entre as reas urbana e rural.

    M A N E JO E CON SE RV A O A M B I E N T A L

    Alm de se apreenderem alguns dos principais fatos a respeito de como a natureza funciona sempre lembrando que o ser humano parte integrante e indissocivel dela e de como seprocessa a ao transformadora da humanidade em seu meio ambiente, importante que se conheamalgumas formas de manejar, isto , lidar de modo cuidadoso e adequado com os recursos naturaisrenovveis, visando a conservao de sua qualidade e quantidade; que se detectem formasinadequadas que porventura estejam ocorrendo na regio, desenvolvendo o senso crtico eoferecendo oportunidade para a discusso de medidas que podem ser tomadas pelos alunos, pelaescola e pela comunidade para a reverso de quadros indesejados. Para isso, prope-se que sejam

    abordados os seguintes itens:

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    o manejo e a conservao da gua: noes sobre captao, tratamento edistribuio para o consumo; os hbitos de utilizao da gua em casa e naescola adequados s condies locais;

    a necessidade e formas de tratamento dos detritos humanos: coleta, destino etratamento do esgoto; procedimentos possveis adequados s condies locais(sistema de esgoto, fossa e outros);

    a necessidade e as formas de coleta e destino do lixo; reciclagem; oscomportamentos responsveis de produo e destino do lixo em casa, naescola e nos espaos de uso comum;

    as formas perceptveis e imperceptveis de poluio do ar, da gua, do solo epoluio sonora; principais atividades locais que provocam poluio (indstrias,minerao, postos de gasolina, curtumes, matadouros, criaes, atividadesagropecurias, em especial as de uso intensivo de adubos qumicos eagrotxicos, etc.);

    noes de manejo e conservao do solo: eroso e suas causas nas reas rurais

    e urbanas; necessidade e formas de uso de insumos agrcolas; cuidados com asade;

    noes sobre procedimentos adequados com plantas e animais; cuidados coma sade;

    a necessidade e as principais formas de preservao, conservao, recuperaoe reabilitao ambientais, de acordo com a realidade local;

    alguns processos simples de reciclagem e reaproveitamento de materiais;

    os cuidados necessrios para o desenvolvimento das plantas e dos animais;

    os procedimentos corretos com dejetos humanos nos banheiros e em lugaresonde no haja instalaes sanitrias;

    as prticas que evitam desperdcios no uso cotidiano de recursos como gua,energia e alimentos;

    a valorizao de formas conservativas de extrao, transformao e uso dosrecursos naturais.

    CONT E DOS COMU N S A TODOS OS BL OCOS As formas de estar atento e crtico com relao ao consumismo.

    A valorizao e a proteo das diferentes formas de vida.

    A valorizao e o cultivo de atitudes de proteo e conservao dos ambientese da diversidade biolgica e sociocultural.

    O zelo pelos direitos prprios e alheios a um ambiente cuidado, limpo esaudvel na escola, em casa e na comunidade.

    O cumprimento das responsabilidades de cidado, com relao ao meioambiente.

    O repdio ao desperdcio em suas diferentes formas.

    A apreciao dos aspectos estticos da natureza, incluindo os produtos da

    cultura humana. A participao em atividades relacionadas melhoria das condies

    ambientais da escola e da comunidade local.

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    AVALIAO

    Sobre a ava lia o no tema Meio Amb iente

    Parte-se do princpio que, no tema Meio Ambiente:

    os contedos deste como de outros temas transversais estaro sendoabordados como parte integrante das diversas disciplinas do ncleocomum;

    do ponto de vista do conhecimento cientfico e de procedimentos, importante o professor conseguir desenvolver capacidades nos alunosde observao e compreenso da realidade de modo integrado, supe-rando e indo mais alm da abordagem analtica tradicional; e

    do ponto de vista de atitudes e comportamentos, o professor e a escolacomo um todo devem proporcionar ocasies e ensinar procedimentosde modo que os alunos possam tomar decises, atuar de fato e exercerposturas que demonstrem a aquisio e o exerccio de valores relativos proteo ambiental e garantia da qualidade de vida para todos.

    Em todo o processo avaliativo, ser preciso lembrar que diferentes pessoas tm modosdiferentes de pensar, de ver e de sentir os elementos da realidade em que est e de reagir a eles.As diferenas devem ser respeitadas, e o professor atento poder ajudar o aluno a melhorar seudesempenho sob vrios aspectos. A capacidade de observao, por exemplo, pode ser potencializadasob suas diversas formas. Essa uma condio importante para qualquer aquisio de conhecimentoe de experincias, em especial para a compreenso dos problemas ambientais.

    A avaliao compatvel com a Educao Ambiental vista dessa forma dever envolver umconjunto de procedimentos com trs finalidades:

    reviso da prtica pedaggica adotada pelo professor (temas tratados,mtodos e materiais utilizados, estratgias de abordagem, demobilizao, de envolvimento da escola e da comunidade, etc.) diantedos resultados obtidos (motivao geral, alcance dos objetivos, mudanasobservadas nas pessoas e/ou nos ambientes, produtos obtidos, prazerno desenvolvimento das atividades e/ou na obteno dos resultados,

    etc.), tendo em vista principalmente o reconhecimento dos pontos fortese dos problemas e dificuldades encontradas, para dar seqncia aos tra-balhos revendo o que for necessrio, ampliando, recomeando, mudando,mantendo ele- mentos, enfim, aprendendo com a experincia;

    observao cuidadosa de cada aluno, buscando identificar suas reas deinteresse, de maior facilidade ou dificuldade, o que motiva ou mobilizacada um, as formas de expresso mais prprias de cada um (oral, narrativa,poesia, msica, dana, teatro, desenho, escultura e montagens,movimentao, etc.), seu reconhecimento e vivncia das prprias ori-gens tnicas, culturais e sociais, para ajud-los em seu autoconhecimento,

    na afirmao de sua identidade pessoal, familiar e social, na noo desuas maiores potencialidades, de modo a direcionar os esforos para aconstruo da prpria identidade, desenvolvendo-se integralmente;

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    criao de oportunidades de vivncia e reforo que permitam evidenci-ar, explicitar e estimular exemplos de tomadas de atitude e comporta-mentos que denotem os valores enfatizados neste documento, comespecial nfase para demonstraes de solidariedade, participao e res-peito vida em todas as suas formas; explicitar e criticar, mostrandorejeio e at indignao, quando as atitudes das crianas, dos adultos

    em seu redor e da sociedade em geral desrespeitarem valores univer-sais e aqueles assumidos como vlidos e importantes pelo projetoeducativo da escola.

    Tendo em vista esses princpios e finalidades, prope-se um conjunto de tpicos comoexemplos de oportunidades e formas de avaliao.

    Critrios de avaliao

    Observar as caractersticas do meio ambiente e identif icar a existncia de ciclos efluxos na natureza

    Espera-se que o aluno observe diferentes formas de vida e organizao, a dinmica e os fatosque se sucedem e conhea a existncia dos processos de transformao e perpetuao da vida, dosprocessos de renovao dos recursos naturais e de reciclagem dos nutrientes.

    I denti ficar as intervenes com as quais a sociedade local vem r ealizando transfor-maes no ambiente, na paisagem, nos espaos em que habita ou cult iva

    Espera-se que o aluno possa basicamente perceber a existncia e a qualidade da interfern-cia do homem na natureza a comear por sua prpria realidade. Espera-se tambm que o aluno

    tenha elementos para criticar a qualidade dessa interferncia, que reconhea valores (como opatrimnio histrico, por exemplo) e identifique necessidades de proteo, recuperao ou restriopara os empreendimentos.

    Contr ibuir para a conservao e a manuteno do ambiente mais imediato em quevive

    Espera-se que o aluno participe de atividades cotidianas de cuidado e respeito aos ambientescoletivos, como jogar lixo no cesto e no no cho, utilizar o banheiro de modo a mant-lo limpo,manter a organizao e valorizar os aspectos estticos nas dependncias da escola.

    I denti ficar as substncias de que so feitos os objetos ou materiais uti lizados pelosalunos, bem como alguns dos processos de tr ansformao por que passaram

    Espera-se que o aluno reconhea a necessidade e a dependncia que a humanidade tem dosrecursos naturais, pela presena destes em tudo o que utiliza, bem como as diversas formas detrabalho e tcnicas adotadas para converter aqueles recursos em materiais disponveis (como ma-deira, farinha, barro, etc.) e em objetos de uso ou consumo (como a cadeira, o po, a telha).

    Par ticipar, pessoal e coletivamente, de ativ idades que envolvam tomadas de posiodiante de situaes relacionadas ao meio ambiente

    Espera-se que o aluno tome parte, espontaneamente, de atividades (por exemplo, ajudar na

    limpeza da classe, no cultivo ou no trato de plantas, na solidariedade com colegas, na preparao defestas, etc.) e utilize procedimentos adequados que expressem na prtica a valorizao do meioambiente.

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    Reconhecer alguns processos de construo de um ambiente, tanto urbano quantorur al, com a r espectiva interveno na paisagem, bem como sua importncia para ohomem

    Espera-se que o aluno estabelea relaes entre o ambiente construdo, nas diferentes formasde produo humana, e as modificaes que isso impe paisagem natural ou anteriormenteconstruda, compreendendo a relao de complementaridade e interdependncia entre os diversosambientes construdos, e entre estes e as condies naturais em que ocorreram (por exemplo, se aescolha da localizao relativa para as casas e para as fbricas foi conveniente; se para uma novaconstruo haver perda de um patrimnio natural, cultural ou paisagstico; se a agricultura estsendo feita da forma mais adequada quele solo, evitando eroso; se o produto consumido nacidade vem da prpria regio ou de muito longe, por que isso