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5 FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Ciênc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010 Maria Amélia Santoro Franco a * Resumo Este texto relata percursos de pesquisa-ação e tem a finalidade de realçar as possibilidades desta metodologia como produtora de conhecimentos partilhados. Analisa diferentes abordagens na prática da pesquisa-ação, destacando elementos para a composição de um protocolo de pesquisa na pesquisa-ação. O texto é tecido pela integração de diferentes pesquisas, com diferentes procedimentos, realçando o papel das espirais cíclicas na produção coletiva de conhecimentos. Neste processo de articulação de conhecimentos a partir de diferentes procedimentos são analisados, especialmente, a autoscopia e a escuta sensível. As investigações analisadas reiteram a importância das espirais cíclicas como procedimento fundamental para estruturar os processos cognitivos que ocorrem durante a pesquisa-ação. Palavras-chave: Pesquisa-ação. Produção coletiva. Autoscopia. Escuta sensível. Abstract This paper reports the path of the research-action methodology in order to enhance its possibilities as a shared knowledge producer. It analyzes different approaches to the practice of research-action methodology, emphasizing elements to compose a research protocol in research-action. The text is woven by the integration of different surveys, with different procedures, highlighting the role of cyclical spiral of the collective knowledge production. In this knowledge articulation process from different procedures are analyzed, especially the autoscopy and sensitive hearing. The investigations analyzed reiterate the importance of cyclical spirals as fundamental procedure for structuring the cognitive processes that occur during the research-action. Keywords: Research-action. Collective Production. Autocospy. Sensitive hearing. 1 Introdução A primeira vez que ouvi falar de pesquisa-ação foi em 1968, em um dos cursos de formação em Dinâmica de Grupos ministrados pelo professor Lauro de Oliveira Lima e promovido pela coordenação do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica – PUC, de Campinas, onde me graduava. Foi oferecido num espaço dentro da Cúria Metropolitana de Campinas, para que ficássemos menos visíveis e com mais segurança, uma vez que Lauro era pessoa cassada pela ditadura e seus cursos eram proibidos, considerados subversivos. Lauro fundamentava os estudos da dinâmica de grupos em Kurt Lewin. Fiquei interessada em Kurt Lewin e descobri que antes de ser psicólogo social, havia sido químico, físico e doutor em Filosofia. A tese que defendeu tinha como tema: A psicologia do comportamento e das emoções. Isso em 1914! Não tive acesso a tese, mas achava interessante a junção de comportamento e de emoção no mesmo tema. A psicologia das emoções? Tomei conhecimento também, naquela época, que em 1945 ele criou, a pedido do Massachusetts Institute of Technology, um centro de pesquisas em dinâmica de grupo: Research Center for Group Dynamics. O termo dinâmica de grupos era, em 1968, muito instigante. Discutíamos uma questão central já posta por Lewin em 1945: é possível a autenticidade nas relações intra/entre grupos? É possível que as pessoas sejam mais criativas dentro dos grupos? E a questão de Lauro: como democratizar as relações inter/ intra grupos? Como conduzir/conscientizar sem manipular? Segundo Lauro, essas condições eram possíveis em grupos maduros, com sujeitos dotados de pensamento lógico abstrato, pensamento esse que poderia ser desenvolvido pelo grupo, como num exercício de formação. O grupo forma o sujeito e o sujeito forma o grupo. Para subsidiar a discussão sobre a formação individual, seguiam-se as explicações de Lauro sobre a epistemologia genética de Jean Piaget. Discutir Piaget não nos interessa aqui, fiz esse preâmbulo para trazer à tona as indagações de Kurt Lewin e a pesquisa-ação. Já me aprofundei sobre a importância desse autor na introdução de uma teoria à pesquisa-ação (FRANCO, 2005), aqui, neste texto, quero enfatizar alguns aspectos que considero fundamentais à pesquisa-ação e que já estavam presentes desde Lewin, 1945. Desde sua origem, conforme também já discuti (FRANCO, 2005; 2008), a pesquisa-ação organizou-se em diferentes perspectivas, adquiriu diferentes feições e se fortaleceu com pesquisas e trabalhos que aprofundaram os sentidos e significados de “participação coletiva”. A transformação ocorreu especialmente em situações de articulação com Pesquisa-Ação: a Produção Partilhada de Conhecimento Research-Action Methodology: the Shared Production of Knowledge Artigo originAl / originAl Article a Doutora em Educação - Universidade de São Paulo (USP). Docente da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS). E-mail: [email protected] * Endereço para correspondência: Rua Campevas, 208, Perdizes - CEP. 05.016-010 - São Paulo – SP.

Pesquisa-Ação

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Pesquisa-Ação a Produção Partilhada de Conhecimento

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  • 5FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    Maria Amlia Santoro Francoa*

    Resumo

    Este texto relata percursos de pesquisa-ao e tem a finalidade de realar as possibilidades desta metodologia como produtora de conhecimentos partilhados. Analisa diferentes abordagens na prtica da pesquisa-ao, destacando elementos para a composio de um protocolo de pesquisa na pesquisa-ao. O texto tecido pela integrao de diferentes pesquisas, com diferentes procedimentos, realando o papel das espirais cclicas na produo coletiva de conhecimentos. Neste processo de articulao de conhecimentos a partir de diferentes procedimentos so analisados, especialmente, a autoscopia e a escuta sensvel. As investigaes analisadas reiteram a importncia das espirais cclicas como procedimento fundamental para estruturar os processos cognitivos que ocorrem durante a pesquisa-ao.

    Palavras-chave: Pesquisa-ao. Produo coletiva. Autoscopia. Escuta sensvel.

    Abstract

    This paper reports the path of the research-action methodology in order to enhance its possibilities as a shared knowledge producer. It analyzes different approaches to the practice of research-action methodology, emphasizing elements to compose a research protocol in research-action. The text is woven by the integration of different surveys, with different procedures, highlighting the role of cyclical spiral of the collective knowledge production. In this knowledge articulation process from different procedures are analyzed, especially the autoscopy and sensitive hearing. The investigations analyzed reiterate the importance of cyclical spirals as fundamental procedure for structuring the cognitive processes that occur during the research-action.

    Keywords: Research-action. Collective Production. Autocospy. Sensitive hearing.

    1 Introduo

    A primeira vez que ouvi falar de pesquisa-ao foi

    em 1968, em um dos cursos de formao em Dinmica de

    Grupos ministrados pelo professor Lauro de Oliveira Lima

    e promovido pela coordenao do curso de Pedagogia da

    Pontifcia Universidade Catlica PUC, de Campinas, onde

    me graduava. Foi oferecido num espao dentro da Cria

    Metropolitana de Campinas, para que ficssemos menos

    visveis e com mais segurana, uma vez que Lauro era

    pessoa cassada pela ditadura e seus cursos eram proibidos,

    considerados subversivos.

    Lauro fundamentava os estudos da dinmica de grupos

    em Kurt Lewin. Fiquei interessada em Kurt Lewin e descobri

    que antes de ser psiclogo social, havia sido qumico, fsico e

    doutor em Filosofia. A tese que defendeu tinha como tema: A

    psicologia do comportamento e das emoes. Isso em 1914!

    No tive acesso a tese, mas achava interessante a juno de

    comportamento e de emoo no mesmo tema. A psicologia

    das emoes? Tomei conhecimento tambm, naquela poca,

    que em 1945 ele criou, a pedido do Massachusetts Institute of

    Technology, um centro de pesquisas em dinmica de grupo:

    Research Center for Group Dynamics. O termo dinmica

    de grupos era, em 1968, muito instigante. Discutamos uma

    questo central j posta por Lewin em 1945: possvel a

    autenticidade nas relaes intra/entre grupos? possvel

    que as pessoas sejam mais criativas dentro dos grupos? E

    a questo de Lauro: como democratizar as relaes inter/

    intra grupos? Como conduzir/conscientizar sem manipular?

    Segundo Lauro, essas condies eram possveis em grupos

    maduros, com sujeitos dotados de pensamento lgico abstrato,

    pensamento esse que poderia ser desenvolvido pelo grupo,

    como num exerccio de formao. O grupo forma o sujeito

    e o sujeito forma o grupo. Para subsidiar a discusso sobre

    a formao individual, seguiam-se as explicaes de Lauro

    sobre a epistemologia gentica de Jean Piaget. Discutir Piaget

    no nos interessa aqui, fiz esse prembulo para trazer tona as

    indagaes de Kurt Lewin e a pesquisa-ao. J me aprofundei

    sobre a importncia desse autor na introduo de uma teoria

    pesquisa-ao (FRANCO, 2005), aqui, neste texto, quero

    enfatizar alguns aspectos que considero fundamentais

    pesquisa-ao e que j estavam presentes desde Lewin, 1945.

    Desde sua origem, conforme tambm j discuti (FRANCO,

    2005; 2008), a pesquisa-ao organizou-se em diferentes

    perspectivas, adquiriu diferentes feies e se fortaleceu

    com pesquisas e trabalhos que aprofundaram os sentidos

    e significados de participao coletiva. A transformao

    ocorreu especialmente em situaes de articulao com

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    Research-Action Methodology: the Shared Production of Knowledge

    Artigo originAl / originAl Article

    a Doutora em Educao - Universidade de So Paulo (USP). Docente da Universidade Catlica de Santos (UNISANTOS). E-mail: [email protected]

    * Endereo para correspondncia: Rua Campevas, 208, Perdizes - CEP. 05.016-010 - So Paulo SP.

  • 6 FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    os movimentos sociais populares e com a perspectiva de

    transformao social emancipatria. Quando reportamos

    a essa forma de realizar pesquisa-ao, normalmente a

    denominamos de PP: pesquisa participante. Para localiz-

    la sempre haveremos de reportar a Fals Borda e a Paulo

    Freire, construtores de estudos e pesquisas fundamentais

    para a ressignificao ou redirecionamento da pesquisa-ao,

    diferente da perspectiva que at ento conhecamos.

    A pesquisa-ao original pressupe a cooperao e/ou

    participao entre participantes e pesquisadores, conforme

    realado por Thiollent (2005 p. 16) na definio presente em

    uma centena de trabalhos de pesquisa-ao:

    a pesquisa-ao um tipo de pesquisa social com base emprica que concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

    A definio clara e precisa, no entanto induz a pensar:

    cooperao e participao so conceitos prximos, similares,

    sinnimos? Faz pensar ainda: que tipo de participao exige

    pesquisa-ao? Como participar democraticamente, em

    situaes de desigualdade social, cultural, poltica? Como

    equalizar diferenas em grupos sociais to diferentes como

    alunos e professores, por exemplo? Entre pesquisadores e

    desempregados?

    Os conhecimentos produzidos pela prtica da pesquisa

    participante auxilia pensar essas questes, no entanto, at hoje,

    buscam-se novas questes sobre a dinmica das diferenas

    no trabalho participativo; os significados da implicao

    dos envolvidos, bem como sobre a necessria e complexa

    produo coletiva de conhecimentos.

    Quero realar que a participao, em qualquer modelo

    de pesquisa-ao, no pode ser encarada com naturalidade.

    sempre um problema e o pesquisador dever prever formas

    e meios de lidar com a complexa questo de propiciar

    condies de participao gradativa de todos os sujeitos que

    dela participam.

    Outra incorporao teoria e prtica da pesquisa-ao

    advm dos estudos e pesquisas no mbito educacional,

    de carter formativo, desencadeadas principalmente por

    Stenhouse, Elliot, Carr e Kemmis, que trazem discusso a

    pesquisa da prtica; do coletivo dos profissionais envolvidos;

    e das possibilidades de transformao crtica das condies

    de opresso; alm de buscar novos elementos para a

    compreenso dos mecanismos articuladores da teoria. Essa

    perspectiva empreende estudos sobre a aprendizagem coletiva,

    a implicao mtua; a qualidade dos dados que emergem

    do processo, dotando o pesquisador de acesso a dados e

    interpretaes que no teria em pesquisa clssica. Trabalha-se

    com as aprendizagens em processo que vo ressignificando a

    realidade a ser transformada. O papel da avaliao coletiva das

    prticas vigoroso instrumental de prtica das espirais cclicas.

    Neste trabalho realo que h diferentes perspectivas

    metodolgicas para a pesquisa-ao e que apesar das diferentes

    abordagens no design da pesquisa-ao, existe algo que lhe

    prprio e que precisa estar presente para referendar o protocolo

    de pesquisa na pesquisa-ao (EL ANDALOUSSI, 2004, p.

    161). Segundo o autor, dois elementos so fundamentais neste

    protocolo: a instrumentao e a dmarche avaliativa. Fao a

    alterao para citar 3 elementos, talvez os mesmos, mas com

    diferentes denominaes: a criao do coletivo investigador;

    a utilizao das espirais cclicas para avaliao do processo

    e a produo/socializao de conhecimentos. Ou seja, quero

    refletir, a partir de casos prticos: como o pesquisador pode

    abrir espaos para criar um coletivo investigador? Como

    trabalhar articuladamente com as espirais cclicas? Como o

    pesquisador deve perseguir, com o grupo, a produo coletiva

    de conhecimentos?

    Neste texto, conto com a co-produo de 3 pesquisadoras

    em pesquisa-ao. Em conjunto, realamos como conseguiram

    organizar um coletivo investigador; como trabalharam

    com as espirais cclicas e como os conhecimentos foram

    sendo co-produzidos e socializados. Na pesquisa de Pontes

    (2007), consideramos seus esforos na busca de um coletivo

    investigador com professoras da rede pblica de ensino;

    com Braz (2009), analisamos a busca da autoscopia como

    instrumento para desencadear reflexes crticas nos docentes,

    criando espao para a ocorrncia das espirais cclicas; e, na

    pesquisa realizada por Cancherini (2009), destacamos como a

    escuta sensvel foi instrumento fundamental para compreender

    as dificuldades do professor iniciante.

    2 Pesquisa-ao e Autoria Docente: o Grupo de Encontros Pedaggicos como Estratgia Formativa (Relato de Caso 1)

    A pesquisa-ao desenvolvida por Pontes (2007) teve como

    principal objetivo conhecer as possibilidades que professoras

    de educao bsica possuam de se desenvolverem como

    autoras da prpria prtica, durante o exerccio da profisso.

    No intuito de conceituar a autoria docente, o professor autor

    foi compreendido como profissional reflexivo, autnomo e

    pesquisador da prpria prtica, de acordo com o referencial

    terico sobre o professor reflexivo (SCHN, 2000) e sobre o

    professor pesquisador (ZEICHNER, 1998). A capacidade de

    criar as atividades pedaggicas e avaliar de forma crtica o seu

    trabalho foi denominada de autoria pedaggica.

    No entanto, importante esclarecer que, na pesquisa de

    Pontes (2007), os conceitos de autoria, reflexo e pesquisa

    da prtica foram compreendidos na perspectiva do trabalho

    coletivo entre educadores. A pesquisadora partiu do

    pressuposto de que os professores podem desenvolver melhor

    essas competncias em dilogos com seus pares, conforme

    Freire (2005) e Habermas (1991).

    Dessa forma, para que o estudo empreendido fosse coerente

    com a proposta de desenvolvimento da autoria das professoras

    envolvidas, a pesquisadora optou pela pesquisa-ao. Pesquisa

  • 7FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    que tambm pedagogia que entrelaa atores-autores;

    aprendizado no qual, mesmo quando haja diferenas essenciais

    de saberes, todos aprendem uns com os outros e atravs dos

    outros, conforme conceituam Brando e Streck (2006).

    Para dar andamento ao trabalho criou-se um grupo

    de encontro com a finalidade de ser espao aberto de

    comunicao, em que as participantes se sentissem livres para

    poderem se expressar, e sem constrangimentos para expor

    suas deficincias e necessidades. A abordagem metodolgica

    da pesquisa-ao criou as condies ideais para que o trabalho

    coletivo das professoras se convertesse em formao docente

    continuada.

    Durante a fase exploratria, em reunies preliminares,

    as participantes reconheceram que a realidade educacional

    das escolas em que trabalhavam era bastante desfavorvel

    ao desenvolvimento profissional em servio e valorizao

    do trabalho coletivo dos professores. Avaliaram que suas

    prticas estavam submetidas a polticas educacionais mal

    elaboradas, sua autonomia era restrita, sentiam-se impotentes

    e oprimidas. Existia um silncio que, ao longo da histria

    educacional brasileira, lhes foi imposto e que precisava ser

    rompido. Concordavam essas professoras com Freire (1979)

    sobre o fato de que os indivduos se perdem quando tudo

    pr-fabricado e automatizado, no havendo espao para o

    risco e para a problematizao.

    A situao-problema identificada pode ser caracterizada

    como: nas diversas escolas em que essas professoras

    trabalhavam no havia espao/momento institucional para que

    refletissem sobre a prtica pedaggica coletivamente. Franco

    (2003) explica que, por meio da pesquisa-ao, espaos

    para reflexo coletiva podem ser criados, favorecendo o

    desenvolvimento da prxis educativa, e, neste caso especfico,

    a autoria pedaggica.

    Considerando-se que habilidades de autoria no so

    desenvolvidas por sujeitos cativos, essas professoras, com

    a ajuda da pesquisadora, mobilizaram-se para transformar

    a realidade: desinstitucionalizaram o estudo. Isso significou

    criar um grupo de estudo autnomo, desvinculado das escolas

    em que atuavam. Dessa forma, a pesquisa-ao caracterizou-

    se como crtica. Ou seja, a transformao foi percebida como

    necessria no incio dos trabalhos do pesquisador com o

    grupo, num processo que valorizou a construo cognitiva

    da experincia, via reflexo crtica coletiva. Busca-se

    a emancipao dos sujeitos de condies consideradas

    opressoras (FRANCO, 2003, p. 497).

    O grupo foi formado por 14 professoras oriundas de

    diferentes escolas de educao bsica. Essa iniciativa

    caracterizou o reconhecimento das participantes de que

    eram capazes de criar modos e meios de superar a realidade

    opressora, tornando-se responsveis por seu desenvolvimento

    profissional.

    O grupo foi, portanto, concebido como coletivo

    investigador e teve a funo de promover encontros regulares,

    durante 1 semestre. Foram utilizadas duas estratgias

    formativas com o intuito de favorecer o desenvolvimento

    da autoria pedaggica das participantes: os registros

    reflexivos das atividades pedaggicas cotidianas, elaborados

    individualmente; e as reflexes compartilhadas durante os

    encontros do grupo.

    O contrato de ao coletiva foi negociado com os

    participantes e o foco temtico do trabalho foi: autoria

    pedaggica. Na perspectiva do grupo criaram-se os momentos

    de ao e de reflexo:

    O momento da teoria, quando seriam lidos e discutidos textos tericos sobre o tema estudado;

    O momento da prtica, quando seriam relatadas as experincias com os registros reflexivos ao longo do ms;

    Proposta de ao a ser implementada no exerccio da prtica docente; e

    Avaliao das aes empreendidas.

    Essa organizao permitiu que, de acordo com a

    metodologia da pesquisa-ao, cada encontro representasse

    o fechamento de um ciclo iterativo da pesquisa. Os ciclos

    foram considerados iterativos (TRIPP, 2005) porque cada ciclo

    repetiu a mesma sequncia de fases, envolvendo planejamento

    das aes, desenvolvimento dessas aes e avaliao, a fim de

    gerar novo planejamento e a implementao das mudanas

    necessrias.

    Os ciclos promoveram o planejamento e a realizao

    das aes num movimento espiral, favorecendo o efeito

    recursivo (BARBIER, 2002), ou seja, a reflexo permanente

    sobre a ao possibilitou ao pesquisador coletivo retroagir

    e reformular as aes sempre que necessrio, analisando o

    objeto e o processo da pesquisa continuamente.

    Franco (2005) esclarece que as espirais cclicas ou a

    permanente reflexo sobre a ao num processo coletivo

    so a essncia do trabalho eminentemente pedaggico em

    pesquisa-ao, abrindo espaos para que se formem sujeitos

    pesquisadores.

    Pudemos evidenciar na anlise de dados que o registro

    reflexivo instrumento importante para a construo da

    autoria, funcionando como descongelador de silncios,

    conforme estudado por Lewin (1964). Segundo Freire

    (2005, p. 92), no no silncio que os homens se fazem,

    mas na palavra, no trabalho, na ao-reflexo. J h vrios

    estudos que consideram que os registros dos professores so

    importantes instrumentos para o desenvolvimento da reflexo

    sobre a ao e da pesquisa sobre a prtica (ZABALZA, 1994).

    Os estudos e pesquisas sobre esses encontros possibilitaram

    a compreenso de que essas prticas ocorrem num contexto

    scio-poltico-educacional que precisa ser problematizado

    sob perspectiva crtico-reflexiva (CARR; KEMMIS, 1988;

    FRANCO, 2003; FREIRE, 2005) a fim de que a realidade seja

    transformada.

    Uma grande dificuldade no trabalho com pesquisa-ao a

    busca de equilbrio entre diferentes poderes. Esse equilbrio,

  • 8 FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    afirmam Herr e Anderson (2005), foi facilitado por no haver

    entre pesquisadora e demais participantes grandes diferenas

    culturais, profissionais ou de interesses. A pesquisadora alm

    de tambm ser professora, naquele momento desenvolvia seu

    trabalho de mestrado, utilizando a pesquisa para tal fim, com

    consentimento livre e esclarecido do grupo.

    No entanto, isso no significou igualdade absoluta de

    papis, pois o papel da pesquisadora participante e, ao mesmo

    tempo, coordenadora do grupo foi reconhecido e aceito

    pelas integrantes. Essa convivncia na duplicidade de papis

    exige do pesquisador grande domnio do encaminhamento

    metodolgico da pesquisa. Para esta dificuldade recomenda-

    se (Franco, 2005) a utilizao de muita clareza e objetividade

    para lidar com as necessidades expressas pelos participantes.

    A forma de funcionamento do grupo como espao para

    o trabalho coletivo e solidrio; as orientaes precisas da

    pesquisadora na conduo do grupo; os registros reflexivos

    das participantes foram, portanto, as estratgias formativas

    utilizadas na pesquisa-ao que parecem ter favorecido a

    construo do coletivo investigador. Essas foram, tambm,

    condies de autoria que o trabalho proporcionou, uma vez

    que, conforme Freire (2005), no possvel ser autor se no se

    tem voz ou conscincia crtica de sua existncia.

    Foi, ainda, possvel compreender que a relao entre

    pesquisa-ao e autoria docente se estreitou medida que

    pesquisadora e professoras se empenharam na construo do

    espao de reflexo coletiva.

    3 A Autoscopia como Instrumento (Auxiliar) da Pesquisa-Ao (Relato de Caso 2)

    Analisar as possibilidades de promover a reflexo crtica

    do professor sobre sua prpria prtica, como forma de

    possibilitar transformaes nessa prtica, constituiu-se no

    objetivo central da pesquisa realizada por Braz (2009).

    Percebemos em nossas prticas de observao de docentes

    na educao infantil que a dificuldade comum que mais se

    destacava era a aparente ausncia de clareza sobre a inteno

    pedaggica que conduzia as aes de alguns professores com

    as crianas. Esses professores demonstravam desconhecer o

    sentido do que estavam fazendo. Executavam as atividades

    propostas de maneira mecnica e at intuitiva, sem question-

    las ou modific-las quando necessrio, esvaziando-as de

    significado.

    Compreendendo que essa dificuldade podia ser resultado

    de diferentes fatores, inclusive dos modelos de formao

    inicial e continuada que privilegiam perspectiva tcnica de

    docncia (PEREZ-GOMEZ, 1998), a autora prope, em sua

    pesquisa, o desenvolvimento da reflexo crtica dos docentes

    como forma de crescimento profissional e pessoal.

    Contribuir para o desenvolvimento profissional do docente

    requer a adeso desse docente proposta. Requer tambm

    voltar o olhar do professor para a prpria prtica de forma

    questionadora e reflexiva, com o intuito de indagar entre outras

    coisas: o que pretendo com esta ao? No que me fundamento

    para tomar determinada atitude? Quais as consequncias das

    minhas interferncias na vida desta criana como aluno e

    como cidado? Poderia ter agido de forma diferente? Posso

    agir diferente? Ou seja, para Braz (2009), o desenvolvimento

    profissional do professor est diretamente ligado sua prtica

    pesquisadora.

    O estudo desenvolveu-se considerando a importncia da

    priorizao de abordagens de trabalho, com carter formativo-

    emancipatrio, que levassem em considerao a participao

    conjunta, de pesquisador e pesquisado e que organizassem

    condies que promovam a autoformao e a emancipao

    dos sujeitos envolvidos.

    Assim, Braz (2009) optou por trabalhar com grupo

    de docentes, utilizando-se da pesquisa-ao formativo-

    colaborativa como forma de compreender e transformar

    coletivamente as dificuldades postas pelo professor.

    Para conduzir o professor a se observar, a autora optou por

    utilizar a autoscopia como procedimento auxiliar da pesquisa-

    ao, a fim de possibilitar a transformao das prticas pela

    ao consciente do sujeito.

    Autoscopia um procedimento que se vale do recurso da

    vdeogravao de situao prtica, visando posterior anlise

    dessa situao pelo prprio agente (ou agentes) da ao. O

    procedimento dividido em 2 momentos distintos: as sesses

    de vdeogravao da situao, quando o sujeito da ao tem

    seu comportamento vdeogravado em determinado ambiente;

    e as sesses de anlise e reflexo sobre o material gravado,

    quando o sujeito colocado para observar esse material

    gravado, editado ou no, para que emita comentrios sobre o

    mesmo, por solicitao do formador/pesquisador e em funo

    dos objetivos da pesquisa (LEITE; COLOMBO, 2006).

    Esse procedimento vem sendo utilizado h tempos, em

    diversas reas, para o desenvolvimento dos profissionais.

    Desde 1973, Monique Linard (Instituto de Cincias e Educao

    da Universidade de Paris Frana) vem desenvolvendo

    trabalhos desta natureza na formao docente e na pesquisa

    ligada psicologia cognitiva.

    A autoscopia pode estabelecer contato com informao

    antes inexistente: a observao da prpria imagem e da prpria

    atuao, o que pode promover mudanas nas representaes

    que o sujeito faz de si mesmo e de suas aes (LINARD,

    1980).

    No se trata de treinar competncias ou de estabelecer

    as melhores formas de atuao em cada situao a partir do

    vdeo, o que atribuiria perspectiva tecnicista ao procedimento.

    Trata-se de induzir o uso da reflexo critica sobre a prpria

    prtica, a qual pode funcionar como elemento potencializador

    de transformaes dessa prtica.

    Para a autoscopia se configurar como procedimento

    mediador entre o professor e a transformao de sua prtica,

    preciso consider-la sob perspectiva histrico-cultural.

    Parte-se do pressuposto de que o individuo no se relaciona

  • 9FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    diretamente com o mundo natural, mas esse contato mediado

    semioticamente por ferramentas de ordem material e simblica.

    A autoscopia evidencia a interao, a mediao e a linguagem

    como elementos importantes na produo do conhecimento

    sistematizado (VYGOTSKY, 2001), que possibilita ao sujeito

    a oportunidade de ampliao dos conhecimentos sobre sua

    prtica e a incorporao desses conhecimentos ampliados ao

    seu funcionamento mental.

    Assim, pode-se considerar a autoscopia ferramenta de

    carter material ao fazer uso de nova tecnologia e instrumento

    (a cmera de vdeo). Ao mesmo tempo, de carter psicolgico,

    ao permitir ao sujeito filmado observar-se de forma at ento

    no experimentada. Tal estratgia gera movimento dialtico

    de reflexo e reconstituio das situaes reais, bem como

    promove condies para a constituio de novas formas de

    interao, criando a possibilidade de transformar as aes

    desse sujeito no mundo.

    As sesses de autoscopia, promovidas pela autora,

    foram organizadas a fim de desenvolver progressivamente a

    conscincia do professor sobre a prpria prtica, valorizando

    a influncia da teoria como forma de fecundar essa prtica.

    Segundo a autora, o procedimento autoscpico proporcionou

    aos sujeitos envolvidos maior clareza sobre o que fazem, por

    que fazem e sobre o que precisam fazer para melhorar suas

    prticas, colaborando com sua formao.

    Esse procedimento pode quebrar barreiras e inseguranas.

    Pode empoderar o professor, pois permite espao de interao

    entre a dimenso pessoal e profissional. Ao ver-se na tela, tem

    viso contextualizada de si, podendo articular concretamente

    essas duas dimenses e, a partir disso, avanar no seu processo

    de desenvolvimento.

    A anlise a posteriori, que a autoscopia prope, promove

    afastamento da ao atravs do qual se possibilita v-la, entend-

    la e avali-la. durante essa anlise da prtica que alguns

    elementos da pesquisa-ao podem ser verificados, como a

    elaborao das espirais cclicas, a criao do coletivo investigador

    e a (co)produo de conhecimentos (FRANCO, 2008).

    A anlise, realizada em conjunto pela autora e as

    professoras participantes, foi organizada a partir da seleo

    e edio do material vdeo gravado e da prpria participao

    das professoras, em termos de reflexo sobre a prtica, na

    perspectiva proposta por Smithy (1992). Nessa perspectiva, a

    sistematizao do processo de reflexo se d por meio de trs

    aes: descrever, informar e confrontar, que desencadeiam

    uma quarta ao, a reconstruo.

    A pesquisadora buscou aproximar o sujeito de suas aes,

    num trabalho contnuo e coletivo de observar as constataes

    feitas pelas participantes, as contradies percebidas, o

    reconhecimento sobre as possibilidades de mudana da

    prtica, a percepo sobre a influncia do contexto na atuao,

    gerando processo de (re)conhecimento da prpria prtica.

    Na anlise coletiva da prtica, pode-se ir vivenciando,

    atravs do desenvolvimento das espirais cclicas, os encontros

    do sujeito com as suas circunstncias; neste processo percebe-se

    que o sujeito vai transformando seu modo de olhar sua realidade.

    Segundo a pesquisadora, contemplar a prpria prtica

    e question-la coletivamente gera a oportunidade de

    compreender os condicionantes dessa prtica e, a partir

    da, o professor vai podendo optar pelo estabelecimento de

    mudanas ou no nessa prtica.

    Braz (2009) destaca que a autoscopia capaz de instaurar

    nos sujeitos da pesquisa dinmica de princpios e prticas

    dialgicas participativas e transformadoras, a partir do

    confronto estabelecido com sua imagem na tela. Entretanto,

    no exerccio simples. No exerccio de analisar a prpria

    prtica, a reflexo critica no acontece de forma aleatria, mas

    sim de forma sistematizada, envolvendo a participao efetiva

    do formador em todos os passos do procedimento.

    A autora conclui que a autoscopia mostrou-se capaz de

    configurar-se como espao formativo que, por intermdio da

    reflexo compartilhada, aproxima a pessoa de sua ao. Fato

    que parece banal, mas que fica limitado e at impedido pela

    influncia da rotina, do habitus, dos tempos e espaos restritos

    e do isolamento do professor, que no est habituado a trabalhar

    coletivamente e compartilhar sua prtica com seus pares.

    A autoscopia permite anlise multirreferencial do

    fenmeno prtica docente. A anlise multirreferencial

    mais que questo metodolgica. Passa a ser posicionamento

    epistemolgico, uma vez que tal anlise prope explicitamente

    a leitura plural dos objetos de tais fenmenos e dos fatos

    educativos, sob diferentes ngulos e em funo de sistemas

    de referncias distintos, os quais no podem reduzir-se uns

    aos outros.

    O carter da pluralidade e heterogeneidade das prticas

    educativas que no podem, assim, ser analisadas de uma

    maneira nica. Isso simplificaria e descaracterizaria o real.

    Portanto, a autoscopia permitiu essa entrada na complexidade

    da interpretao coletiva da prtica docente.

    Pode-se reafirmar que a reflexo compartilhada sobre

    a prtica no gera frmulas ou receitas prontas para a

    atuao do professor. No entanto, abre caminho para os

    prprios professores pensarem as solues para as questes

    do seu cotidiano, gerando autoria e discernimento. Aes

    fundamentais para a construo de processos emancipatrios.

    Conforme Barbier (2002, p. 114) a pesquisa-ao deveria

    resultar no aumento de discernimento em cada participante;

    no se trata de produzir mais saber, mas de melhor conhecer

    a realidade do mundo, tal qual a percebemos nas nossas

    interaes.

    4 Escuta Sensvel como Instrumento da Pesquisa-Ao (Relato de Caso 3)

    O incio da carreira do professor tem sido o momento

    indicado por vrios autores como crucial para o

    desenvolvimento da sua vida profissional. Este foi o objeto de

    estudo de Cancherini (2009) que trabalhou com movimentos

  • 10 FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    investigativos diferentes, que sero delineados a seguir: o questionrio reflexivo e o acompanhamento formativo.

    Inicialmente optou-se por um questionrio do tipo escala Thurstone cujo objetivo a medio de atitudes, opinies, sentimentos entre outras variveis.

    A escala de Thurstone, conforme esclarece Oliveira (2001), uma escala de intervalo, seu uso est associado a investigaes sobre atitudes, opinies, sentimentos. De forma geral, essa escala apresenta aos sujeitos certo nmero de afirmaes s quais devem responder selecionando opo do tipo verdadeiro ou falso, ou seja, concordo ou discordo. Elabora-se uma lista de afirmaes sobre o objeto de pesquisa em questo. Tais afirmaes sero avaliadas por um grupo, juzes, e classificadas como mais ou menos favorveis. Sero selecionadas algumas afirmaes e as outras sero descartadas.

    Esse instrumento consegue informao a partir de um grupo representativo da populao em estudo, num reduzido espao de tempo. adequado em algumas pesquisas e no to adequado em outras. Por um lado, facilita obter informao junto grande nmero de pessoas.

    Cancherini (2009) buscou formas de aproximar o olhar do que no est desvelado, do que est implcito por meio da escuta real dos sujeitos de pesquisa. Paralelamente, participava de curso sobre pesquisa-ao e prtica docente oferecido sob forma de leitura orientada1.

    A necessidade de que a linguagem e o tom das questes se aproximassem o mximo possvel da realidade dos professores fez com que Cancherini (2009) procurasse conhecer mais a realidade do professor iniciante. Realizou, ento, uma srie de encontros formativos.

    Esses encontros formativos so grupos de sujeitos que so escolhidos por caracterizarem bem o objeto de nossa investigao. Assim, esse grupo era composto de professores iniciantes na carreira. Nesses encontros, essas professoras conversavam coletivamente, com intervenes do pesquisador, sobre nosso problema de pesquisa, que a princpio problema do pesquisador, mas que, aos poucos, vai se tornando o problema de pesquisa de todos e assim vai compondo num coletivo investigador.

    As falas dessas professoras foram constituindo rico acervo de depoimentos, comentrios, expectativas indicando problemas, que a literatura no evidenciava e novas questes pesquisadora.

    Esses depoimentos compuseram frases que deveriam ser comentadas por um grupo bem maior, de 81 professores iniciantes. A anlise dos depoimentos evidenciou os problemas vivenciados, a linguagem com que se expressavam, transformaram-se em textos escritos e constituram o contedo do questionrio. Isto , frases contidas nos depoimentos foram selecionadas para compor as questes do questionrio. Optou-se por questionrio composto por 22 afirmaes em formato

    baseado na referida escala de Thurstone.Outra preocupao foi no criar dubiedades que

    dificultassem as concluses ou induzissem os sujeitos ao erro. Assim, discutiu-se com o grupo de pesquisa e o grupo dos encontros de formao formas de aproximar as questes o mximo possvel da realidade vivida e estimular provocaes nos professores que remetessem reflexo. Para isso, alm das opes concordo ou no concordo, reservou-se o espao para comentrio opcional dos professores, que seria de maior valia e significado do que as escalas de intensidade.

    Embora quisssemos uma amostra com sujeitos da escola pblica no conseguimos. Constatamos que os professores, em sua maioria, no municpio de Santos, iniciam suas carreiras em escolas particulares2. Ao considerar apenas os professores com 1 ano na carreira, 70% esto nas escolas particulares. provvel que isso acontea, porque parte das escolas privadas absorvem a demanda sem concurso, com salrios baixos, a maioria ainda estudante de graduao. Esta foi a porta principal de entrada na carreira. Sendo que alguns professores comeam na carreira antes da concluso da formao inicial.

    O questionrio denominado reflexivo pretendeu desencadear processo formativo, tentando provocar a reflexo dos participantes ao criar espao de anlise da prtica, evitando criar bloqueios e respostas burocrticas, aproximando as suas questes da problemtica vivida. Contudo, as caractersticas desse perodo so complexas e no poderiam ser apreendidas apenas pelo questionrio.

    Algumas professoras, ao responderem o questionrio, solicitaram a ajuda da pesquisadora para tentar superar as dificuldades que enfrentavam e vislumbrando talvez que, com o apoio da pesquisadora, pudessem encontrar formas de permanecer na docncia.

    Assim, foi constitudo um grupo de acompanhamento, denominado de acompanhamento formativo. Ele se fundou, portanto, na participao espontnea e entre iguais, em colaborao. Colegas de profisso, cujas diferenas foram experincia na docncia e o papel de pesquisadora.

    No momento em que se iniciou o acompanhamento, no havia inteno de inscrev-lo como pesquisa-ao. Com o estudo sobre a metodologia, aos poucos se deu conta do tipo de relao que se ia estabelecendo. Por parte da pesquisadora, afirmou-se a necessidade de fazer suas as preocupaes, pois preciso estar interessado no outro para ouvi-lo. O conhecimento foi consequncia e o sentimento que permeou as relaes foi a de confiana.

    Em contatos com os docentes percebemos a grande necessidade que o docente iniciante tem por interlocuco privilegiada. Desta forma, esses encontros passaram a pautar-se em Barbier (2002, p. 57) que fundamenta a escuta sensvel como instrumental para produo de conhecimento a partir da pesquisa-ao:

    1 O grupo de pesquisa e o curso sobre pesquisa-ao, mencionados, esto sob minha coordenao.2 Devido s exigncias da Prefeitura Municipal em buscar professores com alguma atuao anterior.

  • 11FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    O papel de intermedirio no processo de conhecer produz as condies de anlise, a conscincia das situaes opressoras, sugere aes, autoriza que participantes exprimam a impresso sobre o objeto de discusso. Elucida, traduz significados ao interpretar, evidencia contradies, examina divergncias, desentendimentos, equvocos, conflitos. O compromisso com a melhora das condies sociais.

    Os resultados foram discutidos e analisados num processo

    avaliativo constante na espiral cclica. Esse processo divide-

    se em dois tempos, o primeiro: o diagnstico, elaborado

    segundo a escuta sensvel do que est sendo vivido. O

    segundo: referencial, isto , recorre aos referenciais tericos

    para apreciao de cada situao. O processo envolve cada

    situao trazida pelo grupo (BARBIER, 2002).

    Por participao coletiva, entende-se, conforme Barbier

    (2002), que no h como compreender o mundo afetivo sem

    estar junto, fazer parte, ser constituinte nesse processo de

    conhecimento, sem ser actante na expresso do autor. O sujeito

    pode ser um indivduo ou grupo, e o pesquisador, tambm

    pode ser um grupo pesquisador. O termo coletivo significa

    junto com o outro. O pesquisador implicado reconhece seu

    lugar na organizao social, os interesses que orbitam ao

    seu redor. A sua implicao implica o outro e o envolve na

    participao. Pressupe trabalhar junto, examinar, avaliar

    e se responsabilizar em conjunto, estabelecendo relaes

    responsveis e democrticas.

    Esse processo de acompanhar as professoras que

    solicitaram ajuda e que Cancherini (2009) denominou de

    acompanhamento formativo revestiu de significado as falas

    dos professores no questionrio reflexivo e permitiu perceber

    que, alm da compreenso, preciso sensibilidade para

    entender as peculiaridades da entrada na carreira. Ou seja,

    a interpretao s respostas do questionrio adquiriu novo

    sentido com a participao implicada do pesquisador.

    Em 1977, ao definir implicao, Barbier (2002) afirmou

    que o pesquisador deve comprometer-se tica e politicamente

    com a prxis cientfica, considerando sua histria familiar e

    libidinal, suas relaes de produo e de classes, seu prprio

    projeto sociopoltico, de forma que o resultado desta sntese

    possa ser parte do conhecimento produzido. Justificou:

    Creio que a posio social de cada um, na diviso social do trabalho, desempenha um papel muito importante no modo pelo qual as pessoas se envolvem numa atividade de conhecimento (BARBIER, 2002, p. 101).

    O processo assim coletivizado foi de aprendizagem para os sujeitos e para a pesquisadora. Da elaborao do questionrio, passando pelo crivo do grupo de pesquisa, at os encontros do acompanhamento formativo. Em busca de conhecer seu objeto de estudo, a pesquisadora construiu o seu incio com apreenses e dvidas, mas, tambm com o que nomeou por compromisso implicado.

    5 Tecendo as Narrativas

    5.1 A questo da participao na pesquisa-ao

    Busquei neste texto fugir um pouco da escrita formal de

    trabalhos cientficos. Quis ousar na construo coletiva, quer

    das investigaes, quer da meta-anlise que tentei elaborar

    com a finalidade de identificar as possibilidades participativas

    numa pesquisa-ao. Muitas vezes dei espao para detalhar

    procedimentos utilizados; indecises; o retorno da questo ao

    grupo, de forma a realar que a participao nem sempre

    possvel ou fcil de se concretizar. Em muitos casos, preciso

    que algum(ns) dispositivos desencadeiem o incio de processo

    participativo. Esses dispositivos podem ser de diversas ordens,

    como vimos nos casos relatados: quer ligados a espaos

    sociais de acolhimento dos grupos (PONTES,2007); quer

    ligados a inovaes nas tcnicas de coleta de dados (BRAZ,

    2009); ou na presena de teorias crticas que fundamentam a

    postura do pesquisador (CANCHERINI, 2009).

    Essa questo de que a participao no , a princpio,

    natural, reporta-nos ao grande problema da pesquisa-ao:

    participao induzida pode produzir processos emancipatrios

    ou, conforme crtica de Ellsworth (1989), essa participao

    funcionaria apenas como mais um mito repressivo que

    impor ao grupo interpretaes da realidade elaboradas pelo

    pesquisador? So riscos implcitos pesquisa-ao e cabe ao

    pesquisador esclarecer, partilhar essas possibilidades de risco

    e trabalhar com processos pedaggicos que, aos poucos, vo

    inserindo os sujeitos nos processos, nos contedos, nas teorias.

    Concordo com Gadamer (1992) quando reala a necessria

    ao poltica para abrir a possibilidade de participao quando

    esta no existe. Considerando essa perspectiva, analiso a

    pesquisa-ao como prtica que requisita ser intermediada

    por processos pedaggicos (FRANCO, 2005), de forma a

    possibilitar aos sujeitos o exerccio do direito de comear a

    pensar e a produzir conhecimentos por si mesmo.

    fundamental realar que participar no apenas estar

    presente e responder a solicitaes. A participao envolve

    o reconhecimento do outro como sujeito de desejo, de

    intencionalidade, de possibilidade solidria, de emoes.

    Consider-lo nesta integralidade permite abrir espaos

    de permisso participao como sujeito inteiro, actante,

    diferente e fundamental ao grupo. O coletivo investigativo

    comea a existir quando cada sujeito sente-se inteiro e

    prprio; percebe-se que tem um papel a desempenhar,

    histria a contar; interpretao que pertinente. Essa inteireza

    de cada sujeito acolhido no grupo produz o desejado clima

    de grupo; que um clima de conflito, de contradies, de

    rupturas o que faz com que a negociao flua como categoria

    fundamental. Sem esse clima no h pesquisador coletivo.

    Enquanto as relaes forem geladas, passivas, obedientes,

    totalmente consensuais, no h pesquisa instalada na ao que

    empreendem.

  • 12 FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    5.2 Caminhos flexveis contornam a pesquisa-ao

    Outro importante aspecto a considerar que a pesquisa-

    ao nem sempre se desenvolve como o planejado

    inicialmente. A pesquisa-ao requer flexibilidade de

    procedimentos; disponibilidade para adequaes em processo;

    exige criatividade do pesquisador para perceber alteraes que

    devem ser empreendidas. Nos 3 casos aqui relatados percebe-

    se a necessria reviso de procedimentos. Pontes (2007),

    precisou encontrar um espao novo para reunies do grupo

    quando percebeu que o espao institucional era opressivo

    e bloqueador da participao dos professores. Braz (2009)

    vai buscar a autoscopia quando percebe que o professor no

    tinha conscincia dos mecanismos didticos que utilizava em

    sua prpria aula; considerou necessria a aproximao da

    conscincia com a ao. J Cancherini (2009) percebe que os

    questionrios eram insuficientes para significar as ansiedades

    do professor iniciante e vai, ento, responder requisio do

    grupo e realizar a escuta sensvel.

    Da a importncia das espirais cclicas, que so

    movimentos reflexivos grupais entre o planejado e o vivido;

    entre o experenciado e o novo que se mostra necessrio.

    preciso retomar os propsitos, as expectativas; os progressos

    de cada um. Esse exerccio contnuo da vivncia das espirais

    cclicas funciona como espao para que a integrao

    pesquisador-grupo v se aprofundando e permitindo que a

    prtica desse processo v, aos poucos, facilitando a integrao

    dos pesquisadores com o grupo pesquisado; tal exerccio

    funciona tambm como um espao de tempo para que o

    conhecimento interpessoal se aprofunde e facilite a apreenso

    cognitiva/emocional das novas situaes vividas por todo o

    grupo, de prticos e de pesquisadores.

    5.3 A essencialidade das espirais cclicas

    A presena das espirais cclicas potencializa os mecanismos

    formadores implcitos na pesquisa-ao. A dinmica das

    espirais funciona quer como instrumento de reflexo/

    avaliao das etapas do processo, quer como instrumento de

    autoformao e formao coletiva e, mais ainda, funciona

    como uma incubadora que amadurece e potencializa as

    apreenses individuais e coletivas, especialmente no aspecto

    afetivo-emocional. O rigor da pesquisa-ao encontra-

    se fundamentalmente nas interpretaes e reavaliaes

    dessa dinmica coletiva. Uma pesquisa-ao que caminha

    linearmente, entre objetivos e metas cronometricamente

    elencadas e seguidas, no pode ser considerada uma pesquisa-

    ao; talvez uma ao planejada.

    5.4 A produo partilhada de conhecimentos

    Outra questo fundamental refere-se finalidade ltima

    da pesquisa-ao: a produo partilhada de conhecimentos.

    A construo partilhada requer processo contnuo de

    transformaes de sentido quilo que cada um percebe, pensa

    e faz. Essa transformao implica a reconstruo do prprio

    sujeito, ou como afirma Ghedin (2002) ao explicitar que,

    quando construmos conhecimentos sobre um dado objeto,

    no somente o objeto que se torna conhecido, mas tambm,

    e simultaneamente, o prprio sujeito, no ato de conhecer,

    desenvolve um processo de autoconhecimento.

    A construo partilhada de conhecimentos emerge da

    construo do coletivo, onde se interpem as relaes entre

    os sujeitos construindo a tessitura de intersubjetividades. Essa

    produo partilhada exige muito cuidado no acolhimento

    do saber que cada um traz, devendo o pesquisador evitar

    colocar seu saber como prioritrio; preciso sensibilidade

    para acolher o outro em suas dimenses afetivas, emocionais,

    cognitivas. As espirais cclicas so movimentos essenciais

    para a construo coletiva do conhecimento, nas 3 fases

    dessa construo, conforme Barbier: abordagem do objeto; a

    co-construo do objeto e a concretizao do conhecimento

    (objeto efetuado).

    6 Consideraes Finais

    Nos casos aqui abordados, pudemos perceber a

    preocupao das pesquisadoras em produzir coletivamente

    os conhecimentos. Realo mais uma vez a importncia das

    espirais cclicas como procedimento fundamental para

    estruturar os processos cognitivos que ocorrem durante a

    pesquisa-ao. Esse procedimento precisa ser instigado pelo

    pesquisador: ir e voltar ao mesmo ponto, cada vez com mais

    profundidade, cada vez com novos olhares. Essas espirais

    atuam no plano cognitivo, no processo de conscientizao e

    nas conquistas de empoderamento.

    Como sabemos: o que muda a compreenso da realidade

    so os olhares novos e cada vez mais apurados que lanamos

    sobre ela. O coletivo instigador das snteses, sempre

    provisrias, que vo sendo gestadas no grupo, e precisam ser

    sempre coletivas e coletivizadas. Essas snteses no ocorrem

    apenas no plano dos contedos, dos dados, mas do sujeito

    participante, do sujeito pesquisador. O pesquisador precisa

    criar no grupo espaos para reflexes de questes fundamentais,

    que devem emergir: Como estou me constituindo nesse

    coletivo investigador? Alguma coisa mais pessoal mesmo:

    como tenho me empenhado, como tenho me envolvido, como

    estou implicado3 neste coletivo? Nesta tarefa?

    De acordo como Barbier (2002), numa pesquisa-ao, a

    interpretao e a anlise so produtos da discusso do grupo

    e estas devem incidir em todos os aspectos envolvidos:

    3 Vide Barbier (2002) e o conceito de implicao.

  • 13FRANCO, M. A. S. / UNOPAR Cient., Cinc. Human. Educ., Londrina, v. 11, n. 1, p. 05-14, Jun. 2010

    Pesquisa-Ao: a Produo Partilhada de Conhecimento

    emocional, cognitivo, tico, existencial. Essa participao efetiva, ocorrendo em todas as dimenses do sujeito, resulta num aumento de discernimento de cada participante. Ou seja, no se trata, de produzir mais saber, mas de melhor conhecer a realidade do mundo, tal qual ns a percebemos nas interaes.

    Agradecimentos

    Esse texto foi produzido com a participao de Daniella Scarlett Braz, ngela Cancherini e, Rosana Pontes; ex-orientandas que trabalharam na conduo de processos de pesquisa-ao aqui analisados.

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