pesquisa_psicanalise

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  • 8/12/2019 pesquisa_psicanalise

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    A QUESTODOMTODONA

    PESQUISAPSICANALTICAProfa. Lia SilveiraProfa. Alessandra Xavier

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    PESQUISAEMPSICANLISE:ISSOEXISTE?

    Pesquisa - processo sistemtico de construo doconhecimento que tem como metas principais gerarnovos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar

    algum conhecimento pr-existente. Cincia moderna Pesquisa cientfica mtodo

    cientfico

    Psicanlise Cincia?

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    A Psicanlise estritamente derivada do mtodo inaugural da cinciamoderna, e se no permanece no campo da cincia, por operar nestemtodo uma subverso radical, pela qual introduz, na cena (por isso ditaOutra cena, a do inconsciente), precisamente, aquilo que o discurso dacincia, por ser a-semntico, universal e contingente, introduziu mas, nomesmo golpe, expeliu de seu campo operacional: o sujeito. (Alberti &

    Elia, 2008)

    Por outro lado, a psicanlise se distingue da cincia na medida em queno se restringe a estudar o pensvel, o dizvel e o conceituvel, elatambm se ocupa do impensvel, do indizvel e do impossvel aconceituar. (Alberti & Elia, 2008)

    Para a cincia, o sujeito somente uma varivel passvel de mensuraoquando interfere num experimento cientfico, por exemplo. No esse osujeito da psicanlise, o sujeito da psicanlise o sujeito da fala, semprecindido, sempre da paixo (do pathos, ele sofre) e portanto, distintotambm de qualquer forma de individualidade emprica (Milner, 1995, p.33).

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    a Psicanlise uma Cincia? x Qual a cinciaque comportaria a Psicanlise? (Lacan,1965/1973).

    Com essa questo Lacan coloca agora apsicanlise em condies de interrogar a cincia, eno o contrrio: Que cincia poderia comportar a incluso do real do

    sujeito? Que cincia poderia suportar a incluso da

    transferncia no interior do campo discursivo que regea sua experincia?

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    A QUESTODOMTODO

    A inveno da cincia moderna

    Descartes e o mtodo

    Crena na possibilidade de iluminar as trevasatravs da luz da razo

    Etapas do mtodo cartesiano

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    Os pressupostos de Descartes revelam-seem sua clebre frase: cogito, ergo sum

    A psicanlise lida com um : penso ondeno sou, sou onde no penso

    A psicanlise introduz algo de novo na

    nossa cultura e esse algo tem aconsist6encia de um furo.

    Seu mtodo a associao livre, nica

    regra para o acesso a esse inconsciente.

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    QUEMTODOPARAAPESQUISAEMPSICANLISE?

    do Grego methodos, met' hodosque significa, literalmente, caminhopara chegar a um fim

    O que pode nos guiar na escolha desse mtodo?

    Poltica - a da falta a ser, nica possibilidade de advento do

    desejo Estratgiada transferncia

    Tticado ato

    A pesquisa psicanaltica, justamente por trabalhar com aimpossibilidade de previso do inconsciente, no poderia jamais exigiruma sistematizao completa e exclusiva. Sabemos que o trabalho deanlise, em especial quando forma um analista, prioriza o estilo e amarca singular daquele que se coloca como analista para um outro.

    Assim com a pesquisa psicanaltica. Ela sempre uma apropriao doautor que depois de pesquisar o mtodo freudiano descobre um mtodo

    seu, filiado a essa vertente e o singulariza na realizao de umapesquisa.

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    Proposio sobre o psicanalista da Escola (1957): Psicanlise em extenso- remete Escola nas suas

    incurses no mundo. Seriam todas as presentificaes dapsicanlise na mdia, nos livros, na universidade, a pesquisaem psicanlise, etc.

    A psicanlise em intenso relaciona-se preparao deoperadores, ou seja, o que conota a singularidade daexperincia (clnica) psicanaltica. anlise- estudo terico

    superviso.

    Estar dentro do discurso analtico implica que sereconhea que, em qualquer dessas modalidades opesquisador sujeito, barrado, dividido, ignora seu saber

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    Pesquisa em psicanlise no sentido amplo,designa um conjunto de atividades voltadas para aproduo de conhecimento que podem manter com

    a psicanlise propriamente dita, relaes muitodiferentes (Figueiredo, 2006)

    Psicanlise em

    Extenso

    Psicanlise em

    Intenso

    Reflexes epistemolgicasEstudos terico-conceituaisEstudos sociolgicos,

    educao, arte, sade, etc.

    Construo do caso clnico

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    Parte do processo dedutivo, estudado por Aristteles naAntigidade, e retomado por Descartes e peloracionalistas do sculo XVII. O processo cognitivodedutivo consiste em, partindo de premissas oupostulados iniciais, chegar a concluses lgicasverdadeiras. Obviamente, para que a concluso sejaverdadeira, obrigatrio que as premissas sejamvlidas.

    A psicanlise reconhece que nesse tipo de pesquisa, opesquisador comparece como sujeito dividido, desde aescolha do seu tema e, ao longo do desenvolvimento dapesquisa, o que se apresenta atravs de lapsos,

    inibies, etc.

    ESTUDOSTERICO-CONCEITUAIS

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    1a fase - Delimitao da questo de pesquisa e dashipteses. o momento mais importe. Sabercolocar uma questo mais importante at do que

    respond-la. 2a faseDelimitao da temtica e das fontes que

    podero responder pergunta problema delineada.A fonte material de primeira mo donde haurimos

    diretamente o que interessar elaborao denosso trabalho; o lugar onde se encontraroriginariamente o material para o nosso tema(SALOMON, 2001, p.306).

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    3a fase - documentao, elaborao de fichasbibliogrficas para organizao do material lido,considerando a afinidade com a questo de

    pesquisa 4a fase - considerada a mais delicada da pesquisa,

    compreende a crtica do valor interno do contedoda documentao. Trata-se de saber o valor que

    representa determinada obra, fonte ou estudo. Qualvalor das idias contidas neles (SALOMON, 2001,p.325)

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    .Nesse momento que se pode afirmar que o autorda monografia determina de fato os fundamentostericos de seu trabalho. Estabelece de maneira

    ntida o quadro de referncia e a linha de ligaoentre teorias j existentes e a novidadeque trarseu trabalho.

    [...] Pode-se dizer que o autntico esprito cientfico

    est aqui. evidente que esse juzo crtico no serdado sem boa preparao cientfica, semmaturidade (fruto de estudos anteriores, remotos eprximos) e sem esprito de reflexo (SALOMON,

    2001, p.325).

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    5a fase - Construo, onde ordenamos todo oacervo estudado em torno de uma idia dominantee cada elemento vai sendo destinado ao seu lugar

    prprio (SALOMON, 2001, p.327) para que sealcancem os objetivos propostos no estudo.

    6a fase - Reviso e redao final do trabalho.

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    CONSTRUODOCASOCLNICO

    Ao contrrio dos estudos anteriormente citados,aqui imprescindvel que haja uma analistaoperando.

    Aqui desaparece a respeitosa distncia entrepesquisadore referencial tericopara dar lugar aum corpo-a- corpo do qual a psicanlise, Deus sejalouvado, no sair tal como entrou. Isso , alis,

    digno de nota: na academia ou fora dela, umapesquisa com o mtodo psicanaltico sempreobra de psicana- lista e capaz de trazer novidades prpria psicanlise. (Figueiredo, 2006)

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    A construo do caso diferente do estudo de caso

    a escrita do caso

    Caso - cadereaquilo que cai

    O que que cai (se escreve) de uma experinciaanaltica?

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    O interesse de Lacan pela escrita bem antigo, como se pode ver aolongo de sua obra, em que constri diversos esquemas e grafos, comfarta utilizao de letras.

    Do esquema L ao grafo do desejo e, mais adiante, da l- gica dos quatrodiscursos s frmulas qun- ticas da sexuao, sua tentativa de, por

    meio da escrita, (ao matemizar) reduzir ao mximo o imaginrio natransmisso da psicanlise.

    O paradigma da escrita o nocessa de no se escrever,institudo pelonoh relao sexual,

    A funo do escrito interrogar a linguagem,interrogar a dit-mansiondaverdade, o que do campo da lgica.

    A lgica, por sua vez, s se faz pelo escrito. H dependncia entre algica e o escrito. A lgica no se constitui sem o escrito. A verdade s sefaz pelo escrito porque objetivo da lgica verificar a verdade ou afalsidade das proposies. O referente do escrito , portanto, a

    verdade.

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    A escrita do caso deve, portanto, tomar por referente aquesto da verdade e de como ela se apresenta paracada sujeito

    O que faz questo para esse sujeito? O que seapresenta como momento traumtico diante do qual osujeito constitui seu desejo e sua fantasia?

    Quais significantes com os quais ele escreve sua

    histria? Qual sua posio frente ao Outro?

    Como se d o manejo da transferncia? Como trabalhao desejo do analista?

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    Identificao

    Condies da chegada:

    Queixa:

    Entrevistas preliminares: Romance Familiar Construo da filiao significante

    Posio do sujeito frente ao Outro /diagnstico

    Cena infantil/ irrupo do gozo prprio

    Atualizaes da cena infantil:

    Transcurso do tratamento

    Estatuto do desejo do analista

    Pontos de virada,abertura do inconsciente

    Articulao terica do caso

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    ENSAIOMETAPSICOLGICO

    A forma do ensaio irm da literatura. A fico o ponto departida e o ponto de chegada do ensasta. Entre os dois pontosest a experincia.

    O ensaio rompe com a tradio cartesiana de impor um percursode aquisio de conhecimentos que vo dos mais simples aosmais complexos.

    O ensaio metapsicolgico segue a tradio da metapsicologia

    freudiana, pois est situado como um texto produtor de modelosconceituais.

    Tais modelos afastam-se da experincia e constituem ficestericas a partir das quais a prpria experincia radicalmente

    transformada.

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    O termo fico terica pode causar estranheza.Afinal costumamos opor a liberdade imaginativa dafico ao carter rigoroso e restritivo da teoria. Mas,

    na verdade, produzir conceitos inventar, violentar o dado, ultrapassando-o. (Garcia-Roza,1996, p.11)

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    O mtodo do ensaio metapsicolgico no traz inovaes quanto escolha dos sujeitos ou participantes, nem mesmo apresentaalguma peculiaridade quanto aos procedimentos para coleta dedados ou mesmo aos instrumentos e materiais empregados.

    Tais etapas metodolgicas ficam a critrio da criatividade dopesquisador: produo textual dos sujeitos da pesquisa,entrevistas gravadas em udio e/ou vdeo, fragmentos ou versesintegrais de sesses clnicas, histrias clnicas, biografias eautobiografias literrias, bem como obras de arte (cinema,pintura, fotografia, escultura, literatura, etc.) podem servir aopesquisador.

    O mais importante que o pesquisador transforme sempre seudado em texto

    A novidade fica por conta dos dispositivos metodolgicosutilizados nos procedimentos de anlise dos dados.

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    Na anlise de texto convencional o que se busca tratar o texto como material a ser decifrado(hermenutica do texto)

    Esta postura frente aos dados supe que h algo amais naquilo que o entrevistado diz e que opesquisador a lente que vai permitir essesignificado oculto aparecer.

    No ensaio metapsicolgico no disso que se trata.

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    Aqui o que vai interessar aquilo que est do ladodo significante.

    Permite reconhecer que esse sujeito que fala marcado pela diviso que a linguagem impe a todoser falante. Sendo assim, um discurso no portaapenas a dimenso do sentido, mas, tambm, umsaber inconsciente, um saber no sabido por aquele

    que fala, e por meio do discurso do sujeito se utilizados significantes que lhe so prprios para dizeraquilo que lhe acontece.

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    CARACTERSTICASDOENSAIOMETAPSICOLGICO:

    No h neutralidade, o pesquisador participa como sujeito elaborando a sua prpriaconstruo.

    O pesquisador no sacrifica todas as convices a uma nica verdade, como nacincia.

    No inclui em seus objetivos a necessidade de uma inferncia generalizadora.

    Suas estratgias de anlise de resultados no trabalham com o signo, mas sim como significante; identificar significantes cujo sentido assumem o carter de umacontribuio para o problema de pesquisa norteador da investigao.

    O ensaio rompe com a tradio cartesiana de impor um percurso de aquisio deconhecimentos que vo dos mais simples aos mais complexos.

    O ensasta no teme desafios, pois sabe que o simples familiar; busca acomplexidade de um autor, de um tema, seja o que for. No se preocupa em ater-sea uma verdade factual.

    No se apresenta como uma leitura pura e simples dos dados, mas sim uma leituraque se faz luz de duas tcnicas: a leitura dirigida pela escuta e a transferncia dopesquisador ao texto dos participantes da pesquisa.

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    Leitura-escuta - aquela onde o pesquisadorpsicanaltico vai instrumentalizar sua transferncia aotexto de modo que possa realizar uma escanso dossignificantes.

    uma escuta flutuante, isto , descentrada do temacentral, intencionado; um recorte do texto privilegiandotemas, expresses, brechas, palavras, ou quaisquerelementos que sirvam como cunha para desconstruir otexto; A seguir haver uma reconstruo deste texto quepermitir ao analista criar ali um sentido novo,inesperado, produzindo uma outra verdade sobre otexto.

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    ETAPASDAREALIZAODOENSAIOMETAPSICOLGICO:

    Estabelecimento do texto

    Delimitao dos elementos significantese trabalhosistemtico de escanso da cadeia escrita eintroduzindo pontos-de-estofo nessa cadeia.

    Pontos-de-estofo - aquilo que permite com queuma cadeia significante possa vir a produzir sentido.

    Construo do ensaio metapsicolgico- onde ircompor a parte de discusso dos dados, destacandoos conceitos tericos que o permeiam.

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    Segundo Iribarry (2003) o ensaio metapsicolgico uma construo que deve surgir a partir dapesquisa realizada de modo que, futuramente, dela

    surjam artigos destinados a um pblico annimo. Taltexto, aps ser divulgado e discutido com acomunidade acadmica em geral, suscitar nopesquisador uma srie de idias e modificaes queo guiaro perante a produo de artigos ou umapesquisa em outro nvel.

    Limitaes