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PESQUISA E ノTICA NAS ORGANIZAヌユES DE EDUCAヌテO SUPERIOR * Edivaldo M. Boaventura ** SUMチRIO: 1. A iniciação da pesquisa. 1.1. Questionamentos sobre a metodologia da pesquisa no contexto das disciplinas de conteúdo. 1.2. Conteúdos versus metodologias criativas. 1.3. A habilitação para a redação científica. 1.4. O estímulo ao aluno para elaborar e apresentar projetos e a figura do orientador. 1.5. Núcleos e financiadoras de pesquisas. 1.6. O processo investigativo. 1.7. A monografia como trabalho conclusivo de graduação. 1.8. Literatura instrumental, ABNT e internet. 1.9. A ética na investigação científica e os conselhos de ética 2. A contribuição da metodologia da pesquisa. 2.1 Sílvia Lorena Vilas Boas Souza. 2.2. Flávia Marimpietri. 2.3. Elke Braid Petersen. 3. Concluindo tópicos de uma experiência 4. Referências RESUMO: O artigo registra a experiência do autor no ensino da metodologia da pesquisa na graduação com vistas à elaboração da monografia. Inicialmente, é questionado o relacionamento da metodologia no contexto das disciplinas de conteúdos. Insiste na habilitação do português para a precisão e clareza da expressão escrita e, também, para as buscas eletrônicas sempre com atenção à ética. Alerta sobre a importância da figura do professor-orientador. A pesquisa, para o autor, é uma atividade programada que se desenvolve melhor com alunos em núcleos que se integram às estruturas acadêmicas. A metodologia da pesquisa projeta a investigação que conduz ao trabalho conclusivo de curso. Por fim, são * Palestra de abertura da IV Semana de Iniciação Científica na Faculdade Castro Alves, em 9/11/05, coordenada pelo professor Alceu Roque Rech. Tema exposto na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE), a convite da sua direção, formulado pelo professor Antônio Cláudio Pires, em 5/8/2005, retomando o tema “A iniciação científica e o seu exercício para a pós-graduação e inserção no mercado de trabalho”, exposto na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), conforme solicitação do professor Almedes Ferreira da Silva, gerente de pesquisa, em 26/7/2004, na VIII Jornada de Iniciação Científica da UNEB, realizado em Salvador. Anteriormente, o tema foi debatido, na Semana de Análise Regional e Urbana, III Semana Universitária Unifacs, em 2004, a convite do professor Alcides Caldas, coordenador do Mestrado de Análise Regional. ** Graduado em Direito (1959) e em Ciências Sociais (1968). Doutor em Direito e Livre Docente em Economia (1964) pela Universidade Federal da Bahia. Mestre (1980) e Ph.D. em Administração Educacional (1981) pela The Pennsylvania State University (Penn State), U.S.A. Estagiou e pesquisou no Institut International de Planification de l ノducation (IIPE/UNESCO, 1971/1972).Especialização em Economia du Développement, Faculté du Droit et dês Sciences ノconomiques de Paris (1965) e ノcole Pratique des Hautes ノtudes (Paris 1965). Realizou o Curso de Desenvolvimento Econômico (Sudene/Cepal 1961) e o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra (ESG) (1989). Pós-doutorou-se na Universidade du Québec, Montreal (1995). ノ professor emérito da UFBA (2006), professor da Universidade Salvador (Unifacs, 2006) e da Fundação Visconde de Cairu. Atua na área de ensino e pesquisa em Educação Superior, dos Afrodescendentes e História da Educação e Metodologia da Pesquisa. Integra o conselho editorial de 10 revistas de Educação e Ciências Humanas Aplicadas.

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PESQUISA E ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR*

Edivaldo M. Boaventura**

SUMÁRIO: 1. A iniciação da pesquisa. 1.1. Questionamentos sobre ametodologia da pesquisa no contexto das disciplinas de conteúdo. 1.2.Conteúdos versus metodologias criativas. 1.3. A habilitação para aredação científica. 1.4. O estímulo ao aluno para elaborar e apresentarprojetos e a figura do orientador. 1.5. Núcleos e financiadoras depesquisas. 1.6. O processo investigativo. 1.7. A monografia comotrabalho conclusivo de graduação. 1.8. Literatura instrumental, ABNTe internet. 1.9. A ética na investigação científica e os conselhos deética 2. A contribuição da metodologia da pesquisa. 2.1 Sílvia LorenaVilas Boas Souza. 2.2. Flávia Marimpietri. 2.3. Elke Braid Petersen. 3.Concluindo tópicos de uma experiência 4. Referências

RESUMO: O artigo registra a experiência do autor no ensino da metodologia da pesquisa na

graduação com vistas à elaboração da monografia. Inicialmente, é questionado o

relacionamento da metodologia no contexto das disciplinas de conteúdos. Insiste na

habilitação do português para a precisão e clareza da expressão escrita e, também, para as

buscas eletrônicas sempre com atenção à ética. Alerta sobre a importância da figura do

professor-orientador. A pesquisa, para o autor, é uma atividade programada que se desenvolve

melhor com alunos em núcleos que se integram às estruturas acadêmicas. A metodologia da

pesquisa projeta a investigação que conduz ao trabalho conclusivo de curso. Por fim, são

* Palestra de abertura da IV Semana de Iniciação Científica na Faculdade Castro Alves, em 9/11/05, coordenadapelo professor Alceu Roque Rech. Tema exposto na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina(FACAPE), a convite da sua direção, formulado pelo professor Antônio Cláudio Pires, em 5/8/2005, retomandoo tema “A iniciação científica e o seu exercício para a pós-graduação e inserção no mercado de trabalho”,exposto na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), conforme solicitação do professor Almedes Ferreira daSilva, gerente de pesquisa, em 26/7/2004, na VIII Jornada de Iniciação Científica da UNEB, realizado emSalvador. Anteriormente, o tema foi debatido, na Semana de Análise Regional e Urbana, III SemanaUniversitária Unifacs, em 2004, a convite do professor Alcides Caldas, coordenador do Mestrado de AnáliseRegional.** Graduado em Direito (1959) e em Ciências Sociais (1968). Doutor em Direito e Livre Docente em Economia(1964) pela Universidade Federal da Bahia. Mestre (1980) e Ph.D. em Administração Educacional (1981) pelaThe Pennsylvania State University (Penn State), U.S.A. Estagiou e pesquisou no Institut International dePlanification de l Éducation (IIPE/UNESCO, 1971/1972).Especialização em Economia du Développement,Faculté du Droit et dês Sciences Économiques de Paris (1965) e École Pratique des Hautes Études (Paris 1965).Realizou o Curso de Desenvolvimento Econômico (Sudene/Cepal 1961) e o Curso de Altos Estudos de Política eEstratégia pela Escola Superior de Guerra (ESG) (1989). Pós-doutorou-se na Universidade du Québec, Montreal(1995). É professor emérito da UFBA (2006), professor da Universidade Salvador (Unifacs, 2006) e daFundação Visconde de Cairu. Atua na área de ensino e pesquisa em Educação Superior, dos Afrodescendentes eHistória da Educação e Metodologia da Pesquisa. Integra o conselho editorial de 10 revistas de Educação eCiências Humanas Aplicadas.

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destacados depoimentos de alunos sobre a disciplina metodologia da pesquisa, demonstrando

aplicações de aprendizagem na elaboração de trabalhos acadêmicos.

Palavras-chave: Pesquisa na graduação. Iniciação científica Monografia. Trabalho de

conclusão de curso (TCC) Projeto e processo investigativo. Ética na investigação.

ABSTRACT: This article records the author's experience in the teaching of research

methodology in studies aimed at preparing the monograph. Initially, it questioned the

relationship of the methodology in the context of the subjects of content. Stresses the

empowerment of the Portuguese to the accuracy and clarity of written expression, and for the

electronic searches always with attention to ethics. Warning about the importance of the

figure of the teacher-advisor. The search for the author, is a scheduled activity that develops

better with students in groups that integrate academic structures. The methodology of the

research projects the research work leading to the conclusive of course. Finally, evidence of

students are posted on the subject of research methodology, demonstrating applications of

learning in the development of scholarly work.

Keywords: Research on graduation. Scientific initiation. Monograph. Work completion of

course (CBT) Project and the investigative process. Ethics in research.

1. A INICIAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa na graduação tem sido por mim discutida em vários fóruns, como forma de

compartilhar conhecimentos acerca da pesquisa e ética no ensino superior, em especial, no

ensino de graduação, razão pela qual resolvi fixar, neste artigo, certos tópicos da minha

experiência docente na área. Ministrando Metodologia da Pesquisa, no bacharelado em

Direito da Universidade Salvador (UNIFACS), na licenciatura em Pedagogia da Faculdade de

Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e em programas de Mestrado e

Doutorado, direciono a disciplina para a elaboração do projeto de pesquisa. Dessa forma,

participo tanto da elaboração como da discussão e aprovação dos Trabalhos de Conclusão de

Curso (TCC) naqueles níveis de estudo (BOAVENTURA, 2004).

A participação em semanas científicas comprova que estamos no caminho certo da

apresentação de trabalhos de investigação científica em nível de graduação. Iniciação

científica que suscita a continuidade no escalão imediato da pós-graduação, para a qual o

aluno deve chegar predisposto e iniciado na investigação científica, dominando entre outras

habilidades as principais disposições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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A iniciação científica, além de permitir o desenvolvimento de habilidades específicas para o

discente, “tem o propósito de despertar nele a necessidade de melhor capacitar-se para o

desenvolvimento da pesquisa durante o exercício da futura profissão”, pondera Almedes

Ferreira da Silva, gerente de pesquisa da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em 2004.

Objetivando enfatizar a produção científica, o artigo está estruturado em duas partes. Na

primeira, questiono a situação da aprendizagem da metodologia em um contexto de ensino de

disciplinas de conteúdo com aulas magistrais e informativas. Para tanto, o aluno tem que

enfrentar o desafio dissertativo da redação científica para a elaboração do projeto, enquanto

nas demais disciplinas ele responde às provas escritas. O trabalho conjunto de professores e

alunos, preferencialmente desenvolvido em seminários, segue as etapas do processo

investigativo, com atenção às normas da ABNT, aos meios eletrônicos disponíveis na internet

para o devido acesso e à ética na pesquisa. Na segunda parte, eminentemente de aplicação,

relato a contribuição da metodologia para o projeto de dissertação de alunas e alunos.

Ao começar a discutir o tema, recordo o princípio da indissociabilidade ensino-pesquisa,

formulado por Wilhelm von Humboldt, ao criar a Universidade de Berlin, em 1810, que se

transformou em marco universal da história da universidade. Tal princípio, que não atua

unicamente na pós-graduação, mestrado e doutorado, mas fertiliza todo o trabalho acadêmico,

foi introduzido na vida universitária brasileira, pelo conselheiro Newton Sucupira, quando da

reestruturação e reforma de 1968.

Pondera Pedro Demo (1996, p.12) que é absolutamente fundamental “tornar a pesquisa o

ambiente didático cotidiano, no professor e no aluno, desde logo, para desfazer a expectativa

arcaica de que pesquisa é coisa especial.” Por isso, o professor não se sente pesquisador.

Considera pesquisa uma atividade divina, complicada, reservada somente a certos seres

iluminados. O professor “foi treinado dentro do método da aula copiada, e só sabe dar aula

copiada. Quanto ao aluno, a idéia de o fazer pesquisar pareceria um espanto, uma fantasia,

uma megalomania, uma extravagância” Não se deve esquecer que pesquisa é uma busca, mas

uma busca aprofundada, que segue processos sistematizados no alcance de um problema não

resolvido ou resolvível.

A pesquisa é um dos maiores diferenciais da educação superior e, para alcançar este

parâmetro, tenha-se em mente que, como professores, ingressamos na faculdade para ensinar

e iniciar os alunos muito naturalmente no processo da investigação científica. É uma

decorrência lógica e quase obrigatória daqueles professores que realizaram o doutorado o que

os qualifica para o ensino e, mais ainda, para a investigação.

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1.1. QUESTIONAMENTOS SOBRE A METODOLOGIA DA PESQUISA NO CONTEXTO

DAS DISCIPLINAS DE CONTEÚDO

Com um currículo marcado por conteúdos e ministrado por preleções informativas, a opção é

pelo “questionamento reconstrutivo, alimentado pela pesquisa como princípio científico e

educativo” (DEMO, 1996, p. 10). Assim, cabe indagar dos professores e coordenadores de

curso várias questões concernentes à metodologia da pesquisa no contexto das disciplinas de

conteúdo.

a) Como se efetiva o ensino e a prática da iniciação científica no curso de

graduação?

b) Quais são os objetivos do ensino com a pesquisa, na graduação?

c) Se estamos na universidade para aprender, ensinar e iniciar na investigação, o

currículo dos cursos de graduação possibilita a aprendizagem da pesquisa? Pondere-

se a natureza de uma disciplina essencialmente metodológica, centrada na escolha de

um tema-problema, com hipóteses, objetivos e variáveis, em um universo de ensino

predominantemente de conteúdos transmitidos por preleções e testados em provas

escritas.

d) Os professores com mestrados e doutorados estão predispostos a ensinar

pesquisando e, principalmente, a orientar alunos nos seus projetos de pesquisa? São

projetos importantes que devem conduzi-los à monografia conclusiva e a

prosseguirem em estudos mais avançados.

e) Professores que não têm Mestrado e Doutorado, mas experientes no magistério,

como orientam os alunos nas monografias?

f) Como instrumentalizar o aluno de graduação com métodos e técnicas para a

aprendizagem da investigação científica? Há pesquisa do aluno e há pesquisa do

professor ou de ambos; conseqüentemente, existem artigos a serem publicados

separados ou conjuntamente. A iniciação científica é um objetivo do ensino de

graduação, manifestando uma das funções da Universidade, a pesquisa.

g) Até que ponto o aluno conhece a literatura sobre a investigação científica

existente na biblioteca da sua faculdade? É preciso começar as disciplinas pela visita

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orientada em colaboração com a bibliotecária, identificando as principais fontes

escritas e eletrônicas. (RENFORD, 1979)

h) No particular, como tem sido a abordagem das diretrizes da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)? Normas que fornecem precisão e clareza aos

trabalhos acadêmicos dos alunos. Exigem-se citações precisas, referências corretas e

numerações das notações conforme os padrões estabelecidos pela comunidade

científica? O domínio das normas da ABNT é da competência do ensino da

graduação. O aluno deveria entrar para a pós-graduação sabendo citar e referenciar

corretamente.

i) A iniciação científica que empreendemos como professores atende à ética?

Identificar às fontes consultadas é um dos problemas da ética na pesquisa (PASSOS,

1994).

j) Qual tem sido o estímulo às alunas e aos alunos para utilizar a internet na busca

de fontes atualizadas? Os professores podem acompanhar a inventiva dos jovens no

aprendizado interativo pelos computadores?

1.2. CONTEÚDOS VERSUS METODOLOGIAS CRIATIVAS

Antes de serem discutidos os elementos da proposta de pesquisa, constata-se quanto é

carregado o currículo da graduação. Como sabemos, a ênfase da nossa educação concentra-se

nos conteúdos. De modo geral, conhecimento é muito mais conteúdo do que a aprendizagem

de comportamentos e criação de atitudes. A iniciação científica tem como um dos

dificultadores a ênfase no exagerado ensino dos conteúdos programáticos em contraste com a

pesquisa que é essencialmente metodológica e atitudinal. O nosso currículo continua

enciclopédico. Há cursos jurídicos com oito disciplinas anuais. Pouca ênfase no

desenvolvimento de aquisição de novos comportamentos, atitudes e habilitações empíricas,

questionamentos e problematizações.

O decadente vestibular reforça a tradição conteudística, quando se torna necessário criar no

aluno uma atitude metodológica que o conduza à criação do conhecimento. Estamos

mudando, mas é insuficiente a atenção dada à elaboração de projetos, à formulação de temas e

à sua problematização, enquanto a pesquisa atual fixa-se na resolução de problemas como

quer Larry Laudan (1977). Acredita ele, comenta Ricardo Feijó (2003, p. 81) “que se

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pensarmos a ciência enquanto busca de clarificação e de resolução de problemas teremos uma

perspectiva renovada da história da ciência.”

1.3. A HABILITAÇÃO PARA A REDAÇÃO CIENTÍFICA

Uma dificuldade que encontramos na elaboração de projetos e relatórios de pesquisa é a

redação (BARRASS, 1979). Pesquisar e redigir com precisão é um desiderato de quem se

inicia na investigação científica. O professor–orientador torna-se, mais das vezes, um revisor

de texto.

A universidade ainda não desenvolve nos alunos a eficiente expressão escrita e verbal. O

ingresso na Universidade coincide com o desenvolvimento pleno da capacidade de síntese do

aluno e é justamente quando param os cursos de redação. Precisamos tanto do Português Oral,

como do Português Instrumental e do Português Redacional para chegar ao Português

Científico que possibilite a elaboração de resumos, resenhas, paráfrases e relatórios que

exigem capacidade de síntese. As disciplinas que tratam da comunicação dispõem sobre a

aprendizagem da língua (GARCIA, 2000; MEDEIROS, 2002). Para o desempenho pessoal e

profissional é indispensável a habilitação em linguagem falada e escrita. Falar bem com

lógica e clareza, saber perguntar e questionar, na vida acadêmica, devem compor as

competências para o exercício profissional.

Na universidade, temos que ensinar a falar em seminário ou painel. A comunicação da fala

com desembaraço, tanto quanto a escrita correta devem ser objetivos do currículo de educação

superior. Muito especialmente não sabemos falar ao telefone, quando discamos um número

errado recebemos de volta uma “patada”. E a nossa mãe que já se encontra do outro lado da

existência recebe a ofensa. Não sabemos agradecer a uma chamada telefônica. No final de

uma conversa telefônica, é simpático dizer “obrigado(a) por sua chamada.” É preciso

agradecer a todos que colaboraram com a investigação, professores, servidores, bibliotecários

e colegas. Mas a nossa cultura autoritária não privilegia o agradecimento e a desculpa, tem o

caráter impositivo de uma obrigação.

Do ponto de vista redacional, é preciso desenvolver a capacidade dissertativa e

argumentativa, em especial, na revisão da literatura ínsita a toda proposta de investigação.

Pois bem, quando os alunos têm que escrever o projeto e o relatório da pesquisa, multiplicam-

se as dificuldades com a redação. É preciso redobrada paciência do professor-orientador em

procurar a expressão exata com o orientando.

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Além disso, a atividade científica implica em resumir e parafrasear, isto é, escrever com as

nossas próprias palavras o que lemos e entendemos para a fundamentação teórica ou revisão

da literatura da monografia. O texto científico deve ser plano, limpo, claro, objetivo e bem

normalizado (MARINHO, 2003). Entenda-se por “normalização como o conjunto de

procedimentos padronizados que se aplicam à elaboração de documentos técnicos e

científicos, de modo a induzir e retratar a organização do seu conteúdo”. (LUBISCO e

VIEIRA, 2003, p.15; MEDEIROS, 2002)

Uma das dificuldades, portanto, com a investigação científica é redigir com clareza

monografias, dissertações, propostas e relatórios de pesquisa. Quando escrevi o meu livro

sobre metodologia da pesquisa, anotei:

Na minha experiência docente na pós-graduação, particularmente na produção depapers, examinam-se inúmeras monografias, dissertações e teses e se sente apertinência da expressão escrita clara, correta e precisa. Assim, a redação damonografia de final de curso deve ser uma comunicação impessoal, tanto quantopossível redigida na terceira pessoa do singular. Além de ser um exercíciometodológico, a monografia acarreta um problema redacional que o aluno devesaber encaminhar a fim de explanar convenientemente suas idéias.(BOAVENTURA, 2004, p. 21)

Para pesquisar devemos redigir o referencial teórico e metodológico e dissertar com atenção à

ética, que equivale aos valores morais introduzidos. Ética na citação, ética na referência às

fontes, ética na internet, enfim, honestidade intelectual é uma exigência moral em toda a

escrita. Texto claro e fidedigno dá credibilidade ao autor.

A propósito, Elizete Passos (1994, 106) insiste:

Os valores morais não possuem nenhum mistério. Uma ação é boa ou má porque seconvencionou socialmente o que é bom e o que é mau, assim como a religiãodeterminou o que é um comportamento pecaminoso ou virtuoso e o direito o que élegal e o ilegal. Convenções que dependem das transformações e variaçõeshistórico-sociais.

Enfim, na aprendizagem formal da investigação científica, temos que estudar a metodologia e,

ao mesmo tempo, reforçar a nossa capacidade de redação exercitando a honestidade

intelectual.

1.4. O ESTÍMULO AO ALUNO PARA ELABORAR E APRESENTAR PROJETOS E A

FIGURA DO ORIENTADOR

A aprendizagem com a pesquisa inclui além do esforço do professor, buscas freqüentes à

biblioteca e na internet. O objetivo não é formar o pesquisador completo que egressa da

graduação, mas de iniciar o aluno nas “necessidades de disposições” a serem desenvolvidas

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em etapas sucessivas dos estudos avançados. É de todo aconselhável nos cursos de graduação

a disciplina Metodologia do Trabalho Científico (SEVERINO, 2000), ou mesmo a

Metodologia da Pesquisa, mas a sua prática só se efetiva com o professor-orientador, figura

que surgiu nos mestrados e doutorados e se integra, progressivamente, na graduação.

Em princípio, todo professor é também um pesquisador e orientador. E a orientação é um

procedimento não somente didático, mas também moral, que vai exigir do docente

acompanhamento constante, um comportamento totalmente diferente do fiscalizador de

provas, ressaltando-se o papel moral e ético do orientador. Este pode ser concebido como um

misto de professor, amigo, guia, introdutor da aluna e do aluno na comunidade científica, pela

participação em semanas, seminários, congressos, elaboração conjunta de artigos,

apresentações às agências financiadoras.

O orientador é alguém comprometido, acadêmica e afetivamente, com o estudante, a quem

não só aconselha, como também defende se for necessário. Tenho muito em mente a

lembrança do meu adviser, Patrick D. Lynch, e do co-adviser, Joseph Alessandro, em Penn

State. É preciso orientar querendo que o estudante realize o melhor trabalho possível, que o

apresente em encontros formais com pauta escrita e em reuniões informais com grupos de

outras alunas e alunos (get together).

No seu ensaio sobre a ética na pesquisa, observa Passos (1994, p.110) que: “O processo de

conhecimento não é isento de valoração. Como toda atividade humana ele está aberto a

influências externas, podendo se degenerar ou se conduzir para responder às necessidades

humanas.” Explicite-se que o tema escolhido para o projeto deve ter relevância social em um

país com marcantes desigualdades sociais, econômicas e regionais.

Não obstante a formação pós-graduada, o professor conta com experiência de vida, de

magistério, de profissão; portanto, poderá e deverá orientar, explicitamente, o aluno na

investigação acadêmica. A monografia, como a dissertação e a tese exigem orientação,

afirmação que se complementa com o que expõe Pedro Demo (1996, p. 38):

É condição fatal da educação pela pesquisa que o professor seja pesquisador. Masque isto, seja definido principalmente pela pesquisa. Não precisa ser um“profissional da pesquisa”, como seria o doutor que apenas ou sobretudo produzpesquisa específica. Mas precisa ser, como profissional da educação, umpesquisador. Tratando-se do ambiente escolar, prevalece a pesquisa como princípioeducativo, ou o questionamento reconstrutivo voltado para a educação do aluno.Todavia, este reconhecimento não pode frutificar num recuo, como se reconstruirconhecimento pudesse ser banalizado

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É oportuna a lição de Pedro Demo (1996, p. 12-13) quando destaca a pesquisa como atitude

cotidiana e pesquisa como resultado específico. No primeiro caso, “está na vida e lhe constitui

a forma de passar por ela criticamente, tanto no sentido de cultivar a consciência crítica,

quanto no de saber intervir na realidade de modo alternativo”. Como resultado específico,

“pesquisa significa um produto concreto e localizado [...]”.

1.5. NÚCLEOS E FINANCIADORAS DE PESQUISAS

Além da vinculação professor-aluno, o jovem aluno pesquisador insere-se nos núcleos

fomentadores de linhas de investigação com colegas e professores. A pesquisa, melhor dito, a

iniciação científica deverá ser apoiada em pequenos grupos, com se fossem incubadoras,

liderados por professores e que queiram desenvolver a investigação como atividade

acadêmica. O mais indicado é que tais núcleos componham ou se liguem às estruturas

formais, como pró-reitorias de pesquisa e as coordenações que articulam esses núcleos e

grupos.

Na universidade moderna, comprometida com a investigação científica, a pesquisa encontra-

se programada. O exemplo da nossa alma mater, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), é

ilustrativo. Antes da reforma universitária de 1968, havia grupos interessados na investigação

mas não formavam consenso. Somente por volta do início dos anos sessenta constituiu-se uma

Comissão de Pesquisa, que coordenava os projetos apoiados pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mantém hoje o Programa Brasileiro

de Iniciação Científica (PIBIC). Existem outras agências de fomento, como a Financiadora de

Projetos (FINEP), a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES).

Mais recentemente, seguindo o exemplo pioneiro do Estado de São Paulo, instituíram-se as

fundações estaduais de fomento à pesquisa. Dentre as diversas modalidades de bolsas, a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) estabelece as de iniciação

científica para alunos regularmente matriculados em instituições de ensino superior mediante

projeto sob a supervisão de um orientador. É recomendado que os alunos tentem o

financiamento dos seus projetos pois é uma maneira de inserção na comunidade acadêmica.

Seguindo normas, preenchendo formulários e cumprindo exigências e prazos os estudantes

ficam mais habilitados para a investigação. O manual de projetos industriais do professor

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Melnick, da Comissão Econômica da América Latina (CEPAL), afirma que “um projeto é um

risco calculado”. Não esquecer que um bom projeto sempre encontra um financiador.

Dentre as estruturas acadêmicas e administrativas, no interior das organizações de ensino

superior, destacam-se os conselhos superiores de ensino, pesquisa e extensão, coordenadores

das atividades científicas,. A atividade investigativa associada ou não à pós-graduação cresce

e realiza eventos de disseminação, em seminários ou semanas científicas por faculdade, por

universidade ou por entidade representativa de área, a exemplo da Associação Nacional de

Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), com apresentação de comunicações e

com possibilidades de publicações e prêmios. Estamos seguindo o Publish or perish, publica

ou desaparece, publica-se ou morre-se para a vida universitária.

1.6. O PROCESSO INVESTIGATIVO

Uma exigência que desejo explicitar é o conhecimento das etapas do processo investigativo O

mais indicado é a elaboração por fases, etapa por etapa, (step by step); particularmente,

aprendi muito na minha querida The Pennsylvania State University (Penn State), ao elaborar o

proposal para a minha tese de doutorado com a doutora Helen Snyder (LEEDY, 1974). É

preciso prever os elementos constitutivos da proposta de pesquisa, que deverá conter,

essencialmente, três elementos: tema-problema, fundamentação teórica e metodologia. (ARY,

JACOBS e RAZAVIEH, 1979)

De início, a escolha do tema. Podemos buscá-lo na nossa experiência profissional, acadêmica

ou mesmo estagiária, em alguma teoria ou na revisão da literatura. Começando pela escolha

do tema e definição do problema, com justificativa, isto é, por que optamos por determinado

tema; seus objetivos, questões orientadoras ou hipóteses. Problematizar o tema tem sido um

desafio para o aluno de graduação e, às vezes, para o estudante de mestrado.

Com o tema-problema definido, o passo seguinte muito naturalmente é a busca da sua

fundamentação, na literatura concernente ao problema, que inclui estudos e pesquisas

anteriores realizados e publicados e que possibilitem a elaboração de resumos. A procura de

artigos pelos sites tem sido freqüente pelos alunos. A internet facilita muito a investigação

quando consciente e eticamente utilizada.

Por último e em terceiro lugar, como operacionalizar o problema? É a opção metodológica, a

eleição do método em conformidade com o problema da pesquisa. É a metodologia que

introduz o problema. É preciso preparar tanto o referencial teórico como o metodológico.

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Como bem conceitua Roberto Yin (2005) “O projeto é a seqüência lógica que conecta os

dados empíricos às questões de pesquisa iniciais do estudo, em última análise às suas

relações”.

A metodologia intermedeia a problemática com a parte empírica a ser operacionalizada. O

certo é que, um bom projeto, com tema e problema definidos, explícita revisão de literatura e

clara opção metodológica, além de constituir o início da pesquisa, representa mais de um

terço da dissertação monográfica. Os programas brasileiros de pós-graduação têm

intensificado a cultura do projeto de pesquisa com desenvoltura (RUDIO p.1998).

Tudo isso nos conduz ao processo investigativo que sintetizo nos seguintes passos e

pressupostos (assumptions).

A pesquisa nasce da formulação do problema.

Quanto mais discutida a problemática da pesquisa mais clara se torna o seu

processo investigativo.

É a teoria que guia a pesquisa, fundamentando-se na revisão da literatura

concernente. Entenda-se por teoria o conhecimento sistematizado e atualizado em

determinado área do saber, conforme explica Fábio Appolinário (2004, p.182-

183):

conjunto articulado de afirmações ou explicações acerca de um aspecto específicodo universo ou do funcionamento da realidade.Ordenamento sistemático de idéias eproposições sobre os fenômenos em determinada área de conhecimento.

Os objetivos apontam o norte da investigação científica, como alcançá-los? Os

objetivos são a rota da investigação. Questione-se: Aonde chegarei com o meu

procedimento investigativo?.

A metodologia da pesquisa permite a construção do conhecimento com o esforço

pessoal do aluno, orientado pelo professor.

Ao grande, famoso e enfático discurso sobre a ciência, é preferível a aprendizagem

contínua, modesta, simples, permanente e paciente com alunos, ajudando-os a

definir hipóteses, questões, escalas, justificativas e objetivos. A investigação

científica é processual, aprende-se por etapas – tema-problema, fundamentação

teórica, opção metodológica - redigindo e discutindo com professores e colegas, se

possível em grupos, em núcleos temáticos, em seminários para discussão dos

projetos de monografias, dissertações e teses.

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O problema desdobra-se em questões que possibilitam a elaboração dos

instrumentos: questionário, entrevista, formulário, observação, análise da

documentação, análise de conteúdo, análise do discurso, grupo focal, coorte e

muito outros ou nas pesquisas quantitativas quando trabalhamos com hipóteses.

A metodologia depende do problema. O problema é o ponto fulcral em torno do

qual gira todo o projeto. Um problema científico só pode ser encaminhado

metodologicamente. Um problema de pesquisa não é um problema de engenharia,

ensina Kerlinger (1980).

É o problema que condiciona a metodologia a ser empregada com as suas

categorias (LEEDY, 1974).

As metodologias trabalhadas enriqueceram-se de categorias que permitem a sua

utilização. A metodologia histórica, por exemplo, trabalha as fontes primárias e

secundárias. Já o levantamento utiliza a coleta de dados pela estatística descritiva.

A pesquisa experimental usa bem as variáveis. O estudo de caso, a unidade de

análise (YIN, 2002).

As metodologias mais utilizadas são: a histórica, estudo de caso, delimitação do

universo a ser pesquisado; levantamento (survey) com amostragem (BABBIE,

1999), experimental, ex-post facto, bibliográfica, documental e outras.

O projeto pronto deve ser apresentado e discutido em seminário (BOAVENTURA,

2004).

Para projetar uma investigação ou escrever um artigo ou projeto é preciso redigir.

É o desafio do português escrito para encontrar a expressão científica exata.

Estas observações podem ser sintetizadas na ilustração a seguir:

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1.7. A MONOGRAFIA COMO TRABALHO CONCLUSIVO DE GRADUAÇÃO

O projeto de pesquisa para a elaboração da monografia é uma centelha de criação. Inova.

Quebra a rotina das provas repetidas. É uma tentativa de construção do conhecimento. Nessas

inovações, um realce especial deve ser dado à elaboração de textos científicos como resumos

utilizando a paráfrase, isto é, “expressar o significado de alguma coisa, usando diferentes

palavras, expressamente para alcançar mais clareza” (OXFORD, 2001, p. 1035).

“Interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua

letra; metáfrase” (HOUAISS, 2001), expressando com as nossas próprias palavras, mas

usando sempre a citação. De simples repetidores, os alunos passam a criadores de

conhecimento.

Efetiva-se um dos resultados da aprendizagem com a elaboração da monografia. A formação

científica, lembra Severino (2000), começando na graduação, com a metodologia do trabalho

acadêmico, faz com que o aluno aprenda a lógica da exposição escrita e oral. (SOLOMON,

1999)

A inclusão da monografia não foi pacífica e continua polêmica em certas instituições de

ensino superior (IES). Aceita por muitos e contestada por outros, a monografia deve ser

encarada tal como um instrumento de qualificação teórica e metodológica na formação

científica do graduando.

Com a monografia, incrementa-se a formação científica na graduação pelo exercício

redacional da expressão escrita. Não são muitas as oportunidades de dissertar e expor em

Hipóteses ouquestões quedesdobrem o

problema,objetivos e

justificativas

QuestionárioEntrevistaFormulárioObservaçãoDocumentaçãoe outros

Tema eProblema

Resposta aos objetivos e aoproblema da pesquisa

Fundamentação na

literaturaconcernente

Metodologiae seus

instrumentosColeta,

discussão,análise e

interpretaçãodos dados

Resultadoda

investigação

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vernáculo, com lógica e método na universidade brasileira. Mas, como ordenar as idéias na

nossa exposição? (BOAVENTURA, 2003).

Também, com a metodologia científica de análise, o aluno adquire maior qualificação na

aprendizagem pelo aprofundamento do tópico monográfico.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pela NBR 14.724: 2002, assim definiu

o trabalho de conclusão de curso (TCC):

Trabalhos acadêmicos – similares (trabalho de conclusão de curso – TCC,trabalho de graduação interdisciplinar – TGI, trabalho de conclusão de cursode especialização e/ou aperfeiçoamento e outros): Documento que representa oresultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, quedeve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente,curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de umorientador.

Essa mesma norma orienta a formatação e organização do trabalho acadêmico, constituindo a

sua estrutura os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.

A monografia como trabalho conclusivo da graduação é um texto eminentemente dissertativo

e argumentativo que “consiste no emprego de provas, justificativas, arrazoados, a fim de

apoiar uma opinião ou tese ou rechaçar uma e outra”, afirma Maria de Lourdes Siqueira

(1999). Assim, tanto a monografia de graduação, do curso de especialização ou de

aperfeiçoamento, como também a dissertação de mestrado e a tese de doutorado, são ensaios

dissertativos os quais envolvem a explanação de idéias com argumentação, porque o

pesquisador, na demonstração dos resultados encontrados, discute dados, informações, provas

e evidências.

Do ponto de vista teórico, a Metodologia da Pesquisa ensina os pressupostos teóricos e os

instrumentos científicos. A discussão dos conceitos básicos é significativa para o seu emprego

na monografia como, por exemplo, problema, relação, hipótese, variável e outros constructos

(KERLINGER, 1980). Do mesmo modo, as possibilidades de uso de instrumentos como

questionário, entrevista, formulário, observação participante, análise de conteúdo e do

discurso e outras técnicas e processos investigativos.

Em resumo, a Metodologia da Pesquisa, objetivando a elaboração da proposta, do relatório de

pesquisa, do artigo, enfim, do ensaio metodológico, procede à abertura cartesiana do aluno

para o problema do método, para a sua formação científica. É significativa a contribuição da

escola francesa pela clareza na exposição, dividindo em partes o assunto a ser exposto,

racionalmente, pela concepção do plano. Do mesmo modo, é considerável a abordagem do

projeto pelo viés indutivo anglo-saxônico.

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1.8. LITERATURA INSTRUMENTAL, ABNT E INTERNET

Para a pesquisa objetiva, fornecem-se os instrumentos capazes de conduzir os estudantes ao

rigor científico requerido pela Academia, na produção da monografia. Deve-se seguir, na

busca de precisão e clareza, as disposições da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), para referências, citações e estrutura do trabalho acadêmico. Atenção, portanto, para

a NBR 6023:2002 - Referências; NBR 10520:2002 - Citações; NBR 14.724:2002 - Trabalhos

Acadêmicos; e, NBR 6024 - Numeração Progressiva das seções de um documento escrito. Há

muitas outras normas sobre artigo em periódico, sumário, resumo ou como datar.

Além dos manuais de pesquisa, há a literatura instrumental que, “voltada para subsidiar a

pesquisa acadêmica, porém, traz-lhe novos elementos: estruturação das normas segundo a

lógica de sua aplicação [...]” conforme o “Manual de estilo acadêmico” de Nídia L. Lubisco e

Sônia C. Vieira (2003), o qual adotamos na UFBA e na UNIFACS. A literatura instrumental

ajuda bastante o aluno e o pesquisador na estruturação dos seus trabalhos acadêmicos desde o

formato da capa e folha de rosto até o uso de referências (BASTOS, PAIXÃO,

FERNANDES, DELUIZ, 2003; CAMPBELL and BALLOU, 1978).

Nesta mesma linha de raciocínio, é oportuna a palavra de Naomar de Almeida Filho (2003):

Dentre os atributos da comunicação acadêmica de alta qualidade encontram-se aclareza e a precisão, garantias de que a compreensão instantânea ou imediata seráfacilitada no processo de difusão dos saberes e técnicas. Normas e parâmetrosrigorosos de notação, referenciamento e citação permitem o cumprimento destasfunções cruciais da comunicação científica e tecnológica (e mais até, incluindo acomunicação artística e cultural). Ademais, no caso específico dos sistemas decitação e referência bibliográfica, a padronização de regras facilita a identificação deautores e de obras, viabilizando a localização das fontes primárias.

Além das normas da ABNT, a aprendizagem faz apelo à internet indo além do conhecido e do

transmitido. A visão de Don Tapscott, “aponta que as experiências vivenciadas pela geração

Net envolvidas com a mídia digital convergem-se para um novo paradigma no aprendizado”

(BLATTMANN e FRAGOSO, 2003, p.31).

1.9. A ÉTICA NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E OS CONSELHOS DE ÉTICA

E que tudo se faça com ética, com honestidade nas transcrições. Os valores morais conduzem

ao reconhecimento das autorias com citações e referências. É preciso evitar sempre as

diversas modalidades da pirataria acadêmica, encomendas de papers, trabalhos escritos por

terceiros, plágios e outros procedimentos não aceitáveis.

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Toda faculdade ou toda universidade devia ter o seu conselho de ética, não para censurar, mas

para apreciar a elaboração científica de professores e alunos, principalmente, quando se trata

de experimentos com crianças e adolescentes, nas escolas, e com doentes e enfermos nos

hospitais universitários. É um princípio de que não se deve fazer pesquisas envolvendo seres

humanos sem a apreciação pelo conselho de ética da respectiva entidade que a promove

(BRASIL, Ministério da Saúde, 1996). A dignidade da pessoa humana e a sua privacidade

assim o exigem.

Conforme expõe Elizete Passos (1994, p. 108-109), que tem trabalhado a ética não só nas

escolas, como também nas empresas, portanto, nas organizações,

[...] em alguns momentos a ética torna-se tão imperativa e coercitiva, chegando aidentificar-se com o direito. Contudo, esse não é o seu caminho. Sua propostaoriginal visa levar os indivíduos a optarem por uma determinada forma de agir, demaneira natural e sem coação. Colocar em prática essa visão ou invertê-la dependedo “ethos” de cada sociedade. Numa sociedade marcada pela existência de classesantagônicas, certamente, a orientação doutrinária em vigor conduzirá muito mais avalores coercitivos do que numa sociedade onde essa dicotomia não exista.

Apesar de todo o esforço desprendido pelas sociedades no sentido de impor umaúnica orientação moral, capaz de escamotear os conflitos, apresentando asinstituições como organizadas e harmônicas, nem sempre é possível, uma vez que asclasses subalternas elaboram uma cultura própria, de tendências mais democráticas eindependentes, o que nos leva a inferir acerca dos valores como entidades diferentesdos simples objetos comuns, uma vez que não são irracionais e mecânicos e simprodutos da práxis social.

[...]

Desse modo, mesmo sabendo que a prática moral decorre de uma atitude de escolhaindividual, em virtude da sua liberdade interior, ela se baseia em valores que oindivíduo adquire nas relações sociais, pois o ser humano vive numa atmosferamoral onde em toda parte respira as influências da moral estabelecida, a qualobjetiva o controle ou igualização dos comportamentos sociais, a fim de evitar astensões decorrentes dos choques entre os interesses individuais e as necessidadessociais. Disso infere-se que a prática moral não se dá por acaso. Ela, como todaatividade humana, dá-se articulada com o projeto global da sociedade, o qualpressupõe uma certa concepção do homem, da vida e da cultura.(PASSOS, 2004).

2. A CONTRIBUIÇÃO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Buscando a aplicação da metodologia trabalhada em sala de aula, no primeiro semestre de

2005, pelas alunas que terminaram a disciplina Metodologia da Pesquisa, no Mestrado em

Direito, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no final do período, solicitei-lhes que

relatassem, na sua experiência como estudantes, sobre a contribuição da disciplina para o

projeto de dissertação com o qual ingressaram no Mestrado. Esta solicitação deu origem aos

depoimentos a seguir registrados.

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2.1 SÍLVIA LORENA VILAS BOAS SOUZA:

Quanto à metodologia

A metodologia empregada, da mesma forma, é de fundamental relevância, já que ela

operacionaliza o problema. É o instrumento, o processo investigativo, ou seja, é a

parte empírica da pesquisa.

Quanto às Normas da ABNT:

Compreendi a importância da utilização das normas da ABNT. Estas normas,

propiciam uma leitura ordenada, estética e atraente do projeto de dissertação. Não

são normas que devem ser relegadas a um segundo plano, muito pelo contrário!

Tenho certeza de que, neste momento, caminho na direção certa. Meu projeto já está

refletindo este progresso.

Quanto aos enfoques da investigação científica:

As aulas enriqueceram meus conhecimentos sobre os filósofos e as doutrinas

científicas. Conheci, de modo profundo, as posições de Descartes, Popper, Kuhn,

Laudan, Habermas e Weber, para citar alguns. Isso tudo foi muito positivo, já que a

“minha pequena bagagem intelectual” está mais pesada. Aprendi com o mestre que

quando não se assiste a qualquer das aulas do mestrado, a perda já é enorme. Uma

aula perdida é uma lástima. Realmente, não dá para recuperar.

2.2. FLÁVIA MARIMPIETRI:

Quanto à disciplina:

Ao ingressar no mestrado, não sabia nem ao menos definir com clareza meu tema-

problema, não fazia idéia de como definir objetivos, tampouco tinha noção sobre

metodologia e normas da ABNT. Em relação a esta última foi a partir de então que

tirei lições valiosas como emprego correto dos algarismos arábicos para títulos e

subtítulos, padrões para espaçamento e recuo dos parágrafos, local das citações em

função do tamanho das mesmas, como usar corretamente abreviaturas, siglas e

imagens.

Quanto ao tema-problema

Foi esta disciplina que me ajudou a definir algo que me angustiava demais por sua

enorme importância — meu tema e meu problema.

A compreensão do tema e do problema como cernes de toda a pesquisa e a

importância do entendimento claro de sua formulação para a condução do tipo de

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metodologia, forma da pesquisa e orientação dos resultados, foi algo absolutamente

novo e gratificante para mim.

Justificativa e relevância do problema

Quando da elaboração da justificativa e relevância do tema a tarefa não se

apresentou tão difícil, pois acostumados a defender pontos de vista e de demonstrar

a relevância dos mesmos para o convencimento do juiz, não houve muitas dúvidas e

questões. Os profissionais do direito estão acostumados a convencer e justificar as

teses que defendem nas audiências.

Contudo, os profissionais desta área, assim como eu, mesmo habituados a escrever

muito quando Ihes fornecem qualquer tema, têm enorme dificuldade de definir seus

próprios temas. A questão torna-se ainda pior, quando da elaboração dos objetivos

(geral e específico), onde escrevemos laudas e laudas sobre algo que deveria ser

simples e conciso. A clareza e a definição dos meus objetivos foi outro enorme

ganho que obtive com a matéria.

Revisão de literatura

Aprendi ainda, o significado de uma revisão de literatura e como organizá-Ia a fim

de compor opiniões de vários autores sobre meu tema para que seja possível

estabelecer um referencial teórico que sirva de marco para a discussão.Compreender

o conceito de revisão de literatura e assimilá-Io no sentido da exposição de autores e

opiniões anteriormente elaboradas sobre o tema, tornou mais fácil a compilação dos

diversos entendimentos já consagrados na doutrina e jurisprudência, para então

poder concordar ou discordar, bem como, formar minha própria opinião.

Pesquisa como solução de problema

Outra contribuição foi a percepção sobre o que realmente significa a metodologia

para minha pesquisa, que me fez conhecer os diversos métodos da mesma. Partindo

daí, pude definir o método bibliográfico e documental como o melhor para a minha

dissertação. Entender a resolução do problema como metodológica e não prática,

também ajudou muito a condução da forma da pesquisa. Compreender o problema

científico como questão a ser solucionada no sentido de afirmação ou negação

através de processos de investigação, discussão e solução ajudou-me a sistematizar

as questões do meu tema e a forma de conduzir as investigações para a solução.

Assim pude entender que o meu problema de pesquisa reside em saber através do

estudo e pesquisa científica, se determinadas ações consumeiristas (revisional e

indenizatória por dano moral) podem ser qualificadas como abuso de direito

processual, bem como, investigar a existência jurídica deste último instituto e

determinar suas conseqüências. Conclui que para tal intento, as melhores

metodologias seriam a bibliográfica e documental, pois além de serem as mais

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adequadas à pesquisa jurídica, podem me fornecer importantes elementos para

minha pesquisa a exemplo de opiniões de autores consagrados, a manifestação da

jurisprudência e a forma como o problema vem sendo tratado até hoje pela doutrina

em geral.

Ordenar as informações

Através da disciplina aprendi ainda a ordenar as informações que possuía sobre o

tema, através de fichamento de todo o material lido para uma melhor organização e

consecução de uma boa fundamentação teórica, vez que, teses e opiniões possuem

pouca validade sem uma coerente e abundante fundamentação teórica. É preciso

também ler com profundidade e preocupar-se mais com a qualidade da leitura em

função da sua fonte, autor e coerência da sua exposição, do que com a quantidade de

obras lidas.

2.3. ELKE BRAID PETERSEN:

Ao longo do curso, aprimorei aspectos do meu anteprojeto como a definição clara do

tema, com a sua problematização, a delimitação de objetivos, geral e específicos,

aprendendo, inclusive, a diferença entre conceitos fundamentais para a metodologia.

Depois, corrigi o anteprojeto na parte das referências, fazendo-as corretamente, de

acordo com as normas atuais da ABNT, passando, em seguida, para o aprendizado

do que vem a ser uma revisão de literatura e como esta deve ser feita da maneira

mais organizada, a fim de que nenhum conhecimento adquirido, principalmente o

advindo das fontes bibliográficas, perca-se com o passar do tempo.

Superada esta fase, passamos, em sala, ao estudo das diversas metodologias

científicas, tanto as atinentes à construção do conhecimento das ciências naturais

quanto às aplicadas às ciências sociais, onde cada aluno pôde expor uma corrente

metodológica, fazendo-se extrair, desses seminários, contribuições para o projeto

individual.

Por fim, conclui o meu aprendizado na disciplina aludida, ajustando a metodologia a

ser utilizada especificamente no meu projeto de dissertação, reconhecendo que a

mesma é de fundamental importância para se fazer uma boa pesquisa de um

problema resolvível, e mais ainda, que é imprescindível para a solução do mesmo, já

que serve a metodologia de baliza para a conclusão de cada etapa do trabalho, uma

vez que oferece um esquema lógico para o pesquisador ir concretizando, uma a uma,

as partes componentes de uma dissertação.

3. CONCLUINDO TÓPICOS DE UMA EXPERIÊNCIA

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Este relato de uma experiência de ensino que se encontra em curso é dirigido aos colegas

professores, às alunas, aos alunos, aos servidores que trabalham na graduação, suscitando e

formatando propostas para a monografia conclusiva do curso. As alunas e os alunos que têm

seguido essas indicações conseguem elaborar seus trabalhos acadêmicos. No nível da

graduação, tenho insistido no uso intensivo e correto das normas da ABNT porque elas

ajudam a estabelecer clareza e precisão. Com esses estudantes prefiro discutir questões de

pesquisa do que fazer um ontológico discurso sobre a ciência, embora tenha sempre como

uma constante o estudo dos fundamentos teóricos e metodológicos em Descartes, Bacon,

Popper, Khun, Laudan, Weber e Harbemas, quando ministro metodologia da pesquisa para os

programas de Doutorado (FEIJÓ, 2003).

Em uma comunidade, temas e problemas podem ser investigados pelos alunos, como a média

e pequena empresa comercial, o impacto no meio ambiente da fruticultura, o consumo de

bovinos e caprinos na dieta sertaneja, as informalidades das empresas formais, a memória

institucional das universidades e muitos outros problemas. Com esses temas, ensina-se, não

passivamente, repetindo o que se encontra nos livros, mas questionando e problematizando,

que é uma atitude mais efetiva de desenvolver o raciocínio.

A iniciação científica efetiva-se, via de regra, com professores e em núcleos temáticos pela

discussão com alunos, professores e convidados; pela exposição em painéis e seminários dos

projetos de pesquisa em semanas científicas e seminários; pela apresentação de

comunicações, artigos e informes em reuniões científicas nacionais e internacionais; enfim,

pela publicação de artigos conjuntos ou não de alunos e professores. Para tanto, são

imprescindíveis diretrizes e programações de pesquisa como nascente produção científica,

como são as monografias conclusivas da graduação e as dissertações de mestrado.

4. REFERÊNCIAS

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