1
Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em Sedimentos Marinhos: Concentração e (Bio)disponibilidade (Estudo Preliminar) C. Torre (1) (2) , A. Rocha (1) , M. Valença (1) , C. Borges (1) , I. Cruz (1) , I. Caçador (2) [email protected] (1)Instituto Hidrográfico, (2)Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) são rotineiramente monitorizados no meio ambiente devido à sua persistência e, em particular, no ambiente marinho onde os seus efeitos são sentidos na flora e na fauna, com repercussões ao longo da cadeia trófica. Os PAHs podem ser encontrados em plantas terrestres e aquáticas, solos, sedimentos, na água e na atmosfera, sendo 16 destes considerados como poluentes prioritários pela United States Environmental Protection Agency (US EPA). Recentemente, verificou-se a necessidade de incluir os homólogos alquilados dos PAHs nos planos de monitorização devido à sua persistência no meio marinho. Para além da identificação e quantificação destes compostos é igualmente relevante avaliar a sua (bio)disponibilidade. Entende-se por biodisponibilidade (ou simplesmente disponibilidade) a quantidade de poluente presente no ambiente que pode ser tomada pelos organismos. A disponibilidade é função da mobilidade do poluente no sedimento e da sua especiação química, que é determinada por propriedades físico- químicas dos solos. Neste estudo apresentam-se alguns resultados relativos à determinação de PAHs e seus homólogos em duas zonas do estuário do Tejo sujeitas a ação antropogénica. É ainda efetuada uma abordagem em termos dos teores de PAHs, em particular dos homólogos alquilados e dos PAHs cancerígenos. 0% 20% 40% 60% 80% 100% A B C D E F G H I Estação cascalho areia silte argila Grande variabilidade das partículas sedimentares: Grupo 1 - entrada Baía do Seixal (est. D e E), em que a fração fina (<63 mm) varia entre 3,1 e 34,2%; Grupo 2 - dentro da Baía do Seixal (est. G, H e I), a fração fina varia entre 84,9 e 96,2%; Grupo 3 - margem norte, Mouchão da Póvoa (est. A, B e C), a fração fina varia entre 3,8- 74,3%. Distribuição Granulométrica Preparação da amostra para a análise I. Liofilização II. Moagem III. ASE Amostras de Sedimento Marinho Análise do extrato por GC-MSD Conclusões Os PAHs com concentrações mais elevadas são o Fluoranteno (Fluo), Pireno (P) e Benzo(a)antraceno (BaA) (este último com potencial cancerígeno); Soma dos 16 PAHs prioritários da US EPA 16PAHs) mais elevada nas estações da Baía do Seixal (estações E, F, G e H); Na estação E e G o elevado valor encontrado para o Σ 16 PAHs não está relacionado com a granulometria da amostra, o que leva a considerar a existência de uma elevada contribuição antropogénica; As estações G e H (situadas na margem mais a montante da Baía do Seixal) são muito idênticas sob o ponto de vista granulométrico, mas distintas a nível das concentrações de Σ16PAHs; Os teores mais elevados em homólogos alquilados foram obtidos para a estação G, sobretudo para o grupo de Dimetilfenantrenos (C2-Phe); 45% do teor em PAHs determinados para a estação E (entrada da Baía do Seixal) têm potencial cancerígeno (ΣCPAHs); A Baía do Seixal é a zona que apresenta valores mais elevados, do Σ 16 PAHs e do Σhomólogos alquilados do Naftaleno (C1 a C3-N) e do Fenantreno (C1 e C2-Phe), provavelmente devido a fatores antropogénicos. Parece existir uma forte interdependência entre as concentrações dos PAHs e as ações antropogénicas, nomeadamente a existência de indústrias, atividades de navegação, e descarga de efluentes, entre outras. 0 163 325 488 650 813 975 1138 1300 A B C D E F G H I PAHs (μg kg -1 ) N Acy Ace F Phe A Fluo P BghiP BaA Chr+Tph BbF BkF BaP Ind DBA 0 3 6 9 12 PAHs (μg kg -1 ) C1-N C2-N C3-N C1-Phe C2-Phe PAHs e seus homólogos alquilados Referências EPA (1996). Silica Gel Clean-up, Method 3630C- Revision 3, United States: Environment Protection Agency, 15p.. Netto, A.D., Moeira, J. C., Dias, A., Arbilla, G., 1. F. V. Ferreira, A. S. Oliveira, J. Barek, (2000) Quim. Nova 23(6) 765-773. Nizzetto, L., Rohmann, L, Gioia, R., Jahnke, Temme, A.C., Dachs, J., Herckes, P., Di Guardo, A., Jones, K. (2008). Environmental. Science Technology, 42, 1580-1585. OSPAR (2002) Commission - OSPAR Guidelines for the Management of Dredged Material, London. Trabalho Futuro: Os resultados obtidos até à data levam a considerar a importância do desenvolvimento de métodos que permitam em simultâneo uma determinação eficiente e sem a mínima ambiguidade da concentração dos PAHs e da sua (bio)disponibilidade. O passo seguinte é testar diferentes concentrações de PAHs em plantas típicas destas áreas, em específico de sapais, como Halimione portulacoides e verificar a captação e absorção destes compostos. Distribuição Espacial -9.2 -9.1 -9 38.6 38.65 38.7 38.75 38.8 38.85 38.9 Latitude (N) D E A B C F G H I >=0 to <100 >=100 to <300 >=300 to <600 >=600 to <900 >=900 to <1300 -9.2 -9.1 -9 D E A B C F G H I >=0 to <10 >=10 to <20 >=20 to <30 >=30 to <40 >=40 to <50 Σ 16 PAHs da EPA (μg kg -1 bs) ΣCPAHs (%) Σhomólogos alquilados do Naftaleno (C1 a C3-N) (μg kg -1 bs) Σhomólogos alquilados do Fenantreno (C1 e C2-Phe) (μg kg -1 bs) -9.2 -9.1 -9 Longitude (W) 38.6 38.65 38.7 38.75 38.8 38.85 38.9 Latitude (N) D E A B C F G H I >=0 to <2 >=2 to <4 -9.2 -9.1 -9 Longitude (W) D E A B C F G H I >=0 to <2 >=2 to <4 >=4 to <6 >=6 to <9 N N N N

Phe G BghiP Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em … · 2014-07-08 · Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em Sedimentos Marinhos: Concentração e (Bio)disponibilidade

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Phe G BghiP Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em … · 2014-07-08 · Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em Sedimentos Marinhos: Concentração e (Bio)disponibilidade

Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos em Sedimentos Marinhos:

Concentração e (Bio)disponibilidade (Estudo Preliminar)

C. Torre (1) (2), A. Rocha (1), M. Valença (1), C. Borges (1), I. Cruz (1), I. Caçador (2)

[email protected]

(1)Instituto Hidrográfico,

(2)Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) são rotineiramente monitorizados no meio ambiente devido à sua persistência e, em particular, no ambiente marinho onde os seus efeitos são sentidos na flora e na fauna, com repercussões ao longo da cadeia trófica.

Os PAHs podem ser encontrados em plantas terrestres e aquáticas, solos, sedimentos, na água e na atmosfera, sendo 16 destes considerados como poluentes prioritários pela United States Environmental Protection Agency (US EPA). Recentemente, verificou-se a necessidade de incluir os homólogos alquilados dos PAHs nos planos de monitorização devido à sua persistência no meio marinho.

Para além da identificação e quantificação destes compostos é igualmente relevante avaliar a sua (bio)disponibilidade. Entende-se por biodisponibilidade (ou simplesmente disponibilidade) a quantidade de poluente presente no ambiente que pode ser tomada pelos organismos. A disponibilidade é função da mobilidade do poluente no sedimento e da sua especiação química, que é determinada por propriedades físico-químicas dos solos.

Neste estudo apresentam-se alguns resultados relativos à determinação de PAHs e seus homólogos em duas zonas do estuário do Tejo sujeitas a ação antropogénica. É ainda efetuada uma abordagem em termos dos teores de PAHs, em particular dos homólogos alquilados e dos PAHs cancerígenos.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

A

B

C

D

E

F

G

H

I

Est

açã

o

cascalho areia silte argila

Grande variabilidade das partículas

sedimentares:

Grupo 1 - entrada Baía do Seixal (est.

D e E), em que a fração fina (<63 mm)

varia entre 3,1 e 34,2%;

Grupo 2 - dentro da Baía do Seixal

(est. G, H e I), a fração fina varia entre

84,9 e 96,2%;

Grupo 3 - margem norte, Mouchão da

Póvoa (est. A, B e C), a fração fina varia

entre 3,8- 74,3%.

Distribuição Granulométrica

Preparação da amostra para a análise

I. Liofilização

II. Moagem

III. ASE

Amostras de Sedimento Marinho

Análise do extrato por GC-MSD

Conclusões

Os PAHs com concentrações mais elevadas são o Fluoranteno (Fluo), Pireno (P) e

Benzo(a)antraceno (BaA) (este último com potencial cancerígeno);

Soma dos 16 PAHs prioritários da US EPA (Σ16PAHs) mais elevada nas estações da Baía do

Seixal (estações E, F, G e H);

Na estação E e G o elevado valor encontrado para o Σ16PAHs não está relacionado com a

granulometria da amostra, o que leva a considerar a existência de uma elevada contribuição

antropogénica;

As estações G e H (situadas na margem mais a montante da Baía do Seixal) são muito

idênticas sob o ponto de vista granulométrico, mas distintas a nível das concentrações de

Σ16PAHs;

Os teores mais elevados em homólogos alquilados foram obtidos para a estação G, sobretudo

para o grupo de Dimetilfenantrenos (C2-Phe);

45% do teor em PAHs determinados para a estação E (entrada da Baía do Seixal) têm

potencial cancerígeno (ΣCPAHs);

A Baía do Seixal é a zona que apresenta valores mais elevados, do Σ16PAHs e do Σhomólogos

alquilados do Naftaleno (C1 a C3-N) e do Fenantreno (C1 e C2-Phe), provavelmente devido a

fatores antropogénicos.

Parece existir uma forte interdependência entre as concentrações dos PAHs e as ações

antropogénicas, nomeadamente a existência de indústrias, atividades de navegação, e

descarga de efluentes, entre outras.

0 163 325 488 650 813 975 1138 1300

A

B

C

D

E

F

G

H

I

PAHs (µg kg-1)

N

Acy

Ace

F

Phe

A

Fluo

P

BghiP

BaA

Chr+Tph

BbF

BkF

BaP

Ind

DBA

036912

PAHs (µg kg-1)

C1-N

C2-N

C3-N

C1-Phe

C2-Phe

PAHs e seus homólogos alquilados

Referências EPA (1996). Silica Gel Clean-up, Method 3630C- Revision 3, United States: Environment Protection Agency, 15p..

Netto, A.D., Moeira, J. C., Dias, A., Arbilla, G., 1. F. V. Ferreira, A. S. Oliveira, J. Barek, (2000) Quim. Nova 23(6) 765-773.

Nizzetto, L., Rohmann, L, Gioia, R., Jahnke, Temme, A.C., Dachs, J., Herckes, P., Di Guardo, A., Jones, K. (2008).

Environmental. Science Technology, 42, 1580-1585.

OSPAR (2002) Commission - OSPAR Guidelines for the Management of Dredged Material, London.

Trabalho Futuro: Os resultados obtidos até à data levam a considerar a importância do desenvolvimento de métodos

que permitam em simultâneo uma determinação eficiente e sem a mínima ambiguidade da concentração dos PAHs e

da sua (bio)disponibilidade. O passo seguinte é testar diferentes concentrações de PAHs em plantas típicas destas

áreas, em específico de sapais, como Halimione portulacoides e verificar a captação e absorção destes compostos.

Distribuição Espacial

-9.2 -9.1 -9

38.6

38.65

38.7

38.75

38.8

38.85

38.9

La

titu

de

(N

)

DE

A

B

C

FG

HI

>=0 to <100

>=100 to <300

>=300 to <600

>=600 to <900

>=900 to <1300

-9.2 -9.1 -9

DE

A

B

C

FG

HI

>=0 to <10

>=10 to <20

>=20 to <30

>=30 to <40

>=40 to <50

Σ 16PAHs da EPA (µg kg-1 bs) ΣCPAHs (%)

Σhomólogos alquilados do Naftaleno (C1 a C3-N) (µg kg-1 bs)

Σhomólogos alquilados do Fenantreno (C1 e C2-Phe) (µg kg-1 bs)

-9.2 -9.1 -9

Longitude (W)

38.6

38.65

38.7

38.75

38.8

38.85

38.9

La

titu

de

(N

)

DE

A

B

C

FG

HI

>=0 to <2

>=2 to <4

-9.2 -9.1 -9

Longitude (W)

DE

A

B

C

FG

HI

>=0 to <2

>=2 to <4

>=4 to <6

>=6 to <9

N

N

N

N