planejamento e educação no brasil - kuenzer acacia, calanzas julieta ,garcia walter

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    ColecaoQUESTOES DA NOSSA EPOCA

    volume 21

    Dados tnternactonats de Cataloqacao na Publ lcacao (CIP)(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Kuenzer ~Acaci a ZeneidaPlanejamento e educacao no B rasi 1 I Acacia Z.

    Kuenz.er, Maria Julieta Costa Calazans e \ValterGarcia. - 6. ed. - Sao Paulo, Cortez, 2003. - (Colecaoques toes da nossa epoca ; v. 2 I )

    Bili ografiaISBN 85-249-0261-2- 1. Democra t izac ao do ens ino - B rasi I

    2. Educacao - Brasil 3. Educacao e Estado - Brasil-4. Plaoejamen to Educaciona I - B rasi 1 I. Calaza ns,Maria Julieta Costa. II. Garcia, Walter. III. Titulo.IV. Serie.

    90-}]96CDO -370.981

    -370.190981-379.81

    indices para cata loqo ststernatl co:1. Brasil: Dernocratizacao do ensino 370.1909812. Brasil: Educacao 370.9813. Brasi 1 : Plane jamen to educaci anal 370.9814. Brasil: Polftica educacional 379.81

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    PLANEJAMENTO E EDUCA~Ao NO BRASILAcacia Z. Kuenzer, Maria Julieta C. Calazans e Walter GarciaCapa: Car los ClemenRev isiio: Carmen Teresa da Costa e Rosel)' M. SessaCoordcnaciio editorial: Danilo A. Q. Morales

    Nco huma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sernautorizacao cxpressa dos auto res e do edi tor. 1990 by AutoresDireitos para esta edicaoCORTEZ EDITORARua Bartira, 3 17 - Perdi zes05009-000 - Sao Paulo - SPTel.: (11) 3864-0111 Fax: (11) 3864-4290E-mail: [email protected] mpresso no B rasi l - ju lho de 2003

    mailto:[email protected]://www.cortezeditora.corn.br/http://www.cortezeditora.corn.br/mailto:[email protected]
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    SUMARIO

    Apresentacdo .....Planejamento da Educa~ao no Brasil - novas.estr'ategfas em Imsca de novas concepcoes ..._Maria Julieta Costa CalazansLimites: "Nao e 0planejamento que planejao capitalismo, mas 0capitalismo que planejaO planej amento" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Planejamento da educacao no I PND da NovaRepublica - uma nova maquiagem _- _.. - - ..Planejamento da educacfio. as pIanos,concepcoes e encaminhamentosPlanejamento e cducacao no Brasil:a busca de novos caminhosWalter E. GarciaIntroducao _. _. . . . . _. _. _. . . ____A crise dos paradigmas .oPlanejamento Educacional no Brasil .oPlanejamento Educacional fora do ambitogovernamental ..... _. . . . . . . . . . . . . . . _. .Repensando 0Planejamento EducacionalPolftlca educacionaf e ptanejamerato no Brasil:os descaminhos da tr-ansfcao _ _

    JAcacia Zeneida KuenzerComo estao sendo formuladas as politicasde educacao _. _. . _. . . __. _oPlanejamento Educacional no contextoda democratizacao da sociedade: pressupostosoPlanejamento Educacional e as relacoes entreUniao, Estado e Municipio ..... __~_..~. . . . .

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    -APRESENT A

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    segundo trata de dados basicos (ineditos) que subsidia-ram a discussao de problemas prioritarios no prirneiro,

    Ao trabalhar "Politica educacional e planeja-mento no Brasil- os descaminhos da transicao", a au-tora tern como objetivo "analisar a questao de urnponto de vista especifico: 0 da formacao de politicas ede sua relacao com 0 planejamento educacionaL Estadiscussao ten) especial relevancia, determ inada pelaexigencia constitucional da elaboracao de Pianos deEducacao e pela necessidade de definicoes na legisla-v a o ordinaria e nas constituicoes estaduais''. Discute 0tema em tres t6picos. No primeiro, questiona a fonnu-lacao de politicas de educacao no Brasil, concluindoque esta passou de uma estrategia de formulacao depoliticas de planejamento e gestae tecnocratica, con-centrada no tapa da pirarnide no govemo autoritario,para 0}?plo oposto, da fragmentacao e do descontrole,justificado pela descentral izacao, n13S impasto e man-tide par mecanisrnos autoritarios, Discute, no segundotopico, pressupostos que estao irnpl icitos no planeja-mente educacional no contexte da democratizacao dasociedade. No terceiro, questiona as relacoes U niao,Estados e Municipios, relati vas ao planejarnento edu-caciona l. A partir dos pressupostos indicados, 0 PlanoNacional de Educacao nao pode ser pensado C0l110 urnproduto, mas corno urn processo. Apresenta, ao final,UI11aproposta que nao e merarnente metodo logica, n13Sfundarnentalmente po litica, par reconhecer que 0processo de elaboracao do Plano Nacional e UI11 espacopol itico de negociacao, cujo resu ltado expressara, e deforma muito concreta - atraves da distribuicao de re-cursos -, os interesses do bloco que conseguir se6

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    constituir C0l110 dominante.A discussao de Maria Julieta Costa Calazansversa sabre "Planejamento da educacao no Brasil -

    novas estrategias ern busca de novas concepcoes'' ~Num primeiro ponte, trata dos limites da acaoplanejada, na medida en) que "nao e 0 planejamentoque planeja 0 capitalismo, mas e 0 capitalismo queplaneja 0 planejamento" ~ Tornando esta premissa,alerta que 0 planejamento da educacao - nleS1110quando produz ou altera algumas evolucoes - nao podeexercer papel determ inante, se tornado isoladamente. E ;fundamental, portanto, nesta hora de elaboracao de'uma nova Lei de Diretrizes eBases da Educacao, e daelaboracao de urn novo Planejamento Nacional daEducacao, que os educadores construam concepcoesque potencializem os sistemas educacionais paraparticipar do novo jogo de forcas presentes nasociedade. lsto porque 0 planejamento da educacaotambem e estabelecido a partir das regras e relacoes deproducao capital ista, herdando, portanto, as formas, osfins, as capacidades e os do 111 inics do modele docap itaI11onopo Ista do Estad o.Discute, no segundo ponto, a nova"maquiagem" do J Plano Nacional de Desenvo lvirnento(PND) da Nova Republica, que se propoe ser urn planode "reformas de cresciniento e combute ii pobreza",

    Urn novo plano co loca ern xeque as concep-cces, as diretrizes, enfim, ate n1eSI1100 formato de tudoo que foi feito ern 1101ne de Plano de Educacao, nosult irnos 30 anos. Fazer urn Plano para atender aos de-safios e aos dilernas da educacao do pres enie, supceromper C0l11 concepcoes que nega [110S e construir urn

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    novo corpo te6 rico coerente, que responda a s necess i-clades da educacao - pastas nas numerosas pautas derei vind icacoes da sociedade ci vi LTrabalha, no terceiro e ultimo ponto, concep-90eS e encarninhamentos para 0 planejamento daeducacao. Mapeandoalguns problemas sobre os quaisseria oportuIia urna investigacao, afirma que umagrande questao seria situar em que se fundamenta aG(:GO programada na educacdo no IPND na NovaRepublica enos demais instrumentos de pIanos queemergirern dentro deste processo de "transicaodemocratica'' no Brasil.Os constrangimentos e as fonnas de coercaoatingem frontalmente 0 trabalho, a educacao e a cultu-fa, par diferentes vias. Uma delas e referida aqui: amonitorizacao do planejamento governamental, quedesernboca na ditadura dos "papeis", imposicao de"pacotes" para a ensino na escola e no trabalho, avi Ita-III ento de sa larios pagos ern forma de escam bo, entreoutras via lacoes que testemunharn serem estes expedi-entes uma questao polltica. Exarninando documentosdo Banco Mundial e do Fundo MonetarioInternacional, procura ccnfirrnar esses constrangimen-tos. .

    Conclui apontando que e no direcionamento de"refutar 0 velho" e construir 0 novo que po derernosinvestir (as educadores brasileiros que defendem umaeducacao critica) nUl11 trabalho de p lanejamento daeducacao - em todas as instd ncias de poderes noEstado -~ cujo ponto de part ida e de chegada devera sera valorizacao e a democratizacao da escola pub Iica.o texto de Walter Esteves Garcia anal (sa a8

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    maneira pela qual as proposicoes relativas aoPlanejarnento Educacional, concebidas num periodo dercordcnacao cconorn ica e po iitica do pos-guerra, influ-enciarn paises C01110 0 Brasi I, corn organizacao social,po lltica e educacional radicahnente distinta dessescentros mais adiantados. N osso pais, neste contexte, ecornpelido a adotar urn estilo de desenvolvitnento queteve um preco politico e econom ico, pelo qual estapagando muito alem do razoavel,

    Nas posturas de Planejamento Educacionalcentral izado , que se acentuam corn 0 regime mil itar de64, 0 Ministerio da Educacao teve papel importante esua part ici pacao nesse processo e ta 111bern exam inada &A crise do modele de desenvolvimento acentua 0 fra-casso da pol it ica educacional e com ele 0 Ministerio daEducacao vai perdendo importancia. Hoje, 0MECrepresenta mu ito pouco COlll0 capacidade de articu larUl113 po litica de educacao ern ni ve1 nacional. 0 autorencerra suas re.flex6es exarninando novas posturas queo P lanejamento Educacional deveria adotar para 0contexto de crise ern que vivemos, destacando, espe-cialrnente, a necessidade de se rever a formacao of ere-cida a estes pro fissiona is.

    Maria Julie/a Costa Calazans

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    Planejamento eedu cacao no B r a s i l

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    PLANEJAMENTO DA EDUCA

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    nante (mesmo quando produzam e alterem algumas evo-Iucoes), se tornados isoladamente, Este fato nao nos de-sestimula a discutir a questao, mesmo que para muitos 0plano e 0planejamento sejam simples discursos ret6ri-cos, tennos de compromissos descomprometidos,. algoInocuo, Inclinamo-nos a discutir 0planejamento comoforma de intervencao do Estado - urn surpreendente ca-nal de conducao de medidas mantenedoras do status quoOU, mais claramente, de repasse de medidas que agra-V3lll a perversa situacao de violencia na qual os "ex-clufdos" sao as maiores vftimas.

    Consideramos oportuno tomar 0 significado deplanejamento, trabalhado por Francisco de Oliveira, pa-ra indicar 0ponto no qual nos situamos. Acreditamosque este tambem deva ser 0patamar oode se colocam ostecnicos e educadores ao se ocuparem do planejamentoda educacao.Francisco de Oliveira, ao elaborar uma economiapolftica do planejamento, "centra suas possibilidades decompreensao e desvendamento da emergencia de urnpadriio 'planejado' ~ por oposicao ao espontaneo, deconducao e orientacao dasatividades economicas, no

    metodo dialetico, 0 padrao "planejado" nao e, desseponto de vista,. senao uma forma transfonnada do confli-to social,. e sua adocao pelo Estado em sell relaciona-mento com a sociedade e, antes de tudo, urn indicadordo grau de tensao daquele conflito, envolvendo as di-versas forcas e os diversos agentes economicos, sociaise polfticos. 0 planejamento nao e encarado, portanto,apenas como uma tecnica de alocacao de recursos, emqualquer nfvel, nem como uma panaceia: escapa, pois, aeste trabalho, a discussao muitas vezes bizantina sobre a'neutralidade' do planejamento e seu oposto, sobre seucarater 'revolucionario' _ As revolucoes sociais, quais-quer que sejam, constituem uma classe de acontecimen-to e de ruptura que nao pode ser compreendida nos es-12

    .: II .

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    treitos limites de uma teorizacao sobre 0planejamento"(Oliveira, 1977~pp. 23-7).

    Recusando-se a discussao sobre 0carater "neutro' ~ou "revolucionario'"; afirma 0autor que a "possibiIida-de do planejamento e dada pelo carater mesmo das re-Iacoes de producao e portanto sociais que fundam 0sis-tema ", e assim sendo,. "0planejamento num sistema ca-pitalista nao e mais que a forma de racionalizacao dareproducao ampliada do capital"; fica, portanto, claroque "nao e 0planejamento que planeja 0capitalismo,mas e 0capitalismo que planeja 0planejamento ".

    Tomamos este prisma para discutir planejamento e,especia1mente, planejamento da educacao neste momen-to hist6rico em que a classe dominante reforma e rearti-cula suas estrategias, usando imposicoes e constrangi-mentos para subjugar as classes populares que vivem naperiferia, embora sejam estas que trabalhem para enri-quecer as ilhas onde 0capital esta concentrado. A clas-se dominante, entre os varies mecanismos de subordi-nacao, pode ter nas maos 0plano do Estado ou a "pro-gramacao indicativa" (designacao dada ao planejamentoou programacao capitalista), "aquele que nao e capaz demodificar as leis fundamentais dessa economia, e nota-damente a exploracao do homem pelo homem que a ca-racteriza" (Bettelheim, 1976, pp. 9-20). 0Plano e urndocumento que a maioria dos brasileiros nao conhecenem a ele tern acesso, porque DaO se trata de urn instru-mental disponfvel para todos os cidadaos, e muito me-nos para as "massas'".

    Se concordamos que e o"capitalismo que planejao planejamento ", estaremos anuindo que 0planejamentoda educacao tambem e estabelecido a partir das regras erelacoes da producao capitalism, herdando, portanto, asfonnas,. os fins,. as capacidades e os domfnios do modelodo capital monopolista do Estado.

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    Certamente 0processo nao e linear, mas e urgenteque se atente para este fato - sobretudo agora, quando anova LDB, ap6s a promulgacao da nova Constituicao(1988), nos dara a primazia de discutir e formular umanova proposta de Planejamento Nacional da Educacfio.Assim, no momento de nova LDB e novo Plano Nacio-nal da Educacao, e necessario que os Sistemas Educa-cionais se transformem em instrumentos de reordena-mentos de novas perspectivas, de construcao de con-cepcoes que venham transfonnar a Escola num centrocapaz de participar do jogo de forcas presentes na so-ciedade, A Escola pade ser urn campo, entre outros, on-de os educadores, que desenvolvem praticas sociaisfonnadoras dos trabalhadores, deveriam considerar 0saber social produzido, quer nas relacoes de trabalho,quer nas lutas especfficas de cada categoria em suasparticipacoes com 0saber elaborado, fortalecido atravesde pedagogia adequada a pratica democratica dos traba-Ihadores.

    . . .E fundamental que os educadores - e, no caso par-ticular do planejamento da educacao, os tecnicos plane-jadores - considerem que a divisao social do trabalho edeterminante das diferentes categorias profissionais nocontexte de uma estrutura de producao, das relacoes es-tabelecidas pelos sujeitos de praticas produtivas e so-ciais em funcao da propriedade, dos meios utilizados noprocesso de producao e do desenvolvimento tecno16gicodo sistema produtivo, No movimento dessas condicoesconcretas (complexas) na sociedade surgem categoriasprofis sionais que, em deterrninadas situacoes hist6ricas,representam como os homens sao produzidos.

    A medida que a acao do planejador de educacao(educador, em nossa compreensao) e exercida democra-ticamente, torna-se uma pratica social transforrnadoraque se explicita na vida, no trabalho e na sociedade, ar-ticulada a teorias que a fundamentam e a explicitam his-14

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    toricamente. "Llma tal atitude consiste em buscar a ver-dade nos fatos. Por 'fatos' entendemos os fenomenos talqual existem objetivamente; por 'verdade' entendemosos Iacos internos desses fenomenos objetivos, quer di-zer, as leis que os regem; por "buscar' entendemos estu-dar" (Sampaio, 1979).

    Considerando que 0planejamento e urn ate de in-tervencao tecnica e polftica, seria essencial que 0pro-fissional por ele responsavel (planejador) estivesse pre-parado para manter uma articulacao permanente a fim deestabelecer coordenacao entre a esfera tecnica, 0nlvelpolitico e 0corpo burocratico. Esta articulacao seria in-dispensavel para que 0planejador se preparasse paramanter uma postura autdnoma na estrutura e no sistemade relac6es das instituic6es e da sociedade. A autono-Jmia .e a postura clara no desempenho do seu trabalhopoderiam assegurar-lhe respaldo das bases do sistema -professores, tecnicos de outras areas, funcionarios ealunos -, garantindo-lhe a viabrlizacao de urn processode planejamento na perspectiva de uma '''polftica cons-trufda' na "conjuntura dinamica" ~onde se situa tal pro-cesso, permitindo-Ihe dar conta de catalisar: necessida-des, tens6es, relacoes de forcas e outros fenomenos pe-culiares ao contexto e ao processo.

    E sabido que, nos pafses comandados pelo capita-lismo monopolista, 0processo de planejamento e refor-cador de peculiaridades deste modelo e sofre restricoesque the sao pr6prias: nas relacoes sociais e seus desdo-bramentos - relacoes de producao, relacoes de trabalhoetc. Estas restricoes atingem diretamente a formacao e apostura do planejador, que passa a se comportar comourn funcionario que fala e age pelo sistema (na medidaem que ele nao toma consciencia da gravidade de tal si-tuacao), 0planejador, teoricamente despreparado e de-sengajado da realidade, nao da conta de historicizar, deter presentes os aspectos conjunturais e estruturais

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    que poderao ser colocados no centro das articulacoes;enfim, de informar, coordenar e estabelecer uma disci-plina de planejamento compatfvel com os interesses dos. . .sujeitos da pratica educativa, E fundamental considerar,ainda, 0aumento vertiginoso de subdivisoes de cargos efuncoes criado pelos escal6es de planejamento, para jus-tificar as tipificacoes, classificacocs de cargos, proces-sos de selecao, divisao de encargos, enfim uma soma detarefas em nome da racionalizacao e da "rnodernizacao'do trabalho educativo, Modernizacao e racionalizacaoque dao Ingar a uma multiplicidade de passos e subpas-sos em cadeia no sistema; e, controvertidamente, forjamurn reduzido mimero de atos a serem exercidos por cadaindivfduo do escalao de tecnicos, dos quais nonnalmen-te se requer urn minima de qualificacao (Calazans,1987).

    2.. Planejamento da educacao no I PND da NovaRepublica - uma nova maqrdagemA discussao da "~questao educacional" na NovaRepublica integra as estrategias do I PND que estao as-

    sim sintetizadas: ser ""urn plano de reformas, de cresci-menta e de combate a pobreza' (I Plano Nacional deDesenvolvimento - PND - da Nova Republica, P: 6)~

    A educacao, como uma das metas do desenvolvimento social, esta atrelada as medidas programadas paraeliminar a pobreza, a desigualdade e 0desemprego. Osprogramas "Educagao para todos", "Desportos e cida-dania", "Descentralizacao e participacao ", entre outros(I PND, pp. 27-39), sao proclamados na ret6rica do me-Ihor estilo liberal. Conformam-se a s Ideias e compro-missos definidos em Educacdo e liberalismo; expostos aseguir: "Nao existe - e essa e uma visao liberal - umaunica solucao para 0problema educacional, impostacomo a unica possfvel ; nossa visao e a de defesa do di-16

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    reito de optar entre rnais de uma para os complexos pro-blemas com que nos defrontamos " (Maciel, 1987, P P A5-9)4

    Somente na aparencia 0planejamento da educacaomudou de perspectiva. Narealidade, 0PND e uma de-terminacao das relacoes sociais, economicas, polfticas e"sobretudo, do mandonismo dos "donas" do pader noEstado capitalista, agora em "transi~ao"'. Nao foram ar-quivados os pIanos ditatoriais dos sistemas federal, es-taduais e municipais, nem os projetos que disciplinam asescolas mantidas ou produzidas sob os paradigmas dotecnicismo. Dunneval Trigueiro Mendes (1971) adverte:"0 protagonismo do planejamento educacional esta en-tregue, atualmente,. aos economistas, como antes,. aomenos fonnalmente (por respeito a Lei de Diretrizes eBases), ele cabia aos educadores atraves do ConselhoFederal de Educacao, (...) Continuamos tendo uma edu-cacao de economistas e outra, de pedagogos, mas a ver-dadeira tera de reunir as duas e mais outras: ados socio-logos, ados filosofos, ados cientistas polfticos etc., to-das essas diferentes perspectivas integradas numa meto-dologia mterdisciplinar, intrinsecamente interdisciplinar.Nao basta reunireconomistas e educadores em Co-miss6es e Grupos de Trabalho, se, trabalhando juntos"eles adotam metodologias separadas; ese, no intervaloentreumas e outras,. continuam a vicejar as ambicoes depredomfnio de cada lado" (Mendes, 1971, p. 6).

    As Ideias pastas nos induzem a levantar algumasquest6es para 0encaminhamento de discussoes. Infe-lizmente ha poucas pesquisas sobre 0tema em cujos re-sultadospudessemos obter pistas seguras para avancarnessa problematizacao. 0 planejamento da educacao,em suas tres decadas de experiencia no Brasil, DaD ternfugido a regra de outras tarefas tecnicas do sistema edu-cacional - nacional, estadual e municipal (com algumasexcecoes) - de ter caracterfsticas autoritarias e manipu-

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    ladoras de artiffcios para manter as que fazem a edu-cacao - os professores - sob 0controle do regime. Cabeao setor de planejamento no(s) sistema(s) exercer 0diri-gismo, 0mandonismo, para que as aliancas se deem, osprojetos sejam executados no limite das exigencias dosfinanciadores, as reformas sejam implementadas no de-vida tempo.ovies tecnocratico, a partir da ditadura, implantoucontroles mais sofisticados e estrategias roais repressi-vas, mesmo porque 0poder de centrafizacfio tambem foi

    fortalecido, Nesta centralizacao, as equipes de planeja-mento do proprio sistema educacional (nacional, esta-dual etc.) tambem foram esvaziadas, No. bojo do tecno-cratismo foram introduzidas sofisticacoes nas tarefasoperativas do planejamento e, em contraposicao, em na-da melhoraram as conhecimentos te6rico-metodo16gicosdos que praticam a planejamento, de modo a torna-Iosmais seguros para romper com a mecanicismo de suaspraticas, em grande parte transformadas em impedimen-tos e frustracoes do processo educacional e, principal-mente,. da escola. Criou-se, dentro do sistema, uma oon-troversia de mandonismo e protecionismo, indo daalianca a assistencia dos que podem colaborar e atesubmeter (as planejadores-tecnocratas de educacao), ateos que deveriam ensinar como urn trabalho, e nao comouma ajuda aos mais pobres.

    '''0 planejamento desenvolve-se em escala elevadaprincipalmente no ambito das atividades economicas(. ..) tendo em vista dinamizar e induzir neg6cios.Tambem as .atividades sociais, culturais e outras sao al-cancadas ou induzidas pelo pfanejamento. 0 planeja-mento se transforma em uma forca produtiva comple-mentar ( ... ) tambem a cultura, em sentido amplo, passa aser influenciada, induzida, ou controlada pelo poder es-tatal, 0 ensino, 0radio, a tolev isao, 0jornal, 0futebol ,o carnaval, muito da atividade cultural articula-se em18

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    uma vasta industria cultural. Trata-se de transformar es-sas atividades em urn poderoso meio de Iegitimacao dosistema de poder (... ) sob a ditadura militar, 0Estado sedesloca largamente da sociedade civil. Cria-se urn abis-rna entre amplos setores da sociedade e 0aparelho esta-tal. Reforca-se a imagem e a realidade do Estado comoaparelho de ocupacao " (Ianni, 1984).o Estado situa-se, assim, frontalmente como 0

    guardiao do capitalismo,. mesmo contra as classes popu-lares em situacoes extremas de pobreza, nas quais as re-Iacoes de trabalho atingem graus anormais de degra-dacao. Em dadas situacoes, as trabaIhadores DaO conse-guem sequer urn contrato atraves do qual sua forca detrabalho exposta a venda seja comprada, transforrnan-do-se, desse modo, em mendigos do trabalho, *

    No planejamento da "ditadura do grande capital."o Estado promove, atraves de projetos economicos e 80-ciais (educacionais), formas de favorecimento aos maispobres,. provendo-os de "beneffcios", "ajuda" via seto-res de alimentacao, saiide, educacao, habitacao; diga-se,por meio das chamadas polfticas sociais,

    Utilizando-se de mecanismos do sistema educacio-nal, especialmente daqueles que por definicao desti-nam-se aos que buscam a escola publica, 0Estado tentarnascarar os sistemas de relacoes sociais que dividem asociedade.

    Enquanto 0 operari, 0 campones (dadas as re-Iacoes sociais que comandam 0capital) sao supriruidosnas fabric as , no campo, 0que faz aumentar as con-dicoes de dependencia da classe trabalhadora,. a Estadoassume 0papel de agente interventor,. norrnalizador daordem, multiplicando mecanismos que a escola possa

    * Cabe observar que nao estamos ignorando que 0Estado e , .tambem, urn espaco de contradicoes,19

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    encampar, como estrategia de sobrevivencia dos despos-sufdos (a comida, 0banho, os pais adotivos etc.),Os discursos ambfguos, encaminhando mensagensde "des~nvolvimento social", de "servigo comunitario'- sern qualquer vinculacao a projetos concretos que

    proponham transformar -, falam de "justica social",mas as acfies sao de caridade ptibfica.Para que a maioria despossufda "sobreviva" saoampliadas as "benesses" nas polfticas sociais do Esta-do, sempre anunciadas como resposta as reivindicacoes

    populares, Nascem, assim, nesta situacao tfpica deagenciamento de "engodos"', f6rmulas de hospitais ondeos doentes devem aceitar a morte como fatalidade, e deescolas onde as criancas brincam para enganar a fome,as recursos que vern sempre agenciados de fora sao re-presados nas imimeras barreiras das estruturas tecnico-burocraticas (incorporadas pelo sistema alem de sua ca-pacidade, por injuncoes clientelistas), nem sempre che-gando ao verdadeiro destino: a escola, aos professores eaos alunos.

    ".E conhecido 0patrocfnio do Estado aos projetoscapitalistas nos setores de alimentacao, satide, habi-tacao, educacao, principalmente nas riltimas tres deca-das, favorecendo os emp6rios que dominam.estes seto-res no ambito da economia capitalista (a dita privati-zacao dos setores sociais).A escola e transform.ada em "bazar" onde as mi-galhas sao devolvidas em troea dos direitos usurpados,sob fonnas enganosas de direitos conquistados, Usam-se fonnas de cooptacao para encampar os projetos cria-dos em nome de "beneffcios sociais" para as classes

    trabalhadoras &A escola passa a ter diversificados services, sempessoal especializado, e outros tantos "beneficios"', que

    a rigor devem existir universalmente, nos espagos que20

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    as cidades, as vilas, os Iugarejos sempre reservam a taisservices. Eles sao urn direito, mesmo porque todos pa-gamos para te-Ios. No meio rural, onde a escola foisempre "selecionada" como uma instancia de acultu-racao, esta mflacao de "supostos servicos ", que 0Esta-do imp6e sejam acolhidos pela escola, chega mesmo aprejudicar as fungoes basicas de ensinar a ler, a contar ea escrever. A escola se transforma num centro de distri-buicao de "boa vontade" ~

    Ademais, e historicamente sabido que 0professorda escola publica e mal remunerado e suas relacdes detrabalho sao extremamente precarias,o trabalho de ensinar na periferia das cidades e nomeio rural e conhecido como uma atividade subordinadaas decis6es do clientelismo local, recaindo sabre 0pro-fessor arbitrariedades provenientes de diferentes es-caloes, montados pelo Estado para exercer "protecio-nismo", "controle" e outros "mandos" sobre a escola.

    As estrategras do Estado que autorizam a am-pliacao das "obrigag6es" da escola, colocando sob suaresponsabilidade services que a rigor sao de outras ins-tituicdes, ampliam os deveres do professor, reforcandoas modalidades de exploracao e expropriacao inerentesas suas relacoes de trabalho impostas pelo Estado.Estes sao. tracos da ampliacao das polfticas sociais

    do Estado brasileiro, fruto da falencia das politicaseconomicas, atingindo direta e indiretamente a escola(Calazans, 1986).No final da decada de 70 e infcio da de 80, a sis-tema federal de educacao tenta, atraves de pIanos e pro-

    jetos, introduzir formas para liberalizar a gestae do pro-cesso educativo e mudancas nos procedimentos do pla-nejamento educacional. Junto a estas inovacoes introdu-zidas, diga-se, em parte para atender as crfticas da so-ciedade civi.l, novo modismo e incorporado, sem duvida

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    como mais uma f6rmula que rotula os pacotes importa-dos inerentes aos emprestimos internacionais: 0plane-jamento participativo.Aprendemos a estudar este momenta hist6rico comFlorestan Fernandes (1986, pp. 93-4), para quem "A

    'Nova Republica' e imposta como uma alternativa COD-servadora e, portanto, como uma 'republica velha". Mase maquilada para parecer outra coisa e servir ao prop6-sito real de mudar deixando as coisas como estao" ..~Mas 0autor conclui apontando urn salto hist6rico: "0que a 'Nova Republica' nos ensina e que a burguesia fa-Ihou ... Onde a burguesia falha, a alternativa historicaprocede do socialismo, da revolucao proletaria e dasvias Ingremes do 'socialismo de acumulacao", Uma novarepublica sem aspas pode ser 0ponto de partida de umaevolucao desse tipo, na qual 0papel hist6rico mais sa-Iiente (e formoso) dos oprimidos e dos proletarios con-sista em libertar a hist6ria dos constrangimentos burgue-ses, dos impasses da democracia dos mais iguais e dasimpossibilidades cronic as da 'reforma no papel' ".

    A advertencia nos aponta para urn constrangimen-to, urn impasse neste momenta de novas diretrizes paraa educacao: 0perigo de se vir a ter urn Plano Nacionalde Educacao nos moldes das "reformas no papel ",Urn novo plano coloca em xeque as concepcoes,as diretrizes, enfim, ate mesmo 0fonnato de tudo 0quefoi feito em nome de plana de educacao nos riltimos 30anos. Fazer urn plano para atender aos desafios e dile-mas da educacao do presente sup6e romper com con-cepcoes que negamos e construir urn novo corpo te6ricocoerente e que responda as necessidades de educacao,que estiio postas nas numerosas pautas de reivindicacoesda sociedade civil em busca de uma educacao que aten-da os seus interesses e necessidades,No caso do planejamento da educacao , seria im-possfvel tentar ultrapassar 0'"'velho" sern jogar fora 0

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    entulho que esta poluindo os ambientes de trabalho nossistemas educacionais e, principalmente, nas escolas.Antes de tudo, devemos saber 0que queremos e por quequeremos caminhar noutra direcao, A desarticulacao auo rompimento com concepcoes que rejeitamos e a cons-trucao de urn novo corpo te6rico passam pela relacaopratica/teoria nos espacos da acao educativa, 0 rompi-menta com a concepcao tecnicista, por exemplo, naosignifica simplesmente rejeitar uma pratica que conside-ramos superada,. desgastada, Ultrap assar , rejeitar, con-trapor uma ooncepcao - no caso, .a planejamento naperspectiva da teoria do capital humano - implica co-nhecer esta teoria, sua origem, princfpios, repercussoes,enfim, avalia-la em face dos seus desdobramentos nasociedade, Fazer novo plano sup6e, portanto, analisar ateoria que 0 fundamenta, os mecanismos atraves dosquais suas diretrizes estao articuladas, sua insercao nasbases das insti tuicoes, as Imphcacoes qualitati vas equantitativas da extensao de seus efeitos sabre 0proces-so pedag6gico, enfim os intelectuais, tecrricos, cidadaosque 0ap6iam ou 0rejeitam,

    Um Dutro ponto a considerar e a Nova Republicamaquilada, para 0qual Carlos Guilherme Mota (1988)aponta series dilemas: HO setor publico precisa ser ur-gentemente repensado, e aprimorado seu funcionamentona pratica da Nova Constituicao (... ) Toda uma con-cepcao de Estado (autoritario) ainda impregna nossosdiagn6sticos,. nossa vivericia cotidiana e nosso imagina-rio. A nostalgia do rei, a saudade do caudilho, a Iem-branca do pai grande (... ) Mas e a superacao dessa con-cepcao que esta na base da revolucao cultural necessariae urgente que a nova sociedade civil prop6e, com basena ultima Constituicao, mas para alem dela (...) Desin-char 0Estado Brasileiro, tirar-lhe funcocs para as quaisnao esta - e cada vez estara menos - preparado, acabarcom todos esses mecanismos arrolados para montar urnEstado sem a tal legitimidade induzida, que mais parece

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    urn Estado Novo com filtro, eis urn programa para 0proximo ano desta Republica Velha (. .. )".

    3.. Planejamento da educa~ao: os pfanos, concepcoese encruninhamentosIniciaremos este item com indicacoes sumarias so-

    bre 0Planejamento Nacional da Educa~ao no Brasil.Mapeamos algumas quest6es sobre as quais seria opor-tuna uma investigacao.

    Nosso objetivo e discutir 0presente. Mas, parachegar ao momento atual, faz-se necessario enunciar,mesmo que em breves palavras, a trajet6ria do Planeja-menta da Educacao no Brasil.~

    Tomando 0Plano Naciona1 de Educacfio, pautadona Lei de Diretrizes e Bases (1961), plano elaborado em1962 e revisado em 1965 pelo Conselho Federal deEducacao, temos urn momento de "concepg6es libe-rais"; a este se seguem as pIanos do perfodo da ditadura(1964 a 1985), todos fundados na perspectiva tecnicista.DificiI seria trabalhar 0presente sem alguns dadosdesta trajetoria, as trabalhos de Durmeval TrigueiroMendes e Jose Silverio Baia Horta dao uma boa basepara quem pretende pesquisar 0tema, e indicam ricasfontes rigorosamente selecionadas,o apelo por "refonnas profundas", que suprimis-

    sem os conhecimentos necessarios a preparacao doshomens para produzir e ao mesmo tempo reforcar a es-cola, sem negar as seus valores intrfnsecos e sua in-sercao na sociedade, era conclamado no "Manifesto dosPioneiros de Escola Nova".

    "A ideia da elaboracao de urn plano educacionaIpara 0Brasil estava pre sente, de uma forma clara, no'Manifesto dos Pioneiros', de 1932. Entretanto, a leitura24

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    ( ... ) do documento permite concluir que 0plano de re-construcao educacional, nele apresentado em linhas ge-rais, e antes de tudo urn plano de organizacao e de ad-ministracao do sistema educacional, a partir de algunsprincfpios pedag6gicos administrativos, e nao urn 'PlanoNacional de Educac ao, , com objetivos, metas, recursosclaramente estabelecidos" (Horta, 1982, p. 20).

    Os pioneiros, ao mesmo tempo que aderiam ao le-galismo e as Ideias liberais da epoca, faziam urn percur-so na rota da tecnocracia, como nos aponta a autora de"Anisio Teixeira: limites da pedagogia liberal" (Gandi-ne, 1986).

    Promulgada em 1961, a Lei n9 4.024 - Lei de Di-retrizes e Bases (LDB) -, de mspiracao liberal, e a pri-meira que estabelece exigencias de formulacao e imple-mentacao da educacao num instrumento planejado. 0Plano Nacional de Educacao.. que nasce entre 1962-65,inspirado na LDB, tern urn perfodo efemero. A LDB erevogada pela Constituicao da ditadura em janeiro de1967.

    Mas com a supressao do Planejamento Nacional deEducacao, dos liberais, cujas dotacoes orcamentarias re-sultavam de aplicacao direta da Constituicao de 1946,outros instrumentos de intervencao no processo educati-vo foram estabelecidos, segundo outros princfpios cons-titucionais, Nos anos de 1964 a 1985 - perfodo da dita-dura militar -, com a fim de "~planejar e promover 0de-senvolvimento ", foram produzidos cerca de 6 pIanosnacionais de educacao, incluindo-se os capftulos dOBPlanas Globais de Desenvolvimento dedicados a edu-cacao. Eles programavam objetivos na mesma direcao,sedimentados pelo forte aparato da tecnoestrutura estatale do "neutro" discurso tecnicista,

    Em Estado e planejamento economico no Brasil(1930-1970), Ianni (1977, p , 315) adverte sobre os en-

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    cadeamentos politicos e econ6micos em jogo para 0ba-Ianco crftico de tecnoestrutura estatal: '~O que sobressai,como particularidade essencial da tecnoestrutura estatal,e 0fato de que ali ocorre 0sistematico encadeamentorec:fproco das relacoes polfticas e economicas, no nfveldas decis6es".

    Para falar de tecnicistas, tecnocratas, tecnoburo-cratas, a discussao que propomos assenta-se no pressu-posto de que os leitores tenham presentes tanto a evo-lucao interna do debate" sobre a "teoria do capital hu-mano", quanta, e principalmente, a crftica deste refe-rencial que constituiu 0suporte das polfticas educacio-nais, especialmente nos parses do Terceiro Mundo, apartir dos anos 60. Varies autores brasileiros ocupa-ram-se desta crftica: Salm (1980), Frigotto (1984), Ara-piraca (1982), Grzybowski et alii (1980), entre outros,.Estas mdicacoes refletem em boa medida 0debateque se vern efetivando, particulannente a partir do infcioda decada de 80, e que toma a analise da pratica educa-tiva numa perspectiva crftica. Trata-se de uma analiseque, ao historicizar a questao da formacao do planeja-dor, a situa no bojo das contradicoes, relacoes de podere jogo de interesses e, em ultima iristancia, no plano deluta hegemonica existente nas sociedades de classes. Talperspectiva entende esta pratica, ao mesmo tempo, comopratica politica e tecnica (Calazans, 1987)~

    "Assistimos ao infcio da era tecnocratica na edu-cacao e ao baque dos pedagogos, incapazes de abracar asociedadede seu tempo com uma intelrgencia suficien-temente realista e abrangente, Nao se pode considerarauspiciosa a ascensao dos tecnocratas nero tampouco sedeve Iamentar 0ocaso dos pedagogos, que seria 0ocasode uma forma de alienacao. Entretanto 0protagonismodos tecnocratas nao nos deve causar Ilusoes. Ele gerauma alienacao mais perigosa, porque dissimula pelaaparencia de que eles sao, exatamente, os agentes e.limi-26

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    nadores da alienacao; de que, pela atitude mental e pe-los metodos de trabalho, eles encarnam a objetividade"(Mendes, 1979).Sentimos que abrimos uma brecha na densa pro-

    blematica e chegamos a urn patamar de onde podemosdiscutir a Intervencao do Estado na educacao, no mo-mento presente, atraves do planejamento. A grandequestao e situar em que se fundamenta a a~ao progra-mada na educacao a nfvel nacional - no I PND -enosdemais instrumentos de pIanos que emergiram dentrodeste processo de transicao brasileira.Devemos fazer aqui duas ressalvas. A primeirapreocupacao e tomar claro que nfio estamos discutindo apratica e a construcao te6rica dos educadores brasilei-

    rosa A este respeito somente poderfamos dizer que adespeito dos planejamentos e quica "par eles" ... Vive-mos uma mudanca de enfoque, E essa mudanca de en-foque faz parte de uma luta que e te6rica e polftico-pra-tica. Essa luta nao se faz sem dificuldades de diferentesnaturezas. Nao nos deteremos aqui em inventariar estacontribuicao te6rica, por estar difundida nas publicacoesmais recentes da area. A segunda ressalva e que,. pelasmesmas razoes, nao estamos analisando ou avaliandoplanos (a nenhum nfvel). Esta e , reconhecidamente, umafuncao institucional e da sociedade civil, sujeitos/obje-tos do planejamento.oplanejamento como forma de intervencao do Es-tado vern sobrepondo-se a ocupacao de espacos que, pardireito, sao espacos da sociedade civil; uma destas for-mas e a mtervencao na luta de classe enos movimentosdas classes sociais~Sabe-se que "planejamento nao e amesma coisa em qualquer espaco social do capitalismomonopolista. Planejamento e , sem duvida, uma formatecnica da divisao do trabalho (... ) Enquanto forma tee-niea da divisao do trabalho, num sistema capitalista, euma forma tecnica da divisao do trabalho improdutivo

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    que comanda 0 trabalho produtivo' , (Oliveira, 1977,p~ 16)~Nas riltimas cinco decadas, no Brasil, 0planeja-mento governamental tern tido urn papel determinante,.tern sido urn instrumento poderoso, uma trama bern en-gendrada pelo Estado, que, assumindo-o como "forgaprodutiva complementar", passa a determinar as ativi-dades economicas - agricultura, industria, cambia,moeda etc. -, induzindo a dinamizacao de neg6cios co-mo 0da dtvida, 0da reproducdo dapobreza, entre ou-tros. Exercitando manobras articuladas aos setores oli-gopolizados, 0planejamento utiliza-se de artiffcios pro-curando sobrepor-se, disfarcando-se em mecanismo decarater "progressista". Contraditoriamente, no proprioprocesso de planejamento emerge (vern as claras) suacontribuicao decisiva na conversao da autonornia inter-3na dos sistemas em poderoso motor reforcador da de-pendencia externa com oonsequencias inevitaveis para aUnegagao do social" (Oliveira, 1985, p. 6).

    Os constrangimentos, as formas de coercao atin-gem frontalmente 0trabalho, a educacao e a cultura pordiferentes vias. Queremos tratar aqui de uma delas - amonitorizacao do planejamento governamental, que de-semboca na ditadura dos "papeis", imposicao de "paco-tes" para 0ensino na escola e no trabalho, aviltamentode salaries pagos em forma de escambo, entre outrasviolacoes que testemunham serem estes expedientes umaquestao polftica.

    Exarninando documentos do Banco Mundial e doFundo Monetario Internacional, temos comprovacoesdesses constrangimentos: "Em 1984 0Banco comecou(pela primeira vez) a monitorar sistematicamente suaanalise economica por pais e houve urn aumento discre-to dos estudos diretamente orientados para a pobreza.Na America Latina, por exemplo, 0Brasil reviu 0custosocial da recessao _(,..) As diretrizes para restaurar a es-tabilidade financeira e retomar 0crescimento podem be-28

    I

    II!

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    neficiar os pobres se 0altvio da pobreza for um objeti-vo explfcito, mas em alguns pafses a crise tern par vezesdeixado pouco tempo para os funcionarios do governoconcentrarem seus esforcos nesta direcao (...)". Falan-do sabre "os mais pobres dos pobres", afirma 0autordeste informe que sao estes os que "passam fame", e os"projetos do Banco para a pobreza tern em geral visa-do" beneficiar os 400/0 mais pobres da populacao (... )(Beckmann, 1986, p. 26).

    A nosso entender, parece DaD ser 0 caso do Brasila falta de tempo dos funcionarios para concentraremseus esforcos nos estudos sobre a pobreza. Tomemoscomo exemplo 0resultado de urn desses estudos: 0Pro-grama de A_9GO Concentrada (PAC) - 1987-1991, do-cumento com aproximadamente 300 pagmas que registrana sua introducao e nas estrategias de acao: "No camposocial inaugura-se urn novo enfoque no relacionamentoentre governo e populacao, Nao ha como enfrentar ade-quadamente a pobreza da maioria sem 0concurso ati vodos desfavorecidos, sujeito principal de suas propriassolucoes C ) . 0 objetivo e 0resgate dessa dfvida (dfvi-da a pobreza) que nao pode ser mais adiada, proteladaou simplesmente estudada" (Brasil, Secretaria de Plane-jamento da Presidencia da Republica, PAC, pp. 9-14).

    Sobre 0PAC 0Jornal doBrasil faz urn longo co-mentario no dia do seu Iancamento pelo Presidente daRepublica, assinalando que 0"Plano de Acao Concen-trada tern pelo menos urn merito: 0de reconhecer e evi-denciar, atraves de suas coloridas paginas, a grande po-breza e subdesenvolvimento da populacao brasi.leira, Nocapitulo da dfvida social, 0documento do PAC mostraque nem s6 de deficit publico vive 0pais. Ha tambem 0deficit alimentar, educacional, hospitalar, habitacional,saneamento basrco e ate de vagas nas penitenciarias" ,(Jamal do Brasil, 1987).

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    No Relat6rio do Banco Mundial - 1988 fica des-tacado, em orientacoes para a refonna, urn item sobre"polfticas de financas publicas compatfveis com alfvioda pobreza": '~O investimento em recursos humanos -inclusive atendimento sanitario basico e nutricao, edu-cacdo primdria (...) - pode, a longo prazo, melhorarmuito a condicao dos pobres e contribuir para 0cresci-mento dos pafses em desenvolvimento'" (Banco Mun-dial, 1988, p. 199).

    Assinale-se ainda, neste Relat6rio do Banco Mun-dial, 0 registro de que "segundo urn estudo recente,o mimero de pessoas que vivem abaixo do nfvel de po-breza aumentou (v.,') e essencial que este problema voltea tee Iugar destacado no planejamento (~..)" (BancoMundial , 1988, p. 3)~Sobre estas questoes, urn excelen-te documento que discute 0problema com base crftica eo "Mito de ajuda aos mais pobres e a armadilha do en-dividamento" (Collins &Lappe, 1979).

    A partir dos desafios expostos, tracamos conside-racoes pertinentes ao planejamento e a educacao, procu-rando resgatar concepcoes e encaminhamentos presentesa luta dos trabalhadores e dos movimentos da sociedadecivil em busca de alternativas que ultrapassem a crise,Urn dos principais problemas que presidem essas

    contradicoes embutidas no planejamento capitalista,. re-lativos it insercao da sociedade civil neste processo, e 0que se refere a s condicoes de enfrentamento das classespopulares para nele atuar, A classe trabalhadora no Bra-sil, por meio de suas representacoes e movimentos, pre-para-se para drscutir, analisar e assumir posicoes em fa-ce das acoes programadas nos pIanos de governo, prin-cipaImente naqueles aspectos que the sao mais especffi-cos e cujos desdobramentos lhe causam maiores danos,

    Particularmente com relacao aos movimentos so-ciais, sejam associacoes de moradores, assentados rurais30

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    ou urbanos, associacoes de favelas, entre outros, sabe-mos que os trabalhadores estao atentos aos guetos quelhes sao apontados via praticas corporativas; eles con-taminam os grupos de mspiracoes e ideologias assisten-cialistas ..A tendencia a formacao de 404:guetos"tern leva-do muitos movimentos a incomunicabilidades e rejeicaopOTparte da sociedade. Os efeitos nestes e em outroscasos podem ser desastrosos, transformando os encami-nhamentos de suas acoes em verdadeiras annadilhas pa-ra a propria classe trabalhadora.o caso especffico da 4O'crise da educacao'"; que eao mesmo tempo uma crise estrutural e conjuntural, de-ve ser discutido trazendo-se ao centro do debate a teiana qual as instituicoes e os problemas do social estaoimbricados, para se perceber com maior nitidez que estee urn desafio hist6rico.

    Assim, na perspectiva de construcao de uma novasociedade, nao nos basta romper com a falsa neutralida-de que pretende embotar a visao do mundo e a posturate6rico-critica dos trabalhadores da educacao. Pararomper e ultrapassar esta crise, e nossa funcao historicabuscar alternativas que assegurem transformacoes, quegerem impacto sobre as estruturas socio-economica epolftica, descobrindo estrategias para construir novosmecanismos, formas de contrapoderes e outros modosde resistencia. Esta e uma das vias que poderao poten-cializar a Integracao, a construcao de esforcos, para aconquista da cidadania. Integracao, para 0embate, 0aprendizado conjunto pelos caminhos historicamenteconstrufdos por tantos quantos se impuseram ao apren-dizado te6rico e pratico de democracia: nos sindicatos,na vida universitaria, nos movimentos sociais, nos par-tidos polfticos e tantas outras organizacoes que lutemcontra a exclusao.No momento atual, comprometido com as NovasDiretrizes para a Educacao Nacional, incluimos 0direi-

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    to fundamental a educacao como uma "questao dos di-reitos sociais que podem constituir a base de uma pautaprogressista na agenda polftica" (Oliveira, 1985).o planejamento da educacao poderia contribuirpara a elevacao dos que trabalham na escola e em todo

    o sistema educacional, e participar de sua construcaocom outros segmentos da sociedade civil dessa agenda.Nesta perspectiva, a educacao - e, especialmente,destacamos a educacao escolar - constituir-se-ia, alemde urn direito dos cidadaos, urn canal fundamental para

    os seus pleitos e embates na sociedade.Os dilemas, as contradicoes nos conduzem a al-

    gumas questoes:Como privilegiar a planejamento no sistema capi-talista quando este instrumento de intervencao e, semdtivida, uma poderosa forca dominadora quase sempreentregue a tecnoburocratas, bodes expiat6rios de suaimpotencia de representacao, alvo privilegiado das polf-ticas de administracao dos monopolies e oligop6lios?Como valer-se do planejamento centralizador, doburocratismo doentio, considerado 0ambito da divisaotecnica do trabalho onde a criatividade e tolhida, as ini-ciativas sao castradas e as tecnicos submetidos a pro-cessos de negacao da sua producao e de sua pr6priaidentidade?Afinal, se pretendemos mudar 0planejamento da

    educacao em tudo 0que ele tern de arcaico, burocrata editatorial - suas concepcoes, forma de tratar os profes-sores, os alunos, enfim, a escola (de cima para baixo),atraves de "pacotes" e mode16es empastelados -, temosde romper com as ideias (te6rico/metodo16gicas) eiva-das de antagonismos e cristalizadas no "'centralismo bu-rocratico ,~que autoriza, legitima e imp6e o( s) plano (s).".

    E no direcionamento de "refutar 0velho " e cons-truir 0novo que poderemos investir (os educadores bra-32

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    sileiros que defendem uma educacao crftica) num traba-lho de planejamento da educacao - em todas as instan-cias de poderes no Estado -, cujo ponto de partida e dechegada devera ser a valorizacao e a democratizacao daEscola Publica.

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    PLANEJAMENTO E EDUCAC;AO NO BRASIL:A BUSCA DE NOVOS CAMINHOS*

    Walter E. Garcia

    1. Introducao.;.A discussao proposta por Julieta Calazans, nestepainel da eBE,1 e de que busquemos elementos quepossam ajudar a refletir sobre novos enfoques do Plane-

    jamento Educacional, agora que estamos iniciando urnnovo ciclo, com a promulgacao da Nova Constituicao,A empreitada parece-me bastante diffcil, dado a somat6-rio de fatores que dificultam a compreensao do papelque deve desempenhar 0planejamento educacional numcontexto radicalmente distinto daquele que propiciouseu florescimento, no final dos anos 50 e durante a de-cada dos 60, onde a expectativa de progresso infinitoalimentava ilus6es e dava sentido as atividades de orde-nam.entoda acao educativa..;.* Texto elaborado a partir da exposicao feita, Procurei mantera redacao pr6xima do estilo de apresentacao feita na ocasiao.Por isso, os leitores nao devem se surpreender com even tuaisrepeticoes e reiteracoes,1. Brasil: Planejamento e Educac iio, com a participacaotambem de Acacia Z. Kuenzer,

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    A conjuntura polftica e economica do p6s-guerra,com 0reordenamento da Europa e do Japao, ajudava amanter a sensacao de que a utilizacao dos mesmos me-canismos usados para a reconstrucao dos paises envol-vidos com a Segunda Guerra Mundial poderia '~acele-rar" 0crescimento economico do mundo subdesenvol-vido. 0 passar do tempo indicaria que as realidades so-ciais, econ6micas, polfticas e culturais em que essasideias circulavam eram radicalmente distintas das matri-zes intelectuais e polfticas em que eram concebidas, Arigor, 0p6s-guerra assiste a uma redi visfio dos blocos ezonas de hegemonia polftica e 0mundo subdesenvolvi-do entra nessa luta como coadjuvante menor, fornecedorde materias-primas de baixo custo que van contribuirpara consolidar os grandes oligopolios e corporacoestransnacionais. A ideologia do Planejamento entao ofe-recida a todos, no entanto, escondia essas determinacoes.polftico-economicas mais abrangentes e decididas emrestritos centros de poder, A paIavra de ordem era efi-ciencia, alocacao 6tima de recursos disponfveis, capaci-tacao de pessoal etc. Gracas a esses programas de ajudaque se estabelecem, desde entao, com maior intensida-de,. a America Latina e 0mundo subdesenvolvido emgeral VaG buscar nos pafses centrais ajuda tecnica e ca-pitais para financiar projetos e programas que pretensa-mente apressariam os processos de modernizacao e ace-Ieracao do crescimento.

    Como consequencia dessa Importacao acrftica eindiscriminada de concepcoes e propostas que se insi-nuam com 0enganoso charme de neutralidade, as dfvi-das externas crescem assustadoramente e,. hoje, 0Brasilexibe 0nada orgulhoso titulo de campeao mundial dedfvida externa.

    Neste contexto que evoluiu desde 0final dos anos50 ate os dias de hoje, podemos afirrnar que os horizon-tes do Brasil dao mais motivos para iriquietacfio e dtivi-36

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    da do que para expectativas de mudancas favoraveis. Osquadros polftico, economico, social e educacional apre-sentam matizes de extrema gravidade, Estamos segura-mente em situacao pior do que estavamos ha 30 anos,Paradoxalmente, no entanto, ao chegar a esta situacao-limite, podemos estar iniciando urn novo cicIo, onde aconsciencia da gravidade da crise e dos riscos, para asobrevivencia da Nacao , induz a busca de solucoes e 0enfrentamento dos desafios maiores, E a Nova Consti-tuicao pode ser este elemento motivador que mobilizaenergias e potencializa esforcos, ao comprometer-secom uma visao social redistributiva de largo espectro,Esta expectativa induz tambem a reflexao de que a Edu-cacao passa a ter urn novo papel a desempenhar nestecontexto e a Planejamento passa a ser 0instrumento dearregirnentacao de uma nova vontade polftica,

    Creio, assim, que ja e consenso entre os educado-res, que 0Planejamento Educacional e visto hoje, demaneira muito diferente do que ocorria ha 30 anos, A li-teratura educacional no pafs enfatiza 0 fracasso dasconcepcoes passadas e da maioria dos pIanos de desen-volvimento, onde a violenta crise que se instaurou nopills e indicador indiscutfvel dessa evidencia, Vivemos,portanto, uma nova epoca, que se manifesta com carac-terfsticas de urn horizonte futuro nao muito promissor,onde 0marco dessa crise e algo inevitavel que condi-ciona os paradigmas ate agora utilizados, e que nao ser-vern mais, Ainda nao temos, devidamente sedimentado,urn novo modele de atuacao para este perfodo de '''vacasmagras". Estamos na fase de analise do modelo ante-rior, que se revela inadequado, atraves da descricao dealgumas de suas caracterfsticas mais salientes e que nosajudam a compreender melhor 0que ocorre no setorEducacao, como veremos a seguir,

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    Como ja dissemos anterionnente, 0 p6s-guerratrouxe para a realidade do mundo subdesenvolvido asensacao de que a divisao do mundo em dois grandesblocos - desenvolvido e subdesenvolvido - era decor-rente de etapas distintas de crescimento e que portanto aaceleracao da parte atrasada era tao-somente urnaquestao de tempo, Por outro lado, esta concepcao maisgeraI ajudava a sedimentar a crenca de que,. se fossemutilizadas tecnicas mais eficientes e racionais de inter-vencao na realidade, os pafses ganhariam tempo, quei-mariam etapas no seu processo lento de desenvolvimen-to, reduzindo assim 0fosso que separava pafses avanca-dos e pafses atrasados.

    Com este pano de fundo, 0Planejamento Educa-cional considera que 0atraso e decorrente do analfabe-tismo, daf por que os pIanos emergentes consideram aspropostas de educacao para todos como a melhor cami-nho para a construcao de sociedades mais modernas epermeaveis aos ventos das transformacoes de mais largocurso. Como meio definitivo de conviccao dos mais ce-tieos, alguns economistas e planejadores usam 0argu-rnento de que 0mundo subdesenvolvido deve passar poretapas de crescimento semelhantes as experimentadaspelos pafses do Norte. 0 crescimento, assim visto, e al-go sem limites e que acontecera, quase que inevitavel-mente, se forem alocados adequadamente os recursos fi-nanceiros e organizacionais disponfveis.

    Este modelo de sociedade subdesenvolvida, que sesupunha presente para a vigencia e eficacia das tecnicasde Planejamento entao utilizadas nos pafses do Nortedesenvolvido, nunca existiu. A realidade mostrou outroscenarios, Revelou que os fatores polfticos e sociais eramlimitantes para nao dizer impediti vos de transformacoesrnais profundas nos pafses do Terceiro Mundo. As elitesdirigentes, salvo uma ou otitra excecao, se reve.larammuito poueo sensfvcis a mudancas que pusessem em ris-38

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    eo seus privilegios e conquistas construfdos ao longo deanos e anos de dominacao,o empobrecimento progressivo e a dfvida externacrescente sedimentaram a conviccao generalizada decrise dos paradigmas entao adotados para justificar astentativas de desenvolvimento economico e social dospafses atrasados. 0 "choque do petr6Ieo" foi 0argu-mento final a convencer os mais ceticos quanta a invia-bilidade dos modelos entfio agonizantes, que se preten-dia manter a todo ousto. A perspectiva hoje, para 0ho-rizonte do ano 2000, e de crise persistente, a revelar ainviabilidade dos modelos adotados. Os pafses subde-senvolvidos estao mais pobres, continuam exportadoresde .materias-primas com precos cada vez mais baixos,. ecada vez mais ficam dependentes do sistema financeirointemaeional, onde a variacao das taxas de juros levamilh6es de d6lares de dfvidas extemas discutfveis,o Planejamento e os planejadores vivenciam estasituacao de horizontes nebulosos com ansiedade e faltade perspectivas de curto e medio prazo. As propostas de

    ontem ja nao servem para hoje. A ideologia de que 0Planejamento e uma tecnica neutra ja foi esclarecida aexaustao, quando revela seu carater comprometido comurn estilo de crescimento que exclui dos beneffcios dodesenvolvimento os mais pobres e ajuda a enriquecerainda mais a diminuta parcela que tudo tern. Em reali-dade 0Planejamento em geral e 0Planejamento Educa-cional em especial fox-amutilizados para sedimentar urnmodelo de sociedade que acentuou distorcoes, ao invesde corrigi-Ias.

    Para 0setor educativo a crise de paradigmas doPlanejamento tern sido catastrofica. Ao inves de exarni-nar em profundidade as causas que conduziram as dis-torcoes hoje observadas na polftica educacional, polfti-cos e administradores tendem a caminhar a s cegas, re-correndo a solucoes magicas que negam a eficacia da

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    mtervencao racional e apelam para qualquer improvisa-dar de p'lantao que seja capaz de "convencer" a respeitoda eficacia desta ou daquela medida. Assim, 0sistemaeducativo, vez por outra, e tornado de assalto par mila-greiros que propcem desde computadores para alfabeti-zacao ate campanhas para "erradicagao do analfabetis-mo",. sem nenhum compromisso maior de campatibilizarmeios adequados para os fins que enunciam. Estas acoesoperam mais como mecanismos de desmobi.lizacao doque de solucao, No entanto, sao eficazes, na medida emque dao a Impressao de que se esta fazendo algo, "solu-cionando" problemas.

    Esta crise de paradigmas do planejamento agravaos dramas do sistema educacional, uma vez que aausencia de qualquer parametro de validacao para aspropostas de mtervencao deixa 0campo aberto a toda. .sorte de improvisos e "arreglos". Orgaos e sistemas dea~ao que tinham grande utilidade sao desativados emnome de novas estilos de atuacao, que superem as "fa-tores de atraso' e deem novo impulso ao setor. asmesmos argumentos, usados anteriormente para justifi-car 0planejamento educacionaI, nesta fase de crise dosanos 70 e 80, sao utilizados para referendar a ausenciade qua1quer parametro capaz de comprometer os pIanose acoes governamentais com urn mfnima de racionalida-

    . . .de e ordenamento, E 0que veremos a segurr, em linhasgerais, na analise do planejamento educacional no Bra-sil nos dias atuais, ande a proliferacao de propostas e deiniciativas se revela muito mais uma tatica de escamo-teamento do que de enfrentamento dos graves problemasda realidade educativa.

    3..0 Planejamento Educacional no Brasilo Planejamento EducacionaI no Brasil teve suacredibilidade abalada pelo Movimento de 64. Com efei-

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    to, os militares, ao tomarem 0poder, passaram a ver emcada professor e em carla especialista de educacao, uminimigo em potencial, que deveria ser mantido sob estri-to controle e rigorosa vig'ilancia. Desde os discursos dopresidente Castelo Branco- ate 0Decreto-lei 477, osgovemantes nunca deixaram de encarar os educadoresem geral como contestadores das medidas que propu-nham para solucionar os problemas educacionais dopals. Num regime polftico de contencao, 0Planejamento. passa a ser bandeira altamente eficaz para 0controle eordenamento de todo 0sistema educativo.

    A Iegislacao educativa e toda reformulada, eco-nomistas de plantae passam a fazer sucesso como edu-cadores e em nome da eficiencia de todo sistema sao~elaborados pIanos de toda sorte. Do primario a pos-gra-duacao, nada fica sem 0dedo dos planejadores. A gran-diosidade das propostas, em contraposicao aos modestosresultados obtidos, acelera a crise de credibilrdade doPlanejarnento Educacional e dos planejadores, de talsorte que a consciencia dessa inadequacao se da muitoantes da percepcao da crise global do modelo de desen-volvirnento. 0 Mobral se propunha a eliminar 0analfa-betismo do pafs ate 1980. as planos setoriais falavamem extensao da escolaridade, adocao de novas tecnolo-gias, melhorias da qualidade etc.

    A incapacidade de conciliar as proposicoes dospIanos .elaborados com a realidade vai transformando,progressivamente, a modelo de Planejamento Educacio-nal em justificativa para toda sorte de casufsmos que in-

    2. Veja-se, por exemplo, 0discurso de abertura da 1~ Con-ferencia Brasileira de Educacao, em marco de 1965, onde 0presidente Castelo Branco salienta que 0Governo tem rece-bide muitos aplausos por estar repondo a ordem no sistemaeducacional.

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    vade a Educacao a partir dos anos 60 e 70 e que podemser assim sintetizados:a) Pouca influencia do Ministerio do Educacdo naformulacdo cia polttica educacionalEm estudo recente.P Ronald Braga faz interessanteanalise de como 0Ministerio de Educacao, embora sejapoder, nao integra 0micleo dos orgaos que efetivamentedecidem as questoes mais importantes, daf por que as-suntos como orcamento, par exemplo, sao deliberadosem outras instancias, Reduzido assim em sua capacidadede gerenciar aquila que deveria ser fundamental, em suaa~ao de fomentar e orientar a polftica educacional do

    pals, cabe ao MEC " ...assimilar 0 fato consumado,mesmo quando surpreendido pOT decisoesque violentama sistema educacional e the trazem transtornos incon-tornaveis' .4Sem poder articular qualquer polftica mais consis-tente de educacao, a acao indutiva que 0MEC poderiaexercer junto a Estados, Municfpios e a sociedade emgeral fica praticamente reduzida ao cumprimento de cer-tas funcoes menores, como repasse anual de recursos(escassos) a Estados e Municfpios, reafizacao de algunsencontros sem maiores ressonancias e 0desenvolvimen-to de alguns programas especfficos. Alias, a ausencia deuma proposta de politic a educacional coerente permitiua proliferacao de programas sobre os mais variados te-mas, obedecendo ora a modismos ora a interesses degrupos preocupados em disputar as verbas distribufdaspelo Ministerio.

    Isolado 0MEC, num trabalho cotidiano sem qual-quer perspectiva de sair das suas pr6prias Iimitacoes, a

    3. Ronald Braga. 0 MEC e0Poder. Educaciio Brasileira, anaVI, n9 13. Brasilia, 1984, pp. 87-110.4. Idem.

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    funcao de Planejamento acaba sendo executada atravesde outros orgaos como 0Conselho Federal de Edu-cacao, que, de simples orgao de assessoramento, setransfonna na vanguarda das polfticas de privatizacaoda eclucacao nacional, fixando orientacoes, regulamen-tos, e toda sorte de interferencias na vida do pals, ocu-pando ainda espacos importantes em detrimento da edu-cacao publica. Assim vulneravel, 0MEC se transformanum Ministerio d6cil as mjuncoes polfticas de naturezaclientelfstica, onde 0trafico de mfluencias e os interes-ses menores predominam com muita frequencia,b) Descontinuidade lias acoes

    As determinacoes maiores, que transformaram 0Ministerio da Educacao num orgao subaIterno, alern deprovocarem urn esvaziamento natural da funcao Plane-jamento no interior do orgao, trouxeram outras COD-sequencias para a educacao brasileira, da mais alta im-portancia, A desejada continuidade cede Iugar a descon-tinuidade que se manifesta na pennanente troca de Mi-nistros - registrando-se a media de urn por ana (entre ti-tulares e interinos, desde a criacao do Ministerio) - e namterrupcao freqiiente de Programas de Trabalho semqualquer explicacao mais razoavel.

    Na descontinuidade como caracterfstica basica daacao, e quase certo que se gastam mal os poucos recur-sos disponfveis, da mesma forma que praticamente nadaassegura que se possa continuar com aquelas iniciativasque eventualmente estejarn dando certo. 0 infcio de urnPrograma, ou seu eventual encerramento, nada tern avercom sua coerencia interna on externa. A persistencia deurn Programa esta mais dependente do jogo de mfluen-cias de seu Autor do que do merito maior au menor daa

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    do MEC. POT outro Iado, organismos como 0INEP, quetiveram importante papel na consolidacao de linhas detrabalho junto a Estados e Universidades, praticamenteforam desativados em razao de casufsmos emergentes.

    A responsabilidade do MEC na conductio da polf-tica educacional, com a descaracterizacao da funcaoPIanej amento , duplicou-se a nfvel de Estados e Municf-pios. Estas instancias seguiram a tendencia de reprodu-zir em suas unidades setoriais de Educacao a mesma es-trutura do Govemo central, numa simetria de causar in-veja ao espfrito mais isonomico, Uma das raz6es - tal-vez a mais forte - que explica esta prevalencia das es-truturas centrais sobre os Estados e Municfpios e decor-rente da excessiva concentracao dos recursos financei-ros em maos do Governo Federal, reduzidos as Estadose Municfpios a condicao subalterna de pedintes de re-cursos.c)Reducdo doplanejamento a orcamento

    Paralelamente a perda de substancia da funcaoPlanejamento, em razao da sua dcscaracterizacao comoforma capaz de dar respostas satisfatorias aos desafiosdo cotidiano educacional, vai emergindo a concepcao deque planejar e orcamentar, Esta reductio tern sua razaode ser. A escassez de recursos, 0predominio do Mi-nisterio do PIanejamento nas decis6es referentes a Edu-cacao, com a conseqtiente ascensao da mentalidade eco-nomicista no encaminhamento de solucoes educacionais,faz com que 0Planejamento da Educacao seja entendidocomo a capacidade de organizar urn orcamento para seraprovado par quem de direito. A rotina e mvariavel.Elaboram-se propostas, quantificam-se dados e iriicia-setodo urn processo de negociacao que s6 termina com re-dU90es e cortes capazes de conciliar 0orcamento daproposta inicial com 0que foi determinado par alguemque esta fora do setor da Educacao,44

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    II!

    Reduzido assim 0Planejamento a condicao de me-ro Orcamento, a teridencia e assegurar apenas as recur-sos gastos no ana anterior, com as devidas atualizacoesinflacionarias. Isto tern sido observado ao longo destesanos mais recentes. 0educador deve, entao, desenvol-ver urn grande esforco adicional para justificar os Pro-gramas novos, uma vez que estes, nao tendo ainda pas-sado pelo crivo orcamentario, nao estao devidamenteIegitimados, Dutra consequencia desta reducao e quenao existe nenhuma preocupacao com a avaliacao dorealizado ou da a~ao em curso. Isto e explicavel na me-dida em que 0dado orcamentario nao exige nenhumajustificativa mais elaborada nem pede urn processo regu-lar de acompanhamento.

    Repassados os recursos, cumpriu-se 0ritual e en-cerrou-se a funcao. Assim, DaO deve causar espanto aniriguem quando se observa que a verba foi empenhadae repassada e a acao prevista nao aconteceu. Nao existeacompanhamento de execucao, nao existe visita para verse efetivamente se esta gastando 0recurso aloe ado e,assim, os mais espertos conseguem deaviar muitos re-cursos para outros interesses,. muitos deles, as vezes,nao muito dignos,d) Diminuicdo da capacidade do MEC de influir nosdestinos cia Educacdo:>As transformacoes ocorridas ao longo dos anos de'vigencia do regime militar, com a descaracterizacao dafuncao Planejamenta, trouxeram tambem como con-sequencia a perda de capacidade do Ministerio da Edu-

    cacao em influir de maneira significativa nos rumos daEducacao nacional. Seja porque a tendencia privatista ealgo que reduz a capacidade de influencia do MEC, co-locando as famflias na condicfio de terem que arcar comos onus de tal orientacao, seja porque as verbas para osProgramas escapam ao controle e a decisao do Ministro

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    de Estado, a verdade e que 0campo de influencia doMEC vai se estreitando dentro dos limites de. seu pr6-prio sistema de escolas.

    A tendencia observada nos tiltimos anos, com apolftica de criacao de Universidades e Escolas TecnicasFederais, e a de que 0Ministerio da Educacao cada vezmais tern de se preacupar em administrar seu propriosistema de escolas, consumindo nessa tarefa mais ener-gia, mais dinheiro, e mais capacidade organizacional.Tais sistemas de escolas, com 0planejamento tambemreduzido a orcamento, enfrentam dificuldades cada vezmaiores e sofrem as mesmas vicissitudes que se mani-festam no nfvel central de decisoes. Uma das con-sequencias mais visfveis e a perda de capacidade de in-flUencia polftica sabre Estados e Municfpios no sentidode defender bandeiras como a da universalizacao daeducacao basica, melhoria da qualidade do ensino etc.A nao disponibifidade de recursos para induzir a~oesmais consistentes faz com que Estados e Municfpiospassem a desconsiderar a importancia que 0MEC possater no cumprimento de suas metas de administracao.

    A tentativa de recuperacao da capacidade de in-fluir nos destinos da polftica educacional tem-se dadopar desvios pouco nobres como a Municipalizacao. Estaperspectiva s6 tern sido interessante gracas ao viesclientelista que perrnite atender grupos e faccoes semmaiores exigencias que nao as de privilegiar, via de re-gra, correfig'ionarios e amigos. Esta perspectiva de"rnunicipalizacao federalizada" e urn artiffcio bern en-genhoso que assegura a manutencao de um estilo espe-cial de fazer polftica educacional sem maiores compro-missos com a Educacao, ajustado no entanto ao fig uri-no da polftica tradicionaI, sobretudo em relacao aosMunic:fpiosmais atrasados e carentes de recursos finan-cerros,46

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    Podemos afirmar que 0sucesso maior ou menordessa polftica de municipalizacao esta na razao direta dadependencia das verbas que estejam sendo distribufdas.Estados e Regi6es mais ricas podem prescindir dessesrecursos, da mesma forma que outros dependem deses-peradamente deles, ate para as necessidades mfnimas defuncionamento da maquina administrativa. Assim, aqui-10 que deveria ser urn instrumento de equalizacao deoportunidades transfonna-se em mecanismo de coop-tacao ou de negociacao polftica, Aspectos relevantes,como a fixacao de uma polftica nacional de educacaoque contemple urn compromisso forte com a educacaobasica, ficaro subordinados a este jogo de soIici-tacao/concessao, com as mtermediacoes que descaracte-rizam completamente 0sentido da atividade-fim,

    Atuando portanto com esta visao imediatista depolftica educacional e diminufdo em sua capacidade deoperar com diretrizes que influenciem as a~6es de maislargo alcance de Estados e Municfpios, 0Ministerio daEducacao vai perdendo, inclusive, a capacidade de ge-renciar eficazmente seu proprio sistema de escolas, Tan-to as Universidades como as Escolas Tecnicas Federais,para so mencionar dois sistemas poderosos, tendem aconcentrar suas preocupacoes em mecanismos que ga-rantam a pratica da desejada autonomia de gestao, quevai desde a escolha de dirigentes ate a disponibilidadede recursos financeiros para uma efetiva descentrali-zacao de decisoes, 0 perfodo p6s-constituinte deve, in-clusive, acentuar esta tendericia, sobretudo em relacaoas Universidades Federais, agora que existe a possibili-dade concreta de definir com maior precisao 0conceitode autonomia universitaria,4. 0 Planejrunento Educacional fora do ambito go...vernamental

    Na exata medida em que 0modele de planejamen-to adotado vai se revelando inadequado as reais neces-

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    sidades do pafs, desenvolve-se tambem, junto a certossetores da sociedade civil, a conviccao de que as pro-postas patrocinadas pelo Estado, dentro de uma con-cepcao global de desenvolvimento, deixam de ladoquest6es fundamentais como, por exemplo, 0carater re-distributivo da polftica economica, os direitos funda-mentais a moradia, habitacao, saude, educacao etc. Aomesmo tempo em que se comeca a contestar, logo ap6so movimento militar de 64, a visao oficial adotada, re-tomam-se concepcoes de planejamento participativo,educacao popular e outras que haviam sido cooptadaspelo Estado dentro de uma concepcao generica de De-senvolvimento Comunitario.f Este, por sua vez, nao eraassim tao extenso e sua difusao na linguagem dos pro-gramas oficiais, inclusive nos da Educacao, tinha urnclaro sentido desmobihzador.

    J3. nos anos 70, com a acentuacao da crise social eeconomica, os grupos comunitarios mais arrojados de-senvolvem propostas de que a verdadeira educacao dopovo e aquela que emana dos grupos populares, que re-flete as vicissitudes e visao de mundo da classe pobre.o "basismo" elege 0conceito de educacao popular co-mo 0tinico capaz de resgatar os valores daqueles queficaram esquecidos e marginalizados do capitalismo tu-piniquim, que prometia nos anos 50 uma educacao de-mocratica e igualitaria para todos,

    A concepcao de planejamento emergente dessaacentuacao das desigualdades, sociais rejeita, num pri-meiro momento, qualquer concepcao voltada para a va-lorizacao da escola publica e do papel protagonico re-presentado pelo Estado na conductio desse processo. Atinica verdade e a do Hhomem da rua" e 0 planejam.ento5. A prop6sito, veja-se interessante livro de Safira B. Am-mann. Ideolo gia do desenvolvimento de comunidade no Bra-sit. Sao Paulo, Cortez, 198L48

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    educacional e exorcizado como responsavel pelo atraso,quando D a O pelo retrocesso. 0 ideal e conceber urn no-vo sistema educacional desatrelado do sistema publico,urn pouco refletindo ainda 0romantismo da revolucaode 68, que nos atinge num momento particularmentediffcil - tambem de violento obscurantismo politico. Noinfcio dos anos 80, 0pensamento educacional, fora dosistema oficial, admite que a chamada "cducacao popu-lar" e a rinica capaz de refletir os interesses, valores eexpectativas das classes desprivilegiadas.

    Nesta perspectiva, 0Planejamento que se praticafora dos orgaos centrais (Ministerio e Secretarias deEducacao), e sobretudo nas organizacoes que emergemda sociedade civil, admite a acao da populacao assu-mindo diretamente 0seu futuro, zelando e participandoda gestae do sistema novo a ser criado, mesmo que asescolas sejam pobres, com professores mal formados ealunos mal atendidos. Imimeras inieiativas de educacaopopular revelam este esforco voluntarista que, em certamedida, subentende uma educacao diferenciada segundoa classe social do aluno. A agravar esta distorcao, pro-duzida pelo modelo de desenvolvimento, existe tambemo fato iriegrivel de que as classes media e alta encontramna escola privada - paga - 0abrigo para as criancasque, quando adultos, van buscar a Universidade Publi-ca.

    Hoje, final dos anos 80, creio que 0pensamentopedag6gico ja superou esta concepcao de que a edu-cacao popular e a educacao do pobre, A verdadeira dis-tincao reside na seletividade natural, socio-economica,que oeorre entre os que vao para 0sistema publico e osque podem pagar escolas de carater privado. Desta seg-mentacao, desde a entrada no sistema, decorrem con-sequencias que van acompanhar 0aluno por toda a vida.Depois de terem sido experimentadas Imimeras propo-sicoes para viabilizar este chamado "sistema de edu-

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    cacao popular", os seus te6ricos percebem que a alter-nativa de planejar uma educacao "fora do sistema pu-blico" constitui mais uma forma de exclusao do que deefetiva mtegracao da crianca e do jovem a uma con-cepcao roais ampla de cidadania, que pressup6e umaigualdade essencial de direitos, deveres e oportunida-des. Quando estas tiltimas inexistem cassam-se direitosque dificilmente poderao ser resgatados ao longo dahistoria indi vidual,

    Felizmente, a maioria dos movimentos SOCIalS, edaqueles que the dao suporte te6rico,. considera que, ho-je, a verdadeira cidadania comeca e termina com urnborn sistema publico de ensino, que nao estabelece ne-nhum limite a presenca do aluno, com direito de autode-senvol vimento ate onde lhe permitirem suas capacida-des. Dentro deste quadro, onde com muita frequenciapersiste 0romantismo das posicoes que advogam 0ab-solutismo da verdade expressa pelas comunidades, con-solida-se a conviccao de que a escola pubfica, com to-dos os defeitos que possa ter, ainda e a unica capaz deoferecer reais oportunidades de uma cidadania sem adje-tivos, aberta a todos e com infinitas possibilidades deaprimoramento e crescimento para cada urn e para todaa coleti vidade &

    A superacao desta dicotomia entre 0"publico" e 0"cornunitario " - entendido este no sentido daquilo quee partilhado pelo indivfduo junto a sua comunidade deinteresses - permite-nos resgatar a Importancia do Pla-nejamento Educacional como instrumento de oferta deoportunidades educativas, especialmente numa epoca detransicao polftica e economica, onde a escassez de re-cursos para investimentos ressalta a relevancia de esco-lhas corretas e condizentes com um direcionamentopolitico mais democratico,

    No processo de elaboracao do novo texto constitu-cional estamos assistindo urn belo espetaculo de mobili-50

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    zacao de setores SOCIalS em defesa dos direitos funda-mentais de educacao, satide, trabalho, moradia etc. Istorevela, entre outras coisas, que os movimentos sociaisganharam extraordinaria nnportancia polftica e par issoadquiriram legitimidade para pressionar os legisladoresno sentido de consolidar direitos e compromissos quehaje contam com razoavel consenso.

    A percepcao de que 0ambito de atuacao do Esta-do ficou excessivamente restrito para abranger e mesmocontrolar a pluralidade de propostas e agnes que emer-gem da sociedade civil conduz inevitavelmente a que serepense 0seu papeL E, por consequencia, 0Planeja-mento entra tambem neste processo de revisao e de re-definicao. A seguir sao mencionadas algumas direcoesnas quais pode caminhar 0Planejamento Educacional.5. Repensando 0Planejamento Educacional

    A pol:fticaeducacional adotada pelo regime militarde 64, com todas as consequencias daf advindas, agra-vadas pelo modelo de desenvolvimento que acirrou eexaltou as contradicoes sociais, faz com que a Edu-cacao, bern como 0Planejamento Educacional, possamcaminhar em diferentes direcoes, todas elas possfveis dese afirmarem confonne as conjunturas estiverem refor-cando urn ou outro tipo de solucao,

    A questao fundamental diz respeito a pr6pria pos-sibilidade de conciliar a falta de perspectivas de manu-tencao do atual modelo de desenvolvimento com as de-mandas cada vez mais atuantes e organizadas que emer-gem da sociedade civil. Isto requer competencia tecnica,habilidade polftica e grande determinacao no sentido dealterar urn estado de coisas relativamente consolidado.As possibilidades apontam ern rmiltiplas dirccoes, ondea vertente polftica seguramente e a mais importante. De-la decorrem a oricntacao economica, educacional, social

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    etc. A hist6ria tern mostrado que e raro, hoje, que estatransicao ocorra sem grandes traumas. as interessesconsolidados resistem e se imiscuem nos processos de-cis6rios, ora redirecionando as orientacoes estabeleci-das, ora escamoteando a natureza dos problemas, bus-cando, em qualquer dos casas, nao perder os espacosconquistados. Assim, com estas dificuldades, sao apon-tadas algumas das direcoes que podem prevalecer noPlanejamento Educacional dos pr6ximos anos, na ex-pectativa de que nao se altere radicalmente 0modelopolftico em vigencia,a) Incorporac/io de novas atores ao processo de plane-jamentoEsta orientacao indica que os planejadores da

    Educacao devem estar preparados para assimilar a s suastecnicas de trabalho as reivindicacoes e as vozes de ato-res ate agora ignorados no processo de Planejamento,Enquanto na situacao anterior 0especialista julgava co-nhecer a s necessidades sociais, agora ele devera deseri-volver uma sensibilidade especial para ouvir e traduzirtecnicam.ente as demandas que chegam ate ele, seja porintermedio de associacoes profissionais e grupos orga-nizados, seja mediante manifestacoes ocasionais produ-zidas nos multiples embates do cotidiano - como gre-ves, protestos etc.

    Habitualmente os planejadores da Educacao ten-dem a resistir a esta revisao dos marcos te6ricos e prati-cos que orientam seu trabalho. Isto e decorrente de mui-tas causas, que VaG desde 0 despreparo para lidar comparametros que nao existem, e que tern de ser criados,ate 0conservadorismo polftico desses profissionais queimpede uma visao mais aprofundada das demandas 80-ciais e educacionais emergentes, Em realidade, os pla-nejadores estao sendo quase que forcados, pelos polfti-cos mais progressistas e pelos movimentos sociais, a re-52

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    verem suas praticas e seus conceitos de trabalho. Aafirmacao desta teridencia parece irrevers:fvel ate 0finaldo seculo e isto impIicara, certamente, outros desdo-bramentos.b) Revisdo das posturas tradicionais de formacao doplanejador educacional

    o profissional que trabalha em Planejamento Edu-cacional devera ter uma formacao radicalmente diversadaquela que the e oferecida hoje, Origmario de areas deformacao especffica (pedagogia, economia, direito, ..), 0profissional do planejamento, hoje, esta despreparadopara enfrentar a multiplicidade de situacoes a que de-vera atender em seu trabalho, Inclusive, ousaria afirmarque nos anos 80 esta mais despreparado do que nosanos 50 e 60. E ha raz6es que explicam Isto. Com apropria crise experimen