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Leiria Global Esta revista faz parte integrante da edição 1775, de 19 de Julho de 2018 e não pode ser vendida separadamente Edição

Plano da capa:Apresentação 1 13/07/2018 15:06 Página 1 Edição · 58 Empresas de moldes dão salto para a injecção de plástico 62 Intermediários entram na área da produç

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  • Leiria GlobalEsta revista faz parte integrante da edio 1775, de 19 de Julho de 2018 e no pode ser vendida separadamente

    Edio

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  • Julho de 2018 Leiria Global 3

    inegvel que o paradigma do tecido empresarial portugus sealterou de forma substancial nos ltimos 10/15 anos.Como noutras reas da sociedade, em que soframos de um forteatraso face aos nossos parceiros europeus e conseguimos dar um

    salto gigantesco, apesar de por vezes o nosso esprito crtico disso seesquecer, tambm na economia os avanos foram enormes, mesmo queainda insuficientes para sermos aquilo que ambicionamos.A verdade que, olhando para a generalidade dos sectores empresariais,pouco do que se passa hoje comparvel com a realidade de h duas/trsdcadas, quando a nossa economia vivia muito custa do investimentopblico em infra-estruturas pagas com fundos europeus.Foram tempos em que a indstria percebeu o quanto estava atrasada epouco preparada para competir num mercado global, em que o comrciocomeou a definhar face ao aparecimento das grandes superfcies e dasinsgnias estrangeiras, em que a agricultura no ganhava para o custo daapanha, por insistir em frutas e hortcolas que abundavam no mercado.De l para c, apesar dos momentos difceis, os avanos foram enormes,havendo hoje que reconhecer que Portugal est j longe do Pas ilustradopelo burro a acompanhar uma senhora vestida de preto, onde o rstico,no seu pior sentido, caracterizava muito da nossa sociedade.Fosse pela necessidade criada pelas dificuldades, fosse pelo aparecimentode novas geraes com outro pensamento e mais preparao, a verdade que a nossa indstria se modernizou e alargou a presena na cadeia devalor, apareceram insgnias portuguesas a concorrer, no comrcio, de igualpara igual com as estrangeiras, e a agricultura sofreu uma transformaoradical, introduzindo novas culturas, como os frutos vermelhos,mecanizando as produes e inovando no processamento dos produtos.Ou seja, temos hoje uma economia que exporta muito mais, que tem lugarpara trabalhadores qualificados, que em alguns sectores uma refernciamundial e, muito importante, que acrescenta valor ao que produz,tendendo a abandonar a lgica de apenas produzir o que outros concebeme vendem.Os exemplos de empresas que introduzem engenharia, design, marketing,marca, etc, nos seus processos produtivos so cada vez mais, com naturaisrepercusses nos sucessivos aumentos anuais do valor acrescentado bruto,que cresceu 100% entre 1995 e 2015.Parece que estamos no bom caminho, mesmo que as coisas no aconteamto rapidamente como gostaramos.

    Joo Nazrio

    ndice Editorial

    Edio: Jorlis - Edies e Publicaes, Lda.Director: Joo Nazrio Redaco: Alexandra Barata, Cludio Garcia, Daniela Franco Sousa e Lurdes TrindadeServios Comerciais: Lcia Alves, Rui Pereira, Sandra Nicolau Paginao: Isilda Trindade, Rita Carlos Impresso: Onda Grafe, Artes Grficas, LdaTiragem: 20.000 N. de Registo 109980 Depsito Legal n. 5628/84 Distribuio: Jornal de Leiria, de 19.07.2018

    Ficha Tcnica

    4 Distrito com maior aumento nas exportaes em cinco anos

    12 As 50 Maiores Exportadoras doDistrito de Leiria

    14 Incorporar valor ao produto chavepara o xito

    20 A urgncia de reduzir as importaes22 Antnio Saraiva, presidente da CIP:

    Somos um Pas no radar do investimento

    30 Joaquim Menezes, presidente daEFFRA:Portugal uma espcie de arquiplago de competncias, de saberes e de talentos

    36 Empresas58 Empresas de moldes do salto

    para a injeco de plstico62 Intermedirios entram na rea

    da produo64 Portugal tem muito para crescer

    nas cadeias de valor globais68 Recursos humanos qualificados

    mudam paradigma da contratao72 Das ondas s vindimas, os mercados

    abrem portas ao exterior78 Negcios fundados sobre a inovao

    encontram portas abertas Mundo fora80 Software para camelos de Marrocos

    e servios para castelhanos

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  • Lurdes [email protected]

    O distrito de Leiria voltou a registar,em 2017, o maior valor de sempre nassuas exportaes, com 2.174 milhes deeuros. Ao mesmo tempo registou omaior aumento de vendas ao exteriordos ltimos cinco anos, com 7%.

    As importaes atingiram tambmum valor histrico, com 1.679 milhesde euros, mais 13% que em 2016.

    Desta diferena entre exportaes eimportaes, resulta um saldo comer-cial positivo de 495 milhes de euros.Ainda assim, a balana comercial dodistrito foi mais baixa (menos 10%)que em 2016, cujos valores absolutosapontaram para 549 milhes de euros.

    Apesar de tudo, a posio de Leiriaface ao Pas mantm-se, continuandoa ser o distrito com o maior saldo co-mercial, a seguir a Braga, Aveiro, Se-

    4 Leiria Global Julho de 2018

    Distrito commaior aumentonas exportaes em cinco anosCrescimento Leiria mantm-se como o quinto distritocom o maior saldo comercial do Pas, apresentando,desde 2013, o seu maior aumento de vendas aosmercados externos. Num cenrio em que as importaestambm crescem a um ritmo elevado.

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  • Julho de 2018 Leiria Global 5

    tbal e Viana do Castelo. Uma situaoque se deve no s diversificao doseu tecido empresarial, mas tambm existncia de empresas cada vez maisinovadoras e com a preocupao de ge-rar maior valor nos bens que produzem.

    O aumento das importaes no dis-

    RICARDO GRAA

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    LIC

    IDA

    DE

    Marinha Grande mantm omelhor saldo comercial dodistrito

    Espanha, Frana eAlemanha so osprincipais destinos das exportaes

    >>>

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  • 6 Leiria Global Julho de 2018

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    mento de 15% face a 2016.A matria-prima tambm esteve nos

    primeiros lugares. Havendo mais tra-balho e mais vendas ao exterior, h ne-cessidade de mais ao, alumnio emais matria-prima para os plsticos,de mais resina, entre outros.

    Mas vejamos o que aconteceu ao co-mrcio internacional no seu todo. Asmquinas, aparelhos e moldes segui-ram a mesma linha das compras e fo-ram as seces que mais evoluram nodistrito em matria de exportaes.Entre 2016 e 2017, as vendas ao es-trangeiro aumentaram 9%, corres-pondendo, em termos absolutos, aum crescimento de 43.7 milhes de eu-ros. Passou-se de 491.7 milhes deeuros, em 2016, para 535.5 milhes noano passado.

    A segunda seco mais exportadadiz respeito ao plstico (371 milhes deeuros), correspondendo a 17% do totaldas exportaes do distrito. Seguiu--se a pedra, o gesso, o cimento, a ce-rmica e o vidro (327 milhes de eu-ros), com 15% do peso das vendas aoexterior.

    Estas trs seces, juntas, repre-sentaram, em 2017, 57% das vendas to-tais do distrito ao exterior.

    Com valores inferiores, mas tambmsignificativos, os metais venderamcerca de 243 milhes de euros, au-mentando de 17% face ao ano de 2016.As indstrias alimentares venderam aoexterior 163 milhes de euros.

    Entre os produtos mais importadosno distrito, em 2017, em primeiro lugarficaram ento as mquinas e apare-lhos, registando-se um aumento de15%. Em 2016, o topo do pdio tinhacabido aos plsticos, que passaramagora para segundo lugar, com umaumento de 8%. Os metais, onde se in-clui o ao e o alumnio, entre outros,mantiveram a sua posio, ficandoem terceiro, mas com um aumento de31% em relao a 2016. S estas trsseces correspondem a 52% do pesodas importaes do distrito.

    No restam dvidas de que Leiria setem revelado, ao longo dos anos, umdistrito com grande capacidade ex-portadora, com um tecido empresarial

    Seco Exportaes Var 2016/17 Peso 2017Mquinas, aparelhos e moldes 535.516.068 8,9% 24,6%Plstico 371.250.450 4,3% 17,1%Obras de pedra, cermica e vidro 327.567.156 4,5% 15,1%Metais comuns 243.546.719 17,0% 11,2%Indstrias alimentares e bebidas 163.235.013 3,1% 7,5%Produtos das indstrias qumicas 87.618.094 5,2% 4,0%Produtos vegetais 90.059.711 31,7% 4,1%Material de transporte 67.604.220 -0,7% 3,1%Animais produtos do reino animal 60.126.375 0,4% 2,8%Calado 49.299.428 -5,8% 2,3%Txteis 56.323.800 11,3% 2,6%Madeira 28.562.530 -20,2% 1,3%Mercadorias e produtos diversos 33.542.020 4,3% 1,5%Produtos minerais 32.096.115 8,8% 1,5%

    Fonte INE; valores em milhes de euros

    EXPORTAES NO DISTRITO DE LEIRIA POR SECO EM 2017

    Seco Importaes Var 2016/17 Peso 2017Mquinas e aparelhos e moldes 334.840.322 15,3% 19,9%Plstico 330.665.264 8,4% 19,7%Metais 234.381.768 31,5% 14,0%Produtos das ind. qumicas 133.183.375 13,3% 7,9%Animaise produtos do reino animal 132.003.178 22,5% 7,9%Material de transporte 111.638.218 6,1% 6,6%Produtos vegetais 111.249.101 6,9% 6,6%Txteis 62.861.946 -0,7% 3,7%Produtos alimentares e bebidas 56.469.081 -0,6% 3,4%Madeira 37.873.336 19,2% 2,3%Obras de pedra, cermica e vidro 28.830.093 20,5% 1,7%Pastas de madeira e carto 28.148.100 15,9% 1,7%Calado 25.516.157 -4,8% 1,5%Produtos minerais 17.319.008 0,2& 1,0%

    Fonte INE; valores em milhes de euros

    IMPORTAES NO DISTRITO DE LEIRIA POR SECO EM 2017

    trito poder estar mesmo relacionadocom a necessidade de maiores inves-timentos por parte das empresas nes-tes ltimos anos. Sendo a indstriatransformadora muito forte na regio,tem-se tornado imperiosa uma maioraposta em equipamentos de grandetecnologia para responder aos desafiosda digitalizao. E a maioria do equi-pamento no produzida em Portugal,pelo que a importao a nica solu-o para modernizar as empresas e tor-n-las mais competitivas.

    No ser por acaso que, em 2017, asimportaes de mquinas e apare-lhos foram os produtos mais compra-dos ao estrangeiro pelas empresas dodistrito, tendo havido mesmo um au-

    9%Mquinas, aparelhos e moldes foramas seces mais exportadas nodistrito, com um aumento de 9%

    5.Leiria o 5. distrito com a maiorbalana comercial do Pas

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  • Julho de 2018 Leiria Global 7

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    DEpronto para responder aos desafios

    globais. Isso mesmo se sente na curvadas exportaes na ltima dcada.Em perodos menos favorveis da eco-nomia portuguesas, sentiu-se umamaior aposta nos mercados externos,verificando-se maior incidncia nosextra-comunitrios.

    Para j, importante notar que, entre2007 e 2017, as exportaes do distritoregistaram um aumento de 77%. H dezanos, a regio vendia ao exterior 1.222milhes de euros, tendo aumentado,em valores absolutos, 951milhes deeuros.

    Praticamente todos os anos, regista-ram-se aumentos de vendas. S entre2008 e 2009, no incio da crise, se ve-rificou uma diminuio de 11%. De res-to, foi sempre a subir, com os maioresaumentos a verificarem-se em 2010(18%), 2011 (14%) e em 2012 (10%). Cu-riosamente, depois de vrios anos comaumentos entre os 5% e os 6%, e de 4%em 2016, o distrito volta a recuperar oflego em 2017, com mais 7%.

    Marinha Grande tem o maior saldo comercialA Marinha Grande foi o concelho quemais contribuiu para o saldo comercialdo distrito em 2017, com 323 milhes deeuros, continuando a ser o segundomaior exportador da regio. Registou596 mil euros de vendas ao exterior,contra apenas 273 milhes de euros deimportaes.

    J o concelho de Leiria surge com omaior volume de vendas, com 611 mi-lhes de euros, mas tambm o queapresenta o maior valor de compras,630 milhes de euros, tendo ficadomesmo em situao de dfice comer-cial, ao contrrio do que aconteceu noano passado, quando registou um sal-do comercial de oito milhes de euros.Em termos absolutos, Leiria passou, as-sim, para um saldo negativo de 19 mi-lhes de euros.

    Os outros concelhos do distrito queaumentaram o saldo comercial, alm daMarinha Grande, foram Alcobaa, quepassou de 74 para 80 milhes de eurose o Bombarral que em 2016 registou 16milhes de euros e no ano passado su-

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  • 8 Leiria Global Julho de 2018

    Pas 2017 Variao Peso 2017Espanha 655.263.418 6,9% 30,1%Frana 345.618.229 4,7% 15,9%Alemanha 286.668.977 4,4% 13,2%Reino Unido 122.476.043 -0,2% 5,6%Estados Unidos 107.494.859 34,2% 4,9%Pases Baixos 59.537.700 19,7% 2,7%Itlia 52.077.870 15,7% 2,4%Angola 49.599.251 14,4% 2,3%Repblica Checa 38.833.010 19,5% 1,8%Brasil 33.640.191 14,8% 1,5%Polnia 31.447.556 -2,8% 1,4%Blgica 29.755.958 -7,3% 1,4%Arglia 22.701.987 -48,1% 1,0%China 20.426.333 4,3% 0,9%Total distrito 2.174.603.833 6,9% 100,0%

    Fonte INE; valores em milhes de euros

    DESTINOS DE EXPORTAO EM 2017

    Pas 2017 Variao Peso 2017Espanha 592.471.924 13,90% 35,3%Alemanha 182.320.533 15,42% 10,9%Frana 135.838.435 11,80% 8,1%Itlia 122.656.374 14,36% 7,3%Pases Baixos 99.581.187 5,24% 5,9%China 69.108.096 21% 4,1%Coreia, Repblica da 51.250.197 -3,01% 3,1%Blgica 47.355.906 0,38% 2,8%Reino Unido 44.909.513 23,90% 2,7%Finlndia 29.051.431 13,89% 1,7%ndia 27.213.876 39,80% 1,6%Brasil 26.600.058 -25,72% 1,6%ustria 23.462.326 18,60% 1,4%Turquia 19.519.944 35,11% 1,2%Total 1.679.597.933 13,19% 100%

    Fonte INE; valores em milhes de euros

    ORIGENS DE EXPORTAO EM 2017

    biu para 22 milhes. Tambm Casta-nheira de Pera e Figueir dos Vinhos,dois concelhos que, com PedrgoGrande, foram fustigados com o fogo noano passado, acrescentaram valoresaos seus saldos comerciais. No primei-ro caso foram mais 400 mil euros parajuntar aos 2.4 milhes de 2016. E Fi-gueir conseguiu chegar ao um mi-lho de euros de saldo comercial.

    Espanha mantm-se como principal destinoEm matria de destinos de exportaono distrito de Leiria, Espanha, Frana eAlemanha surgem cabea como os

    principais pases para onde as em-presas vendem os seus bens e servi-os, correspondendo, no seu conjun-to, a um total de 1287 milhes de eu-ros. Estes trs pases compraram, emconjunto, 60% do que a regio ex-portou.

    S as vendas para Espanha equiva-lem a 655 milhes de euros, o que sig-nifica um peso de 30% no total das ex-portaes do distrito, seguindo-seFrana, com 345 milhes de euros, eAlemanha, com 289 milhes de euros.

    O Reino Unido , tambm, um des-tino importante das exportaes daregio, absorvendo 122.4 milhes dasvendas, embora com um ligeirssi-mo decrscimo (-0,2) face a 2016.

    Nota ainda para os Pases Baixos epara Itlia, dois bons clientes do dis-trito que aumentaram as suas comprasem 20% e 16%, respectivamente.

    Mas, as empresas do distrito pro-curam, cada vez mais, diversificar osseus mercados e isso pode ler-se noaumento de 10% das exportaespara fora da Unio Europeia e que setraduz num peso de 21% no total dasvendas.

    Os EUA surgem como o quartocliente do distrito, com compras de107 milhes de euros, corresponden-do a um aumento de 34% face a 2016.Tambm Angola, que em 2016 era onono destino da regio, subiu uma po-sio na tabela, com vendas quelepas africano a crescerem 19% face aoano anterior. J a Arglia, um destinopara o qual se tinha registado umgrande aumento de vendas em 2016,passou do 8. para o 13. lugar, veri-ficando-se uma reduo das expor-taes para quase metade (48%).

    Veja-se tambm casos como o Bra-sil, a China, a Sua, a Hungria, a fri-ca do Sul, Burkina Faso, Senegal, Ca-tar, Madagscar e tantos outros des-tinos que, apesar do seu peso ainda re-duzido no total das exportaes dodistrito, revelam que os empresrioscontinuam a desbravar terreno pelomundo, criando outras opes paravalorizar os seus produtos.

    Ao contrrio dos ltimos quatroanos, em 2017 o distrito de Leiria as-

    >>>

    2.174 milhes de euros, exportaes em2017, mais 7% que em 2016 e o maioraumento desde 2013. Em 2016aumentou apenas 4%.

    495milhes de euros, saldo comercial dodistrito em 2017

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  • 10 Leiria Global Julho de 2018

    Concelho Export. Import. Saldo Comercial Export. Import. Saldo Comercial Var. Export.2016 2016 2016 2017 2017 2017 2017

    Distrito 2.033.606.009 1.483.925.071 549.680.938 2.174.603.833 1.679.597.933 495.005.900 7%Alcobaa 234.846.545 159.875.025 74.971.520 253.503.687 173.569.410 79.934.277 8%Alvaizere 529.484 2.481.796 -1.952.312 370.816 3.691.054 -3.320.238 -30%Ansio 12.934.507 22.490.998 -9.556.491 17.262.736 26.834.122 -9.571.386 33%Batalha 52.344.945 74.953.407 -22.608.462 54.313.141 77.981.554 -23.668.413 4%Bombarral 27.611.942 11.043.377 16.568.565 36.790.816 11.934.516 24.856.300 33%Caldas da Rainha 108.415.249 106.610.632 1.804.617 113.183.453 122.566.725 -9.383.272 4%Castanheira de Pra 3.790.281 1.319.489 2.470.792 3.818.544 947.682 2.870.862 1%Figueir dos Vinhos 1.068.327 82.010 986.317 1.086.194 66.776 1.019.418 2%Leiria 577.002.523 568.739.484 8.263.039 611.130.706 630.255.150 -19.124.444 6%Marinha Grande 541.452.251 234.235.488 307.216.763 596.377.790 272.961.763 323.416.027 10%Nazar 19.234.611 20.973.066 -1.738.455 21.554.837 26.891.343 -5.336.506 12%bidos 11.991.901 25.032.918 -13.041.017 12.539.740 29.283.181 -16.743.441 5%Pedrgo Grande 16.173.799 2.546.840 13.626.959 9.720.711 2.044.410 7.676.301 -40%Peniche 116.404.945 85.547.495 30.857.450 116.724.672 97.473.943 19.250.729 0%Pombal 172.696.046 120.269.817 52.426.229 180.540.624 139.132.221 41.408.403 5%Porto de Ms 137.108.653 47.723.229 89.385.424 145.685.366 63.964.083 81.721.283 6%

    Fonte: INE; valores em milhes de euros

    EVOLUO DO COMRCIO INTERNACIONAL POR CONCELHO ENTRE 2016 E 2017

    sistiu a um aumento das exportaesextracomunitrias. Entre 2013 e 2014comeou a registar descidas nas suasvendas aos pases fora da Europa, ques recupera agora, entre 2016 e 2017,com um crescimento de 11%. Espanha,Alemanha e Frana so tambm osprincipais fornecedores das empresasdo distrito, sendo que neste caso, o pasde Angela Merkel se apresenta como a

    Fonte: INE

    EVOLUO DAS EXPORTAES E IMPORTAES ENTRE 2008 E 2017 (%)

    2017/2016

    2016/2015

    2015/2014

    2014/2013

    2013/2012

    2012/2011

    2011/2010

    2010/2009

    2009/2008

    2008/2007

    4

    0

    -11

    1817 14

    10

    6

    5 5 4

    7

    1310

    7

    5 4

    -5

    8

    -17

    -1

    Importaes

    Exportaes

    segunda origem dos bens que chegam regio.

    A estes trs pases, o distrito pagou,em 2017, mais de 910 milhes de euros,mais 41% do que tinha despendido em2016.

    Itlia, Pases Baixos e China so tam-bm pases de origem dos produtosque chegam regio, num total de 291milhes de euros.

    11%Em 2017, o distrito aumentou as suasexportaes extracomunitrias em11%.

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  • 12 Leiria Global Julho de 2018

    1 1 LENA - ENGENHARIA E CONSTRUES, S.A. Construo de edifcios (residenciais e no residenciais)

    2 2 SANTOS BAROSA-VIDROS, S.A. Fabricao de vidro de embalagem

    3 - ROCA, S.A. Fabricao de artigos cermicos para usos sanitrios

    4 3 EUROPEAN SEAFOOD INVESTMENTS PORTUGAL, S.A. Cons. prod. pesca e aquicultura em azeite e leos vegetais e outros molhos

    5 4 CABOPOL - POLYMER COMPOUNDS, S.A. Fabricao de matrias plsticas sob formas primrias

    6 5 RESPOL - RESINAS, S.A. Fabricao de resinosos e seus derivados

    7 6 SCHAEFFLER PORTUGAL, UNIPESSOAL, LDA Fabricao de rolamentos, de engrenagens e de outros rgos de transmisso

    8 7 BOLLINGHAUS STEEL, S.A. Siderurgia e fabricao de ferro-ligas

    9 - CRISAL - CRISTALARIA AUTOMTICA, S.A. Cristalaria

    10 8 METALMARINHA - COM. INTERNACIONAL RESDUOS METLICOS, S.A. Comrcio por grosso de sucatas e de desperdcios metlicos

    11 14 BOURBON AUTOMOTIVE PLASTICS MARINHA GRANDE, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    12 9 KEY PLASTICS PORTUGAL, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    13 21 BLOCOTELHA - STEEL CONSTRUCTIONS, S.A. Fabricao de estruturas de construes metlicas

    14 10 MD MOLDES, MANUEL DOMINGUES, LDA Atividades de engenharia e tcnicas afins

    15 12 LEIRIMETAL - EQUIPAMENTOS METALRGICOS, S.A. Fabricao de mquinas para as indstrias de materiais const., cermica e vidro

    16 11 SOCIEDADE AGRCOLA DA QUINTA DA FREIRIA, S.A. Avicultura

    17 19 DIAMANTINO MALHO & CA., LDA Fabricao de resinosos e seus derivados

    18 27 MOLIPOREX - MOLDES PORTUGUESES, IMP. E EXPORTAO, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    19 15 MATCERMICA - FABRICO DE LOUA, S.A. Fabricao de artigos de uso domstico de faiana, porcelana e grs fino

    20 20 IBER-OLEFF - COMPONENTES TCNICOS EM PLSTICO, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    21 13 SOCM - E.D. - FABRICAO, ENG. E DESENVOLV. DE MOLDES, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    22 23 TRANSPORTES VIANA & FERNANDES, LDA Transportes rodovirios de mercadorias

    23 30 SOTRAPEX - TRANSP. RODOVIRIOS, EXP. IMP. CEREAIS, UNIP., LDA Com. por grosso cereais, sementes, legum., oleag. e matrias-primas agrcolas

    24 25 DAYTON PROGRESS - PERFURADORES, LDA Fabricao de peas sinterizadas

    25 17 IBEROALPLA PORTUGAL - EMBALAGENS PLSTICAS, UNIP., LDA Fabricao de embalagens de plstico

    26 24 PROMOL - INDSTRIA DE VELAS, S.A. Outras indstrias transformadoras diversas, n.e.

    27 26 DOCEREINA - SOBREMESAS, LDA Fabricao de outros produtos alimentares diversos, n.e.

    28 31 PLIMAT - PLSTICOS INDUSTRIAIS MATOS, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    29 28 MIBEPA - IMPORTAO, COMRCIO E EXPORTAO, LDA Comrcio por grosso de outros bens intermdios, n.e.

    30 16 GECO - GAB. TCNICO E CONTROLO MOLDES EM FABRICAO, LDA Fabricao de moldes metlicos

    31 37 EROFIO ATLNTICO, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    32 33 DEXPROM - PRODUO DE MOLDES, LDA Fabricao de moldes metlicos

    33 36 SETSA - SOCIEDADE DE ENGENHARIA E TRANSFORMAO, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    34 - DRT - MOLDES E PLSTICOS, LDA Agentes especializados do comrcio por grosso de outros produtos

    35 - TRANSPORTES CENTRAL POMBALENSE, LDA Transportes rodovirios de mercadorias

    36 38 TECFIL - TCNICA FABRICO DE FIOS, S.A. Fabricao de cordoaria

    37 34 TJ MOLDES, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    38 35 INTERMOLDE - MOLDES VIDREIROS INTERNACIONAIS, LDA Fabricao de moldes metlicos

    39 47 VALBOPAN - FIBRAS DE MADEIRA, S.A. Fabricao de painis de fibras de madeira

    40 18 C.A.C. II - COMPANHIA AVCOLA DO CENTRO, S.A. Comrcio por grosso de leite, seus derivados e ovos

    41 29 DIP - DISTRIBUIDORA IBRICA DE POLMEROS, LDA Comrcio por grosso de outros bens intermdios, n.e.

    42 - TECNIFREZA - INDSTRIA DE MOLDES, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    43 - ELAVOCO GAMBA - IMPORTAO E EXPORTAO, UNIPESSOAL, LDA Comrcio por grosso no especializado

    44 - SINDUTEX - SOCIEDADE INDUSTRIAL DE CONFECES, LDA Confeo de outro vesturio exterior em srie

    45 - PLASTIDOM - PLSTICOS INDUSTRIAIS E DOMSTICOS, S.A. Fabricao de outros artigos de plstico, n.e.

    46 - MOLDEGAMA - MOLDES TCNICOS, S.A. Fabricao de moldes metlicos

    47 39 LUSOPRA - SOC. EXP. E COMERC. PROD. HORTOFRUTCOLAS, LDA Comrcio por grosso de fruta e de produtos hortcolas, exceto batata

    48 - SOLANCIS - SOCIEDADE EXPLORADORA DE PEDREIRAS, S.A. Fabricao de artigos de mrmore e de rochas similares

    49 42 FELICOM - IMPORTAO E EXPORTAO, S.A. Comrcio por grosso de bebidas alcolicas

    50 - AFROWONDER - COM. GERAL, IMP. - EXP. INDSTRIA E SERVIOS, LDA Comrcio por grosso de produtos qumicos

    As 50 Maiores Exportadoras do Distrito de LeiriaRNK N NOME ACTIVIDADE

    ORD2015

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  • Julho de 2018 Leiria Global 13

    LEIRIA 150.203.034 19.356 143.070.949 143.090.305 95,26

    MARINHA GRANDE 134.792.470 106.513.738 2.922.817 109.436.555 81,19

    LEIRIA 109.305.426 89.410.232 1.681.690 91.091.923 83,34

    PENICHE 86.916.986 85.999.813 44.963 86.044.776 99,00

    PORTO DE MS 87.570.399 19.338.446 45.304.590 64.643.035 73,82

    LEIRIA 61.179.755 56.047.040 3.642.340 59.689.380 97,56

    CALDAS DA RAINHA 57.727.477 57.648.986 0 57.648.986 99,86

    MARINHA GRANDE 50.780.938 23.548.599 25.830.958 49.379.558 97,24

    MARINHA GRANDE 50.372.317 40.481.409 4.013.806 44.495.215 88,33

    MARINHA GRANDE 62.302.027 41.813.960 2.656.124 44.470.084 71,38

    MARINHA GRANDE 38.356.907 35.556.310 33.525 35.589.835 92,79

    LEIRIA 45.986.696 28.671.415 1.548.184 30.219.600 65,71

    PORTO DE MS 44.371.804 18.263.585 10.668.434 28.932.019 65,20

    LEIRIA 32.677.668 26.881.422 1.347.136 28.228.558 86,38

    LEIRIA 24.224.344 243.505 23.614.487 23.857.992 98,49

    BOMBARRAL 50.844.248 14.175.546 6.986.323 21.161.870 41,62

    POMBAL 18.102.769 16.748.874 1.135.027 17.883.901 98,79

    MARINHA GRANDE 18.385.765 14.935.059 2.884.383 17.819.442 96,92

    BATALHA 17.057.510 11.151.912 5.632.953 16.784.865 98,40

    POMBAL 35.021.278 13.825.423 2.652.270 16.477.692 47,05

    ALCOBAA 20.386.883 14.419.569 1.755.455 16.175.025 79,34

    POMBAL 15.140.335 15.140.335 0 15.140.335 100,00

    CALDAS DA RAINHA 84.320.745 12.106.278 2.473.506 14.579.785 17,29

    ALCOBAA 15.105.559 13.868.427 433.218 14.301.645 94,68

    MARINHA GRANDE 32.103.024 13.131.386 1.137.610 14.268.996 44,45

    CALDAS DA RAINHA 15.333.822 13.420.395 848.369 14.268.765 93,05

    POMBAL 20.149.454 13.443.525 32.275 13.475.800 66,88

    MARINHA GRANDE 16.543.526 10.515.286 2.815.709 13.330.995 80,58

    LEIRIA 145.129.877 12.794.125 394.086 13.188.210 9,09

    LEIRIA 12.388.869 10.772.226 1.595.233 12.367.459 99,83

    BATALHA 12.949.519 11.286.623 100.656 11.387.278 87,94

    LEIRIA 14.970.341 5.715.791 5.539.610 11.255.401 75,18

    MARINHA GRANDE 16.789.767 7.269.891 3.563.257 10.833.148 64,52

    LEIRIA 10.686.589 9.453.299 1.173.750 10.627.049 99,44

    POMBAL 24.768.563 10.484.517 82.096 10.566.613 42,66

    MARINHA GRANDE 13.776.424 9.359.372 1.126.750 10.486.122 76,12

    MARINHA GRANDE 12.273.761 9.055.608 1.384.802 10.440.410 85,06

    MARINHA GRANDE 15.060.347 7.736.795 2.373.805 10.110.600 67,13

    NAZAR 14.707.624 7.469.708 2.477.227 9.946.935 67,63

    LEIRIA 31.176.138 6.009.195 3.804.860 9.814.055 31,48

    LEIRIA 22.278.909 9.455.004 123.751 9.578.755 42,99

    MARINHA GRANDE 11.483.996 7.869.427 1.709.211 9.578.638 83,41

    LEIRIA 9.314.322 0 9.314.018 9.314.018 100,00

    POMBAL 9.446.597 9.147.288 109.858 9.257.146 97,99

    LEIRIA 21.196.025 9.141.867 38.789 9.180.656 43,31

    ALCOBAA 9.320.834 8.742.379 373.442 9.115.821 97,80

    BOMBARRAL 10.627.153 103.964 8.977.471 9.081.435 85,46

    ALCOBAA 9.578.619 6.899.968 1.944.157 8.844.124 92,33

    LEIRIA 8.809.318 0 8.809.318 8.809.318 100,00

    NAZAR 8.490.879 0 8.490.879 8.490.879 100,00

    CONCELHO VOLUME EXPORTAES EXPORTAES EXPORTAES EXPORTAESNEGCIOS 2016 COMUNITRIAS EXTRA-COMUNIT. TOTAL DO VN() () () () %

    Dados fornecidos pela Todos os valores foram recolhidos e analisados pela Informa D&B e referem-se s contas individuais de 2016,

    publicadas na IES Informao Empresarial Simplificada, data de 31 de Dezembro de 2016.

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  • 14 Leiria Global Julho de 2018

    Incorporar valor ao produto chave para o xitoDiferenciao Acrescentar valor ao que produzido nas empresas portuguesas uma das chaves para competir nos mercados globais. Cruzando quanlidade com maisinvestimento em marca, inovao ou design marca-se a diferena. A este nvel, Leiriasurpreende, mostrando um VAB superior mdia nacional.

    Lurdes [email protected]

    J l vai o tempo em que a maioria dasempresas produtoras se limitava a venderaos mercados externos os bens acabadosde sair das mquinas, tal e qual como ocliente tinha determinado. Em Portugal,falar de valor acrescentado fazia parte dovocabulrio de poucos. Mas as regras dojogo mudaram e, hoje, a incorporao de

    valor no produto ou servios comea a sercada vez mais comum nas empresas quetraam planos de longo prazo e aspirama ser bem-sucedidas.

    H no Pas e na regio cada vez maisexemplos de organizaes que souberamreinventar-se e incorporam na sua orga-nizao mais servios de modo a acres-centar valor ao que produzem para po-derem oferecer aos mercados interna-cionais solues diferenciadas. Os moldes

    e os plsticos, o calado, a cermica, a cu-telaria, a madeira ou a pedra so apenasalguns exemplos de sectores que se dis-tinguem pelo mundo fora.

    Tal como acontece com a internacio-nalizao, tambm o valor acrescentadosurge, cada vez mais, como tema co-mum no discurso de polticos, econo-mistas, dirigentes associativos e empre-srios. Defendem a necessidade de apos-tar na diferenciao das solues que

    RICARDO GRAA

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  • Julho de 2018 Leiria Global 15

    PUB

    LIC

    IDA

    DE

    >>>

    saem das empresas, fazendo at dependerdeste factor o maior ou menor desenvolvi-mento da economia portuguesa. O valoracrescentado paga os salrios, os lucros bru-tos (incluindo amortizaes), os juros e os im-postos sobre os lucros (se os lucros atrs re-feridos j forem lquidos de impostos),exemplifica, de forma simples, Daniel Bes-sa, economista e ex-ministro da Economia.O valor acrescentado pela empresa , tam-bm, o valor que ela acrescenta para o PIBda regio ou do Pas, ou seja, tecnicamente,define-se como a diferena entre os valoresdas vendas e das compras, incluindo os for-necimentos e servios de terceiros que ad-quire e que a contabilidade regista numa con-ta prpria, diferente das compras.

    Vejamos, ento, o que dizem os nmeros.Em 2016, ltimos dados disponibilizados peloINE, o valor acrescentado bruto (VAB) emPortugal era de 85 mil milhes de euros, re-presentando um crescimento de 6% face aoano anterior. No perodo entre 2009 e 2016,o aumento foi de apenas 1%.

    Quando se observa o distrito de Leiria, arealidade diferente.

    J que o valor acrescentado bruto somou,em 2016, 3.324 milhes de euros, corres-pondendo a um aumento de 9% face ao anoanterior, mas entre 2009 e 2016, a subida foide 12%. Em ambos os casos, os valores foramsuperiores mdia nacional.

    Nesta matria, h no distrito sectores quese distinguem. A agricultura, por exemplo,embora no seja a mais representativa em ter-mos de valores absolutos, foi, individual-mente, uma das reas que mais cresceu nodistrito em valor acrescentado entre 2015 e2016 (22%) . No ser por acaso, uma vez quena regio existem cada vez mais empresas darea agroalimentar a transformar a frutaque sai dos seus pomares, nomeadamente aMa de Alcobaa e a pera Rocha do Oeste.

    , contudo, na indstria transformadoraque se encontra o maior VAB do distrito emtermos absolutos, com 1.201 milhes de eu-ros, correspondendo a um aumento de 8%em relao ao ano anterior. Alm do comr-cio por grosso, que cresceu (7,4%), os servi-os, no seu conjunto, representam mais de50% do crescimento do VAB no distrito.Encontram-se neste pacote as actividades deconsultoria e cientficas, administrativas eservios de apoio, as artsticas e outras.

    A evoluo do VAB na regio no sur-

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  • 16 Leiria Global Julho de 2018

    preende. Leiria tem empresas conheci-das e mesmo de excelncia em muito sec-tores de actividade, mas quando se falada incorporao de valor, a indstria dosmoldes surge sempre como um casoexemplar (em Portugal), de progresso nacadeia de valor, que acrescenta ma-nufactura, propriamente dita, aquelesservios a montante, como a engenhariae o design, lembra Daniel Bessa.

    um sector que, na sua fase inicial sa-tisfazia os clientes, produzindo o moldeque estes traziam e fazendo-o ao mais bai-xo preo (e custo) possvel, vendendo, noessencial, minutos de um trabalho in-diferenciado.

    A indstria de moldes portuguesa dis-tingue-se, assim, por uma enorme ca-pacidade de interaco com os clientes,a quem apresenta propostas de desen-volvimento do produto, e do molde quehaver de permitir fabricar esse produto,de mltiplos pontos de vista, revelaainda o ex-ministro.

    Mas h outras reas que seguem esteexemplo. Daniel Bessa destaca as pe-quenas empresas com muito talento e umgrande potencial inovador e exportador.Se a escala muito pequena, a empre-sa ter de se concentrar numa gama deprodutos mais reduzida, porventuranuma pea ou numa parte de um pro-duto, ou na prestao de um serviomuito especializado, exigindo, sempre,competncias muito distintivas.

    Mas o que a incorporao de valor?Daniel Bessa costuma dar o exemplo dosestudantes de Economia, quando eles seiniciam no estudo da disciplina e so con-frontados com uma distino essencial:Ou a empresa vende um produto que oscompradores/consumidores consideramigual ao dos seus concorrentes, e nuncapoder praticar um preo superior aodestes, tendo de concentrar todo o esforona reduo dos custos de produo; ou a

    85mil milhes de euros ovalor do VAB em Portugal

    6%crescimento do VAB em Portugalentre 2015 e 2016

    9%crescimento do VAB do distrito entre 2015 e 2016

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  • Julho de 2018 Leiria Global 17

    mentas especiais, injeco e montagem deprodutos e seus componentes, fechandotodo ciclo.

    Empresas que se enquadrem neste tipode organizao, sejam de moldes ou dequalquer outro sector, no esto vocacio-nadas para competir pelo preo, comoacontece com a Vipex, empresa de trans-formao de plsticos da Marinha Grande,cujo modelo de criao de valor est in-corporado h mais de dez anos. Expor-tando 95% da sua produo e a facturarmais de 10 milhes de euros por ano,esta empresa lida directamente com asgrandes marcas com quem trabalha, entreelas a Pirex, a Decathlon e outras que pri-vilegiam as solues desenvolvidas naregio. Em parceria com os clientes, fo-camo-nos no desenvolvimento, na enge-nharia, no design, na industrializao e fa-bricao de produtos ou componentesem termoplsticos e utilizamos as me-lhores metodologias e as mais modernastecnologias, explica Jorge Santos, direc-

    tor-geral da Vipex e tambm presidenteda Nerlei. No vendemos pelo preo,mas pela qualidade, pelo design, pelotipo de material incorporado e por outrasmarcas distintivas, explica Jorge Santos.Antes limitvamo-nos a fabricar o quenos era pedido, hoje a nossa aposta es-tratgica a de acrescentar valor aosnossos produtos.

    Aponta, como exemplo, o desafio quelhe foi colocado, que se traduz no de-senvolvimento de um novo produto paraa Pirex at 2020. Temos de o desenvol-ver, de fazer ensaios, de arquitectar umanova linha de tampas para colocar nomercado. Sabemos o que queremos ecomo queremos e assim conseguimos termargem para mais valor acrescentado.

    Em relao ao passado, so muitas asdiferenas. Antes, as marcas tinham osmoldes e procuravam as empresas queproduzissem as peas mais baratas! Hoje,o preo deixou se ser prioridade. Os pr-prios clientes tambm reconhecem a dis-

    empresa vende um produto que os com-pradores/consumidores consideram dis-tinto, qualquer que seja a razo.

    E nesta ltima situao, revela o ex-mi-nistro, os empresrios podem incluirmais tecnologia, design, distribuio,proximidade ao cliente, convenincia.Elementos que, dentro de determinadasmargens, podem tentar criar valor atra-vs da prtica de preos de venda maiselevados.

    o que acontece com muitas empresasportuguesas de tooling (moldes) que j soconsideradas fornecedoras de soluesglobais pois, como explica Joaquim Me-nezes, presidente do Grupo Iberomoldes,oferecem um servio totalmente inte-grado composto por uma cadeia de valoralargada que engloba competncias es-pecializadas. Desde o design, engenha-ria e desenvolvimento de prottipos e fa-brico de moldes, a cadeia de valor incluia especializao em moldes de grande di-menso, preciso e micromoldes, ferra-

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  • 18 Leiria Global Julho de 2018

    tino do produto e valorizam-no.Contudo, a exigncia absoluta. O

    cliente visita as empresas, faz uma ava-liao profunda e se no encontrar as con-dies que entende necessrias, nem se-quer pede cotao, revela Jorge Santos,para quem as empresas devem estar maispreparadas para lidar com um mercadocada vez mais dinmico que introduzregularmente novos factores de compe-titividade e de mudana. Com planea-mento, com desenvolvimento, design,inovao, talento, novos produtos e sem-pre com qualidade, prazo e muita credi-bilidade, para que o sucesso seja contnuoe no momentneo.

    Incorporao de valor substitui fal-ta de matrias-primasAs empresas at podem competir nosmercados globais pelos baixos salrios,mas quem insistir nesse paradigma po-der correr srios riscos de um dia deixarde ter mercado para os seus produtos.Eduardo Louro, economista, confirmaesta realidade, mas lembra que a mo-de-obra nunca suficientemente baratapara poder suprir as limitaes naturais dePortugal.

    Tambm para este economista, a al-ternativa competir pelo maior valoracrescentado e, nesse sentido, o que asempresas portuguesas tm ao seu alcan-ce o investimento em marca, em ino-vao e qualidade e, sobretudo, em ser-vios, para que possam ter fortes nveis dediferenciao dos seus produtos.

    Contudo, no geral, a falta de matrias-primas para a indstria em Portugal de-termina o caminho das empresas. Se paraa maioria do que transformamos temos deimportar, desde matrias-primas altatecnologia, temos de lhe acrescentar va-lor para alm do simples valor que j estincorporado por transformao, ou seja,temos de acrescentar valor invisvel.

    Isto acontece essencialmente quandose trata de produtos industriais. Osservios, em si prprios, tambm rece-bem fortes impactos do marketing, mastemos de importar menos, seja nas no-vas tecnologias, no digital ou no soft-ware, reas onde estamos a trabalharbem e onde o Pas se est a afirmar nosmercados globais.

    Santa Catarina e Benedita: um dos cinco maiores clusters do mundoCutelaria cria marca para proteger design e qualidade

    A cutelaria da regio d cartas nosmercados internacionais h muitos anos.As facas fabricadas na regio soreconhecidas pelos grandes chefes decozinha e profissionais de todo o mundopela sua qualidade tcnica e pelo seudesign. Em Maio, oito empresas dasfreguesias de Santa Catarina, noconcelho de Caldas da Rainha, e daBenedita, no concelho de Alcobaa,juntaram-se para criar o smboloCutelarias de Santa Catarina eBenedita, com o propsito de fortalecero sector e de o proteger de imitaesbaratas. J h mais trs a caminho!Neste que um dos cinco maioresclusters de produo de cutelariaprofissional, com mais de 15 milhes depeas criadas por ano, a inovao, acriatividade e o design juntam-se qualidade tcnica. Cada vez mais, asempresas apostam na criao de valor,com mais design, inovao, marketing,criao da marca e desenvolvimento denovos produtos, explica Srgio Flix,director-geral da Airo - AssociaoEmpresarial da Regio Oeste, instituioque acompanhou de perto a criao docluster, ao lado das cmaras de Alcobaae de Caldas da Rainha. Est no AND damaioria das empresas o lanamento deprodutos novos, com novos materiais,dirigidos a um pblico mdio alto. Emmuitos casos estes so produtos deautor, com valores acima dos 100 euros,mas a generalidade da cutelaria do Oeste, por si s, diferente do que se produzem outras partes do mundo. So facascom muita qualidade e tambm elasmuito inovadoras e com apontamentosde design, onde a alta tecnologia se cruzacom o trabalho artesanal. Pela via daincorporao de mais valor, asempresas da regio so reconhecidas anvel mundial h mais de 12 anos,mantendo uma presena assdua nasfeiras do sector, onde os chineseschegavam e copiavam. Desde ento, eapesar de alguns processos em tribunal,as empresas portuguesas optaram por

    continuar a apostar na inovao e nodesign, reforando a sua qualidade.Muitas tm ganho prmios quase todosos anos, quer de design quer de produtodo ano ou de produto nas feiras ondelanam as facas, sustenta Srgio Flix.Com a criao do cluster, os empresriospretendem cimentar esta indstria anvel nacional, fazendo com que hajamais empresas portuguesas interessadasno smbolo de qualidade das facas com aimagem das Cutelarias de SantaCatarina e Benedita.A nvel internacional, querem reforar oproduto da regio. Com o smbolocriado, no ser permitido que qualquerpessoa ou qualquer empresa o coloquenos seus produtos, s quem cumprir osrequisitos estabelecidos, revela SrgioFlix. Por um lado, os produtos tm deser produzidos na regio e por outro tmde ter excelente qualidade de ao. Unir esforos o que se pretende a partirde agora, pelo que a Airo tem em mosum plano de marketing e decomunicao para o cluster, com filmes,fotografias e outros suportes quepermitam comunicar a marca, parafortalecer as empresas e os produtos.Com a Escola Superior de Arte e Designde Caldas da Rainha, est tambm a serestabelecido um plano para se lanaremnovas coleces de cutelaria no prximoano lectivo, para serem utilizadas pelasprprias empresas, explica Srgio Flix. Algumas empresas j fizeram processosde investigao, outras precisam deapoio, pelo que esta proximidade com aacademia muito importante, criando,ao mesmo tempo, um evento anual delanamento ou de novas tecnologias oude novos produtos, ou de novas formasde fazer algo que permita que asempresas se desenvolvam ainda mais eque acrescentem ainda mais valor ao queproduzem. O sector representa a nvelnacional cerca de 50 milhes de euros defacturao por ano, dos quais mais de 30milhes tm origem nas freguesias deSanta Catarina e Benedita.

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  • 20 Leiria Global Julho de 2018

    A urgncia de reduzir as importaesEquilbrio A substituio das importaes por bensnacionais a chave do futuro do Pas. Na regio, h vriossectores com esse potencial mas ainda h muito a fazerem reas cruciais.

    Lurdes [email protected]

    As ltimas estimativas do INE revelam quePortugal tem registado um abrandamentodo ritmo da actividade econmica e umadas explicaes para isso o contributomais negativo da procura externa lquida,ou seja, da diferena entre exportaes eimportaes. No primeiro trimestre desteano, as exportaes cresceram menos queas importaes, uma tendncia que acom-panhou o comportamento do comrcio in-ternacional em 2017.E se o aumento das exportaes a chavepara melhorar este cenrio de abranda-mento da economia, a dimuio das im-portaes crucial, como revela JorgeSantos, presidente da Nerlei. muitoimportante reduzir as importaes, para ge-rar o equilbrio na economia, diz o gestor,para quem as empresas que trabalham spara o mercado nacional tambm so de-terminantes nesse sentido. Muitas so res-ponsveis por alimentar as empresas que

    MIGUEL BIDARRA

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    vendem para os mercados internacionais,evitando o aumento das importaes dematrias-primas, de componentes e atde equipamentos para a indstria trans-formadora.

    Nesse sentido, revela, importante aca-rinhar essas empresas, sensibilizando-aspara a sua importncia na produo de ma-trias-primas e outros componentes para in-corporarao nas exportaes.

    Miguel de Sousa Tavares, que tem o seuespao de opinio na SIC, vai ao encontrodesta linha de pensamento, elogiando, porum lado, o esforo notvel dos empre-srios, no que toca s exportaes, mas de-fendendo, por outro lado, a necessidade demelhorar a balana comercial.

    Contudo, o seu pragmatismo fala maisalto, ao no acreditar que as exportaescontinuem a crescer indefinidamente. uma aposta que a mdio e longo prazo notem futuro pois somos um Pas pequenoque no tem escala em alguns sectores. EPortugal tem um limite como Pas ex-portador, sendo por isso preocupante que

    as importaes tenham crescido mais doque as exportaes.

    Defende assim que Portugal comece aapostar mais na produo de bens nacionaisque permitam a diminuio das importa-es, pois, a longo prazo, aquilo que vai ga-rantir a potencialidade do nosso cresci-mento econmico a substituio das im-portaes por bens nacionais.

    Quando se fala do aumento das impor-taes e do seu efeito nas exportaes, osector automvel surge cabea. EduardoLouro, economista, diz mesmo que a gran-de actividade econmica industrial do Pasque tem as exportaes fortemente inde-xadas s importaes este sector . umarea a que se acrescenta pouco valor, por-que quase s montagem e praticamentes se lhe acrescenta mo-de-obra. Entre asexportaes e importaes, h uma rela-o directa, porque, em princpio, se se ex-porta mais, tem de se importar mais, e ograu de cobertura mantm-se inalterado,revela, acrescentando que dependemosmuito de importaes de matrias-primase de componentes para essa indstria.

    Por isso, na nossa regio, como o sectorautomvel tem pouca expresso em termosindustriais a no ser atravs dos moldese plsticos a realidade inversa em rela-o do Pas. Exportamos mais compo-nentes para automveis do que importa-mos para a indstria automvel, lembra,considerando que os moldes atenuammuito a variao negativa do saldo co-mercial que acontece no Pas, pelo seu pesomuito grande nas exportaes, compen-sando muito o investimento em equipa-mentos nas importaes.

    Ao defender tambm uma maior incor-porao de matrias-primas nas exporta-es, Eduardo Louro recorda que o pro-blema que Portugal no um Pas mui-to rico. E exemplifica: toda a indstriatransformadora com incidncia qumica,como os plsticos, importam a quase tota-lidade da sua matria-prima e a maioria dosseus equipamentos.

    H, contudo, na regio de Leiria umsector paradigmtico, a pedra, onde exis-tem empresas com grande produo/trans-formao e que quase no incorporamnas suas exportaes matrias-primas im-portadas. Mas, em sentido contrrio, htodo um outro segmento que exporta mui-

    ta pedra em bruto, como matria-primapura. Transformamos uma percentagemmuito baixa da pedra extrada no nosso Pase na nossa regio estamos a desperdiarmuito do potencial do valor acrescentado,ao vendermos pedra em bruto, consideraainda Eduardo Louro, lembrando que este, seguramente, um dos sectores determi-nantes da nossa regio, aquele onde temosmatria-prima, mas depois a sua taxa de in-corporao reduzida. o contrrio do queacontece no Pas, onde no h matrias--primas, tendo de as importar para ali-mentar a transformao.

    No basta, pois, pensar s em valores ele-vados de exportao. Esses, segundo ad-verte Francisco Sarsfield Cabral, podem serenganadores. preciso subtrair ao valor ex-portado de bens e servios o contedo im-portado, resultando da as exportaes l-quidas de importaes. O jornalista da Re-nascenarecorda mesmo o caso da empresaQuimonda. H 20 anos elogiava-se muitoaquela organizao, que era consideradaa maior exportadora do Pas, mas depois ve-rificou-se que afinal o valor acrescentadoem Portugal pela empresa era mnimo.

    No o que acontece, por exemplo, commuitas empresas de moldes. Apesar deimportarem o ao e o alumnio, matrias--primas que no existem em Portugal, co-meam cada vez mais a diversificar os sec-tores para os quais fornecem os seus pro-dutos. Contribuem, em muitos casos, paraque fbricas muito exportadoras recorramaos moldes portugueses, deixando de ter deos importar. Foi o que aconteceu com a Pla-neta Plsticos, empresa de Leiria que ven-de anualmente 4.5 milhes de pares de ga-lochas ao mercado internacional. Antesmandava vir os moldes de Itlia, hoje com-pra-os a uma empresa portuguesa. Criou-se uma parceria muito interessante, pri-meiro porque a qualidade e o servio somuito bons, depois porque reduzimos asimportaes e aumentamos o valor acres-centado, e depois estamos muito prximos,o que uma vantagem. Torna os processosmais simples, sustenta Paulo Caridade, ad-ministrador da empresa. No incio nohouve muito interesse por parte dos mol-distas, mas hoje todo o grupo faz grandeparte dos moldes em Portugal, o que sig-nifica que o que se faz aqui muito bom,tem muita qualidade.

    Os moldes atenuam muitoa variao negativa dosaldo comercial queacontece no Pas, pelo seupeso muito grande nasexportaes na regio,compensando muito oinvestimento emequipamentos nasimportaesEduardo Louro

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    Somos um Pasno radar doinvestimento

    Antnio Saraiva presidente da ConfederaoEmpresarial de Portugal (CIP) defende uma maioriaparlamentar, para que seja possvel fazer as reformasestruturais de que o Pas necessita, e lamenta que a UEno reaja s guerras econmicas, proteccionismo dosEUA e desagregao do espao europeu. Diz ainda queos empresrios so estigmatizados e que o Estadotambm ganha com o aumento do salrio mnimo.

    Alexandra [email protected]

    Quais as principais preocupaes mani-festadas pelos empresrios actualmente?As reformas que continuam a ser adiadas.Desde logo, uma reforma fiscal digna des-se nome, actuando sobre tributaes au-tnomas, pagamento por conta e alguns im-postos indirectos, com os quais vamossendo surpreendidos desagradavelmen-te, Oramento aps Oramento. Depois, in-dependentemente daquilo que a bancavai dizendo, as empresas continuam comsries dificuldades no acesso ao crdito paraos seus investimentos. Continuamos tam-bm com uma morosidade processual aonvel da justia econmica, que desejara-

    mos ver alterada. Alm da burocracia asfi-xiante e da questo dos licenciamentos, se-ria tambm desejvel um alvio na facturaenergtica. Esto reunidas condies para avanarcom essas reformas ou h falta de vonta-de poltica?No entendo que exista falta de vontade. Oscalendrios polticos, eleitorais, os cons-trangimentos de equilbrios parlamentares,hoje to necessrios para a actual gover-nao, por vezes, limitam essa vontade. Porisso, no imprimem velocidade s altera-es como os empresrios desejariam. Es-tes constrangimentos, por vezes, no socompatveis com as necessidades reais daeconomia. Este modelo de governao tem difi-

    cultado, de alguma forma, a vida aosempresrios?Tem. A permanente negociao a que o PSest obrigado com os partidos que o su-portam dificulta a celeridade e um normalfuncionamento do Governo. As reformas,a legislao, as iniciativas que necessita gi-zar so permanentemente negociadas, es-crutinadas, validadas por dois parceiros, emsede parlamentar, o que dificulta a inicia-tiva governativa.Gostaria que o prximo governo fosse di-ferente?Seria desejvel que tivssemos uma maio-ria parlamentar que, embora de geometriavarivel, desse condies polticas paraque as reformas estruturais que estopor fazer na Administrao Pblica, na

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    Justia, na Segurana Social e outras fos-sem feitas. Aquilo que sinto enquanto em-presrio, dirigente associativo e cidado que seria desejvel que no estivsse-mos to refns de composies e de acor-dos. Gostaria que o Parlamento, inde-pendentemente da composio, dos gru-pos parlamentares que o venham a inte-grar em futuras eleies, tivesse condiesde estabilidade para que as reformas pu-dessem ser feitas. Identificou os custos energticos comoum dos problemas que retira competi-tividade s empresas, sobretudo asque concorrem em mercados interna-cionais. Na Alemanha, por exemplo, aeletricidade custa menos 40%. O que que a CIP tem feito em defesa das em-

    Gostaria que o Parlamento,independentemente dacomposio dos gruposparlamentares que ovenham a integrar emfuturas eleies, tivessecondies de estabilidadepara que as reformaspudessem ser feitas.

    presas portuguesas, neste domnio?Temos um conselho estratgico da inds-tria dentro do qual trabalham grupos nasreas da energia e do ambiente, que vo ha-bilitando a CIP com pareceres, com estudos,com opinio. Num quadro de dificuldadesque o Pas enfrenta e sendo certo quegrande parte do peso da factura energti-ca so impostos, vamos chamando a aten-o do Governo, usando uma anlise com-parativa, j que a CIP representa um con-junto muito alargado de empresas de di-ferentes sectores de actividade e de multi-nacionais, que tambm operam em Espa-nha, na Alemanha, em Frana. Como a CIPtem dito, a energia no se pode dizer que barata ou que cara. competitiva ou no competitiva. Por isso que temos exigi-

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    RICARDO GRAA

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    do uma energia competitiva, com os exem-plos que as associaes que nos integramnos vo fazendo chegar. Temos ainda de-tectado problemas, como interruptibilidadee quebras de energia. Vamos carreandopara a EDP, para a Galp e para o Governo,as boas e as ms prticas, e vamos dandoa nossa opinio. Reconhece que os resultados no tmsido animadores? No possvel fazermais?No sei, admito que sim. Como tenho umesprito positivo, acho que em todas asreas e em todas as actividades semprepossvel fazer mais e melhor. Aquilo que va-mos fazendo aquilo que sabemos fazer.E se no fosse o nosso papel, ser que opeso da factura no era hoje maior? Deixono ar a pergunta.H pouco identificou a burocracia comooutro problema. O que pode ser melhora-do a este nvel?Temos promovido um dilogo construti-vo com os sucessivos governos e com osgrupos parlamentares, uma vez que aque se produz legislao. Temos apresen-tado exemplos e solues e, recentemen-te, colabormos activamente com o Mi-nistrio da Modernizao Administrativa,com um conjunto de iniciativas pelo Pas.Em sede de concertao social, uma dasnossas queixas recorrentes precisamen-te a burocracia asfixiante que temos sobreo tecido empresarial, independentemen-te da rea de actividade. Aquilo que estpermanentemente no nosso caderno deencargos a simplificao administrativae a desburocratizao da economia, dan-do exemplos e apresentando propostas demelhoria. Lamentavelmente, o governo an-terior interrompeu o Simplex. Este Governovoltou a introduzir esse programa, no qualtemos trabalhado activamente. Somosns que estamos no terreno e conhecemosas maldades e o custo que essa burocraciarepresenta. Qual a situao, no campo da burocracia,que tem asfixiado mais a economia?A morosidade e a complexidade adminis-trativa dos licenciamentos, porque intera-gem nesses licenciamentos um conjunto deentidades e de ministrios, de onde ema-nam direces gerais e institutos, que ar-rastam os processos. Lamentavelmente, te-mos hoje na Administrao Pblica uma

    desresponsabilizao, como se decidir ti-vesse custos. As auditorias, o Tribunal deContas e o Tribunal Constitucional geramum sentimento de controlo e de penaliza-o, por ms prticas no passado, que levaa que a Administrao tenha acrescidos re-ceios da deciso. Tudo isto complica. Nopodemos confundir laxismo com irres-ponsabilidade. H uma mquina burocr-tica, complexa e morosa, que muitas vezesafasta os investidores.Estas situaes no acabam por dar umaimagem quase terceiro-mundista do Pas?Essa uma caricatura muito pesada. Em ter-mos de Pas, estamos hoje numa situaomuito, muito melhor. Tirando a questo daJustia e da fiscalidade, temos condiesmuito boas para atrair investimento: a nos-sa rede de estradas, a nossa rede de tecno-logias da informao, a qualificao dosnossos recursos humanos, a nossa locali-zao. Somos um Pas no radar do investi-mento. Se conseguirmos alterar algumas va-riveis, o Pas tem hoje condies para

    atractividade do investimento muito fortes.Se olharmos para os investimentos de umaBosh, de uma Continental Mabor, de umaMercedes, de uma Google, das redes de ho-telaria, Portugal regista hoje volumes de in-vestimento externo muito interessantes. Te-mos dois motores para o crescimento eco-nmico: o investimento e o aumento das ex-portaes. O investimento privado temvindo a melhorar. Pena que o investi-mento pblico no acompanhe e no sejaincentivador do investimento privado.Um dos problemas mais graves nas in-dstrias de moldes e de plsticos a faltade recursos humanos qualificados. Como que se pode ultrapassar esta questo?No vai ser fcil. Estamos com um dfice derecursos humanos qualificados enorme. Osector da metalurgia e metalomecnicaest com necessidade de cerca de 28 milpessoas, o sector elctrico e electrnico cer-ca de cinco mil pessoas, a hotelaria e a res-taurao na ordem das 40 mil, e a cons-truo tambm est com uma enorme ne-cessidade de recursos humanos qualifica-dos. A questo que se coloca se a popu-lao portuguesa tem condies de suprirestas necessidades. No. Independente-mente da adaptao dos currculos acad-micos, que uma luta eterna entre a aca-demia e as empresas, e que est a melho-rar. O Politcnico de Leiria um excelenteexemplo, tal como a Universidade de Bra-ga, de Aveiro, de Faro. A carncia de re-cursos humanos est a limitar as empresasnos investimentos necessrios em maior ca-pacidade instalada, desenvolvimento, olharpara novos mercados, responder a novasencomendas. E a massa salarial est a ser au-mentada, porque, como as empresas noobtm facilmente no mercado esses re-cursos humanos, vo busc-los a outras em-presas concorrentes. As 200 mil pessoas quemudaram de trabalho provocaram um au-mento da massa salarial entre 7 a 10%.Se as pessoas fossem remuneradas con-dignamente no se acabaria com esta mu-dana permanente de empresa?Acho que no. Conheo o caso de uma em-presa metalomecnica na regio de Lisboaque oferece quase trs mil euros por um tor-neiro, e no o tem. No um caso raro. Hoje,os soldadores qualificados esto todos a irpara o estrangeiro receber quatro ou cincomil euros. Salrio digno? Estamos a falar

    As auditorias, o Tribunal deContas e o TribunalConstitucional geram umsentimento de controlo ede penalizao, por msprticas no passado, queleva a que a AdministraoPblica tenha acrescidosreceios da deciso.

    A falta de recursoshumanos qualificados e aelevao da massa salarial aque isto est a obrigar nose resolve com a matria--prima portuguesa. Temosde ter uma poltica deatraco de imigraoqualificada.

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    desta ordem de grandeza. claro que se for-mos falar no ordenado mnimo, 100 eurosde aumento quanto que representa per-centualmente? No quantifiquei o valor dosalrio. Disse que, em termos salariais, aspessoas aumentaram a sua base salarial en-tre 7 a 10%. A falta de recursos humanosqualificados e a elevao da massa salariala que isto est a obrigar no se resolve coma matria-prima portuguesa. Temos de teruma poltica de atraco de imigrao qua-lificada. O que que a Alemanha est a fa-zer aos nossos engenheiros, aos nossos ar-quitectos, aos portugueses com funes es-pecializadas? Tem polticas de atractivida-de que, provavelmente, no tm a ver ape-nas com salrios, mas com um conjunto deoutros benefcios. Falamos muito de inte-rioridade, mas no chega dizer que s umaquesto salarial. Posso pagar a uma pessoamais 500 ou mil euros para ela ir para o cen-tro do Alentejo, onde no tem escolas paraos filhos, infantrios condignos, uma redede sade que lhe d segurana? Interagemaqui um conjunto de outras variveis, queno tm a ver apenas com a responsabili-dade das empresas. Lamentavelmente, huma estigmatizao das empresas e dos em-presrios, sinal de algum populismo quegraa pelo mundo. No se pea aos em-presrios que resolvam os problemas es-truturais do Pas.Esse devia ser um desgnio nacional?Tem de ser um desgnio nacional. No po-demos olhar para o Pas numa perspectivameramente economicista de eficincia/lu-cro, sem olharmos responsabilidade so-cial, a questes de humanidade e de coesosocial. O Mundo no pode ser s economia.Mas a falta de recursos humanos qualifi-cados no um problema s de Portugal. AEuropa, enquanto bloco econmico, estconfrontada com desafios para os quais notem encontrado as respostas correctas. Aprpria Unio Europeia (UE) tem de pensare reagir em relao s guerras econmicase aos proteccionismos dos EUA e questodo Brexit e da desagregao do prprio es-pao europeu, assim como os efeitos queisso tem, quer para a Europa quer para osEstados membros. Estamos, hoje, con-frontados com problemas, para os quais aUE no parece desperta. Em relao ao Bre-xit, encomendmos um estudo a uma en-tidade externa, para avaliarmos os efeitos,

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    porque quero que a CIP seja o farol avisa-dor da navegao das empresas, para po-dermos emitir opinio, pareceres, avisosconcretos sobre os seus efeitos, mas veja--se h quanto tempo que o Brexit se ar-rasta. H ainda a questo das migraes edos seus efeitos. A UE no est a responderem bloco, como devia, a este fenmeno.Quando se diz que a UE devia caminhar nosentido de uma federao h pessoas queficam com os cabelos eriados, mas noser esse o caminho?O modelo da Unio Europeia est es-gotado?Sim. A Unio Europeia tem de ser re-pensada.Teme que o Brexit possa ter um efeito re-plicador e que outros Estados-membrospossam sair da Unio Europeia?Temo. Quando as entidades no respon-dem com eficcia s necessidades, an-seios e expectativas das suas populaes,elas afastam-se desses modelos, Governos,Estados, como ns os concebemos. Esta-mos num tempo da humanidade de exa-cerbados populismos. As camadas sociais,de algum modo, ao longo de toda a hu-

    manidade sempre foram as mesmas: bai-xas, mdias, altas. As classes baixas vivemnum tempo de redes sociais e so ricas eminformao e milionrias em expectati-vas. Daqui resulta que os populismos tmcampo frtil para se desenvolverem. Aqui-lo que hoje vivemos que alguns Estadosesto cegos realidade dos tempos. Ou asorganizaes se adaptam tanto quantopossvel a essas realidades, ou as realidadesafastam-se delas. O conceito de unio est a desvanecer-se?A Unio Europeia est a demonstrar fragi-lidades no seu modelo. Se as pessoas noaderirem aos modelos, sejam eles quais fo-rem, no nos admiremos com rupturas oufracturas. Cabe-nos a ns, dirigentes nos v-rios nveis em que exercemos essa res-ponsabilidade, percepcionar, interpretare tentar prescrever. Se nos demitirmosdisso, como muitos de ns se continuam ademitir, no nos admiremos dos efeitos. Seno gizarmos correctas polticas, correctasterapias para as novas realidades, admira-mo-nos do qu? possvel fazer essa reflexo no seio daUnio Europeia?

    No podemos olhar para oPas numa perspectivameramente economicistade eficincia/lucro, semolharmos responsabilidade social, aquestes de humanidade ede coeso social. O mundono pode ser s economia.

    As classes baixas vivemnum tempo de redes sociaise so ricas em informao emilionrias emexpectativas. Daqui resultaque os populismos tmcampo frtil para sedesenvolverem.

    RICARDO GRAA

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    No. Sou um europesta convicto, mas soucptico em relao a essa capacidade. Comesta geometria poltica a que vamos assis-tindo, o novo quadro do Parlamento Euro-peu e a nova Comisso Europeia, h algunsriscos do que que dali possa vir a sair, nes-te tempo de populismos em que nos en-contramos. A coeso que devia existir naUE, dos seus valores e dos seus princpios,onde que est? O que que so valorespara uns e o que que so valores para ou-tros? Estou ligeiramente preocupado. Os empresrios portugueses tambm de-vem estar preocupados?Os empresrios portugueses devem estar in-quietos, porque estas questes no po-dem deixar de nos inquietar, e irrequietos,porque estamos obrigados a encontrar as so-lues em conjunto para isso. A, a coesodo movimento associativo exige diferentesatitudes. No chega eu estar inquieto se es-tiver inquieto sozinho. Importa estar in-quieto se o estiver em conjunto. Do conjuntoresultar alguma fora para que a minha in-quietude tenha resultados prticos. O desinteresse dos portugueses pelosmovimentos associativos uma questocultural?. H alguma letargia em relao ao movi-mento associativo. Leiria, felizmente, um excelente exemplo de associativismo.A Nerlei e a Nersant so bons exemplos deassociativismo. Uma associao ou umaconfederao no diferente de uma em-presa. E uma empresa se no inovar, se noacrescentar valor aos seus produtos, seno se diferenciar, dificilmente resiste. Omovimento associativo tem de ser repen-sado. Temos desafios enormes pela frente.Inquieto sobre essa matria, solicitei De-loitte, em 2014, um estudo a que chamei As-sociativismo 2025, para fazer uma avaliaoprospectiva do que que o movimento as-sociativo de base empresarial deve fazer. Ar-ranjar 63 pessoas com disponibilidade paraintegrar uma lista para a CIP no fcil. Eos que se disponibilizam, a primeira per-gunta que fazem quantas reunies porms se realizam. Estamos a fazer a segun-da edio desse estudo, adaptando-o auma base regional, porque o associativismoregional tem hoje perigos concretos. Os mu-nicpios esto a fazer o papel das associaesregionais na participao em feiras, missesempresariais, captao de investimento. H

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    aqui uma sobreposio com prejuzo do as-sociativismo empresarial. Os empresriostm de ter conscincia de que necessriounirem-se para terem fora. Num tempo depopulismos, os empresrios so diaboli-zados e a iniciativa privada estigmatizada.O empresrio invariavelmente um fac-nora, algum que compra Mercedes,Ferraris e outras marcas de topo. Lamen-tavelmente, na sociedade portuguesa ain-da h muito esta ideia. A inveja vem dOsLusadas. Temos, de facto, maus exemplose que nos envergonham, mas e do lado dostrabalhadores as baixas fraudulentas? E euvou generalizar e dizer que a massa activaportuguesa no quer trabalhar? Tenho le-gitimidade para fazer isso?Faz sentido existir um fosso to grande en-tre a remunerao dos administradores dasempresas e as pessoas que trabalham narea da produo?No. Devemos caminhar no sentido da di-minuio desse fosso salarial. A prazo tra-r complicaes vrias, porque no umaboa prtica. Deve tentar-se uma repartiojusta da massa salarial das empresas. Mastm de existir factores de avaliao de de-sempenho, havendo patamares mnimos,que legitimem essa prtica salarial. Os sa-lrios devem estar anexados a ganhos deprodutividade e ao crescimento econmi-co. a que a discusso do salrio mnimose deve situar. A maior parte das empresasque represento no ser afectada por pas-sar de 580 para 600 euros, porque j os pa-gam muitas vezes. Agora, se a empresa ti-ver ganhos de produtividade, se aumentara sua eficincia e os seus resultados, devereparti-los com aqueles que fazem parte daequipa. Sou, desde sempre, defensor des-sa prtica. Agora, o Estado ganha quando

    aumenta o salrio mnimo, porque quemrecebe o salrio mnimo paga os mesmosimpostos. Por que que no abdica do del-ta que obtm com o aumento do salrio m-nimo, no mbito da funo social do Es-tado? Devia haver responsabilidade socialde todos, porque aquilo que o salrio m-nimo representa incorpora tambm ocombate pobreza. Ento, no se pea empresa a exclusividade desse combate. Os empresrios valorizam os recursoshumanos?No h um empresrio digno dessenome que no valorize os recursos hu-manos. O grande activo das empresasso os recursos humanos. Mas o salriomnimo esconde muitas realidades.Temos dois conceitos: salrio e remu-

    nerao. Salrio aquilo que est es-pecificado na folha: 580 euros. J a re-munerao muito superior. Nos res-taurantes, os recursos humanos almo-am e jantam, levam gneros alimen-tares para casa, tm gorjetas. Qual asua remunerao? Nas empresas, oque que recebe por fora? A maior par-te dos trabalhadores no quer fazer ho-ras extra se elas forem pagas na folha,porque os descontos no compensam,mas aceitam se lhes forem pagas porfora. E as empresas vem--se obrigadasa pagar, atravs de esquemas imagi-nativos, se tiverem necessidade da-quele recurso humano para alm dahora normal. Com a entrada da China no xadrez in-ternacional, as regras do mercado mu-daram muito, sobretudo desde queeste pas deixou de estar associado aprodutos baratos e de qualidade duvi-dosa. Passados cerca de dez anos, o que que Portugal aprendeu com a aber-tura do mercado a pases que lhe vie-ram fazer concorrncia directa?O efeito foi devastador, na altura. Apren-deram, como qualquer ser humano, queno podem estar comodamente instaladosna zona de conforto. Aceleraram, rein-ventaram-se, inovaram, acrescentaramvalor aos seus produtos, foram para novosmercados, criaram parcerias. Acabou porser vantajoso para as que conseguiram rea-gir. A concorrncia sempre vantajosa.Desde que leal. E essa teve muitos aspec-tos desleais, porque as armas no eramiguais, como ainda hoje no so, porque aUE, mais uma vez, teve uma poltica er-rada, cujas vtimas foram muitas empre-sas de muitos sectores de actividade.

    O empresrio invariavelmente umfacnora, algum quecompra Mercedes, Ferrarise outras marcas de topo.Lamentavelmente, nasociedade portuguesaainda h muito esta ideia.A inveja vem dOs Lusadas

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  • Lubrigaz . Stand, Oficina e PeasCarvoeiros, Santa Eufmia2420-500 LeiriaTel.: 244 830 000 . Email: [email protected]

    Rua Dr. Artur Figueira REgo, n. 1000Lavradio . 2500-187 Caldas da RainhaTel.: 262 840 510

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  • 30 Leiria Global Julho de 2018

    Portugal umaespcie dearquiplago de competncias, de saberes e de talentos

    Joaquim Menezes 71 anos, lidera a Iberomoldes, grupoda Marinha Grande que terminou o ano de 2017 compraticamente 110 milhes de euros de facturao. Desdeo incio de Maro, preside EFFRA, sendo o primeiroportugus eleito para aquela associao europeia deinvestigao para a indstria, onde esto presentes asmaiores empresas industriais da Europa

    Lurdes [email protected]

    Foi eleito presidente da EFFRA - Asso-ciao Europeia de Investigao para as F-bricas do Futuro. Quais os seus principaisdesafios como dirigente desta associaoque conta com as maiores empresas in-dustriais da Europa e do mundo? Este um conselho que simultanea-mente consultivo e operacional. diversi-ficado e amplo. As pessoas que o consti-tuem vm de empresas e instituies de in-vestigao, de sectores industriais europeuse vo dar o seguimento ao que a associaotem vindo a fazer em prol da indstria eu-ropeia. Atravs desta parceria, a EFFRA de-senvolve o seu trabalho junto da ComissoEuropeia, nomeadamente com a DG Re-

    search & Innovation e da DC Connect, masnem eu nem os meus colegas vamos geriro dinheiro destinado investigao e de-senvolvimento! Somos, fundamentalmenteuma entidade que desenvolve agendas dainvestigao e desenvolvimento que fazemsentido para a indstria europeia. No ge-rimos os dinheiros, influenciamos a sua dis-tribuio em agendas (road maps) desen-volvidas com a participao de especialis-tas nas matrias que interessam ao desen-volvimento e sustentabilidade da socieda-de e das empresas industriais europeias.Compete-nos, assim, contribuir e deba-ter com a Comisso Europeia o que fazsentido fazer e apoiar no desenvolvi-mento de novas tecnologias, novas for-mas de organizao, novos processos,tudo na rea industrial.

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  • Julho de 2018 Leiria Global 31

    Passmos alguns anos emque a moda eram osservios, as startups, tudomenos a indstriaconstituda por empresasPassmos o tempo a tentarcopiar modelos que vmde fora e que no soaplicveis e comparveiscom a nossa realidade

    E nesse mbito, o que faz sentido para asempresas portuguesas?Portugal precisa de manter decises na reada industrializao. Deve fazer-se um for-cing na rea industrial e no abandon-la.Passmos alguns anos em que a modaeram os servios, as startups, tudo menosa indstria constituda por empresas Pas-smos o tempo a tentar copiar modelos quevm de fora e que no so aplicveis e com-parveis com a nossa realidade. Ora, ns te-mos pessoas muito talentosas em relao aprendizagem, com tendncia para abra-ar conceitos novos, muita juventude quenecessariamente est a olhar para o futu-ro e a abraar novos conceitos, sejam elestecnolgicos, sejam de organizao, coisasque fazem sentido em relao a eles pr-prios e a Portugal. Na Europa e nos EUA h

    RICARDO GRAA

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  • 32 Leiria Global Julho de 2018

    uma necessidade muito grande de jovensligados cincia, em qualquer sector, emparticular na rea industrial. Houve quaseuma campanha muito entre aspas - dese ser contra a industrializao, porque a f-brica do mundo era a China e se assim era,o melhor era esquecer. O melhor que ha-via como futuro do Pas, eram servios e su-porte industrial, eventualmente para apoiaro incremento da importao a partir dasia, nomeadamente da China. Ora, issono me parece ser o melhor, nem o que temvindo a acontecer. A China muito gran-de, tem as suas necessidades prprias.Tem capital e tem um vasto mercado in-terno, em que se podem apoiar e desen-volver cada vez mais. algo que ns, en-quanto portugueses, no podemos ambi-cionar, somos muito pequenos para isso,mas podemos fazer indstria de nichodadas as nossas especificidades e caracte-rsticas pessoais, nomeadamente de flexi-bilidade e agilidade, quando queremos!Ainda h volta a dar em relao ao processode industrializao?A nossa juventude est minimamente ac-tualizada em relao ao que se passa l fora!C dentro, h capacidade de aprendizagemde novos conceitos de organizao e de no-vas tecnologias, nomeadamente no pro-cesso crescente de digitalizao! Os por-tugueses, de uma maneira geral, at so en-genhosos e simpticos, isso facilita na pro-cura de alternativas, sejam c dentro sejaml fora. Os jovens, de uma maneira geral,tm preocupao em ver qual vai ser o seufuturo e dedicam-se a um determinado tipode conhecimento e de formao que lhesabra um leque de oportunidades. Desde1500 que andamos procura de oportuni-dades no Mundo. Isto parece romntico,mas no fundo no , faz parte do nossoDNA. Com muito mais facilidade, vamos aqualquer stio, fazemos amigos, procura-mos, investigamos, recebemos bem aspessoas, o que facilita a nossa integraonoutras comunidades que verdadeira-mente tm necessidade do nosso saber parafazer. Neste momento h uma imensaprocura de engenheiros. No pelos nos-sos lindos olhos que os centros de in-vestigao esto a deslocalizar-se da Ale-manha e de outros pases para c. A visitada senhora Merkel a Portugal em finais deMaio mais que evidente desse ponto de

    vista. Andam a muitas empresas interna-cionais a procurar seduzir os nossos jovensengenheiros, tendo chegado conclusoque, em vez de tentarem que fossem osportugueses a irem para os respectivos pa-ses, seria melhor serem elas prprias e osseus centros de investigao e de desen-volvimento a virem para c. Isso muitobom para o Pas, para j porque permiteque esse desenvolvimento, em relaocom os centros de saber, com as univer-sidades e os centros tecnolgicos, ouseja, os centros de interface, consiga fazeruma rede robusta, que necessariamentevai possibilitar um desenvolvimento eco-nmico mais sustentado. A aposta nos servios de que falou, a talmoda, j comeou a criar falta de empre-go nessas reas menos tecnolgicas, aocontrrio do que acontece com os enge-nheirosComea a haver falta de trabalho em algu-mas dessas reas, tambm resultante daaplicao de novas tecnologias. Mas os no-vos engenheiros j esto a virar-se outra vezpara o fazer coisas e mesmo para asreas de suporte e de servios, em que omanuseamento de tecnologias de infor-mao impera cada vez mais, e vai ser ne-cessrio gente preparada para isso. As tec-

    nologias de informao so aquelas que es-to a dar suporte a outra vaga que est a eque est para durar, de forma sustentada,que muito baseada na internet das coi-sas, isto , tudo est conectado, todos es-tamos permanentemente conectados, sejaatravs dos telemveis seja atravs de todasessas redes sociais, que so usadas de for-ma muito variada. A maioria das pessoas usaessas redes numa lgica de se ligar aos ami-gos e de comunicar entre eles, mas h mui-ta gente e muitas empresas que fazem dasredes sociais a sua base de marketinge de co-mercializao. H outras vias no terreno re-lacionadas com tecnologias de informaoe ns estamos nesse mundo.Os empresrios portugueses esto maisdespertos para a realidade das tecnologiasde informao?Em algumas situaes no, noutras estomais avanados. Ns dependemos muito daexportao. As empresas quando nascem jo fazem a pensar que tm de vender parafora e vendendo para fora esto sujeitas auma concorrncia que transcende o vizinhodo lado, ou seja, no dependem s doecossistema e da cultura nacionais. Os por-tugueses, de uma maneira geral, so mui-to abertos ao cosmopolitismo, porque tmde se dar com outras gentes, com estran-geiros, tm de aprender a lngua deles,tm de entender o que so os diversosmercados internacionais, tm de saberquem que vende o qu e quais so os con-correntes que vendem nesses mercados -necessariamente no so s os portugueses,mas esses ns conhecemos. Tm de estaratentos quilo que a nossa verdadeira con-corrncia, de pases muito maiores. Se notivermos um produto ou um servio mui-to diferenciado eles no vm c comprar!Para tudo isto, as tecnologias de informaoso hoje uma ferramenta fundamental. A diferenciao j no se faz pelo preo?Naturalmente que ainda h uma tendnciapara dizer que a diferenciao apenas se fazpelo preo, mas no ! E a indstria de mol-des, por exemplo, sabe disso muito bem. Spelo preo no se vai l. Porque ento osclientes vo apenas sia. A verdade queos clientes continuam a vir c e a procurarparceiros de negcio, independentementedas compras que fazem na sia, nomea-damente na China. O que muito bom paraas empresas portuguesas, significa que so-

    Andam a muitas empresasinternacionais a procurarseduzir os nossos jovensengenheiros, tendochegado concluso que,em vez de tentarem quefossem os portugueses airem para os respectivospases, seria melhor seremelas prprias e os seuscentros de investigao ede desenvolvimento avirem para c

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  • Julho de 2018 Leiria Global 33

    mos um modelo internacional, quer em re-lao forma como nos relacionamos e tra-balhamos, quer em relao forma comoutilizamos as tecnologias disponveis, ouseja, da forma como tratamos o mercado.Temos de nos manter actualizados e dife-renciados para, de alguma forma, leva-rem procura dos nossos produtos e dosnossos servios fora de portas. H clientes que valorizam a proximidadedos seus fornecedores, mas a internacio-nalizao no sentido da deslocalizaodas empresas no est mo de todos osempresrios. O que fazer para superaresta dificuldade?H, de facto, uma tendncia das grandesempresas mundiais de quase exigirem queos seus fornecedores estejam perto da por-ta deles. um grande desafio. A internacionalizao muito interessan-te mas tem muito que se lhe diga e as em-presas tm de estar minimamente estru-turadas a todos os nveis para terem capa-cidade para responder. Temos de dar a sen-

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    sao aos nossos clientes que afinal estamosali ao lado. A mobilidade dos nossos qua-dros, do nosso prprio servio e do nossoproduto tem aqui um papel extremamen-te importante. Temos de apostar em pro-dutos que com muito mais tecnologia,muito mais diferenciao. Tambm os as-pectos logsticos so cada vez mais impor-tantes. A esse nvel as empresas tm de teruma agilidade muito grande, semelhante sque se encontram ao lado dos clientes e queat podem descurar esses aspectos. E essesaspectos podem ser, para as nossas em-presas, o que as diferencia e que acabam porlhes trazer valor acrescentado. A parceria com os prprios clientes naconcepo do produto uma mais-valiapara o sucesso de um negcio?Os nossos tcnicos, por exemplo, trabalhamcom as equipas dos nossos grandes clien-tes ao nvel do desenvolvimento de pro-duto, a que chamamos a co-engenharia e oco-desenvolvimento. Isso um aspectoextremamente importante at pelo que j

    falmos antes: se no h engenheiros nes-ses pases, h dificuldade em conceber osprodutos. Se ns os podemos ter, isso cor-responde a uma importante vantagemcompetitiva! Para alm disso, hoje em dia,no nosso sector e em todo o lado, neces-srio assegurar um processo de aprendiza-gem ao longo da vida. H sempre coisas no-vas, h sempre a necessidade de os nossosengenheiros serem curiosos, de estarematentos, de fazerem vigilncia sob o pontode vista do que de novo est a aparecer, dastendncias. muito mais desafiante parans do que para um local, um vizinho,porque est ali ao lado. Dou muita impor-tncia a esse aspecto, porque aquilo quenos pode trazer oportunidades, as tais quegeram valor acrescentado. E o valor acres-centado pela diferenciao, portanto, achoque esse aspecto deve ser explorado comoum desafio permanente. Considera que Portugal e os nossos em-presrios esto a exportar mais valor acres-centado?

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  • 34 Leiria Global Julho de 2018

    Penso que sim! Um dia destes afirmavanum contexto semelhante, que Portugal uma espcie de arquiplago de compe-tncias, de saberes e de talentos, temos al-gumas caractersticas enquanto pessoas ba-seadas no segredo a alma do negcio,mas como somos pequenos, muitas vezesno damos dimenso aos nossos segredos,seja porque h necessidade de mais saber,de mais investigao, de mais investi-mento, seja porque nem todos estamos emcondies de o poder vir a fazer. Devemoster uma actividade sustentada, com clien-tes permanentes e de longa durao. Re-cordo que no pelo negcio imediatistaque conseguimos fazer a sustentabilidadedas empresas, portanto, ganhar tudo nomesmo negcio pode destru-lo! Ter clien-tes com mais de 40 anos pode ser, quantoa mim, uma vantagem competitiva. Temosclientes muito antigos, felizmente. Souma percentagem relativamente pequena,mas que nos do credibilidade perante ou-tros que ainda nem so clientes e que sequestionam como que temos clientes h40 anos. Acredito que isto muito impor-tante. Isso acontece porque h uma certasimbiose entre o fornecedor e o cliente, quepermite fazer uma sustentao da relao. um relacionamento sustentvel e sacontece porque continuamos competiti-vos aos seus olhos, continuamos como umparceiro credvel em relao quilo que eleprocura em ns. Essa parte sem dvidaimportante. Nesse sentido, h que desen-volver uma relao com os clientes que nospermita ver para onde vo. E devemos es-tar muito mais vigilantes at a qualquer pro-blema que possa acontecer ao prpriocliente. Mas h outros aspectos de valoracrescentado, como a tecnologia diferen-ciada, os produtos diferenciados e muitasoutras questes! O que nos interessa terclientes exigentes que nos desafiam aacompanh-los no desenvolvimento dosseus negcios e dos seus produtos. Desdesempre que trabalhamos com grandesempresas mundiais, que de alguma ma-neira criam as tendncias. um elemen-to extremamente importante para conti-nuarmos sustentveis.Os moldes duplicaram as suas exportaesentre 2010 e 2017. um cenrio com ten-dncia para continuar?Quero acreditar que sim. Claramente acho

    que continuaro a crescer, pois todos os diasesto a aparecer novos produtos que pre-cisam de moldes, dos nossos moldes. O nos-so sector muito visvel ao nvel do co-mrcio internacional de moldes. Somos umPas pequeno, com uma indstria compa-rativamente pequena em relao Ale-manha e a outros pases, que so para nsreferencias. um sector relativamente di-fcil no que se refere a atrair jovens, mas te-mos um potencial de atractividade grande.Defendo o esforo srio que tem vindo a serfeito para que Portugal seja uma refernciacomo o fabricante de moldes Europeu.Essa nossa aspirao, de alguma maneira, nossa dimenso est a ser conseguida.Quando se pensa em moldes, as grandesempresas clientes pensam necessaria-mente em Portugal. Sente que o Mundo comea a olhar paraPortugal como um agente de intervenoem reas como a investigao e o desen-volvimento? Portugal est na moda! O mundo comeaa olhar mais atentamente para ns e paraos nossos talentos, tambm por neces-sidade. A indstria portuguesa tambmse comeou a afirmar por alguma dife-renciao at na forma como se mar-ketiza, no sentido do marketing neces-

    srio. A prpria indstria de moldes dis-so uma realidade evidente e muitos de nsnem do muito crdito a isso. A associa-o do sector (a Cefamol) e as outras ins-tituies, como o Centimfe ou a Pool Net,tm vindo h anos a fazer esse trabalhojunto dos mercados, em que fazemos di-ferena. Somos, como instituies de in-terface, respeitados e tudo isso ajuda a queos mercados estejam atentos ao que an-damos a fazer. Essa forma de publicitaoda nossa realidade e a forma como nos en-volvemos e falamos sobre isso, e a mo-dernidade do nosso sector, espanta os ou-tros pases. Portugal um pas pequeno,no do muita importncia, mas aos pou-cos, essa realidade altera-se; sectorescomo os moldes, e outros como caso docalado e do txtil e vesturio, fizeram umtrabalho de sapa notvel, cujos resultadosesto vista. Ns [moldes] inicimoscampanhas colectivas de publicidade in-ternacional nos finais dos anos 1980. Atl amos s feiras, fazamos barulho, masainda no era um trabalho suficiente-mente sedimentado e coordenado. Aocontrrio do que acontece hoje, quer comos moldes quer com os txteis e o cala-do. O facto da Michelle Obama calar, e de-clarar que usa, sapatos portugueses muito importante. O facto de a Madonnaviver em Lisboa e os filhos jogarem numaacademia de um clube portugus igual-mente determinante! Todas estas pessoastm um efeito brutal na comunicao ena projeco do nosso Pas. Temos o Ro-naldo e o Mourinho, tudo junto acabapor dar-nos uma exposio muito gran-de a nvel mundial. Tambm ao nvel dainvestigao e desenvolvimento e dainovao, a evoluo tem sido muitogrande, quer das empresas, quer das en-tidades do sistema cientfico e tecnol-gico. Tem-se verificado um aumento doinvestimento nessas reas e o facto dePortugal estar a aumentar a sua partici-pao nos programas europeus de I&Ddemonstra tambm a sua competitivi-dade nessas vertentes. No que se refere EFFRA, Portugal tem vindo a desem-penhar um papel importante desde a suacriao. Temos realmente um conjuntode factores que est a influenciar forte-mente a visibilidade de Portugal nomundo.

    Os novos engenheiros jesto a virar-se outra vezpara o fazer coisas emesmo para as reas desuporte e de servios, emque o manuseamento detecnologias de informaoimpera cada vez mais, evai ser necessrio gentepreparada para isso

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  • 36 Leiria Global Julho de 2018

    Novas solues contemplam mais tecnologia e rigor

    Castelhano & Ferreira acrescenta valor aos painis acsticos

    Lurdes [email protected]

    Quase todas as pessoas devem co-nhecer a experincia de entrar num res-taurante e de se confrontarem com o ba-rulho ensurdecedor provocado pelaquantidade de gente a falar ao mesmotempo! Ora, para quem ainda no sabe,estas situaes tendem a diminuir atporque s acontecem em espaos comgraves problemas de acstica. E Ricar-do Ferreira, director comercial da Cas-telhano & Ferreira, empresa de Leiria es-pecialista em painis de correco acs-tica para interiores e em divisrias, ex-plica que cada vez h mais solues quepermitem reduzir os ecos e rudos agres-sivos nos vrios espaos, de modo a queas pessoas os possam partilhar sem te-rem de falar alto e tambm sem terem deouvir o vizinho do lado.

    Este tem sido, alis, o cavalo de bata-lha desta empresa, que h vrios anosdesenvolve produtos inovadores e adap-tados a cada situao. Num auditrio,por exemplo, temos solues tcnicas,inovadoras e criativas que permitemque se oua da mesma maneira, junto aopalco ou afastado.

    O mesmo acontece nas salas de aula. Aocontrrio do passado, entrou no vocabul-rio da acstica o termo inteligibilidadeque, segundo Ricardo Ferreira, atribui spessoas a capacidade de perceber e com-preender bem as coisas. Antes, os alunosque se portavam mal ou tinham nomes co-meados pelas ltimas letras do alfabeto,iam para o fundo da sala de aula, nem o pro-fessor os ouvia, nem eles ouviam o pro-fessor, e em resultado, reprovavam mais.Hoje isso inadmissvel. Nas escolas, aacstica est em p de igualdade com a lu-minosidade ou o aquecimento.

    RICARDO GRAA

    Antes, os alunos que seportavam mal ou tinhamnomes comeados pelasltimas letras do alfabeto,iam para o fundo da salade aula () Hoje, a acstica est em p de igualdade com aluminosidade ou oaquecimentoRicardo Ferreira

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  • Julho de 2018 Leiria Global 37

    PUB

    LIC

    IDA

    DERicardo Ferreira defende a necessidade de os

    arquitectos e engenheiros civis trabalharem cadavez mais em parceria com os engenheiros acs-ticos, logo desde o incio do projecto. Acres-centamos valor aos nossos produtos, pelo me-nos desde 2002, quando comemos a trabalharcom a Universidade do Porto, por sentirmos ne-cessidade de inovar e de aperfeioar os nossospainis acsticos, sustenta.

    Em Portugal, os projectos eram vendidosco