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?99 Vera goa E agora ao trabalho! ... Melo Annes: Ra diogr afia de uma a ca ção (pág. 9) 1! GOVERNO CONSTITUCIONAL COMPLtTO ;Apontamentos sobre as duas tomadas de posse na pãg. 10 Ode à camaradagem COM a mais profunda alria vi Torquato da Luz, colega antigo e amigo, ascender ao lugar de subdirector do "Jornal Novo". Com o mais profundo desgosto vi o artigo do "Diário de Lisboa", sobre a nomeação de Torquato. Não tem assinatura. Mas é voz corrente q ue se trata da coluna de Piteira Santos, ex-colega antigo� ex-amigo. Não trato o "Diário de Lisboa" de pauim, como o mesmo jornal trata o "Jornal Novo", porque, embora só há dez anos seja jornalista, a ética profissional mo impede. Trata-se, também, do jornal dirigido pelo ex-Ruella Ramos. Afinal, um jornal de ex. Afinal, um ex-jornal. Não tenho procuração do Torquato da Luz. Terho apenas uma ferida feita por Piteira Santos ao tratar daquela maneira um seu colega na Imprensa, um homem q ue só tem o defeito de ser jovem (isso, Piteira, perdoo eu todos os dias às mulheres mais novas do q ue eu), o defeito de ser corajosos e escrever corajosamente. Nesse mesmo "Diário de Lisboa", evocado na resposta de Torquato no jornal de que é subdirector, foi ele colega estimado, camarada q uerido, até que o jornal deixou de ter aquela dignidade q ue lhe imprimiu Joaquim Manso e Norberto Lopes. Há gente q ue morreu a tempo. Meu pai. O V€lho Manso, etc. Morreriam hoje de vergonha ao verem aquele jornal insultar, da forma mais vil, um camarada de Imprensa "apenas" porque ele já é subdirector. Piteira Santos, a q uem há bem pouco tempo (ainda ele não se tinha "revelado " como director-adjunto do "Diário de Lisboa") dediquei uma crónica no "Tempo", é um homem continua na pág.16 Vera goa z w u ina-DS - o relógio mais foe do mundo , porquê? para si qual sea melhor explicação?. - a nossa, ou a do técnico da sua confiança? faça-lhe a pergunta, ele lhe revelará o porquê! Vamos· · limpar Portugal" ( Uma ca mpa ha ) . . e um des afio . . A IMAGEM actual do nosso País, o espectáculo degra- dante de imundice que nos é dado assistir de Norte a Sul de Pougal, constitui a maior vergonha para nós próprios e poderá ser apro- veitado por muitos detracto- res como representando para eles o resultado palpável e visível de dois anos de Revo- lução. Está, is, em פrigo, . não só a nossa dignidade como também a nos própria saúde. É obriga- ção de todos nós, cada um no sector onde a sua actuação puder ser mais frutífe, contbuir para, não só limpar aquilo que se encontra sujo, como não permitir que, daqui para dian- te, se volte a transformar o nosso P aís numa lixeira ge- neralizada. Tra- ta-se de uma campanha a que metem ombr. Mas é também um desafio que fazemos aos portugueses. «Os· revolucionáios» que · eu conheci... A PARTIR -do próximo nú- mero, Vera Lagoa começará a publicar nas nossas páginas uma série de crónicas que, sob o título '"Revolucioná- rios" que eu conheci", tratará de vários casos relacionados com figuras que, tendo-se des- tacado após o 25 de Abril de 1974, também antes daquela data que marcou o início da Revolução em Portugal se evi- denciaram com actos, afirma- ções, escritos e atitudes .que se coadunaram com o espírito do regime deposto. Não se trata de uma série caracterizada pela denúncia. Não é propósito da autora do trabalho - ·que, mais tarde, será compi 1-ado num I ivro - fazer ataques pessoais com objectivos destrutivas. Muit pelo contrário, a in- tenção primária que orientou aquilo que, há já vários meses, foi anunciado como tratan- do-se de uma compilação de uma experiência vivida duran- te vários anos de actividade antifascista de Vera Lagoa, de convívio directo e diário com muitos dos verdadeiros ele· mentos que lutaram no passa- do contra um sistema político de opressão (e essa particula- 1·idade não é conhecida em pormenor pela grande maioria dos portugueses), essa inten- ção é apenas a de desmistifi- car certas figuras que, apressa- damente, se preocuparam em pretender mostrar que · o seu "r e v olucionarismo" é uma posição de sempre, que as suas atitudes "progressivas" de hoje as foram de toda a vida. O fim a atingir, por isso, é amplamente construtivo. Fi- cará, desta forma, separado o tri do joio. Saber-se-á quem são aqueles que hoje procla- mam, com o mais escandaloso sentido de oportunidade, as suas ideias ditas democráticas mas que ontem não deixaram de se aproveitar e de tirar par· tido de uma situação que lhes proporcionou muitas vanta· gens e enormes comodidades. Aquelas "benesses" que outros, os verdadeiros e au- tênticos prog1·essistas, nunca disfrutáram. E a quem, por esse motivo, presta Vera La- a a sua homenagem. Os vastos arquivos de que dispõe e a memória prodigio- sa que pôs à prova para efec- tuar este trabalho forneceram v asto material. Mas, certa- mente, os leitores terão tam- bém em seu poder muito� ele- mentos que poderão - se de · vidamente comprovados - vir aumentar o manancial de do- cumentação que serve já de base ao muito que está escri- to. Quem poderá, portanto, ter receio daquilo que virá a fazer pare da série "Revolucioná- rios"q ue e u c onheci"7 Quem serão aql!eles que se vão insÚrgir contra este tra- balho de Vera Lagoa? A resposta é simples e não necessitará de ser anun- ciada. Todos os democratas de sempre, os au autênticos, e mesmo aqueles que, embora não seguindo uma linha de democracia pluralista, lutam continuam ente contra a opressão e contra a ditadura de uase meio século, esses não terão, como é evidente, lugar neste desfile que vamos apresentar. , Porque a razão é bem clara e nada, nem mesmo as ver- gonhosas e baixas calúnias de que, por vezes, temos sido al- vo por parte de forças que apenas aceitam a força, o gol- pismo e a ditadura, seja de es, querda ou de direita, nos po- de faer para nos objectivos que justificam a existência p r incipal do nosso Jornal: pretendemos apenas e só ver implantada (e consolidàda, o que é bem mais difícil) uma verdadeira Democracia plura- lista em Portugal. Vera Lagoa tem dado o seu p restimoso contributo para atingirmos este fim. Continuará a fazê-lo. ' . ' .,

(pág. 9) 1! GOVERNO CONSTITUCIONAL COMPLtTOhemerotecadigital.cm-lisboa.pt/LivrosQueForamNoticia/...tênticos prog1·essistas, nunca disfrutáram. E a quem, por esse motivo, presta

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Page 1: (pág. 9) 1! GOVERNO CONSTITUCIONAL COMPLtTOhemerotecadigital.cm-lisboa.pt/LivrosQueForamNoticia/...tênticos prog1·essistas, nunca disfrutáram. E a quem, por esse motivo, presta

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Vera Lagoa

E agora ao trabalho! ...

Melo Antunes: Radiografiade uma actuação (pág. 9)

1! GOVERNO CONSTITUCIONAL COMPLtTO

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;Apontamentos sobre as duas tomadas de posse na pãg. 10

Ode à camaradagem

COM a mais profunda alegria vi Torquato da Luz, colega antigo e amigo, ascender ao lugar de subdirector do "Jornal Novo".

Com o mais profundo desgosto vi o artigo do "Diário de Lisboa", sobre a nomeação de Torquato. Não tem assinatura.

Mas é voz corrente q ue se trata da coluna de Piteira Santos, ex-colega antigo� ex-amigo.

Não trato o "Diário de Lisboa" de pasquim, como o mesmo jornal trata o "Jornal Novo", porque, embora só há dez anos seja jornalista, a ética profissional mo impede. Trata-se, também, do jornal dirigido pelo ex-Ruella Ramos. Afinal, um jornal de ex. Afinal, um ex-jornal.

Não tenho procuração do Torquato da Luz. Ter.ho apenas uma ferida feita por Piteira Santos ao tratar daquela maneira um seu colega na Imprensa, um homem q ue só tem o defeito de ser jovem (isso, Piteira, perdoo eu todos os dias às mulheres mais novas do q ue eu), o defeito de ser corajosos e escrever corajosamente.

Nesse mesmo "Diário de Lisboa", evocado na resposta de Torquato no jornal de que é subdirector, foi ele colega estimado, camarada q uerido, até q ue o jornal deixou de ter aquela dignidade q ue lhe imprimiu Joaquim Manso e Norberto Lopes. Há gente q ue morreu a tempo. Meu pai. O V€lho Manso, etc. Morreriam hoje de vergonha ao verem aquele jornal insultar, da forma mais vil, um camarada de Imprensa "apenas" porque ele já é subdirector.

Piteira Santos, a q uem há bem pouco tempo (ainda ele não se tinha "revelado" como director-adjunto do "Diário de Lisboa") dediquei uma crónica no "Tempo", é um homem continua na pág.16 Vera Lagoa

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Certina-DS - o relógio

mais forte do mundo , porquê?

para si qual será a melhor explicação?.

- a nossa, ou a do técnicoda sua confiança?

faça-lhe a pergunta, ele lhe revelará o porquê!

Vamos· · limpar Portugal" (Uma campa�ha). . • e um desafio .

.

A IMAGEM actual do nosso País, o espectáculo degra­dante de imundice que nos é dado assistir de Norte a Sul de Portugal, constitui a maior vergonha para nós próprios e poderá ser apro­veitado por muitos detracto­res como representando para eles o resultado palpável e visível de dois anos de Revo­

lução. Está, pois, em perigo, . não só a nossa dignidade

como também a nossa própria saúde. É obriga­

ção de todos nós, cada um no sector onde a sua actuação puder ser mais

frutífera, contribuir para, não só limpar aquilo

que se encontra sujo, como não permitir que,

� daqui para dian­te, se volte a transformar o n o s s o P aís numa lixeira ge­neralizada. Tra­ta-se de uma campanha a que

metemos ombros. Mas é também um desafio que

fazemos aos portugueses.

«Os· revolucionál"ios» que · eu conheci ... A PARTIR -do próximo nú­mero, Vera Lagoa começará a publicar nas nossas páginas uma série de crónicas que, sob o título '"Revolucioná­rios" que eu conheci", tratará de vários casos relacionados com figuras que, tendo-se des­tacado após o 25 de Abril de 1974, também antes daquela data que marcou o início da Revolução em Portugal se evi­denciaram com actos, afirma­ções, escritos e atitudes .que se coadunaram com o espírito do regime deposto.

Não se trata de uma série caracterizada pela denúncia. Não é propósito da autora do

trabalho - ·que, mais tarde, será com pi 1-ado num I ivro -fazer ataques pessoais com objectivos destrutivas.

MuitÇ> pelo contrário, a in­tenção primária que orientou aquilo que, há já vários meses, foi anunciado como tratan­do-se de uma compilação de uma experiência vivida duran­te vários anos de actividade

antifascista de Vera Lagoa, de convívio directo e diário com muitos dos verdadeiros ele· mentos que lutaram no passa­do contra um sistema político de opressão (e essa particula-1·idade não é conhecida em pormenor pela grande maioria dos portugueses), essa inten­ção é apenas a de desm istifi­car certas figuras que, apressa­damente, se preocuparam em pretender mostrar que ·o seu "re volucionarismo" é uma posição de sempre, que as suas atitudes "progressivas" de hoje as foram de toda a vida.

O fim a atingir, por isso, é amplamente construtivo. Fi­cará, desta forma, separado o trigo do joio. Saber-se-á quem são aqueles que hoje procla­mam, com o mais escandaloso sentido de oportunidade, as suas ideias ditas democráticas mas que ontem não deixaram de se aproveitar e de tirar par· tido de uma situação que lhes proporcionou muitas vanta·

gens e enormes comodidades. Aquelas "benesses" que

outros, os verdadeiros e au­tênticos prog1·essistas, nunca disfrutáram. E a quem, por esse motivo, presta Vera La­goa a sua homenagem.

Os vastos arquivos de que dispõe e a memória prodigio­sa que pôs à prova para efec­tuar este trabalho forneceram v asto material. Mas, certa­mente, os leitores terão tam­bém em seu poder muito� ele­mentos que poderão - se de· vida mente comprovados - vir aumentar o manancial de do­cumentação que serve já de base ao muito que está escri­to.

Quem poderá, portanto, ter receio daquilo que virá a fazer part,e da série "Revolucioná­r ios".· q ue e u c onheci"7 Quem serão aql!eles que se vão insÚrgir contra este tra­balho de Vera Lagoa?

A resposta é simples e não necessitará de ser anun­ciada. Todos os democratas

de sempre, os au autênticos, e mesmo aqueles que, embora não seguindo uma linha de democracia pluralista, lutam continuam ente contra a opressão e contra a ditadura de cju ase meio século, esses não terão, como é evidente, lugar neste desfile que vamos apresentar. ,

Porque a razão é bem clara e nada, nem mesmo as ver­gonhosas e baixas calúnias de que, por vezes, temos sido al­vo por parte de forças que apenas aceitam a força, o gol­pismo e a ditadura, seja de es, querda ou de direita, nos po­de faer para nos objectivos que justificam a existência p r incipal do nosso Jornal: pretendemos apenas e só ver implantada (e consolidàda, o que é bem mais difícil) uma verdadeira Democracia plura­lista em Portugal.

Vera Lagoa tem dado o seu p restimoso contributo para atingirmos este fim.

Continuará a fazê-lo.

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