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RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FAZENDA GANA Proprietária: Marlene Lúcia Arnhold PLANO DE MANEJO Equipe Técnica Marcello Pinto de Almeida Thiago Rubioli da Fonseca Juiz de Fora - Minas Gerais 2019

PLANO DE MANEJO - icmbio.gov.br · A RPPN Fazenda Gana é cortada pelo ribeirão da Cachoeira, sendo que a área situada à sua margem esquerda possui 54,2 hectares, enquanto a área

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RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FAZENDA GANA

Proprietária: Marlene Lúcia Arnhold

PLANO DE MANEJO

Equipe Técnica

Marcello Pinto de Almeida Thiago Rubioli da Fonseca

Juiz de Fora - Minas Gerais 2019

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EQUIPE TÉCNICA

Marcello Pinto de Almeida

Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre

em Ciência Florestal pela mesma instituição de ensino.

Thiago Rubioli da Fonseca

Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e

Mestre em Ecologia pela mesma instituição de ensino.

ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART)

Número: 14201900000005152474

Responsável técnico: Marcello Pinto de Almeida

Título profissional: Engenheiro Florestal

CREA: MG-150064/D

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DECLARAÇÃO DO PROPRIETÁRIO

Eu, Marlene Lúcia Arnhold, proprietária da Reserva Particular do Patrimônio Natural

Fazenda Gana, declaro estar ciente das informações contidas neste plano de manejo, bem

como aprovo e atesto a sua veracidade.

____________________ , ___ de ___________ de 2019.

_____________________________________________

Marlene Lúcia Arnhold Proprietária da RPPN Fazenda Gana

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... V

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ VII

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. VIII

LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................... IX

1. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN ..................................................................... 1

1.1. FICHA RESUMO ........................................................................................................ 1

1.2. ACESSO ................................................................................................................... 1

1.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO DA RPPN .......................................................................... 3

2. DIAGNÓSTICO DA RPPN ....................................................................................... 4

2.1. VEGETAÇÃO ............................................................................................................ 4

2.2. FAUNA .................................................................................................................... 4

2.2.1. Herpetofauna ................................................................................................... 4

2.2.2. Mastofauna ...................................................................................................... 4

2.2.3. Ornitofauna ..................................................................................................... 5

2.2.4. Ictiofauna ........................................................................................................ 5

2.2.5. Espécies da fauna ameaçadas de extinção ..................................................... 5

2.3. CLIMA ..................................................................................................................... 6

2.4. RELEVO ................................................................................................................... 7

2.5. ESPELEOLOGIA ........................................................................................................ 9

2.6. RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................................... 9

2.7. ASPECTOS CULTURAIS OU HISTÓRICOS .................................................................. 10

2.8. INFRAESTRUTURA ................................................................................................. 11

2.9. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS .................................................................................. 11

2.10. AMEAÇAS OU IMPACTOS NA RPPN ..................................................................... 12

2.11. RECURSOS HUMANOS .......................................................................................... 12

2.12. PARCERIAS .......................................................................................................... 12

2.13. PUBLICAÇÕES ...................................................................................................... 12

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2.14. ÁREA DA PROPRIEDADE....................................................................................... 12

2.15. ÁREA DO ENTORNO DA RPPN ............................................................................. 16

2.16. ÁREAS DE CONECTIVIDADE ................................................................................. 16

2.17. SUBSOLO ............................................................................................................. 17

2.18. ESPAÇO AÉREO .................................................................................................... 17

3. PLANEJAMENTO ................................................................................................... 18

3.1. OBJETIVOS DE MANEJO DA RPPN ......................................................................... 18

3.2. ZONEAMENTO ....................................................................................................... 18

3.2.1. Zona de proteção ........................................................................................... 18

3.2.2. Zona de recuperação ..................................................................................... 19

3.3. PROGRAMAS DE MANEJO ....................................................................................... 23

3.3.1. Programa de proteção e fiscalização ........................................................... 23

3.3.2. Programa de georreferenciamento ............................................................... 24

3.3.3. Programa de pesquisa científica ................................................................... 25

3.3.4. Programa de recuperação ............................................................................ 26

3.4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ............................................................................. 27

3.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 27

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 29

ANEXOS ....................................................................................................................... 27

ANEXO I - INVENTÁRIO QUALI-QUANTITATIVO DA FLORA ........................ 28

ANEXO II - INVENTÁRIO QUALITATIVO DA FAUNA ...................................... 56

ANEXO III - FORMULÁRIO DE CADASTRO DO PESQUISADOR ..................... 66

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1 Imagem de satélite indicando o trajeto entre a Prefeitura

Municipal de Tupaciguara e a RPPN Fazenda Gana ................... 2

Figura 2 Localização do município de Tupaciguara no estado de Minas

Gerais ......................................................................................... 3

Figura 3 Média da precipitação mensal considerando dados obtidos entre

os anos de 1989 e 2018 para a estação de Uberaba ...................... 7

Figura 4 Compartimentos do relevo em Tupaciguara, Minas Gerais ........ 7 Figura 5 Modelo digital de elevação da RPPN Fazenda Gana .................. 8

Figura 6 Mapa de declividade da RPPN Fazenda Gana ............................ 9

Figura 7 Bacia e sub-bacias do rio Paranaíba e rede de drenagem de

Tupaciguara, Minas Gerais ........................................................ 10

Figura 8 Mapa de infraestrutura da RPPN Fazenda Gana ......................... 11

Figura 9 Áreas de preservação permanente da RPPN Fazenda Gana ........ 13

Figura 10 Limite dos biomas e localização da RPPN Fazenda Gana .......... 14

Figura 11 Áreas de preservação permanente e reserva legal da propriedade Fazenda Gana ......................................................... 15

Figura 12 Mapa de zoneamento da RPPN Fazenda Gana ........................... 18

Figura 13 Delimitação da área de intervenção ambiental (AIA) e área

afetada na RPPN ......................................................................... 30

Figura 14 Localização das parcelas amostradas para inventário florestal ... 31

Figura 15 Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) em Mata Ciliar nos períodos seco e chuvoso ....................................................... 37

Figura 16 Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata

Seca Decídua em diferentes épocas do ano ................................. 37

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Figura 17 Detalhe da serapilheira observada no interior da área de intervenção em mata (A) e da ausência de serapilheira nas áreas de pastagem dominadas por gramíneas exóticas (B) .................. 40

Figura 18 Algumas espécies arbóreas presentes na AIA ............................. 41

Figura 19 Vistas do dossel das áreas de mata, com detalhe para uma região

com indivíduos de espécies caducifólias (B), típicos da fitofisionomia Mata Seca Decídua ............................................. 41

Figura 20 Densidade relativa das famílias botânicas de maior expressão

na área de intervenção ................................................................ 42

Figura 21 Distribuição diamétrica da comunidade arbórea ........................ 44

Figura 22 Distribuição de altura da comunidade arbórea inventariada ....... 44

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 1 Espécies presentes no levantamento de fauna sob ameaça de

extinção no âmbito internacional, federal ou estadual ................ 5

Tabela 2 Dados do Censo Agropecuário de Tupaciguara, Minas Gerais .. 16

Tabela 3 Relação de RPPN existentes nos municípios da microrregião de

Uberlândia .................................................................................. 17

Tabela 4 Instituições de ensino superior próximas à RPPN Fazenda Gana 22

Tabela 5 Fórmulas utilizadas para avaliação da suficiência amostral e cálculo dos totais médios da variável “volume” ......................... 35

Tabela 6 Listagem florística das espécies arbóreas registradas ................. 38

Tabela 7 Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas (DAP ≥ 5

cm) registradas ........................................................................... 43

Tabela 8 Valores encontrados e estimados para número de indivíduos, área basal, diâmetro médio, altura média e volume de madeira 45

Tabela 9 Cálculos da suficiência amostral baseados no volume das

parcelas ...................................................................................... 45

Tabela 10 Densidade de indivíduos (DA), área basal (AB, em m2) e volume de madeira (m3 e st) por espécie ..................................... 46

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LISTA DE QUADROS

Página Quadro 1 Cronograma de atividades previstas para a RPPN Fazenda

Gana ...........................................................................................

24

Quadro 2 Coordenadas UTM do centro das parcelas (10 x 10 m) alocadas nas áreas de floresta ....................................................................

32

Quadro 3 Planilha de campo com as medições realizadas em cada parcela 47

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LISTA DE SIGLAS

AIA Área de Intervenção Ambiental

APP Área de Preservação Permanente

CAP Circunferência a Altura do Peito

CETEC Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

CNUC Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

COPAM Conselho de Política Ambiental

DAP Diâmetro a Altura do Peito

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IDE-SISEMA Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IUCN International Union for Conservation of Nature

MMA Ministério do Meio Ambiente

PMT Prefeitura Municipal de Tupaciguara

PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PRF Programa de Resgate de Flora

RL Reserva Legal

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

UC Unidade de Conservação

UTM Universal Transversa de Mercator

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FAZENDA GANA

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1. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN

1.1. Ficha resumo

Nome da RPPN: Fazenda Gana

Proprietária: Marlene Lúcia Arnhold

Nome do imóvel: Fazenda Gana

Portaria de criação: nº 26/N, de 11 de abril 1997

Municípios abrangidos: Tupaciguara_____UF: Minas Gerais

Área da propriedade: 193,24 hectares

Matrículas: 1-9.178 e 32.877

Área da RPPN: 93,36 hectares Endereço para correspondência: Alameda Oscar Niemeyer, 436/401, Vale do Sereno, Nova Lima/MG, CEP 34006-049 Telefone: (31) 3654-5596_____Celular: (31) 99188-9791

E-mail: [email protected]

Ponto de localização: 729056,95 m E; 7953319,12 m S_____Zona UTM: 22S

Bioma predominante: Mata Atlântica e Cerrado (ecótono)

Atividades desenvolvidas na RPPN: Proteção / Conservação

1.2. Acesso

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Gana localiza-se a

cerca de 20 km da Prefeitura Municipal de Tupaciguara (PMT), conforme indicado na

Figura 1. Tendo a PMT como ponto de partida, siga por 200 metros em direção à Praça

Nossa Senhora da Abadia e na rotatória pegue a primeira saída à direita para a Rua Bueno

Brandão, seguindo nessa via por 2 km. Após percorrer o trecho, vire à esquerda na Rua

Camilo Abdulmassih e, logo após, vire à direita na Rua Bom Sucesso, seguindo nessa via

por 750 metros. Em seguida, vire à direita na Rua Maria Teixeira e continue para a Rua

Padre Simão Janete, seguindo nessa via por 16 km, dos quais apenas o primeiro km é

asfaltado. Após percorrer 16 km, vire à direita, antes de cruzar o Ribeirão da Cachoeira,

seguindo por 1,5 km até chegar à RPPN. O tempo estimado de deslocamento é de 35

minutos.

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Figura 1. Imagem de satélite indicando o trajeto entre a Prefeitura Municipal de Tupaciguara e a RPPN Fazenda Gana. Fonte: adaptado de Google (2019).

O município de Tupaciguara, com 1.823,96 km² de extensão territorial, situa-se

no estado de Minas Gerais, na mesorregião do Triângulo Mineiro e microrregião de

Uberlândia (Figura 2), a 610 km da capital mineira (Belo Horizonte) e 70 km de

Uberlândia, município com a segunda maior população do estado. As principais rodovias

de acesso ao município são: BR-452 e MG-223.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a

população de Tupaciguara é de 24.188 habitantes, dados do último censo realizado em

2010 (IBGE, 2019a). O setor de serviços e o setor agropecuário constituem as principais

atividades econômicas do município (IBGE, 2019b), maiores informações a respeito

desse tema serão abordadas posteriormente no tópico 2.15.

RPPN Fazenda Gana

Prefeitura de Tupaciguara

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Figura 2. Localização do município de Tupaciguara no estado de Minas Gerais. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

1.3. Histórico de criação da RPPN

A Fazenda Gana foi adquirida de Valentina Carlos Ferreira, em 1993, com a

finalidade de exploração agropecuária e lazer. A origem do nome da fazenda é

desconhecida, visto que na ocasião de sua aquisição o nome já havia sido registrado. Ao

observar a boa preservação do remanescente florestal existente no imóvel, os novos

proprietários decidiram criar uma RPPN abrangendo exclusivamente as áreas de mata,

com o intuito de garantir a continuidade da proteção e uso sustentável dos recursos

naturais.

A RPPN Fazenda Gana é cortada pelo ribeirão da Cachoeira, sendo que a área

situada à sua margem esquerda possui 54,2 hectares, enquanto a área localizada à margem

direita do ribeirão detém 39,1 hectares. O perímetro da RPPN, em ambas as margens, não

possui cercamento e os polígonos correspondentes não possuem georreferenciamento.

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2. DIAGNÓSTICO DA RPPN

2.1. Vegetação

O inventário quali-quantitativo da flora foi realizado, em 2018, utilizando-se a

metodologia de Levantamento Ecológico Rápido, que possibilita a obtenção de diversos

parâmetros de interesse em um curto intervalo de tempo. A área amostrada apresentou 24

espécies, pertencentes a 13 famílias botânicas. O inventário quali-quantitativo da flora

encontra-se detalhado no Anexo I deste plano de manejo.

2.2. Fauna

Para a caracterização da fauna foram utilizados dados secundários provenientes

de levantamentos realizados no município de Tupaciguara, referentes ao Relatório de

Controle Ambiental exigido para o licenciamento do empreendimento Bioenergética

Aroeira S.A. (GAIA, 2016).

A seguir será apresentado um breve resumo dos resultados para os principais

grupos de animais. As listas de espécies da fauna encontram-se disponíveis no Anexo II

deste plano de manejo.

2.2.1. Herpetofauna

No total foram inventariadas 44 espécies, das quais 33 de anfíbios (ordem: anura)

distribuídas em 6 famílias, e 11 de répteis (ordem: squamata) distribuídas em 7 famílias.

A espécie Proceratophrys moratoi encontra-se em duas listas de espécies da fauna

ameaçadas de extinção, conforme mostrado na Tabela 1.

2.2.2. Mastofauna

Ao todo foram registradas 33 espécies de mamíferos de médio e grande porte,

incluindo 9 ordens e 18 famílias, com destaque para a ordem carnivora, com 5 famílias,

e a ordem rodentia, com 4 famílias. Do total de espécies, 12 constam em ao menos uma

das listas de espécies da fauna ameaçadas de extinção, em nível internacional, nacional

ou estadual (Tabela 1).

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2.2.3. Ornitofauna

A fauna de aves amostrada foi de 98 espécies, distribuídas em 19 ordens e 41

famílias. A ordem passeriformes apresenta notoriedade, uma vez que compreende 18 das

41 famílias registradas. A espécie Penelope superciliaris, conhecida popularmente como

jacupemba, aparece na lista de espécies da fauna ameaçadas de extinção elaborada pelo

Ministério do Meio Ambiente (MMA), como pode ser verificado na Tabela 1.

2.2.4. Ictiofauna

No total foram catalogadas 10 espécies de peixes, pertencentes a 5 ordens e 8

famílias, com destaque para a ordem characiformes, com 4 espécies. Nenhuma das

espécies observadas encontra-se sob ameaça de extinção, considerando as três listas

utilizadas.

2.2.5. Espécies da fauna ameaçadas de extinção

As espécies presentes neste levantamento de fauna foram analisadas quanto à

ameaça de extinção segundo três listas: (i) IUCN Red List, no âmbito internacional; (ii)

Portarias MMA nº 444/2014 e nº 445/2014, no âmbito nacional; e (iii) Deliberação

Normativa COPAM nº 147/2010, no âmbito estadual.

Tabela 1. Espécies presentes no levantamento de fauna sob ameaça de extinção no âmbito internacional, federal ou estadual. Nome científico Nome comum IUCN¹ MMA² COPAM³

Proceratophrys moratoi sapo-de-chifre CR EN - Chrysocyon brachyurus lobo-guará - VU VU Leopardus pardalis jaguatirica - - VU

Leopardus tigrinus gato-do-mato VU EN VU Lontra longicaudis lontra - - VU Lycalopex vetulus raposa-do-campo - VU -

Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira VU VU VU Ozotoceros bezoarticus veado-campeiro - VU EN

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Tabela 1. Continuação.

Nome científico Nome comum IUCN¹ MMA² COPAM³

Pecari tajacu cateto - - VU

Priodontes maximus tatu-canastra VU VU EN Puma concolor onça-parda - VU VU Puma yagouaroundi gato-mourisco - VU - Tapirus terrestris anta VU VU EN Penelope superciliaris jacupemba - CR -

Total de espécies: 14

Em que: VU = Vulnerável; EN = Em perigo; e CR = Criticamente em perigo.

Fonte: ¹ IUCN (2019); ² MMA (2019a) e MMA (2019b); ³ COPAM (2010).

2.3. Clima

O clima do município de Tupaciguara, segundo a classificação climática do IBGE,

disponível na Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente

e Recursos Hídricos (IDE-SISEMA, 2019), é Tropical Brasil Central, do tipo semi-

úmido, sendo que a distribuição da umidade proporciona de 4 a 5 meses secos por ano.

Com relação à temperatura, são duas as classes existentes no município: (i) sub-quente,

com média entre 15 e 18º C em pelo menos 1 mês do ano; e (ii) quente, com média

superior a 18º C em todos os meses do ano. A sede municipal está inserida na região

classificada como sub-quente, enquanto a região onde se situa a RPPN é classificada

como quente.

A compilação de dados de 1989 a 2018, disponibilizada pelo Instituto Nacional

de Meteorologia em seu Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa

(BDMEP-INMET, 2019), para a estação de Uberaba, município localizado na mesma

zona climática que o município de Tupaciguara e distante 54 km do mesmo em linha reta,

demonstra que os meses mais chuvosos são janeiro e dezembro, com precipitação média

de 319 mm e 278 mm, respectivamente (Figura 3). A precipitação média anual registrada

na estação de Uberaba, para o mesmo período de 30 anos, é de 1.641 mm. Cabe mencionar

que, para o período selecionado (1989-2018), o ano de 2018 apresentou dados

incompletos e, por isso, não foi considerado nos cálculos.

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Figura 3. Média da precipitação mensal considerando dados obtidos entre os anos de 1989 e 2018 para a estação de Uberaba. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

2.4. Relevo

De acordo com a classificação proposta pelo IBGE, o município de Tupaciguara

se estende pelo Planalto de Uberlândia e pelo Planalto do Rio Paraná (Figura 4), ambos

inseridos na região geomorfológica do rio Paraná (IDE-SISEMA, 2019).

Figura 4. Compartimentos do relevo em Tupaciguara, Minas Gerais. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

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O território abrangido pela RPPN Fazenda Gana apresenta altitude mínima de 620

metros e máxima de 780 metros (Figura 5). No fragmento localizado à esquerda do

ribeirão da Cachoeira, de uma forma geral, as cotas altimétricas decrescem no sentido

oeste-leste, isto é, à medida que se aproximam do curso d’água. Já no fragmento situado

na margem direita do ribeirão da Cachoeira, as cotas altimétricas decrescem no sentido

sul-norte, seguindo padrão semelhante ao se aproximar do curso d’água.

Figura 5. Modelo digital de elevação da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

Em relação à declividade do terreno, a RPPN exibe, predominantemente,

inclinação de moderada a alta, sendo que os locais de maior declividade se concentram

na porção sul de ambos os fragmentos (Figura 6). As áreas de encosta com declividade

superior à 45º, enquadradas pelo Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012)

como áreas de preservação permanente (APP), serão discutidas mais adiante no tópico

2.14.

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Figura 6. Mapa de declividade da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

2.5. Espeleologia

Não há registros de cavidades naturais no interior da RPPN.

2.6. Recursos hídricos

O estado de Minas Gerais possui uma área de 70.538,7 km² inseridos dentro da

bacia hidrográfica do rio Paranaíba, distribuída em 56 municípios mineiros (ANA, 2011).

As sub-bacias que integram essa área são: (i) bacia hidrográfica do rio Araguari; (ii) bacia

hidrográfica dos afluentes mineiros do alto Paranaíba; e (iii) bacia hidrográfica dos

afluentes mineiros do baixo Paranaíba. O município de Tupaciguara possui 6,0% de seu

território inserido na bacia (i); 69,3% na bacia (ii) e 24,7% na bacia (iii), conforme

indicado na Figura 7.

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Figura 7. Bacia e sub-bacias do rio Paranaíba e rede de drenagem de Tupaciguara, Minas Gerais. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

A RPPN situa-se integralmente na bacia hidrográfica dos afluentes mineiros do

alto Paranaíba, que por sua vez pertence à bacia hidrográfica do rio Paranaíba (Figura 7).

O ribeirão da Cachoeira, curso d’água perene com largura inferior à 10 metros, corta a

área da RPPN e, sob as coordenadas UTM [729187,671 m E; 7952795,825 m S; Zona

22S], forma uma cachoeira com queda d’água de 70 metros, aproximadamente.

Embora o município de Tupaciguara possua rede coletora de esgoto doméstico em

grande parte de seu território, o tratamento dos efluentes em uma Estação de Tratamento

de Esgoto (ETE) não é realizado, consequentemente, todo efluente gerado pela população

é canalizado para os córregos adjacentes, ocasionando a contaminação destes corpos

d`água.

2.7. Aspectos culturais ou históricos

Não há registros de edificações, monumentos ou artefatos histórico-culturais no

interior da RPPN.

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2.8. Infraestrutura

A RPPN Fazenda Gana não possui infraestrutura de apoio à visitação pública,

pesquisa científica ou fiscalização ambiental. A estrada de acesso à propriedade rural

homônima é uma via rural não pavimentada, também designada pelo termo estrada

vicinal, e se encontra atualmente em estágio regular de conservação. A estrada passa à

direita da RPPN, conforme demonstrado na Figura 8, sendo que o trecho compreendido

entre as coordenadas UTM [729989,643 m E; 7953126,598 m S; Zona 22S] e

[730131,989 m E; 7953097,704 m S; Zona 22S], coincide com parte do limite da UC em

seu setor leste. A sede da propriedade, localizada sob as coordenadas UTM [729887,971

m E; 7954209,409 m S; Zona 22S] serve como moradia para os dois funcionários

(caseiros) da propriedade.

Figura 8. Mapa de infraestrutura da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

2.9. Equipamentos e serviços

A RPPN Fazenda Gana não dispõe de equipamentos e serviços.

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2.10. Ameaças ou impactos na RPPN

Não foram constatadas ameaças ou impactos na área da RPPN.

2.11. Recursos humanos

A propriedade Fazenda Gana possui dois funcionários, ambos desempenhando a

função de caseiro, sendo que suas responsabilidades se estendem à área da RPPN.

2.12. Parcerias

A RPPN Fazenda Gana não possui parcerias estabelecidas.

2.13. Publicações

Após breve consulta a bancos de dados acadêmicos por meio de ferramentas de

pesquisa como Scielo (Scientific Electronic Library Online), Latindex (Sistema Regional

de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España

y Portugal), Sumários.org (Sumários de Revistas Brasileiras) e Google Acadêmico

(Google Scholar), não foram encontradas publicações referentes à RPPN Fazenda Gana.

2.14. Área da propriedade

De acordo com o Código Florestal, estabelecido pela Lei nº 12.651, de 25 de maio

de 2012, entende-se por APP aquelas áreas legalmente protegidas, cobertas ou não por

vegetação nativa, com o objetivo de preservar os recursos hídricos, o solo, a

biodiversidade, a paisagem local, entre outros aspectos, promovendo o fluxo gênico de

fauna e flora entre os remanescentes florestais adjacentes.

Em seu artigo 4º, o Código Florestal prevê onze categorias de APP, das quais duas

são aplicáveis à área da RPPN Fazenda Gana (Figura 9), quais sejam: (i) as faixas

marginais de cursos d’água; e (ii) as encostas com declividade superior a 45º.

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Figura 9. Áreas de preservação permanente da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

No primeiro caso, considerando a largura do ribeirão da Cachoeira como inferior

à 10 metros, a faixa marginal de proteção da vegetação a ser adotada é de 30 metros para

ambos os lados, contados a partir da borda da calha do leito regular. A área total dessa

categoria de APP corresponde à 11,8 hectares em toda a propriedade e, quando levado

em conta somente a área da UC, corresponde à 6,0 hectares.

Já em relação a APP de declividade, as áreas de encosta com inclinação superior

à 45º abrangem uma extensão de 12,3 hectares em toda a propriedade, sendo que essas

áreas se localizam exclusivamente dentro dos limites da RPPN.

Somadas, as duas categorias de APP existentes na RPPN Fazenda Gana e na

propriedade rural homônima, já descontadas as áreas de sobreposição entre essas duas

categorias, perfazem uma extensão de 23,7 hectares, dos quais 17,9 hectares situam-se na

UC, isto é, cerca de 75% das APP da propriedade localizam-se no interior da RPPN. Vale

ainda destacar que 19,2% da área total da RPPN é constituída por APP, ao passo que

12,3% da área total da propriedade é constituída por essas áreas legalmente protegidas.

Além da manutenção das áreas de preservação permanente, toda propriedade rural

deve destinar uma parcela mínima de sua área para constituir a reserva legal (RL), de

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acordo com os critérios previstos no Código Florestal. A RL é uma área com cobertura

de vegetação nativa mantida com o intuito de assegurar o uso econômico sustentável dos

recursos naturais do imóvel rural, bem como contribuir para o equilíbrio dos processos

ecológicos e a conservação da biodiversidade (BRASIL, 2012).

Embora a Fazenda Gana se situe em uma zona de transição de biomas (ecótono),

oficialmente a propriedade está inserida no bioma Mata Atlântica, distando apenas 750

metros do limite que determina o início do bioma Cerrado (Figura 10). Assim, o

percentual de RL exigida pela Lei 12.651/2012 é de 20% da área total do imóvel rural, o

que, para a Fazenda Gana, equivale a 38,6 hectares. Vale lembrar que, salvaguardados

alguns requisitos definidos pelo artigo 15º da lei em questão, as áreas de APP poderão ser

contabilizadas como RL.

Figura 10. Limite dos biomas e localização da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

De acordo com a base de dados disponível no Sistema Nacional de Cadastro

Ambiental Rural (SICAR, 2019), a reserva legal proposta para a propriedade localiza-se

integralmente dentro dos limites da RPPN e possui 20,5 hectares, o que representa 22,0%

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da área total da UC e 10,6% da área do imóvel. Cabe mencionar ainda que 0,7 hectares

da RL se sobrepõem às APP (Figura 11).

Tendo em vista que, inicialmente, o cadastro ambiental rural e a proposição de

reserva legal foram realizados exclusivamente para a matrícula correspondente à margem

direita da propriedade, ainda não é possível determinar o percentual de RL para toda a

propriedade em caráter definitivo. Ademais, a proposição da reserva legal mencionada

acima ainda necessita de aprovação por parte do órgão competente.

Figura 11. Áreas de preservação permanente e reserva legal da propriedade Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

Com relação às atividades desenvolvidas na propriedade, fora dos limites da

RPPN, essas se restringem à agricultura e pecuária familiar, sendo o imóvel utilizado

essencialmente para trabalho.

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2.15. Área do entorno da RPPN

A RPPN Fazenda Gana apresenta três situações quanto às suas divisas: (i) tem o

próprio imóvel como confrontante; (ii) possui outras propriedades rurais como

confrontante; e (iii) tem o ribeirão da Cachoeira como confrontante.

No que diz respeito à sua localização, a RPPN está afastada da zona urbana do

município a um raio de 14 km. Considerando o acesso por estradas (Figura 1), a distância

entre a UC e a sede municipal é de 20 km.

A principal atividade econômica desenvolvida em Tupaciguara baseia-se no setor

de serviços, que compreende atividades, essencialmente não comerciais, realizadas por

entidades públicas no âmbito da administração, defesa, educação, saúde e seguridade

social. Em segundo lugar, destaca-se o setor agropecuário, em especial o cultivo de cana-

de-açúcar, milho, soja e sorgo (nesta ordem) e a criação de galináceos, bovinos, suínos e

perus (nesta ordem), como pode ser visto na Tabela 2.

Tabela 2. Dados do Censo Agropecuário de Tupaciguara, Minas Gerais.

Cultura Quantidade Unidade

Produção

cana-de-açúcar 1.114.721,00 toneladas

milho 80.962,49 toneladas

soja 77.293,20 toneladas

sorgo 15.491,68 toneladas

Criação Quantidade Unidade

Efetivo do rebanho

galináceos 282.731 cabeças

bovinos 97.229 cabeças

suínos 35.396 cabeças

perus 22.009 cabeças Fonte: IBGE (2019c).

2.16. Áreas de conectividade

De acordo com Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), que

consiste na base de dados georreferenciados do governo federal, não existem outras UC

localizadas próximas à RPPN Fazenda Gana, adotando como critério um raio de 10 km

(MMA, 2019c). O Parque Estadual da Mata Atlântica, que abrange os municípios de

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Corumbaíba e Água Limpa, ambos no estado de Goiás, é a UC mais próxima à RPPN

Fazenda Gana, distando 28 km da mesma.

Com base no levantamento realizado por Mesquita (2014), há cinco RPPN

inseridas na microrregião de Uberlândia, sendo três delas localizadas em Uberlândia,

município limítrofe de Tupaciguara, uma situada em Uberaba, além da RPPN Fazenda

Gana (Tabela 3).

Tabela 3. Relação de RPPN existentes nos municípios da microrregião de Uberlândia.

Município Nome da RPPN Área (ha) Esfera Ano

Tupaciguara Fazenda Gana 93,96 Federal 1997

Uberaba Vale Encantado 38,13 Estadual 2004

Uberlândia Reserva Ecológica Panga 409,50 Federal 1997

Uberlândia Cachoeira da Sucupira 41,46 Estadual 2008

Uberlândia Reserva Britagem São Salvador 9,68 Estadual 2008 Fonte: adaptada de Mesquita (2014).

A partir de imagens de satélite, disponíveis em programas como ArcMap ou

Google Earth Pro, pode-se visualizar alguns remanescentes de vegetação nativa

existentes em propriedades vizinhas que poderiam contribuir para a conectividade entre

fragmentos adjacentes, sobretudo a noroeste e a sudeste da RPPN. Por outro lado, após

mapeamento realizado com auxílio do programa ArcMap (versão 10.3), não foram

identificadas APP no entorno imediato da RPPN Fazenda Gana, excetuando-se a faixa

marginal de proteção da vegetação associada ao ribeirão da Cachoeira.

2.17. Subsolo

O subsolo faz parte dos limites da RPPN, tendo em vista que qualquer alteração

realizada no mesmo deverá ser previamente analisada com relação aos impactos sobre o

ecossistema.

2.18. Espaço aéreo

O espaço aéreo não integra os limites da RPPN Fazenda Gana.

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3. PLANEJAMENTO

3.1. Objetivos de manejo da RPPN

A RPPN Fazenda Gana tem como objetivo precípuo a proteção e conservação dos

recursos naturais existentes no local, de maneira a garantir o equilíbrio e integridade dos

processos ecológicos, possibilitando a realização de pesquisas científicas, desde que

respeitadas as normas específicas de funcionamento da UC. Assim, a RPPN apresenta

uma proposta de manejo simplificada, dispondo exclusivamente da zona de proteção e

zona de recuperação (Figura 12).

Figura 12. Mapa de zoneamento da RPPN Fazenda Gana. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

3.2. Zoneamento

3.2.1. Zona de proteção

A zona de proteção possui 93,23 hectares, abrangendo 99,86% da área total da

RPPN (Figura 12). Tal zona tem como objetivo a proteção dos recursos naturais e a

preservação da paisagem local, garantindo as condições necessárias para o contínuo

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processo de sucessão ecológica e, ainda, salvaguardando a integridade ambiental de áreas

sensíveis, tais como as margens de curso d’água e as encostas com declividade acentuada.

As normas de uso da zona de proteção são especificadas a seguir:

1) A visitação está vedada em todas as suas formas;

2) A realização de pesquisa científica requer, obrigatoriamente, autorização prévia;

3) As atividades de fiscalização e monitoramento ambiental poderão ocorrer em toda

a extensão da RPPN, atentando para as práticas de mínimo impacto;

4) As atividades humanas somente serão permitidas nas formas descritas acima;

5) A infraestrutura permitida limita-se àquela necessária para o manejo adequado da

unidade de conservação.

3.2.2. Zona de recuperação

Dentro da área da RPPN existe uma faixa estreita com, aproximadamente, 10

metros de largura e 130 metros de extensão, iniciando nas coordenadas UTM [729840,00

m E; 7952964,13 m S; Zona 22S] e terminando nas coordenadas UTM [729891,03 m E;

7953083,35 m S; Zona 22S], com área de 0,13 hectares, ocupando 0,14% da área total da

RPPN (Figura 12), que apresenta um processo erosivo que vem degradando a vegetação

desta região.

Trata-se de um local com relevo bastante acidentado, sendo que a cota da região

mais alta é El 761,00 m, e da região mais baixa El 704,00 m, ao longo de uma extensão

de, aproximadamente, 115 m, resultando em uma declividade média total de 50%.

Destaca-se ainda, conforme mostra o levantamento topográfico planialtimétrico

da Figura 13, o trecho inicial de 46 m de extensão que apresenta um desnível de 30 m,

entre as elevações 761 m e 731 m, resultando em uma declividade local máxima de 65%.

Tal característica topográfica, tornou o local, naturalmente, um caminho

preferencial das águas de escoamento superficial das chuvas ocorridas na propriedade

vizinha, com uso de lavoura a pastagens, o que, especialmente durante eventos de chuvas

fortes ou até extremas, vem ocasionando ao longo de anos um processo erosivo que se

encontra em estágio avançado e em evolução, conforme detalhamento técnico do relatório

do estudo de engenharia do ANEXO IV.

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Figura 13. Levantamento topográfico planialtimétrico em planta e perfil do local onde há erosão. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

As fotos a seguir mostram como a vegetação na região é perceptivelmente mais

esparsa do que a vegetação geral da mata.

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a) Vista superior do talude em processo de erosão

b) Vista frontal do talude em processo de erosão

c) Detalhe do solo sedimentar em processo de erosão

Pela Figura 12 percebe-se, ainda, como o processo erosivo reduziu a densidade

da mata na região na cor rosa (zona de recuperação), tornando uma espécie de caminho

mais estreito.

Desta forma, visando interromper a continuidade desse processo que está

evoluindo como degradação da mata da RPPN, foram previstas no plano de manejo

intervenções de tratamento do processo erosivo, por meio de drenagem do escoamento

superficial, que é a principal causa do fenômeno, por meio da instalação de um conduto,

objetivando a interrupção do processo erosivo e permitindo a recuperação desta zona na

mata.

Portanto, em atendimento à solicitação do parecer 00127/2019/COMAF/PFE-

ICMBIO/PGF/AGU de 11/06/2019, o ANEXO IV apresenta relatório de engenharia

adendo ao plano de manejo contendo os detalhamentos técnicos desta intervenção.

Por fim, apresenta-se a seguir os esclarecimentos solicitados no item 18 do

referido parecer ICMBIO.

(a) a necessidade e objetivos da obra:

Existe a necessidade de contenção do processo erosivo existente para que não

continue a degradar a região de relevo com alta declividade da RPPN, e recuperação da

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área já degradada. Desta forma, o objetivo da obra é a contenção do processo erosivo

existente, com posterior recuperação da área.

(b) a compatibilidade ambiental da obra com a RPPN, considerando o

orientado pelo §2º do art. 21 da LSNUC;

A obra é compatível com a RPPN tendo em vista que é uma atividade prevista no

plano de manejo visando assegurar o objetivo descrito no item 3.1, que é a proteção e

conservação dos recursos naturais existentes no local.

(c) o grau de impacto ambiental da obra;

A implantação da obra de drenagem não ocasionará o corte de nenhum indivíduo

arbóreo, mantendo a área com as mesmas características e funções atuais. Ainda, cabe

ressaltar que o local onde passará a adução está localizado fora de área de preservação

permanente. Desta forma, o grau de impacto ambiental é muito baixo e não trará prejuízos

para a RPPN, mas sim ganho ambiental com sua recuperação após a interrupção do

processo erosivo existente.

(d) se a obra, depois de pronta, embora tenha utilizado a nomenclatura de zona

de Recuperação, constituiria uma Zona de Uso Conflitante, por suas

característica ambientais;

A obra não constituiria um uso conflitante, já que não tem outra finalidade se não

a de preservação da RPPN, interrompendo o processo erosivo existente, e permitindo a

recuperação de uma área de degradação dentro de seus limites.

(e) a existência de danos ambientais no interior da RPPN, que eventualmente

seria alvo de recuperação ambiental em decorrência da instalação do

conduto de adução e a mensuração de eventual ganho ambiental,

considerando a relação entre os danos decorrentes da instalação do conduto

de adução e, se existente, o atual dano ambiental;

Seria necessária uma intervenção para implantação da obra de drenagem, porém,

durante o período de recuperação, a obra causará um ganho ambiental com a recuperação

da área, e evitando que o processo erosivo continue a degradar uma área ainda maior.

(f) a existência de avaliações de alternativas locacionais; e

Como descrito no relatório do ANEXO IV, trata-se de uma região específica no

interior da RPPN cujas características topográficas vizinhas tornam caminho preferencial

das águas de escoamento pluvial, de forma que, não é possível qualquer alternativa de

intervenção que afete a propriedade particular vizinha. Ou seja, trata-se de uma

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intervenção pontual, em um local específico onde vem ocorrendo a degradação da RPPN

por processo erosivo, não cabendo uma avaliação de alternativa locacional.

(g) a existência de licenciamento ambiental ou autorização direta para a

instalação do conduto de adução.

Tendo em vista que a obra de drenagem a ser executada não irá suprimir nenhum

indivíduo arbóreo e não está localizado em Área de Preservação Permanente (APP), não

será necessário licenciamento ambiental junto ao órgão ambiental estadual, conforme

preceitua a Resolução conjunta SEMAD/IEF nº 1905, de 12 de agosto de 2013.

As normas de uso da zona de recuperação são especificadas a seguir:

1) As atividades potencialmente impactantes deverão ser planejadas e executadas

tendo como preceito a mitigação de danos ao meio ambiente, especialmente com

relação ao solo, à fauna e à floral local;

2) As atividades relativas à implantação do Programa de Resgate de Flora (PRF) e

do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) estão permitidas.

3.3. Programas de manejo

3.3.1. Programa de proteção e fiscalização

O objetivo primordial desse programa é propiciar condições adequadas para a

regeneração natural de vegetação.

Atividades previstas: Cercamento Sinalização

Objetivos específicos: Desencorajar o acesso não autorizado de transeuntes; Informar a respeito da existência da UC e suas normas de funcionamento; Impedir o acesso de animais domésticos, principalmente bovinos e equinos.

Resultados esperados: Dificuldade de acesso de pessoas com objetivos não compatíveis com o

propósito da RPPN, tais como caça e extrativismo vegetal; Redução do afugentamento de fauna silvestre; Redução do pisoteio provocado por bovinos e equinos, com consequente

diminuição da compactação do solo;

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Redução de danos causados à vegetação, sejam eles causados por pessoas ou por animais domésticos;

Prevenção da contaminação do curso d’água por fezes de animais; Otimização do processo de regeneração natural.

Normas específicas: A eventual reposição de moirões de eucalipto tratado, arame farpado ou

balancins danificados será realizada a cada 12 meses, após averiguação de seu estado de conservação;

Concomitantemente às vistorias de averiguação da necessidade de manutenção da cerca serão conduzidas ações de fiscalização, buscando encontrar vestígios de atividades ilícitas, como acampamentos e armadilhas;

A manutenção ou substituição de placas (sinalização) avariadas será realizada a cada 6 meses, com base no diagnóstico preliminar de seu estado de conservação.

3.3.2. Programa de georreferenciamento

O intuito desse programa consiste na obtenção de dados geográficos precisos com

relação à forma, dimensão e localização do imóvel rural e da RPPN localizada em seu

interior, em atendimento ao preconizado pela legislação em vigor.

Atividade prevista: Georreferenciamento da propriedade e da RPPN, em ambas as margens, por

meio de métodos de levantamento topográfico. Objetivos específicos:

Descrever os limites da propriedade e da RPPN, suas características e confrontações por meio de memorial descritivo;

Determinar as coordenadas dos vértices dos polígonos de interesse, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, com precisão adequada.

Resultados esperados: Adequação da propriedade e da RPPN à legislação ambiental vigente; Exclusão de possíveis incoerências entre a área declarada e a situação real do

imóvel rural e da RPPN. Normas específicas:

O georreferenciamento será realizado em conformidade com a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA);

O georreferenciamento será realizado por profissional habilitado junto ao CREA, com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

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3.3.3. Programa de pesquisa científica

Esse subprograma visa ordenar a atividade de pesquisa científica realizada nos

limites da RPPN, definindo diretrizes capazes de orientar pesquisadores e instituições

parceiras, amparar a proprietária da RPPN e garantir a integridade dos recursos naturais.

Atividades previstas: Estabelecimento de parcerias, com destaque para as instituições de ensino

superior listadas na Tabela 4, caso haja manifestação de interesse por parte das instituições;

Cadastro de pesquisadores e seus respectivos projetos de pesquisa; Divulgação dos resultados das pesquisas.

Objetivos específicos: Fomentar a realização de pesquisas científicas relacionadas à conservação da

natureza; Organizar um banco de dados de pesquisadores e projetos de pesquisa; Difundir o conhecimento sobre os benefícios das unidades de conservação para

uma maior parcela da população. Resultados esperados:

Contribuição com o avanço do estado da arte acerca da conservação da natureza;

Ampliação do conhecimento sobre a dinâmica ecológica existente no fragmento florestal contido na RPPN;

Elaboração de uma lista de pesquisas prioritárias para a conservação da RPPN; Aumento da visibilidade da UC, buscando a valorização da mesma pela

sociedade. Normas específicas:

O pesquisador interessado em desenvolver sua pesquisa na RPPN Fazenda Gana deverá preencher o formulário de cadastro (Anexo III);

A proprietária da RPPN procederá a análise do projeto de pesquisa e emitirá um parecer dentro de, no máximo, 45 dias;

A aprovação do projeto de pesquisa por parte da proprietária não exime o pesquisador de obter a autorização de pesquisa emitida pelo órgão ambiental competente na esfera da administração federal (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO);

O pesquisador deverá, obrigatoriamente, apresentar os resultados obtidos a partir de sua pesquisa à proprietária, seja em formato de monografia, artigo, nota científica ou equivalente.

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Tabela 4. Instituições de ensino superior próximas à RPPN Fazenda Gana.

Instituição de ensino Curso oferecido Campus Distância

Universidade Federal de Viçosa Ciências biológicas Paranaíba 340 km

Universidade Federal de Uberlândia

Engenharia florestal Monte Carmelo 185 km

Ciências biológicas Umuarama 90 km

Ciências biológicas Pontal 165 km

Geografia Pontal 165 km

Geografia Santa Mônica 90 km

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Ciências biológicas Iturama 320 km

Ciências biológicas Uberaba 200 km

3.3.4. Programa de recuperação

O objetivo fundamental desse programa é de levantar os impactos negativos

decorrentes da intervenção ambiental na área da RPPN afetada pela instalação do conduto

de adução e definir estratégias para que a área perturbada seja brevemente recuperada e

retome suas funções ecológicas.

Atividades previstas: Resgate de material botânico (epífitas, herbáceas e plântulas), anteriormente ao

início da implantação do conduto de adução; Armazenamento do solo superficial, anteriormente ao início da implantação do

conduto de adução; Uso do solo superficial na reabilitação ambiental, após a implantação do

conduto de adução; Revegetação da área afetada pela passagem do conduto de adução; Execução de obras de drenagem a fim de eliminar os focos erosivos existentes

no interior da RPPN. Objetivos específicos:

Mitigar os impactos ambientais negativos advindos da implantação do conduto de adução;

Favorecer o processo de recuperação da área afetada; Minimizar o tempo necessário para que a área afetada reestabeleça seu

equilíbrio ecológico; Identificar processos erosivos pré-existentes, bem como aqueles que possam

resultar da intervenção e se estabelecerem após a implantação do conduto de adução;

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Controlar e eliminar os processos erosivos estabelecidos. Resultados esperados:

Recuperação das áreas impactadas pela execução das obras dentro da RPPN; Reabilitação das características funcionais da área afetada no interior da UC; Criação de condições adequadas para a retomada à um estado biológico

apropriado, com ciclos de nutrientes fechados, componentes da biota em equilíbrio e sistema hídrico estabilizado;

Ausência de processos erosivos aparentes. Normas específicas:

As ações relativas à implantação do PRF e do PRAD deverão, necessariamente, ter início antes da intervenção ambiental pretendida e se estender por um período posterior à implantação das obras;

As ações de revegetação deverão ser realizadas por no mínimo 2 anos, período adequado à sobrevivência e ao desenvolvimento das plantas;

As demais normas serão tratadas separadamente no projeto específico de implantação do empreendimento.

3.4. Cronograma de atividades

O cronograma de atividades previstas para a RPPN Fazenda Gana prevê um

período de três anos para sua efetivação, conforme especificado no Quadro 1. A execução

dessas atividades deverá levar em conta a realidade de funcionamento da UC e se ajustar

à disponibilidade de recursos.

Quadro 1. Cronograma de atividades previstas para a RPPN Fazenda Gana.

Programa Atividade Ano

I II III

Proteção e fiscalização

Cercamento (instalação) X

Sinalização (instalação) X

Georreferenciamento Georreferenciamento da propriedade X

Georreferenciamento da RPPN X

O cronograma de execução das atividades relacionadas ao Programa de

Recuperação será tratado separadamente no projeto específico de implantação do

empreendimento.

3.5. Considerações finais

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A elaboração deste plano de manejo apresenta a finalidade inequívoca de definir

o zoneamento da área da RPPN e as normas que orientarão as atividades desenvolvidas

na unidade de conservação, com base nos objetivos gerais de sua criação. Além disso,

este documento foi concebido com o objetivo de promover a regularização ambiental da

RPPN e a mitigação de impactos negativos em seu território. Cabe evidenciar que a

proprietária da UC se dispõe a arcar com os custos da efetivação deste plano de manejo,

bem como da implantação do conduto de adução, comprometendo-se ainda a adotar

estratégias de mitigação dos impactos, incluindo o estabelecimento de um sistema de

drenagem eficiente contra o desenvolvimento de focos erosivos.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANA (Agência Nacional de Águas). Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Paranaíba: diagnóstico da bacia hidrográfica do rio Paranaíba. 2011. Disponível em: <http://cbhparanaiba.org.br/uploads/documentos/PRH_PARANAIBA/DOCUMENTOS_APOIO/Parte_A_Caracterizacao_Bacia.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2019. BDMEP-INMET (Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Meteorologia). 2019. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep>. Acesso em: 09 fev. 2019. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. COPAM (Conselho de Política Ambiental). Deliberação Normativa nº 147, de 30 de abril de 2010. Aprova a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=13192>. Acesso em: 02 mar. 2019. GAIA (Mater Gaia Consultoria e Planejamento Ambiental Ltda). Relatório de Controle Ambiental – Bioenergética Aroeira S.A. Belo Horizonte, 2016. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Brasil em Síntese – Minas Gerais – Tupaciguara – Panorama. 2019a. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/tupaciguara/panorama>. Acesso em: 14 fev. 2019. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Brasil em Síntese – Minas Gerais – Pesquisa – Produto Interno Bruto dos Municípios – PIB a preços correntes. 2019b. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/tupaciguara/pesquisa/38/46996>. Acesso em: 14 fev. 2019. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Brasil em Síntese – Minas Gerais – Tupaciguara – Pesquisa – Censo Agropecuário. 2019c. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/tupaciguara/pesquisa/24/76693>. Acesso em: 14 fev. 2019. IDE-SISEMA (Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos). 2019. Disponível em: <http://idesisema.meioambiente.mg.gov.br>. Acesso em: 24 fev. 2019.

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IUCN (International Union for Conservation of Nature). IUCN Red List of Threatened Species. 2019. Disponível em: <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em: 01 mar. 2019. GOOGLE. Google Maps. 2019. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 19 jan. 2019. MESQUITA, C. A. B. A natureza como o maior patrimônio: desafios e perspectivas da conservação voluntária em áreas protegidas privadas no Brasil. 2014. 191 f. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais e Florestais), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2014. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Portaria nº 444, de 17 de dezembro de 2014. Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. 2019a. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-plano-de-acao/00-saiba-mais/04_-_PORTARIA_MMA_N%C2%BA_444_DE_17_DE_DEZ_DE_2014.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2019. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Portaria nº 445, de 17 de dezembro de 2014. Fauna brasileira ameaçada de extinção. 2019b. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Portaria/2014/p_mma_445_2014_lista_peixes_amea%C3%A7ados_extin%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2019. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. Dados Georreferenciados. 2019c. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/dados-georreferenciados>. Acesso em: 26 fev. 2019. SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural). Base de downloads. 2019. Disponível em: <http://www.car.gov.br/publico/municipios/downloads>. Acesso em: 23 fev. 2019.

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ANEXOS

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ANEXO I - INVENTÁRIO QUALI-QUANTITATIVO DA FLORA

Thiago Rubioli da Fonseca

1. Introdução

A Mata Atlântica, originalmente com uma cobertura total em torno de 150 milhões

de hectares, é um bioma que se estende entre as regiões tropicais e subtropicais da

América do Sul (RIBEIRO et al., 2009). Atualmente, o bioma é considerado um hotspot

para a conservação da biodiversidade devido à grande riqueza de espécies vegetais e

animais, ao alto grau de endemismo e ao elevado grau de devastação e ameaça antrópica

(MYERS et al., 2000). Galindo-Leal & Câmara (2003), em revisão bibliográfica sobre o

bioma, complementam que mesmo com o alto grau de fragmentação e habitat perdido, a

Mata Atlântica ainda contém áreas intocadas ou contínuos florestais com grande

heterogeneidade de ambientes, o que, segundo Metzger (2009), contribui diretamente

para o elevado número de espécies.

O bioma Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e ocupa aproximadamente

23% do território do país (MMA, 2007). A exemplo da Mata Atlântica, o Cerrado também

é apontado como um hotspot, apresentando elevada biodiversidade, altos índices de

endemismo, além de sofrer com a pressão de atividades humanas (MYERS et al., 2000).

O Cerrado apresenta um mosaico de fitofisionomias, variando do cerrado ralo, com pouca

vegetação lenhosa até formações florestais.

O estado de Minas Gerais destaca-se por possuir a maior variedade de formações

vegetacionais do país, em função de sua diversidade de condições geológicas,

topográficas e climáticas (MELLO-BARRETO, 1942), sendo que compreende três

biomas dentro de seus limites, quais sejam: Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. No

entanto, essa cobertura vegetal natural está quase totalmente reduzida à remanescentes

esparsos, com a cobertura florestal, em particular, correspondendo a apenas cerca de 2%

do território mineiro (CETEC, 1983).

A mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba possui seu território

inserido dentro dos limites do Cerrado e da Mata Atlântica, apresentando fitofisionomias

típicas dos dois biomas (IDE-SISEMA, 2019; IBGE, 2004a; IBGE, 2004b).

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A RPPN Fazenda Gana situa-se em uma região de transição (ecótono) entre os

biomas Cerrado e Mata Atlântica, com predominância das fitofisionomias Floresta

Estacional Semidecidual e Cerrado sensu stricto. A cobertura florestal encontra-se em

estágio intermediário de sucessão secundária.

2. Objetivo

Este estudo apresenta o inventário da comunidade arbórea a ser suprimida na área

de intervenção ambiental (AIA) do empreendimento, por meio de informações

qualitativas e quantitativas, sendo abordados os seguintes componentes:

Composição, estrutura e diversidade de espécies arbóreas;

Descrição da estrutura fitossociológica das principais espécies e sua

representatividade na comunidade arbórea amostrada;

Estimativa do volume de madeira total dos indivíduos arbóreos a serem

suprimidos.

3. Metodologia

O empreendimento se localiza no município de Tupaciguara (Minas Gerais) e a

área de intervenção ambiental possui 3,08 hectares no total, dos quais 0,13 hectares estão

inseridos no interior da RPPN (Figura 13), ocupando 0,14% de seu território.

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Figura 13. Delimitação da área de intervenção ambiental (AIA) e área afetada na RPPN. Fonte: elaborada pelo autor (2019).

3.1. Levantamento qualitativo da flora

A metodologia utilizada para o levantamento qualitativo da flora é conhecida

como Levantamento Ecológico Rápido, em que é possível obter informações florísticas e

ecológicas em um curto período de tempo (FELFILI et al., 2006). Tal metodologia

consiste no reconhecimento dos tipos de vegetação, elaboração de lista de espécies e

análise dos resultados.

O procedimento adotado neste levantamento incluiu toda a área de intervenção

ambiental e consistiu no reconhecimento das espécies vegetais em campo a partir do

conhecimento prévio e, quando necessário, na identificação posterior das espécies

vegetais com base nos seguintes critérios: materiais botânicos coletados, registros

fotográficos, literatura específica, chaves de identificação e consulta à especialistas.

O sistema de classificação botânica utilizado é o APG IV (BYNG et al., 2016) e

os nomes científicos das espécies foram conferidos com a base de dados disponível na

Lista de Espécies da Flora do Brasil 2020. Com relação à classificação das espécies

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ameaçadas de extinção, foi utilizada a Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014, que

institui a Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção.

Por fim, para a classificação das espécies imunes ao corte, foram utilizadas as leis

estaduais específicas para cada espécie. No Estado de Minas Gerais, as seguintes espécies

são imunes ao corte: Caryocar brasiliense (pequi) e espécies dos gêneros Tabebuia,

Handroanthus e Tecoma (ipê-amarelo), regulamentado pela Lei Estadual nº 20.308, de

27 de julho de 2012; Mauritia flexuosa (buriti), regulamentado pela Lei Estadual nº

13.635, de 12 de julho de 2000; Araucaria angustifolia (pinheiro brasileiro),

regulamentado pelo Decreto Estadual nº 46.602, de 19 de setembro de 2014.

3.2. Levantamento quantitativo da flora

Para a amostragem da comunidade arbórea a ser suprimida, foram alocadas 9

unidades amostrais (parcelas) de 10 x 10 m (100 m2), totalizando 0,09 hectares

amostrados, onde todos os indivíduos arbóreos (vivos e mortos em pé) com diâmetro à

altura do peito (DAP) ≥ 5 cm foram mensurados. As parcelas foram georreferenciadas

(Figura 14) e as coordenadas UTM do ponto central de cada uma delas estão

representadas no Quadro 2.

Figura 14. Localização das parcelas amostradas para inventário florestal. Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

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Quadro 2. Coordenadas UTM do centro das parcelas (10 x 10 m) alocadas nas áreas de floresta.

Parcela WGS 84 UTM 22S

E S

1 729496,948 7952371,006

2 729480,347 7952413,501

3 729359,960 7952556,675

4 729342,922 7952574,419

5 729299,526 7952677,279

6 729289,880 7952731,788

7 729886,226 7953062,594

8 729882,076 7953053,146

9 730258,137 7954509,125

O diâmetro dos indivíduos foi obtido após a conversão da circunferência à altura

do peito (CAP), mensurada em campo por meio de uma fita métrica simples. A altura dos

indivíduos foi estimada em campo por meio da comparação com a tesoura de poda alta

utilizada em campo.

3.3. Análise dos dados

Foram calculados quatro parâmetros fitossociológicos para cada espécie, a fim de

se obter a distribuição e representatividade dessas na área de intervenção ambiental, sendo

eles: densidade relativa (DR), frequência relativa (FR), dominância relativa (DoR) e valor

de importância (VI) (KENT; COKER, 1992), calculados no programa Microsoft Office

Excel (versão 2010).

Densidade relativa DR = (ni / ∑ni) x 100

Frequência relativa (FR) = (fi / ∑fi) x 100

Dominância relativa (DoR) = (ABi / ABT) x 100

Valor de Importância em % (VI) = (DR + FR + DoR) / 3

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Em que:

ni = número de indivíduos da espécie i;

fi = frequência da espécie i;

ABi = área basal da espécie i, obtida da soma das áreas basais individuais a partir da

fórmula do círculo (em m²);

ABT = área basal total amostrada (em m²).

Para a análise da diversidade das espécies foram calculados os índices de

diversidade de Shannon (H’) e o de equabilidade de Pielou (J’) baseado em H’

(MAGURRAN, 2004). Esses atributos foram calculados por meio do programa Past

(versão 3.09).

Índice de diversidade de Shannon (H’):

=∗ ln( ) − ∑ ln( )

Em que:

N = número total de indivíduos amostrados;

ni = número de indivíduos amostrados na i-ésima espécie;

S = número de espécies amostradas;

ln = logaritmo de base neperiana (e).

Índice de Equabilidade de Pielou (J’):

=′

= ln ( )

Em que:

J’ = índice de equabilidade de Pielou;

S = número total de espécies amostradas.

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Outra ferramenta que auxiliou na compreensão da estrutura horizontal e vertical

da comunidade vegetal foram os histogramas de distribuição diamétrica e de altura das

espécies arbóreas. Esses estudos possibilitam diagnosticar o comportamento da

regeneração, mortalidade e de alguns eventos no ambiente florestal (ALVES JÚNIOR et

al., 2010). Para a análise horizontal (distribuição diamétrica), os indivíduos foram

divididos em classes de diâmetro com intervalos de 5 cm. Para a análise vertical

(distribuição de altura), os indivíduos foram divididos em classes de altura com intervalos

de 2 metros.

3.4. Cálculo volumétrico

Foram calculados os valores de volumes aproximados por espécie e, para

comparação, uma estimativa do volume por hectare. A composição volumétrica foi

calculada por meio do método indireto, com a adoção da equação volumétrica

determinada pela CETEC (1995) para florestas secundárias, utilizando-se a altura total do

indivíduo e o DAP com casca:

= (0,000074230 × ) , × ( , )

Em que:

VTCC = volume total com casca, em metros cúbicos (m3);

DAP = diâmetro com casca, a 1,30 m do solo, em centímetros (cm);

Ht = altura total, medida em metros (m).

Os volumes individuais resultantes foram então somados, de forma a se

determinar o volume total de cada espécie e da área de intervenção. Para obter o valor do

volume em estéreo utilizou-se a seguinte relação entre volume real (em m³) e estéreo: 1

m3 = 1,428 st.

3.5. Suficiência amostral

A avaliação da suficiência amostral para o inventário florestal foi realizada

exclusivamente para a variável volume de madeira, mediante a sequência de fórmulas

indicadas por Péllico-Netto & Brena (1997), conforme descrito na Tabela 5. Neste caso,

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conforme sugerido pela Resolução Conjunta SEMAD/IEF nº 1.905, de 12 de agosto de

2013, considerou-se um erro de amostragem relativo máximo de 10%, a 90% de

probabilidade.

Tabela 5. Fórmulas utilizadas para avaliação da suficiência amostral e cálculo dos totais médios da variável “volume”.

Parâmetro Equações

Média =∑

Variância =∑ ( − )²

− 1

Desvio padrão =

Erro padrão = ±√

∗ (1 − )

Coeficiente de variação (%) =

∗ 100

T student (90% de probalidade) = (0,1; 6)

Erro de amostragem absoluto = ± ∗

Erro de amostragem relativo (%) = ±∗

∗ 100

Intervalo de confiança para a média (90%) [ − ∗ ≤ ≤ + ∗ ]

Total médio da comunidade = ∗

Intervalo de confiança para o total médio da comunidade a 90% − ∗ ∗ ≤ ≤ + ∗ ∗

Fonte: adaptado de Péllico-Netto & Brena (1997).

4. Diagnóstico da vegetação

4.1. Definição do tipo fitofisionômico amostrado

O termo fitofisionomia ou tipo de vegetação pode ser entendido como o conjunto

da flora e do ambiente, o que inclui a estrutura da vegetação, as formas de crescimento

(arbórea, arbustiva, herbácea etc.) e as mudanças estacionais predominantes (perenifólia,

semidecídua, decídua etc.) (IBGE, 2012).

Embora a RPPN Fazenda Gana se localize em uma região de transição de biomas

com predominância das fitofisionomias Floresta Estacional Semidecidual e Cerrado

sensu stricto, a partir do levantamento florístico realizado em campo foram classificadas

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duas fitofisionomias predominantes: Mata Ciliar e Floresta Estacional Decidual (Mata

Seca). As Matas Ciliares e Matas Secas caracterizam-se por estarem sob influência de um

longo período de seca (dois a seis meses), refletindo na ocorrência de espécies

principalmente associadas à capacidade de resistir ao período de déficit hídrico, perdendo

parte de suas folhas.

Segundo Ribeiro & Walter (1998), sob a designação Mata Ciliar (Figura 15) estão

incluídas as formações florestais que estão associadas às margens de cursos d’água, sendo

uma vegetação relativamente estreita, variando de acordo com a largura do rio. A

vegetação ocorre, geralmente, em relevos acidentados podendo haver uma área de

transição para a Mata Seca. A altura média da camada de árvores (estrato arbóreo) pode

chegar a 30 metros. Grande parte das árvores é ereta, com alguns indivíduos emergentes.

Na época chuvosa as copas alcançam uma cobertura arbórea de até 90%, enquanto na

época seca a cobertura pode chegar à 40%. As espécies típicas dessa fitofisionomia são,

em sua maior parte, caducifólias, havendo ainda algumas espécies perenes, o que

proporciona um aspecto semidecíduo.

Sob a designação Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca Decídua (Figura 16)

estão incluídas as formações florestais que não possuem associação direta com cursos

d’água, caracterizadas por diversos níveis de queda das folhas durante a estação seca.

Esse tipo de vegetação é caracterizado por duas estações climáticas bem definidas, uma

chuvosa seguida de longo período seco (IBGE, 2012). A vegetação ocorre nos níveis de

relevos que separam os fundos de vales (interflúvios), em locais geralmente mais ricos

em nutrientes. Essa floresta normalmente é encontrada em solos de origem calcária,

frequentemente em afloramentos rochosos típicos. A altura média da camada de árvores

(estrato arbóreo) varia entre 15 e 25 metros. A grande maioria das árvores é ereta, com

alguns indivíduos emergentes. Na época chuvosa as copas se tocam, fornecendo uma

cobertura arbórea de 70 a 95% e desfavorecendo a presença de plantas arbustivas. Na

época seca a cobertura pode chegar à 30%, devido ao predomínio de espécies

caducifólias, o que impossibilita a presença de muitas espécies epífitas.

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Figura 15. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) em Mata Ciliar nos períodos seco e chuvoso. Fonte: Ribeiro & Walter (2008).

Figura 16. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata Seca Decídua em diferentes épocas do ano. CA = cobertura arbórea, em porcentagem. Fonte: Ribeiro & Walter (2008).

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4.2. Florística e caracterização geral da vegetação

No total foram registradas 24 espécies, pertencentes à 13 famílias botânicas, sendo

22 espécies nativas e 2 espécies exóticas (Tabela 6). Cabe ressaltar que não foram

registradas espécies ameaçadas de extinção ou imunes de corte. Algumas espécies não

puderam ser reconhecidas em campo ou identificadas posteriormente devido à ausência

de folhas, presença de lianas nas copas ou ausência de estruturas reprodutivas, essenciais

para a identificação de diversos grupos botânicos.

Tabela 6. Listagem florística das espécies arbóreas registradas.

Família espécie Nome popular Origem

Anacardiaceae

Astronium fraxinifolium gonçalo-alves nativa

Mangifera indica mangueira exótica

Myracrodruon urundeuva aroeira nativa

Annonaceae

Annona sp1 - nativa

Unonopsis guatterioides pindaíva-do-brejo nativa

Apocynaceae

Aspidosperma subincanum guatambu-de-cerrado nativa

Chrysobalanaceae

Hirtella gracilipes bosta-de-cabra nativa

Combretaceae

Terminalia glabrescens amarelinho nativa

Fabaceae

Anadenanthera peregrina angico-de-espinho nativa

Hymenaea courbaril jatobá nativa

Machaerium stipitatum sapuvinha nativa

Senegalia polyphylla monjoleiro nativa

Malvaceae

Guazuma ulmifolia mutamba nativa

Luehea grandiflora açoita-cavalo nativa

Myrtaceae

Myrcia splendens guamirim-miúdo nativa

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Tabela 6. Continuação. Família

espécie Nome popular Origem

Myrtaceae

Psidium guajava goiabeira exótica

Primulaceae

Myrsine umbellata capororocão nativa

Rhamnaceae

Rhamnidium elaeocarpum cafezinho nativa

Rutaceae

Zanthoxylum riedelianum mamica-de-porca nativa

Sapotaceae

Chrysophyllum marginatum aguaí-vermelho nativa

Pouteria torta abiurana nativa

Styracaceae

Styrax sp1 - nativa

A vegetação presente na maior parte da área de intervenção ambiental (AIA)

encontra-se descaracterizada e antropizada, uma vez que 63,3% (1,95 hectares) do total é

representado por trechos de pastagem, dominados por espécies de gramíneas exóticas

(Brachiaria spp), e solo exposto. Por outro lado, na AIA em mata observou-se a presença

de serapilheira rasa, porém consolidada (Figura 17).

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Figura 17. Detalhe da serapilheira observada no interior da área de intervenção em mata (A) e da ausência de serapilheira nas áreas de pastagem dominadas por gramíneas exóticas (B).

Nas áreas de intervenção em mata foram registradas a presença de indivíduos de

espécies características de Mata Ciliar e Floresta Estacional Decidual (Figura 18). Além

disso, a comunidade arbórea apresentou dossel baixo e, muitas vezes, com a presença de

clareiras, que proporcionam o estabelecimento de diversas espécies de lianas (Figura 19).

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Figura 18. Algumas espécies arbóreas presentes na AIA: A) Senegalia polyphylla; B) Lithraea molleoides; C) Luehea grandiflora; D) Chrysophyllum marginatum; E) Trichilia pallida; F) Aspidosperma subincanum; G) Celtis iguanaea; H) Rhamnidium elaeocarpum; I) Zanthoxylum riedelianum; J) Cupania vernalis; K) Pouteria torta; L) Astronium fraxinifolium.

Figura 19. Vistas do dossel das áreas de mata, com detalhe para uma região com indivíduos de espécies caducifólias (B), típicos da fitofisionomia Mata Seca Decídua.

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4.3. Diversidade, estrutura e análises ecológicas

Em 1,13 hectare de área de intervenção em mata, foram registrados 177 indivíduos

arbóreos com DAP maior ou igual a 5 cm (estimativa de 1.967 indivíduos.ha-1),

distribuídos em 24 espécies e 13 famílias botânicas.

As famílias mais abundantes foram Anacardiaceae (61 indivíduos), Fabaceae (20

indivíduos), Sapotaceae (17 indivíduos), Malvaceae (13 indivíduos) e Annonaceae (12

indivíduos), totalizando 78,85% das espécies identificadas (Figura 20).

Figura 20. Densidade relativa das famílias botânicas de maior expressão na área de

intervenção.

O valor do índice de diversidade de espécies de Shannon (H’) encontrado para a

comunidade arbórea foi de 2,57 nats.ind-1 e a Equabilidade de Pielou (J’) foi 0,81. Além

disso, a comunidade arbórea apresentou dominância de poucas espécies, sendo que a

soma das cinco espécies com os maiores valores de importância (VI) resultou em 56,45%

do VI total da comunidade (Tabela 7)

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Tabela 7. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas (DAP ≥ 5 cm) registradas. DA = densidade absoluta; AB = área basal (m2); FA= frequência absoluta; DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = frequência relativa; VI = valor de importância (%). Espécie DA AB FA DR DoR FR VI(%)

Myracrodruon urundeuva 53 0,9277 8,0000 29,94 37,81 11,59 26,45

Morta 18 0,1537 8,0000 10,17 6,27 11,59 9,34 Anadenanthera peregrina 13 0,2690 3,0000 7,34 10,96 4,35 7,55 Unonopsis guatterioides 10 0,1335 6,0000 5,65 5,44 8,70 6,60 Aspidosperma subincanum 9 0,1767 5,0000 5,08 7,20 7,25 6,51 Styrax sp1 6 0,0614 5,0000 3,39 2,50 7,25 4,38 Chrysophyllum marginatum 9 0,0784 2,0000 5,08 3,20 2,90 3,73 Pouteria torta 8 0,0748 1,0000 4,52 3,05 1,45 3,01 Myrsine umbellata 4 0,0866 2,0000 2,26 3,53 2,90 2,90 Guazuma ulmifolia 7 0,0439 2,0000 3,95 1,79 2,90 2,88 Luehea grandiflora 6 0,0216 3,0000 3,39 0,88 4,35 2,87 Astronium fraxinifolium 4 0,0330 3,0000 2,26 1,34 4,35 2,65 Rhamnidium elaeocarpum 4 0,0526 2,0000 2,26 2,14 2,90 2,43 Senegalia polyphylla 3 0,0527 2,0000 1,69 2,15 2,90 2,25 Zanthoxylum riedelianum 3 0,0410 2,0000 1,69 1,67 2,90 2,09 Mangifera indica 4 0,0233 2,0000 2,26 0,95 2,90 2,04 Hymenaea courbaril 2 0,0374 2,0000 1,13 1,53 2,90 1,85 Psidium guajava 3 0,0171 2,0000 1,69 0,70 2,90 1,76 Machaerium stipitatum 2 0,0080 2,0000 1,13 0,32 2,90 1,45 Myrcia splendens 2 0,0074 2,0000 1,13 0,30 2,90 1,44 Decidua sp1 2 0,0342 1,0000 1,13 1,39 1,45 1,32 Annona sp1 2 0,0312 1,0000 1,13 1,27 1,45 1,28 Hirtella gracilipes 1 0,0448 1,0000 0,56 1,82 1,45 1,28 Terminalia glabrescens 1 0,0224 1,0000 0,56 0,91 1,45 0,98 Decidua sp2 1 0,0215 1,0000 0,56 0,88 1,45 0,96

A comunidade arbórea apresentou distribuição diamétrica do tipo “J-reverso”,

sendo que a maioria dos indivíduos (74,29%) apresentou diâmetro entre 5 e 15 cm (Figura

21). O padrão “J-reverso” é comum em florestas tropicais secundárias e

autorregenerativas, onde existe um balanço entre mortalidade e recrutamento, sendo que

o estoque de indivíduos jovens é capaz de suprir os adultos senis ou em decrepitude.

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Figura 21. Distribuição diamétrica da comunidade arbórea.

Em relação às classes de altura, a comunidade apresentou maior número de

indivíduos entre 4 e 6 metros (31,07%) (Figura 22). Vale ressaltar que florestas

estacionais maduras normalmente apresentam dossel formado por árvores de até 25

metros de altura, em média.

Figura 22. Distribuição de altura da comunidade arbórea inventariada.

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4.4. Rendimento lenhoso

Foi estimado um volume lenhoso total de 125,87 m³ (179,74 st), considerando a

área total (1,13 ha) de supressão (estimativa de 106,67 m³.ha-1 ou 152,32 st.ha-¹) (Tabela

8). Além disso, a Tabela 9 apresenta os cálculos da suficiência amostral, onde se evidencia

o erro amostral relativo abaixo de 10%, considerado aceitável conforme a Resolução

Conjunta SEMAD/IEF nº 1.905, de 12 de agosto de 2013.

Tabela 8. Valores encontrados e estimados para número de indivíduos, área basal, diâmetro médio, altura média e volume de madeira.

Parâmetro Valor Unidade

Número de Indivíduos 177 indivíduos / 0,09 ha Número de Indivíduos Estimado 1967 indivíduos.ha-¹ Área Basal Total 2,45 m² / 0,09 ha Área Basal Estimada 27,26 m².ha-¹ Média de DAP 11,97 cm Média de Altura 5,50 m Volume de Madeira Amostrado¹ 9,60 m³ / 0,09 ha Volume de Madeira Total Estimado¹ 125,87 m³ / 1,18 ha Volume de Madeira Estimado¹ 106,67 m³.ha-¹ Volume de Madeira Amostrado² 13,71 st / 0,09 ha Volume de Madeira Total Estimado² 179,74 st / 1,18 ha Volume de Madeira Estimado² 152,32 st.ha-¹

Tabela 9. Cálculos da suficiência amostral baseados no volume das parcelas.

Parâmetro Valor Unidade

Nº de parcelas amostradas 9 Parcelas Intensidade amostral 11,29 Parcelas

Média 1,07 m³ / 0,09 ha Desvio Padrão 0,20 m³ / 0,09 ha Variância 0,04 m³ / 0,09 ha Erro Padrão 0,06 m³ / 0,09 ha

Coeficiente de variação 19,00 % t Student (90% de probabilidade) 1,8595 -

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Tabela 9. Continuação.

Parâmetro Valor Unidade

Erro amostral absoluto 0,10 ± m³ / 0,09 ha

Erro amostral relativo 9,80 % Variância da média 0,0042 (m³ / 0,09 ha)² Intervalo de confiança para a média 1,0493 ≤ X ≤ 1,2674 ± m³ / 0,09 ha Volume médio de madeira 125,87 m³ / 1,18 ha Intervalo de confiança para o total 123,81 ≤ X ≤ 149,56 ± m³ / 1,18 ha

A espécie que apresentou o maior volume de madeira a ser suprimido foi

Myracrodruon urundeuva (3,7931 m3 ou 5,4166 st) (Tabela 10).

Tabela 10. Densidade de indivíduos (DA), área basal (AB, em m2) e volume de madeira (m3 e st) por espécie.

Espécie DA AB Volume (m³) Volume (st)

Myracrodruon urundeuva 53 0,9277 3,7931 5,4166 Anadenanthera peregrina 13 0,2690 1,0705 1,5286

Aspidosperma subincanum 9 0,1767 0,7632 1,0898 Unonopsis guatterioides 10 0,1335 0,5591 0,7984 Myrsine umbellata 4 0,0866 0,3978 0,5680 Morta 18 0,1537 0,3970 0,5669 Chrysophyllum marginatum 9 0,0784 0,2595 0,3706 Pouteria torta 8 0,0748 0,2428 0,3467 Rhamnidium elaeocarpum 4 0,0526 0,2326 0,3321 Hymenaea courbaril 2 0,0374 0,2071 0,2958 Senegalia polyphylla 3 0,0527 0,2066 0,2950 Styrax sp1 6 0,0614 0,1996 0,2851

Zanthoxylum riedelianum 3 0,0410 0,1770 0,2527 Decidua sp1 2 0,0342 0,1767 0,2523 Hirtella gracilipes 1 0,0448 0,1490 0,2128 Astronium fraxinifolium 4 0,0330 0,1401 0,2001 Mangifera indica 4 0,0233 0,1192 0,1703 Guazuma ulmifolia 7 0,0439 0,0974 0,1390 Decidua sp2 1 0,0215 0,0943 0,1346 Annona sp1 2 0,0312 0,0846 0,1207

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Tabela 10. Continuação.

Espécie DA AB Volume (m³) Volume (st)

Terminalia glabrescens 1 0,0224 0,0750 0,1071

Psidium guajava 3 0,0171 0,0625 0,0892 Luehea grandiflora 6 0,0216 0,0589 0,0841 Machaerium stipitatum 2 0,0080 0,0195 0,0278 Myrcia splendens 2 0,0074 0,0171 0,0245

TOTAL 177 2,45 9,60 13,71

5. Material complementar

Complementarmente, a planilha de campo contendo as medições individuais

realizadas em cada uma das 9 parcelas amostradas durante o inventário podem ser vistas

no Quadro 3, a seguir.

Quadro 3. Planilha de campo com as medições realizadas em cada parcela.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

1 1 Anadenanthera peregrina 5,5 25

1 2 Anadenanthera peregrina 4,5 19,5

1 3 Aspidosperma subincanum 8 43,5

1 4 Anadenanthera peregrina 8,5 67

1 5 Senegalia polyphylla 6 19 45

1 6 Anadenanthera peregrina 9 59,5

1 7 Anadenanthera peregrina 8,5 72

1 8 Decidua sp1 2,5 18

1 9 Decidua sp1 9,5 63

1 10 Chrysophyllum marginatum 3,5 17

1 11 Chrysophyllum marginatum 5,5 44

1 12 Machaerium stipitatum 4,5 24,5

1 13 Chrysophyllum marginatum 5,5 31

1 14 Morta 2,5 23,5

2 15 Rhamnidium elaeocarpum 8,5 43

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

2 16 Rhamnidium elaeocarpum 8,5 57

2 17 Senegalia polyphylla 4 27,5

2 18 Chrysophyllum marginatum 4 36

2 19 Chrysophyllum marginatum 4 25

2 20 Luehea grandiflora 3,5 21

2 21 Chrysophyllum marginatum 4 19,5

2 22 Luehea grandiflora 4 17

2 23 Myracrodruon urundeuva 10 30 56

2 24 Annona sp1 4,5 18 19 20 24

2 25 Chrysophyllum marginatum 7 56

2 26 Chrysophyllum marginatum 5 23,5

2 27 Myracrodruon urundeuva 8 61

2 28 Senegalia polyphylla 8 59

2 29 Chrysophyllum marginatum 5 26

2 30 Styrax sp1 3 18

2 31 Annona sp1 5 23 21 26 18 17

3 32 Myracrodruon urundeuva 8 51,5

3 33 Myracrodruon urundeuva 8 62

3 34 Myracrodruon urundeuva 8 48,5

3 35 Myracrodruon urundeuva 8 30

3 36 Aspidosperma subincanum 8 46

3 37 Myracrodruon urundeuva 8 34

3 38 Myracrodruon urundeuva 8 24

3 39 Myracrodruon urundeuva 4 23

3 40 Myracrodruon urundeuva 6,5 34

3 41 Myracrodruon urundeuva 2,5 18

3 42 Styrax sp1 5 36

3 43 Myracrodruon urundeuva 7 42 30

3 44 Unonopsis guatterioides 8 46

3 45 Aspidosperma subincanum 6 28,5

3 46 Morta 2 18

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

3 47 Decidua sp2 7,5 52

4 48 Terminalia glabrescens 6 53

4 49 Anadenanthera peregrina 6 43

4 50 Myracrodruon urundeuva 6 47

4 51 Unonopsis guatterioides 5,5 29

4 52 Anadenanthera peregrina 5,5 41

4 53 Anadenanthera peregrina 7 89

4 54 Anadenanthera peregrina 7 36

4 55 Pouteria torta 5 22

4 56 Pouteria torta 5,5 41

4 57 Pouteria torta 3,5 16

4 58 Pouteria torta 6 52

4 59 Pouteria torta 4,5 31

4 60 Pouteria torta 5,5 41

4 61 Pouteria torta 4,5 27

4 62 Pouteria torta 5,5 30

4 63 Unonopsis guatterioides 5,5 32

4 64 Aspidosperma subincanum 8 42

4 65 Morta 4 18

4 66 Morta 5,5 26

4 67 Astronium fraxinifolium 2 15

4 68 Astronium fraxinifolium 4,5 20

4 69 Rhamnidium elaeocarpum 3,5 28

4 70 Rhamnidium elaeocarpum 3,5 27

4 71 Myracrodruon urundeuva 7 97

4 72 Styrax sp1 5 29

4 73 Hirtella gracilipes 6,5 75

4 74 Machaerium stipitatum 2,5 20

4 75 Morta 3 26

5 76 Aspidosperma subincanum 7,5 55

5 77 Myracrodruon urundeuva 7 63,5

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

5 78 Hymenaea courbaril 9 48,5

5 79 Mangifera indica 7,5 29,5

5 80 Myracrodruon urundeuva 8 46

5 81 Myracrodruon urundeuva 7,5 56

5 82 Mangifera indica 6,5 22

5 83 Psidium guajava 5 23

5 84 Psidium guajava 6,5 33

5 85 Myracrodruon urundeuva 2,5 19

5 86 Styrax sp1 5 36

5 87 Styrax sp1 6,5 42 30

5 88 Unonopsis guatterioides 7,5 46

5 89 Aspidosperma subincanum 6 68

5 90 Morta 2 18

5 91 Aspidosperma subincanum 5 35

5 92 Myracrodruon urundeuva 4 17

5 93 Morta 4 17

5 94 Myracrodruon urundeuva 3,5 25

5 95 Morta 3,5 22

5 96 Myracrodruon urundeuva 7,5 40 21,5

6 97 Myracrodruon urundeuva 7,5 52

6 98 Myracrodruon urundeuva 7,5 62

6 99 Hymenaea courbaril 9 48,5

6 100 Mangifera indica 7,5 33

6 101 Aspidosperma subincanum 7,5 46

6 102 Myracrodruon urundeuva 7,5 56

6 103 Mangifera indica 7,5 22

6 104 Psidium guajava 4 23

6 105 Myracrodruon urundeuva 6,5 33

6 106 Myracrodruon urundeuva 2,5 19

6 107 Styrax sp1 5 36

6 108 Unonopsis guatterioides 6,5 42 30 40

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

6 109 Unonopsis guatterioides 7,5 46

6 110 Aspidosperma subincanum 9 68

6 111 Morta 2 18

6 112 Morta 7 60

7 113 Myracrodruon urundeuva 6 36,5

7 114 Luehea grandiflora 5 22

7 115 Guazuma ulmifolia 3 25,5

7 116 Guazuma ulmifolia 3,5 20

7 117 Myracrodruon urundeuva 4 27

7 118 Guazuma ulmifolia 4 30,5

7 119 Myrsine umbellata 6,5 38,5

7 120 Guazuma ulmifolia 4 31

7 121 Zanthoxylum riedelianum 7,5 48

7 122 Morta 2 25,5

7 123 Morta 2 29

7 124 Astronium fraxinifolium 2 19,5

7 125 Unonopsis guatterioides 6 27

7 126 Myracrodruon urundeuva 7 42,5

7 127 Myracrodruon urundeuva 8,5 41,5

7 128 Unonopsis guatterioides 8,5 52

7 129 Myrsine umbellata 8,5 43 32 33

7 130 Myracrodruon urundeuva 9 129

7 131 Myrcia splendens 3,5 21,5

7 132 Morta 4 32

7 133 Myracrodruon urundeuva 3,5 18,5

7 134 Myracrodruon urundeuva 3,5 26

8 135 Myracrodruon urundeuva 6 35

8 136 Luehea grandiflora 5 23

8 137 Luehea grandiflora 3 25,5

8 138 Luehea grandiflora 3,5 18

8 139 Myracrodruon urundeuva 4 32

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

8 140 Guazuma ulmifolia 4 30,5

8 141 Myrsine umbellata 6,5 38,5

8 142 Guazuma ulmifolia 4 31,5

8 143 Zanthoxylum riedelianum 7,5 50

8 144 Guazuma ulmifolia 2 25,5

8 145 Morta 2 29

8 146 Unonopsis guatterioides 2 19,5

8 147 Unonopsis guatterioides 6 22

8 148 Myracrodruon urundeuva 7 42,5

8 149 Myracrodruon urundeuva 8,5 41,5

8 150 Astronium fraxinifolium 8,5 56

8 151 Myrsine umbellata 8,5 43 32 33

8 152 Myracrodruon urundeuva 9 111

8 153 Myrcia splendens 3,5 21,5

8 154 Morta 4 44

8 155 Zanthoxylum riedelianum 3,5 18,5

8 156 Myracrodruon urundeuva 3,5 26

9 157 Myracrodruon urundeuva 6,5 36

9 158 Myracrodruon urundeuva 5 23

9 159 Myracrodruon urundeuva 6 31 25

9 160 Anadenanthera peregrina 6,5 52

9 161 Myracrodruon urundeuva 4 23,5 26

9 162 Myracrodruon urundeuva 9,5 42 35

9 163 Myracrodruon urundeuva 4 40

9 164 Myracrodruon urundeuva 3 29

9 165 Anadenanthera peregrina 4 32

9 166 Myracrodruon urundeuva 6 34

9 167 Anadenanthera peregrina 5,5 52

9 168 Myracrodruon urundeuva 4 23

9 169 Anadenanthera peregrina 5 20

9 170 Myracrodruon urundeuva 2,5 24

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Quadro 3. Continuação.

Parcela Nº Espécie Ht (m) CAP (cm)

1 2 3 4 5

9 171 Morta 2,5 32

9 172 Myracrodruon urundeuva 4 27

9 173 Myracrodruon urundeuva 4 28

9 174 Myracrodruon urundeuva 3 20

9 175 Myracrodruon urundeuva 3,5 32

9 176 Morta 6 65 19 19

9 177 Morta 3,5 22

6. Referências bibliográficas

ALVES-JUNIOR, F. T. et al. 2010. Utilização do quociente de De Liocourt na avaliação da distribuição diamétrica em fragmentos de Floresta Ombrófila Aberta em Pernambuco. Ciência Florestal, Santa Maria, 20(2): 307-319. BRASIL. Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. BYNG, J. W. et al. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Groupclassification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, 181(1): 1-20. CETEC. Diagnóstico ambiental do estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, 1983. CETEC. Desenvolvimento de equações volumétricas aplicáveis ao manejo sustentado de florestas nativas do estado de Minas Gerais e outras regiões do país. Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, 1995. FELFILI, J. M. et al. Levantamento Ecológico Rápido. Brasília, Departamento de Engenharia Florestal - UNB, 2006. GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. 2003. Atlantic Forest hotspots status: an overview. In: Galindo-Leal, C. & Câmara, I. G. (Ed.). The Atlantic Forest of South America: biodiversity status, threats, and outlook. Washington, Center for Applied Biodiversity Science and Island Press: p 3-11.

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IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico, inventário das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, procedimentos para mapeamentos - 2ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro, IBGE, 2012. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2019. IBGE. Mapa de biomas do Brasil: primeira aproximação. 2004a. Rio de Janeiro, IBGE, 2004. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Cartas_e_Mapas/Mapas_Murais/>. Acesso em: 05 fev. 2019. IBGE. Mapa de vegetação do Brasil: primeira aproximação. 2004b. Rio de Janeiro, IBGE, 2004. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Cartas_e_Mapas/Mapas_Murais/>. Acesso em: 05 fev. 2019. IDE-SISEMA (Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Disponível em: <http://idesisema.meioambiente.mg.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2018. KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analysis: a practical approach. New York, John Wiley & Sons Ltd, 1992. MAGURRAN, A. E. Measuring biological diversity. Oxford, Blackwell Science, 2004. MELLO-BARRETO, H. L. 1942. Regiões fitogeográficas de Minas Gerais. Boletim Geográfico, nº 14. METZGER, J. P. et al. 2009. Time-lag in biological responses to landscape changes in a highly dynamic Atlantic forest region. Biological Conservation, 142: 1166-1177. MINAS GERAIS. Lei Estadual nº 13.635, de 12 de julho de 2000. Declara o buriti de interesse comum e imune de corte. MINAS GERAIS. Lei Estadual nº 20.308, de 27 de julho de 2012. Altera a Lei nº 10.883, de 2 de outubro de 1992, que declara de preservação permanente, de interesse comum e imune de corte, no estado de Minas Gerais, o pequizeiro (Caryocar brasiliense), e a Lei nº 9.743, de 15 de dezembro de 1988, que declara de interesse comum, de preservação permanente e imune de corte o ipê-amarelo. MINAS GERAIS. Decreto Estadual nº 46.602, de 19 de setembro de 2014. Declara de interesse comum, de preservação permanente e imune de corte o Pinheiro Brasileiro. MMA. Cerrado e Pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação da biodiversidade. Brasília-DF, MMA, 2007.

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MYERS, N. et al. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403: 853-858. PÉLLICO-NETTO, S.; BRENA, D. A. 1997. Inventário florestal. Curitiba, editado pelos autores. RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. 1998. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S. M. & Almeida, S. P. (eds.). Cerrado: ambiente e flora. p 87-166. Planaltina, Embrapa Cerrados. RIBEIRO, M. C. et al. 2009. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, 142(6): 1141-1153. SEMAD/IEF. Resolução conjunta SEMAD/IEF nº 1.905, de 12 de agosto de 2013. Dispõe sobre os processos de autorização para intervenção ambiental no âmbito do Estado de Minas Gerais e dá outras providências.

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ANEXO II - INVENTÁRIO QUALITATIVO DA FAUNA

HERPETOFAUNA

ORDEM

Família

Nome científico Nome popular

ANURA Bufonidae

Rhinella schneideri sapo-cururu Rhinella granulosa sapo-granuloso

Cycloramphidae Odontophrynus cultripes sapo-verruga Proceratophrys goyana sapinho-boi Proceratophrys moratoi sapo-de-chifre

Hylidae Dendropsophus elianeae pererequinha Dendropsophus jimi pererequinha-do-brejo Dendropsophus minutus perereca-de-ampulheta Dendropsophus nanus pererequinha-do-brejo Dendropsophus rubicundulus pererequinha Dendropsophus soaresi perereca-reticulada Hypsiboas albopunctatus perereca-cabrinha Hypsiboas lundii perereca Hypsiboas raniceps perereca-quarente-e-três Phyllomedusa azurea perereca-macaco Pseudis bolbodactyla rã-d’água Scinax fuscomarginatus pererequinha-do-brejo

Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro Scinax similis perereca Trachycephalus venulosus perereca-grudenta

Leptodactylidae Leptodactylus andreae rãzinha Leptodactylus chaquensis rã Leptodactylus furnarius rãzinha-cavadora Leptodactylus fuscus rã-assobiadeira

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Leptodactylus labyrinthicus rã-pimenta Leptodactylus latrans rã-manteiga Leptodactylus podicipinus rã-goteira Physalaemus cuvieri rã-cachorro Physalaemus nattereri rã-quatro-olhos Pseudopaludicola facureae - Pseudopaludicola mystacalis rãzinha-grilo

Microhylidae Elachistocleis ovalis rã-de-barriga-amarela

Craugastoridae Barycholos ternetzi rãzinha

SQUAMATA Viperidae

Bothrops moojeni jararaca Caudisona durissa cascavel Rhinocerophis alternatus urutu

Dipsadidae Sibynomorphus mikanii dormideira

Colubridae Helicops modestus cobra-d'água

Anguidae Ophiodes striatus cobra-de-vidro

Amphisbaenidae Amphisbaena slevini cobra-de-duas-cabeças

Teiidae Ameiva ameiva lagarto-verde Tupinambis merianae teiú

Scincidae

Mabuya nigropunctata calango-liso Tropiduridae

Tropidurus torquatus calango

Total de espécies: 44

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MASTOFAUNA

ORDEM

Família

Nome científico Nome popular

CARNIVORA

Canidae

Cerdocyon thous cachorro-do-mato

Chrysocyon brachyurus lobo-guará

Lycalopex vetulus raposa-do-campo

Felidae

Leopardus pardalis jaguatirica

Leopardus tigrinus gato-do-mato

Puma concolor onça-parda

Puma yagouaroundi gato-mourisco

Mephitidae

Conepatus semistriatus jaratataca

Mustelidae

Eira barbara irara

Galictis cuja furão

Lontra longicaudis lontra

Procyonidae

Nasua nasua quati

Procyon cancrivorus mão-pelada

CINGULATA

Dasypodidae

Cabassous unicinctus tatu-do-rabo-mole

Dasypus novemcinctus tatu-galinha

Euphractus sexcinctus tatu-peba

Priodontes maximus tatu-canastra

LAGOMORPHA

Leporidae

Sylvilagus brasiliensis tapiti

PILOSA

Myrmecophagidae

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Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira

Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim

PRIMATES

Callitrichidae

Callithrix penicillata mico-estrela

Cebidae

Cebus libidinosus macaco-prego

RODENTIA

Cuniculidae

Cuniculus paca paca

Dasyproctidae

Dasyprocta azarae cutia

Caviidae

Hydrochoerus hydrochaeris capivara

Erethizontidae

Coendou prehensilis ouriço-cacheiro

ARTIODACTYLA

Cervidae

Mazama americana veado-mateiro

Mazama gouazoubira veado-catingueiro

Ozotoceros bezoarticus veado-campeiro

Tayassuidae

Pecari tajacu cateto

DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae

Caluromys lanatus cuíca-lanosa

Didelphis albiventris gaba-de-orelha-branca

PERISSODACTYLA

Tapiridae

Tapirus terrestris anta

Total de espécies: 33

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ORNITOFAUNA

ORDEM

Família

Nome científico Nome popular

TINAMIFORMES Tinamidae

Crypturellus parvirostris inhambu-chororó Crypturellus undulatus jaó Nothura maculosa codorna-amarela Rhynchotus rufescens perdiz

GALLIFORMES

Cracidae Penelope superciliaris jacupemba

ANSERIFORMES

Anatidae Cairina moschata pato-do-mato

PELECANIFORMES

Ardeidae Syrigma sibilatrix maria-faceira

Threskiornithidae Mesembrinibis cayennensis coró-coró Theristicus caudatus curicaca

CHARADRIIFORMES

Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero

CATHARTIFORMES Cathartidae

Coragyps atratus urubu-comum

ACCIPITRIFORMES Accipitridae

Rupornis magnirostris gavião-carijó Urubitinga urubitinga gavião-preto

FALCONIFORMES Falconidae

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Caracara plancus carcará Falco femoralis falcão-de-coleira Falco sparverius falcão-americano Herpetotheres cachinnans acauã

GRUIFORMES Rallidae

Laterallus viridis sanã-castanha Porzana albicollis sanã-carijó

CARIAMIFORMES Cariamidae

Cariama cristata seriema

STRIGIFORMES Strigidae

Athene cunicularia coruja-buraqueira CAPRIMULGIFORMES

Caprimulgidae

Hydropsalis albicollis bacurau

CUCULIFORMES Cuculidae

Crotophaga ani anu-preto Guira guira anu-branco Piaya cayana alma-de-gato

PSITTACIFORMES

Psittacidae Alipiopsitta xanthops papagaio-galego Amazona aestiva papagaio-verdadeiro Aratinga aurea periquito-rei Aratinga leucophthalma maritaca

Brotogeris chiriri periquito-de-asa-amarela Diopsittaca nobilis maracanã-pequena

COLUMBIFORMES Columbidae

Columba livia pombo-comum Columbina minuta rolinha-de-asa-canela Columbina squammata fogo-apagou

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Columbina talpacoti rolinha-roxa Leptotila verreauxi juriti-pupu Patagioenas cayennensis pomba-galega Patagioenas picazuro pomba-trocal Zenaida auriculata pomba-de-bando

APODIFORMES Trochilidae

Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde Apodidae

Tachornis squamata andorinhão-do-buriti

PICIFORMES

Ramphastidae Ramphastos toco tucanuçu

Picidae Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho Colaptes campestris pica-pau-do-campo Picumnus albosquamatus pica-pau-anão-escamado

GALBULIFORMES

Galbulidae

Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva Bucconidae

Nystalus chacuru joão-bobo Nystalus maculatus rapazinho-dos-velhos

PASSERIFORMES Furnariidae

Furnarius rufus joão-de-barro Phacellodomus ruber graveteiro

Synallaxis albescens uí-pi Synallaxis frontalis petrim

Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado

Thamnophilidae Herpsilochmus longirostris chorozinho-de-bico-comprido Taraba major choró-boi Thamnophilus doliatus choca-barrada

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Thamnophilus pelzelni choca-do-planalto Tyrannidae

Camptostoma obsoletum risadinha Casiornis rufus caneleiro Elaenia cristata guaracava-de-topete-uniforme Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela Empidonomus varius peitica Megarynchus pitangua bem-te-vi-gameleiro Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira Pitangus sulphuratus bem-te-vi Serpophaga subcristata alegrinho Tyrannus melancholicus suiriri Tyrannus savana tesourinha Xolmis cinereus primavera Xolmis velatus noivinha-branca

Pipridae Neopelma pallescens fruxu-do-cerradão

Rhynchocyclidae Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta

Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari

Corvidae Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo Cyanocorax cyanopogon gralha-cancã

Hirundinidae Hirundo rustica andorinha-de-bando

Polioptilidae Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara

Turdidae Turdus leucomelas sabiá-barranco

Mimidae

Mimus saturninus sabiá-do-campo Parulidae

Basileuterus culicivorus pula-pula-de-barriga-branca

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Basileuterus flaveolus canário-do-mato Thraupidae

Coereba flaveola cambacica Dacnis cayana saí-azul Lanio cucullatus tico-tico-rei Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto Saltatricula atricollis bico-de-pimenta Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro Sporophila nigricollis baiano, papa-capim Tangara cayana saíra-amarela Volatinia jacarina tiziu

Fringillidae Euphonia chlorotica fim-fim

Icteridae Gnorimopsar chopi graúna Molothrus bonariensis chupim Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul

Passerellidae Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo Zonotrichia capensis tico-tico

Passeridae Passer domesticus pardal

Total de espécies: 98

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ICTIOFAUNA

ORDEM

Família

Nome científico Nome popular

CHARACIFORMES

Characidae

Astyanax altiparanae lambari

Astyanax fasciatus lambari-do-rabo-vermelho

Serrasalmidae

Serrasalmus maculatus pirambeba

Erythrinidae

Hoplias malabaricus traíra

GYMNOTIFORMES

Gymnotidae

Gymnotus inaequilabiatus tuvira

SILURIFORMES

Loricariidae

Hypostominae sp. cascudo

Heptapteridae

Rhamdia quelen jundiá, bagre

SYNBRANCHIFORMES

Synbranchidae

Synbranchus marmoratus muçum

PERCIFORMES

Cichlidae

Cichlasoma paranaense acará

Oreochromis niloticus tilápia

Total de espécies: 10

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ANEXO III - FORMULÁRIO DE CADASTRO DO PESQUISADOR

1. DADOS PESSOAIS

Nome completo:

Data de nascimento: CPF:

Naturalidade: Nacionalidade:

E-mail: Celular: 2. ENDEREÇO RESIDENCIAL

Logradouro:

Número: Complemento: Bairro:

Cidade: Estado: CEP: 3. FORMAÇÃO ACADÊMICA

Curso (graduação):

Situação: (__) Concluído (__) Em andamento

Instituição:

Último título acadêmico: (__) Graduado (__) Mestre (__) Doutor

Nº de registro no conselho profissional (graduado):

Nº de matricula (graduando): 4. PESQUISA

Título do projeto de pesquisa:

Instituição:

Departamento:

Orientador:

Início da pesquisa: Término da pesquisa:

Coleta de material biológico: (__) Sim (__) Não

Materiais utilizados em campo: (__) fitas de marcação (__) baldes

(__) sacos plásticos (__) corda (__) estacas

(__) pregos (__) plaquetas (__) pluviômetros

(__) outros - especifique:

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Indicar no mapa os quadrantes onde a pesquisa será realizada

Ao assinar o presente Termo de Compromisso, o pesquisador se compromete a:

i. Enviar cópia do projeto de pesquisa, em formato digital, à proprietária da Reserva

Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Gana;

ii. Aguardar análise e autorização do projeto submetido antes de iniciar a pesquisa;

iii. Ao final da pesquisa, recolher todo o material utilizado em campo, tais como fitas de

marcação, baldes, sacos plásticos, cordas, estacas, pregos, plaquetas etc.;

iv. Enviar cópia do produto da pesquisa (monografia, dissertação, tese, artigo etc.), em

formato digital, à proprietária da RPPN Fazenda Gana;

v. Renovar a autorização de pesquisa, caso a mesma se estenda posteriormente à data de

término informada previamente neste formulário.

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Considerações finais:

i. O não cumprimento das normas estabelecidas no presente Termo de Compromisso

acarretará na suspenção imediata da pesquisa, sendo o pesquisador sujeito a sanções

administrativas previstas em lei;

ii. A autorização emitida pela proprietária da RPPN não dispensa o pesquisador de obter

a devida licença de pesquisa junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBIO).

_______________________, ___ de _________________ de 20___

____________________________________________

Assinatura do pesquisador

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ANEXO IV – PROJETO DE DRENAGEM SUPERFICIAL

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PROJETO DE DRENAGEM SUPERFICIAL

E CONTROLE DE EROSÃO

Fazenda Gana

Setembro de 2019

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2 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3

2 OBJETIVO ....................................................................................................................... 3

3 LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................... 4

4 CONCEITOS DE EROSÃO DOS SOLOS ....................................................................... 7

4.1 Erosão dos Solos ..................................................................................................... 7

4.2 Causas de degradação dos solos ............................................................................ 7

4.3 Etapas do processo de erosão hídrica ..................................................................... 7

4.4 Classificação de erosões hídricas ............................................................................ 8

5 RECUPERAÇÃO E DRENAGEM SUPERFICIAL ........................................................... 9

5.1 Cobertura Vegetal .................................................................................................... 9

5.2 Reconformação do talude ...................................................................................... 10

5.3 Cobertura inicial da área erodida ........................................................................... 10

5.4 Revegetação da área ............................................................................................. 10

5.5 Drenagem superficial ............................................................................................. 10

5.5.1 Descida d'água ................................................................................................. 10

5.5.2 Dissipadores de energia ................................................................................... 16

6 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 21

7 ANEXOS ....................................................................................................................... 22

7.1 ANEXO 1 ................................................................................................................ 22

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3 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por finalidade a apresentação de um projeto de drenagem

superficial para interromper o processo de erosão existente na região chamada zona de

recuperação prevista no Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)

Fazenda Gana, localizada na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, correspondente à

bacia do Rio Paranaíba (60), no município de Tupaciguara, estado de Minas Gerais.

Dado que o trecho de recuperação destacado deste projeto está localizado em uma área

de proteção ambiental, as intervenções propostas neste documento são de extrema importância

para a proteção e conservação dos recursos naturais existentes no local, tal como definido como

principal objetivo da RPPN no item 3.1 do Plano de Manejo.

2 OBJETIVO

O presente relatório tem por objetivo definir as diretrizes de projeto, compreendendo

cálculos e conceitos no que tange aos projetos de drenagem superficial para controle de erosão.

Além disso, o relatório procura descrever de forma sucinta as definições, considerações e

metodologias utilizadas.

De modo a atingir estes objetivos, foram realizados esforços guiados pelos manuais e

respectivas normas dos projetos abordados, além do conhecimento de engenharia e

desenvolvimento de projetos dos profissionais envolvidos.

Neste relatório, estão descritos todos os estudos realizados para a conclusão do projeto de

drenagem superficial.

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4 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

3 LOCALIZAÇÃO

A área em estudo se encontra na RPPN Fazenda Gana, no município de Tupaciguara. O

município de Tupaciguara, com 1.823,96 km² de extensão territorial, situa-se no estado de Minas

Gerais, na mesorregião do Triângulo Mineiro e microrregião de Uberlândia (Figura 1), a 610 km da

capital mineira (Belo Horizonte) e 70 km de Uberlândia, município com a segunda maior

população do estado. As principais rodovias de acesso ao município são: BR-452 e MG-223.

Figura 1 - Localização do município de Tupaciguara no estado de Minas Gerais. Fonte: Plano de Manejo, 2019

A RPPN Fazenda Gana localiza-se a cerca de 20 km da Prefeitura Municipal de

Tupaciguara (PMT), conforme indicado na Figura 2. Tendo a PMT como ponto de partida, siga por

200 metros em direção à Praça Nossa Senhora da Abadia e na rotatória pegue a primeira saída à

direita para a Rua Bueno Brandão, seguindo nessa via por 2 km. Após percorrer o trecho, vire à

esquerda na Rua Camilo Abdulmassih e, logo após, vire à direita na Rua Bom Sucesso, seguindo

nessa via por 750 metros. Em seguida, vire à direita na Rua Maria Teixeira e continue para a Rua

Padre Simão Janete, seguindo nessa via por 16 km, dos quais apenas o primeiro km é asfaltado.

Após percorrer 16 km, vire à direita, antes de cruzar o Ribeirão da Cachoeira, seguindo por 1,5 km

até chegar à RPPN. O tempo estimado de deslocamento é de 35 minutos.

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5 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

Figura 2 - Imagem de satélite indicando o trajeto entre a Prefeitura Municipal de Tupaciguara e a RPPN Fazenda Gana.

Fonte: Plano de Manejo, 2019

A localização da área em estudo pode ser visualizada de forma mais detalhada na Figura

3 e imagens do estado de erosão atual pode ser visualizado na Figura 4.

Figura 3 - Localização da área em erosão Fonte: Adaptado do Google Earth, 2019

RPPN Fazenda Gana

Prefeitura de Tupaciguara

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6 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

Figura 4 - Fotos do local da erosão

a) Vista superior do talude em

processo de erosão b) Vista frontal do talude em

processo de erosão c) Detalhe do solo sedimentar em

processo de erosão

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7 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

4 CONCEITOS DE EROSÃO DOS SOLOS

4.1 Erosão dos Solos

Erosão geológica ou natural é o processo de desgaste pelo qual um solo é formado.

Fisicamente, é a quantidade de trabalho envolvida no desprendimento do material de solo e

transporte, formando então novos solos. Entretanto, este processo pode ser acelerado pela ação

antrópica, podendo alcançar níveis danosos ao meio ambiente, causando empobrecimento pela

perda de nutrientes e matéria orgânica e do próprio solo, além da contaminação de recursos

hídricos (MACEDO, CAPECHE e MELO, 2009).

4.2 Causas de degradação dos solos

A degradação dos solos pode ser classificada segundo o agente causador como erosão

hídrica, eólica, química, física ou biológica. Entretanto, os principais agentes de erosão nas

regiões tropicais são as ações hídricas, em sua grande maioria, e eólicas.

A erosão hídrica, provocada pela ação da água, está relacionada ao escoamento

superficial da água da chuva que, sob ação da gravidade, movimenta-se na superfície do solo

carregando sedimentos para jusante. A integração dos vários fatores como atributos do solo,

características das chuvas, topografia, cobertura vegetal e manejo do solo determinam a forma e

intensidade da erosão hídrica.

A erosão eólica, causada pela ação dos ventos, é menos comum no Brasil e não é a forma

mais grave de degradação possível. Sua intensidade está diretamente conectada à velocidade da

ação do vento e à área livre de vegetação ou obstáculos naturais, estando mais conectada a

grandes planícies sem cobertura vegetal (MACEDO, CAPECHE e MELO, 2009).

4.3 Etapas do processo de erosão hídrica

A erosão hídrica é um processo complexo, mas que pode ser dividido em quatro fases. A

primeira, impacto, é caracterizada pelo desprendimento das partículas do solo causadas pelo

impacto das gotas de chuva. Em seguida, ocorre a desagregação, processo em que os

agregados, que foram inicialmente umedecidos pela chuva, reduzindo as forças coesivas, são

desintegrados em partículas menores. A partir do momento em que a intensidade de precipitação

excede a taxa de infiltração do solo, inicia-se o processo de transporte de partículas, devido ao

umedecimento do solo e pelo selamento superficial. Por fim, o processo de deposição ocorre

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quando a carga de sedimentos é maior do que a capacidade de transporte do fluxo d'água

(MACEDO, CAPECHE e MELO, 2009).

4.4 Classificação de erosões hídricas

A erosão hídrica pode ser classificada da seguinte forma (CHAVES et al, 2012):

"(...)

• Salpico - processo pelo qual as partículas dos solos são desagregadas na superfície graças ao

impacto direto das gotas das chuvas, ocasionando o entupimento dos poros do solo e a formação de uma

superfície selante, aumentando muito a velocidade e a intensidade do escoamento superficial.

• Laminar - com as partículas de solo desprendidas pelo processo de salpico, elas são facilmente

carreadas pelas águas que escorrem superficialmente pela área. Dessa forma, o solo vai perdendo sua

camada superficial, mais rica em matéria orgânica e nutrientes, de forma bem homogênea, comprometendo

o desenvolvimento da cobertura vegetal e deixando o solo cada vez mais exposto à ação erosiva das

enxurradas.

• Sulcos - na medida em que o escoamento superficial aumenta e ocorre a concentração de água

em alguns pontos do terreno, iniciam-se pequenas incisões no solo que podem ir aumentando de tamanho e

formando sulcos (cicatrizes) de diferentes larguras e profundidades. A evolução dos sulcos vai dar origem

às ravinas, que são basicamente o mesmo tipo de feição erosiva, porém de tamanho maior. Ambos os

processos tendem a evoluir encosta abaixo.

• Deslizamentos de terras - constituem movimentos rápidos, de grandes quantidades de material.

Ocorrem normalmente como consequência da existência de descontinuidade no perfil do solo, de trabalhos

geotécnicos imperfeitos (taludes) e da própria dinâmica de áreas com relevo acidentado. São considerados

também dentro do escopo dos processos erosivos, apesar de serem normalmente negligenciados no

contexto do estudo da erosão dos solos (MORGAN, 1985). Processos como este também podem dar

origem à formação de voçorocas.

• Voçorocas - constituem o estágio mais avançado de erosão e, portanto, mais difícil de ser contida.

São produtos de águas superficiais que, correndo na superfície, provocam desgaste, desbarrancamentos,

arrastamentos de solos etc., podendo também ser provocadas por águas profundas que, infiltrando-se no

solo, caminham pelo perfil a dentro, mais ou menos verticalmente, até encontrar uma camada impermeável

ou menos permeável onde se acumulam e se deslocam no sentido horizontal, causando deslizamentos e

desmoronamentos (desbarrancamentos) (GALETI, 1984). (...)"

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5 RECUPERAÇÃO E DRENAGEM SUPERFICIAL

Na área em estudo, verifica-se uma erosão hídrica em processo avançado, compondo um

talude instável e em processo contínuo de erosão. O processo vem causando danos à vegetação

em mata do local, causando progressiva redução da densidade de árvores. Desta forma, este

projeto visa realizar a reconformação da área erodida e dimensionar uma descida d'água tubular

agregada a uma bacia de amortecimento para recolhimento da água de escoamento superficial,

de modo a se interromper processos erosivos, recuperar e proteger a área.

5.1 Cobertura Vegetal

Para estabilização de áreas afetadas por processos de voçorocamento ou deslizamentos

de terra, Chaves (2012) recomenda, inicialmente, conduzir adequadamente as águas

provenientes do escoamento superficial na área à montante, de forma a reduzir sua velocidade e

aumentar sua infiltração. Em geral, as principais causas para estão relacionadas à locação de

estradas em áreas impróprias, com canais de drenagem mal dimensionados ou mesmo sem

qualquer dreno, caminhos ou trilhas formadas pela passagem constante de animais, pessoas e/ou

máquinas, assim como a aplicação de água acima da capacidade de retenção do solo proveniente

de irrigação mal conduzida.

Entretanto, os limites da propriedade privada passível de intervenção englobam apenas o

trecho que encontra-se em processo de erosão, não havendo a possibilidade de realizar um

projeto de drenagem superficial na área de pasto a montante do local, a área de contribuição do

escoamento superficial no trecho em erosão, por se tratar de propriedade privada de terceiros.

Chaves (2012) determina que quando não for possível desviar ou reter as águas do

escoamento superficial, deve-se utilizar de técnicas que reduzam a velocidade da água na parte

interna, como o uso de paliçadas e cordões vegetados.

Neste projeto, serão implantas paliçadas ao longo do talude, de modo a reduzir a

velocidade com que a água escoa pela superfície. Chaves (2012) indica que a construção das

paliçadas pode ser feita com bambu, de modo que as estacas são colocadas na horizontal e, por

trás delas, escoras de bambu de maior diâmetro deverão ser enterradas, no mínimo, 60 cm no

solo. Desta forma, evita-se que a água abra caminho por baixo das paliçadas, causando seu

solapamento, podendo-se colocar pedras no fundo da paliçada quando houver disponibilidade

e/ou encaixar estacas de bambu na vertical.

A fixação das paliçadas será feita através de cortes nas laterais da área erodida, de forma

a garantir a sua estabilização até que a vegetação se desenvolva. As estruturas devem ser

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amarradas com arame de aço inoxidável, mantendo as estacas bem unidas para aumentar a

eficiência na retenção de sedimentos e redução na velocidade da água. Em seguida, deve-se

acomodar sacos de ráfia ou algodão cheios de terra para absorver os impacto da água que

atravessa a paliçada e proteger a estrutura.

5.2 Reconformação do talude

A reconformação do talude deverá ser realizada para garantir sua estabilização e permitir o

reestabelecimento da vegetação nativa. Este trabalho pode ser executado co o uso de enxadas e

deverá ser realizado durante o período mais seco, preparando a área para o início do período

chuvoso, quando a vegetação irá se desenvolver melhor.

5.3 Cobertura inicial da área erodida

Após a realização das práticas mecânicas, como a construção de paliçadas e a

reconformação de taludes e barrancos, devem ser aplicados restos vegetais para a formação de

cobertura morta sobre a superfície erodida até que as espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas

implantadas se estabeleçam e garantam boa proteção ao solo. Para isso, devem ser usados

resíduos de origem vegetal disponíveis na região, dando preferência a materiais mais fibrosos,

que vão recobrir o solo por mais tempo, como palhas, cascas e serragem.

5.4 Revegetação da área

Dado que a área tem tratamento é estreita (até 10 m de largura, aproximadamente) e que

existe mata em sua vizinhança, não é necessário o plantio de novas espécies, dada a capacidade

de regeneração da vegetação após a interrupção do processo erosivo por meio da obra de

drenagem dimensionada a seguir.

5.5 Drenagem superficial

Os cálculos das estruturas de drenagem descritos neste documento se basearam no

"Manual de Drenagem de Rodovias" (DNIT, 2006a).

5.5.1 Descida d'água

As descidas d'água têm como objetivo conduzir as águas captadas por outros dispositivos

de drenagem, pelos taludes de corte e aterro, como apresentado na Figura 5.

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Figura 5 - Estrutura de drenagem: descida d'água

As descidas d'água podem ser do tipo rápido ou em degraus. A escolha é feita em função

da análise técnica, econômica e ambiental de fatores como a velocidade limite do escoamento

para que não provoque erosão, as características geotécnicas dos taludes, o terreno natural, a

necessidade de quebra de energia do fluxo d'água e os dispositivos de amortecimento na saída.

Estes dispositivos podem ter seção retangular (em calha ou degraus), semicircular ou meia

cana (de concreto ou metálica) ou em tubos de concreto ou metálicos.

5.5.1.1 Descarga de contribuição Para proceder ao dimensionamento hidráulico da descida d'água, há necessidade de se

estimar a descarga de contribuição, ou o escoamento superficial. O método racional será utilizado

neste dimensionamento, método que consiste em demarcar a área de drenagem, tendo como

limites a exutória na entrada da descida d'água e os divisores de água a montante.

A fórmula do método racional consiste em:

=

36 10

onde:

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Q = descarga de contribuição em m³/s;

c = coeficiente de escoamento, adimencional, fixado de acordo com o complexo solo-

cobertura vegetal e declividade do terreno na Figura 6 ; (prados e campinas: 0,40)

i = intensidade de precipitação, em cm/h para a chuva de projeto; (TR=10 anos e chuvas

com duração de 60 minutos: 3,7 cm/h) (PETRUCCI, 2018)

A = área de contribuição, em m², determinada através de levantamentos topográficos.

(191793,96 m²)

Figura 6 - Coeficiente de escoamento superficial

=0,40 3,7 191793,96

36 10= 0,79 ³/

A descarga de contribuição que deverá ser transportada pelas estruturas dimensionadas

resultou em 0,79 m³/s.

5.5.1.2 Dimensionamento hidráulico da descida d'água O dimensionamento pode ser realizado através de dois métodos: pela fórmula empírica,

baseada em experiências de laboratório, ou através da teoria hidráulica do movimento

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uniformemente variado. Neste caso, dado o relevo íngreme d'água tubular é estruturalmente mais

indicada, sendo que, para dimensionamento de uma descida em dois tubos de aço de 0,80 m

cada, será utilizado o segundo método. A descida em tubos metálicos também tem a vantagem de

permitir sua execução sem a necessidade de supressão vegetal.

Este método consiste em determinar o perfil da linha d'água ou a curva de profundidade da

água ao longo da descida, considerando o fluxo gradualmente variado.

Os cálculos são executados por etapas, dividindo-se a descida em curtas seções,

determinando-se em cada seção a profundidade do líquido, a velocidade e a distância à origem.

Figura 7 - Descida de comprimento Δx

A Figura 8, ilustra uma seção curta de uma descida de comprimento Δx. Aplicando-se o

Teorema de Bernoulii as seções extremas (seção 1 e 2) , tem-se:

∆ + +∝2

= +∝2

+ ∆

isolando Δx:

∆ =−−

=∆−

(equação 01)

onde:

E = energia específica, e admitindo-se que α1=α2 =α

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= +∝2

Nas equações acima y é a profundidade do fluxo, V é a velocidade média, a é o coeficiente

de energia, Io é a declividade do fundo e If, é a declividade da linha de energia.

Usando-se a fórmula de Manning, a declividade da linha de energia ou declividade de atrito

é expressa por:

=

(equação 02)

O método é baseado na equação 1 e os passos de cálculo são expostos a seguir.

- Determinação da profundidade crítica Para descidas d'água circulares a profundidade crítica será determinada da seguinte

forma:

- Determinar o fator de seção (Z)

=

onde:

Q = Descarga de projeto a ser conduzida pela descida d'água, em m³/s;

g = gravidade, definida como 9,81 m/s².

- Calcular o valor W

= ,

onde,

do - é o diâmetro da seção circular

A partir da Tabela 38 do Apêndice C do manual (Anexo 1), utiliza-se o valor W para

encontrar a relação y/do, determinando-se assim o valor da profundidade crítica yc.

A vazão em cada uma das descidas tubulares será de 0,40 m³/s, distribuindo-se

igualmente a vazão total de 0,79 m³/s nas duas tubulações.

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15 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

Seguindo os passos determinados, utilizando-se a vazão Q equivalente a 0,40 m³/s

para cada descida e diâmetro do igual a 0,80 m, encontra-se um valor de 0,48 para y/do,

resultando na profundidade crítica yc igual a 0,38 m.

- Determinação da profundidade normal

Para descidas d'água de seção circular a profundidade normal pode ser

determinada pela aplicação da fórmula de Manning associada à equação da continuidade.

=

onde:

A = área molhada, em m²;

Rh = raio hidráulico, em m;

n = coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional;

Q = vazão de escoamento, em m³/s;

I0 = declividade do fundo, em m/m.

Dividindo-se por do8/3:

=

A partir do valor t encontrado, é possível determinar a profundidade normal yn no

trecho utilizando a Tabela 38 do Apêndice C do manual (Anexo 1).

Seguindo estes passos, tomando o diâmetro do descida do como 1,20 m, o

coeficiente de Manning do aço como 0,011 e declividade de fundo como 0,53846 m/m

(declividade do talude de 14 m de altura e 26 m de comprimento), encontra-se um valor

de 0,13 para y/do, resultando na profundidade normal yn igual a 0,10 m.

5.5.1.3 Cálculo da velocidade no pé da descida Considerando-se a Figura 8 , que representa o talude de uma seção em aterro, vê-se que:

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Figura 8 - Seção de um talude

O teorema de Bernoulli, + + = , aplicado às seções A e B, fornece:

+ +2

= + +2

como, pA = pB = pressão atmosférica e zA = zB + H, têm-se:

= + 2

Para efeito de cálculo, considera-se vA igual à velocidade de água na sarjeta. Como esta

velocidade é teoreticamente igual à velocidade da água na sarjeta do aterro, esta sofre uma

sensível redução quando o fluxo passa pela saída d'água, em virtude principalmente do aumento

da seção de vazão. Na prática, dispensa-se o valor de vA e a expressão anterior passa a ser:

= 2 = √2 9,81 14 = 16,57 /

No caso do talude em estudo, que apresenta um comprimento de 26,00 m e uma diferença

de nível (H) igual a 14,00 m, a velocidade no pé da descida será igual a 16,57 m/s.

5.5.2 Dissipadores de energia

Os dissipadores de energia são dispositivos destinados a dissipar energia do fluxo d'água,

reduzindo consequentemente sua velocidade no deságue, neste caso, para o terreno natural,

evitando erosão na transição entre a estrutura e o terreno natural.

Os dissipadores de energia podem ser classificados em localizados (bacias de

amortecimento) e contínuos (descidas d'água em degraus).

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5.5.2.1 Dimensionamento da bacia de amortecimento As bacias de amortecimento ou dissipadores localizados são obras de drenagem

destinadas, mediante dissipação de energia, a diminuir a velocidade da água quando esta passa

de um dispositivo de drenagem superficial qualquer para o terreno natural, de modo a evitar o

fenômeno da erosão. Este dispositivo será instalado no pé da descida d'água.

O dimensionamento hidráulico será em função da velocidade de escoamento d'água a

montante e da altura do fluxo afluente.

Segundo experiências elaboradas pelo Bureau of Reclamation, USA o ressalto hidráulico

que ocorre na bacia de amortecimento é função da variação do número de Froude e a

determinação deste ressalto hidráulico permitirá o dimensionamento do dispositivo.

Calcula-se o número de Froude pela expressão:

= =16,57

√9,81 0,10= 16,41

onde:

F1 = Número de Froude;

vB = velocidade do fluxo afluente à bacia, em m/s;

y1 = altura do fluxo afluente à bacia, em m;

g = aceleração da gravidade, em m/s².

Segundo Tomaz (2010), a bacia de amortecimento mais adequada para este projeto é a

Tipo III, indicada para vazões menores de 19 m³/s, velocidades entre 15 e 18 m/s e número de

Froude maior que 4,5, aplicada para canais pequenos e pequenas obras hidráulicas.

Desta forma, seguindo dimensionamento proposto por Thomaz (2010), define-se a relação

Tw/D1 na Figura 9, onde Tw é a profundidade no final do ressalto hidráulico (y2) e o D1 é a

profundidade na entrada da bacia de amortecimento (yn).

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Figura 9 - Relação Tw/D1 para bacias de amortecimento do Tipo III

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A partir do número de Froude encontrado nos cálculos descritos igual a 16,41 e extraindo-

se da figura a relação Tw/D1=22,5, a profundidade na saída da bacia de amortecimento pode então

ser calculada a partir da equação a seguir, resultando em y2 igual a 2,34 m.

=

Em seguida, utiliza-se a Figura 10 para extrair a relação do comprimento do ressalto (LIII),

equivalente ao comprimento da bacia, pela profundidade y2 (D2).

Figura 10 - Relação LIII/D2 para bacias de amortecimento do Tipo III

A relação de LIII/y2 extraída é igual a 2,70, levando a uma bacia de amortecimento com

6,32 m de comprimento.

Figura 11 - Componentes da bacia de amortecimento

O manual do DNIT (2006a), recomenda ainda a instalação de cunhas e dentes, como

indicado na Figura 11. O dimensionamento destes componentes seguem especificadas abaixo.

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20 Projeto de Drenagem Superficial e Controle de Erosão RPPN Fazenda Gana, Tupaciguara/MG

Largura das cunhas = yn = 0,10 m

Altura das cunhas = yn = 0,10 m

Espaçamento entre as cunhas = yn = 0,10 m

Largura dos dentes = 0,75 yn = 0,08 m

Altura dos dentes = yn = 0,10 m

Espaçamento entre os dentes = 0,75 yn = 0,08 m

Distância do dente à borda = 0,375 yn = 0,04 m

Altura da soleira (c) = 0,07 y2 = 0,16 m

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6 BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, A. G. de; CAPECHE, C. L.; PORTOCARRERO, H. Práticas mecânicas e vegetativas para controle de voçorocas. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2005. 4 p. (Embrapa

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Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. 2a ed. Rio de Janeiro, 2016. 327 p.

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Nacional de Infra-estrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenação

Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. 2a ed. Rio de Janeiro, 2016.

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PETRUCCI, Eduardo. Características do clima de Uberlândia-MG: análise da precipitação e umidade relativa. 2018. Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade

Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.

TOMAZ, Plínio. Capítulo 49- Dissipador de energia para obras hidráulicas de pequeno porte. Apostila do Curso de Manejo de águas pluviais, 2010.

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7 ANEXOS

7.1 ANEXO 1