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Philippe Perrenoud
“Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes,
capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações.”
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Genebra.
Perrenoud nasceu na Suíça, em 1944. É um sociólogo suíço.
Doutor em Sociologia e Antropologia, professor da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra
e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na
Formação e na Educação (Life), também em
Suas obras são apreciadas no Brasil, tendo como foco a formação continuada
de professores. Durante a leitura de seus livros, recomenda-se que suas ideias sejam
adaptadas pelo docente brasileiro. O seu pensamento fundamenta-se na realidade de
países como a Suíça e a França, com sistemas educacionais menores e mais
uniformes do que o sistema brasileiro.
Participou da produção do referencial de competências adotado pelo governo
suíço, no qual se baseou para escrever o livro sobre as dez competências para
ensinar. Sua produção certamente influenciou a definição de Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) da educação básica brasileira.
Perrenoud1 define competência como a aptidão para enfrentar uma família de
situações análogas, mobilizando de forma correta, rápida, pertinente e criativa,
múltiplos recursos cognitivos: saberes, capacidades, microcompetências, informações,
valores, atitudes, esquemas de percepção, de avaliação e raciocínio.
As competências são traduzidas em domínios práticos das situações cotidianas.
Compreendem a ação empreendida e o uso a que essa ação se destina. As
habilidades são representadas pelos atos em si, ou seja, pelas ações determinadas
pelas competências de forma concreta, como por exemplo, escrever, montar e
desmontar, digitar, tocar instrumentos musicais etc.
1 PERRENOUD, P.; THURLER, M. G. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 19.
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Para ele, a abordagem por competência não rejeita nem os conteúdos, nem as
disciplinas, mas a maneira de implementá-los. O que o conceito de competência traz
de novo é o poder de gerenciamento da mesma sobre os conhecimentos. Agir em uma
sociedade mutante e complexa é, antes, entender, antecipar, avaliar, enfrentar a
realidade com ferramentas intelectuais. Por isso, o ofício do professor não consiste em
expor conhecimentos de maneira discursiva, mas sugerir e fazer ligações entre
conhecimentos e situações concretas.
Para Perrenoud, os currículos por competências, tanto na educação básica
como no ensino superior presencial ou EaD, podem contribuir para dar sentido ao
saber, ligando-os mais explicitamente à ação. Considera que o papel do professor
envolve a ação de ensinar, concentrando-se na criação, gestão e regulação das
situações de aprendizagem que propiciem a aprendizagem significativa ao conjunto de
estudantes. Isso envolve a elaboração de atividades que mobilizem a turma para a
investigação alicerçada no desenvolvimento de projetos, solução de problemas, ações
colaborativas e cooperativas, a fim de produzir conhecimentos coletivamente apoiados
por tecnologias.
Seguindo essa linha de raciocínio, em abril de 1998, Perrenoud publicou em seu
livro “Dez novas competências para ensinar” um capítulo intitulado “Utilizar novas
tecnologias”. Destaca quatro competências que considera importante para o professor:
utilizar editores de texto; explorar a potencialidade didática de aplicativos; comunicar-
se à distância por meio da telemática; e utilizar ferramentas multimídia no ensino. Essa
necessidade de alfabetizar-se tecnologicamente e de letrar-se digitalmente ainda
permanece, principalmente com a expansão dos recursos da web 2.0, dos novos
dispositivos eletrônicos, do uso de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) em
cursos a distância ou como apoio ao ensino presencial.
Em entrevista à Folha de São Paulo2, Perrenoud afirma que as tecnologias que
permitem a simulação e imersão em realidade virtual podem ajudar a obter uma
melhor representação das práticas sociais para as quais os conhecimentos e as
competências são essenciais. Porém, não há computador capaz de convencer um
2PERRENOUD, P. O futuro da escola nos pertence. Folha Online, São Paulo, 29 jul. 2003. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u511.shtml>. Acesso em: 10 set. 2010.
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estudante a aderir à cultura escolar. O trabalho de intervenção dos professores
continua sendo essencial para seguir as pistas traçadas pela nova pedagogia e pelas
pesquisas sobre a relação entre o saber e a construção do sentido.
Perrenoud enfatiza que o desenvolvimento das tecnologias oferece novos
campos de desenvolvimento de competências fundamentais. O acesso às informações
tornou-se mais ágil com o uso da internet. Ao mesmo tempo, nem todas as produções
existentes na rede são fidedignas, exigindo dos estudantes a competência crítica para
acessar, selecionar, avaliar e transformar as informações em conhecimento. O
desenvolvimento dessa competência envolve o trabalho da educação infantil ao ensino
superior, respeitando o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
De acordo com os conceitos do autor sobre competências, uma proposta
pedagógica com uso de tecnologias, pode abranger o desenvolvimento de diferentes
habilidades, como por exemplo, que o estudante reproduza com exatidão uma
informação, seja uma data, um relato, um procedimento, uma fórmula ou uma teoria;
mobilize a elaboração e modificação de uma informação original, ampliando-as,
sintetizando-as ou criando novas formas de representá-la.
Além disso, é possível identificar as potencialidades das ferramentas
tecnológicas, tais como chat, fórum, moviemaker, twitter, wiki, etc. para o
desenvolvimento de outras habilidades mais complexas. O professor pode planejar
atividades com as seguintes expectativas de aprendizagem: que o estudante faça a
transposição de uma informação genérica para uma situação nova e específica;
analise, categorize a informação e estabeleça relações entre elas; elabore sínteses,
envolvendo a reunião de informações para compor algo novo; avalie as informações a
partir do confronto de um dado, uma informação, uma teoria ou um produto com um
critério ou conjunto de critérios.
Para Perrenoud, as instituições de ensino não podem ignorar o que se passa no
mundo. As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) estão potencializando a
comunicação, as formas de trabalho, de decisão e de pensar. Formar os estudantes
para atuarem na sociedade do século XXI é desenvolver habilidades de julgamento,
senso crítico, pensamento hipotético e dedutivo, de observação, pesquisa e
imaginação, de memorização e classificação, de leitura e a análise de textos e
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imagens, bem como de representação de redes, procedimentos e estratégias de
comunicação.
Obras
PERRENOUD, Philippe. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora,
1995.
______. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 1999.
______. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
______. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
______. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
______. Por que construir competências a partir da escola? Desenvolvimento da
autonomia e luta contra as desigualdades. Porto: ASA Editores, 2001.
______. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed, 2001.
______. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
______. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógicas.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
______. Aprender a negociar a mudança em educação: novas estratégias de inovação.
Porto: ASA Editores, 2002.
______; THURLER, Monica Gather. As competências para ensinar no século XXI: a
formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.
______. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
______. Escola e cidadania: o papel da escola na formação para a democracia. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
Saiba mais...
Página de Philippe Perrenoud – Universidade de Genebra
Roda Viva – Entrevista com Philippe Perrenoud