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O mundo Uno e o mundo Dual Atlântida, Lemúria, Mu, Hi-Brazil, Hiperbórea, Avalon, Arcádia, Thule, Paraíso, Mundo Ideal. Todos eles representam, cada um para sua cultura e em seu zeitgeist, o mundo perfeito. E esse era o antigo mundo dos humanos, o mundo Uno. O mundo onde o requisito para a existência de algo era a própria existência. O mundo onde o humano e o divino eram indistinguíveis. Mas a humanidade o fracionou. As mais diversas alegorias tratam dessa partição. A expulsão do homem do Paraíso. A submersão das mais diversas ilhas míticas, como Atlântida. A prisão dos homens na caverna de Platão. Os exemplos são vastos. A essência, a mesma. A fração desses mundos é a própria fração do ser humano. Empirismo e racionalismo. O pensar em algo e o tocar em algo se tornaram distintos. Evidências desse mundo perfeito anterior estão ao nosso redor até hoje. Falar e fazer são coisas distintas, mas a raiz do verbo (ação) e do verbalizar (inerente ao pensamento) não é a mesma? O mundo tornou-se Dual. E com sua dualidade, surgiu o Maligno. Quando o mundo era Uno, assim também era o divino. A divisão em dois fez surgir sua contraparte. Não importa o nome dado ao longo das eras, mas o Deus dividiu-se. No mundo Uno, Ele e o mundo também o eram. No mundo Dual, é seu duplo quem está por trás da cortina. Bem e mal. Empírico e racional. Ser e estar. Real e imaginário. Esse dualismo fez-se presente em cada aspecto do ser humano. A “Atlântida” se afastava cada vez mais, submersa no oceano do esquecimento. Ao caminho para ela, alguns místicos deram o nome de plano Astral, em contraponto ao plano Material, este ao que nos prendemos ao empirismo e ao materialismo. A esta Atlântida ficou presa a capacidade humana de criar, de alterar o que nossos sentidos chamam de realidade, ao bel- prazer de cada um. Nós ficamos estagnados num mundo onde criamos nossos próprios grilhões. A escada ao Paraíso nos foi velada, sob a guarda de um anjo implacável. A viagem aos outros mundos

Plano Astral

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proposta de cenário para o RPG obscura

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Page 1: Plano Astral

O mundo Uno e o mundo Dual

Atlântida, Lemúria, Mu, Hi-Brazil, Hiperbórea, Avalon, Arcádia, Thule, Paraíso, Mundo Ideal. Todos eles representam, cada um para sua cultura e em seu zeitgeist, o mundo perfeito. E esse era o antigo mundo dos humanos, o mundo Uno. O mundo onde o requisito para a existência de algo era a própria existência. O mundo onde o humano e o divino eram indistinguíveis.

Mas a humanidade o fracionou. As mais diversas alegorias tratam dessa partição. A expulsão do homem do Paraíso. A submersão das mais diversas ilhas míticas, como Atlântida. A prisão dos homens na caverna de Platão. Os exemplos são vastos. A essência, a mesma.

A fração desses mundos é a própria fração do ser humano. Empirismo e racionalismo. O pensar em algo e o tocar em algo se tornaram distintos.

Evidências desse mundo perfeito anterior estão ao nosso redor até hoje. Falar e fazer são coisas distintas, mas a raiz do verbo (ação) e do verbalizar (inerente ao pensamento) não é a mesma?

O mundo tornou-se Dual. E com sua dualidade, surgiu o Maligno. Quando o mundo era Uno, assim também era o divino. A divisão em dois fez surgir sua contraparte. Não importa o nome dado ao longo das eras, mas o Deus dividiu-se. No mundo Uno, Ele e o mundo também o eram. No mundo Dual, é seu duplo quem está por trás da cortina.

Bem e mal. Empírico e racional. Ser e estar. Real e imaginário. Esse dualismo fez-se presente em cada aspecto do ser humano. A “Atlântida” se afastava cada vez mais, submersa no oceano do esquecimento. Ao caminho para ela, alguns místicos deram o nome de plano Astral, em contraponto ao plano Material, este ao que nos prendemos ao empirismo e ao materialismo.

A esta Atlântida ficou presa a capacidade humana de criar, de alterar o que nossos sentidos chamam de realidade, ao bel-prazer de cada um. Nós ficamos estagnados num mundo onde criamos nossos próprios grilhões. A escada ao Paraíso nos foi velada, sob a guarda de um anjo implacável. A viagem aos outros mundos ficou impossibilitada pela nossa teoria da relatividade. O contemplar às sombras da caverna nos impediu de ver as próprias formas. E, sob os auspícios dessa nossa Matrix, somos todos agentes, por não libertarmos nossas mentes.

Durante eras, o Maligno reinou os Multiversos, e lá proliferou. Nós deixamos a porta aberta e partimos para longe. O Maligno fez questão de fechar essa porta assim que ocupou nosso lar.

Agora, ele é forte. É o senhor de todos os mundos, menos um. Menos o nosso. O último troféu para sua coleção. E ele o quer. Afinal, no afã de sua criação, ele ainda almeja o Uno.

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Quando ele tentou alcançar nosso mundo, as portas mais uma vez foram abertas. Experiências extra-corpóreas, rituais alcançando seus objetivos. Os sintomas das ações dos poucos humanos cuja tradição buscava entre eras este contato passaram a ser percebidos.

O Astral não é o mundo do Maligno. O Astral é o oceano que permeia os diversos mundos, como os continentes de nosso mundo Material (o Midgard dos nórdicos). Ele é o caminho. E, uma vez que os humanos tenham reencontrado esse caminho, a energia de nossa Atlântida cósmica voltou a alcançar-nos. A humanidade ainda está longe de alcançar o continente perdido de sua consciência, mas a simples evidência de sua existência já derruba muitas das barreiras que o Dual nos criou.

Mas o Maligno sabe disso. Ele se preparou. É lá que ele planeja prender seus adversários. Pois os humanos há muito esqueceram como como navegar no Astral. Eles se maravilharão. A Maya hindú, a ilusão, será forte a eles. E é nesse estado de esquizofrenia que o Maligno fará com que muitos se percam, muitos esqueçam do mundo que ele planeja conquistar. Todos os mundos da imaginação humana estão ao alcance de todos no Astral, de maneira que esqueçam de seu próprio.

Mas o Astral também é vítima da causalidade. Tudo que ocorre no Material se manifesta nele, ao mesmo tempo que o inverso se aplica. Àqueles que dominarem e alterarem o Astral, os louros de comandarem o que a grande maioria da humanidade chama de Realidade!