Perfil Do Gerontólogo

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Perfil do Gerontólogo

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  • 1

    Perfil e Competncias da Prtica Profissional do Gerontlogo

    em Portugal

    1. Introduo

    Este documento tem como finalidade o delineamento do perfil de competncias do

    Gerontlogo em Portugal, com vista a:

    Estabelecer reas de interveno na prtica profissional do gerontlogo

    Informar profissionais de sade, da aco social, da educao, da gesto,

    utentes, entidades pblicas e privadas e pblico em geral acerca do perfil do

    gerontlogo e servios por ele prestados;

    Facultar pistas orientadoras para a criao, desenvolvimento e

    implementao de programas de formao em Gerontologia

    Antes de delinear o perfil de competncias do gerontlogo, convm fazer uma

    breve referncia ao modelo de formao subjacente aquisio de tais

    competncias. Assim, o modelo de formao em Gerontologia caracteriza-se como

    sendo um modelo de dupla entrada, onde as competncias desenvolvidas esto

    estritamente relacionadas com as esferas de actuao onde se vo desenrolar. Ou

    seja, o modelo privilegia a aquisio gradual de conhecimento, no sentido de uma

    maior complexidade na aplicao do mesmo, consoante o aluno avana no ciclo de

    estudos (ver fig. 1).

    Na primeira entrada, a vertical, temos as reas de Competncia: Conhecimento,

    Avaliao, Interveno e Investigao. A progresso realizada nas diferentes reas

    tem como objectivo percorrer as diferentes competncias necessrias do saber ao

    saber fazer.

    Na entrada das Esferas de Actuao Sade e Bem-estar, a horizontal, as reas

    so: Idoso/Famlia, Organizaes e Comunidade. Aqui, a progresso proporcional

    complexidade do objecto de estudo, desde um nvel micro at a nvel macro.

    Ao cruzarmos ambas as entradas, obtemos um modelo de complexidade crescente,

    na obteno e aplicao de conhecimentos. A evoluo na relao reas de

    Competncia Esferas de Actuao proporcional evoluo do aluno pelo Ciclo

    de Estudos.

    Deste modo, no final do 1 Ciclo de Estudos, o aluno adquiriu: Conhecimento sobre

    o Idoso e a Famlia, sendo capaz de realizar Avaliao e Interveno com eles;

    Conhecimento sobre Organizaes e metodologias para a sua Avaliao; e

    Conhecimento sobre a Comunidade.

  • 2

    Aps o 2 Ciclo de Estudos, o aluno tambm capaz de realizar Investigao com o

    Idoso e a Famlia; Interveno e Investigao em Organizaes; e Avaliao,

    Interveno e Investigao na Comunidade.

    Figura 1 - Modelo de formao do gerontlogo para os 1 e 2 ciclos

    Legenda: 1 Ciclo de estudos 2 Ciclo de estudos

    Tendo em conta o modelo apresentado, o gerontlogo ser ento o profissional

    responsvel pela avaliao, interveno e estudo cientfico do fenmeno do

    envelhecimento humano e preveno dos problemas pessoais e sociais a ele

    associado. Tm como principal funo agir no sentido da promoo de um

    envelhecimento bem sucedido: diminuindo a probabilidade de doena e de

    incapacidade, mantendo os sujeitos com elevada capacidade cognitiva e funcional e

    fomentando o envolvimento activo com a vida e o equilbrio psico-afectivo. De

    forma a poder exercer a prtica profissional no domnio da Gerontologia, o

    gerontlogo dever ter adquirido as seguintes competncias ao longo dos dois

    ciclos de estudos:

    Conhecer os processos normais de envelhecimento detectando

    atempadamente desvios de carcter patolgico.

    Avaliar problemas de envelhecimento, qualidade de vida e bem-estar nas

    populaes idosas.

    Conhecer as polticas de apoio populao idosa em Portugal e na Unio

    Europeia, nomeadamente, os sistemas de solidariedade social e de sade.

    ESFERAS DE ACTUAO Sade e Bem-Estar

    TIPO DE COMPETNCIAS

    REAS DE COMPETNCIA

    Idoso/Famlia

    Organizaes

    Comunidade

    Conhecimento

    Instrumentais

    Avaliao Interpessoais

    Interveno Sistmicas

    Investigao

  • 3

    Conhecer a tipologia diferenciada dos equipamentos de apoio a idosos.

    Saber intervir na comunidade, junto dos idosos e prestadores de cuidados

    (formais e informais).

    Saber implementar programas de preveno e promoo dos processos de

    desenvolvimento no idoso.

    Implementar programas relacionados com o Active Ageing.

    Saber acompanhar e/ou encaminhar os idosos em situaes agudas,

    reabilitao e morte.

    Trabalhar de forma efectiva numa perspectiva interdisciplinar e colaborar na

    gesto dos servios em que venha a ser integrado.

    Resolver problemas e introduzir, na sua prtica diria, quer os resultados da

    sua reflexo sobre a prtica quer os resultados de estudos cientficos e de

    pesquisa adicionais.

    Avaliar o exerccio profissional e promover o seu desenvolvimento tendo em

    considerao valores e atitudes de um profissional de cuidados de sade

    consistentes com os padres de conduta profissional e tica subscritos pelos

    Direitos Universais.

    O gerontlogo poder exercer a sua prtica profissional em contacto directo

    ou indirecto com a populao idosa, tanto em contexto comunitrio como

    institucional, nas seguintes reas de trabalho:

    1. Medidas de promoo ao Cuidado dos Idosos Dependentes:

    1.1. Servios de Sade Mental

    1.2. Centros de Assistncia Diurna/Nocturna

    1.3. Cuidado da sade e bem-estar fsico

    1.4. Apoio domicilirio

    1.5. Servios de apoio para cuidadores informais

    1.6. Centros de dia, centros de convvio, lares e residncias para idosos

    1.7. Assessoria/Orientao Jurdica

    1.8. Interveno em negligencia e maltrato de idosos (contexto

    comunitrio e institucional)

    1.9. Programas inovadores e/ou alternativos de cuidados a idosos

    1.10. Programas de adaptao ambiental (contexto comunitrio e

    institucional);

    1.11. Servios de informao (telefnicos, on-line e pessoais)

  • 4

    2. Medidas de envelhecimento activo

    2.1. Programas econmicos (metodologias directas e indirectas)

    2.2. Programas educacionais (formais ou no-formais)

    2.3. Programas de actividades (contexto comunitrio e institucional)

    3. Medidas de promoo do envelhecimento produtivo

    3.1. Voluntariado snior e programas inter-geracionais

    3.2. Programas de emprego snior

    4. Medidas transversais

    4.1. Formao de quadros tcnicos e pessoal auxiliar

    4.2. Investigao e desenvolvimento

    2. Preenchimento dos quadros A a D

    Quadro A

    Perfis profissionais em Gerontologia

    Perfil Subsistema predominante

    Descritores dos principais actos (diferenciadores)

    CET Cursos de Especializao Tecnolgica;

    Em contexto de Ensino Superior

    No Aplicvel

    Ttulo profissional

    Formao inicial

    ou prgraduada

    a nvel de licenciatura

    Politcnico/Universitrio - Utilizao de conhecimentos e

    metodologias necessrias

    para a compreenso holstica

    do processo de

    envelhecimento humano,

    nos seus aspectos biolgicos,

    psicolgicos, sociais e

    culturais;

    - Utilizao de competncias

    para trabalhar em equipas

    multi-profissionais, centrado

    nos clientes/utentes,

    orientado para os problemas

    e procura de solues;

    - Uso de conhecimentos e

  • 5

    competncias de avaliao e

    interveno nas vrias

    vertentes de apoio ao idoso

    (promoo da sade,

    preveno da doena,

    terapia em situaes agudas,

    reabilitao e morte, Gesto

    de casos);

    - Utilizao de capacidades

    de reflexo crtica, quer

    sobre as prticas, quer sobre

    as atitudes e

    comportamentos perante o

    processo de envelhecimento

    e a velhice

    - Manuseamento de

    instrumentos terico-

    prticos com vista

    organizao, gesto e

    avaliao de servios

    gerontolgicos;

    Formao ps-graduada

    ou

    especializada ps licenciatura

    CEC Cursos de Especializao Complementar

    - Utilizao de conhecimentos sobre os

    principais aspectos do

    envelhecimento (fsicos,

    psicolgicos, sociais,

    culturais)

    - Uso de conhecimentos alargados sobre polticas que enquadram o apoio social e de sade a idosos em Portugal e na Europa;

    - Utilizao, aprofundamento

    e actualizao de

    instrumentos terico-

    prticos com vista ao

    aperfeioamento de

    competncias na

    organizao, gesto e

    avaliao de servios

    gerontolgicos

    Formao ps-graduada Politcnico/Universitrio - Aprofundamento de

  • 6

    a nvel de mestrado conhecimentos sobre os principais aspectos do

    envelhecimento (fsicos,

    psicolgicos, sociais,

    culturais)

    - Especializao em reas

    ligadas aos aspectos legais,

    ticos, sociais, psicolgicos,

    assistenciais e reabilitatrios

    do envelhecimento;

    - Interveno na melhoria da

    qualidade dos servios

    prestados no mbito de

    servios comunitrios ou de

    equipamentos sociais

    - Planeamento, gesto e

    avaliao de recursos ligados

    a programas e servios em

    gerontologia;

    - Utilizao de

    conhecimentos e

    competncias de anlise,

    sntese e interpretao de

    dados nas reas da

    investigao bsica e

    aplicada em Gerontologia,

    contribuindo para o campo

    da Gerontologia;

    - Manuseamento de

    conhecimentos e

    competncias de domnio e

    aplicao de mtodos e

    tcnicas de investigao

    bsica e aplicada em

    Gerontologia

    Formao ps-graduada

    ou

    especializada ps mestrado

    CECA Cursos e Especializao Complementar Avanada

  • 7

    Formao ps-graduada

    a nvel de doutoramento

    Universitrio - Criao e desenvolvimento de projectos inovadores de

    investigao em

    Gerontologia

    Quadro B

    Competncias gerais dos graduados de Primeiro Ciclo

    rea Tecnologias da Sade

    Curso / Profisso Gerontologia

    Subsistema universitrio / politcnico

    O graduado de primeiro ciclo deve:

    competncias instrumentais - capacidades para anlise e sntese, de organizao, de cultura geral

    bsica, de comunicao, etc.;

    Ter capacidade para realizar uma avaliao multidimensional do idoso;

    Ter capacidade para identificar atempadamente desvios ao envelhecimento

    primrio;

    Ser capaz de desenvolver uma anlise organizacional de equipamentos

    sociais gerontolgicos;

    Conseguir acompanhar e/ou encaminhar a pessoa idosa em situaes

    agudas, reabilitao e morte;

    Ter capacidade de recolher dados relacionados com a gesto da interveno

    (prestao de cuidados mudanas de fraldas, cortar unhas, cuidados

    pessoais);

    Demonstrar competncias para obter a informao necessria para

    acompanhar de modo adequado o idoso e a sua famlia (busca activa da

    informao necessria para compreender e assistir o idoso)

    Conhecer as polticas, modelos e servios especficos para a populao

    idosa;

    Possuir conhecimentos do idoso, da velhice e do envelhecimento nas

    vertentes psicolgica, biolgica, social e cultural

    Conhecer, manusear e aconselhar tecnologias de apoio para a populao

    idosa.

  • 8

    competncias interpessoais - capacidades de trabalho em grupo, de crtica e auto-crtica, de

    incorporar grupos interdisciplinares, de apreciar diversidade e multi-culturalidade, etc.;

    Capacidade de integrao em equipas multidisciplinares;

    Capacidade de atendimento activo;

    Desenvolvimento de capacidades e atitudes fundamentais na relao

    interpessoal, como a escuta, a empatia, o respeito, a congruncia e a

    clareza

    Capacidade de compreenso do contexto, percurso e narrativa do idoso

    (com especial relevncia para a anlise e compreenso, por parte do

    profissional, dos antecedentes, da idiossincrasia das suas experincias e da

    sua relao com a famlia).

    Capacidade para ajudar o idoso a delimitar os seus objectivos (quais as

    metas que pretende atingir, como conceptualiza os seus problemas, o que

    deve ser mudado)

    Aptido para gerar, em conjunto com o idoso, possveis alternativas aos

    problemas apresentados;

    Demonstrar comportamentos e atitudes de assertividade perante colegas,

    idosos, famlias e pblico em geral;

    Demonstrar capacidade para comunicar eficazmente de forma verbal e no

    verbal com o idoso, famlias, colegas e pblico em geral;

    Reconhecer a importncia do papel de outros profissionais na promoo de

    um envelhecimento bem-sucedido;

    Ter capacidade de crtica e auto-reflexo;

    Desenvolver responsabilidade e tica profissional;

    Capacidade para encaminhar o idoso para outros profissionais (execuo de

    um trabalho multidisciplinar, formando equipa com profissionais que possam

    impulsionar a conformidade do processo de transio)

    Ter aptido para manter auto-controlo emocional

    Habilidade para lidar com o stress, prevenindo o burnout (gesto das

    consequncias, fsicas e emocionais, que derivam do contacto constante com

    as problemticas dos idosos)

    competncias sistmicas capacidades para aplicar conhecimento na prtica, de aprender, de se

    adaptar a novas situaes, de gerar ideias novas, de liderana, de trabalho autnomo, etc..

    Capacidade para providenciar informao relevante para a tomada de

  • 9

    deciso, nas reas Social, Biomdica, Psicolgica, Legal e Ambiental;

    Capacidade de desenvolvimento e monitorizao de um plano de

    interveno pessoal e familiar;

    Capacidade de planificao, administrao, gesto e avaliao de servios e

    equipamentos para a populao idosa, na comunidade;

    Criao, desenvolvimento e implementao de programas de preveno e

    promoo da sade e bem-estar no idoso;

    Analisar, sintetizar e interpretar dados nas reas da investigao bsica e

    aplicada em Gerontologia, de forma orientada.

    Quadro C

    Competncias gerais dos graduados de Segundo Ciclo

    rea Tecnologias da Sade

    Curso / Profisso Gerontologia

    Sub-sistema universitrio / politcnico

    O graduado de segundo ciclo deve adicionalmente:

    competncias instrumentais - capacidades para anlise e sntese, de organizao, de cultura geral

    bsica, de comunicao, etc.;

    Domnio de anlise, sntese e interpretao de dados nas reas da

    investigao bsica e aplicada em Gerontologia;

    Capacidade para dominar mtodos e tcnicas de investigao bsica e

    aplicada em Gerontologia;

    Avaliao das necessidades da populao idosa de uma determinada

    comunidade.

    competncias interpessoais - capacidades de trabalho em grupo, de crtica e auto-crtica, de

    incorporar grupos interdisciplinares, de apreciar diversidade e multi-culturalidade, etc.;

    Capacidade para realizar actividades de auto-aprendizagem

    Capacidade de coordenao e liderana de equipas multidisciplinares em

    torno de questes gerontolgicas.

    competncias sistmicas capacidades para aplicar conhecimento na prtica, de aprender, de se

    adaptar a novas situaes, de gerar ideias novas, de liderana, de trabalho autnomo, etc..

  • 10

    Capacidade para criar e desenvolver polticas e programas inovadores de

    apoio a idosos e famlia;

    Capacidade de avaliao de polticas e programas gerontolgicos;

    Capacidade de planeamento e desenvolvimento de investigao bsica e

    aplicada em Gerontologia;

    Capacidade de gesto de equipamentos gerontolgicos da comunidade.

    Quadro D

    Competncias acadmicas dos graduados de primeiro ciclo

    rea Tecnologias da Sade

    Curso / Profisso Gerontologia

    Sub-sistema universitrio / politcnico

    Competncias acadmicas gerais

    COMPETNCIAS EM TORNO DO IDOSO E DA SUA FAMILIA

    A nvel do conhecimento

    Ao gerontlogo compete perceber as dinmicas das diferentes variveis bio-psico-

    sociais que influenciam a qualidade de vida do idoso e da sua famlia, para que

    possa construir e manipular modelos, metodologias e instrumentos de avaliao e

    interveno, adequados s circunstncias psicolgicas, familiares e sociais de cada

    idoso e/ou famlia.

    A nvel do conhecimento do idoso, os conhecimentos bsicos da Gerontologia so:

    (i) Biolgicos: conhecimento e estudos sobre as mudanas que, com a idade

    se produzem nos distintos sistemas biolgicos do organismo.

    (ii) Psicolgicos: conhecimento acerca das mudanas e/ou estabilidade que a

    passagem do tempo produz nas funes psicolgica, como a ateno e o

    tempo de reaco, a percepo, a aprendizagem de novas tarefas e

    informaes, a memria, e por ltimo, a personalidade e a sabedoria.

    (iii) Sociais: procura das mudanas, ocorridas com a idade, nos papis e na

    estrutura social, e seu interaccionismo, assim como de que modo as

    mudanas culturais e o envelhecimento das populaes ocidentais

    contribuem para esta mudana.

  • 11

    A nvel da avaliao

    No campo da avaliao compete aplicar o modelo e os protocolos (com os

    instrumentos concretos) para a avaliao individual do idoso e/ou da sua famlia.

    Neste sentido, competncia do gerontlogo a criao do modelo e a escolha dos

    instrumentos de avaliao, assim como a sua administrao e gesto dos dados

    recolhidos pelos mesmos. Uma excepo a estas competncias so a seleco dos

    instrumentos e a administrao dos protocolos mdicos e/ou de enfermagem, mas

    no a gesto dos dados e a sua integrao.

    A nvel da interveno

    Realizar o planeamento, acompanhamento e avaliao de planos individuais e

    globais de interveno no idoso e da sua famlia, especialmente a partir da Gesto

    Individual de Casos, seja em termos de interveno comunitria ou institucional.

    Em qualquer dos caso, a nvel da interveno, o gerontlogo dever ser apto na

    1. Identificao do caso

    2. Contacto inicial e rastreio

    3. Anlise integrativa

    4. Desenvolvimento do Plano de cuidados

    5. Aquisio e Implementao de servios

    6. Monitorizao

    7. Reavaliao

    COMPETNCIAS EM TORNO DAS ORGANIZAES

    A nvel do conhecimento

    As competncias do Gerontlogo, a nvel do conhecimento organizacional,

    ramificam-se em duas reas. A primeira, consiste nas capacidades em termos da

    orgnica funcional das organizaes que prestam servios aos idosos, com especial

    relevncia para os servios de cuidado formal, assim como para o enquadramento

    legal de cada um destes servios e equipamentos no marco jurdico portugus.

    A segunda das competncias relativa ao conhecimento dos programas internos de

    gesto, mais comuns, para cada um dos equipamentos e/ou servios.

    A este nvel destacamos, pela sua complexidade, os programas de gesto de idosos

    que geralmente integram os seguintes aspectos: (i)

    A nvel da avaliao

    O gerontlogo dever ter capacidade para utilizar metodologias e instrumentos de

    avaliao de programas de servios gerontolgicos. Neste sentido, o gerontlogo

  • 12

    deve ter capacidade para ajudar as organizaes no sistema de melhoria da

    qualidade dos servios prestados.

    COMPETNCIAS EM TORNO DA COMUNIDADE

    A nvel do conhecimento

    O Gerontlogo deve ter capacidade para compreender a realidade social e poltica

    que envolve todas as suas actividades profissionais. Neste sentido, o Gerontlogo

    dever ter conhecimento em duas reas:

    (i) Terica / Conceptual.

    Em primeiro lugar, o Gerontlogo deve possuir um quadro de referncias bem

    formado, em termos das diferentes (i) Medidas de Promoo ao Cuidado dos Idosos

    Dependentes, (ii) Medidas de Envelhecimento Activo, (iii) Medidas de Promoo do

    Envelhecimento Produtivo, e por ltimo (iv) Medidas Transversais.

    (ii) Enquadramento jurdico

    Em segundo lugar, o gerontlogo dever ter conhecimento sobre o enquadramento

    legal e dos diferentes programas de promoo, pblicos ou privados, caso existam,

    para cada uma das medidas colocadas no marco de referncia anterior.

    Competncias por rea cincias de base

    Dominar conhecimentos de psicossociologia

    Dominar conhecimentos de anatomia e fisiologia

    Dominar conhecimentos de informtica

    Dominar conhecimentos de patologia geral

    Dominar conhecimentos de psicologia geral

    Dominar conhecimentos na rea das cincias jurdicas

    Dominar conhecimentos na rea da nutrio e diettica

    Dominar conhecimentos de sociologia

    Dominar conhecimentos de epidemiologia

    Dominar conhecimentos de demografia

    Dominar conhecimentos da tica

    Competncias por rea cincias da rea cientfica

    Dominar conhecimentos na rea da histria e contexto da Geriatria e da

    Gerontologia

    Dominar conhecimentos da sociologia e antropologia do envelhecimento

    Dominar conhecimentos na rea da psicologia do desenvolvimento

  • 13

    Dominar conhecimentos na rea da biologia do envelhecimento

    Dominar conhecimentos na rea da psicopatologia do envelhecimento

    Dominar conhecimentos e competncias na rea da psicologia relacional

    Dominar conhecimentos de demografia e epidemiologia do envelhecimento

    Dominar conhecimentos na rea da reabilitao geritrica

    Dominar conhecimentos na rea da gesto de equipamentos e servios

    gerontolgicos

    Dominar conhecimentos na rea das polticas sociais e de sade para a

    terceira idade

    Dominar conhecimentos na rea dos direitos do idoso

    Dominar conhecimentos que relacionam questes ticas e o idoso

    Dominar conhecimentos da farmacologia do idoso

    Dominar conhecimentos na rea dos cuidados continuados

    Competncias por rea cincias da especialidade

    Gerontologia

    O gerontlogo deve conhecer a multidisciplinaridade e o carcter interdisciplinar da

    Gerontologia, envolvendo reas como psicologia, demografia, sociologia, biologia,

    medicina, epidemiologia, direito e gesto, relacionando-as com a variao inter

    individual existente no processo de envelhecimento. O gerontlogo deve estar

    familiarizado com os conceitos bsicos e com as principais correntes europeias da

    Gerontologia.

    O gerontlogo deve possuir conhecimento sobre:

    - A histria da Gerontologia e os padres demogrficos contemporneos nas

    sociedades europeias;

    - O processo de envelhecimento, nomeadamente a sua variabilidade e

    diferentes fases;

    - Os conceitos bsicos da Gerontologia e as teorias do envelhecimento;

    - O carcter interdisciplinar da investigao no processo de envelhecimento

    e a sua complexidade;

    - Os diferentes nveis de anlise no processo de envelhecimento, de micro a

    macro;

    - O processo de envelhecimento enquanto fenmeno individual e colectivo

    - A tica em Gerontologia

    Biogerontologia

    O gerontlogo deve conhecer os conceitos do envelhecimento enquanto processo

    biolgico, identificando quais so os principais rgos do corpo humano, e quais as

    suas alteraes consoante avana o relgio biolgico. Ao gerontlogo compete

  • 14

    compreender a interaco constante entre factores biolgicos e sociais, e

    perspectivar o ser humano atravs do modelo evolucionrio, onde o

    envelhecimento e a morte so procedimentos naturais e inevitveis.

    O gerontlogo deve ser capaz de:

    - Conhecer o papel da biogerontologia num mundo em envelhecimento;

    - Adquirir uma viso holstica da biologia do envelhecimento;

    - Compreender os princpios bsicos da investigao em biologia e as suas

    conexes com a gerontologia;

    - Perceber aquilo que se herdou das aprendizagens passadas;

    - Saber onde conduz a investigao em biologia do envelhecimento.

    Psicogerontologia

    O gerontlogo deve estar ciente das alteraes nos processos cognitivos e

    comportamentais, e as suas consequncias. necessrio que compreenda as

    variaes individuais, sociais e culturais do processo de envelhecimento, bem como

    a influncia que os esteretipos sobre os idosos tm sobre a auto-imagem dos

    mesmos.

    O gerontlogo deve conhecer:

    - Os principais conceitos e paradigmas psicolgicos;

    - As teorias essncias na psicologia do envelhecimento, incidindo sobre as

    competncias cognitivas, a personalidade, a adaptao e a integrao social;

    - A perspectiva de curso de vida no envelhecimento humano, abordando as

    variaes entre classes, gneros, etnias e geografia;

    - Sade mental e psicopatologia, salientando as patologias caractersticas

    dos idosos, particularmente a demncia e a depresso;

    - O envelhecimento bem sucedido e os factores de seleco;

    - O stress de fim de vida, os mecanismos de coping e as estratgias de

    adaptao doena, morte, reforma, pobreza e declnio funcional;

    - O impacto dos esteretipos na integrao social e na qualidade de vida do

    idoso;

    - De que modo as competncias mentais, a personalidade e o

    comportamento podem ser moldados pela sociedade, e de que modo a privao de

    estmulos, a crtica e outros factores sociais negativos podem ameaar o

    envelhecimento produtivo;

    - De que modo o conhecimento produzido na psicologia do envelhecimento

    pode ser utilizado, na prtica, para melhorar o estilo de vida;

    - Como promover a aprendizagem ao longo da vida e a estimulao mental.

  • 15

    Gerontologia Social

    O gerontlogo reconhece diversidade e idiossincrasia do processo de

    envelhecimento, produto de circunstncias estruturais, de definies culturais e de

    experincias pessoais.

    O gerontlogo deve estar ciente:

    - Das teorias sociais do envelhecimento;

    - Da dimenso temporal no processo de envelhecimento e da sua relao

    com a evoluo histrica da sociedade;

    - Do impacto, no processo de envelhecimento individual e social, das

    condies sociais macro (econmicas, estruturais e culturais);

    - Dos mecanismos condicionadores na construo de idade e de

    envelhecimento;

    - Da tenso entre os formatos sociais macro de envelhecimento e a

    construo interaccional dos processos de envelhecimento;

    - Das diferenas estruturais e institucionais dos contextos de envelhecimento

    existentes entre pases europeus, do impacto destas diferenas e do modo como

    podem ser ultrapassadas, atravs de processos polticos;

    - De que modo os contextos micro sociais desempenham um papel

    fundamental na construo do envelhecimento e no suporte emocional e

    instrumental, e como se diferenciam esses contextos a nvel europeu, incluindo os

    prestadores formais de cuidados;

    - Da concepo de estratgicas polticas e de prestao de cuidados, no

    sentido de promover a qualidade de vida, considerando a experincia de vrios

    pases europeus;

    Gerontologia da Sade

    O gerontlogo deve possuir competncias que lhe permitam compreender as

    variaes na sade dentro de grupos de idosos, conhecer a doena crnica e

    predizer os padres de sade de futuros grupos de idosos. O gerontlogo deve

    construir e promover modelos de boas prticas de sade, difundindo o seu

    conhecimento e promovendo a qualidade dos cuidados prestados.

    O gerontlogo deve ser capaz de:

    - Compreender as diferenas e a interaco entre o envelhecimento e as

    doenas e seu tratamento;

    - Compreender a importncia do modelo funcionamento-incapacidade-sade

    (ICF), como paradigma fundamental da perda funcional, associada aos grandes

    quadros geritricos;

    - Perceber os determinantes da sade e da doena na terceira idade;

  • 16

    - Entender o valor da avaliao, do trabalho de equipa e da interveno

    geritrica compreensiva;

    - Assimilar que prticas de sade actuais, no especializadas, podem

    contribuir para a morbilidade e a mortalidade nos idosos;

    - Compreender o componente terico-prtico da preveno nos quadros

    geritricos e nas perdas funcionais, e que a preveno pr-activa das doenas

    podem promover o desenvolvimento dos potenciais da terceira idade;

    - Conhecer as implicaes ticas e clnicas dos cuidados terminais;

    - Saber quais os sistemas de sade, os servios sociais e as redes informais,

    existentes a nvel local, nacional e europeu, e como utilizar o conhecimento global

    adquirido para delinear polticas eficazes de sade e prestao de cuidados;

    - Conhecer os estudos epidemiolgicos realizados sobre a terceira idade,

    conhecendo as metodologias dos estudos longitudinais e a epidemiologia das

    doenas disfuncionais e dos problemas dos idosos;

    - Compreender os mecanismos de estigmatizantes em relao ao

    envelhecimento enraizados nos sistemas de sade e desenvolver modos de

    combat-los;

    - Obter um sentido de tica, nos campos sociais e da sade para os idosos;

    - Avaliar a qualidade, eficcia e eficincia dos planos de cuidados e dos

    programas de preveno;

    Gerontologia Educativa

    O gerontlogo deve perceber a importncia da educao e formao ao longo da

    vida quer para o idoso, quer para profissionais e outros agentes de apoio ao idoso.

    O gerontlogo deve ainda contribuir para a avaliao das necessidades de formao

    e programas educativos quer a nvel do idoso/famlia, quer a nvel das

    organizaes.

    Competncias por rea disciplinas opcionais

    Aprofundar conhecimentos de tica

    Aprofundar conhecimentos de pedagogia

    Competncias por rea disciplinas complementares

    Aprofundar conhecimentos na rea da assessoria jurdica

    Aprofundar conhecimentos na rea da gesto de equipamentos e servios gerontolgicos

    Aprofundar conhecimentos na rea das tecnologias da informao e

  • 17

    comunicao

    3. Estrutura e durao dos ciclos de formao

    luz do que atrs foi descrito, facilmente se depreende que o exerccio da profisso

    de gerontlogo envolve um vasto e complexo conjunto de competncias com vista

    avaliao, interveno e estudo cientfico do fenmeno do envelhecimento

    humano e preveno dos problemas pessoais e sociais a ele associado.

    Considerando a totalidade competncias instrumentais, interpessoais e sistmicas

    delineadas (Quadro B), bem como as competncias acadmicas necessrias

    (Quadro D) para o primeiro ciclo de formao, entende-se serem necessrios 6

    semestres lectivos de formao a tempo inteiro e em regime presencial, se se

    excluir o perodo referente prtica profissional. Caso contrrio, considera-se

    pertinente uma estrutura de 8 semestres lectivos de formao a tempo inteiro e em

    regime integral.

    No que toca ao segundo ciclo de formao, cujo objectivo se prende essencialmente

    com a aquisio de competncias a nvel da investigao e interveno

    organizacional e comunitria, considera-se pertinente a sua realizao em quatro

    semestres a tempo inteiro e em regime presencial.

    Relatrio elaborado por:

    Daniela Figueiredo (Escola Superior de Sade da Universidade de Aveiro)

    Ignacio Martin (Seco Autnoma Cincias da Sade da Universidade de Aveiro)

    Joaquim Alvarelho (Escola Superior de Sade da Universidade de Aveiro)

    Luclia Gonalves (Instituto Politcnico de Bragana)

    Carlos Pires Magalhes (Instituto Politcnico de Bragana)