100

Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu
Page 2: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo

Área de Proteção Ambiental Estadual

de Macaé de Cima -

Contextualização e Análise Regional

(Módulo 2)

Page 3: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Governo do Estado do Rio de Janeiro

Luiz Fernando de Souza

Governador

Secretaria de Estado do Ambiente (SEA)

Carlos Francisco Portinho

Secretário

Instituto Estadual do Ambiente (Inea)

Isaura Maria Ferreira Frega

Presidente

Marco Aurélio Damato Porto

Vice-presidente

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap)

Guido Gelli

Diretor

Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade (Combio)

Daniela Pires e Albuquerque

Coordenadora

Gerência de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (Geuso)

Luiz Dias da Mota Lima

Gerente

Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima

Victor Niklitschek Urzua

Chefe da Unidade de Conservação

Page 4: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo

Área de Proteção Ambiental Estadual

de Macaé de Cima -

Contextualização e Análise Regional

(Módulo 2)

Coordenação geral / Inea:

Luiz Dias da Mota Lima, gerente de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (Geuso),

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap)

Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação / Inea:

Ana Carolina Marques de Oliveira

Carlos Henrique Martins Gomes

Daniel Di Giorgi Toffoli

Jonas André Marien

Liane da Cruz Cordeiro Moreira

Luiz Dias da Mota Lima

Priscila Diniz Barros Almeida

Coordenação institucional da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD):

Luis Paulo Ferraz, secretário-executivo

Coordenação técnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):

Maria Fernanda Santos Quintela da Costa Nunes, Instituto de Biologia, Laboratório de Ecologia

Aplicada

Equipe Técnica de Elaboração do Módulo / UFRJ:

Carolina Dunshee de Carvalho, Edna Maia Machado Guimarães, Flavia Colacchi, Maria Cristina

Lemos Ramos, Maria Fernanda Santos Quintela da Costa Nunes, Paulo Chaffin, Rolf Bateman

Hippertt Hatje, Anderson de Moura Bonilha (estagiário), Denise de Souza Silveira (estagiária),

Thales Fernandes do Carmo (estagiário)

Apoio administrativo / UFRJ:

Julio Lisboa

Maria Hermínia da Silva Cunha Leitão

Rio de Janeiro

2014

Page 5: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Direitos desta edição do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap)

Av. Venezuela, 110 - 3º andar - Saúde

20081-312 - Rio de Janeiro - RJ

O Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima foi elaborado

com recursos cedidos pela Usina Termoelétrica Norte Fluminense por meio da Câmara de

Compensação Ambiental (CCA).

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Disponível para consulta na Biblioteca Central do Inea ou em www.inea.rj.gov.br >

Biodiversidade e Áreas Protegidas > Publicações

Fotos:

Paulo Chaffin

Diagramação:

Julio Lisboa

Catalogação na fonte

I59 Instituto Estadual do Ambiente

APA Estadual de Macaé de Cima: plano de manejo - contextualização e

análise regional . -- Rio de Janeiro: Inea, 2014.

99p. il (Módulo 2)

1. Unidade de conservação. 2. Plano de manejo. 3. Desenvolvimento

sustentável. 4. Área de Proteção ambiental de Macáe de Cima. I. Associação

Mico-Leão Dourado. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. III. Título.

CDU 502.72 (Macaé de Cima)

Page 6: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Apresentação

Este documento é o Módulo 2 do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Estadual de

Macaé de Cima, que apresenta a sua Contextualização e Análise Regional. Estão descritas as

relações da APA nos contextos internacional, federal, estadual e municipal, e a sua importância

na estratégia de conservação do Brasil. Estão apresentadas, também, informações

sistematizadas das Unidades de Conservação nos âmbitos federal, estadual e municipal,

localizadas no Estado do Rio de Janeiro.

O documento descreve os sete Municípios considerados na região da APA, no que se refere ao

contexto socioeconômico e cultural.

Page 7: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Sumário

Apresentação .......................................................................................................................................................... 6

Sumário ................................................................................................................................................................... 7

2 Contextualização e Análise Regional ......................................................................................................... 10

2.1 Enfoque Internacional .................................................................................................................................. 10

2.1.1 Análise da Unidade de Conservação frente à sua situação de inserção na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica .................................................................................................................. 10

2.1.2 Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro ................................................. 11 2.1.3 Acordos Internacionais ........................................................................................................................ 17

2.2 Enfoque Federal ........................................................................................................................................... 21

2.2.1 A Unidade de Conservação e o Cenário Federal ................................................................................ 21 2.2.1.1 Classificações do território ..................................................................................................... 21

2.3 Enfoque Estadual ......................................................................................................................................... 28

2.3.1 Implicações Ambientais....................................................................................................................... 28 2.3.2 Regiões Fitoecológicas no Estado do Rio de Janeiro ......................................................................... 31

2.3.2.1 Floresta Ombrófila ................................................................................................................. 32 2.3.2.2 Refúgio Ecológico .................................................................................................................. 33

2.3.3 Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro .................................................................... 34 2.3.3.1 Esfera Federal ....................................................................................................................... 35 2.3.3.2 Esfera Estadual ..................................................................................................................... 42 2.3.3.3 Esfera Municipal .................................................................................................................... 48 2.3.3.4 A criação das RPPN .............................................................................................................. 49

2.3.4 O Planejamento Regional e a Inserção da APA .................................................................................. 53 2.3.4.1 Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro ............................................................. 54

2.4 A APA de Macaé de Cima e a Mata Atlântica ............................................................................................. 56

2.5 Gestão integrada de Unidades de Conservação ....................................................................................... 58

2.5.1 Iniciativas para a implantação de corredores ecológicos .................................................................... 59 2.5.2 O Projeto Corredores Ecológicos do Brasil e o Corredor da Serra do Mar ......................................... 60

2.6 Diagnóstico Socioeconômico ..................................................................................................................... 61

2.6.1 Definição da Região da APA ............................................................................................................... 61 2.6.2 Aspectos Histórico-Culturais ............................................................................................................... 62 2.6.3 Os Municípios da Região da APA ....................................................................................................... 63

2.6.3.1 Cachoeiras de Macacu .......................................................................................................... 63 2.6.3.2 Macaé .................................................................................................................................... 65 2.6.3.3 Nova Friburgo ........................................................................................................................ 69 2.6.3.4 Silva Jardim ........................................................................................................................... 72 2.6.3.5 Casimiro de Abreu ................................................................................................................. 75 2.6.3.6 Trajano de Moraes ................................................................................................................. 76 2.6.3.7 Bom Jardim............................................................................................................................ 77

2.6.4 Aspectos Demográficos ...................................................................................................................... 79 2.6.5 Aspectos Socioeconômicos ................................................................................................................ 82 2.6.6 Infraestrutura Básica na Região da APA ............................................................................................. 87

2.7 Uso e cobertura do solo da região .............................................................................................................. 91

2.8 Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 95

Lista de Quadros

QUADRO 2.1 Principais acordos e convenções internacionais firmados pelo Brasil .................................. 19

QUADRO 2.2 Regiões Fitoecológicas Originais da Mata Atlântica ............................................................. 31

QUADRO 2.3 Região influenciada pela APA - Classificação do IBGE ....................................................... 62

QUADRO 2.4 Aspectos históricos dos municípios da Região da APA Estadual de Macaé de Cima. ......... 63

Page 8: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Lista de Tabelas

TABELA 2.1 Municípios abrangidos pela RBMA no Estado do Rio de Janeiro. ........................................ 12

TABELA 2.2 Reservas Particulares do Patrimônio Natural abrangidas pela RBMA no Estado do Rio de Janeiro. ................................................................................................................................. 16

TABELA 2.3 Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro sob tutela federal ......................... 35

TABELA 2.4 Número total de Unidades de Conservação federais criadas no Estado do Rio de Janeiro, por grupo, sua área total e porcentagem. ............................................................................. 36

TABELA 2.5 Parques Nacionais do Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal. ................................ 36

TABELA 2.6 Reservas Biológicas do Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal. .............................. 39

TABELA 2.7 Estação Ecológica inserida no Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal. ................... 39

TABELA 2.8 Áreas de Preservação Ambiental do Rio de Janeiro, sob tutela federal. .............................. 40

TABELA 2.9 Área de Relevante Interesse Ecológico do Rio de Janeiro, sob tutela federal. .................... 41

TABELA 2.10 Monumento Natural do Rio de Janeiro, sob tutela federal .................................................... 41

TABELA 2.11 Reserva Extrativista do Rio de Janeiro, sob a tutela federal ................................................ 41

TABELA 2.12 Floresta Nacional, sob tutela federal. ................................................................................... 42

TABELA 2.13 Unidades de Conservação Estaduais. .................................................................................. 42

TABELA 2.14 Número total de Unidades de Conservação estaduais do Rio de Janeiro, por grupo, sua área total e porcentagem. ..................................................................................................... 43

TABELA 2.15 Parques Estaduais do Estado do Rio de Janeiro, apresentados por ordem crescente do ano de sua criação. .............................................................................................................. 45

TABELA 2.16 Estações Ecológicas do Estado do Rio de Janeiro. ............................................................. 46

TABELA 2.17 Reservas Biológicas do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação. .............................................................................................................. 46

TABELA 2.18 Reservas Ecológicas do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação. .............................................................................................................. 47

TABELA 2.19 Áreas de Proteção Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação. ......................................................................................... 47

TABELA 2.20 Unidades de Conservação de Bom Jardim. ......................................................................... 48

TABELA 2.21 Os maiores recebedores do ICMS Verde no Estado do Rio de Janeiro em 2013. ............... 49

TABELA 2.22 Informações sobre as Reservas Particulares do Patrimônio Natural do Estado do Rio de Janeiro. ................................................................................................................................. 50

TABELA 2.23 Valores de área referentes à Mata Atlântica em vários Estados brasileiros ......................... 56

TABELA 2.24 Tamanho atual das populações residentes na região da APA Macaé de Cima ................... 79

TABELA 2.25 Incremento populacional na região da APA Macaé de Cima................................................ 80

TABELA 2.26 Municípios da Região da APA: Densidade Populacional. .................................................... 82

TABELA 2.27 Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios da Região da APA. ............................ 83

TABELA 2.28 Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) dos municípios da Região da UC e sua posição do Ranking Estadual. ....................................................................................... 84

TABELA 2.29 Produto Interno Bruto na Região da APA Macaé de Cima (em Reais). ............................... 85

TABELA 2.30 Recebimentos de royalties e participação especial dos municípios fluminses nos anos de 2009, 2010 e 2011. ............................................................................................................... 86

TABELA 2.31 Infraestrutura Básica dos Municípios da Região da APA Macaé de Cima. .......................... 87

TABELA 2.32 Unidades de Ensino, Professores, Matrículas e Rateio Alunos/professores nos municípios no Estado, por Nível de Ensino. ........................................................................................... 88

TABELA 2.33 Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). ............................................................ 89

TABELA 2.34 Estrutura de Saúde na Região da APA de Macaé de Cima ................................................. 90

Page 9: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

TABELA 2.35 Quadro de Profissionais de Saúde Declarado pelos Municípios .......................................... 90

TABELA 2.36 Programa Saúde da Família. ................................................................................................ 91

TABELA 2.37 Uso / Cobertura do Solo nos Municípios da Região (%). ..................................................... 91

Lista de Gráficos

GRÁFICO 2.1 Populações na Região da APA Macaé de Cima. ................................................................. 80

GRÁFICO 2.2 Incremento populacional na década 2000-2010. .................................................................. 81

GRÁFICO 2.3 Composição do PIB Municipal na Região da APA Macaé de Cima. .................................... 86

Lista de Figuras

FIGURA 2.1 Mapa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Fonte: RBMA. Adaptado)........................ 11

FIGURA 2.2 Símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). ............................................... 12

FIGURA 2.3 Mapa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro.................... 15

FIGURA 2.4 Mapa das Ecorregiões do Brasil. .......................................................................................... 22

FIGURA 2.5 Mapa dos Biomas do Brasil. ................................................................................................. 23

FIGURA 2.6 Mapa da Distribuição da Vegetação do Brasil. ..................................................................... 26

FIGURA 2.7 Mapa das Grandes Bacias Hidrográficas do Brasil. ............................................................. 27

FIGURA 2.8 Mapa das Unidades de Conservação Federais do Estado do Rio de Janeiro ...................... 38

FIGURA 2.9 Mapa das Unidades de Conservação Estaduais do Estado do Rio de Janeiro .................... 44

FIGURA 2.10 Mapa das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro............................................ 55

FIGURA 2.11 Mapa do Hotspot da Mata Atlântica. ..................................................................................... 57

FIGURA 2.12 Mapa dos Corredores Ecológicos Propostos no Brasil. ........................................................ 60

FIGURA 2.13 Quadro-Resumo das variáveis componentes do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. ............................................................................................................................. 84

FIGURA 2.14 Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo da Região onde se insere a APA Estadual de Macaé de Cima. ................................................................................................................... 94

Lista de Fotografias

FOTOGRAFIA 2.1 Município de Casimiro de Abreu - Região de Quilombo. ...................................................... 92

FOTOGRAFIA 2.2 Município de Trajano de Moraes - Visão do Peito de Pombo. .............................................. 92

FOTOGRAFIA 2.3 Município de Macaé - Região de Glicério, Rio São Pedro. ................................................... 93

FOTOGRAFIA 2.4 Município de Bom Jardim - Região de Santo Antônio, Pedra Aguda. .................................. 93

Page 10: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 10

2 Contextualização e Análise Regional

2.1 Enfoque Internacional

A Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima situa-se integralmente no Estado do Rio de Janeiro, cujo território se inclui no bioma Mata Atlântica. Além disso, está incluída na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), instituída pela UNESCO em 1972 e contemplada pelo SNUC (2000).

O crescimento populacional desordenado da humanidade nos últimos séculos transformou grandes porções florestais em paisagens fragmentadas, formadas por manchas remanescentes das florestas originais e cercadas por áreas modificadas de formas diversas pelo homem (FERNANDEZ, 2004). Entre os anos de 1990 e 1995, mais de meio milhão de hectares de floresta foram destruídos em nove Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, incluindo o Rio de Janeiro. Estes Estados concentram, hoje, aproximadamente 90% do que resta da Mata Atlântica no país.

Recentemente, as serras do Rio de Janeiro foram consideradas como um dos 14 centros de diversidade e endemismo de plantas do Brasil. Assim, a Mata Atlântica é reconhecida internacionalmente como uma das prioridades em termos de conservação de florestas tropicais. Tal importância é retratada pela alocação de recursos humanos e financeiros por parte de instituições nacionais e internacionais, para o desenvolvimento de pesquisas, recuperação de áreas degradadas e tombamento de remanescentes (Comissão de Estudos para o Tombamento do Sistema Serra do Mar/Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, 1991).

2.1.1 Análise da Unidade de Conservação frente à sua situação de inserção na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Segundo o SNUC (2000), as Reservas da Biosfera são definidas legalmente como:

um modelo adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, desenvolvimento de atividades de pesquisa, monitoramento ambiental, educação ambiental, desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida. (Cap. VI, Art. 41º, Lei 9.985/00).

A denominação de Reserva da Biosfera é um reconhecimento internacional dado pelo Programa MaB (Man and Biosphere) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), às regiões que possuem características relevantes em um determinado bioma e/ou paisagem. Tal reconhecimento tende a contribuir para a manutenção e melhoria destas áreas através da cooperação e troca de conhecimento mútuo entre as esferas envolvidas.

De acordo com essa Lei, as Reservas da Biosfera podem ser constituídas por áreas públicas e privadas, inclusive por Unidades de Conservação já existentes, desde que sejam respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo da categoria específica.

A RBMA foi a primeira a ser criada no país, em 1991, e abriga os principais remanescentes deste bioma, trazendo o reconhecimento da importância da Mata Atlântica em termos nacionais e internacionais.

As áreas de remanescentes de Mata Atlântica nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais foram as primeiras áreas a serem incluídas devido à sua

Page 11: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 11

importância para conservação da biodiversidade e a necessidade de uma gestão territorial integrada com objetivos no desenvolvimento sustentável das áreas intersticiais que formam as Reservas da Biosfera e que incluem também as áreas do entorno das Áreas Protegidas ou Zonas de Amortecimento das Unidades de Conservação.

Além da RBMA, que abriga os principais remanescentes deste bioma, o Brasil possui a Reserva da Biosfera do Cerrado (Distrito Federal), a Reserva da Biosfera do Pantanal, a Reserva da Biosfera da Caatinga, a Reserva da Biosfera da Amazônia Central e a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde, na cidade de São Paulo.

A FIGURA 2.1 apresenta o Mapa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Brasil.

FIGURA 2.1 Mapa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Fonte: RBMA. Adaptado).

2.1.2 Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro

A RBMA, cujo símbolo está apresentado na FIGURA 2.2, é uma estratégia de integração de diversas iniciativas de conservação. No estado do Rio de Janeiro é representado pela formação de um corredor florestal da Serra do Mar, que se inicia na Costa Verde Fluminense, na cidade de Paraty, passando pela Região Serrana do Estado e indo até o Parque Nacional do Desengano. A manutenção e reconstituição da continuidade das áreas de floresta são, na realidade, duas das razões mais importantes e um dos princípios para a declaração de uma Reserva da Biosfera. A RBMA tem representação em 83 municípios do Estado, ocupando uma área de 18.529,58Km2 de extensão.

Page 12: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 12

FIGURA 2.2 Símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA).

Os municípios abrangidos pela RBMA no estado do Rio de Janeiro são 82. Na região da APA Estadual de Macaé de Cima, todos os municípios tem áreas abrangidas pela RBMA, sendo que 1.263,18 km² do território dos municípios de Casimiro de Abreu e Nova Friburgo estão incluídos na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Dessa forma, pode-se considerar que a APA Estadual de Macaé de Cima está totalmente inserida como UC de Uso Sustentável na RBMA do Estado. Os dados para estes municípios estão apresentados na TABELA 2.1.

TABELA 2.1 Municípios abrangidos pela RBMA no Estado do Rio de Janeiro.

Municípios Área dos Municípios

- km² Área da RBMA por

Município - km²

Área total dos Municípios menos

área da RBMA - km²

% dos Municípios abrangida pela RBMA

Angra dos Reis 814,34 813,35 0,99 99,88

Aperibe 89,23 24,18 65,05 27,10

Araruama 633,83 47,04 586,79 7,42

Areal 111,49 5,06 106,43 4,54

Armação de Búzios 69,28 0,01 69,27 0,01

Arraial do Cabo 157,75 35,69 122,06 22,62

Barra do Piraí 578,37 42,98 535,39 7,43

Barra Mansa 547,55 30,12 517,43 5,50

Bom Jardim 385,04 113,76 271,28 29,54

Bom Jesus do Itabapoana 598,84 111,67 487,17 18,65

Cabo Frio 403,00 140,95 262,05 34,98

Cachoeiras de Macacú 955,81 750,39 205,42 78,51

Cambuci 561,70 209,28 352,42 37,26

Campos dos Goytacazes 4.027,21 1.199,96 2.827,25 29,80

continua

Page 13: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 13

continuação

Municípios Área dos Municípios

- km² Área da RBMA por

Município - km²

Área total dos Municípios menos

área da RBMA - km²

% dos Municípios abrangida pela RBMA

Cantagalo 717,37 33,62 683,75 4,69

Carapebus 305,58 102,41 203,17 33,51

Cardoso Moreira 514,87 125,23 389,64 24,32

Carmo 353,77 30,95 322,82 8,75

Casimiro de Abreu 461,71 358,18 103,53 77,58

Conceição de Macabu 347,63 216,50 131,13 62,28

Cordeiro 116,03 3,08 112,95 2,65

Duas Barras 342,64 52,58 290,06 15,35

Duque de Caxias 464,58 255,38 209,20 54,97

Engenheiro Paulo de Frontin 139,03 139,03 - 100,00

Guapimirim 360,81 270,10 90,71 74,86

Iguaba Grande 36,13 36,13 - 100,00

Itaboraí 427,50 88,45 339,05 20,69

Itaguaí 277,59 139,33 138,26 50,19

Italva 296,16 33,95 262,21 11,46

Itaocara 428,49 52,39 376,10 12,23

Itaperuna 1.105,39 143,24 962,15 12,96

Itatiaia 224,96 159,66 65,30 70,97

Japeri 82,65 82,61 0,04 99,95

Laje do Muriae 250,49 44,68 205,81 17,84

Macaé 1.214,96 707,26 507,70 58,21

Macuco 133,34 1,73 131,61 1,30

Magé 385,68 304,80 80,88 79,03

Mangaratiba 359,81 359,54 0,27 99,92

Marica 362,94 307,75 55,19 84,79

Mendes 77,27 74,60 2,67 96,54

Miguel Pereira 287,35 262,84 24,51 91,47

Miracema 301,38 70,71 230,67 23,46

Natividade 386,20 87,09 299,11 22,55

Nilópolis 19,15 6,63 12,52 34,62

Niterói 131,46 90,30 41,16 68,69

Nova Friburgo 932,63 905,58 27,05 97,10

Nova Iguaçu 558,01 390,02 167,99 69,89

Paracambi 179,36 179,33 0,03 99,98

Parati 928,47 926,68 1,79 99,81

Paty do Alferes 319,14 20,52 298,62 6,43

Petrópolis 774,60 623,51 151,09 80,49

Piraí 505,47 387,93 117,54 76,75

Porciúncula 301,98 23,67 278,31 7,84

Quatis 286,20 29,81 256,39 10,42

Queimados 77,80 77,56 0,24 99,69

Quissamã 715,87 524,08 191,79 73,21

Resende 1.113,43 510,22 603,21 45,82

Rio Bonito 462,14 233,45 228,69 50,51

Rio Claro 841,38 812,40 28,98 96,56

Rio das Flores 477,74 0,92 476,82 0,19

continua

Page 14: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 14

continuação

Rio das Ostras 229,73 30,10 199,63 13,10

Rio de Janeiro 1.261,08 551,07 710,01 43,70

Santa Maria Madalena 815,57 614,99 200,58 75,41

Santo Antonio de Pádua 613,61 15,70 597,91 2,56

São Fidelis 1.028,10 179,46 848,64 17,46

São Francisco de Itabapoana 1.114,84 295,46 819,38 26,50

São Gonçalo 250,65 64,27 186,38 25,64

São João da Barra 460,64 445,03 15,61 96,61

São José de Ubá 250,61 25,00 225,61 9,98

São Pedro da Aldeia 357,13 168,51 188,62 47,18

São Sebastião do Alto 372,23 6,71 365,52 1,80

Saquarema 354,68 199,83 154,85 56,34

Seropédica 267,04 64,88 202,16 24,30

Silva Jardim 938,30 615,87 322,43 65,64

Sumidouro 395,21 76,55 318,66 19,37

Tanguá 143,33 48,87 94,46 34,10

Teresópolis 770,48 469,31 301,17 60,91

Trajano de Moraes 589,38 530,82 58,56 90,06

Valença 1.304,74 176,41 1.128,33 13,52

Varre-Sai 189,73 31,90 157,83 16,81

Vassouras 552,38 92,61 459,77 16,77

Volta Redonda 182,29 15,36 166,93 8,43

Total 18.529,58

FONTE: IBGE, 1997

NOTAS: Malha Municipal Digital do Brasil

O Rio de Janeiro possui um número significativo de Unidades de Conservação sob proteção e domínio público nas esferas federal e estadual, além das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, sendo que aproximadamente 95% delas estão inseridas na RBMA, no Estado do Rio de Janeiro.

Rambaldi et al. (2002) contabilizaram 39 Unidades de Conservação, entre federais e estaduais, inseridas na RBMA no Estado do Rio de Janeiro. Estas UCs totalizam uma área de 464.475,61 ha, considerando-se as UCs de Proteção Integral e as UCs de Uso Sustentável, excetuando-se as RPPNs. Pertencem ao âmbito federal 17 Unidades de Conservação e ao estadual, 22, o que corresponde a 61,5% e 38,5% da área protegida sob a forma de Unidades de Conservação dentro dos limites da RBMA, respectivamente.

A superfície coberta pelas UC presentes na RBMA representa aproximadamente 0,8% da superfície total abrangida pelas UC no território brasileiro. Vale ressaltar que outras UCs, além das já referidas, criadas no Estado mais recentemente, podem estar incluídas atualmente na RBMA.

A FIGURA 2.3 apresenta a distribuição espacial da RBMA no Estado do Rio de Janeiro, com destaque para a APA Estadual de Macaé de Cima.

Page 15: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.3 Mapa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro.

Page 16: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 16

A área da APA de Macaé de Cima equivale a aproximadamente 0,57% da área total das Unidades de Conservação dentro da RBMA. Representa 0,85% da área total abrangida pelas UC de Uso Sustentável e 0,6% da área total das UC estaduais incluídas na RBMA.

A APA está inserida na Zona Núcleo I, que corresponde às áreas das Unidades de Conservação federais e estaduais, abrangendo os trechos mais preservados dos ecossistemas do Estado do Rio de Janeiro (RAMBALDI et al, 2002).

No contexto deste Plano de Manejo, existem 9 RPPN que se localizam na APA de Macaé de Cima. Estas nove RPPN, localizadas na Região da APA, representam 10,2% da área total das RPPN inseridas na RBMA, de acordo com Rambaldi et al. (2002). Estas RPPN estão descritas na TABELA 2.2.

A contribuição da Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima para atingir os objetivos de conservação da RBMA é de muita relevância, visto que a APA protege uma região estratégica, central, de grande beleza cênica, com recursos naturais essenciais para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e dos mananciais de água no Estado do Rio de Janeiro. A abrangência da APA a coloca em terceiro lugar em extensão entre as APA situadas na RBMA, atrás apenas da APA da Bacia do Rio São João / Mico-Leão-Dourado e da APA Petrópolis. Além disso, a constante observação sobre as atividades econômicas e de ocupação da área, a ser desempenhada pela gestão da APA, podem ser de fundamental contribuição para evitar os processos de erosão do solo no Estado do Rio de Janeiro, bem como para promover a conservação dos recursos hídricos, os quais são bastante importantes para a produção animal e a agricultura local.

TABELA 2.2 Reservas Particulares do Patrimônio Natural abrangidas pela RBMA no Estado do Rio de Janeiro.

Relação das RPPN Inseridas dentro do Limite da APA

Nome da RPPN Tamanho (ha) Portaria Âmbito

Jardim das Delícias 20.42 04 de 13/12/2009 Federal

Villa São Romão 50.02 73 de 04/09/2009 Federal

Sítio do Sossego I 1.02 35 de 02/05/2007 Federal

Sítio do Sossego II 1.04 36 de 20/04/2007 Federal

Panapaná 17.25 INEA/RJ/PRES 71 de 20/10/2009 Estadual

Vale do Paraíso 84.99 INEA/RJ/PRES 77 de 12/11/2009 Estadual

Bacchus 101.73 INEA/RJ/PRES 81 de 01/12/2009 Estadual

Sítio da Luz 14.77 INEA/RJ/PRES 101 de 08/02/2010 Estadual

Terra do Sol e da Lua 10,78 INEA PRES Nº 431 DE 10-04-13 Estadual

FONTE: Elaborado pela equipe do Plano de Manejo com base nos dados do INEA e ICMBio

Page 17: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 17

2.1.3 Acordos Internacionais

Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF)

O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos, como é conhecido no Brasil, constitui uma iniciativa conjunta entre o Conservation International (CI), o Global Environment Facility (GEF), o Governo do Japão, a MacArthur Foundation e o Banco Mundial. Proporciona o financiamento de projetos nos hotspots de biodiversidade localizados nos países em desenvolvimento, visando à sua conservação. O CEPF tem como objetivo primordial assegurar o empenho da sociedade civil nos esforços dirigidos à conservação da biodiversidade nestes hotspots, buscando garantir que estes esforços sejam complementares às estratégias e programas já desenvolvidos pelos governos local, regional e nacional (CI, 2003).

A Mata Atlântica é um dos hotspots para os quais estão disponíveis recursos do CEPF. Entre outras ações, serão investidas, durante três anos, quantias significativas destinadas a projetos de conservação nas regiões-alvo dentro do bioma Mata Atlântica, como o Corredor da Serra do Mar, englobando o Centro e o Sul do Estado do Rio de Janeiro, o Nordeste de São Paulo e o Sul de Minas Gerais (CI, 2003).

Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7)

É um programa de iniciativa do Governo Brasileiro, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o PPG7, concebido a partir da Reunião da Cúpula realizada em Houston, Texas, EUA, em Julho de 1990. O Grupo dos Sete (G7) firmou com o governo brasileiro o compromisso de desenvolver ações para diminuir a destruição de suas florestas tropicais e promover o desenvolvimento sustentado.

Trata-se da mais abrangente iniciativa de Cooperação Internacional visando à proteção e o uso sustentável das florestas brasileiras na Amazônia e na Mata Atlântica e a promoção do bem-estar das populações humanas destas regiões. Sua implementação envolve vários parceiros em diferentes níveis, incluindo órgãos governamentais, entidades da sociedade civil e o setor privado.

Este programa está constituído por quatro subprogramas. Apenas o componente “Parques e Reservas”, do segundo Subprograma, e o componente “Projetos Demonstrativos do Tipo A” (PD/A), do quarto subprograma, contemplam a Mata Atlântica e tiveram início em 1995.

O Subprograma Mata Atlântica teve início em 1999 a partir da aprovação do Plano de Ação da Mata Atlântica. Suas ações estão direcionadas à Proteção e Recuperação deste bioma. Dentre seus componentes, encontra-se o de “Unidades de Conservação”.

PROBIO

O PROBIO é um programa criado a partir de um acordo firmado em Junho de 1996 entre o governo brasileiro, o Fundo Ambiental Global (GEF) e o Banco Mundial (GEF/BIRD), com aporte financeiro do Tesouro Nacional e do GEF. É administrado pelo Ministério do Meio Ambiente através de sua Secretaria Técnica e da Coordenação Geral da Diversidade Biológica (COBIO), tendo como gestor administrativo o CNPq.

O Brasil vem assumindo compromissos internacionais da maior importância sob a forma de declarações e convenções, celebrados em conferências como o signatário da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), com a participação da grande maioria dos países do globo. Como resultado destes acordos, organismos das Nações Unidas vêm contribuindo para a implementação de estratégias de conservação e de programas de proteção e cooperação

Page 18: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 18

técnica. Dentre estes organismos de cooperação internacional, merecem destaque os seguintes:

UNESCO - criou o programa “O Homem e a Biosfera”, que é um programa mundial de cooperação científica, de reconhecimento e criação de Reservas da Biosfera.

PNUMA - é o principal responsável pela cooperação e pela elaboração de tratados internacionais. Além disso, realiza monitoramento das áreas protegidas via satélite.

FAO - sua missão é promover a melhoria das condições de vida das populações humanas. Para isso, busca melhorar a produção e a distribuição de produtos agrícolas. Desenvolve um trabalho conjunto com o PNUMA.

UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que promove ações voltadas para as Unidades de Conservação mundiais, através da sua Comissão de Unidades de Conservação e da sua Comissão de Espécies Ameaçadas.

Igualmente, devem ser mencionadas as organizações e agências de desenvolvimento internacional oriundas de diversos países, como a USAID, dos Estados Unidos, que tem repassado recursos para as ONGs que trabalham no entorno das Unidades de Conservação. Destacam-se também, o Banco Mundial, que criou diversos fundos de apoio à conservação e desenvolvimento sustentável, bem como o Banco Alemão de Desenvolvimento Internacional (KFW) e a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), sendo que esta possui representação dentro do IBAMA/DIREC. Há também o GEF, que agrupa membros de governos, da comunidade científica, de instituições líderes na área de desenvolvimento e um vasto número de empresas do setor privado e de organizações da sociedade civil a favor de uma agenda ambiental comum a nível mundial.

Entre 1972, quando aconteceu em Estocolmo a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente Humano, e 1992, quando ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), celebrada na Cidade do Rio de Janeiro, foram discutidos e publicados importantes relatórios abordando a compatibilidade entre desenvolvimento econômico e conservação da biodiversidade.

Em 1980, o PNUMA, somado aos esforços do WWF e da IUCN, elaborou um documento clássico de referência para a conservação da biodiversidade, conhecido como a “Estratégia Mundial para a Conservação da Natureza”.

Os acordos internacionais são componentes essenciais em prol da cooperação para proteção da biodiversidade. Existem numerosos tratados, convenções e acordos multi ou bilaterais que abordam aspectos da proteção da biodiversidade.

No QUADRO 2.1 estão resumidos os principais acordos internacionais, incluindo convenções e atos, entre outros instrumentos, assinados pelo Brasil, relativos à conservação ambiental, diretamente relacionados às Unidades de Conservação e que, portanto, podem ser aplicados no planejamento da gestão da APA Estadual de Macaé de Cima. Este quadro foi elaborado com base em dados do MMA (2003) e WRI/UICN/PNUMA (1992).

O município de Nova Friburgo já construiu, de forma coletiva, o Projeto de Agenda 21. Segundo o documento base da Agenda 21 Local, ISER (2008), o processo de construção da Agenda 21 de Nova Friburgo teve início com a criação da Câmara Técnica do Conselho Municipal de Meio Ambiente - COMMAM e com o convite desta ao Instituto de Estudos das Religiões - ISER, em 2003, para elaborar e coordenar o projeto de construção da Agenda 21 Local. Concorreu, através de Edital, ao financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente / Ministério do Meio Ambiente. O Projeto Agenda 21 Local de Nova Friburgo foi aprovado em

Page 19: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 19

11 de dezembro de 2003. O Convênio MMA/FNMA Nº 015/2005 foi assinado em 26 de junho de 2005.

A escolha dos dois eixos principais da Agenda 21 Local de Nova Friburgo - a gestão das águas e o enfrentamento da pobreza - foi decisão dos conselheiros do COMMAM, representando 24 organizações governamentais e da sociedade civil com sede no município.

A primeira ação realizada no âmbito do Projeto foi a pesquisa no município para consolidar um cadastro de instituições, o Banco de Dados de Nova Friburgo. Foram identificadas 80 instituições, entre associações da sociedade civil, do poder público e empresas privadas.

De janeiro a abril de 2006, reuniões promoveram a articulação com outros processos em curso em Nova Friburgo e a mobilização dos atores sociais do município em torno do Projeto Agenda 21 Local, como a Associação de Moradores de Nova Friburgo - COMAMOR (12/01/06); o Plano Diretor (19/01/2006); os pequenos produtores rurais (19/01/06); sitiantes na APA de Macaé de Cima (28/01/06) e a Faculdade de Comunicação da Universidade Cândido Mendes (23/02/06).

A equipe técnica da Agenda 21 Local contribuiu também para as discussões da primeira Audiência Pública do Plano Diretor, cujos levantamentos realizados foram considerados na elaboração do Diagnóstico Participativo do Município, atendendo aos princípios da Agenda 21 Local e às recomendações do Governo Federal, no que se refere à articulação entre os planos.

QUADRO 2.1 Principais acordos e convenções internacionais firmados pelo Brasil

Acordo ou Convenção Descrição

Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas dos Países da América

Celebrada em Washington, em 12 de Outubro de 1940. Aprovada pelo Decreto Legislativo n° 02, de 13 de Fevereiro de 1948, e promulgada pelo Decreto n° 58.054, de 23 de Março de 1966. Seu objetivo é proteger e conservar, no seu ambiente natural, exemplares de todas as espécies e gêneros da fauna e da flora nativas. Proíbe a caça, a matança ou captura de espécimes da fauna e a destruição da flora.

Programa Homem e a Biosfera (MaB)

Criado em 1972, o Programa Homem e a Biosfera (MAB), da UNESCO, de cooperação científica internacional, reconhece a importância do manejo e da difusão de alternativas de desenvolvimento sustentável das Reservas da Biosfera.

Seus objetivos são:

conservar a diversidade natural e cultural;

promover modelos de uso do solo e abordagens de desenvolvimento sustentável;

aperfeiçoar o conhecimento e a interação entre as áreas humanas e científicas por meio da pesquisa, monitoramento, educação e treinamento.

Convenção de Ramsar

A Convenção de Ramsar, ou Convenção sobre Zonas Úmidas, foi realizada na cidade iraniana que lhe dá nome, em 1971.

Os países participantes assinaram um tratado de cooperação para a conservação e o uso racional das Zonas Úmidas, reconhecendo as funções ecológicas e o valor econômico, cultural, científico e recreativo dessas áreas.

No Brasil, a Convenção entrou em vigor com a promulgação, pelo Presidente da República, do Decreto nº 1.905, de maio de 1996.

Convenção sobre Patrimônio Natural Mundial (WHC)

Foi assinada em Paris, em 1972. Representa um mecanismo para reconhecer sítios de importância global, que são adequadamente protegidos e manejados. Obriga toda nação a proteger áreas naturais e culturais únicas, de valor internacional. O Brasil está incluído na Lista do Patrimônio Mundial Natural com as seguintes áreas: Parque Nacional do Iguaçú, Costa do Descobrimento e Floresta Atlântica do Sudeste.

continua

Page 20: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 20

continuação

Acordo ou Convenção Descrição

Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre (CITES)

A CITES é um acordo internacional feito em 1973 entre os Estados, com a finalidade de controlar o comércio internacional de espécimes de animais e plantas, evitando as ameaças à sua sobrevivência. Esta convenção resultou de uma resolução aprovada entre os membros da UICN, celebrada em 1963. O texto da convenção foi acordado em uma reunião em que houve a participação de 80 países, celebrada em Washington D.C., Estados Unidos da América, em 3 de Março de 1973, e que entrou em vigor em 01 de Julho de 1975. Esta Convenção dividiu as espécies em três apêndices, com níveis progressivos de restrição ao seu comércio. A comercialização de espécies da fauna e da flora em perigo de extinção é regulamentada pelo Decreto nº 76.623, de 17 de novembro de 1975, que referendou a CITES. A CITES é o único tratado internacional com objetivo de preservar espécies em extinção e regular o seu comércio. Desta forma, a comercialização das espécies relacionadas nos Apêndices da CITES somente é autorizada com a emissão da Licença de Exportação pelo IBAMA.

Convenção da Biodiversidade (CDB)

Esta convenção foi assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 5 de Julho de 1992, por 155 países, sendo o Brasil o primeiro signatário. No Brasil, foi aprovada pelo Decreto Legislativo nº 02, de 3 de Fevereiro de 1994, e promulgada pelo Decreto nº 1.160, de 21 de Junho de 1994. Seus maiores objetivos são: proteger as espécies e sua variação genética e manter a diversidade de ecossistemas; utilizar, de forma sustentável, os recursos biológicos e os materiais da diversidade genética e assegurar a partilha equitativa dos benefícios desses recursos, especialmente pela exploração da diversidade genética nos níveis internacional, nacional e local. Em seu art.8º, convoca os países a estabelecerem e manterem um Sistema de Áreas Protegidas; a desenvolverem manuais para a seleção, criação e manejo para essas áreas; a regularem ou manejarem os recursos biológicos importantes para a conservação da biodiversidade, dentro ou fora das áreas protegidas; a promoverem qualidade ambiental e desenvolvimento sustentável em áreas adjacentes às áreas protegidas, integrando-as; a conseguirem apoio financeiro para a conservação in situ da biodiversidade.

Agenda 21

Plano de Ação aprovado pela Comunidade Internacional durante a Conferência Rio-92, a ser implementado, a longo prazo, pelos governos, agências de desenvolvimento, Organizações das Nações Unidas e grupos setoriais, tratando sobre vários temas prioritários para a sustentabilidade da vida na Terra.

Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças no Clima (UNFCC)

Estabilizar a concentração de gases do Efeito Estufa na atmosfera.

Primeira Conferência das Partes

Define compromissos legais de redução de emissão de CO2.

Terceira Conferência das Partes - Protocolo de Kyoto

Sugere a redução de emissão de gases do efeito estufa nos países signatários e, no caso dos grandes poluidores, impõe metas variadas de redução. São criados o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e os Certificados de Carbono.

Nona Conferência das Partes

Adoção de definições e modalidades estabelecidas para atividades de projeto de florestamento e reflorestamento elegíveis ao MDL , cruciais para a comercialização de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), ou créditos de carbono.

Acordo-Quadro Sobre Meio Ambiente do Mercosul

Acordo entre a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai que reafirma os preceitos de desenvolvimento sustentável preconizados na Agenda 21.

Décima terceira Conferência das Partes

Ficou acertado que seria criado um fundo de recursos para os países em desenvolvimento e as NAMAS (Ações de Mitigação Nacionalmente Adequadas), modelo ideal para países em desenvolvimento que, mesmo sem obrigação legal, concordem em diminuir suas emissões.

Décima sexta Conferência das Partes

Criação do Fundo Verde (que auxiliará as nações em desenvolvimento a enfrentarem os impactos das mudanças climáticas), extensão do Protocolo de Kyoto para além de 2012 e estabelecimento de parâmetros para e REED+, o mecanismo de financiamento a países que reduzirem seus índices de desflorestamento.

Agenda 21 Local de Nova Friburgo

O projeto da Agenda 21 Local de Nova Friburgo foi aprovado em 11 de dezembro de 2003 e o Convênio MMA/FNMA Nº 015/2005 foi assinado em 26 de junho de 2005. O Projeto teve 2 eixos principais de discussão: Gestão das águas e enfrentamento da pobreza, e foi conduzido de forma descentralizada por Bacia Hidrográfica.

Agenda 21 Local de Casimiro de Abreu

O projeto da Agenda 21 Local de Casimiro de Abreu foi instituído em 08 de dezembro de 2009 pela Lei Municipal no 1.334.

Page 21: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 21

2.2 Enfoque Federal

2.2.1 A Unidade de Conservação e o Cenário Federal

2.2.1.1 Classificações do território

O Brasil é um país de dimensões continentais que apresenta alta variedade do clima e do relevo, o que resulta em uma grande heterogeneidade de ambientes, variando no litoral e no interior, nas terras baixas e nas montanhas, proporcionando assim uma megadiversidade biológica. A sinergia destas características leva à classificação do território em diversas unidades ambientais brasileiras.

Dinerstein (1995) propõe a classificação das ecorregiões e suas distribuições representando todos os tipos de habitats e ecossistemas da América Latina. Nesta proposta, as ecorregiões são unidades com características físicas e biológicas semelhantes, definidas com base em critérios que se ajustam à dinâmica e aos padrões de diversidade para cada um dos principais ecossistemas, e está apresentada na FIGURA 2.4, em que se detalhada a distribuição das 49 ecorregiões brasileiras.

No Brasil, estas ecorregiões foram adotadas pelo IBAMA entre 1998 e 1999, para a elaboração do mapa dos biomas brasileiros, que são os seguintes: Amazônia, Caatinga, Campos Sulinos, Cerrado, Costeiro, Ecótonos, Mata Atlântica e Pantanal.

A FIGURA 2.5 apresenta o Mapa da Distribuição dos Biomas Brasileiros, com destaque para a Mata Atlântica e a APA de Macaé de Cima.

Nesta classificação, os domínios da APA de Macaé de Cima encontram-se totalmente inseridos no bioma Mata Atlântica, a exemplo de todo o resto do Estado do Rio de Janeiro.

Além dos padrões de diversidade estabelecidos na classificação de Dinerstein (1995), o território brasileiro foi também classificado de acordo com outros critérios. Alguns trabalhos importantes, que contribuíram para a discussão dos ecossistemas e adoção de Sistemas de Classificação no Brasil, devem ser destacados:

Rizzini et al. (1963) definem o território brasileiro por sua vegetação peculiar, constituindo três grandes províncias fitogeográficas: Província Amazônica, Província Atlântica e Província Central. Segundo esta classificação, a APA Macaé de Cima está localizada na subprovíncia austro-oriental da Província Atlântica.

Ab’Saber (1977) divide a América do Sul em seis grandes domínios morfoclimáticos, baseando-se para tanto na distribuição da pluviosidade e dos grandes grupos vegetacionais. Cada domínio apresenta uma fisionomia própria, uma aparência que permite diferenciá-lo de outras regiões. Este método fundamenta-se nos elementos naturais e sua interdependência. Segundo esta classificação, a APA de Macaé de Cima integra a Floresta Pluvial Atlântica, correspondendo à região chamada Domínio Tropical Atlântico, não havendo, assim, discordâncias entre os autores que propõem as classificações ambientais.

Udvardy (1975) subdivide a biosfera em domínios biogeográficos, fundamentado na distribuição geográfica ou paleogeográfica das espécies animais e vegetais. De acordo com esta classificação, o Brasil divide-se em 10 (dez) Províncias Biogeográficas: Amazônia, Guiana, Madeira, Babaçú, Caatinga, Campos, Cerrados, Floresta Pluvial Brasileira, Planalto Brasileiro, Serra do Mar, Pampas e Campos Limpos.

Page 22: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.4 Mapa das Ecorregiões do Brasil.

Page 23: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.5 Mapa dos Biomas do Brasil.

Page 24: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 24

RADAMBRASIL (1982), pioneiro na utilização de Sistemas de Classificação dos Ecossistemas do Brasil, separa inclusive as diferentes características ambientais por temas, com o objetivo de conhecer os recursos naturais e sua distribuição espacial, de forma a contribuir para o seu uso potencial e ordenação da ocupação territorial.

IBGE (1992) agrupou e classificou os solos e organizou os conhecimentos disponíveis sobre os mesmos, visando melhorar seu uso e manejo. Esta classificação oferece uma visão global dos solos predominantes nas grandes áreas, fornecendo informações dos recursos existentes e sua distribuição.

A definição dos limites da Mata Atlântica que estabelece a conformação dos ecossistemas associados e as formações vegetais deste bioma, foi aprovada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, em 1992 e serviu de base para o Decreto nº 750/93 e para a elaboração do Mapa da Vegetação do Brasil pelo IBGE (1993 e 2004).

Dentro do contexto da vegetação, Rizzini (1988) descreve os ecossistemas brasileiros no que corresponde a 12 unidades fitogeográficas, definidas pelo IBGE entre 1991 e 1993, e adotadas pelo MMA e pelo IBAMA em 1998 e 2003, respectivamente. No documento denominado Classificação da Vegetação Brasileira, adaptada a um Sistema Universal, apresenta-se a distribuição das regiões fitogeográficas, apresentadas na FIGURA 2.6 e descritas resumidamente a seguir:

I. Áreas das Formações Pioneiras (Sistema Edáfico de Primeira Ocupação) - subdivididas em Influência Marinha (restingas), Influência Fluviomarinha (manguezal e campos salinos) e Influência Fluvial (comunidades aluviais).

II. Áreas de Tensão Ecológica - (Sistemas de Transição) - representada pelo contato entre os biomas.

III. Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia) - caracterizada por duas estações climáticas (chuvosa e seca). Apresenta o estrato dominante com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no período seco.

IV. Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifólia) - apresenta no conjunto florestal uma porcentagem entre 20 e 50% das espécies caducifólias.

V. Floresta Ombrófila Aberta - apresenta quatro faciações florísticas que alteram a fisionomia ecológica da Floresta Ombrófila Densa, imprimindo-lhe clareiras, advindo daí o nome adotado, além dos gradientes climáticos com mais de 60 dias secos por ano.

VI. Floresta Ombrófila Mista (Floresta das Araucárias ou Pinheiral) - tipo de vegetação predominante no planalto meridional.

VII. Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical) - relacionada a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas e de alta precipitação, bem distribuídas durante o ano, o que determina uma situação bioecológica praticamente sem período seco.

VIII. Refúgios Ecológicos (Relíquias) - toda e qualquer vegetação florística e fisionômico-ecológica diferente do contexto geral da flora dominante em determinada região ecológica.

IX. Campinarana - termo regionalista brasileiro empregado para denominar a área do alto rio Negro como sinônimo de campina, que significa, na linguagem dos indígenas, falso campo. Este tipo de vegetação, própria da Hylaea amazônica, ocorre em áreas

Page 25: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 25

fronteiriças da Colômbia e Venezuela, sem similar fora do território florístico endêmico, adaptado ao solo Podzol Hidromórfico.

X. Savana (Cerrado e Campos) - termo criado para designar os Lhanos arbolados da Venezuela, introduzido na África como Savannah. Veio universalizar as definições regionais para cerrado e para campo sujo. É conceituada como uma vegetação xeromorfa sobre solos lixiviados aluminizados, de clima estacional (mais ou menos seis meses secos), podendo, não obstante, ser encontrada também em clima ombrófilo.

XI. Savana Estépica (vegetação de Roraima, Chaquenha e parte da Campanha Gaúcha) - esta fisionomia foi extrapolada como sinônimo universalizado do termo indígena Tupi-Guarani “caatinga”. No Estado do Rio de Janeiro ocorre principalmente nos Municípios de Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo.

XII. Estepe - termo de procedência russa, empregado originalmente na Zona Holártica. Seu uso foi ampliado para designar outras áreas mundiais, em função da homologia ecológica que com elas apresenta, inclusive com a região Neotropical brasileira, onde está sendo utilizado para denominar os campos gerais paranaense, a campina gaúcha e porções da caatinga.

De acordo com a classificação descrita, a vegetação observada na localidade da Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima inclui-se na categoria Floresta Ombrófila Densa.

Em relação às bacias hidrográficas, destaca-se a classificação do IBGE de 1995, que apresenta um Mapa da Hidrografia Brasileira com as seis principais bacias hidrográficas e o agrupamento das bacias do Amapá e a do Nordeste. A Região da APA pertence, do ponto de vista hidrográfico, ao conjunto das Bacias do Leste. A área da Bacia do Atlântico, mais especificamente o trecho leste, está localizada na região sudeste e parte na região nordeste, entre as latitudes 10o e 23oS e longitude 37o e 46oW. Esta área abrange parte dos territórios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe e os territórios dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

No mapa apresentado na FIGURA 2.7 observa-se a localização das principais bacias hidrográficas brasileiras, que colocam a APA no Agrupamento das Bacias Litorâneas.

Page 26: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.6 Mapa da Distribuição da Vegetação do Brasil.

Page 27: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.7 Mapa das Grandes Bacias Hidrográficas do Brasil.

Page 28: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 28

2.3 Enfoque Estadual

2.3.1 Implicações Ambientais

O Estado do Rio de Janeiro, área litorânea de fácil acesso, foi um dos pontos pioneiros da ocupação do território brasileiro pelos colonizadores. Historicamente, o início da colonização do território do Estado, assim como a do Brasil, se caracterizou pela exploração do pau-brasil. Outros ciclos econômicos se instalaram dando continuidade ao processo de colonização na região, com destaque para a cana-de-açúcar e, mais intensamente, da cultura do café, que se expandiu pelas serras e vales do interior da província do Rio de Janeiro, particularmente no vale do Paraíba. Mais tarde, com a degradação das terras pelo uso intensivo do solo, houve migração para a atividade pecuária, com maior expressão no interior do Estado. Segundo Pádua (2002), um modelo predatório de agricultura dominou todo o período colonial. Segundo este mesmo autor, a expansão horizontal da agricultura no Brasil a partir do século XVI se caracterizou pela perda de biomas nativos envolvendo a degradação ambiental do território.

Por sua condição de relevo acentuado e terrenos íngremes, parte da serrania do Estado do Rio de Janeiro manteve-se livre do assédio desta colonização predatória. É o caso de grande parte do município de Nova Friburgo, onde se encontra a APA Estadual de Macaé de Cima. Nova Friburgo foi principalmente colonizada a partir do século XIX, por imigrantes europeus que foram também mobilizados para a produção agrícola.

Hoje, a ocupação no município de Nova Friburgo é principalmente urbana, com apenas 12,44% de seus habitantes vivendo em áreas rurais predominantemente como agricultores familiares. Assim, encontra-se na área da APA Estadual de Macaé de Cima um mosaico com pequenos núcleos de utilização agrosilvipastoril, aquipesqueira e áreas florestais em diferentes graus de regeneração. Estas florestas diferem entre si também em função de distintos substratos e condições de relevo, exposição decorrente da orientação da vertente e proximidade ou não de cursos de água.

Em região de clima mesotérmico brando sempre úmido, com pluviosidade média anual de 1.279,8 mm, e ocupando uma faixa altitudinal de 880 a 1720 m, a vegetação original da área da APA Estadual de Macaé de Cima apresenta, predominantemente, formas florestais que integram o bioma Mata Atlântica. Cabe ressaltar que este bioma é considerado patrimônio nacional, de acordo com a constituição de 1988 da República Federativa do Brasil.

A Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, segundo o código numérico nomenclatural e a classificação biogeográfica mundial, está enquadrada na região fitogeográfica no 8 (Região Neotropical), na província biogeográfica no 7 (Serra do Mar) e no grupo dos biomas no 01 (Floresta Tropical Úmida), recebendo, assim, a notação 8.07.01 para fins de caracterização biogeográfica e localização planetária (SEMADS, 2001).

A Mata Atlântica, que originalmente ocupava uma faixa litorânea que ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande de Sul, cobria cerca de 15% do território brasileiro (SCHÄFFER, 2002; CAPOBIANCO, 2002a;b). Instalada em substratos geologicamente diferenciados, e em função da grande faixa latitudinal de ocorrência, assim como também da ampla faixa altitudinal nas diferentes regiões, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro de maior biodiversidade e um dos mais ameaçados, sendo considerado um hotspot de biodiversidade.

No Estado do Rio de Janeiro, o Domínio da Mata Atlântica tinha originalmente uma ocorrência bastante expressiva, ocupando 98,59% da área do estado correspondentes a 43.291km2 (ISA 1999, apud CAPOBIANCO, 2002a;b). Neste estado, a Mata Atlântica também se apresenta com elevada biodiversidade e endemismo, o que, aliados à pressão

Page 29: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 29

de grandes centros urbanos próximos aos seus remanescentes, faz com que este Estado “possa ser considerado um hotspot dentro do hotspot Mata Atlântica” (ROCHA et al., 2003.p.XI).

Em 2008, o Bioma Mata Atlântica em todo o Brasil já se encontrava reduzido a 7,91% de sua área original (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2009). No Estado do Rio de Janeiro, os remanescentes florestais da Mata Atlântica, já em 1995, somavam 9.289km2 correspondentes a 21,15% da área do estado (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, INPE e ISA (apud CAPOBIANCO, 2002a;b). No período de 2005 a 2008, 1.039 hectares de cobertura florestal nativa no estado foram desmatados (Fundação SOS Mata Atlântica/INPE, 2009). De 2008 a 2010, segundo o “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica” (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2010), o Estado do Rio de Janeiro perdeu 315 hectares de floresta, que correspondeu a 0,04% dos remanescentes florestais de 2008. Este foi o segundo mais baixo percentual em comparação aos outros oito Estados de ocorrência da Mata Atlântica, até então (maio de 2010) mapeados. Assim, em 2010, o total de florestas remanescentes no Estado - não considerando a vegetação de restinga e de mangue - foi avaliado em 807.495 hectares, correspondentes a 18,37% da área do Bioma Mata Atlântica avaliada no Estado. Segundo este mesmo Atlas, que apresentou também dados por município, o de Nova Friburgo, onde principalmente se insere a APA em questão, tinha 40.596 hectares de floresta.

Os dados relativos ao percentual ocupado pelos remanescentes de Mata atuais em relação à área de Floresta original são alvo de discordância entre os autores. Capobianco (2001) estima que, da área originalmente ocupada pela Mata Atlântica no país, hoje restem cerca de 8% de remanescentes florestais. Entretanto, tal informação foi mais recentemente contestada por um estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, que aponta a existência de 27,44% de remanescentes (CRUZ et al., 2007).

Indiferentemente à discrepância destes dados, o fato é que a Mata Atlântica, tanto pelos altos índices de endemismo e biodiversidade, quanto pela vasta degradação observada, é um dos biomas prioritários para investimentos em conservação no Brasil. No caso do Rio de Janeiro, especificamente, a situação é especialmente preocupante, já que, dentro de seus limites encontra-se a segunda maior metrópole do país, o que causa o aumento das pressões sobre os remanescentes. Além disso, dentre os 9 Estados analisados no estudo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Período 2008-2010 (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2010), o Rio de Janeiro é o segundo estado em porcentagem de cobertura florestal remanescente, ficando atrás apenas do Estado de Santa Catarina (19,59% e 23,37%, respectivamente).

Hoje, em função de sua história de desmatamento e ocupação, a Mata Atlântica, em todas as suas feições, está reduzida a numerosos fragmentos de diferentes tamanhos. Os remanescentes Fluminenses estão potencialmente isolados ou em risco de consolidação do isolamento. Os principais remanescentes encontram-se, principalmente, nas regiões montanhosas, em locais de maior declividade, elevações que compõem a Serra do Mar e os maciços litorâneos. Estas abrangem as regiões de Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e o interior serrano do Estado, áreas que vão desde a Reserva BIOLÓGICA do Tinguá até o Parque Estadual do Desengano, passando pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2001). Estes remanescentes ainda guardam as maiores extensões de florestas contínuas e conservadas do Estado. Assim, no Estado do Rio de Janeiro, remanescentes florestais constituem cinco “grandes blocos de vegetação contínua, nos quais ainda ocorre grau relativamente elevado de conectividade”. São eles: (ROCHA et al., 2003. p.5):

1. Bloco da Região Norte Fluminense

2. Bloco da Região Serrana Central

Page 30: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 30

3. Bloco da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

4. Bloco da Região Sul Fluminense e

5. Bloco da Região da Serra da Mantiqueira.

A região de Macaé de Cima se insere no Bloco da Região Serrana Central, tendo continuidade com o Bloco da Região Norte Fluminense, formando assim uma das mais extensas áreas de remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro. Esta região serrana, entre a Serra dos Órgãos e a Serra do Desengano, foi considerada prioritária para a conservação no Workshop da Mata Atlântica (ROCHA et al., 2003).

A preservação das encostas é um fator importante na questão de deslizamentos de terras e inundações. Isto pôde ser observado na região serrana do estado em janeiro de 2011. Chuvas de grande intensidade assolaram toda a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, causando grande devastação com enormes estragos e perdas, materiais e humanas. Apesar da grande tragédia que obstruiu os acessos, afetou a distribuição da energia elétrica, fornecimento de água e serviços telefônicos durante vários dias, a presença de grandes remanescentes florestais e a preservação da área foi fator decisivo, permitindo maior absorção das águas e, consequentemente, a diminuição do impacto da chuva na área abrangida pela APA, em contraste com o que aconteceu em áreas mais urbanizadas.

Em contraponto, as áreas mais fragmentadas e degradadas encontram-se nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Como base de comparação, os municípios de Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba, localizados no Sul Fluminense, ainda mantêm 81% e 78% de áreas florestadas remanescentes. Na região central do Estado, sobre as serras, os municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis ainda possuem, respectivamente, 44%, 29% e 32% de região de Mata. Já no Norte Fluminense, cidades centrais como Campos dos Goytacazes e Itaperuna possuem apenas 6% e 2% da cobertura de floresta original (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2010).

A vegetação dos remanescentes do Bloco Norte Fluminense caracteriza-se pela ocorrência de diferentes formações vegetacionais, como Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual e áreas de Formações Pioneiras.

Nesta região resta pouco da Mata Atlântica de Baixada, que foi a formação que sofreu maior desmatamento e perdeu grande parte da cobertura original (KIERULFF, 1993) devido principalmente à exploração da agropecuária e à urbanização. Como consequência dessas atividades, ocorreram a perda e a redução de habitats de muitas espécies que desapareceram, assim como de outras que se encontram restritas, que sobrevivem em espaços protegidos e em remanescentes de propriedades privadas. Contribuíram para isso, principalmente, os desmatamentos para a implantação de cultivos e pastagens, além de abertura de estradas e execução de obras de engenharia na Bacia do Rio São João (CASTRO, 2002).

Algumas florestas das terras baixas mantêm conexão entre si apenas através da floresta mais elevada; outras são completamente isoladas. Apesar desta situação, uma quantidade significativa das florestas das terras baixas sobrevive e grande parte delas permanece conectada às das terras altas (CIDE, 2003).

O estudo SOS Mata Atlântica (2010) ressalta a importância da APA de Macaé de Cima para a conservação da biodiversidade que restou da Mata Atlântica e indica a porção de florestas ainda existentes nas 7 cidades da zona de abrangência da UC: Bom Jardim, com 14% do território do município; Cachoeiras de Macacu, com 43%; Casimiro de Abreu, com 30%; Macaé, com 25%; Nova Friburgo, com 44%; Silva Jardim, com 33%, e; Trajano de Moraes, com 24%. Somadas as áreas florestadas destes 7 Municípios, totaliza-se uma cobertura verde de 177.504 km².

Page 31: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 31

A APA Estadual de Macaé de Cima, por sua posição e condições gerais de conservação, tem importante papel na conectividade citada, fazendo parte, ainda, do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense, criado através da Portaria no. 350 de 2006, do Ministério de Meio Ambiente. Além disso, a APA faz parte também de importante estratégia de conservação, constituída pelo Corredor da Serra do Mar, situado na Região Serrana do Rio de Janeiro e incluído na área reconhecida como RBMA pela UNESCO (RBMA, 2010). A Mata Atlântica e a Serra do Mar tiveram sua importância ambiental reconhecida pela Constituição Federal de 1988, que as considerou “patrimônio nacional”, entre outros (CAPOBIANCO, 2002b).

A Região de Macaé de Cima e sua vizinhança, a qual tem uma parte sobreposta pelo Parque Estadual dos Três Picos (PEPT), é indicada por Rocha et al. (2003), dentre outros pesquisadores, como área de especial relevância para a ampliação/criação de áreas protegidas, em razão da elevada diversidade biológica local.

O remanescente florestal da Região Serrana Central tem orientação de Leste a Oeste, acompanhando a linha da costa no centro do Estado do Rio de Janeiro e abrangendo os municípios de Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Duque de Caxias, Japeri, Queimados, Petrópolis, Teresópolis, Magé, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo e Silva Jardim (ROCHA et al., 2003). Sua vegetação predominante é a Floresta Ombrófila Densa e seus vários subtipos.

Segundo Rocha et al. (2003), apesar da proteção dos remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro em Unidades de Conservação, todos os blocos estão sob forte pressão de degradação em seu entorno e área interna por desmatamento, crescente processo de urbanização, a caça, o comércio ilegal de espécies da fauna, a retirada de madeira e a introdução de espécies exóticas.

2.3.2 Regiões Fitoecológicas no Estado do Rio de Janeiro

Segundo as Folhas S23/24 - Rio de Janeiro/Vitória, do Projeto RADAMBRASIL (URURAHY et al., 1983) e INEA (2010) a área do Estado do Rio de Janeiro continha originalmente as regiões fitoecológicas da Mata Atlântica apresentadas no QUADRO 2.2.

QUADRO 2.2 Regiões Fitoecológicas Originais da Mata Atlântica

Região Fitoecológica Formação Subformação

Floresta Ombrófila Floresta Ombrófila Densa

Aluvial

Terras Baixas

Sub-Montana

Montana

Alto-Montana

Floresta Ombrófila Mista Montana

Floresta Estacional Semidecidual Floresta Estacional Semidecidual

Aluvial

Terras Baixas

Sub-Montana

Montana

Savana Gramíneo Lenhosa

Savana Estépica Savana Estépica Arbórea Aberta

Formações Pioneiras

Influência Marinha Restinga

Influência Flúvio-Marinha Mangue

Influência Fluvial

Refúgio Ecológico Alto Montano Herbáceo

FONTE: RADAMBRASIL, 1983. Apud: INEA, 2010, adaptado pela equipe do PM

Page 32: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 32

Dentre estas formações originais do Estado do Rio de Janeiro, foram considerados, no Decreto Federal 750/93, como do bioma “Mata Atlântica e ecossistemas associados”, as seguintes formações: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, manguezais, restingas e campos de altitude.

Na apresentação das regiões fitoecológicas no Estado do Rio de Janeiro foi tomado como base principal o Sistema Universal de Classificação da Vegetação Brasileira proposto por Veloso et al. (1991), que utiliza critérios fisionômico-ecológicos. A classificação fisionômica-ecológica permite definir categorias vegetacionais em áreas de grande extensão e permite, também, correspondência com a obtenção de dados e definição de limites a partir de sensoriamento remoto. As classes de vegetação indicam, indiretamente, condições ambientais - litologia, relevo e mesoclima - que podem também influenciar a presença e ação antrópica. Foram também consultados: SEMADS (2001) e Ururahy et al. (1983).

Especificamente estão presentes na APA Estadual de Macaé de Cima as seguintes formações vegetais: Floresta Ombrofila Densa Aluvial, Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana, Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Alto-montana e Refúgio Ecológico.

2.3.2.1 Floresta Ombrófila

A formação Floresta Ombrófila Densa é caracterizada essencialmente por atributos climáticos, sobretudo a elevada temperatura, com média acima de 25°C e precipitação com média acima de 1500 mm. As chuvas são marcadamente bem distribuídas, com até 60 dias de estiagem, o que é insuficiente para caracterizar um período biologicamente seco. A vegetação é caracterizada pela forte presença de fanerófitos, lianas lenhosas e epífitas. Os solos são em grande parte Latossolos distróficos e eutróficos.

A variação da topografia ocasiona alterações na fisionomia. Assim, a Floresta Ombrófila Densa foi dividida em cinco formações, em função da altitude e latitude em que se encontram. Quatro destas formações estão presentes na APA.

Floresta Ombrófila Densa Aluvial

É a formação vegetal também denominada de Mata Ciliar. Acompanha as margens dos rios e está associada aos seus sedimentos quaternários. Apresenta pouca variação em função da topografia, mas considerável em relação à latitude e a bacia onde se encontra. É composta de macro, meso e microfanerófitos. Lianas lenhosas e herbáceas também são frequentes. Espécies nanofanerófitas e caméfitas podem ser encontradas próximas ao solo, em meio a plântulas das espécies que ocupam o dossel, que é originalmente denso e uniforme. Frequentemente encontra-se com aparência mais esparsa, dada a ação antrópica.

Floresta Ombrófila Densa Submontana

Trata-se de uma formação ocorrente em relevo montanhoso sobre litologia do Pré-Cambriano, de solo medianamente profundo, em altitudes entre 50 e 500 metros para a latitude do estado Rio de Janeiro. No estado encontram-se no relevo da Serra do Mar, nos contrafortes litorâneos e nas ilhas. O estrato superior é composto de fanerófitos de tamanho similar, que podem atingir até 30 metros. O sub-bosque contém plântulas de espécies do dossel, nanofanerófitos, caméfitos, lianas e palmeiras de pequeno porte.

Embora hoje se encontrem sob proteção legal em função da inclinação dos terrenos onde ocorrem ou por pertencerem a parques e reservas, as áreas de Floresta

Page 33: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 33

Submontana encontram-se bastante degradadas. Em geral, o impacto se dá por atividades humanas como extração de carvão e lenha para atender a demanda por parte da região metropolitana do Rio de Janeiro ou por atividades de agricultura e pecuária. Os remanescentes em melhor estado de conservação são os que se encontram inseridos em parques, como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e Bocaina.

Floresta Ombrófila Densa Montana

Esta formação encontra-se no alto de planaltos e serras. No Estado do Rio de Janeiro, entre 500m e 1500 metros de altitude, em rebordos dissecados da Serra do Mar e Itatiaia. O dossel fica em torno de 20 metros nesta faixa de altitude, sendo cada vez menor este atributo da vegetação em função de propriedades do solo. Este é de litologia pré-cambriana, alcalina cretácica ou ainda do Paleozóico.

Pela distribuição relevante, destacam-se os gêneros Erisma, Vochysia, Bactris e Zamia, frequentes na Amazônia. Fora desta destacam-se os gêneros Podocarpus, Ocotea e Nectandra, de distribuição mais ampla.

Esta formação encontra-se em melhor estado de conservação, sobretudo se comparada a outras formações. Isto se deve mais a sua ocorrência em locais de difícil acesso e utilização do que ao fato de serem consideradas Áreas de Proteção Permanente. Ainda assim, áreas ocupadas por agricultura e plantações de eucalipto ainda podem ser observadas. Grandes extensões bem preservadas podem ser encontradas no contra-forte da Serra do Mar, muitas vezes protegidas em parques, como o Parque Nacional do Itatiaia e o Parque Estadual do Desengano.

Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana

Também chamada de Mata Nebular, é uma formação arbórea, de menor porte, se comparada às demais, com sub-bosque parco ou ausente, sempre situada em topografia elevada, em Neossolos litólicos, alcalino cretácicos e Cambissolos. No estado do Rio de Janeiro encontra-se em altitudes superiores a 1500 metros, em locais como Itatiaia. A vegetação torna-se diferenciada, com a presença de muitas nano e microfanerófitas, dadas as elevadas altitudes encontradas. Outro aspecto relevante para a vegetação são as baixas temperaturas, com médias inferiores a 15°C.

É composta por famílias que apresentam ampla distribuição, apesar de as espécies frequentemente serem endêmicas. Isto de deve ao isolamento que as espécies encontram após conseguirem colonizar um determinado local. Gêneros como Drymis, Clethra, Ilex e Rapanea, dentre outros, são bastante frequentes nesta formação.

Assim como a Floresta Montana, a presente formação também é considerada Área de Preservação Permanente e apresenta considerável estado de conservação, sobretudo pelo difícil acesso e difícil conversão em áreas de agricultura e pastagem. Uma parte considerável desta área encontra-se em parques como o Nacional da Bocaina e de Itatiaia.

2.3.2.2 Refúgio Ecológico

VELOSO et al. (1991) consideram como Refúgio Ecológico uma vegetação de fisionomia e florística diferenciadas do contexto geral da flora dominante na Região Ecológica ou no tipo de vegetação. No território fluminense ocorre apenas o Refúgio Ecológico Alto-Montano, chamado também de Campo de Altitude, localizado acima dos 1.500 metros de altitude em

Page 34: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 34

trechos das serras do Mar e da Mantiqueira, logo após a Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana (SEMADS, 2001).

A fitofisionomia é herbáceo-arbustiva aberta, onde as Asteraceae estão significativamente representadas por vários gêneros (Achyrocline, Baccharis, Chionolaena, Erigeron, Eupatorium, Mikania, Senecio, Vernonia e Wedelia). As Poaceae possuem uma espécie de bambu - Chusquea pinifolia - muito frequente nestes locais, e só neles. Outra gramínea exclusiva dos campos de altitude é Cortaderia modesta. Exemplos de plantas herbáceas aí representadas são Paepalanthus sp. e Leiothrixsp., ambas da família Eriocaulaceae, e outras da família Scrophulariaceae. Aparecem também o líquen Cladonia, presente como manchas almofadadas no chão e, nos lugares úmidos, um musgo higroscópico, Sphagnum purpuratum, que favorece a instalação da planta carnívora Drosera vilosa (SEMADS 2001).

Para Veloso et al. (1991) o Refúgio Ecológico constitui uma “vegetação relíquia” que persiste em situações especialíssimas. Situações especiais são também citadas por Benites et al. (2007), que estudaram os solos associados aos afloramentos rochosos das partes mais altas das Serras do Espinhaço e da Mantiqueira, e denominaram os ecossistemas associados a estes afloramentos rochosos como Complexos Rupestres de Altitude. Segundo estes autores, há uma considerável diversidade de pedoambientes e mosaicos vegetacionais associados, determinados pela topografia e aspectos microambientais, inclusive em situações de saturação de água que leva a uma acumulação de matéria orgânica nos solos. Em geral, os solos encontrados são rasos, arenosos e oligotróficos. Benites et al. (op.cit.) apontaram a ocorrência de um grande número de espécies endêmicas e em perigo encontradas nestes refúgios em altitude, apontando sua importância para a preservação da biodiversidade. Alguns solos aí encontrados também foram citados como endêmicos, em função de características peculiares, e consideraram sua preservação como estratégica, por se tratar de solos raros e ameaçados de extinção. O oligotrofismo destes solos, associado a outras limitações, estariam relacionados a estratégias de adaptação por parte da vegetação, como as plantas insetívoras representadas pela Drosera sp. Corroborando Veloso et al. (1991), que se referiram a uma “vegetação relíquia”, Benites et al. (op.cit.) levantaram que a maioria destes ecossistemas é instável sob a condição climática atual, e a intervenção antrópica - desmatamento, queimadas induzidas e turismo não controlado - é um fator de aceleração do processo de degradação.” (p.569).

2.3.3 Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro possui Unidades de Conservação nas três esferas: federal, estadual e municipal. Este Plano de Manejo enfoca as Unidades de Conservação federais e estaduais do Rio de Janeiro, além das Unidades Municipais que se encontram no entorno da área da APA de Macaé de Cima. Entretanto, é importante destacar o aumento dos esforços realizados na esfera municipal pelas prefeituras, que, juntas, contribuem para fortalecer a estratégia de conservação da biodiversidade no Brasil.

Nas primeiras duas esferas, o Estado do Rio de Janeiro possui 51 Unidades de Conservação. Entretanto, é válido lembrar que muitas UC têm suas áreas sobrepostas ou inteiramente incluídas em outras Unidades de Conservação. Algumas UC de Uso Sustentável estaduais englobam UC de Proteção Integral municipais. Além disso, algumas UCs englobam uma área do oceano, o que nem sempre é considerado nos cálculos das fontes oficiais.

As informações sobre as UC do Estado do Rio de Janeiro estão descritas e analisadas separadamente, nas esferas federal, estadual e municipais de Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Macaé, Nova Friburgo, Silva Jardim e Trajano de Moraes.

Page 35: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 35

A FIGURA 2.8 e a FIGURA 2.9 apresentam a localização e a distribuição das Unidades de Conservação federais e estaduais localizadas no Estado do Rio de Janeiro, respectivamente.

2.3.3.1 Esfera Federal

O Estado do Rio de Janeiro contribui para a manutenção da diversidade biológica com 19 UCs federais, como mostra a TABELA 2.3.

Deste total, onze (11) UC pertencem ao Grupo de Proteção Integral e oito (8) pertencem ao Grupo de Uso Sustentável, estando ambos sob a tutela do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além da sobreposição entre as unidades de conservação, estão incluídas neste total duas UC federais que possuem parte de sua área em territórios de outros Estados, o Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Nacional de Itatiaia, que se estendem entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e a APA da Serra da Mantiqueira, que possui uma grande área em territórios dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo o Atlas de Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro (SEMADS, 2001), as UC federais cobriam uma área de, aproximadamente, 4.300km² ou 430.000 hectares (cerca de 10% do território). Entretanto, desde sua publicação em 2001, criaram-se novas UC no Estado, o que contribuiu para aumentar a área protegida para, aproximadamente, 4.739,84 km² ou 473.984,93 hectares, que correspondem à cerca de 10,83% do território estadual, já descontando áreas sobrepostas.

Cabe ressaltar que uma das 19 UC federais encontra-se na região da APA Estadual de Macaé de Cima, a APA da Bacia do Rio São João / Mico-Leão-Dourado.

Na TABELA 2.3, observa-se que os Parques Nacionais encontram-se em maior número, e cobrem uma maior extensão de área protegida dentro do Grupo de Unidades de Proteção Integral, o qual não conta, até o momento, com UC federais criadas dentro da categoria Refúgio de Vida Silvestre.

TABELA 2.3 Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro sob tutela federal

Categoria de Manejo Número Área Total

(ha) Área

Sobreposta (ha)

Área Fora do Estado

(ha)

Bioma

Parque Nacional* 5 105.784,67 7.264,56 57.925,99 Mata Atlântica / Costeiro

Reserva Biológica 3 34.235,40 Mata Atlântica

Estação Ecológica 2 11.297,50 Mata Atlântica / Marinho

Monumento Natural 1 105,93 Marinho

Área de Proteção Ambiental** 5 270.338,84 22.431,86 394.167,46 Mata Atlântica / Costeiro

Área de Relevante Interesse Ecológico

1 125,14 Mata Atlântica

Reserva Extrativista 1 51.601,46 Marinho

Floresta Nacional 1 495,99 Mata Atlântica

Total 19 473.984,93 29.696,42 452.093,45

FONTE: ICMBio, 2013

NOTAS: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte; * Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro; ** Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro. Foi excluída a área sobreposta com outras UC. Não foram incluídas as RPPN.

Page 36: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 36

Na TABELA 2.4, sem considerar as RPPNs (UC de Uso Sustentável), observa-se que as Unidades de Conservação de Proteção Integral, criadas no âmbito federal no Estado do Rio de Janeiro, cobrem uma área quase três vezes menor do que a área ocupada por Unidades de Conservação de Uso Sustentável. A área total coberta por UC de Uso Sustentável representa 68,08% da área total protegida por UC federais no Estado. Isto se deve ao fato de que a maior extensão de área protegida no Estado, na esfera federal, é resultado da existência das cinco APA, que, juntas, totalizam 270.338,84 hectares.

TABELA 2.4 Número total de Unidades de Conservação federais criadas no Estado do Rio de Janeiro, por grupo, sua área total e porcentagem.

Grupo Subtotal Área total (ha) % da área total

Proteção Integral 11 151.317,57 31,92

Uso Sustentável 08 322.667,36 68,08

Total 19 473.984,93 100

FONTE: ICMBio, 2013

NOTA: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte. Não foram incluídas as RPPN. Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro. Foi excluída a área sobreposta com outras UC.

O Estado do Rio de Janeiro é, proporcionalmente, o território que possui o maior número de Parques Nacionais, abrangendo uma área total de, aproximadamente, 105.784,67 hectares, e a maior proporção de área protegida por esta categoria de manejo (ROCHA, 2002). Entre estes, encontram-se os dois Parques Nacionais mais antigos, originados na primeira fase do processo de criação das UC no Brasil: O Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, criado em 1939.

O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, último Parque Nacional a ser criado no Estado do Rio de Janeiro, tem a maior área de restinga incluída em uma Unidade de Conservação (IMBASSAHY, 2009).

O TABELA 2.5 apresenta os dados referentes aos Parques Nacionais criados no Estado do Rio de Janeiro.

TABELA 2.5 Parques Nacionais do Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal.

Parque Nacionais Área Total

(ha)

Área Sobreposta

(ha)

Área Fora do Estado

(ha)

Ano de Criação

PN de Itatiaia (RJ/MG)* 12.727,00* 15.357,10 1937

PN da Serra dos Órgãos (RJ) 20.020,54 1939

PN da Tijuca (RJ) 3.958,47 1961

PN da Serra da Bocaina (RJ/SP)** 54.211,44 7.264,56 42.568,89 1971

PN da Restinga de Jurubatiba (RJ) 14.867,22 1998

Total 105.784,67 7.264,56 57.925,99

FONTE: MMA, 2013; ICMBio, 2013a

NOTA: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte; *Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro. A área total do Parque é de 28.084,10 ha; **Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro. A área total do Parque é 104.044,89 ha. Foi excluída a área sobreposta com a APA de Cairuçu.

Page 37: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 37

O Parque Nacional de Itatiaia, localizado na divisa entre os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira, foi o primeiro Parque Nacional criado no Brasil, em 14 junho de 1937, e a primeira área no país a se constituir como Unidade de Conservação, com objetivo de proteger a biodiversidade local e seu patrimônio geomorfológico.

Apesar do PN da Serra da Bocaina ter a maior extensão em área dentre os Parques Nacionais localizados no Estado do Rio de Janeiro, 40% do seu território pertence ao estado de São Paulo, onde é sobreposto pelo Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba.

Page 38: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.8 Mapa das Unidades de Conservação Federais do Estado do Rio de Janeiro.

Page 39: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 39

Esta região é ambientalmente estratégica por ser o único ponto onde estes dois Parques atingem a orla marítima, além de integrar a APA do Cairuçú e a Reserva Ecológica da Juatinga (RJ).

O PN da Serra dos Órgãos foi ampliado e passou a ter 20.020,54 hectares a partir do decreto de 13 de setembro de 2008, representando um crescimento de 88% em relação à sua área anterior. Além da necessidade de proteger melhor as espécies ameaçadas, a ampliação do Parque tem como objetivo evitar que a expansão desordenada das cidades do entorno reduza ainda mais os remanescentes florestais e interrompa o corredor de biodiversidade entre a Serra dos Órgãos e o Tinguá.

A TABELA 2.6 apresenta os dados referentes às Reservas Biológicas federais localizadas no Estado do Rio de Janeiro. Das 29 Reservas Biológicas existentes no Brasil, três se encontram no Estado do Rio de Janeiro e foram criadas no período entre 1974 e 1998. A importância da Reserva Biológica Poço das Antas e da Reserva Biológica União é justificada por estarem situadas na região de ocorrência do mico-leão-dourado. A Reserva Biológica Tinguá apresenta uma área, em extensão, significativamente maior do que a área das outras duas RB.

As três Reservas Biológicas federais criadas no Estado (Tinguá, União e Poço das Antas) somam uma área de 34.235,40 hectares, o que representa 22,64% da área total (151.317,57 ha) coberta pelas UC de Proteção Integral no Estado do Rio de Janeiro.

Atualmente, a Reserva Biológica União está passando por um processo de ampliação, onde sua área será de cerca de 7.000 ha, quase o dobro da área atual. A área que será incorporada à Reserva está situada a oeste da UC e se estende em direção à APA do Sana. A proposta de ampliação foi apresentada e discutida na consulta pública que ocorreu em dezembro de 2010, em Casimiro de Abreu. A ampliação da RB União conta com o apoio da UTE Norte Fluminense. Na TABELA 2.7 estão apresentados os dados das EE Tamoios e Guanabara.

TABELA 2.6 Reservas Biológicas do Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal.

Reservas Biológicas Área Total (ha) Ano de Criação

RB de Poço das Antas (RJ) 5.052,48 1974

RB do Tinguá ( RJ) 26.260,00 1989

RB União (RJ) 2.922,92 1998

Total 34.235,40

FONTE: ICMBio, 2013

NOTA: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte.

TABELA 2.7 Estação Ecológica inserida no Estado do Rio de Janeiro, sob a tutela federal.

Estação ecológica Área Total (ha) Ano de Criação

EE dos Tamoios (RJ) 9.361,27 1990

EE da Guanabara (RJ) 1.936,23 2006

Total 11.297,50

FONTE: ICMBio, 2013

NOTA: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte

Page 40: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 40

No Brasil, apenas 0,4% do bioma marinho nacional está protegido em unidades de conservação federais, portando é de grande importância a existência da EE dos Tamoios, apresentando 96,64% de área marinha e 3,36% de área terrestre (ICMBIO, 2009b). Criada em 1990, a Estação Ecológica de Tamoios veio atender ao dispositivo do decreto 84.973/80, que dispõe sobre a localização de UC dessa categoria próximas a Usinas Nucleares. Com a implantação de uma usina deste tipo em Angra dos Reis, criou-se a Estação Ecológica de Tamoios como instrumento de preservação ambiental e de monitoramento das ações antrópicas na região.

Último reduto contínuo de manguezal na Baía de Guanabara, a EE da Guanabara, tem a sua importância destacada por apresentar 44% de sua extensão coberta por este ecossistema.

A superfície coberta por APAs que estão sob a tutela federal é bastante significativa dentro do território do Estado, sendo que a APA da Mantiqueira também engloba territórios dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, a qual possui 27.637 ha no Estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Resende e Itatiaia.

Cabe destacar a APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, com uma área de 150.373,03 hectares, localizada na área de ocorrência do mico-leão-dourado. Esta foi a penúltima UC criada no Estado do Rio de Janeiro, na esfera federal, desconsiderando-se as RPPNs. A última UC federal criada no Estado do Rio de Janeiro foi a Estação Ecológica da Guanabara.

Pode-se observar na TABELA 2.8 que dentre as APAs com território integralmente localizado no Estado, APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, possui a maior extensão em área.

TABELA 2.8 Áreas de Preservação Ambiental do Rio de Janeiro, sob tutela federal.

Área de Proteção Ambiental Área Total

(ha)

Área Sobreposta

(ha)

Área Fora do Estado

(ha) Ano de Criação

APA de Petrópolis (RJ)* 47.726,73 20.496,86 1982

APA de Cairuçu (RJ) 32.610,46 1983

APA de Guapimirim (RJ)** 11.991.62 1.935 1984

APA da Serra da Mantigueira (RJ/SP/MG)*** 27.637,00 394.167,46 1985

APA da Bacia do Rio São João / Mico-Leão-Dourado) (RJ) 150.373,03 2002

Total 270.338,84 22.431,86 394.167,46

FONTE: ICMBio, 2013

NOTA: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte; * Foi excluída a área sobreposta com a RB Tinguá e PN da Serra dos Órgãos; ** Foi excluída a área sobreposta com a ESEC da Guanabara; *** Foi contabilizada apenas a área que está situada no Estado do Rio de Janeiro.

A TABELA 2.9 apresenta a única ARIE do Estado do Rio de Janeiro, a qual possui uma pequena área de proteção.

Page 41: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 41

TABELA 2.9 Área de Relevante Interesse Ecológico do Rio de Janeiro, sob tutela federal.

Área de Relevante Interesse Ecológico Área Total (ha) Ano de Criação

ARIE Floresta da Cicuta (RJ) 125,14 1985

Total 125,14

FONTE: ICMBio, 2013

NOTAS: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte

Pela Lei Nº 12.229, de 13 de abril de 2010, a ARIE das Ilhas Cagarras passou a ser denominada Monumento Natural das Ilhas Cagarras, conforme apresentado na TABELA 2.10. O MN das Cagarras tem como objetivo preservar os remanescentes do ecossistema insular do domínio da Mata Atlântica, as belezas cênicas, o refúgio e a área de nidificação de aves marinhas migratórias, assim como o de ordenar as atividades de pesca, turismo, esporte, recreação e de pesquisa científica nos limites da unidade e nas águas do seu entorno.

TABELA 2.10 Monumento Natural do Rio de Janeiro, sob tutela federal

Monumento Natural Área Total (ha) Ano de Criação

MN das Ilhas Cagarras (RJ) 105,93 1989

Total 105,93

FONTE: ICMBio, 2013

NOTAS: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte

A Reserva Extrativista do Arraial do Cabo, apresentada na TABELA 2.11, Unidade de Conservação de Interesse Ecológico Social, tem por objeto garantir a exploração auto-sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis, tradicionalmente utilizados para pesca artesanal por população extrativista do município de Arraial do Cabo.

TABELA 2.11 Reserva Extrativista do Rio de Janeiro, sob a tutela federal

Reserva Extrativista Área Total (ha) Ano de Criação

REx Marinha do Arraial do Cabo (RJ) 51.601,46 1997

Total 51.601,46

FONTE: ICMBio, 2013a

NOTAS: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte

A Floresta Nacional Mario Xavier (TABELA 2.12) é a única reserva ambiental da sua categoria no estado do Rio de Janeiro, vinculada hoje à administração do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e abrange um dos fragmentos florestais mais significativos do município de Seropédica, no Estado do Rio de Janeiro, distribuído em uma área de 495,99 hectares, podendo ser considerado como um dos últimos fragmentos florestais da planície aluvionar do rio Guandu.

Page 42: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 42

TABELA 2.12 Floresta Nacional, sob tutela federal.

Floresta Nacional Área Total (ha) Ano de Criação

FN Mário Xavier (RJ) 495,99 1986

Total 495,99

FONTE: MMA, 2013; ICMBio, 2013a

NOTAS: Elaborado pela equipe do plano, com dados disponibilizados pela fonte

2.3.3.2 Esfera Estadual

Segundo o Atlas das Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro (SEMADS, 2001), as UC estaduais abrangem uma área de aproximadamente 140.000,00 ha, que correspondem a 3,2% do seu território. Estas UCs estão sob a tutela do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

No entanto, a área do Estado protegida por UC estaduais aumentou para 324.063,61 hectares, que correspondem a aproximadamente 7% do território do Estado, com a criação de novas UC, como a APA do Guandu, criada em 2007, e o Parque Estadual Cunhambebe, criado em 2008.

Da TABELA 2.13 à TABELA 2.19 são apresentadas informações sobre as Unidades de Conservação estaduais por categoria de manejo, incluindo a área total de cada unidade. Cabe ressaltar que dentre as 32 UC estaduais localizadas na Região da APA Estadual de Macaé de Cima, uma apresenta sobreposição a esta: o Parque Estadual dos Três Picos.

Cabe ressaltar que, da mesma forma que os Municípios apresentam categorias de manejo não contempladas pelo SNUC, no Estado do Rio de Janeiro existem áreas especialmente protegidas que não foram contempladas na Lei do SNUC, mas que continuam válidas, sem contudo serem regidas por tal legislação, entre as quais se destaca a Reserva Ecológica da Juatinga, que passa atualmente por processo de recategorização em cumprimento à lei do SNUC.

Na esfera estadual se destacam unidades como as APA e Parques Estaduais, que representam uma área importante e extensa para conservação, conforme pode ser observado na TABELA 2.13.

Observa-se que existem a mesma quantidade de APA e Parques, sendo que as APA são as mais abrangentes no Estado do Rio de Janeiro, cupando 123.874 hectares do território estadual.

TABELA 2.13 Unidades de Conservação Estaduais.

Categoria de Manejo Quantidade Área Total (ha)

Área Sobreposta

(ha) Bioma

Parque Estadual* 13 174.678,61 30.883 Mata Atlântica / Marinho / Costeiro

Reserva Biológica 3 9.331 Mata Atlântica

Reserva Ecológica 1 8.000 Mata Atlântica

Estação Ecológica 2 8.180 Mata Atlântica / Marinho

Área de Proteção Ambiental* 13 123.874 22.688 Mata Atlântica / Costeiro

Total 32 324.063,61 53.571

FONTE: INEA, 2013.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte. * Foi excluída a área sobreposta com outras UCs.

Page 43: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 43

Na TABELA 2.14, podem ser observados os valores de área das UC estaduais, notando-se que as de Uso Sustentável são em menor número, mas cobrem uma área maior (53%) em relação às UC de Proteção Integral (47%).

TABELA 2.14 Número total de Unidades de Conservação estaduais do Rio de Janeiro, por grupo, sua área total e porcentagem.

Grupo Subtotal Área total (ha)

Área Sobreposta a

outro grupo de UC (%)

% da área total

Proteção Integral* 19 210.032,97 20 47

Uso Sustentável* 14 228.949,20 18 53

Total 33 438.982,17 -- 100

FONTE: GEOPEA/INEA, 2013.

Na TABELA 2.15, podem ser observados os valores de área dos treze Parques Estaduais do Rio de Janeiro, verificando-se que quatro foram criados mais recentemente, a partir 2002, destacando-se o Parque Estadual dos Três Picos, em 2002, que é a unidade mais extensa dentro desta categoria, no âmbito estadual, seguida pelo Parque Estadual Cunhambebe. Este último foi criado com o objetivo de proteger a vegetação nativa, formando um contínuo florestal com o Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Terra Indígena de Bracuhy, o que assegura a preservação de espécies animais e vegetais ameaçadas com a fragmentação dos remanescentes da Mata Atlântica.

Em 2011 foi criado o Parque Estadual da Costa do Sol, situado nos municípios de Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Saquarema e São Pedro da Aldeia. Este parque tem como objetivo principal a conservação dos remanescentes dos diversos ecossistemas secos e úmidos da Região dos Lagos.

Em 2012 foram criados mais dois parques: Lagoa do Açu e Pedra Selada. O Parque Estadual da Lagoa do Açu está localizado nos municípios de São João da Barra e Campos dos Goytacazes. O parque abriga um enorme banhado, denominado de Banhado da Boa Vista, uma lagoa, importantes áreas de restinga e uma extensa faixa de praia, que se constitui em um ponto de desova de várias espécies de tartarugas marinhas. A região ainda é local de pouso e nidificação de aves migratórias e abriga uma grande variedade de espécies ameaçadas de extinção. O Parque Estadual da Pedra Selada está localizado, em sua maior parte, no município de Rezende e uma pequena parte no município de Itatiaia. Este parque está inserido na APA da Serra da Mantiqueira, Unidade de Conservação federal dentro da qual também está situado o Parque Nacional de Itatiaia. O destaque do parque é o Pico da Pedra Selada, que possui 1.755 m de altitude, um verdadeiro marco natural daquela região. A área do parque ainda possui importantes remanescentes de matas e campos de altitude típicos da Mata Atlântica, que protegem as nascentes que abastecem as principais bacias hidrográficas da Região Sudeste - as dos rios Paraná e Paraíba do Sul (INEA, 2013).

A Reserva Florestal do Grajaú, que era a única UC criada dentro dessa categoria, foi transformada em Parque Estadual por meio do Decreto Estadual nº 32.017, de 15 de outubro de 2002, atendendo ao art. 55 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. A área do parque foi reflorestada a partir de 1966 e sua criação foi o resultado da reivindicação dos moradores do bairro do Grajaú, onde está localizada, e da Sociedade dos Amigos da Reserva do Grajaú (SEMADS, 2001). O PE do Grajaú, juntamente com o PE da Chacrinha, encontra-se sob regime de gestão compartilhada com a prefeitura do Rio de Janeiro desde 2007.

Page 44: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.9 Mapa das Unidades de Conservação Estaduais do Estado do Rio de Janeiro.

Page 45: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 45

O Parque Estadual da Ilha Grande, em Angra dos Reis, foi ampliado e consolidado e passou de 5,6 mil hectares para 12 mil hectares de área. Com a assinatura do decreto de ampliação, em fevereiro de 2007, a Ilha Grande, no Sul Fluminense, passou a ter 62,5% de sua área protegida dentro do Parque Estadual. Somando-se a Reserva Biológica da Praia do Sul e do Parque Estadual Marinho do Aventureiro, a Ilha Grande passou a ter um total de 87% de área preservada em unidades de conservação de proteção integral.

TABELA 2.15 Parques Estaduais do Estado do Rio de Janeiro, apresentados por ordem crescente do ano de sua criação.

Parques Estaduais Área Total (ha)

Área Sobreposta

(ha) Ano de Criação

PE da Chacrinha 13,3 1969

PE do Desengano 22.400 1970 / 1983

PE da Ilha Grande 12.052 1971

PE da Pedra Branca 12.394 1974

PE Marinho do Aventureiro 1.778 1990

PE da Serra da Tiririca 2.264 1991 / 1993

PE dos Três Picos* 58.790 15.266 2002

PE do Grajaú 55 1978 / 2002

PE Serra da Concórdia 804,41 2002

PE Cunhambebe** 38.000 15.617 2008

PE da Costa do Sol 9.840,90 2011

PE da Lagoa do Açu 8.251,00 2012

PE da Pedra Selada 8.036,00 2012

Total 174.678,61 30.883

FONTE: INEA, 2013.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte. *O P.E. Marinho do Aventureiro compreende uma área de 5 milhas náuticas; *Foram excluídas as áreas sobrepostas com a APA de Macaé de Cima, APA da Floresta do Jacarandá, APA da Bacia do Rio dos Frades e EE Paraíso e APA da Bacia do Rio Macacu; **Foi excluída a área sobreposta com a APA de Mangaratiba.

Na TABELA 2.16, podem-se verificar os dados referentes às Estações Ecológicas Estaduais. A Estação Ecológica do Paraíso foi criada com o objetivo principal de propiciar a realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia, a proteção do ambiente natural e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental. Nela foi implantado, em 1979, o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), que desempenha um importante papel para a conservação de espécies da fauna primatológica brasileira ameaçada de extinção, dentre as quais o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). A Estação Ecológica de Guaxindiba foi criada com o objetivo de proteger o último remanescente expressivo de mata estacional na região nordeste do Estado, na localidade conhecida como Mata do Carvão. É válido destacar que a Estação Ecológica de Guaxindiba é internacionalmente conhecida como patrimônio da humanidade pelo programa “Homem e Biosfera” da UNESCO, estando caracterizada como Zona Núcleo da RBMA.

Page 46: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 46

TABELA 2.16 Estações Ecológicas do Estado do Rio de Janeiro.

Estação Ecológica Área Total (ha) Ano de Criação

EE Paraíso 4.920 1987

EE de Guaxindiba 3.260 2002

Total 8.180

FONTE: INEA, 2013.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte

A TABELA 2.17 apresenta as três Reservas Biológicas do Estado do Rio de Janeiro, se destacando dentre elas a Reserva Biológica da Praia do Sul, que é a mais extensa e protege cinco ecossistemas naturais diferentes (mata de encosta, manguezal, restinga, lagunas com campos inundáveis e costões rochosos). Além dos atributos naturais, protege também sambaquis e sítios arqueológicos dos antigos habitantes da região.

Cabe ressaltar que a Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba passou por processo de recategorização e atualmente está enquadrada em uma categoria de manejo contemplada no SNUC como Reserva Biológica de Guaratiba (RBG) pela lei estadual nº 5842, de 03 dezembro de 2010. Foram incluídas à RBG as áreas do manguezal denominado “Campo do Saco”, bem como outros fragmentos de vegetação nativa adjacentes aos seus limites com o objetivo de assegurar a preservação dos remanescentes de manguezal e outros remanescentes de vegetação nativa, bem como recuperar as áreas degradadas ali existentes e garantir a manutenção das populações de animais e plantas nativas daquele ecossistema. Ficam desafetadas da RBG as áreas com ocupação urbana consolidada e as áreas ocupadas pelo Centro Tecnológico do Exército - CTEx, objetivando aperfeiçoar a gestão ambiental da RBG e concentrando esforços administrativos em áreas não antropizadas, conforme os objetivos de uma unidade de conservação de proteção integral.

TABELA 2.17 Reservas Biológicas do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação.

Reserva Biológica Área total (ha) Ano de criação

RB de Guaratiba 3.600 1974

RB de Araras 2.131 1977

RB da Praia do Sul 3.600 1991

Total 9.331

FONTE: INEA, 2013.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte

Observa-se na TABELA 2.18 que existe apenas uma Reserva Ecológica no Estado do Rio de Janeiro sob a tutela estadual. A Reserva Ecológica da Juatinga foi primeira unidade de conservação a ser criada com o expresso objetivo de fomentar a cultura caiçara local, compatibilizando-a com a utilização de seus recursos naturais, de acordo com os preceitos conservacionistas. Está localizada no município de Paraty e possui uma área expressiva de 8.000 hectares de Floresta Atlântica, incluindo vegetação de restinga, manguezais e costões rochosos. Cabe ressaltar que esta categoria de manejo não foi enquadrada no SNUC e, portanto, estão em fase de recategorização, em cumprimento à lei.

Page 47: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 47

TABELA 2.18 Reservas Ecológicas do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação.

Reserva Ecológica Área Total

(ha) Ano de Criação

RE da Juatinga 8.000 1991 / 1992

Total 8.000

FONTE: INEA, 2013; (SEA) - ICMS Ecológico 2010.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte

A TABELA 2.19 apresenta as 13 Áreas de Proteção Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, que ocupam uma área total de 123.874 ha e que foram criadas no período entre 1984 e 2007. Destaca-se dentre elas a APA de Tamoios, que possui área significativa (20.636 ha) dentre as APA do Estado do Rio de Janeiro, caracterizando-se como uma UC importante para assegurar a proteção do ambiente natural, das paisagens de grande beleza cênica e dos sistemas geo-hidrológicos da região, que abrigam espécies biológicas raras e ameaçadas de extinção, bem como comunidades caiçaras integradas naqueles ecossistemas. A APA do Guandu, criada em 2007 é a terceira maior APA do Brasil em extensão e a maior do Rio de Janeiro, possuindo 74.298ha, e o objetivo principal é proteger a bacia hidrográfica que garante o abastecimento de água para cerca de oito milhões de pessoas em 13 Municípios da Região Metropolitana do estado.

Cabe ressaltar que o Decreto Nº 41.990, de 12 de agosto de 2009, ampliou a área do Parque Estadual dos Três Picos - UC de proteção Integral - com acréscimo de 12.440,90 hectares, abrangendo terras dos Municípios de Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo e Silva Jardim e englobando duas UC de Uso Sustentável, a APA da Bacia do Rio dos Frades e a APA da Floresta do Jacarandá.

TABELA 2.19 Áreas de Proteção Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, apresentadas por ordem crescente do ano de sua criação.

Área de Proteção Ambiental Área Total

(ha) Área Sobreposta

(ha) Ano de Criação

APA de Maricá 965 1984

APA da Floresta do Jacarandá (englobada pelo PETP e extinta) 2.700 1985

APA de Massambaba*** 6.115 4.532 1986

APA de Tamoios* 5.142 15.494 1986

APA de Mangaratiba 24.483 1987

APA da Serra de Sapiatiba*** 5.387 579 1990

APA da Bacia do Rio dos Frades (englobada pelo PETP) 7.500 1990

APA de Macaé de Cima 35.037 2001

APA da Bacia do Rio Macacu 19.508 2002

APA do Pau-Brasil*** 8.873 1.691 2002

APA de Sepetiba II 193 2004

APA de Gericinó-Mendanha** 7.970 2005

APA do Guandu 73.906 392 2007

Total: 123.874 22.688

FONTE: INEA, 2013; (SEA) ICMS Ecológico 2010.

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte; *Foi excluída a área sobreposta com a RB Praia do Sul e com o PE da Ilha Grande; **Foi excluída a área sobreposta com a APA de Gericinó-Mendanha e com a RB de Araras; *** Foi excluída a área sobreposta com o Parque Estadual da Costa do Sol.

Page 48: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 48

2.3.3.3 Esfera Municipal

Na TABELA 2.20 estão apresentadas as UC sob gestão municipal da região da APA de Macaé de Cima: Bom Jardim, Casimiro de Abreu, Cachoeiras de Macacu, Macaé, Nova Friburgo, Silva Jardim e Trajano de Moraes. São 16 Unidades de Conservação de várias categorias de manejo, sendo oito APA, sete Parques e um Monumento Natural.

TABELA 2.20 Unidades de Conservação de Bom Jardim.

Município Unidade de Conservação Área (ha)

Bom Jardim

Parque Municipal Eliezer da Silveira Dias Sem informação

Parque Municipal Cel. Luiz Corrêa da Rocha Sobrinho Não delimitada

Cachoeiras de Macacu Monumento Municipal da Pedra do Colégio 127,452

Casimiro de Abreu Parque Natural Municipal Córrego da Luz 107,29

Macaé

Parque Natural Municipal Fazenda Atalaia 235,18

APA Municipal do Jardim Pinheiro do Morro de Santana Não delimitada

APA Municipal do Sana 11.802,14

Parque Municipal Arquipélago de Santana 167,25

APA Municipal Arquipélago de Santana Não delimitada

Parque Natural Municipal do Estuário do rio Macaé 127,82 ha

Nova Friburgo

APA Municipal do Pico da Caledônia 3.680

APA Municipal de Macaé de Cima 8.210

APA Municipal de Rio Bonito 6.850

APA Municipal dos Três Picos 5.640

Silva Jardim Parque Natural Municipal da Biquinha-Gruta Santa Edwiges 0,68

Trajano de Moraes APA do Alto do Rio Macabu 22.000

FONTE: INEA; (SEA) - ICMS ecológico 2010

NOTA: Elaborado pela equipe do Plano, com dados disponibilizados pela fonte

Macaé é o município com maior número de UC, onde está incluída a APA Municipal do Sana, que possui 11.802 há, sendo a UC municipal de maior área na região, limítrofe à APA em questão. Foi criada pela Lei Municipal nº 2.172/2001, com o objetivo de proteger os ecossistemas representativos na região, conservar e melhorar a qualidade ambiental, e ao mesmo tempo disciplinar, orientar e ordenar o processo de ocupação do solo, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e dos visitantes.

A Lei de Criação da APA Municipal Arquipélago de Santana está em processo de regulamentação para adequação à Lei do SNUC. O Parque Natural Municipal Fazenda Atalaia acaba de ser adequado ao SNUC pela Secretaria de Meio Ambiente de Macaé.

O município de Nova Friburgo possui apenas UCs do grupo de uso sustentável, da categoria APA. Dentre essas APA, duas tem seu território sobreposto pela APA Estadual de Macaé de Cima, a saber: a APA Municipal do Rio Bonito, que está integralmente inserida no território da APA Estadual de Macaé de Cima, e a APA Municipal de Macaé de Cima, que possui 19,84% do seu território sobreposto pela APA estadual. A APA Estadual de Macaé de Cima também tem 14,24% de seu território pelo Parque Estadual dos Três Picos.

A APA Municipal do Caledônia tem 45,09% do seu território sobreposto pelo Parque Estadual dos Três Picos e a APA Municipal dos Três Picos tem 60,42% de seu território sobreposto pelo Parque.

Page 49: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 49

No Estado do Rio de Janeiro o ICMS Ecológico foi criado pela Lei Estadual n.º 5.100, em outubro de 2007. Seus objetivos principais são ressarcir os municípios pela restrição ao uso de seu território (áreas de unidades de conservação e de mananciais de abastecimento) e recompensar os municípios pelos investimentos ambientais realizados. O ICMS Verde é composto pelos seguintes critérios: 45% para unidades de conservação, 30% para qualidade da água e 25% para gestão dos resíduos sólidos. Para calcular o valor recebido por cada município indicado no Índice Final de Conservação Ambiental (IFCA), são utilizados seis subíndices temáticos com pesos diferenciados, sendo: Tratamento de Esgoto (ITE) 20%; Destinação de Lixo (IDL) 20%; Remediação de Vazadouros (IRV) 5%; Mananciais de Abastecimento (IrMA) 10%; Áreas Protegidas (IAP) 36%; e Áreas Protegidas Municipais (IAPM) 9%.

No ano de 2009, quando foi implementado, o ICMS Ecológico representou 1% do total do ICMS repassado aos municípios, com valor total de R$ 38 milhões. Nesse ano, os maiores recebedores foram os municípios de Resende, Mesquita, Nova Iguaçu e Cachoeiras de Macacu. No ano de 2013, o Governo do Estado do Rio de Janeiro distribuiu R$ 177,7 milhões às prefeituras que investiram na preservação do meio ambiente. A TABELA 2.21 indica os dez maiores recebedores do ICMS Ecológico em 2013, com destaque para os municípios de Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu, que lideraram o ranking nesse ano e estão localizados na região da APA.

TABELA 2.21 Os maiores recebedores do ICMS Verde no Estado do Rio de Janeiro em 2013.

Ranking Município Valor Recebido (em milhões)

1º Silva Jardim 8,5

2º Cachoeiras de Macacu 6,9

3º Rio Claro 6,9

4º Miguel Pereira 5,7

5º Angra dos Reis 5,3

6º Resende 5,2

7º Nova Iguaçu 5,2

8º Teresópolis 4,8

9º Mesquita 4,8

10º Itatiaia 4,6

FONTE: RIO DE JANEIRO, 2013

2.3.3.4 A criação das RPPN

Prevista na legislação ambiental brasileira (SNUC, 2000) e reconhecida no Estado do Rio de Janeiro através do Decreto Estadual 40.909/2007, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma categoria de unidade de conservação de domínio privado, no qual o proprietário, mantendo seu direito sobre a posse da terra, a declara RPPN mediante a aprovação do Poder Público, por iniciativa voluntária. O título de RPPN lhe confere um estatuto jurídico diferenciado, sendo a área destinada à proteção de seus recursos naturais.

As RPPN constituídas pelo poder público do Estado do Rio de Janeiro são consideradas pertencentes à categoria de proteção integral, sendo o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) o órgão responsável pela sua criação, ao passo que as RPPN federais pertencem ao grupo de uso sustentável e ficam sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Assim, faz-se necessário, para criar uma RPPN, a apresentação de todos os documentos requisitados ao proprietário para um desses órgãos.

Page 50: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 50

Ao ser instituída a RPPN, o proprietário terá o direito de propriedade preservado e contará com uma série de benefícios, como a isenção sobre o Imposto Territorial Rural (ITR), a prioridade na análise de projetos no Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), o reconhecimento da sociedade e do Poder Público e a gestão e apoio de instituições de conservação e pesquisa. Além disso, por existir a possibilidade de desenvolver atividades de ecoturismo, a RPPN pode representar uma fonte geradora de empregos e renda para o proprietário e para trabalhadores da comunidade do entorno.

As atividades que podem ser desenvolvidas dependerão do que é definido pelo Plano de Manejo, sendo que esta categoria de UC permite a possibilidade de visitação pública controlada com finalidade educativa e ecoturística, observação da fauna e da flora e pesquisas científicas.

A criação de RPPN se apresenta como uma estratégia de conservação e preservação dos recursos naturais, em especial da biodiversidade e dos recursos hídricos. No estado do Rio de Janeiro é extremamente importante na conservação dos remanescentes de Mata Atlântica, além de contribuir para a manutenção de diversos serviços ambientais, como proteção de nascentes e cursos d’água, do entorno de lagoas e represas, da contenção de erosão em morros e encostas, dentre outros. Em 2003 foi lançado o programa estadual de incentivo às RPPN, com o objetivo de promover o aumento da área de Mata Atlântica protegida e consolidar os corredores de biodiversidade.

As 130 RPPN criadas até hoje no Estado do Rio de Janeiro totalizam 12.341,15 hectares, sendo 3.834,78 ha distribuídos nas 57 RPPN criadas nos 7 municípios da região da APA e 8.506,36 em 73 RPPN em outros municípios. Estes dados estão consolidados na TABELA 2.22 e revelam a diferença entre as áreas protegidas por ações particulares nos 7 municípios em questão e em outras cidades do Estado do Rio de Janeiro. Estes números retratam a importância da região em termos de iniciativas para a conservação da biodiversidade.

Os municípios de Nova Friburgo e Silva Jardim destacam-se pelo seu grande número de RPPN, cuja criação é estimulada pelo próprio município e pela Associação Mico-Leão-Dourado e, atualmente, também pelo Instituto BioAtlântica.

TABELA 2.22 Informações sobre as Reservas Particulares do Patrimônio Natural do Estado do Rio de Janeiro.

Nome da RPPN Município Área (ha) Jurisdição

RP

PN

s n

a r

egiã

o d

a A

PA

de M

acaé d

e C

ima

Marie Camille Bom Jardim 4,28 ICMBio

Nossa Senhora Aparecida Bom Jardim 8,7 ICMBio

Vale do Luar Bom Jardim 22,58 ICMBio

GAIA Bom Jardim 40,00 ICMBio

Fazenda Córrego da Luz Casimiro de Abreu 20 ICMBio

Matumbo Casimiro de Abreu 29,84 ICMBio

Três Morros Casimiro de Abreu 508,78 ICMBio

Morro Grande Casimiro de Abreu 192,34 ICMBio

Sítio da Luz Casimiro de Abreu 41,18 INEA

Fazenda Barra do Sana Macaé 162,4 ICMBio

Sítio Shangrilah Macaé 43 ICMBio

Ponte do Baião Macaé 248,40 INEA

Fattoria Grigia Nova Friburgo 10,2 ICMBio

Jardim das Delícias Nova Friburgo 20,42 ICMBio

continua

Page 51: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 51

continuação

Nome da RPPN Município Área (ha) Jurisdição

RP

PN

s n

a r

egiã

o d

a A

PA

de M

acaé d

e C

ima

Sítio do Sossego I Nova Friburgo 1,02 ICMBio

Sítio do Sossego II Nova Friburgo 1,04 ICMBio

Sítio Azul Nova Friburgo 5,08 ICMBio

Villa São Romão Nova Friburgo 54,02 ICMBio

Alto da Boa Vista – Resgate VIII Nova Friburgo 30,00 ICMBio

Bacchus Nova Friburgo 101,73 INEA

Bello e Kerida Nova Friburgo 13,7 INEA

Córrego Frio Nova Friburgo 21,68 INEA

Panapaná Nova Friburgo 17,25 INEA

Sítio da Luz Nova Friburgo 14,77 INEA

Soledade Nova Friburgo 6,33 INEA

Vale do Paraíso Nova Friburgo 84,99 INEA

Woodstock Nova Friburgo 30,37 INEA

Duas Pedras Nova Friburgo 1,51 INEA

Carpi Nova Friburgo 8,2 INEA

São José Nova Friburgo 8,77 INEA

Terra do Sol e da Lua Nova Friburgo 10,78 INEA

Nêga Fulô Nova Friburgo 4,59 INEA

Fazenda Arco-Íris Silva Jardim 45,86 ICMBio

Fazenda Bom Retiro Silva Jardim 472 ICMBio

Floresta Alta Silva Jardim 380,9 ICMBio

Gaviões Silva Jardim 117,39 ICMBio

Granja Redenção Silva Jardim 33,8 ICMBio

Neiva, Patrícia, Cláudia e Alexandra Silva Jardim 10,64 ICMBio

Serra Grande Silva Jardim 108 ICMBio

Sítio Santa Fé Silva Jardim 14,31 ICMBio

União Silva Jardim 343,1 ICMBio

Sítio Cachoeira Grande Silva Jardim 14,00 ICMBio

Mico Leão Dourado Silva Jardim 22,17 ICMBio

Águas Vertentes SIlva Jardim 12,57 INEA

Boa Esperança Silva Jardim 39,89 INEA

Cachoeirinha Silva Jardim 23,58 INEA

Cisne Branco Silva Jardim 5,52 INEA

Lençois Silva Jardim 17,33 INEA

Quero-Quero Silva Jardim 16,2 INEA

Rabicho da Serra Silva Jardim 62,78 INEA

Taquaral Silva Jardim 16,83 INEA

Fargo Silva Jardim 11,8 INEA

Estância Rio do Ouro Silva Jardim 7,07 INEA

da Cabeceira do Cafôfo Trajano de Morais 174,35 ICMBio

Reserva Córrego Vermelho Trajano de Morais 20,95 ICMBio

Santa Dulce de Cima Trajano de Morais 92,19 ICMBio

Águas Claras II Trajano de Morais 3,6 INEA

continua

Page 52: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 52

continuação

Nome da RPPN Município Área (ha) Jurisdição

RP

PN

s d

e o

utr

os M

unic

ípio

s

Fazenda do Tanguá Angra dos Reis 117,93 ICMBio

Gleba O Saquinho de Itapirapuá Angra dos Reis 3,97 ICMBio

Fazenda Bonsucesso Barra Mansa 232,17 ICMBio

Reserva Ecológia de Guapiaçu Cachoeiras de Macacu 302,12 INEA

Águas Claras I Conceição de Macabu 2,09 INEA

Nossa Senhora Aparecida Duas Barras 59,06 ICMBio

Pedra Branca Duas Barras 15,07 INEA

Jornalista Antenor Novaes Eng. Paulo de Frontin 125 ICMBio

Sete Flexas Eng. Paulo de Frontin 7,07 INEA

Santa Clara Eng. Paulo de Frontin 21,12 INEA

Reserva Porangaba Itaguaí 9 ICMBio

Sítio Angaba Itaguaí 29 ICMBio

Sítio Poranga Itaguaí 34 ICMBio

El Nagual Magé 17,2 ICMBio

Querência Magé 6,3 ICMBio

Campo Escoteiro Geraldo Hugo Nunes Magé 20,3 INEA

Fazenda Cachoeirinha Mangaratiba 650 ICMBio

Fazenda Santa Izabel Mangaratiba 525 ICMBio

Vale do Sossego Mendes 46,8 ICMBio

Pouso Alto Miguel Pereira 3,82 INEA

Sítio Monte Alegre 1A Miguel Pereira 8,24 INEA

Sítio Monte Alegre 1B Miguel Pereira 4,33 INEA

Reserva Gargarullo Miguel Pereira 45,72 INEA

Reserva Florestal Engenheiro João Furtado de Mendonça

Natividade 78,5 ICMBio

CEC/Tinguá Nova Iguaçu 16,5 ICMBio

Sítio Paiquerê Nova Iguaçu 14,1 ICMBio

Estela Paracambi 3,17 INEA

Grota do Sossego Paracambi 15,09 INEA

Fazenda Limeira Petrópolis 18,73 ICMBio

Graziela Maciel Barroso Petrópolis 184 ICMBio

Pedra Amarilis Petrópolis 39,64 ICMBio

Pilões Petrópolis 18,35 ICMBio

Rogério Marinho Petrópolis 91,22 ICMBio

Caldeirão Petrópolis 2,18 INEA

São Carlos do Mato Dentro Pirai 23,92 INEA

Reserva Agulhas Negras Resende 16,1 INEA

Santo Antônio Resende 538,59 INEA

Jardim de Mukunda Resende 21,7 INEA

Dois Peões Resende 59,98 INEA

Chalé Club Alambary Resende 2,46 INEA

Fazenda Roça Grande Rio Claro 63,7 ICMBio

Fazenda São Benedito Rio Claro 144 ICMBio

Reserva Nossa Senhora das Graças Rio Claro 30,73 ICMBio

Sítio Fim da Picada Rio Claro 28,15 ICMBio

Fazenda Sambaiba Rio Claro 117,86 INEA

Alvorada de Itaverá Rio Caro 160,48 INEA

Céu do Mar Rio de Janeiro 3,4 ICMBio

continua

Page 53: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 53

continuação

Nome da RPPN Município Área (ha) Jurisdição

RP

PN

s d

e o

utr

os M

unic

ípio

s

Reserva Ecológica Metodista Ana Gonzaga - CEMAG

Rio de Janeiro 73,12 ICMBio

Sítio Granja São Jorge Rio de Janeiro 2,6 ICMBio

Itacolomy São Fidélis 0,74 INEA

Fazenda Caruara São João da Barra 3.844,73 INEA

Fazenda Miosótis São José do Vale do Rio Preto 92,08 INEA

Nossa Senhora Aparecida Sapucaia 6,92 ICMBio

Mato Grosso Saquarema 26,11 ICMBio

Mato Grosso II Saquarema 53,5 INEA

Gotas Azuis Seropédica 6,62 INEA

Boa Vista e Pharol St. Antônio de Paduá 8 INEA

Verbicaro Stª Mª Madalena 11,62 INEA

Refúgio do Bugio Stª Mª Madalena 23,64 INEA

Reserva Serra do Caramandu Sumidouro 35,14 ICMBio

Fazenda Suspiro Teresópolis 18,21 ICMBio

Maria Francisca Guimarães Teresópolis 1,02 ICMBio

Olho d´Água Teresópolis 7,34 INEA

Sítio Serra Negra Teresópolis 18,48 INEA

Fazenda São Geraldo Valença 173 ICMBio

Douglas Vieira Soares Varre-Sai 17,61 INEA

Dr. Carlos de Oliveira Ramos Varre-Sai 25,35 INEA

Das Orquideas Varre-Sai 5,75 INEA

Xodó Varre-Sai 6,95 INEA

Ribeira e Soledade Varre-Sai 5,64 INEA

Frilson Matheus Vieira Varre-Sai 14,97 INEA

Bo Vista Varre-Sai 46,43 INEA

Sítio Palmeiras Varre-Sai 2,93 INEA

Total 12.341,15

FONTE: site ICMBio, 2013 / site INEA, 2013

2.3.4 O Planejamento Regional e a Inserção da APA

O ano de 1981 foi uma referência, no que tange ao planejamento ambiental nacional. A lei nº 6.938, de 31 de agosto do referido ano, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA - determinou, em seu artigo 9º, os instrumentos que seriam passíveis de utilização para o atendimento de seus objetivos. Entre eles figurava o Zoneamento Ambiental (ZOA), compreendido como o instrumento que objetiva o ordenamento do território e leva em consideração as fragilidades e potencialidades ambientais. A regulamentação do Zoneamento Ambiental foi publicada apenas no ano de 2002, com o Decreto Federal nº 4.297, que determinou o que se passou a chamar de Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).

Muitas são as questões que norteiam a elaboração de um zoneamento e entre elas está a integração deste com outros instrumentos de ordenamento territorial e de uso do solo, tanto na esfera federal quanto nas esferas estadual e municipal. Neste contexto, farão parte desta análise processos como o Licenciamento Ambiental de atividades potencialmente poluidoras, os Planos Diretores e as Agendas 21 municipais, já que são instrumentos de política urbana (SANTOS, 2010). Além destes, a integração deve ser feita também com os Planos de Manejo de Unidades de Conservação e outros instrumentos de planejamento ambiental em várias escalas, como planos de bacias hidrográficas e de microbacias.

Page 54: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 54

No caso do planejamento ambiental que envolve a criação e implementação de Unidades de Conservação, o processo de integração de programas ambientais pode incluir o estabelecimento de corredores ecológicos e mosaicos de Unidades de Conservação. No cenário fluminense, em uma escala maior, a integração pode ser dada através da RBMA, do Gerenciamento Costeiro e do Manejo Integrado das Bacias Hidrográficas. A utilização em associação das diferentes estratégias de conservação, como aquelas mencionadas acima, torna-se instrumento de extrema importância para a gestão integrada da paisagem, que é considerada, atualmente, a abordagem mais eficiente para conservar a biodiversidade (CABRAL, 2002).

No caso da Mata Atlântica, no contexto do planejamento integrado da paisagem, os esforços conjuntos para implementar o planejamento regional são recentes. A seguir, são apresentadas algumas destas estratégias de planejamento e gestão ambiental de interesse para a conservação da APA de Macaé de Cima: a divisão do Estado do Rio de Janeiro em macroregiões ambientais, com a criação de Consórcios e Comitês de Bacia; a gestão participativa nas APAs; iniciativas de implementação de corredores em diferentes escalas, a criação de Mosaicos e o incentivo à criação de RPPN.

2.3.4.1 Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro

De acordo com a filosofia do estabelecimento de zonas para uma melhor gestão territorial e ambiental, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERHI, dividiu o território do Estado do Rio de Janeiro em 10 regiões hidrográficas, oficializadas pela Resolução nº 18/2006 do mesmo órgão. Estas regiões estão assinaladas no mapa apresentado na FIGURA 2.10.

A resolução determinou que as áreas de atuação dos Comitês de Bacia Hidrográfica devem coincidir com a região hidrográfica respectiva, incluindo os casos dos Comitês já instituídos.

A APA de Macaé de Cima está localizada na Região Hidrográfica VIII, que inclui grande parte do município de Rio das Ostras e parcialmente os Municípios de Nova Friburgo, Casimiro de Abreu, Macaé, Conceição de Macabu e Carapebus. As Bacias Hidrográficas compreendidas nesta região são: do Jundiá; do Macaé e do Imboacica (INEA, 2010).

Page 55: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.10 Mapa das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro.

Page 56: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 56

2.4 A APA de Macaé de Cima e a Mata Atlântica

A história da Mata Atlântica remete aos primórdios da ocupação humana na América do Sul. As colonizações humanas no bioma se deram pelos povos registrados a partir de sambaquis, de feições mongólicas e numerosas tribos indígenas como Tamoio, Tupiniquim, Tabajara, Pataxó e Guarani, além dos próprios europeus. O histórico de ocupação da Mata Atlântica, portanto, está relacionado às atividades humanas, e a degradação deste bioma tornou-se mais expressiva a partir da colonização por parte dos europeus, tendo sido acelerada ao longo do século XX. Esta degradação tem gerado vários impactos ambientais, em especial no meio físico e na biodiversidade, o que tem levado à implementação de estratégias de conservação, entre elas a aplicação de instrumentos legais e a criação de áreas protegidas.

Segundo os parâmetros da Lei da Mata Atlântica, são 17 Estados brasileiros no bioma, ou seja, 1.306 km², o equivalente a cerca de 15% do território brasileiro. Conforme TABELA 2.23 , a seguir, alguns Estados, como Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), Paraná (PR), Alagoas (AL), Santa Catarina (SC) e São Paulo (SP) teriam mais de 50% de suas áreas pertencentes ao bioma da Mata Atlântica. Os Estados com maior área pertencente à Mata Atlântica, em termos absolutos, são Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Paraná (PR), Bahia (BA) e Rio Grande do Sul (RS) (Rodrigues, 2008). A TABELA 2.23 apresenta valores de área referentes à Mata Atlântica em vários Estados brasileiros.

TABELA 2.23 Valores de área referentes à Mata Atlântica em vários Estados brasileiros

UF Área UF Área Original (DMA)

Km² Km² %

AL 27.933 14.529 52,01

BA 567.295 177.924 31,36

CE 146.348 4.878 3,33

ES 46.184 46.184 100,00

GO 341.290 10.687 3,13

MS 358.159 51.536 14,39

MG 588.384 281.311 47,81

PB 56.585 6.743 11,92

PE 98.938 17.811 18,00

PI 252.379 22.907 9,08

PR 199.709 193.011 96,65

RJ 43.910 43.291 98,59

RN 53.307 3.298 6,19

RS 282.062 132.070 46,82

SC 95.443 95.265 99,81

SE 22.050 7.155 32,45

SP 248.809 197.823 79,51

Total 3.428.783 1.306,421 38,10

FONTE: Conselho Nacional da RBMA. Adaptado. 2010.

A APA de Macaé de Cima protege uma porção expressiva de Floresta Ombrófila Densa no Estado do Rio de Janeiro.

Os altos níveis de endemismo e o vasto complexo de natureza florestal, conferem à Mata Atlântica uma parcela significativa da diversidade biológica brasileira e mundial. O Bioma está entre as 34 regiões prioritárias para ações de conservação no planeta, denominadas hotspots. Segundo Rodrigues (2008), este conceito foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers (1988), que define ecossistemas prioritários para a conservação da natureza no mundo. A classificação destas áreas se dá segundo critérios como relevância em termos de biodiversidade e a ameaça de destruição do ecossistema. Os 34 hotspots mundiais

Page 57: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 57

correspondem a aproximadamente 2,3% da superfície do mundo, embora contenham cerca de 50% da totalidade de plantas e 42% dos vertebrados”. O hotspot Mata Atlântica, segundo a Conservação Internacional (CI) (2002), está apresentado na FIGURA 2.11, onde se observa a inclusão do Estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, da APA de Macaé de Cima.

O total de mamíferos, aves, répteis e anfíbios deste hotspot alcança 1.361 espécies, sendo que, 567 são endêmicas, representando 2% de todas as espécies do planeta, somente para estes vertebrados. Para os grupos de primatas, mais de 2/3 das formas presentes no bioma são endêmicos. A Mata Atlântica, que possui 20.000 espécies de plantas, das quais 8.000 são endêmicas, é o segundo maior bloco de floresta tropical do país.

FIGURA 2.11 Mapa do Hotspot da Mata Atlântica.

Page 58: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 58

2.5 Gestão integrada de Unidades de Conservação

Os critérios para determinação de limites e dimensões das Unidades de Conservação são tema recorrente de discussão na comunidade científica, e podem ser destacados os estudos de Macarthur e Wilson (1967), que associados à teoria de metapopulações foram de grande impacto e definiram princípios para seleção do melhor formato de áreas protegidas.

A princípio, quanto maiores forem as áreas, mais ricas elas serão em habitats e, portanto, com maior biodiversidade. No entanto, segundo Maciel (2007), o estado atual de fragmentação não permite a criação de megarreservas representativas de todos os biomas, pois devido à ação humana, as áreas naturais estão cada vez mais reduzidas. Em consequência disso, os esforços para a proteção da biodiversidade devem ser direcionados para o manejo da paisagem e para a ampliação da conectividade entre as áreas que ainda permanecem bem conservadas (BRASIL, 2006). Assim, surgiu a estratégia de Corredores Ecológicos para aumentar a conectividade destas áreas como ação de conservação da biodiversidade.

Em relação ao tamanho, as Unidades de Conservação, mesmo que pequenas, devem ser criadas em redes que cubram diferentes padrões de habitats, a fim de auxiliar a dispersão dos genes no sistema e permitir a conexão entre os fragmentos (MACIEL, 2007). Diante dessas dificuldades, o modelo de Mosaico, proposto no SNUC, tem demonstrado ser uma possibilidade de gestão integrada na utilização de recursos financeiros, humanos e logísticos de um grupo de Unidades de Conservação próximas umas das outras.

As dificuldades encontradas nas estratégias de gestão da conservação da biodiversidade levaram à procura de um modelo de gestão integrada por parte dos chefes das Unidades de Conservação, conforme o exemplo no Rio de Janeiro, onde, desde 2004, as Reservas Biológicas União e de Poço das Antas, juntamente com a APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, iniciaram ações de fiscalização conjuntas das UC Federais da Região. A intenção foi potencializar as ações das três Unidades, aproveitando os recursos disponíveis que, somados, constituem um significativo efetivo de pessoal e recursos logísticos.

No ano de 2006, dando continuidade à implantação deste modelo de gestão e após a realização de dois sobrevôos na região, foi elaborado um levantamento de pontos estratégicos para a fiscalização, incluindo áreas de desmatamentos, loteamentos, extração mineral, cerâmicas, dentre outros, na região abrangida pelas UCs. Com este planejamento foram realizadas duas operações com duração de uma semana inteira cada, contando com a participação de fiscais de outras unidades de conservação e da Superintendência do IBAMA no estado do Rio de Janeiro, da Polícia Federal, do Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente e de algumas Prefeituras da região. Estas operações maiores também geraram impactos positivos significativos, não só por inibir ações criminosas, mas também pela sua visibilidade na imprensa regional, gerando envolvimento de parte da sociedade local.

Esta iniciativa deu origem à implantação do Mosaico Mico-Leão-Dourado, criado pela Portaria do MMA Nº 481/10, com o objetivo principal de garantir a manutenção dos últimos remanescentes de Mata Atlântica de Baixada, habitat original da espécie de Leontopithecus rosalia (mico-leão-dourado).

O SNUC, regulamentado pelo Decreto Nº 4.340 de 22 de agosto de 2002, afirma no seu artigo 8º que o Mosaico de Unidades de Conservação será reconhecido em ato do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a pedido dos órgãos gestores das UC e, no seu artigo 9º, afirma que o Mosaico deverá dispor de um Conselho de Mosaico com caráter consultivo e a função de atuar como instância de gestão integrada das Unidades de Conservação.

Page 59: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 59

A APA de Macaé de Cima está incluída no Mosaico Central Fluminense, criado pela portaria Nº 350 de 11 de dezembro de 2006, do MMA. O detalhamento dos Mosaicos existentes na região da APA está representado na FIGURA 1.8 do Módulo 1 deste Plano de Manejo.

2.5.1 Iniciativas para a implantação de corredores ecológicos

Os Corredores Ecológicos (CE) apareceram na legislação brasileira com o Decreto Federal nº 750/93 que, em seu Art. 7º, proíbe a exploração de vegetação que tenha a função de proteger espécies da flora e fauna silvestres ameaçadas de extinção, que forme corredores entre remanescentes de vegetação primária ou em estágios avançado e médio de regeneração, ou, ainda, que tenha a função de proteger o entorno de Unidades de Conservação, bem como a utilização das áreas de preservação permanente, de que tratam os artigos 2º e 3º da Lei 4.471, de 15 de setembro de 1965. Essa Lei já tratava do conceito de corredores, quando declarou protegidas as faixas marginais situadas ao longo dos rios ou qualquer curso d’água (VIO, 2001).

A Resolução CONAMA nº 10, de 01 de outubro de 1993, que estabeleceu parâmetros básicos para a análise dos estágios de sucessão da Mata Atlântica, também trouxe algumas definições, entre as quais a de corredores entre remanescentes e suas funções de habitat e de área de trânsito para a fauna silvestre.

Visando regulamentar o Art. 7º do Decreto no 750/93, foi publicada a Resolução CONAMA no 9, que definiu, em seu art. 1º, o seguinte conceito de corredor entre remanescentes: “faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou servir de área de transição para a fauna residente nos remanescentes”.

A Lei n0 9.985, de 18 de julho de 2000, define os CE como “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de Conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”.

É difícil descrever a função de um corredor sucintamente, pois espécies diferentes, podem desempenhar papéis diferentes. Segundo Hess & Fischer (2001, apud MACIEL, 2007), corredores são muito mais do que apenas um meio para um indivíduo passar de um fragmento a outro, ou de prover habitats para algumas espécies. Eles podem, ainda, ter a função de “barreira”, quando impedem a passagem de determinados organismos de um ponto a outro; “filtro” quando permitem a passagem de alguns organismos ou materiais e ao mesmo tempo a impedem para outros; “fonte”, quando são locais que originam indivíduos que se dissipam posteriormente, e, finalmente; “degenerativa”, quando eliminam determinados organismos que eventualmente adentrem em sua área.

Por conta dessa variedade de funções, é frequente que a implantação de um corredor que, a princípio, teve apenas o intuito de possibilitar o trânsito de organismos entre fragmentos, passe a ter consequências adversas que não tenham sido previamente previstas. Portanto, se o corredor tem múltiplas funções, múltiplas medidas de conectividade podem ser necessárias (MACIEL, 2007).

Page 60: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 60

2.5.2 O Projeto Corredores Ecológicos do Brasil e o Corredor da Serra do Mar

No âmbito do Projeto Parques e Reservas, foram definidos sete corredores considerados prioritários nas regiões de florestas da Amazônia e na Mata Atlântica. São eles: 1) Corredor Central da Amazônia; 2) Corredor Norte da Amazônia; 3) Corredor Oeste da Amazônia; 4) Corredor Sul da Amazônia; 5) Corredor dos Ecótonos Sul-Amazônicos; 6) Corredor Central da Mata Atlântica; e 7) Corredor da Serra do Mar, conforme pode ser observada a sua distribuição na FIGURA 2.12 que apresenta o Mapa dos Corredores Ecológicos Propostos no Brasil.

FIGURA 2.12 Mapa dos Corredores Ecológicos Propostos no Brasil.

Este projeto integra o PPG-7, como parte do Subprograma de Unidades de Conservação e Manejo de Recursos Naturais. Ele propõe uma nova abordagem para a conservação da biodiversidade e seu enfoque alcança uma escala maior, desenvolvendo estratégias conjuntas para as Unidades de Conservação e para os espaços não estritamente protegidos, visando incrementar a área disponível para a conservação, por meio da integração de Unidades de Conservação públicas e privadas. Estes corredores abrangem áreas de biodiversidade excepcional e englobam muitas das áreas protegidas existentes, entre elas UCs federais, estaduais e municipais, reservas particulares e terras indígenas.

O objetivo geral do projeto é contribuir para uma efetiva conservação da diversidade biológica do Brasil, através de técnicas da biologia da conservação e estratégias de planejamento e gestão socioambiental de forma compartilhada. O IBAMA é o executor do projeto junto com os governos estaduais e municipais, além de ONG.

Page 61: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 61

Segundo o projeto, corredores são definidos como grandes áreas que contêm ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis para a conservação da diversidade biológica, em especial da Amazônia e da Mata Atlântica, compostos por um conjunto de Unidades de Conservação, terras indígenas e áreas de interstício, de modo a prevenir ou reduzir a fragmentação das florestas existentes e permitir a conectividade entre áreas protegidas (MMA, 2000).

Para identificar e selecionar os corredores, foram utilizados vários critérios, tais como: riqueza de espécies; diversidade de comunidades e ecossistemas; grau de conectividade; integridade e riqueza de espécies endêmicas, presença de espécies ameaçadas, localização e mapeamento das Áreas Protegidas/ Unidades de Conservação/ Terras Indígenas e o estudo de viabilidade institucional para a implementação dos corredores.

Na Mata Atlântica, duas regiões foram definidas como corredores de biodiversidade: o Corredor Central da Mata Atlântica, conhecido como “Corredor do Descobrimento” (compreende o sul da Bahia e as regiões Norte e Centro-serrana do Espírito Santo) e o Corredor da Serra do Mar (CABS/CI/IESB, 2005). A delimitação destes dois corredores foi feita com base nos limites originais propostos pelos projetos Corredores de Biodiversidade do PPG-7 (CEPF, 2001).

O primeiro tem sido, prioritariamente, alvo de ações do Projeto, devido ao alto grau de ameaça (grau de vulnerabilidade e fragmentação), elevado nível de biodiversidade e alta complexidade de implementação.

O Corredor da Serra do Mar está localizado no Centro e no Sul do Estado do Rio de Janeiro, no Nordeste do Estado de São Paulo e no Sul de Minas Gerais e abrange o maior remanescente de Mata Atlântica stricto sensu formado pelas encostas e topos da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, e pelas terras baixas adjacentes (CEPF, 2001). Esta área corresponde à região de abrangência de um Programa recém-criado de parceria entre a Associação Mico-Leão-Dourado e o Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (resultante de uma aliança entre o Banco Mundial, o GEF, a CI e a Fundação MacArthur). A parceria estabelecida visa o fortalecimento institucional do terceiro setor que atua no Corredor da Serra do Mar para consolidação da sua atuação na proteção, manejo e restauração de habitats, de forma a contribuir efetivamente para a conservação da biodiversidade.

O Estado do Rio de Janeiro tem uma área estratégica para a conservação localizada na região serrana, que se estende desde o Norte Fluminense até a Serra da Mantiqueira, apresentando alta conectividade, elevada biodiversidade, alto endemismo para diversos grupos vegetais e animais e concentração de espécies ameaçadas. Nessa área estão localizados o Mosaico Central Fluminense e a APA de Macaé de Cima, as quais se incluem também no Bloco da Região Serrana Central, onde estão o Parque Estadual do Desengano, a Reserva Biológica de Poço das Antas, a Estação Ecológica de Guaxindiba e diversas RPPN.

2.6 Diagnóstico Socioeconômico

2.6.1 Definição da Região da APA

O diagnóstico considera como região da UC os municípios que tem limites com a APA: Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Trajano de Moraes, Macaé e Silva Jardim, além de Casimiro de Abreu e Nova Friburgo, em cujos territórios estão incluídas as terras da UC. Assim, com base nos modelos de regionalização adotados pelo IBGE, a região sob

Page 62: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 62

influência da APA abrangerá 3 diferentes “Regiões de Governo” e 5 “Microrregiões Geográficas”, conforme pode ser observado no QUADRO 2.3.

QUADRO 2.3 Região influenciada pela APA - Classificação do IBGE

Região de Governo Microrregião Geografica Municípios

Região Serrana Nova Friburgo

Sta.Maria Madalena

Nova Friburgo e Bom Jardim

Trajano de Moraes

Região das Baixadas Litorâneas Bacia do São João

Macacu-Caceribu

Casimiro de Abreu e Silva Jardim

Cachoeiras de Macacu

Região Norte Fluminense Macaé Macaé

No Rio de Janeiro, as Regiões de Governo (ou Regiões-Programa) foram estabelecidas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Controle e objetiva orientar as ações de governo com vistas ao desenvolvimento do Estado. As Regiões-Programa, de certo modo, correspondem às Mesorregiões Geográficas que expressam, em nível regional, a realidade do espaço geográfico decorrente das ações praticadas pela sociedade ao longo do tempo.

As Microrregiões Geográficas expressam, em nível local, as características espaciais resultantes de elementos particulares, tanto do quadro natural, como das relações sociais e econômicas, ou ainda, as inter-relações de ambos os conjuntos de elementos ao longo do tempo.

Tais considerações terão influência no diagnóstico socioeconômico e ambiental da área definida como Região da APA.

2.6.2 Aspectos Histórico-Culturais

Segundo os estudiosos do assunto, em terras do Estado do Rio de Janeiro viveram indígenas falantes que pertenciam a 4 grandes famílias linguísticas: Tupi, Puri, Botocudo e Maxacali, com a presença de no mínimo 20 idiomas diferentes. A busca por novas terras para plantio e territórios de caça, os conflitos intertribais, a busca mística pela “terra sem males” ou “paraíso terrestre” e, principalmente, a fuga da escravidão europeia, promoveram sua constante movimentação, o que dificulta a sua localização precisa. Esta diversidade linguística mostra uma grande diversidade cultural, que lamentavelmente não chegou a ser totalmente conhecida e aproveitada pelos colonizadores.

Ao chegarem à região do Estado do Rio de Janeiro, no início do Século XVI, os europeus encontraram o litoral ocupado pelos Tupinambás, da família linguística TUPI, em aldeias formadas por quantidades variadas de indivíduos (entre 300 e 3000). No interior, dominavam povos da família linguística PURI, menos conhecidos e mencionados, mas que ocupavam grandes extensões de terra. Estes grupos foram os que contribuíram de modo mais decisivo para a formação étnica do povo fluminense.

Os Tupi foram dizimados por epidemias, escravidão e guerras nos Séculos XVI e XVII. Quanto aos Puri, resistiram até os Séculos XVIII e XIX, sendo que alguns grupos somente foram contatados no final do século XIX. Eram os “índios brabos dos sertões”.

Nos primeiros séculos da colonização, a ocupação europeia do Estado do Rio de Janeiro, como a do Brasil, ocorreu a partir de feitorias e vilas instaladas no litoral ou junto aos rios, a partir das quais se criaram rotas de colonização que permitiram o deslocamento para o interior.

Page 63: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 63

Com o crescimento destas primeiras ocupações, formaram-se vastos blocos territoriais que, ao longo do tempo, ao serem desmembrados, originaram os atuais municípios fluminenses. Na antiga Província do Rio de Janeiro as Vilas de Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Resende foram sedes dos cinco blocos formados em terras das antigas Capitanias de São Vicente e São Tomé.

Os municípios aqui considerados como Região da Unidade de Conservação, cujos dados de históricos estão apresentados no QUADRO 2.4, estão localizados em terras das Capitanias supracitadas, formados nos Séculos XVII e XIX por desmembramentos dos blocos territoriais do Rio de Janeiro, de Cabo Frio e de Campos dos Goytacazes. A delimitação territorial dos municípios é definida a partir de sua identidade histórica, política, cultural, de ocupação espacial e econômica.

Os municípios de Cachoeiras de Macacu, Macaé e Nova Friburgo foram criados no Período Colonial do Brasil. Silva Jardim e Casimiro de Abreu no Período Imperial e Trajano de Moraes e Bom Jardim no Período Republicano.

QUADRO 2.4 Aspectos históricos dos municípios da Região da APA Estadual de Macaé de Cima.

Municípios Data de Criação Data da

Instalação Origem

Cachoeiras de Macacu Alvará de 15/05/1679 07/08/1679 Rio de Janeiro

Macaé Alvará de 29/06/1813 ou 29/07/1813 25/01/1814 Cabo Frio

Nova Friburgo Alvará de 03/01/1820 17/04/1820 Campos dos Goytacazes e Rio de

Janeiro, a partir de Cantagalo

Silva Jardim Lei Provincial 239 de 08/05/1841 06/01/1841 Cabo Frio

Casimiro de Abreu Lei Provincial 394 de 19/05/1846 15/09/1859 Campos dos Goytacazes e Cabo

Frio, a partir de Macaé

Trajano de Moraes Decreto Estadual 178 de 12/03/1891 25/04/1891 Campos dos Goytacazes a partir de

Sta.Mª Madalena

Bom Jardim Lei Estadual 37 de 17/12/1892 05/03/1893 Campos dos Goytacazes a partir de

Cantagalo e Nova Friburgo

2.6.3 Os Municípios da Região da APA

2.6.3.1 Cachoeiras de Macacu

Na segunda metade do Século XVII, com o Brasil já dividido em dois Governos Gerais, sendo um deles sediado no Rio de Janeiro, Portugal ainda lutava contra incursões estrangeiras ao longo do litoral. Para enfrentá-las, o governador Dr. Antônio Salema decidiu pela ocupação permanente do território através da criação de aldeias povoadas, freguesias e vilas, desde Cabo Frio até Angra dos Reis.

No Recôncavo da Baía da Guanabara, as terras que hoje constituem o município de Cachoeiras de Macacu já pertenciam a uma das primeiras sesmarias, concedida a um escrivão da Fazenda Real - Dom Miguel de Moura - em 1567. Sem população permanente, a área foi doada a jesuítas em 1571 para exploração agrícola. Embora com solos férteis e água pura abundante, a área entre os rios Caceribu e Macacu somente foi apropriada pelos colonizadores no Século XVII, após conquista/expulsão dos grupos indígenas ali instalados.

O Alvará de criação da “Vila de Santo Antônio de Casarabu” foi concedido a 15 de maio de 1679 e a vila instalada a 07 de agosto de 1679. Suas terras foram desmembradas do território do Rio de Janeiro.

Page 64: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 64

Posteriormente, Santo Antônio de Casarabu sofreu alterações em seu território com o desdobramento de suas freguesias, que originariam os Municípios de Magé, Itaboraí e Rio Bonito. O território remanescente constitui o atual município de Cachoeiras de Macacu, nome dado a uma das antigas freguesias da Vila de Santo Antônio de Casarabu (também chamado Santo Antônio de Sá, como referência ao Governador Geral).

O pequeno núcleo agrícola ao redor da antiga capela de Santo Antônio, aproveitando a fertilidade natural dos solos, desenvolveu cultivos de mandioca, milho, cana-de-açúcar, arroz e feijão.

No Século XIX, entre 1831 e 1835 houve grande perda de vidas e um significativo processo de êxodo rural, tendo se desorganizado as atividades produtivas em razão de uma febre endêmica, possivelmente malária e/ou febre amarela, que ficou conhecida como “febre Macacu”. Neste período o município foi atingido por grave crise econômica.

No início do século XX, além das lavouras de subsistência, Cachoeiras de Macacu dependia diretamente das atividades da Estrada de Ferro Leopoldina, que utilizava a localização estratégica do município como local para o transbordo na subida da serra, e fixou ali tanto a oficina quanto a estação de embarque e desembarque. No local desta estação hoje está localizado o Terminal Rodoviário de Cachoeiras de Macacu.

A cidade deixou de ser entroncamento ferroviário nos anos 60, quando foi desativado o ramal para Cantagalo. Este fato ocasionou grave decadência social, cultural e econômica para Cachoeiras de Macacu.

Desde a década de 40, o município vinha sofrendo ações governamentais superiores, sendo escolhido para experiências de assentamento de colonos deslocados das áreas de citricultura da baixada fluminense, então palco de intervenções de grandes obras desenvolvimentistas. Nesta ocasião foram formadas as colônias agrícolas de Japuíba e Papucaia. Neste mesmo período começaram a chegar à Papucaia e à Fazenda Funchal, os imigrantes japoneses que se dedicam desde então à agricultura, principalmente, fruticultura.

A localidade Fazenda Funchal constitui-se na fase colonial com agricultores originários de Funchal, Ilha da Madeira, Portugal. Ainda que sob influência japonesa, a população mais antiga mantém as marcas de sua cultura original até os dias de hoje.

Embora reconhecido por sua atividade agropecuária, o município de Cachoeiras de Macacu sofre hoje as consequências econômicas e ambientais do crescimento da Metrópole do Rio de Janeiro. Muitas de suas terras agrícolas passaram a ser procuradas para a formação de “sítios de lazer”, o que estabelece vínculos diferenciados com a terra e muda as relações socioeconômicas e culturais no contexto da população municipal. Os novos valores atribuídos às terras podem ser observados através da expansão de loteamentos e outras formas de parcelamento. Por outro lado, junto aos limites com o município de Guapimirim, está instalado um grande assentamento rural de nome São José da Boa Morte, com cerca de 200 km2. O assentamento recebeu este nome por conter em sua área as ruínas da igreja de São José da Boa Morte, construída no período colonial e de grande interesse turístico-cultural para a região.

A construção do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ), localizado próximo à RJ-116, que liga Itaboraí a Cachoeiras de Macacu, deve trazer um novo dinamismo econômico ao município, bem como significativas alterações socioambientais que ainda não podem ser dimensionadas.

Atualmente, o Município de Cachoeiras de Macacu volta seus interesses econômicos também para suas riquezas naturais e paisagísticas. Praticantes de montanhismo, rapel e

Page 65: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 65

outras modalidades de esportes radicais e ecoturismo de aventura são atraídos pelas montanhas, picos, rios e cachoeiras do município.

Dentre seus atrativos, podem ser mencionados o Pico da Caledônia, com 2.219 metros de altitude, que também pertence ao Município de Nova Friburgo, a Pedra do Faraó, a Pedra do Oratório, a Pedra da Mariquita, inúmeras cachoeiras e a Pedra do Colégio, que é o símbolo da cidade e que atualmente também é uma UC municipal da categoria Monumento Natural. São ainda pontos de atração as Unidades de Conservação, como a Reserva Ecológica de Guapiaçú, em terras particulares, e a APA do Rio Macacu, ressaltando-se ainda que o município tem em seu território cerca de 60% do Parque Estadual dos Três Picos (PETP).

2.6.3.2 Macaé

O litoral Norte Fluminense, no século XVI, era habitado pelas nações indígenas Tamoio e Goitacá. Com eles, os colonizadores disputaram território e recursos naturais, e se integraram para sobreviver, explorar e conquistar as terras e águas exuberantes da região. Ao se iniciar a colonização, já no século XVII, os indígenas conviviam com europeus, a quem ensinaram seus modos de sobreviver na natureza “tão rica e tão constrangedora” (SOFFIATI, 2000).

O Município de Macaé originou-se de um povoado de mamelucos, pescadores, “aldeados sobre o Rio Miquié, em terras fronteiriças à Ilha de Santana”, ainda no século XVII. No século seguinte foi tornado Vila com o nome de São João de Macaé, “sede do registro” criado pelo Governo Geral para cobrar os impostos e fiscalizar todos os produtos que saíam da então Província de Paraíba do Sul. A partir da Vila todo o território passou a ser controlado.

Já na condição de Cidade, em 1846, passou a tutelar uma grande área desmembrada de Cabo Frio e de Campos, compreendendo oito distritos, além da sede: São José do Barreto, Carapebus, Macabu, Quissamã, Neves, Frade (ou Glicério), Cachoeiros de Macaé e Sana. A própria população da Vila arcou com as despesas de construção da Câmara Municipal, da Cadeia e do Pelourinho para que pudesse ser oficialmente uma Cidade.

A economia do Município repousava, então, na produção de açúcar dos distritos de Quissamã e Carapebus. Na região serrana começava-se a plantar café, ocupando e povoando um espaço ainda coberto pela Mata Atlântica. O extrativismo, a exploração de madeira e a pesca eram as principais fontes de renda da população, além do trabalho com a cana e o gado.

A cidade de Macaé desempenhou importante papel de porto comercial na Região Norte Fluminense, reforçado pelo desenvolvimento do Porto de Imbetiba.

A construção do Canal Campos-Macaé, ligando o rio Paraíba do Sul à foz do rio Macaé, através das lagoas Feia, Paulista, Carapebus e Jurubatiba, para escoar a produção de Campos e suas adjacências (1844-1872), reforçou a importância do Porto de Imbetiba.Três anos depois, em 1875, o trânsito de vapores pelo canal entrou em decadência com a construção da Ferrovia Imbetiba-Carapebus, primeiro trecho da Macaé-Campos. O canal perdeu a importância, sendo progressivamente abandonado, mas o Porto manteve suas funções, tendo a Cidade mantido seu caráter comercial, conquistado desde os tempos coloniais. É interessante lembrar que durante os Séculos XVII e XVIII o comércio negreiro fez de Macaé grande fornecedora de mão-de-obra escrava para toda a região canavieira desta parte do Rio de Janeiro. O Porto de Imbetiba foi a principal porta de entrada de

Page 66: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 66

escravos no norte fluminense. Já no século XIX, o contrabando de negros se fazia por Imbetiba e os dois maiores traficantes viviam em Macaé.

Outro fato significativo para a história de Macaé foi a recomendação do Ministério da Fazenda para que fossem criados Engenhos Centrais nas áreas canavieiras. Esta recomendação fazia parte do diagnóstico sobre a situação da grande e pequena lavoura em todo o país, encomendada pelo Governo Imperial em 1873. A crescente concorrência internacional nos mercados de açúcar (e algodão) motivou a preocupação com o melhoramento da técnica de produção brasileira. A criação de Engenhos Centrais para processar a produção de qualquer lavoura permitiria implementar a qualidade do açúcar produzido (e também a quantidade). A principal diferença entre estes Engenhos Centrais e as antigas usinas estava na propriedade da cana a ser moída. As usinas operavam apenas com a cana de seus proprietários, enquanto os Engenhos Centrais passariam a moer para qualquer lavoura.

Foi em Macaé, em 1875, que a viúva, Viscondessa de Araruama, reuniu em seu solar parentes e irmãos, genros e sobrinhos, para lançarem a Sociedade Anônima que seria o Engenho Central de Quissamã, inaugurado, pioneiramente, em 1877. Tal empreendimento, particular e tendo como fornecedores seus próprios acionistas - todos proprietários tradicionais dos canaviais da região - desvirtuou o que fora planejado pelo Governo para ser um Engenho Central.

A iniciativa teve consequências: por um lado, trouxe grande desenvolvimento técnico para a indústria açucareira; por outro, representou um aprofundamento do monopólio com vistas à exportação. Localmente, a economia de subsistência pouco se desenvolveu, mantendo-se apenas para o consumo indispensável e sem qualquer sofisticação técnica ou variedade de gêneros.

Deste modo, o distrito de Quissamã reservou em suas terras o poder econômico e social de Macaé, distinguindo-se bastante do centro urbano principal. O poder ficou com o distrito e na sede, somente o comércio com sua burguesia e a representação política.

Em relação às condições de urbanização de Macaé, todo o investimento do poder público girava, nesta segunda metade do século XIX, em torno de dois elementos: o Porto de Imbetiba como escoadouro de produção e as vias de transporte desta produção até o Porto, isto é, o canal Campos-Macaé e a Ferrovia que o substituiu.

Grandes somas de dinheiro foram gastas na construção do canal e da ferrovia, mas, o saneamento nas regiões por eles atravessados era inexistente, permanecendo o mesmo sistema de escoamento e drenagem feito pelos jesuítas nos séculos XVII e XVIII. As condições de saúde da população em geral eram péssimas, tanto no meio rural como nos núcleos urbanos. Até o século XIX só existia o Hospital do Morro do Carvão destinado aos doentes de varíola e construído, já no final do século, em razão de uma epidemia que assolou a região. Em 1897 a epidemia foi de febre amarela, outra doença também bastante frequente. Para o atendimento dos doentes, neste caso, Macaé recorreu ao Governo do Rio de Janeiro.

Quanto à Educação, como no restante do país, somente as elites eram atendidas. No interesse da produção e comércio locais, já em 1869, foi inaugurado o Serviço de Telégrafo.

Ao se iniciar o século XX, a economia de Macaé ainda se baseava na cana-de-açúcar de Quissamã e Carapebus, no café da serra, na pesca e na pecuária. Nas lavouras, no lugar dos escravos, trabalhavam os colonos.

Apesar de ser uma Cidade desde 1813, somente 100 anos depois, em 1913, a Prefeitura de Macaé foi de fato instalada com a nomeação do primeiro Prefeito, pelo Governador do agora

Page 67: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 67

Estado do Rio de Janeiro. Nesta ocasião, tiveram início as primeiras obras públicas. A partir de então, foram décadas entre a quase estagnação econômica e um lento processo de urbanização.

Iniciou-se o saneamento dos “pântanos” de Carapebus e Quissamã. Abriram-se estradas ligando Macaé a Conceição de Macabu, Quissamã e Araruama, além de uma rodovia para escoar a produção canavieira de Cabiúnas, Carapebus e Quissamã.

Na década de 50, o Município passou a incentivar a pecuária leiteira, favorecendo a criação da atual Cooperativa de Macaé. No mesmo período teve início a construção de uma rede de esgoto no distrito de Carapebus, grande produtor de leite, além de açúcar.

Cresceram as indústrias semiartesanais, como as de produção de pau-de-tamanco, chinelos e sandálias e artefatos de lã, com destaque para a “Indústria Bariloche”. A indústria de alimentos e bebidas também ganhou expressão com o licor “Pesseguete” e o refrigerante “Moranguinho” produzidos pela Fábrica “Lynce”. Surgiram algumas torrefações de café e pequenos laticínios.

A pesca artesanal desenvolveu-se bastante, representando parcela importante da economia. Sua relevância no mercado fluminense provinha principalmente da qualidade do pescado oferecido. A população envolvida com a atividade tinha vida digna e tranquila.

Até a década de 70, a Região Norte Fluminense constituía-se em região canavieira quase decadente, com problemas de baixa produtividade. Outro aspecto negativo era o alto desemprego sazonal e as precárias condições de vida da população rural.

Através do PROALCOOL iniciaram-se as ações do Estado com vistas ao desenvolvimento da Região. Foram introduzidas inovações tecnológicas basicamente em relação à melhoria de espécies, mecanização de algumas fases da produção e, principalmente, modernização industrial, com a chegada das destilarias de álcool.

A descoberta de petróleo na Bacia Oceânica de Campos e as possibilidades econômicas advindas deste fato mudaram significativamente a região de Macaé. A crise internacional de energia que acelerou a prospecção de novas reservas petrolíferas na década de 70 levou a PETROBRAS ao mar de Macaé.

Macaé continuava um município rural, com a população urbana concentrada na sede. Ainda vivia economicamente da cana e da pesca artesanal. A indústria não tinha ainda se ampliado, assim como o turismo, apesar do alto potencial.

A escolha de Macaé para sediar o terminal de apoio às atividades das plataformas da PETROBRAS e o Distrito de Produção do Sudeste influenciou definitivamente os rumos futuros do desenvolvimento em Macaé.

Não só as atividades relacionadas diretamente à exploração do petróleo e do gás natural, mas também os “royalties” pagos pela PETROBRAS implementaram, a partir dos anos 80, significativas mudanças no espaço territorial de Macaé. Neste movimento devem ser incluídas as emancipações de Quissamã, em 1990 e de Carapebus, em 1997.

As criações de novos empregos, a chegada de um contingente de mão-de-obra especializada (inclusive estrangeira) e novos fluxos de negócios, principalmente nas áreas de química e petroquímica, veterinária e farmacêutica, proporcionaram a mudança do perfil socioeconômico do município e da microrregião.

Além destes, setores tradicionais como a própria agroindústria açucareira, a fruticultura, a pecuária e a pesca experimentaram certo grau de crescimento. Outros espaços econômicos

Page 68: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 68

como o da indústria do turismo também representam hoje possibilidades para investimentos locais.

Igrejas, Sedes de Fazendas, Solares, Fortes Militares, Palácios, Estações Ferroviárias, o Canal Macaé-Campos são exemplos de marcas ambientais e arquitetônicas da ação humana ao longo de pelo menos quatro séculos sobre este trecho do litoral fluminense. Além destas marcas físicas, sobrevivem na região os traços daquela que Darcy Ribeiro (1978) chamou de “cultura rústica brasileira”, resultado do intercâmbio entre europeus de várias origens, indígenas locais e negros africanos de diversas culturas. Estas características culturais estão presentes no linguajar popular, na toponímia local, nos hábitos alimentares, nas lavouras dos pequenos sitiantes e colonos / empregados das empresas agrícolas e na pesca dos ribeirinhos praticada nas lagoas, rios e canais e na pesca artesanal, ao longo do litoral.

O ”tempo colonial” está presente nas festas religiosas, nas feiras e festivais, nas cavalgadas, no “Fado Africano”, no “Tambor e, no “Boi Malhadinho”. Estas manifestações culturais, foram apropriadas pelo “tempo moderno” e travestidas em atrações turísticas pelos novos poderes municipais.

A população de recém-chegados, atraída pelas atividades petrolíferas, ocupa as áreas urbanas para eles produzidas ou as periferias degradadas. As populações locais mais antigas, em geral, concentram-se nos espaços das vilas e localidades rurais ou nos bairros mais tradicionais, onde mantém seus hábitos e tradições.

O município possui inúmeras características tanto naturais como históricas e culturais que tem potencialidade significativa para a indústria do turismo, alguns dos quais já apresentam visitação.

No Município de Macaé cabe mencionar como atrativos naturais alguns detalhes da paisagem do distrito do Sana, cujo território compreende a APA Municipal do Sana, contígua à APA de Macaé de Cima.

Pico do Peito do Pombo

Com altitude de 1.400m, é o ponto mais alto do distrito, constituindo-se em uma formação rochosa que, vista de determinado ângulo, assemelha-se à silhueta de um pombo. Do alto, avista-se todo o litoral de Macaé, Rio das Ostras, Barra de São João, Búzios e Cabo Frio. Está a três horas e meia de caminhada intensa a partir do Arraial do Sana e é um desafio para os montanhistas de várias regiões.

Rio Peito de Pombo

Contém uma série de quedas d’água, como a Cachoeira Sete Quedas e a Cachoeira Mãe. Com acesso através de uma caminhada leve, compõem um conjunto natural que forma no final uma pequena bacia com profundidade máxima de um metro, excelente para banho, conhecida como Cachoeira do Escorrega. Há placas indicativas de acesso ao local.

Rio Sana

É um rio repleto de corredeiras, apresentando alguns trechos de praias bastante agradáveis. Nasce na Cabeceira do Sana e atravessa todo o distrito, desaguando no Rio Macaé em Barra do Sana. É ideal para a prática de Canoagem, rafting e boiagem.

Encontro dos Rios Macaé e Sana

Page 69: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 69

O encontro destes dois rios ocorre no distrito de Barra do Sana, no local onde existe uma ponte denominada de Ponte da Amizade. Este local tem vocação para o turismo rural, o ecoturismo e a prática de terapias alternativas. Toda a área do Sana conserva ainda muito de sua rusticidade e exotismo, o que se deve ao fato deste bucólico lugarejo estar longe dos grandes centros urbanos. Com um clima excelente, paisagem paradisíaca e abundância de água, a área do Sana é limítrofe com a APA de Macaé de Cima.

Rio Macaé

O Rio Macaé nasce em Nova Friburgo e desce formando cachoeiras com suas águas cristalinas. Devido a sua beleza cênica e pelo seu ainda bastante elevado grau de preservação, carece de maiores estudos e atenção, e merece vir a ser protegido em alguma categoria de Unidade de Conservação. Também é apropriado para a prática de Canoagem, rafting e boiagem.

2.6.3.3 Nova Friburgo

Um Decreto Real de 16 de maio de 1818 autorizou o Sr. Sebastião Nicolau Gachet, agente do Cantão de Friburgo, na Suíça, a estabelecer uma colônia de famílias católicas suíças em terras da sesmaria de Morro Queimado. Tratava-se de cumprir compromissos assumidos por D. João, ainda na Europa, antes da transferência do Reino de Portugal e Algarves para as terras do Brasil, nesta ocasião já elevado da condição de colônia à de Reino Unido. A Fazenda do Morro Queimado foi o local indicado para localização da colônia por suas características climáticas semelhantes às da região dos migrantes.

Para viabilizar a empreitada, Monsenhor Pedro Machado de Miranda Malheiros foi nomeado como inspetor da futura colônia. Monsenhor Miranda adquiriu as terras da sesmaria Morro Queimado, pertencentes a Lourenço Correia Dias, e também duas braças de terra com meia légua de testada cada uma, pertencentes a Manuel de Sousa Barros e a José Antônio Ferreira Guimarães. As terras de Morro Queimado receberiam a sede da colônia, uma vilazinha de pequenas casas, enquanto as demais seriam divididas entre a população, para desenvolvimento das lavouras.

Entre 1819 e 1820 chegaram à nova colônia 261 famílias, 161 a mais do que o que fora acertado nos contratos. Muitas foram as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, indo desde a inexistência de moradias para todos até falta de conhecimentos das lidas da lavoura, pois eram, em geral, artesãos e não agricultores. Deste modo formou-se o núcleo inicial da povoação. Empenhado em obter a cooperação dos novos colonos, o Governo Real subscreveu, em 03 de janeiro de 1820, um Alvará criando a Vila de Nova Friburgo, como os moradores denominavam o núcleo, em referência a seu local de origem. As terras da nova vila foram desmembradas das de Cantagalo e sua instalação ocorreu em abril do mesmo ano.

Um pouco depois, já no Brasil independente, o Governo Imperial autorizou uma nova imigração, desta vez da Alemanha, para as colônias de Leopoldina e Frankenthal, na Província da Bahia, já existentes desde 1816, entre os rios Caravelas e Viçosa. Por motivos ignorados, as 80 famílias, lideradas pelo pastor luterano Frederico Sauerbroon, chegaram nos dias 3 e 4 de maio de 1824 à Vila de Nova Friburgo.

Em 1831, o sistema especial de administração da colônia (por um Inspetor designado pelo Governo Imperial) deixou de existir, passando a jurisdição a ser superintendida pela Câmara da Freguesia, como acontecia com todas as demais vilas brasileiras.

Page 70: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 70

Em 1872, o Barão de Nova Friburgo trouxe para a região a Estrada de Ferro Leopoldina para escoar sua produção de café vinda de Cantagalo. A Vila progredia, principalmente com o desenvolvimento da cafeicultura.

Nova Friburgo foi elevada à categoria de cidade em 08 de janeiro de 1890, tendo sua população aumentada com a chegada de novos imigrantes italianos, portugueses, sírio-libaneses, espanhóis e japoneses.

Nos primeiros anos da República, a partir de 1910, Nova Friburgo que até então devia o seu progresso ao desenvolvimento da agricultura e ao clima ideal para município de veraneio, viu chegar vários cidadãos de iniciativa, tais como os Conselheiros Julius Arp, Maximilian Falck e William Peacock Denis, pioneiros da era industrial friburguense. A estes se juntaram outros empreendedores, provocando o surto de progresso verificado até meados dos anos de 1980.

Com a melhoria dos meios de transporte para as cidades do Rio de Janeiro e Niterói por rodovias pavimentadas, a indústria de turismo incorporou-se às demais fontes de renda da municipalidade. Paralelamente, manteve-se o comércio local.

A ferrovia foi desativada na década de 60, mas o fato não abalou a economia friburguense, uma das primeiras economias fluminenses a estar baseada em atividades industriais.

Atualmente, o município está dividido administramente em oito distritos, sendo: Nova Friburgo (1º), Riograndina (2º), Campo do Coelho (3º), Amparo (4º), Lumiar (5º), Conselheiro Paulino (6º), São Pedro da Serra (7º) e Mury (8º).

Com uma população residente de quase 200.000 habitantes, não apresenta uma grande concentração no centro, como em geral ocorre no estado. Os grandes bolsões populacionais se encontram distribuídos em bairros residenciais próximos ao centro da cidade (pela prestação de serviços) e ao distrito de Conselheiro Paulino (pelo caráter industrial). As áreas de maior densidade demográfica do município correspondem a:

Olaria (o maior bairro do município) e seu entorno (Cônego, Cascatinha, Bela Vista, Graça, Marechal Rondon, Vargem Grande, Alto de Olaria e Sítio São Luíz);

São Geraldo (a caminho de Teresópolis), Santa Bernadete, Solares e Córrego D'antas;

Cordoeira (na região central);

Chácara do Paraíso (a caminho de Amparo), Jacina e Nova Suíça;

Duas Pedras (a caminho de Conselheiro Paulino);

Conselheiro Paulino e seu entorno (Prado, Jardim Ouro Preto, Santo André, Jardim Califórnia e Floresta).

O município tem um forte apelo para o turismo devido à sua paisagem, aos seus rios e trilhas e aos seus lugares bucólicos. Para atender esse fluxo, Nova Friburgo conta com uma das maiores redes hoteleiras do estado. O distrito urbano é procurado por famílias e casais devido ao clima frio, à tranquilidade e ao romantismo. Friburgo possui também atrações afastadas do centro, procuradas por praticantes de ecoturismo e esportes de aventura. Um dos distritos mais conhecidos é o vilarejo de São Pedro da Serra.

O município também é conhecido como a Capital Nacional da Moda Intíma, por sua enorme produção (em torno de 600 milhões de reais) com grande variedade de modelos. Segundo informações da prefeitura, suas marcas estão começando a competir no mercado exterior

Page 71: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 71

(exporta atualmente 4,6 milhões de dólares). Cerca de 25% da produção nacional de lingerie é produzida no município.

Nova Friburgo é a segunda maior produtora de flores do Brasil, sendo superada apenas por Holambra, em São Paulo. Nos últimos anos, o município tem recebido muitos estudantes, que procuram suas universidades, evitando os grandes centros.

Apesar da grande tradição industrial trazida pela imigração alemã desde o final do século XIX, com fábricas como a Arp Fios e Bordados, Ypu, Filó, Sinimbu, entre outras, na década de 1990, o município experimentou um lento crescimento econômico, principalmente no setor industrial, tendo obtido desde 2004 uma recuperação expressiva. Esse período foi marcado em todo país pela abertura do mercado interno às importações, o que prejudicou em alguma medida a indústria nacional. As principais indústrias do município são as do setor têxtil, seguido pelo setor metalúrgico. A maior parte do PIB é derivada do setor de serviços, seguido pela indústria e a agricultura.

A Sede de Nova Friburgo está a 846 m de altitude, representado este ponto por um marco de ferro precisamente aos pés da estátua de Alberto Braune, no centro da Praça Getúlio Vargas. Outro marco importante de Nova Friburgo é o ponto geodésico estadual aos pés de Getúlio Vargas, na mesma praça. O marco representa o ponto exato onde fica o centro do estado do Rio de Janeiro.

Em alguns bairros e distritos do município a altitude chega a até 1.000m ou mais, como nos bairros do Caledônia, alguns trechos da estrada Mury-Lumiar (RJ-142) e no Alto de Theodoro de Oliveira. Existem trechos da cidade, como a localidade de São Romão, em Lumiar, em que a altitude máxima chega próxima a 2.000 metros.

O Pico Maior, com 2.316 metros, é o ponto culminante da Serra do Mar. O Pico Médio de Friburgo tem 2.285 metros e o Pico Menor de Friburgo tem 2.262 metros. Este conjunto de “Três Picos” dá nome ao Parque Estadual dos Três Picos (PETP). Nova Friburgo tem em seu território 11.581,63 ha da área deste Parque.

Outros picos notáveis no município são: Pico da Caledônia (2.255 m); Pedra do Capacete (2.200 m); Morro do Ronca-Pedra (2.080 m); Pedra Cabeça de Dragão (2.018 m); Garrafão (1.750 m); Pedra do Faraó (1.710 m); Pedra de São Caetano (1.650 m); Pedra da Babilônia (1.630 m); Pedra da Catarina Pai (1.550 m); Pedra do Chapéu da Bruxa (1.530 m); Pico da Sibéria (1.500 m); Pedra Janela das Andorinhas (1.450 m); Duas Pedras (1.435 m); Pedra do Porcelet (1.430 m); Pedra da Catarina Mãe (1.420 m); Pedra do Imperador (1.410 m); Morro da Cruz (1.380 m); Pedra Riscada (1.325 m); e Pedra do Cão Sentado (1.111 m).

Alguns distritos do município de Nova Friburgo, como Lumiar e São Pedro da Serra, têm paisagens naturais famosas. A Prefeitura disponibiliza informações sobre turismo e lazer no Centro de Turismo, que fica na Praça Demerval Barbosa Moreira, no centro da cidade.

Entre os atrativos urbanísticos mais conhecidos do município, pode-se citar:

A Queijaria Suíça FRIALP, situada na RJ-130;

O Parque de Furnas do Catete, na RJ-116, onde se localiza a Pedra do Cão Sentado;

A Praça Getúlio Vargas;

A Praça Marcílio Dias, que é a porta de entrada da cidade. É considerada o marco inicial da colonização, pois ali ficaram acampados os primeiros alemães, recém-chegados à região. Fica no bairro boêmio do Paissandú, ponto comercial no entroncamento rodoviário que conduz ao Rio de Janeiro e aos populosos bairros de Olaria e Cônego;

Page 72: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 72

O maior teleférico de cadeiras do país, situado na Praça do Suspiro;

Praça do Suspiro: recanto onde se encontram o teleférico, a Igreja de Santo Antônio, o Largo da Poesia, a Fonte dos Suspiros, o Teatro Municipal, o Tiro de Guerra e o Corredor Cultural, construído em homenagem às dez colônias que formaram a população da cidade (Praça das Colônias);

O Nova Friburgo Country Clube, onde se localiza o Chalé do Barão de Nova Friburgo (1860);

Distrito de Lumiar, famoso desde os anos 60;

O Pavilhão das Artes no bairro do Cônego;

Os prédios construídos no estilo e arquitetura alpina como o Hotel Bucksy, o Hotel Garlipp, o MuryShopping, o Restaurante Bräun & Bräun;

O cemitério Luterano, onde se destaca a sepultura de um Friburguense que morreu em um duelo pela disputa de uma bela senhora;

A Catedral São João Batista, na Praça Demerval Barbosa Moreira, no Centro da Cidade;

Instituto Politécnico Campus Regional da UERJ (IPRJ), localizado no Parque Ambiental Luiz Simões Lopes, antigo Parque Cascata; é o antigo Ginásio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas;

Nova Friburgo é considerada a "Capital nacional da Lingerie", pois abriga fábricas dos mais variados portes. As peças podem ser encontradas em diversas lojas e shoppings espalhados pela cidade. No entanto, o turismo em busca de compras fica mais concentrado no bairro de Olaria e na Ponte da Saudade;

2.6.3.4 Silva Jardim

O município de Silva Jardim foi criado pela Lei Provincial nº 239, de 8 de maio de 1841, como Vila de Nossa Senhora da Lapa do Capivari.

Segundo consta, o Arraial do Capivari foi o primeiro núcleo colonial no vasto território compreendido entre a Serra dos Aymorés e o Rio Bacaxá. Inicialmente chamado de Ipuca ou Sacra Família de Ipuca, o arraial localizava-se à margem do Rio São João, a 10km de Indayassú (hoje Casimiro de Abreu) e a cerca de 20km da Barra do São João. Com o crescimento do aglomerado de Ipuca, “seus moradores foram se estendendo rio acima, empenhados na exploração de madeira de lei, que era abundante, e no aproveitamento das terras que eram férteis para o cultivo da lavoura, e, em razão desse crescimento, iam formando novos povoados” (MACHADO, 1985).

Os egressos de Ipuca que seguiram o Rio São João, formaram os povoados de Poços das Antas ou Poços D’Anta, Correntezas e Gaviões. Outros, que seguiram o curso dos Rios Capivari e Bacaxá até as nascentes na Serra das Imbaúbas, formaram os povoados de Juturnaíba e Capivari. Assim,

em 1841, face ao desenvolvimento da Freguezia de Capivari, o Governo, pela Lei nº 239, de 8 de maio desse ano creou a Vila de Capivari e, com a mesma

Page 73: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 73

denominação, a Freguezia de Nossa Senhora da Lapa de Capivari, erecta do Termo da Cidade de Cabo Frio, ficando nela creada uma Câmara e todas as Autoridades e Empregados, conforme legislação vigente1.

Desde a formação do povoado de Capivari, em 1755, a localidade manteve-se com a exploração da madeira, muito cobiçada pela qualidade, e com as lavouras tocadas pelos escravos. Ao longo do tempo, o café se destacou, seguido pela cana-de-açúcar e pelos cereais.

Toda esta produção era transportada pelo Rio São João até um porto existente em Três Morros, próximo de Barra de São João, onde os navios eram abastecidos com as mercadorias de toda a região.

Em 1881, a Estrada de Ferro Leopoldina chegou a Capivari, o que facilitou a exportação de produtos e favoreceu o crescimento da Vila e a multiplicação de povoados.

A Vila de Capivari foi elevada à condição de cidade pelo Decreto Estadual nº 28, de 3 de janeiro de 1890.

Apesar de ter a economia abalada desde a abolição da escravatura em 1888, a decadência de Capivari somente foi significativa nas primeiras décadas do Século XX. Em 1900, o município estava completamente instalado, com os poderes legislativo, executivo e judiciário instituídos, e os distritos e povoados em pleno desenvolvimento. Era crescente a produção de café e cereais, “facilitada pela fertilidade das terras e pelo fato de as propriedades serem divididas em pequenos sítios, cuidados e cultivados pelos familiares dos próprios donos...” (MACHADO, 1985).

A população crescia e a cidade se desenvolvia com o comércio e a exportação da produção agropecuária dos distritos.

Já em meados da década de 10, a epidemia de gripe “espanhola” (1917-1918), que dizimou famílias inteiras, além de uma praga de gafanhotos (1919), trouxe graves prejuízos ao município.

A Legislação Trabalhista, implantada a partir de 1930 pelo governo de Getúlio Vargas e que se fez efetiva inicialmente nos grandes centros urbanos, trouxe consequências para o município. Atraídos pelos novos direitos conquistados, grande parte dos empregados do comércio e até alguns agricultores saíram para Niterói e Rio de Janeiro, principalmente, em busca de novo padrão de vida.

Além desse fato, a crise do café e a abertura da Rodovia Amaral Peixoto, junto ao litoral, afastou a circulação de mercadorias da sede do município, o que agravou consideravelmente o quadro negativo da economia local.

Com a implantação do “Estado Novo” e o regime ditatorial que se seguiu, novos fatos contribuíram para a decadência de Capivari.

A aplicação do Código Florestal, “da maneira como se processou, foi a responsável em grande parte pela saída dos pequenos sitiantes, sustentáculos da riqueza que se operava”, em décadas passadas (MACHADO,1985). Pressionados e intimidados, os pequenos sitiantes, já endividados, cederam aos compradores de terras. Com a chegada dos latifundiários, as pequenas propriedades foram transformadas em imensas pastagens para a

1 Transcrição fidedigna do documento.

Page 74: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 74

criação de gado de corte, processo este em curso até os dias atuais. No 3º distrito de Capivari, um só proprietário reuniu área superior a 600 alqueires de terras, cerca de 30km2.

Outro fator que contribuía para a reduzida ocupação das terras de baixada do município eram as epidemias anuais de impaludismo e febre amarela, apesar de todos os esforços dos governos estadual e federal com as obras de drenagem e o combate aos vetores.

Em 1950, a população municipal estava reduzida em 21% em relação à década anterior (14.120 hab. em 1940 para 11.194 hab. em 1950, segundo o IBGE).

Apesar de tudo, em 1943, pelo Decreto Estadual nº 1.506, de 31 de dezembro, o Termo e o Município de Capivari tomaram a denominação de Silva Jardim, permanecendo o distrito como Sede do Município e do Termo. A mudança de nome foi uma homenagem ao republicano capivarense Antônio da Silva Jardim.

Em 1954, por iniciativa do governo municipal, foram abertas estradas de rodagem, o que facilitou o acesso aos distritos de Bananeiras e Gaviões e melhorou a ligação da zona serrana com a baixada, onde está a sede do município. Pouco depois, o governo federal programou a rodovia tronco BR-101, com traçado a cerca de 5km de Silva Jardim.

Em 1957, a prefeitura construiu a estrada Capivari-Posse de Rio Bonito, via Mato Alto, por onde hoje circulam ônibus regulares de passageiros.

A maior facilidade de acesso à área rural favoreceu a instalação de novas fazendas pecuaristas, com vastas pastagens, em terrenos dos mais férteis.

Os anos 60 e 70 foram assinalados pelas obras e melhoramentos promovidos pela prefeitura, principalmente na parte urbana da sede municipal.

Foi construído um novo prédio para o Grupo Escolar Sérvulo Melo. O Fórum, que funcionava em dependências da prefeitura, foi instalado em prédio próprio. Em 1962 foi inaugurada a luz elétrica. Em 1974, foi iniciado o calçamento da cidade e, em 1976, a eletricidade chegou, também, a Aldeia Velha.

Inauguraram-se uma agência do Banco do Estado do Rio de Janeiro - BANERJ e a Estação de Distribuição Telefônica. Foi construído e asfaltado um novo acesso à cidade a partir da BR-101.

Por conta do Governo Federal, foi construída a barragem da Lagoa de Juturnaíba para o abastecimento de oito Municípios, favorecendo a Região dos Lagos e, inclusive, Niterói e São Gonçalo. No bojo do mesmo projeto, procedeu-se à canalização de vários cursos d’água, como os rios São João e Aldeia Velha, não só para favorecimento da represa de Juturnaíba como também para “saneamento e melhor aproveitamento das terras baixas do município”.

Apesar do esforço, a economia de Silva Jardim permanece estagnada. Não existe uma atividade industrial expressiva e a agricultura sofre restrições e está limitada à criação de gado realizada por pessoas de fora. O comércio mantém-se na condição de varejista e a maior parte da classe média urbana procura grandes centros como Rio Bonito, Niterói e Rio de Janeiro, para seu abastecimento.

Silva Jardim é um dos Municípios fluminenses onde está localizada a maior parte das RPPN do Estado. Esse fato agregado à presença do Reservatório de Juturnaíba faz do município o maior arrecadador do ICMS ecológico do Estado nos últimos três anos.

Page 75: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 75

2.6.3.5 Casimiro de Abreu

O município de Casimiro de Abreu está situado na Zona da Baixada de Araruama e o desbravamento de seu território data do início do século XVIII. Originou-se de antigo aldeamento dos índios Guarulhos, fundado em 1748 pelo capuchinho italiano Francisco Maria Táli, no lugar hoje conhecido por Aldeia Velha. Neste local foi erguida a primeira capela dedicada à Sacra Família, tendo o povoado nascente recebido, em 1761, Foros de Freguesia sob a denominação da Sacra Família de Ipuca, declarada perpétua em 1800. Arruinada a Capela e devido à ocorrência frequente de surtos de epidemias na localidade, a sede da Freguesia foi transferida para junto da foz do rio São João, onde se edificou uma Igreja, consagrada a São João Batista.

Por força da deliberação de 31 de agosto de 1843, o Governo provincial aprovou a demarcação dos limites da povoação de Barra de São João, realizada por uma Comissão criada por força de Portaria datada de 13 de maio de 1843. Três anos mais tarde, o progresso verificado na localidade era tal, que o governo, em 19 de maio de 1846, elevou-a à categoria de Vila, com a denominação de Barra de São João, conservando os limites da Freguesia em que ela estava colocada. Ao que se sabe, só 13 anos após, os habitantes de Barra de São João conseguiram cumprir todos os requisitos necessários, na época, para a criação de uma Vila. Um destes requisitos seria a construção de um edifício para as sessões da Câmara, o que só foi conseguido em 15 de setembro de 1859.

Logo de início essa Vila teve regular desenvolvimento no que concerne à agricultura e, até os fins do século XIX, conseguiu manter essa situação. Com a Lei de Abolição da Escravatura, a exemplo do que aconteceu com os demais municípios fluminenses, Barra de São João também sofreu um declínio notável em sua produção agrícola. Mais tarde, depois de 1890, devido ao desajustamento da economia local, a sede da Vila passou a ser deslocada, ora para Indayassu, ora para Barra de São João, até que em 10 de novembro de 1925, foi fixada em Indayassu. Em 31 de Março de 1938, o Município de Barra de São João teve seu nome alterado para Casimiro de Abreu, em homenagem ao grande poeta nascido em terras da Vila de Barra de São João.

Durante o século XIX, o Porto de Barra de São João teve bom desenvolvimento, graças à exportação para o Rio de Janeiro da produção agrícola de Cantagalo, Capivari e São Vicente de Paula (Araruama). À exportação da produção somava-se a importação clandestina de escravos, o que fortalecia o núcleo portuário.

Na década de 1880 foi construída a linha férrea, com vistas a levar a Macaé os trilhos da futura Estrada de Ferro Leopoldina. Junto às estações nasceram os povoados de Indayassu, Professor Souza, Rio Dourado e Rocha Leão.

A construção da ferrovia e a decadência da função portuária em Barra de São João culminaram com a já mencionada transferência da sede do município de Barra de São João para Indayassu (atual Casimiro de Abreu), em 1925.

Paralelamente, ocorreu o abandono progressivo dos engenhos e fazendas, assolados por surtos de malária e a consequente desvalorização da terra. Entretanto, a ocupação territorial originada da estrada de ferro foi pouco expressiva.

A situação de estagnação perdurou até a década de 50, quando, vindos do Espírito Santo, chegaram os primeiros desbravadores do território casimirense: Manoel Antunes de Siqueira e José Lopes.

A década de 60 trouxe o turismo-veraneio para as vilas de Barra de São João e Rio das Ostras e abriu novas perspectivas agrícolas com a abertura e asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), a pavimentação da BR-101 e a construção da ponte Rio-Niterói.

Page 76: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 76

Da década de 50 à década de 70 o município teve a sua população duplicada; foram feitas as instalações do novo prédio da Prefeitura Municipal e do Posto de Saúde Estadual; passou-se a usar a energia elétrica e foi lançado o jornal “O Casimirense”, do jornalista Alberto Norberto Cabral.

Na década de 80 vale destacar a criação da SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto, em 1º de Dezembro de 1987.

A década de 90 trouxe a emancipação de seu 3º distrito, Rio das Ostras; a construção da Escola Estadual Agrícola de Casimiro de Abreu; a criação da Casa de Cultura Estação Casimiro de Abreu; a implantação da Fundação Municipal de Casimiro de Abreu e da Biblioteca Pública Municipal Faria Brito.

2.6.3.6 Trajano de Moraes

A colonização da área que corresponde ao atual município de Trajano de Moraes iniciou-se nos primeiros anos do Século XIX com um pequeno núcleo agrícola no entorno de uma capela destinada ao culto de São Francisco de Paula, pertencente ao Curato de Santa Maria Madalena. Logo se estabeleceriam fazendeiros criadores de gado de corte e leiteiro.

A cafeicultura trouxe desenvolvimento ao ser implantada no local, o que possibilitou a criação da Freguesia de São Francisco de Paula, em 1846, subordinada à Comuna de Cantagalo. Mais tarde, em 1861, ao ser criada a Comuna de Santa Maria Madalena, a Freguesia foi incorporada ao território desta.

Com o esgotamento dos solos e abolição da escravatura, a economia local entrou em decadência. Em 1891, numa tentativa de controlar a crise econômica, o novo Governo Republicano transformou a Freguesia de São Francisco de Paula em vila e criou o município de mesmo nome. Tais mudanças administrativas foram influenciadas pelo rico fazendeiro José Antônio de Moraes, Visconde do Imbé, nascido no Vale do Imbé, proprietário da Fazenda Aurora.

No mesmo ano foi inaugurada na região, em terras da Fazenda Aurora, a Estação Ferroviária Ventania (ou Aurora, futura Trajano de Moraes), pertencente à Cia. E. F. Barão de Araruama. A estação recebia os trens dos ramais de Entroncamento (estação de Conde de Araruama) e Santa Maria Madalena. Em 1907, a linha férrea foi vendida à Estrada de Ferro Leopoldina, funcionando até 1966, quando vários ramais foram desativados no Estado do Rio de Janeiro. Em 1967 os trilhos foram retirados.

Enquanto funcionou, a estação de Ventania (ou Aurora) reuniu em seu entorno a maior parte da população da antiga Vila de São Francisco de Paula, deslocada pela crise econômica que atingia o município. Criava-se uma cidade em terras doadas pelos Irmãos José Antônio e Elias de Moraes.

O progresso trazido pelo trem transformou a pequena localidade em cidade promissora. Foram construídos prédios importantes, mansões, uma praça, hotel de luxo e outros símbolos de riqueza e dinamismo. Foram fundados dois jornais de circulação semanal. Com recursos dos irmãos Moraes, foi construída a Matriz de São Francisco de Paula.

A Sede do município logo foi transferida para o novo núcleo urbano.

Trajano de Moraes era filho do Visconde de Imbé. Foi figura influente em seu tempo, principalmente por seu caráter empreendedor e espírito dinâmico. Faleceu em 1911 e o reconhecimento por sua dedicação e serviços políticos prestados ao desenvolvimento do

Page 77: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 77

município motivou a mudança do nome de São Francisco de Paula para Trajano de Moraes em 1938.

Hoje, a pequena Trajano de Moraes é uma típica cidade do interior, com uma praça central, Praça Nilo Peçanha, e uma população de menos de 10.000 habitantes. A economia continua baseada na atividade agropecuária e busca desenvolver a indústria do turismo, explorando o patrimônio histórico de algumas fazendas e do local onde se originou o município, a localidade de São Francisco de Paula. Além destes, contam também como atrativos suas belezas naturais como as cachoeiras Graças a Deus, das Neves e da Barragem; a Serra das Almas; o rio Macabu e a Represa da CERJ.

2.6.3.7 Bom Jardim

O município de Bom Jardim foi criado no final do Século XIX pela Lei estadual nº 37 de 17 de dezembro de 1892, e instalado a 05 de março de 1893.

O primeiro núcleo populacional estável na região do atual município surgiu junto à Igreja de São José, que teve sua construção autorizada em território de Nova Friburgo. Em 13 de outubro de 1857 foi registrada a Freguesia de São José de Nova Friburgo. Mais tarde, em 1887, foi criado o distrito de Paz de Bom Jardim, ligado à Freguesia do Santíssimo Sacramento de Cantagalo.

Já no período republicano, o distrito de Bom Jardim deixou de pertencer a Cantagalo e passou a pertencer ao município de São José do Ribeirão que, no entanto, mudou de nome e de sede e passou a denominar-se Bom Jardim e a ter sede no antigo distrito de Paz, onde até hoje se acha localizada a cidade de Bom Jardim.

No dia 31 de Dezembro de 1943, pela lei Estadual nº 1.056, o município passou a chamar-se Vergel, denominação que perdurou até 20 de Junho de 1947, quando uma nova lei Estadual devolveu ao município seu antigo nome de Bom Jardim, que continua até hoje.

A região onde se localiza o município foi colonizada por descendentes de suíços, alemães, franceses, portugueses e libaneses.

O município tem forte tradição agrícola e é um dos maiores produtores de café, forte fornecedor de hortaliças e de legumes, com ênfase no inhame, amplamente produzido no distrito de Barra Alegre. Na décade de 1980 chegou a ser classificado como maior produtor mundial de inhame (por hectare quadrado).

É influenciado pelo pólo industrial de lingerie de Nova Friburgo. É comum haver produção de insumos para aquela indústria e também muitas fábricas que prestam serviço terceirizado para as fábricas maiores das cidade vizinhas.

Há cerca de oito anos há um projeto de instalação de grandes indústrias na cidade, principalmente no 4º distrito, de Barra Alegre. Há hoje, nesse distrito, quatro fábricas do setor de bebidas e produtos plásticos, além de fábricas menores em toda a cidade, principalmente do ramo têxtil e alimentício.

Bom Jardim, assim como toda a região serrana do estado, é cercada de muitas áreas verdes e altas montanhas, características estas que tendem a ser exploradas pela indústria do turismo.

Em Bom Jardim se localizam várias formações rochosas de grande beleza, como a Pedra Aguda, no distrito de Barra Alegre, com cerca de 1.200 metros de altitude, muito procurada

Page 78: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 78

por praticantes de rappel, escalada, trekking e caminhadas. Outro ponto turístico é a Pedra da Amizade, no distrito de São José do Ribeirão, e que juntamente com a Pedra do Suzana, no bairro Bem-te-vi, no distrito sede, são procurados por praticantes de parapentismo e paraquedismo.

Outro ponto muito atraente são as Grutas do Mão de Luva que estão situadas às margens do rio São José, nas proximidades da confluência deste com o rio Grande, possuindo quatro amplas galerias, entre rochas extensas e com pouca visibilidade interior. Nessas furnas, já foram achadas ossadas e signos riscados nas paredes. A paisagem do entorno é formada por mata fechada, com presença também de musgos e gramíneas. Reza a lenda que nenhuma luz, “seja a fogo ou lanternas”, permanece acesa dentro das galerias. Segundo a mesma, o “Mão de Luva” seria um famoso contrabandista de ouro que teria lavrado nos rios da região e escondido nas ditas furnas parte deste contrabando, nos fins do séc. XVIII.

Há ainda várias cachoeiras, como a Cachoeira Banquete, que apresenta altura aproximada de 15m com saltos. Suas águas são claras, transparentes e de temperatura fria. Oferece excelentes possibilidades de banho, tanto na ducha quanto na piscina natural formada por suas águas. A paisagem circundante é composta por mata fechada e se destacam as embaúbas, samambaias e lírios do brejo.

A Cachoeira Maravilha apresenta altura aproximada de 6m com 3 saltos. Suas águas são claras, transparentes e de temperatura fria. Oferece boas possibilidades de banho, devido a ducha e piscina naturais formadas por suas águas. A paisagem circundante é composta por mata fechada e pela antiga Estação de Luz, prédio histórico de uma usina elétrica desativada.

A Cachoeira Pedregulho está situada no rio São José e acionava uma turbina, cuja força era aproveitada para beneficiar café e moinhos. Apresenta altura aproximada de 10m com 3 saltos. Suas águas são claras, transparentes e de temperatura fria. Oferece boas possibilidades de banhos devido a ducha e piscinas naturais formadas por suas águas. A paisagem circundante é composta pela vegetação de arbustos, gramíneas, e árvores de médio porte.

Há também o Alto do Tardim, atrativo com 1.250m de altitude que é o ponto mais alto do município. A vegetação em torno da trilha de acesso ao pico é composta de árvores de médio e pequeno porte. Do pico tem-se uma ampla vista do distrito de Barra Alegre. O atrativo oferece a prática de trekking e rappel.

O Horto Municipal, localizado no bairro Campo Belo, próximo ao centro, inaugurado em 31 de outubro de 1941, possui variedades de árvores, arbustos e flores, além de animais soltos, como macacos e micos-leões. O horto possui banheiros, churrasqueiras, palyground, bancos e mesas.

O Parque Municipal Luiz Corrêa da Rocha Sobrinho é outro atrativo que possui vegetação nativa preservada, jardins, brinquedos, mesas, bancos, bicicletários e auditório ao ar livre Nessa área funcionava um pequeno zoológico com espécimes de jacarés-do-papo-amarelo, macacos-prego, micos-estrela, quatis, catitus, jabutis, aves como gaviões, araras, jandaias, etc. Era o único zoológico das regiões serrana e norte-fluminense e recebia frequentes visitas estudantis, inclusive de outras cidades. Atualmente esse zoológico encontra-se fechado por falta de recursos financeiros para sua manutenção.

Page 79: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 79

2.6.4 Aspectos Demográficos

Segundo o IBGE (2010) a TABELA 2.24 permite uma avaliação geral dos atuais aspectos demográficos na Região da UC.

No conjunto dos municípios observa-se uma expressiva diferença no tamanho das populações de Nova Friburgo e Macaé, ambos na faixa de 200 mil habitantes, enquanto nos demais as populações variam de 10 mil a 55 mil habitantes.

Macaé e Nova Friburgo são os dois pólos de desenvolvimento na Região da APA. O primeiro, no Norte do Estado, se destaca pelas atividades relacionadas à exploração de petróleo e gás na Bacia de Campos e o segundo, na Região Serrana, pelas atividades de turismo, indústria de vestuário e metalurgia.

Ao considerar a situação urbano / rural, a Região da APA de Macaé de Cima apresenta uma população predominantemente urbana (88,5% de habitantes), situação semelhante à do Estado do Rio de Janeiro e, de certo modo, do Brasil. Neste aspecto chama à atenção a característica de ruralidade das populações de três dos municípios da Região da UC: Trajano de Moraes, com 53,5%; Bom Jardim, com 39,8%; e Silva Jardim, com 24,5%.

Quanto à distribuição por sexo, as populações de todos os municípios segue o padrão de equidade da população brasileira, com discreta diferença a favor das mulheres.

TABELA 2.24 Tamanho atual das populações residentes na região da APA Macaé de Cima

Região da UC

Municípios

POPULAÇÃO

Total Homens Mulheres Urbana Rural

Bom Jardim 25.398 12.756 12.642 15.281 10.117

Cachoeirasde Macacu 54.370 27.127 27.243 47.015 7.355

Casimiro de Abreu 35.373 17.436 17.937 28.533 6.840

Macaé 206.748 102.471 104.277 202.873 3.875

Nova Friburgo 182.016 87.242 94.774 159.335 22.681

Silva Jardim 21.360 10.810 10.550 16.126 5.234

Trajano de Moraes 10.281 5.260 5.021 4.776 5.505

Estado do RJ 15.993.583 7.626.920 8.366.663 15.466.996 526.587

FONTE: Censo 2010. Resultados Preliminares. IBGE, 2010

Page 80: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 80

Estes comentários podem ser visualizados no GRÁFICO 2.1, a seguir.

GRÁFICO 2.1 Populações na Região da APA Macaé de Cima.

Na comparação entre os dados populacionais no período entre 2000 e 2010, pode-se avaliar o “incremento” populacional de cada município. Os dados estão apresentados na TABELA 2.25 e ilustrados no GRÁFICO 2.2.

TABELA 2.25 Incremento populacional na região da APA Macaé de Cima.

Região da UC

Municípios

População 2000 População 2010 Incremento Percentual

Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural

Bom Jardim 22.651 11.317 11.334 25.398 15.281 10.117 12,2% 35,0% 10,7%

Cachoeiras de Macacu 48.543 41.117 7.426 54.370 47.015 7.355 12,0% 52,1% -1,0%

Casimiro de Abreu 22.152 18.337 3.815 35.373 28.533 6.840 59,7% 55,6% 79,3%

Macaé 132.461 126.007 6.454 206.748 202.873 3.875 56,1% 61,0% -40,0%

Nova Friburgo 173.418 151.851 21.567 182.016 159.335 22.681 5,0% 4,9% 5,2%

Silva Jardim 21.265 14.215 7.050 21.360 16.126 5.234 0,4% 13,4% -25,8%

Trajano de Moraes 10.038 3.684 6.354 10.281 4.776 5.505 2,4% 29,6% -13,4%

Page 81: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 81

GRÁFICO 2.2 Incremento populacional na década 2000-2010.

Verifica-se que o maior aumento ocorreu em Casimiro de Abreu: 59,7%, no total. É interessante notar que neste município houve registro de aumento tanto na população urbana (55,6%) quanto na rural (79,3%). A chegada de novos habitantes atraídos pelo envolvimento com a indústria de petróleo e derivados poderia talvez explicar o aumento da população urbana. Em relação ao aumento na classe população rural, este pode ter sido motivado por novas ocupações permanentes em propriedades de lazer ou mesmo, pela localização de assentamentos rurais em seu território.

O município de Macaé, que nas décadas 1980-1990 e 1990-2000 apresentou um aumento de três vezes e meia em sua população, reduziu o ritmo de crescimento populacional, que nessa última década foi de 56,1%. O que mais mudou no município foi o tamanho da população classificada como urbana, que aumentou mais de 60%, possivelmente pela expansão de áreas urbanas nos distritos de Glicério e Córrego do Ouro, na região serrana, que vinham mantendo características rurais. Tal fato explica também a redução de 40% no tamanho da população rural.

O município de Bom Jardim, contrariando uma clara tendência de crescimento das populações urbanas, apresentou aumento de 10,7% da população rural.

Nos municípios de Silva Jardim e Trajano de Moraes houve pequena mudança no tamanho da população total. No entanto, observa-se redução acentuada no tamanho das populações rurais: -25,8% para o primeiro e -13,4% para o segundo. Uma possível explicação é a diminuição das atividades agrícolas, em especial com a crise do ciclo cafeeiro substituídas por áreas de pastagens extensivas pouco produtivas.

No município de Nova Friburgo não foram registrados expressivos dados de mudança demográfica nesta década.

A partir dos dados censitários acerca da população absoluta para o ano de 2010 pode-se observar que também houve um incremento na densidade demográfica dos municípios da região, fato esse apresentado na TABELA 2.26. Em geral, todas as densidades demográficas aumentaram, pois as populações aumentaram na área. As maiores densidades correspondem aos municípios de Nova Friburgo (195 hab/km2) e Macaé (170

Page 82: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 82

hab/km2). Os municípios de Silva Jardim (23 hab/km2) e Trajano de Moraes (17,5 hab/km2) apresentaram as menores densidades.

TABELA 2.26 Municípios da Região da APA: Densidade Populacional.

Região da APA

Municípios

Área

(km2)

População

(nº hab)

Densidade

(hab/km2)

Bom Jardim 384,200 25.398 66,10

Cachoeiras de Macacu 955,900 54.370 56,87

Casimiro de Abreu 463,500 35.373 76,32

Macaé 1218,340 206.748 169,67

Nova Friburgo 933,400 182.016 195,00

Silva Jardim 938,336 21.360 22,76

Trajano de Moraes 548,000 10.281 17,48

FONTES: IBGE. Censo 2010: Resultados Preliminares. - IPEA.

2.6.5 Aspectos Socioeconômicos

A análise dos aspectos socioeconômicos dos municípios da Região da APA perpassa vários índices, onde destaca-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Produto Interno Bruto (PIB). Porém existem outros importantes índices que pormenorizam as características socioeconômicas e contribuem para retratar as distintas realidades que são observardas em cada município.

Um importante fator de análise socioeconômica é o Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE) que é definido como resultante dos níveis de infraestrutura, de qualificação da mão-de-obra e da renda gerada localmente. Assim, na construção desse índice estão incluídos os seguintes itens: Índice de Infraestrutura (INF) - considera um conjunto de informações quantitativas sobre a infraestrutura do município em termos de terminais telefônicos em serviço, consumo de energia elétrica e quantidade de estabelecimentos bancários, comerciais e de serviços; Índice de Qualificação da Mão-de-obra (IQM) - considera o nível de escolaridade dos trabalhadores ocupados no setor formal; e Índice do Produto Municipal (IPM) - considera o nível aproximado de geração de renda do município em todos os setores da atividade econômica (CEPEMAR, 2011).

Outro índice importante para a análise socioeconômica é o Índice de Desenvolvimento Social (IDS) que é realizado a partir da análise do atendimento oferecido à população dos serviços de educação, saúde, água tratada e energia elétrica. Esse índice observa também a remuneração mensal dos chefes de família. Para exprimir este conceito, o IDS é construído através dos seguintes índices: Índice do Nível de Saúde (INS) - construído a partir das variáveis doenças de notificação obrigatória e óbitos por sintomas, sinais e afecções mal definidos; Índice do Nível de Educação (INE) - é expresso através de medidas quantitativas do atendimento em serviços de educação, na forma de matrículas do ensino básico regular ao nível superior; Índice dos Serviços Básicos (ISB) - é expresso através das variáveis consumo de água tratada e de energia elétrica residencial, considerados serviços essenciais; Índice da Renda Média dos Chefes de Família (IRMCH) - expressa o rendimento médio dos chefes de família, supondo toda unidade familiar com um chefe auferindo rendimento mensal (CEPEMAR, 2011).

Além do IDE e do IDS outro fator muito usado para a caracterização socioeconômica é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que busca medir o nível de desenvolvimento de uma determinada unidade geográfica sob a perspectiva mais ampla do que a simples

Page 83: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 83

relação entre o produto interno bruto e a população, definido pelo PIB per capita. Para tanto, incorpora as dimensões de longevidade e educação na sua fórmula de análise. O que está por trás dessa combinação é a ideia de que o crescimento material de um país, refletido na renda per capita, deve vir acompanhado de um aumento na esperança de vida de seus habitantes e de uma expansão nas condições de educação, de modo a tornar efetivamente universal esse crescimento (CEPEMAR, 2011). Para efeito de análise comparativa entre países e outras unidades geográficas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estabeleceu três categorias de desenvolvimento em função dos valores do índice. Assim, os valores entre 0 e 0,499 são considerados como de Baixo Desenvolvimento Humano, os valores entre 0,500 e 0,799 são classificados como de Médio Desenvolvimento Humano e os acima de 0,800 correspondem ao de Alto Desenvolvimento Humano.

No ano de 2010 o PNUD lançou uma nova classificação referente ao IDH, divido em cinco categorias que permanecem condicionadas a uma classificação de zero a um. Os índices são classificados como: Muito Alto (entre 0,800 e 1); Alto (entre 0,700 e 0,799); Médio (entre 0,600 e 0,699); Baixo (entre 0,500 e 0,599); e Muito Baixo (entre 0 e 0,499).

Por intermédio do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) - elaborado pelo PNUD em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro, é possível avaliar a situação do desenvolvimento nos municípios (CEPEMAR, 2011). Pelo fato de demandar informações dos censos demográficos, esses índices são registrados a cada 10 anos. A TABELA 2.27 apresenta os dados do IDH-M dos municípios da região da APA com sua classificação no ranking do estadual e nacional no ano de 2010.

TABELA 2.27 Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios da Região da APA.

Município 2010

IDH-M Ranking Estadual Ranking Nacional

Macaé 0,764 6º 304º

Nova Friburgo 0,745 12º 648º

Casimiro de Abreu 0,726 29º 1.133º

Cachoeiras de Macacu 0,700 58º 1.904º

Trajano de Moraes 0,667 80º 2.738º

Bom Jardim 0,660 81º 2.898º

Silva Jardim 0,654 87º 3.030º

FONTE: PNUD, 2013.

Os dados indicam a identificação de dois grupos, sendo o primeiro composto por municípios de IDH alto (Macaé, Nova Friburgo, Casimiro de Abreu e Cachoeiras de Macacu) e o outro formado pelos municípios de IDH médio (Trajano de Moraes, Bom Jardim e Silva Jardim)

O Sistema Firjan também realiza um estudo voltado ao desenvolvimento humano dos municípios. O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) baseia-se na análise de três áreas: Emprego e Renda, Educação e Saúde e utiliza-se exclusivamente de estatísticas públicas oficiais2. Sua leitura é simples: o índice varia de zero (0) a um (1) e quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento da localidade (FIRJAN, 2013). Assim, cada município pode ser classificado como de Baixo Desenvolvimento (inferior a 0,4 pontos), de

2 As fontes primárias de dados são os Ministérios do Trabalho e Emprego, da Educação e da Saúde.

Page 84: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 84

Desenvolvimento Regular (entre 0,4 e 0,6 pontos), de Desenvolvimento Moderado (0,6 a 0,8 pontos) ou de Alto Desenvolvimento (superior a 0,8 pontos). As variáveis e as fontes usadas para os levantamentos do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal estão apresentadas na FIGURA 2.13.

FONTE: FIRJAN, 2013

FIGURA 2.13 Quadro-Resumo das variáveis componentes do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal.

O IFDM dos municípios da Região da APA estão apresentados na TABELA 2.28.

TABELA 2.28 Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) dos municípios da Região da UC e sua posição do Ranking Estadual.

Município 2010

IFDM Ranking Estadual

Macaé 0,8356 8º

Nova Friburgo 0,8103 11º

Cachoeiras de Macacu 0,7438 27º

Bom Jardim 0,7409 28º

Casimiro de Abreu 0,6472 80º

Silva Jardim 0,6137 87º

Trajano de Moraes 0,5828 92º

FONTE: Firjan, 2013

Nesse indicador destacam-se os municípios de Macaé e Nova Friburgo, sendo os dois únicos da região da UC que possuem alto desenvolvimento. Por outro lado, o município de Trajano de Moraes é o único entre os analisados que apresenta desenvolvimento regular, estando os demais estão classificados como desenvolvimento moderado.

Ao considerar os dados econômicos referentes ao Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios, pode-se agrupá-los em dois blocos: Macaé, Nova Friburgo e Casimiro de Abreu

Page 85: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 85

representam o grupo daqueles que possuem PIB acima de 1 bilhão, ainda que seja notável a diferença interna nesse bloco. Os demais municípios formam outro bloco em que o PIB não ultrapassa 1 bilhão, porém neste grupo também nota-se grande variação interna e se destaca Cachoeiras de Macacu com um PIB próximo a 800 milhões. Os valores referentes ao PIB desses municípios estão apresentados na TABELA 2.29 divididos pelos setores da economia e acrescentado o PIB per capita.

TABELA 2.29 Produto Interno Bruto na Região da APA Macaé de Cima (em Reais).

Região da UC

Municípios

Composição do PIB dos Municípios

Agropecuária Indústria Serviços Impostos PIB PIB/C

Bom Jardim 20.806 mil 51.034 mil 176.511 mil 23.573 mil 271.925 mil

10.378,03 7,65% 18,77% 64,91% 8,67% 100,00%

C. de Macacu 15.894 mil 139.115 mil 514.312 mil 109.756 mil 779.078 mil

13.781,91 2,04% 17,86% 66,02% 14,09% 100,00%

C. de Abreu 8.306 mil 1.155.753 mil 250.207 mil 21.323 mil 1.435.588 mil

48.156,33 0,58% 80,51% 17,43% 1,49% 100,00%

Macaé 31.788 mil 3.968.574 mil 3.231.667 mil 771.343 mil 8.003.372 mil

42.393,16 3,97% 49,59% 40,38% 9,64% 100,00%

Nova Friburgo 44.718 mil 273.471 mil 1.760.020 mil 188.033 mil 2.266.242 mil

12.709,56 1,97% 12,07% 77,66% 8,30% 100,00%

Silva Jardim 7.374 mil 14.548 mil 130.363 mil 8.029 mil 160.314 mil

7.235,03 4,60% 9,08% 81,32% 5,01% 100,00%

T. de Moraes 8.108 mil 5.110 mil 56.613 mil 5.085 mil 74.922 mil

7.541,96 10,82% 6,82% 75,56% 6,79% 100,00%

Região da UC 136.994 mil 5.607.605 mil 6.119.693 mil 1.127.142 m 12.991.441 mil

24.258,18 1,1% 43,2% 47,0% 8,7% 100,00%

FONTE: Informações Socioeconômicas dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. SEBRAE-RJ, 2010

Os valores de PIB per capita apresentam grande variação na região da APA, que vai de R$ 7.235,03/pessoa a R$ 48.156,33/pessoa, com uma média aproximada de R$ 24.000/pessoa. A análise desses dados permite distinguir dois grupos. Os municípios de Macaé e Casimiro de Abreu apresentam um valor acima de R$ 40.000/pessoa, enquanto os demais não ultrapassam os R$ 14.000/pessoa. Esse fato está relacionado ao recebimento de royalties do petróleo por parte dos municípios inicialmente destacados, o que leva a um predomínio das atividades relacionadas ao setor industrial.

A TABELA 2.30 apresenta os valores recebidos em royalties e em participação especial dos municípios fluminenses, com destaque para Casimiro de Abreu e Macaé, pertencentes à região da APA de Macaé de Cima, fator preponderante para a distinção desses municípios no bloco com PIB maior que 1 bilhão de reais.

Page 86: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 86

TABELA 2.30 Recebimentos de royalties e participação especial dos municípios fluminses nos anos de 2009, 2010 e 2011.

Município

2009 2010 2011

Royalties Part. Esp.

Total Royalties Part. Esp.

Total Royalties Part. Esp.

Total

C. dos Goycatzazes 419,628 518,829 938,457 482,061 601,791 1083,852 559,27 670,523 1229,793

Macaé 294,572 70,689 365,261 356,017 82,132 438,149 410,494 71,74 482,234

Rio das Ostras 117,771 134,452 252,223 135,027 153,501 288,528 164,828 159,763 324,591

Cabo Frio 95,662 38,115 133,777 119,183 70,858 190,041 142,625 101,921 244,546

São João da Barra 73,127 95,201 168,328 98,323 104,704 203,027 129,423 122,065 251,488

Quissamã 65,922 25,004 90,926 72,563 17,989 90,552 78,899 13,761 92,660

Niterói 33,957 0 33,957 41,932 0 41,932 63,728 0,758 64,486

Casimiro de Abreu 39,162 17,327 56,489 48,114 23,981 72,095 61,358 37,891 99,249

A. dos Búzios 36,188 5,709 41,897 43,859 10,573 54,432 50,326 14,419 64,745

Carapebus 21,899 0,845 22,744 27,483 1,811 29,294 31,938 2,864 34,802

FONTE: OMPETRO (www.ompetro.org.br – acesso em 11/09/2013)

Os demais municípios têm suas economias apoiadas no setor Serviços, com ênfase no comércio, serviços profissionais especializados, alimentação e hospedagem e atividades de organizações sociais e religiosas. Destes municípios destacam-se Trajano de Moraes e Bom Jardim, os únicos da Região da UC cujos PIB apresentaram mais de cinco por cento no setor Agropecuária: 10,8% e 8,6%, respectivamente.

O GRÁFICO 2.3 ilustra a composição do Produto Interno Bruto de cada município e da região.

GRÁFICO 2.3 Composição do PIB Municipal na Região da APA Macaé de Cima.

As atividades produtivas que predominam são as dos setores de Serviços e Indústria, que representam mais de 90% da riqueza e segue o padrão do Estado do Rio de Janeiro e da Região Sudeste do Brasil.

Page 87: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 87

2.6.6 Infraestrutura Básica na Região da APA

A TABELA 2.31 apresenta as disparidades entre os municípios da região da UC em relação à Infraestrutura Básica com base nos dados do IBGE (2008 e 2009) e do Ministério do Trabalho e Emprego (2008) – (Relatório RAIS).

TABELA 2.31 Infraestrutura Básica dos Municípios da Região da APA Macaé de Cima.

(Nº de Estabelecimentos segundo cada Setor, por Município)

Infraestrutura

Setores

MUNICIPIOS

Bom Jardim

C. de Macacu

C. de Abreu

Macaé Nova

Friburgo Silva

Jardim T. de

Moraes

EDUCAÇÃO

Educação Infantil 27 39 31 169 189 32 31

Ensino Fundamental 35 57 24 101 167 21 37

Ensino Médio 6 9 12 27 39 2 3

Ensino Superior 0 0 0 3 1 1 0

SAÚDE

Hospitais Gerais 1 1 2 5 5 1 2

Centros e/ou Postos de Saúde 15 16 9 44 19 15 14

TURISMO e CULTURA

Estabelecimentos Hoteleiros 4 10 17 73 78 3 1

Cinemas 0 1 1 2 1 0 0

Teatros 2 3 0 3 6 0 0

Museus 1 0 1 1 1 0 0

Bibliotecas 1 3 6 1 2 1 1

FINANCEIRO e COMUNICAÇÃO

Agências Bancárias

Agências de Correio

3

1

5

2

4

2

20

3

21

7

2

1

1

1

FONTE: Relação Anual de Informações Sociais - RAIS. Ministério do Trabalho e Emprego. 2008

É importante detalhar um pouco mais a infraestrutura de Educação e Saúde existente na Região, uma vez que os temas são fundamentais para as relações das populações com o ambiente em que vivem.

EDUCAÇÃO

Os dados referentes à educação formal estão expostos na TABELA 2.32 que descreve o perfil dos municípios no tocante à educação pública municipal e estadual.

Ao considerar o tamanho das populações municipais e as estruturas disponíveis, a maior parte dos municípios da Região da UC parece adequadamente servida quanto à Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Ressalte-se que o número de matrículas somente inclui as faixas etárias esperadas nestas fases da educação formal.

Ao considerar o tamanho das populações municipais e as estruturas disponíveis, a maior parte dos municípios da Região da UC apresenta índices adequados quanto à Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Ressalte-se que o número de matrículas somente inclui as faixas etárias esperadas nestas fases da educação formal.

Ao considerar o índice quantitativo professor / aluno, observa-se médias inferiores a 3 alunos por docente, índice esse considerado como bom pela UNESCO.

Page 88: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 88

Outra informação a ser ressaltada é a da total ausência do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelo Ensino Médio, nos municípios de Silva Jardim e Trajano de Moraes.

TABELA 2.32 Unidades de Ensino, Professores, Matrículas e Rateio Alunos/professores nos municípios no Estado, por Nível de Ensino.

MUNICÍPIOS Nível de Ensino Unidades

(Nº)

Professores

(Nº)

Matrículas

(Nº)

Alunos / Professores

(rateio municipal)

Alunos / Professores

(rateio estadual)

Bom Jardim

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

3

24

35

5

25

6

5

16

96

381

124

179

106

91

89

1005

4215

1803

1858

785

702

5,6

10,5

11,1

14,5

10,4

7,4

7,7

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Cachoeiras de Macacu

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

9

30

57

12

34

9

7

37

109

624

239

280

183

153

311

1591

9364

3763

4703

2046

1849

8,4

14,6

15,0

15,7

16,8

11,2

12,1

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Casimiro de Abreu

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

16

15

24

6

12

7

4

57

55

342

92

174

160

123

834

1058

5825

1018

3817

1979

1827

14,6

19,2

17,0

11,1

21,9

12,4

14,9

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Macaé

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

84

85

101

11

63

27

8

265

346

1887

214

1222

699

320

4540

6035

30797

2747

22865

6852

3865

17,1

17,4

16,3

12,8

18,7

9,8

12,1

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Nova Friburgo

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

58

131

167

24

93

39

22

188

457

1842

548

726

712

462

2083

5953

27547

6965

13905

5881

4102

11,1

13,0

15,0

12,7

19,2

8,3

8,9

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Silva Jardim

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

17

15

21

18

2

2

0

28

41

228

161

56

47

0

329

595

3711

2706

917

477

0

11,8

14,5

16,3

16,8

16,4

10,1

0

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

Trajano de Moraes

Creche

E.Infantil

E. Fundamental

E.Fund.Estadual

E.Fund.Municipal

E. Médio

Rede Estadual

4

27

37

29

8

3

0

18

39

178

92

86

47

0

126

260

1664

890

774

426

0

7,0

6,7

9,3

9,7

9,0

9,1

0

17,5

16,6

19,1

16,9

23,3

12,8

15,1

FONTE: Estudo Socioeconômico Municipal. TCE. 2009

Page 89: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 89

Com vistas à compensação da baixa escolaridade das populações em outras faixas etárias, isto é, tamanho do contingente populacional maior de 15 anos com poucos anos de estudo ou mesmo analfabetos, existe o Programa de Educação de Jovens e Adultos desenvolvido pelo Ministério da Educação e as Secretarias de Estados e Municípios.

Na Região da APA, a procura por este Programa apresenta os quantitativos expressos na TABELA 2.33.

TABELA 2.33 Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

MUNICIPIOS ENSINO DE JOVENS E ADULTOS

Nº de matriculas Ensino Fundamental Ensino Médio

Bom Jardim 646 484 165

Cachoeiras de Macacu 2510 1754 756

Casimiro de Abreu 1801 350 451

Macaé 10006 6048 3958

Nova Friburgo 6126 3276 2850

Silva Jardim 1045 753 292

Trajano de Moraes 188 188 0

FONTE: Estudo Socioeconômico Municipal. TCE. 2009

Quanto ao Ensino de Nível Superior há pouca informação disponível em relatórios que detalhem os dados municipais, sendo observada a presença de instituições de Ensino Superior públicas e privadas em três dos municípios da Região da UC: Nova Friburgo, Macaé e Silva Jardim.

SAÚDE

Os municípios fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais apenas Nova Friburgo tem Gestão Plena do Sistema Municipal e pode operar o Sistema DATASUS de Atividades Básicas (SAI/SIAB) e de Média e Alta Complexidade (SAI/SIH- se houver). Os demais municípios contam com Gestão Plena Estadual, podendo operar os Sistemas DATASUS de Atenção Básica (SIA/SIAB).

A Organização Muncial de Saúde (OMS) utiliza como parâmetro ideal de atenção à saúde da população a relação de 1 médico para cada 1.000 habitantes, ainda que muitos atores envolvidos nesse processo defendam a ampliação deste parâmetro. No Brasil a relação média observada é de 1 médico para 622 habitantes, mas esse número apresenta uma grande concentração na região Sudeste, que apresenta a relação 1/615 hab, sendo o Rio de Janeiro o estado que apresenta a menor relação do país com 1/302 hab.

É importante indicar ainda que embora se observe no contexto nacional uma ampla concentração desses profissionais nas capitais, o Rio de Janeiro apresenta uma baixa relação médico/habitantes na capital e também no interior do estado.

Os dados referentes a Região estão apresentados na TABELA 2.34.

Page 90: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 90

TABELA 2.34 Estrutura de Saúde na Região da APA de Macaé de Cima

Estrutura

Declarada

Municípios

Bom Jardim

Cachoeiras de Macacu

Casimiro de Abreu

Macaé Nova

Friburgo Silva

Jardim Trajano de

Moraes

Centro Parto Normal 0 0 0 1 0 0 0

Centro/Unid. Básica de Saúde 10 6 9 40 19 15 5

Clinica/Ambulatório Especializado 2 10 2 58 35 1 0

Consultório Isolado 7 10 9 273 294 1 4

Hosp. Especializado 0 0 0 1 2 0 0

Hospital Geral 1 1 2 5 5 1 2

Hospital Dia 0 0 0 0 0 0 0

Policlínica 1 1 2 7 4 0 1

Posto de Saúde 5 10 0 4 0 0 9

Pronto-Socorro Especializado 0 0 0 2 0 0 0

Pronto-Socorro Geral 0 0 0 1 0 0 0

Unid. Serviço Apoio Diagnose e Terapia 3 5 4 35 11 2 0

Unid. Vigilância em Saúde 0 1 0 1 1 1 0

Unid. Móvel Mixta 0 0 0 0 0 0 0

Unid. Móvel Fluvial 0 0 0 0 0 0 0

Unid. Móvel Terrestre 1 0 1 1 2 1 0

FONTE: MS/DAB e IBGE. 2009

Além das estruturas declaradas, as populações da área dispõem dos profissionais de saúde apresentados na TABELA 2.35.

TABELA 2.35 Quadro de Profissionais de Saúde Declarado pelos Municípios

Profissionais

Municípios

Bom Jardim Cachoeiras de Macacu

Casimiro de Abreu

Macaé Nova

Friburgo Silva

Jardim Trajano de

Moraes

Anestesista 5 5 12 23 48 0 4

Cirurgião Geral 11 11 13 55 31 0 5

Clínico Geral 15 53 57 240 220 31 17

Ginecologista/ Obstreta 18 23 41 95 86 5 6

Médico de Família 8 9 18 29 16 9 5

Pediatra 13 21 28 140 125 8 6

Psiquiatra 2 7 3 20 23 3 2

Radiologista 3 7 5 32 38 2 4

Cirurgião Dentista 22 35 26 182 103 26 15

Enfermeiro 11 30 47 156 58 18 10

Fisioterapeuta 8 23 20 145 76 31 9

Fonoaudiólogo 1 8 5 35 31 2 1

Nutricionista 1 14 7 34 12 15 1

Farmacêutico 7 10 21 22 18 1 2

Assistente Social 1 19 9 49 16 13 1

Psicólogo 5 32 7 46 51 13 1

Auxiliar de Enfermagem 23 101 57 179 354 26 25

Técnico de Enfermagem 12 20 78 265 57 9 5

FONTE: MS/DAB e IBGE. 2009

Page 91: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 91

Os municípios considerados também estão engajados no Programa de Saúde da Família, como se verifica na TABELA 2.36.

TABELA 2.36 Programa Saúde da Família.

Municípios

Região

Agentes Comunitários Equipe de Saúde da Família Equipe Saúde Bucal

Cred. Imp. %

Cobertura Cred. Imp.

% Cobertura

Cred. Imp.

Bom Jardim 58 58 100 8 8 100 6 6

C. de Macacu 12 128 100 21 9 57 3 3

C. de Abreu 68 56 100 11 9 100 3 2

Macaé 194 158 56 29 26 56 12 9

Nova Friburgo 138 99 32 24 16 31 0 0

Silva Jardim 56 56 100 8 8 100 1 1

T. de Moraes 26 26 100 4 4 100 4 0

LEGENDA: Cred. = Credenciados / Imp. = Implantados

FONTE: MS/DAB e IBGE. 2009

2.7 Uso e cobertura do solo da região

A TABELA 2.37 aponta para uma cobertura vegetal representativa, em especial nos municípios de Cachoeiras de Macacu (80,32%), Silva Jardim (53,51%), Nova Friburgo (51,23%), Casimiro de Abreu (52,44%) e Trajano de Moraes (51,05%). A floresta presente varia entre Floresta Ombrófila Densa Montana e de Terras Baixas. O município que possui menor porcentagem de área coberta por vegetação é Macaé, com 31,45%.

TABELA 2.37 Uso / Cobertura do Solo nos Municípios da Região (%).

Classe Nova

Friburgo Casimiro de Abreu

Macaé Bom

Jardim Trajano

de Morais Cachoeiras de Macacu

Silva Jardim

Floresta Ombrófila Densa Montana 48.13 10.61 10.11 25.92 24.55 23.57 12.12

Floresta Ombrófila Densa Submontana 0.50 16.32 9.94 0 10.32 36.70 30.09

Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 0 7.37 3.17 0 0 20.05 11.30

Floresta Ombrófila Semidecidual Montana 2.60 4.10 1.90 18.10 12.98 0 0

Floresta Ombrófila Semidecidual Submontana

0 7.11 9.26 0 3.20 0 0

Floresta Ombrófila Semidecidual das Terras Baixas

0 6.93 7.01 0 0 0 0

Savana Florestada 0 0 0.60 0 0 0 0

Vegetação Secundária inicial 0 0 1.50 0 0 0 0

Formação Pioneira 0 5.60 5.80 0 0 0 1.90

Área Urbana 13.19 4.60 6.01 1.64 0.30 8.26 6.80

Refúgios 0 0 0 0 0.30 0 0

Agricultura 12.15 0 2.90 13.27 11.61 0.10 0.20

Áreas Antropizadas 2.14 2.40 0.20 2.95 0 7.11 3.21

Pastagem 21.29 27.58 39.55 38.12 34.14 0 29.21

Corpos D´água 0 7.38 2.05 0 2.60 4.21 5.17

Total 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00

FONTE: PROBIO

Page 92: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 92

Em relação à substituição dos ecossistemas naturais por sistemas agropecuários, destacam-se os Municípios de Bom Jardim, Trajano de Moraes e Macaé, apresentando 54,34%, 45,34% e 42,65%, respectivamente.

Da FOTOGRAFIA 2.1 à 2.4 são apresentados aspectos do uso/cobertura do solo nos Municípios de Casimiro de Abreu, Trajano de Moraes, Macaé e Bom Jardim, onde se observa o padrão de paisagem que espelha o histórico de ocupação de toda esta região. As florestas, ainda abundantes em vários Municípios, se distribuem nos pontos mais altos e de difícil acesso e se alternam nas áreas mais baixas, com pastagens extensivas.

FOTOGRAFIA 2.1 Município de Casimiro de Abreu - Região de Quilombo.

FOTOGRAFIA 2.2 Município de Trajano de Moraes - Visão do Peito de Pombo.

Page 93: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 93

FOTOGRAFIA 2.3 Município de Macaé - Região de Glicério, Rio São Pedro.

FOTOGRAFIA 2.4 Município de Bom Jardim - Região de Santo Antônio, Pedra Aguda.

O mapa apresentado na FIGURA 2.14, mostra a distribuição da vegetação na região de influência da APA Estadual de Macaé de Cima. Verifica-se que a floresta conservada ocorre em grandes blocos, em pontos de difícil acesso. A pastagem, especialmente para uso na pecuária do tipo extensiva, é o uso do solo predominante na região.

Page 94: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

FIGURA 2.14 Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo da Região onde se insere a APA Estadual de Macaé de Cima.

Page 95: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 95

2.8 Referências Bibliográficas

AB’SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos da América do Sul: primeira aproximação.

Geomorfologia, São Paulo, n. 52, p. 1-21, 1997.

BENITES, V. M. et al. Soils associated with rock outcrops in the Brazilian mountain ranges

Mantiqueira and Espinhaço. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 569-

577, 2007.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e

VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,

Poder Executivo, Brasília, DF, 19 jul. 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Estrutura de saúde na região da APA de Macaé de Cima.

Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/>. Acesso em: dez. 2010.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto Radambrasil. Geologia. In: ______. Folha

SD. 21 Cuiabá. Rio de Janeiro, 1982. p. 25-175. (Levantamento de recursos naturais, 26).

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: fev.

2003.

______. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs>. Acesso em: out. 2010.

______. Lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.

Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/espécies-ameaçadas-de-

extinção/fauna-ameaçada>. Acesso em: 15 set. 2003.

______. O corredor central da Mata Atlântica: uma escala de conservação da

biodiversidade. Brasília, DF, 2006. 46 p.

______. Projeto corredores ecológicos: novos cenários para a conservação da

biodiversidade brasileira. Brasília, 2000.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Relação anual de informações sociais.

Disponível em: <http: //www.met.gov.br/rais/default.asp>. Acesso em: dez. 2010.

CABRAL, N. R. A. J.; SOUZA, M. P. de. Área de proteção ambiental: planejamento e

gestão de paisagens protegidas. São Carlos: RiMa, 2002. 154 p.

CAPOBIANCO, J. P. R. Artigo-base sobre biomas brasileiros. In: CAMARGO, A.;

CAPOBIANCO, J. P. R.; OLIVEIRA, J. A. P. (Orgs.). Meio ambiente Brasil: avanços e

obstáculos pós-Rio-92. São Paulo: Estação Liberdade; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio

Vargas, 2002. p. 117-155.

______. Mata Atlântica: conceito, abrangência e área original. In: SCHÄFFER, W. B.;

PROCHNOW, M. (Orgs.). A Mata Atlântica e você: como preservar, recuperar e se

beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: Apremavi, 2002. p. 111-123.

Page 96: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 96

______ (Org.). Dossiê da Mata Atlântica 2001. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2001.

407 p.

CASTRO, E. B. V. Fatores determinantes da vulnerabilidade à extinção e ordem de

perda de espécies de pequenos mamíferos em uma paisagem fragmentada de Mata

Atlântica. 2002. Dissertação (Mestrado em Ecologia)–Instituto de Biologia, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO. Associação Mico-Leão-

Dourado. Disponível em: <http://www.cide.rj.gov.br/atuacoes/iqmverde/micoleao.htm>.

Acesso em: ago. 2002.

CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL. Disponível em: <http://www.conservation.org.br/>.

Acesso em: abr. 2005.

COMISSÃO DE ESTUDOS PARA O TOMBAMENTO DO SISTEMA SERRA DO MAR/MATA

ATLÂNTICA. Tombamento da Serra do Mar/Mata Atlântica: relatório final. Rio de Janeiro,

1991. 37 p.

CONSELHO NACIONAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA. Disponível

em: <http://www.rbma.org/anuario/mata_02_estados.asp>. Acesso em: 30 nov. 2010.

______. Reserva da biosfera da Mata Atlântica. Disponível em:

<http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_2_organo_cons_nac.asp>. Acesso em: 15 dez. 2010.

CONSERVATION INTERNACIONAL. Avaliação e ações prioritárias para a conservação

da biodiversidade da Mata Atlântica e campos sulinos. Disponível em:

<http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/sumario.pdf>. Acesso em: abr. 2005.

______. Fundo de parceria para ecossistemas críticos. Disponível em:

<http://www.conservation.org.br>. Acesso em: fev. 2003.

CRITICAL ECOSYTEM PARTNERSHIP FUND. Perfil do ecossistema [da] Mata Atlântica:

hotspot de biodiversidade [do] Brasil. Disponível em: <http://www.cepf.net>. Acesso em: 26

ago. 2003.

CRUZ, C. M.; VICENS, R. S.; ARAÚJO, M. Levantamento dos remanescentes florestais

da Mata Atlântica. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/portalbio>. Acesso em: jan.

2007.

DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São

Paulo: Companhia da Letras, 1996.

DINERSTEIN, E. et al. A conservation assessment of the terrestrial ecoregions of Latin

America and the Caribbean. Washington, DC: The World Bank, 1995.

Page 97: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 97

FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: crônicas de biologia, conservação da natureza e

seus heróis. Curitiba: Editora UFPR, 2004.

FREIRE, J. R. B.; MALHEIROS, M. F. Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro: Programa de Estudos dos Povos Indígenas/ UERJ, 1997.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Disponível em:

<http://www.sosmataatlantica.org.br/index.php?section=content&action=contentDetails&idCo

ntent=392>. Acesso em: out. 2010.

______. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica período 2008-2010:

dados parciais dos estados avaliados até maio de 2010. Disponível em:

<http://mapas.sosma.org.br/site_media/download/atlas-relatorio2008-2010parcial.pdf>.

Acesso em: nov. 2010.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010:

resultados preliminares. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/

censo2010/populacao_por_municipio.shtm>. Acesso em: dez. 2010.

______. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1991.

______. Sinopse estatística do município de Vergel (ex-Bom Jardim). Brasília, 1948.

______. Vegetação do Brasil. Brasília: IBGE/IBDF, 1993. 1 mapa. Escala 1:5000.000.

ICMBIO. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO E BIODIVERSIDADE.

Estação ecológica: ESEC de Tamoios. Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/brasil/RJ/estacao-ecologica-de-tamois/>. Acesso em: nov. 2011.

ICMS ecológico. A consolidação de uma experiência brasileira de incentivo a

conservação da biodiversidade. Disponível em: <http://www.icmsecologico.org.br/>.

Acesso em: nov. 2010.

IMBASSAHY, C. A. A.; COSTA, D. P.; ARAUJO, D. S. D. Briófitas do Parque Nacional da

Restinga de Jurubatiba, RJ, Brasil. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 558-

570, abr./jun. 2009.

______. Unidades de conservação do Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/brasil/RJ>. Acesso em: nov. 2010.

INSTITUTO DE RECURSOS MUNDIAIS. A estratégia global da biodiversidade: diretrizes

de ação para estudar, salvar e usar de maneira sustentável e justa a riqueza biótica da terra.

Rio de Janeiro: Fundação O Boticário, 1992. 232p.

IPEA. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Relatório do

desenvolvimento humano 2009. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em:

dez. 2010.

Page 98: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 98

ISER. INSTITUTO DE ESTUDOS DA RELIGIÃO. Planos de ação das bacias

hidrográficas: documento base da Agenda 21/Nova Friburgo. Rio de Janeiro, 2008. 46p.

KIERULFF, M.C.M. Uma avaliação das populações silvestres de mico-leão-dourado,

Leontopithecus Rosalia, e uma proposta de estratégia para a conservação da espécie.

1993. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,

1993.

MACARTHUR, R. H; WILSON, E. O. The theory of island biogeography. Princeton:

Princeton Universtity Press, 1967.

MACHADO, A. Monografia do município de Silva Jardim: 1841-1983. Rio Bonito: [s.n.],

1985.

MACHADO, L. C. Análise dos remanescentes ósseos humanos do sítio arqueológico

Corondó, RJ: aspectos biológicos e culturais. 1983. Tese (Doutorado)-Faculdade de

Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1983.

MACIEL, B. A. Mosaicos de unidades de conservação: uma estratégia de conservação

para a Mata Atlântica. 2007. 182 f. Dissertação (Mestrado)-Centro de Desenvolvimento

Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2007.

PÁDUA, J.A. Artigo-base sobre agricultura sustentável. In: CAMARGO, A.; CAPOBIANCO,

J. P. R.; OLIVEIRA, J. A. P. (Orgs.). Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-

92. São Paulo: Estação Liberdade; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002. p. 190-

207.

RAMBALDI, D. M. et al. A reserva da biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de

Janeiro. Rio de janeiro: CNRBMA, 2002 (Caderno da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica. Série Estados e Regiões da RBMA, 22).

RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA. Disponível em:<http:

//www.rbma.org,br/default_02_asp>. Acesso em: nov. 2010.

RIO DE JANEIRO (Estado). Instituto Estadual do Ambiente. Biodiversidade e áreas

protegidas. Disponível em: < http://www.inea.rj.gov.br/index/index.asp>. Acesso em: out.

2010.

______. Unidade de conservação. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/fma/unidade-

conservacao.asp>. Acesso em: out. 2010.

RIO DE JANEIRO (Estado). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Atlas das unidades

de conservação do Estado do Rio de Janeiro. São Paulo: Metalivros, 2001.

______. ICMS Verde. Disponível em: <http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeconteudo?article-

id=164974>. Acesso em: 21 ago. 2013.

Page 99: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 99

RIZZINI, C. T. Nota prévia sobre a divisão fitogeográfica do Brasil. Revista Brasileira de

Geografia, Rio de Janeiro, n. 1, p. 1 - 64, jan./mar. 1963.

______; COIMBRA FILHO, A.; HOUAISS, A. Ecossistemas brasileiros. Rio de Janeiro:

INDEX/ENGE-RIO, 1988. 200 p.

ROCHA, C. F. D. et al. A biodiversidade nos grandes remanescentes florestais do

Estado do Rio de Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica. São Carlos: RiMa, 2003.

156 p.

______. Biologia da conservação: essências. São Carlos: RiMa, 2006. 598 p.

ROCHA, L. G. M. Os Parques Nacionais do Brasil e a questão fundiária: o caso do

Parque Nacional da Serra dos Órgãos. 2002. 191 f. Dissertação (Mestrado em Ciência

Ambiental) – Universidade Federal Fluminense, 2002.

RODRIGUES, R. J. Da exploração à (co)operação internacional (alemã) para a Mata

Atlântica: o subprograma PDA Mata Atlântica. 2008. 192 f. Dissertação (Mestrado)–Instituto

de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

SANTOS, L. A. F.; LIMA, J. P. C.; MELLO FILHO, J. A. Corredor ecológico de regeneração

natural na Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica, RJ. Floresta e Ambiente, Rio de

Janeiro, v. 6, n. 1, p. 106-117, jan./dez. 1999.

SANTOS, M. R. R. Critérios para análise do zoneamento ambiental como instrumento

de planejamento e ordenamento territorial. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências da

Engenharia Ambiental)-Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2010.

SCHAFFER, W.B.; PROCHNOW, M. Mata Atlântica. In: ______. A Mata Atlântica e você:

como preservar, recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília:

Apremavi, 2002. p. 12-45.

SEBRAE (RJ). SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO. Informações socioeconômicas dos municípios do Estado do Rio

de Janeiro. Disponível em: <http: //www.sebraerj.com.br/main.asp?Team=%7B63652736-

82F34186-BA 18-D26B38EB3382%7D>. Acesso em: dez. 2010.

SOFFIATI NETTO, A. A. O nativo e o exótico: perspectivas para a história ambiental na

ecorregião norte-noroeste fluminense entre os séculos VII e XX. 1996. Dissertação

(Mestrado em História Social)–Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1996.

SOFFIATI, A. Aspectos históricos das restingas da ecorregião do norte do Estado do Rio de

Janeiro. In: ESTEVES, F.; Lacerda, L. D. Ecologia de restingas e lagoas costeiras. Rio de

Janeiro: UFRJ/NUPEM, 2000. p. 341-570.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudo socioeconômico

municipal. Disponível em: <http://www.tce.rj.gov.br>. Acesso em: dez. 2010.

Page 100: Plano de Manejo Contextualização e Análise Regional · Diretor Coordenadoria de Mecanismos de Proteção à Biodiversidade ... plano de manejo ... 2.6.3.5 Casimiro de Abreu

Plano de Manejo da Módulo 2 - Contextualização e Análise Regional

Área de Proteção Ambiental Estadual Macaé de Cima

Agosto / 2014 Módulo 2 - Página 100

UDVARDY, M. D. F. A classification of the biogeographical provinces of the world.

Morges: IUCN, 1975. 48 p.

URURAHY, J. C. C. et al. Estudo fitogeográfico: as regiões fitoecológicas, sua natureza e

seus recursos econômicos. Projeto RADAMBRASIL: levantamento de recursos naturais.

Rio de Janeiro: projeto RADAMBRASIL, 1983. p. 553-623.

VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação

brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991.

VIO, A. P. A. Zona de amortecimento e corredores ecológicos. In: ______ et al. Direito

ambiental das áreas protegidas: o regime jurídico das unidades de conservação. Rio de

Janeiro: Forense Universitário, 2001. p. 348-360.