Roteiro Metodológico Plano de Manejo RPPN

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MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA) INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS (IBAMA)

ROTEIRO METODOLGICO PARA ELABORAO DE PLANO DE MANEJO PARA RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMNIO NATURAL (RPPN)

Braslia Outubro/2004

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Ministrio do Meio Ambiente (MMA) Marina Silva Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) Marcus Luiz Barroso Barros Diretoria de Ecossistemas (DIREC) Ceclia Foloni Ferraz Coordenao-Geral de Ecossistemas (CGECO) Pedro Eymard Camelo Melo Coordenao de Conservao de Ecossistemas Dione Anglica de Arajo Corte

Autores Lourdes M. Ferreira Rogrio Guimares S de Castro Srgio Henrique Collao de Carvalho

3 COLABORADORES: DIREC/IBAMA - Jos Luciano de Souza - Dione Anglica de Arajo Corte - Clia Vieira Curvello Lontra - Carlos Fernando Fischer - Ins de Ftima Oliveira Dias - Eduardo Junqueira - Moacir Bueno Arruda COLABORADORES SEMINRIO/IBAMA: DE 08 A 10 DE MARO DE 2004: DIREC/IBAMA - Lourdes M. Ferreira - Rogrio Guimares S de Castro - Jos Luciano de Souza - Clia Vieira Curvello Lontra - Carlos Fernando Fischer - Dione Anglica de Arajo Corte MMA/SBF/Diretoria de reas Protegidas - Regina Negro Machado - Iara Vasco Ferreira - Maurcio C. Mercadante Confederao Nacional de Proprietrios de RPPN - Alexandre M. Martinez - Henrique F. Berbert de Carvalho - Maria Cristina Weyland Vieira - Carlos Rodrigo Castro Schlaefli Fundao O Boticrio de Proteo Natureza Vernica Theulen COLABORADORES SEMINRIO EXTERNO: DE 07 A 10 DE JULHO DE 2004 - Adalberto Eberhard: MMA Programa Pantanal - Adolpho L. B. Kesselring: Fundao Rp-Natureza (FUNATURA) - Alessandro Neiva: CGECO/DIREC - Alexandre Martinez: Confederao Nacional de Proprietrios de RPPN (CNRPPN) - lvaro F. de Almeida: Estncia Caiman Pantanal/MS Universidade de So Paulo (USP) Campus de Piracicaba - Antnio C. Cegana: Universidade Estadual de Maring (UEM) - Carlos A. B. Mesquita: Instituto BioAtlntica - Carlos Rodrigo Castro Schlaefli: Associao de Proprietrios de RPPN do Cear, Maranho e Piau / Associao Asa Branca - Clia Vieira Curvello Lontra: CGECO/DIREC - Cludio Zillig Godtsfriedt: PROECOS/DIREC - Clvis Guedes: Associao de Proprietrios de RPPN de Gois e Distrito Federal - Dione Anglica de Arajo Corte: CGECO/DREC - Donizete Torkarski: Associao de Proprietrios de RPPN de Gois e Distrito Federal - Eduardo Constantino: RPPN Seringal Assuno/RO - - lcio Rogrio de Castro Mello: Instituto Estadual de Florestas (IEF)/MG Coordenao de Unidades de Conservao (CUCO) - Eliani Fachim: Fundao Ecotrpica - Eliani Pena de A. Ges: Fundao Estadual do Meio Ambiente (FEMA)/MT CUCO - rika Guimares: Conservao Internacional (CI) Brasil - Direo Regional do Pantanal/ RPPN Fazenda Rio Negro / MS - Flvio Santos Leopoldino: Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB) - Harald Fernando V. de Brito: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA)/MS IMAP - Henrique F. Berbert de Carvalho: Associao de Proprietrios de Reservas Particulares da Bahia (PRESERVA) - Jarbas Yukio Shimizu: EMBRAPA/Florestas - Joo Batista M. Rizzieri: Federao das Reservas Ecolgicas Particulares do Estado de So Paulo - Jos Aurlio A. Caiut : Fundao O Boticrio de Proteo Natureza - Jos Luciano de Souza: CGECO/DIREC - Josef Emil Schleiss: RPPN Mata Sua I e II - Larcio Machado de Sousa: Associao de Proprietrios de RPPN de Mato Grosso do Sul (REPAMS) - Lauro Eduardo Bacca: RPPN Reserva Bugerkopf - Lisiane Becker: RPPN Rancho Mira-Serra - Lourdes M. Ferreira: CGECO/DIREC - Luiz Nelson Faria Cardoso: RPPN Fazenda Bom Retiro - Luiz Roberto Bezerra: CGEUC/DIREC - Mara Cristina Moscoso: FUNATURA - Marcos Antnio Pinto: Instituto Ambiental do Paran (IAP) - Maria Cristina Weyland Vieira: Associao de Proprietrios de RPPN de Minas Gerais - Marilene Oliveira Silva: Associao dos Proprietrios de RPPN do Bioma Amaznico - Mnica de Mesquita Nemer: Conselho da APA de Petrpolis - Paulo Csar Melo de Arajo: Associao de Proprietrios de RPPN de Alagoas, Paraba e Rio Grande do Norte / Associao Macambira - Paulo dvila Ferreira: RPPN Cara Preta / Grupo Nativa Proteo, Pesquisa e Informao - Renato Aparecido de Farias: RPPN Lote Cristalinio / Fundao Ecolgica Cristalino - Regina Negro Machado: MMA/SBF/Diretoria de reas Protegidas (DAP) - Ricardo Barreto Campelo: RPPN Fazenda Tamandu - Roberto Morais de Rezende: Moderador - Rogrio Guimares S de Castro: CGECO/DIREC - Sabrina Satie P. Motoshima: Associao de Proprietrios de RPPN do Paran - Srgio de Lima: Associao de Proprietrios de RPPN do Rio de Janeiro / Associao Patrimnio Naturai - Sinsio Arajo: Associao de Reservas Privadas de Pernambuco - Snia M. Pereira Wiedmann: Procuradoria Geral/IBAMA - Waldir Wolfgang Valutky:: RPPN Estncia SESC Pantanal

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SUMRIO APRESENTAO CAPTULO I CARACTERSTICAS GERAIS PARTE A CONTEXTUALIZAO 1) Introduo 2) Sobre o Planejamento 3) Conceito de Plano de Manejo 4) Objetivos do Plano de Manejo 5) Abrangncia do Plano de Manejo 6) Durao da Elaborao do Plano de Manejo PARTE B 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) PARTE C 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 9.1) 9.2) 9.3) 9.4) 9.5) 10) 10.1) 10.2) 10.3) 11) 12) 13) 14) 15) 16) ETAPAS DO PLANO DE MANEJO Estabelecimento de Parcerias, Cooperao e Papis Composio da Equipe Levantamento de Materiais e Informaes Planejamento dos Trabalhos com Cronograma de Atividades e Custos Levantamentos de Campo Tratamento das Informaes Desenho do Planejamento Aprovao do Plano pelo IBAMA Divulgao do Plano Implementao do Plano ESTRUTURA DO PLANO DE MANEJO Capa e Contra-capa Agradecimentos Apresentao Sumrio Lista de Figuras, Fotos, Quadros, Tabelas e Outras Ilustraes Lista de Siglas Introduo Informaes Gerais Diagnstico Caracterizao da RPPN Caracterizao da Propriedade Caracterizao da rea do Entorno Possibilidades de Conectividade Declarao de Significncia Planejamento Objetivos Especficos de Manejo Zoneamento Programas de Manejo Projetos Especficos Cronograma de Atividades e Custos Anexos Referncias Bibliogrficas Bibliografia Consultada Glossrio

CAPTULO II O PLANO DE MANEJO PARTE A INFORMAES GERAIS

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1) 2) 3) PARTE B 1) 1.1) 1.2) 1.3) 1.4) 1.5) 1.6) 1.7) 1.8) 1.9) 1.10) 1.11) 1.12) 1.13) 1.14) 1.15) 1.16) 1.17) 2) 3) 4) 5) PARTE C 1) 2) 2.1) 2.2) 2.3) 2.4) 2.5) 2.6) 3) 3.1) 3.2) 3.3) 3.4) 3.5) 3.6) 4)

Acesso Histrico de Criao e Aspectos Legais da RPPN Ficha-resumo da RPPN DIAGNSTICO Caracterizao da RPPN Clima Relevo Hidrografia Espeleologia Vegetao Fauna Aspectos Histricos e Culturais (Patrimnio Material e Imaterial) Visitao Pesquisa e Monitoramento Ocorrncia de Fogo Atividades Desenvolvidas na RPPN Sistema de Gesto Pessoal Infra-estrutura Equipamentos e Servios Recursos Financeiros Formas de Cooperao Caracterizao da Propriedade Caracterizao da rea do Entorno Possibilidades de Conectividade Declarao de Significncia PLANEJAMENTO Objetivos Especficos de Manejo Zoneamento Zona Silvestre Zona de Proteo Zona de Visitao Zona de Administrao Zona de Transio Zona de Recuperao Programas de Manejo Programa de Administrao Programa de Proteo e Fiscalizao Programa de Pesquisa e Monitoramento Programa de Visitao Programa de Sustentabilidade Econmica Programa de Comunicao Projetos Especficos

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5) PARTE D 1) 2) 3) 4)

Cronograma de Atividades e Custos INFORMAES FINAIS Anexos Referncias Bibliogrficas Bibliografia Consultada Glossrio

CAPTULO III ORIENTAES ADICIONAIS PARTE A MAPEAMENTO PARTE B 1) 1.1) 1.2) 2) 2.1) 2.1.1) 2.1.2) 2.1.3) 2.1.4) 2.1.5) 2.2) 2.2.1) 2.2.2) 2.2.3) CRITRIOS PARA O ZONEAMENTO Critrios Fsicos e Mensurveis e Espacializveis Grau de Conservao da Vegetao Variabilidade Ambiental Critrios Indicativos de Singularidade da RPPN Critrios Indicativos de Valores para a Conservao Representatividade Riqueza e/ou Diversidade de Espcies reas de Ectono (Contato ou Tenso Ecolgica) Suscetibilidade Ambiental Presena de Stios Histricos, Arqueolgicos e/ou Paleontolgicos Critrios Indicativos para Vocao de Uso Potencial de Visitao Potencial para Sensibilizao/Conscientizao Presena de Infra-estrutura

CAPTULO IV - ESCOPOS OPCIONAIS 1) Contedo Opcional para o Diagnstico 1.1) Clima 1.2) Geologia 1.3) Relevo 1.4) Solos 1.5) Hidrografia/Hidrologia 1.6) Limnologia 1.7) Espeleologia 1.8) Oceanografia 1.9) Vegetao 1.10) Fauna 1.11) Aspectos Histricos e Culturais (Patrimnio Material e Imaterial) 1.12) Visitao 2) 3) 4) 5) Contedo Opcional para Caracterizao da rea do Entorno Item Opcional sobre Controle de Visitantes e Monitoramento do Impacto da Visitao Item Opcional sobre Modelos de Interveno Dados Adicionais para o Mapeamento

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6) 6.1) 7) 8)

Etapa Adicional em um Plano de Manejo Oficina de Planejamento Opo de Constituio de Conselho Consultivo Opo para Indicadores, Monitoria e Avaliao do Plano de Manejo

ANEXOS AO ROTEIRO 1) Algumas Fontes de Apoio Tcnico e de Financiamento 1.1) Fundo Nacional do Meio Ambiente 1.2) Compensao Ambiental 1.3) ICMS Ecolgico 1.4) Programa de Incentivo s RPPN da Mata Atlntica 1.5) Ministrio Pblico 1.6) FUNBIO 1.7) Fundao O Boticrio de Proteo Natureza 1.8) Crditos Bancrios Outras Fontes 2) 3) 4) Modelo de Termo de Referncia para Contratao de Plano de Manejo para RPPN Sugestes de Bibliografia para Elaborao de Planos de Manejo e de Uso Pblico Lista de Participantes do Seminrio Externo para Discusso do Roteiro

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS DO ROTEIRO LISTA DE SIGLAS DO ROTEIRO

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ROTEIRO METODOLGICO PARA ELABORAO DE PLANO DE MANEJO PARA RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMNIO NATURAL (RPPN) APRESENTAO O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) tem atribuio legal de instrumentalizar as reservas particulares do patrimnio natural (RPPN) com um roteiro com as orientaes para elaborao do seu plano de manejo. Nesse sentido, a Diretoria de Ecossistemas (DIREC) apresenta o presente roteiro, com orientaes, estrutura e contedos que devem fazer parte de um plano de manejo especfico para as RPPN. Para efeito do presente roteiro, foram levados em conta seu conceito, seu papel e, especialmente, para quem se destinava. Com isso em mente, logo de incio, sabia-se que o mais importante em um roteiro para elaborao de plano de manejo para uma RPPN seria que o seu proprietrio entendesse, alm da funo de tal documento, a sua estrutura e o seu contedo. Partindo dessas premissas e levando em conta que, em geral, so os prprios proprietrios quem devem assumir os custos de elaborao do plano e o tempo que se leva para sua elaborao, resolveu-se fixar alguns pressupostos, que foram enriquecidos em uma primeira discusso com alguns representantes da Confederao Nacional de Proprietrios de RPPN (CNRPPN), alm de um representante da Fundao O Boticrio de Proteo Natureza (FBPN) e representantes da Diretoria de reas Protegidas (DAP), do Ministrio do Meio Ambiente (MMA), em maro de 2004. Em uma etapa posterior, o IBAMA realizou, em Braslia, entre os dias de 07 a 10 de julho de 2004, o Seminrio Externo para Discusso da Proposta de Roteiro Metodolgico para Elaborao de Plano de Manejo para RPPN, com diversos participantes, entre proprietrios de RPPN, representantes de governos estaduais e de algumas organizaes no-governamentais (ONG) que tm e trabalham com tais unidades de conservao (UC), assim como alguns tcnicos da DIREC e uma representante da Procuradoria Geral do IBAMA (lista de participantes anexa). Nessa oportunidade, os pressupostos foram discutidos e revistos, tendo sido reafirmados. Assim, para elaborao do presente roteiro foram considerados os seguintes pressupostos: a) o conceito de plano de manejo deve estar claro para o proprietrio; b) sua elaborao deve ter baixo custo; c) o roteiro deve estar em mdulos (partes ou captulos); d) cada plano de manejo indicar o horizonte de planejamento (prazos de implementao); e) sero identificados os tipos e formas de apoio do IBAMA elaborao dos planos; f) a elaborao do roteiro contar com participao dos proprietrios; g) a elaborao poder, tambm, contar com a participao de organizaes estaduais de RPPN, alm das nacionais; h) o roteiro sinalizar com potenciais parceiros para a elaborao dos planos; i) o roteiro indicar algumas fontes de financiamento para elaborao do plano, o qual tambm ajudar e ser usado na captao de recursos para sua implantao e sustentabilidade da RPPN; j) os planos tero foco na vontade do proprietrio e no potencial da rea, dentro dos limites legais; k) o roteiro deve levar em conta a simplificao dos nomes dos programas de manejo;

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l) o roteiro e/ou a regulamentao da categoria de RPPN deve explicar detalhadamente os tipos de usos possveis dentro dessa UC, visando esclarecer a discusso da UC ser de uso sustentvel com algumas restries equivalentes s de uma UC de proteo integral; m) o roteiro deve abordar as atividades e tipos de usos previstos legalmente para RPPN (pesquisa e visitao); n) no deve existir gradao de planos de manejo (definidos como avanado ou bsico), o plano deve refletir um conjunto de fatores como recursos financeiros, tempo para sua execuo, objetivos do proprietrio, informaes disponveis, parcerias e cooperaes concebidas entre outros; o) no deve existir separao de tipos de RPPN em funo do proprietrio ser pessoa fsica ou pessoa jurdica; p) o roteiro deve ser nico e aplicvel a todas as RPPN, no devendo particularizar nem categorizar nada; q) o roteiro deve facilitar a elaborao do plano de manejo, sendo facilmente compreendido pelo proprietrio; r) o plano de manejo poder ser elaborado a partir de informaes j existentes, tendo uma responsabilizao tcnica ou, se os recursos permitirem, contar com uma equipe multidisciplinar. A responsabilizao tcnica refere-se necessidade do plano de manejo contar com a clara indicao de seu(s) autor(es), no havendo necessidade de registro do plano em qualquer modalidade de conselho ou associao de profissionais, ou seja, no necessria a chamada Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART). O presente roteiro foi proposto obedecendo, ainda, ao disposto no Decreto N. 4.340/2002, o Regulamento da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC), a chamada Lei do SNUC, que determina, em seu Artigo 14, ser funo do IBAMA estabelecer roteiro para elaborao dos planos de manejo das diferentes categorias de UC, sendo que tais roteiros tm que compreender, basicamente: a) diagnstico; b) zoneamento; c) programas de manejo; d) prazos de avaliao e reviso e etapas de implementao. Portanto, levando-se tudo isso em conta, encontra-se a seguir o roteiro para elaborao de plano de manejo para as RPPN que, se espera, cumprir seu papel adequadamente, servindo como ferramenta primordial para que os proprietrios possam desempenhar bem seu papel na implementao dessa categoria de UC.

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CAPTULO I CARACTERSTICAS GERAIS PARTE A CONTEXTUALIZAO 1) INTRODUO O conceito de UC no Brasil relativo a 1937, ano de criao do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro no pas. Nesses 67 anos foram criadas 256 UC, no mbito federal, 53 parques nacionais, 26 reservas biolgicas, 29 estaes ecolgicas, 66 florestas nacionais, 29 reas de proteo ambiental e 33 reservas extrativistas, para citar apenas algumas delas, totalizando 23.761.582,21 ha entre as UC de proteo integral e 30.044.868,10 ha de uso sustentvel, representando 2,78% e 3,52%, respectivamente, do territrio nacional, consagrando as UC como a principal ferramenta na conservao da biodiversidade. A base legal para o estabelecimento de propriedades particulares destinadas proteo ambiental no Brasil, segundo Wiedmann (1997 e 2001), anterior legislao especfica das UC e vem desde o antigo Cdigo Florestal, de 1934, onde estavam inseridas no escopo das chamadas florestas protetoras, que permaneciam de posse e domnio do proprietrio, e se tornavam inalienveis, alm de passar a dispor de iseno total de impostos, segundo essa autora. Assim, o conceito de propriedade particular destinada conservao ambiental j existia, expressamente, desde esse Cdigo Florestal de 1934 (Wiedmann, 2001). Em 1965, foi institudo o novo Cdigo Florestal (Lei N. 4.771), e a figura das florestas protetoras desapareceu, mas ainda permaneceu a possibilidade do proprietrio de floresta nopreservada, grav-la com perpetuidade, por meio da assinatura de um termo perante a autoridade florestal e na averbao margem da inscrio no Registro Pblico (Lei N. 4.771/1965, Artigo 6.), possibilidade essa que foi revogada pelos efeitos da Lei 9.985/2000 (Lei do SNUC). Porm, a prerrogativa de criao de reas naturais protegidas, a partir da solicitao de seu proprietrio, comeou, efetivamente, pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). Para Wiedmann (1997 e 2001) e Pereira (2000 e 2002), a iniciativa de proteo de reas privadas, por reivindicao de proprietrios, se deu quando alguns proprietrios rurais sentiram a necessidade de dar proteo oficial s suas propriedades, face presso de caa (Pereira, 2000). Em resposta, o IBDF editou uma portaria, estabelecendo a figura dos chamados refgios particulares de animais nativos. Nessa Portaria j constava a necessidade do gravame das terras pretendidas com carter de perpetuidade, ou seja, novos proprietrios (herdeiros e outros) no podiam alterar a sua inalienabilidade. Portanto, a figura dos refgios particulares de animais nativos estava prevista e amparada legalmente na Portaria IBDF N. 327, de 29 de agosto de 1977, que regulamentava a existncia dessa categoria de reserva ambiental de carter privado (Wiedmann, 1997). Segundo tal Portaria, o refgio particular de animais nativos era conceituado como uma rea de propriedade particular, onde o exerccio de qualquer atividade de caa proibido por iniciativa do proprietrio legalmente amparado, mediante ato especfico do poder pblico (Ferreira & Galante, 1987). Posteriormente, aps quase onze anos, a questo avanou, e a proteo foi estendida para a vegetao, alm da fauna, prevista em uma nova portaria do IBDF, a Portaria N. 217, de 27 de julho de 1988 (Wiedmann, 1997). Por meio desse novo diploma legal, foi atualizada e ampliada a questo das reservas particulares, que passaram a se chamar reservas particulares de flora e fauna.

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Para Moura-Filho (1997), tais portarias representavam avanos na legislao, mas, apesar disso, havia um pequeno problema, pois todas as aes eram normatizadas atravs de portarias baixadas pelo rgo gestor, no tendo as mesmas, fora de Lei. As reservas particulares, ento, recebiam o aval do IBDF, por meio de portaria, como sendo reas de natureza conservada e funcionavam apenas para proteo do patrimnio natural l contido. Eventualmente, o IBDF promovia uma fiscalizao restrita e, em geral, os proprietrios se encarregavam de colocar sinalizao nos limites de tais reas, acerca da proibio de caa e pesca nos seus limites. Porm, tais reas ainda no eram consideradas UC e nem figuravam como sendo parte do sistema oficial do SNUC (Jorge-Pdua et alii, 1979 e Jorge-Pdua et alii, 1982). As reservas particulares, com carter de proteo da natureza, ganharam maior relevncia e tiveram ampliado seu conceito, a partir de 1990, quando da criao do IBAMA. Dando continuidade s iniciativas anteriores, o IBAMA assumiu, entre outras, as atribuies do IBDF, inclusive aquelas relativas s reservas particulares. Com a edio do Decreto N. 98.914/1990, foi estabelecido um instrumento mais forte que as portarias, e o IBAMA avana na tentativa de regulamentar melhor essas reservas particulares. Por meio do Decreto N. 98.914/1990, ficou atribuda ao IBAMA a competncia de reconhecer tais reservas particulares, a partir da iniciativa de seu proprietrio, em reas onde fossem identificadas condies naturais primitivas, semi-primitivas, recuperadas ou cujas caractersticas justifiquem aes de recuperao, pelo seu aspecto paisagstico, ou para a preservao do ciclo biolgico de espcies da fauna e da flora nativas do Brasil (Moura-Filho, 2001). nesse momento, por meio desse diploma legal, que criada e fica instituda a denominao de reserva particular do patrimnio natural (RPPN) para tais reservas particulares de proteo ambiental (Mesquita & Leopoldino, 2002; Pereira, 2000 e 2002; Wiedmann, 1997 e 2001). Esse Decreto manteve os princpios para reservas particulares e estabeleceu grandes avanos com novos norteadores. As RPPN continuavam sendo reservas de domnio totalmente privado, ainda com carter de perpetuidade, assegurando aos proprietrios a definio da destinao da rea, podendo ser a proteo dos recursos naturais e outros usos compatveis com a proteo ambiental. Maior avano, ainda, ocorreu em 1996, quando foi editado novo decreto - Decreto n 1.922, de 05 de junho de 1996 -, conceituando melhor a figura da RPPN e definindo os usos permitidos, quais sejam, atividades de cunhos cientfico, cultural, educacional, recreativo e de lazer, desde que assegurada a proteo dos recursos da reserva, e estabelecendo direitos e obrigaes para os proprietrios e para o prprio IBAMA. Porm, apesar dos avanos em tais decretos, as RPPN continuavam no sendo reconhecidas como UC, mas reas especialmente protegidas com o aval do poder pblico e tendo usos relativamente restritos. Nesse ltimo Decreto, o IBAMA definiu que o proprietrio da RPPN ficava sujeito a sanes administrativas em caso de comprovada infrao, sem prejuzo de responsabilidade civil ou penal. No mesmo instrumento, ficou deliberada a necessidade do proprietrio da RPPN elaborar o plano de utilizao (hoje denominado plano de manejo) para a reserva, incluindo o seu zoneamento. Tambm no Decreto citado, ficou facultado ao proprietrio solicitar ao Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA) a iseno do Imposto Territorial Rural (ITR), para a rea criada como RPPN. Observa-se, portanto, o quanto foi ampliado o significado das reservas ambientais particulares e o grau de responsabilidade do seu proprietrio, ao mesmo tempo em que eram institudos incentivos para a sua criao.

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Outros incentivos, mostrados no Decreto 1.922/1996, segundo Moura-Filho (2001) e Wiedmann (1997 e 2001), referem-se prioridade na anlise e concesso de crditos agrcolas por bancos oficiais e na concesso de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), do MMA, para projetos de implantao e gesto das RPPN. Esses mesmos autores reconhecem tambm como vantagens, apontadas no Decreto N. 1.922/1996, a proteo contra queimadas, caa e desmatamentos, alm de apoio e orientao do IBAMA no manejo e no gerenciamento das RPPN. No perodo em que as reservas particulares estiveram sob a gide do IBDF, entretanto, no que se refere elaborao de planos de manejo para as reservas particulares, houve um primeiro e nico caso que contempla essa figura ento gerenciada pelo IBDF, ainda que essa elaborao no fosse demandada oficialmente. Em 1983, os proprietrios da fazenda Praia do Forte, na Bahia, solicitaram ao IBDF que declarasse esse imvel como Refgio, assim como suas outras fazendas prximas (Covo, Camarogipe e Passagem Grande, no Municpio de Mata de So Joo). Tal declarao foi concretizada por meio da Portaria IBDF N. 064, de 06/02/1984. Em 1986, em contato com um dos proprietrios, a ento presidente de uma organizao nogovernamental (ONG) ambientalista de Braslia (FUNATURA), em sua visita Praia do Forte, convenceu-o de que sua Reserva, que tinha visitao intensa e que j sediava o Projeto TAMAR, deveria ter um plano de manejo. O plano foi elaborado e aprovado em junho de 1987, tendo seguido e estrutura das chamadas UC de uso indireto (hoje chamadas de proteo integral). Atualmente duas reas da fazenda Praia do Forte encontram-se em processo de transformao em RPPN federais, que so Sapiranga, com 447 ha, e Camarogipe, com 1.329 ha (Adriano Paiva, Fundao Garcia dvila, comum. Pessoal, 2004). A crescente adeso de proprietrios particulares iniciativa do IBAMA em criar as RPPN contribuiu para que a questo fosse organizada e estimulada. Em 1996 o IBAMA estruturou o Programa RPPN (Pereira, 2000), chegando a contar com um setor especfico para sua conduo na DIREC, na Coordenao de Conservao de Ecossistemas (DICOE). Por sua vez, na DICOE, o tema ganhou uma gerncia que lidava com todas as questes das RPPN. No final da dcada de 90, foram produzidos muitos documentos sobre as RPPN, culminando, em 1999, com a elaborao do Manual Informativo do Programa Reservas Particulares do Patrimnio Natural RPPN (Bensusan, 1999), o qual foi distribudo para todos os proprietrios de RPPN federais. Nesse manual, encontrava-se, inclusive, um informe direcionado elaborao do ento chamado plano de utilizao, na tentativa de sistematizar as informaes sobre o conjunto das RPPN. Entre os principais resultados do IBAMA, relativos s RPPN, tem-se a realizao do Congresso Nacional de RPPN (1996); a criao da Rede Nacional de reas Particulares Protegidas (RENAPP); a criao de um banco de dados sobre essas UC; a realizao do 2. Seminrio de Tcnicos do IBAMA (2001), que teve a participao de proprietrios de RPPN e de ONG, quando foi estimulada a criao de associaes de proprietrios de RPPN, chegando a serem criadas algumas associaes e a Confederao Nacional de Proprietrios de RPPN; a realizao do 1. Seminrio de Sustentabilidade e Conservao das RPPN (1999), entre diversos outros seminrios e encontros (Pereira, 2000). Entretanto, vale registrar que data de 1997 a criao da primeira associao de proprietrios de RPPN (Srgio de Lima, com. pess., 2004). Segundo Srgio de Lima, proprietrio da RPPN federal Roa Grande, a Associao Patrimnio Natural (APN) foi a primeira a ser criada no Brasil, em 1997, partindo da iniciativa de doze proprietrios de RPPN do Estado do Rio de Janeiro, sendo ele prprio o seu primeiro presidente. Segundo esse proprietrio, a APN tambm serviu de referncia para a criao de outras associaes, tendo atuado para a criao da Confederao Nacional, em 2001.

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Apesar de tantos avanos e fortalecimento, inclusive a grande mobilizao dos proprietrios e suas associaes, as RPPN ainda no tinham conquistado o status de UC (Mesquita & Leopoldino, 2002). Porm, considera-se que foram a grande adeso e a crescente importncia das RPPN no cenrio da conservao ambiental no Brasil que contriburam para sua classificao como UC e sua incluso no sistema brasileiro de UC, a partir do ano 2000. Com a aprovao da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Lei do SNUC), as RPPN passaram a ser consideradas, efetivamente, UC, vindo a compor o grupo de uso sustentvel, mantida a obrigao da elaborao de seu plano de manejo, em substituio ao plano de utilizao e ao zoneamento exigidos anteriormente. Por meio da Lei do SNUC, a categoria de RPPN foi reformulada em seu conceito e em seu objetivo, sendo considerada rea privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biolgica (grifo nosso), conforme estabelece o Artigo 21, da citada Lei. Quanto aos usos permitidos em uma RPPN, a Lei do SNUC estabeleceu, nesse Artigo, em seu 2., que, conforme se dispuser em regulamento, podem ser desenvolvidas em uma RPPN atividades de pesquisa cientfica e a visitao com objetivos tursticos, recreativos e educacionais (grifo nosso). Aps o reconhecimento das RPPN como UC e no sentido de melhor conduzir sua normatizao, o IBAMA lanou, em fevereiro de 2001, a Portaria N. 16/2001, com um conjunto de informaes, orientando os proprietrios particulares interessados no reconhecimento de suas propriedades ou parte delas como RPPN. Foram definidas vrias obrigaes em termos de documentao, plantas e mapas da propriedade e da rea pretendida como reserva, alm da definio clara dos passos dentro do IBAMA para tal constituio. Em seguida, em abril de 2004, o IBAMA atualizou e aperfeioou as orientaes acerca da criao de RPPN, lanando a Instruo Normativa (IN) N. 24/2004. A IN melhora e atualiza as orientaes anteriores, definindo novas. Entre as novas, tm-se exigncias como: a) Certificado de Cadastramento de Imvel (CCIR), que emitido a partir do Cadastro Nacional de Imvel Rural (CNIR); b) a descrio dos limites do imvel com coordenadas georreferenciadas, inclusive do ponto de amarrao e dos vrtices definidores dos limites do imvel rural e da rea a ser reconhecida como RPPN, tudo de acordo com o Sistema Geodsico Brasileiro, e c) planta total do imvel com indicao da rea para a RPPN com coordenadas georreferenciadas. Voltando questo dos planos de manejo, vale observar que a partir de 1990 vrias RPPN elaboraram seus planos de utilizao ou de manejo, muitas das quais no se restringindo s orientaes do IBAMA sobre o plano de utilizao e indo alm, seguindo as orientaes e estrutura do plano de manejo das UC de proteo integral ou outra adaptada. Com quatorze anos de existncia, as RPPN federais tiveram um crescimento e um fortalecimento contnuos. No primeiro ano de existncia, no IBAMA, em 1990, foram reconhecidas dez reservas particulares, totalizando 22.961 ha. Em 1996, com o Decreto N. 1.922, as RPPN j eram 91, somando 87.155 ha. Em 2000, com a aprovao da Lei do SNUC, existiam 291, protegendo um total de 344.195 ha. Hoje, em abril de 2004, j so 403 RPPN federais. Cite-se que as RPPN tambm ganharam relevncia na esfera estadual, passando a serem criadas nesse mbito e sendo previstas ainda na esfera municipal, conforme deliberado pela Lei do SNUC. Pode-se se citar alguns esforos estaduais, como no caso dos Estados de Minas Gerais, do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paran, onde a questo se destaca. Tambm, algumas ONG, de repercusso nacional, criaram iniciativas prprias para incentivar proprietrios a estabelecerem reservas particulares com denominaes distintas, como

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santurio de vida silvestre, estao biolgica, reserva ecolgica etc., que tambm se tornaram RPPN, posteriormente. Dentre as 403 RPPN federais, cadastradas no IBAMA at abril de 2004, so reas que vo de 1 a 49.485 ha, que podem ser organizadas em seis grupos por faixas de tamanho, para uma melhor anlise: a) maior que 10.000 ha: 10 RPPN; b) maior que 1.000 e 10.000 ha: 45 RPPN; c) maior que 500 e 1.000 ha: 35 RPPN; d) maior que 100 e 500 ha: 97 RPPN; e) maior que 50 e 100 ha: 49 RPPN; f) at 50 ha: 167 RPPN. Nesse conjunto de reservas particulares, so encontradas reas que visam to somente a proteo da natureza, vislumbrando a proteo da diversidade biolgica, sem buscar o retorno econmico direto como prioridade. Por outro lado, h reas com uso intensivo para visitao e o ecoturismo, aliado conservao da biodiversidade. Outras reservas do mais nfase pesquisa cientfica, realizando parcerias com diversas instituies, de modo a obter condies para o melhor conhecimento das reas e at descobrindo uma vocao para o turismo cientfico. Assim, possvel ter uma idia do cenrio das RPPN, com tamanhos variados e desenvolvendo atividades igualmente diversificadas, de acordo com os objetivos da categoria e das aspiraes de seus proprietrios, ocupando um papel importante na consolidao do SNUC. Com o processo de elaborao e a publicao do presente roteiro, mais uma etapa foi vencida no aperfeioamento da gesto das RPPN, com uma maior integrao entre IBAMA e proprietrios, buscando maior uniformidade e embasamento tcnico das aes, esperando, dessa forma, contribuir para resultados ainda melhores do que os j conquistados. 2) SOBRE O PLANEJAMENTO O planejamento est presente no dia a dia das pessoas e uma ao que vem antes de qualquer atividade, devendo seguir passos e mtodos determinados. No caso da conservao da diversidade biolgica, o planejamento das aes importante, de modo a garantir o seu sucesso. Observando o que foi desenvolvido por Galante et alii (2002), para planos de manejo de parques nacionais, reservas biolgicas e estaes ecolgicas, o planejamento de uma de uma RPPN caracteriza-se por ser um processo contnuo, gradativo e flexvel. Contnuo, pois no h como agir sem planejar, ou seja, para toda ao h um planejamento anterior; gradativo, por se aprofundar nas decises medida que se aumenta o conhecimento da rea que se quer manejar, e flexvel por admitir mudanas a partir de novos conhecimentos. Portanto, o desenvolvimento de uma ao depende de fatores como a profundidade do conhecimento que se tem do assunto, a motivao do proprietrio e seus objetivos sobre a UC. Feito isso, estabelecida uma relao de prioridades entre as aes, no se devendo perder de vista as grandes linhas e diretrizes que orientaram o planejamento ao longo do tempo, da mesma forma que podem ocorrer ajustes durante a implementao das aes. A continuidade do planejamento envolve a busca de conhecimentos para manter sempre atualizadas as propostas de manejo, impedindo o seu distanciamento com a realidade local, regional ou at nacional e internacional. Como ocorre em todo processo de planejamento, durante a implementao que se faz a correo de rumos, avanando-se gradativamente para as sucessivas revises e atualizaes pelas quais um plano de manejo deve passar, de maneira a garantir o sucesso da existncia de uma RPPN.

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Idealmente e seguindo a prtica do IBAMA para outras UC, o planejamento da implementao do plano de manejo deve ser feito para um perodo de cinco anos, durante os quais as informaes necessrias para cada reviso devem ser levantadas. Com os resultados desses levantamentos deve ser revisto o planejamento, permitindo que o proprietrio trabalhe sempre com informaes atualizadas. Porm, para o caso de uma RPPN, tal prazo pode variar, de acordo com a profundidade de conhecimento que se conseguir obter durante a elaborao do plano de manejo. Entretanto, sugere-se um prazo no inferior a trs anos e no superior a dez anos, sempre levando-se em conta o grau de conhecimento que deve embasar tal deciso. importante ressaltar que, a partir de fatos novos relevantes, uma ou mais atividades de um plano de manejo podero ser reavaliadas, desde que sejam efetuadas monitorias especficas para cada situao, sendo necessrio submeter tal modificao e/ou atualizao ao IBAMA, especialmente em casos que impliquem em alteraes de reas, com impacto sobre os recursos naturais, como construo de estradas, centro de visitantes, aceiros, administrao e outras. A caracterstica gradativa do planejamento est associada relao entre o grau de conhecimento que se tem acerca do meio ambiente e da cultura da regio e o grau de interveno (ou seja, a profundidade das aes) em uma RPPN. Essa relao est associada ao grau de profundidade ou alcance (avano) do plano de manejo. Pode-se enxergar nesse ponto diferentes estgios de planejamento sem que se perca a concepo (idia, desenho) inicial em cada reviso do plano, com a entrada de novas informaes, tanto para o manejo como para o proprietrio. Seguindo esse raciocnio, o plano pode atingir um estgio mais abrangente e refinado da abordagem. Com o aparecimento ou a reviso de novas informaes, por monitorias especficas, como mencionado acima, ou at mudanas nos objetivos do proprietrio, pequenas pores da rea da UC ou mesmo uma ou mais atividades do plano podem ser revistas sem que seja necessrio alterar todo o documento. O carter gradativo de um plano de manejo tambm est associado flexibilidade do instrumento de planejamento, que permite a insero de novos conhecimentos e possveis alteraes, medida que vai aumentando o conhecimento dos recursos ambientais e processos ecolgicos da UC. No se pode, no entanto, perder o enfoque de proteo especfico para a UC, que garantir a conservao do seu patrimnio natural, seu objetivo primordial e que se constitui na razo da sua existncia. O planejamento de uma RPPN pode ser participativo, caracterstica que pressupe a participao aberta da sociedade da regio, onde se insere a UC, no processo de elaborao do plano de manejo. Porm, isso ocorrer somente com a vontade de seu proprietrio. A participao aberta pode ocorrer por meio de um ou mais eventos pblicos para conhecimento e fornecimento de informaes pelos interessados. Entretanto, isso constitui instrumento opcional. Caso o proprietrio opte por esse modelo participativo de planejamento, as orientaes para tais procedimentos encontram-se no item sobre escopos opcionais. 3) CONCEITO DE PLANO DE MANEJO Para todos os efeitos, relativos s UC, e para efeito do presente Roteiro, plano de manejo entendido como o documento tcnico que, usando como base os objetivos gerais de uma unidade de conservao, estabelece o seu zoneamento e as normas que devem nortear e regular o uso que se faz da rea e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da UC (Lei N. 9.985/2000, Artigo 2., Inciso XVII).

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4) OBJETIVOS DO PLANO DE MANEJO Adaptados de Galante et alii (2002), so os seguintes os objetivos de um plano de manejo para uma RPPN: - contribuir para que a UC cumpra com os objetivos estabelecidos na sua criao; - definir objetivos especficos de manejo para cada UC, de maneira a orientar e subsidiar a sua gesto; - promover o manejo da UC, orientado pelo conhecimento disponvel e/ou gerado; - dotar a UC de diretrizes para o seu desenvolvimento; - definir aes especficas para o manejo da UC; - estabelecer a diferenciao e a intensidade de uso mediante o zoneamento, visando a proteo de seus recursos naturais e culturais; - destacar a representatividade da UC no SNUC frente aos atributos de valorizao dos seus recursos como biomas, convenes e certificaes internacionais; - orientar a aplicao de recursos na UC; - contribuir para a captao de recursos e a divulgao da UC; - fortalecer a figura das RPPN no SNUC. Tendo em vista necessidade do plano de manejo, a regulamentao do SNUC (Decreto N. 4.340/2002, Artigo 14) determina que os seus rgos executores (o IBAMA, para as UC federais) devem disponibilizar um roteiro metodolgico bsico, de modo a orientar a sua elaborao e de maneira a uniformizar conceitos e metodologias. A regulamentao vai alm, alertando que o IBAMA, no roteiro, deve fixar diretrizes para o contedo do plano, que abranger diagnstico da UC (caractersticas ambientais e socioeconmicas), seu zoneamento (reas agrupadas por potencialidades e tipos de usos permitidos) e definio de programas de manejo (onde se entende, devero constar as atividades e normas permitidas para cada rea). O IBAMA j elaborou e disponibilizou alguns roteiros metodolgicos para elaborao de planos de manejo para UC federais. Tem-se um para algumas UC de proteo integral parques nacionais, reservas biolgicas e estaes ecolgicas - (Galante et alii, 2002); um para as reas de proteo ambiental as APA - (Arruda, 2001) e um para florestas nacionais (Chagas et alii, 2003). De modo geral, todos esses roteiros foram de grande valia como referncia para a elaborao desse roteiro para as RPPN. Entretanto, o de Galante et alii (2002) foi a grande base e a grande fonte de contedos aqui apresentados, levando-se em conta as devidas adequaes para as particularidades das RPPN. Porm, da mesma maneira que para os dois outros roteiros o IBAMA, alm de fazer discusses internas, no roteiro para as RPPN, adotou o mesmo procedimento de abertura do processo para diversos grupos sociais, entre representantes das UC e de organizaes governamentais e no-governamentais. Como j foi mencionado, em um primeiro momento houve uma discusso com representantes da CNRPPN, da FBPN e da DAP/MMA, que resultou em valiosas colaboraes. Tambm como j foi mencionado, os resultados aos quais se chegou no presente roteiro foram fruto de uma discusso maior, quando o IBAMA realizou o citado Seminrio Externo, com representantes de todo o Pas, entre proprietrios, associaes, CNRPPN, governos estaduais, ONG e alguns funcionrios. O plano de manejo de uma RPPN, ao definir as atividades e normas de seu funcionamento, primeiro leva em conta o objetivo de sua criao, que a conservao da diversidade biolgica, e, segundo, leva em conta os usos permitidos, que so a pesquisa cientfica e a visitao com objetivos tursticos, recreativos e educacionais (Artigo 21 da Lei N. 9.985/2000). Tendo isso em mente, sejam quais forem as caractersticas e os objetivos especficos de uma RPPN, o seu plano de manejo no pode diferir desses dois marcos gerais e legais. Todas as suas definies tm que levar em conta as razes pelas quais uma RPPN criada e quais usos so permitidos em seus limites.

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5) ABRANGNCIA DO PLANO DE MANEJO O plano de manejo para uma RPPN abranger trs nveis distintos, que so: a) rea da RPPN, propriamente dita; b) rea da propriedade, quando a RPPN est inserida em um imvel maior, no sendo a sua totalidade; c) rea do entorno, compreendida neste roteiro como aquela dos municpios de insero da RPPN e/ou que influenciam o seu funcionamento. 6) DURAO DA ELABORAO DO PLANO DE MANEJO A elaborao de um plano de manejo para uma RPPN varivel, dependendo de condies que vo determinar sua complexidade, como disponibilidade de recursos, quantidade de dados e informaes existentes sobre a rea, tamanho da rea, tamanho da equipe e tempo que dispuser seu proprietrio, entre outros fatores. PARTE B ETAPAS DO PLANO DE MANEJO De acordo com este roteiro, a elaborao de um plano de manejo pode ser constituda de dez grandes etapas. Entretanto, outros podem ser inseridos no processo de planejamento, conforme consta do item de assuntos opcionais. Abaixo encontram-se os dez grandes etapas recomendados. 1) ESTABELECIMENTO DE PARCERIAS, COOPERAO E PAPIS Para diminuir e otimizar custos, o proprietrio deve procurar identificar e estabelecer parcerias e outras formas de cooperao para a elaborao do plano de manejo. As formas de cooperao mais evidentes so com prefeituras, secretarias e outras organizaes locais, por exemplo. No caso de possvel parceria com uma ou mais ONG, sugere-se que sejam consultadas para averiguar quais contribuies podem dar e qual papel e custos poderiam assumir. Outros casos incluem um grande grupo de tcnicos e pesquisadores que, em geral, so entrevistados, e podem ter um envolvimento maior, pois detm muitas informaes aplicveis elaborao de um plano de manejo. Quanto aos possveis tipos e formas de apoio do IBAMA, pode-se destacar: - incentivo do pessoal tcnico das UC federais prximas s RPPN, para colaborarem com a elaborao do plano de manejo para a RPPN; - disponibilizao de seu acervo bibliogrfico e cartogrfico (em formato digital, inclusive, quando houver), incluindo listas de espcies de ocorrncia local e regional constantes de suas bases de dados, para a caracterizao regional, da rea do entorno e da prpria RPPN, devendo-se disponibilizar, tambm, o relatrio de vistoria, elaborado pelo tcnico, quando do reconhecimento da RPPN; - apoio ao proprietrio, quando da solicitao de suporte financeiro e tcnico a outras instituies, para a elaborao do plano de manejo, fornecendo cartas de apresentao, apoio e recomendao; - sempre que possvel, quando solicitado pelo proprietrio, disponibilizao de orientao prvia, especfica para a elaborao do plano de manejo para a RPPN. 1) COMPOSIO DA EQUIPE Respeitadas as qualificaes tcnicas, experincia, disponibilidade de tempo e a vontade do proprietrio, ele pode tanto elaborar sozinho o plano de manejo de sua RPPN como tambm pode ser o coordenador da equipe, quando optar por contar com uma. Portanto, essa primeira etapa o momento em que o proprietrio, a partir de seu conhecimento e indicaes, identifica os profissionais que elaboraro os trabalhos. A participao de cada

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profissional vai variar, sendo que o coordenador permanece na equipe do primeiro momento total finalizao do plano. importante que o proprietrio, mesmo no desejando se envolver tecnicamente, deve participar tempo integral dos trabalhos, respeitada a sua vontade, mas lembrando que seu envolvimento imprescindvel para o melhor andamento e sucesso do plano. Outra forma de ampliar a equipe, sem maiores custos, o envolvimento de tcnicos e pesquisadores locais ou que freqentam a regio da RPPN, inclusive do IBAMA. Na dependncia do tamanho da RPPN e da disponibilidade de recursos, o plano de manejo poder ser elaborado por um profissional somente, desde que tenha conhecimento das diversas reas de conhecimento e que tenha, principalmente, conhecimento e prtica da metodologia de elaborao de planos de manejo, com nfase no planejamento. 2) LEVANTAMENTO DE MATERIAIS E INFORMAES Essa a fase de levantamento bibliogrfico e cartogrfico, na qual sero buscadas as informaes j disponveis na literatura, em instituies diversas, locais, regionais e nacionais, e junto a tcnicos e pesquisadores. Materiais como imagens de satlite e mapas podem ser conseguidas sem custo algum junto ao IBAMA ou outras instituies pblicas, mas considerando a necessidade destes materiais, esses devero, quase sempre, ser comprados. 4) PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS COM CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS O planejamento envolve conhecer a logstica, os meios e todas as formas de apoio com os quais a equipe de elaborao do plano (tambm chamada equipe de planejamento) vai contar. Em um primeiro momento podem estar envolvidos somente o proprietrio da RPPN e o coordenador do plano. Em seguida, todos tm que estar presentes para acompanhar as explicaes de nivelamento dos conhecimentos e da metodologia e para ajudar na definio de todas as etapas e seus custos. Nesse momento, alm da definio de etapas, meios e responsveis, so identificadas a durao e a poca em que cada passo ser dado, sendo detalhados todos os procedimentos de coleta de informaes e dados de campo. Esse procedimento deve ser reavaliado periodicamente, de modo a que ajustes possam ser feitos e outras melhorias nos rumos dos trabalhos possam ser inseridas no processo. 5) LEVANTAMENTOS DE CAMPO Consistem em uma ou mais visitas RPPN e ao seu entorno, para reconhecimento e levantamento do que possuem e sua realidade, incluindo pontos fortes e fracos, problemas, ameaas e oportunidades para seu funcionamento. nesse momento em que so feitas todas as coletas de material biolgico, se for o caso, e de informaes e dados, inclusive aqueles de socioeconomia, de acordo com as caractersticas da RPPN e seu entorno. Nessa oportunidade tambm so feitas as visitas e entrevistas com autoridades locais, vizinhos e outros moradores e com todas as instituies que podem influenciar de alguma maneira o manejo da RPPN. 6) TRATAMENTO DAS INFORMAES Esse o momento de cada profissional identificar e traduzir, na forma de relatrios temticos, todo o conhecimento obtido nas expedies de campo e por meio da literatura e das entrevistas, alm do seu conhecimento intrnseco sobre o tema. O coordenador do plano deve assegurar que os profissionais envolvidos apontem as suas principais recomendaes para o manejo da UC, a partir do seu conhecimento e do que foi obtido e como tais dados podem influenciar os programas de manejo, sugerindo, especialmente, as principais pesquisas a serem realizadas na RPPN, indicando fontes de financiamento, entre outras especificidades e contribuies. 7) DESENHO DO PLANEJAMENTO

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Esse o momento especfico da definio das atividades e normas para a RPPN, ou seja, trata da estratgia de manejo, propriamente dita, que ser delineada a partir do cruzamento, da integrao, de todo o conhecimento obtido na fase dos levantamentos e tratamento das informaes, que o diagnstico. O incio dos trabalhos d-se pela definio dos objetivos especficos de manejo, seguindo-se o desenho do zoneamento da RPPN. Logo aps, so escolhidas as reas de atuao dentro de cada zona, para as quais so definidas as atividades e normas, que levaro ao funcionamento da RPPN como um todo. Ao mesmo tempo em que so definidas as atividades e normas, elas vo sendo agrupadas por afinidade e contedo em cada um dos programas temticos do plano de manejo. Durante toda essa etapa, fundamental a contnua comunicao entre o proprietrio e os responsveis pelo planejamento. 8) APROVAO DO PLANO PELO IBAMA A aprovao do plano pelo proprietrio seguida pela sua entrega ao IBAMA, para anlise e aprovao institucional e final, quando, ento, ele estar pronto para divulgao e implementao. Ser necessrio acompanhar e observar as orientaes do IBAMA sobre o detalhamento dos procedimentos para o encaminhamento e para a aprovao do plano, inclusive acerca do instrumento que o aprovar, se portaria ou outro, e sua respectiva publicao. Espera-se que isso esteja contemplado em regulamento especfico das RPPN, j em andamento. 9) DIVULGAO DO PLANO Essa etapa desejvel, mas pode ocorrer simultaneamente implementao do plano. A sua divulgao vai fortalecer a existncia da RPPN, pois demonstrar o quanto o proprietrio est comprometido com os objetivos de criao da UC, alm de facilitar o conhecimento da rea por interessados, servindo, ainda, de modelo a ser seguido por outros. A divulgao pode ser feita por meio do envio s diversas instituies interessadas na questo, s instituies de ensino e pesquisa; por meio da disponibilizao do documento na Internet e por meio de apresentaes pblicas, entre outras possibilidades. 10) IMPLEMENTAO DO PLANO A implementao o passo principal de um plano de manejo. Sem isso, no faz sentido ter sido elaborado. a partir desse instrumento de planejamento que o proprietrio tem a maioria e as melhores referncias e orientaes para implantar sua RPPN. PARTE C ESTRUTURA DO PLANO DE MANEJO A estrutura do plano trata dos itens que partes que o compe. A seguir tais itens e partes so apresentadas com uma explicao resumida do seu contedo. Porm, as instrues metodolgicas de elaborao de vrios itens, que assim o exige, esto detalhadas do Captulo II em diante. 1) CAPA E CONTRA-CAPA Deve constar ttulo completo do plano de manejo, o nome do autor principal e sua titulao, local e data de publicao. Na contra-capa devem aparecer, novamente, os nomes dos autores principais e dos demais, na ordem de prioridade de participao. Deve constar, ainda, o nome do proprietrio, se ele assim o desejar, e de todos os profissionais que trabalharam no plano de manejo, identificando-se a sua formao, titulao e rea de atuao. Caso tenha havido alguma parceria formal, na contra-capa que deve constar os crditos para todos envolvidos. 2) AGRADECIMENTOS A critrio do proprietrio e dos autores do plano de manejo, veicular nesse espao os agradecimentos relativos a pessoas e a instituies que, de algum modo, contriburam para o sucesso dos trabalhos de elaborao do plano de manejo e at mesmo para a criao e o funcionamento da RPPN.

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3) APRESENTAO Consiste na contextualizao para o leitor sobre o que contm o documento e sua importncia em aspectos diversos como: conservao ambiental, desenvolvimento econmico local, conhecimento da biodiversidade, opes para recreao e similares. Como comum em todas as formas de publicao, o plano de manejo dever trazer, tambm, uma apresentao, que pode ser feita pelo proprietrio, pelo prprio autor ou um convidado. 4) SUMRIO Trata-se, como de praxe, da lista do contedo do documento (itemizao) e as respectivas pginas, onde cada assunto pode ser encontrado. 5) LISTA DE FIGURAS, FOTOS, QUADROS, TABELAS E OUTRAS ILUSTRAES Inclui a listagem de todas as formas de ilustrao usadas, como fotos, croquis, desenhos, esquemas, tabelas, quadros, entre outras, com a respectiva paginao. 6) LISTA DE SIGLAS Inclui lista, em ordem alfabtica, com todas as siglas citadas no documento. Quando se tratar de sigla em outro idioma, colocar no idioma original e tentar fazer uma traduo aproximada. Esse item tambm pode vir como a ltima para do plano. 7) INTRODUO Seguindo-se a estrutura clssica de uma introduo, inclui texto que parte de uma abordagem geral e encerrado citando os objetivos de elaborao do plano de manejo. Se possvel, use, no mximo, duas pginas. 8) INFORMAES GERAIS Descreve as formas de acesso RPPN, sua localizao, histria e as caractersticas do imvel. As informaes devero estar agrupadas em uma ficha-resumo. 9) DIAGNSTICO Apresenta as informaes especficas de cada rea do conhecimento, que sejam relevantes para o manejo da RPPN. 9.1) CARACTERIZAO DA RPPN Contm as informaes sobre vegetao, clima, hidrografia e fauna. Quando couber, sero apresentadas informaes sobre pesquisa e visitao, atividades que j vm sendo desenvolvidas e outras que contribuiro para a definio de objetivos, zoneamento e gesto da RPPN. 9.2) CARACTERIZAO DA PROPRIEDADE Descreve a infra-estrutura existente e aborda as atividades produtivas da rea, com destaque para aquelas que potencializam ou se integram conservao da RPPN e tambm as que podem causar algum impacto negativo. 9.3) CARACTERIZAO DA REA DO ENTORNO Aborda parmetros da rea do entorno, tendo como base os dados do IBGE ou outros disponveis; identifica os principais servios disponveis que auxiliem e influenciem a gesto da RPPN. Devem ser descritos tambm principais usos da terra, caracterizando impactos e ameaas. 9.4) POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

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Destaca a presena de outras UC, fragmentos de vegetao nativa em propriedades vizinhas ou prximas, reas de preservao permanente (APP), reserva legal e outros que possam compor com a RPPN um conjunto de reas importantes para a conservao da biodiversidade local. 9.5) DECLARAO DE SIGNIFICNCIA Demonstra, de maneira consolidada e integrada, a importncia dos valores ambientais, sociais e culturais da RPPN e sua importncia como unidade de conservao. 10) PLANEJAMENTO Trata do manejo, do prognstico (previses), propriamente dito, para a RPPN. O planejamento definir objetivos exclusivos para RPPN em estudo, seu zoneamento e tipos de atividades e normas de funcionamento da rea, de acordo com as potencialidades e pelo zoneamento para cada tipo de uso. 10.1) OBJETIVOS ESPECFICOS DE MANEJO De acordo com o estabelecido no SNUC, no documento legal de criao, no interesse do proprietrio e nas caractersticas levantadas no diagnstico, sero definidos os objetivos especficos de manejo, que se referem e se encontram exclusivamente na RPPN em anlise. 10.2) ZONEAMENTO Contm a delimitao e a descrio das zonas, definidas de acordo com as potencialidades de cada rea e a afinidade dos usos que sero reunidos em cada um desses espaos. Consta, ainda, de normas de uso e os objetivos de cada uma das zonas. 10.3) PROGRAMAS DE MANEJO Contm o detalhamento das aes agrupadas por reas temticas tais como administrao, proteo e fiscalizao, visitao, pesquisa e monitoramento, sustentabilidade econmica e comunicao, de acordo com os usos e interesses previstos pelo proprietrio. Podem ser includos tantos programas quantos forem julgados necessrios, mas pode haver planos de manejo com apenas um programa, sobretudo nos casos de RPPN destinadas exclusivamente conservao ambiental. 11) PROJETOS ESPECFICOS Indica as atividades que necessitam mais detalhamento e envolvam conhecimentos especficos, os quais no puderam ser desenvolvidos durante a elaborao do plano de manejo, por questo de falta de tempo e recursos. Em geral, dependendo do caso, demandam a participao de profissionais especializados como arquitetos, engenheiros, muselogos, publicitrios, educadores e outros. 12) CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS O cronograma de atividades e custos, tambm chamado cronograma fsico-financeiro, consta de todas as atividades definidas nos programas de manejo, indicando as etapas de execuo, a estimativa de custo de cada uma delas e do custo total para implementao do plano de manejo. 13) ANEXOS Apresenta informaes como tabelas de dados, mapas e listas de espcies que servem como fonte de referncia e para complementar o entendimento do plano. Caso apaream citaes bibliogrficas nos anexos, eles devem vir antes da listagem da bibliografia. 14) REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Lista todas as formas de publicaes citadas nos textos, de preferncia, conforme as normas de classificao da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). Porm, se os autores do

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plano de manejo e o proprietrio tm familiaridade com outro sistema de classificao, fica livre o seu uso. 15) BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Inclui todas as formas de publicaes que foram consultadas, mas que no foram citadas no texto. 16) GLOSSRIO Consta de qualquer termo tcnico, regional ou de pouco uso em uma relao, parte, explicando seu significado. O glossrio, de preferncia, deve aparecer no final do documento.

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CAPTULO II O PLANO DE MANEJO PARTE A INFORMAES GERAIS 1) ACESSO - descrever o acesso para a UC, a partir da capital mais prxima. Indicar as principais estradas, rios navegveis, portos, aeroportos e ferrovias. Informar tambm os servios regulares de transportes coletivos. Apontar outras possibilidades de locomoo, caso existam; - citar os casos de interrupes de uso das vias de acesso em funo de eventos sazonais, como chuva e seca; - apresentar as distncias em quilmetros, desde os principais centros urbanos, bem como at a capital do estado e da capital mais prxima, indicando ainda a situao das rodovias, ferrovias ou hidrovias, o tempo estimado de percurso, a existncia ou no de campo de pouso e atracadouro na UC ou prximo a ela; - apresentar tais informaes em mapa e/ou croqui; - georreferenciar, se possvel, todos os dados. 2) HISTRICO DE CRIAO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN Apresentar como surgiu a idia de criao da unidade, os interesses e as motivaes que justificaram a criao, se a proposta partiu do proprietrio, de pesquisadores, uma ou mais ONG, de universidades, recomendaes de congressos, seminrios ou oficinas de trabalho ou se do prprio IBAMA. Indicar os usos da rea antes da criao da RPPN. Abordar nesse item o histrico de aquisio da rea e o histrico da regio onde se insere a RPPN, at o momento de sua criao. Fazer referncia aos documentos da rea (incluindo-os nos anexos, se desejar) que descrevem os limites e definem a criao da RPPN. Por ltimo, registrar a origem e o significado do nome da RPPN, quando couber e quando possvel. Isto ser interessante quando o nome tiver significado histrico ou folclrico, para uso nos trabalhos de interpretao e outros meios para a visitao. Apesar das RPPN constiturem propriedade privada e sua documentao ter sido avaliada pelo IBAMA, quando da sua criao, suas terras podem apresentar alguma caracterstica relativa sua situao fundiria, mesmo que seja temporria. Para isso, sugere-se relatar tais fatos, destacando casos de esplios, hipotecas, processos judiciais e eventuais invases ou presena de posseiros, caso se justifique e tenha implicaes para o manejo da UC. 3) FICHA-RESUMO DA RPPN Constru-la na forma de um quadro, procurando coloc-lo em uma nica pgina, com os seguintes dados: - Nome da RPPN - Nome(s) do(s) proprietrio(s) - Nome do(s) representante(s) - Contato(s) - Endereo da RPPN - Endereo para correspondncia - Telefone/fax/e-mail/pgina na Internet - rea da RPPN (em ha) e da rea da propriedade (quando couber) - Principal municpio de acesso RPPN - Municpio(s) e estado(s) abrangido(s) - Coordenadas (geogrficas ou UTM) - Data e nmero do ato legal de criao - Marcos e referncias importantes nos limites e confrontantes

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- Biomas e/ou ecossistemas - Distncias dos centros urbanos mais prximos - Meio principal de chegada UC - Atividades ocorrentes: pesquisa, fiscalizao, visitao (trilhas, natao, acampamento, oficinas de educao ambiental e outras). PARTE B - DIAGNSTICO Como j foi mencionado, o plano de manejo para uma RPPN abordar trs nveis distintos, que so: a) rea da RPPN, sobre a qual ser feita uma caracterizao ambiental; b) rea da propriedade, quando a RPPN estiver inserida em um imvel maior, no sendo a sua totalidade, para a qual ser feita uma caracterizao sobre o uso da terra; c) rea do entorno, que, para este roteiro, se refere aos municpios de insero da RPPN e/ou que influenciam o funcionamento da UC, sobre os quais sero tratados alguns aspectos socioeconmicos. Nos dois ltimos nveis propriedade (na qual se insere a RPPN) e rea do entorno a abordagem apresentar consideraes, suposies, prospeces de possibilidades sobre o contedo indicado no presente roteiro, pois que no se est requerendo levantamentos detalhados nesses nveis. Havendo mais recursos, tempo e parcerias, desejvel que os levantamentos alcancem mais profundidade, mais detalhamento. Ainda, dentro das possibilidades de elaborao do plano de manejo, todas as informaes devero ser georreferenciadas. 1) CARACTERIZAO DA RPPN Para todos os temas indicados a seguir, sugere-se georreferenciar o maior nmero de dados possveis, no que couber. 1.1) CLIMA - descrever durao e ocorrncia de estaes chuvosa e seca; dados de temperatura, pluviosidade (chuva) e umidade relativa do ar; - citar a ocorrncia e perodos, se possvel, de fenmenos localizados, como geadas e trombas d'gua e outros, mesmo que regionais, como neve e pequenos tornados, por exemplo. 1.2) RELEVO - descrever o tipo de relevo predominante, altitudes mximas e mnimas (faixas de altitude mais freqentes); - descrever as fisionomias e os tipos mais caractersticos. 1.3) HIDROGRAFIA - citar os principais cursos d'gua, localizando suas nascentes, minas, audes, olhos d'gua, lagos, lagoas (naturais e artificiais), banhados etc.; - indicar as pocas de cheia e vazante e outros aspectos de sua dinmica sazonal ou no (considerar furos e meandros abandonados), incluindo o potencial de risco a inundaes; - se possvel, identificar as bacias hidrogrficas. 1.4) ESPELEOLOGIA (ESTUDO DAS CAVIDADES NATURAIS) Esse item ser elaborado somente para RPPN onde ocorrem cavidades naturais (cavernas, grutas, lapas, furnas, tocas, abrigos sobre rochas, abismos etc.), abordando: - relacionar as cavidades naturais encontrados, informando os nomes pelos quais so conhecidas, sua localizao (regio, serra, rio etc.) e o estado geral de conservao;

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- se possvel, informar se ocorrem na cavidade ou em suas imediaes sinais de stios arqueolgicos (cacos de cermica, potes de barro, pontas de flecha, instrumentos de pedra, pinturas rupestres etc.) ou paleontolgicos (ossos, dentes, conchas presas na rocha etc.); - esses dados sero obtidos na literatura, informao de empregados da propriedade, moradores locais e observaes possveis nos levantamentos de campo; - contatar o Centro Nacional de Estudos, Proteo e Manejo de Cavernas (CECAV), do IBAMA, para orientaes acerca da elaborao do plano de manejo espeleolgico e sua aprovao, se houver inteno de implantao de visitao em qualquer modalidade de cavidade natural. 1.5) VEGETAO - descrever os principais tipos ou formaes (feies) da vegetao (fitofisionomias) da RPPN, classificando-as de acordo com o sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE); - fazer comparaes com classificaes locais ou regionais; - dentro do possvel, descrever a vegetao, sua distribuio, variao ao longo do ano, espcies mais comuns, bioindicadoras, endmicas, de importncia econmica, raras, ameaadas de extino, invasoras; exticas, espcies que sofrem presso de extrao e coleta, estado de conservao, ocorrncia de especificidades como: mata de galeria, encostas, campo rupestre, campo de altitude etc. 1.6) FAUNA - descrever a fauna, pelo menos focando aves e mamferos; espcies mais comuns; raras; ameaadas de extino; invasoras; exticas e migratrias; - sendo possvel, fazer correlaes entre a ocorrncia das espcies, o tipo de vegetao existente e o seu grau de conservao e as implicaes para o manejo da rea; assim como, por exemplo, espcies caractersticas de ambientes abertos ou s de matas; relatar espcies da vegetao tpicas da dieta alimentar de uma ou mais espcies da fauna; - identificar, se possvel, espcies que sofrem presso de pesca, caa, extrao, captura e coleta. 1.7) ASPECTOS HISTRICOS E CULTURAIS (PATRIMNIO MATERIAL E IMATERIAL) - relacionar os stios histricos, paleontolgicos e/ou arqueolgicos encontrados na RPPN, com uma avaliao de sua importncia cientfica, caso estas informaes estejam disponveis; - identificar reas utilizadas para prticas msticas e religiosas e outras manifestaes culturais. 1.8) VISITAO Esse item para os casos onde a visitao j ocorre ou ser implantada. Descrever o que j feito na RPPN, nos casos onde j ocorre a visitao, e como as atividades so desenvolvidas, avaliando a sua pertinncia. Ainda, apontar as medidas adotadas para o manejo do impacto da visitao. Caso haja interesse do proprietrio em implantar o uso pblico (que inclui educao ambiental) na RPPN, fazer o levantamento de potencialidades para visitao (com objetivos tursticos, recreativos e educacionais), abordando: - identificar iniciativas educacionais e educativas desenvolvidos na UC e na rea do seu entorno; indicar a existncia de parcerias e programas de capacitao para a conduo das iniciativas de educao ambiental; - no caso da existncia de stios histricos, arqueolgicos e paleontolgicos encontrados na UC, fazer uma avaliao de suas potencialidades e adequao para a visitao, considerando os dados j levantados pelo profissional responsvel por esse tema ou a partir de dados j existentes, e avaliar riscos para a integridade do patrimnio, no caso da a visitao vier a ser implantada em um ou mais stios;

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- apontar aspectos culturais possveis de serem utilizados no programa de visitao; identificar potencialidades e atrativos prprios para a visitao; indicar se existem equipamentos facilitadores (corrimo, ponte, passarela etc.) ou sua necessidade para a visitao; - avaliar se h fluxo de turistas/visitantes na RPPN e na rea do seu entorno, freqncia e pocas de maior e melhor visitao; existncia de operadores de turismo e sua procedncia; servios de conduo e guiagem e sua qualidade e qualificao; avaliar procedncia, motivao e interesse dos turistas/visitantes; - quando couber, discorrer sobre a existncia de populaes tradicionais e/ou indgenas no entorno da UC e como tais informaes poderiam ser utilizadas no programa de visitao, para seu enriquecimento; - levantar a existncia de atrativos naturais que ocorrem na rea, como vales encaixados; morros e picos; cachoeiras; aspectos pitorescos ou mosaicos da vegetao; encostas rochosas; trilhas naturais na mata ou em campos e outras formas de vegetao natural; reas planas para acampamento; mirantes naturais ou locais prprios para sua instalao; margem de mata prpria para colocao de torres para observao de sua estrutura; trechos da mata que permitam colocao de trilhas suspensas; rios, riachos ou lagos e lagoas prprios para banho e/ou para observao de aves e outros grupos da fauna, entre outros atrativos; - coletar dados para subsidiar as medidas de manejo do impacto da visitao e a metodologia proposta, que devero constar do programa de visitao, a partir da implantao das atividades. 1.9) PESQUISA MONITORAMENTO Esse item para os casos onde j ocorrem pesquisa e estudos na RPPN ou quando houver interesse do proprietrio em implant-las. Descrever o que j feito na RPPN, nos casos onde j so autorizados estudos e pesquisa, e como as atividades so desenvolvidas, avaliando a sua pertinncia. Fazer o levantamento das potencialidades para pesquisa e monitoramento, conforme especificado abaixo: - citar as pesquisas realizadas e em desenvolvimento na RPPN, apresentando as principais linhas trabalhadas; - descrever o esquema adotado para controle das pesquisas e do material coletado e seu destino; - apontar as instituies e/ou pesquisadores que trabalharam ou que trabalham na UC; - indicar como os resultados so divulgados, se eles retornam UC e em que formato e, se possvel, qual sua influncia no manejo da UC; - informar a infra-estrutura, servios, equipamentos e materiais disponveis e sua condio de uso pelos pesquisadores; - a partir dos levantamentos do plano de manejo, identificar e descrever linhas prioritrias para indicao de estudos, pesquisas e levantamentos futuros; - exemplos de potencialidades para estudos so: reas de transio (ectonos ou reas de contato ou tenso ecolgica) entre biomas ou ecossistemas; ocorrncia de espcies endmicas; existncia de stios de nidificao, alimentao ou reproduo de espcies; reas em acelerado processo de eroso; recuperao de reas degradadas; controle ou erradicao de espcies invasoras; reintroduo de espcies ameaadas; monitoramento do impacto da visitao; manejo e preveno de fogo; relaes e possveis impactos da fauna da RPPN nas propriedades vizinhas, entre outros. 1.10) OCORRNCIA DE FOGO Apresentar informaes se a RPPN sofre com a ocorrncia de fogo e sua origem, se por queima de pastagens, abertura e limpeza de roas, soltura de bales, atividades religiosas, raios e outros. Caso no haja ocorrncia, mas a rea seja suscetvel, falar sobre isso, inclusive mencionando se tomada alguma medida para controle, e citando possibilidades da rea

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contar com o apoio preveno e ao combate do fogo por meio de outras iniciativas como existncia e apoio do Corpo de Bombeiros local, do Sistema Nacional de Preveno e Combate aos Incndios Florestais (PREVFOGO), do IBAMA, da polcia ambiental, de brigadas voluntrias ou de empresas vizinhas. 1.11) ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN Descrever todas as atividades que j ocorrem na RPPN, no momento dos levantamentos, sendo permitidas ou no para essa categoria de UC. Por exemplo, descrever as atividades e aes de proteo e fiscalizao, bem como as parcerias existentes com instituies locais e regionais para esse fim, mencionando resultados alcanados em termos de reduo ou eliminao da presso dos impactos negativos, quando possvel. Indicar se h alguma forma de visitao, inclusive atividades de sensibilizao/conscientizao e educao ambiental. Tambm, apontar pesquisas desenvolvidas e divulgao, por exemplo. Caso os temas visitao e pesquisa j tenham sido tratados antes, faa referncia a isso. Descrever, ainda, as atividades existentes na RPPN que sejam incompatveis com sua categoria ou coloquem em risco o cumprimento de seus objetivos de criao. Mencionar se existem medidas de monitoramento, controle e mitigao para tais atividades. 1.12) SISTEMA DE GESTO Informar, quando for o caso, como a RPPN administrada, ou seja, qual seria o modelo de gesto e gerenciamento. Descrever se a RPPN conduzida pelo proprietrio sozinho ou se por meio de alguma forma de parceria, se a parceria seria com uma ONG, que seja ou no organizao da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP), com empresa privada, com prefeitura, com alguma universidade ou com outras organizaes diversas. Informar, ainda, se a RPPN j conta ou se planeja contar com a figura de um conselho consultivo. 1.13) PESSOAL Informar se h funcionrios do proprietrio a servio da RPPN, indicando nmero, funes, cargo, capacitao, idade, tempo de servio e qualificao. Informar tambm se h pessoal cedido por meio de parceria com uma ou mais ONG, instituio de ensino e pesquisa e outros casos. 1.14) INFRA-ESTRUTURA Indicar a infra-estrutura da RPPN e, se for o caso, da propriedade onde ela est inserida, com sua localizao e estado de conservao. Tratar de edificaes (alojamentos, restaurantes, laboratrios etc.), estacionamentos, cercas, torre de comunicao e outros; falar do sistema de saneamento e sua adequao; indicar se h e como funciona o sistema de recolhimento e destino dos resduos slidos; tratar da fonte de energia eltrica existente e possibilidade de aumento da demanda, no caso da implantao do plano de manejo; avaliar se h sinalizao, analisando sua efetividade, adequao, propriedade, estado de conservao e se suficiente para a UC; analisar o sistema de circulao (estradas, caminhos e trilhas) e seu sistema construtivo, sua utilizao, estado de conservao e se estar adequado quando da implantao do plano de manejo, apontando o que deve ficar, o que deve ser interditado e o que ser necessrio ampliar. 1.15) EQUIPAMENTOS E SERVIOS Descrever quantos e quais so os equipamentos, servios e material permanente que a RPPN dispe, como rede de comunicao (telefonia e radiocomunicao); equipamentos eltricos e eletrnicos, material de laboratrio, veculos (terrestres, aquticos e areos), materiais para primeiros socorros e equipamentos de segurana e de proteo pessoal (botas, perneiras, lanternas, faces, uniformes e similares) e de visitantes, quando couber. Ainda quanto a

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servios, apontar se a RPPN oferece algum tipo de servio, como de apoio pesquisa e de visitao, e descrev-los. 1.16) RECURSOS FINANCEIROS Indicar se a RPPN j dispe de recursos financeiros, apontando se so recursos prprios e/ou se provenientes de parcerias e outras formas de financiamento, seja governamental ou privado. Identificar, se disponvel, quanto , em mdia, o gasto anual do proprietrio com a RPPN. 1.17) FORMAS DE COOPERAO Levantar os casos dos quais o proprietrio obtm alguma forma de cooperao e os processos de parceria, formais e informais, quando existentes, descrevendo as atividades j implementadas e os resultados obtidos, situaes em implementao e planejadas. Discutir sobre a forma como isso ocorre e possveis pontos de melhoria. 2) CARACTERIZAO DA PROPRIEDADE Esse item aplicvel somente nos casos em que a RPPN no a totalidade da propriedade. Considerar pelo menos o que se segue: - identificar os principais usos do solo (histrico, tipos e formas), impactos e ameaas; - descrever as atividades e situaes que estejam em desenvolvimento no limite da RPPN e do restante da propriedade que promovam riscos ambientais, condicionem ou ponham em risco os seus objetivos de criao e sua categoria de manejo; - descrever tambm potencialidades, vantagens e facilidades (infra-estrutura, servios, equipamentos, materiais e pessoal, por exemplo) da propriedade que podem se somar s qualidades da RPPN, incluindo situaes favorveis como a adoo de prticas de agricultura orgnica, energias alternativas, sistemas agroflorestais, certificao e outros. 3) CARACTERIZAO DA REA DO ENTORNO Nesse item ser considerada apenas a socioeconomia e sua interface com a RPPN. - levantar parmetros do IBGE para populao dos municpios de insero da RPPN e de outros que a influenciem, considerando: populao, distribuio da populao rural e urbana, grau de escolaridade, distribuio da populao por faixa etria, distribuio por sexo, renda per capita, principais tipos de ocupao da populao; se existirem fontes mais detalhadas que o IBGE, e mais atuais, consider-las; - identificar os principais servios de sade, resgate, bancos, cmbio, transporte, comunicaes, bombeiros, equipamentos de hospedagem e comrcio; oferecidos pelos municpios que podem influenciar a visitao; caso o proprietrio no deseje desenvolver atividades de visitao, essa parte se referir somente aos servios necessrios ao funcionamento da RPPN; - descrever o uso da terra, bem como impactos e ameaas, tratando das atividades e situaes que estejam em desenvolvimento no entorno da RPPN que conflitem, e condicionem os seus objetivos de criao e sua categoria de manejo; nesse caso aqui, ser interessante, dentro do possvel, identificar as principais atividades econmicas, agrcolas, pecurias, florestais, minerais, industriais, pesqueiras, uso de agrotxico e outras desenvolvidas e suas tendncias, salientando os problemas ambientais decorrentes, existentes ou potenciais. Mencionar, tambm, as atividades sustentveis existentes que colaborem com a proteo da RPPN ou potencializem os seus objetivos de criao. 4) POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE Indicar a presena de UC e outras reas protegidas no entorno e descrever sucintamente as possibilidades de formarem corredores ou comporem mosaico com a RPPN. Nesse caso incluir, tambm, as reas de preservao permanente e as reservas legais vizinhas. Mostrar outras implicaes ecolgicas possveis.

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5) DECLARAO DE SIGNIFICNCIA Esse item tem o papel de demonstrar, de maneira consolidada e integrada, a importncia dos valores ambientais, sociais e culturais da RPPN, sua importncia como UC, seu papel e suas contribuies para o SNUC. a partir desse item que se entende a razo da existncia da RPPN e porque deve funcionar como uma unidade de conservao. Com base nos conhecimentos obtidos referentes aos valores naturais e histrico-culturais da rea, situar a RPPN em relao a parmetros de importncia ecolgica e sociocultural como: diversidade e/ou riqueza de espcies; grau de primitividade ou conservao; raridade de espcies da fauna e da flora; ocorrncia de espcies ameaadas de extino; espcies endmicas; certificao nacional e/ou internacional da RPPN; indicao da rea como prioritria para conservao em estudos e documentos oficiais; existncia de reas frgeis e/ou grau de fragilidade ambiental; risco de desaparecimento e/ou grandes alteraes da rea; caractersticas nicas que a UC contm; grau de representatividade ambiental; grau de conhecimento da rea; caractersticas histrico-culturais nicas, inclusive paleontolgicas e arqueolgicas; valores oceanogrficos (reas costeiras); patrimnio espeleolgico; beleza cnica e, quando for o caso, o tamanho da RPPN. PARTE C - PLANEJAMENTO 1) OBJETIVOS ESPECFICOS DE MANEJO Antes de se proceder ao zoneamento e definio das atividades que constituiro os programas de manejo, sero definidos os objetivos especficos de manejo da RPPN, o que feito com base no instrumento legal de criao da RPPN e com base nos dados e informaes levantados sobre sua rea. Tal definio feita pelo proprietrio, juntamente com a equipe (quando houver), de acordo com as potencialidades apontadas pelo diagnstico. A partir dos objetivos especficos so feitas todas as propostas de atividades para cada um dos programas de manejo. Ainda, h mais duas referncias para definio dos objetivos especficos de manejo que so os objetivos do SNUC (Artigo 4., Lei N. 9.985/2000), e os objetivos das RPPN (Artigo 21), definidos nessa Lei especificamente para essa categoria de manejo. Outro suporte para definio dos objetivos especficos de manejo, a partir do conhecimento que se tem da UC, considerar a ocorrncia de espcies novas, ameaadas de extino, endmicas, raras e migratrias; amostras representativas de ecossistemas protegidos; formaes geolgicas e/ou geomorfolgicas; stios histricos e/ou arqueolgicos; belezas cnicas relevantes; uma ou mais bacias hidrogrficas protegidas na UC, independentemente da sua magnitude; proteo de nascentes, entre outras caractersticas. 2) ZONEAMENTO O zoneamento uma tcnica de ordenamento territorial, usada como meio para se atingir melhores resultados no manejo de uma UC, pois estabelece usos diferenciados para cada espao, segundo seus objetivos, potencialidades e caractersticas encontradas no local. Identificando e agrupando reas com as qualificaes citadas, elas vo constituir zonas especficas, as quais tero normas prprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma ferramenta que vai contribuir para uma maior efetividade na gesto da UC. Conforme a Lei N. 9.985/2000, zoneamento a identificao de setores ou zonas em uma UC com objetivos de manejo e normas especficas, com o propsito de proporcionar os meios para que todos os objetivos de uma UC possam ser alcanados de forma harmnica e eficaz. Por sua vez, o Decreto N. 4.340/2002, que regulamenta a Lei do SNUC, determina que o plano de manejo de toda UC defina seu zoneamento.

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Para a escolha do nmero e dos nomes para zonas em uma RPPN, considerou-se: a) o objetivo de uma RPPN, que a conservao da diversidade biolgica; b) os usos permitidos em uma RPPN, que so pesquisa e visitao; c) situaes que podem ocorrer em uma RPPN; d) que um menor nmero de zonas, com nomenclatura mais especfica, simplificaria o plano de manejo, alm de facilitar a compreenso e o domnio do tema pelo proprietrio. Com isso em mente, foram definidas seis zonas para uma RPPN, que so: a) zona silvestre; b) zona de proteo; c) zona de visitao; d) zona de administrao; e) zona de transio e f) zona de recuperao. De acordo com o que se pretende desenvolver em uma RPPN, pode ser escolhida apenas uma das zonas citadas ou a combinao de duas ou todas elas. Ainda, na dependncia de caractersticas particulares, encontradas em uma situao de estudo, uma ou mais zonas novas podero ser criadas, para atender a tais especificidades e no caso das zonas aqui sugeridas no se adequarem ao que se pretende para a rea da RPPN. 2.1) ZONA SILVESTRE aquela que contm reas inalteradas, ou seja, que tm maior grau de integridade e destinase essencialmente conservao da biodiversidade. Dever localizar-se preferencialmente em reas mais centrais da RPPN e contar com caractersticas excepcionais como espcies raras, espcies ameaadas de extino, locais com maior fragilidade ambiental (reas midas, encostas, solos arenosos, margens de cursos dgua, entre outros), manchas de vegetao nica, topo de elevaes e outras, que meream proteo mxima. Funciona como reserva de recursos genticos silvestres, onde podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteo e fiscalizao. Pode conter infra-estrutura destinada somente proteo e fiscalizao. 2.2) ZONA DE PROTEO aquela que contm reas naturais ou que tenham recebido grau mnimo de interveno humana, onde pode ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento, proteo, fiscalizao e formas de visitao de baixo impacto (tambm chamada visitao de forma primitiva). Ser permitida nessa zona a colocao de infra-estrutura, desde que estritamente voltada para o controle e a fiscalizao, como: postos e guaritas de fiscalizao, aceiros, porto de entrada, estradas de acesso, trilhas de fiscalizao e torres de observao. As formas primitivas de visitao nessa zona compreendem exemplos como turismo cientfico, trilhas e acampamentos rsticos (tambm chamado acampamento selvagem), ou seja, sem infra-estrutura e equipamentos facilitadores, observao de vida silvestre, entre outras. 2.3) ZONA DE VISITAO aquela constituda de reas naturais, permitindo alguma forma de alterao humana. Destinase conservao e s atividades de visitao. Deve conter potencialidades, atrativos e outros atributos que justifiquem a visitao. As atividades abrangem educao ambiental, conscientizao ambiental, turismo cientfico, ecoturismo, recreao, interpretao, lazer e outros. Essa zona permite a instalao de infra-estrutura, equipamentos e facilidades, como centro de visitantes, trilhas, painis, mirantes, pousadas, torres, trilhas suspensas, lanchonete, alojamentos e hotel, para as quais deve-se buscar adotar alternativas e tecnologias de baixo impacto ambiental. 2.4) ZONA DE ADMINISTRAO Preferencialmente localizada em reas alteradas e na periferia da UC, conter todos os servios e infra-estrutura administrativa. Essas atividades e infra-estrutura podero estar localizadas fora dos limites da RPPN e, nesse caso, no se constituiro em zona de administrao, pois estar fora da UC.

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Tendo em vista uma maior simplificao de um plano de manejo e na dependncia da vontade do proprietrio, os usos administrativos e todos os outros relacionados ao uso pblico podero ficar reunidos na zona de visitao. Nesse caso, no haveria zona de administrao. Por outro lado, todos esses usos podem estar, tambm, reunidos fora da RPPN, mas dentro da propriedade, no cabendo, nesse caso, definir zona. 2.5) ZONA DE TRANSIO Corresponde a uma faixa ao longo do permetro da UC, no seu interior, cuja largura ser definida durante a elaborao do plano de manejo e de acordo com os resultados dos estudos e levantamentos. Sua funo bsica servir de filtro, faixa de proteo, que possa absorver impactos provenientes da rea externa e que poderiam resultar em prejuzo aos recursos da RPPN. Tal zona poder receber, tambm, toda a infra-estrutura e servios da RPPN, quando for o caso. 2.5) ZONA DE RECUPERAO Sua indicao justifica-se quando houver significativo grau de alterao, a critrio da viso do planejamento. Nesse caso, o plano de manejo definir aes de recuperao. A recuperao poder ser espontnea (deixada ao acaso) ou induzida, feita a partir da indicao de pesquisas e estudos orientadores. Essa zona permite visitao, desde que as atividades no comprometam a sua recuperao. Ela uma zona temporria, pois, uma vez recuperada, deve ser reclassificada como uma das zonas permanentes. 3) PROGRAMAS DE MANEJO Os programas de manejo, tambm chamados de temticos, englobam cada atividade a ser desenvolvida na RPPN. Consistem na definio de aes que podero ser gerais ou por reas. As aes gerais so aquelas que se aplicam a toda RPPN que, pelo seu carter de abrangncia, so aplicadas a todas as zonas da UC. Incluem aes e recomendaes que tm interface com a propriedade, quando for o caso, e com a rea do entorno, no que couber. Cada programa inclui atividades e normas. As atividades previstas nos programas de manejo sero concentradas em uma ou mais reas de atuao ou de interveno, definidas e localizadas em cada uma das zonas propostas para a RPPN. Assim, dentro de cada programa vo aparecer aes (atividades e normas) divididas em: aes gerais e aes por rea. Nas aes por rea, cada uma delas ter seu nome especificado, de preferncia, uma denominao local e conter os seguintes itens: a) nome da rea: identific-la por meio de denominao local, que possa ser entendido por outras pessoas que trabalham na RPPN; sugerem-se nomes de rios, de antigas posses, de morros ou relativos a fatos que tenham marcado o repertrio local; b) objetivos e resultados a serem alcanados: so situaes positivas desejadas, onde se quer chegar, a partir do desenvolvimento das atividades; c) atividades e normas: so as aes necessrias ao manejo, ou seja, o que ser desenvolvido, seguido de todas as orientaes de como fazer; em cada rea, sugere-se agrup-las por programa temtico, como dados abaixo. De modo a tornar o plano de manejo mais simples, foram definidos apenas seis temas para os programas, que sero adotados de acordo com os usos pretendidos para a RPPN. Os temas so: a) administrao; b) proteo e fiscalizao; c) visitao; d) pesquisa e monitoramento; e) sustentabilidade econmica e f) comunicao. No houve preocupao com conceitos acerca da juno de diversas atividades em um mesmo programa temtico, tendo-se levado em conta, por exemplo, apenas uma ou mais caractersticas da natureza da atividade ou o quanto ela era

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similar na sua forma de execuo. De acordo com a viso do proprietrio, com a viso do planejamento e com as particularidades da RPPN, entretanto, os programas propostos podero ser subdivididos em um ou mais e outros novos serem acrescentados. 3.1) PROGRAMA DE ADMINISTRAO Incluir as aes de instalao e manuteno da infra-estrutura (edificaes, sinalizao geral e outras) e de equipamentos; questes de pessoal e sua capacitao; escala de trabalho; controle e fluxo de caixa; programa de estgios e voluntariado; centro e iniciativas de capacitao de funcionrios e terceiros; procedimentos e rotinas de servios administrativos; manejo de recursos, que inclui retirada de espcies exticas da fauna e da flora, controle de eroso e, quando pertinente, controle de populaes da fauna e da flora. Esse programa tratar da organizao de documentos (arquivos, contabilidade, acervo etc.) Abordar o sistema de gesto, que se refere aos modelos de gesto e gerenciamento, a partir da inteno do proprietrio, se pretende conduzir a RPPN sozinho, se em parceria com uma ONG (que seja ou no uma OSCIP), se em parceria com empresa privada, se em parceria com prefeituras, universidades e outras organizaes diversas e se contar com a figura de um conselho, a seu critrio. Esse programa buscar identificar e implantar tecnologias de baixo impacto no desenho e no funcionamento de edificaes, facilidades e outras infra-estruturas fsicas. 3.2) PROGRAMA DE PROTEO E FISCALIZAO Esse programa incluir as aes de proteo e fiscalizao, definindo reas ou setores e estratgias de atuao, esquema adotado, rodzio de pessoal em postos e pontos de fiscalizao e controle; rotina de rondas (freqncia e rotas), nmero de pessoas envolvidas, equipamentos, freqncia de vistoria em cada rea e outras iniciativas; preveno e combate a incndios, parcerias, registro de ocorrncias e impactos; segurana de funcionrios e visitantes; aes de primeiros socorros, salvamento e resgate, entre outras aes similares. 3.3) PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO Esse programa indicar as potencialidades de pesquisa, detalhando as prioridades, reas mais propcias para sua realizao, condies de segurana para o pesquisador, facilidades que a RPPN pode oferecer (pessoal de apoio, voluntrios e estagirios, alojamento, salas de trabalho, laboratrios, informaes e dados j existentes, equipamentos etc.), possveis parcerias, legislao pertinente (IBAMA, CNPq, IPHAN e outros aplicveis), formas de elaborao e entrega de relatrios parciais e finais e formas de disponibilizao de publicaes. Se oportuno, prever uma possvel conexo das pesquisas e estudos da RPPN com o Sistema de Monitoramento da Biodiversidade em Unidades de Conservao Federais (SIMBIO), do IBAMA, elegendo alguns indicadores de avaliao da efetividade da proteo, da qualidade ambiental e da qualidade dos ambientes de visitao. Por ltimo, indicar as normas de conduta sobre pesquisa na RPPN. 3.4) PROGRAMA DE VISITAO Esse programa somente constar do plano de manejo se for do interesse do proprietrio em implant-lo e de acordo com as potencialidades da rea. Entretanto, mesmo que no haja interesse do proprietrio em implantar a visitao em sua RPPN, recomendvel que o programa seja desenhado, pois, a qualquer momento, havendo mudana de interesse, o planejamento estar pronto, ampliando sua validade, sem que haja necessidade de reviso do plano de manejo, para incluso da visitao. Dispondo-se dos dados sobre potencialidades, atrativos e outras questes da visitao, a definio do programa no implicar em mais gastos.

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Esse programa definir as aes educativas e educacionais, inclusive de educao e conscientizao ambientais, indicando linhas de trabalho a serem desenvolvidas, metodologias, indicao de metodologia de avaliao do impacto da visitao (capacidade de suporte/monitoramento), parcerias potenciais e reais; previso de todas as atividades interpretativas, recreativas, ecotursticas e de lazer e meios de conduzi-las. Prever tambm as estruturas e facilidades necessrias para a execuo do programa, tais como: centro de visitantes e todas as indicaes do seu funcionamento; rede de trilhas para a visitao, sinalizao especfica, painis, torres e plataformas de observao, passarelas, guarda-corpos, mirantes, folhetos, livretos e meios de hospedagem. Cite-se que os meios de hospedagem e alguma outra facilidade podero localizar-se fora dos limites da RPPN, o que desejvel, de modo a diminuir as interferncias que podem causar UC. 3.5) PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONMICA Esse programa apontar todas as possveis fontes, meios e estratgias de financiamento da implementao do plano e da RPPN, compreendendo fontes governamentais e nogovernamentais, de modo a lev-la a um patamar de sustentabilidade econmica. O programa desenhar uma estratgia de captao de recursos, de curto, mdio e longo prazos, e