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Plano de Ação Vitória Sustentável

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  • 2015

  • 2sobre este plano

  • 3O Plano de Ao Vitria Sustentvel resulta-do de um importante esforo empreendido em conjunto pela Prefeitura Municipal de Vitria, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a CAIXA e o Instituto Plis na busca do crescimento sustentvel do municpio. Para o desenvolvimento da ICES em Vitria foi funda-mental a coordenao da Secretaria de Gesto Estratgica (SEGES) que responsvel, no m-bito municipal, pelo planejamento e a execuo integrada das polticas, programas e aes da administrao municipal. Contamos tambm com o empenho e dedicao de todas as secre-tarias setoriais do municpio, o que possibilitou a integrao e a articulao das vrias aes desenvolvidas e planejadas permitindo uma leitura integrada sobre o territrio de Vitria e municpios vizinhos, e seus principais desafios.

    Foram investidos recursos humanos e financei-ros na realizao de um diagnstico da cidade a fim de identificar o caminho mais adequado ao enfrentamento dos problemas especficos de Vitria e de sua regio metropolitana hoje e no futuro. Os principais desafios identificados e caminhos apontados esto expressos neste

    Plano de Ao. Este documento sintetiza os re-sultados deste diagnstico realizado de forma multisetorial, a priorizao das reas de atua-o, as aes para o crescimento sustentvel da cidade e as solues propostas.

    As aes propostas devero contribuir para a atuao e para o direcionamento dos investi-mentos do poder pblico, das organizaes da sociedade civil e do setor privado para o plane-jamento integrado das polticas, com o objeti-vo de promover o desenvolvimento sustent-vel e a melhoria da qualidade de vida de toda a populao, de forma equilibrada com o meio ambiente e com as especificidades territoriais. No entanto, a transformao positiva do uso do territrio, do planejamento da gesto urba-na, e da prestao de servios depender do esforo e da cooperao entre esses agentes, do setor privado, e da cidadania, juntamente com o indispensvel apoio do governo esta-dual e federal. A formulao do Plano de Ao procurou contribuir para o dilogo entre os di-ferentes atores que atuam na cidade de forma a avanar na articulao de aes cada vez mais integradas.

    importante destacar, por fim, que embora a ICES tenha como foco central o Municpio de Vitria, com boa parte das aes voltadas definio de potenciais de desenvolvimen-to socioeconmico e territorial locais, ficou claro para todos os envolvidos no processo a necessidade imperativa de avanar na gesto metropolitana integrada. Este o desafio cen-tral para uma regio na qual Vitria a cidade referncia, considerando que o enfrentamento de muitas das questes apontadas passam por essa compreenso das dinmicas regionais.

  • 4ICES BRASILINICIATIVA CIDADES

    EMERGENTES E SUSTENTVEIS

    apresentao

  • 5Vitria a capital e o principal centro econ-mico, financeiro, poltico e administrativo do estado do Esprito Santo. Juntamente com os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e So Paulo, compe a Regio Sudeste do Brasil.

    O municpio constitudo por uma ilha prin-cipal, vrias ilhas menores no seu entorno alm das ilhas da Trindade e Martin Vaz, dis-tantes 1.140 km, e uma parte continental si-tuada ao norte, totalizando uma rea de 98 km. Vitria integra, juntamente com os mu-nicpios de Cariacica, Fundo, Guarapari, Ser-ra, Viana e Vila Velha a Regio Metropolitana da Grande Vitria (RMGV), que possui cerca de 1.884.096 habitantes.

    Recentemente Vitria foi considerada a me-lhor cidade do pas para se abrir um negcio, a 1 capital do pas em qualidade de vida e a 2 capital mais transparente do Brasil. Mes-mo com todas as conquistas e sendo um dos melhores centros urbanos do mundo para vi-ver, Vitria sofre, como a maioria das cidades brasileiras, com diversos problemas de or-dem estrutural, ambiental, segurana, mobili-

    dade urbana e acessibilidade, dentre outros.

    Para vencer esses desafios, A Prefeitura de Vitria elaborou seu Planejamento Estrat-gico 2013/2016, que incluiu a elaborao do PPA 2014/2017, com base na gesto compar-tilhada, transparente, eficiente e participativa. Foram definidas quatro diretrizes organizadas de forma sistmica, integrada e articulada: Ambiente Social de Paz, Equidade e Jus-tia Social, Desenvolvimento com Susten-tabilidade e Gesto Compartilhada, Trans-parente e Eficiente, que se traduziram em 38 Programas de Governo.

    Em 2015 Vitria completar 464 anos, e te-mos muitos desafios, como ser reconhecida nacional e mundialmente, como uma cidade sustentvel, ancorada na gesto comparti-lhada; organizada, segura e humana; saud-vel para os moradores e encantadora para os visitantes; inovadora, dinmica e repleta de oportunidades; uma cidade que valoriza e abraa sua rica identidade, sua histria, sua paisagem e sua diversidade cultural, com equidade e justia social.

    A parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Caixa Econmi-ca Federal no mbito da Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentveis (ICES) e ser de suma importncia para a implementao de aes e projetos que tornaro possveis a realizao de grande parte desses sonhos e desafios.

    E este Plano de Ao Vitria Sustentvel aponta os caminhos a serem percorridos para consolidarmos nossa cidade de forma sus-tentvel, inteligente, socioeconomicamente equilibrada e feliz.

    Luciano Santos RezendePrefeito de Vitria

    Vitria, uma cidade sustentvel, ancorada na Gesto Compartilhada

  • A sustentabilidade urbana um dos temas mais relevantes do sculo XXI. Diferentes insti-tuies, em todo o mundo, se debruam sobre o assunto, buscando solues criativas para os problemas que se apresentam hoje, e que po-dem ser agravados pela mudana climtica. A Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentveis (ICES) nasceu no BID em 2011 como um pro-duto de conhecimento, e se apresenta como uma resposta aos cidados da Amrica Latina e Caribe (ALC) diante dos enormes desafios de desenvolver cidades melhores para se viver.

    As cidades mdias brasileiras registram atu-almente uma importante dinmica de cresci-mento populacional e econmico. Esto em um estgio de desenvolvimento no qual possvel aproveitar suas economias de escala e controlar os custos da aglomerao, melho-rando a eficincia dos servios urbanos. Alm disso, apresentam condies para alcanar um desenvolvimento mais sustentvel, evi-tando, no futuro, enfrentar situaes mais difceis e custosas de serem corrigidas.

    Estas cidades possuem potencial de apre-sentar resultados positivos mais impactantes em sua competitividade, caso concentrem aes e tenham foco de atuao em temas estruturados e com uma viso intersetorial. A ICES uma contribuio concreta do BID para estas cidades.

    No Brasil, a ICES nasceu apoiando a cidade de Goinia (GO) com um Plano de Ao lana-do em 2012. Uma parceria com a CAIXA, que consideramos de alta relevncia para a socie-dade brasileira, nos permitiu expandir nossa atuao para Joo Pessoa (PB), Palmas (TO), Vitria (ES) e Florianpolis (SC). Hoje temos a ICES presente em cidades nas diferentes regies do pas.

    Vitria a segunda cidade a lanar seu Plano de Ao no mbito desta parceria. Ter uma impor-tante cidade da Regio Sudeste do Brasil com o plano concludo, apontando novos rumos diante dos desafios para sua sustentabilidade, para ns motivo de orgulho, e demonstra que trilhamos caminhos seguros para melhorar a vida das pessoas.

    Esperamos que o governo e a sociedade de Vitria se apropriem deste trabalho exitoso, e busquem juntos concretizar as aes pre-vistas, construindo, em um caminhar cont-nuo, um futuro em que as pessoas se sintam cada vez mais preparadas e apoiadas diante dos problemas, desafios e oportunidades de viver na cidade.

    Parabenizo a todos que coletivamente cons-truram o Plano Vitria Sustentvel e desejo os melhores resultados nesta jornada.

    Daniela Carrera-Marquis Representante

    Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID

    A ICES no Brasil

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    Plano de Ao Vitria Sustentvel

    A CAIXA parceira dos municpios brasileiros na busca de solues para o desenvolvimento sustentvel do Pas, priorizando a sustentabili-dade ambiental, econmica e social em suas aes e parcerias.

    Fortemente alinhada a essa diretriz, a Iniciati-va Cidades Emergentes e Sustentveis (ICES), lanada pelo Banco Interamericano de Desen-volvimento (BID), em 2011, busca responder ao desafio da sustentabilidade urbana em cida-des de mdio porte da Amrica Latina e Caribe.

    Por isso, motivo de grande satisfao para a CAIXA o lanamento do Plano de Ao Vitria Sustentvel, desenvolvido no mbito da ICES, que alm de atacar os problemas urbanos mais urgentes, viabiliza recursos tcnicos e finan-ceiros para apoiar municpios na elaborao de Planos de Ao Sustentveis Locais.

    Implementada inicialmente pelo BID na cidade de Goinia, a parceria com a CAIXA, a partir de 2012, possibilitou a expanso da ICES para as cidades de Vitria, Joo Pessoa, Florianpolis e Palmas. O apoio da CAIXA Iniciativa ocor-re por meio de aporte de recursos financeiros do Fundo Socioambiental CAIXA, destinado a apoiar, em carter demonstrativo, projetos in-clusivos, inovadores, sustentveis e reaplic-veis, que contribuam para o desenvolvimento de cidades melhores de se viver.

    O intenso dinamismo econmico e populacio-nal de Vitria e os bons indicadores de qualida-de de vida de sua populao - acima da mdia nacional - evidenciam a sua condio de cidade emergente e a posicionam de maneira estra-tgica no desenvolvimento regional e nacional, aspecto determinante para a participao de Vitoria na ICES.

    Em Vitria, sete reas temticas foram identi-ficadas como crticas: mobilidade urbana; se-gurana, gesto de resduos slidos, uso do solo e ordenamento territorial, competitividade econmica, mitigao de mudanas climticas e gesto fiscal.

    Certa de que a ICES contribuir para a constru-o de um futuro mais harmnico e sustentvel para a cidade de Vitria, a CAIXA parabeniza a todos os que contriburam para a construo do Plano de Ao Vitria Sustentvel e dese-ja sucesso ao municpio na concretizao das estratgias e aes priorizadas para a cidade.

    Miriam Belchior Presidente da CAIXA

  • 8equipe de trabalho

    EQUIPE COORDENAO SEDE/BID

    Ellis J. Juan Coordenador Geral da ICeS

    Horacio Terraza Coordenador SetorIal para InfraeStrutura e MeIo aMbIente, ICeS

    Andres Blanco Coordenador SetorIal para InStItuIeS e deSenvolvIMen-to, ICeS

    Maurcio Bouskela eSpeCIalISta SnIor eM CInCIa e teCnoloGIa (Ifd/CtI)

    Harvey Scorcia JoveM profISSIonal, ICeS

    Avelina Ruiz ConSultora, ICeS

    David Maleki ConSultor, ICeS

    Gines Suarez Vazquez ConSultor, Ine/rnd

    Luis Lopez-Torres ConSultor, ICeS

    Maricarmen Esquivel ConSultor, Ine/CCS

    Martin Kerres ConSultor, Ine/CCS

    Sebastian Lew ConSultor, ICeS

    Renata Seabra ConSultora, ICeS (fMM/Cbr)

    Katia Miller ConSultora, ICeS (fMM/Cbr)

    William Lauriano ConSultor, eConoMIa (CSC/Cbr)

    Mnica de Oliveira ConSultora, MudanaS do ClIMa (CCS/Cbr)

    Andreza Leodido ConSultora, MudanaS do ClIMa (CCS/Cbr)

    Tiago de Barros Cordeiro ConSultor, SeGurana CIdad (ICS/Cbr)

    Pollyane Alves ConSultora, aSSIStente de proJeto (CSC/Cbr)

    Danielle Pinto aSSIStente de proJeto (CSC/Cbr)

    EQUIPE COORDENAO | REPRESENTAO DO BRASIL/BID

    Mrcia Casseb Coordenadora da ICeS no braSIl eSpeCIalISta SnIor eM deSenvolvIMento urbano e Sanea-Mento (fMM/Cbr)

    Cristina Mac Dowell eSpeCIalISta SnIor eM deSenvolvIMento fISCal e MunICI-pal (fMM/Cbr)

    Dino Caprirolo eSpeCIalISta prInCIpal eM ModernIzao do eStado (ICS/Cbr)

    Janaina Goulart eSpeCIalISta SnIor eM CoMunICao (CMG/Cbr)

    Vanderleia Radaelli eSpeCIalISta SnIor eM CInCIa e teCnoloGIa (CtI/Cbr)

    Veimar Nobre eSpeCIalISta de tranSporte (tSp/Cbr)

    Andres Muoz Miranda aSSoCIado SnIor eM deSenvolvIMento fISCal e MunICIpal (fMM/Cbr)

    Thiago Mendes aSSoCIado SnIor para MudanaS do ClIMa (CCS/Cbr)

    Marcelo Facchina ConSultor, ICeS (fMM/Cbr)

  • 9EQUIPE COORDENAO CAIXA | MATRIZ/BRASLIA-DF

    Jean Rodrigues Benevides Gerente naCIonal - GernCIa naCIonal de SuStentabIlIda-de e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    Marcus Venicius Monturil Rego Gerente naCIonal GernCIa naCIonal de SeGMentoS

    Mara Luisa Alvim Motta Gerente exeCutIva - GernCIa naCIonal de SuStentabIlIda-de e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    Stella Maris Martins Garcia Gerente exeCutIva - GernCIa naCIonal de SuStentabIlIda-de e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    Soraya Souza Zaiden Gerente exeCutIva eM exerCCIo GernCIa naCIonal de SuStentabIlIdade e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    Teresa Cristina Montalvo Moreira tCnICo bC. - GernCIa naCIonal de SuStentabIlIdade e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    Flvio Yutaka Oshiro arquIteto GernCIa naCIonal de SeGMentoS

    Rogria Cristina B. de Arajo aSSISt. exeC. SnIor GernCIa naCIonal de SuStentabI-lIdade e reSponSabIlIdade SoCIoaMbIental

    EQUIPE COORDENAO CAIXA | VITRIA/ES

    Jos Carlos Cassoli SuperIntendente reGIonal SuperIntendnCIa reGIonal norte do eSprIto Santo

    Jeferson Won Rondon de Souza Gerente de fIlIal de Governo GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

    Ana Paula Carvalho Andrade Coordenadora GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

    Marisa Chaves Barboza da Silva aSSIStente SnIor GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

    Eduardo Silveira Nitz enGenheIro GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

    Mnika Gimenes Alvarenga Ferrari SupervISora de fIlIal repreSentante CaIxa - GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

    Marcela Cardoso Oliose SupervISora de fIlIal repreSentante CaIxa GernCIa exeCutIva de Governo vItrIa/eS

  • EQUIPE PREFEITURA MUNICIPAL DE VITRIA (PMV)

    Prefeitura Municipal de Vitria | equIpe tCnICa

    Anna Claudia Aquino dos Santos Pela

    Ariane Celestino Meireles

    Ivani Soares Zecchinelli

    Juliano Galimberti da Rosa

    Leandro Andrade Haddad

    Mardel Freitas Braga

    Pedro Ronchi

    Renata Salles Pirola

    Regina de Ftima Wigeneron Gimenes

    Ricardo Cames Osrio

    Thiago Zecchinelli Sampaio

    Prefeitura Municipal de Vitria | plano de ao ICeS

    Antnio Claudino de Jesus aSSeSSor de proJetoS eSpeCIaIS Coordenador

    Bianca Assis Ribeiro de Sousa Loureiro SeCretrIa MunICIpal de GeSto eStratGICa

    Lenise Menezes Loureiro SeCretrIa MunICIpal de deSenvolvIMento da CIdade

    Joventina Vieira Santiago Tavares SubSeCretrIa de GeSto pblICa

    Prefeitura Municipal de Vitria | ColaboradoreS

    Amanda Duarte Quenupe Torres

    Ana Elisa Nahas Amorim Pimentel

    Daniel Pombo de Abreu

    Daniela Fonseca Figueiredo

    Gabriela Gilles Ferreira

    Ins Borgo da Cunhalima

    Joo Luiz Paste

    Jomir Antonio Lozer Morelato

    Lana Pantoja do Nascimento de S

    Melissa Passamani Boni

    Tiago Gomes Bongiovani

    Prefeitura Municipal de Vitria | apoIo

    Alexsandra Wenceslau do Nascimento de Souza

    Claudiceia Dias

    Pauline Guedes Lyra

    Tase Vieira dos Santos

  • INSTITUTO POLIS | COORDENAO

    Margareth Matiko Uemura Gerente de proJeto

    Danielle Cavalcanti Klintowitz Coordenador tCnICo

    Flvio Henrique Ghilardi Coordenador de IndICadoreS

    Joo Carlos Igncio Coordenador fInanCeIro

    Instituto Polis | Especialistas Setoriais

    rica Cristina Castilho Diogo ESpeCIalISta eM planeJaMento urbano e reGIonal

    Ana Cristina Gentile Ferreira eSpeCIalISta eM planeJaMento urbano e reGIonal

    Rafael Ambrosio eSpeCIalISta eM planeJaMento urbano e reGIonal

    Sebastio Ney Vaz Jnior eSpeCIalISta eM SaneaMento

    Marcos Pimentel Bicalho eSpeCIalISta eM tranSporte e MobIlIdade urbana

    Marcel Fantin eSpeCIalISta eM MeIo aMbIente urbano, poluIo da Gua, ar, Solo, Sonora

    Ricardo de Souza Moretti eSpeCIalISta eM MudanaS ClIMtICaS/deSaStreS naturaIS

    Rosngela Dias Oliveira Paz CoMunICao/MobIlIzao SoCIal

    Leandro Pereira Morais eSpeCIalISta eM eConoMIa loCal/CoMpetItIvIdadeS

    Roberto Kishinami eSpeCIalISta M ConeCtIvIdade/anlISe e deSenvolvIMento de SISteMaS de InforMaeS

    Odilon Guedes Pinto Jnior eSpeCIalISta eM GeSto pblICa e GeSto fISCal

    Khaled Ghoubar oraMentISta

    Instituto Polis | Equipe Tcnica

    Jorge Kayano eSpeCIalISta na anlISe de IndICadoreS SoCIoeConMICoS e deMoGrfICoS

    Jlio Cesar Pedrassoli GeGrafo pleno

    Vitor Coelho Nisida arquIteto JnIor

    Instituto Polis | equIpe de apoIo

    Lucas Figueiredo auxIlIar adMInIStratIvo

    Maria Aparecida Mendes dos Anjos SeCretrIa

    Instituto Polis | equIpe ContrapartIda

    Vilma Guerra SupervISora fInanCeIra

    Gisele Balestra Coordenadora adMInIStratIva

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    1 iniciativa cidades emergentes e sustentveis ICES 32

    2 o que representa Vitria e por que inclu-la na ICES? 38

    3 como realizamos a avaliao de Vitria? 46

    ndice

    resumo executivo 14

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    4 o que nos ensinaram os nmeros? 52

    5 como encontramos o territrio? 82

    6 estudo de base adicional: conectividade em Vitria 110

    7 em que temas nos concentrarmos? 124

    8 plano de ao: o que temos que fazer? 132

    9 plano de investimento 196

    10 monitoramento e seguimento das metas 200

    11 concluso (o desafio da sustentabilidade em Vitria) 202

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    resumo executivo

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    Os processos de urbanizao apresentam um ritmo acelerado na Amrica Latina e Caribe (ALC), regio em desenvolvimento mais urba-nizada do planeta1. A taxa de urbanizao pas-sou de 62%, em 1980, para 80%, em 2014. Se essa tendncia se mantiver, estima-se que em 2050 essa taxa alcance 86%2.

    Esses padres de crescimento urbano tm sofrido alteraes nas ltimas dcadas. O ace-lerado ritmo de crescimento das grandes me-trpoles perdeu fora, e observam-se maiores taxas de crescimento nas cidades mdias. Es-sas cidades so os novos vetores para a difu-so de inovaes, gerao de conhecimento, concentrao de mo de obra especializada e de atividades econmicas da regio.

    Esse fenmeno tambm observado no Brasil. As cidades mdias brasileiras apresentaram grande dinamismo nos ltimos anos. Comparan-

    1 Conforme dados das Naes Unidas, a regio mais urbanizada do planeta a Amrica do Norte, seguida de Amrica Latina e Europa.2 ICES. Guia Metodolgica Iniciativa Cidades Emergen-tes e Sustentveis. Banco Interamericano de Desenvolvi-mento: Washington, 2014.

    do-se os dados do Censo IBGE de 2000 e 2010, observa-se que o nmero de cidades mdias3 aumentou de 207 para 263, e seus habitantes passaram de 60,2 milhes para 74,6 milhes. Hoje elas abrigam 39% da populao. Alm dis-so, as cidades brasileiras mdias tm apresenta-do maior crescimento econmico: a participao no Produto Interno Bruto (PIB) cresceu de 39%, em 2000, para 45%, em 2010.

    O rpido crescimento urbano e a concentra-o das atividades econmicas criam oportu-nidades para milhes de pessoas, mas tam-bm trazem consigo grandes desafios para os governos locais na proviso de servios bsicos, na garantia de nveis adequados de qualidade de vida, na reduo das desigual-dades, na gerao de empregos, na proteo do meio ambiente e no enfrentamento dos desafios das mudanas do clima. Alm dis-so, as cidades mdias da ALC necessitam de governos locais fortalecidos em suas capa-cidades institucionais e operacionais, o que

    3 A ICES identifica como cidades mdias, no Brasil, aquelas com populao entre 100 mil e dois milhes de habitantes.

    acaba sendo limitado pela escassez de recur-sos para investimentos e pela dificuldade de manter uma gesto fiscal adequada.

    Considerando o contexto atual dessas cidades emergentes, o BID criou a ICES, um programa de assistncia tcnica voltado aos governos das cidades mdias da regio. A ICES uma metodologia de avaliao rpida, que permite a identificao e priorizao de projetos de in-fraestrutura, assim como a definio de aes urbanas, ambientais, sociais, fiscais e de gover-nana de curto, mdio e longo prazos. Essas aes visam a atacar os desafios de sustenta-bilidade local antes que eles se tornem um limi-tante ao desenvolvimento.

    A Iniciativa representa uma nova perspectiva para o desenvolvimento urbano da ALC com foco nas cidades mdias e emergentes, e utili-za uma abordagem integrada e interdisciplinar baseada em trs dimenses:

    ambiental e mudana climtica;

    urbana;

    fiscal e governana.

    Iniciativa cidades emergentes e sustentveis (ICES)

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    Alm disso, a ICES busca ajudar as cidades a gerir sua vulnerabilidade frente a desastres naturais e na necessidade de adaptao s mudanas do clima, prioridades comumente negligenciadas nas agendas locais de desen-volvimento.

    Essas dimenses retratam, mas no esgotam os fortes vnculos intersetoriais presentes na vida urbana. O tratamento dos desafios urba-nos exige aes que se voltem para um desen-volvimento integral, e que permitam satisfazer as necessidades do presente sem comprome-ter o bem estar das geraes futuras. A Inicia-tiva contribui para que cidades emergentes da ALC possam, de maneira apropriada, identificar seus principais problemas e aes que permi-tam orient-las em sua trajetria para uma situ-ao de sustentabilidade.

    No Brasil, a Iniciativa ocorreu inicialmente na cidade de Goinia, uma das cinco cidades da ALC na qual a metodologia foi aplicada em sua fase piloto a partir de 20114. Hoje, a ICES est presente em 20 pases da regio, esperando atingir 50 cidades e uma populao de 52 mi-lhes de pessoas at 2015.

    A expanso da aplicao da ICES em cidades brasileiras est sendo possvel a partir de uma parceria entre o BID e a CAIXA, iniciada com a assinatura de um Termo de Compro-misso em 2013. No mbito desta parceria esto sendo contempladas quatro cidades brasileiras, o que permite atingir todas as re-gies do pas, atendendo a uma cidade por regio: alm de Goinia (GO), na Regio Cen-tro-Oeste, estamos atuando em Joo Pessoa (PB), na Regio Nordeste, Vitria (ES), na Re-gio Sudeste, Florianpolis (SC), Regio Sul e Palmas (TO), Regio Norte.

    4 As outras cidades foram Porto Espanha (Trinidad e Tobago), Montevideo (Uruguai), Trujillo (Peru) e Santa Ana (El Salvador).

    A metodologia parte da elaborao de um diag-nstico rpido atravs do levantamento de 117 indicadores referentes 23 temas da cidade di-vididos nas trs dimenses de sustentabilidade da ICES. Este diagnstico vem acompanhado de trs estudos de base:

    Inventrio de gases de efeito estufa;

    Vulnerabilidade diante riscos naturais no contexto das mudanas do clima;

    Estudo do crescimento urbano.

    Estes diagnsticos e estudos de base so o ponto de partida para o processo de prioriza-o que realizado por meio de filtros que, ao serem aplicados, permitem estabelecer uma ordem de prioridade dos temas crticos para a sustentabilidade da cidade. A metodologia ICES define cinco filtros para priorizar cada um dos temas:

    1. Situao dos indicadores e temas na fase de diagnstico;

    2. Pesquisa de Opinio Pblica, que busca cap-tar a opinio dos cidados sobre as condi-es das temticas tratadas;

    3. Impacto Econmico, que avalia os benef-cios socioeconmicos que se obter ao re-solver os problemas relativos a cada tema e o custo para a sociedade da inao em relao ao tema.

    4. Ambiental/ mudana climtica, que avalia a interrelao entre a mudana do clima e cada um dos temas, considerando tanto a emisso de gases de efeito estufa, quanto a vulnerabilidade frente aos desastres natu-rais e o crescimento da mancha urbana.

    5. Tcnico, que avalia a partir da percepo dos especialistas das diferentes reas o im-pacto de cada tema em relao aos outros setores.

    6. Como resultado da aplicao destes filtros obtm-se uma lista de temas para interven-o prioritria para garantir o desenvolvi-mento sustentvel da cidade.

    Diagnstico setorial

    O levantamento de inmeros dados sobre a capi-tal capixaba viabilizou a construo de um amplo diagnstico setorial sobre a cidade, cuja leitura e anlise se basearam na construo dos 117 indi-cadores que integram o Programa ICES Vitria. Esses indicadores, divididos em 23 diferentes temas, montaram um panorama sobre os diver-sos setores estratgicos em que a incidncia das polticas pblicas municipais fundamental.

    Com a maior renda per capita entre as capi-tais e o 4 melhor ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre todas as ci-dades brasileiras, Vitria tem muito do que se orgulhar. De fato, algumas polticas setoriais, essenciais ao pleno desenvolvimento e bem estar social, foram muito bem avaliadas pela metodologia dos indicadores ICES, como o caso dos servios de saneamento bsico.

    O abastecimento de gua exemplar j aten-de 99,3% da populao com qualidade de po-tabilidade e continuidade de servio. A univer-salizao uma questo de pouco tempo e a companhia local de saneamento, CESAN, con-tinua investindo para que o saldo hdrico perma-nea positivo e a capacidade de atendimento d conta da demanda crescente nas prximas dcadas. Em relao coleta de esgoto, a rede foi ampliada para quase 80% da cidade em 2013, com previso de chegar aos 100% j em 2015. A capacidade local de tratamento dos efluentes j contempla a totalidade do esgoto produzido na cidade e s aguarda a ligao de todos os domiclios rede de coleta.

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    ICESDIAGNSTICOCOMPARATIVOentre as cidades

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    Outro servio bsico de Vitria cujo desempe-nho foi extremamente positivo nos indicado-res ICES foi energia. O fornecimento de ener-gia eltrica est praticamente universalizado na cidade e as interrupes foram reduzidas a baixssimos ndices. Alm do excelente sis-tema de distribuio, o municpio tem traba-lhado para desenvolver meios de melhorar a eficincia energtica, adotando equipamentos e estratgias mais econmicas que reduzem os gastos pblicos com luz. O maior desafio de Vitria e do Estado do Esprito Santo nessa rea o desenvolvimento de fontes renov-veis de gerao de energia: alternativas que diminuam o impacto socioambiental e que deem conta de atender a crescente demanda capixaba por eletricidade.

    A sade pblica de Vitria tambm muito bem avaliada. Todos os indicadores que me-dem a qualidade desse servio apontam para um sistema de qualidade: alta expectativa de vida ao nascer, baixssimas taxas de mortalida-de infantil, boa relao entre leitos hospitalares e populao residente. Os destaques do siste-ma pblico de sade da capital capixaba so o apoio sade da famlia e a acessibilidade e qualidade da ateno bsica, muito bem avalia-da pelo Ministrio da Sade.

    Por ter inmeras reas verdes de proteo ambiental, parques e praas para usufruto pblico, por ter controlado a expanso de sua mancha urbana e o avano sobre reas am-bientalmente frgeis, Vitria tambm teve um timo desempenho nos indicadores de uso do solo. O ordenamento territorial da cidade composto por Plano Diretor, atualizado a cada dez anos, Plano Municipal de Habitao de In-teresse Social e Plano Municipal de Reduo de Riscos. Esses planos congregam os princi-pais instrumentos de planejamento e progra-mas para a implementao da poltica urbana

    de Vitria, visando democratizao da cidade e a construo de um territrio socioambien-talmente mais includente.

    Vitria foi bem avaliada ainda em outros dois temas, de acordo com a metodologia dos in-dicadores ICES. A conectividade da cidade aponta para um grande potencial de expanso das redes de comunicao e tecnologias de in-formao: j existem mais linhas de telefonia mvel do que habitantes na capital capixaba. A gesto democrtica da cidade tambm foi bem avaliada por seus canais de participao popu-lar e de transparncia governamental, especial-mente, sobre as finanas municipais. Existem instrumentos para que os moradores de Vitria exeram sua cidadania de forma participativa e as polticas pblicas municipais contam com 26 conselhos setoriais para debater e decidir os rumos do municpio.

    As contas de Vitria esto sanadas e a situao da dvida municipal bastante confortvel, pois as receitas correntes do municpio cobrem, su-ficientemente, todos os passivos da dvida. importante frisar, entretanto, que o baixo coe-ficiente do servio da dvida significa que o go-verno municipal tem controlado suas finanas para no gastar excessivamente, porm no tem aproveitado seu prprio potencial de finan-ciamentos e, portanto, de investimentos nas reas mais estratgicas da cidade.

    Um setor bem estruturado, mas que necessita ateno o sistema de educao pblica. Esta rea acumula inmeros indicadores positivos, como a alta escolaridade e a mdia de anos estudados da populao, porm os bons ndi-ces do municpio no se refletem em um bom desempenho das escolas e dos alunos unifor-memente no territrio. Embora o ndice de edu-cao de Vitria seja muito alto e contribua para seu excelente IDH Municipal, seu nvel de ex-celncia tem atrado matrculas de moradores

    de municpios limtrofes, o que j representa uma demanda adicional com o qual o municpio ter que lidar no planejamento e na execuo de sua poltica educacional local.

    Embora universalizada, a coleta domiciliar de resduos slidos de Vitria ainda no conta com uma destinao totalmente satisfatria do lixo que produz. Ainda h descarte irre-gular e a compostagem e o aproveitamento energtico de resduos ainda no so alter-nativas adotadas para a devida destinao do que Vitria produz de resduos slidos urba-nos, sendo grande parte dispostas no aterro sanitrio da cidade.

    A poluio atmosfrica e sonora tambm so temas que preocupam o Municpio de Vitria e vm mobilizando aes para se solucionar os seus problemas decorrentes. Hoje, as me-dies oficiais de poluentes no ar de Vitria apontam para uma qualidade do ar aceitvel de acordo com resolues do CONAMA, mas ruins quando submetidos a avaliaes de acor-do com os parmetros da Organizao Mundial da Sade, o que coloca a necessidade de uma regulao local mais rigorosa para o controle devido dos poluentes emitidos no municpio. Sobre os rudos urbanos, apesar do servio de fiscalizao, o municpio no tem conseguido atender demanda de denncias e precisa desenhar novas estratgias de ao preventi-va e controle da emisso excessiva de rudos, baseada em um diagnstico mais preciso das principais fontes de poluio sonora.

    Um setor estratgico dentro do planejamento de polticas pblicas e aes diretas do Governo Municipal a vulnerabilidade da cidade diante de desastres naturais no contexto das mudanas do clima. Apesar de contar com um sistema estadu-al de monitoramento e alerta para desastres natu-rais, Vitria uma cidade especialmente sensvel s mudanas de nvel do mar, face sua confi-

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    gurao geogrfica e geomorfolgica e, por isso, clama por solues mais integradas de gesto de risco, calcadas em um planejamento adequada-mente elaborado para as condies fsicas e am-bientais em que se encontra o municpio.

    O municpio de Vitria precisa ainda dar mais ateno sua boa gesto de gastos pblicos, atentando para a provvel queda de receitas dos prximos anos, e ao seu perfil de municpio eco-nomicamente competitivo. A capital capixaba possui uma economia muito dinmica que gera inmeras divisas para o municpio, mas padro de crescimento econmico precisa contemplar um novo modelo de redistribuio de renda para que possa incluir mais a populao local neste circuito virtuoso de competitividade e gerao de renda.

    Embora a taxa de desemprego (7,25%) e de in-formalidade (30%) sejam relativamente baixas, mais de um tero da populao tem rendimen-tos abaixo de dois salrios mnimos mensais. uma contradio se comparado com os bons nmeros socioeconmicos como o grande PIB e o alto ndice de escolaridade da populao que, embora tenha um bom grau de formao, recebe salrios muito baixos. As polticas locais de gerao de emprego, articuladas com as di-nmicas econmicas regionais e nacionais, de-vem visar a criao de postos de trabalho com melhores remuneraes, que sejam mais com-patveis com o nvel de formao da populao.

    As desigualdades internas Vitria apresentam ndices visveis no territrio municipal e se-guem uma lgica de segregao. O ndice Gini de 0,59 revela um padro e desigualdade social significativo e as anlises territoriais demons-tram que a populao mais pobre vive nas re-as onde os servios pblicos bsicos so mais deficientes. Embora a capital capixaba seja um municpio muito rico, h muito que se fazer para aprimorar as polticas pblicas de combate pobreza e desigualdades socioterritoriais. O

    Programa Terra que atua nos assentamentos informais da cidade, onde esto quase 28% dos domiclios de Vitria, um exemplo de po-ltica pblica que aponta para o enfrentamento destes problemas em diversas dimenses.

    Dentre as polticas pblicas em que Vitria precisa investir mais esforos e recursos para melhorar nos prximos anos esto trs reas bastante crticas, mas no entanto estratgi-cas, para o municpio. A mobilidade urbana uma delas. Os pontos de estrangulamento na cidade so inmeros e os congestionamentos dirios so uma das maiores preocupaes da populao local. O sistema de transporte p-blico no suficientemente amplo e estrutu-rado pra atender crescente demanda e m distribuio territorial dos empregos da cidade contribuem para piorar a situao, pois exigem grandes deslocamentos dirios de boa parte dos cidados. Os investimentos em transporte coletivo e meios alternativos de transporte ur-bano precisam ser ampliados e o planejamento da rede e dos projetos de mobilidade deve, ne-cessariamente, observar a escala real do pro-blema que tem dimenses metropolitanas.

    A segurana pblica na capital capixaba ou-tro tema que dever receber especial ateno nos prximos anos, apesar de alguns ndices de desenvolvimento humanos serem extre-mamente positivos. Vitria uma das cidades mais violentas do Brasil com uma altssima taxa de homicdios (acima das mdias nacionais) e o maior nmero de mortes por arma de fogo den-tre as capitais brasileiras. A violncia domstica e os crimes contra o patrimnio precisam ser considerados como um problema sensvel para a cidade, sobretudo, por causa da subnotifica-o dos crimes correlacionados. Em sua gran-de maioria (quase 90%), os cidados de Vitria declaram se sentir inseguros andando pela ci-dade, o que um ndice muito preocupante.

    O ltimo - mas no menos importante - tema crtico para o municpio est relacionado sua autonomia financeira. O que parece ser uma si-tuao muito confortvel, j que Vitria tem a maior receita per capita das capitais brasileiras, , na verdade, objeto de grande preocupao, pois a tendncia de queda na arrecadao mu-nicipal deve seguir constante. 40% das recei-tas de Vitria so prprias, mas as transfern-cias constitucionais tem diminudo desde 2012, principalmente o ICMS estadual. Este quadro aponta para estratgias que ampliem ainda mais a autonomia financeira de Vitria, para depender menos e menos dos repasses dos governos Estadual e Federal e poder realizar os investimentos que o municpio precisa sem comprometer as finanas pblicas.

    Mudanas do clima: um constante desafio

    Considerando o alto grau de vulnerabilidade aos efeitos da mudana do clima que apresen-tam as cidades da regio da Amrica Latina e do Caribe (ALC) e em menor medida sua con-tribuio s emisses de gases de efeito estu-fa (GEE), a ICES oferece a essa temtica um lugar prioritrio durante o processo de anlise e priorizao de atividades. muito importante que a ALC se prepare para enfrentar os efeitos da mudana do clima, uma vez que estes tero um grande impacto em seus processos de de-senvolvimento.

    Nesse contexto, o BID complementa as ativi-dades realizadas em cada cidade participante, com o apoio especfico para a realizao de um inventrio da emisso de gases de efeito estu-fa e de um mapa de vulnerabilidades a desas-tres naturais. Isso permitir que as autoridades possam contar com informaes de base ade-quadas que lhes permitam tomar decises so-bre o futuro desenvolvimento da infraestrutura urbana e social da cidade.

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    Inventrio de gases de efeito estufa e manual de mitigao

    Hoje, 70% dos gases de efeito estufa (GEE) emitidos no planeta esto associados a ativi-dades nos centros urbanos. Tendo em vista o protagonismo que as cidades tm neste fenmeno global e a contribuio que elas devem fomentar para um desenvolvimento ambientalmente responsvel, o Consrcio IDOM-Cobrape realizou um estudo de mitiga-o e mudana climtica para a Regio Me-tropolitana de Vitria (RMGV).

    O estudo procurou fazer medies temporais para analisar possveis variaes estabele-cendo como limites os anos de 2010 e 2013. O diagnstico apontou como principal agente emissor, em 2010, o setor industrial da Gran-de Vitria, sobretudo por causa da produo siderrgica. 66% das emisses so de res-ponsabilidade da produo industrial metro-politana, 27% dos transportes motorizados e 4% das residncias e servios. A produo energtica tambm ganhou importncia devi-do ativao da usina termoeltrica no mu-nicpio de Viana. A variao destes nmeros para o ano de 2013 foi usada para construir um cenrio tendencial de emisso de poluen-tes para as seguintes dcadas: 2020, 2030, 2040 e 2050.

    Os nmeros apontam que a queima de com-bustveis fsseis no uso de transporte moto-rizado deva ser o principal responsvel pelo incremento da emisso de GEE nos prxi-mos anos, cujo saldo precisa ser mitigado na RMGV com aes e estratgias especficas. A primeira ao proposta pelo estudo a im-plementao de um monitoramento qualifica-do e constante sobre a emisso dos gases de efeito estufa, o que, segundo o mesmo estudo, poderia reduzi-la em 25% as emis-ses em 35 anos.

    Para cada tipo de responsvel pelas emis-ses, sugere-se uma medida diferente de acordo com o potencial de mitigao e com a importncia e o impacto que cada um gera no meio ambiente. Ao todo, so sete aes e estratgias diferentes que necessitam de investimentos tanto nos setores da indstria, de transportes quanto na melhoria da efici-ncia energtica do consumo domstico. O estudo aponta tambm para a importncia de se implementar aes para a captao de carbono com atividades agrcolas ou manu-teno de cobertura vegetal que, no caso de Vitria, representa um grande potencial em suas reas de preservao ambiental.

    Participaa dos setores na mitigao dos GEEs

    Fonte: Elaborao do Consrcio IDOM-COBRAPE

    Resduo

    Participao dos setores na mitigao dos GEEs

    3%

    Resduos1%

    R&S1%

    Transversal1%

    AFOLU33%

    Transporte29%

    Indstria e IPPU27%

    Gerao de energia6%

    Fonte: Elaborao Consrcio IDOM COBRAPE

    Vulnerabilidade diante riscos naturais no contexto das mudanas do clima

    O estudo de vulnerabilidade diante dos riscos naturais no contexto de mudanas climticas teve como objetivo o diagnstico dos princi-pais perigos a que Vitria est sujeita para que se possa estimar os desastres a eles associa-dos, bem como planejar as medidas priorit-rias para qualificar os mecanismos de gesto do risco como o caso de instrumentos de ordenamento territorial que podem dirigir a ocupao humana para reas mais seguras a formao de assentamentos urbanos.

    As trs componentes do risco foram conside-radas: a ameaa, a exposio e a vulnerabilida-de. Elas foram utilizadas como critrio de diag-nstico das reas ameaadas por inundaes fluviais, inundaes costeiras e deslizamentos, que foram os riscos previamente definidos como prioritrios entre o consrcio IDOM-Co-brape e as Prefeituras de Vitria e Vila Velha.

    No caso do risco de inundao fluvial, foram iden-tificadas as principais reas de inundao para di-versos perodos de retorno, considerando poss-veis variaes dos nveis pluviomtricos ao longo do tempo em um cenrio de mudanas climti-cas. O modelo Digital de Terreno (MDT) do mu-nicpio de Vitria foi utilizado para determinar tais reas apesar das limitaes de leitura topogrfica paras aquelas bacias hidrogrficas que tambm pertencem a municpios vizinhos, cujas bases ter-ritoriais no so to completas ou apuradas.

    O estudo tambm mapeou as reas de Vitria que esto mais sujeitas a alterao do nvel mdio do mar pela dinmica das mars e/ou efeitos de mudanas climticas, considerando sua probabili-dade de ocorrncia em dois perodos de retorno distintos: 10 anos, que representaria um cenrio de menor impacto, e 200 anos para o qual projeta--se uma elevao do nvel do mar em at 1 metro.

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    Pegada de inundao (profundidade) obtida para os cenrios de PR de 10 anos com 1 m de SLR (direita)

    Fonte: Elaborao Consrcio IDOM COBRAPE

    Representao conceitual da transferncia da srie de nivel do mar obtida pela simula-o numrica do domnio de inundao

    Fonte: Elaborao Consrcio IDOM COBRAPE

    Foram calculadas possveis perdas monetrias para cada situao simulada, assim como o nmero de pessoas potencialmente afetadas pelas inundaes martimas. Considerando as condies de clima atual este nmero varia en-tre 5 mil e 11,5 mil habitantes a depender do tempo de perodo considerado. Os bairros de Ilha de Santa Maria, Monte Belo e reas lim-trofes foram identificados como os locais com maior potencial de danos por causa das inunda-es marinhas esperadas.

    Tendo em vista o diagnstico de reas e po-pulao atingidas, bem como dos custos que os impactos das inundaes costeiras impli-cariam, o estudo aponta para algumas aes preventivas e tambm mitigadoras. O planeja-mento territorial articulado, a longo prazo, com os instrumentos de planejamento e gesto das reas de risco uma das medidas essenciais para dirigir o crescimento urbano e a ocupao humana de forma a evitar as reas mais sus-cetveis inundaes costeiras. Tambm so

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    Pegada de inundao (profundidade) obtida para os cenrios de PR de 200 anos com 1 m de SLR (direita)

    Fonte: Elaborao Consrcio IDOM COBRAPE

    Estudo do crescimento urbano

    O estudo de base sobre o crescimento urbano de Vitria faz uma anlise histrica do cresci-mento de sua mancha urbana sem perder a dimenso metropolitana, que esto necessaria-mente relacionados com os processos que in-duziram este movimento de expanso ao longo do tempo. Os aspectos econmicos e sociais pertinentes a esta anlise so usados como elementos da narrativa na construo deste histrico, que tambm tem como objetivo sub-sidiar um exerccio prospectivo de cenrios de crescimento da mancha urbana da Grande Vit-ria para 2030 e 2050.

    Hoje, a mancha urbana da RMGV tem 33,5 mil hectares de extenso e um razovel grau de conurbao, sobretudo, por meio de suas vias rodo e ferrovirios, que constituem os princi-pais eixos regionais de articulao territorial. O espraiamento e a fragmentao da ocupao urbana s ocorrem e passam a ser mais evi-dentes nas reas perifricas e reas costeiras mais afastadas da Regio Metropolitana. Den-tro do Municpio de Vitria, entretanto, tambm h algumas descontinuidades e vazios urbanos, principalmente, nas regies onde a ocupao predominantemente irregular e horizontali-zada nos bairros prximos do Macio Central. As reas mais verticalizadas coincidem com os bairros costeiros mais centrais entre Vila Velha e o norte de Vitria.

    Pelo fato de ser uma ilha, a poro insular do municpio de Vitria possui uma densidade e uma variedade de usos do solo maiores que o restante da RMGV. Nos demais munic-pios, predomina o uso residencial e, mesmo naqueles em que houve um forte desenvol-vimento econmico com a instalao de in-dstrias, o movimento pendular dirio para a capital principal centro de empregos ainda muito grande.

    medidas propostas a proteo dos ecossiste-mas ligados vida marinha e estuarina e a ela-borao de estudos em escala metropolitana.

    O diagnstico de risco de deslizamentos apon-tou para este tipo de problema como algo muito recorrente na cidade de Vitria, especial-mente, pela combinao das condies topo-grficas de reas ocupadas por assentamentos informais, onde as infraestruturas de drenagem e a qualidade construtiva das edificaes colo-cam a populao residente em condio de

    vulnerabilidade. A anlise foi feita para Vitria e para a Regio Metropolitana em levantamentos diferentes devido disponibilidade de bases de informaes com nveis diferentes de preciso.

    Em Vitria, o mapa de suscetibilidade desliza-mentos aponta as reas de morro ocupadas por assentamentos informais como os locais de maior grau de risco. Ao todo so 140 mil pes-soas vivendo em reas de mdia ou alta susce-tibilidade de deslizamentos, o que representa quase 40% da populao da capital capixaba.

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    Apesar das condicionantes e limitantes ambien-tais da ilha, do esturio e dos mangues e matas que so inclusive demarcadas como reas de proteo, muito do crescimento demogrfico dos ltimos anos em Vitria tem ocorrido exa-tamente nestes locais. O avano da mancha urbana ou seu adensamento nas reas am-bientalmente frgeis no apenas implica uma agresso ao meio fsico como tambm significa um aumento da populao residente em reas que representa algum tipo de risco.

    O municpio de Vitria, capital do estado e sede da regio metropolitana, j foi o mais populo-so, mas por uma condio de restrio fsica ao seu crescimento, Cariacica, Vila Velha e Serra j possuem cada uma um nmero de habitan-tes superior ao da capital. No apenas o cres-cimento populacional, mas tambm inmeras atividades econmicas passaram a se instalar nos municpios limtrofes a Vitria nas ltimas dcadas pela falta de espao disponvel. Um dos resultados desta nova dinmica foi a con-formao de novas centralidades ao longo do territrio metropolitano.

    Apesar de conurbados os municpios da RMGV tm perfis e vocaes diferentes. Cariacica, por exemplo, que um municpio bastante populoso, acumula baixo desempe-nho em seus ndices sociais, caracterizando--se como o territrio perifrico desta Regio Metropolitana. Vila Velha, que j foi a capital do estado, tem caractersticas socioecon-micas que a aproximam mais de Vitria, en-quanto Serra tem se destacado pelo desen-volvimento industrial, aproveitando-se de sua proximidade com a infraestrutura porturia da capital. Os demais municpios de Viana, Fun-do e Guarapari tambm esto articulados s dinmicas e mancha metropolitana, porm em um nvel de interao menor dado o afas-tamento entre eles e Vitria.

    Mancha Urbana Atual - RMGV

    Fonte: Base IBGE, 2010; Google Earth e elaborao do Consrcio

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    O stio relativamente plano dos municpios da RMGV favorece ainda mais a contiguidade da mancha urbana, entretanto o estudo mostra que nem sempre foi assim. A mancha urbana do que hoje chamamos de Grande Vitria j foi muito mais dispersa e concentrada nos seus diferentes ncleos. O desenvolvimento eco-nmico e urbano que conduziu a regio metro-politana a sua condio territorial atual muito recente e teve incio nos anos de 1950. At o incio do sculo XX o crescimento da mancha urbana foi muito lento.

    O ciclo de expanso econmica e os investi-mentos em grandes projetos do setor produtivo exportador (indstria mineradora, siderrgica e celulose) alavancaram um forte crescimento e um rpido incremento populacional, iniciando um processo de metropolizao e intensa urba-nizao de Vitria e seus municpios vizinhos. O desenvolvimento urbano no se deu, entretan-to, de forma homognea e includente em toda a cidade, pois as reas costeiras, mais valorizadas e onde passaram a se concentrar os servios e, portanto, grande parte dos empregos, foram ocupadas pelas classes mais abastadas. As fa-mlias mais pobres passaram a ocupar assen-tamentos informais as reas de morro ou em reas distantes, que, posteriormente, se conso-lidaram como bairros perifricos de Vitria.

    Dentre os aspectos fsicos e geomorfolgicos determinantes para a conformao da mancha urbana de Vitria esto o fato de o municpio situar-se em uma ilha na qual h um enorme macio rochoso. Alm de uma importante bar-reira fsica o Macio Central da Ilha de Vitria tambm uma importante rea de proteo ambiental ao redor da qual se desenvolveu e se consolidou a mancha urbana da cidade. A condi-o insular imps restries, mas no impediu o crescimento urbano do municpio e tampou-co da regio metropolitana, que foi se expan-

    dindo nas reas disponveis dentro do continen-te, inicialmente, ao longo dos principais eixos estruturantes da metrpole e, depois, seguindo uma lgica prpria de consolidao dos ncleos urbanos principais que estavam fora de Vitria.

    O estudo aponta que foi na dcada de 1990 que os municpios vizinhos capital capixaba come-aram a receber a expanso da mancha urbana no comportada nos limites de Vitria. A expan-so se deu com diversos perfis de renda, porm o maior adensamento destes municpios (Caria-cica, Serra, Viana e parte de Vila Velha) se deu com o crescimento da populao mais pobre.

    A prospeco para a expanso futura da man-cha urbana da Regio Metropolitana da Grande Vitria levou em considerao dois cenrios de crescimento demogrfico e de expanso ter-ritorial, elaborados a partir das tendncias de crescimento urbano e populacional dos ltimos 30 anos. O Consrcio IDOM-Cobrape projetou um crescimento para 2030, quando a popula-o metropolitana deve chegar a 2,3 milhes de pessoas, e 2050, para o qual foi estimada uma populao de 3 milhes de habitantes.

    A expanso da mancha urbana referente a este incremento populacional foi simulada a partir de padres de distribuio territorial, cujos cri-trios de caracterizao foram densidade, limi-tes ocupao e prioridade de ocupao. A par-tir destas anlises foram gerados trs cenrios: o Cenrio de Crescimento Urbano Tendencial, o Cenrio de Crescimento Urbano Intermedi-rio e o Cenrio de Crescimento Urbano timo.

    O primeiro cenrio representa uma realidade no intervencionista e serve como modelo de limite inferior da anlise, isto , serve como uma pers-pectiva de crescimento a ser evitada por implicar os impactos mais desastrosos para o futuro da regio metropolitana. Neste cenrio, tendencial, o crescimento urbano seguiria o padro de ocu-pao ao longo dos principais eixos de transporte

    coletivo e tambm sobre as limitantes e condicio-nantes ambientais, agravando ainda mais a agres-so ao meio fsico e a situao e vulnerabilidade e de risco da populao mais pobre.

    O risco de deslizamentos ou de inundaes fluviais ou costeiras em reas ocupadas por as-sentamentos informais aumentaria e a incapa-cidade territorial da capital de absorver o incre-mento demogrfico empurraria o crescimento populacional para os municpios vizinhos. Nes-te cenrio o espraiamento urbano e a fragmen-tao territorial seriam maiores e resultaria em uma expanso de at 130% da mancha urbana de 2030 ou de at 150% em 2050.

    No segundo cenrio, projeta-se um padro in-termedirio de crescimento urbano, no qual pro-cura-se um desenvolvimento sustentvel com a ocupao racional de reas apropriadas para a urbanizao bem como a reestruturao e re-qualificao da mancha urbana atual. Para esta simulao foram consideradas as restries or-amentrias, institucionais, bem como algumas limitaes ambientais e sociais para a plena implementao dos instrumentos e estratgias de planejamento e ordenamento territorial que poderiam induzir a expanso urbana para seus vazios ou a ocupao de imveis ociosos.

    De uma maneira geral, o cenrio intermedirio no coloca um novo modelo de desenvolvimen-to urbano, mas procura regra-lo de maneira mais contida, para evitar a reconverso de uso de ter-ras indefinidamente, qualificar as reas j conso-lidadas com o incentivo diversidade de usos. O aumento da densidade populacional e dos tipos de uso do solo nas reas j ocupadas seria uma das principais estratgias para controlar a expan-so indefinida da mancha urbana, mesmo sem alterar a lgica de crescimento dos municpios vizinhos e a expanso de reas urbanizadas, de-corrente da no capacidade de Vitria receber o incremento populacional das prximas dcadas.

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    Cenrio atual Cenrio tendencial

    O incentivo maior diversidade de uso do solo, regulao das reas de uso ocasional, esforo para ampliar as densidades ao longo dos eixos de transporte pblico e para utili-zao de vazios urbanos so as estratgias pontadas para este cenrio. Ainda que seja um cenrio intermedirio, o estudo j aponta para a importncia de se priorizar a estrutura-o de um ordenamento territorial em escala metropolitana, capaz de articular o territrio como um todo e no apenas as reas inter-nas aos limites oficiais da capital capixaba.

    O Cenrio de Crescimento Urbano timo o limite superior da modelagem de anlise e constri uma condio ideal de desenvolvi-mento urbano e estruturao territorial para as prximas dcadas. Nesta simulao, todas as condicionantes e limitantes ambientais ao crescimento urbano so respeitadas, reduzin-do a exposio e vulnerabilidade da populao de baixa renda aos riscos naturais de inunda-es e deslizamentos. O aumento da densida-de demogrfica mdia de forma homognea, a diversificao do uso do solo, ocupao de

    edifcios ociosos e de vazios urbanos so ado-tados como principais diretrizes para o ordena-mento territorial e gesto do uso e ocupao do solo, as quais no teriam nenhuma restri-o financeira, humana ou tecnolgica para sua plena implementao.

    O desenvolvimento urbano priorizaria o cresc-mento ao longo das vias tronco de transporte pblico coletivo, que funcionariam como os prin-cipais eixos de adensamento e investimentos. Seguindo estes parmetros de expanso, em 2050 horizonte mais distante deste estudo

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    Cenrio timo Cenrio intermedirio

    las de amortecimento e transio das reas de interesse ambiental e reas de ocupao urbana.

    De acordo com o estudo, importante tambm que novas reas sejam repensadas quanto ao seu uso atual, para que, em um cenrio poste-rior a 2050, o municpio permanea capaz de dar conta do seu crescimento populacional dentro deste padro de estruturao territorial, uma vez que tal projeo assegura este modelo compac-to de desenvolvimento urbano apenas at este ano limite de 2050.

    a RMGV teria que expandir apenas 2% em reas para comportar de maneira adequada e sustentvel, seus mais de 3 milhes de habi-tantes. O estudo apontou que o municpio de Vitria poderia suportar o crescimento popu-lacional dentro de seus limites, sem exportar o incremento para seus municpios vizinhos, o que seria um timo fator de reduo da segre-gao socioespacial da regio metropolitana.

    A aplicao dos instrumentos urbansticos que deem conta destas estratgias de ocu-pao de vazios, adensamento populacional

    e estruturao territorial a partir dos eixos de

    transporte coletivo fundamental. Dentre os

    instrumentos urbansticos mencionados es-

    to as ZEIS, o IPTU Progressivo no Tempo e

    o Reajuste Urbanstico. A viso metropoli-

    tana defendida pelo estudo depende, neste

    cenrio, da instituio de um rgo respon-

    svel pela gesto do ordenamento territorial

    em escala metropolitana para planejar e apli-

    car os instrumentos bem como para imple-

    mentar a infraestrutura verde regional com

    unidades de conservao e cintures agrco-

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    Processo de aplicao de filtros e solues

    Para priorizar os temas mais importantes para a cidade de Vitria e definir quais seria objeto de proposio deste Plano de Ao, foi apli-cada a metodologia de filtros proposta pela ICES. Cada filtro tem sua funo de ponderar os temas mais estratgicos segundo critrios e pesos prprios.

    O primeiro filtro a semaforizao resultante da aplicao dos indicadores temticos na pri-meira fase do projeto. O resultado de cada um dos 23 diferentes temas foi medido de acordo

    com um clculo de priorizao: aqueles com os piores resultados receberam uma pontua-o maior em relao queles com resultados mdios ou bons e, assim, passaram a ser con-siderados temas prioritrios de acordo com a aplicao objetiva dos dados sociais, econmi-cos, urbansticos e ambientais aplicados aos indicadores ICES.

    O segundo filtro, o Filtro Ambiental, foi feito a partir de dados coletados e processados pelo consrcio IDOM-Cobrape, relacionando os 23 temas da ICES com as dimenses ambientais de mitigao de mudanas do clima e de vul-nerabilidade a desastres naturais expanso

    da mancha urbana. A partir desta comparao e estabelecimento de grau de relao entre cada tema e cada dimenso ambiental na ci-dade de Vitria, foram definidos aqueles que deveriam ser priorizados de acordo com esta anlise especfica.

    O Filtro de Opinio Pblica foi inteiramente ba-seado nos resultados da pesquisa cidad feita com 1.200 muncipes de Vitria em abril de 2014. O questionrio aplicado nas entrevistas possibilitou uma ampla leitura sobre o que a populao local pensa sobre o governo, sobre as infraestruturas urbanas, sobre os servios pblicos e quais so as reas mais crticas que,

    ECONMICOOPINIO

    PBLICA

    Mede a importncia do tema para a sociedade local

    AMBIENTAL/MUDANA CLIMTICA

    Anlise da vulnerabilidade s

    mudanas do clima,

    nveis de emisso de Gases de Efeito Estufa

    e potencial de mitigao das emisses

    em cada tema)

    TCNICO/ VALORAO DE ESPECIALISTAS

    Anlise multicritrio entre todas as reas

    da ICES realizada por

    especialistas do BID, Prefeitura Municipal de Vitria, Instituto

    Plis e CAIXA

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    portanto, deveriam ser priorizadas nas polticas pblicas de Vitria.

    Analogamente ao Filtro Ambiental, o Filtro Econ-mico procurou estabelecer uma correlao entre as temticas ICES com as dimenses econmi-cas de desempenho do PIB, gerao de empre-gos e de competitividade local. Os especialistas envolvidos na elaborao deste filtro apontaram o grau de correlao entre os 23 temas e as dimen-ses descritas acima, para definir quais seriam aqueles que deveriam receber prioritariamente a ateno do governo municipal, visando o desen-volvimento econmico de Vitria.

    A aplicao do Filtro Tcnico foi feita pelos es-pecialistas temticos que trabalharam no proje-to e apontou a inter-relao que h entre todos os temas. A partir de uma matriz comparativa os 23 temas foram comparados entre si para se estabelecer um nvel alto, mdio ou baixo de interao entre eles.

    O resultado final da aplicao dos cinco filtros foi consolidado por um mtodo de ponderao que avaliou o peso de cada um deles dentro do processo de avaliao da ICES Vitria. O filtro Semfrico recebeu o peso de 35% em funo da importncia do diagnstico tcnico realizado a partir do levantamento e interpretao dos 117 indicadores. J o filtro Opinio Pblica re-cebeu peso de 25%, uma vez que a percepo cidad dos problemas que a cidade enfrenta algo relevante, embora esta possa ser envie-sada devido a superposio de funes dos diferentes entes federados brasileiros. O filtro Ambiental recebeu peso de 20% e o filtro Tc-nico e o filtro Econmico receberam peso de 10% cada, totalizando os 100% do processo de priorizao atravs dos filtros.

    Aps a consolidao dos filtros, o ranking de temas a serem priorizados pelo municpio em suas aes estratgicas e polticas pblicas setoriais foi submetido a um ltimo debate

    do qual participaram os secretrios e os tcni-cos da Prefeitura Municipal de Vitria. A prio-rizao final dos temas centrais deste Plano de Ao, aps as discusses com o governo municipal, so: mobilidade e transporte, se-gurana, uso do solo e ordenamento terri-torial, gesto de resduos slidos urbanos, mitigao de mudanas climticas, compe-titividade econmica e impostos e autono-mia financeira.

    Solues

    O Plano de Ao Vitria Sustentvel prope uma srie de aes estratgicas e projetos especficos a fim de solucionar os problemas nevrlgicos priorizados e transformar Vitria em um verdadeiro modelo de cidade susten-tvel e competitiva. Estas aes inter-relacio-nadas se agrupam em seis linhas estratgi-cas.

    lInha eStratGICa 1 Polos de gerao de desenvolvimento

    Vitria um municpio que se destaca em ter-mos econmicos tanto em relao Regio Metropolitana quanto em mbito nacional. Contudo, a realidade de Vitria revela que h uma parcela da populao ainda carente de servios sociais bsicos, sendo importante a promoo do efetivo desenvolvimento econ-mico, para alm do crescimento econmico, o que envolve transversalizar temas e reas de atuao, bem como articular as questes metropolitanas, de modo que se estabeleam solues para os desafios apresentados com aes necessrias sem prescindir da competi-tividade da regio.

    As aes propostas nessa linha de ao fomen-tam novos territrios de desenvolvimento, a partir

    do fomento de reas com potencial turstico, as-

    sim como, a diversificao das atividades econ-

    micas com uma viso scio-territorial, trabalhan-

    do em de reas degradadas e monofuncionais,

    que hoje no geram oportunidades suficientes de

    emprego e renda. O planejamento das aes de

    desenvolvimento econmico dialoga com as es-

    tratgias de desenvolvimento urbano e de mobi-

    lidade que buscam transformar os territrios mo-

    nofuncionais de moradia e sem oportunidades de

    diversificao e inovao de atividades em reas

    de usos multifuncionais e concentram-se nas

    reas de fora da orla martima mais consolidada,

    diagnosticados como mais carentes, menos cria-

    tivas e competitivas no cenrio urbano. O eixo

    noroeste mostra-se como importante potencial

    de desenvolvimento da cidade nos diferentes te-

    mas, incluindo o tema da competitividade.

    Para alcanar estes objetivos a linha estratgica

    se desenvolve em trs diretrizes principais:

    1. Desenvolvimento econmico e territorial de reas monufuncionais e precrias, que inclui aes como a Requalificao da Orla

    Noroeste; Requalificao da Regio das Pa-

    neleiras e Criao de Polos Gastronmicos

    em zonas monofuncionais e de interesse

    econmico, histrico e urbanstico;

    2. Desenvolvimento de novos territrios de desenvolvimento econmico, que se des-dobra em aes tais como implantao de

    Parque Tecnolgico Metropolitano de Vit-

    ria; implantao de um Oceanrio e amplia-

    o da Fbrica de Ideias.

    3. Desenvolvimento do Potencial Turstico de Vitria, que busca estabelecer um pla-nejamento pblico de turismo e fomento da

    atratividade da cidade.

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    lInha eStratGICa 2 Desenvolvimento urba-no, uso do solo e habitat urbano

    Esta linha estratgica est consolidada em um conjunto de aes que estruturar e preparar o territrio para receber adequadamente as inicia-tivas dos outros temas. Em um eixo formando a partir da rea do Centro Histrico, passando pelo tradicional Mercado da Vila Rubim at a regio das Goiabeiras, projeta-se a nova rea de interes-se de desenvolvimento sustentvel da cidade, onde aes de diferentes temas estaro concen-tradas, de modo a tornar a regio mais dinmica e atrativa. As principais propostas de aes esto localizadas na regio noroeste e a rea central da cidade. Para tanto as aes de desenvolvimento urbano esto estruturadas em trs diretrizes:

    1. Planejamento do crescimento urbano que se desdobra em planos e estudos voltados para o desenvolvimento urbano e habitacio-nal em uma viso metropolitana;

    2. Intervenes habitacionais com construo de novas habitaes de interesse social, melhorias e regularizao fundiria;

    3. Implantao do Projeto de Revitalizao do Centro Histrico por meio da qualificao da infraestrutura e de intervenes em edif-cios de interesse cultural e histrico na rea central de Vitria e na diversificao de usos na rea.

    lInha eStratGICa 3 Mobilidade e transporte

    Como as demais cidades brasileiras, Vitria teve sua estrutura viria direcionada para a circulao geral, sem prioridade para o transporte coletivo. O Plano de Ao apresenta solues voltadas para a presena e ampliao de ciclovias e quali-ficao dos passeios de pedestres, assim como o desenvolvimento de polticas de acesso aos morros, permitindo assim a ampliao das via-gens no motorizadas em Vitria.

    O tema mobilidade, assim como outras reas, in-sere-se com muita relevncia na discusso metro-politana. As caratersticas geogrficas, articuladas integrao da capital com municpios vizinhos destacam a necessidade de um plano metropoli-tano integrado de qualificao do transporte pbli-co motorizado e do no motorizado, assim como a integrao das obras e projetos do Governo do Estado do Esprito Santo com as solues pensa-das para Vitria. Para o tema mobilidade as aes propostas permeiam escalas diferentes de obras e intervenes, divididas em trs diretrizes:

    1. Planejamento da mobilidade urbana com interface metropolitana e modernizao do sistema, que inclui propostas voltadas Re-viso do Plano de Mobilidade e Realizao de Pesquisa OD; integrao dos projetos de transporte e sistema virio de abrangncia metropolitana e modernizao de sistemas e controle de trnsito;

    2. Apoio e incentivo s viagens no motoriza-das, com a implantao do Plano Ciclovirio e melhorias nas condies de circulao e de segurana dos pedestres e ciclistas;

    3. Melhoria da Infraestrutura Viria, Promoo da Acessibilidade para toda a Cidade e Se-gurana no Trnsito, a partir da implantao de obras virias municipais; Plano de Aces-sibilidade nos Morros e aes de educao e segurana no trnsito.

    lInha eStratGICa 4 Desenvolvimento ambien-tal sustentvel

    Para o desenvolvimento sustentvel de Vitria, foi apresentada a perspectiva de fazer da cidade um ambiente mais social, com sua infraestrutu-ra voltada para as pessoas. Na regio de Vitria predomina a existncia da floresta atlntica como mata nativa, ecossistema com ampla biodiversi-dade e estoque de carbono. Aes voltadas para sua conservao contribuiro para a mitigao das causas da mudana do clima, assim como possibilitar o uso destes espaos pela popula-o. A implantao de uma infraestrutura verde nos ambientes urbanos, alm de aes de mobi-lidade que visam estimular o uso de transportes no motorizados, integrando a preocupao am-biental aos planejamentos locais de forma defini-tiva, auxiliar nessa transformao do ambiente. Uma preocupao importante refere-se tambm ao setor de resduos que gera importantes per-centuais de emisses de gases de efeito estufa.

    Para o desenvolvimento ambiental sustentvel se delineou duas diretrizes:

    1. Aes de Mitigao da Mudana Climtica que se desenvolve por meio da promoo da instalao e preservao de infraestrutu-ra verde; elaborao de estudo para obras e medidas voltadas para reduo dos impac-tos da elevao do nvel do mar; aprofun-damento das anlises e dos estudos elabo-rados por meio da ICES para mitigao de mudanas do clima e elaborao de estudos e anlises visando implantao de uma usi-na de dessalinizao da gua do mar

    2. Qualificao da Gesto dos Resduos Sli-dos Urbanos, que estabelece a necessida-de do planejamento da gesto dos resduos slidos urbanos; implantao de Eco-pon-tos e a reforma e modernizao da Unidade de Transbordo.

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    lInha eStratGICa 5 Segurana cidad

    O tema da segurana pblica e urbana foi consi-derado prioritrio para a cidade Vitria, que apa-rece nos diagnsticos como uma das cidades com as mais altas taxas de homicdios do pas. Reconhecida como um direito, a segurana vem sendo pensada atualmente tambm como a con-vivncia pacfica e ordenada dos cidados e da sociedade em seu conjunto e no mais exclusiva-mente como uma poltica unicamente associada atividade policial ou a estratgias de represso. Em outras palavras, a segurana pblica deve es-tar associada garantia de direitos, liberdade que resulta dessa condio e a construo per-manente de coeso social. nesse contexto de fortalecimento das polticas de preveno da vio-lncia que e o papel da cidade ganha destaque.

    Ainda que os municpios no tenham protago-nismo em se tratando de polticas de seguran-a pblica, os espaos da municipalidade per-mitem que se amplie a interlocuo de outras reas como, por exemplo, educao, sade, de-senvolvimento urbano e mobilidade com a segu-rana, possibilitando a implementao de uma poltica transversal de preveno da violncia e, consequentemente, ampliando, assim, a capaci-dade de preveno e a resilincia das cidades. A partir destas premissas, estabeleceu-se na linha estratgica de segurana pblica duas diretrizes:

    1. Implementao de projetos integrados e multidisciplinares, que se desdobram em aes de preveno por aes educacionais, aes de esporte e aes culturais;

    2. Ampliao da Capacidade Institucional, da Gesto da Prefeitura Municipal e dos Con-selhos participativos, por meio da elaborao de Plano Municipal de Segurana Cidad, Capacitaes de Gestores Municipais e dos Conselhos Participativos e Ampliao do Pro-grama Boto do Pnico.

    lInha eStratGICa 6 Governana e sustentabilidade fiscal

    Para alcanar adequadamente todas as solues previstas no Plano de Ao, imperativo que se tratem das questes relativas estabilidade fiscal e administrativa de Vitria. Como visto, embora encontre-se em uma situao fiscal relativamente confortvel no presente, as projees futuras de queda na arrecadao indicam a necessidade de aes com vistas a impedir essas perdas. Dessa forma, so necessrias medidas voltadas para a maior eficincia finanas pblicas do municpio, a qual passa tanto pelo aumento da capacidade de arrecadao do municpio quanto pela melhoria nos processos com fins a tornar os gastos pblicos mais eficientes.

    Para avanar nesses aspectos foram estabelecidas duas diretrizes:

    1. Ampliao da Arrecadao Municipal e Eficientizao do Gasto, que se estrutura a partir de aes destinadas ampliao da arrecadao baseada em receitas prprias; da eficientizao do gasto pblico e da modernizao administrativa;

    2. Aprimoramento da Gesto por meio do uso de Tecnologia, com a implantao de um Centro Integrado de Operao da Cidade; upgrade da Rede Metrovix e proviso de aces-so pblico a internet sem fio e implantao do projeto vitria cidade inteligente.

    As aes propostas neste Plano para as linhas estratgicas delineadas constituem um ponto de partida para se estruturar um programa slido de investimentos de forma a garantir as bases para um desenvol-vimento sustentvel de longo prazo para Vitria. O valor total de investimentos planejados para Vitria da ordem de R$ 3.101.348.065, divididos nas linhas estratgicas como mostra a tabela abaixo.

    Linhas estratgicas do PA Pr-Investimento Investimento Total

    POLOS DE GERAO DE DESEN-VOLVIMENTO

    19.245.000 737.651.000 756.896.000

    DESENVOLVIMENTO URBANO, USO DO SOLO E HBITAT URBANO

    23.270.000 111.114.000 134.384.000

    MOBILIDADE E TRANSPORTE 17.976.065 847.630.000 865.606.065

    DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL SUSTENTVEL

    42.715.000 833.903.000 876.618.000

    SEGURANA CIDAD 24.370.000 139.034.000 163.404.000

    GOVERNANA E SUSTENTABILI-DADE FISCAL

    25.040.000 279.400.000 304.440.000

    TOTAIS 152.616.065 2.948.732.000 3.101.348.065

    A implementao da ICES em Vitria, em um esforo que envolveu a Prefeitura e diferentes ins-tituies, permitiu gerar um conhecimento que envolve diferentes dimenses da vida da cidade. Ela destacou o papel da Vitria como elemento chave para traar um novo caminho no desenvolvi-mento metropolitano, e poder guiar a cidade para uma futuro que traga cada vez mais qualidade de vida para todos os seus cidados.

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    iniciativa cidades emergentes e sustentveis ICES

    1

  • 33

    Os processos de urbanizao apresentam um ritmo acelerado na Amrica Latina e Caribe (ALC), a regio em desenvolvimento mais urba-nizada do planeta1. A taxa de urbanizao pas-sou de 62%, em 1980, para 80%, em 2011. Se essa tendncia se mantiver, estima-se que em 2050 essa taxa alcance 86%2.

    Esses padres de crescimento urbano tem sofrido alteraes nas ltimas dcadas. O ace-lerado ritmo de crescimento das grandes me-trpoles perdeu fora, e observam-se maiores taxas de crescimento nas cidades mdias. Es-sas cidades so os novos vetores para a difu-so de inovaes, gerao de conhecimento, concentrao de mo de obra especializada e de atividades econmicas da regio.

    Esse fenmeno tambm observado no Bra-sil. As cidades mdias brasileiras apresen-taram grande dinamismo nos ltimos anos.

    1 Conforme dados das Naes Unidas, a regio mais urbanizada do planeta a Amrica do Norte, seguida de Amrica Latina e Europa.2 Naes Unidas. World Urbanization Prospects [Hi-ghlights], the 2014 Revision. Nova York: Naes Unidas. Disponvel em: http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/WUP2014-Highlights.pdf.

    Comparando-se os dados do Censo de 2000 e 2010, observa-se que o nmero de cidades mdias3 aumentou de 207 para 263, e seus habitantes passaram de 60,2 milhes para 74,6 milhes. Hoje elas abrigam 39% da po-pulao. Alm disso, as cidades brasileiras mdias tem apresentado maior crescimento econmico: a participao no Produto Interno Bruto (PIB) cresceu de 39%, em 2000, para 45%, em 2010.

    O rpido crescimento urbano e a concentrao das atividades econmicas criam oportunida-des para milhes de pessoas, mas tambm tra-zem consigo grandes desafios para os gover-nos locais na proviso de servios bsicos, na garantia de nveis adequados de qualidade de vida, na reduo das desigualdades, na gerao de empregos, na proteo do meio ambiente e no enfrentamento dos desafios das mudanas do clima. Alm disso, as cidades mdias da ALC necessitam de governos locais fortalecidos em suas capacidades institucionais e operacionais,

    3 A ICES identifica como cidades mdias, no Brasil, aquelas com populao entre 100 mil e dois milhes de habitantes.

    o que acaba sendo limitado pela escassez de recursos para investimentos e pela dificuldade de manter uma gesto fiscal adequada.

    Considerando o contexto atual dessas cidades emergentes, o BID criou a ICES, um programa de assistncia tcnica voltado aos governos das cidades mdias da regio. A ICES uma metodologia de avaliao rpida, que permite a identificao e priorizao de projetos de in-fraestrutura, assim como a definio de aes urbanas, ambientais, sociais, fiscais e de gover-nana de curto, mdio e longo prazos. Essas aes visam atacar os desafios de sustentabi-lidade local antes que eles se tornem um limi-tante ao desenvolvimento.

    A Iniciativa representa uma nova perspectiva para o desenvolvimento urbano da ALC com foco nas cidades mdias e emergentes, e uti-liza uma abordagem integrada e interdiscipli-nar baseada em trs dimenses: (I) ambiental e mudana climtica; (II) urbana; e (III) fiscal e governana. Alm disso, a ICES busca ajudar as cidades a gerir sua vulnerabilidade frente a

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    ICES

    3434

    Fonte: World Urbanization Prospects, 2014 Reviso: United Nations, Department of Economic and Social Afair. Censo 2010: Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica.

    milhes

    48%

    sia

    no mundo

    milhes

    73%

    Europa

    40 %frica milhes

    milhes

    80 %

    Amrica Latina e Caribe

    milhes

    73%AmricaCentral

    milhes

    80%

    Amrica do Norte

    milhes71%

    Oceania

    crescimento dapopulao urbana

    no Brasil% da populao

    2014 | 85%

    1940 | 31%

    1960 | 55%

    1980 | 66%

    Menos de 50%

    Entre 50 e 75%

    Mais de 75%

    Milhes de habitantesPorcentagem da populao

    um mundourbanizadoTOTAL E PORCENTAGEM DA POPULAOURBANA CONSIDERANDO A POPULAO TOTAL DO PAS DE 2014

    na amrica latina e caribe

    10,768

    30,3878

    30,4094

    48,3276

    Mxico

    Brasil

    Bolvia

    Peru

    Colmbia

    PanamVenezuela

    Trinidade e Tobago

    122,3379

    11,2675

    6,3466

    8,0953%

    15,4751

    6,0858

    4,8766 4,0

    76%

    2,852%

    10,356

    10,471

    0.129

    UruguaiPRY

    Argentina

    597,0

    Chile17,9289

    15,7469

    Equador

    Costa Rica

    Porto Rico

    RepblivaDominicanaCuba

    Jamaica

    Guatemala

    Honduras

    NicaraguaEl Salvador

    Haiti3,6899%

    41,4593

    3,4193 %

    204,285

    Cidade do Mxico 20,84 milhes

    So Paulo 20,28 milhes

    Buenos Aires 15,02 milhes

    Rio de Janeiro 12,83 milhes

    Lima 9,72milhes

    Bogot 9,56milhes

    Santiago 6,47milhes

    Belo Horizonte 5,78milhes

    742,45

    1.110,63

    616,65

    167,39

    355,36

    38,30

    742,45

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    35

    desastres naturais e na necessidade de adapta-o s mudanas do clima, prioridades comu-mente negligenciadas nas agendas locais de desenvolvimento.

    Essas dimenses retratam, mas no esgotam os fortes vnculos intersetoriais presentes na vida urbana. O tratamento dos desafios urba-nos exige aes que se voltem para um desen-volvimento integral, e que permitam satisfazer as necessidades do presente sem comprome-ter o bem estar das geraes futuras, tornando as cidades mais criativas e resilientes. A Inicia-tiva contribui para que cidades emergentes da ALC possam, de maneira apropriada, identificar seus principais problemas e aes que permi-tam orient-las em sua trajetria para uma situ-ao de sustentabilidade.

    No Brasil, a Iniciativa ocorreu inicialmente na cidade de Goinia, uma das cinco cidades da ALC na qual a metodologia foi aplicada em sua fase piloto a partir de 20114. Hoje, a ICES est presente em 20 pases da regio, esperando atingir 50 cidades e uma populao de 52 mi-lhes de pessoas at 2015.

    A expanso da aplicao da ICES em cidades brasileiras est sendo possvel a partir de uma parceria entre o BID e a CAIXA, iniciada com a assinatura de um Termo de Compromisso em 2013. No mbito desta parceria esto contem-pladas quatro cidades brasileiras, o que permite atingir todas as regies do pas: alm de Goi-nia (GO), na Regio Centro-Oeste, em Joo Pessoa (PB), na Regio Nordeste - que concluiu em setembro de 2014 seu Plano de Ao, Vit-ria (ES), na Regio Sudeste, Florianpolis (SC), Regio Sul e Palmas (TO), Regio Norte.

    4 As outras cidades foram Porto Espanha (Trinidad e To-bago), Montevideo (Uruguai), Trujillo (Peru) e Santa Ana (El Salvador).

    O que uma Cidade Sustentvel?

    Uma cidade sustentvel aquela que oferece alta qualidade de vida a seus habitantes, sem com- prometer os recursos e possibilidades de futuras geraes. uma cidade com infraestru-tura que leva em conta a escala humana, que minimiza seus impactos sobre o meio natural e capaz de se adaptar mudana do clima. Ela conta tambm com um governo local com capacidade fiscal e administrativa para manter o seu crescimento econmico e para conduzir suas funes urbanas com participao ativa da sociedade.

    O que uma Cidade Emergente?

    Para a ICES, uma cidade emergente deve ter uma rea urbana de tamanho mdio que mos-tra crescimento populacional e econmico acima da mdia em seu pas. Alm disso, de-senvolve-se em um ambiente de estabilidade social e governabilidade. Em termos de cresci-mento populacional nos pases da ALC, obser-va-se que as cidades mdias cresceram a uma taxa maior que as grandes cidades, alm de ser mais dinmicas que essas, pois a contribuio das cidades mdias emergentes da regio ao PIB vem crescendo constantemente nas lti-mas dcadas5. Isto nos permite prever que o maior desafio da sustentabilidade urbana na Amrica Latina encontra-se precisamente nas cidades mdias.

    5 ONU-Habitat. Estado de las Ciudades de Amrica La-tina y Caribe 2012: rumbo a una nueva transicin urbana. Rio de Janeiro: ONU-Habitat. Disponvel em: http://www.onuhabitat.org/index.php?option=com_docman&task=-doc_download&gid=816&Itemid=538

    Palmas

    Goinia

    Joo Pessoa

    Vitria

    Florianpolis

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    ICES

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    Cidades na Amrica Latina onde a ICES est presente

    Programa Regular

    Programa Adicional

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    TOS:

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    /BID

    A CAIXA destina at R$ 1 milho do seu Fundo Socioambiental para cada cidade elaborar seu Plano de Ao Sustentvel.

    SUA CIDADE

    MELHORENGAJAMENTOA iniciativa aplicvel a cidades em rpido crescimento, numa parceria entre a CAIXA, o BID, a prefeitura e uma entidade tcnica especializada.

    Saiba mais em caixa.gov.br

    A CAIXA, por meio da I niciativa para Cidades Emergentes e Sustentveis (ICES)*, incentiva os municpios a se planejarem para crescer, sem deixar de lado

    a qualidade de vida dos cidados.

    1

    RECURSOS

    MOS OBRAQuatro municpios brasileiros participam da iniciativa, no mbito da parceria entre CAIXA e BID. Joo Pessoa, o primeiro a aderir, deve concluir seu Plano de Ao no primeiro semestre de 2014; os demais, no segundo semestre.

    PALMAS (TO)

    PEAS PRIORITRIASSo avaliados cerca de 120 indicadores relacionados a desenvolvimento urbano, meio ambiente e gesto para

    locais. Os temas mais importantes so destacados e incorporados a um Plano de Ao Sustentvel para a cidade.

    2 RESULTADOSEm nove meses, so feitos o diagnstico, a pesquisa de opinio pblica e a discusso de propostas que geram o Plano de Ao, que direcionar o crescimento de forma sustentvel e inclusiva.

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    VITRIA (ES)

    JOO PESSOA (PB) FLORIANPOLIS (SC)

    *A ICES uma metodologia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Goinia (GO) foi o primeiro municpio brasileiro a participar da ICES, que est sendo expandida para outras cidades em parceria com a CAIXA.

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    o que representa Vitria e por que inclu-la na ICES

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    trio urbano efetivamente ocupado. Envolto pela Baa de Vitria e pelo esturio formado pelos Rios Santa Maria, Marinho, Bubu e Aribiri, o municpio apresenta ilhas, encostas, enseadas, mangues e praias, elementos de grande apelo paisagstico.

    Apesar de ser a capital do Esprito Santo e apre-sentar a economia mais potente do Estado, Vi-tria no o maior municpio e nem apresenta as maiores taxas de crescimento populacional na regio metropolitana. Municpios como Ca-riacica, Serra e Vila Velha so mais populosas e tm apresentado taxas mais acentuadas de crescimento demogrfico nos ltimos anos. No entanto, o municpio de Vitria permanece sen-do o grande polo atrativo da fora de trabalho e como o indutor do desenvolvimento da regio.

    Por todos estes motivos, o desenvolvimento sustentvel da Grande Vitria se coloca como um imenso desafio para o Governo do Estado e para o aprimoramento da gesto metropolitana nessa imperante parcela do territrio estadual. Alguns temas como, por exemplo, habitao e mobilidade tm uma dimenso eminentemente regional e necessitam de estratgias integradas que articulem, necessariamente, as polticas e

    aes dos municpios da Regio Metropolitana, principalmente daqueles que esto conurbados.

    Em termos econmicos, o municpio de Vitria tem grande expressividade na regio sudeste e nacionalmente, tanto por sua atividade indus-trial quanto por sua relevncia enquanto polo logstico e de servios. A indstria destaca-se na produo de alimentos, materiais txteis, mveis, na siderurgia, produtos qumicos e se-tores ligados minerao e ao petrleo e gs (este, mais recentemente). Seu complexo por-turio uma importante via para o escoamento da produo mineradora e se integra a diversos modais de transporte, constituindo, com os de-mais estados da regio, a chamada Faixa de Desenvolvimento da Regio Sudeste.

    Seu Produto Interno Bruto corresponde a uma parte significativa do PIB estadual, cerca de 29% (SEGES/PMV 2013), e o valor do PIB per capita, de R$86 mil ao ano, superior mdia nacional e o maior entre as capitais brasileiras (IBGE, 2014). Se comparado com o estado do Esprito Santo ou com a mdia da RMV, o PIB per capita , respec-tivamente, 2,9 e 2,4 vezes superior.

    Vitria, a capital do Esprito Santo, tem 327.801 habitantes (CENSO 2010) e a cidade polo de uma Regio Metropolitana (RMV) que agrega outras seis cidades: Cariacica, Fundo, Guara-pari, Serra, Vila Velha e Viana. Vitria est co-nurbada com trs dessas cidades (Cariacica, Serra e Vila Velha), configurando o centro da Regio Metropolitana da Grande Vitria, que concentra 90% da populao total desta regio.

    A intensa migrao interna no estado do Esprito Santo e a advinda de outros estados foi respon-svel pelo incremento populacional da Grande Vitria que, hoje, possui quatro cidades que com-partilham intensas relaes de trabalho, mobili-dade, servios e moradia. Ainda existe um forte processo de concentrao demogrfica da popu-lao do Esprito Santo na RMV, que, em 1970 re-presentava 26,1% do total do Estado e que hoje corresponde a 48%.

    A capital agrega 20% do total da populao me-tropolitana, distribuda tanto pela poro conti-nental quanto pela poro insular da Ilha de Vi-tria. Devido s caractersticas fsicas do stio, repleto de morros e morrotes, apenas 53,9km do total de 98,2km correspondem ao terri-

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    Baa e Terceira Ponte

    Foto: Yuri Barichivich

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    PIB per capita

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    R$ 70.000,00

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    R$ 50.000,00

    R$ 40.000,00

    R$ 30.000,00

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    2007 2010 2012

    Fonte: IBGE, 2007, 2010, 2012

    O tema educao definitivamente um dos elementos responsveis por Vitria apresentar um alto ndice de Desenvolvimento Humano (0,845), sendo o 4 melhor IDH Municipal do Brasil junto com Balnerio Cambori (SC) segundo o estudo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2012 do PNUD, atrs apenas de So Caetano do Sul (SP), guas de So Pedro (SP) e Florianpolis (SC), respectivamente. O componente de educao no IDH de Vitria composto tambm por indica-dores de sade e renda elevadssimo, e configura o maior dentre as capitais brasileiras. Como consequncia do bom padro do ensino pblico, famlias de municpios vizinhos matriculam seus filhos nas escolas de Vitria, o que demonstra a importncia de expandir a articulao metropolitana existente, e o desafio que se coloca para o desenvolvimento desta e de outras polticas pblicas.

    Esse dinamismo populacional e econmico, somado aos bons indicadores de qualidade de vida da populao retratados pelo alto IDH Municipal, so elementos determinantes para que Vitria tenha sido escolhida como umas das cidades para receber a Iniciativa de Cidades Emergentes e Sustentveis (ICES). Os dados demonstram a condio emergente de Vitria entre as cidades mdias brasileiras e a coloca como estratgica para o desenvolvimento do pas.

    O crescimento econmico apresentado nos ltimos anos, somado ao incremento e concen-trao populacionais, originaram novas oportunidades para a Vitria e sua Regio Metropolitana, mas tambm trouxeram enormes desafios. As caractersticas fsico-territoriais de Vitria, que impedem a expanso de sua mancha urbana, so limitadores significativos. A cr