Planejamento_tributario - Apostila Julho - Pos Ugf

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    Planejamento Tributrio

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    istncia

    Planejamento Tributrio

    Professor Srgio Igor Lattanzi

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    Planejamento Tributrio Planejamento Tributrio

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    SumrioINTRODUO 4

    PLANEJAMENTO TRIBUTRIO 4

    O lcito e o ilcito 4

    O Lcito e o Legal 4

    PLANEJAMENTO TRIBUTRIO E SONEGAO 4

    Legitimidade do planejamento tributrio 5

    Distino Entre Planejamento Tributrio E Fraude 5

    O elemento temporal 5

    A Denio de Fraude Na Lei 4.502/64 5

    ELISO E EVASO FISCAL (CONCEITO) 5

    Conceitos 5

    Eliso Fiscal: Exemplo 6

    Simulao: Exemplo 6SIMULAO, FRAUDE E CONLUIO: CONCEITO LEGAL 7

    PRESUNES E FICES TRIBUTRIAS 7

    Presuno Legal Relativa: Exemplo 8

    Fico Legal: Exemplo 8

    INTERPRETAO ECONMICA: NOES GERAIS 9

    INTRODUO AO PLANEJAMENTO TRIBUTRIO INTERNACIONAL. 10

    DIREITO TRIBUTRIO INTERNACIONAL E PLANEJAMENTO TRIBUTRIO

    INTERNACIONAL 10

    A diferenciao didtica entre Direito Tributrio Internacional e Direito

    Internacional Tributrio. 10

    Planejamento tributrio internacional 11

    TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATRIA TRIBUTRIA E

    ORDEM INTERNA APLICVEL AO DIREITO TRIBUTRIO 12

    As normas de fonte interna e externa 12

    Tratados Internacionais 12

    A Conveno Modelo da OCDE relativa a IR e Capital 12

    As Convenes celebradas pelo Brasil 13

    O procedimento de celebrao dos tratados 14

    O lugar das convenes internacionais na hierarquia das fontes. 15

    A superioridade hierrquica dos tratados em relao lei em face da

    Constituio de 1988. 15

    Apreciao direta dos tratados pelos Tribunais 16

    Os tratados internacionais e os tributos Estaduais e Municipais 17

    TRANSFER PRICING PREO DE TRANSFERNCIA 17

    O TAX HAVENS 18

    Os regimes de prticas scais preferenciais (Preferencial tax system) 18

    Comparao da carga scal como critrio de determinao dos pases com

    regime tributrio vantajoso 19

    Quais so os critrios adotados pelo Brasil na Identicao dos Pases com tributao favorecia?

    20

    Quais os modos de utilizao dos pases com tributao favorecida? 21

    TREATY SHOPPING; RULE SHOPPING E CASOS TRIANGULARES 21

    Treaty Shopping 21

    Rule Shopping 22

    Casos Triangulares 22

    TRANSFERNCIA DE SEDE PARA O EXTERIOR 22

    Transferncia da sede e nacionalizao de pessoa jurdica 23

    SUBCAPITALIZAO DAS EMPRESAS E O

    REGIME DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRPRIO 24

    TRANSFERNCIA INTERNACIONAL DE ATIVOS E O TRATAMENTO

    SOBRE O CAPITAL ESTRANGEIRO NO PLANEJAMENTO

    TRIBUTRIO 26Investimentos nanceiros 28

    Investimento tecnolgico 29

    Investimentos Estrangeiros 31

    Regime dos Pagamentos Internacionais 31

    CONCLUSES 32

    BIBLIOGRAFIA 32

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    iNTroDuo

    A presente apostila tem como objetivo demonstrar o

    pensamento de autores de tomo nacional e estrangeiros

    sobre o tema planejamento tributrio, compilando vrias

    de suas ideias sobre o tema proposto. Cumpre observar

    que o trabalho trata do planejamento tributrio interno

    e externo, portanto, como tentaremos demonstrar, em

    ambos os casos, deve-se estar atento s legislaes

    das naes envolvidas, bem como atentarmo-nos

    legislao estrangeira dos rgos de controle do comrcio

    internacional. Alerta-se que o presente mero indicador

    dos conceitos formulados pelos autores pesquisados, sendo

    obrigatria a leitura das obras bibliogrcas apontadas

    e citadas no curso do presente. Fica terminantementeproibida a reproduo deste, nos termos da lei, sendo

    certo que qualquer transcrio dever vir acompanhada

    da indicao de sua fonte. Nosso objetivo tentar

    oferecer uma noo sobre o planejamento tributrio sob

    seus diversos aspectos, introduzindo o leitor no universo

    do tema proposto provocando os seus instintos para

    a pesquisa e o aprofundamento do estudo do direito.

    Cumpre recordar que o direito, como objeto cultural,

    totalmente vertido em linguagem. Assim, quanto maior o

    domnio da linguagem, maior ser o domnio do direito.

    Boa sorte e bom estudo.

    Prof. Srgio Igor Lattanzi

    PLANEJAmENTo TriBuTrio

    o lct e lct

    Para Almir Malkowski1 o lcito e o ilcito so qualicaes

    jurdicas de condutas. Qualicaes especicamente

    jurdicas, porque decorrentes da incidncia de normas

    jurdicas. Por isto, grave equvoco identicar tais

    categorias mediante critrios outros, que no parmetros

    normativos.

    Toda a conduta jurdica, vale dizer, tem signicao

    para o direito. No h conduta ajurdica, isto , sem

    referibilidade ao Direito. Sempre referenciadas ao Direito,

    as condutas, todas elas, ou so lcitas ou ilcitas.

    Ocorre que as normas no regulam todas as condutas.

    Aquelas no reguladas, ento, situam-se, em princpio, no

    mbito do lcito. Prevalece o princpio da liberdade, a dizer

    que tudo o que no proibido, permitido.

    Em sendo assim, lcito o comportamento que o

    sistema normativo prescreve, ou no probe, enquanto

    ilcito o comportamento que o sistema normativo probe.

    Nem sempre, porm, assim, pois em algumas reas

    do direito prevalece o princpio da legalidade. Nessas

    reas, ento, o no previsto ilcito. Lcito, portanto,

    apenas o legal.

    o Lct e Legal

    O mesmo autor ao tratar do lcito e do legal esclarece

    que para alguns doutrinadores, o campo da licitude

    distinto do campo da legalidade. Lcito apenas o no

    previsto, no regulado pela lei. Legal o expressamente

    determinado. Ou expressamente facultado, ou permitido

    pela lei. A legalidade qualidade do que prescrito pela

    lei. Sua expresso prpria a lei, que a caracteriza e a

    dene. S merece esse qualicativo a conduta que se

    enquadra nas previses da lei. O legal est na lei2.

    PLANEJAmENTo TriBuTrio ESoNEGAo

    A palavra evaso tributria signica fuga ao dever de

    pagar tributos, abrangendo tanto as condutas praticadas

    pelo contribuinte de forma lcita ou ilcita em face de sua

    abrangncia.

    O no pagar tributo sem afronta legislao,

    comumente designado pela doutrina como: eliso

    tributria , economia de impostos, Planejamento

    Tributrio e engenharia tributria.

    Legtdade d planejaent tbt

    Sabemos que o tributo devido quando ocorrer

    no universo dos fenmenos hiptese denida em lei

    como necessria e suciente ao seu nascimento, vertida,

    evidentemente, em linguagem jurdica apropriada. certo

    que a inocorrncia desse fato pode situar-se no

    campo da licitude, ao cidado assegurada a liberdade

    de se comportar de modo a evitar aquela ocorrncia.

    Resumindo, o contribuinte tem o direito de arrumar os

    seus negcios, sua fortuna, seu modo de vida, de maneira

    a pagar os impostos menos elevados ou a no pagar

    imposto algum, contanto que no viole nenhuma regra

    legal.

    Dstn Ente Planejaent TbtE Fade

    O elemento temporal

    Para autores de cabedal (Carlos Vaz, Candido Henrique

    de Campos, Ricardo Mariz de Oliveira, Gilberto de Ulha

    Canto e etc.) o planejamento tributrio distingue-se da

    fraude scal por ser anterior ao fato gerador do tributo.

    Reside no aspecto temporal a sua distino.

    No se justica tomar uma atitude destinada a evitar a

    concretizao do nascimento da obrigao tributria, aps

    o nascimento da mesma. Observe que, esta regra s

    valida quando o contribuinte age sem ferir a lei, conforme

    bem demonstra Gilberto Ulha3:

    ... se o contribuinte age ou se omite antes da

    ocorrncia do fato gerador segundo denido em

    lei aplicvel, e sempre no pressuposto que o seu

    procedimento seja objetiva e formalmente lcito,

    por no contrariar a lei, haver eliso, enquanto

    que existir evaso se o ato ou a omisso

    posterior a ocorrncia do fato gerador.

    Cumpre ressaltar que as excees existem, tambm,

    aps a ocorrncia do fato gerador. Podemos dar como

    exemplo, a possibilidade retroativa de enquadramento

    de uma empresa COMUM no sistema simplicado de

    arrecadao (SIMPLES), desde que a mesma preencha os

    requisitos para tal enquadramento.

    A Denio de Fraude Na Lei 4.502/64

    art. 72. Fraude toda a ao ou omisso

    dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou

    parcialmente, a ocorrncia do fato gerador da

    obrigao tributria principal, ou a excluir ou

    modicar as suas caractersticas essenciais, de

    modo a reduzir o montante do imposto devido, ou

    a diferir o seu pagamento.

    Ao prescrever o artigo 72 que a fraude se caracteriza

    quando o contribuinte tenta impedir, ou retardar o fato

    gerador, evidentemente, prescreve que estas formas

    devero estar acompanhadas de algum artifcio antijurdico.

    ELiSo E EVASo FiSCAL (CoNCEiTo)

    Cncets

    Eliso scal uma no-incidncia tributria legalmente

    admitida (ou tributao reduzida).

    Evaso scal, por sua vez, forma de ilicitude para

    evadir-se ou fugir da tributao.

    Diva Malerbi4 ensina que as formas de reduo da

    carga tributria so:

    a) Absteno de incidncia pura e simples;

    b) Eliso em sentido estrito ou via jurdica lcita

    menos onerosa;

    c) Evaso em sentido estrito ou via jurdica, ilcita

    menos onerosa

    d) Simulao ou ocultao do fato imponvel por

    meio de forma aparente de legitimidade; e

    e) Fraude ou ocultao pura e simples de fato

    imponvel ocorrido.

    1. Almir Malkowski Planejamento Tributrio Ed. De Direito 2000 pg2. opus cit. pg. 28

    3. Gilberto Ulha Canto. Eliso e Evaso, in Caderno de Pesquisas tributrias n. 13, So Paulo: Resenha Tributria, 1988, pg. 41

    4. Diva Prestes Marcondes Malerbi Eliso Tributria RT So Paulo 1984, v. 7

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    Para a mesma autora a Eliso tributria refere-se

    a um certo tipo de situaes criadas pelo contexto do

    direito tributrio positivo que, por no estar compreendido

    dentro do catlogo legal das situaes tributrias

    existentes, pertence, assim, quela rea de proteo

    jurdica do particular (relacionada com sua liberdade

    negocial e , precipuamente, com a sua propriedade),

    constitucionalmente assegurada, na qual o estado

    tributante no pode ingressar.

    Distino

    O que distingue a eliso da fraude scal que , neste

    ltimo caso, trata-se de um descumprimento ilcito de

    obrigao j validamente surgida com a ocorrncia do fato

    gerador, ao passo que na eliso impede-se o surgimento da

    obrigao tributria evitando a ocorrncia do fato gerador.

    Eliso

    Evaso

    Simulao

    Negcio jurdico indireto

    Sonegao

    Conluio

    Fraude, e

    Desconsiderao da personalidade jurdica.

    Nesta ltima temos como fundamento o abuso do

    direito. Por ela desconsidera-se a pessoa jurdica, para

    o m de atribuir o cumprimento da obrigao pessoa

    fsica do administrador (scio, diretor, titular), tendo em

    vista que o ato ou o negcio realizado favorece no a

    pessoa jurdica (o que seria correto), mas a pessoa fsica

    do administrador (que acaba cando com o patrimnio oua renda).

    Em caso de abuso de personalidade jurdica,

    caracterizado pelo desvio da nalidade, ou pela confuso

    patrimonial, pode o Juiz determinar que os efeitos de certas

    e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos

    aos bens particulares dos administradores ou scios de

    pessoa jurdica (Cd. Civil, Lei 10.406/02, art. 50).

    Cumpre obtemperar que, existem situaes fticas que

    podem acolher mais de uma gura ou que elas venham a

    se confundir.

    Els Fscal: Exepl

    A ttulo de exemplo, entre tantos outros que podem

    ser extrados da legislao tributria, selecionamos um,

    que diz respeito ao IPI/ICMS/ISS. Observamos, porm,

    que tanto a situao jurdica quanto as alquotas que

    mencionamos esto sujeitas a alteraes pelo que, nos

    casos concretos, deve ser vista a legislao vigente no

    momento da ocorrncia do fato gerador.

    Consideremos A como o fabricante, e B como o

    comprador e benecirio do servio. Consideremos, ainda,

    que o valor do bem de R$ 8.000,00 e o servio de

    instalao /montagem de R$ 5.000,00. Assim, B adquiri

    de A um equipamento com a obrigatoriedade de A instal-lo no estabelecimento de B. No caso, tendo em vista que

    a venda, instalao e montagem so feitas pela mesma

    pessoa (A), sobre tais operaes incidem IPI e ICMS,

    numa base de clculo de R$ 13.000,00. Considerando a

    alquota de 10% de IPI e 18% de ICMS, resulta o valor de

    R$ 3.640,00 de impostos devidos.

    Pois bem: Se A que pratica constantemente tais

    operaes, abrir (constituir) uma outra empresa (C),

    para ns especco de prestar os servios de instalao

    e montagem, conguram-se duas operaes e no mais

    s uma, a saber: sobre a operao de venda de A para

    B apuram-se R$ 2.240,00 de IPI/ICMS (28% sobre R$

    8.000,00); e sobre a instalao e montagem R$ 250,00 de

    ISS (5% de alquota sobre R$ 5.000,00), resultando um

    montante de R$ 2.490,00, contra R$ 3.640,00, com uma

    economia de impostos de R$ 1.150,00 (Resp 103.282-DF-

    STJ).

    Tal procedimento no congura abuso de formaat porque B poderia adquirir o equipamento de A, e a

    instalao/manuteno de D, E ou F, obtendo a mesma

    economia de impostos. E, sabedor dessa possibilidade que

    a legislao oferece, pode negociar com vrias empresas

    para obter o melhor preo em igual qualidade.

    Sla: Exepl

    A, acometido por doena grave, para evitar dispndio

    com o inventrio, vendeu (cticiamente) um imvel a B

    (que aceitou gurar como comprador). Com o falecimento

    de A, B transferiu o imvel a C (viva de A), por escritura

    pblica, sem que B recolhesse o IR sobre o ganho de

    Capital (digamos de 25%). Autuado, B alegou que na

    compra do imvel de A e na venda do mesmo para B

    funcionou apenas gurativamente como comprador e

    vendedor, respectivamente, para ajudar a famlia a no ter

    despesas com o inventrio.

    Tais razes no foram acolhidas pela 2 Cmara do

    Conselho de Contribuintes, com fundamento no art. 118 do

    CTN (desconsideraho de atos, e seus efeitos, praticados

    pelo contribuinte), alm de reconhecer f pblica da

    escritura (art. 134 do CC) e por representar o ganho de

    capital fato gerador do IR (Lei 7.713/88, art. 3, 3).

    SimuLAo, FrAuDE E CoNLuio:CoNCEiTo LEGAL

    A lei n 4.502/64, relativa ao IPI, identica os institutos

    da sonegao, fraude e conluio nos seguintes termos:

    Art. 71. Sonegao toda ao ou omisso dolosa

    tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o

    conhecimento por parte da autoridade fazendria:

    I da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria

    principal, sua natureza ou circunstncias materiais;

    II das condies pessoais de contribuinte, suscetveis

    de afetar a obrigao tributria principal ou o crdito

    tributrio correspondente.

    Art. 72. Fraude toda ao ou omisso dolosa

    tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, aocorrncia , a ocorrncia do fato gerador da obrigao

    tributria principal, ou a excluir ou modicar as suas

    caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante

    do tributo devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento.

    Art. 73. Conluio o ajuste doloso entre duas ou mais

    pessoas naturais ou jurdicas, visando qualquer dos efeitos

    referidos nos arts. 71 e 72.

    PrESuNES E FiCES TriBuTriAS

    So duas as espcies de presuno, a saber:

    a) A presumpitio hominis a que o juiz extrai por si

    mesmo, dos elementos da demanda; e

    b) A presumpitio iuris que estabelecida pela lei, e

    que pode ser:

    b1) iuris tantum quando admite prova em contrrio;

    e

    b2) iuri et iuri quando absoluta, no admitindo

    prova em contrrio.

    Tais conceitos chegaram aos nossos dias, sendo certo

    que o Ministro Moreira Alves, considera a fraude execuo

    referida no art. 185 do CTN, hiptese rara de presuno

    iuri et iuri no direito tributrio.

    Yonne Dolcio5 diz que a presuno legal absoluta

    incompatvel para criar ou aumentar tributo, trazendo a

    seu favor o pensamento de Moschetti, para quem uma

    presuno absoluta, ainda que abstratamente racional

    e conforme ao normal, no tem fora para atender ao

    requisito da efetividade que prprio do conceito de

    capacidade contributiva. O interesse pblico, na certeza

    das relaes tributrias, no pode ser tutelado at o ponto

    de negar a prova em contrrio ao sco ou ao contribuinte.

    Fico a mentira legal, ao contrrio da presuno que

    no mentira, mas uma probabilidade. Por ela no se pode

    considerar ocorrido o aspecto material do fato gerador, pois

    ou se estar exigindo tributo sem fato gerador, ou haver

    instituio de tributo fora da competncia outorgada pelaconstituio.

    Indcios so fatos conhecidos, comprovados, que

    se prestam como ponto de partida para as presunes

    relativas.

    De regra, ento, as presunes so relativas, pelo que

    admitem prova em contrrio. Entretanto, o problema que

    se coloca de quem o nus da prova.

    5. A tipicidade no direito tributrio brasileiro, Editora Saraiva, 1980

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    Quando se trata de mero indcio, a prova dever ser

    feita por quem o alega.

    Em suma, as ces so estabelecidas pela lei e no

    admitem prova em contrrio, por serem consideradas

    como verdades denitivas (ISS, porm, no signica que

    no se possam contestar). As presunes legais podem

    ser absolutas (iuri et iuri) ou relativas (iuri tantum); e

    temos, ainda, as presunes comuns ou de fato (hominis),

    que no provm da lei, mas da convico do intrprete, e

    confundem-se com o indcio veemente.

    Quanto aos indcios, so sinais exteriores que por si s

    nada representam, mas de acordo com sua intensidade,

    podem conduzir aos mesmos efeitos da presuno relativa.

    Nessa hiptese, ser considerado indcio veemente

    (porque acompanhado de prova documental, pericial,

    testemunhal), gerando o efeito de inverter o nus da

    prova.

    Pesn Legal relatva: Exepl

    Presuno ilao que se tira de um fato conhecido

    para provar a existncia de outro desconhecido, tal como

    ocorre nas seguintes situaes:

    1) presume-se distribuio disfarada de lucros no

    negcio quando a pessoa jurdica paga pessoa fsica

    (ligada) aluguis, royalties ou por assistncia tcnica em

    montante que excede notoriamente o valor de mercado

    (Decreto-Lei n. 1.509/77, art. 60, VI). Nota: Pessoa ligada

    a pessoa do scio, administrador ou titular de pessoa

    jurdica, ou o cnjuge e seus parentes, inclusive ans, at

    terceiro grau;

    2) a autoridade tributria arbitrar o lucro da pessoa

    jurdica, que servir de base de clculo do IR, alquota

    de 25%, quando (Lei 8.541/92, art. 21):

    a) o contribuinte obrigado tributao com base

    no lucro real no mantiver escriturao na forma das leis

    comerciais e scais, ou deixar de elaborar as demonstraes

    nanceiras exigidas pela legislao scal;

    b) a escriturao mantida pelo contribuinte contiver

    vcios, erros ou decincias que a tornem imprestveis

    para determinar o lucro real ou, ainda, revelar evidentes

    indcios de fraude.

    No primeiro exemplo, o fato conhecido o

    pagamento que a PJ fez PF, para chegar-se ao fato

    desconhecido, ou seja, distribuio disfarada de lucros.

    No segundo exemplo, o fato conhecido a ausncia de

    escriturao, ou, existindo, contiver erros ou decincias,

    para chegar-se ao fato desconhecido, ou seja, a omisso

    de receita tributvel.

    Curioso observar, nessa hiptese de mero indcio, que,

    em verdade, no cabe ao agente scalizador lavrar, de

    imediato, auto de infrao, sendo aconselhvel aprofundar-

    se no exame, para colher elementos convincentes. Do

    contrrio, lavrando auto de infrao, criar srios problemas

    no s ao sujeito passivo que ter despesas advindas da

    defesa que dever apresentar, por mais simples que seja

    o caso como para a prpria Administrao Pblica. E

    poder at ser o caso desta ser responsabilizada, tendo

    de suportar tais despesas, por culpa de seu agente scal

    com ao de regresso, se houver abuso por parte deste

    ltimo.

    Entretanto, se for caso de indcio veemente, forte,

    documentado, a o agente scal lavrar auto de infrao,

    deslocando a prova para o sujeito passivo autuado, que

    dever defender-se impugnando o lanamento, podendo

    para tanto alegar matria de fato e/ou direito, em vista do

    princpio constitucional do contraditrio e da ampla defesa.

    Fc Legal: Exepl

    O Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto

    2.637/98, estabelece no art. 33 que se considera ocorrido

    o fato gerador:

    VI no 4 dia da data da emisso da respectiva nota

    scal, quanto aos produtos que at o dia anterior no

    tiverem deixado o estabelecimento do contribuinte (L.

    4.502/64, arts. 2 e 5, inciso I, alnea d, e DL 1.133/70,

    art. 1).

    hiptese de co prevista em lei, porque considera

    ocorrido o fato gerador que na realidade no ocorreu.

    Alguns entendem que essa disposio ilegal, por

    contrariar o CTN (art.46, II c/c art. 51, II), tendo em vista

    que caberia lei complementar denir os fatos geradores

    dos impostos (art. 146, III, a, da CF). E os referidos

    artigos do CTN, que tem a qualidade de lei complementar,

    estabelece que o fato gerador do IPI a sada do produto

    do estabelecimento industrial.

    O mesmo RIPI apresenta hipteses de co que so

    consideradas legais, ao estabelecer, no art. 9, entre

    outros, que se equiparam a estabelecimento industrial:

    I os estabelecimentos importadores de produtos

    de procedncia estrangeira, que derem sadas a esses

    produtos (Lei 4.502/64, art. 4, I).

    iNTErPrETAo ECoNmiCA:NoES GErAiS

    Ruy Barbosa Nogueira6 destaca, como aspecto

    importante , dentro da interpretao teleolgica, a

    considerao econmica, especialmente no campo dos

    impostos, tendo-se em vista que esses instrumentos de

    captao de riqueza, que incidem quase sempre sobre

    fatos econmicos por meio de categorias jurdicas, podem

    estar sendo distorcidos ou mal utilizados com pretenses

    de reduzir ou elidir tributaes legtimas. Assim, a

    considerao econmica poder, em certos casos,

    demonstrar a nalidade autntica de dispositivos e impedir

    abusos.

    Aps dizer que, por outro lado, a considerao

    econmica tambm til para demonstrar o uso legtimo

    de estruturaes que permitem a chamada economia

    de imposto, isto , a faculdade que tem o contribuinte,

    dentro da ordem jurdica, de estruturar legitimamente

    suas atividades, assevera:

    A considerao econmica, dentro da interpretao

    teleolgica, deve ser correlacionada com o princpio

    da uniformidade da tributao, segundo a qual fatos

    iguais devem, em princpio, ser igualmente tributados. A

    considerao econmica dentro da teoria da interpretao

    do direito no signica uma intromisso livre da cincia da

    econmica dentro do direito. Esta tem de ser e

    somente pode ser uma interpretao de contedo

    econmico e vlido quando juridicizada ou admitida

    pelas disposies isoladas ou correlacionadas do direito.

    Constitui um erro distinguir-se considerao econmica e

    jurdica, pois a considerao econmica s vinculante

    at onde tenha sido admitida pelas normas jurdicas; do

    contrrio, constituiria um elemento de insegurana, em

    vez de instrumento de normatividade do direito.

    RUBENS GOMES DE SOUSA7 , assim leciona:

    Em resumo, a chamada interpretao econmica no

    um sistema que se oponha a interpretao jurdica. Ela

    uma metodologia til, precisamente como recurso auxiliar,

    para se recompor a interpretao jurdica nos casos em

    que esta seja falseada - conscientemente ou no por

    um desajustamento entre o instrumento jurdico e o

    objetivo, necessariamente extra ou metajurdico da norma

    a aplicar. a concluso muito bem exposta por Perez

    de Ayala em seu livro sobre as ces legais no direito

    tributrio, quando mostra a utilidade delas na construo

    de um elenco de tipicaes normativas, a quem possam

    ser conduzidas as formas atpicas, distorcidas ou, no grau

    mximo, fraudulentas, que possam ocorrer na prtica.

    Assim entendida, a interpretao econmica tem de

    enquadrar-se de subsumir-se no sistema jurdico,

    o que vale dizer que ela, de per si, no existe; o que

    existe uma metodologia aplicativa orientada (comonecessariamente o so todas as que no sejam meramente

    apriorsticas) por um critrio nalstico: variar a nalidade

    buscada em funo do ramo do direito de que se trate. No

    caso, essa nalidade ser econmica porque econmico

    o contedo do direito tributrio, como o de todos os

    direito obrigacionais; mas poder ser poltica (direito

    constitucional); sociolgica (direito penal, direito de

    famlia); judiciria (direito processual); funcional (direito

    administrativo) e assim por diante.

    6. Ruy Barbosa Nogueira, Da interpretao e da aplicao das leis tributrias, So Paulo, Bushatsky, 2a. Ed. 1974, p. 65, 66 e 717. Rubens Gomes de Sousa, Compndio de legislao tributria, SP, Resenha Tributria, 1975, p. 60.

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    12 13

    a busca dos objetivos transcendem os controles dos

    ordenamentos, em sntese, desrespeitando-os no todo ou

    em parte. Demonstra o autor13 as mais importantes formas

    organizativas de planejamento tributrio internacional, a

    saber:

    uso de pases com tributao favorecida - os

    parasos scais

    (tax havens);

    transferncias de preos entre empresas

    vinculadas (transfer

    price);

    uso de acordos internacionais (treaty shopping ou

    rule shopping);

    transferencias de sede social ou administrativa

    para o exterior;

    reorganizaes societrias internacionais (fuses,

    cises, incorporaes);

    subcapitalizao de empresas (thin-capitalization);

    transferncias de ativos para o exterior ou no

    exterior.

    TrATADoS iNTErNACioNAiS EmmATriA TriBuTriA E orDEmiNTErNA APLiCVEL Ao DirEiToTriBuTrio

    As nas de fnte ntena e extena

    Como tratamos em pargrafos anteriores, toda a

    legislao interna voltada a soluo de conitos e a

    normatizao das relaes tributrias com o mercado

    internacional, seja do contribuinte nacional com o mercado

    internacional ou o contribuinte estrangeiro que resolve

    aplicar e negociar com o mercado interno considerada

    matria, apenas para efeitos didticos, de direito tributrio

    internacional, sendo certo que as normas de produo

    externa em que ocupam lugar preponderante os tratados

    contra dupla tributao, segundo as palavras de Alberto

    Xavier, so normas de direito internacional tributrio.

    Assim, todas as fontes legais, desde a Constituio, suas

    emendas-constitucionais, leis complementares, ordinrias,

    medidas provisrias, decretos legislativos e resolues

    do Senado Federal, so normas de direito tributrio

    internacional quando normatizam situaes que envolvam

    o mercado internacional e a carga tributria sobre

    tais operaes. Por outro lado, no so menos vlidas,

    as legislaes estrangeiras que normatizam situaes

    similares, desde que no ra a soberania dos Estados

    envolvidos. Em matria de legislao internacional, como

    mencionou Alberto Xavier, devemos dar destaque aos

    tratados e convenes internacionais, desde que raticado

    pelos pases que aderiram s suas diretrizes14.

    Tatads intenacnas

    Tratados e convenes internacionais so certamente as

    fontes mais importantes do direito internacional, no sendo

    diferente com o direito internacional tributrio, referidos

    tratados e convenes, quando chancelados pelo Poder

    Legislativo de cada pas signatrio dos mesmos faz com que

    referida norma faa parte integrante da legislao destes

    pases, obrigando-o internamente e frente a comunidade

    internacional. Os tratados e as convenes internacionais

    so chancelados pelo Poder Legislativo no Brasil atravs

    dos decretos-legislativos, instrumento introdutor de norma

    adequado para dar validade as convenes e aos tratados

    em territrio nacional. Em face da importncia da matria

    tributria, surgiram tratados de contedo eminentemente

    tributrio, objetivando a eliminao ou reduo da dupla

    tributao, da evaso scal (forma ilegal de reduo da

    carga tributria) e da colaborao administrativa entre os

    Estados estrangeiros.

    A Cnven mdel da oCDE elatvaa ir e Captal

    Segundo Alberto Xavier, o Brasil ao celebrar suas

    convenes ou tratados, segue como linha mestra o modelo

    de Conveno da OCDE, objetivando evitar-se a dupla

    tributao, vejamos a origem da noticiada Conveno nas

    palavras do autor:

    Esta tem sua origem nos trabalhos desenvolvidos pelo

    Comit Fiscal da Organizao Europia de Cooperao

    Econmica (OECE), encarregado de apresentar um projeto

    de conveno destinado a eliminar as duplas tributaes

    sobre o rendimento e o patrimnio. Este mandato foi

    conrmado quando da criao em 1961, da Organizao

    de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE),

    que substituiu a primeira.

    Em 1963, foi nalmente divulgado o Projeto de

    Conveno (draft Convention) e respectivos comentrios

    interpretativos, ambos revistos em 1977 e objeto de

    recomendao pelo Conselho daquela Organizao (de

    11 de abril de 1977) (Model Convention).

    O trabalho entretanto desenvolvido pelo Comit Fiscal

    conduziu publicao, em 1992, de um novo Modelo

    de Conveno e respectivos comentrios (Model Tax

    Convention), o qual ao contrrio das verses anteriores

    pretende ter um carter evolutivo, sujeito a revises

    peridicas em 1994, 1995, 1997, 2000, 2003 e 2005, a

    verso atualizada do Modelo data de junho de 2008.15

    As Cnvenes celebadas pel Basl

    O Brasil, aps anos de polticas equivocadas de

    protecionismo, passou paulatinamente a ser signatrio

    de nmero signicativo de convenes e tratados

    internacionais, conforme podemos observar:

    1) frica do Sul (Decreto Legislativo n 301/06;

    Decreto n 5.922/06; Por-tarian0 433/06);

    2) Argentina (Decreto Legislativo n 74/81; Decreto

    n 87.976/82; Portaria n 22/ 83; Ato Declaratrio n

    6/90);

    3) ustria (Decreto Legislativo n 95/75; Decreto n

    78.107/76; Portaria n 470/76);

    4) Blgica (Decreto Legislativo n 76/72; Decreto

    n 72.542/73; Portarias nOs 271/74 e 71/76); Decreto n

    6.332/07; Portaria n 140/08);

    5) Canad (Decreto Legislativo n 28/85; Decreto n

    92.318/86; Portarias ns 199/86 e 55/88);6) Chile (Decreto Legislativo n 331/03; Decreto n

    4.852/03; Portaria n 285/03);

    7) China (Decreto Legislativo n 85/92; Decreto n

    762/93);

    8) Coria (Decreto Legislativo n 205/91 e Decreto

    n 354/91; ADI n 3/06);

    9) Dinamarca (Decreto Legislativo n 90/74; Decreto

    n 75.106/74; Portarias nos 68/75 e 70/76);

    10) Equador (Decreto Legislativo n 4/86; Decreto n

    95.717/88);

    11) Espanha (Decreto Legislativo n 62/75; Decreto

    n 76.975/76; Portaria n 45/76);

    12) Filipinas (Decreto n 241/91; Decreto Legislativo

    n 198/91);

    13) Finlndia (Decreto n 2.465/98; Ato Declaratrio

    n 12/98; Decreto Legislativo n 35/97);

    14) Frana (Decreto Legislativo n 87/71; Decreto

    n 70.506/72; Portarias nos 287/72 e 20/76; Parecer

    Normativo n 55/76);

    15) Hungria (Decreto Legislativo n 13/90; Decreto n

    53/91);

    16) ndia (Decreto Legislativo n 214/91; Decreto n

    510/92);

    17) Israel (Decreto Legislativo n 931/05; Decreto n

    5.576/05; Portaria n 1/06);

    18) Itlia (Decreto Legislativo n 77/79; Decreto n

    85.985/81; Portarias nos 203/81 e 226/84);

    19) Japo (Decretos Legislativos ns 43/67 e 69/76;

    Decretos nos 61.899/67 e 81.194/78; Portaria n 92/78;

    Parecer Normativo n 38/70 e 662/71; Parecer Normativo

    COSIT n 3/95; Ato Declaratrio n 2/80);

    20) Luxemburgo (Decreto Legislativo n 78/79;

    Decreto n 85.051/80; Portarias nos 413/80 e 510/85);

    21) Mxico (Decreto Legislativo n 58/06; Decreto n

    6.000/06; Portaria n 38/07; ADI ns 1/07 e 22/08);

    22) Noruega (Decreto Legislativo n 50/81; Decreto

    n 86.710/81; Portarias nos 25/82 e 227/84; Decreto

    Legislativo n 4/96 (Protocolo Suplementar); Decreto n0

    2.132/97);

    23) Peru (Decreto Legislativo n 500/09; Decreto n

    7.020/09);

    24) Portugal (Decreto Legislativo n 188/01; Decreton 4.012/01; Portaria n 28/02);

    25) Reino Unido dos Pases Baixos (Decreto Legislativo

    n 60/90; Decreto n 355/91);

    26) Repblica Tcheca (Decreto Legislativo n 11/90;

    Decreto n 43/91);

    27) Repblica Eslovaca (Decreto Legislativo n 11/90

    e Decreto n 43/91);

    28) Sucia (Decreto Legislativo n 93/75; Decreto n

    77.053/76; Portarias nos 44/76 e 5/79; Parecer Normativo

    13. opus cit. Heleno, pg. 5614. opus cit. Alberto Xavier, pg. 67 15. opus cit. Alberto Xavier, p. 71

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    n 37/74; Ato Declaratrio n 28/78; Troca de Notas MRE

    - DO 03/01/86; Decreto Legislativo n 57/97);

    29) Ucrnia (Decreto Legislativo n 66/06; Decreto n

    5.779/06; Portaria n 198/06).16

    o pcedent de celeba dstatads

    Como j salientamos em momento oportuno, as

    convenes e os tratados internacionais, s tem validade

    se referendado pelo Congresso Nacional, especicamente

    atravs de Decreto-legislativo (art. 84, inciso VIII, CF)

    sendo certo que comporta trs fases distintas, a saber: a)

    preparao ou negociao; b) constitutiva ou celebrao e

    c) integrativa de eccia ou promulgao. Alberto Xavierdescreve cada uma destas fases de forma cristalina e

    exemplar, seno vejamos:

    O procedimento de celebrao dos tratados comporta

    trs fases: a fase preparatria ou das negociaes, a

    fase constitutiva ou da celebrao e a fase integrativa de

    eccia, ou da promulgao.

    A fase preparatria ou das negociaes inicia-se com a

    interveno de agentes do Poder Executivo e termina com

    a autenticao, ou seja, o ato pelo qual as partes declaram

    concludo o processo de formulao do acordo e que tem

    como objetivo prtico xar o texto que ser submetido

    raticao. A autenticao pode revestir a modalidade

    de rubrica (parafatum, inititling) ou de assinatura ad

    referendum, por agentes munidos de Cartas de Plenos

    Poderes.

    A assinatura do tratado no cria, por si, o vnculo

    convencional18. O consentimento que se expressa pela

    assinatura reporta-se apenas redao do projeto

    convencional, e apenas prenunciativo da expresso da

    vontade de assumir o vnculo, reetindo a mera inteno

    do Governo de prosseguir no procedimento de celebrao

    do tratado, notadamente de submet-lo a referendo e a

    raticao.

    A fase constitutiva ou da decretao inicia-se com o

    referendo do Congresso Nacional, o qual tem por objeto

    o texto autenticado e por contedo autorizar o Presidente

    da Repblica a raticar o tratado. O referendo limita-se

    alternativa da permisso ou rejeio da raticao, no

    sendo admissvel qualquer interferncia no contedo

    do tratado. O referendo do Congresso Nacional reveste,

    assim, a natureza de uma autorizao para raticao.

    A reiterada prtica constitucional brasileira revela que a

    forma adotada para o referendo o decreto legislativo.

    Por seu turno, a raticao o ato unilateral pelo

    qual o Presidente da Repblica, devidamente autorizado

    pelo Congresso Nacional, conrma um tratado e declara

    que este dever produzir os seus devidos efeitos.

    Constitui, pois o ato unilateral com que o sujeito de

    direito internacional, signatrio de um tratado, exprime

    denitivamente, no plano internacional, sua vontade de

    obrigar-se. Caracterizado pela liberdade que o Poder

    Executivo tem quanto opo de pratic-lo ou no, o ato

    de raticao deve ser expresso e tem carter formal,

    tomando a forma externa de instrumento de raticao,

    assinado pelo Presidente da Repblica e referendado pelo

    Ministro das Relaes Exteriores.

    A troca, dos instrumentos de raticao xa o momento

    da entrada em vigor do tratado na ordem jurdica

    internacional, pois precisamente nesse momento que se

    consuma o consensus.

    A terceira e ltima fase do procedimento de celebrao

    dos tratados a fase integrativa da eccia, que abrange

    a promulgao e a publicao.

    A Promulgao, por decreto do Presidente da Repblica,

    o ato jurdico de natureza meramente interna, pelo qual

    o Governo torna pblica a existncia de um tratado por ele

    celebrado e constata o preenchimento das formalidades

    exigidas para a sua concluso. A promulgao est sujeita

    a publicao no Dirio Ocial, produzindo efeitos ex tunc

    com relao s datas previstas no tratado para a vigncia

    deste (Parecer Normativo CST n 3/79).

    Note-se, por m, que, em matria tributria, s otratado forma adequada de vinculao externa do

    Estado brasileiro. Os meros acordos, acordos executivos

    ou de forma simplicada (agreements in simplied form),

    no sujeitos a raticao do Presidente da Repblica, s

    podero atuar, quando muito, em matria subtrada ao

    princpio da legalidade, ou seja, em matria estritamente

    regulamentar.17

    o lga das cnvenes ntenacnas

    na heaqa das fntes.

    Problema de soluo indigesta aquele que se

    contrapes entre os Tratados e Convenes Internacionais

    com a legislao interna de cada pas, no nosso caso

    especco, no Brasil. Apesar da doutrina tradicional

    apontar as fontes chamadas de formais primrias como

    sendo a Constituio, emendas Constituio, as Leis

    Complementares, Leis Ordinrias, Medidas Provisrias,

    Decretos-legislativos e Resolues do Senado Federal, a

    questo que mais incomoda a de que ao ser signatrio de

    um determinado Tratado Internacional que venha entrar

    em conito com normas internas, qual ato normativo

    dever prevalecer. Para podermos entender tal situao,

    precisamos tentar encontrar o lugar das convenesinternacionais na hierarquia das leis retro descritas.

    Sobre o assunto hierarquia das convenes podemos

    observar que so duas as teorias que prevalecem sobre o

    assunto. Alberto Xavier (p. 81) nomina-as de teoria monista

    e teoria dualista de transformao. A ltima (teoria dualista

    da transformao) prega que o direito internacional pblico

    convencional, depois de transformado, assumiria o grau

    hierrquico do respectivo ato interno que operasse tal

    transformao, muito embora, seja possvel conceber em

    tese sistemas que, apesar de exigirem uma transformao

    prvia e individualizada, atribuam maior fora h ierrquica

    norma internacional transformada. Tal teoria se justica

    uma vez que o pas que adere a uma conveno ou tratado

    internacional integralmente, no poderia internamente

    realizar modicaes ou alteraes que viessem a

    desgur-lo. Por outro lado, ao dar preferncia ao tratado

    internacional, corre-se o risco de no podermos observar

    ou aplicar determinadas regras Constitucionais que possam

    conitar com o tratado celebrado. Por outro lado, a teoriamonista da transformao aceita a vigncia do direito

    internacional convencional com superioridade hierrquica,

    uma vez que est situao se imporia de forma lgica.

    Referida teoria se justica uma vez que se o pas aderir

    ao tratado geral, no s justicaria a sua modicao na

    ordem normativa interna. Em sntese, ou se aceitam os

    termos do tratado e adere-se as suas regras ou no.

    J a jurisprudncia ptria, aps a Constituio

    vigente, em verdadeiro retrocesso aos posicionamentos

    anteriormente adotado por nossas Cortes Superiores,

    veio entender que uma lei interna posterior tem o

    condo de revogar um tratado anteriormente assinado,

    como ocorreu, alis, com a Lei Uniforme dos Ttulos de

    Crdito) que foi seguidamente modicada por vrias leis

    ordinrias internas. No precisamos nos alongar que tal

    posicionamento traz insegurana jurdica, especialmente

    para aquelas empresas estrangeiras que pensam em

    investir no mercado brasileiro. Cumpre ressaltar, como fez

    Alberto Xavier, que a deciso prolatada por nossa Corte

    Suprema foi baseada em doutrina antiga e ultrapassada,

    devendo ter maior ateno do Judicirio nestes tempos

    atuais, em face da globalizao das relaes comerciais

    internacionais.

    A spedade heqca ds tatads

    e ela le e face da Cnsttde 1988.

    Levando-se em considerao que no podemos

    de forma unilateral alterar tratados e convenes

    internacionais, sob pena de no sermos reconhecidos

    como signatrios pela comunidade internacional, que

    autores de tomo apontam, pelo menos, sete argumentos

    que impem a prevalncia dos tratados internacionais

    em face da lei interna perante a Constituio de 1988,

    conforme se posiciona Alberto Xavier:

    So sete os argumentos fundamentais em que assenta

    a nossa tese da superioridade hierrquica dos tratados em

    face da lei interna perante a Constituio de 1988:

    (i) a Constituio Federal consagrou expressamente o

    sistema monista em matria de direitos e garantias (art.

    5o, 2o), o que signica que os tratados valem na ordem

    interna como tal e no como leis internas em que se

    tivessem transformado, pelo que apenas so suscetveis

    de revogao ou denncia pelos mecanismos prprios do

    direito dos tratados, pelo que so dotadas da resistncia

    passiva que da essncia da superioridade hierrquica;

    (ii) os tratados internacionais em geral, tal como os

    tratados sobre direitos humanos que no se enquadrem

    nos requisitos do 3o do art. 5o da Constituio, tm

    carter supralegislativo, mas infraconstitucional;

    (iii) os Tribunais aplicam os tratados como tal e no

    como lei interna em que se tivessem transformado;

    (iv) a celebrao dos tratados ato da competncia

    conjunta do Chefe do Poder Executivo e do Congresso

    Nacional (art. 84, VIII, e art. 49, I), no sendo, portanto16. opus cit. Alberto Xavier, pg. 72 e 7317. opus cit. Alberto Xavier, pg. 75 e 76

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    16 17

    admissvel a sua revogao, total, parcial ou denncia por

    ato exclusivo do Poder Legislativo;

    v) o art. 98 do Cdigo Tributrio Nacional - que lei

    complementar que se impe ao legislador ordinrio -

    expresso ao estabelecer a superioridade hierrquica dos

    tratados tributrios, sendo inadmissvel restringir essa

    superioridade apenas a algumas espcies ou modalidades,

    no distinguidas por lei;

    (vi) nem o decreto legislativo, que formaliza o referendo

    do Congresso Nacional, nem o decreto do Presidente da

    Repblica, que formaliza a promulgao, tm o alcance de

    transformar o tratado em lei interna.

    (vii) a inexistncia de uma clusula geral de recepo

    automtica e a consequente necessidade de um

    procedimento de transposio condicionador da eccia

    dos tratados na ordem interna no incompatvel com a

    viso monista e seus corolrios enumerados nas alneas

    anteriores.18

    Como podemos observar, ao ser signatrio de um

    determinado ou convnio ou tratado internacional o pas

    deve adequar suas leis aos mesmos e no utilizar da

    legislao interna para tentar descaracteriz-lo. Assim,

    no se pode suscitar a Constituio ou outros direitos e

    garantias do pas signatrio com o condo de desgur-

    lo. Repetimos, ou se signatrio ou no dos tratados e

    convenes internacionais.

    Apeca deta ds tatads pelsTbnas

    Nos termos dos artigos 105, III de nossa Constituio,

    compete ao Poder Judicirio, atravs dos juzes federais,

    julgar as causas em que se envolvam os tratados e as

    convenes internacionais. J em sua alnea b), estipula que

    compete ao Superior Tribunal de Justia julgar, em grau de

    recurso especial, quando desrespeitados os tratados ou lhes

    for negado vigncia. Finalmente, no artigo 102, III, alnea

    b) de nossa Constituio, determina competir ao Supremo

    Tribunal Federal julgar, em grau de recurso extraordinrio,

    as decises que declararem a inconstitucionalidade do

    tratado. Conforme nos esclarece Alberto Xavier19 decorre

    que os tratados so fonte imediata de direito e obrigaes

    para os seus destinatrios, podendo ser invocados, como

    tal, perante os tribunais to logo ecazes em face da ordem

    interna e que, consequentemente, interpretao dos

    seus preceitos so aplicveis as regras de hermenutica

    que vigoram quanto aos tratados e no as que respeitam

    legislao interna de cada Estado contratante.

    Cumpre acentuar que os tratados e as convenes

    internacionais tem sua supremacia hierrquica

    reconhecida, inclusive, pelo Cdigo Tributrio Nacional,

    pois ao lermos o seu artigo 98, podemos construir tal

    assertiva. os tratados e as convenes internacionais

    revogam ou modicam a legislao tributria interna e

    sero observados pelo que lhes sobrevenha. De clareza

    meridiana o enunciado ao prescrever a superioridade

    hierrquica dos tratados e convenes internacionais,

    inclusive, por ter sido recepcionado o Cdigo Tributrio

    Nacional como lei complementar.

    Vem se baseando a jurisprudncia do STJ na

    distino entre tratados normativos e tratados-contratos,

    restringindo, assim, as disposies do artigo 98 do CTN,

    entendendo que o CTN s se aplicaria aos chamados

    tratados-contratos. Tais decises se sustentam na

    ausncia expressa de nossa Constituio Federal em

    asseverar a superioridade hierrquica dos tratados, pois

    o artigo 98 do CTN, segundo Alberto Xavier 20 estaria

    invadindo ilegitimamente matria de competncia

    Constitucional exclusiva, conduzindo a uma inqua

    restrio competncia primeira do Poder Legislativo.

    Em face de tal posicionamento, pode-se observar que

    nossa Corte (STJ) ao entender que o tratado converte-se

    em lei interna, equipara-os lei ordinria, submetendo-as

    s regras gerais para a soluo dos conitos aparentes

    de normas. Neste mesmo sentindo, vem se posicionandoas decises do Supremo Tribunal Federal (STF). Em

    relao a celeuma, as crticas contundentes de Alberto

    Xavier vem a calhar como luva, pois o autor demonstra

    que no h transformao do tratado internacional em lei

    interna com o referendo do Congresso Nacional e com a

    promulgao por parte do Chefe de Estado, pois como

    esclarece o autor o procedimento de formao do tratado

    no Direito Constitucional brasileiro e, em particular, a

    fase de celebrao revelam que se trata de um processo

    simultaneamente internacional e interno (art. 21, I, 84,

    VIII, e art. 49, I, da Constituio Federal).

    os tatads ntenacnas e s tbtsEstadas e mncpas

    Questo interessante a que em face de nosso

    Estado federativo, os tratados internacionais aos quais

    o pas adere, poderiam vincular os tributos Estaduais e

    Municipais?

    Para podermos responder tal questionamento, devemos

    observar que o Chefe do Executivo Federal (Presidente da

    Repblica) bem como o Congresso Nacional, exercem duas

    funes distintas. Uma revela-se quanto aos interesses

    intrnsecos da Unio, quando o Legislativo Federal com asano do Presidente da Repblica aprovam e promulgam

    leis de interesse da Unio, que chamamos de leis federais.

    De outro turno, temos que as mesmas pessoas aprovam

    e promulgam leis que vinculam no s os interesses

    da Unio e suas autarquias, mas leis que reetem e

    vinculam todas as pessoas jurdicas de direito pblico

    interno (Unio, Estados-membros, Distrito Federal e

    Municpios). Quando o Congresso Nacional e o Presidente

    da Repblica promulgam tais normas, estas so chamadas

    de leis Nacionais. Partindo desse ponto de referncia

    que Alberto Xavier defende que os tratados internacionais

    assinados pelo Brasil, vinculam, sim, os demais entes

    federativos, pois estaria legiferando no sobre matria

    de interesse meramente federal, mas, especicamente,

    matria de interesse Nacional21.

    TrANSFEr PriCiNG PrEo DE

    TrANSFErNCiAPara Paulo de Barros Carvalho22, preo de transferncia

    a forma encontrada para, vericando-se ter sido efetuada

    a transao entre partes vinculadas, mediante xao de

    preo diverso do de mercado, substituir o preo maculado

    pela inuncia das partes por aquele, independente de

    vnculo, impedindo, com isso, a distribuio disfarada

    de lucros e, assim, permitindo aferir-se o real montante

    da renda auferida, sujeita tributao, em consonncia

    com o princpio do arms length. O preo arms length,

    segundo Gustavo Brigado e Bruno Lyra23 , o valor que

    teria sido convencionado entre partes no relacionadas,

    em operaes similares, sujeitas a condies semelhantes.

    Devemos esclarecer que no havia legislao especca

    sobre a matria preo de transferncia, entretanto, com

    o advento da Lei 9.430/96, pela primeira vez, surgiu a

    regulamentao sobre o tema.

    Ao analisarmos o art. 23 da lei 9.430/96, podemos

    vericar quais so as pessoas consideradas, pela

    legislao, como vinculadas pessoa jurdica domiciliada

    no Brasil, aplicando-se, portanto, as regras do preo de

    transferncia.

    Devemos observar que ao se aplicar valores dispares

    dos reais adotados no mercado internacional, como bem

    salientou Paulo de Barros, temos que na remessa de

    produtos de coligadas no exterior para mercado nacional,

    utilizando-se preos subfaturados, poder em face da

    sonegao scal, tornar o produto mais acessvel no

    mercado importador, caracterizando, destarte, verdadeira

    concorrncia desleal.

    No Brasil, a apurao do preo de transferncia acabou

    sendo realizada de maneira singular (vide artigo 18, da Lei

    9.430/96, com as alteraes das leis 9.959/00; 10.451/02

    e 11.116/05), pois as regras adotadas pela legislao

    ptria no se baseiam em nenhum dos princpios que

    norteiam as chamadas arms length , podendo, inclusive,

    conitar com as normas da OCDE (Organizao de

    Cooperao e Desenvolvimento Econmico). J nas

    exportaes, os mtodos do preo de transferncia

    esto relacionados no artigo 19 da Lei 9.430/96. Apesardas prescries da metodologia a ser adotada tanto nas

    importaes quanto nas exportaes, o artigo 20 da lei

    9.430/96, outorga poderes ao Ministro da Fazenda para

    majorar ou reduzir os percentuais prescritos nos artigos

    18 e 19, diante de circunstncias especiais. Ressalta-se

    que ao outorgar tal poder ao Ministro da Fazenda s o

    faz em circunstncias especiais, no lhe dando qualquer

    tipo de discricionariedade ou mesmo arbitrariedade para

    18. opus cit. Alberto Xavier, pg. 84 e 8519. opus cit. Alberto Xavier, pg. 8920. opus cit. Alberto Xavier, pg. 92

    21. opus cit. Alberto Xavier, pg. 108/11022. Paulo de Barros Carvalho, Preo de Transferncia no Direito Tributrio Brasileiro, in tributao, justia e liberdade Ed. Juru, 2005, p. 54823. Gustavo Brigado e Bruno Lyra - Dir. Trib. Intern. Vol. IV.- Quatier Latin 2007 p. 434

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    18 19

    realizar eventuais alteraes. Neste sentido, temos o

    posicionamento preciso de Ricardo Mariz de Oliveira24:

    Ainda, a respeito dos atos ministeriais que

    devem alterar as margens porcentuais previstas

    na lei, h necessariamente que se armar serem

    eles mandatrios todas as vezes em que se

    verica a existncia de circunstncias especiais,

    uma vez que a obrigao tributria est sempre,

    e indubitavelmente, submetida ao preceito da

    estrita legalidade.

    Em virtude desse princpio constitucional

    o Ministro da Fazenda no tem poderes

    discricionrios para dar ou no dar, conceder ou no

    conceder. O que ocorre que, sendo impossvel,

    para a lei prever e reger nas minudncias todos

    os aspectos que podem formar hiptese legal

    de circunstncias especiais, limita-se ela a dar

    um comando genrico cometendo autoridade

    a incumbncia de vericar os fatos concretos,

    para que recebam uma disciplina especca e

    distinta da regra geral prevista na lei. Contudo,

    havendo tais circunstncias especiais, o limite

    de ao dessa autoridade resume-se a constatar

    ou no a existncia de fatores constitutivos das

    mesmas e a ajustar porcentagens legais em

    correspondncia com tais circunstncias.

    o TAX HAVENS

    Ao tratarmos do tema direito tributrio internacional,

    especicamente sobre planejamento tributrio

    internacional, surge como tema central pases queconcedem incentivos para que as empresas depositem

    seus ativos nanceiros em troca de uma tributao nma.

    Referidos pases so comumente chamados de parasos

    scais. H na doutrina ptria defensores e detratores

    de tais regimes tributrios privilegiados sendo certo

    que os primeiros entendem ser um direito subjetivo do

    contribuinte escolher a forma menos onerosa de tributao,

    protegendo o contribuinte de regimes scais opressivos de

    determinados pases e como sendo indispensvel ao uxo

    internacional de capitais. J a segunda corrente, entende

    que tal subjetivismo encontra limites em enunciados

    constitucionais, como por exemplo, da Supremacia do

    Interesse Pblico sobre o do Particular, da Isonomia, da

    Capacidade Contributiva, dentre outros, devendo tais

    escolhas serem vetadas ou oneradas.

    Segundo bem esclarece Heleno Torres se existe o

    planejamento tributrio, como atividade por excelncia dos

    contribuintes, predispostos a uma organizao de negcios

    com a menor repercusso scal, tal plano somente

    possvel de ser elaborado, em muitos dos casos, porque

    existem as opes scais, concedidas bene gratia pelos

    Estados. Esses catlogos de opes encontram-se em

    todos os pases, numa espcie de planejamento tributrio

    pblico s avessas, montados no para obter, mas para

    favorecer a economia dos prprios tributos que cobra, com

    o m de atrair os melhores investimentos e as empresas

    mais rentveis, para concentrar a maior quantidade de

    riqueza possvel nos limites de suas fronteiras...O autor

    do planejamento tributrio, portanto, no far mais

    do que selecionar a melhor opo, interna ou externa,

    confrontando as legislaes em vigor, para identicar a

    que melhor atende aos seus interesses25.

    Por outro lado, torna-se imperiosa a tarefa de

    identicao dos pases que adotam a concorrncia scal

    prejudicial, pois s assim poder o Estado prejudicado

    tomar providncias em relao s partes envolvidas

    (contribuinte e Estado com tributao favorecida). Sem

    esta identicao, torna-se impossvel quaisquer aes

    para amenizar tais prejuzos.

    Os regimes de prticas fscaispefeencas (Pefeencal tax syste)

    Cumpre esclarecer que os mtodos de prticas scais

    que venham beneciar os contribuintes reduzindo-lhes a

    carga tributria uma prtica utilizada pela maioria dos

    pases. Segundo assevera Heleno Torres as concesses

    que os pases tem feito para atrair atividades produtivas,

    de comrcio, servios ou investimentos passivos so as

    mais variadas, sendo as formas de incentivos scais,

    isenes totais ou parciais (reduo da base de clculo,

    concesso de crdito presumido etc.) e os incentivos

    nanceiros vinculados arrecadao de tributos como

    emprstimos, em condies vantajosas, as modalidades

    mais representativas. Paralelamente, seguem-se as

    demarcaes geogrcas, favorecidas, como zonas

    francas, territrios aduaneiros favorecidos, as amortizaes

    especiais, ajudas para o incio das atividades, zonas

    de investimentos privilegiadas, incentivos s micro e

    pequenas empresas, reinvestimento de ganho de capital,

    crditos de imposto em favor de reinvestimentos, prtica

    de rulings, entre outros. Nenhum pais prescinde desses

    instrumentos, mas o problema no est no uso, mas no

    excesso de recursos a esses meios, at cair no abuso e na

    nocividade26. Como explicou o autor, os mtodos utilizados

    para atrair o capital so inmeros, entretanto, quando

    tais mtodos so utilizados de forma indiscriminada,

    objetivando, na realidade, apenas, a absoro do capital

    produzido em outros pases, est caracterizada a forma

    mais nociva de prticas scais prejudiciais. Na realidade,

    tais pases no oferecem tais benefcios objetivando o

    fomento de seu comrcio, indstria ou servios, o real

    objetivo pura e simplesmente fazer ingressar o capital

    e lucro das empresas para que com eles, em detrimento

    dos pases de origem da produo, possam obter lucros

    sem grandes esforos e, em ltima instncia, acobertando

    eventuais desvios de recursos dos contribuintes dos pases

    produtores. Lembra Heleno Torres que as Naes que

    se utilizam de tais prticas no se limitam as pequenos

    pases ou economias, alertando ser um preconceito

    tal pensamento. A deciso de um Estado em passar a

    adotar uma legislao tributria mais benca no algo

    exclusivo de pases pequenos, como muitos supem. Esse

    um preconceito assaz incipiente que j de incio deve

    ser afastado. Nada impede que pases reconhecidamente

    dotados de uma tributao elevada passem a ter tributaomitigada, combinando legislao interna com normas de

    tratados para evitar a dupla tributao, e dando lugar

    criao do pior tipo de concorrncia scal prejudicial, ao

    conceder benefcios genrico ou especcos, i.e., para

    certo tipo de negcio jurdico, estrutura societria ou

    forma jurdica, pelas maiores diculdades de controle que

    apresentam27. Faz-se necessrio diferenar os parasos

    scais (tributao favorecida) dos societrios favorecidos

    (parasos societrios), dos regimes bancrios e nanceiros

    favorecidos (parasos bancrios) e do regime penal

    favorecido (paraso penal)

    Os critrios para que possamos identicar os chamados

    parasos scais so:

    1. Revele total ausncia de imposto ou que o sistema

    seja dotado de impostos nominais ou muito reduzidos,

    tanto para residentes quanto para no-residentes;

    2. Tenha impostos normais para os fatos jurdicos

    tributrios constitudos internamente para residentes e

    impostos com alquotas substancialmente reduzidas para

    investimentos ou rendimentos de fontes externas, ou no-

    residentes;

    3. Estabelea privilgios ou incentivos scais

    especiais para certas categorias de pessoas, rendas ou

    operaes.

    Comparao da carga fscal como critriode detena ds pases c egetbt vantajs

    Vrios pases com o objetivo de preservar os negcios

    realizados por seus contribuinte, criaram uma lista negra

    dos chamados pases com regime tributrio vantajoso,

    sendo certo que se inseridos na black list os pases de

    origem onde se produz o capital, poder tomar medidas

    econmicas que venha retirar eventual vantagem obtida.

    Interessante observar que os pases se utilizam em

    variados nveis da comparao da carga tributria adotada

    por eles em relao aos chamados parasos scais, por

    exemplo, na Inglaterra considera-se um pas de tributao

    vantajosa, portanto, inserido na lista negra do sco ingls,

    quando o imposto estrangeiro for inferior metade do

    imposto devido na Inglaterra. J na Frana, uma sociedade

    estrangeira ser considerada em pas com tributao

    favorecida, quando a tributao for inferior a 2/3 da

    tributao aplicvel internamente. Na Itlia, por sua vez,

    caracteriza-se o pas estrangeiro com tributao favorecida

    aquele que submeter a sociedade a uma tributao inferior

    metade do que a cobrada internamente28.

    Como podemos observar, os critrio variam de acordo

    com o pas, adotando cada Nao, aquele que melhor se

    24. Ricardo Mariz de Oliveira, Preo de Transferncia, in Tributos e Preo de Transferncia Dialtica pg. 30025. opus cit. Heleno Torres, pg. 68

    26. opus cit. Heleno Torres, pg. 73/7427. opus cit. P. 75 e 8128. opus cit. Heleno Torres - Pg. 91

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    20 21

    encaixa aos seus interesses. Cumpre ressaltar, mais uma

    vez que, integrante da Black list , poder o pas que se

    sentir prejudicado aplicar a norma antielisiva que entender

    cabvel.

    A questo que perdura : Ser que referida lista

    negra taxativa?

    Para alguns autores a lista seria taxativa. Entretanto, se

    assim entendermos, deveremos acatar a ideia de que as

    operaes realizadas com pases que no se encontram em

    tal lista no podero sofrer qualquer sano ou aplicao

    de normas antielisivas. Entendo, particularmente, que este

    deveria ser o critrio, pois se pases que no constarem

    da lista iniciarem qualquer processo objetivando ingressar

    no universo de pases com tributao favorecida, os

    mesmos podero ser acrescentados lista, no deixando

    o contribuinte que se utiliza legitimamente dos benefcios

    em total insegurana jurdica. Entretanto, Heleno Torres

    critica a taxatividade da black list por trs razes:

    1. Porque sempre ser possvel a utilizao

    intermediria de um territrio qualquer entre o pas com

    tributao favorecida e o pas da lista;

    2. Por falta de reviso e atualizao frequente da

    lista, gerando tratamentos desiguais para sujeitos que se

    encontre em condies semelhantes; e

    3. Porque ela no esgota todas as possibilidades de

    espcies de pases com tributao favorecida, cando de

    fora regimes de prticas scais preferenciais (preferencial

    tax system).

    Quais so os critrios adotados peloBrasil na Identifcao dos Pases com

    tbta faveca?

    Como j salientamos, a gura dos pases com tributao

    favorecida, foi instituda na legislao brasileira atravs

    da Lei 9.430/96, posteriormente, com a edio da Lei

    9.979/99, determinou-se que os rendimentos auferidos

    atravs de operaes em que o benecirio seja residente

    ou domiciliado em pases que desonere de tributao

    totalmente as rendas ou s tribute em percentual inferior

    a 20%, estaro sujeitos alquota de imposto de renda

    na fonte no percentual de 25%. Tal preceito aplica-se com

    exceo:

    1. remessas para pagamento de arrendamento

    mercantil;

    2. de juros sobre emprstimos superiores a 15 anos;

    3. de pases que mantm tratado de no-bitributao;

    4. de juros ou comisses para colocao de ttulos

    brasileiros no exterior com prazo mdio de amortizao de

    96 meses;

    5. de juros de desconto, no exterior, de cambiais

    de exportao e as comisses de banqueiros inerentes a

    essas cambiais;

    6. de juros e comisses relativos a crditos obtidos

    no exterior e destinados ao nanciamento de exportaes

    do Brasil.

    De outro lado, a Lei 9.950/00 , instituiu que as remessas

    efetivadas para os chamados parasos scais, sero objeto

    de imposto de renda na fonte em percentuais que variam

    de 0% a 25%. O regime jurdico ptrio adotado para a

    identicao dos chamados parasos scais, so aqueles

    inicialmente tratados no artigo 24 da lei 9.430/96, ou seja:

    Art. 24. As disposies relativas a preos,

    custos e taxas de juros, constantes dos artigos

    18 a 22, aplicam-se, tambm, s operaes

    efetuadas por pessoa fsica ou jurdica residente ou

    domiciliada no Brasil, com qualquer pessoa fsica

    ou jurdica, ainda que no vinculada, residente ou

    domiciliada em pas que no tribute a renda ou que

    a tributao seja inferior a 20% (vinte por cento).

    Como vimos de ver, a Lei 9.340/96 levou em

    considerao alm de critrios objetivos, os aspectos

    subjetivos para se identicar os chamados parasos scais.Como esclarece Heleno Torres ...Com isso, passa a

    alcanar no somente os pases que no tributem a renda

    ou que tributem com alquota mxima inferior a 20% mas

    tambm os que mantenham uma alquota efetiva acima

    desse patamar, abrigando, porm, formas societrias ou de

    investimentos que, pela natureza jurdica do ente, recebam

    um tratamento scal privilegiado e sejam tributadas com

    alquotas inferiores a 20%29

    lct lct a tlza de pasesc tbta favecda paa edz acaga tbta?

    Como arma Victor Uckmar,30 citado por Heleno

    Torres em princpio, a utilizao de jurisdio de

    regime favorecido deve considerar-se como uma eleio

    perfeitamente legtima e como uma possibilidade de ao

    de que dispe o contribuinte, desde que tais operaes

    sejam substancialmente factveis. Na realidade no

    devemos confundir o planejamento scal, utilizando-se das

    formas menos onerosas para a continuidade das relaes

    negociais, com o ilcito scal, ou seja, a realizao de atos

    eivados de ilegalidade, objetivando, exclusivamente, com

    dolo, evadir-se das responsabilidades tributrias, sejamelas principais ou acessrias.

    Qas s ds de tlza ds pasesc tbta favecda?

    As possibilidades de utilizao dos pases com

    tributao favorecida podem ocorrer atravs da proteo

    de bens (Trust), patrimnio ou investimentos, acumulao

    de rendimentos, por instalao de holdings, e demais

    formas de sociedades-base, ou transferncia de haveres,

    por sociedades-condutoras.

    TrEATY SHoPPiNG; ruLE SHoPPiNG ECASoS TriANGuLArES

    Teaty ShppngCumpre observar que para se realizar um planejamento

    tributrio internacional no basta, apenas, optar pela

    escolha do pas que venha onerar da menor forma

    possvel o contribuinte que pretende ver reduzida a sua

    carga tributria. Alm da escolha do Pas com vantagens

    tributrias internas, devem-se observar os tratados

    realizados entre tais pases, especicamente em relao

    aos pases que mantm tratados de no bitributao

    com o Brasil. Assim, ao se realizar tais escolhas, deve-

    se vericar a lista dos pases que possuem tais tratados

    para que a deciso a ser tomada seja a mais correta. O

    processo para que se faa a analise de qual o melhor pas

    para o planejamento tributrio internacional chamado

    de Treaty shopping. Por outro lado, quando utilizado o

    estudos das convenes de forma indevida, distorcida ou

    uso abusivo, nominado pela doutrina de rule shopping.

    Para Heleno Torres31 as convenes internacionais em

    matria tributria, que so adotadas para evitar, reduzir

    ou eliminar a dupla tributao sobre rendimentos entre

    os Estados signatrios..., podem sofrer distores nos

    respectivos atos de aplicao, com o uso indevido de suas

    disposies.

    O uso indevido dos tratados internacionais pode ser

    analisado sob duas ticas diferentes, a saber: 1) quando

    se trate de benecirio no residente e 2) quando se

    trate de benecirio residente. No primeiro caso, temos

    situaes que apesar de no residente, o benecirio faz o

    planejamento como se residente fosse, beneciando-se de

    regalias e vantagens outorgadas apenas aos residentes,

    sendo certo que em condies de normalidade no

    seria possvel usufruir de tais benefcios. No segundo

    caso estaramos frente situao do benecirio que,

    apesar de residente, passam a se beneciar dos tratados

    adotando suas denies e qualicaes para se beneciar

    de uma tributao menos onerosa, s que utilizando-se

    de atos viciados pela fraude, simulao ou manipulao,

    caracterizam-se formas inadmissveis de planejamento,

    subsumindo-se ao que denominamos linhas atrs de rule

    shopping.

    Heleno Torres nos d um exemplo prprio de Treaty

    Shopping a saber

    Assim, podemos entender como elementos

    caracterizadores dos Treaty Shopping : a) busca planejadada melhor conveno, visando a um resultado sob o

    aspecto scal mais vantajoso; b) a pessoa que planeja

    no pode ser residente de nenhum dos pases signatrios

    da conveno escolhida; c) participao de pessoa

    qualicvel como residente no pas signatrio do acordo

    selecionado, distinto do pas da fonte dos rendimentos; e

    d) afastamento do regime aplicvel pelo pas da fonte do

    rendimento, mediante o uso do privilgio garantido pelo

    tratado escolhido32.

    29. opus cit. 97

    30. opus cit. P. 9831. opus cit. 32332. opus cit. pg. 327

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    rle Shppng

    O rule shopping nada mais do que uma forma indevida

    de uso das convenes internacionais, pois neste caso, o

    planejamento tributrio objetiva revogar as classicaes

    aplicveis aos rendimentos ou denies previstas nas

    convenes, adotando, sempre, a qualicao que lhe

    propicie um regime tributrio mais vantajoso.

    Finalmente, em relao ao rule shopping, podemos

    identicar os chamados casos triangulares.

    Cass Tanglaes

    Segundo Heleno Torres, casos triangulares consistenas situaes nas quais se apresenta a pretenso

    tributria de trs ou mais Estados, em relao a uma

    mesma hiptese de incidncia que envolve somente dois

    sujeitos, sendo um deles dotado de um estabelecimento

    permanente (desprovido de personalidade jurdica prpria

    em relao matriz) situado em um terceiro pais. Nesse

    caso, a triangulao se verica porque a matriz (situada no

    pas A) controla, por meio do estabelecimento permanente

    (situado em um pais B), um terceiro sujeito (alocado em

    um pais C). Continua o autor Sendo mais claro: em diversos

    pases vigoram regras especiais para a tributao de

    dividendos distribudos entre as sociedades, cuja aplicao

    pacca. Ocorre que, muitas vezes, as participaes (em

    sociedades) fazem parte do ativo de estabelecimentos

    permanentes situados em terceiros pases, em relao ao

    pas matriz destes, o que gera graves problemas sobre

    o regime tributrio adequado para o tratamento das

    remessas de lucros e distribuio de dividendos.

    As razes para o uso de estabelecimento permanente

    na gesto de participao em sociedades situadas em

    terceiros pases, deslocadas da sede da prpria empresa,

    so as mais variadas, mas dentre outras apresentam-se

    razes de:

    . necessidades decorrentes de obrigaes legais

    ou regulamentares que imponham a estabelecimentos

    bancrios e nanceiros, bem como s companhias

    de seguros, a conservao em depsito, nos pases

    onde exercem as suas atividades, de uma determinada

    importncia em valores (aes) como garantia das

    operaes;

    . oportunidade, quanto as participaes em causa diz

    respeito a sociedades que mantm relaes comerciais

    com estabelecimento permanente;

    . comodidade, como forma de descentralizao de

    gesto.

    O problema surge , em face de uma dada conveno,

    quando um estabelecimento permanente (residente em

    um Estado contratante B) de uma empresa (residente

    no outro Estado contratante A) recebe dividendos,

    juros ou royalties provenientes de um terceiro Estado (de

    empresa na qual o estabelecimento permanente participa

    C). Nesse caso, coloca-se a necessidade de saber se o

    Estado onde est situado o estabelecimento permanente

    (B) poder imputar o imposto no recupervel do terceiro

    Estado (C).33

    Ao analisarmos as palavras do professor, podemos

    identicar como operaes triangulares como sendo o

    estudo para se obter vantagens tributrias quando da

    utilizao de trs ou mais Estados estiverem envolvidos

    em determinada negociao, em especial as envolvendo

    remessa de lucros. Nesta situao deve-se observar a

    legislao interna dos Estados envolvidos e se os mesmos

    so signatrios das convenes que admitem a absoro

    destes capitais sem que haja a temida pluritributao.

    TrANSFErNCiA DE SEDE PArA oEXTErior

    Quando nos referimos transferncia da sede de umaempresa para o exterior, podemos pensar em mudana

    de nacionalidade de uma empresa ou apenas a mudana

    de seu domiclio ou residncia. Evidentemente, quando se

    estuda a mudana de domiclio ou nacionalidade, objetiva-

    se, em regra, obter a maior vantagem tributria possvel,

    assim sendo, so vrios os fatores que podem contribuir

    para tal deciso, a saber:

    1. objetiva apenas mudar de jurisdio;

    2. objetiva reestruturar suas atividades ampliando-

    as visando o mercado mundial, transferindo-se para um

    pas mais central aos seus mercados ou para um pas onde

    concentrar a maior parte de seus negcios;

    3. objetiva a reduo da organizao da pessoa

    jurdica , elegendo o local mais conveniente para a

    realizao de seus negcios;

    4. objetiva transportar a sede da empresa prxima de

    sua matriz, no caso de aquisio, fuso ou incorporao de

    empresas situadas em pases diversos, por convenincia

    logstica ou tributria;

    5. objetiva a transferncia para aproveitar a

    oportunidade no mercado, para atender a necessidades

    especcas, caso de realoc-la diante da crescente

    internacionalizao dos processos produtivos ou,

    simplesmente, otimizar a carga scal incidente sobre o

    empreendimento.

    Tansfenca da sede e nacnalzade pessa jdca

    Ao dissertar sobre o assunto Heleno Torres esclarece

    que em alguns ordenamentos , j encontra-se plenamente

    reconhecido o direito de as pessoas jurdicas, tal qual as

    fsicas, tambm elas poderem mudar de nacionalidade

    sem que necessitem extinguir-se previamente, sendo

    essa mudana de nacionalidade correspondente

    nacionalizao da pessoa jurdica.

    Legitimamente, portanto, uma sociedade estrangeira

    pode querer tornar-se nacional de um pas, como pode

    uma sociedade nacional requerer tornar-se estrangeira.

    Nesse caso, a sobrevivncia da personalidade jurdica

    da sociedade depender da lei que lhe conferiu a

    nacionalidade originria, porque a lei do pas de origem

    pode prever que a perda da nacionalidade da sociedade

    implique sua dissoluo...Da outra parte, do Estado que

    outorga a sua nacionalidade sociedade j existente

    noutro sistema jurdico , ou a supe desconstituda e

    constituda de novo, ou a benecia com a manuteno

    da personalidade jurdica, ou a recepciona, o que faz por

    meio de procedimento de nacionalizao.34

    No Brasil, em regra, exige-se a dissoluo da sociedade

    para se proceder a nacionalizao. Entretanto, no h bice

    em instituir-se nos estatutos a possibilidade dos scios

    solicitarem a mudana da nacionalidade da sociedade. Em

    suma, tratando-se de nacionalizao de empresas, deve-se

    observar no s a legislao do Estado no qual a empresa

    pretende pleitear a mudana, como tambm a legislao

    do seu pas de origem. Em suma, a nacionalizao no

    importa em criao de nova pessoa jurdica, mantendo-se

    a sua personalidade.

    No Brasil, manteve-se o pressuposto da nacionalidade

    brasileira por fora de nossa Constituio. Entretanto, a

    partir da EC 6/95 ao revogar o artigo 171 de nossa Carta

    Magna, suprimindo a distino entre empresas nacionais

    e empresas estrangeiras em funo da origem do capital

    social, segundo Heleno Torres, no suprimiu a diferena

    de tratamento entre empresas brasileiras e empresas

    estrangeiras. Com a extino do artigo 171 da Constituio

    Federal, a matria voltou a ser regida pelo Decreto-Lei

    2.627/40, antiga lei das Sociedades por Aes (vide art.

    60 do DL 2.627/40).

    Quando da mudana da sede de empresa brasileira para

    o exterior, no caso das sociedades annimas s podem ser

    admitidas (mudana de nacionalidade) com a aquiescncia

    de todos os acionistas (vide ar. 72, do DL 2.627/40). J

    em relao as demais sociedades (comerciais e civis de

    pessoas), a legislao ptria prescreve que a extino da

    sede social no Brasil acarretar a perda da nacionalidade

    brasileira (art. 26, 1o. do Dec 93/35). Como observamos,

    na transferncia da sede de empresa brasileira para o

    exterior e havendo perda de todos os critrios de conexo

    com o territrio, acarretar a perda da nacionalidade e

    no mais estar sob a gide das leis ptrias. Cumpre

    ressaltar que a sociedade pode dissolver-se e constituir-

    se em qualquer outro territrio, dependendo, apenas, dos

    interesses subjetivos da empresas.

    33. opus cit. pg. 342/345 34. opus cit. 387 e 403

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    SuBCAPiTALiZAo DAS EmPrESAS Eo rEGimE DE JuroS SoBrE o CAPiTALPrPrio

    As empresas para serem constituda e manterem suas

    atividades, necessitam de capital, pois as sociedades so

    assim constitudas. Entretanto, com o passar do tempo, as

    empresas, objetivando expandir seus negcios ou mesmos

    ultrapassar perodos de crise, acabam se socorrendo da

    captao de recursos que podem ser obtidos atravs

    de vrias formas, tais como, emprstimos nacionais ou

    internacionais, obteno de recursos atravs da abertura

    de seu capital no mercado de aes, emprstimos com

    terceiros, obteno de recursos com os prprios scios ou

    acionistas (fontes externas) ou obter tais nanciamentosatravs do reinvestimento dos lucros e do acumulo

    do patrimnio (fontes internas). Ao nos referirmos a

    subcapitalizao, estamos nos referindo, exatamente, as

    formas de obteno de nanciamento atravs das chamadas

    fontes internas. Estela Camargo35 costuma asseverar que

    uma empresa est em estado de subcapitalizao quando

    os seus dbitos para com os seus scios superem o capital

    social, isto , quando a proporo entre os dbitos e o

    capital prprio apontar um endividamento excessivo da

    sociedade, segundo critrios previamente estipulados pelo

    ordenamento.

    Para o International Bureau of Fiscal Documentation

    IBFD, uma sociedade pode ser nanciada em duas formas:

    com capital ou atravs de passivos, e geralmente ser

    nanciada mediante uma combinao de passivo e capital.

    Uma sociedade considerada como subcapitalizada (thinly

    captalized) quando seu capital pequeno em relao ao

    seu passivo.

    Resta observarmos que a empresa que estiver

    subcapitalizada poder equilibrar tais distores atravs

    de obteno de emprstimos com terceiros, emprstimo

    de capital prprio ou aumento de capital. Cumpre salientar

    que a escolha ir depender da legislao do pas de origem

    e do pas destinatrio do capital.

    Ao tratar da matria, Heleno Torres assim escreve:

    Normalmente os Estados reconhecem a plena

    legitimidade do planejamento societrio para a

    tomada de decises sobre aumento de capital,

    reinvestimento de lucros ou endividamento

    atravs de tomadas de emprstimos a scios ou

    nanciamento de terceiros. Contudo, quando

    o assunto emprstimo de capital prprio,

    o problema toma outras nuanas, porque esta

    situao exige limites e corretivos, como dito

    anteriormente, para no descaraterizar o papl

    do scio e seus compromissos com o capital social

    (em face do risco empresarial) e evitar mculas

    continuidade da pessoa jurdica e a manuteno

    do princpio da segurana jurdica para os seus

    credores - em face da garantia geral patrocinada

    pelo capital prprio - e, em particular, ao prprio

    Fisco.

    Por esta razo, o direito deve intervir regulando

    esta situao, de tal modo que s sociedades seja

    defeso possuir patrimnio reduzido, entendendo

    que a subcapitalizao nao deva persistir, por gerar

    riscos de danos aos credores pelo nanciamento

    da sociedade sem o correspondente aumento

    do patrimonio lquido. Mas este um problema de

    direito privado.

    Do ponto de vista scal, a razo basilar

    do estmulo para a deciso do nanciamento

    da empresa mediante emprstimos de capital

    prprio funda-se, bsicamente, numa tentativa

    de evitar o acmulo scal devido pelo mesmo lucro

    produzido.

    Por isso, para o Direito Tributario, o controle

    sobre essa situao exsurge em face das

    repercusses contbeis do problema, pela reduco

    da base de clculo das rendas tributveis, mas

    no como forma de funo repressiva a abusos ou

    descumprimento de normas de direito comercial.Basta entendermos a repercusso scal das

    opes de nanciamento da empresa mediante

    aumento de capital ou emprstimo de capital

    prprio.

    Havendo aumento de capital, o correspectivo

    a ser pago pelo uso desse capital (de risco) ao

    scio ou acionista ser qualicado como dividendo.

    Os dividendos so distribudos com base nos

    lucros auferidos pela empresa e aps terem sido

    tributados. Por conseguinte, submetem-se (por

    antecipao) taxa do imposto normal sobre

    a renda da empresa e a uma outra (em vrios

    pases), mais reduzida, pelos lucros distribudos,

    alm da incidncia de um imposto na fonte

    a ser suportada pelo benecirio no seu pas

    de residncia (salvo existncia de acordos de

    bitributao), com manuteno de urna dupla

    tributao por distribuio societria internacional,

    sobre o mesmo rendimento.

    Sendo o nanciamento efetuado com capital

    prprio, o correspectivo a ser pago pelo uso

    do capital-emprstimo ao scio ou acionista

    ser qualicado como juro, o que far evitar

    aquela dupla incidncia, com um benefcio

    bidirecionado: i) contabilmente, estes pagamentos

    sero considerados como despesas nanceiras

    necessrias e dedutveis para os ns scais, o

    que reduzir a proporo do lucro imponvel da

    empresa; e ii) a empresa no car obrigada ao

    pagamento do Imposto sobre a Renda (no Estado

    da fonte), restando os juros submetidos apenas

    ao tratamento impositivo adotado pelo Estado de

    residncia do benecirio, que normalmente se d

    com a aplicao de alquotas menos onerosas.

    Neste caso, o nanciamento por emprstimo,

    em vez de aumento do capital de risco, gera uma

    ntida economia de impostos, o que privilegia esta

    opo no mbito do planejamento, que ca a

    depender apenas daquela j mencionada relao

    entre as vantagens e desvantagens, segundo o

    momento econmico da empresa.

    Por conta disso, alguns pases, para efeitos

    scais, qualicam a situao de subcapitalizaoda empresa quando vericam uma inequvoca

    desproporo entre o capital da empresa e o capital

    oriundo de emprstimo de capital prprio, segundo

    criterios espe-ccos, desqualicando, por sua vez,

    os valores pagos como juros e atribuindo-lhes, por

    outro lado, a qualicao jurdica de dividendos.

    Fazendo isto, o Estado da fonte preserva a base

    de clculo do IRPJ e ainda tributa os dividendos

    quando da distribuio, caso lhe seja possvel,

    como forma de controle a distribuio disfarada

    de lucros.

    Os problemas decorrentes da subcapitalizao

    praticada com a nalidade de economia de

    impostos so mais comuns em relao as empresas

    transnacionais dotadas de estabelecimentos

    residentes em diversos pases ou possuidoras

    de parcela do capital de empresas sediadas em

    pases distintos daquele de sua prpria sede e aos

    uxos transnacionais de riqueza que entre estes se

    instauram.

    Segundo Pistone, a thin capitalization nada

    mais seria que urna tcnica elisiva que permite a

    sociedade desfrutar das disposies normativas

    que consentem a dedutibilidade dos juros passivos

    atravs de um nanciamento ctcio concedido

    por urna sociedade formalmente mutuante

    mas substancialmente scia, a outra sociedade

    localizada

    O tema da subcapitalizao tem sido

    tratado por vrios pases, legislativa ou em uma

    nao diversa, aparentemente muturia mas em

    realidade participada pela primeira. Com isso,

    faz aparecer como mtuos aquelas operaes

    intragrupos que, na realidade, deveriam, ao invs,

    congurar-se como aumento de capital social,

    operando, assim, uma tpica distribuio oculta

    de lucros. Em que pese a douta opinio deste

    renomado autor, entendemos que, na maior parte

    das vezes, de eliso nao se trata.

    Para uma melhor compreenso, faamos uma

    anlise tpica do problema.

    Uma pessoa (Y), residente no Estado A,

    scio ou acionista de uma empresa (X) residente

    no Estado B. A sociedade necessita de capital.

    Ento, Y pensa: devo usar capital prprio oucapital de terceiro (emprstimo)? Para decidir entre

    as duas opes de nancia-mento, este sujeito

    ir considerar o impacto scal sobre o negcio, a

    luz dos dois ordenamentos, procurando antecipar,

    comparativamente, os resultados.

    Na hiptese de Y optar por nanciamento

    mediante capital-emprstimo, as consequncias

    so as convencionais, i.e., a renda proveniente da

    remunerao paga ser qualicada como juro,

    contabilizada como despesa operacional dedutvel

    e tributada apenas no ato de percepo pelo

    benecirio. Todavia, ao escolher o nancia-mento35. Estela Camargo Aspectos Internacionais da Capitalizao Disfarada, RJ, ABDF, a996, pg. 65

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    mediante capital prprio, teremos um quadro

    diverso, sem que haja para o mesmo uma regra

    universal aplicvel. Os problemas comeam pela

    prpria qualicao do rendimento: juro ou

    dividen-do. Discute-se a sua caracterizao como

    despesa e, por conseguinte, a correspondente

    possibilidade de dedutibilidade dos valores, ou no.

    E, por m, do regime tributario aplicvel espcie.

    Ao serem pagos os juros para obter ingressos,

    de um modo geral, autoriza