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Pede-se permuta

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Pede-se permuta

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Tem por finalidade a produção e a divulgação do conhecimento nas áreas das ciências apli-cadas produzido particularmente pelo seu corpo docente e colaboradores de outras instituições, com vistas a abrir espaço para o intercâmbio de ideias, fomentar a produção científica e ampliar a participação acadêmica na comunidade. O Conselho Editorial reserva-se o direito de não aceitar a publicação de matérias que não estejam de acordo com esses objetivos. Os autores são responsáveis pelas matérias assinadas.

É permitida a cópia (transcrição) desde que devidamente mencionada a fonte.

Endereço para permuta:Rua Mal. José Inácio da Silva, 355 Passo D’Areia - Porto Alegre - RS

Tel: (51) 3361.6700 www.faculdade.dombosco.net

Porto Alegre, 2008

REVISTA ATITUDE - Construindo Oportunidades Periódico da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre - Ano II - No 4 - Julho a Dezembro de 2008 Porto Alegre - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.

ISSN 1809-5720

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Diretor/DirectorProf. Dr. Pe. Marcos Sandrini - [email protected]

Editor/EditorProf. Dr. Marco Antonio Fontoura Hansen - [email protected]

Comissão Editorial/Editorial BoardProfa. Dra. Aurélia Adriana de Melo - [email protected]

Prof. Ms. José Nosvitz Pereira de Souza - [email protected]. Dr. Luís Fernando Fortes Garcia - [email protected]

Prof. Ms. Luiz Dal Molin - [email protected]. Dr. Marco Antonio Fontoura Hansen - [email protected]

Comissão Científica/Scientific CommitteeAvaliadores ad-hoc/Ad-hoc reviewers

Prof. Ms. Aécio Cordeiro Neves (FDB/Porto Alegre, RS)Profa. Dra. Angela Beatrice Dewes Moura (FDB/Porto Alegre, RS)

Prof. Dr. Bachir Hallouche (UNISC/Santa Cruz do Sul, RS)Profa. Ms. Beatriz Stoll Moraes (FDB/Porto Alegre, RS)

Pesq. Ms. Camila Cossetin Ferreira (INPE-CRS/Santa Maria, RS)Prof. Dr. Carlos Garulo (IUS/Roma, Itália)

Prof. Dr. Erneldo Schallenberger (UNIOESTE/Cascavel, PR)Prof. Dr. Fábio José Garcia dos Reis (UNISAL/Lorena, SP)

Prof. Dr. Fábio Mesquiatti (UNISAL/Americana, SP)Prof. Dr. Friedrich Wilherm Herms (UERJ/Rio de Janeiro, RJ)

Prof. Dr. Geraldo Lopes Crossetti (FDB/Porto Alegre, RS)Prof. Dr. José Néri da Silveira (FDB/Porto Alegre, RS)

Profa. Dra. Letícia da Silva Garcia (FDB/Porto Alegre, RS)Pesq. Dr. Manoel de Araújo Sousa Jr. (INPE-CRS/Santa Maria, RS)

Prof. Dr. Pe. Marcos Sandrini (FDB/Porto Alegre, RS)Profa. Dra. Marisa Tsao (UNILASALLE/Canoas, RS)

Prof. Dr. Nelson Luiz Sambaqui Gruber (UFRGS/Porto Alegre, RS)Prof. Ms. Nilo Valter Karnopp (FDB/Porto Alegre, RS)

Prof. Dr. Osmar Gustavo Wöhl Coelho (UNISINOS/São Leopoldo, RS)Pesq. Ms. Silvia Midori Saito (INPE-CRS/Santa Maria, RS)

Prof. Dr. Stefano Florissi (UFRGS/Porto Alegre, RS)Pesq. Dra. Tania Maria Sausen (INPE-CRS/Santa Maria, RS)

Profa. Ms. Viviani Lopes Bastos (UCS/Caxias do Sul, RS)

Publicação e Organização/Organization and PublicationRevista Atitude

Rua Mal. José Inácio da Silva, 355 – Porto Alegre – RS – BrasilCEP: 90.520-280 – Tel.: (51) 3361 6700 – e-mail: [email protected]

Produção Gráfica/Graphics Production Arte Brasil Publicidade

R. P. Domingos Giovanini, 165 – Pq. Taquaral – Campinas – SPCEP 13087-310 – Tel: (19) 3242.7922 – Fax: (19) 3242.7077

Revisão:Cristiane Billis – MTb 26.193

Os artigos e manifestações assinados correspondem, exclusivamente, às opiniões dos respectivos autores.

ATITUDE – Revista de Divulgação Científica da Faculdade Dom Bosco de Porto AlegreAno II, Volume 2, número 4, jul-dez 2008 – ISSN 1809-5720

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Sumário

Apresentação ...................................................................................................................... 7

CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS ................................................................................... 9

1. Os desafios da educação na mudança de época ....................................................... 11 Marcos Sandrini

2. A Fides Romana – modelo para o direito atual? ........................................................ 19 Débora Cristina Holenbach Grivot

CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS .............................................................................................. 23

3. Banco de dados – migração de software proprietário para software livre .............. 25 Adriana Paula Zamin Scherer, Daniel Gonçalves Jacobsen e Marcelo Luis dos Santos

4. Método de validação dos sistemas de apoio à decisão ............................................ 31Juliane Contini e Letícia Silva Garcia

5. Projeto: Olho d’água – não de lágrima ........................................................................ 37Ivanice Magalhães da Silva e Samara Lautert

6. Comportamento de um modelo de dispersão atmosférica baseado na teoria K .... 45Candice Muller, Marcelo Bach e Angela Beatrice Dewes Moura

Teses e Monografias .......................................................................................................... 53

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano II • Número 4 • Julho - Dezembro de 2008

Apresentação

ATITUDE, Construindo Oportunidades, número 4, esboça um pouco do muito que se reflete em nossa Faculdade. Professores e acadêmicos partilham suas reflexões e experiên-cias profissionais.

Para a área de Ciências Sociais e Aplicadas são apresentados dois artigos:

• Marcos Sandrini descreve sobre os desafios da educação na mudança de época abordando sobre uma visão proativa entre o medieval, a modernidade e a pós-modernidade, como houve a mudança de paradigma e as relações das metanarrativas e a narração.

• Débora Grivot trata das noções da Fides Romana com alguns princípios que direcionam o novo ordenamento jurídico brasileiro. Procura relacionar os princípios da antiguidade com os da modernidade.

Para a área de Ciências Tecnológicas são apresentados quatro artigos:

• Adriana Paula Zamin Scherer, Daniel Gonçalves Jacobsen e Marcelo Luis dos Santos reali-zaram uma pesquisa de campo com entrevistas, em que apresentam os resultados da migração de software Proprietário para software Livre. Apresentam quais são os softwares mais utilizados e a principal argumentação que se baseia na redução de custo do software Proprietário.

• Juliane Contini e Letícia Silva Garcia enfocam os métodos de validação dos Sistemas de Apoio à Decisão utilizados no mercado de ações e as falhas apresentadas no processo.

• Ivanice Magalhães da Silva e Samara Lautert trazem um estudo de caso sobre Educação Ambiental e Saneamento Ambiental aplicado com alunos de uma Escola Estadual de Ensino Médio de São Leopoldo, RS.

• Candice Muller, Marcelo Bach e Angela Beatrice Dewes Moura reapresentam sobre a importância e o comportamento do modelo baseado na teoria K para dispersão de poluentes atmosféricos, com relação ao monitoramento da qualidade do ar.

Em Teses e Monografias é apresentada uma tese em desenvolvimento:

• Beatriz Stoll Moraes descreve sobre as técnicas de minimização de impactos ambientais com o aproveitamento do lodo orgânico gerado nas estações de tratamento de água de Novo Hamburgo e São Leopoldo, RS. Traça um comparativo, pois as duas estações possuem rejeitos produzidos por distintas técnicas de tratamento da água.

Como se vê, fiel ao nosso lema de que Formação é Atitude, nossos articulistas abordam questões atuais e polêmicas tomando posição e apontando caminhos.

Conselho Editorial da Revista Atitude – Construindo Oportunidades

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Ciências Sociais e Aplicadas

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano II • Número 4 • Julho - Dezembro de 2008

Resumo: Há quem afirme que estamos vivendo uma mudança de época sem nome. Por falta deste, costuma-se chamar de pós-modernidade. Este nome carrega em si mesmo a época que morre. Procuramos fazer uma caracterização da modernidade para, num segundo momento, apresentar as características desta nova época ou condição. Consideramos que a principal característica do novo é o questionamento do fundamento. A modernidade foi muito dura com o tempo medieval. Tão dura que até hoje ficou marcada como época das trevas. No entanto, tanto uma, quanto outra destas duas épocas não questionaram o fundamento. A modernidade apenas o mu-dou. Agora, não, questiona-se o próprio fundamento. Apresentamos alguns pontos importantes de diálogo com o novo que chega numa visão proativa.

Palavras-chave: Mudança de Época, Pós-modernidade, Fundamento.

Abstract: There is the one who affirms that we are surviving a change of time without name. For lack of this it is usually called of postmodernity. This name overdoes you even the time that dies. We try to make a characterization of the modernity for, at a second moment, to present the characteristics of this new time or condition. We think that the main characteristic of the new is the questions mark of the basis. The modernity was very hard with the medieval time. So hard, that up to today it was marked like time of the darkness. However, so much one as another of these two times they did not question the basis. The modernity only changed it. Now, not, the basis itself is questioned. We present some important points of dialog with the new that arrives in a proactive vision.

Key-words: Change of time, Postmodernity, Basis.

Os desafios da educação na mudança de épocaPe. Marcos Sandrini1

IntroduçãoNa história da humanidade poucas foram

as mudanças de época. Muitos caracterizam nossa época como uma delas. Toda mudança pressupõe a passagem de um paradigma para outro. Neste estudo procuraremos apresentar algumas características desta mudança e, num segundo momento, alguns desafios para a educação, sobretudo a confessional.

1. Mudança de ParadigmaUma das características da nova época

que surge é olhar para trás e fazer uma grande crítica ao paradigma anterior. A modernidade fez isto com a Idade Média de uma forma tão bem feita que hoje esta idade é vista como

trevas e escuridão. Alguns caracterizam a atual mudança de época como a passagem da modernidade para a pós-modernidade. Não entraremos na discussão se há ou não mudança de época dando como certo que há. Então, nossa primeira tarefa é caracterizar de onde estamos saindo e para onde iremos.

1.1. Da ciência técnica moderna e seus postulados ao novo paradigma da ciência

A ciência pré-moderna se baseava no ar-gumento da autoridade: magister dixit. Esta visão foi abalada de forma profunda e irre-versível pela Renascença e, mais tarde, pelo movimento cultural-filosófico do Iluminismo. Nascia, então, uma nova idade denominada

1Doutor em Educação.Diretor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, RS.E-mail: [email protected] Dom Bosco de Porto Alegre. Rua Mal. José Inácio da Silva, 355. CEP 90.520-280 - Porto Alegre - RS.

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de Revolução Científica, que desvinculou o profano do sagrado, destacando a razão como valor fundamental juntamente com a liberdade de pensamento, e erigindo como meta a bandeira do progresso. Estabelece-se, assim, a visão sistêmica do mundo. Ele não é nada mais que uma sequência de causas e efeitos que, uma vez descobertas, o colocam nas mãos da pessoa humana.

Por um lado isto é fantástico porque possi-bilitou um progresso científico extraordinário. As revoluções industriais só se tornaram pos-síveis com o desenvolvimento científico que possibilitou estupendas descobertas técnicas e tecnológicas. Os cientistas, igualmente, procuraram aplicar estas leis da natureza às relações sociais. Então, temos os grandes sistemas, as grandes ideologias. Durkheim dizia que era preciso reduzir os fatos sociais às suas dimensões externas, observáveis e mensuráveis. Por outro lado, esta visão científica da realidade tem como consequência o de-sencantamento do mundo e a crise ecológica.

Contra esta visão cientí-fica surge o paradigma com-plexo. O mundo não apenas precisa ser explicado e do-minado, mas interpretado e transformado. O mundo não é simples, ele é complexo. Uma visão científica linear não consegue captá-lo por inteiro. A complexidade nunca pode ser simplificada, já que o complexo, por sê-lo, não pode ser simplificado. O complexo não é complicado; ele é a antítese do simples. “Não há nenhum lugar, nem na microfísica, nem na macrofísica, nem sequer em nossa banda média mesofí-sica, uma base empírica simples, uma base lógica simples” (MORIN, 2005, p. 456).

Esta teoria da complexidade recupera dimensões perdidas ou mesmo nunca acha-das. A racionalidade não explica por inteiro a realidade. A intuição, as imagens, as sen-sações, a poesia, o pensamento mágico, também ajudam, em grande grau, a completar o conhecimento harmônico e ordenado da realidade. A nova realidade da ciência exige uma nova narração. Costuma-se dizer que as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, mas também os efeitos modificam as

causas porque tudo age em rede. “Abordar o conhecimento social, e também o educativo, significa, hoje em dia, dar conta da inovação, do movimento e da complexidade” (COLOM, 2004, p. 81). O paradigma moderno não tem condições de trabalhar com a complexidade e com a rede que vige na sociedade da glo-balização, da mundialização e das novas tecnologias.

1.2. Das metanarrativas e o pensamen-to forte ao pensamento fraco e complexo

Esta visão científica também está anco-rada numa visão filosófica. Se é possível descobrir as leis que regem o mundo, também é possível definir o ser de todas as coisas. As-sim, a filosofia, sobretudo a ontologia, nada mais é que a construção do estatuto do ser e de sua estrutura estável. A filosofia é um

conhecimento absoluto, porque é o conhecimento dos verdadeiros princípios de todo o saber. Kant o chama de conhecimento transcendental porque seu objetivo é chegar aos fundamentos últimos e se-guros, àquela base eterna e imutável que constitui a própria racionalidade hu-mana enquanto tal.

Hoje há uma forte crí-tica a esta visão. Hannah Arendt e Zigmunt Bauman dizem que esta visão filo-

sófica deu sustentação ao genocídio judeu e aos horrores da segunda guerra mundial. Isto porque se há apenas um pensamento forte, o pensamento do outro ou o outro pensamento não tem valor. Então, ele precisa ser elimi-nado ou absorvido. Também aqui se aplica o princípio da complexidade. Não é possível este pensamento forte porque é incapaz de captar a inteireza do ser. Nunca há a ade-quação do pensamento à coisa como o quer a modernidade. O ser é uma coisa e o pen-samento sobre o ser é outra. Propugna-se, então, pela existência do pensamento fraco que possibilita o pluralismo de pensamento. Quem não pensa como eu, também pensa.

Neste contexto, à racionalidade está re-servada outra função que não a de encontrar o pensamento forte, o fundamento luminoso, estável, único, forte, cartesiano, mas também

A modernidade vê a história como uma cami-nhada progressiva rumo a uma civilização. (...) A humanidade caminha ir-reversivelmente rumo à emancipação, à maiori-dade, ao progresso civi-lizatório. Uma das conse-quências desta visão é o colonialismo e as guerras de conquista.

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de caminhar na penumbra e no lusco-fusco. Dentro do paradigma da complexidade está embutida a impossibilidade de um olhar abso-luto sobre o mundo e a história.

A pós-modernidade não propugna mu-dança de fundamento. Ela afirma que não há fundamento. Neste sentido, a Idade Moderna mais se aproxima à Idade Média do que à Pós-moderna.

1.3. Da história como civilização e progresso linear à experiência do fim da história

A modernidade vê a história como uma ca-minhada progressiva rumo a uma civilização. Neste sentido, não há pluralidade de histórias, mas uma única e mesma história. Há povos mais adiantados e povos mais atrasados. A humanidade caminha irreversivelmente rumo à emancipação, à maioridade, ao progresso civilizatório. Uma das consequências desta visão é o colonialismo e as guerras de con-quista. O grande problema é determinar quem determina (sic!) o nível da civilização. Na mo-dernidade foi o masculino, o branco, o europeu (ocidental), o adulto e o cristão. O outro é o não-branco, não-masculino, não-cristão, não-europeu (ocidental), não-adulto. Esta visão foi responsável pela conquista da América e o consequente genocídio de seu povo.

O novo paradigma afirma que chegamos ao fim da história. É o reconhecimento do pluralismo sem centro, não porque ainda não chegamos a ele, mas porque não é possível tê-lo. A teoria da complexidade trabalha com a realidade das redes. Justamente uma das suas características é a ausência de centro. Há a ausência de previsibilidade, uma vez que não funciona o esquema causa-efeito e sim de sinergias que circulam e se afetam mutuamen-te. Assim, não há história, mas histórias.

1.4. Da secularização secularista ao niilismo

A secularização tem uma longa ligação com a modernidade. “Por secularização entende-mos o processo pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos à dominação das instituições e símbolos religiosos” (BERGER, 2003, p. 119). Se as ciências possibilitam des-cobrir o funcionamento do mundo através da descoberta da dupla causa-efeito, se o mundo caminha linearmente para o futuro de progres-so e de civilização, então a religião pode ser

retraída para o reino individual, à consciência das pessoas. O mundo é mundo, a religião é religião. Para muitos, no entanto, a religião não subsiste nem para o reino pessoal da consciên-cia, mas foi eliminada por completo.

A pós-modernidade encontra este pano-rama. Do ponto de vista filosófico, a pós-modernidade significa a destruição de todo e qualquer fundamento, inclusive de Deus, não para colocar outro no lugar, mas para destruí-lo sem dó nem compaixão. Na realidade, o nii-lismo pós-moderno assume da modernidade que não é possível provar que Deus existe, mas avança dizendo não ser possível provar o seu contrário. Esta é a chance da religião e, segundo Vattimo, a responsável pelo grande renascimento religioso e espiritual neste início de século e de milênio. Ele afirma que o niilis-mo é a última chance da religião. Na realidade quem morreu não foi Deus, foi a metafísica, o pensamento forte, as essências determinadas uma vez por todas.

1.5. Do código ético não-ambivalente à ética aporética

A modernidade trabalha com a ideia de que se há um pensamento forte, não-ambivalente, deve existir também um código ético forte. “Os filósofos definiram a universalidade como aquele traço das prescrições éticas que com-pelia toda criatura humana, só pelo fato de ser criatura humana, a reconhecê-lo como direito e aceitá-lo em consequência como obrigatório” (BAUMAN, 2003, p. 13). Se na Idade Média o código ético se fundamenta em Deus, na moderna ele se fundamenta na pessoa humana. Não há mais heteronomia (teonomia), mas autonomia. Em moral não há ambivalências, nem incertezas. A certeza não pode viver com seu oposto. “Se as normas morais pregadas e/ou praticadas aqui e agora devem ter essa autoridade, é preciso mostrar que outras normas são não só diferentes, mas também erradas e más: que sua aceitação decorre de ignorância e imaturidade, se não de má vontade” (idem, p. 48).

Aqui a pós-modernidade faz uma reflexão interessante. Se não há mais um pensamento forte, isto traz grande influência na reflexão ética. A ontologia é fraca. O pensamento fraco propugna que há pensamentos e que é impossível determinar de uma vez por todas a essência das coisas. Assim, o meu pensa-mento tem o mesmo valor que o pensamento

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do outro. O outro para mim é um apelo de reconhecimento, assim como eu para o outro sou outro apelo de reconhecimento. Se na raiz de tudo não está uma ontologia, está o apelo ético. Aqui é o grande gancho para uma reflexão educativa, ética e teológica com a pós-modernidade. O outro se apresenta a mim misterioso, complexo. Então, a ética tam-bém será misteriosa, complexa, ambivalente, aporética. Assim, não temos mais uma ética autônoma, mas heterônoma. O outro é para mim um grande apelo ético e, por assim dizer, o “fundamento” de toda ética.

1.6. Da razão omniabrangente à libera-ção da metáfora

Descartes, com seu célebre axioma “pen-so, logo existo”, chancelou a unilateralidade da pessoa humana a partir da racionalidade. Com seu outro axioma das “ideias claras e distintas” reduziu tremendamente a pessoa à omniabrangência da razão. Kant chega a afirmar que as emoções não são um fator moral. Ele admite axiomaticamente que os sentimentos, assim como o agir por afeições, não têm nenhum significado moral – so-mente a escolha, a faculdade racional e as decisões que ela dita podem refletir sobre o agente como pessoa moral. A modernidade trabalha muito com a ideia de que a razão é não emocional e o emocional é não-racional. Ao mesmo tempo diz que tudo o que não é racional é irracional. Portanto, o emocional é irracional. O único fundamento da vida é a razão. O resto é irracional.

A pós-modernidade com a visão da ciência complexa afirma que além do racional existe o arracional. Ela não quer acabar com a ra-cionalidade, apenas tirá-la do pedestal em que irracionalmente se colocou e colocá-la na horizontalidade das dimensões da vida e do mundo. Assim, há a liberação da metáfora. A vida humana é, sobretudo, mistério. Nem tudo cabe dentro de esquemas lógicos e mentais. Ela também é feita de silêncio, de admiração, de afeto, de emoção, de graça. Frente ao mun-do da razão lógica instrumental e matemática, a razão simbólica, metafórica, enfatiza o mun-do do coração, da vivência, da experiência, da religião, com seus ritos e símbolos.

2. Educar no paradigma da complexidadeComo esta reflexão chega até os pro-

cessos educativos? Yus (2002) propõe o

paradigma holístico para a educação. Ele é uma reação contra o paradigma mecanicista que “para muitos educadores é a chave de todas as crises que começamos a enfrentar no início do século XXI” (YUS, 2002, p. 25). A visão holística nos aponta para alguns en-caminhamentos.

2.1. A dança da energiaA física moderna estabelece o conceito de

mundo como um todo unificado e inseparável: uma complexa teia de relações onde todos os fenômenos são determinados por suas conexões com a totalidade. Este novo para-digma científico aponta para possibilidades científicas imensas.

É imprescindível um diálogo com a ciên-cia. Na modernidade, cada avanço científico representava um retrocesso religioso. Hoje, na ciência complexa, cada avanço científico pode representar um avanço religioso. Trans-cendendo o modelo mecanicista, a Física do século XX desvelou o Universo vivo, dinâmico, interligado, sistêmico, holístico. Grandes físi-cos reconhecem que essa visão coincide com os fulgurantes insights de praticamente todos os mestres das milenares tradições espirituais da humanidade. Capra chega mesmo a afir-mar que as teorias e os modelos principais da nova Física “levam-nos a uma visão do mundo que é internamente consistente e está em perfeita harmonia com as concepções do mis-ticismo oriental” (CAPRA apud CREMA, 1989, p. 52). A ciência ocidental está-se deparando com o Mistério. A extrema análise conduziu à extrema síntese. Ciência e consciência reencontram-se indicando que há esperança. “Dos escombros da velha racionalidade e da esclerose degenerativa dos valores de nossa época, qual Fênix que renasce das próprias cinzas, desponta o novo paradigma, abrindo caminho para o novo homem” (idem, p. 57). Capra diz que na mudança dos átomos existe uma contínua dança da energia.

Isto traz como consequência a necessida-de da transdisciplinaridade que consiste em ver as partes a partir do todo e, igualmente, ver o todo na parte, numa visão não mais analítica, mas sistêmica. Agir transdiscipli-narmente significa usar tanto o hemisfério cerebral esquerdo quanto o direito. A educa-ção precisa trabalhar com a ideia de sistema complexo. Nada é simples em educação e muito menos simplório!

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2.2. Sê quem tu és!Pode-se fazer uma contraposição entre o

posicionamento educativo de Kant e de Niet-zsche. Para Kant, “as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas para que aí se acostumem a ficar sentadas tranquilamente e a obedecer pontualmente àquilo que lhes é mandado” (KANT, 2004, p. 13). Numa palavra, elas aprendem a ordem, a hierarquia e a disciplina do pensamento forte.

Há uma reflexão de Nietzsche que, embora longa, é o contrário desta visão. Eis o que ele critica nesta educação.

Suas buscas carecem de audácia visto que só se propõe objetivos pequenos, limitados e conhecidos de antemão; seus métodos são caminhos seguros e bem delimitados, e não conhece o infinito do mar onde ne-nhum caminho está traçado; em lugar da astúcia, suas qualidades são a constância e a boa vontade; não conhe-ce a embriaguez e se conforma com o trabalho forçado e com os prazeres sensatos; ignora os enigmas porque só sabe fazer a si perguntas às quais possa antecipar a resposta; não se deixa seduzir nem se desviar de seu caminho; foge dos labirintos porque lhe agradam os iti-nerários retos e, em todo caso, se alguma vez cai em um labirinto, não o explora mas, sim, busca uma saída; segue os fios que outros lhe estendem e se ata a eles; só aceita o caminho seguro da dedução e a olhada superficial do explícito; é indolente e pouco exigente consigo mesmo; tem um certo espírito gregário e se sente seguro e bem vestido por pertencer a escolas, a tendências e a grupos; só busca o útil e não se arrisca; move-se sempre nos limites do convencional e do permitido; só sabe ouvir o que já lhe foi dito, ver o que já foi visto e pensar o que já se pensou. O leitor moderno é pequeno, metódico, gregário, pragmático e trabalhador; só é capaz de seguir os hábitos estabelecidos e as regras comuns; só lê o que já foi lido (LARROSA, 2005, p. 43-44).

As novas gerações não trazem apenas a sua contribuição biológica, mas um novo mais profundo, qualificado. Só há educação quanto se escuta o novo das novas gerações, do con-trário, só existe doutrinação e socialização.

2.3. Ética e Moral: do dissenso ao con-senso

Há autores que fazem uma distinção entre ética e moral. A moral estaria mais na linha das normas de conduta, das leis, dos costumes, das maneiras de fazer, do instituído. A função primária da ética não seria ocupar-se das ações concretas, mas da orientação estável, encontrar o caminho que leva à meta, criar um modo de vida coerente com um projeto. Então, ela estaria mais na linha do instituinte. Faz parte essencial da ética a interpelação, o

questionamento e a desconstrução da moral. Há morais que não resistem à menor reflexão ética.

Não resta dúvida que no mundo de hoje temos diversas morais. Com a existência do pluralismo, isto é uma exigência não só prá-tica, mas também teórica. Habermas (1989) propugna por um consenso mínimo entre os humanos. Sua argumentação é muito convincente. Se a guerra é a negação e o extermínio do outro, o debate argumentativo é a admissão da figura do outro no seio do espaço público como interlocutor competente pressupondo o dissenso e a diferença. Apenas através de uma confrontação permanente no interior de um espaço público, baseada na reciprocidade e no respeito mútuo, é possível estabelecer normas e instituições através das quais a dominação possa ser enfrentada, limitada e discutida.

A educação é um espaço de construção de consensos e não do pensamento único, da doutrinação ideológica e da morte do ou-tro. Graças a Deus hoje há um avanço muito grande na aceitação das diferenças a partir da igualdade. As teorias das inteligências múlti-plas estão aí para nos animar a isto. Aceitar o pluralismo ético pode significar ditadura do relativismo, mas também pode significar ruptura da ditadura do fundamentalismo, do totalitarismo e do colonialismo. As novas ge-rações não podem ser criadas na dinâmica da intolerância. Uma sala de aula é o convívio dos iguais diferentes.

2.4. Ser tocados incondicionalmentePaul Tillich, teólogo alemão radicado nos

EUA por sofrer o exílio imposto pelo nazismo, faz uma distinção entre preocupações últimas e preocupações preliminares. As primeiras di-zem respeito ao sentido da vida, à esperança, às razões últimas para sonhar e para viver. As preliminares seriam os meios para atingi-las.

Como relacioná-las? Ele propõe três tipos de relações. “A primeira é a indiferença mútua; a segunda é a relação na qual uma preocu-pação preliminar é elevada à ultimacidade; e a terceira é aquela em que uma preocupação preliminar se torna veículo da preocupação última, sem reivindicar ultimacidade para si mesma” (TILLICH, 1987, p. 21). Para ele, a primeira relação é a que acontece na vida quo-tidiana quando não há nenhuma correlação entre ambas. A segunda é o que se chama

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de idolatria. Uma preocupação preliminar se arvora em ultimacidade e, então, há um de-sequilíbrio e uma desumanização. A terceira seria a correta e adequada. Toda e qualquer coisa preliminar pode levar à ultimacidade.

A grande contribuição do novo paradigma em relação à religiosidade é a quebra da unidi-mensionalidade. A vida não pode ser reduzida ao econômico, ao financeiro, ao tecnológico. Apostar no futuro de uma criança não pode ser apenas olhar para sua competência profis-sional para ganhar riquezas, desfrutar de uma posição social e subir na vida. Uma criança aspira a muito mais que isto. Olhar uma árvo-re não significa apenas vê-la como um bem econômico, ela tem outras dimensões, carrega outros sentidos. Há outros olhares que preci-sam ser levados em consideração.

A unidimensionalidade mata o outro, o di-ferente. Um simples olhar para as concepções religiosas do Ocidente e do Oriente verá que ambas são unidimensionais e, colocadas em confronto, uma pode e deve aprender com a outra. “O Ocidente negou a realidade interior do homem, sua consciência: o homem é apenas o corpo, não há alma, e beber, comer e ser alegre é a única religião. [...] o Oriente escolheu o outro caminho, mas o problema é o mesmo. O Oriente escolheu que você é alma, e o corpo é uma ilusão. A matéria não existe, o mundo é feito da mesma coisa que os sonhos, e por isso não se preocupa com ele. Renuncia a ele, esquece de tudo sobre ele; não vale a pena dar atenção ao corpo” (OSHO, 2006, p. 56).

A luta contra a unidimensionalidade e a busca de uma visão mais holística da vida, da religião, da educação é que possibilita o discurso religioso. O advento do novo para-digma não pode significar o avanço de uma nova e nefasta unidimensionalidade. O racio-nal, de tanto racionalizar, torna-se irracional. O arracional, de tanto matar a racionalidade, torna-se igualmente irracional. Esta crítica à unidimensionalidade é que permite o diálogo religioso e a abertura à espiritualidade e à ultimacidade. Por isso, a espiritualidade está em ebulição no mundo.

2.5. Acabaram-se as metanarrativas, mas não a narração

Há autores que afirmam que o mundo per-deu todo o seu encanto e que é preciso reen-cantá-lo. Há outros que afirmam que o mundo

nunca perdeu o encanto, apenas trocou um por outro, como uma troca de amores. O que acontece é que o mundo vive um encanto que nos desumaniza. Há encantamentos que mais causam dor do que alegrias. Está aí o marketing e a propaganda para confirmar isto. Ontem a pessoa era alguém que precisava ser convencida. Hoje é alguém que precisa ser seduzida. Ninguém mais que o mercado moderno para nos ensinar que as pessoas não vivem apenas de ideias, mas de mitos, deu-ses, utopias, absoluto, metáforas. José Carlos Mariátegui, pensador peruano, escreveu um lindo mote: “No solo la conquista del pan, sino a conquista de la belleza” (ASSMANN, 1994, p. 134).

Nós cristãos temos a Bíblia que é toda escrita em linguagem metafórica. Lyotard afirmou que acabaram as metanarrativas. No entanto, dizemos, a narração não acabou. Há experiências fundantes e fundamentais na vida das pessoas, dos grupos, das socieda-des, das nações que determinam a estrutura e o sentido da vida e que não podem ser expressas adequadamente por simples pala-vras e por conceitos abstratos. São narrações válidas para todos os tempos. Quanta inspi-ração traz para judeus e cristãos a leitura da Bíblia! Quanta alegria para os mulçumanos pela leitura do Alcorão! Quanto entusiasmo traz aos gregos a leitura de Homero! São os mitos primordiais que vão alimentando gera-ções e gerações.

Os mitos são criações humanas. Neste sentido também eles trazem o fascinans e o tremens. Humanizam e desumanizam. São ambíguos. A tarefa da educação justamente é ajudar as novas gerações a discernir os mitos que matam e os que vivificam. Os mitos da razão podem transformar-se em raciona-lizações e os da emoção em destempero e desequilíbrio. A finalidade da educação não é apenas ensinar competências econômicas, mas também sociais, cognitivas, motoras, afetivas, intersubjetivas, religiosas abran-gendo todas as inteligências aprofundadas por Gardner.

Um dos mitos modernos mais eficientes e encantadores é o do mercado. Frederich Au-gust Von Hayek, nascido e formado em Viena, Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1974, é considerado um dos grandes ideólogos do neoliberalismo. Em sua teoria não cabia a palavra social. Dentre seus muitos escritos

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queremos citar dois: “O caminho da servidão” e “a miragem da justiça social”. Um de seus seguidores mais famosos no Brasil foi Roberto Campos. Este, em uma de suas obras, cunhou a expressão mística cruel. Peter Drucker, um dos mestres da administração moderna, tam-bém escreveu um livro intitulado “A tentação de fazer o bem”. Os títulos destes livros são muito sugestivos. Em si, já propugnam uma mística, a mística cruel. Hayek não hesita em condenar a justiça social como ideia nebulosa e vazia de conteúdo. Para ele, sem valia e nem serventia, só vem despertar uma forte carga afetiva, contribuindo apenas para atrapalhar, paralisando e desviando energias.

Ao lado do mito da mística cruel há o mito da mística da misericórdia. Seus defensores continuam denunciando as idolatrias novas e antigas. Toda realidade humana que se absolutiza se transforma em ídolo. Todo ídolo se endeusa e vive de vítimas. Uma mística verdadeiramente educativa, numa época de idolatria, coloca-se ao lado das vítimas contra todos os ídolos. Neste sentido, precisamos narrar Jesus Cristo às novas gerações. Foi o que fizeram os quatro evangelhos. Por isso, sua narração continua viva entre nós.

ConclusãoEste estudo não carece de uma conclusão. No

entanto, ainda gostaria de assinalar três posturas necessárias para esta mudança de época.

A primeira delas é o cultivo de uma atitude positivamente crítica em relação à mudança de época. Todas as construções humanas carre-gam o peso do homo sapiens, mas também do homo demens. Apresentamos alguns pontos de engate entre esta época e a educação numa perspectiva cristã. Embora não tenha afirmado explicitamente, no entanto, quero manifestar minha fé em Jesus Cristo. Não tenho dúvida que o novo paradigma traz grandes possibilida-des no campo religioso. Não estou falando da postura descomprometida que ele possa sus-citar. Esta nova época traz homens e mulheres lights sem nenhum compromisso ético e muito menos religioso. Ela traz também homens e mulheres muito humanos que não aceitam mais atitudes arrogantes de prepotência, de autoritarismo, de colonialismo, de fundamen-talismo. Esta nova época traz embutida em si mesma a dimensão do outro. Se há pluralidade de história é porque o outro também faz histó-ria. Se há pensamento fraco é porque o outro

também pensa. Se há pluralidade de moral é porque o outro também se compromete com a vida e suas manifestações. Se há pluralidade de religiões é porque Deus se manifesta mis-teriosamente de forma plurifacetada.

A segunda é educar as pessoas para seu empoderamento. Ninguém pode entregar sua vida a outro. As diferenças só são possíveis por causa da igualdade. Há momentos em que precisamos sublinhar a igualdade quando a diferença discrimina. Há momentos em que precisamos sublinhar a diferença quando a igualdade descaracteriza. Agora precisamos reforçar o pluralismo contra todas as discrimi-nações. Em nome do pensamento forte já se matou muita gente com a ditadura do funda-mentalismo. Que em nome do pensamento fraco não se mate mais gente em nome da ditadura do relativismo! Tudo o que é humano carrega algo de simbólico e algo de diabó-lico. Reforcemos o simbólico. As religiões entendem muito de fixação, de absoluto, de fundamentação. As novas gerações entendem de flutuação, de relativização. O diálogo entre fixação e flutuação haverá de construir um mundo mais humano e habitável para supe-rar a gigantesca crise social e ecológica. É preciso rezar todos os dias: “Senhor, que eu não absolutize nenhum relativo (preocupa-ções preliminares), mas também que eu não relativize nenhum absoluto (preocupações últimas).”

Finalmente, como decorrência da existên-cia do outro, fica sempre o apelo ético que ele nos faz. O outro tem nome. Na Bíblia ele é o órfão, o estrangeiro e a viúva. A insensibilidade está na raiz da exclusão. Aristóteles dizia que toda filosofia brota da admiração. É verdade. Nós, porém, podemos dizer que, hoje, a filoso-fia brota da indignação ética. A religião existe para consolar os aflitos, mas também para afligir os consolados. Nossas respostas de vida devem responder à pergunta, insistente, que cada dia Deus nos faz: “onde dormirão os pobres esta noite?” (Ex 22,26).

ReferênciasASSMANN, Hugo. Espiritualidade solidária e beleza. Grande Sinal, Petrópolis, v. 48, n. 2, p. 133-145, mar. 1994.

BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna. [Trad. João Rezende Costa]. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2003. (Critérios éticos).

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COLOM, Antoni. J. A (Des)Construção do Conhecimento Pedagógico: Novas Pers-pectivas para a Educação. [Trad. Jussara Haubert Rodrigues]. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

CREMA, Roberto. Introdução à visão ho-lística. Breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. São Paulo: Summus, 1989.

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KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. 4. ed. [Trad. Franscisco Cock Fontanella]. Piracica-ba: UNIMEP, 2004.

LARROSA, Jorge. Nietzsche & a Educação. 2. ed. [Trad. de Semíramis Gorini da Veiga]. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. (Pensadores & Educação, 2).

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Resumo: A importância que alguns conceitos tiveram na criação do direito permanece até os dias atuais, com as devidas modificações e aperfeiçoamentos. A noção de fides romana demonstra visíveis semelhanças com alguns princípios que orientam o novo ordenamento jurídico brasileiro. O presente trabalho pretende instigar este estudo para que se possa observar se os valores dos antigos podem refletir os princípios dos modernos.

Palavras-chave: Direito Romano, Fides, Boa-fé.

Abstract: Some concepts have had a very important rule creating the law, and remains until the present day. The notion of fides Roman shows some apparent similarities with principles that guide the new Brazilian law. This paper aims to ins-tigate this study so that we can observe if the values remain in the current law.

Key-words: Roman Law, Fides, Good Creed.

A Fides Romana - modelo para o direito atual?

Débora Cristina Holenbach Grivot1

Introdução - O estudo do direito romano como fator importante para o nosso direito

Ao contrário do que o transcurso do tempo poderia sugerir, a investigação romanística ainda tem grande espaço no estudo do di-reito, mormente na área de direito privado. Já não é mais novidade afirmar que os romanos foram para o Direito aquilo que os gregos foram para a Filosofia, mas mesmo tendo sua origem em tão longínqua data, a criação dos romanos permanece in-fluenciando o nosso direito.

Segundo um dos maiores juristas de todos os tempos, Rudolf von Jhering, a im-portância do direito romano para o mundo atual não reside em haver sido fonte e origem do direito, mas na transformação que imprimiu em nosso pensamento jurídico e em haver se convertido como o cristianismo, em um elemento da civilização moderna. A

difusão e o predomínio do direito romano no mundo moderno é um dos fenômenos mais maravilhosos da história e um dos triunfos mais extraordinários da força intelectual (JHE-RING, 2005).

Os romanos – estes “criadores” do direito – vi-veram numa época muito diferente da atual, sem nem mesmo cogitar dos recursos e da tecnologia da nossa era. Como poderia, então, tal direito influenciar a nossa produção jurídica e a nossa regulação social? A resposta, certamente, se firma nos princípios e nas ideias fundamentais dos romanos em matéria de direito e justiça.

Os romanistas conhecem muito bem aquilo que professa Fritz Schulz, na sua obra clássica sobre os Princípios de Direito Romano: estas ideias de direito e justiça nunca foram apresentadas de forma objetiva na

1 Mestre em Direito Privado pela UFRGS (2006), Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC/RS (1999), e professora de Direito Romano e História do Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e na Faculdade São Judas Tadeu de Porto Alegre. E-mail: [email protected] Tel: (51) 91489743. Endereço para contato: Av. Ipiranga, 1845/103.Porto Alegre/RS - CEP: 90.160-093

Os romanos – estes “criadores” do direito – viveram numa época muito diferente da atual, sem nem mesmo cogitar dos re-cursos e da tecnologia da nossa era. Como poderia, então, tal direito influen-ciar a nossa produção ju-rídica e a nossa regulação social?

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produção romana do direito. Estes princípios não estão expostos de forma que se possa ler comodamente nos textos. Os romanos não os expressaram porque, em geral, não era o seu costume a introspecção nem a exposição de princípios; pode-se dizer com certeza que muitos deles, os romanos, não tiveram consciência nem mesmo uma vez. E, sem dúvida, não há que pensar que se trate de fantasia. Os princípios nos quais se basearam os juristas romanos devem ser reconhecidos necessariamente no resultado do seu trabalho, e se podem deduzir dos fatos singulares da história jurídica (SCHULZ, 2000).

Mesmo não sendo o objetivo romano a produção de normas gerais e abstratas, mas justamente o contrário disso (sustentam al-guns que o direito nasce do processo), toda criação jurídica está baseada em diretrizes que se sustentam ora na iustitia, ora na ae-quitas, ora na fides, entre outras.

A iustitia romana é o constitutivum ontológi-co do jurídico: define e configura, como jurídica, a vida social e por isso a função do ius é a sua realização (SANTOS JUSTO, 2006). Tanto as-sim que as palavras de Ulpiano no Digesto de Justiniano apontam o sentido da expressão:

D.1.1.10 pr.: Iustitia est constans et per-petua voluntas ius suum cuique tribuendi. Tradução: Justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o seu direito.

A aequitas não se distancia da iustitia, mas dela se difere principalmente pelo desempenho das funções que lhe são atribuídas, como, por exemplo, a suavização do rigor da lei e a humanização do direito. E neste ponto é válido lembrar do brocardo romano “summum ius, summa iniuria” que significa “sumo direito, suma injustiça”. Tal adágio pode ser compreen-dido como expressão de que o direito, apesar de servir para a retidão das situações em conflito, pode sugerir uma injustiça se aplicado estritamente. O sentido da expressão pode ser traduzido como “o excesso de direito causa o excesso de contrariedade a ele”. É neste âmbito que advém a aequitas, para evitar esta consequência contrária ao objetivo do ius. Se-gundo Antônio Santos Justo, a aequitas não foi somente a justiça do caso concreto, e afirma o romanista que através dos jurisconsultos, intérpretes seguros da consciência social, positivou-se no ius, inspirando o legislador e a iurisprudentia na criação, interpretação e transformação do direito positivo (SANTOS

JUSTO, 2006). Importante ainda é lembrar que GAIUS fala-nos das iniquidades da Lei das XII Tábuas e considera o ius honorarium (e o ius praetorium) baseado na aequitas: foi graças a ela que o rígido e fossilizado ius civile se transformou.

Ao lado das noções de iustitia e aequitas, os romanos também vivenciaram uma outra noção tão importante e abrangente quanto elas, a noção de fides. De tudo, é preciso reconhecer que a fides romana cativou um dos papéis principais, tanto no cenário do direito como no da própria vida do cidadão na sociedade.

I - A inserção da fides como elemento do direito romano e o seu possível reflexo na sociedade atual

A referência a fides é tão antiga quanto é a fundação da cidade. Para Amélia Cas-tresana, o ser e sentir-se pessoa, naquela época, obrigava o cidadão a frequentes re-ferências a fides, desde a mais espontânea das interjeições até aquelas mais complexas, diante de determinadas situações jurídicas (CASTRESANA, 1991). Era, primitivamente, uma divindade reconhecida pelos cidadãos romanos e, segundo o historiador Tito Livio, na obra clássica “História de Roma”, o seu culto foi instituído pelo rei Numa Pompilius, conforme a seguinte descrição:

“Também instituiu um sacrifício anual à deusa Fides e mandou que os flâmines fos-sem para o Seu santuário numa biga coberta, e que executassem o serviço religioso com as suas mãos cobertas até aos dedos, para significar que a Fidelidade deve ser protegida e que o Seu assento é santo mesmo quando está nas mãos direitas dos homens.” (TITO LIVIO, 1998)

A descrição é de suma importância em face do ritual referido, principalmente no contexto religioso daquela época e nas consequências que surgirão deste plano religioso para o plano do direito. Para Sebastião Cruz, a deusa Fides (fé), divindade reconhecida por cives (cida-dãos romanos) e por non-cives (peregrinos), era invocada na celebração dos negócios de peregrinos entre si e dos negócios entre pe-regrinos e cidadãos romanos. Ela velava pelo cumprimento desses negócios, castigando os faltosos e protegendo os cumpridores. Tinha sua sede na palma da mão direita, por isso os contraentes davam um aperto das mãos

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direitas (dexterarum porrectio) para imprimir solenidade à promessa. Desaparecido o culto da deusa Fides, ficou o aperto de mãos direi-tas como sinal de confiança mútua (CRUZ, 1969). Assim, desde data muito remota se deu culto à deusa Fides como uma especial potência de Júpiter, o Deus dos juramentos que, segundo alguns filólogos, baseia, prova-velmente, a forma mais antiga de ius.

Sobre a relação da deusa Fides com o deus Júpiter, interessante a observação de alguns historiadores segundo a qual, pela pro-ximidade do seu templo ao de Júpiter e por ser representada por idosa de cabelos brancos, poderia ser considerada ainda mais velha que o próprio Júpiter. Assim está em Sílio Itálico, poeta do primeiro século da nossa era que escreveu a obra “Púnica” sobre as guerras púnicas e que num trecho afirma: “Mais velha que Júpiter, glória de deuses e homens, sem a qual não existe paz nem na Terra nem nos mares, companheira da Iustitia, silenciosa divindade presente no coração dos homens.” (ITALICO, Punica Liber Secundus. 2.484).

Segundo Sebastião Cruz, muitos juristas e filólogos reputam que o significado primitivo de ius derive da Ioves, Iovis (Ζεύς), que é a forma antiquíssima de Iupiter. A favor desta eti-mologia está, de certeza, a palavra iovestod, que se encontra no primitivo brasão do Forum Romanum e que significa iustum (justo). O ius, na sua estrutura originária, teria, portan-to, um certo conteúdo ou sentido religioso, que jamais haveria de perder por completo, sobretudo nos seus compostos iurare (jurar) e iusiurandum (juramento), em que, de uma forma ou de outra, há uma invocação dos deuses (CRUZ, 1969).

Também de extrema importância é a des-crição de Marco Túlio Cícero, na obra “Dos Deveres”, que expõe:

“O fundamento da justiça é a fides, ou seja, a verdade e a constância e em palavras e acordos. Assim, embora isso possa parecer muito grosseiro a alguns, ousemos imitar os estóicos, que dedicadamente investigaram a origem das palavras, e acreditemos na “fé” (fides), assim chamada porque “faz (fiat) o que foi dito” (CÍCERO, 1999).

Assim, a literatura latina traz uma iden-tificação importante entre o significado de fides e a palavra utilizada para descrever a referida significação (recorrendo inclusive aos estóicos). Esta ligação etimológica pode

ser observada inclusive atualmente, nas tan-tas expressões que têm origem linguística e semântica naquela locução. E muitos são os exemplos: fé, fiança, fidúcia, confiança, etc., tal qual o seu inverso, como perfídia – sobre esta palavra, interessante sua origem que remonta às guerras púnicas: púnica fides: a fidelidade púnica era a perfídia, já que os romanos acusavam os cartagineses de não cumprirem os acordos – desconfiança, infide-lidade. Todas elas têm uma mesma origem, em que pese possam ter tomado destinos diversos. Os diferentes usos do termo fides aparecem concentrados em certos conjuntos de expressões – locuções – cada um dos quais – com pequenas variações terminoló-gicas, mais que semânticas – vai formando uma espécie de forma-tipo que se reproduz cada vez que ocorrem determinadas situações e a qual se atribui, ademais, um significado consolidado (CASTRESANA, 1991).

Deste modo, as definições de fides a partir de sua própria etimologia podem encaminhar o pesquisador a uma primeira identificação do seu significado. A verificação segundo a qual, originariamente, fides significava que: “deve-se fazer o que foi dito”, “deve-se cum-prir o que se prometeu”, acarreta a conclusão que o indivíduo possuidor desta virtude é um “homem de palavra” e que “merece confian-ça”. Ainda, segundo alguns romanistas, a significação mais primitiva de fides era uma potestas (um poder) reconduzindo o sentido da fides em todas variantes a uma fides poder, do patrono em relação aos seus subordina-dos, dos tutores em relação aos pupilos, etc (CASTRESANA, 1991).

De tudo isso, o importante é observar que o perfil da fides passa a ser jurídico na medida em que, de uma “virtude”, se torna um “princípio”. Efetivamente, a fides, desde os seus primeiros registros, apresentou uma espetacular evolução e, ao mesmo tempo, manteve um núcleo substancial (semântico) que pode se explicitar na “lealdade à palavra dada”. E o questionamento que atualmente se pode fazer a este respeito é qual o espaço que o direito tem dado para esta vinculação à fidelidade? Ainda sobre os romanos, vale ressaltar que este tema sempre ocupou um lugar de destaque na formulação jurídica. Segundo Fritz Schulz, para os romanos, ser fiel era um dos seus princípios vitais. Na verdade, os romanos tendem seriamente à

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fidelidade e, para eles, a infidelidade é uma mancha social. O autor inclusive refere que, quando falam de fides, os romanos chegam a ser patéticos (SCHULZ, 2000). A verdade é que os romanos tendiam a vincular a con-duta da pessoa refletindo inclusive nos seus julgamentos. O insigne romanista brasileiro, José Carlos Moreira Alves, ensina que para os casos em que o iudex tivesse de levar em consideração o dolo de algum dos litigantes, fazia-se uso dos iudiciae bonae fidei – ações de boa-fé – que geravam um resultado ex fide bona – de acordo com a boa-fé – (ALVES, 2007) e assim davam início a um Direito que temos como gênese do nosso, e que, por isso, sempre vale a pena estudar.

II - Breve conclusão sobre a possibili-dade de se utilizar a fides romana como origem e paradigma do direito moderno

Com este caráter de integração do valor (fidelidade) na norma (vinculação à palavra dada, entre outras manifestações jurídicas), cumpre sempre ao jurista indagar-se: dentre tantas heranças recebidas pelos modernos da tradição, está também inserida a noção de fides no elenco de princípios jurídicos do direito atual? Depois de percorrer um longo percurso histórico, poderia a fides romana ser identificada como um dos pilares da estrutura moderna e em que medida? Este sucinto ensaio serve a levantar a curiosidade sobre o tema em busca de aprofundamentos necessários e que o assunto merece e, para identificar uma das respostas possíveis, é preciso indicar o teor do artigo 422 do Código Civil Brasileiro:

Art. 422: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

O artigo referido é inovação na ordem jurídica brasileira que, até o advento do Novo Código Civil de 2002, não contava com a indicação expressa de princípios como o da boa-fé objetiva. Tal circunstância se deve ao fato de que a nova lei civil se apresentou primando por consagrar um novo perfil ético-solidarista, marca do seu idealizador, o jurista Miguel Reale. Esta concepção solidarista tem por escopo uma ordem social harmônica, baseada na confiança, e esta quem sabe remonta às suas originárias manifestações, como a fides romana.

A doutrina e a jurisprudência brasileiras estão sempre demonstrando grandes esforços na consolidação de uma prática civil fundada na “fidúcia” que as partes envolvidas podem e devem ter nas suas condutas e na vida de relação, perspectiva alicerçada na concreção do princípio da boa-fé objetiva. No dizer de Clóvis do Couto e Silva, o dever que promana da concreção do princípio da boa-fé é dever de consideração com o “alter” (COUTO E SILVA, 1976). E nele há evidente aproximação ética com a vinculação romana derivada da fides, quiçá ainda simbologicamente manifestada, seja no aperto de mãos, na expressão do “fio do bigode” ou na certeza de que, mesmo havendo uma crescente crise de valores, o direito pode preservar um mínimo ético-social no seu papel de regular a sociedade.

ReferênciasALVES, José Carlos Moreira. Direito Ro-mano, 14ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2007.

CASTRESANA, Amelia. Fides, Bona Fides, Madrid: Editorial Tecnos S.A., 1991.

CÍCERO, Marco Tulio. Dos Deveres, Tradu-ção de Angelica Chiapeta. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

COUTO E SILVA. Clóvis Veríssimo. Obriga-ção como Processo, São Paulo: Bushatsky Editor, 1976.

CRUZ, Sebastião. Direito Romano. Lições. I – Introdução e Fontes. Coimbra: Livraria Almedina. 1969.

JHERING, R. von. Abreviatura de El Es-píritu del Derecho Romano. Tradução de Fernando Vela, Madrid: Marcial Pons Edicio-nes Jurídicas y Sociales S.A., 2005.

SANTOS JUSTO, Antonio. Direito Privado Romano – Tomo 1. 3ª Edição. Stvdia Ivridica 50. Coimbra: Coimbra Editora. 2006.

SCHULZ, Fritz. Principios de Derecho Ro-mano, 2ª Edição. Tradução de Manuel Abellán Velasco, Madrid: Civitas Ediciones, 2000. TITO LIVIO. Storia di Roma. Libri I-III. (Título original: Ab urbe condita libri). A cura di Guido Vitali. Bologna: Zanichelli Editore. 1998.

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Ciências Tecnológicas

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Resumo: Há uma tendência no mercado de que as organizações passem a utilizar softwares livres em substituição aos proprietários. Em se tratando de banco de dados, as informações armazenadas nas bases antigas precisam ser levadas às bases novas através da migração. O objetivo deste trabalho é apresen-tar os aspectos mais relevantes encontrados durante o processo de migração para contribuir em tornar o processo menos traumático para as empresas que iniciam um projeto nesta área. Para isto, serão retratados os bancos de dados na realidade das empresas e apontada sua tendência de curto prazo. Para obter os dados foi realizada uma pesquisa envolvendo aspectos qualitativos e foram utilizados os métodos de pesquisa de campo e entrevista semiestruturada. A pesquisa de campo levantou as informações dos técnicos envolvidos em processos de migração e as entrevistas foram feitas em empresas que prestam serviço de consultoria nesta área. Dentre os resultados obtidos, destaca-se a identificação do banco de dados proprietário origem das migrações e o banco de dados livre destino. Além destes aspectos, a pesquisa destacou, como a maior dificuldade, a necessidade de desenvolvimento de aplicações para auxiliar o processo de migração. Assim verificou-se que seria de grande utilidade a criação de um software que realizasse a migração automati-camente, pois sem este o processo de migração é muito trabalhoso.

Palavras-chave: Banco de dados, Software livre, Software proprietário, Migração.

Abstract: There is a tendency in market that organizations pass to use free softwares instead of proprietor softwares. Dealing about database, the informations storage in old bases need to go to new bases through migration. The purpose of this paper is to present the most important aspects found during the migration process to contribute to become the process less traumatic to that companies which start a project in this area. For that, it will be portray databases in the companies reality and indicate the tendency in short term. To get dates it was accomplished a research involving qualitative aspects and it was used field research methods and semi structured interview. The field rese-arch considered the information from technicists involved in migration process and the interviews was accomplished in companies that give consultancy service in this area. Amongst results got, it detaches the identification of the proprietor database source of migration and the free database destination. And besides these aspects, the research detaches as the most difficulty the necessity of applications to help in the migration process. So, it has verified that it would be very usefulness the creation of software that does the migration automatically, since without it the migration process is too hard.

Key-words: Database, Free software, Proprietor software, Migration.

Banco de dados – migração de software proprietário para software livre

Adriana Paula Zamin Scherer1 Daniel Gonçalves Jacobsen2

Marcelo Luis dos Santos3

1Mestre em Ciências da Computação pela UFRGS e Professora da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre (FDB)E-mail: [email protected] do curso de Sistemas da Informação da FDBE-mail: [email protected] do curso de Sistemas da Informação da FDBE-mail:[email protected] Alegre/RS - CEP: 90.160-093

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano II • Número 4 • Julho - Dezembro de 2008

1. IntroduçãoAnos atrás, apenas grandes corporações

desfrutavam das facilidades que as tecnolo-gias apresentavam. Isso porque era necessá-rio um investimento muito grande para formar e manter um bom setor na área.

Atualmente, pequenas e médias empresas podem utilizar os recursos dos sistemas de informação já que o custo dos equipamentos e dos softwares diminuiu significativamente. Entretanto, outro detalhe é importante: o movimento dos softwares livres vem aumen-tando muito, fazendo com que pequenas e médias empresas não precisem de grandes investimentos para a aquisição de softwares proprietários.

Para as empresas que precisam mudar constantemente suas aplicações para atender a novos requisitos de mercado, está cada vez mais difícil arcar com os custos de licenças de software. Assim, a tendência é de que os softwares proprietários sejam migrados para softwares livres equivalentes. Este fato tam-bém abrange os bancos de dados. No entan-to, todo processo de migração é traumático, principalmente quando se trata de bancos de dados, já que são eles os responsáveis por armazenar e disponibilizar as informações necessárias à gestão da empresa.

Com o objetivo de minimizar os problemas envolvidos na migração dos bancos de dados, este artigo irá apresentar o que de fato ocorre quando as empresas iniciam este processo mostrando, entre outros, suas motivações e dificuldades. E, desta forma, facilitar o trabalho daquelas que pretendem iniciar um projeto nesta área. Para tanto, irá analisar a realidade atual das empresas em relação aos bancos de dados e sua tendência de curto prazo.

Além desta introdução, o artigo apresenta-se dividido em seis seções. Na seção 2 será mostrado o cenário atual das empresas e sua relação com os bancos de dados, apontando as principais opções deste tipo de software e sua adequação para cada tipo de empresa. A seção 3 descreve a tendência das empresas em utili-zar softwares livres e como esta tendência afeta os bancos de dados. Na seção 4 será apresen-tado o procedimento metodológico da pesquisa que buscou informações sobre migrações com técnicos e consultores. A seção 5 apresentará os resultados obtidos e a discussão sobre eles. E, na seção 6, faz-se a síntese do artigo com as considerações finais.

2. Os SGBDs na realidade atual das empresas

Nos dias de hoje a concorrência pelos clientes no mercado está cada vez mais acirra-da. As informações devem estar acessíveis e de maneira eficiente no momento que o cliente desejar. Com estes requisitos, a empresa terá sucesso.

Os Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados (SGBDs) encarregam-se justamente desta parte. São conjuntos de softwares que, juntos, tornam-se extremamente robustos e confiáveis. Eles são destinados a armaze-nar pequenas ou grandes quantidades de informações e registros, além de possibilitar que sejam administrados com competência (BARBOSA, 2002). Portanto, esses são os softwares mais importantes para as mais diversas organizações.

Atualmente existem diversos SGBDs disponíveis no mercado. Os propósitos de cada um são diferentes. Alguns desejam atingir pequenas e médias empresas. Outros têm como objetivo ser integrado por grandes corporações e possuem uma infinidade de recursos com capacidade de manipular base de dados significativamente maiores que os anteriores.

O MS Access®, por exemplo, é destinado a criar e organizar pequenas e médias bases de dados. Dentre os que são capazes de ar-mazenar uma grande quantidade de registros, estão o Oracle® ou o DB2®. Também há no mercado as soluções baseadas em software livre, dentre eles, os mais famosos são MySQL e o PostgreSQL.

O MS Access® foi desenvolvido pela Microsoft® em 1992. Este software não suporta uma base de dados muito grande (ANGELI, 2007). Todavia, é de fácil utiliza-ção o que possibilita que um programador com pouca experiência possa utilizá-lo sem muitas dificuldades. Este fator favorece o seu uso em pequenas e médias empresas e, também, o uso em departamentos iso-lados, pulverizando as informações dentro das empresas.

Atualmente o Oracle® desenvolvido pela Oracle Corporation® é líder do mercado dos SGBDs proprietários (IDC, 2007). Sendo um dos softwares mais robustos, com maior segurança e velocidade, é o software de banco de dados mais utilizado por grandes corporações.

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Dentre as soluções baseadas em software livre, o PostgreSQL faz parte dos SGBDs de código aberto mais avançado, contando com uma infinidade de recursos e conhecido por sua robustez e segurança. Ele deriva de um projeto chamado Ingres que teve sua primeira versão no início da década de 80 e seu de-senvolvimento ocorreu na Universidade de Berkeley, na Califórnia (GONZAGA, 2007).

3. Os SGBDs no futuro das empresasA redução de custos associada à constante

busca por uma maior eficiência e qualidade, em termos de atendimento ao cliente, estão levando as negociações para aquisição de software a modelos mais flexíveis. Em virtu-de disto, os fornecedores de software estão começando a oferecer modelos alternativos às vendas por licença de uso. Tudo para não perder de vez o cliente. De acordo com (PAVANI, 2007), “No futuro, software será claramente um serviço, pela redução da complexidade e do cus-to total de propriedade do ambiente de Tecnologia da Informação (TI)”.

Diante desta iminente mudança em que os reven-dedores de software dei-xarão de ser fornecedores para se tornar prestadores de serviço, abre-se uma brecha muito grande para o software livre. A tendência das empresas pela escolha do software livre, ao invés do software proprie-tário, pode ser analisada de acordo com os seguintes critérios: 1) empresas que possuem área de TI para manipular os códigos fontes; e 2) empresas que não possuem área de TI.

Nas organizações que possuem área de TI, a utilização de software livre é vantajosa porque possibilita a manipulação do software de acordo com a necessidade, além de redu-zir os custos com a aquisição de licenças. O governo federal é um ótimo exemplo de como é vantajosa a utilização de software livre. Segundo (Portal, 2007), dentre as melhorias atingidas após a migração para software livre está a “...diminuição da dependência de fornecedores oligopolistas e proprietários, o que possibilita a médio e longo prazo a re-dução de gastos na aquisição de licenças de software...”. Ainda, de acordo com (PORTAL,

2007) houve uma redução de custos com a utilização e migração para software livre. Além disso, o fato do código do software estar à disposição permite que ele seja avaliado e alterado pela empresa que o utiliza.

Em outro patamar encontram-se as pe-quenas e médias empresas que não possuem área de TI e que por não ter condições de arcar com os custos de licenças veem no software livre uma saída para não ficar de fora dos avanços tecnológicos para competir com quem possui o diferencial da tecnologia.

A utilização dos SGBDs livres pode ser considerada como a última instância de mi-gração dentro das corporações, uma vez que os administradores de banco de dados têm verdadeira aversão a mudanças. Eles são os últimos da equipe de TI a aceitá-las. Esta desconfiança tem fundamento, em virtude de que geralmente o maior patrimônio da

empresa, que são as infor-mações contidas no banco de dados, encontra-se sob sua responsabilidade.

No entanto, a descon-fiança quanto aos SGBDs livres está diminuindo à medida que a comunidade tecnológica vem perceben-do que os desenvolvedores deste tipo de software estão cada vez mais organizados, fornecendo produtos que se

igualam aos SGBDs proprietários.Visto a necessidade e dependência das

empresas em relação aos softwares de banco de dados, e chegado o momento de migrá-los para softwares livres, faz-se necessário com-preender o que ocorre quando as empresas iniciam este processo.

O conhecimento dos sucessos e das dificul-dades encontradas por outros torna o próprio processo menos traumático, uma vez que é possível anteceder-se aos problemas e seguir os acertos. Na próxima seção, será descrita a metodologia utilizada na pesquisa que permitiu identificar os principais aspectos envolvidos em migrações de bancos de dados.

4. Os Procedimentos MetodológicosA etapa de pesquisa que será relatada

nesta seção envolve aspectos qualitativos e foram utilizados os métodos de pesquisa de campo e entrevista semiestruturada. A coleta

Nas organizações que possuem área de TI, a utilização de software livre é vantajosa porque possibilita a manipulação do software de acordo com a necessidade, além de reduzir os custos com a aquisição de licenças.

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das informações foi realizada no período de abril e maio de 2007.

A pesquisa de campo destinou-se a en-trevistar os técnicos que realizam as migra-ções, com uma amostra de 50 (cinquenta) indivíduos. A entrevista semiestruturada foi utilizada para coleta de informações nas empresas de TI da Grande Porto Alegre que trabalham com consultoria nesta área, com uma amostra de 03 (três) empresas.

A busca pelos indivíduos da amostra foi feita em listas de discussão e fóruns relacio-nados a banco de dados. Um contato prévio foi estabelecido em alguns casos, a fim de verificar a disponibilidade para responder ao questionário. Confirmando a disponibilidade, o questionário era enviado.

O questionário foi dividido em três partes: “processo de migração em fase de estudos”, “processo de migração em andamento” e “processo de migração concluído”. As questões foram respondidas pelo indivíduo pesquisado de acordo com a sua fase no pro-cesso de migração, sendo que as questões de um (01) a quatro (04) eram para a fase de estudos, as de um (01) a dez (10) eram para o processo em andamento e as de um (01) a quinze (15) eram para o processo fina-lizado. Para cada pergunta do questionário, as respostas mais prováveis foram escritas na forma de alternativas simples e mais de uma resposta poderia ser marcada. Todavia, uma alternativa “Outros” foi inserida, dando oportunidade para o indivíduo descrever sua

resposta, caso a alternativa não tivesse sido listada anteriormente.

Para todos os questionários enviados, um prazo máximo para retorno da resposta foi estipulado. Para manter o controle dos e-mails enviados, recebidos e quem enviou, foi elabora-da uma planilha simples. Entre outras informa-ções, esta planilha armazenava a data de envio dos questionários, pois chegando à véspera do prazo limite, um novo e-mail foi enviado com o objetivo de resgatar mais informações.

As empresas de consultoria em TI foram contatadas através de e-mail e ligações tele-fônicas a fim de agendar a entrevista, uma vez que, para esta etapa, as informações foram coletadas in loco. Para esta etapa, foi criado um questionário específico a fim de avaliar as tendências de mercado, se tratando de migrações de SGBDs. Neste questionário, as perguntas não foram compostas por respostas de alternativas simples, uma vez que na entre-vista o objetivo seria coletar o máximo possível de informações.

5. Resultados e discussão dos dados coletados

Sobre a amostra de 50 (cinquenta) indi-víduos, 28 (vinte e oito) retornaram o ques-tionário preenchido. Destes, 21 (vinte e um) estão com o processo finalizado, 05 (cinco) em andamento e 02 (dois) em fase de estudos.

Na Quadro 1 estão apresentados os ban-cos de dados que foram informados pelos usu-ários como sendo a origem das migrações.

Quadro 1 - Bancos de dados que estão sendo migrados

Banco de Dados Quantidade de Usuários Percentual

SQL Server® 15 53,57 %Access® 13 46,43%Oracle® 4 14,29%Interbase® 4 14,29%Sybase® 3 10,71%

Dentre os motivos apresentados para o uso destes bancos de dados, o principal apresentado foi a sua facilidade de utilização com 16 (dezesseis) respostas, representando 57,14%.

Os bancos de dados destino para as migrações são o Firebird com 12 (doze) respostas, o PostgreSQL com 09 (nove) e o MySQL com 07 (sete).

Na Quadro 2 estão apresentados os moti-vos que levaram a empresa a decidir por estes softwares para receber a migração.

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Quadro 2 - Motivos para a migração de Banco de Dados Proprietários para Banco de Dados Livres

Motivo Quantidade de Usuários Percentual

Redução de custo com software proprietário 20 71,43%Performance do banco de dados 17 60,71%Facilidade de utilização 13 46,43%Segurança 11 39,29%Legalização de licenças 8 28,57%Qualidade/quantidade de profissionais de suporte 8 28,57%

Quadro 3 - Objetivos atingidos pela migração Objetivos atingidos Quantidade de usuários Percentual

Sim 18 78,26%Não 0 0,0%Superados 6 26,09%

As migrações em andamento ou que já estão finalizadas utilizaram, em sua maioria, o processo manual (73,08%) e aquelas que foram em parte automatizadas através de um software (38,46%), este foi desenvolvido pelos próprios técnicos.

Como consequência, o principal aspecto apontado como facilitador do processo de mi-gração seria a existência de um software que

consultoria, apenas 01 (uma) aceitou contri-buir para o desenvolvimento deste trabalho. A entrevista teve duração de aproximadamente trinta minutos e seguiu a ordem do questio-nário elaborado.

A empresa de consultoria destacou que nos últimos tempos houve um aumento na procura de serviço de consultoria para migração de banco de dados proprietário para livre. As mi-grações ocorrem, principalmente, envolvendo softwares mais antigos como ZIN e Clipper e, também, softwares que gerenciam pequenas bases e com poucos recursos, como o MS Access®. Todas as migrações foram para o banco de dados livre PostgreSQL.

Os principais motivos apontados pelas empresas para buscar esta migração são: atualização tecnológica, segurança, confia-bilidade e redução de custos; este último, citado principalmente em se tratando de órgãos públicos. Normalmente, a empresa de consultoria é contratada na fase inicial de todo o processo e o tempo gasto pode variar de dias a semanas, sempre dependendo do tamanho da base de dados.

Para a equipe técnica da empresa de con-

sultoria, as dificuldades encontradas são de grau médio. No entanto, para muitas migrações, foi necessário o desenvolvimento de softwares específicos para facilitar o processo.

Como ponto positivo identificado pela con-sultoria, pode ser citado o fato de que todas as migrações tiveram sucesso e que o cliente se mostra muito satisfeito no final do processo.

Ao analisar os resultados das pesquisas, sob a ótica dos motivos para migração, estes podem ser divididos em dois grandes tópicos: atualização tecnológica e redução de custos. Na atualização tecnológica estão incluídos softwares antigos e desatualizados como ZIN ou Clipper e também o MS Access® que não é destinado a armazenar uma grande quanti-dade de informações. Na redução de custos encontram-se, entre outros, o SQL Server®, o Oracle® e, novamente, o MS Access®, uma vez que este também tem o licenciamento pago. Desta forma, para a amostragem analisada, a maioria das migrações parte do banco de dados MS Access®.

Ao analisar o banco de dados destino para as migrações, aparecem o Firebird e o

fizesse a migração automaticamente, sem que este precisasse ser desenvolvido pela equipe responsável pela migração.

Os resultados finais obtidos com a migração podem ser vistos na Quadro 3.

Da amostra definida para empresas de

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PostgreSQL. Sendo que para a empresa de consultoria, o destino de todas as migrações é o PostgreSQL. Migrações para outros bancos raramente acontecem. Em razão disso e das quantidades levantadas para cada banco des-tino na coleta de dados dos técnicos, pode-se afirmar que o PostgreSQL é o banco de dados livre que mais recebe migrações.

Os percentuais e quantidades apresenta-das possuem algumas distorções, mas este fato é causado pela modalidade de pesquisa que permite ao indivíduo marcar mais do que uma alternativa por pergunta.

Ao ser realizado de forma manual, o pro-cesso de migração gera grandes dificuldades, pois sempre há o risco de falha e também se perde a padronização para novas tarefas. Além do que, obrigatoriamente, para conduzi-lo, faz-se necessário um bom nível de conhe-cimento técnico.

O primeiro problema é solucionado pelos técnicos envolvidos, pois grande parte dos mesmos destacou que em muitos casos é necessário o desenvolvimento de aplicações específicas para este fim. A empresa de con-sultoria apresentou a mesma solução.

O problema restringe-se à necessidade de conhecimento técnico.

A pesquisa preocupou-se em saber dos técnicos suas dificuldades, mas as respostas servem para analisar a questão da migração de forma mais ampla. Os técnicos afirmam que um software que fizesse a migração de forma auto-mática facilitaria o processo, então este mesmo software se prestaria a migrar bases de dados sob a tutela de pessoas com um conhecimento técnico não tão específico. Este ponto se torna importante para pequenas empresas e organi-zações, onde a contratação de profissionais ou empresas especializadas demanda custos que podem tornar o projeto inviável.

A satisfação em relação ao resultado da migração, apontada por todos os entrevista-dos, demonstra a comprovação de que este processo é a solução para muitos dos pro-blemas das empresas em relação a TI; além de confirmar que a migração para bancos de dados livres é uma alternativa que agrega qualidade na economia gerada.

ConclusãoO estudo apontou a grande dependência

das empresas em relação aos softwares de bancos de dados, sem os quais elas não têm competitividade no acirrado mercado atual.

Mostrou também que os SGBDs livres es-tão ganhando espaço, principalmente entre as pequenas e médias empresas e instituições públicas. Este fato é decorrente da qualidade que estes softwares vem apresentando e da necessi-dade das organizações em reduzir seus custos.

Vê-se que, para o momento, seria de gran-de utilidade a criação de um software específi-co que realizasse a migração automaticamen-te, pois foi averiguado que o processo se torna muito trabalhoso quando feito manualmente, e que o desenvolvimento de aplicações durante a migração, pelos próprios técnicos, aumenta a dificuldade e o tempo do processo.

Com esta visão, uma próxima etapa será o desenvolvimento de um aplicativo que realize de forma automática a migração de um banco de da-dos proprietário para um banco de dados livre.

ReferênciasANGELI, Juliano Franciso. (2007) MDB (Access). <http://fit.faccat.br/~julianoangeli/linguagens/mdb.html#introducao>, junho.

BARBOSA, Anderson Luiz. (2002) Estratégias de Teste em Bancos de Dados Relacionais.

GONZAGA, Jorge Luiz. (2007) Dominando o PostgreSQL. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda.

IDC. (2007) World wide RDBMS 2006 Vendor Shares: Preliminary Results for the Top 5 Vendors. <http://www.oracle.com/corporate/analyst/reports/infrastructure/dbms/206061_preliminary_db.pdf>, junho.

PAVANI, Luana. (2007) Muito Além da licença. Revista Info Corporate. Editora Abril. Edição 35. <http://info.abril.com.br/corporate/edicoes/35/capa/conteudo_154383.shtml>, março.

Portal Software Livre. (2007) Secretário fala sobre software livre. <http://www.softwa-relivre.gov.br/noticias/News_Item.2006-06-06.4923/view>, março.

Revista Ciência e Tecnologia: publicação periódica do Centro Unisal. Campinas, Ano V, Nº 7, p. 7-18, out. 2002.

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sistemas de apoio à decisão com foco em sistemas utilizados no mercado de ações. Será apresentado um caso de uso, onde se pode visualizar uma falha constatada no processo de validação, que não contempla como o SAD chegou aos resultados apresentados.

Palavras-chave: Sistema de Apoio à Decisão, Mercado de ações.

Abstract: This paper have for objective to present methods of validation and veri-fication to Decision Support System (DSS) witch to focus on systems used in the stock market. It will be presented a case of use, we could see a fail in the process of validation, which does not consider how the DSS, came to the presented results.

Key-words: Decision Support System, Stock market.

Métodos de validação dos sistemas de apoio à decisão

Juliane Contini1

Letícia Silva Garcia2

Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar métodos de validação e verificação para

IntroduçãoA atividade de verificação e validação de

softwares encontra-se em forte evidência. As empresas buscam maneiras para certificar e comprovar que seus sistemas funcionam de forma correta. Neste artigo, o foco será nos mé-todos utilizados para a validação e verificação de sistemas de apoio à decisão, os quais serão cha-mados aqui de SAD. Estes sistemas estão sendo cada vez mais utilizados para auxiliar a tomada de decisão, em diversos tipos de negócios.

Ao longo deste artigo, serão descritos os sistemas de informação para apoio à decisão e a utilização desses sistemas no mercado de ações onde será apresentado um programa de exemplo, além de um processo de teste de software utilizado para este tipo de sistema, em um caso de uso observado. Ao finalizar este, será exibida uma falha constatada neste processo de validação e verificação, o qual merece atenção e estudo.

1. Sistemas de informaçãoConsiderando o cenário atual, pode-se afir-

mar que o setor de Tecnologia de Informação tem caráter vital na empresa. Este é composto de uma estrutura física (computadores) e uma estrutura lógica (programas), os quais são enquadrados em classes de Sistemas de Informações.

O foco deste artigo são os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD). Estes sistemas se propõem auxiliar na tomada de decisões. Os SADs são capazes de manipular grandes volumes de dados, obter e processar dados de fontes diferentes, executar análises e comparações complexas e sofisticadas, exe-cutar análises de simulações. São exemplos simples de apoio à decisão: as planilhas ele-trônicas, os sistemas de análise estatística e os programas de previsão mercadológica.

De acordo com o artigo “Sistemas de Informação e Sistemas de Apoio à Decisão”, de Falsarella e Chaves (2004), o processo de tomada de decisão se desenrola através da interação constante do usuário com um ambiente de apoio à decisão especialmente criado para dar subsídio às decisões a serem tomadas. Este ambiente, representado na Figura 1, é constituído por:

1Acadêmica do Curso de Sistemas de Informação – Faculdade Dom Bosco Porto AlegreRua Marechal José Inácio da Silva, nº 355 - Bairro Passo d’Areia - Porto Alegre - RS - Brasil2Professora Doutora do Curso de Sistemas de Informação – Faculdade Dom Bosco Porto AlegreOrientadora da Disciplina de Sistemas de Informação B

Figura 1 - Fluxograma do modelo de ar-quitetura do software de apoio à decisão

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• Bancos de Dados (BD) - São forma-dos por informações internas e externas à organização, por conhecimentos e experiências de especialistas e por infor-mações históricas acerca das decisões tomadas.

• Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) - Após os dados estarem instalados no BD, o SGBD deve possibilitar o acesso às informações e a sua atualiza-ção, garantindo a segurança e a integridade do BD.

• Ferramentas de Apoio à Decisão (FAD) - São softwares que auxiliam na simulação de situações e na representação gráfica das informações.

• Ambiente Aplicativo (AA) - São siste-mas aplicativos ou funções acrescidas aos sistemas existentes que fazem análise de alternativas e fornecem soluções de pro-blemas.

• Ambiente Operacional (AO) - É com-posto por hardwares e softwares que permi-tem que todos os componentes do ambiente sejam integrados.

Para que os SAD consigam, assim, cum-prir seu papel de colaborar com os diretores

Figura 2 - Gráfico de linha sem estudo matemático aplicado sobre o histórico das informações de mercado

e gerentes nas tomadas de decisões, eles devem conseguir gerar cenários próximos da realidade para adquirirem credibilidade junto aos seus usuários. Caracterizam-se pelo emprego de diferentes modelos, algoritmos e tecnologias na construção de sistemas que dão apoio aos processos decisórios de grandes organizações, como bancos, indústrias, companhias de seguro e agências governamentais, entre outros. Os SADs podem, desta forma, ser uma impor-tante ferramenta para as grandes decisões de investimentos e futuro da empresa.

2. Mercado de açõesNo mercado de ações existem softwares

com ferramentas que auxiliam a tomada de decisão. Um exemplo é o sistema gráfico que será apresentado como caso de uso, cujas telas estão apresentadas nas figuras 2, 3 e 4. Este software acompanha a evo-lução das ações através de um histórico com informações das negociações. Nestes gráficos são aplicados estudos e estraté-gias que, a partir de cálculos matemáticos, montam desenhos que permitem ao usuário analisar e tomar decisões de compra ou venda das ações.

Na figura 2, tem-se um exemplo de grá-fico sem estudo aplicado. Os dados repre-sentam apenas as informações de abertura máxima, mínima e fechamento do dia.

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Figura 3 - Gráfico com estudo matemático aplicado sobre o histórico dasinformações de mercado

Figura 4 - Gráfico com a ferramenta de estratégia aplicada mostrando os melhores momentos para compra e venda de ações

Na figura 3, apresenta-se um gráfico com um estudo de média aplicado, estas médias

são médias de preços que se deslocam no tempo.

Na figura 4, tem-se um gráfico com uma estratégia aplicada. O modelo de trading é previamente testado utilizando séries histó-ricas, e apresenta relatórios para análise de

performance. Uma vez ativo, o sistema indica graficamente pontos de Compra e Venda, em tempo real, podendo enviar ordens (automá-ticas) diretamente ao mercado.

Estes sistemas devem passar por valida-ções que consigam comprovar sua eficácia. O software somente será considerado apto para o usuário se as decisões por ele apontadas forem satisfatórias. É importante salientar que hoje, no mercado financeiro, os profissionais não amparam suas decisões em apenas uma

ferramenta, não por desacreditarem nas ferra-mentas, mas pelo fato de as decisões estarem diretamente ligadas a negócios de risco.

A análise gráfica se baseia no histórico das ações. Dessa forma, o sistema nunca poderá atingir o sucesso de suas decisões em 100% das situações, pois sabe-se que o

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passado não se repetirá sempre. Além disso, existem situações externas que influenciam a movimentação nas bolsas, tais como: eleições presidenciais, atentados terroristas, oscila-ções do câmbio e assim por diante.

3. Validação de sistemasNo cenário atual, a necessidade de teste

em um produto de software está mais que comprovada. De acordo com o autor Bartié (2006), as empresas já entenderam que fabricar softwares “não-adequados”, além de prejudicar a imagem da organização, aumenta significativamente os custos totais de desenvolvimento. O processo de teste de software deve ocorrer desde o planejamento e acompanhar todas as etapas. Mas sempre é importante lembrar que o teste de software não deve ser executado para provar que o sistema não tem erros, mas sim provar que ele os possui. Ao analisar o produto com o intuito de verificar se há falhas, perde-se o foco da busca de situações onde podem ocorrer estas, podendo assim acabar mascarando os problemas.

O processo de teste é composto de etapas. A etapa de validação é parte do processo de teste de software, o qual tem a seguinte divisão:

i – Plano de testes ii – Casos de testesiii – Relatório de ocorrênciasiv – Resumo de testesv – Gestão de versãoO teste de um software começa pelo pla-

nejamento dos testes. Este planejamento deve ser estudado com cuidado, tentando cercar diversas situações. Para isso é elaborado um documento chamado “plano de testes” (i). No plano de testes, de forma geral, são especificados os objetivos e itens de testes de forma bem detalhada, bem como os recursos responsáveis, ambiente necessário, avaliação dos riscos, tipos de testes que serão execu-tados, características testáveis, critérios de suspensão e retomada de testes, cronograma e responsáveis. Um cuidado muito importante nessa etapa é para que a confecção desse do-cumento não se torne algo automático, mas sim uma elaboração pensada e estudada para que os problemas sejam cercados desde o início.

A etapa seguinte é a elaboração dos casos de testes. Os casos de testes (ii) consistem nas situações que deverão ser verificadas no momento do teste propriamente dito. Porém,

os casos geralmente possuem: a descrição, os passos para a reprodução, a classificação do caso em válido ou inválido. Por exemplo: um campo que somente aceita número. Ao passar em um caso de teste números, este caso será válido. Ao passar letras, será um caso inválido. Outra classificação é de acordo com o grau de risco. Por exemplo, é possível dividir o risco em alto, médio e baixo. Isso permitirá ao final dos testes avaliar a liberação ou não do produto através do número de ca-sos de grau alto que funcionaram e o número que não obtiveram sucesso, sendo que esse também é um item importante dos casos de testes. O resultado de cada execução deve ficar registrado.

Em (iii), é feita a geração do relatório de ocorrências, documento no qual estarão re-gistrados os bugs detectados, a forma para reproduzi-los, a prioridade e o status atual. Este documento é encaminhado ao desen-volvimento que providenciará as devidas correções.

Após a conclusão dos testes é gerado o documento chamado de resumo de testes (iv). Neste documento ficam registrados os bugs detectados, bugs corrigidos e bugs pendentes, além de interrupções no período dos testes, cronograma utilizado, desvios e um parecer final.

Para a liberação do produto ao cliente, deve ser incluso no pacote de aplicativos o documento de gestão de versão (v). Neste documento devem constar todos os itens li-berados, bem como suas respectivas funções e itens a serem verificados ao ser implantado no cliente.

O processo de validação pode ser classi-ficado de acordo com os tipos de validações que podem ser executadas em um software:

i. Teste de funcionalidadeii. Teste de usabilidadeiii. Teste de carga (stress)iv. Teste de volumev. Teste de configuraçãovi. Teste de performance (desempenho)vii. Teste de recuperaçãoNo caso de uso analisado de um sistema

de apoio à decisão utilizado para o mercado de ações, são aplicados os tipos de valida-ção listados acima, os quais a seguir estão descritos com mais detalhes, retirados do livro Garantia da Qualidade de Software de Bartié (2006):

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i. Teste de funcionalidade: nesta categoria, o objetivo é simular os diversos cenários e garantir que todos os requisitos funcionais estejam implementados. O foco principal são as regras de negócio, ou seja, é imprescindível que o analista de teste detenha um profundo conhecimento para garantir a cobertura de todos cenários.

ii. Os teste de usabilidade: estes testes devem ser realizados utilizando as condições do usuário final. O objetivo é entrar em cada tela e avaliar a facilidade de navegação entre elas, realizar diversas operações e depois desfazê-las, avaliar o processo de cada uma das operações, revisar os helps do sistema.

iii. Teste de Carga: tem por objetivo avaliar o teste em situações atípicas de utilização do software, provocando aumentos e redu-ções sucessivas de transações que superem os picos previamente determinados para o software, podendo desta maneira avaliar o comportamento do software.

iv. Teste de volume: este teste tem como foco determinar os limites de processamento do software. Contrário aos testes de carga, este tipo de teste não focaliza oscilações de processamento, mas o aumento contínuo dos parâmetros de execução.

v. Teste de configuração: essa categoria de testes tem por objetivo executar o software sobre diversas configurações de hardware e software.

vi. Teste de performance: essa categoria tem por objetivo determinar se o desempenho, nas situações previstas de pico máximo de acesso e concorrência, está consistente com os requisitos definidos.

vii. Teste de recuperação: objetiva avaliar o comportamento do software após a ocorrência de um erro ou de determinadas condições anormais. Algumas aplicações suportam so-luções de missão crítica, exigindo alto índice de disponibilidade do software.

A partir dos testes citados é possível elaborar um roteiro e um plano de testes que auxiliam no teste do sistema gráfico, o qual está sendo utili-zado como caso de uso deste artigo. O sistema possui diversas opções de configurações, tanto relacionadas aos estudos como visualização, cores, períodos, tipos de escalas.

Após receber o sistema do desenvolvimen-to e definir a metodologia que será utilizada para testar, as equipes de homologação se preparam para iniciar a validação. Essas vali-dações são realizadas por duas equipes: uma equipe de teste de software e uma equipe de um laboratório financeiro.

A equipe de teste de software é formada por analistas de testes, os quais aplicam as técnicas de testes citadas anteriormente neste artigo. Esta equipe tem o objetivo de realizar os testes que garantam a integridade do pro-duto como software. Os testes são executados em busca de falhas, passam por ciclos de testes e retornam ao desenvolvimento.

A liberação da versão para a equipe do laboratório financeiro pode ocorrer em para-lelo, sendo que o foco dos testes é diferente. A equipe do laboratório financeiro é formada por profissionais que detêm conhecimento da regra de negócio e poderão validar o software como ferramenta de apoio a decisão. Esta análise procura, através de simulações com

dados reais de mercado, comprovar que pode, atra-vés das aplicações dos estudos, demonstrar os momentos de compra e venda de ações. Porém, isso somente poderá ser comprovado apl icando o software em situações reais; situações essas que podem não ocorrer em um pequeno espaço de tempo.

Um ponto importante: o sistema precisa ser confiável, pois estará envolvido com a toma-da de decisões de investimento, nesse caso a perda ou ganho de dinheiro estará como resultado imediato.

4. Falha detectadaApós analisar os métodos de verificação

e validação do sistema gráfico descrito neste artigo é possível identificar que existe uma falha no processo: em nenhum momento existe uma verificação do método de como o estudo ou estratégia chegou aos indicadores apresentados. O foco apenas em funcio-nalidades, usabilidade e no resultado final pode deixar de fora inclusive situações es-tratégicas como o tempo gasto pelo sistema para a realização de cálculos matemáticos mais complexos, os quais são aplicados

O processo de teste é composto de etapas. A etapa de validação é parte do processo de teste de software, o qual tem a seguinte divisão: Plano de testes, Casos de testes e Relatório de ocorrências.

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aos gráficos e muitas vezes colocam em evidência possíveis falhas de performance do sistema.

Um item importante a salientar é que como o processo não é visível ao testador, a técnica de teste que poderia ser aplicada é o teste de caixa branca, onde são testados os caminhos lógicos através do software, fornecendo casos de teste que colocam à prova conjuntos específicos de condições e/ou garantem que todos os caminhos inde-pendentes dentro de um módulo tenham sido exercitados pelo menos uma vez.

Esta análise poderia apresentar o trans-correr do processo, tornando possível o testador acompanhar o processamento das informações. Com isso seria mais fácil agre-gar confiabilidade ao software, uma vez que não somente o resultado final seria avaliado, mas sim o sistema como um todo.

5. Considerações FinaisCom os processos de verificação e vali-

dação apresentados, foi possível identificar uma falha no processo. De acordo com Stair e Reynolds (2006), em um modelo conhecido, desenvolvido por Herbert Simon, divide-se a fase de decisão de processo de resolu-ção de problemas em diferentes estágios:

informação, projeto, escolha, implantação e monitoramento.

Acredita-se que um estudo mais aprofun-dado, tomando como base estas classifica-ções, facilitará que o processo de validação e verificação torne-se mais qualificado. Talvez a ultilização da técnica de caixa branca apre-sentada no item anterior seja um caminho a seguir. Porém é importante destacar que hoje os testes de caixa branca são executados pelos desenvolvedores do sistema. Esses deveriam estar integrados como uma figura mais participante ao processo de validação de software de apoio à decisão.

6. Referências

BARTIÉ, Alexandre. Garantia da Qualidade de Software. Editor Campus - 6ª Tiragem 2002 – 291 p.

FALSARELLA, Orandi Mina, CHAVES, Eduardo O. C. Artigo: Sistemas de Apoio à Decisão. Disponível em: http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/COMPUT/sad.htm

STAIR, Ralph M., REYNOLDS, George W. Princípios de Sistemas de Informação. Editora Thomson – Tradução da 6ª edição norte americana 2006 – 646 p.

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Resumo: A Escola Estadual de Ensino Médio Profa. Haydée Mello Rostirolla, localizada no bairro Feitoria/COHAB, São Leopoldo-RS, vem há vários anos trabalhando a educação ambiental com a abordagem em temas relacionados aos recursos hídricos e saneamento básico. O projeto “OLHO D’ÁGUA – não de lágrima” tem como objetivo alertar a comunidade local quanto à importância dos recursos hídricos, instruindo-a de como preservá-los. Deu-se prioridade a mananciais devido ao alto índice de doenças de pele e problemas gastrintes-tinais atribuído ao fato da maioria dos moradores utilizarem estas águas para beberem, se banharem e para atividades domésticas. Os alunos do 3º ano realizaram uma pesquisa na comunidade escolar para se ter uma estimativa desses problemas e identificar os mananciais utilizados. Através do georreferenciamento determinou-se a localização dos mananciais. Paralelamente foram realizadas coletas das águas para análises microbiológicas (coliformes totais, leveduras, bolores e Escherichia coli), determinando assim o grau de contaminação das mesmas. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa verificou-se que entre os alunos, 245 apresentam manchas de pele e 418 problemas gastrintestinais, já na comuni-dade local, 1.020 pessoas fazem usos das águas dos mananciais e 459 destas já tiveram dores abdominais. Para as análises microbiológicas realizadas, apenas PC (Ponto Sanga) e PE (Ponto Escola) apresentaram altos índices de coliformes totais e apenas em PC ocorre a presença da Escherichia coli. A manutenção da qualidade da água é indispensável para garantir a saúde da comunidade que faz uso desses recursos hídricos.

Palavras-chaves: Recursos hídricos, Análises microbiológicas, Arroio Peão, Feitoria.

Abstract: The State School of Education Prof. Haydée Mello Rostirolla located in the district Feitoria/COHAB, São Leopoldo-RS, has for several years working in environmental education with the approach on issues related to hydric resources and sanitation. The pro-ject “EYE OF WATER - not a tear”, aims to alert the local community about the importance of the hydric resources, instructing them on how to preserve them. It was given priority to water due to high rate of diseases of skin and gastrointestinal problems, attributed to the fact that most residents use that water to drink, bathe and domestic activities. Students in 3rd year conducted a search in the school community to have an estimate of these problems and identify the sources used. Through georeferencing it was determined the location of water sources, besides water samples were taken for microbiological analy-sis (total coliform, yeast, mold and Escherichia coli), thereby determining the degree of contamination of the same. According to the results obtained in the research found that among 245 students have patches of skin and gastrointestinal problems 418, cited in the local community of 1,020 people make use of water fountains and 459 of these have already abdominal pain. For microbiological tests carried out only PE (school Point) and PC (creek point) showed high levels of total coliform and PC occurs only in the presence of Escherichia coli. The maintenance of water quality is essential to ensure the health of the community that makes use of these hydric resources.

key-words: Hydric resources, Microbiological analysis, Peão stream, Feitoria.

Projeto: Olho d’água – não de lágrima

Ivanice Magalhães da Silva1

Samara Lautert2

1 Mestre em Geologia, Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas – UNISINOS. Gerenciamento Ambiental – UNISINOSProfessora de Ciências/Biologia na E.E.E.M. Profa. Haydée Mello Rostirolla/Governo do Rio Grande do Sul.Contato: R. Mário Sperb, 1624/403. Bloco II - Bairro Rio Branco, São Leopoldo - 93032-080. Tel. (51) 9686-3976. E-mail: [email protected] em Ciências Biológicas - ULBRAProfessora de Ciências/Química na E.E.E.M. Profa. Haydée Mello Rostirolla/Governo do Rio Grande do Sul.Contato: R. Piratini, 135 - Bairro Rio Branco, São Leopoldo - 93040-420. Tel. (51) 3588-4598. E-mail: [email protected]

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IntroduçãoA água é imprescindível para todas as

formas de vida do planeta Terra. Esse recur-so é importante não só em quantidade, mas principalmente em qualidade ideal, o que vem a preocupar nos dias de hoje, pois cada vez mais está sendo afetada pela poluição.

A água não é o único elemento indispen-sável e importante para o desenvolvimento de uma região mas, entre todos os componentes que fazem parte de um ecossistema, talvez seja o principal a servir como elo entre os diferentes compartimentos do mesmo (EPA, 2003).

O planeta Terra é composto por 2/3 de água, mas apenas 3% desta água é doce, sendo que 2,6% estão nas calotas polares, geleiras e lençóis subterrâneos inacessíveis. Sobram apenas 0,01% disponível para o con-sumo, pois 97% é de água salgada (BRANCO, 1991; BAIRD, 2002).

O ciclo natural da água é responsável pela circulação de 0,4% para que se tenha sempre água disponível. As ações antrópicas, como desmatamento, poluição doméstica e indus-trial, ocupação errada do solo (prejudicando a infiltração da água), estão interferindo no ciclo e comprometendo este pouco de água que ainda se tem (ELY, 1992).

É fundamental que os recursos hídricos apresentem condições físicas e químicas adequadas para atender às necessidades de uma comunidade. A qualidade da água depende diretamente da quantidade de água existente para dissolver, diluir e transportar as substâncias benéficas e maléficas para os seres vivos que compõem as cadeias alimen-tares (BRAGA et al., 2002; MMA/IDEC, 2002; CONAMA, 2005).

A proteção dos mananciais é, sem dúvida, a melhor maneira de assegurar a qualidade da água destinada ao consumo humano. Para impedir sua contaminação deve-se evitar o excesso de despejos que contenham organis-mos (bactérias, vírus, protozoários, parasitas) e substâncias ou elementos químicos tóxicos (GASTALDINI e MENDONÇA, 2001).

A sociedade precisa desenvolver habilida-des, conscientização, conhecimentos, proce-dimentos e instituições para administrar o uso da água, de forma integrada e abrangente, mantendo assim a qualidade e a quantidade do suprimento de água para as pessoas e para o ecossistema (MÜLLER, 2005).

Os parâmetros físicos, químicos e bio-lógicos são análises importantes para a ca-racterização e interpretação da qualidade da água. Eles possibilitam um monitoramento dos efluentes e cursos de água, de modo a conhecer a sua verdadeira situação.

Criada em 1997, a lei nº 9.433, conhecida como Lei das águas, afirma que a água é um bem que pertence a todos. Reconhece, também, que ela pode acabar e que tem valor, e define, como um de seus objetivos, assegurá-la às gerações atuais e às futuras (MEDAUAR, 2005).

Foi pensando na importância da água ter boa qualidade, e existir em quantidade suficiente para as pessoas viverem de forma saudável, que o Ministério da Saúde criou, no dia 29 de dezembro de 2000, a Portaria nº 1.469. Ela não só definiu os critérios que devem ser usados para avaliar a qualidade da água que será consumida pelas pessoas, como, também, os atualizou e ampliou. Hoje, foi substituída pela Portaria nº 518 de 2004 (BRASIL, 2004).

A portaria estabeleceu, ainda, os proce-dimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água tratada. Esta não deve ser a única a ser sub-metida a controle de qualidade, mas, também, a que está nos rios, nos lagos e nas lagoas, garantindo às pessoas o direito de saber se a água que recebem e a que ainda está nas fontes têm qualidade suficiente para ser consumida.

O Grupo Ambiental São Francisco de As-sis (GASFA) da Escola Estadual de Ensino Médio Profa. Haydée Mello Rostirolla vem há vários anos desenvolvendo atividades de preservação ambiental na escola e junto à comunidade.

As maiores preocupações do GASFA, no momento, são os mananciais, locais onde há descarga e concentração natural de água doce originada de lençóis subterrâneos e de águas superficiais, os quais se verificam com frequência nas proximidades da Escola.

Em patrulhamento realizado por profes-sores e alunos foram detectadas situações preocupantes, como a presença de resíduos sólidos nas proximidades que poderão alterar a qualidade da água. Esta, por sua vez, é uti-lizada pela vizinhança para beber, cozinhar e tomar banho. Por essa razão, o GASFA está coordenando o projeto “OLHO D’ÁGUA - não

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de lágrima”, que visa desenvolver ações que criem condições para o uso dessas águas, preservando esses ambientes e também prevenindo o surgimento de doenças como as gastrintestinais e de pele.

Este projeto foi desenvolvido porque há desconhecimento político-social sobre os mananciais deste bairro, vulnerabilidade à contaminação e extinção do lençol freático superficial. É relevante priorizar o sanea-mento básico e promover a preservação dos ambientes naturais onde se encontram estes mananciais. Num tempo em que preservar o planeta Terra é prioridade, a Escola Haydée acredita que projetos desse tipo devam ser valorizados pelos órgãos competentes e pela comunidade local.

1. Objetivos• Provocar a desacomodação da comuni-

dade local, por meio da sensibilização sobre a importância e a necessidade de valorizar e preservar os mananciais encontrados no bairro, ressaltando os prejuízos que estes podem trazer com as substâncias químicas liberadas pelos resíduos sólidos jogados nas proximidades dos mananciais que contaminam o lençol freático ou o arroio; considerando-se a proliferação de vetores transmissores de doenças, caso estas águas estejam contaminadas.

• Dar subsídios para que os alunos compreendam a importância da preservação, da necessidade de cuidar, evitando, assim, a conta-minação desta água que é utilizada por muitos dos moradores que vivem nas suas proximidades. E que estes percebam também a relação existente entre a saúde pública e a qualidade de vida, considerando que o arroio Peão é de fundamental importância como afluente do rio dos Sinos.

2. Contextualização da experiênciaA Escola Estadual de Ensino Médio Profa.

Haydée Mello Rostirolla está localizada no núcleo habitacional Feitoria/Cohab, na rua Jordânia, s/nº, que dista aproximadamente a 9 km do centro da cidade de São Leopoldo, RS, considerando-se periferia. As vias de acesso

que ligam o centro à escola chamam-se ave-nidas Feitoria e Imperatriz. Este é o maior núcleo habitacional de São Leopoldo, com aproximadamente 3.700 residências, sendo que a maior parte da comunidade possui renda familiar baixa e também um baixo nível de escolaridade.

A escola conta, atualmente, com cerca de 1.235 alunos, sendo estes 401 do ensino mé-dio e 834 do ensino fundamental, distribuídos nos turnos da manhã, tarde e noite. A maioria dos alunos estuda durante o dia. O índice de criminalidade que envolve a comunidade é preocupante, afetando diretamente a vida escolar do corpo discente e também do corpo docente, direção e administração.

Segundo observações feitas, não são raras as situações em que os prédios da escola são alvos de depredações por parte dos alunos, ex-alunos e membros marginalizados da es-cola. Várias vezes constatou-se que pessoas pulam o muro e entram na escola, pertur-bando o andamento da mesma, causando danos aos prédios e até mesmo ameaçando alunos, professores, funcionários e membros da direção.

Em meio a todo esse contexto socioeconô-mico, os alunos precisam ter aulas não só de

ciências, biologia, química, mas também de disciplinas que permitam trazer dinâ-micas no ensino, visando à aplicabilidade da filosofia escolar.

Esta, por sua vez, par-te do princípio de que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social contratada nos princípios do comprometimento e cora-gem de mudar, do trabalho

em equipe, do comprometimento com a linha de ação comum, da gestão democrática, do espírito de afeição e alegria, da integração da comunidade escolar, da consciência ci-dadã, da contextualização, da construção da identidade pessoal e social, do ensino-aprendizagem pela (re)descoberta vinculada à realidade, do incentivo às boas ideias, da confiança no outro, da persistência, do relacionamento harmônico numa sociedade organizada e ajustada. A Escola pretende, com isso, que os alunos encontrem condições

O Grupo Ambiental São Francisco de Assis (GASFA), da Escola Estadual de Ensino Médio Profa. Hay-dée Mello Rostirolla, vem há vários anos desenvolvendo atividades de preservação ambiental na escola e junto à comunidade.

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adequadas para o pleno desenvolvimento, em consonância com o mundo em que vivem, compeendendo e participando ativamente de sua transformação, no sentido de torná-lo habitável para todos.

A Escola tem como apoio pedagógico o trabalho desenvolvido pelo Grupo Ambiental São Francisco de Assis (GASFA), criado em 1996, com a finalidade de oferecer dinâmicas de aprendizagem de maneira efetiva e atu-ante nos temas transversais, desenvolvendo apoio ao ensino curricular e à proteção am-biental. Através do Projeto Político Pedagógi-co, a Escola envolve os alunos em reflexões e discussões dos problemas da escola e comunidade escolar, buscando alternativas para os desafios lançados, de modo a ter relações e interações com o que acontece no dia-a-dia.

A eficácia dos objetivos alcançados permite que o GASFA seja reconhecido pela comuni-dade, ampliando, assim, suas propostas.

Em 2002, o trabalho realizado pelo grupo contou com parceria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMAM) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) que teve como eixo temático: Feitoria e Seus Desafios. Por meio do Projeto “Conheça, Preserve Arroios e Banhados”, os alunos realizaram o levantamento histórico da região do arroio, a identificação da pro-blemática, mutirão de limpeza no arroio Peão e panfletagem no bairro para conscientizar a população para realizar a separação dos resíduos urbanos.

No ano de 2003, o grupo apresentou seus trabalhos no Fórum Mundial de Educação, titulados como “Avaliação Ambiental e Cida-dania no Arroio Peão – Bairro Feitoria/Cohab em São Leopoldo” e “Levantamento Parcial de Aves Presentes no Bairro Feitoria/Cohab, São Leopoldo, RS” por intermédio de professoras. Também se realizou nova panfletagem no bairro com a temática do lixo, com apoio da Viação Feitoria Ltda.

Em 2004, houve a realização de mutirão de limpeza no arroio Peão, no dia do Meio Am-biente, e apresentação do trabalho Educação Ambiental, por intermédio do levantamento da flora presente na Escola Haydée no Fórum Mundial de Educação, além da publicação de matéria sobre o lixo em jornal que circula no bairro.

Em 2005 deu-se continuidade à temática

de resíduos sólidos. Também se realizou traba-lhos direcionados sobre a prevenção da den-gue e doenças sexualmente transmissíveis. No ano de 2006 realizou-se a Mostra Pedagógica focada na problemática da mortandade de peixes no rio dos Sinos devido a atividades antrópicas. Os alunos reconstruíram, por meio de maquetes, o fato ocorrido e alternativas para se evitar problemas futuros.

Desde então, o GASFA forma parcerias com as Secretarias do Município (SEMMAM e SEMSAD), realizando atividades para divul-gação e execução das metas estabelecidas, atuando na prevenção, preservação e na valorização do ambiente e na formação do indivíduo sócio-crítico-cultural.

A água é uma necessidade básica para todos os tipos de vida. Sem ela, nós, seres humanos, estaríamos extintos. Partindo desta informação de conhecimento comum, as atividades do GASFA iniciaram-se volta-das para a conservação da qualidade das fontes de água, no ano letivo de 2007. O projeto “OLHO D’ÁGUA – não de lágrima” visa locais onde há descarga e concentração natural de água doce, originada de lençóis subterrâneos e de águas superficiais, com o empenho de alunos do ensino médio e fundamental. Os discentes engajados organizam-se de maneira dinâmica, criando estratégias para a divulgação e execução das metas estabelecidas. Os encontros são realizados no laboratório de biologia/quími-ca/física acompanhados pelos professores coordenadores, que nem sempre ocorrem em períodos de aulas.

A forma mais efetiva de prevenção dos pro-blemas ambientais decorrentes da emissão de dejetos humanos é o tratamento dos esgotos, atualmente sendo realizado em apenas 10% dos resíduos do país e 24% dos da cidade de São Leopoldo.

Todos os demais, cerca de 90% dos resí-duos cloacais, são despejados diretamente em rios, lagos, oceanos e arroios. Este é o caso do bairro Feitoria/Cohab, em São Leo-poldo, que deposita no arroio Peão o esgoto cloacal sem nenhum tipo de tratamento.

O arroio Peão é um dos afluentes do rio dos Sinos, situado entre os municípios de São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ele apresenta cerca de 9,3 km de extensão, nascendo no Morro de Paula, na divisa dos municípios mencionados acima. O arroio Peão, ao descer o Morro de Paula, atravessa o bairro Feitoria/Cohab em São

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Leopoldo, onde se situa a Escola Haydée Mello Rosti-rolla, que atende à população local. Durante este trajeto vai recebendo todo o esgoto domiciliar deste bairro e de algumas indústrias também. Quando deságua no rio dos Sinos, leva consigo toda esta poluição ambiental. As preocupações são as consequências disso tudo para a comunidade local e escolar do bairro Feitoria/Cohab e

Escola Haydée Mello Rostirolla.

As atividades coordenadas junto ao GAS-FA também são extensivas aos demais alunos e à comunidade escolar e local, com atitudes criativas e motivadoras para mobilização do maior número de adeptos para a execução desse projeto, na busca de uma ação imediata em longo prazo.

Engajar-se nestas metas é a proposta determinante para o GASFA. A ideia aqui é levar a comunidade a pensar sobre a situação dos mananciais e buscar soluções para os problemas de saneamento básico e preser-vação, valorizando-se o ambiente natural em relação à saúde.

3. Material e MétodosRelacionando a abordagem da temática

transversal ao conteúdo vigente curricular dos trimestres, foi proposto, aos alunos do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Profa. Haydée Mello Rostirolla, a busca de informações sobre a frequência de sintomas quanto às alterações gastrintestinais (cólicas, diarreias) e problemas de pele (micose) ocor-rentes na comunidade escolar.

Os alunos do 3º ano realizaram pesquisa na escola com as turmas do ensino médio e fundamental para se ter uma estimativa da ocorrência desses problemas e a identificação dos mesmos. Paralela a esta, realizou-se tam-bém uma entrevista no bairro para saber se estas águas eram utilizadas pela comunidade local e a quanto tempo esse fato ocorria, para se ter uma perspectiva histórica dos proble-mas ocorrentes. Com posse desses dados foram elaborados gráficos em planilhas do Excel 2003 no laboratório de informática da Escola.

Desses resultados percebeu-se a neces-sidade da execução de um projeto mais am-plo, através do qual se verificam os locais de captação dessas águas e as atuais situações que as mesmas se encontram.

O projeto “OLHO D’ÁGUA - não de lágrima” formou-se para provocar a desacomodação proporcionando à comunidade local condições

para uso dessas águas, com saneamentos bá-sicos e que estas estejam dentro dos padrões permitidos por lei, sem a degradação dos mes-mos, visando também o uso do espaço físico adequado para lazer da comunidade.

Realizaram-se assim diversas saídas a campo com os alunos para a localização exata dos mananciais que foram citados.

Os pontos onde se encontram esses mananciais foram definidos como PA – Bica da Seller, PB – Vertentes, PC – Sanga, PD – Bica Gêmeas, PE – Escola e PF – Bica Ro-dolfo Müller. Após a identificação dos pontos realizou-se as primeiras coletas das águas para análises.

As coletas foram realizadas por uma técnica em química em frascos de vidros esterilizados anteriormente, que permane-ceram fechados até a hora da coleta. Após a coleta, os frascos foram encaminhados ao laboratório dentro de embalagens com gelo para a realização de análises microbiológicas de coliformes totais, leveduras, bolores e de Escherichia coli. Os métodos utilizados pelo laboratório foram: contagem de aeróbios mesófilos em placas, contagem de bolores e leveduras e o método Malthus para a detecção de coliformes totais.

Uma nova coleta foi realizada após dois meses, objetivando efetuar comparações com os dados existentes da análise anterior e para a conclusão do enquadramento das águas utilizou-se a legislação vigente, ou seja, a Re-solução nº 357/2005 do CONAMA e a Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde.

A delimitação da sub-bacia do arroio Peão foi realizada utilizando carta do Serviço Geográfico do Exército (SGE) e a realização do georreferenciamento contou com a utili-zação de um receptor de Navegação (GPS) que recebe sinais no Código C/A. O método utilizado foi o de posicionamento absoluto. O tempo de observação varia de 3 a 10 minutos na coleta dos dados.

Os dados recebidos pelo receptor de nave-gação GPS, em coordenadas UTM, com base no datum Córrego Alegre, apresentam-se descritos na Quadro 1. Com as coordenadas, os alunos realizaram a localização de cada ponto em carta do SGE, determinando assim a localização destes dentro da sub-bacia do arroio Peão, onde se insere o bairro Feitoria/Cohab, determinando assim se estes são formadores do arroio Peão.

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4. ResultadosA partir da pesquisa realizada constatou-

se que o uso das águas dos mananciais são utilizadas para beber, tomar banho e para a realização de outras atividades domésticas, sendo comuns pela maioria das famílias dos alunos, sem o prévio conhecimento da sua qualidade, onde se obteve índices considerá-veis referentes aos problemas gastrintestinais e de pele.

Através do levantamento realizado pelos alunos do 3º ano constatou-se um alto índice na ocorrência desses problemas, conforme apresentado na figura 1, no qual dos 1.235 alu-nos entrevistados, 245 apresentam problemas de pele e 418 problemas intestinais.

Na comunidade, os alunos entrevistaram 1.277 pessoas, totalizando 258 casas, todas nas proximidades de PA – Bica da Seller e PD – Bica Gêmeas, pontos estes em que a maioria dos moradores faz uso dessas águas para a maioria das atividades domésticas. No caso de PC – Sanga, as crianças têm o hábito de tomar banhos em dias quentes.

Figura 2 - Resultado da pesquisa na co-munidade local sobre a utilização da PA

– Bica da Seller e PD – Bica Gêmeas

Figura 3 - Resultado da pesquisa na comunidade local para a identificação de

problemas gastrintestinais

Das pessoas entrevistadas na comunidade local, 839 fazem uso das águas de PA – Bica. Destas, 459 já apresentaram dores abdomi-nais (Figura 3).

Na figura 2 observa-se que, entre a Bica e Gêmeas, a mais utilizada pelos moradores é PA – Bica da Seller, totalizando 839 pessoas, para 181 pessoas que utilizam PD – Bica Gêmeas.

Quadro 1 - Sistema UTM obtido através de receptor de navegação

PONTO Coordenadas UTM

ALTURAN E

PA – Bica da Seller 6707360 0490661 60 mPC – Sanga 6706612 0490761 38 mPD – Bica Gêmeas 6707734 0490435 52 mPE – Escola 6707661 0491324 20 m

Figura 1 - Resultado da pesquisa realiza-da na escola para identificação de pro-

blemas gastrintestinais e de pele

Nos resultados da primeira coleta (Quadro 2), apenas um dos quatro pontos apresentou-se positivo para contaminação, sendo este PC – Sanga com 3.000 (ufc/g) na contagem total,

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Ponto Identificação Contagem total (ufc/g)

Coliformes totais

Bolores/levedu-ras (ufc/g) E.coli

PA Bica da Seller <10 Negativo <10 AusentePB Vertente <10 Negativo <10 AusentePC Sanga 3.000 Positivo 50 PresentePD Bica Gêmeas <10 Negativo <10 Ausente

Ponto Identificação Contagem total (ufc/g)

Coliformes totais

Bolores/levedu-ras (ufc/g) E.coli

PA Bica da Seller <10 Negativo <10 AusentePC Sanga 6.000 Positivo 180 PresentePE Escola 22.000 Positivo 400 Ausente

sendo este positivo para coliformes totais e 50 (ufc/g) de bolores e leveduras e presença da bactéria patogênica Escherichia coli. Os de-mais pontos não obtiveram valores significati-

vos, ficando dentro dos valores permitidos por lei. Estes valores elevados para PB – Sanga ocorrem devido ao recebimento de efluentes domésticos em suas águas.

Quadro 2 - Resultado das coletas de água realizadas em 18/05/07

totais, assim como os bolores e leveduras que atingiram 180 (ufc/g), estando a bactéria Escherichia coli presente em suas águas.

O novo ponto descoberto dentro da Escola foi identificado como PE – Ponto Escola, o qual também apresentou valores bem eleva-dos sendo 22.000 (ufc/g) na contagem total estando presente os coliformes totais. Já os bolores e leveduras atingiram 400 (ufc/g). Apesar desses valores elevados, não ocorre à presença da E. coli nas águas coletadas nesse ponto.

Quadro 3 - Resultado das coletas de água realizadas em 27/07/07

Conclusão e Recomendação A manutenção da qualidade da água é

indispensável para garantir a saúde da comu-nidade que faz uso da mesma. O controle dos parâmetros microbiológicos, físicos e químicos é fundamental para saber a verdadeira situa-ção em que se encontram as águas dos ma-nanciais utilizados pelos moradores locais.

Há a necessidade de realizar análises dos demais parâmetros, principalmente nos pontos em que se detectou a presença de bactéria patogênica e de coliformes, pois estes mananciais são utilizados pela comunidade local e devem apresentar condições sanitá-rias básicas para uso. Os órgãos públicos devem tomar medidas urgentes com o intuito

A segunda coleta foi realizada dois me-ses após a primeira, onde se deu prioridade aos pontos mais utilizados pela comunidade local, e um novo ponto foi descoberto dentro do pátio da Escola, onde dois destes estão contaminados, conforme apresentados na Quatro 3.

O PC – Sanga mantém seus altos valores na contagem total, apresentando um acrés-cimo nesses dois meses de 3.000 (ufc/g), o qual atingiu 6.000 (ufc/g) na contagem total sendo positivo para a presença de coliformes

Segundo a Portaria nº 518, as águas para consumo humano devem apresentar ausência de Escherichia coli em 100 ml, assim como os coliformes totais. De acordo com a Resolução nº 357 do CONAMA, as águas doces não de-vem exceder um limite de 200 coliformes por 100 ml, o que não ocorre em dois dos pontos analisados onde foi verificado alto valor na detecção de coliformes total.

O georreferenciamento de produtos carto-gráficos exige bons níveis de confiabilidade na coleta dos pontos. Desta forma, a escolha do equipamento e da metodologia a ser aplicada em levantamentos de campo deve ser levada em consideração para que não ocorram erros graves no posicionamento dos pontos.

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de preservar e dar condições sanitárias para os locais onde ocorre a captação dessas águas.

A área onde se encontra a Sanga deverá ser preservada e recuperada, evitando o depósito de resíduos sólidos e líquidos nas proximidades, para que estes não afetem o lençol freático, dando condições para que a comunidade possa continuar a utilizá-la como área de lazer.

Para a Bica da Seller e Gêmeas, é necessário melhorar as condições para a captação das águas, evitando assim que estas possam ser contaminadas. Essas áreas devem ser fechadas, através da construção de cercas num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d’água para se evitar a entrada de animais e manter a limpeza em volta desses locais.

O GASFA solicitou uma reunião com o Serviço Municipal de Água e Esgoto (SEMAE), para ver a possibilidade da realização de análises físicas e químicas, realizando-se o monitoramento das águas destes mananciais juntamente com este órgão.

A Escola, juntamente com o GASFA, ten-tará parcerias com outras entidades para a aquisição de kits de análise da água a serem utilizadas juntamente com os alunos em aulas, para estes compreenderem os processos que envolvem essas práticas.

O grupo visa passar ao poder executivo do município de São Leopoldo o projeto ora em pauta para despertar o seu interesse e torná-lo uma ação pública que venha a atender as necessidades da população do município.

O Projeto “Olho d’água – não de lágrima” atingiu parcialmente seus objetivos, pois atra-vés deste desencadeou a desacomodação dos alunos, assim como da comunidade local, conscientizando-os quanto à quantidade e a qualidade das águas que alimentam este bairro. Há propostas em estudos no que se relaciona à preservação destas áreas, fazendo acreditar que atitudes individuais, comunitá-rias e públicas seriam as ideais para se atingir os objetivos num todo.

ReferênciasBAIRD, Colin (Eds.). Química Ambiental. Tradução de Maria Angeles Lobo Recio e Luiz Carlos Marques Carera. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 622 p.

BRANCO, Samuel Murgel. A Água e o Ho-mem. In: PORTO, Rubem La Laina (Org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: ABRH, 1991. p. 3-26.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Enge-nharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 305 p.

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Resumo: A preocupação e a atenção dispensadas pela sociedade com relação ao monitoramento da qualidade do ar vêm crescendo consideravelmente. Isto gera a necessidade da elaboração e validação de novos modelos para simulações do nível de concentração de poluentes na atmosfera. Entre estes, têm destaque os modelos eulerianos baseados na teoria do transporte do gradiente, ou Teoria K. A eficiência destes modelos está diretamente relacionada a uma adequada parametrização do coe-ficiente de dispersão, k, o qual descreve o comportamento da difusão de contaminantes na atmosfera (turbulência envolvida, ventos, variações de temperatura, condições de estabilidade...). Este trabalho tem por objetivo analisar e comparar alguns coeficientes de dispersão, a fim de avaliar a sua aplicabilidade na equação da concentração. Será mostrada a comparação entre coeficientes adequados a camadas limite atmosférica estável, CLE, a camadas limite atmosférica convectiva, CLC, e um coeficiente geral, válido para todas as condições de estabilidade.

Palavras-chave: Coeficiente de dispersão, Teoria K, Camada Limite Estável, Ca-mada Limite Convectiva.

Abstract: The concern and the attention excused for the society with relation to the air quality monitoring has growing considerable. This leads to the necessity of the elabo-ration and validation of new models that allow simulation of the concentration level of pollutants in the atmosphere. Between these models, can be detached eulerian models based in the gradient transport theory, or K Theory. The efficiency of these models is directly related with a good parameterization of the dispersion coefficient, which des-cribes the behavior of the atmospheric pollutants diffusion (that are: turbulence, winds, temperature variations, stability conditions). This paper has the objective to analyze and to compare some dispersion coefficients, in order to evaluate its applicability in the concentration equation. It will be shown the comparison between adequate coeffi-cients to atmospheric stable boundary layers, SBL, and to the atmospheric convective boundary layers, CBL, and a more general coefficient for all the stability conditions.

Key-words: Dispersion coefficient, K Theory, Stable Boundary Layer, Convective Boundary Layer.

Comportamento de um modelo de dispersão atmosférica baseado

na teoria KAngela Beatrice Dewes Moura1

Candice Muller2

Marcelo Bach3

IntroduçãoCom o avanço tecnológico e o consequente

aumento da cadeia produtiva e o crescimento desenfreado das cidades e da população, a sociedade começou a tomar consciência da necessidade do controle da qualidade do ar. Diariamente, poluentes atmosféricos danosos

à saúde humana são lançados no ar, principal-mente por motores automotivos e chaminés industriais, sem um controle efetivo destas emissões, em grande parte pela dificuldade de um monitoramento destas fontes e parte ainda pelo descaso com as questões ambientais.

1Profa. doutora e pesquisadora do ICET – Feevale, Prof. Faculdade D. Bosco Porto Alegre. E-mail: [email protected]. Contato: Rua: Walter Lamb / 115 / 904. Bairro: São José - São Leopoldo - 93040 – 215 / RS 2Engenheira EletrônicaE-mail: [email protected] Industrial E-mail: [email protected]

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O elevado custo no monitoramento am-biental inviabiliza os estudos experimentais da dispersão dos poluentes, tornando necessário o desenvolvimento constante de técnicas ma-temáticas de simulação dos mesmos. Aliado a isso, a necessidade de prever rapidamente o efeito de abandonos acidentais, a fim de es-tabelecer as medidas preventivas e corretivas necessárias, é outro fato que impulsiona as pesquisas para desenvolver novos modelos matemáticos de dispersão de pluma, cada vez mais rápidos e precisos. Estes modelos buscam definir a concentração do poluente na atmosfera. A intensidade da turbulência presente na atmosfera e as condições me-teorológicas definem como será o processo de dispersão de uma pluma de contaminan-tes a partir de uma fonte.

Existem vários modelos de difusão atmos-férica, dentre os quais se podem citar o mo-delo do transporte turbulento do gradiente (Teoria K), as teorias estatísticas e o mo-delo Gaussiano. Todos eles buscam definir o compor-tamento do coeficiente de dispersão ‘k’ a ser aplicado nas simulações computa-cionais de concentração de poluente.

Neste trabalho serão descritas, analisadas e com-paradas algumas destas técnicas para definição de k, a fim de avaliar a sua aplica-bilidade. Da mesma forma é descrita a cama-da limite planetária; o modelo da Teoria K; os coeficientes de difusão da teoria estatística para uma Camada Limite Estável – CLE, para uma Camada Limite Convectiva – CLC, e um coeficiente de difusão para todas as condições de estabilidade. Na sequência é mostrada a comparação entre os mesmos.

1. A Camada Limite PlanetáriaA camada limite planetária (CLP) é a

região da atmosfera situada mais próxima à Terra, onde os poluentes gasosos e par-ticulados são dispersos pelo vento médio (responsável pelo transporte global) e pela turbulência (responsável pela difusão). Ela é a única camada influenciada pela presença da superfície terrestre. O arraste, a evaporação e a transpiração, a transferência de calor, a

emissão de poluentes e modificações do es-coamento induzidas pelo terreno são sentidas nesta camada e devem ser levadas em conta no modelamento da dispersão.

A altura da CLP varia de centenas de me-tros a poucos quilômetros, dependendo das modificações ocorridas na superfície terrestre, dos níveis de insolação diários, da hora do dia, etc. Além disto, a CLP pode ser classificada como estável, neutra ou instável de acordo com taxa de variação da temperatura potencial ao longo da sua altura.

Pasquill (1974) classificou a atmosfera, dividindo a estabilidade em seis classes, de A a F, sendo que a classe A corresponde à classe extremamente instável, F extrema-mente estável, enquanto que D corresponde a condições neutras.

Camada Limite Neutra (CLN): taxa de va-riação da temperatura potencial nula. Assim,

a atmosfera não inibe nem intensifica a turbulência. Esta situação ocorre duran-te o período de transição do dia para a noite.

Camada Limite Con-vectiva (CLC): é gerada pelo aquecimento diurno da superfície terrestre, alcan-çando uma altura de 100 a 3.000 m a partir do solo. Na CLC, a taxa de variação da temperatura potencial é negativa, ou seja, a tempe-ratura potencial diminui com

a altura, gerando uma atmosfera instável onde a turbulência é intensificada.

Camada Limite Estável (CLE): é gerada pelo resfriamento noturno da superfície da terra, alcançando uma altura de 100 a 300 m. Na CLE a taxa de variação da temperatura potencial é positiva, ou seja, a temperatura potencial aumenta com a altura, implicando numa atmosférica estável, onde a turbulência é reduzida.

Vários modelos foram criados para descre-ver o transporte turbulento na atmosfera, entre eles a Teoria do Transporte de Gradiente, ou Teoria K.

2. Os Modelos da Teoria KA teoria do Transporte de Gradiente,

ou Teoria K, tem como base a equação de difusão-advecção para descrever o campo de

A preocupação e a atenção dispensadas pela sociedade com relação ao monitoramento da qualidade do ar vêm crescendo consi-deravelmente. Isto gera a necessidade da elaboração e validação de novos mo-delos para simulações do nível de concentração de poluentes na atmosfera.

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concentração média de contaminantes, onde os fluxos turbulentos (eq. 2) são assumidos como proporcionais ao gradiente médio, e pode ser escrita como (TIRABASSI, 1997):

Onde c é a componente média da con-centração, ''cw é o fluxo turbulento de um contaminante passivo na direção vertical, u, v, w são as componentes do vento médio nas direções x, y e z e Kx, Ky e Kz são coeficien-tes de difusão respectivamente longitudinal, lateral e vertical.

Estes fluxos turbulentos são obtidos atra-vés da derivação da equação do transporte de gradiente, surgindo, assim, termos incógnitos de segunda ordem com ''cw na equação da continuidade. Além disto, como o modelo se torna muito dependente da difusividade k, são chamados de modelos k. Sendo a difusividade Kz assumidamente conhecida, o valor médio de c torna-se a única incógnita da equação, por isso este método é considerado de pri-meira ordem.

A flexibilidade do modelo está relacionada ao fato do coeficiente k poder ser especifi-cado como uma função dos processos que envolvem o transporte de contaminantes na atmosfera, como a rugosidade da superfície, da estabilidade da camada, entre outros. Vários tipos de coeficientes de dispersão (k) já foram propostos, e seu desempenho é de-terminado pelo tipo de parâmetros utilizados na sua dedução.

Existem algumas restrições quanto ao uso deste modelo. Corrsin (1974) apud Lyons e Scott (1990) estabelece que as escalas de tempo e comprimento da ação do transporte deveriam ser suficientemente uniformes e pe-quenas comparadas com as escalas de tempo e comprimento da variação das componentes médias dos gradientes de uma propriedade sujeita a tal transporte. Posteriormente ele que, a partir de similaridades básicas da ca-mada limite neutralmente estratificada, tanto em seu laboratório quanto na atmosfera, não seria de surpreender se as mesmas condições não fossem violadas na atmosfera também.

Além disso, a seção transversal da pluma afetada por turbilhões maiores não pode ser descrita pela relação da transferência de gra-

diente, mas para uma atmosfera estável, onde os turbilhões são pequenos, a relação de trans-ferência de gradiente pode ser utilizada.

A vantagem do modelo k é que condições reais, com variação dos campos do vento e difusividade nas três dimensões, podem ser simuladas e que simplificações podem ser realizadas, desprezando um ou mais termos.

A Teoria K é válida para pequenas varia-ções da concentração ao longo da distância, não descrevendo com precisão o comporta-mento de uma pluma perto da fonte quando os gradientes são grandes. Ela é usualmente uti-lizada em todas as condições de estabilidade, variando somente o coeficiente de dispersão, ou coeficiente k. A seguir são apresentados os coeficientes de dispersão para a CLE, para a CLC e um mais geral que abrange todas as condições de estabilidade.

3. Coeficiente de Difusão da Teoria Es-tatística para a CLE

A teoria estatística da difusão de Taylor diz que a difusão turbulenta varia para regiões próximas e distantes da fonte. Ela considera que as partículas próximas à fonte retêm me-mória de seu meio turbulento inicial e, para longos tempos de viagem, esta memória vai sendo perdida. Com isso, as partículas se-guem somente as propriedades da turbulência local. Distante da fonte, o desvio padrão da pluma na vertical é consistente com a variação no tempo, como é dada pela teoria do trans-porte de gradiente ou Teoria K.

A Teoria K clássica é normalmente utilizada para grandes tempos de viagem da pluma, ou seja, grandes distâncias da fonte. A introdução da difusividade como função do tempo de via-gem leva a uma descrição mais abrangente da difusão, agora válida para campos próximos, intermediários e distantes da fonte.

Buscando determinar a equação do coe-ficiente de difusão k para a CLE, Degrazia e Moraes (1992) consideraram o comportamen-to assintótico da equação de k dependente do tempo para grandes tempos de viagem da difusão, quando os coeficientes de transporte perderam sua memória inicial.

Estes autores concluíram ainda que a difusão para grandes tempos é dependente do comporta-mento do espectro turbulento das velocidades na camada limite, próximo da origem (fonte), assim como da estabilidade e da altura acima do solo onde o contaminante é abandonado.

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Analisando todos os aspectos citados aci-ma, eles chegaram à seguinte equação para k, a qual pode ser empregada nos cálculos de concentração na CLE:

Onde é a tensão superficial, h é a al-tura da CLE, z é a altura acima do solo, Λ é o comprimento de Monin-Obukhov local e é a constante empírica na determinação do comprimento de Moni-Obukhov.

Partindo do modelo de difusão da equa-ção (3), estudou-se o processo de transporte turbulento em dois estágios da evolução temporal: transporte turbulento para o início da noite e transporte turbulento para tempos mais avançados da noite.

Para simular o caso de transporte turbu-lento para o início da noite foram utilizados os clássicos dados coletados em Minnesota (Moura, 1999), quando processos evolutivos estacionários ainda estavam presentes, sendo

e .Para simular o transporte turbulento para

tempos mais avançados da noite foram utilizados os dados coletados em Cabauw (Moura 1995), quando a CLE já havia atingido condições mais estacionárias, com e . As medidas de Cabauw foram rea-lizadas aproximadamente três horas após o por do sol, evitando-se assim o período de transição.

Os parâmetros abaixo foram utilizados para traçar os perfis descritos de Cabauw e Minnesota, descritos acima:

Λ = 116 m h = 400 m

= 0,31 m/s

4. Coeficiente de Difusão da Teoria Es-tatística para a CLC

Empregando a teoria da difusão estatís-tica de Taylor e levando em consideração os mesmos aspectos descritos acima, para a determinação do coeficiente de difusão para a CLE, Degrazia et al. (1997) derivou uma expressão para o coeficiente de difusão turbulento válido para a CLC:

Ou ainda da forma:

Onde *w é a escala de velocidade, iz é a altura da CLC, z é uma altura arbitrária e é a taxa de dissipação molecular adimensiona-lizada para uma estratificação convectiva.

A Figura 1 apresenta os perfis dos coeficien-tes de difusão convectivos 1k e 2k , baseados nas equações 4 e 5, respectivamente.

Figura 1 - Perfil médio para o coeficiente de difusão na CLC

Para estas simulações foram utilizados os parâmetros citados abaixo:

iz = 1000 m = 0,65

z = 0 a 1000 m

5. Coeficiente de difusão para todas as condições de estabilidade

Baseada na teoria clássica de difusão esta-tística e nas propriedades espectrais observadas dos turbilhões que contêm a energia principal do fluxo, Monticelli (1999) desenvolveu um novo conjunto de parametrizações da turbulência para ser usado em modelos de transporte de contami-nantes na CLP, válido para todas as condições de estabilidade. A equação 6 apresenta o coeficiente de difusão turbulento:

Onde L é o comprimento de Monin-Obukhov, iz é a altura da CLP com estratifi-

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Quadro 2 - Dados utilizados nas simula-ções dos coeficientes de dispersão na CLC e para todas as condições de estabilidade

a g b k

Geral estável 5/3 1 1 0,4Geral convec-tivo 1 1 /3 0,4

A Figura 3 traz uma comparação entre o perfil médio de k para Minnesota e para Ca-bauw. Observa-se nesta figura que a camada limite planetária superficial de Minnesota e a de Cabauw apresenta a mesma intensidade de turbulência vertical, enquanto que para regiões mais elevadas, o caráter mais neutro da camada limite de Minnesota (pelo fato de seus dados terem sido coletados no início da noite, onde ainda estavam presentes os processos evolutivos estacionários) exibe uma maior intensidade turbulenta, ou seja, um maior valor de k. Ainda se pode observar que para os dois experimentos o k possui o mesmo perfil: aumenta rapidamente até uma altura, onde atinge seu valor máximo e, a partir desta altura, começa a decair mais lentamente.

A Figura 4 mostra a comparação entre o perfil médio de k para a CLE (eq. 3) utili-

Figura 2 - Perfil médio do coeficiente de difusão para todas as condições

de estabilidade

Figura 3 - Comparação entre os perfis mé-dios dos coeficientes de difusão na CLE

cação convectiva, é a taxa de dissipação molecular adimensionalizada para uma estra-tificação convectiva, é a taxa de dissipação molecular adimensionalizada para uma estrati-ficação neutra ou estável, c

imf )( * é a frequência associada ao máximo do espectro convectivo e é a frequência associada ao máximo do espectro neutro ou estável.

Esta parametrização fornece valores con-tínuos na CLP em todas as elevações, para todas as condições de estabilidade: estável, convectiva ou neutra.

A Figura 2 apresenta o perfil médio do co-eficiente de difusão para todas as condições de estabilidade.

6. Análise dos resultadosPara o desenvolvimento do trabalho, foram

realizadas simulações computacionais com o auxílio de softwares de programação, base-adas nos dados apresentados nos Quadros 1 e 2.

Quadro 1 - Dados utilizados nas simula-ções dos coeficientes de dispersão na CLE

h (m) L (m) (m/s)

Cabawn 400 116 0,31 3/2 1Minessota 400 116 0,31 2 3

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zando dados de Minnesota e Cabauw, com o modelo obtido na eq. 6, que é válido para todas as condições de estabilidade. Pode-se notar na Figura 4 que ambos os mode-los possuem o mesmo comportamento, ou seja, para todas as simulações o valor de k aumenta rapidamente até uma determinada altura, a partir da qual começa a decair mais lentamente. Nota-se ainda que há uma di-ferença maior na grandeza dos valores dos k’s de Cabauw e Minnesota em relação à grandeza do k geral, porém, como está se tratando de valores na ordem de 10-2, esta diferença torna-se desprezível.

A comparação entre o modelo obtido para todas as condições de estabilidade (equação 6) com o modelo obtido para a CLC (eq. 4 e 5) é vista na Figura 5. Para o caso convectivo, o k geral apresentou um resultado muito próximo ao obtido pelas equações definidas para a CLC. Tanto o perfil da curva quanto a grandeza dos valores validam o modelo do k geral para esta camada. Conclusões

Para descrever o comportamento de uma pluma de contaminantes na atmosfera de forma que os valores sejam confiáveis e próximos à realidade são necessários modelos que descrevam o comportamento da atmosfera (suas turbulências, ventos, va-riações de temperatura...) o mais próximo à realidade possível. Por isso, pesquisadores estão sempre na busca para modelar novos coeficientes de dispersão, que retratem cada vez mais estas variações da atmosfera. Este trabalho buscou estudar alguns des-tes modelos de coeficientes de dispersão e analisar seus comportamentos. Ao final, pode-se concluir que os coeficientes de dis-persão aplicáveis à CLE, à CLC e a todas as condições de estabilidade apresentam um perfil que descreve de forma coerente a at-mosfera em questão, podendo ser aplicados nas equações de cálculo da concentração, onde apresentaram resultados próximos à realidade.

Além disto foi mostrado que os modelos k, com uma correta parametrização de coeficien-tes de dispersão, são uma poderosa ferramenta para o cálculo de concentrações de uma pluma de contaminantes.

AgradecimentosAs autoras são gratos ao Centro Universi-

Figura 4 - Comparação entre os perfis médios dos coeficientes de difusão na CLE com o

perfil do coeficiente de difusão para todas as condições de estabilidade

Figura 5 - Comparação entre os perfis médios dos coeficientes de difusão na CLC com o perfil do

coeficiente de difusão para todas as condições de estabilidade

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tário FEEVALE pelo suporte financeiro deste trabalho.

Obs: Artigo publicado por MÜLLER e MOURA (2006) sob o título MODELAGEM DA DISPERSÃO ATMOSFÉRICA A PARTIR DA TEORIA K: COMPARAÇÃO ENTRE DIFUSI-VIDADES. Acesso em: http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010716410116.pdf

Referências DEGRAZIA, G. A., MORAES, O L. L. A Model for Eddy Diffusivity in a Stable Boundary Layer. Boundary-Layer Meteorol. 58, 205-214, 1992.

DEGRAZIA, G., CAMPOS VELHO, H. F., CARVALHO, J. C. Nonlocal Exchange Coe-fficients for the Convective Boundary Layer Derived from Spectral Properties. Beitr. Phys. Atmos., 70, 57-64, 1997.

LYONS, T. J.; SCOTT, W. D. Principles of Air Pollution Meteorology. New York: Belhaven Press, 1990. 224p.

MONTICELLI, C. O. Parametrização da Tur-bulência na Camada Limite Planetária sob Todas Condições de Estabilidade. Porto Alegre: UFRGS, 1999. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Matemática Aplicada, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.

MOURA, A B. D. Solução Analítica para Dispersão Vertical Turbulenta em uma Ca-mada Limite Estável. Porto Alegre: UFRGS, 1995. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, UFRGS, Porto Alegre, 1995.

MOURA, A B. D. Modelos Multidimensionais Analíticos de Dispersão de Contaminantes na Atmosfera: Coeficientes de Difusão De-pendentes da Distância da Fonte. Porto Ale-gre: UFRGS, 1999, 56 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, UFRGS, Porto Alegre, 1999.

PASQUILL, F. Atmosferic Diffuson. 2nd. ed. New York: John Wiley & Sons,1974.

TIRABASSI, T. Solutions of the advection-diffusion equations, Proc. Air Pollution V, International Conference on Air Pollution Modelling, Monitoring and Management (eds.Power H., Tirabassi T., Brebbia C. A.), Boston, Comp. Mec. Public. 1997.

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Teses e Monografias

MORAES, Beatriz Stoll. Técnicas de minimização de impactos ambientais com o aproveitamento do lodo orgânico gerado nas Estações de Tratamento de Água. 2008. (Tese em desenvolvimento em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental) – Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2008.

A escassez dos recursos hídricos e a baixa de qualidade destes incentivam a pesquisa entorno de processos e ações que possam modificar esta situação.

No vale do Sinos, grande Porto Alegre, não é diferente. As cidades de Novo Hamburgo e São Leopoldo sofrem com a falta d’água, prin-cipalmente no verão que, além do aumento natural de consumo de água, há a diminuição do fluxo do rio em função da retirada de água pelos arrozeiros da região ao redor da cidade de Taquara.

Uma das causas da diminuição da quali-dade da água do rio dos Sinos é o lançamento dos resíduos formados durante o processo de potabilização das águas nas estações de tratamento.

No Brasil, o processo mais utilizado para o tratamento de água ainda é a coagulação/floculação com coagulantes metálicos, ou seja, aqueles à base de metais como alumínio e ferro.

Na região do vale dos Sinos somente uma das estações (cidade de Novo Hamburgo) uti-liza um coagulante orgânico à base de tanino de Acácia em seu tratamento. As demais utilizam coagulantes metálicos.

As impurezas complexadas pelos coagu-lantes são retiradas por sedimentação nos decantadores. Com o tempo (de 30 a 40 dias) estes decantadores saturam e sua eficiência cai, prejudicando a qualidade final da água que será fornecida à população.

Após a saturação, o lodo deve ser descar-tado. Na região, todo o lodo descartado volta para o mesmo manancial de onde é retirada a água bruta para tratamento.

A Lei Federal N° 11.445/2007 obriga as estações a darem um fim adequado aos lodos gerados em suas unidades até 31 de dezembro de 2010. Enquanto isto, as esta-ções devolvem para o rio cargas elevadas de

metais pesados e materiais orgânicos, que contaminam o leito e todos os seres vivos.

A proposta aqui apresentada pretende analisar e comparar os possíveis impactos ambientais provocados pelo lançamento de lodos no rio dos Sinos, utilizando dados reais das estações de tratamento de água das cidades de Novo Hamburgo e de São Leopoldo,RS, bem como fornecer técnicas de coleta e aproveitamento deste lodo como substrato em adubo orgânico.

Os resultados e os impactos esperados pela pesquisa são:

• Desenvolvimento de pesquisa com dados reais e não laboratoriais.• Fornecer sugestões de minimização dos impactos ambientais apontados, seguindo a recomendação da Lei Federal 11445/2007.• Desenvolver técnicas e fornecer suges-Desenvolver técnicas e fornecer suges-tões de minimização de impactos ambien-tais com o aproveitamento do lodo orgânico gerado nas ETA’s.Estarão envolvidas as seguintes empresas

e órgãos públicos:• Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo - COMUSA.• Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo - SEMAE.• Grupo SETA S/A, de Estância Velha.• Programa de Pós-Graduação em Re-cursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas IPH/UFRGS.• Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.Para o sucesso desta pesquisa serão

utilizados os conhecimentos explorados pelas engenharias Ambiental e Sanitária e Agronômica.

Palavras-chave: lodos orgânicos, impac-tos ambientais, adubo orgânico.

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano II • Número 4 • Julho - Dezembro de 2008

A REVISTA ATITUDE é uma publicação semestral de acesso irrestrito que publica artigos científicos originais e inéditos nas áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Tecnológicas e áreas afins. A submissão de manuscritos é gratuita e por demanda espontânea, e a seleção dos artigos é feita a partir da recomendação de avaliadores ad-hoc, escolhidos entre os pares da comunidade técnico-científica nacional e internacional.

NOTAS PARA AUTORESA Revista ATITUDE - Construindo Oportunidades está aberta a colaborações do Brasil

e do exterior. A pluralidade de abordagens e perspectivas é incentivada. Podem ser publicados artigos de desenvolvimento teórico e artigos baseados em pesqui-

sas empíricas (de 10 a 15 páginas, incluindo tabelas e figuras, etc.), Resumos de Teses, Dis-sertações, Monografias, Resenha Bibliográfica e Comunicações Técnicas (máximo de duas páginas).

A aceitação e publicação dos textos implicam a transferência de direitos do autor para a Revista. Não são pagos direitos autorais.

Os textos enviados para publicação serão submetidos a dois avaliadores ad-hoc, da área de conhecimento, sendo um pelo menos com a titulação de doutor.

Os artigos deverão ser encaminhados para o Núcleo de Editoração (Ned) com as seguintes características:

• Para avaliação dos artigos submetidos, deve-se considerar a seguinte estrutura:» Introdução com apresentação do(s) objetivo(s).» Desenvolvimento (referencial teórico e, se aplicável, método, apresentação e discussão

dos resultados).» Conclusões (em caráter opcional, recomendações).» Referências bibliográficas.

• Em folha de rosto deverão constar o título do artigo, o(s) nome(s) completo(s) do(s) autor(es), acompanhado(s) de breve currículo, relatando experiência profissional e/ou acadêmica, endereço, números do telefone, do fax e e-mail.

• A primeira página do artigo deve conter o título (máximo de dez palavras). • O resumo em português (máximo de 250 palavras) e as palavras-chave (mínimo de três e

máximo de cinco), assim como os mesmos tópicos vertidos para uma língua estrangeira (inglês - title, abstract, key-words), com recuo nos lados esquerdo e direito de 1 cm.

• A formatação do artigo, gráficos, tabelas e quadros devem ser editados no Microsoft Word for Windows em tamanho A4 (210x297 mm). As margens espelho superior: 3,0 cm; inferior: 3,0 cm; esquerda: 2,4 cm e direita: 1,6 cm; em layout: cabeçalho: 1,6 cm, rodapé: 2,8 cm com alinhamento vertical superior; em duas colunas de 8,1 cm com espaçamento interno de 0,8 cm e espaçamento de 1,5 linha.

• Fonte para o texto Arial 12 e tabelas Arial 10; títulos de tabelas e figuras em Arial 10, em negrito; e demais títulos Arial 11, em negrito.

• Todas as referências bibliográficas devem ser citadas no corpo do texto pelo sistema autor-data. As referências bibliográficas completas deverão ser apresentadas em ordem alfabética no final do texto, de acordo com as normas da ABNT (NBR-6.023). Todas as citações no texto devem estar em letras minúsculas e nas referências, em maiúsculas. Os títulos das publicações devem ser apresentados em itálico.

• Diagramas, quadros e tabelas devem ser numerados sequencialmente, apresentar título e fonte, bem como ser referenciados no corpo do artigo.

• Quanto às figuras: devem ser inseridas sem a opção “flutuar sobre o texto” e as mesmas devem ter todos seus elementos agrupados.

• As ilustrações, fotografias e desenhos gráficos devem ser submetidos em formato JPEG, com resolução mínima 300 dpi, em tons de cinza ou hachurados e inseridos no texto. À exceção das tabelas, todas as demais ilustrações serão tratadas como Figura e referidas sempre por extenso (Figura ou Tabela). Devem ser elaboradas de modo adequado a sua

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano II • Número 4 • Julho - Dezembro de 2008

publicação final, já que a dimensão das menores letras e símbolos não deve ser inferior a 2 mm depois da redução. Ilustrações em cores são aceitas, mas o custo de impressão é de responsabilidade do autor.

• As citações no interior do texto devem obedecer as seguintes normas: um autor (Lin-sen, 1988); dois autores (Vergara e Vermonth, 1960); três ou mais autores (Larrousse et al., 1988). Trabalhos com mesmo(s) autor(es) e mesma data devem ser distinguidos por sucessivas letras minúsculas (Exemplo: Scouth 2000a,b), o mesmo ocorrendo com trabalhos de múltiplos autores que tenham em comum o primeiro deles. Não utilizar op. cit. nem apud. Devem ser evitadas citações a informações pessoais e de trabalhos em andamento.

• Os artigos deverão ser enviados em CD, acompanhado de duas vias impressas ou via e-mail, em arquivo eletrônico anexo, desde que não ultrapasse a 8 Mb. O autor receberá a confirmação de recebimento.

• Os artigos serão selecionados de acordo com a sua relevância, originalidade e quali-dade científica. Toda submissão deverá estar adequada às normas da revista ATITUDE e aprovada por todos os autores do trabalho.

• Os trabalhos enviados para a publicação serão analisados, primeiramente, por um dos membros da Comissão Editorial, que decidirá pela sua pertinência para as áreas de Ciências Sociais, Ciências Tecnológicas ou afins. Posteriormente, os manuscritos serão enviados a pelo menos dois avaliadores ad-hoc, que farão uma revisão cega. Os pareceres dos avaliadores deverão discorrer sobre os seguintes pontos do manuscrito: atendimento das normas de publicação estipuladas; pertinência na área; relevância dos resultados; adequação científica da redação; atualização da literatura utilizada; clareza dos objetivos, da metodologia e dos resultados; e sustentabilidade da discussão pelos resultados obtidos e na literatura científica. O parecer final poderá ser: aceito sem modificação; aceito com modificações; ou recusado. O(s) autor(es) serão informados da decisão, assim que ela for tomada.

• Os artigos que tiverem recomendação de alteração serão remetidos ao autor para as devidas providências e será necessário o reenvio de nova cópia impressa em um mês e outra em disquete ou CD ou e-mail para a Comissão Editorial.

• A aceitação final do manuscrito será condicionada à concretização das modificações so-licitadas pelo pareceristas ou com a devida justificativa do(s) autor(es) para não fazê-la. O Conselho Editorial da Revista Atitude fará revisões de linguagem no texto submetido, quando necessário.

• Toda responsabilidade do conteúdo do artigo é do(s) autor(es).• Cada artigo submetido à Revista Atitude receberá cinco exemplares da revista.