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MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES, SOCIAL E DO TRABALHO Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um estudo de caso Ana Catarina Lameirão Oliveira Macedo M 2020

Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

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MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES, SOCIAL E DO TRABALHO

Personalidade dos líderes e Cultura

organizacional: Um estudo de caso

Ana Catarina Lameirão Oliveira Macedo

M

2020

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PERSONALIDADE DOS LÍDERES E CULTURA ORGANIZACIONAL: UM

ESTUDO DE CASO

Ana Catarina Lameirão Oliveira Macedo

Dezembro 2020

Dissertação apresentada na Faculdade de Psicologia

e Ciências da Educação da Universidade do Porto

para obtenção do grau de Mestre em Psicologia das

Organizações, Social e do Trabalho, sob orientação

do Professor Doutor António Abel Pires (FPCEUP).

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AVISOS LEGAIS

O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as interpretações

do autor no momento da sua entrega. Esta dissertação pode conter incorreções, tanto

conceptuais como metodológicas, que podem ter sido identificadas em momento posterior

ao da sua entrega. Por conseguinte, qualquer utilização dos seus conteúdos deve ser

exercida com cautela.

Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu

próprio trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes

utilizadas, encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e identificadas

na secção de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na presente dissertação

quaisquer conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de propriedade

industrial.

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Para o meu avô, porque onde quer que

ele esteja, sei que está a olhar por mim.

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Agradecimentos

Gostaria aqui de demonstrar todo o meu franco agradecimento e apreço por todos

aqueles que estiveram envolvidos, e de alguma forma estiveram presentes, nesta minha

caminhada, tendo interferido neste meu percurso:

Ao Professor Doutor António Abel Pires, por ter sido um ótimo orientador, por me

ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta

fase final.

À empresa, colaboradores, chefias intermédias e CEO, por terem contribuído para

que esta investigação fosse possível. Porque mesmo tendo despendido algum tempo, toda a

ajuda foi preciosa para que isto pudesse acontecer.

Ao meu namorado, por ser o meu porto seguro, por estar presente em todos os

momentos que eu precisava, por nunca ter duvidado que eu conseguia e, acima de tudo por

me transmitir a força necessária para eu realizar esta jornada.

Aos meus pais, por permitirem a realização de toda esta caminhada, por ser uma

vitória tanto minha como deles, e, acima de tudo, pelo apoio incondicional na realização

dos meus sonhos.

Aos meus amigos, Ana, Bruna, Magda, Tiago e Vítor, por me terem ensinado a

partilhar vitórias e a vivê-las acompanhada, por me mostrarem o lado bom do

companheirismo, da alegria e da festa, e acima de tudo porque uma caminhada académica

nunca se faz sozinha.

A todos vocês, o meu Muito Obrigada!

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Resumo

A liderança não existe sem a cultura organizacional, sendo que a cultura se encontra

consolidada na personalidade e nos valores dos líderes das organizações. Contudo,

verifica-se a existência de pouquíssima matéria sobre as características dos líderes e a

relação com a cultura organizacional. Esta relação revela-se essencial para a compreensão

do comportamento organizacional.

O presente estudo visa abordar os conceitos de cultura organizacional e

personalidade, tendo como objetivos a caracterização descritiva da cultura organizacional

da empresa, e posterior relação com os traços de personalidade do CEO; a exploração do

comportamento de duas variáveis com os tipos de cultura organizacional; e o estudo dos

traços das chefias intermédias em relação aos tipos de cultura. Deste modo, para assegurar

estes objetivos, realizou-se um estudo de caso numa empresa do ramo das Engenharias,

tendo uma amostra de 26 participantes, que inclui o CEO, seis chefias intermédias e 19

funcionários. A recolha dos dados foi realizada com recurso a um questionário

sociodemográfico, ao Inventário de Personalidade NEO-Revisto (NEO-PI-R) e ao OCAI.

Os resultados demonstram a importância dos traços de personalidade do CEO na

cultura organizacional, uma vez que estes estão de acordo com a cultura apresentada na

empresa e, ressalvam a importância das chefias intermédias para a gestão da cultura

organizacional e o papel que a formação académica tem na preferência pelos tipos de

cultura apresentados nas organizações.

Palavras-chave: cultura organizacional, personalidade, liderança, CEO, chefias

intermédias, formação académica

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Abstract

Leadership does not exist without organizational culture, due to the culture being

consolidated in the personality and values of the leaders of each organization. However,

there is very little information about the characteristics of leaders and its relationship with

organizational culture. This relationship proves to be essential for understanding

organizational behavior.

The present study aims to address the concepts of organizational culture and

personality, setting as goals the descriptive characterization of the company’s

organizational culture, and its relationship with the personality traits of the CEO; the

exploration of the behavior of two variables in regard to the types of organizational culture;

and the study of the characteristics of the intermediate leaders in relation to the types of

culture. Thus, to accomplish these objectives, a case study was carried out in a company in

the field of Engineering, with a sample of 26 participants, which includes the CEO, six

intermediate leaders and 19 employees. The collection of data was achieved by using a

sociodemographic questionnaire, the NEO-Revised Personality Inventory (NEO-PI-R) and

OCAI.

The results demonstrate the importance of the CEO’s personality traits in the

organizational culture, since these are in accordance with the company’s existing culture,

and emphasize the importance of intermediate leaders for the management of the

organizational culture and the role that academic training has in the preference for the

types of culture presented in organizations.

Keywords: Organizational culture, personality, leadership, CEO, intermediate leaders,

academic training

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Résumé

Le leadership n'existe pas sans la culture organisationnelle, et la culture est

consolidée dans la personnalité et les valeurs des dirigeants des organisations. Cependant,

il existe très peu d'informations sur les caractéristiques des dirigeants et la relation avec la

culture organisationnelle. Cette relation s'avère essentielle pour comprendre le

comportement organisationnel.

Cette étude vise à aborder les concepts de culture organisationnelle et de

personnalité, ayant pour objectifs la caractérisation descriptive de la culture

organisationnelle de l'entreprise, et plus tard la relation avec les traits de personnalité du

PDG; explorer le comportement de deux variables avec les types de culture

organisationnelle; et l'étude des caractéristiques des cadres intermédiaires par rapport aux

types de culture. Ainsi, pour assurer ces objectifs, une étude de cas a été réalisée dans une

entreprise du domaine de l'Ingénierie, auprès d'un échantillon de 26 participants, qui

comprend le PDG, six cadres intermédiaires et 19 employés. La collecte des données a été

réalisée à l'aide d'un questionnaire sociodémographique, le NEO-Revised Personality

Inventory (NEO-PI-R) et l'OCAI.

Les résultats démontrent l'importance des traits de personnalité du PDG dans la

culture organisationnelle, puisqu'ils sont en accord avec la culture présentée dans

l'entreprise et, ils soulignent l'importance des cadres intermédiaires pour la gestion de la

culture organisationnelle et le rôle de la formation académique dans la préférence des types

de culture présentés dans les organisations.

Mots clés: culture organisationnelle, personnalité, leadership, PDG, cadres intermédiaires,

formation académique

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Índice de conteúdo

Introdução ............................................................................................................................ 1

Capítulo I. Enquadramento Teórico .................................................................................. 3

1. Cultura organizacional ............................................................................................ 3

1.1 Modelo dos Valores Contrastantes ...................................................................... 5

1.2 Criação de Cultura organizacional ...................................................................... 8

1.3 Relação da formação académica e antiguidade na organização com os tipos de

cultura organizacional .................................................................................................... 9

2. Personalidade .......................................................................................................... 11

2.1 Modelo Big Five..................................................................................................... 11

2.2 Relação entre a Personalidade do CEO e Cultura organizacional .......................... 13

3. Liderança ................................................................................................................. 16

3.1 Abordagem dos Traços...................................................................................... 17

3.2 Relação entre Líderes e Cultura organizacional ................................................ 19

3.3 Liderança das chefias intermédias..................................................................... 20

Capítulo II. Método ........................................................................................................... 21

1.1 Participantes ........................................................................................................... 22

1.2 Instrumentos ........................................................................................................... 23

1.3 Procedimentos de recolha e de análise dos dados .................................................. 24

Capítulo III. Resultados .................................................................................................... 25

Capítulo IV. Discussão ...................................................................................................... 34

Capítulo V. Conclusão ....................................................................................................... 38

Referências Bibliográficas ................................................................................................ 40

Anexos ................................................................................................................................. 49

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Distribuição dos participantes por Departamentos ............................................. 22

Tabela 2. Teste Wilcoxon entre os tipos de Cultura de Agora e os Pretendidos ................ 28

Tabela 3. Pontuações médias dos tipos de cultura por Departamentos .............................. 29

Tabela 4. Teste Mann-Whitney entre os tipos de cultura de Agora e o Cargo ................... 30

Tabela 5. Teste Mann-Whitney entre os tipos de cultura pretendidos e a formação

académica ............................................................................................................................ 32

Tabela 6. Correlação de Spearman entre os tipos de Cultura e os anos na organização .... 33

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Índice de Gráficos

Gráfico 1. Percentil dos domínios de Personalidade do CEO ............................................ 25

Gráfico 2. Média do Percentil dos domínios de Personalidade das Chefias intermédias ... 26

Gráfico 3. Resultado global do tipo de Cultura organizacional da empresa ...................... 27

Gráfico 4. Resultado Global dos tipos de Cultura segundo as Chefias intermédias........... 31

Gráfico 5. Resultado Global dos tipos de Cultura segundo os Colaboradores ................... 31

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Índice de Anexos

Anexo A – Gráficos do Percentil dos Domínios das Chefias intermédias ............................. I

Anexo B – Tabela de classificação de médias dos tipos de Cultura ................................... IV

Anexo C – Gráficos dos Resultados Globais dos tipos de Cultura segundo cada

Departamento........................................................................................................................ V

Anexo D – Correlação de Spearman entre os traços de Personalidade e os tipos de Cultura

.......................................................................................................................................... VIII

Anexo E – Tabela de classificação de médias da formação escolar .................................... X

Anexo F – Gráficos das seis dimensões do OCAI .............................................................. XI

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Lista de Abreviaturas

A Amabilidade

C Conscienciosidade

CEO Chief Executive Officer

E Extroversão

N Neuroticismo

NEO-PI-R Inventário de Personalidade NEO-Revisto

O Abertura à Experiência

OCAI Organizational Culture Assessment Instrument

RH Recursos Humanos

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Introdução

A cultura organizacional, nos dias de hoje, assume uma função central nas

organizações, visto esta deter um papel importante nos resultados e no funcionamento das

mesmas (Cunha, Rego, Cunha, Cabral-Cardoso & Neves, 2016). Encontramo-nos perante

um ambiente em constante mudança, onde interagimos socialmente com pessoas de

diferentes sítios do mundo, acabando pelo termo cultura acarretar um peso enorme, uma

vez que permite a compreensão do comportamento organizacional, tornando-se assim

fundamental (Queimado, Santos, Oliveira & Santos, 2019).

Para uns, a cultura organizacional representa uma vantagem competitiva (Bennis &

Nanus, 1985), para outros pode ser vista como uma ferramenta de gestão (Trice & Beyer,

1993), e ainda existem outros autores que a assumem como sendo a base para o sucesso

(Denison, 1990), ou a razão por detrás do fracasso (Donahue, 2001). Este termo, segundo

vários autores (e.g. Schein, 2004), encontra-se intimamente relacionado com a liderança,

nomeadamente com os líderes de hierarquias superiores.

Vilas-Boas, Davel e Cavazotte (2018) afirmam que não existe liderança sem

cultura, sendo que vários estudos (e.g. Schein, 1985) referem que a cultura organizacional

se encontra consolidada na personalidade e nos valores dos líderes das organizações. Deste

modo, é possível encontrar na literatura variada teoria sugerindo os efeitos que os líderes

possuem nas organizações (Schneider & Smith, 2004), mas pouquíssima matéria sobre as

características dos líderes e a cultura organizacional (Giberson, Resick, Dickson,

Mitchelson, Randall, & Clark, 2009).

A ideia de que os líderes possuem traços de personalidade que os tornavam mais

aptos para o papel, já remonta à época da Segunda Guerra Mundial, dando nome a uma das

abordagens de liderança, nomeadamente a abordagem dos Traços (Cunha, et al., 2016).

Investigações mais recentes relacionam os cinco grandes traços de personalidade, advindos

do Modelo Big Five, com os tipos de cultura organizacional apresentados nas

organizações, resultantes do Modelo dos Valores Contrastantes (Giberson, et al., 2009).

Contudo, assiste-se a uma escassez de estudos relacionando a personalidade e a cultura

organizacional (Giberson, et al., 2009), sendo esta relação essencial para a compreensão do

comportamento organizacional (Williams, 1968).

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Deste modo, o presente estudo visa abordar a cultura organizacional e a

personalidade, apresentando como objetivos a realização da caracterização descritiva da

cultura organizacional da empresa, e posterior relação com os traços de personalidade do

CEO; a exploração do comportamento de duas variáveis com os tipos de cultura

organizacional, e o estudo dos traços das chefias intermédias em relação aos tipos de

cultura. O discernimento destas relações irá permitir uma maior compreensão da cultura

organizacional, nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento organizacional e à

própria mudança nas organizações.

No que concerne à estrutura da dissertação, será exposto, num primeiro capítulo,

um breve enquadramento teórico, centrado na cultura organizacional, na personalidade e

na liderança, abordando os seus conceitos, modelos e relações entre construtos. No

segundo capítulo, o do método, será realizada uma exposição das hipóteses deste estudo,

onde será feita uma descrição da caracterização dos participantes, a apresentação dos

instrumentos utilizados, e por fim abordados e descritos os procedimentos de recolha e de

análise dos dados utilizados nesta investigação. No capítulo seguinte, será realizada uma

apresentação dos resultados do estudo, demonstrando-os com tabelas e gráficos, e

posteriormente, seguir-se-á a discussão dos resultados. Finalmente, proferir-se-ão as

conclusões e considerações finais do estudo, sob um olhar crítico, revelando as limitações

e contribuições do mesmo, e sugerindo possíveis investigações futuras para

enriquecimento da temática.

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Capítulo I. Enquadramento Teórico

1. Cultura organizacional

A cultura organizacional é um fenómeno complexo (Schein, 1990), que possui

vastas definições do ponto de vista conceitual, e que, ao longo dos tempos, adquiriu uma

grande importância dentro das organizações (Vertel, Paternina, Riaño & Pereira, 2013).

Este construto apresenta uma raiz antropológica (Gomes, 2000; Hassan, Shah,

Ikramullah, Zaman & Khan, 2011; Vilas-Boas, Davel & Cavazotte, 2018), sendo também

alicerçado em paradigmas originários da Psicologia, da Sociologia e das Ciências Políticas

(Barreto, Kishore, Reis, Baptista & Medeiros, 2013).

No final dos anos 70, Pettigrew impulsiona e populariza este conceito, denominado

de “cultura organizacional” ou “cultura corporativa” pelo próprio, e definido como “um

sistema de significados publica e coletivamente aceites que funcionam para um

determinado grupo, num dado momento” (Pettigrew, 1979, p.574, tradução livre).

Anos mais tarde, Schwartz e Davis (1981) referem-se à cultura organizacional

como um padrão de crenças e expectativas compartilhadas, que produzem normas grupais,

e Barney, em 1986, menciona que este conceito se pode tratar de uma vantagem

competitiva.

Posteriormente, Schein, em 1990, apresenta a definição mais difundida e aceite nos

estudos de cultura organizacional (Barreto, et al., 2013; Hernández & Fernández, 2019;

Erazo, 2019) afirmando que esta é um:

“padrão de pressupostos básicos compartilhados que foi aprendido por um grupo, à medida que são

resolvidos os seus problemas de adaptação externa e integração interna, que funcionou bem o

suficiente para serem considerados válidos e, portanto, serem ensinados aos novos membros como a

maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.” (Schein, 1990; 2010 p.

111/ 18, tradução livre).

Para este autor, a cultura representa uma força social eficaz, apesar de ser, na sua

maioria, invisível (Gomes, Torrens, Schons & Sorgetz, 2017). Não obstante, é a parte mais

profunda de um dado grupo, sendo difundida pelos membros integrantes do mesmo

(Schein, 1990), e exercendo um papel omnipresente (Schein, 2004).

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Para Schein (2004), é importante que ao definir este construto se distingam os

níveis de cultura. Desta forma, é possível distinguir três níveis, no qual a cultura

organizacional pode ser analisada: artefactos, crenças e valores defendidos, e pressupostos

básicos subjacentes. No que concerne aos artefactos, este representa o nível mais visível e

palpável da organização, uma vez que é a camada externa da cultura que inclui a

linguagem do grupo, o código de vestuário, mitos e histórias, a arquitetura da organização,

entre outras coisas. Desta forma, este nível é difícil de decifrar com precisão e, embora

muitos destes artefactos estejam presentes nas organizações, os significados que lhes são

atribuídos diferem entre si (Schneider, Ehrhart & Macey, 2013). As crenças e os valores

defendidos dizem respeito àquilo que os fundadores assumem como essenciais para a

organização e que acabam por incorporar na ideologia desta, servindo como guia para os

membros da organização. Já os pressupostos básicos subjacentes concernem às suposições

que se tornaram tão garantidas na organização que resultam num grau de consenso nos

comportamentos realizados. Deste modo, a essência da cultura organizacional assenta neste

último nível, e quando este mesmo nível é compreendido, os níveis mais superficiais

tornam-se mais fáceis de perceber e de lidar (Schein, 2004).

Com o passar dos anos, a diversidade e a falta de consenso na definição deste

construto permanecem (Hassan, et al., 2011), sendo visto por alguns autores como

“suposições” (Schein, 1990), como “crenças e significados compartilhados” (Schwartz &

Davis, 1981), como “valores centrais” (Broms & Gahmberg, 1983), como uma “cola

social” (Tichy, 1982) ou como “práticas” (Hofstede, 2011).

Contribuições mais recentes, definem o conceito de cultura organizacional como

um sistema de significados partilhados, que visa distinguir uma organização de outra

organização (Robbins & Judge, 2013), e como um conjunto de valores e práticas,

estipulados pela organização, onde é construído um sistema de crenças, expectativas e

normas, que visam moldar o pensamento e o comportamento das pessoas (Cunha, et al.,

2016).

Atualmente, a cultura organizacional está a transformar-se, devido a todos os

avanços de globalização, de tecnologia, de competitividade, entre outros, que se fazem

sentir. Desta forma, todos estes avanços encontram-se interligados com o contexto social

das organizações, o que faz com que estas sejam a manifestação da realidade cultural

(Erazo, 2019).

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1.1 Modelo dos Valores Contrastantes

O Modelo dos Valores Contrastantes parte da premissa de que os traços comuns de

uma dada organização a podem caracterizar. Este modelo foi desenvolvido tendo por base

uma lista de 39 indicadores de eficácia organizacional, criados por Campbell, Brownas,

Edward, Peterson e Dunnette, em 1974, que submetidos a um estudo estatístico deram

origem a duas dimensões principais, repartidas por quatro quadrantes, cada um destes

exibindo um conjunto diferente de indicadores de eficácia organizacional. Estes

indicadores visam representar aquilo que as pessoas valorizam no desempenho de uma

dada organização (Cameron & Quinn, 2006).

Uma das dimensões que emergiu desta análise estatística distingue critérios de

eficácia que salientam a discrição, a flexibilidade e o dinamismo, de critérios que

enfatizam a ordem, o controlo e a estabilidade. Quer isto dizer que algumas organizações

são vistas como eficientes se forem orgânicas, modificáveis e adaptáveis e, outras, são

vistas como eficazes se forem mecanicistas, estáveis e previsíveis. A outra dimensão

distingue critérios de eficácia que ressaltam a integridade, a unidade e a orientação interna,

de critérios que salientam a rivalidade, a orientação externa e a diferenciação. Ou seja,

organizações são vistas como eficazes se detêm características internas concordantes, e

outras são vistas como eficientes se estiverem centradas na interação ou na competição

(Cameron & Quinn, 2006).

Neste sentido, cada um dos quadrantes representa “suposições, orientações e

valores básicos - os mesmos elementos que compõem uma cultura organizacional”

(Cameron & Quinn, 2006, p. 37, tradução livre). Desta forma, cada um destes quadrantes

recebeu uma denominação, que se refere a um tipo de cultura, de forma a distinguir as

características que os diferenciam: Clã, Adocrática, Mercado e Hierárquica (Cameron &

Quinn, 2006).

As dimensões presentes nesta tipologia caracterizam-se por serem mais estruturais e

robustas, e referem-se à estabilidade ou flexibilidade de uma organização, e à focalização

interna ou externa destas (Cameron & Quinn, 2006; Schein, 2004).

Desta forma, uma organização que seja flexível e focada internamente é do tipo

Clã, ao passo que uma organização que seja estável e focada internamente é do tipo

Hierárquica. Por sua vez, uma organização que apresente ser flexível e focada

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externamente é do tipo Adocrática, e uma organização que seja estável e focada

externamente é do tipo Mercado (Cameron & Quinn, 2006).

Neste seguimento, é então crucial explicar e ilustrar cada um dos tipos de cultura

que este modelo sugere. Posto isto, uma cultura Clã assemelha-se a uma organização do

tipo mais familiar, que prima pela coesão, pela participação e pelo compartilhamento de

valores e objetivos. Representa um espaço amigável para se trabalhar, onde os líderes se

revelam mentores e figuras parentais para os colaboradores (Cameron & Quinn, 2006). O

compromisso é elevado nestas organizações, e é valorizado o trabalho em equipa e o

desenvolvimento dos trabalhadores, sendo o sucesso definido pelo clima interno que se faz

sentir, e pela preocupação com as pessoas. Este tipo de organização visa capacitar e

facilitar a participação dos seus colaboradores, e os clientes são vistos como parceiros da

organização (Cameron & Quinn, 2006).

Por sua vez, a cultura Hierárquica é caracterizada por apresentar um grande número

de procedimentos estandardizados, por possuir variados níveis hierárquicos e por colocar

ênfase no reforço de regras dentro da organização (Cameron & Quinn, 2006). Estas

organizações exibem um espaço formalizado e estruturado para se trabalhar, e os líderes

caracterizam-se por serem bons coordenadores e organizadores. A força motriz que une

estas organizações são as regras e as políticas formais e a estabilidade, a eficiência e a

previsibilidade representam as preocupações que caracterizam este tipo de organizações

(Cameron & Quinn, 2006).

Já a cultura Adocrática é caracterizada como sendo temporária, visto que se pode

reconfigurar quando surgem situações novas. Visa promover a flexibilidade, a

adaptabilidade e a criatividade, e não apresenta o poder centralizado ou qualquer tipo de

relações de autoridade, uma vez que o poder fluí na organização entre os colaboradores. O

local de trabalho representa um espaço criativo, dinâmico e empreendedor, onde os

trabalhadores assumem riscos, e se visa produzir novos produtos e serviços e uma

adaptação às novas oportunidades (Cameron & Quinn, 2006). Os líderes encontram-se

orientados para o risco, tendo uma liderança inovadora e visionária. Nestas organizações

existe uma grande envolvência de todos os colaboradores com a produção, a pesquisa, o

desenvolvimento e os clientes, sendo que o compromisso com a inovação e a

experimentação é aquilo que une todos os elementos da organização. Para estas

organizações a palavra sucesso diz respeito à produção de novos produtos e serviços que

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sejam originais e únicos, colocando ênfase, a longo prazo, no crescimento rápido, que se

refere à aquisição de recursos novos para a organização (Cameron & Quinn, 2006).

Finalmente, a cultura de Mercado, segundo Cameron e Quinn (2006), é vista por

apresentar uma orientação para os resultados, focando-se essencialmente em conduzir

transações com grupos, de forma a criar uma vantagem competitiva. As organizações deste

tipo assumem o ambiente externo como sendo hostil e pretendem aumentar a sua posição

competitiva no mercado, não fossem os seus valores centrais a competitividade e a

produtividade. Desta forma, estas organizações alcançam estes valores através do seu

controlo e posicionamento externo, utilizando o propósito de que uma estratégia agressiva

os leva à lucratividade e à produtividade (Cameron & Quinn, 2006). Os líderes destas

organizações apresentam-se como sendo exigentes e duros, desempenhando um papel de

produtores e de concorrentes no mundo dos negócios. Por sua vez, os consumidores deste

tipo de cultura revelam-se seletivos e interessados no valor do negócio. A importância que

é dada à vitória une a organização, e tarefas como levar a organização à produtividade, aos

resultados e aos lucros passam a ser as principais tarefas da administração. Consideram

importante ultrapassar a concorrência e serem líderes no mercado, definindo o sucesso

através da participação e penetração no mesmo (Cameron & Quinn, 2006).

Mediante a análise de 94 estudos, verificou-se que as atitudes profissionais eram

particularmente positivas nas culturas do tipo Clã, e que a inovação era muito forte, e o

desempenho financeiro era especificamente bom nas culturas de Mercado (Robbins &

Judge, 2013).

À luz deste modelo, a cultura organizacional representa assim, um atributo da

organização e, desta forma pode ser medida de forma independente. Este modelo também

apresenta uma vasta aplicabilidade, tendo sido usado em inúmeros estudos, nomeadamente

para analisar a cultura organizacional (Cameron & Quinn, 2006). O uso recorrente de

tipologias representa assim, uma vantagem, visto permitir fazer generalizações teóricas,

estimar o grau de consenso cultural entre os colaboradores, identificar e fundamentar as

diferenças encontradas, e ainda colaborar nos processos de mudança (Neves, 2000).

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1.2 Criação de Cultura organizacional

O nascimento das culturas nas organizações pode ocorrer através de três fontes

diferentes, de acordo com Schein (2004). A primeira fonte é referente às crenças, às

suposições e aos valores dos fundadores das organizações, já a segunda fonte consiste nas

experiências de aprendizagem dos elementos do grupo no decorrer da evolução da

organização e, por último, a terceira fonte concerne às novas crenças, valores e suposições

que são trazidas pelos novos membros e líderes para a organização. Apesar de todas as

fontes representarem mecanismos importantes para a criação da cultura, Schein (2004)

defende que é a primeira fonte que apresenta um maior impacto, uma vez que os

fundadores desempenham um papel crucial inicial na organização. Neste sentido, também

Robbins e Judge (2013) atribuem a criação da cultura aos fundadores da organização,

afirmando que a mesma ocorre em três fases: num primeiro momento, os fundadores

contratam e mantêm na organização apenas os trabalhadores que pensam e sintam da

mesma forma que eles. Num segundo momento, os fundadores socializam e ensinam aos

colaboradores a pensar e a sentir e, por fim, o comportamento dos fundadores encoraja os

colaboradores a identificarem-se consigo e a internalizarem as crenças, suposições e

valores que estes defendem. Após a criação da cultura organizacional, naturalmente esta

evolui e cresce com o passar do tempo, sendo que existem dois processos que ocorrerão em

simultâneo ao longo deste desenvolvimento, designadamente um processo de diferenciação

e um processo de integração (Schein, 1990). O primeiro processo, refere-se à variedade de

subculturas que irão criar diversidade na organização, e o segundo processo à criação de

congruência entre os membros da organização, trazendo consistência para a mesma

(Schein, 1990). Mediante a criação da cultura, esta é transmitida de variadas formas para

os colaboradores, pelo que, para Robbins e Judge (2013) as mais robustas são através dos

rituais, das histórias, da linguagem e dos símbolos materiais. Desta forma, a cultura

organizacional propaga-se e reproduz-se através da socialização, iniciando-se este processo

logo na fase de recrutamento e seleção (Schein, 1990).

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1.3 Relação da formação académica e antiguidade na organização com os tipos de

Cultura organizacional

Segundo Cunha e colaboradores (2016), uma organização pode ser definida como

um conjunto de pessoas, que trabalham de uma forma coordenada, de modo a atingirem

objetivos comuns estabelecidos.

Assim, os estabelecimentos de ensino, como as universidades, podem ser

considerados organizações. Deste modo, apesar de estes estabelecimentos se tratarem de

organizações distintas das empresas, pode-se extrapolar que o comportamento possa ser

similar, uma vez que ambas as organizações apresentam objetivos, estratégias e perspetivas

definidas.

Neste seguimento, a cultura das universidades pode ser considerada a personalidade

da organização (Ferreira & Hill, 2007), sendo que alguns autores (e.g. Cameron &

Freeman, 1991) a têm vindo a estudar. Cameron e Freeman (1991), nos seus estudos de

cultura organizacional em 334 universidades, concluíram que a cultura que aparecia com

mais regularidade era uma cultura do tipo Clã, ao passo que a que aparecia com menos

frequência era uma cultura do tipo Mercado. Estes autores não justificam estes achados,

visto estes não serem o objetivo do seu estudo, porém podem estar relacionados com a

forma como os diversos agentes escolares interagem entre si, tal como sugerem Ferreira e

Hill (2007) nos seus trabalhos sobre as diferenças culturais entre instituições de ensino

superior públicas e privadas.

Deste modo, sugere-se a possibilidade de colaboradores que possuam formação

académica superior apresentem uma preferência por culturas do tipo Clã, e colaboradores

que não apresentem formação superior demonstrem um favoritismo por culturas do tipo

Mercado.

Relativamente à antiguidade dos colaboradores, é notória a diferença de

preferências e de valorizações face às fases de carreira em que os colaboradores se

encontram, visto que quanto mais antiguidade um colaborador apresentar na organização,

maior é a probabilidade de pertencer a uma geração mais antiga. Segundo um estudo da

ManpowerGroup (2016), as gerações dos Millennials e a geração X representam, nos dias

de hoje, mais de um terço da força de trabalho global, cerca de 35% cada uma. Quanto à

geração Z, esta apresenta-se em menor valor, com cerca de 24%, e a geração Baby

Boomers quase já não se encontra representada na força de trabalho global (6%).

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A geração X, no mercado de trabalho, valoriza a variedade, os desafios e as

oportunidades a que tem acesso. Preferem trabalhar com liberdade e flexibilidade, e

carecem de feedback por parte de outrem. São defensores de um ambiente de trabalho

informal e de uma hierarquia menos rigorosa (Comazzetto, Perrone, Vasconcellos &

Gonçalves, 2016). Neste sentido, sugere-se a possibilidade de que esta geração prefira uma

cultura do tipo Adocrática, uma vez que o poder na organização é fluído, e é promovida a

flexibilidade e a adaptabilidade na mesma (Cameron & Quinn, 2006).

Por sua vez, a geração dos Millennials prioriza cinco aspetos principais num

trabalho, nomeadamente o vencimento, a segurança, as férias, as pessoas e a flexibilidade

da organização (ManpowerGroup, 2016; Comazzetto, Perrone, Vasconcellos & Gonçalves,

2016). São colaboradores muito inovadores e criativos, com uma inteligência associada ao

coletivo, e são altamente relacionais com os outros. Segundo Maldonado (2005, cit in

Comazzetto, Perrone, Vasconcellos, & Gonçalves, 2016), esta geração prioriza ações que

promovam a aproximação entre os níveis hierárquicos, gostam de ser ouvidos, valorizam

uma comunicação eficiente, e motiva-os o incentivo para as ideias inovadoras. Deste

modo, e com base na descrição anterior, podemos afirmar uma possível relação desta

geração com uma cultura do tipo Mercado, e uma cultura do tipo Adocrática, visto a

primeira se focar nos resultados, lucratividade e produtividade, e a segunda na flexibilidade

e na individualidade (Cameron & Quinn, 2006).

No que concerne à geração Z, falamos de jovens que se encontram recentemente no

mercado de trabalho, sendo que são mais flexíveis, imediatistas, apresentam uma tendência

para desafiar as autoridades e são muito contestadores (Russel, 2016 cit in Saciloto, et al.,

2017). É uma geração criativa, que atua tendo por base as novas tecnologias e que gosta de

se envolver em causas sociais (Beltramini & Buckley, 2014). Neste seguimento, insinua-se

uma relação desta geração com o tipo de cultura Clã, uma vez que o líder apresenta a

função de mentor/ figura parental e apresentam uma preocupação mais forte com as

pessoas (Cameron & Quinn, 2006).

Com base nestas informações considera-se a hipótese de que colaboradores que

apresentem uma maior antiguidade na organização irão demonstrar uma maior preferência

por culturas do tipo Mercado e Adocrática, e uma menor predileção por culturas do tipo

Clã, uma vez que estes pertencem a gerações mais velhas, como a geração X e Millennials.

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2. Personalidade

2.1 Modelo Big Five

No âmbito do construto de personalidade, o modelo Big Five (ou Modelo dos

Cinco Fatores), proposto por Costa e McCrae, constitui um dos modelos mais relevantes

para a explicação da personalidade humana (Gomes & Golino, 2012). Este modelo integra

uma organização de traços de personalidade, hierarquicamente organizados, em termos de

cinco dimensões básicas (McCrae & John, 1992).

Segundo McCrae e Costa (1996) a personalidade pode ser definida, à luz da sua

teoria, como representando um sistema composto por traços de personalidade e por

processos dinâmicos, que afetam os processos psicológicos do indivíduo. Neste modelo, a

personalidade é então vista como uma rede hierárquica de traços que apresenta dois níveis:

o primeiro nível diz respeito aos traços específicos da personalidade, e o segundo nível aos

cinco traços amplos da personalidade, nomeadamente o Neuroticismo (N), a Extroversão

(E), a Abertura à Experiência (O), a Amabilidade (A) e, por fim a Conscienciosidade (C)

(Gomes & Golino, 2012).

O modelo dos Cinco Fatores apresenta como variáveis os traços de personalidade

específicos, sendo que os traços dizem respeito a “disposições duradouras que podem ser

inferidas de padrões de comportamento; eles devem, portanto, ser estáveis por longos

períodos de tempo e ser similarmente avaliados por diferentes observadores.” (Costa &

McCrae, 1992, p. 655, tradução livre).

As cinco dimensões básicas, propostas neste modelo, apresentam evidências

universais, uma vez que estes traços são identificados em etnias, culturas, e sistemas

socioeconómicos diferentes (Gomes & Golino, 2012), e demostram ser flexíveis e férteis,

visto permitirem a predição de acontecimentos de vida, a compreensão da variedade

cultural, e a nossa capacidade de adaptação às mudanças ao longo da vida (Lima &

Simões, 2000).

Neste sentido, importa explicar em que consiste cada um dos traços proposto por

estes autores: o Neuroticismo diz respeito à adaptação versus a instabilidade emocional

num indivíduo, representando a tendência para se experienciar afetos negativos, tais como

a raiva, o medo e a tristeza (Costa & McCrae, 2000). Com este traço são identificados

sujeitos que apresentam respostas de coping desadequadas, que demonstrem sentimentos

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de incompetência, que sejam nervosos, preocupados, emocionalmente inseguros, tenham

ideias irrealistas e apresentem desejos e necessidades excessivas (Costa & McCrae, 2000).

Por sua vez, a Extroversão refere-se ao nível de atividade, à necessidade de

estimulação, à capacidade de exprimir alegria, e à quantidade e intensidade das interações

interpessoais (Costa & McCrae, 2000). No polo oposto da Extroversão, encontra-se a

introversão, que caracteriza os indivíduos como sendo pouco exuberantes, mais calmos,

reservados, silenciosos, sóbrios e distantes (Costa & McCrae, 2000).

Já a Abertura à Experiência representa a apreciação da experiência, a exploração do

não-familiar, a procura produtiva e a tolerância por parte dos sujeitos (Costa & McCrae,

2000). Desta forma, um sujeito que se encontre num dos polos apresenta-se como original,

curioso, criativo e detém um gosto pelo não tradicional, ao contrário do polo oposto, em

que o indivíduo apresenta interesses mais limitados, é convencional e pragmático e não

possui inclinações analíticas e artísticas (Lima & Simões, 2000).

De seguida, a Amabilidade concerne às tendências interpessoais, num contínuo que

começa na compaixão e vai até ao antagonismo nos sentimentos, ações e pensamentos

(Costa & McCrae, 2000). O sujeito amável demonstra ser prestável, bondoso, disposto a

perdoar, e sentimental (Lima & Simões, 2000). Por sua vez, o indivíduo que se encontra no

polo oposto é caracterizado como sendo hostil, demonstrando ser rude, desconfiado,

cínico, irritável, manipulador e vingativo (Lima & Simões, 2000).

Por último, a dimensão da Conscienciosidade diz respeito ao grau de motivação, de

persistência e de organização do comportamento orientado para um objetivo. Distingue

pessoas de confiança e escrupulosas de pessoas preguiçosas e descuidadas (Costa &

McCrae, 2000). Desta forma, um sujeito consciencioso aparenta ter uma grande força de

vontade, é pontual, de confiança, trabalhador, arranjado, ambicioso e organizado (Costa &

McCrae, 2000).

Apesar do modelo Big Five apresentar uma aceitação universal, são-lhe apontadas

algumas críticas, nomeadamente o facto de esta taxonomia carecer de alguns elementos

básicos para poder ser considerada uma teoria científica (Eysenck, 1993), e a falta de

especificidade na definição das cinco dimensões, resultante do seu empirismo (Briggs,

1992). Contudo, este modelo representa apenas um “passo positivo para a reflexão sobre a

personalidade humana” (Lima & Simões, 2000, p. 176), não sendo um modelo completo

da personalidade, visto que este não explica como é que se organiza o fluxo

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comportamental, e como é que os papéis sociais moldam a identidade de um indivíduo

(Lima & Simões, 2000).

2.2 Relação entre a Personalidade do CEO e Cultura organizacional

Segundo a literatura, os cinco grandes traços de personalidade encontram-se

relacionados com o tipo de cultura que a organização apresenta (Giberson, et al., 2009), a

emergência de líderes, o desempenho no trabalho e a estratégia da organização (Berson,

Oreg, & Dvir, 2008; Judge Bono, Iles & Gerhardt, 2002; Nadkarni & Herrmann, 2010).

Nesta sequência, segundo Hoffman e Jones (2005), e no que concerne ao traço da

Abertura à Experiência, estes autores mostraram evidências da existência de uma

associação entre este traço e a liderança. Na investigação de O’Reilly III, Caldwell,

Chatman e Doerr (2014) foi suportada a evidência de que CEOs com uma maior Abertura

à Experiência teriam uma maior probabilidade de ter culturas que primavam pela inovação,

pela velocidade, pela tomada de riscos e pela experimentação, e Nadkarni e Herrmann

(2010) referiram que CEOs com este traço elevado tinham maior probabilidade de

adaptarem as suas estratégias face às mudanças. Giberson, et al. (2009) na sua investigação

sugere uma ligação deste traço de personalidade com a cultura do tipo Adocrática, uma vez

se encontrar relacionado com preferências ao nível de culturas inovadoras. Porém, esta

evidência não foi suportada no seu estudo. Estes autores sugerem ainda que a Abertura à

Experiência se encontre negativamente relacionada com a cultura do tipo Hierárquica:

ficou comprovado na sua investigação que sujeitos com baixos níveis desta dimensão são

mais cautelosos, menos espontâneos e aventureiros (Costa & McCrae, 1992), o que leva a

que líderes com esta característica não optem por arriscar, e priorizem a consistência e o

controlo da organização (Giberson, et al., 2009).

Já no que diz respeito ao traço da Amabilidade, segundo Lepine e Van Dyne

(2001), uma baixa Amabilidade pode levar a um desempenho superior, sendo que na

investigação de O’Reilly III, Caldwell, Chatman e Doerr (2014), os CEOs que

apresentavam este traço mais baixo tinham culturas mais competitivas e orientadas para

resultados, contendo expectativas mais elevadas de desempenho. Para Giberson, et al.

(2009), este traço de personalidade, quando elevado, encontra-se relacionado com uma

cultura do tipo Clã, uma vez que, no estudo de Judge e Cable (1997), constatou-se que

sujeitos que apresentavam traços de Amabilidade demonstravam preferências por culturas

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organizacionais com uma orientação para o apoio e para a equipa. Peterson, Smith,

Martorana e Owens (2003) também descobriram que os traços de Amabilidade presentes

nos líderes estavam relacionados com a dinâmica da equipa de gestão de topo, que se

caracteriza por ser descentrada e coesa. Deste modo, um líder que apresente elevados

níveis de Amabilidade irá promover a cooperação dentro da organização e irá prestar apoio

aos seus colaboradores, instigando desta forma uma cultura do tipo Clã (Giberson, et al.,

2009). Giberson e colaboradores (2009) estudaram também a correlação negativa deste

traço com o tipo de cultura Adocrática, uma vez que Judge e Cable (1997), nas suas

investigações, relatam que sujeitos que demonstrem ser menos amáveis inclinam-se para

culturas agressivas e orientadas para resultados. Por esta razão, um líder com estas

características tenderia a promover a competição na organização e a tomada de risco.

Contudo, esta evidência não foi comprovada por Giberson, et al. (2009). A Amabilidade

encontra-se também negativamente associada a uma cultura do tipo Mercado, uma vez que

líderes menos amáveis promovem a concorrência agressiva no seio da organização e

focam-se nos resultados (Giberson, et al., 2009). Isto deve-se ao facto de sujeitos menos

amáveis preferirem culturas mais agressivas e orientadas para os resultados (Judge &

Cable, 1997). Por último, e no que diz respeito à correlação deste traço com o tipo de

cultura Hierárquica, Giberson e colaboradores (2009) sugeriram uma correlação negativa,

uma vez que líderes com uma alta Amabilidade irão responder às necessidades dos outros

elementos, em vez de cumprir as regras e os regulamentos pré-estabelecidos (Tobin,

Graziano, Vanman & Tassinary, 2000). No entanto, esta correlação não teve evidências de

suporte na sua investigação.

Relativamente ao traço de personalidade Neuroticismo, O’Reilly III, Caldwell,

Chatman e Doerr (2014), sugeriram que líderes com este traço elevado seriam vistos como

mais propensos a serem relacionados a culturas menos colaborativas, visto que para Judge,

Bono, Iles e Gerhardt (2002), este traço estava associado negativamente à emergência de

líderes, apesar de esta hipótese não ser verificada na sua investigação. Segundo Giberson e

colaboradores (2009), líderes que sejam emocionalmente estáveis lideram culturas do tipo

Clã, uma vez que estes líderes tem a tendência para ter equipas de gestão de topo

caracterizadas pela coesão. Este traço de personalidade também se encontra negativamente

correlacionado com um tipo de cultura Adocrática, visto que pessoas com um N mais

baixo experienciam uma panóplia mais abrangente de emoções, e tendem a ser mais

excitáveis, do que as pessoas com um N elevado (Hogan & Hogan, 1995). Deste modo,

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líderes com um menor grau de Neuroticismo criam processos internos menos estáveis que

potenciam a mudança, o crescimento e a inovação da organização (Giberson, et al., 2009).

Ainda dentro das correlações negativas, este traço encontra-se negativamente

correlacionado a uma cultura do tipo Mercado, visto que sujeitos menos emocionalmente

estáveis costumam preocupar-se ou tentar perceber como é que as suas ações afetam os

outros, o que irá fazer com que líderes com esta característica se foquem nesse aspeto,

descurando o desenvolvimento, a coesão e a moral dos colaboradores (Giberson, et al.,

2009). Giberson, et al. (2009) sugeriram ainda uma correlação positiva deste traço com

uma cultura do tipo Hierárquica, uma vez que líderes que demonstrem ser emocionalmente

estáveis desejarão ter um ambiente de trabalho controlado e estável, demonstrando menos

interesse pela competição mais agressiva. No entanto, esta hipótese não foi suportada na

sua investigação.

Já no que concerne ao traço de personalidade da Extroversão, Giberson e

colaboradores (2009), afirmam que este traço se encontra correlacionado de forma negativa

a uma cultura do tipo Hierárquica, porque tal como já foi referido acima, os indivíduos

menos extrovertidos demonstram preferência por culturas menos agressivas (Judge &

Cable, 1997). Isto leva a que líderes com esta dimensão mais baixa coloquem em prática

políticas que visem a redução da incerteza e criem um ambiente seguro (Giberson, et al.,

2009). Estes autores tentaram ainda comprovar que este traço se poderia correlacionar com

a cultura do tipo Clã, visto que, segundo Judge e Cable (1997), os sujeitos mais

extrovertidos apresentariam preferências por culturas organizacionais alicerçadas em

equipas, e por esta mesma razão, líderes que apresentassem uma elevada Extroversão iriam

potenciar a interação na organização, a cooperação e o trabalho em equipa entre os

membros da organização. Contudo, não foi possível verificar esta correlação. Giberson, et

al. (2009) tentaram também comprovar que a Extroversão se encontra positivamente

correlacionada com uma cultura do tipo Mercado, visto que, baseando-se no estudo de

Judge e Cable (1997), indivíduos extrovertidos preferem culturas agressivas e orientadas

para os resultados, o que levaria a crer que líderes extrovertidos fomentassem a

concorrência agressiva e recompensassem os seus colaboradores. Porém, não conseguiram

obter esta correlação. Para O’Reilly III, Caldwell, Chatman e Doerr (2014), também seria

de esperar que CEOs mais otimistas e sociáveis tivessem uma maior probabilidade de criar

culturas organizacionais que enfatizassem a orientação para o cliente, comparados àqueles

que são mais introvertidos, apesar de não conseguirem provar isso no seu estudo.

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Em suma, e no que diz respeito ao traço da Conscienciosidade, na literatura não são

encontradas relações que se possam estabelecer a priori com os tipos de cultura

supracitados, segundo Giberson, et al. (2009). Contudo, O’Reilly III, Caldwell, Chatman e

Doerr (2014) afirmam que CEOs com um elevado traço de Conscienciosidade são mais

propensos a relacionar-se com culturas mais orientadas aos detalhes, e que preferem a

análise, a precisão e a atenção aos detalhes, visto que segundo Peterson, Smith, Martonara

e Owens (2003) CEOs com altos níveis de Conscienciosidade podem criar culturas mais

centralizadas, orientadas para regras e cuidadosas.

3. Liderança

O construto de liderança “é em si uma expressão cultural e intercultural” (Vilas-

Boas, Davel & Cavazotte, 2018, p. 139), refletindo assim variadas definições, não se tendo

ainda chegado a um consenso do seu significado (Cunha, et al., 2016). Deste modo,

existem inúmeras definições, sendo que todas elas visam retratar a perspetiva individual de

cada autor (Bhosale, 2015).

Segundo Yukl (2010) a liderança diz respeito a um processo de influência, segundo

o qual se visa alcançar um objetivo comum e compartilhado. Este processo pretende assim

a facilitação dos esforços coletivos e individuais (Yukl, 2010). Já para Vroom e Jago

(2007) a liderança corresponde a um processo de motivar as pessoas a trabalharem de

forma colaborativa para alcançarem grandes feitos, ao passo que para Robbins e Judge

(2013) a liderança refere-se à “capacidade de influenciar um grupo para alcançar uma

visão ou conjunto de objetivos” (p. 368, tradução livre), definição também defendida por

Wen, Ho, Kelana, Othman e Syed (2019). Para Chiavenato (2006), a definição de liderança

comporta três elementos-chave, nomeadamente as pessoas, a influência e o poder, visto

que para este autor, a liderança envolve pessoas orientadas para seguirem um líder, um

reconhecimento da relação líder-subordinados e ainda uma perceção e um reconhecimento

dessa relação pelos liderados.

Rego e Cunha (2010) ressalvam que a liderança apenas acontece se os indivíduos

são influenciados para fazerem o que é benéfico e ético para si próprios e para a

organização, descrevendo a liderança como uma capacidade de influenciar, motivar e

habilitar os indivíduos a contribuírem para o sucesso e a eficácia das organizações.

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Deste modo, para alguns autores (Kalsoom, Khan & Zubair, 2018, cit in Wen, et

al., 2019), a liderança representa a componente mais crítica de uma organização, sendo a

habilidade mais importante dos líderes. Assim, o líder poder ser considerado uma figura

central de uma organização, sendo a pessoa que detém as decisões dentro da mesma,

devendo estar atento às exigências contextuais para manter um nível de competitividade

elevado na organização (Endres & Weibler, 2016).

3.1 Abordagem dos Traços

O início da investigação acerca da liderança tem por base a ideia de que as pessoas

possuíam traços de personalidade que as tornavam mais aptas ao cumprimento eficaz de

posições de liderança. Estes estudos realizados até à segunda Guerra Mundial visavam, de

certo modo, distinguir líderes de não-líderes, através de características de personalidade,

aptidões e traços físicos (Cunha, et al., 2016; Rego, 1997).

Os traços mais citados na literatura, e que advieram de todos estes estudos incluíam

a criatividade, a inteligência, a autoestima, a fluência verbal, a energia, a capacidade de

persuasão, a intuição penetrante e por fim, a estabilidade emocional (Rego, 1997).

Contudo, e após uma revisão de todos estes estudos, realizada por Stogdill, em

1948, este autor conclui que estes estudos não revelaram quaisquer traços ou combinação

destes, que visassem garantir o sucesso na posição de líder, uma vez que um líder com

determinados traços poderia ser eficaz numa dada situação e ineficaz noutra, e líderes com

diferentes traços poderiam ser eficazes numa mesma situação (Cunha, et al., 2016).

Devido às conclusões do estudo de Stogdill, inúmeros investigadores desanimaram

relativamente ao estudo da liderança, mas outros mantiveram a sua dedicação ao tema,

acabando por serem estudados novos traços e competências, seguidos por novos métodos

de investigação (Cunha, et al., 2016).

Mais tarde, em 1974, Stogdill volta a realizar uma nova revisão a todos os estudos

publicados, concluindo que, de facto, existem diversos traços e competências importantes

para a posição de líder eficaz. No entanto, segundo este autor, estas conclusões não

sustentam a ideia-base inicial dos estudos da liderança, visto apenas possibilitarem supor

que a importância de certos traços depende das situações, e que apresentar certos traços

aumenta a probabilidade de se ser um líder eficaz relativamente a outras pessoas que não

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os demonstrem (Cunha, et al., 2016; Uslu, 2019). Esta lógica proposta por Stogdill é, nos

dias de hoje, globalmente aceite (Cunha, et al., 2016).

Na literatura, Cunha e colaboradores (2016) apresentam-nos uma síntese dos traços

relevantes para uma liderança eficaz sendo estes a energia e a tolerância ao stress, a

autoconfiança, o locus de controlo interno, a maturidade emocional, a Conscienciosidade, a

honestidade/integridade, a motivação para o êxito e, por fim a motivação para o poder

social. No entanto, estes autores ressalvam que certos traços podem influenciar a aquisição

de competências, sendo que estas últimas influenciam o desempenho do líder.

Desta forma, existem traços relevantes, nomeadamente os traços positivos, como a

Conscienciosidade, a Amabilidade, a estabilidade emocional, a autoavaliação nuclear, a

inteligência e o carisma, que são tendencialmente favoráveis para a emergência e a eficácia

de um líder e traços negativos, como o narcisismo, a presunção, a dominância social e o

maquiavelismo que são tomados como desfavoráveis para o surgimento de um líder.

Contudo, segundo Judge, Piccolo e Kosalka (2009), os traços positivos podem desencadear

efeitos negativos na liderança, e vice-versa.

Também a combinação de traços em padrões se revela importante para a eficácia de

um líder, uma vez que um traço isolado pode apenas adquirir importância quando

combinado com outros, e a diversidade de líderes com diferentes características numa

mesma organização é vista como importante, visto que cada um pode ser mais apropriado

para um certo papel, ou numa dada situação (Cunha, et al., 2016).

A teoria dos Traços diz então respeito a uma das teorias universais da liderança,

acabando por se diferenciar das outras, na medida em que afirma que os traços do líder

podem ser inatos ou posteriormente adquiridos (Uslu, 2019). Apesar de esta teoria possuir

mais de um século de dados, a mesma continua viva, sobretudo devido à riqueza de dados

que sustentam os seus fundamentos, e ainda devido às investigações recentes acerca da

genética, visto as mesmas sugerirem que efetivamente adquirimos uma grande porção de

traços dos nossos antepassados (Khan, 2013).

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3.2 Relação entre Líderes e Cultura organizacional

A literatura declara a existência de uma inter-relação entre a liderança e a cultura

organizacional (Barreto, et al., 2013), chegando mesmo a referir que não existe liderança

sem cultura (Vilas-Boas, Davel & Cavazotte, 2018).

Variados estudos indicam que a cultura se encontra alicerçada nos valores e na

personalidade dos líderes das organizações (Schein, 1985; Baron & Hannan, 2002; Detert,

Schroeder & Mauriel, 2000; Fu, Tsui, Liu & Li, 2010; O’Reilly III, Caldwell, Chatman &

Doerr, 2014), bem como referem que os líderes moldam a cultura organizacional da

organização a que pertencem, podendo existir efeitos no próprio desempenho da empresa

(O’Reilly III, Caldwell, Chatman & Doerr, 2014).

Segundo Smircich (1983), os papéis mais primordiais dos líderes passam por

formarem e alterarem a cultura organizacional, e Schein (2004) refere que é o líder que

inicia o processo de criação da cultura, instituindo os seus valores, suposições e crenças,

desde o princípio. Desta forma, para Schein (2004), os líderes podem ser vistos como os

criadores, os gestores e os destruidores das culturas organizacionais. Segundo Farrell

(2018), um líder não pode deter o controlo total da cultura da organização, mas pode

através dela criar um ambiente de trabalho positivo, e compreendê-la, de modo a poder

planear e liderar melhor em certas situações. Geralmente, líderes bem-sucedidos utilizam e

exploram o poder da cultura organizacional para fomentar as suas estratégias e iniciativas

no seu meio de atuação. Ao passo que para um novo líder, a cultura organizacional pode

fornecer explicações acerca de práticas passadas e decisões tomadas que o irão ajudar a

avançar e a agir no futuro (Farrell, 2018).

Os líderes, dentro das organizações, concebem mecanismos que visam o

desenvolvimento da cultura e o fortalecimento das normas e comportamentos defendidos

dentro da organização (Barreto, et al., 2013), cabendo-lhes assim a tarefa de “manter viva a

cultura existente, fortalecendo-a, e conciliar interesses variados de subculturas, integrando-

as, bem como transmitir a cultura aos seguidores.” (Vilas-Boas, Davel & Cavazotte 2018,

p. 141).

De acordo com Schein (2004), grande parte da cultura parece ser um reflexo da

personalidade do seu fundador e, para Schneider, Goldstein e Smith (1995) os objetivos da

organização referem-se a uma operacionalização da personalidade do líder. Uma vez

estabelecidos os objetivos das organizações, e visto que os líderes incorporam as suas

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20

características nestes, segundo Schneider (1987) as organizações atraem indivíduos que

apresentam características pessoais semelhantes às dos líderes.

Uma vez que os valores e a personalidade se revelam importantes indicadores de

padrões de comportamento, no caso da cultura organizacional, os padrões de

comportamento do líder podem ser uma fonte relevante de informações sobre a ordem

normativa, visto que os padrões regulares de comportamento de líderes seniores se tornam

numa fonte de informação acerca da ordem normativa para todos os membros da

organização (Bandura, 1986 cit in O’Reilly III, Caldwell, Chatman & Doerr, 2014).

Apesar de existirem muitos fatores a influenciar a cultura organizacional de uma

empresa, esta acaba essencialmente por refletir os seus líderes, sendo que estes a

influenciam através de valores, estilos de liderança, estratégias, exemplos e práticas (Steers

& Shim, 2013). Desta forma, é de extrema relevância que os líderes assumam como parte

do seu papel a construção, a manutenção e a compreensão da cultura organizacional

(Warrick, 2017).

3.3 Liderança das chefias intermédias

Os cargos de liderança intermédia são preenchidos por profissionais que ocupam

uma posição imediatamente abaixo do órgão decisor, ficando assim, entre o primeiro nível

de supervisão e o nível dos executivos (Sharyan & Jimmieson, 2006; Embertson, 2006; Fu,

et al., 2008). Segundo Carney (2006), esta posição pode ainda ser definida por

profissionais que reportam à chefia de topo. Para Katz e Kahn (1978 cit in Fu, et al. (2008),

as chefias intermédias funcionam como pinos de ligação da organização em que se

inserem, sendo que as suas atitudes e comportamentos podem advertir efeito sobre o

temperamento dos funcionários que se encontram no nível organizacional inferior.

Segundo Fu, et al. (2008), estas chefias revelam-se altamente sensíveis aos desejos e

necessidades do CEO, visto a sua carreira futura depender dos julgamentos feitos por este,

acerca do seu potencial e desempenho.

Nos anos 80, a imagem das chefias intermédias foi marcadamente negativa, uma

vez que foi transmitida uma imagem de resistentes à mudança, devido às políticas de

achatamento dos níveis hierárquicos nas organizações, que se traduziu frequentemente na

perda de postos de trabalho (Sharyan & Jimmieson, 2006). Deste modo, assistiu-se assim a

um desaparecimento de uma figura unicamente com funções de supervisão direta do

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21

trabalho, e ao surgimento de uma nova chefia intermédia com funções de coordenação de

equipas de trabalho, que funciona como catalisadora e facilitadora das tarefas que

necessitem de serem executadas (Mendes, 1990).

Para Embertson (2006) estes profissionais atuam como subordinados, daí serem

obrigados a lidar constantemente com a ambiguidade, e desempenham uma variedade de

funções, representando o papel de comunicador, de empreendedor, de estabilizador e de

terapeuta na organização em que atuam.

Uma vez que, segundo Schein (2004), os processos dinâmicos de criação e gestão

de cultura se revelam a essência da liderança, também os líderes intermédios são

reconhecidos como atores neste processo de apoio à gestão da cultura organizacional

(Domingos, 2009). Neste sentido, o cargo de chefia intermédia revela uma importância

vital para a organização, visto dele dependerem funções que podem determinar, em última

instância, o êxito, ou não, da empresa no seu global (Mendes, 1990).

Capítulo II. Método

Esta investigação segue uma metodologia quantitativa, baseada num estudo de caso

de uma organização, que realiza a gestão de um grupo de variadas empresas no ramo da

Engenharia. Segundo Miles e Huberman (1994), a tipologia deste estudo de caso refere-se

à de definição espacial, uma vez que recai sobre uma organização, sendo ainda este estudo

do tipo exploratório e correlacional.

Este estudo apresenta como objetivos a realização da caracterização descritiva da

cultura organizacional da empresa, e posterior relação com os traços de personalidade do

CEO; a exploração do comportamento de duas variáveis sociodemográficas (formação

académica e antiguidade) com os tipos de cultura organizacional, e o estudo dos traços das

chefias intermédias em relação aos tipos de cultura.

Com base nos objetivos acima mencionados foram elaboradas as seguintes

hipóteses:

− H1: Existe congruência, em termos concetuais, sobre o tipo de cultura organizacional,

observado na organização, entre as chefias intermédias e os colaboradores.

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− H2: A cultura organizacional que as chefias intermédias desenvolvem nos seus

departamentos, está de acordo com os traços de personalidade que apresentam.

− H3: Os colaboradores que possuem o ensino superior pretendem uma cultura do tipo

Clã, e os que não possuem o ensino superior uma cultura do tipo Mercado.

− H4: Os colaboradores com mais antiguidade na organização preferem uma cultura do

tipo Mercado e Adocrática, em detrimento de uma cultura do tipo Clã.

1.1 Participantes

Participaram na investigação, de forma anónima e voluntária, 25 colaboradores da

organização e o CEO, obtendo uma representatividade de 72% da empresa. A amostra

inclui um CEO, seis chefias intermédias, distribuídas por seis departamentos, e 19

funcionários dos departamentos. Dos 26 participantes no total, oito são do sexo masculino

e 18 são do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 19 e os 52 anos (M =

33.92; DP = 8.95). No que diz respeito à formação escolar dos participantes, 12 deles

possuem o 12º ano (46.2%), 11 a licenciatura (42.3%), dois o mestrado (7.7%), e um uma

pós-graduação (3.8%). No que concerne ao número de anos que se encontram na

organização, 13 dos participantes encontram-se entre 1 e 3 anos (50%), dois participantes

entre os 4 e os 6 anos (7.7%), dois participantes entre os 7 e os 10 anos (7.7%), e nove

participantes há mais de 10 anos (34.6%). Por fim, e no que se refere ao número de anos

em que os colaboradores se encontram numa posição de chefia, o CEO encontra-se nesta

posição há cerca de 11 anos e meio, a chefia intermédia do departamento “A” (os

departamentos foram classificados por letras) há dois anos e meio, a chefia intermédia do

departamento “B” há cinco anos, a chefia intermédia do departamento “C” há oito anos, a

chefia intermédia do departamento “D” há dez anos, e as chefias intermédias dos

departamentos “E” e “F” há um ano. De seguida encontra-se a Tabela 1 com a distribuição

dos participantes neste estudo, à exceção do CEO, pelos devidos departamentos, de modo a

ser mais fácil a compreensão da distribuição e constituição dos mesmos:

Tabela 1. Distribuição dos participantes por Departamentos

Departamento A B C D E F

Nº de colaboradores 6 4 7 3 2 3

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23

1.2 Instrumentos

Neste estudo foram aplicados dois instrumentos, nomeadamente a versão

portuguesa do NEO-PI-R - Inventário de Personalidade NEO-Revisto - (Costa & McCrae,

1992, 2000; Lima & Simões, 1995, 2000), e a versão traduzida do OCAI – Organizational

Culture Assessment Instrument – elaborado por Cameron e Quinn, em 1999 (2006). A

versão portuguesa do questionário OCAI utilizada neste trabalho foi a de Lopes Alves

(2005) e Leitão (2005), uma vez que este instrumento ainda não foi validado para a

população portuguesa. Para além destes dois instrumentos, foi ainda aplicado um

questionário sociodemográfico, após o consentimento informado. O questionário

sociodemográfico era constituído por um conjunto de questões acerca da idade, sexo,

formação escolar, número de anos na organização, e número de anos na posição de chefia.

Para se medir a cultura organizacional recorreu-se ao OCAI (Organizational

Culture Assessment Instrument), composto por seis grupos de questões, sendo cada grupo

constituído por quatro itens, perfazendo um total de 24 itens (e.g. item 1A “A organização

é muito familiar. As pessoas parecem partilhar muito de si próprias.”). Estes seis grupos

dizem respeito a seis dimensões que constroem o instrumento: as características

dominantes, a liderança organizacional, a gestão dos colaboradores, a ênfase estratégica, a

coesão organizacional e o critério de sucesso. Os itens são avaliados numa escala ipsativa

de 0 a 100 pontos, divididos pelo total dos quatro itens, em cada uma das dimensões. O

respondente deve, num momento inicial responder ao instrumento na coluna do “Agora” e,

num segundo momento, à coluna do “Pretendido”. No final é calculada a média de cada

tipo de cultura organizacional, sendo predominante o valor do tipo de cultura que

corresponde à organização atualmente, e o valor da cultura pretendida pelos colaboradores.

Relativamente aos dados psicométricos desta escala, Cameron e Quinn (2006) fazem

referência a três principais estudos, nomeadamente ao de Quinn e Spreitzer (1991 cit in

Cameron & Quinn, 2006), Zammuto e Krakower (1991 cit in Cameron & Quinn, 2006) e

Yeung, Brockank e Ulrich (1991 cit in Cameron & Quinn, 2006). Nestes estudos os alfas

de Cronbach referidos para cada tipo de cultura situam-se entre os valores de .67 e de .83,

demonstrando uma boa consistência interna entre os quatro tipos de perfis organizacionais.

No que concerne à análise de confiabilidade do OCAI neste estudo, foram obtidos

valores razoáveis, no que diz respeito à consistência interna de cada tipo de cultura,

nomeadamente um valor de .78 para a cultura do tipo Clã, do tipo Adocrática e do tipo

Hierárquica, e de .79 para a cultura do tipo Mercado.

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24

Para se avaliar os cinco domínios da personalidade utilizou-se o NEO-PI-R

(Inventário de Personalidade NEO-Revisto), construído por Costa e McCrae, em 1992, e

aferido para a população portuguesa por Lima e Simões, em 1995. Este inventário é

constituído por 240 afirmações auto-descritivas (e.g. item 18 “Sou bastante agarrado(a) às

minhas próprias maneiras de proceder.”), e apresenta uma escala do tipo Likert de cinco

pontos, que vai de 1 (“Discordo Fortemente”) a 5 (“Concordo Fortemente”). Relativamente

às propriedades psicométricas deste instrumento, a escala original apresenta um coeficiente

de alfa de Cronbach entre o .86 e o .95, demonstrando uma boa consistência interna (Costa

& McCrae, 1992; 2000). A versão portuguesa do NEO-PI-R também demonstrou boas

qualidades psicométricas, exibindo valores de alfas de Cronbach que se situam entre o .79

e o .86 nas cinco dimensões de personalidade avaliadas (Lima & Simões, 1995; 2000).

Neste estudo optou-se por não se realizar uma análise de confiabilidade ao NEO-PI-R

devido à reduzida dimensão da amostra (N = 7).

1.3 Procedimentos de recolha e de análise dos dados

Para dar início à recolha de dados utilizou-se o método de amostra por

conveniência, e contactou-se, via e-mail, uma empresa conhecida dos investigadores. No e-

mail enviado para os RH da empresa, encontrava-se descrito o objetivo do estudo, os

instrumentos a utilizar, o tempo, em média, que seria necessário para a aplicação e resposta

aos instrumentos utilizados nesta investigação, e a informação de que todas as

participações eram voluntárias e anónimas, de forma a cumprir com todos os requisitos

éticos e formais da investigação. Após um feedback positivo do CEO da empresa apenas

foi imposta uma condição quanto à recolha de dados. Esta condição referia-se ao facto de

ter de ser um membro específico do departamento de RH da empresa, também psicóloga, a

recolher os mesmos, sendo estes posteriormente entregues aos investigadores, uma vez que

a empresa queria garantir o anonimato de todos os participantes do estudo. Enquanto

investigadores resolvemos aceitar esta condição, uma vez que estávamos a lidar com dados

sensíveis, nomeadamente os traços de personalidade do CEO e das chefias intermédias.

Deste modo, os consentimentos informados e os instrumentos de medida foram entregues à

psicóloga nomeada pela empresa, tendo sido explicado a quem teria de os aplicar e

entregar. Assim sendo, foi entregue a todos os participantes o consentimento informado e,

ao CEO foi aplicado o NEO-PI-R, às chefias intermédias foram aplicados o NEO-PI-R e o

OCAI e aos colaboradores foi aplicado somente o OCAI. Os instrumentos foram entregues

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25

à psicóloga no dia 1 de julho e devolvidos aos investigadores no dia 10 de agosto, tendo

sido efetuada a recolha durante este período.

No que concerne ao procedimento de análise dos dados, os dados dos inventários

do NEO-PI-R foram introduzidos no programa deste instrumento, ficando-se com uma

análise quantitativa da personalidade do CEO e das chefias intermédias, baseadas no

percentil de cada domínio, que de seguida foram transformadas para um resultado

qualitativo baseado nos cinco níveis propostos por Costa e McCrae (1992) – muito baixo,

baixo, médio, alto e muito alto. Quanto ao OCAI, este foi corrigido manualmente, através

do cálculo das respetivas médias de cada tipo de cultura e construídos os gráficos inerentes

a cada departamento, à organização, aos colaboradores e às chefias intermédias.

Posteriormente, os dados foram processados no programa estatístico SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences, versão 23.0), utilizando testes não-paramétricos (N < 30),

recorrendo a análises descritivas, a análises de confiabilidade, a testes Mann-Whitney, a

correlações de Spearman e a testes Wilcoxon.

Capítulo III. Resultados

De acordo com os resultados do inventário do NEO-PI-R, o CEO obteve no

domínio do Neuroticismo um valor baixo (PC = 40), no domínio da Extroversão (PC =

90), da Abertura à Experiência (PC = 75) e da Conscienciosidade (PC = 96) uns valores

muito altos, e no domínio da Amabilidade um valor muito baixo (PC = 20) (Gráfico 1).

Gráfico 1. Percentil dos domínios de Personalidade do CEO

0

20

40

60

80

100

120

N E O A C

CEO

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No que diz respeito às seis chefias intermédias, estas foram analisadas em conjunto,

apresentando, em média, valores medianos de percentil no domínio da Abertura à

Experiência (M = 47.50; DP = 22.31) – amplitude de 20 a 70 –, da Amabilidade (M =

50.00; DP = 6.33) – amplitude de 40 a 60 – e da Conscienciosidade (M = 54.67; DP =

30.89) – amplitude de 10 a 98 –; um valor baixo no domínio do Neuroticismo (M = 40.00;

DP = 21.91) – amplitude de 10 a 70 –; e um valor muito alto no domínio da Extroversão

(M = 23.17; DP = 23.17) – amplitude de 40 a 95 – (Gráfico 2).

Gráfico 2. Média do Percentil dos domínios de Personalidade das Chefias intermédias

No entanto, é possível consultar no Anexo A os gráficos com os valores do

percentil de cada chefia intermédia, em relação aos cinco domínios da personalidade.

No que concerne ao questionário OCAI, e mais concretamente à cultura

organizacional desta empresa na atualidade, verifica-se que o quadrante que reúne a média

mais elevada é o da cultura do tipo Mercado (M = 31.77), seguido da cultura do tipo

Hierárquica (M = 27.07). As culturas do tipo Clã (M = 22.31) e Adocrática (M = 18.85)

exibem valores inferiores. Entre a cultura mais pontuada (Mercado) e a cultura menos

pontuada (Adocrática) regista-se a maior diferença de pontuação, de aproximadamente 13

pontos. Relativamente à cultura pretendida, verifica-se um aumento na pontuação da

cultura do tipo Clã (M = 28.16) e do tipo Adocrática (M = 24.43), e um decréscimo de

pontuação nas culturas do tipo Mercado (M = 25.23), e do tipo Hierárquica (M = 22.18).

Na cultura pretendida, a diferença de pontuações entre o tipo de cultura mais e menos

pontuada é menor do que na cultura atual – aproximadamente seis pontos. A leitura do

seguinte gráfico (Gráfico 3) permite visualizar os resultados acima descritos.

0

10

20

30

40

50

60

N E O A C

Chefias Intermédias

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Gráfico 3. Resultado global do tipo de cultura organizacional da empresa

Contudo, realizou-se um teste Wilcoxon para se comprovar a existência destas

diferenças, revelando, conforme demonstra o Gráfico 3, a existência de diferenças

estatisticamente significativas entre a cultura atual e a pretendida, em todos os tipos de

cultura (p < .05), nomeadamente na cultura do tipo Clã (Z = -3.43, p = .00 , r = -.69), na

cultura do tipo Adocrática (Z = -3.30, p = .00, r = -.60), na cultura do tipo Mercado (Z = -

2.68, p = .01, r = -.54) e na cultura do tipo Hierárquica (Z = -2.94, p = .00, r = -.59)

(Tabela 2). Na cultura do tipo Clã, o posto médio negativo (M = 13.18) é superior ao posto

médio positivo (M = 6.38), acontecendo o mesmo com a cultura do tipo Adocrática (M

Negativo = 14.75; M Positivo = 5.75), ao contrário do que acontece com a cultura do tipo

Mercado (M Negativo = 8.33; M Positivo = 13.29) e do tipo Hierárquica (M Negativo = 10.38; M

Positivo = 12.34), em que o posto médio positivo é superior ao negativo (Anexo B).

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Tabela 2. Teste Wilcoxon entre os tipos de Cultura de Agora e os Pretendidos

Test Statisticsa

Cultura_Clã_

A -

Cultura_Clã_

P

Cultura_Adoc

ratica_A -

Cultura_Adoc

rática_P

Cultura_Merc

ado_A -

Cultura_Merc

ado_P

Cultura_Hiera

rquica_A -

Cultura_Hierá

rquica_P

Z -3,425b -3,303b -2,678c -2,937c

Asymp. Sig. (2-

tailed)

,001 ,001 ,007 ,003

Os cálculos médios, no que concerne aos tipos de cultura de cada departamento,

também foram calculados, revelando alguns valores distintos, em relação às culturas atuais

e pretendidas mais dominantes da organização, nomeadamente no que diz respeito aos

departamentos “D” e “F” nos valores da cultura atuais, e nos departamentos “E” e “F” nos

valores de cultura pretendidos, conforme mostra a Tabela 3 abaixo apresentada. No

entanto, também é possível ver estes resultados através dos gráficos elaborados para cada

tipo de cultura que se encontram no Anexo C.

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Tabela 3. Pontuações médias dos tipos de cultura por Departamentos

Tipo de

Cultura

Média da Pontuação dos tipos de cultura por Departamento

(A= Atual / P= Pretendida)

A B C D E F

A P A P A P A P A P A P

Clã 20.00 27.80 28.54 30.00 20.72 28.63 16.39 31.67 26.25 28.33 21.94 22.50

Adocrática 16.11 23.25 18.13 22.29 23.33 23.69 13.89 28.33 23.75 29.58 18.33 19.44

Mercado 35.56 26.84 33.54 29.06 29.76 23.27 34.72 20.55 31.67 25.83 25.00 25.83

Hierárquica 28.33 22.11 19.79 18.65 26.19 24.41 35.00 19.45 18.33 16.26 34.73 32.23

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De modo a apurar-se a existência de congruência cultural entre chefias intermédias

e colaboradores desta organização realizou-se um teste Mann-Whitney, com o intuito de

comparar as duas amostras. Verificou-se que existem diferenças estatisticamente

significativas na cultura do tipo Adocrática (Z (22.50) = -2.19, p = .03, r = -.44) (Tabela 4),

sendo que os colaboradores apresentaram uma pontuação maior neste tipo de cultura (M =

14.82), comparativamente às chefias intermédias (M = 7.25).

Tabela 4. Teste Mann-Whitney entre os tipos de cultura de Agora e o Cargo

Test Statisticsa

Cultura_Clã

_A

Cultura_Ado

crática_A

Cultura_Mer

cado_A

Cultura_Hier

árquica_A

Mann-Whitney

U

53,000 22,500 47,000 32,000

Wilcoxon W 74,000 43,500 68,000 222,000

Z -,255 -2,199 -,637 -1,598

Asymp. Sig.

(2-tailed)

,799 ,028 ,524 ,110

Exact Sig.

[2*(1-tailed

Sig.)]

,828b ,025b ,555b ,121b

Esta diferença de pontuações é possível ser observada nos Gráficos 4 e 5, que se

seguem a seguir, representando o resultado global dos tipos de cultura segundo os

colaboradores e segundo as chefias intermédias:

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Gráfico 4. Resultado Global dos tipos de Cultura segundo as Chefias intermédias

Gráfico 5. Resultado Global dos tipos de Cultura segundo os Colaboradores

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Relativamente à ligação entre os traços de personalidade das chefias intermédias

com o tipo de cultura apresentado nos seus departamentos, recorreu-se a uma correlação de

Spearman, tendo sido revelada uma correlação negativa estatisticamente significativa entre

o traço de personalidade Neuroticismo e a cultura do tipo Clã (rs = -.81, n = 6, p = .05)

(Anexo D).

Quanto à preferência por um dado tipo de cultura, conforme o nível de escolaridade

do colaborador, efetuou-se um teste Mann-Whitney. Para a realização deste teste, a variável

da formação foi recodificada, adquirindo o valor de “1” o 9º ano, e o 12º ano de

escolaridade, e o valor de “2” a licenciatura, o mestrado, o doutoramento e a pós-

graduação. Esta análise demonstrou a existência de diferenças estatisticamente

significativas entre a cultura do tipo Clã (Z (27.00) = -2.78, p = .01, r = -.56), e a cultura do

tipo Mercado (Z (29.50) = -2.66, p = .01, r = -.53), consoante a formação académica

(Tabela 5). Desta forma, colaboradores que possuem o ensino superior apresentaram uma

preferência maior por uma cultura do tipo Clã (M = 16.92), em detrimento dos

colaboradores que não possuem o ensino superior (M = 8.75). Quanto aos colaboradores

que não possuem o ensino superior, estes demonstraram um favoritismo por uma cultura

do tipo Mercado (M = 17.04), em relação aos demais (M = 9.27) (Anexo E).

Tabela 5. Teste Mann-Whitney entre os tipos de cultura pretendidos e a formação académica

Test Statisticsa

Cultura_Clã

_P

Cultura_Ado

crática_P

Cultura_Mer

cado_P

Cultura_Hier

árquica_P

Mann-Whitney

U

27,000 60,000 29,500 64,000

Wilcoxon W 105,000 138,000 120,500 155,000

Z -2,783 -,982 -2,659 -,765

Asymp. Sig.

(2-tailed)

,005 ,326 ,008 ,445

Exact Sig.

[2*(1-tailed

Sig.)]

,005b ,347b ,007b ,470b

Por último, no que diz respeito à antiguidade e preferência cultural, elaborou-se

uma correlação de Spearman, que indicou a presença de duas correlações estatisticamente

significativas, nomeadamente uma negativa, referente à cultura do tipo Clã (rs = -.48, n =

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25, p = .01), e uma correlação positiva, alusiva à cultura do tipo Mercado (rs = .48, n = 25,

p = .02) (Tabela 6).

Tabela 6. Correlação de Spearman entre os tipos de Cultura e os anos na organização

Correlations

Anos_Or

ganizaçã

o

Cultura_

Clã_P

Cultura_

Adocráti

ca_P

Cultura_

Mercado

_P

Cultura_

Hierárqui

ca_P

Spearman's

rho

Anos_Orga

nização

Correlation

Coefficient

1,000 -,483* ,110 ,475* ,073

Sig. (2-

tailed)

. ,014 ,601 ,017 ,728

N 26 25 25 25 25

Cultura_Cl

ã_P

Correlation

Coefficient

-,483* 1,000 -,017 -,789** -,190

Sig. (2-

tailed)

,014 . ,934 ,000 ,363

N 25 25 25 25 25

Cultura_Ad

ocrática_P

Correlation

Coefficient

,110 -,017 1,000 -,108 -,604**

Sig. (2-

tailed)

,601 ,934 . ,608 ,001

N 25 25 25 25 25

Cultura_M

ercado_P

Correlation

Coefficient

,475* -,789** -,108 1,000 ,028

Sig. (2-

tailed)

,017 ,000 ,608 . ,896

N 25 25 25 25 25

Cultura_Hi

erárquica_

P

Correlation

Coefficient

,073 -,190 -,604** ,028 1,000

Sig. (2-

tailed)

,728 ,363 ,001 ,896 .

N 25 25 25 25 25

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Capítulo IV. Discussão

No presente estudo, a organização em causa apresenta como culturas dominantes a

cultura do tipo Mercado e a cultura do tipo Hierárquica. No entanto, e no que se refere à

cultura futura pretendida, não se verifica esta tendência cultural. Deste modo, a cultura

dominante passa a ser a cultura do tipo Clã, seguida da cultura do tipo Mercado,

sublinhando o desejo de reforço, por parte dos colaboradores e chefias, do primeiro tipo de

cultura na organização. Os colaboradores e as chefias intermédias demonstram também o

desejo de aumento da cultura do tipo Adocrática no futuro, em detrimento das culturas do

tipo Mercado e Hierárquica, dado que para esses tipos de cultura, estes já preferem que

exista um decréscimo da prevalência das mesmas na organização. Estes dados revelam

alguma incongruência cultural nesta organização, segundo Cameron e Quinn (2006), visto

que alguns aspetos desta cultura não se encontram alinhados, na medida em que a cultura

refletida numa parte da organização não é semelhante e consistente com a cultura refletida

noutra parte da organização. Prova disso são os departamentos “D” e “F” que apresentam

como cultura dominante uma cultura do tipo Hierárquica, distanciando-se mais do modelo

apresentado pela empresa. No entanto, se formos analisar os gráficos do Anexo F também

é possível ver que nas dimensões da coesão organizacional e de critério de sucesso

dominam as culturas do tipo Hierárquica. Contudo, esta incongruência cultural pode ser

explicada pela existência de diferenças nas perspetivas, pelas diferenças nos objetivos, e

pelas diferenças nas estratégias dentro da própria organização (Cameron & Quinn, 2006).

Estas explicações parecem fazer sentido quanto a este estudo de caso, uma vez se tratar de

uma empresa que gere um conjunto de outras empresas, tendo muitas áreas de negócio

envolvidas e existindo vários serviços para serem realizados. O facto de também existirem

seis departamentos diferentes na organização leva a que diferentes objetivos de atuação a

nível individual sejam estabelecidos, o que pode levar à existência desta incongruência

cultural entre todos os funcionários da organização.

Na cultura atual foi encontrada uma discrepância maior do que dez pontos,

revelando deste modo que possa existir uma falta de foco na organização, que a cultura não

seja clara para todos os participantes, ou que a complexidade do ambiente organizacional

requeira múltiplas ênfases em diferentes áreas da empresa (Cameron & Quinn, 2006). Uma

vez que os dados foram recolhidos num momento em que os colaboradores tinham voltado

para a empresa, deixando para trás alguns meses de teletrabalho, devido à pandemia do

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35

vírus COVID-19, esta incongruência pode ser temporária, podendo estar relacionada com o

facto de a cultura organizacional não estar clara para todos os colaboradores, visto que

provavelmente, neste últimos meses, o trabalho e a cultura da empresa possam ter sofrido

algumas alterações, de modo a receber e a acomodar este novo modo de trabalho que teve

de ser implementado. Não obstante, esta incongruência pode ser funcional para a empresa,

visto que destaca aspetos da organização que são desconfortáveis, ou pode revelar aspetos

da cultura não reconhecidos como disfuncionais, sendo que também não influencia a

eficácia da organização (Cameron & Quinn, 2006).

De uma forma geral, esta organização é norteada por uma cultura do tipo Mercado

e do tipo Hierárquica, podendo ser descrita como uma empresa orientada para os

resultados, ligada à produtividade e à lucratividade, possuindo vários níveis hierárquicos,

regendo-se por regras e políticas formais (Cameron & Quinn, 2006).

De acordo com os traços de personalidade observados no CEO, é possível, através

dos estudos de Giberson e colaboradores (2009), e de Judge e Cable (1997), estabelecer

uma ligação com o tipo de cultura mais dominante (Mercado), uma vez que o CEO

apresenta traços congruentes com este tipo de cultura, nomeadamente em relação ao

Neuroticismo (baixo), à Amabilidade (muito baixa), e à Extroversão (muito alta). No

estudo de Judge e Cable (1997), é possível comprovar a hipótese que diz respeito ao

domínio da Extroversão, que não tinha sido comprovada pelos autores, visto que o CEO se

apresenta como uma pessoa muito extrovertida e exibe uma preferência por culturas mais

agressivas e orientadas para os resultados. Por seu turno, o domínio da Amabilidade e do

Neuroticismo vão ao encontro do já conhecido nos estudos destes autores, ou seja, que

líderes menos amáveis promovem uma concorrência agressiva e se focam nos resultados, e

líderes emocionalmente estáveis focam-se no desenvolvimento, na coesão e na moral dos

seus colaboradores (Giberson, et al., 2009; Judge & Cable, 1997).

Relativamente às hipóteses deste estudo, a primeira expõe a existência de

congruência, a nível concetual, dos tipos de cultura entre chefias intermédias e

colaboradores. Esta hipótese foi parcialmente confirmada, visto existir acordo entre ambos

os grupos em relação aos tipos de cultura de Mercado, Hierárquica e Clã. Todavia, os

colaboradores apresentam uma pontuação maior na cultura Adocrática do que as chefias

intermédias, revelando aqui um pequeno desalinhamento a nível cultural.

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Este desalinhamento é visível nos Gráficos 3 e 4, uma vez que as chefias

intermédias se encontram desalinhadas com a cultura dominante da empresa (Mercado),

face à cultura dominante de acordo com a sua perspetiva (Hierárquica). Este resultado não

coincide com o esperado, uma vez que se esperava um alinhamento total das chefias

intermédias, visto que estas apresentam como função a de atores no processo de apoio à

gestão da cultura organizacional (Domingos, 2009). Porém, uma possível justificação para

este achado é o facto de, uma vez que as chefias intermédias são profissionais que estão

constantemente a reportar à chefia de topo (Carney, 2006) – CEO – estas poderem sentir

mais o peso da existência de uma hierarquia, e dos seus níveis associados, em detrimento

do foco nos resultados, numa primeira instância. Levando, assim, a que as chefias

intermédias achem que a cultura que mais domina a organização seja uma cultura do tipo

Hierárquica, e não de Mercado.

A segunda hipótese refere-se à cultura organizacional que as chefias intermédias

apresentam nos seus departamentos, e à relação com os seus traços de personalidade, tendo

esta sido parcialmente confirmada neste estudo. Deste modo, segundo os dados, quanto

maior for o traço de personalidade do Neuroticismo, menor é a pontuação na cultura do

tipo Clã. Este resultado vai ao encontro do esperado quanto a este traço de personalidade,

visto que, segundo Giberson e colaboradores (2009), os líderes que apresentam um

Neuroticismo baixo lideram culturas do tipo Clã, uma vez que demonstram a tendência

para ter equipas coesas. De facto, os líderes deste tipo de cultura são vistos como mentores

e figuras parentais, não podendo estar correlacionados positivamente ao Neuroticismo,

sendo que pessoas com um N elevado demonstram uma grande instabilidade emocional,

afetos negativos, e um coping desadequado (Costa & McCrae, 2000). Sujeitos com um

Neuroticismo elevado apresentam também uma grande propensão para a descompensação

emocional, para as ideias irrealistas, para a presença de desejos e necessidades excessivas e

para a manifestação de sentimentos de incompetência (Lima, 1997), não se podendo

revelar, como esperado nas culturas do tipo Clã, um exemplo de apoio e aconselhamento

para os colaboradores (Cameron & Quinn, 2006).

Já no que concerne à terceira hipótese, que adiantava que os colaboradores que

possuem o ensino superior pretendiam uma cultura do tipo Clã, e os que não possuíam o

ensino superior uma cultura do tipo Mercado, foi confirmada. Segundo os dados, foram

encontradas diferenças entre ambas as culturas consoante o grau de formação académica,

nomeadamente colaboradores que possuíam o ensino superior demonstraram uma

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preferência por culturas do tipo Clã e, colaboradores que não possuíam o ensino superior

por uma cultura do tipo Mercado. Este resultado vai ao encontro do descoberto por

Cameron e Freeman (1991), nos seus estudos com universidades. Apesar de na literatura

não existirem explicações para suportar este achado, podemos apresentar duas hipóteses de

justificação. A primeira assenta no facto de os colaboradores que possuem o ensino

superior preferirem este tipo de cultura por ter sido o último tipo de cultura com que

lidaram, antes de entrar para o mercado de trabalho, havendo aqui um processo de

transferência entre organizações. Quanto à segunda hipótese, esta assenta no facto de,

segundo a literatura, indivíduos que possuem maior realização escolar apresentam níveis

mais elevados de desempenho cognitivo, tendem a participar continuamente em atividades

intelectualmente exigentes (Parisi, et al., 2012) e são capazes de desenvolver um bom

processamento de informação (Pressley, Borkwski, & Schneider, 1989). É possível que

estas vantagens estejam relacionadas com culturas do tipo Clã, uma vez que são culturas

que prezam a participação dos seus colaboradores e o contínuo desenvolvimento dos

mesmos (Cameron & Quinn, 2006).

Por último, e no que concerne à quarta hipótese deste estudo, esta foi parcialmente

confirmada. Esta hipótese visava que colaboradores com mais antiguidade na organização

preferiam uma cultura do tipo Mercado e Adocrática, em detrimento de uma cultura do

tipo Clã. De acordo com os resultados, os colaboradores que apresentam uma maior

antiguidade na empresa demonstraram uma maior pontuação na cultura do tipo Mercado e

uma menor pontuação na cultura do tipo Clã, significando que preferem mais a primeira e

menos a segunda, não tendo sido obtido nenhum resultado quanto à cultura do tipo

Adocrática. Deste modo, e tal como foi sugerido no capítulo do enquadramento, isto parece

estar relacionado com a etapa geracional em que estes colaboradores se inserem, uma vez

que colaboradores mais velhos pretendem, geralmente, trabalhar numa empresa de

referência, visto trazer-lhes segurança financeira, estabilidade, uma valorização do posto

de trabalho, e estarem a vestir a camisola por uma marca empresarial já conceituada no

mercado profissional. Por seu turno, colaboradores com uma menor antiguidade na

empresa encontram-se no período de integração na mesma, o que faz com que estes

possam sentir a necessidade de verem a empresa como um lar, de modo a sentirem-se em

casa, e de terem um mentor para os guiar, relacionando-se mais com uma cultura do tipo

Clã. De facto, os líderes podem ser vistos como uma figura de vinculação, uma vez que

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executam um papel fundamental ao equilibrar e integrar as necessidades dos colaboradores

nas empresas (Brandão, Miguez, & McCluskey, 2016).

Capítulo V. Conclusão

Relativamente ao estudo em causa, este pretendia realizar a descrição da cultura

organizacional da empresa, explorar o comportamento da formação académica e da

antiguidade na organização em detrimento dos tipos de cultura, e estudar os traços das

chefias intermédias em relação aos tipos de cultura apresentados nos departamentos. Desta

forma, constatou-se que a empresa estudada apresentava uma cultura dominante do tipo

Mercado, e que quatro dos seus seis departamentos seguiam essa cultura dominante,

salientando, desta forma. uma contribuição relevante desta investigação, nomeadamente a

importância dos traços de personalidade do CEO na cultura organizacional, uma vez que

estes estão de acordo com uma cultura do tipo Mercado.

Ressalva-se também, como contribuições deste estudo, a importância das chefias

intermédias para a gestão da cultura organizacional, uma vez que, nesta empresa, a grande

maioria dos colaboradores, posicionados nestes cargos de chefia, difundem e preconizam

uma cultura organizacional igual à ilustrada na empresa em geral, algo que vai ao encontro

ao que é defendido por Katz e Kahn (1978 cit in Fu, et al. (2008), visto que, para estes

autores, as chefias intermédias funcionam como pinos de ligação da organização onde se

inserem.

Outra das contribuições deste estudo foi relativa ao papel que a formação

académica (superior vs. não superior) tem na preferência pelos tipos de cultura

apresentados nas organizações. Neste estudo, revelou-se que colaboradores que possuíam o

ensino superior demonstraram uma preferência por culturas do tipo Clã e, colaboradores

que não possuíam o ensino superior por uma cultura do tipo Mercado. Esta contribuição

está de acordo com aquilo que Cameron e Freeman (1991) apresentam nos dados do seu

estudo. No entanto, foram ainda sugeridas algumas explicações dadas por nós,

nomeadamente a existência de um processo de transferência entre organizações, e ainda os

efeitos que o aumento da literacia provoca nos indivíduos, visto poderem estar

relacionados com a preferência por culturas do tipo Clã. Este resultado pode ainda nortear

os recém-candidatos ao mercado de trabalho, aquando da escolha de uma organização para

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a realização de uma candidatura, algo que pode ser interessante ser explorado num estudo

futuro.

Relativamente à antiguidade dos trabalhadores e à preferência por um dado tipo de

cultura, apesar de esta hipótese não ser totalmente confirmada, observou-se a preferência

por culturas do tipo Mercado por colaboradores com uma maior antiguidade, em

detrimento de culturas do tipo Clã. Este dado é também um contributo deste estudo, uma

vez que valida a relação estabelecida anteriormente entre a geração a que pertence o

colaborador e o tipo de cultura que prefere.

Contudo, e apesar dos resultados salientados neste estudo, o mesmo carece de

algumas limitações que o condicionam. Uma vez que esta investigação se trata de um

estudo de caso, e se recorreu a uma estratégia não probabilística por conveniência para

recolha da amostra, isto compromete a possibilidade de se realizar a generalização de

resultados para a população, visto não apresentar uma amostra representativa para estudo.

A heterogeneidade da amostra, e o facto de não se ter abrangido a totalidade de

colaboradores da empresa, representam outras duas limitações para o nosso estudo. Por

fim, o modo de recolha dos dados pode também ser classificado como uma limitação, visto

que o mesmo não permitiu a existência de contacto com os participantes devido ao pedido

de anonimato e sigilo da empresa em causa.

No que concerne a trabalhos futuros propõe-se a realização de um estudo que leve a

cabo os mesmos moldes que o realizado por nós, mas que comporte variadas empresas,

aumentando significativamente a amostra. Propõe-se também, a realização de uma

investigação semelhante à nossa, mas com o foco nas áreas de atividade de cada

departamento estudado, de modo a perceber se as áreas de atividade dominantes de cada

departamento possam ter influência no tipo de cultura organizacional que o departamento

comporta, algo que não pudemos explorar no nosso estudo, porque não tivemos acesso a

tal informação.

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Anexos

Page 63: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

I

Anexo A – Gráficos do Percentil dos Domínios das Chefias intermédias

0

20

40

60

80

100

120

N E O A C

Chefia do Departamento A

0

10

20

30

40

50

60

70

80

N E O A C

Chefia do Departamento B

Page 64: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

II

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

N E O A C

Chefia do Departamento C

0

10

20

30

40

50

60

N E O A C

Chefia do Departamento D

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

N E O A C

Chefia do Departamento E

Page 65: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

III

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

N E O A C

Chefia do Departamento F

Page 66: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

IV

Anexo B – Tabela de classificação de médias dos tipos de Cultura

Ranks

N Mean Rank

Sum of

Ranks

Cultura_Clã_A

gora -

Cultura_Clã_Pr

etendida

Negative

Ranks

19a 13,18 250,50

Positive Ranks 4b 6,38 25,50

Ties 2c

Total 25

Cultura_Adocr

ática_Agora -

Cultura_Adocr

ática_Pretendid

a

Negative

Ranks

18d 14,75 265,50

Positive Ranks 6e 5,75 34,50

Ties 1f

Total 25

Cultura_Merca

do_Agora -

Cultura_Merca

do_Pretendida

Negative

Ranks

6g 8,33 50,00

Positive Ranks 17h 13,29 226,00

Ties 2i

Total 25

Cultura_Hierár

quica_Agora -

Cultura_Hierár

quica_Pretendi

da

Negative

Ranks

4j 10,38 41,50

Positive Ranks 19k 12,34 234,50

Ties 2l

Total 25

Page 67: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

V

Anexo C – Gráficos dos Resultados Globais dos tipos de Cultura segundo cada

Departamento

Departamento A

Departamento B

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VI

Departamento C

Departamento D

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VII

Departamento E

Departamento F

Page 70: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

VIII

Anexo D – Correlação de Spearman entre os traços de Personalidade e os tipos de

Cultura

Correlations

Cultur

a_Clã

_Agor

a

Cultur

a_Ad

ocráti

ca_Ag

ora

Cultur

a_Mer

cado_

Agora

Cultur

a_Hie

rárqui

ca_Ag

ora

N_Ne

urotici

smo_

Cotaç

ão

E_Ext

rovers

ão_Co

tação

O_Ab

ertura

_Expe

riênci

a_Cot

ação

A_A

mabili

dade_

Cotaç

ão

C_Co

nscien

ciosid

ade_C

otação

Spearm

an's rho

Cultura

_Clã_A

gora

Correla

tion

Coeffic

ient

1,000 ,113 -

,642**

-,091 -,809 ,015 ,221 ,257 ,529

Sig. (2-

tailed)

. ,589 ,001 ,664 ,051 ,978 ,674 ,623 ,280

N 25 25 25 25 6 6 6 6 6

Cultura

_Adocr

ática_A

gora

Correla

tion

Coeffic

ient

,113 1,000 ,001 -,489* ,132 -,403 ,441 ,429 ,235

Sig. (2-

tailed)

,589 . ,998 ,013 ,803 ,428 ,381 ,396 ,654

N 25 25 25 25 6 6 6 6 6

Cultura

_Merca

do_Ag

ora

Correla

tion

Coeffic

ient

-

,642**

,001 1,000 -,428* ,754 -,088 ,348 ,169 -,203

Sig. (2-

tailed)

,001 ,998 . ,033 ,084 ,868 ,499 ,749 ,700

N 25 25 25 25 6 6 6 6 6

Cultura

_Hierár

quica_

Agora

Correla

tion

Coeffic

ient

-,091 -,489* -,428* 1,000 -,232 ,265 -,493 -,507 -,261

Sig. (2-

tailed)

,664 ,013 ,033 . ,658 ,612 ,321 ,305 ,618

N 25 25 25 25 6 6 6 6 6

N_Neu

roticis

mo_Co

tação

Correla

tion

Coeffic

ient

-,809 ,132 ,754 -,232 1,000 -,176 -,055 ,070 -,321

Page 71: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

IX

Sig. (2-

tailed)

,051 ,803 ,084 ,658 . ,706 ,907 ,881 ,483

N 6 6 6 6 7 7 7 7 7

E_Extr

oversão

_Cotaç

ão

Correla

tion

Coeffic

ient

,015 -,403 -,088 ,265 -,176 1,000 ,440 -,441 ,046

Sig. (2-

tailed)

,978 ,428 ,868 ,612 ,706 . ,323 ,321 ,922

N 6 6 6 6 7 7 7 7 7

O_Abe

rtura_E

xperiên

cia_Cot

ação

Correla

tion

Coeffic

ient

,221 ,441 ,348 -,493 -,055 ,440 1,000 -,169 ,664

Sig. (2-

tailed)

,674 ,381 ,499 ,321 ,907 ,323 . ,717 ,104

N 6 6 6 6 7 7 7 7 7

A_Ama

bilidad

e_Cota

ção

Correla

tion

Coeffic

ient

,257 ,429 ,169 -,507 ,070 -,441 -,169 1,000 ,318

Sig. (2-

tailed)

,623 ,396 ,749 ,305 ,881 ,321 ,717 . ,487

N 6 6 6 6 7 7 7 7 7

C_Con

scienci

osidade

_Cotaç

ão

Correla

tion

Coeffic

ient

,529 ,235 -,203 -,261 -,321 ,046 ,664 ,318 1,000

Sig. (2-

tailed)

,280 ,654 ,700 ,618 ,483 ,922 ,104 ,487 .

N 6 6 6 6 7 7 7 7 7

Page 72: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

X

Anexo E – Tabela de classificação de médias da formação escolar

Ranks

Form_Escolar_

RECOD N Mean Rank

Sum of

Ranks

Cultura_Clã_Pr

etendida

1 12 8,75 105,00

2 13 16,92 220,00

Total 25

Cultura_Adocr

ática_Pretendid

a

1 12 11,50 138,00

2 13 14,38 187,00

Total 25

Cultura_Merca

do_Pretendida

1 12 17,04 204,50

2 13 9,27 120,50

Total 25

Cultura_Hierár

quica_Pretendi

da

1 12 14,17 170,00

2 13 11,92 155,00

Total 25

Page 73: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

XI

Anexo F – Gráficos das seis dimensões do OCAI

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XII

Page 75: Personalidade dos líderes e Cultura organizacional: Um ......ter sempre entusiasmado ao longo desta caminhada, e por todo o apoio que me deu nesta fase final. À empresa, colaboradores,

XIII