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Agosto 2012 Alterações ao Código do Trabalho A Lei nº 23/2012, de 25 de Junho, veio introduzir alterações ao Código do Trabalho, entrando em vigor no dia 1 de Agosto de 2012. Elencam-se de seguida as principais alterações pelo mesmo introduzidas. 1. Adesão a fundo de compensação Está prevista a criação de um fundo de compensação laboral que proveja ao suporte de parte das compensações por despedimento. Tal fundo terá de ser regulamentado por diploma próprio e, consequentemente não entrará em vigor no dia 1 de Agosto. O empregador deve, sempre que celebre contratos de trabalho, comunicar, ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral, a adesão a fundo de compensação do trabalho ou a mecanismo equivalente. A alteração a essa adesão deve ser comunicada no prazo de 30 dias. Nos casos de recurso a trabalho temporário, o contrato de utilização de trabalho temporário deve ter em anexo documento comprovativo de vinculação a fundo de compensação do trabalho ou a mecanismo equivalente, sem o que o utilizador é solidariamente responsável pelo pagamento do montante da compensação que caberia àquele fundo ou mecanismo equivalente por cessação do respetivo contrato. 2. Contrato sazonal agrícola ou para a realização de evento turístico Está prevista a possibilidade de celebração de contrato de trabalho em atividade sazonal agrícola ou para realização de evento turístico de duração não superior a 15 dias. Esse contrato não está sujeito a forma escrita, devendo o empregador comunicar a sua celebração ao serviço competente da segurança social, mediante formulário eletrónico.

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Alterações ao Código do Trabalho

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  • Agosto 2012

    Alteraes ao Cdigo do Trabalho A Lei n 23/2012, de 25 de Junho, veio introduzir alteraes ao Cdigo do Trabalho, entrando em vigor no dia 1 de Agosto de 2012. Elencam-se de seguida as principais alteraes pelo mesmo introduzidas. 1. Adeso a fundo de compensao Est prevista a criao de um fundo de compensao laboral que proveja ao suporte de parte das compensaes por despedimento. Tal fundo ter de ser regulamentado por diploma prprio e, consequentemente no entrar em vigor no dia 1 de Agosto. O empregador deve, sempre que celebre contratos de trabalho, comunicar, ao servio com competncia inspetiva do ministrio responsvel pela rea laboral, a adeso a fundo de compensao do trabalho ou a mecanismo equivalente. A alterao a essa adeso deve ser comunicada no prazo de 30 dias. Nos casos de recurso a trabalho temporrio, o contrato de utilizao de trabalho temporrio deve ter em anexo documento comprovativo de vinculao a fundo de compensao do trabalho ou a mecanismo equivalente, sem o que o utilizador solidariamente responsvel pelo pagamento do montante da compensao que caberia quele fundo ou mecanismo equivalente por cessao do respetivo contrato. 2. Contrato sazonal agrcola ou para a realizao de evento turstico Est prevista a possibilidade de celebrao de contrato de trabalho em atividade sazonal agrcola ou para realizao de evento turstico de durao no superior a 15 dias. Esse contrato no est sujeito a forma escrita, devendo o empregador comunicar a sua celebrao ao servio competente da segurana social, mediante formulrio eletrnico.

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    Nestes casos previstos no nmero anterior, a durao total de contratos de trabalho a termo com o mesmo empregador no pode exceder 70 dias de trabalho no ano civil. 3. Mapa de horrio de trabalho Foi eliminada a obrigatoriedade de o empregador apresentar cpia do mapa de horrio de trabalho ao servio com competncia inspectiva do ministrio responsvel pela rea laboral, nomeadamente atravs de correio electrnico, com a antecedncia mnima de quarenta e oito horas relativamente sua entrada em vigor. 4. Iseno de horrio de trabalho Foi eliminada a obrigatoriedade de o empregador apresentar cpia do acordo celebrado com trabalhador em regime de iseno de horrio de trabalho ao servio com competncia inspectiva do ministrio responsvel pela rea laboral. 5. Compensao em caso de caducidade de contrato de trabalho a termo Em caso de caducidade de contrato de trabalho a termo decorrente de denncia ou no renovao por parte do empregador o trabalhador deixa de ter direito compensao calculada com base em dois ou trs dias por cada ms de trabalho efectivo. A compensao passa a corresponder a 20 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade. A compensao determinada do seguinte modo:

    a) O valor da retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar para efeitos de clculo da compensao no pode ser superior a 20 vezes a retribuio mnima mensal garantida; b) O montante global da compensao no pode ser superior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou, quando seja aplicvel o limite previsto na alnea anterior, a 240 vezes a retribuio mnima mensal garantida; c) O valor dirio de retribuio base e diuturnidades o resultante da diviso por 30 da retribuio base mensal e diuturnidades; d) Em caso de frao de ano, o montante da compensao calculado proporcionalmente.

    A compensao paga pelo empregador, com exceo da parte que caiba ao fundo de compensao do trabalho ou a mecanismo equivalente, nos termos de legislao especfica a aprovar. No caso de o fundo de compensao do trabalho ou o mecanismo equivalente no pagar a totalidade da compensao a que esteja obrigado, o empregador responde pelo respetivo pagamento e fica sub-rogado nos direitos do trabalhador em relao quele em montante equivalente.

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    6. Obrigatoriedade de audio de testemunhas ou realizao de diligncias de prova em processo disciplinar de despedimento em casos especiais Se o despedimento respeitar a trabalhadora grvida, purpera ou lactante ou a trabalhador no gozo de licena parental, deixa de ser obrigatrio o empregador, por si ou atravs de instrutor que tenha nomeado, realizar as diligncias probatrias requeridas na resposta nota de culpa. 7. Critrios a observar no despedimento por extino de posto de trabalho Deixa de ser obrigatrio seguir o critrio da antiguidade e da similaridade de funes no despedimento por extino de posto de trabalho. Com as alteraes introduzidas, havendo, na seco ou estrutura equivalente, uma pluralidade de postos de trabalho de contedo funcional idntico, para determinao do posto de trabalho a extinguir cabe ao empregador definir apenas, por referncia aos respetivos titulares, critrios relevantes e no discriminatrios face aos objetivos subjacentes extino do posto de trabalho. 8. Criao de um banco de horas individual e grupal O banco de horas individual permite que um trabalhador possa trabalhar mais duas horas por dia, at cento e cinquenta horas por ano. No caso do banco de horas grupal, tal significa que toda uma equipa de funcionrios pode ser abrangida pela medida. O banco de horas permite que as empresas poupem nas horas extraordinrias, solicitando que o trabalhador aumente o perodo efectivo de trabalho dirio em alturas de picos, o que pode ser compensado com horas livres ou com um pagamento em dinheiro (de valor inferior s horas extraordinrias). At agora, este mecanismo s podia ser introduzido por negociao entre as associaes sindicais e patronais do sector, mas a alterao legislativa veio permitir que tal passe a ser negociado directamente entre empregador e trabalhador. Esta bolsa ter um mximo de cento e cinquenta horas anuais e permite que, em alturas de picos, o tempo de trabalho seja aumentado em duas horas dirias (at um mximo de dez). A proposta ter que ser feita por escrito pelo empregador mas se o trabalhador no responder num prazo de catorze dias considera-se aceite. Para aplicao generalizada e vinculativa ao todo da empresa ou entidade patronal, nem sequer necessrio que todos aceitem: se 75% dos trabalhadores estiverem de acordo, o banco de horas estende-se aos restantes 25%. 9. Corte para metade no valor pago pelas horas extraordinrias A compensao por horas extraordinrias diminui, passando a ser de 25% na primeira hora de dia til (contra os anteriores 50%), 37,5% nas seguintes (contra os anteriores 70%) e de 50% em dia de descanso semanal ou em feriado (contra os anteriores 100%).

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    10. Reduo de quatro feriados Os feriados de Corpo de Deus (feriado mvel), o 5 de Outubro, o 1 de Novembro e o 1 de Dezembro so eliminados. Esta medida, porm, s se aplica a partir de 2013. 11. Encerramento das empresas nos casos de "pontes" As empresas podero encerrar nos dias de ponte por deciso do empregador e descontar os dias nas frias. Em caso de possibilidade de ocorrncia de pontes (encerramento da empresa total ou parcial) "num dia que esteja entre um feriado que ocorra tera-feira ou quinta-feira e um dia de descanso semanal (sbado ou domingo), a entidade patronal tem de notificar os trabalhadores "at ao dia 15 de dezembro" do ano anterior sobre os dias que pretende encerrar em modalidade de pontes no ano seguinte. O empregador pode encerrar a empresa ou o estabelecimento, total ou parcialmente, para frias dos trabalhadores durante cinco dias teis consecutivos na poca de frias escolares do Natal. 12. Eliminao da majorao entre 1 e 3 dias de frias Deixa de estar prevista a possibilidade de fruio de 25 dias de frias anuais, regressando-se ao regime anterior de apenas 22 dias de frias. Esta medida s se aplica a partir de 2013. 13. Descanso compensatrio O diploma elimina "as disposies de instrumentos de regulamentao coletiva de trabalho e as clusulas de contratos de trabalho celebrados antes da entrada em vigor da presente lei que disponham sobre descanso compensatrio por trabalho suplementar prestado em dia til, em dia de descanso semanal complementar ou em feriado". A lei suspende por "dois anos, a contar da entrada em vigor da presente lei" os "acrscimos de pagamento de trabalho suplementar superiores aos estabelecidos pelo Cdigo do Trabalho". Ou seja, o pagamento de horas extraordinrias tal previsto e regulamentado em Contratos Coletivos, contratos de trabalho ou outros mecanismos (p.ex., acordos de empresa) deixa de ser realizado. 14. Despedimentos por inadaptao igualmente possvel avanar para o despedimento por inadaptao sem que ocorram mudanas no posto de trabalho. O despedimento por inadaptao era at agora muito pouco utilizado, porquanto exigia a prova da introduo, na orgnica da empresa ou no sector do trabalhador em causa, novas metodologias, tecnologias ou procedimentos aos quais o trabalhador no se adaptasse.

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    Com as alteraes agora introduzidas, passa a ser possvel o despedimento por inadaptao ainda que no tenham sido introduzidas alteraes no posto de trabalho, na empresa ou sector (novas tecnologias, novos processos, novas metodologias, etc.). Assim, o despedimento por inadaptao passa a ser aplicado quando haja uma modificao substancial da prestao de trabalho que se traduza, por exemplo, na "reduo continuada de produtividade ou de qualidade". J nos casos dos cargos de "complexidade tcnica" ou de direco, este despedimento poder passar a ter lugar pelo mero incumprimento de objectivos previamente definidos. Contudo, o despedimento nestes casos s pode ocorrer por incumprimento de objectivos fixados depois da entrada em vigor da lei. O despedimento por inadaptao, ainda que decorra da falta de produtividade do trabalhador, equiparado ao despedimento por extino de posto de trabalho para efeitos de compensao, pelo que o trabalhador inadaptado tem sempre direito compensao de antiguidade prevista para a extino de posto. 16. Compensaes por despedimento A nova lei estipula, como regra geral, a aplicar a todos os contratos de trabalho que vierem a ser celebrados aps 1 de Agosto de 2012, a contagem de 20 dias por cada ano de trabalho para clculo da indemnizao por despedimento (obviamente para o despedimento objectivo, isto , sem ser por justa causa). A remunerao que serve de base ao clculo da indemnizao no pode, por outro lado, superar 20 salrios mnimos. Para os contratos celebrados antes de 1 de Agosto de 2012, passa a haver trs modelos de compensao por despedimento.

    a) os contratos celebrados depois de 1 de Novembro de 2011 e at 1 de Agosto de 2012 tero direito a receber uma indemnizao equivalente a 20 dias de salrio por cada ano, at ao limite mximo de 12 retribuies base e diuturnidades ou 240 salrios mnimos (116.400 euros); b) os contratos celebrados antes de Novembro de 2011 mas cuja indemnizao, em caso de despedimento, ainda no chegaria ao limite dos 12 salrios, ficam sujeitos a duas regras:

    i) recebem 30 dias por cada ano de casa no perodo compreendido at entrada em vigor da nova lei (1 de Agosto de 2012); ii) entram no ritmo de 20 dias por cada ano no perodo remanescente (aps 1 de Agosto de 2012), at atingir os referidos limites dos 12 salrios.

    c) os contratos celebrados antes de Novembro de 2011 mas cuja indemnizao, em caso de despedimento, chegaria ou ultrapassaria o limite dos 12 salrios (contratos mais antigos, casos de 20 ou 30 anos de antiguidade na empresa), mantm o valor e as regras de clculo da indemnizao a que teriam direito ao abrigo da antiga legislao (30 dias por cada ano de casa), mas essa indemnizao constitui o limite mximo a que tm direito mesmo que continuem a acumular antiguidade; isto , mesmo que os trabalhadores permaneam na empresa ou ao servio, j no acumularo mais tempo para efeitos da compensao do que o contado at 1 de Agosto de 2012.

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    O texto da presente Lei 23/2012 de 25 de Junho, pode ser consultado no stio do Dirio da Repblica em http://dre.pt/pdf1sdip/2012/06/12100/0315803169.pdf.