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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA KAREN PINA CARVALHO PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E VIVÊNCIAS Salvador 2011

PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E … · Profª Janeide Medrado. Ao meu Deus, dono de toda sabedoria. À minha família que esteve sempre presente. Aos meus colegas de

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA

KAREN PINA CARVALHO

PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E VIVÊNCIAS

Salvador 2011

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KAREN PINA CARVALHO

PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E VIVÊNCIAS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire

Salvador 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da UNEB

Carvalho, Karen Pina Pedagogos hospitalares em Salvador: relatos e vivências / Karen Pina Carvalho. – Salvador, 2011. 50f. Orientadora: Profª. Drª Isnaia Junquilho Freire. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2011. Contém referências e apêndices. 1. Crianças doentes - Educação. 2. Crianças - Assistência hospitalar. 3. Professores e alunos - Relações. 4. Educação de crianças. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação. CDD: 371.9

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KAREN PINA CARVALHO

PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E VIVÊNCIAS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire

Aprovada em:

Banca Examinadora:

___________________________________ Profª Drª Isnaia Junquilho Freire – Orientadora

__________________________________________________ Profª Jaciete Santos

Profª Janeide Medrado

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Ao meu Deus, dono de toda sabedoria.

À minha família que esteve sempre presente.

Aos meus colegas de curso que foram grandes companheiros.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos que de alguma forma contribuíram

para a conclusão desta monografia, e que estiveram ao meu lado durante o meu

curso.

Obrigada meu Deus, por todas as bênçãos que me tem concedido.

Agradeço a professora Isnaia Freire por ter me orientado na construção desta

monografia, e por ser uma profissional exemplar, pelas contribuições teóricas e suas

palavras de incentivo.

Aos demais professores que tornou vivo e efetivo este espaço de formação

que é a universidade.

Aos meus pais por tanto amor e pelas orações feitas por mim. À Sally, minha

irmã, pelo companheirismo e carinho.

Às colegas Renata, Gabriela, Iara, Aldeir e Adriele, por tornarem os

momentos vividos na universidade únicos e enriquecedores. Levarei vocês para

sempre em minha memória.

Às colegas que compartilharam comigo os momentos de orientação

monográfica, cada minuto de aprendizagem com vocês foi muito importante.

A toda a turma de pedagogia 2007.1, foi bom estar com vocês!

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“A educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos

ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas”.

(Edgar Morin, 2005)

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RESUMO

O presente trabalho visa analisar relatos de experiências vivenciadas pelo profissional de pedagogia hospitalar. Para isso, faz-se necessário tomar conhecimento da evolução da pedagogia hospitalar na história, e a sua especificidade. Considerando a relevância do atendimento ao escolar enfermo, esta pesquisa tem o intuito de identificar a relação saúde-educação através da intervenção pedagógica no contexto da atuação do pedagogo hospitalar infantil. É reconhecido pela legislação brasileira o direito da continuidade de escolarização a crianças e adolescentes que se encontram hospitalizados. A pedagogia hospitalar pode contribuir de maneira significativa para o processo de recuperação da autoestima, da identidade social e do processo escolar de crianças e adolescentes enfermos.

Palavras-chave: Pedagogia hospitalar - Escolar enfermo - Saúde-educação.

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ABSTRACT

The present research analyzes narratives of experiences lived by professionals of education inside the hospitals. Therefore, it is necessary to find out about the evolution of education in hospitals throughout the history and also to find out about its own characteristics. Considering the importance of serving the sick students, this research intends to identify the connection between health and education through the children’s educational work in hospitals. The right of children and adolescents that fall sick to continue having education is approved by the Brazilian legislation. The education in hospitals can help in a significant way the sick students in the process of having back their self-confidence, social identity, and they will not be out of the school process.

Key-words: Education in hospitals - Sick student - Health-education.

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais.

LDB Lei de diretrizes e Bases.

MEC Ministério da Educação e Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................11

2 HISTÓRICO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR....................................................14

2.1 A CLASSE HOSPITALAR....................................................................................17

2.2 O PEDAGOGO E SUAS ESPECIFICIDADES.....................................................20

2.3 RELAÇÃO PEDAGOGO HOSPITALAR x ESCOLAR DOENTE.........................22

2.4 O PEDAGOGO HOSPITALAR E SUAS EXPERIÊNCIAS DE PERDAS

HUMANAS........................................................................................................25

3 METODOLOGIA..........................................................................................28

3.1 SUJEITOS............................................................................................................28

3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS.................................................................28

3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ......................................................................29

3.4 PROCEDIMENTOS DE UTILIZAÇÃO DOS INTRUMENTOS DA PESQUISA....30

3.5 FONTES DE CONSULTA....................................................................................31

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................45

REFERÊNCIAS....................................................................................................48

APÊNDICES........................................................................................................50

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1 INTRODUÇÃO

O hospital é, segundo definição do Ministério da Saúde, um centro de educação. É

reconhecido pela legislação brasileira o direito da continuidade de escolarização a

crianças e adolescentes hospitalizados (CNDCA, 1995).

Esta pesquisa procura compreender como atuam os pedagogos hospitalares em

hospitais da cidade de Salvador. Tem a intencionalidade de identificar a relação

saúde-educação através da intervenção pedagógica, bem como, discutir acerca da

formação acadêmica dos mesmos. Através de relatos das experiências vivenciadas

por esses profissionais, será possível identificar práticas pedagógicas utilizadas na

classe hospitalar.

O presente trabalho é reflexivo, investigativo, e resulta de pesquisa bibliográfica.

Seus sujeitos são profissionais de pedagogia que atuam na classe hospitalar, na

cidade de Salvador. Tendo em vista a Pedagogia Hospitalar como continuidade

dentro do processo educativo do escolar enfermo, o pedagogo hospitalar nesse

contexto é integrante na mediação dessa continuidade. Desde o início da minha

graduação me interessei pelo trabalho da Pedagogia Hospitalar, participei de um

curso de extensão no qual o tema principal era a educação no âmbito hospitalar. E

essa afinidade contribuiu para a escolha do tema.

Tal estudo tem o intuito de provocar discussões e reflexões sobre a importância

deste profissional no âmbito hospitalar, sendo esta uma modalidade do campo de

atuação do Pedagogo na sociedade contemporânea. É relevante perceber como a

pedagogia hospitalar e seus profissionais valorizam este espaço de expressão.

No Brasil, a legislação reconheceu através do Estatuto da Criança e do Adolescente

Hospitalizado, resolução nº 41 de outubro de 1995 item 9, o “Direito da criança e do

adolescente de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação

para saúde, e acompanhamento curricular durante sua permanência hospitalar.” A

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atuação de pedagogos em hospitais vem ganhando força a cada ano, e o número de

atendimentos se expandindo.

De forma nenhuma se pode considerar que a hospitalização é fator incapacitante

para a criança ou o adolescente. Pois estes, igualmente como outros que não

estejam naquele ambiente de internação, apresentam uma gama de evoluções e

limitações. Um ser em desenvolvimento tem plenas possibilidades de usar e

expressar suas potencialidades, por isso o escolar doente não deve ser rotulado

com um ser incapaz, impedido de aprender.

Segundo Fonseca (2003, p. 20) “[...] o hospital é, em geral, um ambiente bastante

impessoal.” Assim, com a inserção da classe hospitalar nesses ambientes, é

acentuada uma filosofia humanística, fazendo com que o ambiente hospitalar deixe

de ser tão sombrio, e passe a ser um local acolhedor.

A Pedagogia Hospitalar tem a intenção de encaminhar a criança e o adolescente

internado ao seu novo modo de vida, dentro de um ambiente diferenciado; o

hospital, além de cuidar de sua saúde, deve ser um local verdadeiramente

acolhedor. Assim, as crianças e os adolescentes ali atendidos terão condições de

manter contato com o meio exterior, favorecendo até mesmo suas relações sociais.

Essa pesquisa atribui a sua significância e relevância social ao fato de que tem o

intuito de conhecer minuciosamente a dinâmica da classe hospitalar, e como se

processa a relação do pedagogo com o escolar enfermo.

A identidade de uma criança ou adolescente, muitas vezes é destruída quando eles

estão em processo de internação hospitalar e estes são sufocados pelas rotinas

hospitalares. O papel da educação no espaço hospitalar e, com ela, o do professor,

é tornar propício à criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço,

ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas

relações interpessoais.

A infância é uma fase repleta de descobertas e aprendizados, é necessário que seja

proporcionado à criança e ao adolescente segurança com relação às novas

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experiências que ocorrem, porque nelas, as experiências de aprendizagem são

potencializadas e estimuladas. A modalidade de atendimento denominada Classe

Hospitalar tem a finalidade de oferecer suporte pedagógico-educacional às

necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo do escolar doente que,

devido à fragilidade de sua saúde, não podem frequentar nem a escola nem o seu

meio social. Para atuar em classes hospitalares, o professor deve estar preparado

para trabalhar com as diversidades, considerando as possibilidades reais de cada

sujeito, e dando continuidade ao seu processo educativo.

O primeiro capítulo é introdutório trazendo os objetivos e a idéia central da proposta

pesquisada, mostrando a relevância da temática estudada.

Os referenciais teóricos são apresentados no segundo capítulo, com objetivo de

fundamentar os conceitos, trazendo os teóricos que embasaram esta pesquisa.

Primeiramente discorre sobre o histórico da Pedagogia Hospitalar e o seu marco na

sociedade, em seguida, trás a definição da Classe Hospitalar, bem como o

pedagogo hospitalar e as suas especificidades. Na seqüência, a relações do

pedagogo com o escolar doente, ressaltando a relevância dessa relação como um

suporte psico-sócio-pedagógico. Posteriormente são apresentadas as implicações

do óbito da criança e do adolescente hospitalizado.

No terceiro capítulo é relatada a metodologia, que direcionou esta pesquisa,

trazendo os sujeitos, suas caracterizações, e os instrumentos utilizados na

construção deste trabalho.

O quarto capítulo trata da apresentação e discussão de resultados através da

pesquisa feita nos hospitais públicos e particulares de Salvador. Onde são

apresentados os relatos dos pedagogos que atuam nesses ambientes.

O último capítulo vem trazendo as considerações finais, fazendo o desenlace da

pesquisa.

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A relevância desse estudo está em refletir a cerca de como a Pedagogia Hospitalar

e seus profissionais valorizam este espaço de expressão, através de suas

experiências em instituições não-escolares.

2 HISTÓRICO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

A Pedagogia Hospitalar segundo Fonseca (1999) iniciou-se no Brasil, na década de

1950, no Rio de Janeiro, no Hospital Municipal Jesus. A Segunda Guerra Mundial foi

de grande importância à presença das escolas dentro dos hospitais, devido ao

grande número de crianças e adolescentes atingidos. Em Paris ela surge bem antes,

em 1935, quando Henri Sellier inaugura a primeira escola para crianças

inadaptadas, devido ao grande número de crianças tuberculosas (ESTEVES, 2008).

Posteriormente, a Alemanha e a França e os Estados Unidos utilizam a proposta da

Pedagogia Hospitalar.

No Brasil, a legislação reconheceu através do Estatuto da Criança e do Adolescente

Hospitalizado, resolução nº 41 de outubro de 1995 item 9, o “Direito da criança e do

adolescente de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação

para saúde, e acompanhamento curricular durante sua permanência hospitalar.”

(BRASIL, 1995).

Em 2001 a preocupação com a Pedagogia Hospitalar torna a aparecer com as

Diretrizes Nacionais para a Educação Especial no Brasil (BRASIL, 2001), e mais

tarde ela renasce por meio do Documento Classe Hospitalar e Atendimento

Pedagógico Domiciliar (BRASIL, 2002).

O direito à educação se expressa como direito à aprendizagem e à escolarização, traduzido, fundamental e prioritariamente, pelo acesso à escola de educação básica, considerada como ensino obrigatório, de acordo com a Constituição Federal Brasileira. A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, tendo em vista o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania, e sua qualificação para o trabalho. Segundo a Constituição Federal no art. 205, o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoria competente. (BRASIL, 2002, p.9).

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Este documento mostra a grande necessidade e importância do acompanhamento

pedagógico ao escolar doente.

Para Matos e Mugiatti (2006, p. 37) a Pedagogia Hospitalar “[...] é um processo

alternativo de educação continuada, que ultrapassa o contexto formal da escola,

pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias

do educando, em ambiente hospitalar ou domiciliar.”

Devido a enfermidades, crianças e adolescentes muitas vezes são obrigados a se

ausentarem de suas escolas por um tempo indeterminado, o que,

consequentemente acarreta prejuízos à sua formação. A Câmara de Educação

Básica do Conselho Nacional de Educação instituiu as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica, resolução 02, de 11/09/2001, publicada na

DOU, número 177, seção 1E, de 14/09/2001, p 39-40. O artigo 13 se refere à escola

no ambiente hospitalar. Essas diretrizes passaram a ser obrigatórias a partir de

2002.

Está implícito na Lei de Diretrizes e Bases (MEC,1996) que toda criança ou

adolescente hospitalizado tem direito à escolarização. Mas para que isso ocorra com

êxito, é imprescindível que sejam criadas as condições necessárias nos hospitais

pediátricos e nos demais hospitais que venham a atender crianças e adolescentes

em idade de escolarização.

Os hospitais devem oferecer um atendimento pedagógico de qualidade, a fim de

trazer resultados positivos tanto no âmbito pedagógico como no intelectual. Apesar

da Pedagogia Hospitalar estar se expandindo no Brasil, a grande maioria dos

hospitais ainda não possui atendimento ao escolar hospitalizado. “[...] ainda não há

um reconhecimento satisfatório no sentido de que crianças e jovens hospitalizados

têm o direito à educação.” (MATOS; MUGIATTI, 2007, p. 48)

Logo depois que a criança ou o adolescente entra no hospital, o profissional da

pedagogia hospitalar é encarregado de coletar seus dados e informações pessoais,

e é orientado a entrar em contato com a escola de origem do mesmo.

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A escola é então comunicada sobre a participação do aluno na classe hospitalar e

nesse contato são informados os conteúdos que estão sendo trabalhados em sua

turma de origem.

Todo escolar hospitalizado tem de estar matriculado em uma escola, mas caso isso

não ocorra, é um procedimento que deve ser feito de forma emergente, para que o

mesmo participe do projeto de hospitalização escolarizada. Durante todo o período

de atendimento escolar, é realizado um cadastro com as evoluções e demais

observações do aluno paciente. Essas anotações devem ser encaminhadas à escola

do aluno.

Assim, a hospitalização representa tanto para a criança como para o adolescente,

uma situação extremamente diferente de todas que já conheceu, pois além de

estarem distantes do seu ambiente familiar e rodeados de desconhecidos,

normalmente passam por exames dolorosos e tem uma difícil rotina.

É através da classe hospitalar que a criança e o adolescente, além de manter laços

com o mundo exterior, tem uma rápida adaptação à sua nova rotina.

Uma escola no hospital permite à criança doente conservar os laços com sua vida anterior à internação. É um lugar neutro, resultado de um projeto de futuro, pois a criança, depois de sua hospitalização, retomará a sua vida normal. A classe agrupa crianças de idades diferentes: o professor desenvolve com elas uma pedagogia tendo em conta ao mesmo tempo a capacidade psíquica dos mesmos, bem como seus diferentes níveis de escolarização. (REINER-ROSENBERG, 2003, p. 21 apud CEDES 73, 2007 p. 259).

Na infância, o isolamento devido à hospitalização possui um maior peso, podendo

alterar o desenvolvimento emocional. Durante os tratamentos de saúde a família do

escolar doente normalmente apresenta-se bastante abalada, entrando em um

estado de fragilidade emocional.

Devido a isso, muitos deixam de lado a continuidade das atividades escolares do

interno. Então, o hospital que cumpre o exercício da Pedagogia Hospitalar em suas

instalações, encarrega-se de evitar essa interrupção.

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2.1 A CLASSE HOSPITALAR

Segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), a Classe Hospitalar é

designada como um atendimento pedagógico-educacional, que ocorre em

ambientes de tratamento de saúde (BRASIL, 2002). A LDB/06 deu início à

formalização do funcionamento das classes hospitalares, determinando aos

governos garantir atendimento educacional especializado gratuito aos educandos

com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular.

O MEC reafirma que deveriam funcionar em todos os hospitais, classes especiais

para atender crianças e adolescentes internados que estejam ali por um curto ou

longo período.

A Classe Hospitalar possui muitos aspectos e especificidades que se diferenciam da

escola regular. Segundo Fonseca (2003), a rotina hospitalar é diferente de qualquer

coisa que o aluno já tenha vivenciado. Esse atendimento pedagógico-educacional

deve ser entendido como uma escuta pedagógica às necessidades e interesses dos

alunos-pacientes.

As classes hospitalares dão continuidade ao ensino das atividades pedagógicas da escola de origem da criança, e operam com temas próprios de cada faixa etária, levando as crianças e ou adolescentes a sanarem dificuldades de aprendizagem, e dá oportunidade de aquisição de novos conteúdos. (FONSECA, 1999, p. 36).

Esta não deve ser vista como uma sala de aula comum, e sim como um atendimento

pedagógico especializado. Quando este é realizado em grupo, as experiências que

são trocadas entre os alunos são inúmeras. Crianças e adolescentes de diversos

lugares e idades diferentes ali se encontram e socializam umas com as outras. Em

alguns casos, os mais velhos ajudam nas atividades escolares dos mais novos.

Essa possibilidade de integração e interação pode modificar a experiência de

hospitalização, amenizando os efeitos negativos que o ambiente hospitalar muitas

vezes provoca nos jovens pacientes.

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Nos termos da política de humanização do Ministério da saúde, os pacientes

pediátricos são alvos preferenciais, uma vez que são mais suscetíveis aos

problemas resultantes da baixa qualidade dos serviços prestados, bem como do

distanciamento afetivo, característicos da assistência hospitalar.

[...] o principio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importando quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas precisam reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, e assegurando educação de qualidade para todos mediante currículo apropriado, mudanças organizacionais e estratégias de ensino; usando de recursos e de parcerias com suas comunidades. (MANTOAN, 2003, p.119-120 apud MATOS, 2009, p. 37).

Assim, a classe hospitalar é uma “turma” multisseriada. Embora leve consigo a

denominação “classe”, essas modalidades de atendimento não precisam estar

reduzidas à utilização de um espaço físico delimitado, porém, algumas de fato

possuem. Em alguns casos, pode-se utilizar como ambiente de aula a biblioteca do

hospital, ou o refeitório, em horários ociosos, as varandas das enfermarias e mesmo

nos leitos, sob os quais se debruçam professores em atendimento individuais. Até

mesmo os passeios externos com as crianças, como idas a teatro e feira de livros

também configuram atendimentos na forma de classe hospitalar. (MATOS E

MUGIATTI, 2007 apud BARROS, 2007, p. 261).

O emprego de elemento lúdico e de manifestações artísticas exploram a criatividade

do escolar doente, apesar da situação em que este se encontra. O investimento

nessas atividades pode vir a favorecer até mesmo na eficácia dos tratamentos

médicos.

O lúdico apareceu sem dúvida como uma forma de expressão em que a criança a partir de uma linguagem simbólica vai exprimindo naturalmente seus medos, seus sentimentos, suas culpas, idéias e principalmente a maneira que está vivenciando seu cotidiano. (ROWAN, STEYER, 2001, p. 235).

É de fundamental importância atividades lúdicas que causem efeitos de alegria e

riso, para estimular e valorizar a saúde psíquica e o bem-estar dos alunos

hospitalizados. Um atendimento que dá lugar à ludicidade proporciona uma

recuperação de saúde bem mais eficiente, causando melhorias no rendimento

durante todo o ano, quando não pelo resto da vida escolar.

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A brinquedoteca é um ambiente de inteira descontração, e os brinquedos estimulam

as fantasias do escolar doente. Naquele ambiente eles podem encontrar amigos, ler

histórias descontraídas e ouvir músicas. Com essas atividades eles sentem-se

bastante acolhidos. Se a doença for grave e devido a isso tiverem que permanecer

em macas, o brinquedo pode ir até elas.

O clima de descontração que as brinquedotecas proporcionam, são propícios à

desmistificação do pavor que eles tem a exames médicos, transformando-os em

brincadeiras. De acordo com a lei federal 11.104, de 21/03/2005, a visita as

brinquedotecas se tornaram obrigatórias nos hospitais que oferecem internação

pediátrica.

O projeto “Sala de espera” tem como objetivo a criação de um ambiente lúdico com

o envolvimento de crianças e adolescentes que aguardam o atendimento médico em

salas de espera, a fim de diminuir o mal estar dos mesmos. Culturalmente, o

ambiente hospitalar é visto como local de sofrimento. A criança e o adolescente,

com sua sensibilidade, podem sentir e absorver essa relação com muito maior

intensidade que o adulto. (MATOS, 2007, p. 130).

A sensibilidade existente nas crianças e adolescente é algo muito positivo, porém, é

interessante ressaltar que normalmente eles respondem negativamente em

momentos de espera, com reações de impaciência, indisciplina, medo e muitas

vezes o choro. O ato de esperar passa a ter uma conotação de ameaça,

principalmente para as crianças menores. Nesses ambientes o clima de nervosismo

e tensão predomina, e rapidamente contagia aos demais. Vislumbrando a

perspectiva de amenizar esse contexto então surgiu este projeto “Sala de espera”,

que tem o objetivo de transformar este ambiente em um local de desconcentração

através de brincadeiras e descontração.

A execução desse projeto tem facilitado o trabalho médico, pois eles entram nos

devidos consultórios mais descontraídos e livres de maiores tensões, trazendo maior

conforto aos pais e acompanhantes.

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Uma das diretrizes para o funcionamento adequado é o acompanhamento do

currículo escolar. Para tanto, quando a criança ou adolescente hospitalizado já

freqüenta uma escola antes da internação, a classe hospitalar deve buscar contato

com essa instituição, para que suas atividades correspondam em continuidade. O

professor deve então, favorecer ao aluno o aprendizado dos conteúdos do ano que

lhe correspondam.

Cada paciente tem um tempo diferente de permanência no hospital, e, da mesma

forma, difere a duração do atendimento pedagógico. O perfil do grupo é da mesma

forma variável, no sentido de que os pacientes são diferentes em suas demandas

acadêmicas.

Um dos objetivos da classe hospitalar, na área sócio-política, é o de defender o

direito de toda criança e adolescente à cidadania, e o respeito aos que carecem de

necessidades educacionais especiais.

2.2. O PEDAGOGO E SUAS ESPECIFICIDADES

É indispensável que o pedagogo da escola hospitalar seja, antes de tudo, um

mediador das interações do seu aluno com o ambiente em que se encontra. Muito

importante também que eles se informem sobre algumas das técnicas utilizadas na

rotina da enfermaria, para que assim esteja ciente das possíveis reações dos

medicamentos.

O pedagogo hospitalar deve impulsioná-los a desenvolver e descobrir novas

habilidades, criando uma nova descoberta a cada dia. Este profissional deve estar

preparado para trabalhar com diferentes experiências culturais, e saber identificar as

necessidades educacionais de cada aluno-paciente.

A hospitalização escolarizada se constitui em um espaço em que as condições de

aprendizagem fogem totalmente à rotina de uma escola formal. Devido a isso, a

condição da aprendizagem, requer uma visão mais ampla do profissional,

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demandando práticas pedagógicas que superem a ortodoxia dos processos atuais.

Carpa (1996, p. 71) ressalta, que há soluções para os principais problemas de nosso

tempo. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso

pensamento e nos nossos valores.

A função do professor da escola hospitalar não é apenas a de manter as crianças

ocupadas, é muito mais que isso, é transpor barreiras diariamente. (WILES, 1987, p.

51, apud FONSECA, 2000 p.47). O professor está lá para estimulá-las através do

uso do seu conhecimento sobre as necessidades educacionais. Devido a este

conhecimento, o pedagogo hospitalar deve agir como um catalisador, interagindo

seus alunos, e proporcionando condições para a aprendizagem.

O contato do aluno-paciente com o professor e com a escola do hospital funciona

como uma oportunidade de ligação com os padrões da vida cotidiana com a vida em

casa e na escola.

Na escola hospitalar, cabe ao pedagogo criar estratégias que favoreçam o processo

ensino-aprendizagem, contextualizando o desenvolvimento e a experiência daqueles

que vivenciam.

Os trabalhos pedagógicos apresentam diversos ambientes de atuação, e um deles é

a classe hospitalar. É importante compreender que tanto a educação não é elemento

exclusivo da escola quanto a saúde não é elemento exclusivo do hospital. “Não há

uma forma única, nem um único modelo de educação, a escola não é o único lugar

em que ela acontece.” (BRANDÃO, 1981, p.26).

A construção da prática pedagógica, para atuação em ambiente hospitalar, não pode

se esbarrar nas fronteiras do tradicional. As dificuldades, muitas vezes, persistem

por que não se conseguem ver nelas a oportunidade de uma atuação diferenciada.

O pedagogo hospitalar tem o poder e dever de evitar que crianças e adolescentes

hospitalizados deixem de lado suas necessidades pessoais.

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2.3. RELAÇÃO PEDAGOGO HOSPITALAR x ESCOLAR DOENTE

A relação do pedagogo hospitalar com o escolar doente deve se configurar como um

suporte psico-sócio-pedagógico; tirando o escolar da mera situação de doente, e lhe

oferecendo oportunidades para manter-se ativo em suas atividades. O ensino se

regula racionalmente de modo técnico, pois na ação educativa não há somente

ensino mas também aprendizagem. (ALTAREJOS 1983, p. 244 apud MATOS;

MUGIATTI, 2007, p. 69).

O pedagogo hospitalar deve se valer de muita compreensão e criatividade. “Os

educadores tem a missão de auxiliar seus alunos a definir seus pensamentos, a

reconhecer e comunicar seus medos e desejos, pois o educador é um grande

atuante na formação de uma personalidade.” (PORTO, 2008, p. 63).

Ele deve caminhar para construir uma consciência onde os sentimentos e a razão

valorizem o individuo. É também importante compreender que o comprometimento

da saúde do escolar doente, não impossibilita a sua aprendizagem. Apesar das

limitações que a doença ou mesmo uma deficiência possa temporária ou

permanentemente causar, o mesmo continua valendo-se de suas habilidades.

Frente a essas limitações que a enfermidade lhe impõe, descobre-se ainda uma

série de novas possibilidades e habilidades, tornando assim, fértil o campo para a

aprendizagem afetiva.

No ambiente hospitalar crianças e adolescentes acometidos por patologias,

constituem um grupo com diversidades. Estes podem ser hospitalizados devido a

alguma enfermidade crônica ou apenas para realizar exames de rotina, ou ainda,

podem estar naquele ambiente de forma emergente devido a um acidente. Em meio

a todas essas circunstâncias, os processos de desenvolvimento e de aprendizagem

se darão não de maneira melhor ou pior, mas terão um curso personalizado. E é

exatamente isso que torna a hospitalização escolarizada extremamente

diversificada. Na rotina da escola hospitalar, o aluno normalmente permanece nas

instalações do hospital, diferentemente do professor, que vem de fora todos os dias.

É bastante comum para eles não saberem se terão alguma visita, ou mesmo quem

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irá visitá-los. Não possuem idéia de qual será a sua alimentação ou como irá

proceder a rotina dos médicos. Essa rotina imprevisível acaba fazendo com que eles

sintam-se inseguros e completamente deslocados.

Considerando esses fatos, o professor não deve ser mais uma dúvida ou incerteza

no cotidiano da criança. É relevante que o professor cumpra com exatidão os seus

horários e suas freqüências nos atendimentos, o que oferece a eles a certeza de

que serão sempre atendidos nos dias e horários combinados. Sendo assim, eles

terão a possibilidade de encontrar uma determinada organização e sentir-se parte de

um sistema mais estruturado. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para

a Educação Infantil (1998), a rotina é considerada um instrumento de dinamização

da aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o tempo e o espaço.

Os planos de aula devem ser flexíveis e sujeitos a mudanças, sendo planos abertos;

e sempre que necessário devem ser reorientados mediante situação especial.

Podem ocorrer diversas situações em que a aula possa ser interrompida, ou tenham

seu número de horas reduzido. Sendo assim, o professor da classe hospitalar deve

estar preparado para possíveis imprevistos, como um aluno precisar se ausentar da

aula devido a seus procedimentos médicos.

No entanto, isso não quer dizer que o seu trabalho tenha que ser desordenado ou

improvisado, pelo contrário, deve ser duplamente planejado.

Para um efetivo atendimento pedagógico-educacional hospitalar, é importante estar ciente e exercitar a premissa de que cada dia de trabalho na escola se constrói com atividades que tem começo, meio e fim quando desenvolvidas. (FONSECA, 2003, p. 38)

O pedagogo que atua na classe hospitalar deve acompanhar de perto as evoluções

de seus alunos, através do exercício do registrar de modo consciente e crítico, e

evitando colocações tendenciosas em suas conclusões.

Crianças menores de três anos são as que mais sofrem com a hospitalização, para

elas esse ambiente torna-se ainda mais angustiante, e a sensação de abandono

aumenta devido ao fato de que nesta idade elas apenas são capazes de viver o

presente. A partir dos cinco anos começam a ter noção do futuro e são capazes de

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enxergar o dia em que irão retornar para casa, o que diminui a ansiedade. Porém,

nem sempre tudo acontece dessa mesma forma.

[...] a atenção pedagógica, por meio da comunicação e do diálogo, tão essenciais no ato educativo, se propõem a ajudar o enfermo, criança ou adulto, para que imerso nessa situação negativa que atravessa, possa seguir, desenvolvendo-se em todas as suas dimensões pessoais, com maior normalidade possível. [SIMANCAS, LORENTE, 1990, p. 47 apud MATOS, 2007, p. 105].

É simples falar que o escolar doente não é uma doença, mas é necessário

internalizar a idéia de que a doença é sim uma parte deles (Fonseca 2003). Assim,

essa atitude contribui para que sintam-se estimulados a participar de atividades

propostas e de situações ocorridas no cotidiano da escola hospitalar.

É relevante que se tenha acesso ao prontuário dos alunos, pois neles contém os

cuidados específicos da enfermagem, sua patologia, dentre outras observações.

Muitas vezes, mais do que por causa da problemática de saúde, a criança e o

adolescente sofrem porque a hospitalização pode aumentar as suas dificuldades em

acompanhar os conteúdos escolares abordados, e os abriga a distanciar do meio em

que vivia, de amigos, familiares e colegas de escola. Durante o período de

hospitalização é necessário que seja trabalhado também o momento de retorno à

escola, uma vez que a rotina do tratamento hospitalar difere da rotina na escola.

O escolar doente ao ser hospitalizado necessita de uma atenção especial,

considerando que ele adentra a um novo mundo e passa a conviver com pessoas

desconhecidas em um elevado espaço de tempo. É então indispensável que exista

de fato uma relação entre o pedagogo e o aluno paciente, o pedagogo atuando

como mediador e facilitador.

Para uma melhor aceitação da hospitalização, sempre que seja possível deve ser

explicado às crianças e aos adolescentes as suas razões de internação, e quais

benefícios vão obter estando ali. Isso contribuirá para diminuir os seus medos e

angústias. A complexidade do aluno da escola hospitalar não deixa de assemelhar-

se à complexidade do alunado da escola regular. Para o aluno hospitalizado as

relações de aprendizagem em uma escola hospitalar são injeções de ânimo.

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A permanência dos pais em período integral no ambiente hospitalar têm

desencadeado novas formas de organização da assistência à criança hospitalizada.

No Brasil, a preocupação com a permanência dos pais no hospital passou a se

tornar mais efetiva após a promulgação da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que

regulamenta o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No Artigo 12, o ECA

dispõe que: “Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar

condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável,

nos casos de internação de criança ou adolescente.”

Essa adoção de um sistema de alojamento conjunto pediátrico (termo usado como

sinônimo de mãe acompanhante, internação conjunta mãe-filho e mãe participante)

em que a mãe ou responsável pode acompanhar a criança durante os episódios de

hospitalização, é uma estratégia que possibilita a redução do estresse emocional,

tanto da criança, como da família, reduz a incidência de infecção cruzada e diminui o

tempo de internação, favorecendo conseqüentemente a rotatividade e

disponibilidade de leitos infantis.

2.4. O PEDAGOGO HOSPITALAR E SUAS EXPERIÊNCIAS DE PERDAS

HUMANAS

O hospital é por natureza um lugar que causa temor, pois é o encontro da vida com

a morte, e o óbito é sempre marcante e doloroso. Conforme Ortiz; Freitas (2005), o

evento hospitalização traz consigo a percepção da fragilidade, o desconforto da dor

e a insegurança da possível finitude. É um processo de desestruturação do ser

humano que se vê em estado de permanente ameaça.

Na classe hospitalar, tratando-se de pacientes internados, em muitos casos a morte

já é esperada, devido ao comprometimento da doença. Uma das questões mais

delicadas que o pedagogo hospitalar tem de enfrentar, é o óbito de alguns de seus

alunos.

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O professor que atua na classe hospitalar é um profissional que tem formação de educador e por meio de diversas atividades pedagógicas faz um elo entre a realidade hospitalar e a vida cotidiana da criança internada, avaliando, acompanhando e intervindo no processo de aprendizagem da mesma, além de oferecer subsídios para a compreensão do processo de elaboração da doença e da morte. (FONSECA, 2000, p. 25).

O óbito de crianças e adolescentes hospitalizados deixa não só o professor

fragilizado, mas afeta também os demais alunos, pois além da perda de seus

colegas, certamente terão medo que o mesmo venha a acontecer com eles. Para

que os choques sejam amenizados, o profissional da classe hospitalar deve procurar

trabalhar com seus alunos, assuntos que abordem a realidade do óbito. [...] os

professores devem buscar falar às crianças que a existência humana é finita,

oportunizando discutir, com clareza, questões filosóficas em casa e em sala de aula,

favorecendo a construção de conceitos de vida e de morte. (SILVA, 2003 apud

KOVÁCS, 2003, p. 130).

O pedagogo hospitalar pode se sentir impotente em relação à morte de seus alunos,

pelo fato de nada poder fazer para modificar ou evitar o seu caso clínico. Em muitos

casos, é necessário que este profissional realize terapias e seções de análises a fim

de evitar possíveis traumas psicológicos. É relevante que o pedagogo hospitalar

divida o seu estado de ânimo com os demais colegas de trabalho, e, principalmente,

relembre da assistência prestada ao mesmo, antes do falecimento. Isto sem dúvida

auxiliará no restabelecimento do seu equilíbrio emocional.

A morte acarreta profundas alterações na família da vítima, e afeta o relacionamento

de seus membros com as outras pessoas (VALLE, 1994). Para os familiares da

criança ou do adolescente que veio a óbito, aceitar a realidade da morte é sempre

angustiante e desesperador. “[...] o enlutado se sente perdido e abandonado e tenta

desenvolver defesas contra as agonias da dor, já que a raiva aparece como um

sentimento muito forte neste instante.” (BOWLBY, 1973; STEDEFORD, 1986).

É importante que os pais mantenham a todo tempo contato com as pessoas que

estiveram ligadas de alguma forma a seu filho no período da hospitalização. Diante

dessa realidade, faz-se necessário que a classe hospitalar esteja apta para fornecer

apoio emocional tanto para os familiares quanto para o educando.

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Sabemos que a morte está presente no cotidiano escolar, pelas perdas que acontecem na vida de crianças e adolescentes. A morte é considerada ‘escancarada’ porque ocorre nas ruas, na frente de quem estiver por perto, sem máscaras ou anteparos. Todos a vêem, inclusive as crianças. (KOVÁCS, 2003b, p.141).

O pedagogo hospitalar deve estar atento ao fato de que naquele mesmo ambiente

existem outros alunos que precisam de sua atenção. Este deve concentrar-se em

experiências positivas, associadas à assistência oferecidas a outras crianças e

adolescentes que vão recuperar a saúde.

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3 METODOLOGIA

A elaboração do presente trabalho teve sua evolução da seguinte forma:

a) Definição do problema de pesquisa;

b) Reunião da bibliografia dentro do recorte epistemológico escolhido;

c) Leitura e seleção das idéias principais;

d) Entrevistas com profissionais da área pesquisada

e) Organização e digitação das idéias a serem aproveitadas no trabalho.

Esta pesquisa é de natureza qualitativa:

A pesquisa qualitativa ou naturalista envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo de que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. (BOGDAN e BIKLEN, 1982 apud LUDKE E ANDRÉ, 1986, p. 13).

O instrumento utilizado baseia-se em uma entrevista semi-estruturada. Trata-se de

um trabalho reflexivo, investigativo e bibliográfico, que registra relatos de

experiências vivenciadas pelo profissional de pedagogia hospitalar.

3.1 SUJEITOS

Pedagogos que atuam na área hospitalar. Dentre esses sujeitos, oito mulheres e

dois homens.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS

Foram entrevistados dez pedagogos que atuam na classe hospitalar, todos possuem

especialização em Pedagogia Hospitalar. A pesquisa foi realizada em dez hospitais

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do Município de Salvador, dentre eles, oito hospitais da rede pública e dois

particulares.

Sujeito (1) sexo feminino - 3 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (2) sexo feminino - 6 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (3) sexo feminino - 8 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (4) sexo feminino - 9 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (5) sexo feminino - 9 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (6) sexo masculino - 10 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (7) sexo feminino - 10 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (8) sexo masculino - 11 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (9) sexo feminino - 13 anos de formado em Pedagogia

Sujeito (10) sexo feminino - 27 anos de formado em Pedagogia

Tempo de atuação na área hospitalar:

Sujeito (1) possui 1 ano

Sujeito (2) 1 ano e meio

Sujeito (3) 2 anos

Sujeito (4) 2 anos

Sujeito (5) 3 anos

Sujeito (6) 3 anos

Sujeito (7) 3 anos

Sujeito (8) 4 anos

Sujeito (9) 4 anos e meio

Sujeito (10) 5 anos

3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada através de entrevistas, e esta forma foi a escolhida pelo fato

de ser eficiente no que diz respeito à coleta de informações. Diferentemente da

aplicação de questionários, a entrevista semi-estruturada permite que as

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informações fluam em maior escala, pois a cada pergunta feita é permitido que o

entrevistado trilhe por diversos caminhos, discorrendo em muitos casos a falar mais

do que foi perguntado; o que, sem dúvida, contribui de forma positiva, permitindo

que circulem mais informações do que se teria em um questionário.

As entrevistas ocorreram em dias variados. Os ofícios foram entregues às

instituições formalizando as visitas. Foram realizadas dez entrevistas na qual os

profissionais da pedagogia hospitalar relataram suas experiências naquele

ambiente. Estas entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, e então, a

foi feita análise e interpretação dos dados coletados.

3.4 PROCEDIMENTOS DE UTILIZAÇÃO DOS INTRUMENTOS DA PESQUISA

As entrevistas semi-estruturadas como instrumento de pesquisa foram utilizadas

com o objetivo de Identificar práticas pedagógicas utilizadas no ambiente hospitalar.

A partir dos relatos coletados, foi possível obter informações relevantes, como, o

tempo de atuação dos profissionais entrevistados, as dinâmicas dos planos de aulas

e as relações estabelecidas naquele ambiente educativo.

Durante as entrevistas foi utilizado um gravador de voz, a fim de garantir a

autenticidade do que foi dito, pois para uma maior confiabilidade da pesquisa é

essencial que se garanta a autenticidade dos documentos analisados e a fidelidade

dos fatos apresentados. Posteriormente essas informações foram computadas. Sem

dúvida, dessa forma as entrevistas percorreram de forma mais natural.

Assim sendo, o presente trabalho foi organizado a partir de uma pesquisa

bibliográfica e de entrevistas feitas a profissionais da área, a pesquisa foi

organizada.

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3.5 FONTES DE CONSULTA

A pesquisa foi realizada através de consultas às fontes bibliográficas utilizadas na

elaboração do referencial teórico. Foram consultados livros, teses e dissertações. O

portal eletrônico utilizado foi o Portal do SCIELO, onde foram consultados artigos e

dissertações.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa revelam como se processa a relação saúde-educação,

através da intervenção pedagógica no contexto da atuação do pedagogo hospitalar

infantil. Bem como identifica práticas pedagógicas utilizadas nesse mesmo

ambiente.

Serão aqui apresentadas as 10 entrevistas, e essas contém 14 questões. Todas

com a finalidade de entender como funciona a dinâmica do trabalho do pedagogo

hospitalar.

Questão 1 - Como chegou na Pedagogia Hospitalar?

“Assim que entrei na faculdade me identifiquei com a pedagogia hospitalar. Posteriormente fiz especialização na área.” (P1)

“Descobri essa afinidade a partir de leituras sobre artigos que abordavam o papel da pedagogia no ambiente hospitalar. Fiz especialização.” (P2) “Amo desafios. Através da especialização.” (P3)

“Me identifiquei com a dinâmica do trabalho do pedagogo hospitalar. Através da especialização.” (P4)

“Conheci a pedagogia hospitalar através do Projeto Criança Viva, e fiz especialização para trabalhar na área. ”(P5) “Conheci o trabalho através de uma colega que sempre relatava sobre a experiência de sua filha no hospital, e o trabalho feito pelos pedagogos naquele ambiente. Fiz especialização.” (P6)

“Através de cursos sobre o tema, e me especializei” (P7) “Devido a um curso de extensão, promovido pela Secretaria da Educação Cultura e Lazer (SECULT), e da posterior seleção para o cargo. Fiz especialização.” (P8) “Tive que fazer especialização.” (P9) “Tomei conhecimento no período em que minha sobrinha estava internada e foi assistida por um pedagogo hospitalar. Eu estava concluindo a graduação em pedagogia e posteriormente optei pela especialização na classe hospitalar.” (P10)

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Todos os entrevistados fizeram especialização em Pedagogia Hospitalar para poder

atuar na área. Segundo Matos (2007), a Pedagogia Hospitalar requer, pela sua

especificidade habilitados e competentes profissionais. O trabalho do pedagogo em

Classes Hospitalares requer muitas especificidades, na qual o profissional de

Pedagogia precisa realizar a especialização para então entender como se processa

a educação em instituições não-escolares.

Questão 2 - Como é trabalhar com crianças e adolescentes hospitalizados?

“Extremamente gratificante, uma verdadeira troca de conhecimento.” (P1) “É um trabalho que me realiza. É muito bom poder contribuir com a melhoria de vidas.” (P2) “Defino como algo fortificante, percebo o gosto de viver dos alunos.” (P3) “Acho maravilhoso e não me vejo trabalhando em outra área que não seja essa.” (P4) “Maravilhoso. Eles respondem com mais atenção ao processo de escolarização em relação a alunos em sala de aula.” (P5) “É um imenso prazer realizar este trabalho com eles.” (P6) “É um trabalho que envolve muito o lado emocional considerando o fato da enfermidade. Apesar disso amo trabalhar na classe hospitalar.” (P7) “Penoso e ao mesmo tempo maravilhoso, exige bastante equilíbrio emocional. A afetividade é essencial para ganhar a confiança dos alunos.” (P8) “É uma experiência singular. Porém os desafios são diários, muitas vezes é necessário que eu realize sessões de análises para manter um equilíbrio emocional.” (P9) “É um trabalho que exige muito equilíbrio emocional, mais extremamente gratificante.” (P10)

Todos os entrevistados disseram que o trabalho com crianças e adolescentes

hospitalizados é gratificante e prazeroso, e que é possível perceber o gosto de viver

de muitos dos seus alunos. A Pedagogia Hospitalar tem o poder de trazer ao escolar

doente uma determinada esperança, no momento em que passa para ele a certeza

de que está sendo acolhido mesmo em momentos difíceis.

Parece-me que, para a criança hospitalizada, o estudar emerge como um bem da criança sadia e um bem que ela pode resgatar para si mesma como um vetor de saúde no engendramento da vida, mesmo em fase do

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adoecimento e da hospitalização (CECCIM apud ORTIZ; FREITAS 2003, p.47).

A esperança é uma das emoções essências para que o individuo mantenha-se vivo,

permitindo o desejo de aprender, desenvolver e executar suas potencialidades.

Quarenta por cento (40%) dos entrevistados ressaltaram ainda, que este é um

trabalho que exige bastante equilíbrio emocional, pois, se trata de crianças e

adolescentes enfermos e que muitas vezes vem a óbito.

Questão 3 - Qual a maior dificuldade no seu trabalho?

“O salário por ser insuficiente.” (P1) “Os alunos ainda vêem a Pedagogia Hospitalar apenas como um reforço escolar.” (P2) “Ausência de alguns materiais. O hospital dificilmente disponibiliza. (P3) “Faltam recursos como livros que solicito.” (P4) “O óbito é o mais difícil. O pedagogo hospitalar tem de estar muito preparado para lidar com essas situações.” (P5) “A maior dificuldade é quando um aluno vem a óbito.” (P6) “O falecimento de algum aluno.“ (P7) “Quando acontece um falecimento. E preciso recuperar rapidamente as emoções, pois existem outros alunos precisando de apoio.” (P8) “Superar o óbito. O primeiro aluno que eu tive faleceu rapidamente. Foi muito difícil superar.” (P9) “Lidar com o lado emocional ao ver seres tão pequenos com sua saúde debilita. E principalmente lidar com a morte do escolar enfermo.” (P10)

O óbito é a questão que mais foi relatada pelos pedagogos. Sessenta por cento

(60%) consideram esta a maior dificuldade no seu trabalho, uma vez que a morte é

muito decorrente nas classes hospitalares. Vinte por cento (20%) disseram que pelo

fato dos hospitais não disponibilizarem todos os materiais pedagógicos que eles

necessitam, a dinâmica do trabalho é prejudicada, não podendo ser exercita em sua

totalidade. Dez por cento (10%) estão insatisfeitos com o salário, alegando ser

insuficiente. O que prejudicaria o seu trabalho. E os dez por cento (10%) restante,

relataram que alguns alunos enxergarem a pedagogia hospitalar apenas como um

reforço escolar, minimizando assim a sua real importância. O trabalho nas classes

hospitalares possui uma realidade singular.

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Segundo Matos (2007), apenas quem vivenciou diariamente nas classes

hospitalares, pode fazer idéia de como se processa essa realidade.

Questão 4 - Como você planeja as atividades?

“O planejamento é realizado mediante a necessidade de cada grupo. Este é organizado e elaborado conforme a problemática apresentada em momentos de avaliação.” (P1) “Através de planos e atividades de acordo com o ano em que o aluno estava cursando em sua escola. E através de projetos de aprendizagem” (P2) “A partir da evolução dos alunos.” (P3) “Planejo atividades compatíveis com o andamento escolar da criança, baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Pcns).” (P4) “Em encontros com os outros professores. ” (P5) “Através de reuniões com um grupo especifico de professores.” (P6) “As aulas são planejadas juntamente com a equipe do trabalho pedagógico em dois dias da semana.” (P7) “Planejo juntamente com as outras quatro professoras. Levamos em consideração critérios como série e o desenvolvimento dos alunos.” (P8) “Planejo individualmente, observo muito as evoluções dos alunos e a partir daí elaboramos novas atividades.” (P9) “Planejo individualmente, cada semana preparo novos planos de aula. Observo as evoluções.” (P10)

Quarenta por cento (40%) dos entrevistados planejam suas atividades levando em

consideração a necessidade que cada aluno paciente demonstra, a partir de

momentos de avaliação. Baseiam-se em projetos de aprendizagem. Outros quarenta

por cento (40%) planejam suas atividades em grupo, em um dia determinado, e

assim, a partir dessas reuniões, novas atividades são elaboradas. É também é

levado em consideração o processo de evolução dos alunos. Vinte por cento (20%)

disseram que suas atividades são elaboradas individualmente a partir de projetos

pedagógicos. Segundo Matos (2007), a inserção da pedagogia no espaço hospitalar

não pode estar de forma alguma, dissociada de um projeto pedagógico adequado.

Questão 5 - Como o plano de aula é desenvolvido?

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“Com projetos, atividades de ludoterapia, músicas educativas ou jogos.” (P1) “Conforme a necessidade e problemática de cada aluno-paciente, mesmo estando em interação - grupo.” (P2) “As atividades são planejadas com começo, meio e fim. Em alguns casos, as atividades acabam no mesmo dia e em outros, são prolongadas. Em muitos situações elas acabam no mesmo dia, pois não se pode ter certeza se o aluno permanecerá no hospital no dia ou na semana seguinte.” (P3) “A partir da análise do nível dos alunos, partindo geralmente do projeto pedagógico em vigor.” (P4) “Em atividades voltadas para um tema que seja do interesse dos alunos, ou temas definidos em planejamento.” (P5) “É desenvolvido com o objetivo de atender a demanda dos alunos-pacientes matriculados na escola hospitalar.” (P6) “Após uma minuciosa observação do grupo a trabalhar. Os planos de aula sempre correm o risco de serem modificados, caso o aluno precise se deslocar para enfermaria.” (P7) “Conforme a necessidade educacional dos alunos. O plano está sempre sujeitos a mudanças se necessário.” (P8) “Através de projetos. Algumas crianças trazem os próprios livros da escola para dar continuidade.” (P9) “O plano de aula é desenvolvido de acordo com a necessidade dos alunos. Existem escolas que encaminham algumas atividades, mais a maioria não encaminha.” (P10)

Todos os entrevistados disseram que os planos de aula são desenvolvidos conforme

a necessidade de cada grupo, a partir de análises e observações iniciais. Porém

vinte por cento (20%) ressaltaram ainda que os planos de aula correm o risco de

serem modificados no momento de sua aplicação, ou mesmo poucas horas antes,

pois, tratando-se de alunos hospitalizados, esses podem ter que se deslocar para

enfermaria a qualquer momento, ou ter de se ausentar da aula, pelo fato de estar

com sonolência devido a medicamentos, dentre outras situações. Diante dessas

situações as aulas podem ser obrigadas a encerrar antes do previsto.

Quando se trabalha com projetos, os processos podem ser ressaltados ou dirimidos em qualquer uma de suas etapas. É preciso estar atento à necessidade de mudanças quando as mesmas se fizerem necessárias. (PORTO, 2008, p. 34)

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Esses acontecimentos devem ser considerados como parte da rotina das classes

hospitalares. Vinte por cento (20%) dos entrevistados ressaltam que planejam as

aulas a partir de livros e atividades que a escola da origem do aluno.

Questão 6 - Você teve acesso na sua formação básica de pedagogia a

conteúdos que necessita hoje atuando na área de Pedagogia Hospitalar?

“Apenas na disciplina de psicologia.” (P1) “Sim, psicologia.” (P2) “Psicologia.” (P3) “Sim, psicologia.” (P4) “Sim. Quando estudei educação especial.” (P5) “Sim, em psicologia e educação especial.” (P6) “Sim. Todas as matérias que estudei durante a minha graduação estão sendo válidas para que eu realize o meu trabalho no hospital.“ (P7) “Sem dúvida utilizo como conhecimento todas as matérias.” (P8) “Não.” (P9) “Não.” (P10)

Sessenta por cento (60%) dos entrevistados disseram que durante a sua formação

básica de pedagogia tiveram acesso, aos conteúdos que necessitam hoje atuando

na área de Pedagogia Hospitalar. E as disciplinas relatadas foram apenas Psicologia

e Educação Especial. Vinte por cento (20%) responderam que todas as disciplinas

do curso de pedagogia contemplam o trabalho que executam nas classes

hospitalares, e mais vinte por cento (20%) disseram que nenhuma das disciplinas

que estudaram em sua graduação foram válidas para auxiliar o seu trabalho em

hospitais.

Questão 7 - Em que espaço do hospital esse trabalho é realizado?

“Em uma sala especializada para as atividades educacionais.” (P1) “Na oncologia.” (P2) “Na classe.” (P3)

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“Em uma sala específica para as aulas.” (P4) “No próprio leito do aluno paciente.” (P5) “Na hemodiálise. Em macas (individualmente).” (P6) “Especificamente nos leitos.” (P7) “Na oncologia.” (P8) “Em uma sala especial, que está sempre reservada para atendimentos pedagógicos.” (P9) “Na sala de hemodiálise pediátrica.” (P10)

Através das respostas dos pedagogos foi possível perceber que as aulas ocorrem

em lugares variados. Segundo Fonseca (2003), se o professor dispõe de sala

ambiente, ela deve ser constantemente organizada, a fim de que possa melhor

suprir as demandas nelas atendidas. Quarenta por cento (40%) responderam que

suas aulas acontecem em uma sala específica, reservada somente para os

atendimentos pedagógicos. Trinta por cento (30%) realizam suas aulas no próprio

leito do escolar doente, vinte por cento (20%) na oncologia e dez por cento (10%) na

sala de hemodiálise pediátrica. Dentre os espaços físicos que o professor da área

hospitalar utiliza para realizar suas aulas, as enfermarias pediátricas podem ser

outro ambiente.

Para que todo o trabalho hospitalar se torne eficiente e eficaz, é imprescindível á organização de toda a comunidade hospitalar, que pessoas realmente engajadas trabalhem para a melhoria dos serviços. (PORTO, 2008, p. 30)

O atendimento nos leitos acontece nos casos em que o aluno paciente requer

internação por tempo indeterminado e fica impossibilitado de deslocar-se até as

salas educacionais. O educador é um grande atuante na formação da personalidade

de seus alunos.

Questão 8 - Como é a sua relação com a família do escolar enfermo?

“Bastante amigável, eles apóiam e gostam muito do trabalho dos pedagogos hospitalares.” (P1) “Sempre harmoniosa, eles se sentem muito gratos e confiam no trabalho do pedagogo.” (P2) “Procuro manter um bom diálogo com eles.” (P3)

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“Normalmente não converso muito com a família do aluno-paciente. Sempre cumprimento, mais não converso muito.” (P4) “Tenho uma ótima relação com a família dos meus alunos, nunca tive nenhum tipo de problema.” (P5) “Ótima, no hospital em que trabalho as relações sempre foram saudáveis. Família-aluno-professor.” (P6) “Super tranqüila. Normalmente as famílias demonstram estarem satisfeitas com o apoio dos pedagogos nos hospitais.” (P7) “Tenho sempre o cuidado de manter um bom relacionamento.” (P8) “Converso principalmente muito com as mães, porque elas acompanham seus filhos em tempo integral, tento passar muito incentivo e palavras de conforto.” (P9) “Muita cumplicidade, afeto e respeito mútuo.“ (P10)

Noventa por cento (90%) possuem uma boa relação com a família dos seus alunos

pacientes. Tendo o cuidado de manter um diálogo saudável, o que é muito

importante porque a família é quem mais conhece a criança ou o adolescente que

está hospitalizado, e este será como um elo, facilitando o relacionamento e a

comunicação do pedagogo hospitalar. Porém, dez por cento (10%) mostraram

através de sua fala que não investe no diálogo com a família de seus alunos.

Sem dúvida, as famílias sentem-se confortadas com o apoio e instrução que os

pedagogos oferecem aos seus filhos, pois eles estão passando por momento de

fragilidade emocional.

Um aspecto relevante quanto à presença do acompanhante no ambiente hospitalar é o fato de que este, em geral conhece bem a criança e lhe serve tanto com intérprete da situação de hospitalização e tratamento quanto como facilitador das relações da criança e os demais profissionais. (FONSECA, 2003, p 29)

O bom relacionamento entre o educador e o acompanhante do aluno-paciente é

fundamental para o desenvolvimento e aceitação da educação continuada

Questão 9 - Como é a sua relação com a equipe médica?

“Tranquila, visto que os médicos valorizam e prestigiam o trabalho do pedagogo no ambiente hospitalar.” (P1) “Nunca tive problema, eles apóiam a dinâmica do trabalho.“ (P2)

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“Tranqüila, eles são muito conscientes da importância do pedagogo naquele momento delicado.” (P3) “É uma relação de respeito.” (P4) “Nos relacionamos pouco.” (P5) “Existe um respeito mutuo.” (P6) “Tranquila e saudável.” (P7) “Cordial.” (P8) “Nunca tivemos nenhum problema de relacionamento.” (P9) “É uma relação harmoniosa” (P10)

Todos os entrevistados disseram que a relação com a equipe médica é tranquila, e

cordial e que eles são conscientes da importância do trabalho da pedagogia

hospitalar para o escolar doente. Porém um dos entrevistados destacou que estes

se relacionam muito pouco. Crianças e adolescentes que dispõem de um

atendimento pedagógico educacional no hospital tem um menor período de

internação, em relação às demais. (FONSECA E CECCIM, 1999. Apud FONSECA

2003). Junto aos demais profissionais do ambiente hospitalar o professor é também

um veículo útil.

[...] considerando as condições e limitações especiais, compete ao sistema educacional e serviços de saúde, oferecer assessoramento permanente ao professor, bem como inseri-lo na equipe de saúde que coordena o projeto terapêutico individual. (RCN, 2002, p. 18)

A atuação de pedagogos da classe especial dentro dos hospitais é de ação

educativa, social e humanitária, e esta atuação não deve nem se opor nem se

confundir com a ação e finalidade que são naturais à medicina e ao ato médico.

Questão 10 - Você sempre se informa da patologia do seu aluno?

“Sim, é extremamente necessário.” (P1) “Sem dúvida. E essa é uma das primeiras coisas que faço quando recebo novos alunos pacientes.” (P2) “Sim, não só da patologia mais procuro me informar das reações dos medicamentos que eles tomam.” (P3)

“É fundamental, uma das primeiras coisas que faço.” (P4)

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“Sempre.” (P5) “Sim, inclusive para compreender e investir nas possibilidades de cada aluno atendido.” (P6) “Fazemos a anamnese em todos os casos.” (P7) “Sim, e procuro conversar com a própria criança sobre sua patologia.” (P8) “Sim.” (P9) “Com certeza, até mesmo procuro saber se os remédios que elas tomam vem a causar algum efeito como mudança de comportamento ou sonolência.” (P10)

Todos afirmaram que se informam da patologia de seus alunos, esse procedimento

inicial que sempre deve ser realizado. Porém vinte por cento (20%) ressaltaram que

procuram estar informados sobre a reação que os remédios podem causar.

Ao primeiro contato com o aluno hospitalizado, o professor deve ler o prontuário tanto para tomar conhecimento da situação de saúde da criança quanto para se informar sobre a evolução e prognósticos do tratamento. (FONSECA 2003, p. 38)

O professor hospitalar deve estar atendo às particularidades de cada caso. Segundo

os RCN (2008), o professor deve ter acesso aos prontuários dos usuários, e dos

serviços de saúde sob atendimento pedagógico, seja para obter informações, seja

para prestá-las do ponto de vista de sua intervenção e avaliação educacional.

Questão 11 - Você dispõe de todos os recursos que necessita?

“Não.” (P1) “Sempre que solicito eles atendem.” (P2) “Sim.” (P3) “Não.” (P4) “Não.” (P5) “Não. Sinto falta de um equipamento para projeção de vídeos, já solicitei mais não obtive resposta.” (P6) “Não.” (P7) “Não.” (P8) “Sim. O hospital recebe muitas do ações.” (P9) “Sim. Pelo hospital e por doações.” (P10)

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Sessenta por cento (60%) não dispõem de todos os matérias e recursos que

necessita para a realização do seu trabalho dentro das classes hospitalares.

Quarenta por cento (40%) dispõem de todos os materiais que são solicitados.

Independente de dispor ou não de muitos recursos, segundo Matos (2007), o

pedagogo hospitalar deve se valer de planejamentos estratégicos, pois isto é

indispensável para o sucesso dos alunos.

Questão 12 - O que poderia ajudar a tornar o seu trabalho mais eficiente?

“Mais recursos tecnológicos. O ideal seria o hospital disponibilizar computadores, para que alguns alunos possam realizar atividades de jogos educativos.” (P1) “A disponibilização de recursos, como um maior acervo de livros.” (P2) “Mais tecnologia (computadores).” (P3) “Que nas salas de aula tivessem alguns computadores disponíveis para trabalho.” (P4) “Recursos midiáticos, internet.” (P5) “Se houvessem mais pedagogos no ambiente acolheríamos um maior número de alunos.” (P6) “Ter mais professores contratados atuando.” (P7) “Salas mais amplas.” (P8) “Salas mais amplas.” (P9) “Melhor reconhecimento e aumento de salário.” (P10)

Pode-se perceber que metade dos pedagogos entrevistados disseram que sentem

falta de recursos tecnológicos como computadores, internet e recursos midiáticos. A

inclusão digital no contexto hospitalar propicia novos olhares e ações promovendo

um novo ambiente de interação.

[...] A implantação em hospitais, com centros de acesso à internet, já se estende a algumas realidades hospitalares desde 1992. O que promove estrategicamente a inclusão digital e a educação para a cidadania, denominada EIC Hospitalar - Escola de informática e Cidadania em Contexto Hospitalar. (MATOS, 2007, p. 140)

Vinte por cento (20%) sentem necessidade de um maior número de profissionais

atuando nas classes hospitalares, a fim de atender a grande demanda de alunos.

Vinte por cento (20%) acham que salas mais amplas poderiam ajudar na eficiência

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do seu trabalho, e apenas dez por cento (10%) afirmam que se houve um melhor

reconhecimento da pedagogia hospitalar, os salários seriam mais altos, o que para

eles, ajudaria na eficiência do trabalho.

Questão 13 - Quanto tempo duram as aulas e em que turno elas acontecem?

“4 horas. Turno vespertino.” (P1) “3 horas. Turno matutino.” (P2) “50 minutos quando o atendimento acontece nas macas e 3 horas quando o atendimento é em grupo. Nos dois turnos.” (P3) “50 minutos (atendimento em leitos). Turno vespertino.” (P4) “4 horas. Turno vespertino.” (P5) “4 horas. Turno vespertino.” (P6) “45 minutos (atendimento em leitos) Turno matutino e vespertino.” (P7) “4 horas. Turno vespertino.” (P8) “3 horas. Turno matutino.” (P9) “4 horas. Turno vespertino.” (P10)

Cinquenta por cento (50%) dos entrevistados disseram que suas aulas têm a

duração de 4 horas, e estas acontecem sempre no período da tarde. Vinte por cento

(20%) disseram que suas aulas duram cerca de 3 horas, e acontecem no período da

manhã. Outros vinte por cento (20%) tem a duração das aulas de 50 minutos e

esses atendimentos ocorrem individualmente, no próprio leito do escolar doente.

Isso acontece quando o mesmo não pode se deslocar; esses atendimentos são no

período vespertino. Dez por cento (10%) dos entrevistados realizam suas aulas com

duração de 45 minutos, também em atendimentos individualizados, e ocorrem tanto

no período matutino como no vespertino. Segundo Fonseca (2008), as escolas

hospitalares deveriam funcionam sempre no horário da tarde, a fim de evitar

possíveis tensões com a rotina médico-hospitalar que tende a ser mais intensa no

período da manhã, que é quando acontecem as rondas médicas, e muitos dos

exames ocorrem mais pela manhã.

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Questão 14 - Você comunica a escola da criança sobre a continuidade dos

estudos da mesma?

“Sim, através de relatórios elaborados bimestralmente.” (P1) “Elaboro um parecer descrevendo as atividades desenvolvidas e a evolução dos alunos.” (P2) “Sim. Através de relatórios descrevo as evoluções dos alunos.” (P3) “Após a alta é enviada à escola um relatório com o diagnóstico inicial e final do aluno,mostrando como ele estava quando entrou na classe hospitalar e quais evoluções que teve.” (P4) “Sim, para que o acompanhamento pedagógico no hospital seja válido.” (P5) “Sim, isso é fundamental.“ (P6) “Um relatório é encaminhado com o andamento das atividades desenvolvidas.” (P7) “Comunico, é importante para validar o atendimento.” (P8) “Preparo relatórios e encaminho a coordenação do instituto em que trabalho.” (P9) “Sim.” (P10)

Todos os entrevistados afirmaram que enviam relatórios à escola dos alunos, e que

nesses relatórios contém as atividades e as evoluções que eles tiveram durante o

período de internação. Esse relatório é essencial para validar o acompanhamento

pedagógico. O pedagogo hospitalar deve exercitar-se para que diariamente registre

as suas impressões sobre o desempenho dos aluno hospitalizados, para que as

informações entregues às escolas, tenham um diagnóstico mais detalhado.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada possibilitou conhecer a proposta da Pedagogia Hospitalar, bem

como discutir sobre a importância do profissional de pedagogia nesse ambiente.

Através desta pesquisa, foi possível perceber que crianças e adolescentes que

recebem atendimento pedagógico durante o período de internação, passam por

processos de evolução no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo. Não é pelo

fato de estarem hospitalizadas que perdem o direito ou a capacidade de aprender.

Através de relatos dos pedagogos que atuam nos hospitais da cidade de Salvador

(Bahia), foi possível perceber como se processa a dinâmica das classes

hospitalares. Crianças e adolescentes que dispõe de atendimento pedagógico

passam a ter um menor período de internação em relação às outras.

Os profissionais que foram entrevistados nesta pesquisa declararam que para

realizar o trabalho do pedagogo hospitalar, é necessário um grande equilíbrio

emocional, considerando a saúde tão fragilizada dos alunos, e o possível óbito.

O papel que as classes hospitalares das instituições de Salvador vem promovendo,

tem tido grande eficiência no que diz respeito ao escolar enfermo. Evitando assim,

maiores prejuízos na sua formação escolar.

A inserção do pedagogo no hospital não pode de maneira alguma, estar dissociada

de um projeto pedagógico adequadamente estruturado, pois este é o caminho para

o sucesso dos alunos. Após alguns relatos foi também possível perceber que os

planos de aula elaborados para as classes hospitalares devem ser flexíveis. Todo

aluno hospitalizado deve ter um acompanhante, pois este lhe servirá como

facilitador, e se necessário, interprete das suas relações.

O hospital é um local que muitas vezes lembra dor e sofrimento, e por isso causa

desconforto nos pacientes. A classe hospitalar permite que o escolar enfermo

vivencie outros momentos dentro daquele mesmo ambiente, possibilitando que este

mantenha suas relações com o mundo externo, minimizando então a ruptura de sua

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antiga rotina. A criação das classes hospitalares é uma questão social e deve ser

vista com seriedade e responsabilidade.

Esta pesquisa revelou que os pedagogos hospitalares procuram promover

atividades que contemplem o momento do brincar, do pensar e criar. Mantendo em

ebulição as potencialidades do aluno hospitalizado. Devido à hospitalização, muitas

vezes a sua auto-estima é alterada, e afloram sentimentos de insegurança. E esse é

um dos fatores que a intervenção pedagógica precisa estar atenta para intervir.

Os atendimentos pedagógicos vêm contribuindo para que esses pacientes

restabeleçam seus valores, estimulando a aquisição de novas competências e

habilidades. Assim, as crianças e os adolescentes hospitalizados continuarão com

perspectivas, sem perder o contato com os livros e as brincadeiras. Mantendo

contato a escola hospitalar, se sentirão integrados ao mundo externo. Deixando de

pensar na doença, estes podem se envolver de tal forma, que se sintam produtivos e

felizes.

Considerando o grande número de hospitais pediátricos, a pedagogia hospitalar

ainda não foi inserida na grande maioria deles. Segundo Matos (2007), ainda não há

um reconhecimento satisfatório no sentido de que as crianças e adolescentes

hospitalizados têm o direito à educação.

Percebi ao longo do trabalho que educar significa utilizar práticas pedagógicas que

desenvolvam simultaneamente a razão e o sentimento. A educação, além de

transmitir o saber, assume um sentido terapêutico no momento que desperta no

educando uma nova consciência.

A sociedade brasileira tem o dever de oferecer educação de qualidade e condições

dignas de saúde a todas as crianças e adolescentes hospitalizados, estejam estes a

um longo ou curto período nos hospitais, pois este é um direito garantido por Lei, e

tem um caráter emergencial. Trata-se de uma questão de ordem política, social,

psicológica educacional.

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O presente estudo mostrou a importância das Classes Hospitalares para o escolar

enfermo. Portanto, fica o desafio de construir caminhos e buscar alternativas para

reescrever a história, para que todo aluno escolarizado jamais interrompa seu

processo de aprendizagem, a fim de tornar-se um cidadão pleno e crítico.

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REFERÊNCIAS

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LUDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2005. MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGGIATI, Margarida M. Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. MATOS, Elizabete Lúcia Moreira, FREITAS Margarida Maria Teixeira de Mugiatt - Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2007. MATOS, Elizabete Lúcia Moreira, FREITAS Margarida Maria Teixeira de Mugiatti. Educação da criança hospitalizada: as várias faces da pedagogia no contexto hospitalar. São Paulo: Ed. Cedes, 2009. ORTIZ, Leodi Conceição Meireles; FREITAS, Soraia Napoleão. Classe hospitalar: caminhos pedagógicos entre saúde e educação. Santa Maria: Ed. UFSM, 2005. PORTO, Olívia. Psicopedagogia hospitalar: intermediando a humanização na saúde. Editora Wak, Rio de Janeiro, 2008 ROMAN, Eurilda Dias, STEYER, Viviam Edite. A criança de 0 a 6 anos e a educação infantil: um retrato multifacetado. Canoas: Ed. ULBRA, 2001 STEDEFORD, A. Encarando a morte: uma abordagem ao relacionamento com o paciente terminal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. VALLE, E.R.M. Assistência psicológica a família de crianças com câncer. Anais do III Encontro e I Congresso Brasileiro de Psico- oncologia, 1994. Disponível em: http://www.sbpo.org.br/boletim_Ano_I_-_Edicao_3_Maio_Junho_2004_.php Acessado em Dezembro de 2010 VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. Educação em âmbito hospitalar: o mito da descontinuidade. Rio de Janeiro: Anais do 1° Encontro Nacional sobre Atendimento Escolar Hospitalar. 2000.

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APÊNDICES

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Como chegou na Pedagogia Hospitalar?

Ped 1 Assim que entrei na faculdade me identifiquei com a pedagogia hospitalar. Posteriormente fiz especialização na área.

Ped 2 Descobrir essa afinidade a partir de leituras sobre artigos que abordavam o papel da pedagogia no ambiente hospitalar. Fiz especialização.

Ped 3 Amo desafios. Através da especialização. Ped 4 Me identifiquei com a dinâmica do trabalho do pedagogo hospitalar.

Através da especialização. Ped 5 Conheci a pedagogia hospitalar através do Projeto Criança Viva, e

fiz especialização para trabalhar na área.

Ped 6 Conheci o trabalho através de uma colega que sempre relatava sobre a experiência de sua filha no hospital, e o trabalho feito pelos pedagogos naquele ambiente. Fiz especialização.

Ped 7 Através da especialização.

Ped 8 Através da realização de um curso de extensão, promovido pela Secretaria da Educação Cultura e Lazer (SECULT), e da posterior seleção para o cargo. Fiz especialização.

Ped 9 Através da especialização

Ped 10 Tomei conhecimento no período em que minha sobrinha estava internada e foi assistida por um pedagogo hospitalar. Eu estava concluindo a graduação em pedagogia e posteriormente optei pela especialização em pedagogia hospitalar.

Como é trabalhar com crianças e adolescentes hospitalizados?

Ped 1 Extremamente gratificante, uma verdadeira troca de conhecimento. Ped 2 É um trabalho que me realiza. Muito bom poder contribuir com a

melhoria de vidas.

Ped 3 Defino como algo fortificante, percebo o gosto de viver dos alunos. Ped 4 Acho maravilhoso e não me vejo trabalhando em outra área que

não seja essa. Ped 5 Maravilhoso. Eles respondem com mais atenção ao processo de

escolarização em relação a alunos em sala de aula.

Ped 6 É um imenso prazer realizar este trabalho com eles.

Ped 7 É um trabalho que envolve muito o lado emocional considerando o fato da enfermidade.

Ped 8 Penoso e ao mesmo tempo maravilhoso, exige bastante equilíbrio emocional. É uma troca de afetividade a fim de ganhar confiança.

Ped 9 É uma experiência singular. Porém os desafios são diários e muitas vezes é necessário que o professor realize sessões de análises para equilíbrio emocional.

Ped 10 É um trabalho que exige muito equilíbrio emocional, mais extremamente gratificante.

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Qual a maior dificuldade no seu trabalho?

Ped 1 O salário por ser insuficiente. Ped 2 Os alunos ainda vêem a Pedagogia Hospitalar como apenas um

esforço escolar. Ped 3 Ausência de alguns recursos e matérias. O hospital dificilmente

disponibiliza. Ped 4 A falta recursos como alguns livros que solicito. Ped 5 O óbito é o mais difícil. O pedagogo hospitalar tem de estar muito

preparado para lidar com essas situações. Ped 6 Para mim a maior dificuldade é quando um aluno vem a óbito. Ped 7 O falecimento de algum aluno. Ped 8 Quando acontece um falecimento. E é preciso recuperar

rapidamente as emoções, pois sempre há outros alunos precisando de apoio.

Ped 9 Superar o óbito. O primeiro aluno que eu tive faleceu rapidamente. Foi muito difícil superar.

Ped 10 Lidar com o lado emocional ao ver crianças e adolescentes extremamente debilitados fisicamente e principalmente lidar com a morte do escolar enfermo.

Como você planeja as atividades?

Ped 1 O planejamento é realizado mediante a necessidade de cada grupo. Este é organizado, elaborado, conforme a problemática apresentada em momentos de avaliação.

Ped 2 Através de planos e atividades de acordo com a série e evolução dos alunos e projetos de aprendizagem

Ped 3 Trabalho com projetos de aprendizagem, e a partir da evolução dos alunos.

Ped 4 Planejo atividades compatíveis com o andamento escolar da criança, baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Pcns).

Ped 5 Em encontros com os outros professores. Ped 6 Através de reuniões com um grupo especifico de professores.

Ped 7 As aulas são planejadas juntamente com a equipe do trabalho pedagógico em dois dias da semana.

Ped 8 Planejo juntamente com as outras 4 professoras. Levamos em consideração critérios como série e o desenvolvimento dos alunos.

Ped 9 Planejo individualmente, observo muito as evoluções dos alunos e a partir daí elaboro novas atividades.

Ped 10 Planejo individualmente, cada semana preparo novos planos de aula. Observo as evoluções.

Como o plano de aula é desenvolvido?

Ped 1 Com projetos, atividades de ludoterapia, músicas educativas ou jogos.

Ped 2 Conforme a necessidade e problemática de cada aluno-paciente, mesmo estando em interação - grupo.

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Ped 3 As atividades são planejadas com começo, meio e fim. Em alguns casos, as atividades acabam no mesmo dia e em outros, são prolongadas.

Ped 4 A partir da análise do nível dos alunos, partindo geralmente do projeto pedagógico em vigor.

Ped 5 Em atividades voltadas para um tema que seja do interesse dos alunos, ou temas definidos em planejamento.

Ped 6 É desenvolvido com o objetivo de atender a demanda dos alunos-pacientes matriculados na escola hospitalar.

Ped 7 Após uma minuciosa observação do grupo a trabalhar. Os planos sempre correm o risco de serem modificados, caso o aluno precise se deslocar da sala de aula para enfermaria

Ped 8 Conforme a necessidade educacional dos alunos. O plano está sempre sujeitos a mudanças se necessário.

Ped 9 Através de projetos. Algumas crianças trazem os próprios livros da escola para dar continuidade.

Ped 10 O plano de aula é desenvolvido de acordo com a necessidade dos alunos. Existem escolas que encaminham algumas atividades, a maioria não.

Você teve acesso na sua formação básica de pedagogia a conteúdos que necessita hoje atuando na área de Pedagogia Hospitalar?

Ped 1 Apenas na disciplina de psicologia. Ped 2 Sim, psicologia. Ped 3 Sim, psicologia. Ped 4 Sim, psicologia Ped 5 Sim. Quando estudei educação especial. Ped 6 Sim, em psicologia e educação especial. Ped 7 Sim. Todas as matérias que estudei durante a minha graduação

estão sendo válidas para que eu realize o meu trabalho no hospital. Ped 8 Sim, sem dúvida utilizo como conhecimento todas as matérias. Ped 9 Não. Ped 10 Não.

Em que espaço do hospital esse trabalho é realizado?

Ped 1 Em uma sala especializada para as atividades educacionais.

Ped 2 Em uma sala especial, que está sempre reservada para atendimentos pedagógicos.

Ped 3 Na classe preparada para as aulas. Ped 4 Sala especifica para as aulas.

Ped 5 No próprio leito do aluno-paciente. Ped 6 Na hemodiálise. Em macas (individualmente). Ped 7 Especificamente nos leitos. Ped 8 Na oncologia.

Ped 9 Na oncologia.

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Ped 10 Na sala de hemodiálise pediátrica.

Como é a sua relação com a família do escolar enfermo?

Ped 1 Bastante amigável, eles apóiam e gostam muito do trabalho da pedagogia hospitalar.

Ped 2 Sempre harmoniosa, eles se sentem muito gratos e confiam no trabalho do pedagogo.

Ped 3 Procuro manter um bom diálogo com eles.

Ped 4 Muita cumplicidade, afeto e respeito mútuo.

Ped 5 Tenho uma ótima relação com a família dos meus alunos, nunca tive nenhum tipo de problema.

Ped 6 Ótima, no hospital em que trabalho as relações sempre foram saudáveis. Família-aluno-professor.

Ped 7 Super tranqüila. Normalmente as famílias demonstram estarem satisfeitas com o apoio dos pedagogos nos hospitais.

Ped 8 Tenho sempre o cuidado de manter um bom relacionamento. Ped 9 Converso principalmente muito com as mães, porque elas

acompanham seus filhos em tempo integral, tento passar muito incentivo e palavras de conforto.

Ped 10 Normalmente não converso muito com a família do aluno-paciente. Sempre cumprimento, mais não converso muito.

Como é a sua relação com a equipe médica?

Ped 1 Tranquila, visto que os médicos valorizam e prestigiam o trabalho

do pedagogo no ambiente hospitalar.

Ped 2 Nunca tive problema, eles apóiam a dinâmica do trabalho.

Ped 3 Excelente. Eles são muito conscientes da importância do pedagogo naquele momento delicado.

Ped 4 É uma relação de respeito.

Ped 5 Nos relacionamos pouco.

Ped 6 Existe um respeito mutuo.

Ped 7 Tranquila e saudável.

Ped 8 Cordial.

Ped 9 Nunca tivemos nenhum problema de relacionamento. Ped 10 Ótima

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Você sempre se informa da patologia do seu aluno?

Ped 1 Sim, é extremamente necessário. Ped 2 Sim. Ped 3 É fundamental, uma das primeiras coisas que faço. Ped 4 Sempre.

Ped 5 Sim, inclusive para compreender e investir nas possibilidades de cada aluno atendido,

Ped 6 Fazemos a anaminese em todos os casos.

Ped 7 Sim, e procuro conversar com a própria criança sobre sua patologia.

Ped 8 Sem dúvida. E essa é uma das primeiras coisas que faço quando recebo novos alunos pacientes.

Ped 9 Com certeza, até mesmo procuro saber se os remédios que elas tomam vem a causar algum efeito como mudança de comportamento ou sonolência.

Ped 10 Sim, não só da patologia mais procuro me informar das reações dos medicamentos que eles tomam.

Você dispõe de todos os recursos que necessita?

Ped 1 Não. Ped 2 Não. Ped 3 Não. Ped 4 Não. Sinto falta de uma equipamento para projeção de vídeos, já

solicitei mais não obtive resposta. Ped 5 Não, Ped 6 Não.

Ped 7 Sim. O hospital recebe muitas doações.

Ped 8 Sim. Pelo hospital e por doações.

Ped 9 Sim.

Ped 10 Sempre que solicito eles atendem.

O que poderia ajudar a tornar o seu trabalho mais eficiente?

Ped 1 Recursos tecnológicos. O ideal seria o hospital disponibilizar computadores, para que alguns alunos possam realizar atividades de jogos educativos.

Ped 2 Mais tecnologia, computadores.

Ped 3 Que nas salas de aula tivessem alguns computadores disponíveis para trabalho.

Page 57: PEDAGOGOS HOSPITALARES EM SALVADOR: RELATOS E … · Profª Janeide Medrado. Ao meu Deus, dono de toda sabedoria. À minha família que esteve sempre presente. Aos meus colegas de

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Ped 4 A disponibilização de recursos, como um maior acervo de livros.

Ped 5 Recursos midiáticos, internet. Ped 6 Se houvessem mais pedagogos no ambiente acolheríamos um

maior número de alunos.

Ped 7 Ter mais professores contratados atuando

Ped 8 Salas mais amplas. Ped 9 Salas mais amplas.

Ped 10 Melhor reconhecimento e aumento de salário

Qual o tempo de duração das aulas e em que turno elas acontecem?

Ped 1 4 horas. Turno vespertino Ped 2 3 horas. Turno matutino. Ped 3 50 minutos quando o atendimento acontece nas macas e 3 horas

quando o atendimento é em grupo. Nos dois turnos Ped 4 50 minutos (atendimento em leitos). Turno vespertino. Ped 5 4 horas. Turno vespertino. Ped 6 45 minutos. (atendimento em leitos) Turno vespertino. Ped 7 45 minutos (atendimento em leitos) Turno matutino e vespertino. Ped 8 4 horas. Vespertino. Ped 9 3 horas. Matutino. Ped 10 4 horas. Vespertino.

Você comunica a escola da criança sobre a continuidade dos estudos da mesma?

Ped 1 Sim, através de relatórios elaborados bimestralmente. Ped 2 Sim, faço um parecer descrevendo as atividades desenvolvidas e

evolução dos alunos. Ped 3 Sim. Através de relatórios descrevo as evoluções dos alunos.

Ped 4 Após a alta é enviada à escola um relatório com o diagnóstico inicial

e final do aluno,mostrando como ele estava quando entrou na classe hospitalar e quais evoluções que teve.

Ped 5 Sim, para que o acompanhamento pedagógico no hospital seja válido.

Ped 6 Sim, isso é fundamental. Ped 7 Sim. Um relatório é encaminhado com o andamento das atividades

desenvolvidas. Ped 8 Sim, é importante para validar o atendimento.

Ped 9 Quem faço preparo relatórios e encaminho a coordenação do

instituto em que trabalho. Ped 10 Sim.