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PERDA DE SOLOS – TIPOS E FORMAS DE EROSÃO, IMPACTOS SÓCIO- AMBIENTAIS E MODELOS DE PREDIÇÃO DE PERDA DE SOLOS Ailton Moisés Xavier Fiorentin – Eng. Civil / Mestrando [email protected] Cláudio Bielenki– Eng. Cartógrafo / Doutorando [email protected] Maridélia Gonzaga– Eng. Agrônoma / Mestranda [email protected] 1. Introdução A erosão do solo é responsável por aproximadamente 85% da degradação dos solos epode ser acelerada pela associaçãoentre intensificação das práticas agrícolas com eventos intensos de chuvas. Cerca de 1,5 bilhão de hectares (aproximadamente 10% da superfície terrestre) já foram degradados pelo processo de erosão antrópica.A erosão do solo tem sido tema de grande preocupação no Brasil e no mundo, em razão da rapidez com que se processa e por acarretar grandes prejuízos para diversas atividades econômicas e ao próprio meio ambiente(AMORIM et al. 2010). No Brasil, de acordo com Saito et al. (2009), a erosão hídrica é um dos fatores que mais tem contribuído para a improdutividade dos solos, assoreamento de rios e barragens, danos a obras de engenharia, diminuição das áreas para exploração agrícola e empobrecimento da população rural. A erosão hídrica, principal forma de degradação dos solos no Brasil, é resultante da ação conjunta do impacto das gotas de chuva e da enxurrada que, além de partículas de solo em suspensão, transporta nutrientes, matéria orgânica, defensivos agrícolas, causando prejuízos à atividade agrícola. A integração desses fatores contribui para o declínio acentuado da produtividade do solo, pelo surgimento de condições que impedem ou retardam o desenvolvimento normal das plantas (TELLES e GUIMARÃES, 2009).

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PERDA DE SOLOS TIPOS E FORMAS DE EROSO, IMPACTOS SCIO-AMBIENTAIS E MODELOS DE PREDIO DE PERDA DE SOLOS Ailton Moiss Xavier Fiorentin Eng. Civil / Mestrando [email protected] Cludio Bielenki Eng. Cartgrafo / Doutorando [email protected] Maridlia Gonzaga Eng. Agrnoma / Mestranda [email protected] 1.Introduo Aerosodosoloresponsvelporaproximadamente85%da degradao dos solos epode ser acelerada pela associaoentre intensificao das prticas agrcolas com eventos intensos de chuvas. Cerca de 1,5 bilho de hectares(aproximadamente10%dasuperfcieterrestre)jforamdegradados pelo processo de eroso antrpica.A eroso do solo tem sido tema de grande preocupao no Brasil e no mundo, em razo da rapidez com que se processa eporacarretargrandesprejuzosparadiversasatividadeseconmicaseao prprio meio ambiente(AMORIM et al. 2010). No Brasil, de acordo com Saito et al. (2009), a eroso hdrica um dos fatoresquemaistemcontribudoparaaimprodutividadedossolos, assoreamentoderiosebarragens,danosaobrasdeengenharia,diminuio das reas para explorao agrcola e empobrecimento da populao rural. Aerosohdrica,principalformadedegradaodossolosnoBrasil, resultantedaaoconjuntadoimpactodasgotasdechuvaedaenxurrada que,almdepartculasdesoloemsuspenso,transportanutrientes,matria orgnica,defensivosagrcolas,causandoprejuzosatividadeagrcola.A integrao desses fatores contribui para o declnio acentuado da produtividade dosolo,pelosurgimentodecondiesqueimpedemouretardamo desenvolvimento normal das plantas (TELLES e GUIMARES, 2009). Erosodosoloumfenmenocomplexo,envolvedesagregao, transporte e deposio de partculas, produzida, sobretudo, pela ao daguadachuvaedosventos,influenciadapelachuva,pelotipo desolo,pelatopografia,pelacoberturaesistemademanejo,alm dasprticasconservacionistasdesuporte.umadasmaiores ameaas para o desenvolvimento sustentvel e capacidade produtiva da agricultura. Quantoasuaorigem,aerosopodeserdesencadeadaporprocesso natural (ou geolgico), o qual se desenvolve em condies de equilbrio com a pedognese.Quandoasuaintensidadeeevoluososuperiores pedognese, diz-se que a eroso acelerada ou antrpica. Esta ltima mais intensanasregiestropicaismidasdoterritriobrasileiro(HENRIQUEe FERNANDES, 2012). Carvalhoetal.(2000,p.6-7)afirmamqueas[...]atividadeshumanas introduzemumaprofundainfluncianaeroso.Sobdeterminadas circunstncias, as taxas de eroso so 100 vezes maiores, com a interferncia humana, do que seriam apenas considerando-se em termos geolgicos. Muller(1995)ressaltaqueaerosoumproblemadeduasfaces:a primeiradeve-seaofatodamesmadilapidarcamadasfrteisdesolos, prejudicandoterrenosutilizadosparaagricultura;easegundaquantoa deposio dos materiais erodidos em leitos de rios e reservatrios interferindo nas funes e utilizaes dos mesmos. Osestudosmostramquevriosmtodosforamdesenvolvidos apropriando-seprincipalmentedamatemticaparaequacionarasvariveis envolvidasnoprocessoerosivo.Acompreensodostermoserodibilidadee erosividadeimportantenaponderaodasvariveisqueinterferemna magnitude e/ou intensidade da eroso do solo.A erodibilidade o potencial de desagregao e transporte de solo, em decorrncia de sua estrutura, textura, composio mineral, hidratao, teor de matria orgnica, sob a ao da gota de chuva. A erosividade a capacidade dachuvacausareroso,atribudaasuaproporoedistribuiosegundoa carga de energia cintica ou momentun definido como produto da massa pela velocidade (VITTE e MELLO, 2007).Aidentificaodosmecanismosquedeterminamoprocessoerosivo imprescindvelparaquesepossaelaborarumplanejamentovisandooseu controleepreveno,contribuindoparaomanejosustentveldosolo.Nesse sentido,ousodeSistemadeInformaesGeogrficas(SIG)simplificao processodeanlisee,ainda,facilitaamanipulaodeinformaesem grandes reas, o que consiste em procedimento por vezes oneroso quando so utilizadosmtodosconvencionais(SAITOetal.,2009;HENRIQUEe FERNANDES, 2012). Aconservaodosoloindissociveldointeresseemcontrolaros processoserosivosedesempenhaimportantepapelnonovocontextoda cinciadosolo,voltadosquestesambientaisemcartermultidisciplinar (YAALON e ARNOLD, 2000). 2.Tipos de Eroso Hdrica Podemosdiferenciardoisgrandestiposdeeroso,alaminar,produtodo escoamentosuperficialdifuso,ealinear,produtodoescoamentosuperficial concentrado(emlinhaseeixos)quepromoveaformaodesulcose voorocas. a) Eroso Laminar (Eroso entre Sulcos) A eroso laminar a remoo de camadas delgadas do solo, por meio de fileteselminasdguadifusosqueserpenteiamsobreasuperfciedoterreno sem formar canais, mascapazes de remover quantidades significativas de solo. aformadeerosomenosnotada,contudoamaisperigosa,devidoseus efeitossobreafertilidadedosolo.Essetipodeerosoarrastaprimeiroas partculas mais leves e, considerando quea parte mais ativa e de maior valor do solointegradapelaspartculasmenores,oefeitosobreafertilidade expressivo. Figura 01 - Exemplo de eroso laminar Fonte- Embrapa, 2000 b) Eroso em Sulcos A eroso em sulcos constitui a segunda fase evolutiva do processo fsico daerosohdricadosoloquemarcadapelamudanadaformade escoamento.Dedifuso,sobreasuperfciedosolonafaseinicialdaeroso entresulcos,talprocessoseconcentra,nasegundafase,empequenas depresses da superfcie do solo chamadas de sulcos de eroso. Quandoisso ocorre, a lmina de escoamento desenvolve maior tenso de cisalhamento pelo aumentodaespessura,elevando,portanto,acapacidadedoescorrimentoem desagregar o solo. Figura 02 - Exemplo de eroso em sulco Fonte- Embrapa, 2000 c) Voorocas Asvoorocassofeieserosivastpicasderegiesdeclimatropicale subtropical,como o Brasil, gerando um grande problema ambiental associado degradaodosolo.Essasfeieserosivassoocasionadasporgrandes volumes de escoamento superficial concentrado que passam, anoaps ano, no mesmosulco,quevaiseampliandopelodeslocamentodegrandesmassas desolo e formando grandes cavidades em extenso e profundidade. Asvoorocasconstituem,provalvemente,aprincipalformadeerosoem baciashidrogrficas.Geralmente,sodesenvolvidasemreasrurais, sobretudo,empastagens,emsolosdeculturascommcobertura,sujeitosao manejoinadequadoeemestradasnopavimentadas,implantadas comausncia de projeto adequado. Figura 03 - Exemplo de eroso por vooroca Fonte- Fiorentin, 2014 3.Consequncias da ErosoOusodesistemasconvencionaisdemanejodosolopodeelevaras perdasdenutrientesedematriaorgnicaporerosohdrica,oscustos financeiros e os riscos ambientais (HERNANI, 1999).Osprpriosimplementosemquinasagrcolaspodemmaximizaros problemasrelacionadosaeroso.Ograndepesodessasmaquinas compactam osoloe odeixacommenosporosidade,portandoh umamenor infiltrao. Outra conseqncia da agricultura esta relacionada aos sistemas de revolvimentodosolopararealizaodosplantios;opdegradeaocortaro solocriaumacamadaimpermevelatravsdaslminasdagrade,como mostra a figura a baixo. Figura 04 Camada impermevel criada pelo p de grade Fonte: Centro Tecnolgico Canavieiro C.T.C (2006) Alm dessas perdas que reduz a sua capacidade produtiva das culturas a eroso pode causar srios danos ambientais, como assoreamento e poluio das fontes de gua (COGO, LEVIEN, SCHWARZ, 2003). Esses danos envolve a degradao do solo prejudicando a manuteno da fertilidade,alterandoa profundidadeecausando aperda do horizonteA, o qual contm a maior parte dos nutrientes para as plantas, a maioria da matria orgnicaeamelhorestruturaparaodesenvolvimentodasrazes(ABDON, 2004).Aeroso eoassoreamentotrazem tambmcomoconsequncias uma maiorfrequnciaeintensidadedeenchenteealteraesecolgicasque afetam fauna e flora (SO PAULO, 1990). Figura 05 -Rompimento de terrao agrcola mal dimensionado Fonte: Fiorentin (2012) Estudo realizado por Cogo, Levien e Schwarz (2003) as perdas de solo porerosohdricaforamasmaiselevadasnopreparoconvencional, intermediriasnopreparoreduzidoemaisbaixasnasemeaduradireta, independentementedostratamentosestudados,enquantoasperdasdegua foramtodasmuitobaixasesimilares,mastendendoaseremmaioresno preparoconvencional,intermediriasnasemeaduradiretaemenoresdo preparo reduzido. Noaspectoeconmico-socialosdanossoverificadospelaperdade terrasusadasparaagropecurianaregioinundadaepeladiminuioda disponibilidadedeempregonarearural.Osproblemassociaiseambientais geradosduranteasltimasdcadassomuitosevemseagravandocomo aumento de terras desvalorizadas e improdutivas. 3.1. Impactos ambientaisAmudananospadresdeusodosolocomaproduoagropecuria semplanejamentovemcausandograndesimpactosambientais eeconmicas em todo o mundo. 3.1.1. Impactos aos recursos hdricosDentro do ciclo hidrolgico, uma das fases que mais afetada pelas mudanas nos padres de uso e ocupao em uma bacia hidrogrfica o escoamento superficial. A cobertura vegetal ajuda a proteger o solo facilitando a infiltrao de gua. Sem essa proteo o solo fica mais suscetvel compactao e ao selamento superficial, diminuindo a taxa de infiltrao e, consequentemente, aumentando o escoamento superficial (MENEZES, 2010). Essa compactao e selamento contribuem para o aumento da velocidade do escorrimento superficial da gua a qual carrega junto partculas de solos e sedimentos que so depositados nos cursos de gua. Essedepsitogeraoassoreamentoderios,lagosereservatriosde hidreltricas acarretando em prejuzos econmicos e ambientais.Dentre os danos ambientais esto a diminuio da profundidade desses corpos hdricos levando ao extravasamento de gua nas pocas chuvosa, isso mudaocursoderioseacarretaenchentes.Almdisso,adeposiode partculas de argilas em suspenso nos corpos hdricos diminuem a turbidez da guaprejudicandoapenetraodeluzparaascamadasinferiorescausando morte da fauna aqutica e desequilbrio no ecossistema em questo. Alm da diminuio da turbidez, tambm so levados junto com a gua fertilizanteseagrotxicosutilizadosnaproduoagrcola.Essassubstncias odem causar a morte da fauna aquticas bem como os fertilizantes fosfatados enitrogenadosacarretaremoprocessodeeutrofizaodessescursos causando desequilbrio nesses ecossistemas. Essaperdadesoloedegradaotantoemquantidade(espessura) como em qualidade pode levar a desertificao e abandono de terras. Acompactaodosolofavoreceoselamentosuperficialacarretandoa diminuiodainfiltraodeguanosolo,reduodovolumedegua armazenada,aumentaofluxosuperficialdeescoamentocausandoas enchentes. Alm das enchentes o aumento do escoamento superficial, por sua vez, implicaemumamaiorocorrnciadeprocessoserosivos,transportede sedimentos,nutrientesepoluentesparaoscrregos,riosereservatrios (Maeda,2008).Comoconsequnciadessesfenmenospodemocorrero assoreamento dos cursos de gua. Outrosdanosoriundosdaerososo:descaracterizaodapaisagem; destruiodeobrasdepavimentao;entupimentodecanaisdedrenagem pluvialedecoleta;modificaodepartedaspropriedadesfsicas,qumicase biolgicas do solo. 3.2. Impactos Econmicos A eroso leva a deteriorao da integridade fsica do solo, destruio da sua estrutura, formao de crosta superficial, arraste de partculas mais finas e diminuiodovolumedosoloeconsequentementedafertilidade.Essaperda denutrientesesolosacarretagrandesimpactoscomoaquedana produtividade da rea e aumento dos custos reposio de nutrientes.Para situao brasileira Marques (1949) estimou na dcada de 50, que o Brasilperdiacercade500milhesdetoneladasdeterraanualmentepor eroso laminar, o que corresponde a perda de uma camada de 15 cm em uma reade280.000ha.Em1992essaperdapassouaserde600milhesde toneladas,correspondendoaumaperdadeUS$1,5bilhesemnutrientes (BAHIA,1992).Em2002passouaserde820milhesdetoneladas, correspondendo a uma perda de US$ 2,93 bilhes em nutrientes e US$ 12,93 em hectares (HERMANI et al., 2002). 3.3. Impactos Sociais Almdos danos ambientais e econmicos citados anteriormente tem-se ainda os impactos a sociedade oriundo dos processos erosivo.Oprocessodeassoreamento,intensificadopelohomem,deriose reservatriosinterferenageraodeenergiaeltricacomomostraoestudo feitoporMiranda(2008)oqualfezumasimulaonoreservatrioda hidreltrica de Trs Irmos, em So Paulo, mostrou que o assoreamento foi o responsvelpelareduomdiamensalnageraodeenergiade377 Megawatt-hora (MWh) entre 1993 a 2008. NacidadedeUruaemGoisoabastecimentodeguafoi prejudicadodevidoaoacmulodesedimentosnopontodecaptaodo manancialabastecedor,ediminuiuaquantidadedeguaproduzidaparaa populao e sobrecarregou a capacidade de operao de tratamento. Por isso, enquantonormalmenteseriamtratados108litrosdeguaporsegundo, passaramasertratadoscercade70litrosporsegundo,oqueprejudicouo fornecimento para a populao. Almdareduonovolumedoscorposdeguaoprocessode sedimentao,continuamente,reduzacapacidadedearmazenamentodo reservatrio, podendo, em certos casos, inviabiliz-lo (como danos as turbinas causado pelas partculas de solo) para muitas de suas finalidades.Todoanoosnoticiriosmostramdesastresacarretadospelos deslizamentosemencostasetoposdemorros.Essesdeslizamentosso causadospelocrescimentodesordenadodascidadesnoqualretiradaa coberturaflorestal,quedaestabilidadeaossolosnessasreas,para construodemoradias.Almdaperdaeconmicacomosbensqueso destrudos nessas situaes tem-se a perda de vida humana. Oselamentosuperficialdificultaainfiltraodeguanosolooque auxiliaocorrnciadeenchentes.Asquaistambmsempreestonos noticiriostodoano,naspocasdechuvosas,muitascidadesbrasileiraso sofrendo com as perdas materiais acarretadas pelas enchentes.Tendocomoprejuzosdiretosdessasenchentessperdascausadas pelocontatodiretocomaguadainundaoecomosdetritos,sejano momento da inundao ou aps o trmino do fenmeno e os prejuzos indiretos resultantesdainterrupodeatividadeseconmicasoudemaisperdasque no tiveram contato direto com as guas das inundaes. 4.Modelos de Predio de eroso Amorimetal.(2010)afirmamqueosmodelosdeprediodeeroso, umavezcomprovadaasuaadequaoeconfiabilidade,sofundamentais paraavaliardiferentescenriosdemanejodosoloepreveramagnitudedas perdasdesolosemnecessidadedetestesdecampoqueso,normalmente, custosos e demorados.Osmodelosdeprediodeerosodosoloevoluramdemodelos empricos,taiscomoaUniversalSoilLossEquation(USLE)eaRevised UniversalSoilLossEquation(RUSLE),paramodelosbaseadosemprincpios tericos,comooWaterErosionPredictionProject(WEPP).SobreaUSLE(ou EUPSemportugus),Domingos(2006)afirmaquesetratadomodelomais utilizado para exprimir a ao dos principais fatores que exercem influncia nas perdasdesolopelaerosohdricalaminar.NoBrasil,osprimeirostrabalhos com a referida equao surgiram a partir de 1975, em So Paulo. A EUPS estima as perdas de solo por eroso laminar anuais com base naanlisedosfatoresinfluentesnodesenvolvimentodoprocessoerosivo (erosividade,erodibilidade,declividade,comprimentodeencostaseocupao agrcola).Osfatoreserodibilidadeedeclividadedasencostaspredominam sobreerosividadeecomprimentoderampa(INSTITUTODEPESQUISAS TECNOLGICASDOESTADODESOPAULO-IPT,1990;SALOMO, 1999). Tal equao descrita da seguinte forma [Equao 1]: P C S L K R A = [Equao 1] Em que: A = Perdas anuais de solos (t.ha-1.ano-1); R = ndice de erosividade da chuva; K = Fator de erodibilidade dos solos; LS = Fator topogrfico; CP = Fatores de uso, cobertura e manejo da terra. Sendo: S L K R - Fatores dependentes das condies naturais e; P C = Fatores relacionados forma de ocupao. O fator R um valor numrico que expressa a capacidade da chuva de causareroso emumareasemproteo. Assim, ondicedeerosividadeda chuva (R) pode ser estimado pela [Equao 2]: 85 , 02886 , 6 =PrR [Equao 2] Em que: R = ndice de erosividade da chuva; r = Precipitao mdia mensal (mm); P = Precipitao mdia anual (mm). O fator relativo a erodibilidade do solo est relacionado com a textura do soloequantidadedematriaorgnicae,comocomentadoporRuhoffetal. (2006), na inexistncia de dados, recorre-se a adaptaes que possam definir o valor de K para os principais tipos de solos a serem estudados. No entanto, necessriocautelacomsolosqueapresentamteordematriaorgnica superior a 4%. Ofatordeclividade(S)daEUPScaracterizadocomoonguloou ndicedainclinaodoterrenoe,portanto,ofatorLS(FatorTopogrfico) segundoRuhoffetal.(2006),expressaasrelaesdorelevonoprocessode perdasdesolos.Ofatortopogrficocombinaadeclividademdiadoterreno com o comprimento de encostas, conforme a Equao 3: 18 , 1 63 , 000984 , 0 D C LS = [Equao 3] Em que:C = comprimento da rampa (m) sendo: 10m L 180m; D = declividade mdia da encosta (%) sendo: S 35%. Valedestacarqueosparmetrosparaadefinioda erosividadedependem basicamente do volume total de chuva. Porm, tambm interferem a intensidade, as variaes no tempo e espao e a energia cintica doseventoschuvosos.Ofatordeerodibilidadedossolosrefere-se principalmente s propriedades fsico-qumicas dos solos, tais como:I) Velocidade de infiltrao;II) Permeabilidade e capacidadede armazenamento;III) Resistncia s foras de disperso, abraso e transporte pelas guas da chuva e escoamento superficial. ParaRuhoffetal.(2006),ofatorchuvaumndicenumricoque expressa a capacidade da chuva de causar eroso em uma rea sem proteo adequada.Farinasso etal.(2006) afirmam queo fatorRumvalornumrico queexpressaacapacidadedachuva(emumadadalocalidade)decausar eroso em uma rea sem proteo. Ruhoff et al. (2006) tambm afirmam que a EUPS quando espacializada por meio de SIG, tem possibilitado a estimativa de perdas de solos em bacias hidrogrficas e planejamento ambiental. Assim sendo, a aplicao da EUPS em escalamunicipalvlidaparaestudosqualitativossobreprediodeperdas de solos, possibilitando a delimitao e a espacializao de reascom maior e menorsuscetibilidadeeroso,favorecendoozoneamentoambientale, consequentemente, o planejamento ambiental. 5.Formas de Controle da Eroso Ocontroledosprocessoserosivosdeveentoestarfundamentadoem princpios bsicos de controle da eroso. So eles: evitar o impacto das gotas de chuva; disciplinar o escorrimento superficial, seja ele difuso ou, em especial, concentrado e; facilitar a infiltrao de gua no solo. Para tanto h vrias tcnicas sendo elas: Terraceamento; Plantio Direto; Canal vegetado; Canal escoadouro; Cacimbas; Canais divergentes; Escada hidrulica; Camalees e bigodes (lombadas e estrada dgua); Dentre outros. Cada prtica, aplicada isoladamente, previne apenas de maneira parcial oproblema.Paraumaprevenoadequadadaeroso,fazsenecessriaa adoosimultneadeumconjuntodeprticas,poisnenhumaprticaisolada obedeceaostrsprincpiosdecontroledeeroso(reduodoimpactodo efeitodagotadegua;reduodoescoamentosuperficial;melhoraras condiesdeinfiltraodeguanosolo).Ocontroledeerosodosolodeve serfeitodurantetodooanoagrcola,eemtodososestgiosde desenvolvimentodasculturas.Asprticasdeconservaodosoloedagua somaiseficazesquandoosprodutorestrabalhamemconjuntoaonvelde microbacias hidrogrficas. 6.Consideraes Finais Asperdasdesolosprovocadapelaerosoimpactaemgrandes prejuzoseconmicos,hajavistoquealemdeperdadesolos,tambm nutrientes, rea agricultvel e a prpria desvalorizao esttica da rea so comprometidos.Outroimportantedestaquequantoosimpactosscio-ambientais provocados por esse evento, prejudicando alm da fauna e flora, a prpria vida humana e suas atividades. Tambm nota-se que as forma de preveno da eroso mais barato que as de correo. Contudo, percebe-se uma grande necessidade de observao e controle da eroso. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS AMORIM, R.S.S. et al. Avaliao do desempenho dos modelos de predio da erosohdricaUSLE,RUSLEEWEPPparadiferentescondieseda foclimticasdoBrasil.Eng.Agrc.,Jaboticabal,v.30,n.6,p.1046-1049, nov./dez. 2010. ABDON,M.M.de.Osimpactosambientaisnomeiofsico-erosoe assoreamentonabaciahidrogrficadorioTaquari,MS,emdecorrncia dapecuria.2004.322p.Tese(doutoradoemCinciasdaEngenharia Ambiental) EESC USP, So Carlos, 2004. CARVALHO,N.O.Assoreamentodereservatriosconseqnciase mitigaodosefeitos.In:EncontroNacionaldeengenhariadeSedimentos, Santa Maria. Cd rom. 1, 2000. COGO, N. P.; LEVIEN, R.; SCHWARZ, R. A. Perdas de solo e gua por eroso hdricainfluenciadaspormtodosdepreparo,classesdedecliveenveisde fertilidade do solo. Revista Brasileira de Cincias do Solo, v. 27, p. 743-753, 2003. 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