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PPOONNTTIIFFÍÍCCIIAA UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE CCAATTÓÓLLIICCAA DDEE SSÃÃOO PPAAUULLOO PPUUCC--SSPP
PPeeddrroo CCaarr llooss PPaayyaann
UUMMAA CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO ÀÀ CCOONNTTAABBIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE SSWWAAPP CCAAMMBBIIAALL CCOOMMOO IINNSSTTRRUUMMEENNTTOO DDEE HHEEDDGGEE PPAARRAA EEMMPPRREESSAASS
NNÃÃOO FFIINNAANNCCEEIIRRAASS –– HHEEDDGGEE AACCCCOOUUNNTTIINNGG
MMEESSTTRRAADDOO EEMM CCIIÊÊNNCCIIAASS CCOONNTTÁÁBBEEIISS EE FFIINNAANNCCEEIIRRAASS
SSÃÃOO PPAAUULLOO
22000099
PPeeddrroo CCaarr llooss PPaayyaann
UUMMAA CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO ÀÀ CCOONNTTAABBIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE SSWWAAPP CCAAMMBBIIAALL CCOOMMOO IINNSSTTRRUUMMEENNTTOO DDEE HHEEDDGGEE PPAARRAA EEMMPPRREESSAASS
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MMEESSTTRRAADDOO EEMM CCIIÊÊNNCCIIAASS CCOONNTTÁÁBBEEIISS EE FFIINNAANNCCEEIIRRAASS
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação do Professor Doutor Sérgio de Iudícibus.
SSÃÃOO PPAAUULLOO 22000099
DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA
A minha esposa Marlena e minhas filhas Joyce e Jeniffer.
Que abriram mão de algumas horas do convívio familiar e que me incentivaram, leram o trabalho e contribuíram com opiniões e sugerindo algumas correções.
AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida.
A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou
indireta de muitas pessoas. Manifestamos nossa gratidão a todas elas e de forma
particular:
A todos os colegas de classe do mestrado, em especial, aos Profs. Drs.
nossos eternos orientadores - pela amizade;
Aos funcionários do Departamento de Contabilidade do Grupo Pão de Açúcar
em especial ao nosso diretor Eduardo Narumi pelo incentivo.
A CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) pelo apoio financeiro.
A Profa. Dr. Neusa pelas aulas de metodologia cuja finalidade foi amenizar a
árdua tarefa da pesquisa e escrita dos trabalhos.
Ao Profº Dr. Sérgio de Iudícibus, nosso orientador, que jamais deixou de nos
incentivar, por menor que fosse a contribuição. Que sempre apostou em nosso
potencial ressaltando mais as qualidades e minimizando nossas deficiências na
certeza que iríamos superá-las.
“Ει τισ δοκει εγνωκεναι τι, ουπω εγνω καφωσ δει γνωναι.“ “Se alguém imagina saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.”
Bíblia Sagrada, I Corintios 8,2.
RREESSUUMMOO Pedro Carlos Payan
UMA CONTRIBUIÇÃO À CONTABILIZAÇÃO DE SWAP CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE HEDGE PARA EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS – HEDGE ACCOUNTING
As empresas podem utilizar instrumentos derivativos para cobertura de riscos.
Na utilização destes instrumentos surgem os problemas para a mensuração,
contabilização e divulgação. Este trabalho tem por objetivo, através de um estudo de
caso, analisar o instrumento derivativo swap cambial à luz da teoria contábil e
normas internacionais do FASB, IASB e normas brasileiras publicadas pelo CPC,
juntamente com os pareceres normativos da CVM. O estudo de caso demonstrou os
procedimentos desta operação, os critérios para mensuração bem como sua
contabilização. O tema deste trabalho tem sua justificativa, primeiramente pelo
volume expressivo das operações de swap, que ao final de 2008, atingiu R$ 12.6
bilhões e também pelo risco envolvendo estas operações e a dificuldade encontrada
pela Contabilidade para o reconhecimento, mensuração e evidenciação. Foram
pesquisados sistemas de cálculos e de avaliação deste instrumento e aplicados aos
dados coletados comparando-se com os registrados pela empresa. Não houve
diferenças significativas nos cálculos, havendo apenas divergência na utilização de
contas de resultado para o registro da contabilização do swap. Compararam-se três
situações patrimoniais na contabilização do instrumento: a) contabilizados
tradicionalmente pela curva do papel: afetaram as contas de financiamentos e
resultados do período; b) contabilizados com marcação a mercado sem hedge
contábil: apresentaram saldos diferentes nas contas do item a; c) contabilizados com
marcação a mercado e com hedge contábil: houve alterações do resultado do
período, nas contas de financiamentos e no total do grupo do Patrimônio Líquido.
Palavras chaves: Swap cambial, hedge accounting e derivativos.
AABBSSTTRRAACCTT
Companies can use derivative instruments for covering risks. With the use of
these instruments the problems appear in the measurement, accounting, and the
disclosures. This project’s objective based on a case study is to analyze the
Derivative Instrument (Foreign Exchange Swap) as the countable theory and
international norms of the FASB, IASB and Brazilian Norms. The Brazilian Norms are
published by the CPC and together these norms are the make up of the CVM. This
case study demonstrated the process of the operation, the criteria for the
measurement, as well as the accounting aspect. The reasons behind this project are
first, the significant volume in the transactions of Swap at the end of 2008, which
reached R$ 12,6 billion. Second the risk involving these operations, the difficulty
encountered by accounting for the recognition, measurement and disclosure. The
collected data applied from the systems of calculations and evaluations of the
instruments are then compared to the collected data reported by the company. There
are no significant differences in these calculations except having discrepancy in the
use of accounts, which results in the registration in Swap Accounting. Three
situations dealing with assets were compared by the Derivatives Instrument: a)
traditionally for the curve of the paper: the financial accounts and results of the period
are affected; b) recording the marking to market without hedge accounting: it showed
different balances in the item accounts; c) recording the marking to market with
hedge accounting: there were alterations in the result of the period, in the financial
accounts and in the total shareholder’s equity.
Keywords: Foreign Exchange Swap, Hedge Accounting and Derivatives
Instruments.
SSUUMMÁÁRRIIOO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... - 15 -
CAPÍTULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO .................. ............................................................ - 25 -
1.1 Mercados de derivativos ................................................................................................................... - 25 -
1.1.1 Tipos e mercados derivativos ................................................................................................. - 31 -
1.1.2 Finalidades dos derivativos .................................................................................................... - 39 -
1.1.3 Participantes do mercado ....................................................................................................... - 41 -
1.2 Normas de contabilização de derivativos ......................................................................................... - 44 -
1.2.1 Definição de instrumentos financeiros .................................................................................... - 44 -
1.2.2 Definição de derivativos embutidos ........................................................................................ - 51 -
1.3 Hedge financeiro ............................................................................................................................... - 53 -
1.3.1 Hedge estático ........................................................................................................................ - 53 -
1.3.2 Hedge dinâmico ...................................................................................................................... - 56 -
1.4 Hedging accounting .......................................................................................................................... - 57 -
1.4.1 Regras para se caracterizar o hedging contábil. .................................................................... - 61 -
1.4.2 Divulgação (Disclosure) .......................................................................................................... - 62 -
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS ............... ..................................................... - 66 -
2.1 A modalidade do financiamento – Adiantamento à Exportação (pré-pagamento). .......................... - 67 -
2.2 Coleta de Dados ............................................................................................................................... - 70 -
2.2.1 Export Prepayment Agreement Nº 1166/05 (ANEXO A) ........................................................ - 70 -
2.2.2 The Off-Take Contract (ANEXO B) ......................................................................................... - 71 -
2.2.3 Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportação (ANEXO C) ........................................... - 72 -
2.2.4 Contrato de Swap (ANEXO D) ............................................................................................... - 72 -
2.3 Metodologia de atualização do empréstimo e do swap pela curva. ................................................. - 75 -
2.3.1 Atualização do Empréstimo .................................................................................................... - 75 -
2.3.2 Atualização da ponta ativa do swap ....................................................................................... - 76 -
2.3.3 Atualização da ponta passiva do swap................................................................................... - 76 -
2.4 Metodologia da Marcação a Mercado do Swap................................................................................ - 77 -
2.4.1 Coleta de dados ...................................................................................................................... - 78 -
2.4.2 Cálculos da marcação a mercado das pontas do swap ......................................................... - 79 -
2.5 Contabilização dos contratos ............................................................................................................ - 80 -
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS ................... ............................................................ - 82 -
3.1 Atualizações do empréstimo e do swap pelas taxas contratuais. .................................................... - 82 -
3.2 Resumo das atualizações ................................................................................................................. - 84 -
3.3 Contabilização do swap pela curva do papel no fim de 2007........................................................... - 86 -
3.4 Cáculo da Marcação a Mercado (MtM) ............................................................................................. - 90 -
3.5 Eficácia do swap ............................................................................................................................... - 94 -
3.6 Reconhecimento inicial do hedge e definição do hedge contábil. .................................................... - 94 -
3.7 Resultado da Marcação a Mercado (MtM) ........................................................................................ - 96 -
CONCLUSÃO .............................................................................................................. - 102 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ - 106 -
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................. - 110 -
GLOSSÁRIO ......................................... ................................................................................. - 113 -
ANEXO A – Export Prepayment Agreement Nº 1166/05............................................. - 115 -
ANEXO B – The Off-Take Contract ............................................................................. - 141 -
ANEXO C – Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportação ................................ - 156 -
ANEXO D – Contrato de Swap cambial ...................................................................... - 160 -
ANEXO E – Nota Promissória ..................................................................................... - 164 -
LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS Quadro 1 – Diferença entre contratos futuros e a termo ...................................... - 34 -
Quadro 2 – Resumo das operações de swap, de futuro e de opções. ................. - 39 -
Quadro 3 – Definição de instrumentos financeiros pelos IAS 32 e 39 .................. - 45 -
Quadro 4 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo SFAS 133 ................. - 49 -
Quadro 5 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo IAS 39 ...................... - 49 -
Quadro 6 – Documentação da operação com derivativo – swap ......................... - 96 -
LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS Tabela 1 – Negociação de swap registrado na BM&F em 2008........................... - 38 -
Tabela 2 – Atualização anual dos juros e performance do financiamento .......... - 82 -
Tabela 3 – Atualização anual pela curva dos juros do swap da ponta ativa ....... - 83 -
Tabela 4 – Atualização da ponta passiva do swap com 104,5% da variação do CDI. ............................................................................................................... - 84 -
Tabela 5 – Resumo das atualizações do empréstimo e do swap......................... - 85 -
Tabela 6 – Posição contábil pela curva do papel no fim do exercício de 2007. ... - 89 -
Tabela 7 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Ativa do swap ............................................................................................................. - 91 -
Tabela 8 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Passiva do swap .............................................................................................................. - 92 -
Tabela 9 – Ajustes anuais da marcação a mercado ............................................. - 93 -
Tabela 10 – Demonstração da eficácia do hedge cambial ................................... - 94 -
Tabela 11 – Posição Contábil marcada a mercado .............................................. - 98 -
Tabela 12 – Situação patrimonial sem a marcação a mercado ............................ - 99 -
Tabela 13 – Situação patrimonial com marcação a mercado e sem hedge contabil ........................................................................................................ - 100 -
Tabela 14 – Situação patrimonial com marcação a mercado e hedge accounting ................................................................................................... - 101 -
LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS Figura 1 – Fluxo operacional no mercado de derivativos ..................................... - 43 -
Figura 2 – Decisões para separar derivativo embutido ........................................ - 53 -
Figura 3 – Resumo da operação de financiamento .............................................. - 74 -
Figura 4 – Fluxo do recurso de financiamento ..................................................... - 75 -
Figura 5 – Grade contábil das transações ............................................................ - 87 -
Figura 6 – Nota explicativa dos instrumentos financeiros .................................... - 93 -
LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSIIGGLLAASS
APB Accounting Principles Board (Opinião emitida pelo FASB)
BACEM Banco Central do Brasil
BM&F Bolsa de Mercadorias e de Futuros
CDI Certificados de Depósitos Interfinanceiros
CETIP Câmara de Custódia e Liquidação
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DI Depósito Interbancário
EBITDA Earning Before Income Tax, Depreciation and Amortization
ENTIDADE Este termo inclui indivíduos, sociedades e agências
governamentais.
FASB Financial Accounting Standards Board
IAS Internacional Accountig Standard (sigla adotada pelo IASB para
as normas internacionais.)
IASB Internacional Accounting Standards Board
IFRS Internacional Financial Reporting Standard (Nova terminologia
dada ao IAS)
PTAX Taxa publicada pelo Banco Central do Brasil referente à média
das taxas de câmbio de dólares dos Estados Unidos vigentes
nas transações do mercado interbancário, com liquidação de
dois dias úteis após a data da transação, ponderada por volume
de transações.
ROF Registro de Operações Financeiras (Módulo do SISBACEN do
Banco Central do Brasil).
SEC U. S. Securities and Exchanges Commission
SFAS Statement of Financial Accounting Standards (sigla adotada pelo
FASB para seus pronunciamentos)
US GAAP United States – Generally Accepted Accounting Principles.
- 15 -
INTRODUÇÃO
Situação problema
Com a evolução da economia global os instrumentos derivativos passaram
por evoluções sofisticadas, dentre os quais se destaca o instrumento de swaps. Este
consiste em um acordo entre duas partes para a troca de risco de uma posição ativa
(credora) ou passiva (devedora), em data futura conforme critérios preestabelecidos.
As trocas (swaps) mais comuns são as de taxas de juros, moedas e commodities.
As transações de swap são inovações significativas neste mercado. A
emissão deste instrumento combinado com a emissão de um título de dívida viabiliza
a troca da natureza da obrigação do tomador do empréstimo.
De acordo com o caderno Série Introdutória de derivativos BM&F, pg. 57, este
tipo de transação teve início em 1970, ao final do acordo de Bretton Woods, quando
foi decretado o término do padrão-ouro, provocando a volatilidade das moedas dos
países, dificultando as transações comerciais. Com a introdução dos swaps de
moedas, o comércio internacional passou a ancorar-se em moedas mais fortes,
permitindo a estabilidade do fluxo dos negócios.
No Brasil, o regime cambial de taxas fixas e restrição cambial, foi marcado
pelas minidesvalorizações cambiais, seguindo o enfoque de paridade do poder de
compra. Após rápida incursão no regime de taxas flutuantes com crescente
conversibilidade no início de 1990, deslocou-se para o regime de taxa de câmbio fixa
e alta conversibilidade, com a predominância do enfoque das metas reais. A partir de
1994, com a implantação do regime de Bandas Cambiais mudou-se para o enfoque
- 16 -
de âncora cambial, visando a estabilização dos preços, e finalmente com a crise
financeira, o câmbio foi liberado para flutuar sem a intervenção do governo.
Com a sofisticação do sistema cambial, as empresas que transacionavam
com moedas estrangeiras ficaram expostas ao risco cambial, representado pela
volatividade das taxas de câmbio da moeda brasileira em relação a moedas de
outros países, em especial ao dólar norte-americano. Ao longo da história da
economia brasileira, houve minis, midis e máxis desvalorizações da moeda afetando
a economia nacional, bem como o resultado e o fluxo de caixa das empresas
instaladas no país. Neste contexto surgiu o hedge cambial como um dos
instrumentos de proteção contra esta volatividade que, pode ser proporcinada por
instrumentos financeiros primários e por intrumentos financeiros derivativos.
Os intrumentos financeiros mais utilizados para a proteção do risco cambial
têm sido os derivativos. O crescimento da utilização dos derivativos exige cada vez
mais, o conhecimento do funcionamento dessas operações e dos riscos inerentes.
Os instrumentos mais transacionados como hedge são operações no mercado futuro
de dólares, opções de compra e de venda de dólares e swap cambial.
Com a utilização dos instrumentos derivativos pelas empresas surgiu a
dificuldade de apresentar, através das demonstrações contábeis, a real situação
patrimonial e financeira das empresas que operam esses instrumentos, fato que fez
com que essas operações ficassem por muitos anos, fora das demonstrações
contábeis sem evidenciar o nível de exposição a risco, caracterizando o risco fora do
balanço – Risk Off Balance Sheet – trazendo prejuízos no julgamento dos usuários
da informação.
- 17 -
O BACEN apresentou as primeiras iniciativas para regulamentar a
mensuração, evidenciação e registros dos instrumentos derivativos com a
publicação das Circulares de números: 3.068 de 08 de novembro de 2001, 3.082 de
30 de janeiro de 2002 e 3.086 de 15 de fevereiro de 2002, já aderentes às Normas
Internacionais, mas somente as empresas financeiras têm a obrigação de obedecê-
las. Porém, as entidades não financeiras de capital aberto, reguladas pela CVM,
quanto aos instrumentos financeiros, obedeciam a Instrução de número 235 de 23
de março de 1995, emitida por essa autarquia que regulamenta a evidenciação na
publicação dos demonstrativos contábeis.
Com a nova Lei 11.638 de 27 de dezembro de 2007, que alterou e introduziu
novos dispositivos à Lei 6.404/76, abriu-se a possibilidade aos órgãos reguladores
das Normas Contábeis Brasileiras de adequarem-se às Normas Internacionais. Para
isto o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), através da Resolução de número
1.055/05 criou o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), com o propósito de
realizar esta convergência. O artigo 3º desta resolução estalece:
O estudo, o preparo e a emissão de Promunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações desta natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.
Este órgão publicou em 05 de dezembro de 2008 a CPC 14 Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação. Semelhante ao IAS 39
emitido pelo IASB.
A CVM emitiu a Deliberação CVM de número 550 de 17 de outubro de 2008,
que dispõe sobre a apresentação de informações sobre instrumentos financeiros
derivativos em nota explicativa às informações trimestrais – ITR.
- 18 -
No âmbito internacional, a questão dos derivativos vem sendo pesquisada
durante muitos anos pelo FASB (Financial Accounting Standard Board), um dos
principais órgãos de regulamentação contábil norte-americano, que editou alguns
procunciamentos, sendo o mais recente e importante o Statement of Financial
Accounting Standards – SFAS nº. 133 – Accounting for Derivative Instruments and
Hedging Activities, publicado em junho de 1998, e outros pronunciamentos
complementares como o SFAS nº. 138 – Accounting for Certain Derivative
Instruments and Certain Hedging Activities; publicado em junho de 2000; SFAS nº.
149 – Amendment of Statement 133 on Derivative and Hedging Activities, publicado
em abril de 2003; SFAS nº. 150 – Accounting for Certain Financial Instruments with
Characteristics of both Liabilities and Equity, publicado em maio de 2003 e SFAS nº.
161 Disclosures about Derivative Instruments and Hedging Activities—an
amendment of FASB Statement No. 133, publicado em março de 2008.
O IASB (International Accounting Standard Board), órgão internacional de
regulamentação contábil com objetivo de harmonizar as práticas contábeis
internacionais, publicou os pronunciamentos IAS nº. 32 – Instrumentos Financeiros:
Apresentação, em março de 1995; IAS nº. 39 – Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração, em dezembro de 1999 e IFRS nº. 7 – Instrumentos
Financeiros: Divulgações, em janeiro de 2006.
Quando a convergência as Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil
estiver completa, as empresas não financeiras deverão se adequar à rigidez destas
normas. Aquelas que não se adaptarem correm o risco de ter o hedge contábil
descaracterizado tendo que arcar com o impacto da mensuração destes
instrumentos diretamente no resultado do exercício.
- 19 -
Definição do problema e do objetivo da pesquisa
As empresas não financeiras serão obrigadas a seguir os procedimentos das
Normas Internacionais de Contabilidade para a contabilização dos instrumentos
derivativos, assim que os órgãos reguladores nacionais adotarem este padrão.
Os riscos envolvidos nas operações de swap não são claramente
apresentados em notas explicativas nas demonstrações contábeis, dificultando a
avaliação dos ganhos ou perdas potenciais decorrentes dessas operações. Sendo
assim, é necessária a adoção de critérios e procedimentos contábeis que permitam
uma correta avaliação de desempenho e dos riscos das entidades que participam
deste mercado. A pergunta que surge é: Ao adotar os procedimentos indicados nas
normas, quais os aspectos positivos e negativos resultantes desta contabilização?
O objetivo da pesquisa para responder esta indagação é a análise de um
estudo de caso do hedge accounting do instrumento financeiro derivativo swap
cambial, com a finalidade de proteção das posições de empréstimos em moeda
estrangeira captadas pelas entidades não financeiras. Serão apresentados
conceitos, características e situações em que este mecanismo pode ser adotado e
sua fundamentação à luz da teoria contábil, em especial, a evidenciação do hedge
accounting nas demonstrações contábeis.
A proposta do estudo de caso foi coletar em uma empresa não financeira a
seguinte documentação: contrato de empréstimo em dólar norte-americano,
contratação de fechamento de câmbio, contratação do instrumento financeiro de
swap cambial de dólar para variação do CDI, bem como coletar informações da
contabilização deste caso, aplicar métodos de cálculo na curva do papel e marcação
- 20 -
a mercado do instrumento financeiro, aplicar os procedimentos contábeis das
Normas Internacionais para hedge accounting e constatar divergências, se houver.
Justificativa e importância
O estudo da aplicação do mecanismo de hedge accounting no Brasil é
importante, pois tal sistemática tem como objetivo melhorar o nível de informação
fornecida pelas demonstrações contábeis aos usuários da Contabilidade, para dar
visibilidade nas operações com derivativos como intrumentos de proteção ou para
fins especulativos.
O volume expressivo de operações envolvendo swap, ao final de 2008
chegou a 2.134 milhões de contratos negociados com volume financeiro acumulado
em R$ 12.6 bilhões, conforme registro do mercado de balcão divulgado no site da
BM&F. O risco envolvendo estas operações e a dificuldade encontrada pela
Contabilidade para reconhecê-lo com maior precisão aliado à própria complexidade
do instrumento, fazem com que os derivativos sejam temas polêmicos entre os
contadores envolvendo três aspectos que representam a verdadeira essência da
Contabilidade: o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação.
A escolha do assunto está também relacionada às dificuldades práticas
observadas pelo mestrando como profissional da área contábil, bem como o fato do
assunto ser desafiador, muito embora problemas com risco de exposição a
variações de moedas estrangeiras e a preocupação para proteção de risco cambial
não sejam aspectos modernos e desconhecidos da economia global.
- 21 -
Revisão da literatura
A revisão da literatura será o estudo acurado dos pronunciamentos do FASB
e IASB e a teoria contábil dos autores nacionais e internacionais objetivando a
compreensão dos termos: Ativos e passivos financeiros, sua classificação para efeito
de mensuração, definição de derivativos. O trabalho explora as definições de
contratos de derivativos e derivativos embutidos, tais como: Contratos de futuros e a
termo, Contratos de opções, Contratos de swaps, diferenciação entre hedge
financeiro e contábil e finalmente entender as regras para a obtenção do hedge
accounting.
Procedimentos metodológicos
Algumas obras de metologia científica afirmam que os procedimentos
metodológicos de pesquisa devem ser aplicados conforme a natureza da pesquisa,
porém a classificação dos tipos de pesquisa varia entre os autores.
Para Severino (2001, p. 130) o tipo da pesquisa se classifica em: a) pesquisa
empírica, com trabalho de campo ou de laboratório; e b) pesquisa teórica ou de
pesquisa histórica. Segundo o autor é possível combinar várias formas de pesquisa
se necessário.
Para Gil (2002, p. 41) as pesquisas podem ser classificadas com base em
seus objetivos gerais podendo dividi-las em três grandes grupos: a) exploratórias; b)
descritivas; e c) explicativas.
Destaca-se aqui a definição de pesquisas exploratórias dada pelo autor:
- 22 -
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de instituições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão” (Selltiz et all., 1967, p. 63)
O autor ainda afirma que embora o planejamento da pesquisa exploratória
seja bastante flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa
bibliográfica ou de estudo de caso.
Para Yin (2005, p. 19) a utilização de estudo de caso para fins de pesquisa é
um dos maiores desafios de todos os esforços das ciências sociais. A sua utilização
deve focar em acontencimentos contemporâneos em oposição a acontecimentos
históricos.
Apresenta-se aqui a definição de estudo de caso dada pelo autor:
O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta dos acontencimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas. Novamente, embora os estudos de casos e as pesquisas históricas possam se sobrepor o poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional.
Fundamentado nestes autores, pode-se classificar esta dissertação como
pesquisa exploratória com delineamento para estudo de caso.
O material utilizado constitui-se em lenvatamento da documentação para o
estudo de caso, de regulamentações contábeis, teses de doutorado, dissertações de
- 23 -
mestrados, livros, artigos nacionais e internacionais, além de palestras e matérias de
cursos específicos de derivativos.
Descrição dos Capítulos
CAPÍTULO 1 – Referencial teórico: Está estruturado de forma a dar um
embasamento teórico sobre o objeto de estudo deste trabalho. São apresentados os
principais aspectos do mercado de derivativos envolvendo os tipos de mercados, as
finalidades e seus participantes. Estudam-se as normas de contabilização de
derivativos onde são apresentadas as definições de instrumentos financeiros, de
derivativos embutidos, conceitos de hedge financeiro e as regras que caracterizam o
hedge contábil e sua divulgação.
CAPÍTULO 2 – Apectos metodológicos: Inicia-se aqui a coleta de dados do
estudo de caso separados em quatro pontos: a) Contrato de empréstimo em moeda
estrangeira – dólar norte-americano (Export Prepayment Agreement), acordo de
compra de mercadorias para a exportação (Off-take Contract), contrato de câmbio
de compra tipo exportação e contrato de Swap; b) Contabilização dos contratos
efetuados pela empresa do estudo de caso; c) Metodologia de cálculos de juros,
variação cambial e atualizações monetárias dos empréstimos e da ponta ativa e
passiva do swap; e d) Metodologia de mensuração do instrumento derivativo swap a
valor justo.
CAPÍTULO 3 – Resultados obtidos: São apresentados os resultados obtidos
na aplicação da metodologia coletada comparando-se com os cálculos apresentados
pela empresa do estudo de caso. É também apresentada uma demonstação da
eficácia do hedge cambial e finalmente são demonstradas as diferentes situações
- 24 -
patrimonias e o resultado no final do exercício fiscal para os seguintes apectos do
instrumento financeiro: a) contabilização sem a marcação a mercado; b)
contabilização com marcação a mercado sem o hedge contábil; e c) contabilização
com marcação a mercado e com o hedge contábil.
- 25 -
CAPÍTULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 Mercados de derivativos
Documentos de contratos de derivativos de contingências futuras foram
encontrados na história antiga da Mesopotâmia em linguagem cuneiforme. No
século XVII, na Holanda, já se conheciam contratos de opções. Eram conhecidas
como "Puts" (opções de vendas) e "calls" (opções de compras) que permitiam aos
investidores comprar ou vender ações a preços preestabelecidos quando previam
aumentos ou baixas de cotação dos valores.
Nas últimas três décadas recentes houve um grande crescimento nas
negociações dos instrumentos derivativos, alguns fatores foram determinantes,
como: a baixa regulamentação dos contratos, inovações tecnológicas e aumento dos
fluxos de capitais, mas a impulsão maior para o seu desenvolvimento foi à
securitização dos títulos de recebimentos, conhecidos no jargão do mercado como
securitização de recebíveis. Com ela os bancos puderam revender os empréstimos
concedidos. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico multiplicou os
derivativos e abriu oportunidades para que poupadores e tomadores de empréstimos
negociassem todo tipo de risco financeiro. De acordo com o Bank for International
Settlements (BIS), o valor nocional dos contratos globais no final de 2007 alcançava
US$ 600 trilhões (cerca de onze vezes o PIB mundial).1
1 Reportagem do jornal Valor em 16/10/2008 disponível em http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?tit=Derivativos&codmateria=5208 309&dtmateria=16+10+2008&codcategoria=89 acessada em 26/10/2008 às 18:00h.
- 26 -
A definição do termo instrumentos derivativos ainda causa algumas
divergências entre pesquisadores e teóricos. A definição apresentada por Santos
(1998), em seu Dicionário de Derivativos, afirma que os derivativos são instrumentos
financeiros cujo preço de mercado deriva do preço de mercado de um ativo real ou
outro instrumento financeiro. Segundo Silva Neto (1999, p. 16) “emitir conceito sobre
derivativos não é uma tarefa fácil, pois a existência de muitas definições deste tema
é sinal que nenhuma delas atinge o objetivo de se compreender a idéia por traz do
termo”. O autor propõe a seguinte definição (p. 17):
Procurando dar uma abrangência a seu sentido e colocando-o de forma clara, podemos dizer que os derivativos são contratos firmados entre partes, com o objetivo de trocar o valor, e somente o valor de ativos, índices ou até mesmo commodities (agrícolas e minerais).
Nesta definição o autor não considera que contratos para liquidação física
futura sejam enquadrados como derivativos. Lozardo (1998, p. 17) apresenta
definição onde contempla contratos para liquidação futura.
Derivativo pode ser definido como sendo um título financeiro cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real ou financeiro – preço da saca de café, preço da arroba de carne bovina, preço da ação, taxa de juro, taxa de câmbio, índice ou quaisquer instrumentos financeiros aceitos para serem negociados nesse Mercado.
Niyama e Gomes (2002) apud Oliveira (2003, p. 14), apresentam uma
definição mais abrangente:
[...] um instrumento financeiro (contrato) cujo valor deriva do preço ou performance de outro ativo, que pode ser um bem (ação ou mercadorias, tais como café, algodão, boi gordo), uma taxa de referência (dólar norte-americano ou Depósitos Interfinanceiros (DI), por exemplo) ou índices (Ibovespa, etc.).
Para Lozardo (1998, p. 16) um instrumento derivativo pode ser definido como
sendo um título financeiro cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real
ou financeiro.
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Entretanto, Hull (1996, p. 13), define assim: “[...] produtos derivativos, que
podem ser definidos como títulos cujos valores dependem dos valores de outras
variáveis mais básicas”.
A definição apresentada por Lima (2004) consegue sintetizar as definições
das normas contábeis. Ele afirma:
Derivativos são instrumentos financeiros que não existem por si somente, os mesmos decorrem de outro ativo (e por isso são assim chamados), são ferramentas utilizadas por pessoas ou instituições nos mercados de futuros e de opções no intuito de gerenciar riscos, proteger investimentos ou apenas especular; estes se caracterizam por serem geralmente efetivados por contratos padronizados, negociados entre as partes, em mercados secundários organizados ou contratos ad hoc entre os agentes.
O FASB, através do pronunciamento SFAS 133 Accounting for Derivative
Instruments and Hedging Actitivties, apresenta a seguinte definição:
Um instrumento derivativo é um instrumento financeiro ou outro contrato que possua concomitantemente as seguintes características:
Possuam um ou mais underlyings (subjacentes) 2 e um ou mais valores nocionais ou provisões de pagamento ou ambos.
Não há investimento líquido inicial na operação ou este investimento é significativamente menor que o investimento necessário em outros tipos de contratos nos quais é esperada uma resposta similar às variações nas variáveis principais do mercado.
Os termos do contrato permitem ou exigem a liquidação financeira, que pode ser realizada por mecanismos fora do contrato, ou ocorre a transação ou sacrifício de um ativo que não apresenta diferença significativa em relação à liquidação financeira.
Concernente a definição de derivativos apresentada pelo FASB, Lima e Lopes
(2003, p. 173) fazem o seguinte comentário:
2 Pode ser uma taxa de juros, um título, o preço de uma commodity, uma cotação internacional de moeda, um índice ou qualquer outra variável. O valor subjacente pode ser um preço ou uma taxa, mas não o ativo em si mesmo. LIMA E LOPES (2003: 173).
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Desta forma, o FASB exclui da classificação de derivativos uma série de instrumentos que não se encaixam no conceito acima, como títulos de negociação normal, compras e vendas normais, alguns contratos de seguros, alguns contratos de garantia e alguns contratos de crédito que não são negociados em Bolsa de Valores e Mercadorias, bem como derivativos colocados no mercado baseados no próprio patrimônio da empresa como remunerações aos empregados baseadas em opções.
A própria norma SFAS 133 relata as seguintes exclusões:
a) Regular-way – Títulos e valores mobiliários negociados em base regular;
b) Normal purchases and normal sales – Compras e vendas normais;
c) Certains insurance contract – Certos contratos de seguros;
d) Certains guaranteed party – Certos contratos com garantia financeira;
e) Certos contratos que não são negociados em ambiente de bolsa: contratos
de variável climática, geológica ou qualquer outra natureza física. Ativos
financeiros de baixa liquidez, etc.;
f) Contratos emitidos ou mantidos em carteira pela entidade divulgadora da
informação que sejam concomitantemente indexados as suas próprias
ações e classificados no patrimônio líquido;
g) Contratos emitidos pela entidade que estejam associados com plano de
compensação de ações e empregados. (Stock Options) tratados no SFAS
123r;
h) Contratos emitidos pela entidade para fins contingenciais em um processo
de combinação de negócios. Situação tratada pelo APB 16
Costa Júnior (Resenha nº 146 BM&F, p. 35) faz o seguinte comentário:
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Da leitura da definição, observa-se uma variedade de termos técnicos utilizados pelo FASB para definir um instrumento derivativo (underlying, notional amount, net settlement etc.). Denota a provável dificuldade encontrada pelos membros do FASB para construção de uma definição de forte rigor teórico, que não caduque em pouco tempo.
O mesmo autor ainda comenta que estes termos técnicos contêm definições
bem elaboradas e consistentes para caracterizar um instrumento financeiro:
a) Underlying é definido com uma taxa de juro específica, um preço de um
título ou valor mobiliário específico, um preço de uma commodity,
cotações de moeda, índice de preços, ou outra variável. Pode também ser
um preço ou percentual de um ativo ou passivo, mas não é considerado o
ativo ou o passivo em si.
b) Valor nocional (notional amount) representa o número de unidade de uma
moeda, número de ações, ou qualquer unidade especificada no contrato.
A liquidação do derivativo é resultante da interação do valor nocional com
o underlying. Na ausência do valor nocional a liquidação do derivativo tem
por base provisões de pagamento (payment provisions) a serem feitas em
função de um comportamento específico do underlying.
c) Investimento inicial líquido (initial net investment) indica que em geral, na
adesão de um contrato derivativo, não requer um investimento inicial
líquido exceto quanto ao prêmio pago em contratos de opção e contratos
com dispositivos mais ou menos favoráveis que as condições de mercado
determinem, pode-se citar como exemplo o prêmio em um contrato de
compra a termo, cujo preço pactuado é inferior ao preço a termo corrente.
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Existem casos em que o derivativo requer, inicialmente, a troca mútua de
ativos entre as partes envolvidas, situação em que o investimento inicial líquido será
obtido mediante a diferença de valor justo (fair value) dos ativos permutados. Porém,
como a norma define o investimento inicial líquido, jamais será igual ao valor
nocional (notional amount) do contrato mesmo somado a um prêmio ou diminuído de
um desconto.
Para a ocorrência da liquidação financeira em base líquida (net settlement) o
pronunciamento define algumas condições:
a) Nenhuma das partes é compelida a entregar um ativo que esteja
associado com o underlying ou que tenha um principal, valor de face,
número de ações ou qualquer característica que seja igual ao valor
nocional (notional amount) (ou o valor nocional mais um prêmio ou menos
um desconto); ou
b) Uma das partes é requerida a entregar um ativo nos moldes do primeiro
item, mas existe um mecanismo de mercado que facilita a liquidação
financeira líquida; ou
c) Uma das partes é requerida a entregar um ativo nos moldes do primeiro
item, mas o ativo é de alta liquidez (readily convertible to cash), ou é um
derivativo (um swaption, por exemplo, é um derivativo que requer de uma
das partes a entrega de outro derivativo).
No IAS 39 parágrafo 9 apresenta a definição de derivativos muito semelhante
à apresentada pelo SFAS 133:
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Derivativos são instrumentos financeiros ou contratos com todas as três características seguintes:
o seu valor altera-se em resposta à alteração numa especificada taxa de juro, preço de instrumento financeiro, preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas, notação de crédito ou índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso de uma variável não financeira, a variável não seja específica de uma parte do contrato (por vezes denominada o «subjacente»);
não é necessário qualquer investimento líquido inicial ou um investimento líquido inicial que seja inferior ao que seria exigido para outros tipos de contratos que se esperaria que tivessem uma resposta semelhante às alterações nos fatores de mercado; e;
é liquidado numa data futura.
Nota-se que as outras definições não apresentam claramente a preocupação
com o escopo contábil, como a apresentada pelo SFAS 133 e o IAS 39. Agora os
contratos e operações de mercado que se enquadram nas características da
definição deverão obedecer aos critérios contábeis estabelecidos pela norma.
1.1.1 Tipos e mercados derivativos
Os derivativos podem ser classificados nos seguintes tipos:
a) Derivativos agropecuários: têm como ativo objeto as commodities
agrícolas, como café, boi, milho, soja e outros.
b) Derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em alguma
taxa ou índice financeiro, como taxa de juro, taxa de inflação, taxa de
câmbio, índice de ações e outros.
c) Derivativos de energia e climáticos: têm como objeto de negociação a
energia elétrica, o gás natural, os créditos de carbono e outros.
Os mercados que negociam derivativos são: mercado a termo, mercado de
futuro, mercado de opções e mercado de swaps.
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1.1.1.1 Mercado de Futuro e a Termo
Para Lima e Lopes (2003, p. 2) “Considera-se como mercado de futuro
qualquer modalidade financeira que não seja à vista e cuja resolução fique pendente
durante certo período”, enquanto que para Hull (1996, p. 1) “esta modalidade de
contrato significa um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa
data específica no futuro, por um preço previamente estabelecido”.
O contrato de futuro surgiu para cobrir as limitações do contrato a termo, que
não tem nenhuma padronização de entrega de ativo e preços. O contrato de futuro é
negociado somente em bolsa com característica padronizada. As especificações
regulamentadas em bolsa apresentam o tipo do ativo negociado, o tamanho do
contrato, ou seja, quanto do ativo será entregue sob cada um dos contratos, local e
data específica da entrega.
Ao adquirir um contrato de futuro o corretor exigirá que o comprador deposite
um valor como margem inicial em uma conta denominada conta de margem (margin
account) e diariamente no final das negociações, a conta de margem é ajustada ao
mercado (marking to market) refletindo assim os ganhos ou perdas do investidor.
Aquele que assume um compromisso de compra é chamado de comprado
(long) em futuros, por outro lado o vendedor é conhecido como vendido (short) em
futuros.
Geralmente não há entrega do ativo objeto do contrato, a maior parte é
encerrada antecipadamente, mas quando existe a entrega do bem, o corretor emite
um aviso de entrega para a câmara de compensação da bolsa, a qual estabelece os
contratos a serem entregues, em se tratando de mercadorias, indicará o local.
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Depois disso, a bolsa escolhe a contraparte com posição comprada para aceitar a
entrega.
O contrato a termo foi uma evolução do contrato to arrive e precede o contrato
de futuro, tem como objetivo reduzir a incerteza sobre o preço futuro das
mercadorias negociadas, não é negociado em bolsa e sim no mercado de balcão
(over-the-counter-market), não há chamada de margem e não se faz ajuste a
mercado diariamente, pois as partes liquidarão a transação na data de entrega
acordada.
Lopes e Lima (2003, p. 59) apresentam as seguintes modalidades dos
contratos a termo:
a) A prazo com prêmio: uma das partes poderá desistir se pagar um prêmio
previamente estabelecido, sendo que a validade é para ambas as partes;
b) Report: compra do papel no mercado à vista e venda no mercado a termo
no mesmo momento. Equivale a uma aplicação com taxa prefixada; e
c) Deport: é a operação simétrica à operação report sendo que equivale a
tomar um empréstimo a uma taxa prefixada.
No mercado internacional as modalidades forwards são contratos futuros não
padronizados, conforme apresentado por Carvalho (1996, p. 50) apud Lima (2004):
Forward rate agreements (FRA’s) – contratos onde duas partes avençam sobre a taxa de juros a ser paga em uma data futura, com base em um valor nominal (notional value), para um vencimento especificado;
Forward foreign exchange contracts – contratos que contemplam pagar (ou receber) montantes combinados de moedas estrangeiras, em uma data futura, a uma taxa cambial pré-contratada; e
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Forward commodity contracts – contratos que obrigam, tais como os de câmbio, o comprador e o vendedor a entrega de uma commodity a um preço e uma data futura predeterminados.
Estes são ativos derivativos mais antigos utilizados em operações agrícolas.
No quadro 1 mostra algumas diferenças entre estes contratos:
Quadro 1 – Diferença entre contratos futuros e a te rmo CARACTERÍSTICAS FUTUROS A TERMO Objetivo Proteção contra variações nos
preços e especulação sem que haja, na maioria das vezes, transferência das mercadorias.
Proteção contra variações nos preços, normalmente com entrega do produto contratado.
Mercado secundário Podem ser negociados antes do vencimento.
Não são negociados
Responsabilidade Câmara de compensação Partes contratantes Quantidade Estabelecida pela Bolsa Estabelecida pelas partes Local de Negociação Bolsa de Futuros Estabelecido pelas partes Sistema de Garantia Sempre haverá garantias Nem sempre existirão Vencimentos Estabelecidos pela Bolsa de
Futuros Normalmente negociados pelas partes
Participantes Qualquer pessoa física ou jurídica Produtores ou consumidores Ajustes Diários No vencimento Variação de preço Diárias Não muda o valor do contrato Porte dos Participantes Pequenos, médios e grandes. Grandes Credibilidade Não é necessário dar comprovação
de boa situação creditícia. É normalmente exigido um alto padrão de crédito.
Fonte: Adaptado de Lima e Lopes (2003, p. 13).
1.1.1.2 Mercado a Opções
Os contratos de opções são mais recentes que os de futuro, geralmente este
mercado é derivado do mercado de ações, podendo haver outros mercados como os
de índices, moedas, juros, etc.
Costa (1998, p. 1) apresenta a seguinte definição para o contrato de opções:
O conceito de opção nasce como um direito negociável de compra ou venda de um ativo a um preço futuro predeterminado. Nasce, dizemos, porque, apesar de esta ser a definição correta e a essência dos contratos de opções mais simples, é cada vez menos útil definir assim a gama de produtos gerados a partir desta base.
- 35 -
Pelo fato do contrato de opções ser um direito, garante ao titular uma possível
escolha em exercê-lo ou não.
Conforme mencionado do livro Introdução ao mercado de Opções BOVESPA
(1980, p. 10), o mercado de opções tem a seguinte origem:
[...] O mercado de Opções nasce pelo simples fato de não haver unanimidade de opinião entre os investidores sobre o futuro desempenho global do mercado acionário e de ações específicas a curto prazo. Para aqueles que souberem prever corretamente o futuro a curto prazo, o Mercado de Opções se converte numa excelente oportunidade de investimentos.
Existem diferenças fundamentais entre os contratos de opções, de futuro e a
termo, conforme definição de Hull (1996, p. 177):
As opções são fundamentalmente diferentes dos contratos futuros e a termo. Uma opção dá a seu titular o direito de fazer algo, sem obrigá-lo a exercer tal direito, diferentemente dos contratos futuros e a termo, em que duas partes se comprometem a fazer algo. Com a exceção dos depósitos de margem, não há custos para realizar um contrato futuro ou a termo, ao passo que a compra de uma opção requer um pagamento antecipado.
Nos contratos de opções existem os seguintes componentes:
a) Tipos: Opções de compras (calls) e Opções de vendas (puts). Na opção
de compra, o titular ou comprador da opção tem o direito de comprar um
ativo em certa data por determinado preço, também conhecido como
posição comprada (long position). Na opção de venda, o detentor tem o
direito de vender um ativo em certa data por determinado preço, também
conhecido como posição vendida (short position).
b) Participantes: Compradores de opções de compra, vendedores de opções
de compra, compradores de opções de venda e vendedores de opções de
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venda. Quem vende uma opção é conhecido como lançador de opção e
que compra uma opção é conhecido como titular de opção.
c) Prêmio: Quem compra opção, paga valor por este direito e o vendedor
recebe o prêmio.
d) Preço de exercício: O preço de contrato (valor futuro pelo qual o bem será
negociado) é conhecido como preço de exercício (strike price ou exercise
price). Existem três posições onde o preço de exercício pode se encontrar:
1) In the money: preço do exercício menor que o preço à vista.
2) At the money: preço de exercício igual ao preço à vista.
3) Out of the money: preço de exercício maior do que o preço à vista.
e) Data: O dia em que a posição será exercida, também conhecida como
data de vencimento (expiration date, exercise date ou maturity). Na opção
européia pode ser exercida somente na data de vencimento, enquanto que
na opção americana pode ser exercida a qualquer momento, até o
vencimento.
Existem várias estratégias no mercado de opções que Lima e Lopes (2003,
p.10) definem como segunda geração dos derivativos:
a) Straddle: (compra de uma call e uma put pelo mesmo preço de exercício);
b) Strangel: (igual ao Straddle, mas com preço de exercício diferente);
c) Strap: (compra de duas call e uma put);
- 37 -
d) Butterfly: (compra de uma call de exercício baixo, venda de duas call de
exercício médio e compra de uma call de exercício alto);
e) Condor, box: (quando usada como futuro de índice transforma uma
aplicação de renda variável em renda fixa).
Os titulares da opção de compra ou opção de venda não têm a obrigação de
exercer o direito da compra ou venda. Dependendo da cotação de preços no
mercado à vista na data de vencimento, o titular poderá exercê-lo, se não o fizer o
prejuízo será o valor do prêmio pago da opção.
1.1.1.3 Mercado de swap
Spinola (1998, p. 165) apresenta a seguinte definição:
O Oxford dictionary of Business define swap assim: é um instrumento financeiro mediante o qual um tomador de dinheiro pode trocar o tipo de fundos que pode levantar com mais facilidade pelo tipo de fundos de que na realidade precisa, usualmente através de um banco. Por exemplo: uma empresa inglesa pode tomar com facilidade um empréstimo em libras quando, na realidade, está precisando de marcos; uma empresa alemã pode ter um problema exatamente ao contrário. Um swap pode ajudar as duas empresas a conseguir, via troca, a moeda de que de fato necessitam.
Para Lima e Lopes (2003, p. 16): é uma estratégia financeira entre dois
agentes que concordam em trocar fluxos futuros de fundos de forma
preestabelecida.
Este contrato surgiu em meados da década de 70 devido a necessidade das
empresas se protegerem do risco cambial, onde trocavam o principal mais os juros
em uma moeda, pelo principal mais juros em outra moeda. Assim era possível
proteger o principal e juros, não se importando com as variações da taxa de câmbio.
Com a evolução desta modalidade é possível trocar taxas de juros, de fixa para
- 38 -
flutuante e vice-versa, troca de mercadorias, sem que haja entrega efetiva do bem,
liquidando o contrato pela diferença de valor.
Os diversos contratos de swap efetuados pelas empresas aproveitam a
sinergia que cada um tem no mercado, por isso que pode haver trocas de taxas fixas
pelas flutuantes. Nesta modalidade de contrato o valor principal, conhecido como
valor nocional não é pago, é apenas base de valor para cálculo dos juros, a
liquidação ocorre pela diferença entre o que tem a pagar para o que tem a receber.
Lima e Lopes (2003, p. 17) afirmam que:
O swap pode ser visualizado como um contrato a termo, sendo que a BM&F denomina seus contratos de swap como contrato a termo de CDI e de dólar. Isso ocorre porque pode-se decompor o relacionamento dos agentes envolvidos em dois contratos a termo com as características especificadas. Os swaps não são negociados nos pregões da Bolsa, sendo apenas registrados em seu sistema eletrônico.
A tabela 1 apresenta o registro das negociações de swaps feito na BM&F
durante o ano de 2008:
Tabela 1 – Negociação de swap registrado na BM&F em 2008
Mercado R$/mil Contratos
neg. Jan-dez Mercado R$/mil Contratos
neg. Jan-dez
DI x pré 9.309.953 545.074 Dólar comercial x pré 590.430 182.743
DI x dólar comercial 1.942.836 243.705 Dólar comercial x euro 88.578 29.909
DI x TR - 22.234 Dólar comercial x iene 49.425 10.974
DI x Ibovespa - 596 Carteira de ações x DI - 294
DI x TJLP - 2.072 IGP-M x IPCA - 7.200
DI x euro 26.889 7.928 Euro x pré - 4.041
DI x IGP-M 492.938 801.703 Iene x pré - 11.367
DI x IPCA 56.182 252.830 Iene x euro 3.778 2.124
DI x IBrX-50 - 9.254 Total de swaps 12.561.009 2.134.048
Fonte: BM&F
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O quadro 2 mostra a diferença básica entre os contratos de swaps, de futuros e de opções:
Quadro 2 – Resumo das operações de swap, de futuro e de opções. Características Swaps Futuros Opções Prêmio Não existe Não existe Existe Negociação Balcão Bolsa Bolsa/Balcão Vencimento A combinar Determinado pela Bolsa Determinado pela Bolsa Valor de referência A combinar Múltiplos do valor do
contrato Múltiplos do valor do contrato
Ajuste diário Não há Diário Não há Revenda Não há Freqüente Freqüente Contrato A combinar Padronizado Padronizado Entrega do Ativo Não há Não é comum Comum Liquidação Final Diária Diária/final Liquidez da posição Baixa Alta Alta3 Referência do lucro Valor do contrato Valor do contrato Preço de Exercício Risco de crédito Até o vencimento Um dia Um dia4
Fonte: Lozardo (1998, p. 215)
1.1.2 Finalidades dos derivativos
Hedge (proteção ou cobertura): Proteger o participante do mercado físico de
um bem ou ativo contra variações adversas de taxas, moedas ou preços. Equivale a
ter uma posição em mercado de derivativos oposta à posição assumida no mercado
a vista, para minimizar o risco de perda financeira decorrente de alteração adversa
de preços.
Alavancagem: São negociações que exigem menos capital do que na compra
do ativo a vista. Assim, ao adicionar posições de derivativos aos investimentos,
pode-se aumentar a rentabilidade total destes a um custo mais barato.
Especulação: Tomar uma posição no mercado de futuro ou de opções sem
uma posição correspondente no mercado a vista. Neste caso, o objetivo é operar a
3 Quando o contrato de opção for de balcão, sua liquidez é baixa. 4 O risco do vendedor de um contrato de opção feito no mercado de balcão é o mesmo que um contrato de swap.
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tendência de preços do mercado. Como exemplo de especulação, pode-se sitar o
caso que ocorreu com a empresa Aracruz em 2008, que a levou a perdas potenciais
de R$ 1,95 bilhão, é o chamado "Target Forward".5 Nesta transação, a empresa
apostou duas vezes na valorização do real frente ao dólar norte-americano, assim
ela ficou na posição vendida em dólar futuro duas vezes. Primeiro, ela vendeu o
dólar para o banco por meio de um instrumento chamado de "forward", ou no
exterior "non-deliverable forward" (NDF), é a venda de dólar a termo, por meio da
qual a empresa vende dólar em um dia no futuro a uma cotação prefixada. Segundo,
a empresa vendeu de novo o dólar para o banco no futuro e por meio de arriscada
venda de opção de compra.
Neste instrumento, o banco paga um prêmio à empresa para ter o direito de
comprar o dólar a uma cotação pré-estabelecida no futuro. Enquanto a cotação do
dólar permaneceu abaixo do alvo, aproximadamente até agosto de 2008, não havia
interesse do banco em exercer a opção de compra, por conseqüência a empresa
ganhou o valor do prêmio, mas quando a cotação do dólar aumentou
substancialmente em setembro de 2008, o banco exerceu a opção e como a
empresa já havia vendido o dólar no mercado futuro, houve a necessidade de
comprar novamente o dólar no mercado à vista para honrar o contrato de opção
causando assim um desembolso de quase R$ 2 bilhões.
Arbitragem: Tirar proveito da diferença de preços de um mesmo produto/ativo
negociado em mercados diferentes no mesmo instante. O objetivo é aproveitar as
5 Reportagem do jornal Valor no dia 08 de outubro de 2008, acessado em 26/10/2008. http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?tit=Alavancagem+de+empresas+puxa+dolar+a+R$+2311&codMateria=5192885&dtMateria=08+10+2008&codCategoria=93
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discrepâncias no processo de formação de preços dos diversos ativos e mercadorias
e entre vencimentos.
1.1.3 Participantes do mercado
Os participantes do mercado de derivativos dividem-se em três grupos:
clientes, intermediários e reguladores. Os clientes estão subdivididos em hedgers,
especuladores e arbitradores; os intermediários são as corretoras; e os reguladores
são as câmaras de compensação (clearing houses).
1.1.3.1 Hedgers
A definição para hedgers é apresentada por Lima e Lopes (2003, p. 17) como
aqueles clientes que procuram eliminar riscos das variações de preços. São
divididos em duas categorias: hedgers comprados, que procuram proteção contra a
subida de preços e hedgers vendidos, que querem eliminar o risco contra a variação
negativa de preços.
1.1.3.2 Especuladores
Os especuladores são os que assumem os riscos e dão liquidez no mercado
secundário, portanto a permanência no mercado é rápida objetivando tirar o máximo
proveito da situação de risco.
No mercado financeiro eles são conhecidos como scalpers, day traders e
position traders. Os scalpers observam tendência de curtíssimo prazo e tentam
lucrar com pequenas variações de preço de um contrato, posições mantidas por
alguns minutos. Os day traders mantêm suas posições por menos de um dia. Os
- 42 -
position traders mantêm suas posições por mais tempo, esperando obter bons lucros
com as oscilações de preços nos mercados. HULL (1996, p.37).
1.1.3.3 Arbitradores
São os que procuram lucratividade sem risco aproveitando-se da má
formação de preços temporários nos mercados. Compram no mercado ao preço
baixo e no mesmo instante vendem em um ou mais mercados diferentes com o
preço estável. Este tipo de agente é raro, visto que a formação de preços nos
mercados tende a ajustar-se rapidamente. Eles estão sujeitos ao risco sistêmico por
falha de liquidação de posição em alguma das partes do mercado.
1.1.3.4 Corretoras
Atuam na intermediação entre hedgers e especuladores obtendo receita de
corretagem das duas pontas. Para operarem diretamente no mercado é necessário
que possuam títulos patrimoniais das bolsas de valores ou por intermédio de um
membro sócio da Bolsa.
1.1.3.5 Câmera de compensação (claring house)
Este participante é um auxiliar das bolsas que é responsável pelo controle das
compensações de ajustes diários e a liquidação física e financeira, administrando as
garantias de todas as negociações de derivativos realizados nas bolsas. A CETIP
(Central de Custódia de Títulos Privados) funciona como câmara de compensação
na BM&F, esta por sua vez passa a ser a contraparte de cada posição realizada
pelos investidores, tanto como posição comprada ou posição vendida. Para o
investidor não importa quem está na posição contrária, uma vez que a BM&F
garante a liquidez. Porém a BM&F não se expõe a riscos porque exige que os
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participantes atendam tanto as normas operacionais quanto às garantias a cada
nível de contrato negociado.
A Figura 1 apresenta o fluxo destas operações:
Figura 1 – Fluxo operacional no mercado de derivati vos
Fonte: Adaptado de Lozardo (1998, p. 37)
Este fluxo demonstra as ordens dadas pelos compradores e vendedores às
respectivas corretoras, essas por sua vez acionam os operadores no pregão para
executarem as ordens de compra e venda dos clientes. Logo após é informada as
transações à Clearing House, assim que as corretoras confirmam as operações com
seus clientes, estes depositam margens de garantia dos contratos futuros
negociados na Clearing.
INVESTIDOR Comprador
CORRETORA A
CORRETORA B
INVESTIDOR Vendedor
PREGÃO - BM&F
INVESTIDOR Comprador
CLEARING HOUSE- BM&FVendedor | Comprador
INVESTIDOR Vendedor
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1.2 Normas de contabilização de derivativos
1.2.1 Definição de instrumentos financeiros
O IASB emitiu pronunciamento IAS 32, o qual apresenta os instrumentos
financeiros como um contrato que origina ativo financeiro, passivo financeiro e
instrumento de patrimônio líquido e os elencou da seguinte forma:
Ativo financeiro: Caixa – Um direito contratual para receber numerário ou
outro ativo financeiro de outra entidade; um direito contratual para permutar
instrumentos financeiros com outra entidade, sob condições potencialmente
favoráveis, ou; um instrumento patrimonial de outra entidade.
Passivo financeiro: é uma obrigação contratual para entregar numerário ou
outro ativo financeiro a outra entidade, ou permutar instrumentos financeiros com
outras entidades em condições potencialmente desfavoráveis.
Instrumento patrimonial: é um contrato que evidencia uma participação
residual nos ativos de uma entidade após a dedução de todos os seus passivos.
1.2.1.1 Classificação dos instrumentos financeiros.
A classificação dos instrumentos financeiros tem por finalidade determinar a
forma de mensuração e o respectivo reconhecimento no resultado do exercício.
Pelo SFAS 115, os instrumentos financeiros sãos classificados em três
categorias:
- 45 -
a) Mantidos até o vencimento (Held-to-Maturity) – instrumentos financeiros
que a empresa detém com a intenção e capacidade de manter até o seu
vencimento.
b) Mantidos para negociação (Trading Securities) – instrumentos financeiros
comprados e mantidos para a venda no curto prazo objetivando a geração
de resultados pelas diferenças na sua precificação.
c) Disponível para venda (Available-for-Sale) – instrumentos financeiros não
classificados nas categorias anteriores e que não haja definição quanto a
data prevista para sua negociação.
No quadro 3 é apresentado um resumo de ativo, passivo financeiro e
instrumento de patrimônio líquido.
Quadro 3 – Definição de instrumentos financeiros pe los IAS 32 e 39 Ativo financeiro Passivo financeiro Instrumento de Patrimônio Líquido Direito de receber ou trocar ativo financeiro ou patrimônio de outra entidade, mediante condições favoráveis potencialmente. Contrato a ser liquidado por meio de recebimento ou troca dos próprios instrumentos de patrimônio da entidade.
Obrigação de fornecer ou trocar ativo financeiro mediante condições favoráveis. Contrato a ser liquidado por meio de fornecimento ou troca do próprio instrumento de patrimônio da entidade.
Contrato evidenciando uma participação residual nos ativos de uma entidade após dedução de todas as obrigações.
Fonte: KPMG, (2004).
1.2.1.2 Mensuração dos instrumentos financeiros
A forma de mensuração de instrumento financeiro é determinada pela sua
categoria conforme a classificação inicial.
Os IAS 32 e 39 apresentam formas de avaliação na seguinte ordem:
- 46 -
a) Ativos financeiros devem ser avaliados a valor justo (reconhecidos no
resultado do exercício) e contemplam: os ativos financeiros mantidos para
negociação, derivativos, exceto contabilizados como hedge e qualquer
ativo financeiro designado para esta categoria no reconhecimento inicial.
b) Empréstimos e contas a receber: ativos financeiros não derivativos com
pagamentos fixos ou determináveis que não possuam cotação em
mercado ativo.
c) Investimentos mantidos até o vencimento: ativos financeiros como
pagamentos fixos ou determináveis e vencimento fixo, os quais a entidade
tem intenção e capacidade financeira para mantê-los até o vencimento.
d) Ativos financeiros disponíveis para venda: todos os ativos financeiros que
não estão classificados em outra categoria.
e) Passivos financeiros a valor justo (reconhecidos no resultado do
exercício): passivos financeiros mantidos para negociação.
f) Outros passivos financeiros: todos os passivos financeiros que não estão
classificados a valor justo por meio de lucro ou prejuízo.
O termo valor justo (fair value) é muito discutido, porque esbarra no princípio
contábil do custo histórico. A origem do termo valor justo, HENDRIKSEN & VAN
BREDA apud LIMA (2004) afirma que o termo Fair Value tem sido utilizado desde o
final do século passado como: “[...] o montante que os investidores considerariam
um retorno justo”. Posteriormente, os autores relatam que a utilização deste conceito
foi expandida, primeiro por pressão das empresas de utilidade pública (que
desejavam o cômputo de valores correntes nas suas demonstrações contábeis) e
- 47 -
depois dos tribunais, que decidiram exigir a tal aplicação, a fim de garantir uma
apresentação mais adequada dos fatos relevantes nas demonstrações contábeis.
Iudícibus e Martins (2007) afirmam que o valor justo deveria ser
implementado gradativamente em relatórios suplementares ou notas explicativas,
afim de não se perder a Relevância, a Objetividade e Praticabilidade, pois o cálculo
do valor justo, quando não existe mercado para cotação, reveste-se de subjetividade
na determinação das taxas aplicadas aos modelos matemáticos:
A Introdução do Valor Justo representa, sem dúvida, significativo avanço nas práticas contábeis. Entretanto, afim de não provocar reações exacerbadas, seria interessante tornar mais objetiva sua mensuração e introduzi-lo nas demonstrações contábeis em quadros suplementares, ou ainda em notas explicativas, pelo menos até que a prática se consolide. Aliás, talvez um bom modelo fosse esse: demonstrações com objetivos diferentes calcadas em avaliações diferentes. Essa formatação poderia permitir inclusive uma avaliação multicolunar: elementos de balanço e de resultado a valores originais (históricos), a valores de reposição e a valores de mercado (ajustados ou não pela inflação, conforme a relevância da influência da mutação do poder aquisitivo da moeda).
Ou seja, sugere-se que tais avaliações adicionais durante um período de transição sejam evidenciadas em complementação às tradicionais e não pura e simplesmente as substituindo. Haveria até uma base de comparação interessante. E daí pesquisas empíricas poderiam, dentro da Teoria Positiva da Contabilidade, ajudar, de maneira objetiva e mais fundamentada, a escolher os melhores caminhos. Sem, entretanto, perder-se de vista, como se fosse uma âncora, os critérios tradicionais que, de tão validados por séculos de experiência, não devem ser substituídos enquanto não comprovadas, empiricamente, as alternativas.
Na norma SFAS 157 – Fair Value Measurements emitida pelo FASB
apresenta a seguinte definição de valor justo: “Valor justo é o preço que seria
recebido para vender um ativo ou pago para transferir um passivo em uma operação
ordenada entre os participantes no mercado a data de mensuração.” O valor de
mercado é aceito como medida de valor justo (fair value). Na falta de valor de
mercado é necessário utilizar uma metodologia para calculá-lo.
- 48 -
Cabe ressaltar que para a mensuração do custo amortizado, o IAS 39 faz a
seguinte recomendação: a amortização deve ser calculada utilizando-se o método
de taxa de juros efetiva, na data de cada encerramento de balanço para determinar
as despesas e as receitas com juros.
De acordo com a Norma Internacional, o valor justo pode ser encontrado em
mercados ativos como cotações de preços publicadas e não ajustadas. Na falta
deste mercado devem-se elaborar técnicas de avaliação utilizando o máximo de
informações de mercado e o mínimo de informações específicas da entidade.
Para se calcular os valores justos de instrumentos de patrimônio devem-se
basear em estimativas ou custo menos redução do valor recuperável, como último
recurso.
No quadro 4 é apresentado o resumo do tratamento dos instrumentos
financeiros segundo o SFAS 133, em relação ao seu valor e a seus rendimentos
(juros ou dividendos). Os instrumentos financeiros patrimoniais, como as ações, não
são classificados como mantidos até o vencimento (Held-to-maturity), porque
teoricamente, não têm prazo de maturação. Os investimentos disponíveis para
vendas (Available-for-sale), por não terem data de maturação definida e não serem
necessariamente liquidados no curto prazo ficam sujeitos a flutuações no seu preço
afetando o valor justo.
- 49 -
Quadro 4 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo SFAS 133 Categoria Tipo do
instrumento Avaliação no Balanço
Ganhos e perdas não realizados pela sua manutenção
Outros efeitos sobre o resultado
Mantido até o vencimento (Held-to-maturity)
Dívida Custo amortizado Não reconhecidos Juros quando auferidos; ganhos e perdas realizados pela venda.
Negociação (Tranding Securities)
Dívida ou Patrimonial
Valor justo (Fair value)
Reconhecimento no lucro líquido.
Juros e dividendos quando auferidos; ganhos e perdas pela venda.
Disponível para venda (Available-for-sale)
Dívida ou Patrimonial
Valor justo (Fair value)
Reconhecimento com outros resultados abrangentes e como um item separado do Patrimônio Líquido.
Juros e dividendos quando auferidos; ganhos e perdas pela venda.
Fonte: Lima, (2004).
O quadro 5 apresenta o resumo do tratamento dos instrumentos financeiros
na visão do IAS 39 em relação a mensuração e o reconhecimento da mudança de
valor no resultado.
Quadro 5 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo IAS 39 Categoria Mensuração Mudança de valor Ativos financeiros a valor justo (no resultado do exercício) ou designado como tal.
Valor justo Lucro ou prejuízo
Investimentos mantidos até o vencimento.
Custo amortizado (taxa de juros efetiva).
Irrelevante (exceto se o valor não for recuperável).
Empréstimos e contas a receber Custo amortizado Irrelevante (exceto se o valor não for recuperável).
Disponível para venda Valor justo Patrimônio (exceto se o valor não for recuperável).
Passivos financeiros a valor justo (no resultado do exercício) ou designados como tal.
Valor justo Lucro ou prejuízo
Outros passivos Custo amortizado Irrelevante Derivativos Valor justo Lucro ou prejuízo.
Fonte: Adaptado de KPMG, (2004).
No Brasil, o critério de avaliação de ativos está definido nas alíneas “a” e “b”
do inciso I do Art. 183 da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que alterou e
introduziu novos dispositivos à Lei 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades
- 50 -
por Ações, onde as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos,
devem ser avaliadas obedecendo:
a) pelo seu valor de mercado ou valor equivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e
b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;
No parágrafo 1 deste mesmo artigo é definido valor de mercado dos
instrumentos financeiros, como sendo o valor obtido num mercado ativo, que é
transacionado não compulsoriamente por partes independentes. Na ausência deste
mercado, devem ser observados os seguintes critérios:
a) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares;
b) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou
c) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros.
No parágrafo 5º do Art. 177 estabelece que a CVM “deverá elaborar normas
em consonância com os padrões internacionais de contabilidade...”. Assim a CVM
publicou a Instrução 469 em 02 de maio de 2008, que estabelece no parágrafo 1 do
Art. 2º “as companhias abertas que optarem pela aplicação imediata da Lei 11.638
ainda em 2008 deverão fazê-lo com base nas normas emitidadas pela CVM e na sua
ausência deverão ser observadas as normas emitidas pelo IASB”. Em nota
explicativa à Instrução 469, a CVM sita o IAS 39 que deverá ser seguido como
reconhecimento e mensuração dos instrumentos financeiros:
- 51 -
Exemplo de matéria sobre a qual a CVM não emitiu normas ou orientações é o reconhecimento e a mensuração desses instrumentos financeiros. Tendo em vista que ainda não há norma específica da CVM sobre a matéria, o padrão a ser adotado deve ser aquele previsto no International Financial Reporting Standards IAS - 39.
1.2.2 Definição de derivativos embutidos
Os contratos devem ser analisados criteriosamente, pois podem conter
alguma forma de derivativo disfarçado, por exemplo, uma apólice de seguro de um
parque industrial que concede ao segurado, em caso de sinistro, o direito de adquirir
contratos de Ibovespa correspondente ao valor segurado, sob determinadas
condições de mercado. Este tipo de contrato estaria fora do alcance do SFAS 133,
porém a norma define como derivativos embutidos (embbeded derivative) o qual
deve ser separado do contrato principal (host contract) se atender as seguintes
condições:
a) As características econômicas e os riscos do derivativo embutido
(embbeded derivative) não forem claros e intimamente relacionados com
as características econômicas e com os riscos do contrato principal (host
contract).
b) O contrato (denominado também instrumento híbrido), que trouxer em seu
bojo o derivativo embutido e o contrato principal, não for periodicamente
avaliado a valor justo e este contabilizado contra resultado; e
c) Um instrumento individual com os mesmos dispositivos contratuais do
derivativo embutido for considerado um instrumento derivativo, sujeito ao
SFAS 133 (o investimento inicial líquido realizado no instrumento híbrido
não deve ser considerado o investimento inicial do derivativo embutido).
- 52 -
Para derivativos embutidos cujos underlying sejam taxas de juros específicas
ou índices de taxa de juros, que alteram os fluxos de pagamentos de um contrato
principal são considerados como tendo características econômicas e riscos claros e
intimamente relacionados com os do contrato principal, a menos que ocorra uma das
seguintes situações:
O instrumento híbrido possa contratualmente ser liquidado de forma tal que o
investidor não consiga recuperar substancialmente todo o investimento realizado; ou
o derivativo embutido possa, no mínimo, dobrar a taxa de retorno inicial do
investimento no contrato principal e também resultar em uma taxa de retorno que
seja, no mínimo, duas vezes a taxa de mercado para um contrato com dispositivos
similares ao do contrato principal, com risco de crédito similar.
Fica claro que o derivativo embutido (de taxa de juros) com características
econômicas e riscos claros e intimamente relacionados com os do contrato principal
deve ser bifurcado, quando existem elementos que alavancam o contrato.
Porém, poderá haver situações em que seja difícil identificar e mensurar um
derivativo embutido. Nessa situação, o instrumento híbrido por completo deve ser
mensurado a valor justo, sendo vedada terminantemente a adoção do hedging
accounting (hedge contábil).
A figura 2 apresenta esquematicamente como deve ser o tratamento de
contrato com derivativo embutido.
- 53 -
Figura 2 – Decisões para separar derivativo embutid o
Fonte: Adaptado de Costa Júnior (Resenha nº 146 BM&F, p 41).
1.3 Hedge financeiro
É definido por estratégias financeiras para proteção de posições expostas a
riscos de mercado, utiliza os mecanismos dos mercados futuros para reduzir riscos
relacionados a qualquer ativo, seja preço do petróleo, taxa de câmbio, ações ou
qualquer outra variável. Há duas modalidades de hedge: o estático e o dinâmico.
1.3.1 Hedge estático
É aquele que uma vez montado não será ajustado assumindo uma posição
futura no início da vida do hedge e a encerra em seu final. Ao montar um hedge o
administrador tem como objetivo neutralizar o risco de compra ou venda de um ativo,
tomando posição contrária no mercado de futuro, portanto, o hedge pode ser de
venda ou de compra.
Não Sim Não
Sim Não Sim
O instrumento está avaliado a fair value com
efeito no resultado?
Não se aplica o SFAS 133
Atende a definição de derivativo?
Claro e fortemente relacionado?
Ap
lica
r o S
FA
S 1
33
- 54 -
1.3.1.1 Hedge de venda
O hedge de venda pode ser utilizado para aquele que possui um ativo e que
deverá vender futuramente, como por exemplo: um criador de frangos que deverá
vender sua produção em dois meses, para não correr o risco da queda de preço no
momento da venda, ele pode recorrer ao mercado futuro vendendo sua produção
por um preço previamente estabelecido. Por outro lado, um exportador que vendeu
sua produção no exterior e que deverá receber em dólar em noventa dias poderá
vender essa quantidade de dólar no mercado futuro para não incorrer na variação de
taxa de câmbio.
Para exemplificar foi adaptado um exemplo fornecido por Hull (1996, p. 88):
em 15 de dezembro a empresa ABC negociou um contrato para vender um milhão
de barris de petróleo em 15 de fevereiro do ano seguinte ao preço de mercado deste
dia. A empresa poderá ganhar R$ 10.000 por centavos de reais se o preço subir, ou
perder a mesma quantia se o preço cair. Em 15 de dezembro o preço a vista é de
R$ 19 por barril e o preço para 15 de fevereiro da Bolsa de Mercadorias é de
R$ 18,75 por barril. Ele compra 1.000 contratos para fevereiro com o objetivo de
travar o preço a R$ 18,75 no vencimento encerrando a posição.
Se em 15 de fevereiro o preço à vista atingir R$ 17,50 por barril a empresa
receberá pela venda do petróleo R$ 17,5 milhões. No mercado futuro ela ganha
R$ 18,75 – R$ 17,50 = R$ 1,25 por barril X 1.000.000 de barris = R$ 1,25 milhões.
Se em 15 de fevereiro o preço à vista atingir R$ 19,50 por barril a empresa
receberá pela venda do petróleo R$ 19,5 milhões. No mercado futuro ela perde
R$ 18,75 – R$ 19,50 = R$ 0,75 por barril X 1.000.000 de barris = R$ 750 mil. Em
ambos os casos o preço ficou travado em R$ 18,75 por barril.
- 55 -
1.3.1.2 Hedge de compra
Nesta posição está o comprador de um ativo que deseja travar o preço hoje
para uma posição que deverá ser desembolsada no futuro, ou de um devedor em
outra moeda que não deseja correr o risco da variação cambial.
Como ilustração, foi adaptado o exemplo fornecido por Nakamura (1996, p.
30). Em julho a empresa CBA fechou contrato de importação com uma empresa
americana para pagamento em setembro. Na data de contratação a taxa de câmbio
era R$ 1,6920 por dólar e no mercado futuro para setembro era R$ 1,6850 por dólar.
A empresa comprou US$ 1 milhão no mercado futuro para pagar em setembro no
valor de R$ 1,685 milhão. Se em setembro a taxa de câmbio cair para R$ 1,6600 por
dólar a empresa pagará R$ 1,660 milhão pelo contrato de importação. No mercado
futuro ela pagará R$ 1,6850 – R$ 1,6600 = R$ 0,0250 por dólar X US$ 1.000.000 =
R$ 25 mil. Resultado líquido = R$ 1,660 milhão da dívida + R$ 25mil no mercado
futuro = R$ 1,685 milhões.
Se em setembro a taxa de câmbio subir para R$ 1,7100 por dólar a empresa
pagará R$ 1,710 milhão pelo contrato de importação. No mercado futuro ela
receberá R$ 1,7100 – R$ 1,6850 = R$ 0,0250 por dólar X US$ 1.000.000 = R$ 25
mil. Resultado líquido = R$ 1,710 milhão da dívida – R$ 25mil recebidos no mercado
futuro = R$ 1,685 milhões. Em ambos os casos a dívida ficou travada em R$ 1,685
milhão.
O contrato derivativo swap também poderia ser usado como instrumento de
hedge trocando-se uma dívida em moeda internacional por divida em moeda
nacional.
- 56 -
1.3.2 Hedge dinâmico
O hedge dinâmico é rigorosamente monitorado com ajustes freqüentes. Este
tipo de hedge ocorre com opções ou carteiras de investimentos.
Hedge com teto (stop-loss strategy): consiste em saber o momento ótimo para
compra da ação logo que o preço supere a X ou, sua venda assim que o preço
esteja abaixo de X ou, manter uma posição descoberta (sem a posse do ativo)
sempre que o preço da ação for inferior a X, e uma posição coberta sempre que ele
for superior a X.
Hull (1996, p. 332) traz o seguinte comentário em relação aos programas de
hedge mais sofisticados:
[...] tornar suas carteiras imunes a pequenas mudanças no preço do ativo objeto no próximo pequeno intervalo de tempo, o que é chamado de hedge de delta. Depois, eles observam o que é conhecido como gama e vega. Gama é a taxa de variação do valor da carteira com referência ao delta; vega é a taxa de variação da carteira com relação à volatilidade do ativo. Zerando o gama, uma carteira pode ficar relativamente insensível a mudanças razoavelmente grandes no preço do ativo; zerando o vega, ela se tornará relativamente insensível a mudanças em sua volatilidade. Os operadores podem também verificar o teta e o rô. Teta é a taxa de variação da carteira de opções ao longo do tempo e rô é sua taxa de variação com relação à taxa de juro livre de risco.
Estes são instrumentos de administração financeira aplicáveis ao mercado de
capitais. Os contabilistas deverão se aprofundar nos conhecimentos destes
mecanismos, para saber interpretar corretamente as normas contábeis que
disciplinam este tema. Mesmo porque não há limites para o surgimento de novos
mecanismos, instrumentos e estratégias neste mercado.
- 57 -
1.4 Hedging accounting
Na Norma Internacional IAS 39 emitida pelo IASB, encontra-se definições dos
seguintes termos:
Hedging: para efeitos contábeis, significa designar um derivativo ou
instrumento financeiro não derivativo para compensar, total ou parcialmente, as
mudanças no valor justo ou no fluxo de caixa do item protegido. A norma autoriza
utilizar instrumento financeiro não derivativo como instrumento de heading somente
para proteger o risco de mudanças das taxas de câmbio.
Hedged: item protegido que pode ser um ativo, passivo, compromisso firme
não reconhecido, transação futura prevista, ou investimento líquido numa unidade
operacional estrangeira, expostos a risco de mudança de valor ou mudança do fluxo
de caixa futuro.
Instrumento de hedge: para efeitos da contabilização de hedge, é um
derivativo designado ou (em limitadas circunstâncias) outro ativo ou passivo
financeiro, cujo valor justo ou fluxos de caixa espera-se que compensem às
mudanças no valor justo ou fluxo de caixa de um item protegido (hedged).
Efetividade do hedge: é o grau em que mudanças compensatórias no valor
justo ou fluxo de caixa, atribuíveis a um risco protegido, são alcançados pelo
instrumento de hedge.
O SFAS 133, o IAS 39 e o CPC 14, apresentam as mesmas classificações de
hedge dependendo da finalidade para qual a empresa o adquiriu:
- 58 -
a) Hedge de valor justo (Fair value hedge) é hedge de uma exposição à
mudança no valor justo de um ativo ou passivo já reconhecido ou de um
compromisso firme (firm commitment) ainda não reconhecido como dívida
na contabilidade.
b) Hedge de fluxo de caixa (cash flow hedging) é hedge de uma exposição
nos fluxos de caixa advindas de transações futuras projetadas que podem
afetar o resultado da entidade.
c) Hedge de uma exposição a uma moeda estrangeira (foreign currency
hedge) é hedge de um investimento em uma operação internacional, um
compromisso ainda não reconhecido contabilmente, um título destinado à
operação de comercialização (trading) da instituição ou uma transação
esperada denominada em moeda estrangeira.
d) Instrumentos não designados como instrumentos de hedging . São
aqueles adquiridos pelas empresas com o propósito de obter resultados
positivos com as flutuações de preços e taxas.
A importância desta classificação é reconhecer contabilmente seus
resultados, ganhos e perdas:
a) Fair value hedge : um hedge de exposição à mudança no valor justo de
um ativo ou passivo, que é atribuível a um risco particular e que irá ajustar
o resultado. Os ganhos ou perdas são reconhecidos no resultado do
período de variação do derivativo juntamente com o resultado do item que
está sendo protegido. Por esta metodologia será reconhecida no resultado
- 59 -
a parte ineficaz no processo de anulação das perdas ou ganhos no item
protegido.
b) Cash flow hedge : Exposição da variação de fluxo de caixa a qual é
atribuível a um risco particular associado com reconhecimento de um ativo
ou passivo (como todo ou parte de pagamento de juros futuros em dívidas
com taxas variáveis) e que irá afetar o resultado, ou hedge de um
compromisso firme não reconhecido, para comprar ou vender um ativo a
preço fixo. As variações são mostradas inicialmente como parte de Other
Comprehensive Income (OCI), no Brasil a conta é Ajuste de Avaliação
Patrimonial (AAP), conta destacada no Patrimônio Líquido fora do
resultado do período e quando a transação futura vier a ocorrer
subseqüentemente, o saldo desta conta será transferido para o resultado.
c) Hedge de uma exposição em moeda estrangeira de um investimento
e uma operação internacional (foreign currency hedge): os ganhos ou
perdas das modalidades em moeda internacional serão contabilizados de
formas diferentes:
1 Derivativos ou não-derivativos utilizados para hedge de um
compromisso firme não-reconhecido (firm commitment), serão
reconhecidos em conta de resultado, juntamente com a perda ou
ganho do firm commitment (foreign currency fair value hedge).
2 Título ou valor mobiliário disponível para venda (available-for-sale
security) será reconhecido no em conta de resultado, juntamente
com a perda ou ganho do avaiable-for-sale security (foreign
currency fair value hedge).
- 60 -
3 Instrumento derivativo utilizado para hedge de uma provável
transação esperada (forecasted transaction). A perda ou ganho
deverá ser contabilizado no patrimônio líquido, em rubrica
denominada other comprehensive income (OCI), sendo
reconhecida em conta de resultado no período ou nos períodos em
que a forecasted transaction vier a afetar o resultado. O ganho ou a
perda remanescente no instrumento derivativo, se houve, deverá
ser reconhecido no resultado corrente (foreign currency cash flow
hedge).
4 Instrumento derivativo ou não-derivativo utilizado para hedge de um
investimento líquido em uma operação estrangeira (net investmente
in a foreign operation) deverá ser contabilizado no Patrimônio
Líquido, em rubrica denominada lucros abrangentes, conhecido em
inglês como other comprehensive income (OCI) como parte dos
ajustes acumulados de tradução, na extensão da eficácia do hedge.
No Brasil, a conta a ser utilizada é “Ajustes de Avaliação
Patrimonial”, conforme parágrafo 3º. do Art. 182 da Lei 6.404/1976,
modificada pela Lei 11.638/2007.
d) Instrumento não-classificado como Hedge (no designation hedge):
neste caso, os ganhos ou perdas são reconhecidos no resultado
imediatamente.
- 61 -
1.4.1 Regras para se caracterizar o hedging contábil.
O hedging contábil só poderá ser caracterizado se a entidade tiver
formalizada a documentação descrita no IAS 39 o parágrafo 88 e CPC 14 parágrafo
57:
No início do hedge é necessário apresentar documentação formal da relação
de hedging, com objetivo e estratégia da administração do risco da entidade para
realizar o hedge. Essa documentação deve incluir a identificação do instrumento de
hedging, o item ou transação protegido (hedged), a natureza do risco objeto de
hedge e como a entidade avaliará a efetividade do instrumento de hedging na
compensação da exposição às mudanças no valor justo do item protegido ou os
fluxos de caixa da transação protegida que é atribuível ao risco protegido.
É esperado que o hedge seja altamente efetivo (entre 80 até 125%) ao longo
de sua vida, para compensar as mudanças de valor justo ou fluxos de caixa
atribuíveis ao risco protegido, consistentemente com a estratégia de administração
do risco, originalmente documentada para aquela particular relação de hedging. A
própria norma apresenta o seguinte exemplo: se a perda no instrumento de hedging
é $ 120 e o ganho no instrumento de caixa é $ 100, a compensação pode ser
mensurada por 120/100, que é 120%, ou por 100/120 que é 83%;
Para hedges de fluxo de caixa, em uma transação prevista, que é objetivo do
hedge, deve ser altamente provável e tem que apresentar uma exposição às
variações nos fluxos de caixa, que ao final, poderiam afetar o resultado.
A efetividade do hedge pode ser avaliada com confiança, isto é, o valor justo
ou fluxo de caixa do item protegido e o valor justo do instrumento de hedging podem
- 62 -
ser mensurados com certeza; e o hedge foi avaliado em uma base de continuidade e
realmente determinado, que foi altamente efetivo ao longo do período financeiro
relatado.
Nota-se que a preparação da documentação exigida requer conhecimentos
profundos da estratégia de proteção que a entidade deverá montar acompanhada
por um especialista da área.
1.4.2 Divulgação ( Disclosure )
Conforme o SFAS 161 emitido pelo FASB, IFRS 7 emitido pelo IASB e CPC
14 parágrafo 59 emitido pelo CPC, uma entidade que transacione instrumentos
derivativos, deverá divulgar os objetivos desses instrumentos adquiridos ou emitidos,
o contexto necessário para o entendimento desses, e as estratégias utilizadas para
alcançar tais objetivos.
O parágrafo 22 da IFRS 7 exige a seguinte divulgação no balanço: uma
descrição de cada tipo de hedge, uma descrição dos instrumentos financeiros
escolhidos como instrumentos de hedge e os seus valores justos na data da
publicação do balanço, e a natureza dos riscos a serem cobertos.
Nos parágrafos 25 a 28 a norma apresenta a divulgação dos instrumentos
mensurados a valor justo, os quais devem ser apresentados em classes dos
instrumentos ativos e passivos. Deve ainda divulgar a técnica de valorização
utilizada, se este for diferente do valor de mercado, para cada classe dos
instrumentos financeiros e também a diferença agregada, ainda não reconhecida
nos resultados no início e no fim do período e uma reconciliação das alterações no
restante dessa diferença. É necessária também a divulgação qualitativa e
- 63 -
quantitativa da natureza dos riscos dos instrumentos financeiros, abrangendo o risco
de crédito, risco de liquidez e risco de mercado.
O SFAS 161 – Disclosures about Derivative Instruments and Hedging
Activities, apresenta emendas ao parágrafo 44 do SFAS 133 exigindo divulgação
dos instrumentos financeiros em três tópicos: a) Como e porque a empresa usa
instrumentos derivativos; b) Como os instrumentos derivativos e os itens protegidos
são contabilizados pela norma SFAS 133; e c) Como os instrumentos derivativos e
os itens protegidos afetam os resultados e o fluxo de caixa.
A divulgação deve segregar instrumentos derivativos ou não designados para
hedge contábil de valor justo (fair value hedge accountig), hedge de fluxo de caixa
(cash flow hedge accounting) e hedge de investimento estrangeiro (foreign currency
hedge accountig), e deve contemplar uma descrição da política da gestão de risco
da entidade para cada categoria de hedge contábil (hedge accounting),
considerando os itens ou transações cujos riscos são objeto do hedge. Para que os
derivativos sejam enquadrados na contabilidade especial (hedge accounting), a
entidade deverá divulgar o propósito da atividade com esses instrumentos.
É enfatizado nos pronunciamentos que a divulgação qualitativa das
estratégias e objetivos da entidade, no uso dos instrumentos derivativos, pode ser
mais inteligível se referidos objetivos e estratégias forem descritos no contexto do
perfil da gestão de risco da entidade como um todo.
Em linha com o SFAS 119, as informações de cunho quantitativo não são
requeridas, mas sim encorajadas. A explicação para a postura adotada pelo FASB
no tocante ao disclosure quantitativo é a de que eles acreditam que, dado o estágio
- 64 -
evolutivo da gerência de risco, não seria viável fixar padrões de divulgação nesse
sentido.
Hedge contábil de valor justo (Fair value hedge accounting). Devem ser
objeto de divulgação às operações de hedge. O SFAS 161 requer que sejam
divulgadas informações específicas para cada categoria, para o qual o instrumento
derivativo ou não tenha se qualificado para fins de contabilidade especial (hedging
accounting), inclusive os de moeda estrangeira:
Ganhos ou perdas liquidos reconhecidos em resultado, no período reportado,
que apresente o montante da ineficácia do hedge bem como o do instrumento
derivativo, se houver, excluída para fins de avaliação da eficácia do hedge
(assessment of hedge effectiveness), e uma descrição do local em que o ganho
líquido ou perda líquida são reportados na demonstração de resultado ou em outra
demonstração de desempenho financeiro;
O montante dos ganhos líquidos ou das perdas líquidas reconhecidos em
resultado, quando do momento da desqualificação de um compromisso firme (firm
commitment) como hedge de valor justo (fair value hedge).
Hedge de fluxo de caixa (Cash flow hedge). Para instrumentos derivativos
inseridos nesta categoria devem ser divulgados os seguintes dados:
Ganhos e perdas líquidos reconhecidos no resultado, que represente o
montante da ineficácia do hedge e a parcela do ganho ou perda do instrumento
derivativo, se houver, excluída para fins de avaliação da eficácia do hedge
(assessment of hege effectiveness) e uma descrição do local em que o ganho líquido
- 65 -
ou perda líquida são reportados na demonstração de resultado ou em outra
demonstração de performance financeira.
Uma descrição das transações ou outros eventos que irão resultar na
reversão para resultado de ganhos ou perdas contabilizados em conta do Patrimônio
Líquido, sob a rubrica outros lucros abrangentes (other comprehensive income), e
uma estimativa do montante líquido de ganhos ou perdas existentes no período
reportado, para os quais há expectativa de serem revertidos para resultado nos
próximos 12 meses.
O período máximo em que a entidade considera estar hedgeando sua
exposição à variação em seus fluxos de caixa futuros derivados de transações
projetadas (forecasted transactions), excluindo aquelas transações esperadas
relacionadas ao pagamento de juros variáveis advindos de instrumentos financeiros
existentes.
O montante de ganhos e perdas revertido para resultado por conta da
descontinuidade do hedge de fluxo de caixa (cash flow hedge), em função de ser
provável que as transações projetadas (original forecasted transactions) não mais
ocorrerão no final do período originalmente especificado ou dentro do período
adicional previsto no pronunciamento.
Para os instrumentos derivativos em moeda estrangeira que tenham sido
designados e se tenham qualificado como hedge de um investimento líquido e uma
operação estrangeira (net investment in a foreign operation) deve ser informado o
montante líquido de ganhos ou perdas incluído na rubrica Cumulative Translation
Adjustmente – CTA, durante o período reportado.
- 66 -
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS
A variação cambial é um risco que as empresas podem evitar. Quando ocorre
uma devalorização da moeda nacional em relação às moedas estrangeiras, as
empresas são obrigadas a desembolsar maior valor em moeda local para a
liquidação dos contratos, esta operação pode elevar os custos dos empréstimos a
valores exorbitantes. Para não incorrer no risco cambial elas podem contratar
instrumentos derivativos no mercado financeiro para proteção da variação cambial,
caso contrário, elas deveriam ter em seus quadros de funcionários, colaboradores
altamente especializados em mercado cambial, o que seria incompatível com o foco
de sua atividade principal.
Este estudo de caso foi pesquisado junto ao departamento financeiro e
contábil em uma grande empresa do ramo varejista. Nos anexos deste trabalho
constam todos os contratos utilizados para esta operação, o nome da empresa e de
seus representantes que assinaram os contratos foram omitidos.
Para financiar o capital de giro e investimentos, a empresa contratatou
empréstimos em moeda estrangeira com prazo acima de 24 meses. Após a
assinatura do contrato foi fechado o contrato de câmbio junto ao Banco Central e
também a contratação de swap, trocando a variação cambial pela variação do CDI
(Certificado de Depósito Interbancário), publicado diariamente pela CETIP (Câmara
de Custódia e Liquidação), conhecida também como taxa média over.
- 67 -
2.1 A modalidade do financiamento – Adiantamento à Exportação (pré-
pagamento).
Dentre várias modalidades de linha de crédito que os bancos disponibilizam
para as empresas, encontra-se o “Adiantamento à Exportação (pré-pagamento)” que
é o foco de nosso estudo.
Geralmente, o banco oferece o pacote completo: o Contrato de Adiantamento
à Exportação (ANEXO A – Export Prepayment Agreement); o Acordo de compra de
mercadorias para a exportação de uma empresa habilitada para esta modalidade
(ANEXO B – Off-take Contract); contrato de câmbio para internar o valor em dólar
equivalente em reais convertida a uma taxa de câmbio (ANEXO C – Contrato de
Câmbio de Compra – Tipo Exportação); e o swap de dólar para a variação do CDI.
(Certificado de Depósito Interfinanceiro) (ANEXO D – Contrato de Swap cambial). O
próprio banco se encarrega de registrá-lo junto a CETIP (Câmara de Custódia e
Liquidação).
O Adiantamento à Exportação (pré-pagamento), foi regulamentado em junho
de 1991 (com o adiantamento por bancos comerciais autorizado desde 1995) e
atualizadas pela Circular BACEN 2.919/99, as operações de adiantamento à
exportação podem se realizar em até 360 dias entre o fechamento do câmbio e o
embarque. Esta operação deve ser liquidada no prazo estabelecido pela norma
cambial. Os recursos não podem ser devolvidos, devendo se transformar em
exportação, investimento ou empréstimo registrado nos termos da Lei n. 4.131/62
modificada pela Lei n. 4.390/64. No caso de cancelamento da operação, a norma
cambial admite a remessa de valores residuais, até 5% do montante original da
antecipação. O prazo médio das operações situa-se entre dois e três anos.
- 68 -
Esta modalidade tem os seguintes benefícios fiscais: a isenção do imposto de
renda que incide sobre o pagamento dos juros de operações de financiamento
externo, sempre que a exportação se concretiza ("performa"); e a não incidência de
IOF (impostos sobre operações financeiras), já que não se trata de operação
financeira; finalmente, a norma cambial permite que não seja especificado o bem ou
serviço objeto da exportação, o que confere flexibilidade ao mecanismo pela compra
e venda de "performance" entre bancos e exportadores.
Os financiadores de recursos desta modalidade de adiantamento a
exportações, também chamada de pré-pagamento, são o importador ou o banco
comercial no exterior. O exportador se beneficia desta linha de financiamento para
os ciclos de industrialização e comercialização. A operação é caracterizada pela
aplicação de recursos em moeda estrangeira na liquidação de contrato de câmbio de
exportação anteriormente ao embarque das mercadorias. Trata-se de mecanismo de
financiamento a exportações, via câmbio, que responde historicamente por um
quarto a um quinto do total de exportações contratadas, conforme dados da
Secretaria da Fazenda6. Na maioria dos casos, os recursos são fornecidos pela
matriz estrangeira da empresa exportadora brasileira, mas também ocorre com
freqüência o financiamento da exportação feito por importador que tem relação
comercial sólida e tradicional com a empresa brasileira. Ademais, essa modalidade
permite repatriamento de recursos oriundos de subfaturamento de exportações
anteriores.
6 Informação obtida em http://www.fazenda.gov.br/sain/m_financiamento.htm acesso em 03/02/2008.
- 69 -
O contrato de câmbio não requer que seja discriminado o bem ou serviço a
ser exportado.
Contudo, essa modalidade, uma vez que utiliza linhas comerciais, envolve
garantias tais como contratos financeiros e contratos comerciais, o que leva os
bancos a concentrarem operações em grandes empresas. Em nosso estudo de caso
o banco exigiu Nota Promissória (ANEXO E), por se tratar de uma empresa que já
era cliente preferencial, mas poderia também exigir garantias reais, como hipotecas
de bens, etc.
As taxas variam em função do crédito do exportador, das flutuações na taxa
de câmbio e na taxa de juros internacionais do país de destino, etc., verificando-se
spreads tanto maiores quanto mais longos forem os prazos. O período de incidência
dos juros é livremente pactuado pelas partes contratantes, sejam elas privadas ou
públicas. No caso de operações entre partes contratantes, as taxas são livremente
pactuadas e os juros podem ser pagos em mercadorias. O beneficiário da remessa
dos juros será sempre aquele que efetuou o pagamento antecipado da exportação.
Na data próxima à liquidação do contrato a empresa exportadora adquire a
mercadoria da empresa produtora no valor equivalente ao volume do empréstimo em
moeda estrangeira acrescido do valor da perfomance, que é o spread cobrado pela
empresa produtora. No mesmo momento é emitida uma nota fiscal de exportação no
valor do montante em moeda estrangeira.
As notas fiscais são registradas no sistema de estoques, contas a receber e
contas a pagar da empresa exportadora ocorrendo à entrada e saída
simultaneamente no controle de estoques. Para este tipo de venda não incide
qualquer imposto. O registro das contas a pagar recebe a baixa quando a empresa
- 70 -
financiada paga a empresa produtora pela compra de mercadoria. O registro das
contas a receber é baixado quando o importador estrangeiro faz o pagamento desta
mercadoria diretamente ao banco credor do empréstimo, liquidando assim o contrato
desta modalidade de financiamento.
2.2 Coleta de Dados
2.2.1 Export Prepayment Agreement Nº 1166/05 (ANEXO A)
O contrato foi celebrado em 09 de maio de 2005, entre a empresa financiada
(do estudo de caso), tendo como empresa avalista a empresa controladora da
empresa financiada e o financiador ABN ANRO Bank N.V. com sede em Amsterdan
– Holanda. O vencimento do contrato será 14 de abril de 2010. O valor do
empréstimo foi de US$ 25.000.000,00, com taxa de juros de 6,51% ao ano, a serem
pagos pela empresa financiada diretamente ao ABN ANRO Bank de Amsterdan, no
dia 14 de abril de 2010. Se houver algum atraso, a mesma incorrerá em multa de 1%
ao ano. Este contrato obriga a empresa financiada manter os seguintes covenants7:
o índice Dívida Total Líquida Consolidada / EBITDA deverá ser menor ou igual a 4, e
o índice Dívida Líquida / Patrimônio Líquido deverá ser menor que 1.
O contrato foi registrado no SISBACEN do Banco Central do Brasil – Módulo
de Registro de Operações Financeiras – ROF. Nº TA335815, conforme
regulamentação da Circular nº. 3027 de 22 de fevereiro de 2001.
7 Compromisso em um contrato de emissão de títulos, restringindo determinadas situações ou atividades, visando dar mais segurança ao financiador.
- 71 -
Em 10 de maio de 2005 o ABN ANRO Bank de Amsterdan transferiu os
recursos de US$ 25.000.000,00 para o ABN ANRO Bank N.V em Nova York,
creditando na conta corrente do Banco ABN ANRO Real S.A., com sede no Brasil. A
financiada obteve o montante quando apresentou a Nota Promissória (ANEXO E)
avalizada pela sua controladora, na agência do banco no Brasil, após o fechamento
do contrato de câmbio.
2.2.2 The Off-Take Contract (ANEXO B)
O contrato de exportação e importação (The off-take Contract), celebrado em
18 de outubro de 2004, (um pouco antes do fechamento do contrato de
financiamento), entre a empresa financiada, a Cargil S.A., com sede no Brasil, como
provedora das mercadorias e a Cargil S.A., com sede na Holanda, como
importadora. Na data do vencimento do contrato Export Prepayment Agreement, a
empresa financiada comprará da Cargil S.A. do Brasil as mercadorias: açúcar,
cacau, complexo de soja e milho, o equivalente a US$ 25.000.000,00 mais a
performance 8 de 0,40%9 ao ano cálculados entre 10 de maio de 2005 e 14 de abril
de 2010 sobre o valor do empréstimo e exportará o equivalente a
US$ 25.000.000,00.
O embarque das mercadorias exportadas será entre o período de 01 de maio
a 30 de abril de 2010, embora no contrato inicial a janela de embarque era para o
período de 01 a 28 de março de 2008, este período foi renegociado.
8 Spread cobrado pela empresa produtora para entregar a mercadoria no prazo do contrato. 9 Embora esta taxa esteja registrada a 0,49% no Contrato de Compra e Venda de Mercadorias para Exportação nº. 041 04-05 de 18 de outubro de 2004 houve renegociação para 0,40%.
- 72 -
O off-take contract exige que se formalize um contrato padrão conforme o
Exhibit A. Na seção do ANEXO B é apresentado este contrato padrão elaborado
pela empresa financiada.
No momento do embarque a empresa financiada deverá notificar ao banco
ABN em São Paulo e apresentar as seguintes informações: Número do despacho
aduaneiro; número do registro de exportação; e cópia dos documentos de
embarque. Deverá também instruir o importador (Cargil S.A. - Holanda) a fazer o
pagamento em dólares americanos diretamente no banco ABN em Admsterdan.
2.2.3 Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportaç ão (ANEXO C)
O contrato de câmbio foi fechado em 06 de maio de 2005 e registrado sob o
número 05/027072, folha número INST: 6356 e Praça 5885. Fazendo referência ao
Export Prepayment Agreement com prazo de 1.860 dias, juros de 6,51% ao ano e
registro no ROF sob o número TA335815.
O valor de US$ 25.000.00,00 foi convertido a taxa cambial de R$ 2,4594
resultando o equivalente a R$ 61.485.000,00. Tendo como financiador: ABN AMRO
BANK N.V. – Holanda. Em 10 de maio de 2005 o recurso foi disponibilizado na conta
corrente da financiada no Banco ABN AMRO S.A.
2.2.4 Contrato de Swap (ANEXO D)
A operação de Swap foi registrada junto a CETIP/BM&F sob o número
05D02871, tendo como parte “A” o Banco ABN ANRO Real S.A. e parte “B” a
Empresa financiada.
- 73 -
A data da negociação foi em 13 de abril de 2005, a data de inicio da operação
foi em 09 de maio de 2005 e a data de liquidação será em 13 de abril de 2010.
O valor referencial desta operação foi de R$ 64.700.406,19
(US$ 25.000.000,00 convertidos para reais a taxa de câmbio PTAX800 R$ 2,5880,
publicada pelo Banco Central do Brasil).
O contrato faz a seguinte menção: “Caso a data de início seja posterior a data
de negociação, o valor referencial será atualizado pela variação da PTAX8OO da
data da negociação até a data de início.” Como a data de início foi em 09 de maio de
2005, a taxa de câmbio foi PTAX800 foi atualizada para R$ 2,5899, com isso o valor
referencial passou a ser de R$ 61.440.279,11.
A ponta ativa representa o valor em reais que a empresa financiada receberá
do banco, referente ao valor em dólar norte-americano convertido a taxa PTAX800,
mais juros de 6,9296% ao ano, na data da liquidação do contrato, o que servirá
como hedge de 6,51% ao ano dos juros do contrato mais 0,40% ao ano da
performance.
A ponta passiva representa o valor em reais mais 104,5% do CDI-OVER que
a empresa financiada pagará ao banco na data de liquidação do contrato.
A liquidação do contrato será feita pelo valor líquido da equação: ponta ativa
menos a ponta passiva. Se a ponta ativa for maior que a passiva a empresa
financiada recebe o valor líquido do banco, caso contrário, ela pagará o valor líquido
ao banco.
A figura abaixo apresenta um resumo desta operação:
- 74 -
Figura 3 – Resumo da operação de financiamento
Fonte: Elaborada pelo autor.
Na figura 04 a seguir, é possível visualizar a tramitação do recurso até chegar
à empresa financiada, após a troca cambial no Banco Central. Na data de
vencimento do contrato, a compra de mercadorias é feita pelo valor equivalente a
US$ 25.000 mil convertida a uma taxa cambial hipotética para este exemplo. Os
pagamentos de juros e performance são calculados na base do valor em dólar norte-
americano e convertidos para reais a taxa hipotética deste exemplo. O valor da
performance é pago para a empresa produtora, o valor dos juros é pago para o
banco financiador na Holanda e quando o importador recebe a mercadoria ele paga
Brasil Holanda EUA
Financiador Financiada Produtor
Órgão
regulador
Órgão de
registro
Banco
provedor Importador
Banco
depositário
ABN ANRO
Real S.A
Empresa
(estudada) Cargil S.A.
Banco
Central CETIP
ABN ANRO
Bank NV Cargil S.A
ABN ANRO
Bank NV
Export Prepayment
Agreement1 Assinatura 2
Assinatura e
documentação3 Registro
The off-take contract1 Assinatura 2 Assinatura
Lieberação do recurso 1 Envia 2 Recebe
Contrato Cambio 1 Assinatura 2 Assinatura 3 Registro
3 Recebe 2Troca de
moeda1 Envia
1Credito em
C.C.2
Recebe
recursos
Contrato de Swap 1 Assinatura 2 Assinatura 3 Registro
Compra e exportação de
mercadoria2
Compra e
exporta1 Vende 3 Importa
Performance1 Pagamento 2 Recebimento
Juros1 Pagamento 2
Troca de
moeda3 Recebimento
1 Pgto da compra 2Recebimento
da venda
1Liquidação
swap2
Liquidação
swap3 Registro
4Baixa do
financiamento3
Baixa do
financiamento2
Recebimento
contrato1
Pgto
importação
Internação do recurso
Liquidação dos contratos
AGENTES / EVENTOS
- 75 -
o valor do financiamento (principal) em dólares norte-americanos diretamente ao
banco da Holanda.
Por fim, o banco no Brasil fica com o valor do swap (neste exemplo a variação
cambial foi negativa), a empresa produtora lucrou com o valor da performance, o
Banco Central ficou com reservas cambiais e o Banco na Holanda recebeu os juros.
Figura 4 – Fluxo do recurso de financiamento
Fonte: Elaborada pelo autor
2.3 Metodologia de atualização do empréstimo e do swap pela curva.
2.3.1 Atualização do Empréstimo
As fórmulas a seguir, demonstram como são calculadas as atualizações dos
juros de 6,51% ao ano e a performance de 0,40% ao ano, conforme mencionado no
contrato (ANEXO A), as taxa de juros são aplicadas mensalmente sobre o valor
principal em dólar norte-americano e convertidas à taxa de câmbio PATX800 do
último dia do mês.
�� � ����� � � (1)
BRASIL HOLANDA EUA
Financiador Financiada Produtor
Banco
provedor Importador
Banco
depositário
ABN ANRO
Real S.A
Empresa
(estudada) Cargil S.A.
ABN ANRO
Bank NV Cargil S.A
ABN ANRO Bank
NV
R$ R$ R$ R$ US$ US$ US$ US$
RECURSOS (Tx.Cambio = 2,4594
1 - Envio de recuros para EUA (25.000) 25.000
2 - Internação dos recursos 61.485 (61.485) 25.000 (25.000)
3 - Transf recursos para Empresa (61.485) 61.485
Após 1.800 dias
LIQUIDAÇÃO (Tx.Câmbio = 1,9870)
4 - Mercadoria (49.675) 49.675 25.000 (25.000)
5 - Performance (1.800 dias) (99) 99
6 - Juros (1.800 dias) (16.169) 16.169 (8.138) 8.138
7 - Liquidação do swap (4.459) 4.459
Total (4.459) 0 49.774 (45.316) 16.863 8.138 (25.000) 0
AGENTES
Giro
Órgão regulador
Banco Central
- 76 -
Onde:
vj = valor dos juros em US$.
ti = taxa de juros 6,51% ao ano
dc = dias decorridos
p = principal em US$ 25.000.000
�� � � ��� � � (2)
Onde:
vp = valor da performance em US$.
tp = taxa da performance 0,40% ao ano
dc = dias decorridos
p = principal em US$ 25.000.000
2.3.2 Atualização da ponta ativa do swap
A ponta ativa do swap obedece ao mesmo critério descrito na atualização do
empréstimo, ou seja, para o cálculo de juro aplica-se a taxa de 6,9296% ao ano
proporcionalmente aos dias decorridos, sobre o principal em dólar norte-americano
conforme a descrição do contrato de swap (ANEXO B).
2.3.3 Atualização da ponta passiva do swap
Para o cálculo da ponta passiva é necessário calcular o fator da variação
diária do CDI publicada pela CETIP e acrescentar 4,5% conforme o contrato de
- 77 -
swap (ANEXO C). Esse fator diário é acumulado mensalmente a aplicado sobre o
valor principal em reais.
Fórmula do cálculo do fator diário
� � ����100 � 1�
1252 � 1� �� � 1(3)
Onde:
fd = fator diário
tmd = taxa média anual para o dia publicada diariamente pela CETIP
ts = taxa contratada no swap 104,5% da variação do CDI.
2.4 Metodologia da Marcação a Mercado do Swap .
As normas de contabilibidade estabelecem que os instrumentos financeiros
devem ser mensurados pelo valor justo (SFAS 133 § 17; IAS 39 § 46 e CPC 14 §
17).
Os valores justos de um swap podem ser mensurados com base em dados de
mercado de um contrato com as mesmas características, os quais podem ser
obtidos através de cotação com as instituições que os negociam. O processo de
apuração do valor justo, tendo como base os valores de mercado, é denominado
também de marcação a mercado, em inglês, marking to market.
Conforme previsto nos pronunciamentos acima, o valor de mercado de um
derivativo pode também ser obtido pelo cálculo do valor presente dos fluxos de caixa
futuros a serem proporcionados pelo derivativo, como é o caso do swap. Fica claro
- 78 -
que o valor justo pode ser obtido com a contraparte que utiliza a metodologia para
marcação diária, conforme determina as normas do Banco Central. Mas a
metodologia aqui aplicada é semelhante a dos bancos.
Lima e Lopes (2003, p. 95) afirmam:
A metodologia para apuração do referido valor de mercado é de responsabilidade da instituição e deve ser estabelecida com base em critérios consistentes e passíveis de verificação, levando em consideração a independência na coleta de dados em relação às taxas praticadas nas mesas de operação da instituição.
Os autores apresentam alguns parâmetros a serem observados na
elaboração da metodologia:
a) Preço médio de negociação do dia ou, quando não disponível, o preço
médio de negociação do dia útil anterior;
b) O valor provável de realização obtido mediante adição de técnica ou
modelo de precificação;
c) O preço de instrumento financeiro semelhante, levando em consideração,
no mínimo, os prazos de pagamento e vencimento, o risco de crédito e a
moeda ou indexador.
2.4.1 Coleta de dados
Cupom cambial: Taxas do cupom cambial negociadas na BM&F publicadas
em seu no site no menu: Boletim; indicadores; taxa de refencias da BM&F; ajuste do
cupom.
- 79 -
Variação do CDI projetado até o vencimento: PUs das negociações de DI de
um dia publicados no site da BM&F no menu: Boletim; cotações e volumes; ajuste do
pregão; DI 1.
Variação do CDI até a data do balanço: Taxa média das negociações de DI
(Depósitos Interfinanceiros) publicadas pela CETIP no menu séries históricas; dados
por ativos; DI; taxa over; média.
2.4.2 Cálculos da marcação a mercado das pontas do swap
O valor de mercado das pontas do swap consiste em calcular as pontas até o
dia do vencimento pela taxa contratada e trazer a valor presente pela taxa de
mercado, assim temos:
a) Ponta Ativa (em dólar):
+
+
dtact
ni
tPvUS
f *360
1
*360
1**$
(4)
PvUS$ = ponta ativa do swap em dólar t = taxa da conversão do dólar para reais em 30 de dezembro i = taxa do cupom dólar do contrato n = prazo total do contrato original tf = taxa do cupom no vencimento do contrato dtac = dias totais a decorrer do contrato
b) Ponta Passiva (variação do CDI):
( ) 252
1
1
1*1*$
duad
v
dut
dut
e
v
tCDI
tCDICDI
CDIPvR
+
+
−
(5)
- 80 -
PvR$ = principal da ponta passiva em R$ CDIv = índice do CDI acumulado na data do vencimento CDIe = índice do CDI acumulado na data da emissão do contrato dut = dias úteis total tCDI = taxa CDI do contrato de swap tCDIv = taxa CDI no dia do vencimento duad = dias úteis a decorrer
c) Resultado líquido da marcação a mercados:
Resultado líquido = (curva da ponta ativa – ponta ativa marcada a mercado) –
(curva da ponta passiva – ponta passiva marcada a mercado).
2.5 Contabilização dos contratos
Para esta modalidade de empréstimo e contratação de swap, a empresa nos
forneceu a seguinte grade de contabilização:
1) Obtenção e atualizações do empréstimo
a) Valor original do empréstimo D = Caixa ou Bancos (Ativo) C = Empréstimos (Passivo)
b) Despesa de variação cambial
D = Despesa de variação cambial (Resultado) C = Empréstimos (Passivo)
c) Juros do empréstimo e performance
D = Despesa de juros (Resultado) C = Empréstimos (Passivos)
2) Contratação e atualização do swap
a) Valor nocional do instrumento financeiro D = Ponta Ativa do swap (Ativo) C = Ponta Passiva do swap (Passivo)
b) Variação cambial e juros da ponta ativa do swap
D = Ponta Ativa do swap (Ativo) C = Resultado do swap (Resultado)
c) Variação do CDI da ponta passiva do swap
D = Resultado do swap (Resultado) C = Ponta Passiva do swap (Passivo)
- 81 -
3) Liquidação do empréstimo
a) Compra da mercadoria D = Estoques (Ativo) C = Fornacedores (Passivo)
b) Exportação da mercadoria
D = Contas a receber (Ativo) C = Vendas exportações (Resultado)
D = Custo da mercadoria vendida CMV C = Estoques (Ativo)
c) Pagamento dos juros e performance
D = Empréstimos (Passivo) C = Caixa ou bancos (Ativo)
d) Pagamento da compra de mercadoria
D = Fornecedores (Passivo) C = Caixa ou bancos (Ativo)
e) Liquidação do empréstimo pelo importador D = Empréstimos (Passivo) C = Contas a receber (Ativo)
f) Liquidação do swap
Quando a ponta ativa for maior que a ponta passiva D = Caixa ou banco (Ativo) D = Ponta passiva do swap C = Ponta ativa do swap Quando a ponta ativa for menor que a ponta passiva D = Ponta passiva do swap C = Ponta ativa do swap C = Caixa ou banco (Ativo)
- 82 -
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS
3.1 Atualizações do empréstimo e do swap pelas taxas contratuais.
As tabelas a seguir demonstram os resultados dos cálculos das atualizações
do empréstimo e do respectivo swap, os quais não apresentaram divergências em
relação aos cálculos efetuados pela empresa do estudo de caso.
Tabela 2 – Atualização anual dos juros e performanc e do financiamento
Em US$
DATA Dias
decorridos. Principal Juros Performance Total Tx
Cambio 10/05/2005 25.000.000 25.000.000 2,4594 31/12/2005 235 25.000.000 1.062.396 65.278 26.127.674 2,3407 31/12/2006 600 25.000.000 2.572.354 158.056 27.730.410 2,1668 31/12/2007 965 25.000.000 4.362.604 268.056 29.630.660 1,7713
Em R$
DATA Dias
decorridos. Principal Juros Performance Var.Cambial Total 10/05/2005 61.485.000 61.485.000 31/12/2005 235 61.485.000 2.457.945 151.026 (2.936.926) 61.157.046 31/12/2006 600 61.485.000 6.036.008 370.876 (8.286.226) 59.605.658 31/12/2007 965 61.485.000 9.218.750 566.436 (18.785.398) 52.484.788
A primeira parte desta tabela demonstra a atualização do financiamento de
US$ 25 milhões no final de cada ano, sendo que, em 31 de dezembro de 2007 o
valor corrigido passou para US$ 29,6 milhões. Na segunda parte são apresentados
os valores convertidos para reais com a respectiva variação cambial acumulada em
R$ 18,8 milhões, resultante da valorização do real frente ao dólar norte-americano
em 27,98% nesse período.
- 83 -
Tabela 3 – Atualização anual pela curva dos juros do swap da ponta ativa
EM US$
Data Dias
Decorridos Principal Juros Total
Taxa Cambio
10/05/2005 (24.981.816) (24.981.816) 2,45940 31/12/2005 235 (24.981.816) (1.134.858) (26.116.675) 2,34070 31/12/2006 600 (24.981.816) (2.890.042) (27.871.858) 2,13800 31/12/2007 965 (24.981.816) (4.645.226) (29.627.042) 1,77130
EM R$
Data Dias
Decorridos Principal Juros Var.Cambial Total
10/05/2005 (61.440.279) (61.440.279) 31/12/2005 235 (61.440.279) (2.626.028) 2.935.006 (61.131.301) 31/12/2006 600 (61.440.279) (6.431.943) 8.282.189 (59.590.033) 31/12/2007 965 (61.440.279) (9.817.363) 18.779.263 (52.478.379)
A ponta ativa do swap é aquela que dá cobertura ao financiamento registrado
no passivo, apresentando assim uma posição oposta a ele. A primeira parte desta
tabela demonstra a atualização da ponta ativa de US$ 24,9 milhões no final de cada
ano, sendo que, em 31 de dezembro de 2007 o valor corrigido passou para
US$ 29,6 milhões. Na segunda parte são apresentados os valores convertidos para
reais com a respectiva variação cambial acumulada em R$ 18,8 milhões, resultante
da valorização do real frente ao dólar norte-americano em 27,98%, protegendo
assim a exposição do financiamento à moeda estrangeira.
- 84 -
Tabela 4 – Atualização da ponta passiva do swap com 104,5% da variação do CDI.
Data Dias
Decorridos Principal Despesa Total
10/05/2005 61.440.279 61.440.279 31/12/2005 235 61.440.279 7.834.979 69.275.258 31/12/2006 600 61.440.279 18.762.383 80.202.662 31/12/2007 965 61.440.279 28.697.547 90.137.826
Os valores encontrados para a ponta passiva do swap apresentam os valores
da dívida trocada de dólares norte-americanos para reais. A variação do CDI mais
4,5% neste período foi de 46,7% gerando uma despesa de atualização de R$ 28,7
milhões e o valor corrigido foi para R$ 90,1 milhões.
3.2 Resumo das atualizações
A tabela 4 abaixo apresenta o resumo dos três anos de atualização na curva
do papel para: a) atualização do empréstimo com juros provisionados e b) a ponta
ativa e ponta passiva do swap:
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Tabela 5 – Resumo das atualizações do empréstimo e do swap
CONTÁBIL (curva da operação)b ) Swap
a ) Dívida Ponta Ativa Ponta Passivaa Emissão 10/05/2005 10/05/2005 10/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005b Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010c Data base 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007
d = c - aPeríodo decorrido 235 600 965 236 601 966 236 601 966
e Tx Juros a.a 6,51% 6,51% 6,51% 6,9296% 6,9296% 6,9296%f Tx Performance a.a. 0,40% 0,40% 0,40%
g = e/306*dTx juros período 4,25% 10,85% 17,45% 4,54% 11,57% 18,59%h = f/306*d Tx Performance período 0,26% 0,67% 1,07%
h1 Variação do CDI período 12,75% 15,77% 12,39%
i Principal US$ 25.000.000 25.000.000 25.000.000 (24.981.816) (24.981.816) (24.981.816)j = g*i juros US$ 1.062.396 2.712.500 4.362.604 (1.134.858) (2.890.042) (4.645.226)k = h*i Performance US$ 65.278 166.667 268.056
l=(i+j+k) atualizado US$ 26.127.674 27.879.167 29.630.660 (26.116.675) (27.871.858) (29.627.042)
m Taxa inicial 2,4594 2,3407 2,1380 2,4594 2,4594 2,4594n = i * m Empréstimo R$ 61.485.000 58.517.500 53.450.000 (61.440.279) (61.440.279) (61.440.279) 61.440.279 69.275.258 80.202.662
o Taxa US$ fim perído 2,3407 2,1380 1,7713 2,3407 2,1380 1,7713p = o * i Principal R$ 58.517.500 53.450.000 44.282.500 (58.474.938) (53.411.123) (44.250.291)q = o * j juros R$ 2.486.750 5.799.325 7.727.481 (2.656.363) (6.178.910) (8.228.088)r = o * k Performance R$ 152.796 356.333 474.807
s = n * h1variação do CDI R$ 7.834.979 10.927.404 9.935.164t = o * l atualizado R$ 61.157.046 59.605.658 52.484.788 (61.131.301) (59.590.033) (52.478.379) 69.275.258 80.202.662 90.137.826
MOVIMENTAÇÃOn Saldo Inicial 61.485.000 61.157.046 59.605.658 (61.440.279) (61.131.301) (59.590.033) 61.440.279 69.275.258 80.202.662
Despesas Juros 2.457.945 3.578.063 3.182.741 (2.626.028) (3.805.916) (3.385.420) 7.834.979 10.927.404 9.935.164Despesas Performance 151.026 219.850 195.560Variação Cambial (2.936.926) (5.349.300) (10.499.172) 2.935.006 5.347.183 10.497.073
t Saldo final 61.157.046 59.605.658 52.484.788 (61.131.301) (59.590.033) (52.478.379) 69.275.258 80.202.662 90.137.826
- 86 -
3.3 Contabilização do swap pela curva do papel no fim de 2007.
Para nosso estudo vamos apresentar os registros contábeis em milhares de
reais dos seguintes eventos:
a) Na data de contratação: Empréstimo e swap.
Na contratação registram-se apenas o valor do empréstimo convertido para
reais e o valor nocional do swap.
O contrato do empréstimo foi celebrado em 09 de maio de 2005 no valor de
US$ 25.000 mil. A contratação do câmbio foi em 06 de maio de 2005 com a taxa de
conversão de R$ 2,4594, resultando em R$ 61.485 mil.
O swap foi contratado com data de início em 09 de maio de 2005, o valor
referencial de R$ 61.440 mil é o resultado da conversão de US$ 25.000 mil a taxa de
câmbio de R$ 2,5899.
b) Atualizações dos juros e variação cambial do empréstimo e do swap em
31 de dezembro de 2005, 31 de dezembro de 2006 e 31 de dezembro de
2007, respectivamente. Como o contrato tem o vencimento para 2010,
para nosso estudo, faremos a liquidação antecipada (fictícia) em
01/01/2008.
A figura 5 apresenta a grade contábil das transações aqui descritas.
- 87 -
Figura 5 – Grade contábil das transações
Fonte: Elaborada pelo autor.
Como a empresa não apresentou a documentação exigida para
contabilização de hedge contábil, as contabilizações da variação cambial e juros das
pontas do swap foram registrados em uma conta de resultado denominada
“Resultado com swap”. Em nossa opinião, as atualizações da ponta ativa e passiva
do swap não deveriam ser registradas nesta conta. A variação cambial da ponta
ativa deveria ser debitada na conta de “Variação Cambial” anulando a variação
cambial do empréstimo, igualmente os juros da ponta ativa deveriam ser registrados
em “Despesas de Juros” para rebater a despesa de juros do empréstimo, pois este é
o objetivo do swap – troca da variação cambial e juros pela variação do CDI mais
CONTABILIZAÇÃO DO EMPRÉSTIMO1 - Valor original do empréstimo 61.485 61.4852 - Variação cambial 18.785 18.7853 - Despesas de juros 9.219 9.2194 - Despesas de performance 566 566TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 52.485 18.785 9.785
CONTABILIZAÇÃO DO SWAP5 - Valor nocional 61.440 61.4406 - Variação cambial da ponta ativa 18.779 18.7797 - Juros da ponta ativa 9.817 9.8178 - Variação do CDI da ponta passiva 28.697 28.697TOTAL DO SWAP 52.478 90.137 (37.659)
OPERAÇÃO COM MERCADORIA9 - Compra de mercadoria 42.700 42.70010 - Exportação da mercadoria 42.700 42.70011 - CMV da exportação 42.700 42.700
0 42.700 42.700 42.700 42.700
LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO12 - Pagamento dos juros 9.219 9.21913 - Pagamento da performance 566 56614 - Pagamento da compra de mercadoria 42.700 42.70015 - Liquidação do empréstimo pelo importador 42.700 42.700
(52.485) (52.485) (42.700) (42.700)
LIQUIDAÇÃO DO SWAP16 - Liquidação do swap 37.659 52.578 90.137
(37.659) 52.578 90.137
Caixa (Ativo) Empréstimos (Passivo) Contas a receber (Ativo) Fornecedores (Passivo)
Caixa Ponta Ativa (Ativo) Ponta Passiva (Passivo)
CMV (Result)
Caixa (Ativo) Empréstimos (Passivo) Variação Cambial (Result) Despesa Juros (Result)
Ponta ativa (Ativo) Ponta Passiva (Passivo) Resultado do swap
Estoques (Ativo) Fornecedores (Passivo) Contas a receber (Ativo) Vendas (Result)
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juros. Na tabela 6 é apresentado o resumo destas transações com os respectivos
saldos após a liquidação dos contratos.
- 89 -
Tabela 6 – Posição contábil pela curva do papel no fim do exercício de 2007.
Em 31 de dezembro de 2007:
Ativo Passivo Resultado
SEQ EVENTOS
Aplicação do
empréstimo
(Caixa)
Ponta
Ativa
Swap
Contas a
ReceberEstoques Empréstimo
Ponta
Passiva
swap
Contas a
pagar
Resultado
com swap
Variação
Cambial
Despesas
de jurosVendas CMV
OBTENÇÃO DO EMPRÉSTIMO E ATUALIZAÇÕES
1 Valor original do empréstimo 61.485 (61.485)
2 Variação cambial em R$ do empréstimo 18.785 (18.785)
3 Despesas de juros do empréstimo (9.219) 9.219
4 Despesas de performance (566) 566
TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 0 0 0 (52.485) 0 0 0 (18.785) 9.785 0 0
CONTRATAÇÃO DO SWAP
5 Valor nocional da operação de swap 61.440 (61.440)
6 Variação cambial da ponta ativa do swap (18.779) 18.779
7 Juros da ponta ativa do swap 9.817 (9.817)
8 Variação CDI da ponta passiva do swap (28.697) 28.697
TOTAL DO SWAP 52.478 (90.137) 37.659
OPERAÇÃO COM MERCADORIAS
9 Compra da mercadoria 42.700 (42.700)
10 Exportação da mercadoria 42.700 (42.700)
11 CMV das exportações (42.700) 42.700
LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO
12 Pagamento dos juros (9.219) 9.219
13 Pagamento da performance (566) 566
14 Pagamento da compra da mercadoria (42.700) 42.700
15 Liquidação do empréstimo pelo importador (42.700) 42.700
LIQUIDAÇÃO DO SWAP
16 Liquidação do swap (37.659) (52.478) 90.137
TOTAL GERAL (28.659) 0 0 0 0 0 0 37.659 (18.785) 9.785 (42.700) 42.700
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3.4 Cáculo da Marcação a Mercado (MtM)
a) Ponta Ativa do swap.
As linhas da Tabela 7 demonstram os passos para se calcular o valor
presente da ponta ativa: No prazo total (letra d) são calculados os dias entre a data
de emissão até a data de vencimento do swap. Os dias decorridos (letra e) são
calculados desde a data de emissão até o penúltimo dia útil do ano. Os dias a
decorrer (letra f) são calculados entre o penúltimo dia útil do ano até o dia do
vencimento do papel. O valor em reais (letra i) é calculado pela multiplicação do
valor em dólares norte-americano pela taxa de câmbio do penúltimo dia do ano (letra
g). O valor futuro (letra l) é cálculo do valor do papel até o vencimento, multiplicando-
se o valor presente (letra i) pela taxa do papel equivalente ao prazo total (letra k). O
cálculo do valor presente (letra o) consiste em trazer o valor futuro até a data do
penúltimo dia do ano, por uma taxa de mercado (letra m), esta taxa é o cupom
cambial diário negociado na BM&F no penúltimo dia do ano. O cálculo do valor
futuro (letra l) é feito pela multiplicação da taxa de mercado equivalente para o prazo
total a decorrer (letra n) pelo cálculo do valor em reais (letra i).
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Tabela 7 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Ativa do swap
Ponta Ativa
a Emissão 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 b Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 c Data base 29/12/2005 28/12/2006 28/12/2007
d = b-a Prazo total 1.800 1.800 1.800 e =c-a Dias decorridos 234 598 963 f = b-c Dias a decorrer 1.566 1.202 837
g Cotação dólar 2,3407 2,1380 1,7713 h Principal US$ 24.981.816 24.981.816 24.981.816
i = h*g Valor R$ 58.474.938 53.411.123 44.250.291
j Taxa swap 6,92960% 6,92960% 6,92960% k = j/360*d Taxa p/pz total 34,64800% 34,64800% 34,64800% l = i*(1+k) Valor futuro 78.735.334 71.917.009 59.582.132
m Taxa para 13/04/2010 5,82455% 5,93113% 4,41450% n = m/360*f Taxa p/ dias a decorrer 25,33679% 19,80338% 10,26370%
o = l/(1+n) Valor Presente 62.819.011 60.029.199 54.036.034
b) Ponta passiva do swap.
No caso da ponta passiva é necessário calcular os dias úteis para o prazo
total (letra g), que vão desde a data de emissão até a data de vencimento; os dias
úteis decorridos (letra h) são calculados desde a data de emissão até o penúltimo
dia do ano; e os dias úteis a decorrer (letra i) são calculados desde o penúltimo dia
do ano até o dia do vencimento. Para o cálculo dos dias úteis são desconsiderados
os fins de semana e os feriados nacionais, para isso é necessário obter uma tabela
de feriados até a data do vencimento e utilizar a função “DIATRABALHOTOTAL” do
Excel, planilha eletrônica do Office da Microsoft.
O Fator do CDI no vencimento (letra m) é obtido pela projeção diária da
negociação DI para um dia da BM&F até a data do vencimento.
O fator do CDI para o prazo total conforme é demonstrado da linha da letra p
encontra-se primeiramente, o fator diário e depois acrescentam-se 4,5%. Esta taxa
- 92 -
diária é calculada para o equivalente do prazo total do papel. O valor futuro (letra q)
é calculado pela multiplicação do valor principal letra (l) por este fator (letra p).
Taxa do CDI para o vencimento (letra r) é encontrada pela interpolação da
negociação DI para um dia na BM&F.
O cálculo do valor presente (letra t) é encontrado pela divisão do valor futuro
(letra q) pelo fator dos dias úteis a decorrer (letra s).
Tabela 8 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Passiva do swap
Ponta Passiva
A Emissão 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 B Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 C Data base 29/12/2005 28/12/2006 28/12/2007
d = b-a Prazo total 1.800 1.800 1.800 e =c-a Dias decorridos 234 598 963 f = b-c Dias a decorrer 1.566 1.202 837
g Dia úteis totais 1.236 1.236 1.236 h Dias úteis decorridos 163 412 662 i Dias úteis a decorrer 1.073 824 574
j Principal em US$ 24.981.816 24.981.816 24.981.816 k Taxa inicial 2,4594 2,4594 2,4594
l = j*k Principal em R$ 61.440.279 61.440.279 61.440.279
m Fator CDI no vencimento 5,140523 4,633208 4,585832 n Fator CDI na emissão 2,452496 2,452496 2,452496
o Taxa swap CDI 104,5% 104,5% 104,5% p = ((m/n)^(1/d)-
1)*o+1)^d Fator prazo total 2,1669996 1,9440323 1,9232646 q = l*p Valor futuro 133.141.062 119.441.887 118.165.915
r Taxa DI no vencimento 15,05321% 12,36887% 12,90232% s = (1+r)^(g/252) Fator p dias uteis a decor. 1,8167829 1,4642136 1,3183947
t = q/s Valor Presente 73.283.969 81.574.089 89.628.633
- 93 -
A tabela a seguir, resume os ajustes da marcação a mercado no final de cada
ano.
Tabela 9 – Ajustes anuais da marcação a mercado
Ponta Ativa Ponta Ativa Total do Data Curva MtM Ajuste Curva MtM Ajuste Ajuste
29/12/2005 61.131 62.819 1.688 (69.275) (73.284) (4.009) (2.321) 28/12/2006 59.590 60.029 439 (80.203) (81.574) (1.371) (932) 28/12/2007 52.478 54.036 1.558 (90.138) (89.629) 509 2.067
Com estes valores marcados a mercado das pontas ativas e passivas, a
empresa do estudo de caso, elaborou uma nota explicativa pró-forma, nas suas
Demonstrações Contábeis, informando o valor de mercados e valor da curva do
papel conforme demonstrado abaixo na figura 06.
Figura 6 – Nota explicativa dos instrumentos financ eiros
Fonte: Extraída das Demonstrações Contábeis de 2007 da empresa do
estudo de caso.
Os valores estimados de mercado dos instrumentos financeiros em 31 de dezembro de 2007 aproximam-se do seu valor de mercado, refletindo os vencimentos ou o reajuste freqüente de preço desses instrumentos, e podem ser assim demonstrados:
Contábil Mercado Contábil MercadoAtivo
Disponibilidades 271.575 271.575 414.013 414.013 Aplicações financeiras 478.957 478.957 650.119 650.119 Fundo de investimentos em direitos creditórios 54.621 54.621 - -
805.153 805.153 1.064.132 1.064.132
PassivoEmpréstimos e financiamentos 844.824 829.365 2.358.323 2.335.805 Debêntures 807.531 805.399 807.531 805.399
1.652.355 1.634.764 3.165.854 3.141.204
Controladora ConsolidadoEm 31 de dezembro de 2007
O valor de mercado dos ativos financeiros e dos financiamentos de curto e longo prazos, quando aplicável, foi determinado utilizando taxas de juros correntes disponíveis para operações com condições e vencimentos remanescentes similares.
- 94 -
3.5 Eficácia do swap
Na tabela 10 abaixo, é apresentada a eficácia do swap na cobertura cambial.
Ao se comparar o saldo inicial mais a movimentação dos juros e variação cambial do
empréstimo com a ponta ativa do swap, resta tão somente, o saldo e a despesa da
ponta passiva como uma dívida em reais. Os pronunciamentos SFAS 113, o IAS 39
parágrafo AG105 b e CPC 14 parágrafo 57 item b, estabelecem parâmetros entre
80-125% para a eficácia.
Tabela 10 – Demonstração da eficácia do hedge cambi al
Empréstimo Ponta Ativa Eficácia % Ponta
Passiva Saldo Inicial 61.485.000 (61.440.279) 44.721 99,93% 61.440.279 Despesas Juros 2.457.945 (2.626.028) 7.834.979 Despesas Performance 151.026 Marcação a mercado (1.687.711) (1.704.767) 165,34% 4.008.711 Variação Cambial (2.936.926) 2.935.006 (1.919) 99,93%
Saldo final em dez-2005 61.157.046 (62.819.011) (1.661.966) 102,72% 73.283.969
Despesas Juros 3.578.063 (3.805.916) 10.927.404 Despesas Performance 219.850 Marcação a mercado 1.248.544 1.240.542 67,34% (2.637.284) Variação Cambial (5.349.300) 5.347.183 (2.117) 99,96%
Saldo final em dez-2006 59.605.658 (60.029.199) 1.238.424 100,71% 81.574.089
Despesas Juros 3.182.741 (3.385.420) 9.935.164 Despesas Performance 195.560 Marcação a mercado (1.118.489) (1.125.607) 133,32% (1.880.620) Variação Cambial (10.499.172) 10.497.073 (2.099) 99,98%
Saldo final em dez-2007 52.484.788 (54.036.034) (1.127.706) 102,96% 89.628.633
A empresa contabilizava o empréstimo e o swap pela curva da operação e a
marcação a mercado do swap só era reconhecida para fins de publicação das
demonstrações financeiras em notas explicativas.
3.6 Reconhecimento inicial do hedge e definição do hedge contábil.
Se a empresa do estudo de caso designasse o instrumento financeiro, swap
como hedge contábil, esta operação seria caracterizada como hedge cambial de um
- 95 -
passivo já reconhecido nas demonstrações financeiras, um empréstimo em moeda
estrangeira, exposto ao risco de variação da taxa de câmbio, que, de acordo com os
pronunciamentos SFAS 133, IAS 39 e CPC 14, receberia o tratamento contábil para
um hedege de fluxo de caixa (cash flow hedege), pelo fato do contrato principal não
sofrer variação pelo valor justo e sim pela curva de juros. Embora, na forma, existe a
figura de exportação de mercadorias, mas na essência, é um empréstimo em moeda
estrangeira.
A empresa financiada não apresentou a documentação requerida para a
contabilização de hedge, portanto é um instrumento derivativo não designado como
hedge, cujo valor justo deverá ser reconhecido diretamente no resultado. Para que
esta operação seja caracterizada com hedge contábil é obrigatória a apresentação
da documentação exigida pelas normas SFAS 133, IAS 39 e CPC 14 no início da
operação. No Quadro 6 abaixo, é apresentada uma sugestão desta documentação:
- 96 -
Quadro 6 – Documentação da operação com derivativo – swap
Fonte: Teixeira (2004 p.160).
3.7 Resultado da Marcação a Mercado (MtM)
Na Tabela 11 a seguir estão demonstradas as posições contabilizadas em 31
de dezembro de 2007 com o swap marcado a mercado. É importante salientar que o
instrumento financeiro swap, designado como hedge, modificou a contabilização nas
contas de resultado. A variação cambial e juros do contrato principal juntamente com
a variação cambial, juros e o ajuste da marcação a mercado do swap serão
registrados na conta Ajuste de Avaliação Patrimonial no grupo do Patrimônio
Formulário de Designação de Transação de Hedge
1 Data da transação de hedge 09 de maio de 2005
2 Descrição da transação de hedge Swap de Dólar por 104,5% do CDI.
3 Data do contrato 13 de abril de 2005
4 Contraparte do contrato de hedge Banco ABN AMRO Real S.A.
5 Data do vencimento do contrato 13 de abril de 2010
6Descrição dos pagamentos relacionados
ao contrato de hedge
Liquidação por diferença no vencimento
do contrato.
7Descrição do item que está sendo
protegido
Empréstimo em dólares norte-
americanos.
8Descrição do risco que está sendo
protegido
Risco da variação da taxa de câmbio do
dólar norte-americano.
9 Valor do item que está sendo protegido US$ 25.000.000,00
10 Termos do item protegido:
Data da ocorrência do item protegido 09 de maio de 2005
Data esperada da liquidação do item
protegido13 de abril de 2010
11 Eficácia de proteção esperada 100%
12Critériio para medição da eficácia da
proteção esperada
Hedge cambial realizado com as mesmas
condições do item que está sendo
protegido.
Assinatura do responsável Assinatura do aprovador
(Data, nome e cargo) (Data, nome e cargo)
- 97 -
Líquido, restando somente a despesa da ponta passiva. Quando houver a liquidação
do swap, a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial será zerada contra o resultado.
- 98 -
Tabela 11 – Posição Contábil marcada a mercado
Em 31 de dezembro de 2007 marcado a mercado:
Ativo Passivo P.Liq. Resultado
SEQ EVENTOS
Aplicação do
empréstimo
(Caixa)
Contas a
ReceberEstoques Empréstimo
Ponta
Ativa
Swap
Ponta
Passiva
swap
Contas a
pagar
Ajuste
de aval.
Patrim.
Despesas
de jurosVendas CMV
OBTENÇÃO DO EMPRÉSTIMO E ATUALIZAÇÕES
1 Valor original do empréstimo 61.485 (61.485)
2 Variação cambial em R$ do empréstimo 18.785 (18.785)
3 Despesas de juros do empréstimo (9.219) 9.219
4 Despesas de performance (566) 566
TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 0 0 (52.485) 0 0 0 (9.000) 0 0 0
CONTRATAÇÃO DO SWAP
5 Valor nocional da operação de swap 61.440 (61.440)
6 Variação cambial da ponta ativa do swap (18.779) 18.779
7 Juros da ponta ativa do swap 9.817 (9.817)
8 Variação CDI da ponta passiva do swap (28.697) 28.697
9 Marcação a mercado do swap 1.558 509 (1.558) (509)
TOTAL DO SWAP 54.036 (89.628) 7.404 28.188
OPERAÇÃO COM MERCADORIAS
10 Compra da mercadoria 42.700 (42.700) 0
11 Exportação da mercadoria 42.700 (42.700)
12 CMV das exportações (42.700) 42.700
LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO
13 Pagamento dos juros (9.219) 9.219
14 Pagamento da performance (566) 566
15 Pagamento da compra da mercadoria (42.700) 42.700 0
16 Liquidação do empréstimo pelo importador (42.700) 42.700
LIQUIDAÇÃO DO SWAP
17 Liquidação do swap (37.659) (52.478) 90.137 1.596 (1.596)
TOTAL GERAL (28.659) 0 0 0 1.558 509 0 0 26.592 (42.700) 42.700
- 99 -
São apresentadas a seguir, três tabelas que demonstram as situações
patrimoniais para as seguintes condições:
A) Tabela 12, não se adotando os procedimentos das normas dos
derivativos.
B) Tabela 13, adotando-se os procedimentos das normas para instrumentos
derivativos não designados como hedge.
C) Table 14, instrumentos derivativos designado como hedge, classificado
como hedge de fluxo de caixa.
Tabela 12 – Situação patrimonial sem a marcação a m ercado
BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo
Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo
Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 61.131 59.590 52.478 Swap ponta passiva (61.440) (69.275) (80.203) (90.138) Total do financiamento (61.485) (69.301) (80.219) (90.145) Patrimônio Líquido
Resultado acumulado 0 7.816 18.734 28.660 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)
DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL
Variação cambial do empréstimo (Receita) 0 2.937 5.349 10.499 18.785
da ponta ativa (Despesa) 0 (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)
0 2 2 2 6
Juros do empréstimo (Despesa) 0 (2.609) (3.798) (3.378) (9.785)
da ponta ativa (Receita) 0 2.626 3.806 3.385 9.817
Sub-total 0 17 8 7 32
Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)
0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)
TOTAL 0 (7.816) (10.918) (9.926) (28.660)
- 100 -
A tabela acima demonstra a situação patrimonial resultante da contabilização
desta operação, juntamente com o instrumento derivativo swap, atualizados no final
de cada ano pela taxa do contrato, denominado também pela atualização pela curva
do papel. Após a publicação da Lei 11.638/2007 esse tipo de contabilização não é
permitido porque a norma CPC 14 obriga a registrar contabilmente os instrumentos
derivativos a valor justo.
Tabela 13 – Situação patrimonial com marcação a mer cado e sem hedge contabil
BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo
Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo
Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 62.819 60.029 54.036 Swap ponta passiva (61.440) (73.284) (81.574) (89.629) Total do financiamento (61.485) (71.622) (81.151) (88.078) Patrimônio Líquido
Resultado acumulado 0 10.137 19.666 26.593 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)
DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL
Variação cambial do empréstimo (Receita)
2.937 5.349 10.499 18.785
da ponta ativa (Despesa) (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)
0 2 2 2 6
Juros do empréstimo (Despesa)
(2.609) (3.798) (3.378) (9.785)
da ponta ativa (Receita) 2.626 3.806 3.385 9.817
Sub-total 0 17 8 7 32
Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)
0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)
Ajuste da marcação a mercado
(2.321) 1.389 2.999 2.067
TOTAL 0 (10.137) (9.529) (6.927) (26.593)
Ao se introduzir a marcação a mercado sem o hedge contábil é acrestada a
conta de Ajuste da Marcação a Mercado nas contas de resultados. Justamente pelo
- 101 -
fato do instrumento financeiro não ser designado como hedge os ajustes são
registrados diretamente nas contas de resultados afetando o lucro de cada período.
Tabela 14 – Situação patrimonial com marcação a mer cado e hedge contábil
BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo
Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo
Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 62.819 60.029 54.036 Swap ponta passiva (61.440) (73.284) (81.574) (89.629) Total do financiamento (61.485) (71.622) (81.151) (88.078) Patrimônio Líquido
Ajuste de avaliação patrimonial 0 (1.688) (439) (1.558) Resultado acumulado 0 11.825 20.105 28.151 0 10.137 19.666 26.593 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)
DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL
Variação cambial do empréstimo (Receita)
2.937 5.349 10.499 18.785
da ponta ativa (Despesa) (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)
0 2 2 2 6
Juros do empréstimo (Despesa)
(2.609) (3.798) (3.378) (9.785)
da ponta ativa (Receita) 2.626 3.806 3.385 9.817
Sub-total 0 17 8 7 32
Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)
0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)
Ajuste da marcação a mercado
(4.009) 2.638 1.880 509
TOTAL 0 (11.825) (8.280) (8.046) (28.151)
Havendo o hedge contábil e se o instrumento derivado for definido como Cash
flow hedge (cobertura de fluxo de caixa) o ajuste da marcação a mercado será
registrado na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial no grupo do Patrimônio
Líquido não afetando o resultado do exercício.
- 102 -
CCOONNCCLLUUSSÃÃOO
Neste trabalho foi demonstrada a importância dos mercados organizados na
evolução dos instrumentos derivativos. As Bolsas de Valores e Mercantis
desempenham papel importante para o desenvolvimento deste mercado, pois a
estrutura que as envolvem, como corretoras, câmara de compensações e os demais
dispositivos de controle proporcionam segurança aos seus participantes. Podem ser
negociados papéis das mais variadas modalidades nos mercados à vista, futuros e
opções, montando-se qualquer estratégia financeira, tanto para fazer investimentos
de longo prazo, hedge, quanto, especulação ou arbitragem. Os agentes por
consequência exigem o aprimoramento das informações financeiras e contábeis
para tomada de decisão nos seus investimentos.
As operações de hedge são montadas financeiramente objetivando
resguardar-se das incertezas futuras provocadas por diversas variáveis. Estas
operações funcionam como uma trava na rentabilidade, objetivando minimizar os
riscos destes investimentos. Geralmente são utilizados instrumentos derivativos para
hedge.
Com o aumento da utilização dos instrumentos financeiros nas operações das
entidades, os órgãos internacionais reguladores como FASB, SEC e IASB, no Brasil
o CPC e CVM desenvolveram mecanismos de controle, mensuraração e
evidenciação através de relatórios contábeis, demonstranto os riscos em que as
entidades estão expostas. Antes da publicação dos pronunciamentos destes órgãos
era possível que estas operações ficassem fora da escrituração contábil formal. As
normas trazem em seu bojo um arcabouço de grande envergadura, fazendo com
- 103 -
que os profissionais da área contábil desenvolvam conhecimentos sistemáticos
destes mercados a fim de interpretá-las adequadamente.
Verificou-se que a organização no balanço contábil quanto à classificação dos
instrumentos financeiros foi de grande ajuda, pois a classificação de “Mantidos até o
Vencimento”; “Disponível para Venda” e “Para Comercialização” ajudam a inferir o
grau de risco que a entidade está assumindo. Por exemplo, se o balanço contábil
apresenta um grande valor dos instrumentos financeiros classificados como
mantidos até o vencimento, denota-se que a empresa tem capacidade financeira
para “carregá-los” até o fim, porém, se o fluxo de caixa líquido descontado não
consegue comprovar esta capacidade, então a entidade está exposta a um grande
risco. Em conseqüência dessa classificação é possível contabilizar os ajustes de
mensuração de forma adequada, no resultado do exercício ou diretamente em conta
especial do Patrimônio Líquido.
Constatou-se que as normas também definem com clareza os instrumentos
derivativos, mas para sua designação como hedge, a morma se reveste da mais
rígida formalidade para caracterizá-los. Além da documentação descrevendo sua
estratégia e cobertura do risco, ele deve ser testado para evidenciar a sua eficácia. É
certo que se a entidade opera com derivativos ela deve ter capacidade técnica e
organização suficiente para elaborar a documentação e atender toda a prescrição da
norma.
Este trabalho procurou demonstrar os conceitos que as Normas
Internacionais de Contabilidade exigem neste assunto e tornou-se uma realidade no
Brasil. As empresas não financeiras que operam com derivativos deverão se
- 104 -
adequar, não somente para atender ao rigor das normas, mas principalmente em
atender as exigências do mercado onde está inserida.
Este trabalho apresentou estudo de caso de operações com instrumento
derivativo swap para proteção contra o risco de variação de taxa de câmbio de uma
modalidade de empréstimo conhecida como adiantamento a exportação. Foi
coletada documentação completa e também levantamento dos registros contábeis
envolvendo esta operação, bem como os cálculos de atualizações da dívida e do
instrumento derivativo. Foi pesquisada metodologia de cálculo para atualização da
dívida e marcação a mercado do swap. Após estes procedimentos chegou-se as
seguintes contatações:
a) A empresa não tinha política de hedge contábil, registrava a dívida e o
swap apenas pela curva do papel.
b) Na demonstração de resultados não anulava a variação cambial da dívida
com a ponta ativa do swap. Apenas registrada a diferença da ponta ativa
contra a ponta passiva em uma conta denominada “Resultado de swap”.
c) Marcava a mercado o instrumento derivativo contra resultado apenas para
reportar em USGAAP, apontando a diferença na reconciliação do
Patrimônio em Notas explicativas.
Foram feitas simulações dos registros contábeis com instrumento derivativo
marcado a mercado sem o hedge contábil contabilizando-se o resultado da
marcação diretamente no resultado.
Para a simulação do hedge contábil foram feitas uma documentação da
política de cobertura, análise da eficiência do hedge. Com base nas normas, foi
- 105 -
classificado como hedge de fluxo de caixa. Nesta modalidade, o resultado da
marcação a mercado mais os juros e variação cambial da ponta e os juros e
variação cambial do empréstimo foram registrados em conta do Patrimönio Líquido
“Ajustes de Avaliação Patrimonial”, não havendo influência no resultado do exercício.
Ao final da operação esta conta é encerrada contra resultado.
É de vital importância o hedge contábil para evitar a volatilidade no resultado
do exercício provocada pela marcação a mercado dos instrumentos derivativos.
Finalmente, considerando-se a limitação deste trabalho e a dinâmica do
mercado de derivativos podem-se sugerir futuras pesquisas sobre instrumentos de
macro hedge e o global hedge, e também o volume monetário que os instrumentos
financeiros, em geral, representam nas entidades não financeiras.
- 106 -
RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS
BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO, Introdução ao Mercado de Opções , São Paulo, 1980.
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GLOSSÁRIO
Assessment of hedge
effectiveness Efetividade do hedge. As normas nacionais e internacionais estabelecem parâmetros entre 80% a 125% para a eficácia.
Available-for-sales Contratos disponíveis para venda sem data prevista para negociação.
Call options Opções de compra
Cash flow hedge Hedge de fluxo de caixa
CDI Certificado de Depósito Interfinanceiro: Título emitido por instituições financeiras com objetivo de captar recursos de outras instituições financeiras; no jargão de mercado se diz da taxa de juros que remunera tais depósitos.
Contrato a termo Contrato com objetivo de reduzir incertezas sobre o preço futuro das mercadorias, não é negociado em bolsa e sim no mercado de balcão e requer entrega física dos bens no momento da liquidação.
Contrato de mercado futuro
Esta modalidade de contrato significa um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa data específica no futuro, por um preço previamente estabelecido, não requer liquidação com entrega física de bens.
Contrato de Opção Uma opção dá a seu titular o direito de fazer algo, sem obrigá-lo a exercer tal direito, diferentemente dos contratos futuros e a termo, em que duas partes se comprometem a fazer algo. Com a exceção dos depósitos de margem, não há custos para realizar um contrato futuro ou a termo, ao passo que a compra de uma opção requer um pagamento antecipado.
Derivativos Derivativos são instrumentos financeiros que não existem por si somente, os mesmos decorrem de outro ativo (e por isso são assim chamados), são ferramentas utilizadas por pessoas ou instituições nos mercados de futuros e de opções no intuito de gerenciar riscos, proteger investimentos ou apenas especular; estes se caracterizam por serem geralmente efetivados por contratos padronizados, negociados entre as partes, em mercados secundários organizados ou contratos ad hoc entre os agentes.
DI Depósito Interfinanceiro, também denominado Depósito Interbancário: Instrumento financeiro destinado a possibilitar a troca de reservas entre as instituições financeiras. Registrado pela CETIP - Câmara de Custódia e Liquidação. Também é referência do custo do dinheiro de um dia, negociado no mercado interbancário.
Disclosure Divulgação (geralmente Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis).
Embbeded derivative Instrumentos híbridos denominados como derivativos embutidos.
Fair Value Valor justo
Fair value hedge Hedge de valor justo
Firm commitment Contrato firme de compra ou venda ainda não registrado contabilmente. Pode ser usado utilizado como hedge de valor justo.
Foreign currency
hedge Hedge de uma exposição a uma moeda estrangeira
Forward Contract Veja Contrato de mercado futuro
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Forward rate
agreements - FRA Contratos onde duas partes avençam sobre a taxa de juros a ser paga em uma data futura, com base em um valor nominal (notional value), para um vencimento especificado.
Hedge Cobrir, defender, safar, garantir, proteger, travar. Estratégia pela qual os investidores com intenções definidas procuram cobrir-se do risco de variações de preços desvantajosas para seus propósitos.
Hedge accounting Contabilização do instrumento de hedge com critérios específicos. A tradução do termo em inglês para o português é "Contabilização de cobertura".
Hedge cambial Hedge em operação de compra e venda de moeda estrangeira. Técnicas especiais permitem combinar o hedge cambial com o hedge de taxa de juros interna.
Held-to- maturity Contratos mantidos na carteira das entidades até o vencimento.
Inicial net investment Em geral, na adesão de um contrato derivativo, não requere um investimento inicial líquido exceto quanto ao prêmio pago em contratos de opção e contratos com dispositivos mais ou menos favoráveis que as condições de mercado determinem
Instrumento financeiro
É qualquer contrato que produza um ativo financeiro para uma entidade e um passivo financeiro ou título patrimonial a uma outra entidade.
Long position Posição comprada (geralmente este termo é empregado no mercado de opções)
Marking-to-Market Marcar a mercado, processo pelo qual ativos reais ou instrumentos financeiros são considerados pelo seu preço de mercado.
Net settlement Liquidação financeira em bases líquidas, ou seja, no caso do contrato de swap, a liquidação no final do contrato será pela diferença entre a ponta ativa e a ponta passiva.
Notional amount Valor nocional: Representa o número de unidade de uma moeda, número de ações, ou qualquer unidade especificada no contrato.
Other-Comprehensive
Income (OCI)
Lucros abrangentes, conta destacada no grupo do Patrimônio Líquido para registrar transações que não tramitam pelo resultado do período. No Brasil, a nomenclatura definida pela Lei 11.638/2007 é Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP).
Over-the-counter-
market Mercado de balcão
Puts options Opções de venda
Short position Posição vendida (geralmente este termo é empregado no mercado de opções)
Swap Trocas: Contrato em que duas partes permutam fluxos de caixa ao longo de certo período.
Trading securities Contratos mantidos na carteira das entidades para venda no curto prazo.
Underlying Taxa de juro específica, um preço de um título ou valor mobiliário específico, um preço de uma commodity, cotações de moeda, índice de preços, ou outra variável. Pode também ser um preço ou percentual de um ativo ou passivo, mas não é considerado o ativo ou passivo em si.
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AANNEEXXOO AA –– EEXXPPOORRTT PPRREEPPAAYYMMEENNTT AAGGRREEEEMMEENNTT NNºº 11116666//0055
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AANNEEXXOO BB –– TTHHEE OOFFFF--TTAAKKEE CCOONNTTRRAACCTT
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AANNEEXXOO CC –– CCOONNTTRRAATTOO DDEE CCÂÂMMBBIIOO DDEE CCOOMMPPRRAA –– TTIIPPOO EEXXPPOORRTTAAÇÇÃÃOO
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AANNEEXXOO DD –– CCOONNTTRRAATTOO DDEE SSWWAAPP CCAAMMBBIIAALL
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AANNEEXXOO EE –– NNOOTTAA PPRROOMMIISSSSÓÓRRIIAA