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PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL Delineamento provocador de mudanças Ŷas pƌĄiĐas de saúde Mercedes Trentini Lygia Paim Denise Maria Guerreiro V. da Silva 3 a edição – 2014 Porto Alegre – RS

PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIALrakuten.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/5172821.pdf · Capa:àPulikmais Revisão de Português: Lisiane Andriolli Danieli 3ª Edição –

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PESQUISA

CONVERGENTE

ASSISTENCIAL

Delineamento provocador de mudanças

asàp i asàdeàsaúde

Mercedes Trentini

Lygia Paim

Denise Maria Guerreiro V. da Silva

3a edição – 2014

Porto Alegre – RS

Os autores e a editora se empenharam para dar os devidos créditos e citar adequada-

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Capa:àPu li kmais

Revisão de Português: Lisiane Andriolli Danieli

3ª Edição – 2014

Todos os direitos de reprodução reservados para

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Av do Forte, 1573

Cai aàPostalàVila Ipiranga – Porto Alegre /RS

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3Pesquisa Convergente Assistencial

Sobre as Autoras

Denise Guerreiro Vieira da Silva. Enfermeira. Professora Associada do De-partamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enferma-gem da UFSC. Graduada em Enfermagem pela UNIRIO/RJ, Mestrado e dou-torado em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pós-doutorado pela University of Alberta/Canadá. Líder do grupo de pes-quisa NUCRON a partir de 2000. Pesquisadora do CNPq desde 2005. E-mail: [email protected]

Ingrid Elsen. Enfermeira. Professora Titular aposentada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em Enfermagem pela Universidade de São Paulo, mestrado em Enfermagem pela Universidade Fe-deral de Santa Catarina e doutorado pela University of California San Francis-co. Atualmente é coordenadora da Rede Sul de Pesquisa em Família e Saúde; ex-líder do Grupo de Pesquisa GAPEFAM/UFSC; membro do Centro Cres-cer Sem Violência. Experiência na área de enfermagem e saúde, com ênfase em enfermagem na saúde da família, atuando principalmente nos seguintes temas: família, enfermagem, promoção da saúde de famílias, prevenção da violência in-trafamiliar; pesquisa e saúde. Tem publicações em periódicos e é organizadora de diversos livros em enfermagem familiar. E-mail: [email protected]

Joyce Martins Arimatea Branco. Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do Núcleo de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem, do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro. Plantonista do setor de Nefrologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (UFF). E-mail: [email protected]

4 Pesquisa Convergente Assistencial

Lygia Paim. Enfermeira. Professora Titular aposentada pela Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (UFRJ). Formação em Enfermagem pela Escola Anna Nery, com o título de Livre-Docente e Doutora pela UFRJ. Professora Visitan-te no Departamento de Enfermagem da UFSC nos anos 90. Docente pesqui-sadora pelo CNPq em projetos de pesquisa no NUCRON/UFSC. Pioneira na constituição dos grupos de pesquisa em Inventos e Adaptações Tecnológicas do Cuidar Humano de Enfermagem e de estudos de história do conhecimento de enfermagem, Sócia Honorária da Associação Brasileira de Enfermagem.E-mail: lpaim9 @gmail.com

Marcia Tereza Luz Lisboa. Professora Associada do Departamento de Enfer-magem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Enfermagem. Membro da diretoria co-legiada do Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE) e membro do Núcleo de Pesquisa Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST), ambos da EEAN/UFRJ. E-mail: [email protected]

Mercedes Trentini. Enfermeira. Professora aposentada pela Universidade Fe-deral de Santa Cataria (UFSC). Graduada pela Escola de Enfermagem Alfre-do Pinto (RJ). Especialista em Condições Crônicas Renais pela University of California San Francisco (UCSF, USA). Mestre em Saúde do Adulto pela Uni-versidade Federal de Santa Cataria (UFSC) e doutora em Enfermagem pela University of Alabama at Birmingham (UAB, USA). Fundadora do Núcleo de Convivência em Situações Crônicas de Saúde (NUCRON) e coordenadora do mesmo até o ano de 2000. Atuou como Professora Visitante: na Universidade Federal de Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Universidade do Contestado (UnC) Campus de Concórdia e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected]

Sabrina da Silva de Souza. Enfermeira do Serviço de Emergência Adulto do Hos-pital Universitário (HU/UFSC) e da Secretaria Municipal de Saúde de São José (SC). Graduação, mestrado e doutorado em Enfermagem pela Universidade Fe-deral de Santa Catarina (UFSC). Integrante do Grupo de Pesquisa NUCRON. E-mail: [email protected]

5Pesquisa Convergente Assistencial

O conteúdo deste livro consiste em um alinhamento de um desenho de pesquisa nominado Pesquisa Conver-gente Assistencial publicado em edições anteriores.

Este delineamento se distingue dos demais métodos de pes-quisa pela propriedade de fazer a convergência de ações de pesquisa e ações de assistência em saúde. Sua essência se mostra pela finalidade de elucidar necessidades de planejar e concretizar mudanças na prática assistencial na área da saúde e em especial na de enfermagem. O que marca a sua origina-lidade, entre outros aspectos, é a exigência do envolvimento do pesquisador em ações de assistência em concomitância com as ações de pesquisa. Portanto, o processo da Pesquisa Convergente Assistencial é exequível a ser conduzido simul-taneamente com as atividades cotidianas dos profissionais de enfer magem e/ou demais profissionais da saúde.

A sequência dos conteúdos dos capítulos com que o texto se apresenta é aquela que consideramos necessária ao andamen-to da pesquisa. Exemplificações estão registradas em momentos considerados oportunos; o que se espera é que ajudem à com-preensão do que o texto quer dizer ou sugerir para ser feito.

Com esta obra queremos expressar a possibilidade de articulação de ações de assistência dos profissionais de saúde com as ações de pesquisa científica de modo a se tornarem fonte de dados de investigação com valimento para a produ-

Apresentação

6 Pesquisa Convergente Assistencial

ção de mudanças na prática assistencial quando necessárias. Além disso, a PCA oferece abertura para a construção de concepções teóricas para a sustentação da prática assistencial de enfermagem. Essa dupla função da Pesquisa Convergente Assistencial está orientada pelo princípio da expansividade que sustenta a flexibilidade do processo de pesquisa e, dessa maneira, abre a possibilidade de, além das mudanças propos-tas, o pesquisador poder identificar temas interessantes para levar a efeito outras formulações teóricas.

No aspecto teórico-filosófico, a Pesquisa Convergente Assistencial é considerada um delineamento híbrido, pois ela se tem sustentado na encruzilhada onde ocorre a convergên-cia de duas linhas de ação: a prática de enfermagem e a práti-ca de pesquisa. Essas linhas, ao longo do tempo, têm seguido, por um lado, tendências filosóficas do objetivismo e, por ou-tro, o subjetivismo. Pode-se dizer com segurança que a Pes-quisa Convergente Assistencial não mostra afinidade com o objetivismo radical; está mais próxima ao paradigma da com-plexidade e do construtivismo social.

Esperamos que esta obra venha a incentivar pesquisado-res da área da saúde a assumir como prioridade estratégias de mudanças no contexto da saúde, o qual se mostra carente de estruturas no âmbito físico, logístico e no relacionamento so-cial. Esperamos, igualmente, que docentes e demais pesquisa-dores se juntem a nós no sentido de continuar a divulgação e construção deste novo método de PCA com sugestões e críti-cas. Só assim a PCA ganhará outros rumos, novos autores e ampliará o número de seus consumidores. Nossa intencionali-dade é que se formem grupos específicos de pesquisadores de PCA com o interesse de continuar a construção investigativa da prática assistencial, como este delineamento de pesquisa está a exigir. Por fim, desejamos que docentes da área da saúde apropriem-se deste conhecimento de PCA no sentido de agre-gá-lo em suas práticas pedagógicas.

7Pesquisa Convergente Assistencial

A Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), desde seu lançamento em 1999, vem mobilizando centros de pesquisa e serviços de saúde em todo o país em razão

de sua proposta inovadora que desloca o ambiente da investi-gação do laboratório ao mundo real aonde ocorrem os en-contros da enfermagem com pessoas, grupos, famílias e co-munidades em busca de cuidado, conforto e saúde. É na imersão do investigador no cotidiano do fazer profissional que emerge a questão a ser estudada pela Pesquisa Conver-gente Assistencial, ou seja, na conjunção entre teoria, prática profissional e pesquisa, processo este permeado por valores e princípios inerentes à ciência e à bioética.

A PCA foi construída pelas Dras. Mercedes Trentini e Lygia Paim, enfermeiras brasileiras reconhecidas pela compe-tência no campo da ciência e da educação em enfermagem e por suas firmes posições em defesa da investigação como ins-trumento para promover mudanças e aumentar a qualidade do processo de cuidar, nos diferentes contextos em que a enfer-magem se faz presente.

Um fato relevante que chama a atenção dos leitores da PCA é o compromisso de suas autoras com seu acompanha-mento e contínuo aperfeiçoamento. Os estudos que adotaram a PCA, assim como os seus próprios, são analisados criticamente, a fim de identificar pontos obscuros, vazios, dificuldades, assim

Prefácio

8 Pesquisa Convergente Assistencial

como avanços e descobertas. O resultado integra esta publicação primorosa. O modelo de ciência que fundamenta a PCA é ex-presso em sua plenitude, sendo a convergência representada pela justaposição da pesquisa com a prática assistencial, assumida e delineada como construção central, em torno do qual vários conceitos são nomeados, definidos e interconectados.

Esta nova produção, ao abordar os paradigmas da ciên-cia contemporânea e suas implicações para pesquisa, instiga os leitores a refletir sobre as concepções teórico-filosóficas e metodológicas da PCA e suas relações com as diferentes vi-sões de ciência.

Por sua vez, o processo convergente assistencial, embora não tenha sofrido alterações no número e denominação de suas fases, foi ampliado e enriquecido com quadros que com-plementam o conteúdo do texto e das figuras, além da inclu-são de várias referências atualizadas.

A questão do rigor na pesquisa, tema do capítulo III, é abordada com propriedade e profundidade, mantendo coe-rência com o modelo de ciência que norteia a Pesquisa Con-vergente Assistencial. É importante ressaltar que o rigor, como entendido no contexto da PCA, é multidimensional, integrando todas as fases do processo, e como tal faz parte do relatório final da investigação. Gostaria de acrescentar que o escrito sobre o assunto em 2004 continua sendo uma boa in-trodução para o presente texto.

Os estudos realizados com o objetivo de avaliar a utiliza-ção da PCA, seus impactos positivos, as dificuldades e vazios encontrados em sua aplicação completam a publicação, indican-do uma aceitação expressiva do método por parte de mestrandos e doutorandos de muitas universidades brasileiras. Os resultados apontam que o método permite estudar uma diversidade de te-mas, podendo ser desenvolvido em diferentes contextos da prática assistencial, congregando usuários, familiares e mem-bros da equipe de saúde e enfermagem.

9Pesquisa Convergente Assistencial

Embora não merecendo um capítulo específico sobre a questão ética na pesquisa, é importante observar que o texto, no seu todo, adota a alteridade como critério fundamental da bioé-tica ao reconhecer o usuário como protagonista crítico, livre e responsável, priorizar o nível de relacionamento interpessoal, va-lorizar a solidariedade e a busca consciente da transformação do relacionamento entre pesquisadores, equipe de saúde, enferma-gem com as pessoas, sujeitos da pesquisa e usuários1.

Para finalizar, gostaria de salientar que o subtítulo do livro PCA – delineamento provocador de mudanças nas práticas de saúde e seu conteúdo, como um todo, é uma estratégia concreta e bali-zada de enfrentamento do problema da transferência de conhe-cimento para os serviços de saúde, tema este que vem sendo de-batido em conferências internacionais e objeto de inúmeras pu bli cações de enfermagem, principalmente no exterior.

Dra. Ingrid Elsen

Referência

1. Correia, FA. A alteridade como critério fundamental e englobante da bioética. In: Pessini L, Barchifontaine CP, orgs. Fundamento da bioéti-

ca. São Paulo: Paulus; 1996. p .62-74.

11Pesquisa Convergente Assistencial

Preâmbulo .................................................................... 13

Capítulo 1 A Pesquisa Convergente Assistencial em seus atributos .......................................................... 17Lygia Paim e Mercedes Trentini

Capítulo 2 O Processo Convergente Assistencial ........................... 31Mercedes Trentini

Capítulo 3 Regras básicas na condução de uma Pesquisa Convergente Assistencial ............................... 63Lygia Paim

Capítulo 4 Impactos produzidos pela Pesquisa Convergente Assistencial .............................................. 71Lygia Paim

Capítulo 5 A Pesquisa Convergente Assistencial em produções acadêmicas de pós-graduação ...................... 93Sabrina da Silva de Souza e Denise Guerreiro Vieira da Silva

Sumário

12 Pesquisa Convergente Assistencial

Capítulo 6 Integração pesquisa e assistência na construção do conhecimento em enfermagem ................................ 119Mercedes Trentini e Lygia Paim

Capítulo 7Tendências paradigmáticas prevalecentes na pesquisa em saúde .................................................... 129Mercedes Trentini

Capítulo 8Pesquisa Convergente Assistencial – estratégia metodológica para investigação e cuidado familiar em situações de diálise peritonial .................................. 145Joyce Martins Arimatea Branco e Marcia Tereza Luz Lisboa

Capítulo 9Requisitos e certificação de uso do delineamento PCA ............................................ 167Lygia Paim e Mercedes Trentini

Epílogo ......................................................................... 169

13Pesquisa Convergente Assistencial

O desejo de concretizar a aproximação entre a prática de enfermagem e os resultados da investigação nesta área de conhecimento motivou as autoras deste livro a de-

senvolverem um delineamento de pesquisa com o nome de Pesquisa Convergente Assis tencial (PCA) que integrasse es-sas duas faces convergentes da assistência a partir de sua con-junção teoria-prática.

A idealização deste método de pesquisa teve início em 1989 a partir de conteúdos do Curso de Mestrado em En-fermagem na UFSC e tomou forma em 1999 com a pri-meira publicação do livro intitulado Pesquisa em Enferma-gem: uma modalidade convergente assistencial. A segunda edição revisada e ampliada ocorreu em 2004 e levou o título de Pesquisa Convergente Assistencial: um desenho que une o fa-zer e o pensar na prática assistencial em saúde-enfermagem. O impacto desse método superou as expectativas das autoras, porque este tem sido usado como referencial metodológico por um número considerável de pesquisadores de enferma-gem em seus estudos, teses e dissertações de cursos de pós-graduação e trabalhos de conclusão de cursos de graduação e ainda em pesquisas isoladas.

Preâmbulo

14 Pesquisa Convergente Assistencial

A proposta deste novo método foi ancorada na crença de que o contexto da prática assistencial suscita inovações que podem ser concretizadas a partir da descoberta de alter-nativas para minimizar ou solucionar problemas cotidianos em saúde e renovação de práticas em superação. Acreditamos que a participação dos profissionais no processo de mudança da prática agirá como força impulsora para o comprometi-mento destes profissionais.

A qualidade peculiar da PCA tem por base a convic-ção de que o contexto da prática assistencial de enfermagem suscita renovação e que sua concretização requer o compro-metimento dos profissionais de determinado local da prática assistencial, diante da integração do pensar e do fazer, o que requer a inclusão da in vestigação sistematizada nas suas ativi-dades assistenciais1. A PCA vem sendo continuamente cons-truída, e a busca de nova publicação se deve não só ao esgo-tamento das duas edições anteriores, mas também vem sendo assegurada pela demanda relativa por este conhecimento que significa muito como engajamento de novos pesquisadores com a inovação metodológica desse tipo de pesquisa. Dian-te da posição receptiva da enfermagem e de outros campos da saúde, os estudos e os debates que já existem e que ain-da virão sobre a PCA são entusiasmantes em expectativas de novas construções científicas derivadas ou não desta proposta metodológica.

Mais do que desejos e expectativas, registros existem de resultados consistentes e divulgados quanto à relação entre a utilização da metodologia da PCA e as mudanças inseridas nas práticas assistenciais em experiências com dis-sertações de mestrado e teses de doutorado. Assim, temos o direito de sonhar juntos na enfermagem e saúde com uma nova prática da equipe assistencial de saúde, principal-

15Pesquisa Convergente Assistencial

mente nos pontos da rede do SUS, onde se exerce a práti- ca profissional de enfermagem em todas as suas dimensões de atuação segundo o previsto para a saúde na Constitui-ção do Brasil.

Referência

1. Trentini M, Paim L. Pesquisa Convergente Assistencial: um desenho que une o fazer e o pensar na prática assistencial em saúde-enfermagem. Flo-rianópolis: Insular; 2004. 143 p.

17Pesquisa Convergente Assistencial

A s inquietações quanto às estruturas das diferentes áreas de conhecimento e seus pressupostos epistemológicos vêm bus cando rumos por um modelo teórico funda-

mental à ciência e, no pensamento de Kuhn1, um marco de es-tudos foi reconhecido pelos cientistas. São muitos os esforços pela superação da dominância das ciências naturais e exatas na interpretação da realidade de estudos que exigem um olhar das ciências humanas e sociais, como aqueles que se situam nas disciplinas da saúde humana.

Considere-se que houve na segunda metade do século XX importantes publicações voltadas a esta questão, proce-dentes de profundos estudiosos das ciências naturais e exatas, a exemplo de Souza Santos2, Capra3, Prigogyne4 e Morin5, dentre outros eminentes pensadores e pesquisadores contem-porâneos.

Capítulo 1

A Pesquisa Convergente

Assistencial em seus atributos

Lygia Paim

Mercedes Trentini

18 Pesquisa Convergente Assistencial

Esta revolução na ciência tem como certo o distanciamen-to da tendência mecanicista de ver o homem e o mundo. Nesta tendência está o afã de encontrar novos modos de ver, pensar e agir enveredando na construção do conhecimento. Nesse senti-do, um ponto de partida pode ser tomado no evento da física que abalou o mundo da ciência e deu lugar à troca da concepção mecânica pela holística. A esse turbilhão de ideias para a cons-trução do conhecimento Souza Santos2,6 chamou de momento de transição paradigmática.

Neste século XXI, a transição paradigmática vem dina-mizando diversos estudos de natureza filosófica que ressal-tam a busca de explicitação de concepções alternativas e nelas a busca de ancoragem dos estudos e pesquisas científicas.

Na área da saúde, estudos e práticas estão em meio a essa transição, mormente pela contínua busca de definição do elemento humano, caracterizando o desenvolvimento do co-nhecimento e das ações de atenção a saúde pensadas e prati-cadas diretamente com o próprio ser humano, portanto, entre seres humanos.

É profundo o interesse em novos referentes de base na interpretação da realidade na pesquisa científica de saúde no que tange aos requerimentos de cuidados de enfermagem contextualizado neste tema amplo, valorizando a crítica a no-vos modos de pensar e agir, a partir de um delineamento de pesquisa que se vale da convergência entre pesquisa e assis-tência no campo da saúde.

Vale trazer à consideração o que Carvalho7 assinala ao considerar a enfermagem como ciência em vias-de-se-fazer, expressão usada no sentido dado por Moles8 em suas conside-rações a respeito de ciência do impreciso, ao referir-se à ciência e seu fragmentário modo de ver o mundo. Essa estudiosa tece reflexões críticas sobre construtos epistemológicos nas ciências