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104 www.backstage.com.br TECNOLOGIA Sérgio Izecksohn é músico e diretor da escola Home Studio. www.homestudio.com.br de áudio Placas e interfaces S Desde que o computador “engoliu” o estúdio, as placas de som ou interfaces de áudio se tornaram o item mais crítico entre os equipamentos de gravação. Escolher o modelo ideal é um momento delicado para quem vai investir. Hoje, temos marcas de ótimo nível para todo tipo de necessidade e orçamento eja para usuários das mesas analó- gicas, das digitais e até para os que têm horror às mesas, são diversos mode- los com quantidade variada de recursos. Os preços caíram muito de uns anos para cá e as opções se multiplicaram. Para escolhermos uma placa de som temos que levar em conta uma série de questões. Primeiro, os tipos de co- nexões: analógicas, com um con- versor AD (analógico-digital) em cada entrada e DA (digital-analógi- co) em cada saída, ou digitais (usando conversores AD/DA externos, como os de uma mesa digital). Nas placas com conexões analógicas, temos que considerar também a qualidade dos conversores AD e DA, e ainda os for- matos e a quantidade desses conec- tores, que determinam a quantidade de canais de entrada e saída de áudio. Segundo, a presença do processador digital de sinal, ou DSP, que divide as tarefas de processamento com a CPU do computador, acelerando o proces- samento do som. Em terceiro lugar, a compatibilidade do driver (o software controlador da placa) com as demais peças do computador e sua capacida- de de trabalhar com os diversos pro- gramas têm que ser seriamente leva- das em consideração. Outros fatores importantes são as conexões MIDI, o suporte técnico e, claro, o preço. As interfaces de áudio podem ser li- gadas ao computador por conectores interfaces

Placas e interfaces - backstage.com.br · digital de sinal, ou DSP, que divide as tarefas de processamento com a CPU do computador, acelerando o proces-samento do som. Em terceiro

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Sérgio Izecksohn é músico e

diretor da escola Home Studio.

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de áudio

Placas einterfaces

SDesde que ocomputador “engoliu”o estúdio, as placasde som ou interfacesde áudio se tornaramo item mais críticoentre osequipamentos degravação. Escolher omodelo ideal é ummomento delicadopara quem vai investir.Hoje, temos marcasde ótimo nível paratodo tipo denecessidade eorçamento

eja para usuários das mesas analó-gicas, das digitais e até para os que

têm horror às mesas, são diversos mode-los com quantidade variada de recursos.Os preços caíram muito de uns anos paracá e as opções se multiplicaram.Para escolhermos uma placa de somtemos que levar em conta uma sériede questões. Primeiro, os tipos de co-nexões: analógicas, com um con-versor AD (analógico-digital) emcada entrada e DA (digital-analógi-co) em cada saída, ou digitais (usandoconversores AD/DA externos, comoos de uma mesa digital). Nas placascom conexões analógicas, temos queconsiderar também a qualidade dosconversores AD e DA, e ainda os for-

matos e a quantidade desses conec-tores, que determinam a quantidadede canais de entrada e saída de áudio.Segundo, a presença do processadordigital de sinal, ou DSP, que divide astarefas de processamento com a CPUdo computador, acelerando o proces-samento do som. Em terceiro lugar, acompatibilidade do driver (o softwarecontrolador da placa) com as demaispeças do computador e sua capacida-de de trabalhar com os diversos pro-gramas têm que ser seriamente leva-das em consideração. Outros fatoresimportantes são as conexões MIDI, osuporte técnico e, claro, o preço.As interfaces de áudio podem ser li-gadas ao computador por conectores

interfaces

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no formato PCI (internas ou mistas),Firewire e USB (externas). As PCIsão mais estáveis, mas só servem paradesktops, os computadores de mesa.Placas PCI podem ser acompanhadasde uma caixa ou rack para que osconectores fiquem afastados do com-putador e facilitem as ligações, embo-ra as que têm conectores na própriaplaca sejam blindadas contra ruídosou interferências. As placas portáteispara notebooks e desktops são as queusam conectores Firewire e USB. Es-queça as Soundblaster e as placas onboard (som da placa-mãe). Têm qua-lidade sonora bem inferior e não têmvelocidade de processamento pararodar os principais programas deáudio e música.Existem inúmeros modelos de inter-faces em forma de placa, rack ou embu-tidas em mixers. As marcas Edirol, E-Mu, Echo, Ego System, Line 6, M-Audio, Motu, Tescam, TC Eletronics eYamaha têm excelentes produtos e al-gumas já têm representantes no Brasil.

PLACAS PCISe as saídas de sua mesa ou pré-ampli-ficador forem analógicas, as entradase saídas de sua placa de som precisa-rão de bons conversores AD/DA quegarantam a boa qualidade do som di-gital. A quantidade de canais depen-de da necessidade de cada estúdio e

deve ser decidida junto com a escolhada mesa e da placa de som. As duasestão intimamente relacionadas. Se-ria um desperdício, por exemplo, op-tar por uma mesa com oito saídas paragravação e uma placa com apenasduas ou quatro entradas. É melhorque a quantidade de “mandadas” ousaídas para gravação da mesa sejaigual ao número de entradas da placa.Para trabalharmos com mesas analó-gicas, as opções de placas de som sãovariadas e dependem da maneiracomo operamos. Muitos estúdios dis-pensam a gravação da bateria acústica,optando pela programação MIDI deinstrumentos virtuais ou eletrônicos,ou ainda pelo uso de loops de bateria.

Se o estúdio puder gravar os demais ins-trumentos um por um, não precisará deum investimento alto para se equipar.Uma placa com dois canais de entradacostuma ser suficiente. Há placas comduas entradas e duas saídas de baixocusto e ótimo som, como a MiaMIDI daEcho, as 1212M e 0404 da E-Mu e asAudiophile 2496 e 192 da M-Audio.Uma placa de som com mais canais desaída, mesmo que tenha apenas duasentradas, dá mais agilidade e liberda-de ao estúdio. Se você gravar um ins-

Se as saídas de sua mesaou pré-amplificador foremanalógicas, as entradas e

saídas de sua placa desom precisarão de bonsconversores AD/DA que

garantam a boa qualidadedo som digital

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trumento de cada vez, masmonitorar cada um por umadiferente saída da placa emvários canais da mesa, vocêpode rapidamente equalizar oscanais de monitoração na me-sa analógica, facilitando oprocesso de gravação. Poderátambém usar efeitos analó-gicos, mesmo mixando emuma mesa virtual.A placa Gina3G da Echo temduas entradas e seis saídas ba-lanceadas, além de conexõesADAT óticas e S/PDIF coaxiais (RCA)de entrada e saída que poderão ser usadasse você adquirir uma mesa digital ou umconversor externo. As placas Delta 66 eDelta 44 da M-Audio, com suas quatroentradas e saídas analógicas também sãoboas opções. A Delta 66 também temuma conexão S/PDIF. Estes modelosvêm com os conectores em um rack.Continuando no terreno das mesasanalógicas, quem for gravar gruposinstrumentais ou vocais ou bateriaacústica através de vários microfo-nes, precisará de pelo menos uma ouduas interfaces de oito canais oumais. Com oito ou 16 canais podemosregistrar as várias fontes sonoras emdiversas pistas e mixar no computadorou na mesa. Mesmo gravando um nú-mero bem maior de pistas, podemosagrupá-las para que saiam para a mesapelos diversos canais da interface. Asplacas mais usadas, neste caso, são aDelta 1010 da M-Audio, a MOTU2408 (que também tem vários conec-tores digitais, em um total de 24 ca-

nais), a Layla 3G da Echo (tambémcom conexões digitais), e a Digidesign003, esta última específica para o pro-grama Pro Tools LE. Todas com rack.Um modelo econômico e com muitosrecursos, compatível com todos os

programas, é a Delta 1010LT da M-Audio, que deve seu baixo custo àsconexões de áudio e MIDI diretamen-te ligadas por fios à placa PCI, sem umrack ou outro gabinete. Este descon-forto permite que ela custe a metade do

preço da sua irmã maior, a Del-ta 1010, que, embora tenha orack, possui os mesmos recur-sos da outra. A LT ainda temduas entradas XLR para mi-crofones dinâmicos, que po-dem ser revertidas para en-tradas de linha.

INTERFACESPORTÁTEISHá um grande número de in-terfaces com conectores USBe Firewire. No caso de você

optar por uma interface portátil, prefiraas Firewire ou USB 2.0, já que as queusam conector USB 1.1, além de nãogerenciarem muito bem um númeromaior que dois canais de áudio simultâ-neos, têm limitações quanto ao ganhodo sinal de áudio, podendo apresentarmais baixa intensidade e distorções nosom. Para ligar uma dessas interfaces aocomputador, use o conector Firewire ouUSB 2.0 da sua placa-mãe ou adicione-o através de uma placa de expansão.Evite usar esses conectores como fontede alimentação elétrica: ligue a inter-face na tomada.Modelos populares com conectoresUSB são as interfaces, Konect da TCEletrônics; M-Audio Fast Track, Proe Ultra (esta com USB 2.0), assimcomo a E-Mu 0404 USB 2.0 e a MOTU828mkII. As mais usadas interfacesFirewire são as M-Audio 1814, 410 eSolo, assim como os modelos da EchoAudioFire 2, 4, 8 e 12, da MOTU, comoa UltraLite, a 828mk3 e a Traveler e osmodelos GO46 e GO44 da Yamaha.

SEM A MESAAlguns estúdios optam por conectaros microfones diretamente ao com-putador e realizam dentro dele todo o

As placas Delta 66 eDelta 44 da M-Audio,

com suas quatroentradas e saídas

analógicas também sãoboas opções. A Delta 66

também tem umaconexão S/PDIF

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e-mail para esta coluna:

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trabalho de gravação, processamentoe mixagem. Para abdicar da mesa desom, precisaremos de pré-amplifica-dores para os microfones e conectá-los à placa de som. O ideal aí pode seruma interface de áudio que contenhaum ou mais pré-amplificadores, mas amaioria só tem entradas em nível de li-nha. As já citadas M-Audio Delta1010LT e Fast Track, Yamaha GO46 etambém a Mackie Spike são modelosque também contêm pré-amplificado-res para microfones. Algumas incluemphantom power para podermos conec-tar microfones a condensador.

SEM A PLACAHoje já são comuns interfaces deáudio incorporadas a pré-amplificado-res, como a Spike da Mackie, a tecladoscontroladores, como o Ozone (USB) e oOzonic (Firewire) da M-Audio e atémesmo a mesas analógicas, como a Onixda Mackie, ou a superfícies de controle,como a ProjectMix I/Oda M-Audio. Todos es-

ses modelos dispensam a placa desom, ou melhor, já a possuem dentrode si. Existem ainda microfones, gui-tarras e pedaleiras de efeitos cominterface de áudio embutida. O in-conveniente desses últimos é umainterface de entrada, mas geralmentesó com saída para fones. Para ouvir-mos o som nos monitores, precisaría-mos de outra placa de som.

PLACAS PARAMESAS DIGITAISO estúdio que usa uma mesa digitalpode dispensar os conversores AD/DA de sua placa de som. O áudio éconvertido em digital ao entrar namesa e pode ser transmitido direta-mente para o computador através deum cabo digital. A conexão mais usadaé a do tipo TOS link, conhe-cida como ADAT ótica oulightpipe, que envia oito canaispor um cabo de fibra ótica. Amesa pode ter uma, duas ou três dessassaídas, que mandam para fora oito, 16ou 24 canais. As conexões S/PDIF,presentes em quase todas as placas,têm apenas dois canais.De acordo com a quantidade de cone-xões TOS link da mesa, escolhemosuma placa com a mesma quantidade deentradas. Por exemplo, se tiver umamesa com uma saída TOS link, vocêpode usar a placa WaveCenter, da Fron-tier. Além da entrada e da saída TOSlink, ela tem S/PDIF e duas portas

MIDI. Se a mesa tiver 3 saídas TOSlink, você pode usar uma Dakotamais a sua expansão, a Montana,cada uma com duas conexões TOSlink de entrada e saída. Com trêsentradas e três saídas, mandamos24 canais de áudio da mesa para aplaca e os recebemos de volta. Ou-

tra opção é a interface MOTU 2408,que tem as três conexões TOS link emais oito entradas e saídas analógicas,além de três entradas e saídas TDIF, for-mato concorrente do TOS link.

DRIVERSSeja qual for a sua escolha, instale sem-pre o driver mais recente fornecido nosite do fabricante para aquele modelo epara o sistema operacional instalado emseu computador. Em vez do CD de insta-lação, baixe a última versão do driver dainternet, instale-o somente depois deconectar a interface ao computador eatualize-o sempre que surgir uma novaversão. A grande maioria dos programas

de gravação, plug-ins e instrumentosvirtuais usam o driver ASIO. Eleacelera o processamento do áudio. Fa-bricado pela Steinberg, o driver ASIOé fornecido pelo fabricante de cadaplaca de som. Algumas placas são ca-pazes de trabalhar em conjunto comoutras. Outros modelos podem apre-sentar conflitos. Leia os manuais e asinformações do fabricante na internetantes de escolher. Leve em conta todasestas questões antes de optar por suaplaca de som “definitiva” (enquantodurar!) e faça uma boa escolha.Todos os links deste artigo estão em :www.homestudio.com.br/links .