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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NAS CLÍNICAS DA DISCIPLINA DE CIRURGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Claudio Roberto Gaião Xavier Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de Estomatologia. (Edição Revisada) BAURU 2003

perfil epidemiológico dos pacientes atendidos nas clínicas da

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  • PERFIL EPIDEMIOLGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NAS

    CLNICAS DA DISCIPLINA DE CIRURGIA DA FACULDADE DE

    ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Claudio Roberto Gaio Xavier

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Odontologia de Bauru da Universidade de

    So Paulo, como parte dos requisitos para

    obteno do ttulo de Mestre em

    Odontologia, rea de Estomatologia.

    (Edio Revisada)

    BAURU

    2003

  • PERFIL EPIDEMIOLGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NAS

    CLNICAS DA DISCIPLINA DE CIRURGIA DA FACULDADE DE

    ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Claudio Roberto Gaio Xavier

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Odontologia de Bauru da Universidade de

    So Paulo, como parte dos requisitos para

    obteno do ttulo de Mestre em

    Odontologia, rea de Estomatologia.

    (Edio Revisada)

    Orientador: Prof. Dr. Osny Ferreira Jnior

    BAURU

    2003

  • Xavier, Claudio Roberto Gaio

    X19p. Perfil epidemiolgico dos pacientes atendidos nas clnicas da

    Disciplina de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru da

    Universidade de So Paulo / Claudio Roberto Gaio Xavier Bauru,

    2003.

    101p.:il.30 cm.

    Dissertao (Mestrado) Faculdade de Odontologia de Bauru.

    USP.

    Orientador: Prof. Dr. Osny Ferreira Jnior

    Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta dissertao/tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrnicos. Assinatura:

    Aprovao pelo Comit de tica em Pesquisa da FOB USP.

    Processo n 017/2003

    Data: 31/03/2003

  • iii

    Claudio Roberto Gaio Xavier

    24 de maro de 1976,

    Pereira Barreto SP

    Nascimento

    Filiao Luiz Ferreira Xavier

    Lourdes Gaio Xavier

    1994 1997 Curso de Odontologia Faculdade

    de Odontologia de Bauru, USP

    Bauru SP.

    2001 2003 Curso de Ps-Graduao em

    Odontologia, rea de concentrao

    em Estomatologia, em nvel de

    Mestrado, na Faculdade de

    Odontologia de Bauru, USP.

    Associaes SOBE Sociedade Brasileira de

    Estomatologia

    SBPqO Sociedade Brasileira de

    Pesquisa Odontolgica

  • iv

    Na vida nos deparamos com diversos desafios:

    Alguns ela mesma se encarrega de oferecer;

    Tantos outros nos damos o direito de imp-los.

    Ao superarmos estes desafios, sejam quais for, nos engrandecemos por

    superar os limites que pensvamos ter, e com coragem e aplicao, nos

    tornamos mais e mais fortes.

    Apreciemos ento cada lio, cada experincia, cada aprendizado que os

    caminhos destas conquistas nos proporcionam!

    O que importa de verdade na vida no so os objetivos que nos

    propomos, mas os caminhos que percorremos para consegui-los.

    Peter BammPeter Bamm

  • v

    DEDICATRIA

    Aos meus pais Luiz e Lourdes,

    Por fazerem de mim quem sou hoje e principalmente pelo empenho

    em ensinar a escolher e trilhar meus prprios caminhos. Por vezes

    abriram mo de seus desejos por minhas necessidades.

    Aos meus irmos Luiz e Marco,

    Por todo apoio e estmulo e por toda confiana que em mim

    depositaram. Ajudaram-me mais do que podem supor!

    Mesmo que tentasse, no encontraria palavras que expressassem o

    que sinto por tudo o que vocs me deram e proporcionaram.

  • vi

    AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    Ao Prof. Dr. Osny Ferreira Jnior

    Amigo que acompanhou meus primeiros passos na odontologia,

    orientando minha formao,

    quando mesmo sem saber

    foi exemplo de carter e integridade.

    Acabou por aceitar a conturbada tarefa de assumir minha orientao

    quando j decorrida parte do meu curso de mestrado,

    encarando este desafio com competncia e dinamismo.

    Terei sempre muita admirao e respeito por voc.

    Que nossa convivncia se prolongue por muito tempo.

    Muito obrigado!

  • vii

    Aline,

    Por estar ao meu lado durante a realizao deste trabalho,

    acompanhando-me em um sonho. Ofereceu sempre ajuda,

    compreenso e carinho. Foi sempre fonte de alegrias e exemplo de

    determinao.

    Muito obrigado!

  • viii

    AGRADECIMENTOS

    Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de

    So Paulo, na pessoa de sua Diretora Profa. Dra. Maria Fidela de

    Lima Navarro.

    Comisso de Ps-Graduao da Faculdade de

    Odontologia de Bauru, na pessoa de seu Presidente, Prof. Dr. Jos

    Carlos Pereira.

    Aos professores das Disciplinas de Estomatologia e

    Radiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Prof. Dr. Jos

    Humberto Damante, Profa. Dra. Ana Lcia lvares Capelozza,

    Prof. Dr. Luiz Eduardo Montenegro Chinellato e Profa. Dra. Izabel

    Regina Fisher Rubira, que foram fonte constante de conhecimento e

    exemplos de paixo pela arte de ensinar. Que eu consiga ser um

    propagador destes conhecimentos e reflexo deste exemplo de conduta

    acadmica.

    Ao Prof. Dr. Eduardo SantAna, pelas oportunidades de

    aprendizado, pelo incentivo durante toda a graduao e por me

  • ix

    acolher, quando recm-formado, durante estgio na Disciplina de

    Cirurgia.

    Aos funcionrios das Disciplinas de Estomatologia,

    Radiologia e Cirurgia, Camila, Fernanda, Josiele, Marlia, Jos

    Messias e Walderez, pela presteza e disposio em sempre ajudar e

    pelos momentos de descontrao compartilhados. Certamente

    ensinaram muito mais do que podem supor.

    Aos companheiros do curso de Mestrado, Fernando,

    Flvio, Luis Fernando, Josiane e Nicole, por tudo o que passamos

    juntos. Cada um, ao seu modo, trouxe uma lio que sempre ser

    lembrada.

    s amigas Ana Lcia, Viviane e Roberta, por todo

    carinho e ateno dispensados em vrios momentos, alm de toda

    confiana em mim depositada.

    A todos os funcionrios do Servio de Biblioteca e

    Documentao da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP, por

    toda a ajuda, sempre prestada com pacincia e cordialidade.

    CAPES, pelo apoio financeiro durante o curso de

    Mestrado.

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS .................................................................................... xi

    LISTA DE TABELAS ................................................................................... xiii

    LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................... xiv

    RESUMO ........................................................................................................ xv

    1 INTRODUO........................................................................................... 1

    2 REVISO DA LITERATURA................................................................... 5

    2.1 Estudos epidemiolgicos....................................................................... 6

    2.2 Importncia das alteraes e condies sistmicas e do exame

    clnico ........................................................................................................ 12

    2.3 Dados relativos s exodontias.............................................................. 21

    2.3.1 Causas determinantes de exodontias.............................................. 22

    2.3.2 Dados epidemiolgicos relativos s exodontias ............................ 25

    2.3.3 Dados relativos aos terceiros molares............................................. 34

    3 PROPOSIO........................................................................................... 39

    4 MATERIAL E MTODOS ........................................................................ 41

    5 RESULTADOS........................................................................................... 50

    6 DISCUSSO .............................................................................................. 65

    6.1 Gnero, idade e procedncia dos pacientes...................................... 66

    6.2 Procedimentos realizados ..................................................................... 67

    6.3 Acidentes e complicaes .................................................................... 69

    6.4 Exame clnico e histria mdica........................................................... 71

    6.5 Indicaes para exodontias .................................................................. 74

    6.6 Posio dos terceiros molares ............................................................. 77

    7 CONCLUSES.......................................................................................... 79

    ANEXOS......................................................................................................... 81

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................... 88

    ABSTRACT.................................................................................................... 97

    APNDICES .................................................................................................. 99

  • xi

    Lista de figuras

    FIGURA 1 Classificao da posio dos terceiros molares segundo

    PELL; GREGORI50 ........................................................... 43

    FIGURA 2 Classificao da posio dos terceiros molares segundo

    WINTER69 ........................................................................ 44

    FIGURA 3 Exemplo de dente com indicao para exodontia por

    crie ................................................................................. 46

    FIGURA 4 Exemplo de dente com indicao para exodontia por

    doena periodontal .......................................................... 46

    FIGURA 5 Exemplo de dente com indicao para exodontia por

    traumatismo dentrio ....................................................... 46

    FIGURA 6 Exemplo de dente no irrompido com indicao para

    exodontia ......................................................................... 47

    FIGURA 7 Exemplo de dente supranumerrio com indicao para

    exodontia ......................................................................... 47

    FIGURA 8 Exemplo de dente decduo persistente com indicao

    para exodontia ................................................................. 48

    FIGURA 9 Exemplo de dente com indicao para exodontia por

    perfurao endodntica ................................................... 48

    FIGURA 10 Tela do programa Microsoft Excel no momento da

    aplicao de filtro para anlise dos dados ....................... 49

    FIGURA 11 Distribuio percentual dos pacientes atendidos nas

    clnicas da Disciplina de Cirurgia, segundo o gnero, no

    perodo de 1997 a 2002 ................................................... 51

    FIGURA 12 Distribuio dos pacientes atendidos de acordo com

    faixa etria ........................................................................ 52

    FIGURA 13 Distribuio percentual da procedncia das radiografias. 54

    FIGURA 14 Distribuio percentual de causas de hemorragias ......... 58

    FIGURA 15 Distribuio percentual das causas de alergia ................. 58

  • xii

    FIGURA 16 Distribuio percentual de pacientes diabticos ou com

    histrico familiar ............................................................... 59

    FIGURA 17 Distribuio percentual dos vcios, hbitos ou manias

    relatados .......................................................................... 59

    FIGURA 18 Distribuio percentual entre respostas afirmativas e

    negativas a respeito de alteraes cardiovasculares em

    pacientes hipertensos ...................................................... 60

  • xiii

    Lista de tabelas

    TABELA 1 Municpios com maior nmero de pacientes atendidos 53

    TABELA 2 Nmero de indivduos atendidos por regio de Bauru-

    SP.................................................................................. 54

    TABELA 3 Freqncia dos procedimentos realizados nas clnicas

    da disciplina de Cirurgia da FOB-USP, por tipo............ 55

    TABELA 4 Prevalncia de acidentes e complicaes.................... 56

    TABELA 5 Distribuio numrica de respostas afirmativas,

    segundo tipo de alterao de sade............................. 57

    TABELA 6 Prevalncia das indicaes para exodontia dos

    dentes decduos............................................................ 61

    TABELA 7 Prevalncia das indicaes para exodontia dos

    dentes permanentes...................................................... 61

    TABELA 8 Distribuio das indicaes de exodontia por faixas

    etrias............................................................................ 62

    TABELA 9 Distribuio dos terceiros molares segundo

    classificao de PELL; GREGORY50............................ 63

    TABELA 10 Distribuio dos terceiros molares segundo

    classificao de WINTER69........................................... 64

  • xiv

    Lista de abreviaturas e smbolos

    AHCPR Agency for Health Care Policy and Research

    BBO Bibliografia Brasileira de Odontologia

    CPO-D Dente(s) permanente(s) cariado(s), perdido(s) e obturado(s)

    DPP Dente(s) potencialmente perdido(s)

    FOB Faculdade de Odontologia de Bauru

    Hg Mercrio

    JNC Joint National Committee

    LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade

    MEDLINE Medlars Online

    mm milmetros

    OMAR Office Medical Aplications and Research

    OMS Organizao Mundial da Sade

    UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

    USP Universidade de So Paulo

  • xv

    Resumo

    Este estudo analisou os pronturios dos pacientes recebidos

    pelas clnicas da Disciplina de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de

    Bauru-USP, entre janeiro de 1997 e dezembro de 2002. Os dados relativos

    ao gnero, idade, procedncia, tipo de procedimento realizado, data da

    execuo do procedimento, nmero de dentes extrados, acidentes e

    complicaes ocorridas, informaes da histria mdica colhidas na

    anamnese, presso arterial, procedncia da radiografia utilizada no

    planejamento das cirurgias e as indicaes para as exodontias foram

    anotados. A anlise dos dados obtidos permitiu as seguintes constataes:

    (1) foram atendidos no perodo analisado 3927 pacientes; (2) 59,2% dos

    pacientes possuam idade entre 11 e 30 anos; (3) 67,39% dos pacientes

    realizaram exame radiogrfico na prpria FOB-USP; (4) a alveolite foi a

    complicao mais observada; (5) as prevalncias de diabetes e hipertenso

    arterial foram de 2,32% e 18,53%, respectivamente; (6) foram extrados

    8471 dentes de 2359 pacientes, com mdia de 3,59 dentes extrados por

    paciente. A partir dos dados obtidos pode-se concluir que: (1) houve maior

    procura pelas clnicas da Disciplina de Cirurgia da FOB USP por pacientes

    do gnero feminino; (2) a maior freqncia de indivduos, segundo as faixas

    etrias, foi para os pacientes entre 21 e 30 anos; (3) uma filosofia

    conservadora em relao s indicaes de exodontia deve prevalecer, tendo

    em vista que a freqncia de indivduos atendidos com idade inferior a 30

    anos foi de 59,9%; (3) Bauru foi o municpio mais beneficiado pelos servios

    das clnicas da Disciplina de Cirurgia da FOB-USP; (4) o procedimento mais

    realizado foi a exodontia; (5) os ndices de acidentes e complicaes

    observados esto em nveis plenamente satisfatrios; (6) a crie e suas

    conseqncias no so a principal causa de atendimento nas clnicas da

    Disciplina de Cirurgia da FOB-USP, sendo a principal indicao para

    exodontia os dentes no irrompidos.

  • 1 INTRODUO1 INTRODUO

  • Introduo 2 ______________________________________________________________________________________________________

    1 Introduo

    Estudos epidemiolgicos revelam informaes que permitem avaliar o

    passado e tentar prever cenrios futuros 4,19,46,54. So utilizados para estudos

    de situao de sade, vigilncia epidemiolgica, estudos "causais", e

    avaliao de servios, programas e tecnologias relativas sade.

    Particularmente, os estudos de investigao causal tm demonstrado

    relevncia em pesquisas de natureza clnica, principalmente no meio

    universitrio, onde alcanam certa cientificidade 19.

    Segundo SAMAJA60, o principal pressuposto de toda investigao

    cientfica que o objeto de estudo seja inteligvel. Esta inteligibilidade

    depende da descrio do objeto, que visa identificar os componentes e

    caracteriz-los, e da possibilidade de reelaborao conforme um padro de

    assimilao compatvel com a razo humana. , portanto, na descrio do

    objeto que se encontra o passo inicial na elaborao de raciocnios, idias e

    hipteses. Para poder descrever de maneira cientfica a realidade preciso

    explicitar de que modo feita a sua fragmentao, segundo determinadas

    categorias. As proposies descritivas tm como valores conceitos

    classificatrios, conceitos comparativos, conceitos mtricos e outros.

    Na epidemiologia, um passo essencial para o estudo de uma doena

    descrever precisamente sua ocorrncia na populao. Essa descrio tem

    como categorias bsicas a distribuio temporal, a distribuio espacial e a

    distribuio segundo atributos pessoais, visando a identificar o padro geral

    de ocorrncia e os grupos de risco. A descrio metdica do comportamento

    da doena permite a elaborao de hipteses causais com base na

    ocorrncia usual de doenas conhecidas e possibilita o uso da analogia

    tanto no estudo das doenas novas quanto na explicao de doenas

    anteriormente conhecidas 4,54.

  • Introduo 3 ______________________________________________________________________________________________________

    Sobre a condio de sade geral do paciente, o conhecimento de

    alteraes sistmicas concomitantes de grande valia na rea odontolgica,

    uma vez que diversas doenas podero influenciar a indicao de um

    determinado procedimento ou modificar o plano de tratamento em diferentes

    instncias 11,26,30,62. Portanto, estudos descritivos podem contribuir na

    determinao de um padro epidemiolgico para uma populao alvo,

    atribuindo certa previsibilidade nas alteraes a serem encontradas nos

    indivduos constituintes desta populao. Podem ainda fornecer subsdios

    para explicao de alteraes encontradas, permitindo estudos elucidativos

    quanto associao de situaes e alteraes de sade 11,62.

    Do ponto de vista da ateno ao paciente, a odontologia sofreu uma

    mudana em seu perfil, inicialmente restaurador e curativo, adotando

    tambm um carter preventivo que abrange todas as suas especialidades 21.

    LEAVELL e CLARK29 propuseram cinco nveis de preveno, sendo eles:

    promoo da sade; proteo especfica; diagnstico precoce com

    tratamento imediato; limitao do dano; e reabilitao. Desta forma, a

    preveno da perda dentria inicia-se em fases onde ainda no houve danos

    propriamente ditos, pelo uso de flor, adequao de hbitos alimentares e

    de higienizao, ou em fases mais avanadas, pela instituio de

    procedimentos curativos adequados, como nos tratamentos endodnticos,

    periodontais e dentisteria. Observa-se ento que, frente instituio destes

    procedimentos preventivos e ao desenvolvimento de tcnicas modernas

    visando a recuperao e manuteno de dentes danificados, houve nos

    ltimos anos um decrscimo no nmero de dentes perdidos na populao 21,36.

    No entanto, a exodontia que ocupa o quarto e quinto nveis de

    preveno acima citados, ainda se faz necessria em vrios casos e por

    diversos motivos 5,12,21,36,53. So necessrios slidos conhecimentos para

    que haja a indicao correta da extrao de um dente, para que no se

  • Introduo 4 ______________________________________________________________________________________________________

    incorra em perda dentria desnecessria, levando mutilao do paciente

    por perda de um rgo passvel de recuperao. Apenas quando findadas

    as possibilidades de cura do dente em questo que se deve optar pela

    extrao do mesmo, ou ainda quando tal exodontia for parte de um plano de

    tratamento, ortodntico ou prottico, devidamente fundamentado e

    objetivando o adequado restabelecimento funcional e/ou esttico da

    condio bucal do paciente 21,36,53. Observa-se tambm que a literatura

    odontolgica acerca das causas determinantes de exodontias vasta, tanto

    em mbito nacional 5,21,22,23,36,41 quanto internacional 7,10,15,24,37,42,43,45,47,48,55,70. Em contrapartida, estudos para a determinao do

    perfil epidemiolgico de pacientes atendidos por um determinado servio ou

    residentes numa regio tm sido pouco praticados 12,41.

    Justifica-se desta forma a realizao de estudos que tracem o perfil

    epidemiolgico dos pacientes em diferentes servios de sade, alm da

    incidncia de diferentes alteraes sistmicas ou locais, fornecendo dados

    importantes para futuras comparaes e avaliaes, embasando pesquisas

    mais aprofundadas acerca de diversos temas e divulgando para a

    comunidade cientfica informaes que suscitem novos questionamentos ou

    elucidem antigos.

  • 2 REVISO DA LITERATURA2 REVISO DA LITERATURA

  • Reviso da literatura 6 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    2 Reviso da literatura

    2.1 Estudos epidemiolgicos

    Discutindo a epidemiologia relacionada aos servios de sade,

    GOLDBAUM19, 1996, reafirmou a importncia da epidemiologia na produo

    de conhecimento, principalmente em relao ao quadro de prioridades

    sanitrias, aps contribuir com o estudo das doenas infecto-contagiosas,

    demonstrando grande capacidade para avaliar a ocorrncia e distribuio das

    doenas crnicas, e mais recentemente sendo incorporada a reas como a

    gentica e a medicina molecular. Aps experimentar notvel evoluo

    tecnolgica, a epidemiologia permitiu estabelecer associao entre fatores

    lesivos e ocorrncia de doenas, como por exemplo, o carter nocivo do

    tabaco na promoo de doenas, o conceito de estilo de vida associado ao

    maior ou menor risco de desenvolvimento de doenas, e tambm evidncias

    para os efeitos protetores, como o uso do flor na preveno de cries e a

    relao entre vacinas e sua eficcia. O autor se utilizou da definio de

    epidemiologia formulada por ROUQUAYROL57, 1993, como sendo a cincia

    que estuda o processo sade-doena em coletividades humanas, analisando

    a distribuio e os fatores determinantes das enfermidades, danos sade e

    eventos associados sade coletiva, propondo medidas especficas de

    preveno, controle, ou erradicao de doenas, e fornecendo indicadores

    que sirvam de suporte ao planejamento, administrao e avaliao das aes

    de sade. possvel destacar quatro usos primrios da epidemiologia pelos

    servios de sade: nos estudos de situao de sade; na vigilncia

    epidemiolgica; nos estudos "causais"; e na avaliao de servios, programas

    e tecnologias. Apesar do desenvolvimento experimentado pela epidemiologia,

    ela ainda permanecia subvalorizada e subaproveitada pelos setores de sade

  • Reviso da literatura 7 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    pblica. Argumenta ainda que a transferncia de conhecimento no obedece a

    uma lgica linear, atendendo geralmente necessidades mediadas por motivos

    sociais, polticos ou econmicos, e apesar do discurso adotado pelo setor de

    sade, o uso da epidemiologia no considerado em sua plenitude.

    Retomando os usos da epidemiologia, em particular o de estudos de

    investigao causal, observou-se que mesmo no atendendo a contento a

    difuso merecida, e por isso ainda subaproveitado e merecedor de maior

    ateno, nos centros universitrios estes estudos tm alcanado certa

    cientificidade, sendo muito utilizado em pesquisas de natureza clnica. A

    epidemiologia na realizao de investigao causal, juntamente com a

    avaliao de servios, notadamente mais empregada que nos estudos da

    situao de sade e na vigilncia epidemiolgica.

    Ao discutir a utilizao da epidemiologia como meio de avaliao de

    servios de sade, NOVAES46, 1996, afirma que a interao entre as

    informaes obtidas na clnica e utilizadas em dimenso coletiva pela

    epidemiologia torna-se uma fonte fundamental de dados para tais avaliaes.

    Contudo nem sempre as informaes obtidas condizem com o esperado,

    demonstrando forte influncia da variabilidade, e em estudos onde se parte de

    um conhecimento tido como invariante terminam por evidenciar discordncias

    com os pressupostos que o embasavam. Tal afirmao no feita com base

    no problema de sade em si, mas sim nos meios de produo de

    conhecimento sobre as doenas. As reas atuantes nos servios de sade

    que se utilizam deste como fonte de produo de conhecimento so a clnica,

    epidemiologia, administrao e planejamento, cada qual com seu ponto de

    vista e modo de atuao dentro deste complexo: a clnica busca

    incessantemente o controle sobre a doena; a epidemiologia, que por meio de

    mtodos cada vez mais sofisticados busca identificar a causa verdadeira da

    doena ou agravos; e a administrao e planejamento, que buscam a

    instituio de ordem, por meio de aes e mtodos que no se opem ao

  • Reviso da literatura 8 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    carter de "aes racionais em busca de um fim". E justamente nesta

    incongruncia que est a dificuldade de unificao do universo da construo

    de conhecimento em servios de sade. A necessidade de uma nova ptica a

    respeito da unificao destas reas na captao, estudo e manuseio das

    informaes no servio de sade pblica notada pelo movimento em

    instituies de financiamento de pesquisas, mais evidenciada em pases onde

    este setor se encontra mais estruturado. No Brasil, o compromisso econmico

    e social com a ateno em sade pblica encontra-se incompleto. O autor

    ressaltou a criao de entidades de fomento especificamente direcionadas

    para este setor, como o National Institue of Health Services Research, em

    1968, a Office Medical Aplications and Research (OMAR), em 1977, e a

    Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR), em 1989, embudas

    da obrigao de financiar e gerenciar a aquisio de novos conhecimentos e

    utilizao dos j existentes a respeito do tema, e tidas por muitos autores

    como fundamentais para o desenvolvimento de um servio de sade pblica

    mais completo e produtivo, social e cientificamente. Esta opinio no

    unnime visto que alguns epidemiologistas afirmam que apesar de tais

    entidades terem sido responsveis pelo investimento de 200 milhes de

    dlares, em cinco anos de pesquisas, ainda no se chegou ao conhecimento

    verdadeiro de algumas doenas, e que o prprio pronturio mdico

    geralmente no o meio ideal de se obter informaes. Mas mesmo para esta

    corrente de epidemiologistas inegvel que nas condies atuais dificilmente

    ser possvel estudar todos os procedimentos e tecnologias na rea de sade,

    e ainda mais difcil para a epidemiologia ser conhecer com veracidade a

    incidncia, a prevalncia e a mortalidade de grande parte das doenas.

    Em artigo que discute a revalorizao da epidemiologia descritiva por

    meio das doenas emergentes, BARATA4, 1997, traa o perfil da

    epidemiologia de acordo com o tempo. Nas dcadas de 40 e 50, pela

    evoluo de doenas parasitrias e infecciosas em doenas crnicas, a

  • Reviso da literatura 9 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    epidemiologia consolidou seu aspecto analtico, intensificando assim o

    desenvolvimento da metodologia aplicada. Nesta poca, a metodologia de

    inqurito epidemiolgico e estatstica descritiva parecia no necessitar

    maiores refinamentos. Em conseqncia dos programas de vacinao em

    massa iniciados na dcada de 50, aconteceu o desinteresse da administrao

    pblica americana e perda de importncia poltica dos rgos de vigilncia

    sanitria na dcada de 80, levando ao desmantelamento dos rgos de sade

    pblica por cortes na verba a eles destinada. Na dcada de 70, iniciou-se um

    rpido processo de urbanizao na Amrica, sia e frica, que de forma

    desordenada agrupou em determinadas regies um milho de pessoas onde

    anteriormente no havia estrutura para tal. Este evento acarreta, geralmente,

    mudana no perfil de morbidade, levando ao aparecimento de novas doenas

    e agravos sade geral em decorrncia de doenas anteriormente

    controladas. Assim, a epidemiologia descritiva assume importncia na

    apresentao de informaes sobre distribuio de casos, segundo tempo,

    espao e pessoas, para que se proceda uma anlise de dados a fim de

    propiciar o entendimento de uma determinada alterao e a resoluo da

    mesma. Na epidemiologia um passo fundamental para reconhecer seu

    comportamento descrever precisamente sua ocorrncia na populao,

    possibilitando dessa forma a elaborao de fatores causais baseados na

    ocorrncia usual e a utilizao de analogias para o entendimento de doenas.

    Abordagens descritivas so tidas muitas vezes com menos cientficas ou

    menos sofisticadas, fato este que no reflete a importncia e relevncia das

    questes tericas, conceituais ou metodolgicas envolvidas neste tipo de

    estudo.

    PINTO54, 2000, iniciou suas observaes sobre a epidemiologia

    expondo os conceitos de vrios autores. Definiu epidemiologia como o estudo

    ordenado das causas e efeitos biolgicos e sociais das doenas em

    populaes humanas, tendo a comunidade, e no o indivduo, como unidade

  • Reviso da literatura 10 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    de interesse. Citou SUSSER63, 1973, "Epidemiologia o estudo da

    distribuio e dos determinantes da sade em populaes humanas". Afirmou

    que LAST28, 1988, conceituou de forma mais abrangente como "o estudo da

    distribuio e determinantes de estados ou eventos relacionados sade em

    populaes especficas, e sua aplicao no controle de problemas de sade",

    justificando que a epidemiologia no se preocupa apenas com os aspectos e

    indicadores negativos, mas tambm com indicadores positivos de sade e

    com maneiras de promov-la. Citou PEREIRA51, 1995, que afirmou

    "Epidemiologia o ramo das cincias da sade que estuda, na populao, a

    ocorrncia, a distribuio e os fatores determinantes dos eventos relacionados

    com a sade". Ressaltou sua importncia embasando-se em fatos histricos,

    como na determinao do padro de disseminao da clera e sua

    associao com o abastecimento de gua em Londres no ano de 1855, a

    associao entre o tabaco e asbesto no aumento no risco de desenvolvimento

    de cncer de pulmo, do bcio e cretinismo com uso de iodo, e o controle da

    crie dentria com o uso do flor. Ao discutir as diferenas entre os termos

    pesquisa e estudo, ressaltou a maior formalidade e academicismo do primeiro

    sem contudo diferi-los quanto importncia de ambos. Nos estudos

    observacionais, o pesquisador no interfere no curso natural do evento, sendo

    os estudos descritivos fornecedores de informaes que podero ser usadas

    em estudos analticos, onde so testadas hipteses, com o objetivo de se

    explicar causas e efeitos.

    Ao abordar os estudos epidemiolgicos, MENDONA38, 2001,

    reafirmou sua importncia no controle de doenas, tendo estes estudos

    relevncia quando aplicados do ponto de vista da sade pblica. Um grande

    desenvolvimento da metodologia epidemiolgica aconteceu aps a segunda

    guerra mundial, quando a epidemiologia buscou a identificao de fatores

    causais de doenas crnicas e fatores de risco da vida adulta. Observou-se

    um processo de aproximao da epidemiologia clnica, com um enfoque

  • Reviso da literatura 11 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    centrado no indivduo. Esta evoluo tem sido debatida por vrios autores,

    sendo apoiada pelos que afirmam seu papel nos avanos experimentados por

    estudos de determinadas enfermidades, e criticada por aqueles que afirmam

    no haver dignificao da epidemiologia ao estudar um micro-ambiente, pois

    a abordagem individual no elucida muitas questes que so de ordem social,

    cultural, econmica ou ambiental. Houve um contraste entre os achados em

    estudos epidemiolgicos e a confirmao destes em laboratrio, pois por

    algum tempo no havia conhecimento suficiente nem capacidade tecnolgica

    para tal. Atualmente o que se experimenta justamente o oposto pois a

    velocidade no desenvolvimento de determinados ramos da cincia acontece

    de forma espantosa. O cuidado na interpretao de resultados, quando se

    integram diferentes reas epidemiologia, torna-se parte fundamental na

    confirmao de hipteses, tornando este processo mais complexo. A maioria

    dos autores estudados afirma que a epidemiologia caminha para um novo

    salto de conhecimento, devido incorporao destas novas reas de

    conhecimento na determinao da relevncia de fatores no processo

    sade/doena.

    COLUSSI; FREITAS9, 2002, realizaram levantamento bibliogrfico

    avaliando os estudos epidemiolgicos sobre a condio de sade bucal de

    pacientes idosos, buscando no somente a determinao da condio de

    sade bucal destes pacientes, mas tambm procederam uma anlise da

    metodologia empregada em tais estudos. Foram encontrados 29 artigos de

    1988 a 2002, indexados nas bases de dados BBO, LILACS e MEDLINE, e

    deles obtidas informaes quanto metodologia (faixa etria, tipo de amostra,

    forma de apresentao dos dados) e resultados apresentados (ndice CPO-D,

    percentual de dentes extrados, percentual de edntulos e uso e necessidade

    de prtese). Foi possvel a observao na disparidade de dados

    apresentados, e principalmente na metodologia aplicada a cada estudo, no

    ficando claros alguns dados da metodologia como seleo e

  • Reviso da literatura 12 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    representatividade da amostra, critrios aplicados em diferentes

    classificaes e terminologia. Primeiramente, foi possvel a constatao da

    condio de sade bucal precria destes pacientes, uma vez que os valores

    obtidos indicam um CPO-D de 26,8 a 31,0, com grande participao do

    componente "extrado(s)" (84%) e alto ndice de edntulos (68%). Outra

    concluso a que os autores chegaram que existe a necessidade de

    padronizao na elaborao, execuo, apresentao e anlise dos

    resultados de inquritos epidemiolgicos, possibilitando assim uma

    comparao mais adequada de dados.

    2.2 Importncia das alteraes e condies sistmicas e do exame clnico

    MARTINS et al.35, 1997, analisaram a prevalncia da hipertenso,

    segundo gnero e faixa etria, em grupos classificados segundo critrios

    scio-econmicos e caracterizou as prevalncias segundo o tipo de

    ocupao. A amostra foi formada por 1.041 indivduos de ambos os gneros,

    maiores de 20 anos, e correspondeu soma das amostras representativas de

    "reas de estudo", estabelecidas por critrios scio-econmicos e

    geogrficos. Foram definidos estratos sociais, obedecendo a um gradiente de

    nveis scio-econmicos, a partir do estrato I (alto) at o IV (baixo). Os padres

    de referncia utilizados para a definio da hipertenso foram os do Joint

    National Committee (JNC), 140/90 mmHg, e da Organizao Mundial da

    Sade (OMS), 160/95 mmHg. De acordo com os padres do JNC as

    prevalncias entre os homens foram as seguintes: estrato (I+II), 59,7%, estrato

    III, 50,1% e estrato IV, 65,5%. Para os padres da OMS, 47,2%, 38,8% e

    55,7%, respectivamente. Entre as mulheres, para os padres do JNC, os

    percentuais foram: no estrato (I+II), 40%, no estrato III, 56% e no estrato IV,

    55%, e pelos da OMS, 38%, 48% e 46%, respectivamente. As prevalncias

  • Reviso da literatura 13 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    entre os homens pertencentes populao economicamente ativa, quando

    classificados segundo tipo de ocupao, tiveram o seguinte comportamento:

    profissionais autnomos, formados por microempresrios, pequenos

    comerciantes e profissionais liberais apresentaram uma prevalncia entre

    59,9% (JNC) e 37,2%(OMS); operrios especializados e empregados em

    indstrias e oficinas, cerca de 48,2% (JNC) e 36,6% (OMS); os assalariados

    do setor de servios, 34,6% (JNC) e 13,7% (OMS); os autnomos-diaristas,

    trabalhadores no especializados e desempregados, e 58,6% (JNC) e 40,2%

    (OMS). Para as mulheres pertences populao economicamente ativa,

    segundo padres JNC e da OMS, respectivamente, obteve as seguintes

    prevalncias: 35,0 e 27,2%. Para as no pertencentes: 46,8 e 46,6%.

    Essas diferenas foram estatisticamente significantes em relao ao

    conjunto, para o padro JNC, e para o padro OMS. Os resultados contrariam

    a hiptese de que a mulher integrada ao mercado de trabalho torna-se mais

    exposta aos fatores de risco de doenas no transmissveis. Concluiu-se que

    nessa populao a hipertenso um grave problema de sade pblica, com

    importante determinao social e que tem peculiaridades prprias no que se

    refere aos homens e s mulheres.

    Aps reviso da literatura sobre diabetes, JOWETT; CABOT26, 1998,

    destacaram a importncia da ateno ao atendimento de pacientes diabticos

    sob tratamento base de insulina, pela ocorrncia de crises hipoglicmicas

    dos mesmos. Devido ao tratamento medicamentoso aplicado a estes

    pacientes, associado ao controle da dieta, estes pacientes esto sob maior

    controle dos nveis glicmicos, mas expostos a quadros recorrentes de

    hipoglicemia. Quando tais nveis caem abaixo do limite de normalidade, o

    paciente diabtico pode apresentar quadros hipoglicmicos de diferentes

    severidades, expressando-se de quatro formas: assintomtico, que ocorre de

    forma subclnica, em nvel bioqumico apenas; moderado, podendo ser tratado

    pelo prprio paciente; severo, com necessidade de assistncia mdica; muito

  • Reviso da literatura 14 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    severo, resultando em convulses ou coma. Reportam ainda que, num estudo

    envolvendo uma populao de pacientes diabticos, 10% sofreram coma em

    perodo inferior a 24 meses anteriores, e que de 2 a 3 % vieram a bito em

    conseqncia da crise hipoglicmica. Desta forma, o conhecimento acerca do

    diabetes e o reconhecimento de crises hipoglicmicas de suma importncia

    no somente ao paciente e familiares, mas principalmente para os

    profissionais da rea de sade, includo os cirurgies-dentistas, atualmente

    mais propensos a se depararem com um paciente nestas condies.

    Tambm em 1998, TRINDADE et al.67 avaliaram a prevalncia de

    hipertenso arterial sistmica na populao urbana da cidade de Passo

    Fundo, RS, por meio de estudo observacional, descritivo e transversal de base

    populacional de uma amostra aleatria significativa da populao em estudo.

    O critrio para hipertenso arterial sistmica foi 160/95mmHg e a mdia das

    ltimas trs aferies da presso arterial foi utilizada para a anlise de uma

    amostra composta por 206 indivduos. Houve correo dos nveis pressricos

    em relao ao dimetro do brao e a entrevista foi feita com questionrios

    padronizados. A prevalncia da hipertenso arterial sistmica foi de 21,9%

    utilizando o critrio de 160/95 mmHg somado aos pacientes normotensos em

    uso regular de medicao anti-hipertensiva. Dos 45 indivduos hipertensos,

    53,3% tomavam medicao anti-hipertensiva regularmente, sendo que 20%

    estavam com a presso arterial controlada. Da populao em estudo, 4,4%

    eram diabticos, 33,0% fumantes, 31,4% mulheres usando anticoncepcional

    oral, 2,9% abusando de lcool, 29,6% obesos. Foi encontrada associao

    significativa com a hipertenso arterial sistmica, em relao idade,

    obesidade e diabetes e no com referncia ao gnero, cor, abuso de lcool,

    fumo e uso de anticoncepcional oral. Concluram ento que a prevalncia da

    hipertenso arterial sistmica em Passo Fundo est dentro dos limites

    esperados para tal; no entanto, o grau de controle desta populao est em

    um nvel muito aqum do satisfatrio.

  • Reviso da literatura 15 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    Com o objetivo de descrever caractersticas de pacientes diabticos

    acompanhados em um posto de ateno primria sade, ARAJO et al.1,

    1999, realizaram estudo transversal, onde rastrearam 3.024 pronturios de

    famlia, em busca de pacientes com idade entre 30 e 75 anos, com

    diagnstico de diabetes, atendidos nos ltimos cinco anos. Os pacientes

    detectados foram entrevistados em seus domiclios, e compareceram ao

    posto para o exame fsico e requisio para dosagem da hemoglobina

    glicosilada. A prevalncia de diabetes foi de 4,2%. A maioria eram mulheres

    brancas, ao redor dos 50 anos de idade, com renda familiar mensal inferior a

    trs salrios-mnimos. Menos de um tero seguia dieta, apenas um quinto fazia

    exerccios regulares, cerca de 70% estavam em uso de hipoglicemiantes orais

    ou insulina e dos que fizeram o exame (adeso de 70%), a maioria apresentou

    nveis normais ou aceitveis de glicemia. Dessa forma concluram que maior

    esforo deve ser despendido pelas equipes de sade de forma a promover a

    adeso dos pacientes diabticos dieta e ao exerccio.

    Por meio de reviso de literatura, EMERY; GUTTENBERG11, 1999,

    focaram seu estudo na importncia do exame clnico na preveno de

    emergncias mdicas no consultrio odontolgico, e tambm nas condies e

    alteraes que potencializam a ocorrncia destas emergncias. Relatam que

    em uma amostra de 4309 de cirurgies-dentistas houve o relato de 30.602

    emergncias num perodo de dez anos, e que 38% destas aconteceram

    durante extraes dentrias. O nmero de pacientes que apresentam maior

    risco de situaes de emergncia tende a aumentar visto que a idade mdia

    dos pacientes em tratamento odontolgico tambm tende a apresentar

    elevao, e conseqentemente estes pacientes potencialmente apresentam

    mais alteraes de sade geral. Estudos demonstram que de 53 a 68% de

    todos os pacientes odontolgicos apresentam ao menos uma alterao

    mdica importante. Portanto uma anamnese elaborada com questes simples

  • Reviso da literatura 16 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    mas relevantes, associada a uma entrevista bem conduzida, nortearo o

    cirurgio-dentista quanto aos riscos que o paciente pode apresentar frente ao

    tratamento odontolgico. Igualmente importante, o exame fsico permitir uma

    aferio direta de dados sobre o quadro de sade geral do paciente,

    possibilitando assim a deteco de omisses, intencionais ou no, de dados

    pelo paciente. O exame fsico apresenta no somente o carter preventivo,

    mas de grande importncia na vigncia de uma emergncia mdica,

    situao na qual a aferio de sinais vitais torna-se imprescindvel para o

    restabelecimento ou manuteno da vida do paciente, at o momento em que

    o mesmo possa receber atendimento mdico apropriado. To importante

    quanto os meios de obteno de informaes, pela anamnese e exame fsico,

    a habilidade e capacidade do cirurgio-dentista em interpretar essas

    informaes, avaliando assim a relao risco-necessidade do procedimento a

    ser institudo, a necessidade de exames mais especficos para melhor

    avaliao da sade geral do paciente, a capacidade do paciente suportar o

    estresse psicolgico e fsico do tratamento odontolgico, a necessidade de

    haver preparao em relao a uma situao especfica ou risco em potencial.

    LEE; McWILLIANS; JANCHAR30, 1999, publicaram estudo sobre o

    atendimento odontolgico de gestantes, suas principais alteraes bucais

    durante o perodo gestacional e cuidados requeridos no atendimento destas

    pacientes. fato que a gestao, embora no seja uma condio patolgica,

    encerra uma srie de alteraes que exigem maiores cuidados tanto no

    atendimento e manuteno da sade bucal da prpria gestante, quanto na

    sade do feto. Devido uma srie de alteraes hormonais, a gestante pode

    apresentar patologias caractersticas, como por exemplo a gengivite

    gestacional ou o granuloma piognico. Contudo, deve ser esclarecido

    paciente que a mstica de se perder um dente por gestao no encontra

    embasamento cientfico. imperativo que se propicie uma condio de sade

    bucal satisfatria, bem como para quaisquer outros pacientes, no podendo

  • Reviso da literatura 17 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    ser menosprezadas as necessidades de atendimento quando houver

    indicao. Ressalta-se a importncia da determinao dos riscos do

    procedimento a ser institudo e a real necessidade de execuo do mesmo,

    sendo que prefervel evitar o tratamento destas pacientes quando no

    primeiro trimestre da gestao, devido ao teratognica de alguns

    medicamentos e ao risco de induo a aborto espontneo de outros, e no

    terceiro trimestre, devido a maior chance de hipotenso supina quando

    realizados procedimentos de longa durao. A gestante pode apresentar-se

    com hipertenso arterial, fato este de grande relevncia pois de 5 a 10% das

    gestantes apresentam esta alterao e ainda desta ser a principal causa de

    bitos maternos na gestao. A hipertenso pode ocorrer por expresso de

    duas entidades distintas durante a gestao: a hipertenso arterial crnica,

    presente desde antes da concepo; e a eclampsia, uma emergncia mdica

    importante que pode resultar ainda em acidente vascular cerebral

    hemorrgico, encefalopatia hipxica e tromboembolia. Assim, o cirurgio-

    dentista de ter conhecimento acerca destas possveis alteraes e riscos

    envolvidos no atendimento de gestantes.

    Sobre o exame clnico, SHAMPAINE62, 1999, afirmou que a partir

    dele que o cirurgio-dentista pode colher informaes para tomar as medidas

    preventivas s emergncias mdicas, instituindo quaisquer modificaes no

    plano de tratamento, e avaliar o impacto das situaes de estresse que,

    muitas vezes, desencadeiam as situaes de emergncia para o paciente.

    Embora tais situaes emergenciais no sejam freqentes na prtica

    odontolgica, um tero destas so potencialmente perigosas vida,

    justificando assim uma postura preventiva para minimizar as chances de

    ocorrncia. Alm disso, dados epidemiolgicos apontam para um aumento na

    freqncia de reaes adversas devido ao aumento da idade mdia da

    populao em geral e, por conseguinte, dos pacientes que se submetem ao

    tratamento odontolgico. Tal aumento nas ocorrncias tambm pode

  • Reviso da literatura 18 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    acontecer pelo aumento na complexidade e durao do atendimento. O maior

    risco que pacientes idosos apresentam deve-se ao fato de que com o passar

    dos anos acontece a degenerao de tecidos e sistemas orgnicos, como o

    decrscimo do fluxo sanguneo para o crebro e rins, decrscimo do fluxo

    cardaco, comprometimento do sistema imune. O uso de medicamentos e

    histrico de intervenes cirrgicas podem tambm oferecer maior risco

    quando o paciente necessitar de algum tipo de interveno. Conclui-se que um

    exame minucioso e sem negligncias quanto as informaes relativas ao

    quadro de sade geral, histria mdica e sinais vitais do paciente, fornecem

    informaes ao cirurgio-dentista para a preveno de emergncias mdicas

    durante atendimentos e o torna apto a identificar o risco que o tratamento

    odontolgico pode oferecer ao paciente, sendo assim um passo muito

    importante para a prtica segura da odontologia.

    MARZOLA36, 2000, relatou a importncia de se proceder um exame

    clnico minucioso previamente adoo de qualquer interveno para o

    paciente. Um exame bem conduzido permite ao cirurgio-dentista a

    identificao de alteraes de ordem local ou sistmica que possam incorrer

    em maior risco sade do paciente, podendo por vezes oferecer risco sade

    geral ou vida do paciente. Portanto, o exame fsico e a anamnese tornam-se

    imprescindveis, pois neste momento em que se pode identificar sinais e/ou

    sintomas de diversas alteraes ou condies, como diabetes,

    hipersensibilidade, hipertenso arterial, discrasias sangneas, gestao ou

    radioterapia, que podem se tornar contra-indicaes ao ato cirrgico. Ressalta

    ainda que estas contra-indicaes, devido ao avano dos mtodos

    diagnsticos, medicamentos e modalidades teraputicas, muitas vezes so

    relativas sendo assim passveis de adequao do quadro de sade do

    paciente para o recebimento do procedimento a ser realizado, ou ainda no

    influentes ao procedimento planejado desde que a alterao detectada seja

    avaliada e o atendimento autorizado pelo servio mdico competente.

  • Reviso da literatura 19 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    Para a determinao da prevalncia do uso de drogas entre

    adolescentes de escolas de segundo grau, com base em um delineamento

    transversal, foi realizado estudo em 1998, em Pelotas, RS, por TAVARES;

    BRIA; LIMA64, 2001. Um questionrio annimo, auto-aplicado em sala de

    aula, foi respondido por uma amostra proporcional de estudantes com idade

    entre 10 e 19 anos, matriculados no primeiro grau (a partir da 5 srie) e no

    segundo grau, em todas as escolas pblicas e particulares na zona urbana do

    municpio que tinham segundo grau. Foram entrevistados 2.410 estudantes e o

    ndice de perdas foi de 8%. As substncias mais consumidas, alguma vez na

    vida, foram lcool (86,8%), tabaco (41,0%), maconha (13,9%), solventes

    (11,6%), ansiolticos (8,0%), anfetamnicos (4,3%) e cocana (3,2%). Os

    meninos usaram mais do que as meninas maconha, solventes e cocana,

    enquanto elas usaram mais ansiolticos e anfetamnicos. Uso no ms, uso

    freqente, uso pesado e intoxicaes por lcool foram mais prevalentes entre

    os meninos. Aps controle para fatores de confuso, permaneceu positiva a

    associao entre uso de drogas e turno escolar noturno, maior nmero de

    faltas escola no ms anterior e maior nmero de reprovaes escolares. Esta

    associao no foi positiva apenas para o lcool e o tabaco. Contudo o "uso

    pesado" do tabaco superou o do lcool, e demonstrou tendncias de

    crescimento ou de estabilizao. Destaca-se tambm uma tendncia de

    equilbrio do uso pesado de tabaco entre os gneros, ao contrrio do

    observado anteriormente onde o predomnio era do gnero masculino.

    Concluiu-se que a prevalncia de experimentao de drogas em adolescentes

    escolares alta, alm de demonstrar que o uso do tabaco inferior somente

    ao do lcool.

    Segundo dados do Ministrio da Sade39, 2002, as doenas

    cardiovasculares so a principal causa de mortalidade no Brasil, com 27% dos

    registros de mortes, superando as doenas infecto-contagiosas. No existe

  • Reviso da literatura 20 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    uma causa nica para estas doenas, mas sim fatores de risco que aumentam

    a probabilidade de sua ocorrncia. Dentre estes fatores destacam-se a

    hipertenso arterial e o diabetes.

    A hipertenso arterial afeta de 11 a 20% da populao adulta acima

    dos 20 anos de idade, e definida como presso arterial sistlica igual ou

    maior que 140mm/Hg e/ou presso arterial diastlica igual ou maior que

    90mm/Hg em indivduos que no esto fazendo uso de medicao anti-

    hipertensiva, padres estes definidos durante III Consenso Nacional de

    Hipertenso Arterial. Ressalta-se a importncia da incluso de outros fatores,

    como concomitncia do diabetes, histrico familiar e doena renal, na

    determinao do risco de desenvolvimento de doenas cardiovasculares para

    os portadores de hipertenso arterial.

    O diabetes pode ser definido como uma sndrome de etiologia mltipla,

    decorrente da falta de insulina e/ou incapacidade da insulina exercer

    adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crnica,

    alterando o metabolismo normal de carboidratos, lipdeos e protenas.

    Acomete 12% da populao entre 30 e 39 anos de idade, e cerca de 46,5%

    dos indivduos desconhecem serem portadores da doena.

    TOMITA et al.65, 2002, ao avaliar as condies periodontais e sua

    relao com o diabetes na populao nipo-brasileira, examinaram 1.315

    indivduos do municpio de Bauru, SP, na faixa etria de 30 a 92 anos de

    idade, de ambos os gneros, da primeira (Isseis) e segunda (Nisseis)

    geraes. Os critrios de excluso da amostra foram o edentulismo total e a

    presena de seis sextantes nulos. O ndice periodontal comunitrio e o ndice

    de perda de insero periodontal foram obtidos mediante sondagem em dez

    dentes-ndice, em uma amostra de 831 indivduos. O diagnstico de diabetes

    foi estabelecido por meio da glicemia em jejum e de duas horas aps

    sobrecarga com 75 g de glicose. Quanto s condies periodontais, foram

    encontrados 25,5% de indivduos sadios, 12,5% com sangramento

  • Reviso da literatura 21 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    sondagem, 49,4% com presena de clculo, 10,4% com bolsas superficiais,

    2,2% com bolsas profundas. Apresentaram perdas de insero periodontal de

    0-3mm, 24,2% dos indivduos, de 4-5mm, 36,7%, de 6-8mm, 23,7%, de 9-

    11mm, 11,3% e de 12mm ou mais, 4,1%. A avaliao entre diabetes e

    condies periodontais no apresentou associao estatstica, embora os

    indivduos com diabetes tenham maiores percentuais de bolsas profundas e

    perdas de insero maiores que 6mm que os no diabticos. Concluram

    assim que abordagem epidemiolgica da condio periodontal e sua

    associao com doenas sistmicas, como o diabetes, pode oferecer

    importante contribuio para prevenir suas complicaes.

    MALCON; MENEZES; CHATKIN32, 2003, em estudo sobre tabagismo,

    buscando determinar sua prevalncia e fatores de risco em uma populao de

    jovens, determinaram por meio de estudo transversal aplicado a uma amostra

    de 1187 adolescentes de 10 a 19 anos residentes na cidade de Pelotas, RS,

    que a prevalncia do uso de tabaco para a populao estudada foi de 12,1%.

    Contudo a prevalncia para "fumo alguma vez na vida" foi superior, alcanando

    uma porcentagem de 26%. Em relao faixa etria do incio do uso do

    tabaco, 55% o fizeram entre 13 e 15 anos de idade, e 22,5% entre 7 e 12

    anos. Observaram tambm que a maioria fumava h mais de um ano, somente

    9,3% fumavam h menos de um ano, e 56% consumiam em mdia mais de

    cinco cigarros por dia. Foi possvel tambm a determinao de um perfil para

    o adolescentes com maior risco de se tornar um usurio de tabaco: baixa

    escolaridade, reprovou trs ou mais vezes na escola, possua trs amigos

    fumantes ou mais e possua pai, me e/ou irmos mais velhos fumantes.

    2.3 Dados relativos s exodontias

  • Reviso da literatura 22 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    Ainda que a odontologia atual busque a preveno de leses e a

    conservao e manuteno de cada dente, e ainda que tenham sido

    desenvolvidos novas tcnicas e materiais com esta finalidade, a exodontia

    continua sendo um procedimento amplamente praticado e necessrio em

    nosso pas. FERREIRA JNIOR12, 1997, em estudo que resgatou, alm de

    outras informaes, o nmero de pacientes atendidos e os procedimentos

    aplicados a estes pacientes no Servio de Urgncia Odontolgica da

    Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de So Paulo, constatou

    que foi realizado o atendimento de 30.918 pacientes no perodo de 1987 a

    1995. Estes atendimentos culminaram em 21.252 tratamentos, dos quais

    5.406 (17,48%) foram exodontias. Observou-se que este procedimento foi o

    segundo mais praticado, sendo superado apenas pelos 6.870 (22,22%) casos

    de abertura coronria.

    MARZOLA36, 2000, afirmou que a falta de um ou mais dentes diminui o

    poder de mastigao, altera a esttica facial e pode alterar a fisiologia da

    articulao temporomandibular, causando distrbios funcionais e psquicos ao

    indivduo. Dessa forma, uma exodontia no deve ser indicada sem que antes

    tenham sido esgotadas todas as possibilidades de manuteno do dente,

    objetivando sempre a sade do paciente.

    2.3.1 Causas determinantes de exodontias

    Segundo GREGORI21, 1996, algumas situaes tornam a extrao de

    um dente necessria, sendo elas: (1) dentes que, em virtude de processos

    patolgicos e/ou traumatismos, no podem ser mantidos por um tratamento

    conservador; (2) dentes que interferem com a reabilitao prottica de

    pacientes j mutilados pela perda de outros dentes; (3) dentes mal

    posicionados no arco dentrio (dentes ectpicos) que no possam ser

    recuperados por correo ortodntica; (4) dentes supranumerrios e dentes

  • Reviso da literatura 23 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    decduos no-esfoliados que de alguma forma no so incuos ao paciente;

    (5) dentes associados a patologias que venham receber tratamento mdico de

    ordem radical ou conservadora. O autor ressalta ainda que existem situaes

    clnicas que ocorrem independentemente da acentuada evoluo que a

    Odontologia vem apresentando em teraputica conservadora.

    De acordo com HADDAD et al.24, 1999, as principais causas

    determinantes para exodontia variam de acordo com a regio estudada.

    Embora a crie seja a principal em algumas reas, em outras a doena

    periodontal a causa mais prevalente. Contudo, estas so as duas principais

    causas apontadas pela maioria dos estudos.

    MARZOLA36, 2000, ao descrever as causas determinantes de

    exodontias, de modo mais abrangente, cita como causas as seguintes

    situaes:

    Dentes com foco de infeco sem possibilidade de tratamento endodntico,

    sendo a apicoplastia contra-indicada

    Indicao bastante reservada, tendo em vista os avanos nas tcnicas

    endodnticas e cirurgias periodontais, e a necessidade da associao de

    condies que impeam a realizao de ambos;

    Dentes decduos que retardam o irrompimento do permanente

    Esta situao pode levar ao irrompimento do dente permanente fora da

    sua posio normal, sendo ento uma indicao profiltica das ms ocluses;

    Periodontopatias avanadas

    Quando for observada reabsoro ssea alveolar muito acentuada

    (mais de um tero em relao raiz do dente), sendo necessrias observao

    e avaliao criteriosas, clnica e radiograficamente;

    Razes protticas

  • Reviso da literatura 24 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    Quando aps a perda de vrios dentes, as condies bucais no

    satisfaam os requisitos necessrios para a instalao de pea prottica,

    principalmente quando das prteses parciais removveis;

    Dentes no restaurveis

    Quando o dente apresentar leso de tal extenso que torne impraticvel

    qualquer forma de restaurao;

    Dentes retidos

    Quando for observado dente que no ir irromper, quando no houver

    espao, bem como quando estiverem provocando acidentes nervosos,

    mecnicos, mucosos ou neoplsicos;

    Dentes retidos e impactados

    Pela situao incorreta no arco dentrio, o dente ir exercer ao

    mecnica sobre os dentes vizinhos, podendo levar a reabsoro de suas

    razes;

    Dentes supranumerrios

    Por influrem na articulao normal, causando m-ocluso ou mesmo

    reteno de determinados dentes;

    Razes ortodnticas

    indicada a extrao de um ou mais dentes quando a ortodontia

    necessita criar espao para corrigir uma m-ocluso ou evitar seu

    aparecimento;

    Dentes com razes fraturadas

    Quando houver fratura da raiz do dente em pores mdia ou apical, a

    linha de fratura pode levar a instalao de processo infeccioso, sendo indicada

    a exodontia aps constatao de impossibilidade do tratamento endodntico;

    Razes residuais

    Dentes includos em neoplasias benignas

    Devem ser extrados dentes contidos no interior da neoplasia, ou

    mesmo aqueles adjacentes que estejam em rea que deva ser removida para

    o tratamento adequado da leso;

  • Reviso da literatura 25 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    Dentes relacionados com infeces do seio maxilar

    Indicada a exodontia para a remoo do foco de infeco primrio,

    quando se tornar invivel outra teraputica para tal dente;

    Dentes que traumatizam tecidos moles

    Indicada quando no houver possibilidade de impedimento do trauma

    causado por este dente aos tecidos moles adjacentes;

    Dentes localizados em regies que sofrero radioterapia

    Nestes casos necessria uma avaliao bastante criteriosa quanto s

    condies que o dente apresentar a longo prazo, devido s alteraes que

    estaro presentes aps iniciada a radioterapia (diminuio da irrigao

    sangunea - aumentando o risco de osteorradionecrose - e da salivao -

    aumentando o risco de crie).

    2.3.2 Dados epidemiolgicos relativos s exodontias

    ECKERBON; MAGNUSSON; MARTINSSON10, 1992, constataram que

    estudos longitudinais sobre a perda dentria so raros, mas as razes para a

    perda dentria tm sido estudadas por muitos autores. Realizaram estudo que

    descreveu as causas e a incidncia de perdas dentrias de uma populao

    previamente descrita de 200 pacientes, em duas ocasies, com um intervalo

    de 5 a 7 anos, e observou-se que as causas de extraes estavam

    relacionadas a prteses ou problemas endodnticos. Foi observado que 197

    dentes (4%) dos 4889 registrados no primeiro exame foram extrados durante

    este intervalo. Dos dentes extrados, 65 (33%) eram endodonticamente

    tratados, e destes, 44 (68%) apresentavam um ou mais condutos preenchidos

    at 2mm ou mais do pice e 29 (43%) foram considerados insatisfatoriamente

    obturados. Em 93 dos 197 dentes extrados foi possvel determinar a causa da

    exodontia a partir da ficha do paciente. Concluiu-se que a perda dentria foi

    igualmente distribuda nas faixas etrias e que molares e pr-molares foram

    mais extrados que dentes anteriores. Dentes tratados endodonticamente so

  • Reviso da literatura 26 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    mais comumente perdidos que os demais e o tratamento insatisfatrio

    aumenta o risco de necessidade de exodontia, enquanto dentes portadores de

    coroas no apresentam aumento deste risco. Finalmente, a crie foi a principal

    causa de exodontia.

    REICH; HILLER55, 1993, colheram informaes sobre as principais

    causas de perda dentria nos estados do oeste da Alemanha de acordo com

    cirurgies-dentistas generalistas de clnicas particulares. Dos 80 cirurgies-

    dentistas selecionados aleatoriamente da regio de interesse, 68 enviaram

    informaes relativas a extraes de dentes permanentes realizadas em duas

    semanas de atendimento, num total mximo de 20 pacientes por cirurgio-

    dentista. Foram avaliados 882 questionrios, de 926 retornados, com

    informaes das extraes de 1215 dentes. A distribuio das freqncias de

    causas determinantes para exodontias foi: cries 20,7%; doena periodontal

    27,3%; combinao de crie e doena periodontal 18,7%; terceiros molares

    14,7%; razes protticas 11,2%; razes ortodnticas 4,1%; traumatismos

    0,4%; e outras causas 2,9%. Enquanto a crie foi a causa mais freqente em

    todos os outros grupos, a doena periodontal e a combinao de ambas foram

    mais freqentes nos grupos acima dos 40 e 45 anos, respectivamente. O

    dente mais freqentemente extrado foi o terceiro molar. Os pacientes foram

    questionados quanto ao motivo da extrao e a principal razo foi a dor

    (47,2%).

    Em estudo de MORITA42, 1994, envolvendo cirurgies-dentistas

    japoneses que anotaram as causas de cada extrao de dente permanente

    realizada durante uma semana em cada uma das quatro estaes do ano,

    foram relatadas as causas determinantes de um total de 11175 dentes

    extrados. As causas foram divididas em seis grupos: crie, doena

    periodontal, problemas de erupo, trauma, razes ortodnticas e outras

    causas. A crie foi a causa mais comum (55,4%), seguida pela doena

  • Reviso da literatura 27 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    periodontal (38%). As mulheres perderam mais dentes por crie que os

    homens. Nas faixas etrias acima dos 15 anos, a crie tambm foi a principal

    causa de exodontia. As razes periodontais foram a principal causa somente

    para o gnero masculino entre 46 e 65 anos de idade. Os dentes anteriores,

    principalmente inferiores, foram os mais submetidos a exodontia em

    conseqncia de doena periodontal. Os dentes superiores posteriores foram

    extrados por crie tanto quanto por doena periodontal para o gnero

    masculino, enquanto para o gnero feminino a crie foi a causa mais

    freqente.

    GUIMARES; MARCOS22, 1995, realizaram estudo que envolveu

    indivduos de 11 a 70 anos de idade, onde 357 pacientes foram examinados e

    classificados como pertencentes classe social alta ou baixa. Aps exame

    clnico, foram determinadas as causas que indicavam a necessidade de

    exodontia. A crie foi a principal causa com 42%, seguida pela doena

    periodontal e indicao prottica com 26% e 25%, respectivamente, e com as

    demais causas (indicao ortodntica, erupo, traumatismo, e outras causas)

    totalizando 7%. No entanto, quando foram levadas em conta as diferenas

    entre os dois grupos de classes sociais, pode-se observar a seguinte situao

    para a distribuio das causas na classe alta: crie, 10,8%; doena

    periodontal, 36,7%; indicao prottica, 1,3%; outras causas, 51,3%. Para a

    classe baixa a distribuio das causas expressou-se da seguinte maneira:

    crie, 45,2%; doena periodontal, 24,6%; indicao prottica, 28,3%; outras

    causas, 1,9%. Reforando a diferena no padro de perda dentria nas

    classes sociais, a crie e a doena periodontal foram responsveis por menos

    da metade do total de indicaes na classe alta, com 47,5% das indicaes,

    enquanto na classe baixa foi responsvel por 69,8%. Ao analisar as diferenas

    entre as faixas etrias nos dois grupos, de 11-40 anos de idade houve

    diferena no padro de perda dentria uma vez que na classe alta 93% das

    indicaes foram por outras causas e a crie por somente 7%. J na classe

  • Reviso da literatura 28 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    baixa, a principal causa foi a crie, responsvel por 52,4% das indicaes.

    Acima dos 40 anos de idade a principal indicao para ambas as classes foi

    a doena periodontal. Concluram ento que a distribuio da perda dentria

    relacionada com as causa biolgicas est fortemente influenciada pela

    condio scio-econmica.

    Posteriormente, GUIMARES; MARCOS23, 1996, determinaram os

    dentes potencialmente perdidos (DPP) destes pacientes, pela soma dos

    dentes extrados e dentes com indicao para extrao. Observou-se que na

    classe alta os DPP at os 40 anos de 4 e o nmero dobra acima desta

    idade. Na classe baixa h uma mudana no padro uma vez que h o aumento

    contnuo do DPP at 40 anos, estabilizando-se a partir desta idade. A

    comparao entre as duas classes demonstra que o DPP para a classe baixa

    (15,29) 2,5 vezes maior que para a classe alta (6,14). A anlise de

    regresso linear revelou que aos dois anos de vida j existe um dente

    potencialmente perdido na classe baixa, e aos 20 anos 1/3 da dentio est

    potencialmente perdida, ficando as pessoas potencialmente desdentadas aos

    60 anos. Para a classe alta, apenas aos 15 anos h a projeo de 1 DPP, 1/3

    da dentio perdida aos 43 anos e aos 60 anos, 14 DPP. Deste modo,

    concluram que a projeo da perda dentria na classe baixa extremamente

    mais grave que na classe alta.

    Em levantamento realizado por ONG; YEO; BHOLE48, 1996,

    determinaram-se as causas de exodontia de dentes permanentes em uma

    populao de Cingapura. Os dados foram obtidos de 52 cirurgies-dentistas

    generalistas durante um perodo de 12 meses. Foram obtidos dados de 1276

    pacientes, dos quais foram extrados 272 dentes. Deste grupo de pacientes as

    porcentagens de dentes extrados em conseqncia de crie e de doena

    periodontal foram semelhantes, sendo 35,8% e 35,4% respectivamente. Houve

    um aumento de dentes extrados por doena periodontal com o aumento da

  • Reviso da literatura 29 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    idade. Em pacientes acima dos 40 anos de idade um total de 76% dos dentes

    perdidos foram por razes periodontais. No entanto, observou-se o contrrio

    em relao crie. Dentes posteriores foram mais freqentemente extrados

    em relao aos anteriores. Terceiros molares somaram 24,7% dos dentes

    extrados enquanto os incisivos centrais apenas 8% de todas as exodontias.

    Molares foram os dentes mais extrados em conseqncia de cries e os

    dentes inferiores anteriores os mais extrados por razes periodontais. Este

    estudo no demonstrou uma causa predominante para exodontia, pois crie e

    doena periodontal foram causas equivalentes na determinao de

    exodontias.

    O estudo realizado por MURRAY; CLARKE; LOCKER43, 1997,

    envolvendo 165 cirurgies-dentistas generalistas, forneceu informaes sobre

    6134 pacientes atendidos durante uma semana, em clnicas particulares em

    Ontrio, Canad. Destes pacientes 11,6% tiveram um ou mais dentes

    permanentes extrados. Razes periodontais foram a causa de 35,9% destas

    extraes e a crie de 28,9%. Em relao ao tipo de dente, o terceiro molar foi

    o dente mais extrado. Porm, houve diferena do tipo de dente extrado entre

    a faixas etrias. Os dentes posteriores foram mais freqentemente extrados

    nos jovens, enquanto os anteriores o foram nos mais idosos. Houve tambm

    diferenas quanto causa da extrao segundo o tipo de dente. A comparao

    dos resultados deste estudo com os de um estudo similar realizado na

    Esccia sugerem que a idade e o tipo de dente no foram relevantes para o

    excesso de extraes por doena periodontal nesta populao canadense.

    Diferenas entre padres e atitudes dos cirurgies-dentistas talvez tenham

    sido fatores contribuintes.

    Segundo ONG47, 1998, dados epidemiolgicos recentes demonstram

    uma tendncia do aumento de perdas dentrias em conseqncia de

    problemas periodontais comparada crie. Foram feitas as seguintes

  • Reviso da literatura 30 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    observaes em relao doena periodontal e perda dentria no estudo

    realizado pelo autor. A presena de perda de aderncia inicial, reabsores

    alveolares e o tabagismo aumentam significativamente o risco de perda

    dentria. Existe uma forte correlao entre tabagismo, severidade da doena

    periodontal e perda dentria. Estudos populacionais transversais apontam os

    dentes anteriores inferiores como os mais freqentemente extrados por

    razes periodontais, seguidos pelos anteriores superiores e segundos

    molares superiores. No entanto, em estudos longitudinais, os molares so

    extrados com mais freqncia. As causas periodontais que mais comumente

    levam exodontia so mobilidade acentuada e leso de furca. A cirurgia

    periodontal no aumentou a preservao de dentes em grupos de alto risco.

    Em concluso, a perda dentria por causas periodontais est associada com

    a perda do ligamento periodontal, e grupos de risco com periodontite

    avanada contribuem para uma grande perda dentria em uma minoria da

    populao.

    Com o objetivo de determinar o perfil scio-econmico de pacientes

    adultos submetidos exodontia na clnica de graduao da Faculdade de

    Odontologia de Piracicaba, UNICAMP, bem como as causas determinantes

    de exodontia, suas prevalncias e presena de histrico alterao sistmica

    dos pacientes, MOREIRA et al.41, 1998, realizaram estudo envolvendo 80

    pacientes. Destes pacientes 31% eram do gnero masculino e 69% do

    feminino, e a distribuio segundo faixas etrias foi de 21,13% para paciente

    abaixo dos 20 anos, 19,72% de 20 a 30 anos, 26,76% entre 30 e 40 anos,

    14,08% de 40 a 50 anos, 11,27% de 50 a 60, 5,63% de 60 a 70 anos e 1,14%

    acima de 70 anos, com idade mdia de 34 anos. Foram realizadas as

    extraes de 115 dentes e, aps determinadas as causas destas exodontias,

    onde no foram consideradas no estudo as extraes de dentes decduos,

    terceiros molares ou qualquer dente no irrompido, a crie foi a causa de 68%

    das exodontias, doena periodontal de 14%, razes protticas 6%, razes

  • Reviso da literatura 31 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    ortodnticas 4% e outras causas 8%. Constataram que 83% dos pacientes

    atendidos no apresentavam doena sistmica, e 17% eram portadores de ao

    menos uma alterao de sade. Dos pacientes portadores de alterao

    sistmica cinco apresentavam hipertenso arterial, dois apresentavam

    cardiopatia, dois diabetes, dois bronquite, um anemia, um hipotenso arterial

    e um apresentava reumatismo.

    GABRE; MARTINSSON; GAHNBERG15, 1999, tiveram como objetivo

    investigar as causas e a incidncia da perda dentria num perodo de dez

    anos em uma populao de deficientes mentais adultos que recebiam

    atendimento odontolgico regularmente. O nmero de dentes de 115

    indivduos, com idade mdia, em 1984, de 41 anos e variao de 19 a 83

    anos, foi registrado em 1984 e 1994. As causas de perdas dentrias,

    utilizao de medicamentos, freqncia de consultas odontolgicas e

    cooperao durante o tratamento dentrio foram anotadas e relacionadas com

    a perda dentria. A mdia de perda dentria durante o perodo foi de 3,72, e a

    mdia de consultas para exame odontolgico foi de 6,6 por ano. A maioria dos

    428 dentes extrados teve indicao de exodontia em conseqncia de

    doena periodontal (58%). Observaram tambm que os cuidados

    odontolgicos oferecidos no foram suficientes para controlar doenas bucais.

    Os dados indicaram que a conquista da cooperao durante o atendimento

    odontolgico no apenas torna este atendimento possvel, mas tambm

    permite a diminuio de perdas dentrias.

    O estudo de GILBERT et al.17, 1999, teve por objetivos descrever a

    incidncia de perda dentria em uma amostra de adultos durante um perodo

    de 24 meses, e correlacionar fatores clnicos, comportamentais e scio-

    demogrficos perda dentria. Foi realizado um estudo longitudinal, onde

    foram examinados pacientes que possuam ao menos um dente na boca, 45

    anos de idade ou mais e residiam no norte da Flrida. Foi realizada uma

  • Reviso da literatura 32 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    entrevista e um exame clnico ao incio do estudo e 24 meses aps, com

    consultas por telefone a cada seis meses do incio do estudo. Uma regresso

    linear geral hierrquica de dois nveis foi usada para quantificar os fatores

    dentrios especficos e nvel pessoal simultaneamente. Das 739 pessoas que

    foram atendidas e examinadas nos 24 meses, 24% perderam um ou mais

    dentes. A perda dentria foi mais comum em pessoas com doenas dentrias

    no exame inicial, sinais e sintomas dentrios incidentais, com atitudes

    negativas com relao aos cuidados e sade dentrios, com recursos

    financeiros limitados, idosos, negros, do gnero feminino, e que procuravam

    tratamento odontolgico quando havia problema. Contudo a presena de

    doenas dentrias ao exame inicial foi o fator mais associado perda

    dentria. No houve fator predominante na determinao de extraes

    dentrias. Aparentemente a perda dentria o resultado de uma complexa

    interao entre doena dentria, sinais e sintomas dentrios incidentais,

    tendncia de procura atendimento odontolgico em resposta de algum

    problema especfico presente, atitudes em relao aos dentes e capacidade

    de dispor de alternativas de atendimento no extracionista.

    WORTHINGTON; CLARKSON; DAVIES70, 1999, realizaram estudo

    prospectivo com a finalidade de descrever a incidncia de extraes dentrias

    em um grupo de adultos atendidos regularmente e avaliar os fatores

    predictivos na perda dentria. Foram obtidos dados clnicos iniciais e anuais

    de 23 cirurgies-dentistas, sobre um grupo de seus pacientes adultos

    regularmente atendidos, durante um perodo de cinco anos. Os pacientes

    responderam um questionrio onde havia dados sobre a sade bucal relativos

    a comportamento, atitude e conhecimento, e fatores sociais. Foram obtidos

    dados sobre 2799 pacientes. Destes, 470 (17%) submeteram-se a

    exodontias, das quais 72% foram de dentes posteriores. A maioria das

    extraes teve como causa a crie (79%). Houve diferena estatisticamente

    significante entre aqueles pacientes que se submeteram a exodontias e os que

  • Reviso da literatura 33 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    no se submeteram, a respeito de variveis clnicas, sociais e

    comportamentais. O modelo de regresso logstica inclua trs variveis

    clnicas: nmero de dentes, prteses e stios de recesso. Outras variveis no

    modelo final incluam o prognstico do cirurgio-dentista e do paciente quanto

    necessidade de tratamento, presena de sensibilidade dentria, hbito de

    ingesto de acar, morar s e tabagismo. Este estudo demonstrou no s a

    importncia de fatores clnicos, mas como de outros fatores no prognstico de

    quem ir submeter-se a exodontias.

    NICHOLLS45, 2000, determinou a incidncia de doena periodontal na

    clnica odontolgica generalista particular e avaliou a efetividade do tratamento

    na preveno da perda dentria, durante um perodo de 12 anos. Durante um

    perodo de seis meses, de fevereiro a agosto de 1997, foram colhidos dados

    de pacientes que foram examinados de setembro de 1985 a setembro de

    1986, em uma clnica generalista particular de Bournemouth. Os dados

    referiam-se ao nmero de dentes presentes no incio do perodo pesquisado,

    aqueles que possuam profundidade de sondagem entre 5 e 6 mm, e aqueles

    que possuam profundidades superiores a 7mm. Quando algum destes dentes

    era extrado, a data da extrao foi anotada. Durante o perodo do estudo os

    pacientes receberam tratamento odontolgico convencional. No incio do

    tratamento, 13% dos 157 pacientes envolvidos no estudo apresentavam

    problemas periodontais. Foram anotados 3.778 dentes no incio do

    tratamento, e aps tratamento convencional foram extrados apenas 151

    dentes (4%).Concluiu-se que a doena periodontal afeta um pequeno nmero

    de pacientes da clnica odontolgica generalista, e os pacientes afetados

    respondem bem terapia convencional resultando em poucas perdas

    dentrias durante o perodo estudado.

    Em estudo realizado por BRENNAN; SPENCER; SZUSTER7, 2001, o

    objetivo foi avaliar a associao de exodontias com os diagnsticos de crie,

  • Reviso da literatura 34 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    infeco pulpar ou periapical e doena periodontal, de acordo com o tipo de

    atendimento e idade. Os dados foram colhidos por meio de questionrios

    aplicados aos pacientes atendidos em um dia comum de funcionamento do

    consultrio particular de cirurgies-dentistas generalistas da Austrlia,

    aleatoriamente convidados a participar da pesquisa. Foram colhidos dados de

    8154 pacientes dos quais 7,05% foram submetidos a exodontias. As

    principais causas de exodontia foram a doena periodontal (17,45%) e a crie

    (7,90%). A probabilidade de extrao foi maior em atendimentos de urgncia

    que em tratamentos de rotina. Em relao idade, as maiores probabilidades

    de exodontia, correlacionando a causa idade, foi a crie para indivduos de

    18 a 44 anos de idade, infeco pulpar ou periapical para todas as idades e a

    doena periodontal para indivduos acima dos 45 anos de idade. Houve

    diferena estatisticamente significante para as causas especficas de

    exodontia por idade. Embora as conseqncias tenham sido maiores para a

    infeco pulpar ou periapical, a maior causa de exodontia continua sendo a

    crie pela sua maior prevalncia.

    2.3.3 Dados relativos aos terceiros molares

    Em estudo publicado por BISHARA6, 1999, foi discutida a influncia dos

    terceiros molares inferiores no apinhamento dentrio dos dentes anteriores

    inferiores, fatores influentes na impaco dos terceiros molares e condutas

    quanto indicao de exodontia destes dentes, por meio de reviso de

    literatura.

    Em relao ao apinhamento dos dentes incisivos inferiores, o autor

    apresentou uma srie de artigos que no apresentaram indcios da

    associao entre a presena de terceiros molares inferiores em oposio a

    dois artigos que assim afirmavam. Citou tambm artigos onde o objetivo era

    avaliar a influncia da exodontia de terceiros molares no apinhamento dos

    incisivos inferiores, e sugeriu que no h evidncias de que este procedimento

  • Reviso da literatura 35 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    seja eficiente para tal objetivo. Desta maneira, o autor concluiu que os

    terceiros molares no desempenham papel importante no apinhamento

    anterior inferior.

    Sobre a impaco dos terceiros molares, apresentou estudos que

    apontam para vrios fatores morfolgicos, como direo vertical de

    crescimento condilar, comprimento mandibular, erupo retrodirecionada da

    dentio inferior, maturao tardia dos terceiros molares, que podem

    determinar a impaco destes dentes. Destacou tambm que os meios

    empregados na tentativa de predico de irrompimento ou impaco de

    terceiros molares no so suficientemente confiveis, seja por meio de

    medidas de pontos de referncia ou por meio da inclinao dos terceiros

    molares. O conjunto dos argumentos encontrados, em associao com o

    determinado nas conferncias do Instituto Nacional de Pesquisas

    Odontolgicas e da Associao Americana de Cirurgia Bucomaxilofacial,

    levaram ao consenso dos seguintes pontos: no h justificativa na indicao

    de exodontia com a finalidade de evitar ou minimizar o apinhamento anterior

    inferior; quando a terapia ortodntica exigir movimentao posterior de

    segundos ou primeiros molares justificada a indicao de exodontia dos

    terceiros molares; no h evidncias de que os terceiros molares sejam

    necessrios para o correto desenvolvimento das bases sseas da mandbula

    e da maxila; a exodontia, quando indicada, deve ser realizada

    preferencialmente em pacientes jovens, sem contudo justificar a remoo de

    germes dentrios em crianas pela impreciso dos meios de estimativa de

    erupo empregados; os pacientes devem ser informados dos risco inerentes

    ao procedimento cirrgico quando este se fizer necessrio.

    Para os terceiros molares assintomticos impactados e/ou mal

    posicionados, consenso de que os mesmo apresentam-se em condies

    anormais e por isso sua extrao justificada. Em estudo realizado com a

    finalidade de determinar as causas de indicao de terceiros molares, foram

    colhidos dados de 870 pacientes tratados em 23 clnicas da Sucia. As

  • Reviso da literatura 36 ___________________________________________________________________________________________

    _________

    razes apontadas para exodontia de terceiros molares inferiores foram:

    profiltica (27%), pericoronarite precoce (25%), cries e pulpites (25%),

    ortodnticas (14%), cistos, tumores e reabsores radiculares (3%) e outras

    razes (18%). Os dados obtidos indicam que 54% dos dentes eram

    assintomticos.

    GODFREY18, 1999, realizou estudo por meio de reviso bibliogrfica

    sobre a remoo profiltica de terceiros molares assintomticos. Aps anlise

    de informaes sob embasamento de argumentos clnicos de diferentes reas

    da odontologia (cirurgia e traumatologia, periodontia e ortodontia) o autor

    concluiu que, embora tal discusso no aparente estar prxima de um

    consenso, os terceiros molares so susceptveis ao desenvolvimento de

    patologia quando deixados in situ, e que quando a avaliao clnica culminar

    em prognstico incerto acerca da remoo ou permanncia prefervel optar

    pela primeira, preferivelmente durante a adolescncia. Ressaltou ainda que o

    paciente deve ser esclarecido quanto posio de seus terceiros molares,

    bem como sobre o prognstico de erupo e posicionamento futuro dos

    mesmo.

    Ainda em 1999, YAMAOKA et al.71 publicaram estudo com o objetivo

    de investigar a associao entre presena de terceiros molares impactados

    ou em erupo, idade e ocorrncia de reabsoro em segundos molares.

    Foram examin