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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Plano de Ações Jean-Paul Dardot Mariana Veríssimo Belo Horizonte 2017

Plano de Ações - pucminas.br · 5 1 – INTRODUÇÃO Este plano apresenta as diretrizes que foram utilizadas para nortear as atividades da Oficina de Introdução e Prática do

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Plano de Ações

Jean-Paul Dardot

Mariana Veríssimo

Belo Horizonte

2017

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 5

2 - MÓDULO I: DINÂMICAS E REFLEXÕES EM SALA DE AULA ......................................... 7

2.1 - Dinâmica do barbante ............................................................................................. 7

2.2 - Apresentação do Plano de Ações da oficina ........................................................... 8

2.3 - Dinâmicas para introduzir a noção de paradigma ................................................ 8

2.3.1 - Dinâmica de completar as frases .................................................................. 8

2.3.2 - Dinâmica de ligar os pontos e construir figuras ........................................... 9

2.3.3 - Dinâmica de retirar o resíduo da pá ........................................................... 11

2.4 - Dinâmica de meditação orientada ........................................................................ 11

2.5 - Dinâmica da termodinâmica ................................................................................. 12

2.6 - Dinâmica do emaranhamento humano ................................................................ 14

2.7 - Atividade extraclasse: assistir ao filme O Ponto de Mutação ............................... 15

3 - MÓDULO II: VISITAÇÃO AO MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS ............................. 17

3.1 - Reflexões sobre o filme O Ponto de Mutação ........................................................ 17

3.2 - Reflexões sobre a visão mecanicista e a visão sistêmica da vida .......................... 18

3.3 - Reflexões sobre o trabalho e a atividade humana ................................................ 19

3.4 - Dinâmica dos Escravos de Jó ................................................................................ 21

3.5 - Atividade extraclasse: leitura de texto.................................................................. 22

4 - MÓDULO III: VISITAÇÃO À ÁREA DE MATA ...................................................................... 27

4.1 - Roda de apresentação e reflexões ......................................................................... 27

4.2 - Dinâmica de percepção corporal e relaxamento orientado ................................. 28

4.3 - Caminhada na mata .............................................................................................. 29

4.4 - Dinâmicas de observação de figuras ..................................................................... 30

4.4.1 - Dinâmica de observação de figuras que formam diferentes imagens .......... 30

4.4.2 - Dinâmica de observação de uma figura composta por muitos elementos ..... 32

4.5 - Dinâmica de conexão de ideias.............................................................................. 33

4.6 - Construção de um mapa conceitual do pensamento sistêmico ............................ 33

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS DA OFICINA ................................................................................ 35

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 37

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APRESENTAÇÃO

Ao professor e profissional da educação.

A Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico compõe a dissertação de

Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC-Minas intitulada O ensino do

pensamento sistêmico: uma proposta para as licenciaturas em física, matemática, biologia e

geografia (DARDOT, 2017) e agrupa algumas práticas e temas que podem ser utilizados para

introdução da temática do pensamento sistêmico no ensino. O Plano de Ações que foi

utilizado para nortear as atividades da oficina é o produto educacional que pode ser utilizado

como modelo ou fonte de inspiração para realização de outras oficinas. Este produto é

destinado a todo profissional da educação que queira trabalhar com a temática do pensamento

sistêmico, no formato de uma oficina ou adaptado a outros formatos.

O Plano de Ações da oficina adquire um significado maior quando relacionado aos

demais capítulos que compõem a dissertação. Para reprodução das dinâmicas e atividades

aqui propostas, recomenda-se recorrer ao conteúdo da dissertação que traz o referencial

teórico utilizado para realização da oficina. Os conceitos, teorias e conhecimentos abordados

neste Plano de Ações são tratados de forma mais profunda na dissertação que contempla,

dentre outros conteúdos, a visão sistêmica na física, na matemática, na biologia e ciências da

Terra e na organização do trabalho.

Enquanto o roteiro da oficina pode ser utilizado como modelo para orientar e inspirar a

realização de outras oficinas, minicursos ou práticas didáticas, a dissertação como um todo

pode ser utilizada como diretriz para nortear a introdução do pensamento sistêmico nos cursos

de formação de professores ou mesmo em outras áreas do conhecimento. A dissertação

engloba as origens, fundamentos e significados do pensamento sistêmico e contempla ainda

uma análise dos documentos e normas que fundamentam a visão sistêmica na educação desde

a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n° 9.394 de 1996 (BRASIL,

1996), que trata da reforma do ensino no país. Dessa forma, o conteúdo da dissertação como

um todo, desde a apresentação até a conclusão, pode ser utilizado por professores e gestores

de instituições de ensino para nortear a inclusão do pensamento sistêmico no currículo

escolar.

A oficina foi realizada de forma multicurricular com um grupo de treze estudantes de

graduação das licenciaturas em física, matemática e geografia de uma instituição de Ensino

Superior de Belo Horizonte. Vale ressaltar que, tanto as práticas utilizadas, como os temas

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trabalhados na oficina, não devem ser vistos como um roteiro fechado a ser rigidamente

seguido para introdução da temática do pensamento sistêmico no ensino. O plano da oficina

deve ser entendido como um planejamento prévio que foi realizado para nortear as atividades

com as turmas das licenciaturas e que pode ser adaptado para ser utilizado em outras

situações, conforme a disponibilidade de recursos, de espaço, de tempo e conforme a área de

conhecimento dos participantes.

Querer estabelecer um roteiro fechado para se trabalhar com o ensino do pensamento

sistêmico e definir previamente a forma de se trabalhar com os estudantes vai contra os

princípios do pensamento sistêmico e contra a tendência do ensino contemporâneo de se

promover o diálogo aberto para construção coletiva do conhecimento. Para se trabalhar de

forma sistêmica, é preciso entender o ensino como um sistema aberto, passível de adaptações

e que deve ser construído em conjunto com os estudantes. Conforme defendido por Freire

(1987), Maturana (1998), Zabala (2002) e Moraes (2004), o processo de ensino deve

estimular a participação efetiva dos estudantes como sujeitos ativos na construção do

conhecimento e deve estar adequado as condições históricas e sociais para que seja

harmonioso com a realidade local. Os conteúdos e práticas não devem ser estanques e rígidos

para que se permita uma troca efetiva de conhecimento incentivando a participação dos

estudantes no planejamento e construção das atividades.

O nível de aprofundamento em cada conhecimento e a forma de se trabalhar com os

conceitos vai depender dos objetivos específicos em cada situação em que se deseja introduzir

a temática do pensamento sistêmico. Buscou-se abranger um extenso conjunto de temas

investigados no âmbito de uma perspectiva sistêmica, mesmo que, às vezes, de forma

generalista, justamente para que o trabalho possa ser adaptado para outras áreas do

conhecimento.

Este plano não esgota os temas que podem ser trabalhados para se introduzir o

pensamento sistêmico no ensino e muito menos abrange a totalidade de teorias que foram ou estão

sendo elaboradas no âmbito de uma perspectiva sistêmica. O plano buscou reunir alguns temas

considerados importantes pelo autor da dissertação para se trabalhar com o ensino do pensamento

sistêmico e que estão disponíveis na literatura científica, inclusive na língua pátria. Muitos

trabalhos estão sendo realizados na ciência contemporânea e podem ser utilizados para ilustrar

a perspectiva sistêmica em diversas áreas do conhecimento.

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1 – INTRODUÇÃO

Este plano apresenta as diretrizes que foram utilizadas para nortear as atividades da

Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico e não tem a pretensão de se limitar

e se fechar ao que se propôs inicialmente. Dentro de uma perspectiva sistêmica, buscou-se

construir, em conjunto com os estudantes, as atividades da oficina, de forma dinâmica e

promovendo a interação e participação efetiva de todos. Dessa maneira, num primeiro

momento foram apresentadas as atividades propostas para a oficina, que poderiam passar por

alterações e adaptações a partir de sugestões do grupo. A ideia foi que o grupo como um todo

fosse responsável pela realização das atividades e que, em conjunto, pudesse se construir o

conhecimento sobre o pensamento sistêmico e conquistar os melhores resultados, conforme as

potencialidades e especificidades de cada um e do grupo como um todo.

Em todos os momentos, foram valorizados os conhecimentos prévios dos participantes

da oficina, ou, em termos da ergologia, o saber investido de cada estudante. Foram

valorizadas as iniciativas e experiências de cada um na construção do conhecimento. Assim, o

estudante teve liberdade de propor alguma dinâmica de ensino, atividade, ou mesmo tema que

julgasse pertinente à situação. Pretendeu-se criar um espaço de trocas de experiências, diálogo

e liberdade de expressão para se construir o conhecimento em conjunto, de forma

colaboradora e multiparticipativa.

Mesmo que algum tema trabalhado, como, por exemplo, a física quântica, não pareça

estar diretamente relacionado a alguma área do conhecimento como, por exemplo, a

geografia, acredita-se ser importante que o estudante perceba como a visão sistêmica está

trazendo profundas transformações em diversas áreas do conhecimento e se difere

substancialmente da visão mecanicista adotada na ciência clássica. Para se trabalhar com a

introdução ao pensamento sistêmico, é importante que o estudante desenvolva uma visão

geral dos estudos que estão ocorrendo em diferentes áreas da ciência, para assim compreender

o significado do emergir de um novo paradigma científico, que pode trazer profundas

transformações na sociedade.

No questionário aplicado nos cursos de licenciatura para verificação do conhecimento

dos estudantes em relação ao pensamento sistêmico, muitos estudantes afirmaram que as

dinâmicas de ensino são elementos que podem contribuir para o aprendizado. Dessa maneira,

buscou-se a utilização de dinâmicas de interação de grupo para trabalhar com a introdução e

prática do pensamento sistêmico.

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As dinâmicas e atividades propostas neste plano foram criadas e selecionadas conforme

disponibilidade de espaços e tempo para aplicação da oficina. Portanto, as atividades e

dinâmicas aqui propostas não devem ser entendidas como via de regra para introdução ao

pensamento sistêmico. Algumas dinâmicas foram vivenciadas em outros contextos pelo autor

da dissertação e adaptadas à aplicação da oficina, algumas foram criadas pelo próprio autor,

outras foram adaptadas de Vasconcelos (2013) ou inspiradas a partir de Maturana e Varela

(2001). A dinâmica do barbante e a atividade de montar provérbios foram adaptadas a partir de

experiências vividas pelo autor quando de sua participação no Ciclo de Reflexões sobre a

prática docente desenvolvido no curso de Engenharia de Energia da instituição de ensino

pesquisada, sob a coordenação da professora Maria José Esteves de Vasconcelos, autora do

livro intitulado Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência.

As dinâmicas e práticas realizadas com os estudantes representam diferentes recursos

e instrumentos didáticos que podem ser utilizados de maneira a relacionar os temas de estudo

para compreensão da natureza interdisciplinar e complexa do pensamento sistêmico. Segundo

Zabala (2002), “somente é possível atuar na complexidade quando se é capaz de utilizar os

diferentes instrumentos de conhecimento existentes de maneira inter-relacionada”. Dessa

forma, durante a realização da oficina buscou-se promover a relação interdisciplinar do

conhecimento por meio da interação das dinâmicas e atividades propostas.

A Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico foi planejada para ser

realizada em três dias, cada um compondo um módulo, assim organizados:

Módulo I: dinâmicas e reflexões em sala de aula

Módulo II: visitação ao Museu de Ciências Naturais da instituição pesquisada

Módulo III: visitação à área de mata da instituição pesquisada

Para realização da oficina foram utilizados espaços e estruturas existentes no campus

da universidade e que poderiam favorecer o desenvolvimento das atividades. Contudo, a

utilização desses espaços ou de espaços similares não é uma condição necessária para se

trabalhar com o ensino do pensamento sistêmico. Em cada situação, podem ser utilizadas as

estruturas e os espaços disponíveis, buscando justamente a integração dos participantes ao

contexto local. Da mesma forma, as atividades e dinâmicas aqui apresentadas não são a única

forma de se trabalhar com a introdução e prática do pensamento sistêmico. Em cada situação,

podem ser propostas outras dinâmicas e atividades, conforme a composição dos participantes

e os objetivos específicos do ensino.

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2 - MÓDULO I: DINÂMICAS E REFLEXÕES EM SALA DE AULA

O Módulo I foi composto por sete atividades e dinâmicas para serem realizadas em

sala de aula, buscando a introdução de alguns conceitos e temas de estudo relacionados ao

pensamento sistêmico, conforme apresentado a seguir.

2.1 - Dinâmica do barbante

A dinâmica do barbante tem o objetivo de representar a conexão do grupo e é um

momento de apresentação de cada participante. A dinâmica consiste em formar um círculo

com todos os participantes para apresentação de cada um e socialização do grupo. O primeiro

participante a se apresentar segura uma extremidade de um rolo de barbante que vai sendo

desenrolado à medida que é passado aleatoriamente para outros participantes, formando assim

uma teia que simboliza a conexão do grupo e serve de exemplo para ilustrar os pressupostos

do pensamento sistêmico.

A apresentação do grupo representa o primeiro momento de integração onde pode ser

explorada a trajetória de cada um, a sua atual formação acadêmica, suas expectativas com o

curso, com a universidade e com a vida profissional.

Ao final das apresentações podem ser distribuídas pequenas tiras de papel uniforme,

onde os participantes são convidados a escrever palavras que traduzam ou se refiram aos seus

sonhos e expectativas de um mundo melhor. Os papéis são dobrados, colocados em uma

sacola, misturados e posteriormente retirados aleatoriamente para que cada um leia o que está

escrito nas tiras de papel.

Esse momento já representa uma troca de experiências a partir da história e

expectativas de cada um, podendo ser identificada a pluralidade e diversidade do grupo e ao

mesmo tempo as afinidades e sonhos em comum.

Durante a dinâmica do barbante, podem ser introduzidos os pressupostos do

pensamento sistêmico como a complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade, conforme

definido por Vasconcelos (2013).

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2.2 - Apresentação do Plano de Ações da oficina

Ao final da primeira dinâmica, pode ser feita uma breve introdução histórica do

surgimento do pensamento sistêmico na ciência contemporânea e apresentado o Plano de

Ações da oficina de forma resumida para que os participantes possam propor novas ideias e

adaptações nas atividades. Esse momento é importante para se efetivar a troca de experiências

e para que os participantes compreendam a proposta de construção coletiva do conhecimento,

percebendo suas responsabilidades no processo.

Nesse momento, podem ser apresentadas as abordagens construtivistas, interacionista

e sociocultural do processo de ensino que juntas formam a abordagem sistêmica desse

processo, conforme defendido por Moraes (1997), para que os estudantes percebam a

importância da interação do grupo na construção do conhecimento e como essa abordagem se

difere da abordagem tradicional, para a qual os estudantes são meros depositários dos

conteúdos de ensino. A participação dos estudantes na configuração do plano da oficina pode

ser utilizada para ilustrar como o ensino participativo pode substituir o ensino tradicional

normalmente autoritário, unilateral, hierarquizado e rígido.

2.3 - Dinâmicas para introduzir a noção de paradigma

Esse momento foi composto por três dinâmicas, descritas a seguir, com o objetivo de

trabalhar a noção de paradigma científico, e como a visão dentro de um determinado

paradigma pode ficar influenciada por determinados pressupostos. O termo paradigma foi

proposto por Kuhn (2003) para se referir a um conjunto de crenças, valores e compromissos

que norteiam as produções científicas em determinada época. As revoluções científicas

ocorrem quando esses valores se transformam e alteram as orientações e métodos de pesquisa.

O pensamento sistêmico é considerado por Bertalanffy (2015), Capra (2014), Vasconcelos

(2013), Morin (2011a) e outros, o novo paradigma da ciência contemporânea, pois parte do

princípio que os fenômenos têm de ser estudados em sua totalidade, diferente do paradigma

reducionista da ciência clássica, apoiado na fragmentação dos fenômenos.

2.3.1 - Dinâmica de completar as frases

A dinâmica de completar as frases consiste em distribuir entre os estudantes provérbios

e ditados simples do conhecimento comum escritos pela metade, ou a primeira metade, ou a

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segunda. Os estudantes são convidados a se movimentar pela sala de aula e se associar com

outros participantes para completar sua frase. Naturalmente eles irão procurar a outra parte que

completa o provérbio. No entanto, nenhum dos provérbios pode ser completado da maneira que

se espera. Em contrapartida, pode haver outras junções que atribuem significado à frase.

Essa dinâmica tem por objetivo demonstrar como um pressuposto pode influenciar os

sentidos individuais e os do grupo. O objetivo é levar os participantes a perceber que a

dinâmica proposta é completar a frase e não montar um provérbio. Mesmo que durante as

instruções não se fale em montar provérbios, ou ditados comuns da sabedoria popular, é

natural que os participantes procurem a parte que completa a frase conforme o conhecido.

Essa dinâmica ilustra como os pressupostos de um determinado paradigma científico podem

influenciar nos sentidos e percepções, mesmo que de forma despercebida e involuntária.

2.3.2 - Dinâmica de ligar os pontos e construir figuras

A dinâmica de ligar os pontos é apresentada em Vasconcelos (2013) para ilustrar o

conceito de paradigma e consiste em propor que os estudantes promovam a ligação de nove

pontos dispostos em formato de cubo utilizando apenas quatro segmentos de reta de forma

contínua, ou seja, sem tirar o lápis do papel.

Como os pontos estão posicionados em formato de cubo, é natural que os estudantes

não excedam os limites da figura e assim não consigam realizar a tarefa, que só é solucionada

quando se excede os limites do cubo conforme mostrado na Figura 15.

Figura 15 - Dinâmica de ligar os pontos

Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2013)

A outra dinâmica consiste em desenhar uma casinha sem retirar o lápis do papel e sem

sobrepor linhas. Tem o propósito de ilustrar como a percepção inicial de formas geométricas

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clássicas pode influenciar no modo de construção da casinha. A solução dessa dinâmica está

apresentada na Figura 16.

Figura 16 - Dinâmica da casinha

Fonte: Elaborado pelo autor

A outra dinâmica consiste em construir um cubo sem retirar o lápis do papel e sem

sobrepor linhas e tem o mesmo propósito da dinâmica da casinha. A solução está ilustrada na

Figura 17:

Figura 17 - Dinâmica do cubo

Fonte: Elaborado pelo autor

Talvez a maior dificuldade em se construir a casinha e o cubo sem retirar o lápis do

papel e sem sobrepor linhas esteja em abstrair as formas geométricas clássicas como os

triângulos e os retângulos. A construção de ambas as figuras inicia-se por uma forma

equivalente a letra “Z” invertida. Na casinha, só a partir do quinto traço forma-se uma figura

geométrica clássica e, no cubo, só no quarto traço e posteriormente no sétimo formam-se as

figuras tradicionais. Essas dinâmicas podem ser utilizadas para ilustrar como a percepção

inicial pode influenciar nos sentidos que se atribui ao mundo.

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2.3.3 - Dinâmica de retirar o resíduo da pá

A dinâmica de retirar o resíduo da pá consiste em utilizar quatro canetas ou algo

similar que vão representar a pá e um pedaço de papel que vai representar o resíduo e mover

apenas duas canetas para alterar a posição da pá, sem alterar o seu formato e promover assim

a retirada do resíduo sem movê-lo. A solução está apresentada na Figura 18.

Figura 18 - Dinâmica de retirar o resíduo da pá

Fonte: Elaborado pelo autor

Há de se deixar claro que essas dinâmicas propostas não representam um paradigma

em si, mas estão sendo utilizadas para ilustrar como o paradigma cartesiano da ciência

clássica influenciou, mesmo que de forma despercebida e involuntária, na visão e na

organização da sociedade moderna.

Ao final da dinâmica, pode ser apresentado um quadro comparativo dos pressupostos

da visão mecanicista da ciência clássica com os pressupostos da visão sistêmica da ciência

contemporânea, apresentando os autores que defendem o pensamento sistêmico como novo

paradigma da ciência e que pode trazer novas formas de organização do ensino e da

sociedade.

2.4 - Dinâmica de meditação orientada

Essa dinâmica além de constituir um benefício em si por se tratar de uma atividade de

relaxamento, tem como objetivo trabalhar com os estudantes a noção de percepção espacial

em diferentes escalas e introduzir algumas considerações sobre a escala de tempo astronômica

e sobre a física atômica, sendo que essa última deu origem à visão sistêmica no campo da

física.

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A dinâmica consiste em uma atividade de meditação em grupo na qual os estudantes

são instruídos sobre técnicas de relaxamento, que inclui técnicas de posicionamento, de

respiração e de concentração.

A partir do relaxamento e da percepção corporal os estudantes são convidados a

simular uma viagem primeiramente aos confins do universo, passando pelas escalas de

grandeza astronômicas e posteriormente às partículas elementares, passando por escalas de

grandeza atômica. Aqui pode ser explorada a noção da dualidade das partículas elementares e

da luz, que se manifestam tanto como onda quanto como objetos sólidos.

Ao final da dinâmica, pode ser comparado o determinismo matemático da física

clássica com a natureza probabilística dos fenômenos quânticos e trabalhado o fenômeno da

vida em diferentes escalas, desde os micro-organismos até os superorganismos sugeridos pela

teoria de Gaia. Assim, essa dinâmica possibilita a integração de diferentes áreas de

conhecimento.

Vale ressaltar que a dinâmica da meditação foi planejada para se trabalhar com a

percepção espacial, mas outros recursos podem ser utilizados, como, por exemplo, figuras e

vídeos disponíveis em meio digital, facilmente encontrados na rede mundial de computadores

e que ajudam a representar as escalas de grandeza dos átomos ao cosmos.

2.5 - Dinâmica da termodinâmica

A dinâmica da termodinâmica pode ser utilizada para contrastar a noção de entropia na

termodinâmica clássica, em que é previsto um aumento na desordem dos sistemas que tendem

a estabilidade estática, com a noção de autopoiese na organização da vida, na qual é previsto o

aumento da complexidade das estruturas que compõem os sistemas vivos que tendem à

estabilidade dinâmica, ou à manutenção de equilíbrios e desequilíbrios, conforme mostrado

em Maturana e Varela (2001).

A dinâmica da termodinâmica consiste em propor que os estudantes primeiramente

formem dois grupos que vão se posicionar em lados opostos de um determinado espaço, que

pode ser a própria sala de aula. Em seguida, eles devem se movimentar continuamente nos

limites desse espaço buscando ocupar os espaços vazios e se distribuir dinamicamente de

forma homogênea evitando colisões, aglomerações ou formações de vazios. Em determinados

instantes, os estudantes devem ser orientados a parar de se movimentar e observar a forma de

distribuição dos dois primeiros grupos. Como os estudantes se movimentam de maneira

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aleatória, é esperado que os dois grupos inicialmente separados, se misturem de forma

homogênea.

Essa dinâmica pode ser utilizada para ilustrar a segunda lei da termodinâmica, que

prevê um aumento da entropia ou da desordem em sistemas físicos fechados, contrastando

com os sistemas vivos autopoiéticos, que se desenvolvem em um sentido de maior

organização e complexidade, como sistemas abertos em constante relação e troca com o meio.

Nessa dinâmica, podem ser contrastadas as noções de equilíbrio, determinismo causal

e reversibilidade no domínio da termodinâmica e da matemática clássica, com a noção de

desequilíbrio estável, indeterminismo, irreversibilidade e auto-organização, em sistemas

autônomos no domínio da biologia organísmica, da cibernética e da matemática não linear.

Segundo Bertalanffy (2015), “A vida não é manutenção ou restauração do equilíbrio, mas

essencialmente manutenção de desequilíbrios, conforme revela a doutrina do organismo como

sistema aberto”.

Tanto na biologia organísmica, quanto na física quântica, compreende-se que existem

propriedades que emergem a partir da relação entre os componentes constituintes e, assim

sendo, uma análise das partes isoladas não representa a complexidade do todo. Na biologia

organísmica, o organismo é entendido como um sistema que opera em diferentes níveis de

complexidade que não aparecem em níveis inferiores. De maneira semelhante, no nível

subatômico da matéria operam padrões de probabilidade de interconexões de elementos,

diferente das leis determinísticas que regem os materiais sólidos da física clássica.

A dinâmica da termodinâmica, sob outra denominação, normalmente é utilizada em

atividades cênicas e favorece o entrosamento do grupo, a noção de coletividade, o

desenvolvimento da percepção espacial e até mesmo a intuição, uma vez que se tem que

prever constantemente o movimento de outros colegas para evitar aglomeração ou mesmo a

colisão.

Deixa-se claro que essa dinâmica foi utilizada para ilustrar como, no desenvolvimento

da biologia contemporânea ou biologia organísmica, assim como no desenvolvimento da

física atômica e da matemática não linear, foi emergindo outra noção de organização da

matéria em termos de relações entre as partes, que se difere da concepção reducionista

adotada na ciência clássica. No entanto, outras dinâmicas e outros métodos didáticos podem

ser utilizados para trabalhar com os conceitos e temas apresentados nessa dinâmica.

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2.6 - Dinâmica do emaranhamento humano

A dinâmica do emaranhamento humano pode ser utilizada para trabalhar a noção de

complexidade dos fenômenos quânticos e o fenômeno do emaranhamento quântico, que

sugere a existência de conexões não locais entre as partículas subatômicas. Pela natureza

dinâmica da atividade, que promove o contato físico dos estudantes, ela pode incentivar

também o entrosamento do grupo e contribuir para desinibição dos participantes.

A dinâmica do emaranhamento humano consiste em propor que os estudantes formem

um círculo em que um número conhecido de pessoas esteja virado para o centro e outros para

fora. Em seguida, todos dão as mãos, de forma que alguns fiquem com os braços cruzados na

frente, atrás ou por cima do corpo. O objetivo é que o grupo se movimente e se articule sem

soltar as mãos e de forma a conseguir formar um círculo com o maior número de pessoas

voltadas para o centro e com os braços esticados. Como o grupo está conectado, uma única

alteração de seu arranjo pode produzir transformações na organização de todo o sistema.

Essa dinâmica pode ser utilizada para trabalhar o conceito de emaranhamento

quântico, que consiste na não localidade dos fenômenos no nível subatômico, ou seja, uma

interferência numa certa localidade produz uma perturbação semelhante em outra localidade

do sistema, mesmo que aparentemente as partículas não estejam conectadas.

A noção de não localidade dos fenômenos quânticos assim como outros princípios e

teorias da ciência contemporânea, superam as experiências cotidianas no mundo

macroscópico e pode ser utilizada para ilustrar os limites da cognição e da linguagem humana.

Segundo Bertalanffy (2015), “O modo de pensar mecanicistamente articulado, que entra em

dificuldade com as modernas criações científicas, é consequência de nossas categorias e

hábitos linguísticos”.

Junto com a noção de emaranhamento, pode ser trabalhada também a noção de

simetria do espaço, em que, segundo Heisenberg (1996), as formas de organização têm efeito

nos acontecimentos posteriores. Essa simetria espacial da física quântica encontra

equivalências em equações matemáticas não lineares, nas quais um evento determina os

desdobramentos posteriores numa cadeia de reações que resulta em formas mais complexas.

Essas formas podem se manifestar em padrões regulares que se aproximam das formas

existentes na natureza.

A finalidade dessa dinâmica é introduzir conhecimentos em física quântica para que o

estudante desenvolva a percepção de alguns critérios do pensamento sistêmico que aparecem

em diferentes áreas do conhecimento, como a intersubjetividade, que se refere à natureza não

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objetiva de muitos fenômenos, o padrão de organização, que vai determinar a estrutura do

sistema, e a complexidade, que se refere às múltiplas interfaces do sistema.

Vale ressaltar que os temas e conceitos abordados nessa dinâmica podem ser

trabalhados por meio de outras técnicas de ensino, da mesma forma que essa dinâmica pode

possibilitar atingir outros objetivos.

2.7 - Atividade extraclasse: assistir ao filme O Ponto de Mutação

Como atividade extraclasse os estudantes podem assistir ao filme O Ponto de Mutação

tradução de (The turning point - mindwalk), de Bernt Capra, lançado em 1990 e baseado no

livro Homônimo de Fritjof Capra, que é um dos principais autores defensores do pensamento

sistêmico na ciência. O filme, em sua versão completa ou resumida, está disponível com

legendas em português no sítio eletrônico Youtube.

O filme apresenta o diálogo entre uma cientista, um político e um poeta americanos

que relatam suas frustrações com suas profissões. O político afirma não ter autonomia em

seus discursos, seu amigo poeta busca fugir da competitividade das grandes cidades e a

cientista vê suas pesquisas sendo utilizadas para fins militares. A cientista defende que os

problemas políticos, sociais, econômicos e ambientais do mundo só podem ser superados por

meio de uma visão sistêmica e sustenta seus argumentos apresentando alguns conceitos da

física quântica e da ecologia que superam a visão mecanicista e fragmentada do mundo.

O filme, que reproduz de forma bastante fiel as ideias do livro, trata de maneira

didática e, ao mesmo tempo profunda, a mudança de paradigma que está ocorrendo na ciência

e como essa mudança pode contribuir para a superação de muitos problemas da atualidade. De

fato, como o filme apresenta um panorama geral da visão sistêmica na ciência contemporânea,

ele pode contribuir para despertar o interesse dos estudantes em relação aos estudos do

pensamento sistêmico.

Os estudantes podem ser orientados a compreender que a finalidade dessa atividade é

construir uma visão geral do surgimento e implicações do pensamento sistêmico para que

promovam, no Módulo II, uma análise crítica e reflexiva sobre o filme. Portanto, os

estudantes não precisam se deter a eventuais conceitos ou conhecimentos específicos que são

tratados no filme, a menos que tenham interesse e queiram aprofundar seus conhecimentos em

determinados conteúdos específicos de algum campo do saber científico.

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Pode ser sugerido, ainda, que o estudante faça uma resenha do filme ou anote em

tópicos os pontos mais relevantes e as questões que deseja discutir para que sejam

apresentadas ao grupo no momento em que forem feitas as reflexões sobre o filme.

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3 - MÓDULO II: VISITAÇÃO AO MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS

O Museu de Ciências Naturais da instituição pesquisada representa um excelente

espaço para realização de atividades educativas, onde os estudantes podem vivenciar

diferentes sentimentos e emoções por meio de múltiplos estímulos, principalmente o visual. É

um espaço que incentiva a imaginação e a criatividade do estudante, que pode interagir

visualmente com as exposições, principalmente as que representam o passado remoto do

planeta, transportando suas experiências e sentidos através do espaço e do tempo. O museu

dispõe também de um planetário inflável, que pode ser utilizado para realização de atividades

educativas, principalmente, no que se refere à percepção espacial e consciência cósmica.

A visitação ao museu foi planejada em decorrência da disponibilidade dessa estrutura

no próprio campus da universidade. A utilização de espaços alternativos à sala de aula pode

favorecer o interesse dos estudantes na construção do conhecimento, assim como a utilização

de recursos que promovem múltiplos estímulos sensoriais através da visão, da audição e da

interação física pode favorecer o aprendizado.

Por outro lado, destaca-se que as atividades, dinâmicas e temas abordados no Módulo

II da oficina não precisam ser realizados necessariamente em um museu. No planejamento da

oficina, buscou-se aproveitar os espaços existentes no campus da universidade para

enriquecer as atividades e incentivar a participação dos estudantes, mas isso não é uma

condição necessária à realização da oficina. Os mesmos temas abordados neste Módulo II

podem ser trabalhados em outros espaços, de outras formas e utilizando-se de outros recursos

e dinâmicas.

O Módulo II da Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico foi

composto de cinco atividades e dinâmicas, conforme apresentado a seguir.

3.1 - Reflexões sobre o filme O Ponto de Mutação

O diálogo para reflexões sobre o filme O Ponto de Mutação foi previsto para ocorrer

nos jardins externos do Museu de Ciências Naturais da instituição pesquisada, ponto de

encontro para realização das atividades do Módulo II da Oficina de Introdução e Prática do

Pensamento Sistêmico. As atividades ao ar livre podem contribuir para que os estudantes

fiquem mais a vontade para expor suas ideias.

Para incentivar a participação dos estudantes, pode ser proposta a formação de um

círculo, que possibilite que todos se vejam, e, assim, tenham oportunidade de apresentar suas

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reflexões, destacar o que consideram relevante e comentar suas experiências e sentimentos em

relação ao filme. Um estudante pode iniciar o diálogo fazendo seus comentários sobre o filme

e passar a palavra a outros estudantes, convocando-o a interagir e colaborar com o grupo.

O responsável pela oficina pode viabilizar e estimular a participação de todos os

estudantes além de apresentar e problematizar questões que sejam relevantes para a

introdução do pensamento sistêmico e que não tenham sido destacadas pelo grupo. O objetivo

é aprofundar na problemática e nas reflexões, construindo o conhecimento sobre o tema à

medida que o grupo interage. O responsável pela oficina pode atuar no sentido de orientar os

diálogos para que os estudantes trabalhem questões relativas ao surgimento e às implicações

do pensamento sistêmico que são bem tratadas no filme.

3.2 - Reflexões sobre a visão mecanicista e a visão sistêmica da vida

Na primeira parte da visitação ao museu no espaço de exposição das réplicas e de

fósseis de animais pré-históricos, as reflexões podem ser direcionadas para a diferença entre a

teoria evolucionista de Darwin (2004), sustentada nas ideias de variações aleatórias e de

seleção natural, e a biologia organísmica, mostrada em Bertalanffy (2015), além da teoria

evolucionista de Maturana e Varela (2001) que vem trazendo um novo olhar que revela a

evolução da vida no planeta como uma tendência de ordem e complexidade crescente.

Os registros de fósseis mostram que a vida passa por longos períodos de estabilidade

até que se desenvolvam, em um curto período de tempo, formas mais complexas e evoluídas.

Essa perspectiva é diferente da perspectiva de Darwin (2004), que aponta a evolução como

um processo contínuo e linear de mutações aleatórias e seleção natural. Segundo Capra

(2006a), a visão sistêmica da biologia hoje está apoiada na teoria das estruturas dissipativas de

Prigogine, que mostra como sistemas bioquímicos complexos geram laços catalíticos que

produzem instabilidade e podem gerar ordens superiores. A teoria da autopoiese de Maturana

e Varela (2001) também traz um novo olhar para os sistemas vivos que são entendidos como

sistemas auto-organizadores, que produzem e transformam seus componentes em rede. E, por

fim, a teoria de Gaia de Lovelock (2010), na qual o planeta Terra é visto como um

superorganismo, traz a noção de coevolução dos seres vivos com seu meio ambiente, se

opondo à visão mecanicista e reducionista dos seres vivos e à ideia de Darwin (2004),

segundo a qual os organismos ou se adaptam ao meio ou são excluídos por seleção natural.

A visão sistêmica da vida é um princípio ecológico que coloca o homem como parte

integrante de um ecossistema formado por múltiplas espécies que interagem numa cadeia de

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acontecimentos, em que a perturbação de um elemento reflete em outros, alterando a dinâmica

de todo o sistema. A mudança do modo de vida exploratório do homem para um modo de

vida sustentável, passa por uma nova percepção sistêmica da vida que se opõe a visão

mecanicista que ainda prevalece na sociedade.

A partir do diálogo sobre como a nova percepção sistêmica da vida traz em si um viés

de responsabilidade ecológica em todas as áreas do conhecimento, pode ser feita a conexão

com os diálogos sobre o trabalho e a atividade humana que foram previstos para a segunda

parte da visitação ao museu.

3.3 - Reflexões sobre o trabalho e a atividade humana

Na segunda parte da visitação ao museu, nos espaços de exposição arqueológica, os

diálogos podem ser direcionados à trajetória do homem no planeta, suas diferentes formas de

organização e suas diferentes maneiras de interagir, confrontando principalmente a visão

mecanicista do mundo, fundamentada na industrialização e na intensificação da exploração da

natureza e do próprio homem pelo homem, com a visão sistêmica do mundo. Esta última

propõe a comunhão com a natureza e a valorização do trabalho como atividade humana que

cria o homem e a sua própria consciência. Assim, as reflexões podem ser direcionadas nos

seguintes aspectos:

A trajetória do homem no planeta;

A exploração de recursos versus a comunhão com a natureza;

O taylorismo / fordismo versus a ergologia.

O Museu de Ciências Naturais da instituição pesquisada é um dos pontos de visitação

que integra o circuito turístico Linha Lund, que abrange uma série de cavernas e parques

ecológicos na região metropolitana de Belo Horizonte. As cavernas abrigam os sítios

arqueológicos, que trazem um pouco da pré-história de Minas Gerais. O museu representa um

espaço onde pode ser investigada a trajetória do homem no planeta e seu processo de

evolução e interação com os recursos da natureza.

Pretende-se trazer para o diálogo a visão ecológica de Dorst (1973), que traça a

trajetória do homem no planeta e como o desenvolvimento da técnica desde os primórdios foi

permitindo o domínio da natureza pelo homem. Esse autor apresenta os impactos do homem

sobre o planeta, desde que este se tornou pastor e agricultor, passando pelo surgimento das

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grandes civilizações e pela expansão das áreas ocupadas pelo homem no ocidente, até o

evento da Revolução Industrial e da globalização que trouxeram impactos ambientais que

hoje colocam em risco a própria humanidade. A visão abrangente da trajetória do homem no

planeta pode contribuir para que os estudantes percebam como o período moderno, que

configurou o paradigma ainda dominante na sociedade, representa um curto período na escala

evolutiva do homem.

Nas reflexões sobre o modo de produção industrial é importante o estudante identificar

as pegadas ecológicas do homem no planeta ao longo de sua trajetória evolutiva e refletir

sobre como, em um curto espaço de tempo, houve a explosão demográfica, com efeitos

ambientais de ordem planetária. A industrialização provocou profundas alterações na

superfície e na atmosfera do planeta, alterando seus processos de autorregulação e culminando

no fenômeno do aquecimento global.

Para buscar uma nova forma de organização social, é importante que os estudantes

tenham conhecimento sobre como a industrialização tem modificado profundamente a

estrutura geológica do planeta ao ponto de ter-se iniciado a era do antropoceno, termo

difundido por Paul Crutzen, prêmio Nobel de Química de 1995, conforme mostrado em Boff

(2016). Os resultados de uma civilização planetária que moveu montanhas em atividades

minerárias e ergueu megalópoles de concreto em substituição à vegetação original estão

ficando registrados na história geológica do planeta.

No desenvolvimento de conhecimentos sobre a ação do homem no planeta, pode ser

trabalhado o conceito de ecologia profunda, que propõe a visão do homem como parte

integrante da natureza, e não superior a ela. A ecologia profunda supera uma visão meramente

mecanicista do meio ambiente e lança um olhar holístico sobre as formas de conexão e

manifestação da vida, trazendo a reflexão para um nível de totalidade, inclusive no domínio

espiritual.

Em relação às formas de organização do trabalho, podem ser comparados os modos de

produção em série nas linhas de montagem sustentadas pelo taylorismo/fordismo, com a visão

sistêmica da organização empresarial defendida por Senge (2006). Aqui pode ser confrontada

a visão mecanicista do homem, que culminou em formas de exploração do trabalho humano,

com a visão da ergologia, que propõe a investigação do trabalho em seu sentido mais

profundo e complexo enquanto atividade do homem, com o homem e para o homem. A

ergologia é uma abordagem pluridisciplinar de situações de trabalho, que busca entender a

complexidade da atividade humana, por meio do diálogo entre diferentes áreas do

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conhecimento e pode contribuir para que sejam melhoradas as condições de trabalho em

diferentes áreas, inclusive nas instituições de ensino, conforme mostra Schwartz (2015).

Na ergologia, busca-se uma reflexão profunda da natureza do trabalho humano e

principalmente das formas de relação e organização desse trabalho. A ergologia se inspira na

filosofia de Canguilhem para compreender a atividade humana e o uso que o homem faz de si

mesmo ao realizar um trabalho. As reflexões giram em torno da saúde e do bem estar do

homem, buscando conciliar os valores da produção com os valores humanos, também

denominados valores sem dimensão, que cada humano tem. Schwartz (2015), define como

valores sem dimensão aqueles que não podem ser mensurados da mesma maneira que os

valores de mercado. Como exemplo de valores sem dimensão, cita-se a saúde, o bem estar, a

satisfação e a harmonia no ambiente de trabalho.

Os diálogos sobre as formas de organização do trabalho devem ser contextualizados

principalmente, a partir da Revolução Industrial no século XVIII que fundou um modo de

produção e organização do trabalho que ainda predomina nos dias atuais. Nesse diálogo, pode

ser contextualizada a Revolução Industrial com o desenvolvimento da ciência na época do

Iluminismo, notadamente, a visão de domínio da natureza, sustentada por Bacon; o método

analítico reducionista, sustentado por Descartes e a descrição mecanicista da natureza,

formulada por Newton.

Na oficina de introdução ao pensamento sistêmico, as reflexões sobre o trabalho e a

atividade humana podem ocupar lugar de destaque, uma vez que se vai trabalhar com

formação de professores em diferentes áreas do conhecimento. Os diálogos podem trazer a

reflexão sobre a profissão docente, os desafios da escola numa sociedade complexa e

globalizada e a responsabilidade do professor, do pesquisador e da ciência diante da sociedade

e do mundo como um todo.

3.4 - Dinâmica dos Escravos de Jó

A dinâmica dos Escravos de Jó é uma brincadeira de conhecimento popular que

estimula a concentração e foi planejada com o objetivo de trabalhar a noção de habilidades, de

competência, de organização estrutural e de solidariedade. A dinâmica consiste em propor que

os estudantes formem um círculo em que cada um segura um objeto de fácil manuseio e então

inicie a troca com o colega ao lado conforme o compasso da cantiga. Quanto maior o número

de pessoas, mais difícil de completar a dinâmica, pois uma falha ou interrupção reflete no

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compasso do todo. Assim os estudantes podem apreciar a importância de cada um no sucesso

da dinâmica do grupo.

A dificuldade de se completar a dinâmica pode ocorrer na conexão de duas pessoas

que estão em descompasso com o todo. É interessante que o grupo perceba essa possível

situação que pode ser resolvida pela simples troca de posição dessas pessoas. Se alguém está

com dificuldade de passar o objeto no momento correto, é preferível que ela esteja ao lado de

alguém com habilidade suficiente para pegar o objeto de sua mão no momento adequado e dar

continuidade a dinâmica. Ou seja, diferentes arranjos no sistema podem influenciar na

dinâmica do todo.

Os estudantes podem perceber que cada pessoa possui e desenvolve com maior

facilidade diferentes habilidades, que vão lhe proporcionar diferentes competências para

executar uma atividade. Em trabalhos de grupo, é importante a percepção da coletividade e o

desenvolvimento da solidariedade, para que se busquem diferentes arranjos no sistema de

forma a conseguir cumprir os objetivos propostos com a participação de todos.

O estudante pode ser incentivado a relacionar a dinâmica dos Escravos de Jó com a

organização de empresas ou instituições escolares, em que um diferente arranjo das estruturas

pode potencializar o grupo e ao mesmo tempo contribuir para que sejam superadas as

deficiências individuais. Pode partir daí a noção de horizontalidade na organização das

empresas e das instituições de ensino, em que todos podem participar do processo de

organização e propor soluções para o sucesso do grupo. Pode ser explorado, ainda, o conceito

de empresas abertas que incentivam a participação de todos nas decisões da empresa,

superando, assim, a antiga forma de verticalização da estrutura hierárquica de poder.

Em relação ao ensino, essa visão de coletividade e horizontalidade pode estar presente

tanto na relação do docente com os estudantes, quanto na própria organização da estrutura

escolar. No questionário realizado nas licenciaturas, para verificação do conhecimento dos

estudantes em relação ao pensamento sistêmico, muitos estudantes afirmaram que a

horizontalidade na relação entre o professor e o estudante é uma característica que pode

contribuir para o processo de aprendizagem.

3.5 - Atividade extraclasse: leitura de texto

A quinta atividade consiste na formação de grupos para leitura e estudo de textos

entregues ao final das atividades do Módulo II, com o objetivo de formar uma roda de

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reflexões no início das atividades do Módulo III da Oficina de Introdução e Prática do

Pensamento Sistêmico.

Pode ser proposta a formação de grupos multidisciplinares, composto por estudantes

de diferentes licenciaturas, para incentivar os diálogos transdisciplinares que revelem

diferentes pontos de vista em relação ao texto. Para cada grupo, pode ser disponibilizado um

texto de diferente autor, tratando do pensamento sistêmico em seu sentido epistemológico ou

metodológico, para que, no dia seguinte, os grupos possam compartilhar suas experiências. Os

textos podem ser selecionados de forma que os estudantes estabeleçam relações entre eles e,

sobretudo, percebam a visão sistêmica em diferentes áreas do conhecimento.

Pra realização dessa atividade, foram disponibilizados nove textos de diferentes

autores. Os textos abordam reflexões sobre o pensamento sistêmico ou se referem a teorias e

conhecimentos construídos no âmbito de uma perspectiva sistêmica, assim como mostrado a

seguir.

O primeiro texto é a parte inicial do capítulo 1 (Introdução) do livro Teoria geral dos

sistemas: fundamentos desenvolvimentos e aplicações, de Ludwig von Bertalanffy, um dos

pioneiros no desenvolvimento do pensamento sistêmico. Neste capítulo, Bertalanffy (2015)

faz uma breve introdução ao conceito de sistemas que surgiu em diferentes ramos de pesquisa

no século XX, como na biologia molecular, na psicologia de Gestalt, na psiquiatria, nas

teorias dos fenômenos sociais e na cibernética. Esse autor faz uma crítica à visão mecanicista

do mundo que acarretou uma série de problemas sociais, econômicos e ambientais e propõe o

enfoque sistêmico para superação desses problemas.

O segundo texto selecionado trata do significado da teoria geral dos sistemas e é o

capítulo 2 do mesmo livro citado acima, de Ludwig von Bertalanffy. Neste capítulo,

Bertalanffy (2015) se aprofunda no surgimento do pensamento sistêmico e argumenta sobre o

aparecimento simultâneo de semelhanças estruturais e isomorfismos em diferentes campos da

ciência, mesmo em casos em que as teorias e conhecimentos foram desenvolvidos

separadamente, sem contato entre os autores. Na segunda parte do texto, esse autor cita os

propósitos de se reunir em sua teoria os princípios válidos para diferentes tipos de sistemas.

O terceiro texto selecionado é o capítulo 7 (Primeiros diálogos sobre a relação entre

ciência e religião) do livro A parte e o todo, de Heisenberg. Nesse texto, Heisenberg (1996)

reproduz dois diálogos que teve em 1927 com os principais físicos responsáveis pela

formulação da física quântica, Wolfgang Pauli, Paul Dirac e Niels Bohr e pondera ainda sobre

a posição de Max Planck a favor da compatibilidade da ciência e da religião por se tratar da

investigação da realidade.

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O quarto texto é o prólogo (Uma nova racionalidade) do livro de Ilya Prigogine

intitulado O fim das certezas: tempo, caos e as leis da natureza. Nesse texto, Prigogine (1996)

faz uma breve introdução ao conceito de tempo na ciência clássica, que está relacionado ao

determinismo causal, e o contrapõe com os conceitos de probabilidade e quebra de simetria

temporal na ciência contemporânea.

O quinto texto é o capítulo I (Conhecer o conhecer) do livro de Humberto Maturana e

Francisco Varela, intitulado A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão

humana. Neste, Maturana e Varela (2001) esboçam como o fenômeno do conhecer está

imbricado no observador e depende da forma com que este interage com o objeto. Os autores

defendem a linguagem como instrumento cognitivo que permite a interação com o mundo e

sua representação. No livro, são apresentados três experimentos simples para ilustrar como a

percepção de um fenômeno pode ser alterada pela forma de observação desse fenômeno e

como a estrutura biológica do organismo determina o juízo do observador.

O sexto texto disponibilizado para os estudantes é o capítulo 2 (O pensamento eco-

sistêmico), do livro de Maria Cândida de Moraes, intitulado Pensamento eco-sistêmico:

educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Neste capítulo, Moraes (2004) inicia

uma reflexão em torno da dimensão epistemológica do pensamento sistêmico enquanto nova

forma de organização do conhecimento que supera os pressupostos reducionistas da ciência

clássica e segue defendendo o pensamento ecossistêmico como um macro conceito referencial

para direcionar a reforma do ensino e do pensamento humano. O texto faz referência a outros

autores que defendem a visão sistêmica como forma de superação dos problemas sociais

econômicos e ambientais de uma sociedade complexa e global e traz, de forma bem clara e

objetiva, os pressupostos que diferenciam o pensamento sistêmico do pensamento

fragmentado da ciência clássica.

O sétimo texto é o capítulo III (Fractais), de autoria de Ildeu de Castro Moreira, do

livro intitulado Complexidade e Caos, organizado por Moysés Nussenzveig. Neste, Moreira

(1999) apresenta a geometria fractal como o estudo de conjuntos e formas irregulares que

apresentam auto-similaridade, definidas por propriedades matemáticas. Esse autor inicia o

texto reproduzindo algumas citações de Galileu e de Newton como forma de ilustrar a visão

mecanicista e matematizada na ciência moderna e contrapõe as formas regulares da

matemática clássica com a geometria dos fractais consolidada por Mandelbrot na segunda

metade do século XX. O texto apresenta alguns métodos de geração dos fractais e suas

aplicações em diferentes campos científicos como na física, na biologia e na cosmologia. Por

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fim, esse autor apresenta a ligação dos fractais com os sistemas caóticos e complexos

apresentando os Conjuntos de Julia e o Conjunto de Mandelbrot.

O oitavo texto é a introdução do livro intitulado Complexidade e Caos de Moysés

Nussenzveig e trata de uma introdução ao conceito de complexidade. Nussenzveig (1999)

anuncia logo de início a relação da complexidade com a teoria geral dos sistemas e como que

esse novo conhecimento, inclui as investigações sobre a origem da vida, a evolução das

espécies, o sistema imunológico e o sistema nervoso central. Esse autor apresenta doze

características do cérebro que são encontradas em outros sistemas complexos e segue fazendo

uma introdução ao conceito de auto-organização dos sistemas e diferenciando a ordem e o

caos em sistemas não lineares. O texto foi disponibilizado até a parte que trata de uma breve

introdução às teorias evolucionistas.

O nono texto é o capítulo (A física e o meio ambiente), do livro de Eduardo Landulfo,

intitulado Meio ambiente e física. Landulfo (2003) defende a física como área do

conhecimento que contribui para a interdisciplinaridade tendo em vista seu caráter amplo e

naturalmente transdisciplinar.

Na atividade de estudo de texto foram entregues materiais de diferentes autores

justamente para que os estudantes verificassem a diversidade de pesquisadores que

desenvolvem diferentes trabalhos e teorias no âmbito de uma perspectiva sistêmica. Mas a

atividade poderia ter sido realizada por meio do estudo de uma obra específica de

determinado autor que trabalha com o pensamento sistêmico numa perspectiva

epistemológica, apresentando diferentes teorias sistêmicas. Destaca-se a obra de Capra

(2014), intitulada A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações

filosóficas, políticas, sociais e econômicas, que pode ser considerada uma referência para o

ensino do pensamento sistêmico, pois trata do surgimento e do desenvolvimento do

pensamento sistêmico em diferentes áreas do conhecimento, apresentando de forma

sintetizada diversas teorias e conhecimentos desenvolvidos no âmbito de uma perspectiva

sistêmica e suas implicações para a ciência e para a sociedade. Outros textos e livros que

tratam do pensamento sistêmico podem ser selecionados para realização dessa dinâmica,

conforme a área de conhecimento dos estudantes e os objetivos do estudo.

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4 - MÓDULO III: VISITAÇÃO À ÁREA DE MATA

Assim como o museu, a área de mata da instituição pesquisada foi escolhida para

realização das atividades do Módulo III, por se tratar de um espaço disponível no próprio

campus, que pode incentivar a participação dos estudantes na oficina e favorecer a percepção

ambiental. Mas a utilização da área de mata não é uma condição necessária para realização

das dinâmicas que estão aqui apresentadas; as dinâmicas podem ser realizadas em outros

espaços e adaptadas a outras situações.

Os temas e dinâmicas apresentados foram selecionados conforme a carga horária da

oficina e a área de formação dos estudantes. Por isso, a dissertação como um todo, e não

somente este Plano de Ações pode nortear o ensino do pensamento sistêmico nos cursos de

licenciatura e todos os temas nela abordados podem compor ou inspirar o ensino do

pensamento sistêmico.

Por outro lado, a Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico representa

uma experiência prática, que pode contribuir para ilustrar a prática docente embasada na

interdisciplinaridade, na contextualização e na visão do ensino como um sistema aberto,

passível de alterações e que deve ser construído com a participação dos estudantes.

O Módulo III da Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico foi

composto por seis atividades e dinâmicas, conforme apresentado a seguir.

4.1 - Roda de apresentação e reflexões

A apresentação e as reflexões sobre os textos, disponibilizados no final do Módulo II

da Oficina de Introdução e Prática do Pensamento Sistêmico, foram planejadas para serem

realizadas na beira do lago que fica aos fundos da biblioteca da instituição pesquisada, na

borda da mata, que foi o ponto de encontro para realização das atividades do Módulo III da

oficina.

Para apresentação dos textos estudados, os estudantes podem se posicionar em formato

de círculo para facilitar a participação e entrosamento de todos. Cada estudante pode expor

suas reflexões e conhecimentos construídos a partir da leitura do texto, buscando interagir

com seus colegas de grupo e com os demais participantes da oficina.

Após as exposições de cada grupo, deve ser incentivado que os estudantes estabeleçam

as relações entre os textos estudados, buscando uma visão ampla dos assuntos abordados,

principalmente, no que se refere à superação da visão mecanicista e fragmentada na ciência

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contemporânea. O responsável pela oficina pode problematizar as questões trabalhadas nos

textos, incentivando que os próprios estudantes articulem seus pensamentos para construir o

conhecimento.

4.2 - Dinâmica de percepção corporal e relaxamento orientado

A dinâmica de percepção corporal e relaxamento orientado foi planejada para ser

realizada no píer que se estende sobre o lago da instituição pesquisada, onde se tem condições

favoráveis de silêncio e sombra.

Esta dinâmica de percepção corporal consiste em propor que os estudantes se

posicionem de forma confortável, sentados ou de preferência deitados e, conforme orientações

de controle da respiração e concentração, façam o relaxamento buscando a percepção do

corpo e do espaço ao redor. A dinâmica de percepção corporal foi planejada de forma a

comparar a visão analítica com a visão sistêmica e trabalhar o conceito de noosfera proposto

por Chardin (1980) para se referir à camada atmosférica onde se manifesta a consciência

global derivada da interação entre as consciências individuais.

O relaxamento pode ser feito em duas etapas. A primeira etapa tem foco na percepção

analítica de cada parte do corpo quando os estudantes são orientados a promover a percepção

e o relaxamento de cada membro, órgão e estrutura do corpo desde os pés até a cabeça. Na

segunda etapa os estudantes são instruídos a perceber o corpo em sua totalidade como um

organismo integrado, interdependente, formado pela relação entre as partes constituintes e em

constante troca e conexão com o meio externo. A primeira e a segunda etapa do relaxamento

podem ocorrer de forma contínua e a transição feita por meio da percepção do corpo como um

sistema integrado, formado pela relação entre as partículas elementares, os átomos, as

moléculas, as células, os tecidos, os órgãos e os membros, mostrando que a consciência surge

justamente da complexidade do organismo como um todo.

Como forma de exemplificar o conceito de noosfera, pode ser citado o Projeto de

Consciência Global – Global Consciousness Project, liderado por Nelson (2014), na

Universidade de Princeton, que estuda a sutil influência da consciência humana no mundo

físico por meio de uma rede global de geradores de números aleatórios. Também pode ser

apresentada a proposta de Laszlo (2012) de uma rede global de meditação pela paz para que

se crie uma coerência na consciência global.

A psicologia e a psiquiatria moderna, bem como as modernas teorias do

conhecimento, reconhecem o papel ativo do homem e de suas intenções no processo

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cognoscitivo. Bertalanffy (2015) defende que o homem cria seu próprio universo a partir de

sua interação com ele e reconhece que a percepção da consciência humana como fonte de

criação está em compasso com a psicologia do desenvolvimento de Piaget e com o

aprendizado significativo proposto por Ausubel. Bertalanffy (2015) completa afirmando que o

mundo é produto da nossa percepção e não a causa dela.

Assim, a dinâmica de percepção corporal tem o intuito de contrapor a visão analítica e

fragmentada do homem como um sistema fechado, com a visão sistêmica e orgânica, que

engloba inclusive a consciência como parte integrante do homem e que pode exercer

influência no aprendizado e no mundo.

4.3 - Caminhada na mata

A caminhada na mata pode ser realizada incentivando a observação dos padrões das

formas complexas que se manifestam na vegetação. A partir das formas complexas, pode ser

abordada a diferença entre a matemática clássica que é utilizada para descrição dos

fenômenos lineares, e a matemática não linear que é utilizada para modelagem de sistemas

complexos. A atividade permite contrapor a visão mecanicista da biologia clássica com a

visão sistêmica da biologia contemporânea

Como exemplo de campos da matemática não linear em que as soluções das equações

correspondem aos padrões geométricos observados na natureza, podem ser citados: a

geometria dos fractais, os Conjuntos de Mandelbrot e os Conjuntos de Júlia, mostrados em

Mandelbrot (1977). Durante a caminhada, os estudantes podem realizar pesquisas online em

seus próprios aparelhos de celular buscando imagens que representem os conjuntos de

Mandelbrot e de Julia e observar na prática os padrões de forma na vegetação.

No campo da matemática, os estudantes podem ser incentivados a perceber que as

equações diferenciais utilizadas na mecânica tradicional de Newton normalmente são

utilizadas para descrições dos fenômenos lineares numa escala macroscópica. No entanto, a

maior parte dos fenômenos da natureza tanto no campo da biologia quanto no campo da

geografia, se manifestam de forma complexa e não podem ser formulados por meio da

matemática linear. Já no domínio da física atômica, os fenômenos são descritos de maneira

probabilística por meio de operadores específicos, conforme mostrado por Bohm (2015).

Durante a caminhada, podem ainda ser incentivadas reflexões sobre a perspectiva do

tempo no âmbito dos fenômenos da natureza e a perspectiva do tempo no âmbito da

organização social. Enquanto na natureza normalmente se observa uma regularidade temporal

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nos fenômenos que dependem, por exemplo, das estações do ano e do período de insolação,

nos fenômenos sociais humanos, o tempo parece ser um obstáculo a ser vencido para se

atingir as metas futuras. Essa diferença da noção de tempo no domínio dos fenômenos

naturais e no domínio dos fenômenos sociais humanos pode trazer inclusive uma reflexão em

torno do trabalho do homem e como a mecanização das atividades laborais e as formas de

controle e exploração do trabalho, acarretam em prejuízos a saúde humana e ao equilíbrio

ecológico.

A caminhada na mata pode incentivar a visão orgânica da natureza como um sistema

auto-organizador e complexo que sustenta a visão de Gaia como um superorganismo que

evolui no sentido de maior organização e complexidade. A visão orgânica da natureza traz

uma nova perspectiva do trabalho do homem e de sua forma de organização social, buscando

harmonizar as atividades do homem aos processos ecológicos.

4.4 - Dinâmicas de observação de figuras

As dinâmicas de observação de figuras têm por objetivo proporcionar reflexões sobre

as diferentes formas de conceber a realidade a partir de diferentes olhares para o mundo. Ou

seja, a realidade como construto cognitivo depende da forma de observação e do observador e

a visão sistêmica pode trazer uma nova forma de concepção da realidade diferente da visão

mecanicista e fragmentada do mundo. Foram selecionadas duas dinâmicas conforme

apresentado a seguir.

4.4.1 - Dinâmica de observação de figuras que formam diferentes imagens

As figuras que formam diferentes imagens normalmente são utilizadas na psicologia

de Gestalt para avaliar o modo de percepção do observador. Um dos pressupostos da Gestalt,

que é também um dos pressupostos do pensamento sistêmico, é que o todo não pode ser

representado pela simples sobreposição de suas partes. O todo é maior que a soma das partes

isoladas, pois a junção das partes produzem outras formas e outras propriedades que não

podem ser observadas ou não se manifestam nas partes isoladas. É justamente a relação entre

as partes que produzem o todo. Esse pressuposto da psicologia de Gestalt encontra suas

equivalências nos fenômenos químicos, na física atômica, na biologia organísmica e é uma

das bases da teoria geral dos sistemas.

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As figuras de duplo significado ilustram esse pressuposto, pois a sobreposição de

diferentes elementos da figura faz surgir outro elemento que depende da forma de interação

dos demais. A Figura 19, apresentada a seguir, reúne dois exemplos de figuras que formam

diferentes imagens.

Figura 19 – Figuras que formam diferentes imagens

Fonte: Obras de Ocampo (1989)

As figuras reunidas na Figura 19 são obras do artista mexicano Octavio Ocampo e

ilustram exemplos de figuras que formam diferentes imagens. Na primeira obra, denominada

Forever Always, é possível visualizar os rostos de um senhor e de uma senhora de perfil,

sendo que suas imagens são compostas por duas pessoas sentadas, sendo uma tocando viola e

outra segurando um jarro na cabeça. Na segunda obra, denominada Silver Threads, é possível

visualizar o rosto de perfil de uma senhora de com cabelos longos, sendo que essa imagem e

composta por uma mulher nua sentada à beira de uma cachoeira.

As figuras que formam diferentes imagens podem ser utilizadas para ilustrar como

diferentes perspectivas podem produzir diferentes significados e como o pensamento

sistêmico, que busca a compreensão do todo, pode trazer uma nova visão da vida, do mundo e

da sociedade, diferente da visão cartesiana, que buscava entender o todo a partir da análise de

suas partes isoladas. Aqui pode ser ilustrado como a visão mecanicista e fragmentada da

natureza resultou na metáfora do mundo visto como uma máquina que deveria ser explorada

para atender as necessidades do homem e como a visão orgânica e integral da natureza traz a

perspectiva do homem como parte integrante dessa natureza, resgatando o sentido de

pertencimento e de responsabilidade no todo.

Forever Always (1989) Silver Threads (1989)

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As figuras com múltiplas imagens podem ser encontradas facilmente na Internet e os

estudantes podem ser orientados a pesquisar diretamente nos seus aparelhos de celular para

realização da dinâmica.

4.4.2 - Dinâmica de observação de uma figura composta por muitos elementos

A dinâmica de observação de uma figura composta por muitos elementos consiste em

apresentar aos estudantes uma figura carregada de informações para que seja feita a

observação durante um determinado período. Não é preciso passar instruções sobre o que

observar na figura. A observação deve ser livre. Posteriormente, a figura deve ser tirada do

campo de vista dos estudantes e cada um deve descrever para o grupo o que foi observado. O

objetivo é mostrar que cada um percebe e memoriza diferentes elementos na figura, ou seja,

cada estudante tem um ponto de vista diferente e vivencia uma experiência diferente dos

demais.

Numa figura carregada de informações, as pessoas podem perceber os elementos de

forma diferente e desenvolver diferentes percepções do arranjo do todo. Alguns elementos

que se destaquem para um, podem não ser verificados por outro. A figura com muitos

elementos pode ser utilizada para ilustrar como as pessoas percebem de forma diferente o

mundo e suas estruturas.

Essa atividade de observação de figuras e reflexões sobre a noção de realidade foi

planejada para o momento da caminhada na área de mata para estimular nos estudantes o

desenvolvimento de uma visão orgânica e complexa da natureza e que se percebam como

parte integrante de um todo interligado. Boff (2016) defende que a noção de apropriação da

natureza e de competição entre as pessoas deve ser substituída pela noção de cuidado e

integração com a natureza para que as pessoas se percebam como parte de um todo.

Assim, a partir das dinâmicas de observação de figuras, podem ser estimuladas

reflexões de como as pessoas podem desenvolver diferentes concepções de realidade de

acordo com a forma de observar o mundo e conforme a cultura local. Pode ser explorado,

inclusive, que a diversidade e ao mesmo tempo a singularidade fazem parte da natureza

humana e, portanto, o respeito às diferenças deve formar uma das bases da sociedade.

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4.5 - Dinâmica de conexão de ideias

A dinâmica de conexão de ideias consiste em propor que cada estudante escreva no papel

ou represente de forma alternativa ideias para superação dos principais problemas da atualidade

como a desigualdade social e os problemas ambientais. As ideias devem ser misturadas e

distribuídas de forma aleatória entre os estudantes para que eles façam a leitura e a conexão das

ideias afins. As ideias podem ser coladas em uma cartolina buscando representar uma rede de

conexões. Os estudantes podem ter liberdade de se expressar de múltiplas formas, talvez

reproduzindo um poema, uma canção ou mesmo criando uma arte ou outra forma de expressão.

O objetivo da dinâmica é incentivar a criatividade dos estudantes e promover a

conexão das ideias do grupo, mostrando que o coletivo pode potencializar as ideias

individuais e que o todo pode ser maior que a soma das partes. A ideia é incentivar, inclusive,

os sonhos de cada um e encorajar os estudantes a buscar ideias para superar os problemas da

atualidade tendo em vista a construção de um mundo melhor.

A dinâmica de conexão de ideias foi planejada de ser realizada no píer sobre o lago

onde também foi planejada a atividade final da oficina.

4.6 - Construção de um mapa conceitual do pensamento sistêmico

Como trabalho final, foi planejado para o grupo de estudantes a montagem de um

mapa conceitual em formato de rede que deve ser tecida do centro para as bordas com os

temas abordados na oficina. O mapa conceitual pode representar o surgimento e o

desenvolvimento do pensamento sistêmico, ou mesmo se concentrar em algum tema abordado

na oficina, conforme o desejo do grupo.

O mapa conceitual pode ser construído em cartolina com a participação de todos os

estudantes que devem interagir e trocar conhecimentos para construção coletiva do mapa. O

responsável pela oficina pode também participar no sentido de problematizar os temas

abordados na oficina, incentivando a conexão das ideias do grupo.

Pode ser incentivada a citação de datas, momentos históricos, teorias e seus

respectivos autores, para que o mapa represente uma visão ampla do surgimento do

pensamento sistêmico, das teorias sistêmicas e suas implicações para a ciência e para a

sociedade. O mapa deve promover a conexão dos temas trabalhados buscando relacionar as

teorias com os autores e os momentos históricos, para incentivar a construção do

conhecimento de forma relacional e contextualizada.

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS DA OFICINA

O pensamento sistêmico é uma nova forma de organização do conhecimento e de

abordagem científica que vem sendo utilizada em diferentes áreas do saber e pode ser

trabalhado em diferentes disciplinas e contextos de forma interdisciplinar. As teorias e

conhecimentos que vêm sendo desenvolvidas por meio de uma perspectiva sistêmica também

representam um arcabouço de informações que podem ser trabalhados no ensino, para

contribuir com uma educação sistêmica que esteja em sintonia com as tendências e

necessidades contemporâneas de um mundo complexo e globalizado.

A partir do momento em que se percebe a emergência de uma nova forma de

abordagem científica, com novos métodos de investigação e novas teorias do conhecimento

que se diferem profundamente dos métodos e abordagens da ciência clássica e que traz

consigo um grande potencial para enfrentamento dos problemas complexos da sociedade

moderna, acredita-se ser fundamental que esse conhecimento seja levado às instituições de

ensino e faça parte do currículo escolar. O ensino do pensamento sistêmico pode ser

trabalhado de forma multicurricular, ou seja, em diversas áreas do conhecimento, para que daí

possa se formar uma rede de diálogos, pesquisas e reflexões que possam contribuir para a

superação da visão mecanicista e fragmentada do mundo e promover o desenvolvimento

humano com princípios humanísticos, ecológicos e sustentáveis.

Os resultados da oficina de introdução e prática do pensamento sistêmico, inclusive a

abordagem pedagógica utilizada com os estudantes durante a realização da oficina, são

apresentados na dissertação O ensino do pensamento sistêmico: uma proposta para as

licenciaturas em física, matemática, biologia e geografia (DARDOT, 2017), que traz

aprofundamentos sobre os conceitos, teorias e conhecimentos aqui abordados.

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