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Plano de Manejo Caracterização e Diagnóstico da APAM Serrana Município de Divinésia PARTE 01 Projetos e Planificações Dezembro de 2007

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Plano de Manejo

Caracterização e Diagnóstico da APAM Serrana

Município de Divinésia PARTE 01

Projetos e Planificações Dezembro de 2007

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Equipe Técnica:

Sérgio Vilhena Vieira – Engenheiro Florestal – Crea 51.277/D

Pós Graduado em Ciências Florestais e Engenharia Ambiental

Mauricio Filemon Dutra da Silva - Engenheiro Agrônomo – Crea 70988/D

Pós Graduado em Solos Meio Ambiente e Biologia

Francisco

Wagner

Denominação Oficial da Unidade de Conservação

Área de Proteção Ambiental Serrana

Categoria de Manejo

Área de Proteção Ambiental – APAM

Prefeitura Municipal de Divinésia

Coordenação: Focus Projetos e Planificações LTDA

CNPJ 68.534.056.0001/60

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Índice Pg.

1 - Introdução 4

2 – Caracterização do Município 5

2.1 – População 5

2.2 – Composição Fundiária 5

2.3 – Economia 7

2.4 – IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 9

3 - Identificação da APAM 10

4 - Localização 10

5 - Acessos à APAM 10

6 – Legislações Incidente 11

7 – Limites da APAM 12

8 - Caracterização Biótica 13

8.1 – Caracterização da Flora 13

8.2 – Caracterização da Fauna 20

8.2.1 – Importância da Fauna 21 8.2.2 – Avifauna 22

8.3 - Ictiofauna 26 8.4 - Herpetofauna 27

8.5 - Mastofauna 28

9 - Caracterização Física 29

9.1 – Solos 29

9.1.1 – Potencial Agrícola e Manejo do solo 33

9.2 – Geologia 36

9.3 –Geomorfologia 38

9.4 – Relevo 39

9.5 – Clima 40

9.6 – Hidrologia 40

9.6.1 - Descrição geral da bacia do Rio Doce 40

9.6.2 - Rede Hidrográfica da APA 41

9.7 - Pessoal 44

9.8 – Potencial Turístico 44

10. Diagnóstico Ambiental 47

10.1. - Uso e Ocupação do Solo 47

10.2 - Títulos DNPM e Mineração 51

10.3 – Recursos Hídricos 52

10.4 – Flora 53

10.5 – Fauna 54

11- Metodologia para elaboração do Plano de Manejo e Zoneamento 54

11.1 - Enfoque 55

12 - Implementação do Plano de Manejo (2008-2005) 57

12.1. - Enfoques do Planejamento 58

12.2 - Envolvimento da Comunidade 58

13 - Levantamento de Campo 60

14 – Proposta de Zoneamento 69

15 - Conclusões e Recomendações 74

16 - Referências Bibliográficas 76

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1 - Introdução

Com 853 municípios, cerca de 16.600.000 habitantes, Minas responde por 10% da

população brasileira. O Estado é detentor de uma paisagem fortemente acidentada, com diferentes formas de relevo que somadas a características específicas de solos, climas e recursos hídricos, proporcionam uma cobertura vegetal extremamente rica e diversificada agrupada em três grandes biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

Cerca de 49,2% do território mineiro é caracterizado como domínio de Mata

Atlântica, mas desse percentual, restam apenas 14,65%, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe, de 2.001. Mesmo assim, esse percentual agrupa remanescentes muito pequenos, cujo valor ambiental também é reduzido. Pois além do tamanho, estão desconectados.

Importantes setores conservacionistas no Brasil, ao final dos anos 70, firmavam

seus interesses no estabelecimento de áreas protegidas que permitissem o desenvolvimento de pesquisas voltadas à ciências ambientais, em especial à biota, e que se adequassem à realidade do país, procuravam também, evitar a aquisição , pelo Estado de terras privadas para a criação e novas unidades de conservação, pensavam assim, em estratégias de como conservar os ecossistemas relevantes em domínios da propriedade privada.

As áreas protegidas são um mecanismo de preservação e conservação dos

recursos ambientais adotados no mundo. No Brasil, esse espaço territorial se constitui como um dos instrumentos preconizados pela Política Nacional do Maio Ambiente, cujo objetivo fundamental é compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, buscando a sustentabilidade ambiental (Cabral & Souza 2005).

A unidade de conservação definida como Área de Proteção Ambiental - APA tem

a sua categoria de manejo considerada um desafio para o seu tempo e contexto. Este teve por base de inspiração o Parque Natural, um tipo de área protegida compatível com a propriedade privada já existente na Espanha, Alemanha e França entre outros paises desenvolvidos da Europa. As áreas de proteção ambiental são inseridas no grupo de uso sustentável destinadas a proteger e conservar à qualidade ambiental e os sistemas naturais nelas existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e também à proteção dos ecossistemas regionais.

Por definição legal a “Área de Proteção e Preservação Ambiental, é uma área

geralmente extensa e de uso sustentável, com um certo grau de ocupação humana, onde se encontram vários atributos como: estéticos, bióticos, abióticos e culturais, que especialmente importantes para uma qualidade de vida e seu bem-estar para a sociedade humana e que tem como certos objetivos básicos de proteger a diversidade biológica , disciplinar e o processo de ocupação bem como assegurar sua sustentabilidade através dos recursos naturais”.

O trabalho aqui apresentado, procura de maneira bem efetiva, caracterizar a área

em estudo sob seus aspectos relativos a ocupação humana e conseqüentemente suas eventuais conseqüências, junto a isto, analisaremos suas relevâncias biológicas, suas características geográficas, culturais e paisagísticas.

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2 – Caracterização do Município

Sua área é de 118 km² representando 0.0202 % do Estado, 0.0128 % da Região e 0.0014 % de todo o território brasileiro.

2.1 – População

A contagem populacional de 2007 registrou uma população total de 3.249

habitantes. A população do município apresenta o mesmo quadro de evolução que o Brasil, com êxodo da população rural e aumento da população urbana, esta dinâmica vem sendo praticamente continua deste a década de 70, Divinésia apresenta uma peculiaridade a partir de 1991 com um aumento da população rural em contra partida a um decréscimo constante da população urbana, como uma diferença de apenas 6,44% ano de 2000, como se pode observar pela figura abaixo.

Figura 01 – Dinâmica das populações urbana e rural do município (Fonte: IBGE ).

2.2 – Composição Fundiária O município é caracterizado por apresentar um maior numero de pequenos

estabelecimentos agropecuários com mesmo de 50 hectares, num total de 216 dos 251estabelecimentos rurais do município, mas em contra posição possui o somatório das áreas das propriedades menores que 50 hectares e praticamente igual ao somatório das áreas das propriedades rurais superior a 50 hectares, sendo respectivamente de 50,88% e 49,12%. Os gráficos abaixo demonstram e o número e o percentual das áreas totais dos estabelecimentos rurais em função das classes de áreas.

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Figura 02 – Distribuição do número dos estabelecimentos rurais no Município em

função da classe de área (Fonte: IBGE -ano de 2000).

Figura 03 – Distribuição percentual das áreas dos estabelecimentos rurais no

Município em função da classe de área (Fonte: IBGE -ano de 2000).

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2.3 – Economia As atividades agropecuárias mantêm sua importância na economia, como o

município de Divinésia caracterizando-se por possuir uma economia baseada na agropecuária, não contando com a presença de expressiva de empresas, indústrias e mineradoras.

Entre as atividades econômicas desenvolvidas no meio rural as lavouras

temporárias e permanentes correspondem a:

Lavoura Permanente 88,84% do uso do solo equivalem à cultura do café. (ano de 2006).

Figura 04 – Distribuição percentual das áreas utilizadas com cultura permanente.

(Fonte: IBGE -ano de 2006).

Lavoura Temporária As principais culturas são a cana-de-açúcar, feijão e o milho com respectivamente 39,81; 31,05 e 27,87% do uso do solo em culturas temporárias.

Figura 05 – Distribuição percentual das áreas utilizadas com cultura temporárias

(Fonte: IBGE -ano de 2006).

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A pecuária leiteira e de corte vem sofrendo uma redução no rebanho não

representado mais a principal fonte de receita no meio rural, em contra partida a criação de frangos para abate vêm sendo estimulada pelas proximidades de uma industria abatedora e processadora de aves hoje representando uma renda significativa para o município, com o aumento no número de cabeças na ordem de 70% nos últimos dez anos, como visualizado no gráfico abaixo.

Figura 06 – Quantitativo do rebanho – ovinos e suínos (Fonte: IBGE -anos de 1996 e

2006).

Figura 07 – Quantitativo do rebanho – aves (Fonte: IBGE -anos de 1996 e 2006).

O eucalipto é a única espécie de árvore exótica cultivada com finalidade econômica, geralmente são plantios com cerca de 3 a 6 mil arvores, derivadas do

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programas de fomento florestal do IEF. Há a existência de outras espécies, que são cultivadas pelo seu valor paisagístico e como introdução de novas espécies de valor econômico.

2.4 – IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,724 segundo o Atlas de

Desenvolvimento Humano/PNUD (2000)

1991 2000

IDH - Educação 0,672 0,802

IDH - Longevidade 0,649 0,759

IDH - Renda 0,499 0,611

IDH - Municipal 0,607 0,724

O município de Divinésia possui um IDH considerado médio, segundo a literatura os municípios que possuem IDH mais elevado ≥ 0,8 utilizam práticas de conservação do solo e que aos aspectos relacionados ao meio urbano, os municípios de médio alto e alto desenvolvimento apresentam maiores percentuais de residências com coleta de lixo e abastecimento de água, contribuindo para uma melhor qualidade de vida da população, bem como menor impacto desta população ao meio ambiente.

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3 - Identificação da APAM

Denominação Oficial da Unidade de Conservação

Área de Proteção Ambiental Serrana

Categoria de Manejo Unidades de Conservação de Uso Sustentável Área de Proteção Ambiental – APAM

Área total – 78.233,27 hectares

Lei de Criação Lei 064/2001.

Órgão Responsável Prefeitura Municipal de Divinésia

Endereço: Rua Padre Jacinto,16 CEP: 36546-000

4 - Localização

Esta localizada entre as coordenadas (UTM 23 k) Norte 704813 7684570 Sul 708548 7674144

Figura 08 – Localização da APAM no Estado de Minas Gerais.

Municípios limítrofes: Ubá, Paula Candido e Senador Firmino.

5 - Acessos à APAM

Possui como acessos:

Acesso principal - MG 124 e MG 280;

Acessos secundários - Estradas Vicinais que ligam a sede do município de Divinésia aos municípios de Ubá, Senador Firmino e Paula Candido.

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6 – Legislação Incidente

O termo “APA” foi criado através da Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, com o

“interesse na proteção ambiental”, para “conservar e melhorar as condições ecológicas locais” e “assegurar o bem-estar das populações humanas” (SNUC, 2000). Com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação pela Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, teve descriminado seu conceito e tipo de manejo.

O Decreto no 4.340 de 22 de agosto de 2002 veio regulamentar artigos da Lei no

9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências.

Lei Estadual 13.803 de 27 de dezembro de 2000 Dispõe sobre a distribuição da

parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios. Deliberação Normativa COPAM nº 86, de 17 de junho de 2005, que estabelece os

parâmetros e procedimentos para aplicação do Fator de Qualidade, referente às unidades de conservação da natureza e outras áreas especialmente protegidas

As resoluções números 318 e 329 da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável vieram disciplinar o cadastramento das APA´s. Lei Municipal 064/2001 - Dispõe sobre a implantação da Área de Proteção

Ambiental no Município de Divinésia.

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7 – Limites da APAM

Figura 09 - Limites da APAM Serrana

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A APA esta 100% inserida nos limites do Município de Divinésia, tendo como limites nas faces:

Sul – Municípios de Divinésia e Ubá; Norte - Município de Paula Candido; Leste - Municípios de Paula Candido e Divinésia; Oeste - Municípios de Senador Firmino e Ubá.

8 - Caracterização Biótica

8.1 – Caracterização da Flora

A Mata Atlântica originalmente ocupava uma área de mais de 1300000 km², sendo este distribuído por 17 (dezessete) Estados brasileiros, onde se encontram mais de 2500 municípios sendo que o município de Divinésia tem o privilegio de está incluído neste meio, sendo assim, a Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais é, em sua maior parte, recoberta por floresta estacional semidecidual, ocupando todo o leste mineiro. A APA representa uma área, com considerável continuidade de formações florestais apresentando assim uma boa diversidade florística. Atualmente a Mata Atlântica está reduzida a menos de 8 % (oito por cento) de sua área original e distribuída de forma bem fragmentada nas regiões sul, sudeste e nordeste e em algumas áreas da região Centro-Oeste. O município de Divinésia, como todos os municípios da região, teve uma redução de cobertura florestal considerável, estando a expansão agropecuária como uma das atividades principais e danosas para este ecossistema. Considerando, que exista na Zona da Mata Mineira de acordo com Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais –IEF/MG - aproximadamente 288.777 hectares cobertos com florestas naturais, estando a APA inserido no bioma da Mata Atlântica e com sua cobertura natural, apresentando-se assim como uma importante unidade de conservação e preservação da biodiversidade in situ.

A cobertura vegetal da APA é dominada por pastagem e outros usos agropecuários do solo, existindo remanescentes florestais persistente aos fatos históricos e econômicos, onde o grande desmate das florestas ocorreram para o beneficiamento do ciclo do café e posteriormente as pastagens.

De acordo com o sistema fisionômico-ecológico a “Classificação da Vegetação

Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal”, subdividiu a floresta estacional semidecidual (floresta tropical subcaducifólia) em quadro tipos de formação utilizando-se do critério altimétrico, a saber: aluvial, terras baixas, submontana e montana. Este tipo florestal caracteriza-se por comunidades onde 20 a 50 % dos indivíduos do estrato arbóreo superior perdem as folhas na estação desfavorável, portanto está relacionado em praticamente toda a sua área de ocorrência a um clima de duas estações definidas, uma chuvosa e outra seca (nordeste, centro-oeste e parte do sudeste), ou então a uma acentuada variação térmica (sul). Sendo assim, ocorrem de maneira descontínua praticamente em todos os estados das regiões nordeste, sudeste e sul do país, e em parte no centro-oeste.

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Figura 10 – Percentual de florestas existente na APAM é da ordem de 58% e no restante

do município de 42%.

Figura 11 – Hectares de florestas existente na APAM e no município.

Pela presente observação muito dos remanescentes florestais na Área de Proteção Ambiental, estão associados a áreas de maior declividade e/ou de ocupação do solo por limites topográfico, as matas associadas a curso d’água “matas ciliares” são raras. Existe um pequeno grau de conectividade destes fragmentos. A mata apresenta-se mais conservada nas cotas superiores do relevo, podendo observar árvores de grande porte com alto grau de epifitismo. Outra formação vegetal comumente observada é a encontrada nos afloramentos rochosos, onde predominam espécies herbáceas pioneiras, principalmente da família das Bromeliaceae, Veloziaceae, Gramineae, Melastomataceae, Gesneriaceae, Orchidaceae, dentre outras, como as

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plantas medicinais. Atualmente na área da APA existem 50 fragmentos de floresta estacional

semidecidual representando uma cobertura por florestas na ordem de 10,97% da área total da APAM, Suas dimensões variam de 1,21 hectares (o menor) a 124,9 hectares (o maior), os quais perfazem um somatório de 903,38 hectares, como se pode observar na figura abaixo.

Figura 12 - ██ Fragmentos de floresta estacional semidecidual na APA . (Fonte:

IEF) Sem Escala

Conforme preconiza a Portaria no 055, de 14 de abril de 2004 do Instituto Estadual

de Florestas, que dispõe sobre a caracterização da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais, as normas de utilização da vegetação nos seus domínios e dá outras providências. A maior parte dos fragmentos florestais encontrados na área estão em estágio médio a estágio avançado de regeneração da mata Atlântica. Nos extratos superiores observamos a predominância de algumas famílias como Anacardiaceae, Bombacaceae, Caesalpiniaceae, Mimosaceae, Apocynaceae, Lauraceae e outras.

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Figura 13 - Distribuição percentual por classe dos fragmentos na APA . (Fonte:

IEF)

Entre as espécies arbóreas/palmáceas nativas presentes nos fragmentos podemos

citar:

Nome Genérico Nome Científico Status de conservação Angico branco Pioatdenia communis

Angico Pipatidenia peregrina

Barbatimão Stryphnodendron pulcherrimun

Bromélias Bromeliaceae Venerável

Caviúna Machaerium ssp.

Canafistula Senna multijuga

Canelas Nectandra spp.

Canjerana Cobralea canjerana

Cedro Cedreila odorata

Cedro Rosa Cedrela fissilis

Cocô babão (jerivá) Arecastrum romanzoffianum

Cutieira Joanesia princeps

Embaúba Cecropia spp

Fedegoso Senna bicapsularis

Fedegossão Cássia sp

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Farinha Seca Cássia Verrucosa

Feijão cru Samanea tubulosa

Figueira Fícus spp

Garapa Apuleia leiocarpa

Guapuruvu Shizolobium parayba

Ingá Ingá sessilis

Ipê amarelo Tabebuia serralifoia

Murici Vochysia rectiflora

Óleo pardo Myrocarpus fastigiatus

Orquídeas (diversas) Orchidacease

Paineira Ceiba speciosa

Palmito Euterpe edulis

Pau de breu Symphonia globulifera

Pau Ferro Caesalpinia leiostachya

Pau jacaré Piptadenia gonoacantha

Pau para tudo Hortia arborea

Quaresmeira Tibouchina granulosa

Sapucaia Lecythis pisonis

Sapucainha Carpotroche brasiliensis

Entre outras espécies.

Espécies arbóreas extintas na área segundo informação de moradores locais.

Nome Genérico Nome Científico

Angelim pedra Vatareopsis araroba

Brauna Melanoxylon brauna

Ipê branco Tabebuia rosseo-alba

Jacarandá Machaerium fulvovenosum

Jacarandá branco Platymiscium pubescens

Jatobá Hymineia stilbocarpa

Jequitibá branco Cariniana legalis

Pau d’alho Gallesia intergrifolia

Peroba rosa Aspidosperma polyneuron

Vinhático Plathymeria reticulada

Espécies arbóreas exóticas observadas:

Nome Genérico Nome Científico

Araucaria Araucaria angustifolia

Eucalipto Eucaliptus sp.

Espatódea Spatodea campanulata

Entre outras espécies.

Espécies de valor Medicinais

Família Espécie Nome Vulgar

Compositae Baccharis dracunculifolia Alecrim

Compositae Bacharis macrodonta Alecrim de campo

- Hyptis brevipes Alfavaca

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- Lavandula sp. Alfazema

Lauraceae Ocotea sp Canela

Compositae Baccharis trimera Carqueja

Moraceae Cecropia hololeuca Mig Embaúba

Compositae Cecropia palmata Embauba Branca

Polvgonaceae Polygonum acre Erva de bicho

Solanaceae Solanum lycocarpum Fruta de lobo

Compositae Achyrickube satyreuidues Macela

- Ocimum americanum Mill Manjericão

Placifloraceae Passiflora Incarnata L. Maracujá

Compositae Bidens pilosa L. Picão

Labiatae Mentha pulegium Poejo

Punicáceas Punica granatum Romã

Figura - 14

Proprietário: Pedro Silva Localidade: Córrego das Posses Latitude S 20º 59’37.8” Longitude WO 43º 01’53.1”

Figura - 15

Fragmento de Floresta Semidecidual Localidade: Santa Filomena Latitude S 20º 58’08.2” Longitude WO 42º 59’21.4”

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Figura -16

Plantio de eucalipto consorciado a uma mata semidecidual. Proprietário Localidade: Piquete (extremo norte da APA) Latitude S 20º 55’52.7” Longitude WO 42º 59’28.5” Altitude 842 metros

Figura – 17

Fragmento de mata semidecidual em estagio médio a avançado de regeneração. Proprietário: Donizete Aparecido Paiva Localidade: Sitio Boa Vista Latitude S 20º 55’47.8” Longitude WO 42º 59’33.2” Altitude 797 metros

Figura – 18

Fragmento florestal típico encontrado na região, sem conectividade com outros e localizado em área de topo de morro.

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Figura – 18

Figura 19 - Mata ciliar às margens do Córrego das Posses. Proprietário: Pedro Silva Localidade: Córrego das Posses Latitude S 20º 59’37.8” Longitude WO 43º 01’53,1”

8.2 – Caracterização da Fauna

O alimento é um dos atributos mais importantes do habitat para os animais. Logo, para predadores, a densidade e a abundância de presas pode ser o atributo mais importante do habitat. Contudo, os animais que servem de presas são, em geral, diretamente dependentes do suprimento alimentar fornecido pela vegetação (sementes, massa verde, frutas, flores, etc). A fauna existente hoje é resultado de milhões de anos de um desenvolvimento evolutivo, integrando todos os ecossistemas da Terra. Porém, antes de simples habitantes do meio, os animais silvestres são, em grande parte, responsáveis pela configuração do ambiente. Esta diversidade da fauna silvestre pode ser definida sucintamente como o numero em abundancia relativas de espécies existentes num determinado ambiente, sendo assim, quando o mesmo é muito modificado, seja pela mão humana ou por fenômenos naturais, a sobrevivência das espécies fica ameaçada. A fauna da Mata Atlântica é caracterizada por uma grande riqueza de espécies e por

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apresentar também um alto grau de endemismo, com isto, a riqueza faunística da APA - Área de Proteção Ambiental, representa de forma bem sucinta o que representou as demais regiões da Mata Atlântica do sudeste brasileiro.

8.2.1 – Importância da Fauna

Dentre os exemplos mais relevantes da importância da fauna podem-se citar os benefícios alcançados com borboletas, abelhas, beija-flores e outras 200 espécies de insetos, pássaros e pequenos mamíferos que desempenham papel vital no ciclo de reprodução das plantas. Essas criaturas, que se alimentam do néctar das flores são utilizados pela natureza como mensageiras na transferência de DNA, de uma planta para a outra, através da polinização, sem o seu trabalho, não haveria tantas frutas, verduras, legumes ou sementes. Cerca de 90% da população mundial de cereais dependem das espécies polinizadoras. “Dentro das comunidades florestais, estas formas de vida estão associadas com outros seres vivos, sendo todos necessários à manutenção da produtividade e da biodiversidade local. O relacionamento entre as plantas e animais seja, pelo processo de polinização, dispersão ou herbívora é muito acentuado, sendo a maioria das espécies polinizadoras e dispersadas pelos animais” – (Brown Jr.- 1987). “O mutualismo da dispersão das sementes tem grande importância nas florestas tropicais, onde cerca de 90% das espécies arbóreas e arbustos tem suas sementes dispersas por animais” – (Frankie et all – 1974). TERBORGH 1990 salienta - “Para a manutenção do equilíbrio das espécies arbóreas da fase madura é necessária a presença de grandes mamíferos e aves de porte médio e grande. Isto se justifica pela produção de grandes frutos e sementes na fase madura, pela necessidade de maiores quantidades de alimento e de serem os animais de maior porte capazes de transportar sementes a distancias maiores antes que ocorram regurgitamento ou a defecção”. No Brasil, existem 7 biomas principais, cada qual muito especial, que abriga comunidades de plantas e animais típicos, e que demanda cuidados específicos para seu uso e conservação. A ocupação desses biomas ao logo da história do Brasil resultou em situações diferentes quando se trata da conservação da fauna, entre outros aspectos. Vamos conhecer os principais biomas do Brasil, as principais ameaças as quais sua fauna estão submetida e os aspectos importantes de manejo conservacionistas para sua proteção. A Fauna existente na Mata Atlântica corresponde a 1261 espécies, com 161 uma espécie de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios. A proteção da fauna da Mata Atlântica depende de um complexo conjunto de medidas de conservação do bioma, que é o mais ameaçado do Brasil, por encontrar-se nas áreas de maior pressão pelo crescimento das populações urbanas, das industrias e das atividades agropecuárias. O controle da poluição urbana e industrial é muito importante, para melhorar as qualidades da água, conservando a fauna aquática, e permitir a recuperação das áreas de vegetação nativa. Ainda que parte significativa das áreas remanescentes de Mata Atlântica encontre-se em áreas de difícil acesso, é fundamental atentar para conservação dos

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fragmentos e criar corredores de fauna entre as áreas protegidas, favorecendo a recuperação das populações animais.

8.2.2 – Avifauna

Baseado no resultado das entrevistas e visualizações em campo foi elaborada uma lista de 107 espécies de aves. Foram feitos 64 registros visuais, sendo que as 43 espécies que não foram visualizadas foram incluídas na lista quando pelo menos um entrevistado confirmou ter visualizado a ave no último ano. Durante as entrevistas foi utilizado o livro “Aves Brasileiras e Plantas que as atraem” para identificação correta das espécies.

Metodologia:

E= Entrevista

V= Visualização

S= Registro sonoro

R= Rastros.

Ordem Família Nome Popular Nome Científico Metodologia

Status de conservação

Açanã Laterallus melanophaius E, V

Alegrinho Serpophaga sucristata E, V

Cuculiformes Coccyzidae Alma de gato Piaya cayana E, V

Hirundinidae Andorinha azul e branca

Notiochelidon cyanoleuca E, V

Andorinha do Barranco

Riparia riparia E

Andorinhão Progne (subis) chalybea E

Crotophagidae Anu branco Guira guira E, V

Anu preto Crotophaga ani E, V

Araponga Procnias nudicollis E Vulnerável

Bem te vi de bico chato

Megarynchus pitanga E

Bem te vi do brejo Philohydor lictor E, V

Passeriformes Tyrannidae Bem te vi pequeno Canopias trivirgata E, V

Bem te vi siriri Tyrannus melancholicus E

Piciformes Picidae Benedito de testa amarela

Melanerpes flavifrons E

Bigodinho Sporophila lineola lineola E, V

Borboletinha do mato

Phylloscartes ventralis E, V

Canário amarelo Sicalis luteola E, V

Canário da terra Sicalis flaveola E, V Vulnerável

Carcará Polyborus plancus E, V

Thamnophilidae Chorozinho de chapéu preto

Herpsilochmus (atricapillus) atricapillus

E

Chupim Molothrus bonariensis E, V

Chupim do brejo Pseudoleistes guirahuro E, V

Coleirinha Sporophila caerulescens E, V

Corococho Carpornis cucullatus E Vulnerável

Strigiformes Strigidae Coruja buraqueira Speotyto cunicularia E, V

Tytonidae Coruja Igreja Tyto alba E

Coruja Preta Strix huhula E

Caprimulgidae Curiango comum Nyctidromus albicolis E, V

Ferreirinho de cara canela

Todirostrum (plumbeiceps) plumbeiceps

E

Ardeidae Garça boiadeira Bubulcus ibis E

Garça branca Egretta (garzetta) thula E, V

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Accipitridae Gavião carijozinho Buteo (rupornis) magnirostris

E, V

Gavião formiga Ictinia (plumbea) plumbea E

Gavião pega pinto Accipiter sp E, V

Falconidae Gavião Pinhé Milvago chimachima E, V

Gavião Pomba Leucopternis sp E, V Em perigo

Emberizidae Guaxé Cacicus haemorrhous E, V

Corvidae Gralha de crista negra

Cyanocorax chrysops E, V

Grimpeiro Leptasthenura setaria E

Inhambu Chintã Cryptulrellus tataupa E

Tinamiformes Tinamidae Inhambu Chororó Crypturellus parvirostris E, V

Inhambu Guaçu Crypturellus obsoletus E

Iraúna grande Scaphindura oryzivora E

Craciformes Cracidae Jacu guaçu Penelope obscura E, V Vulnerável

Furnariidae João de barro Furnarius rufus E, V

Juriti Azul Claravis pretiosa E, V

Juriti Vermelha Geotrygon montana E

Lavadeira mascarada

Fluvicola nengeta E, V

Maria branca Heteroxolmys dominicana E, V

Maria preta Knipolegus Cyanirostris E, V

Maritaca Pionus maximiliani E, V

Anseriformes Dendrocygnidae Marreco d'agua Dendrocygna sp E

Craciiformes Cerylidae Martim pescador grande

Ceryle (Megaceryle) torquata

E

Podicipedidae Mergulhaozino Tachybaptus dominicus E

Passaro preto Gnorimopsar chopi E, V

Periquitinho comum Brotogeris tirica E, V

Pica pau anão barrado

Picumnus (cirratus) cirratus

E, V

Pica pau chorão Picoides mixtus E

Pica Pau de banda branca

Dryocopus lineatus E

Pica Pau de cabeça amarela

Celeus flavescens flavescens

E

Pica Pau de topete vermelho

Campephilus melanoleucos

E

Picapauzinho verde carijó

Venilioris spilogaster (ou sp)

E

Pintassilgo de cabeça preta

Carduelis (Spinus) magellanica

E, V

Pixarro Saltator (coerulescens) similis

E, V

Pomba de bando Zenaida auriculata E, V

Ciconiiformes Charadriidae Quero quero Vanellus (Belonopterus) chilensis

E, V

Risadinha Camptostoma obsoletum E

Columbiformes Columbidae Rolão Columbina talpacoti E, V

Rolinha Carijó Columbina (Scardafella) squammata

E

Sabiá branco Turdus leucomelas E, V

Sturnidae Sabiá do campo Mimus saturninus E

Muscicapidae Sabiá laranjeira Turdus rufiventris E, V

Sabiá pardo Turdus amaurochalinus E, V

Sabiá Uma Platycichla flavipes E

Saí andorinha Tersina viridis E, V

Saíra amarela Tangara cayana E, V

Saíra sete cores Tangara seledon E

Saíra verde amarela Tangara desmaresti E

Saíra viúva Pipraeidea melanonota E

Fringillidae Sanhaço do mamoeiro

Thraupis sayaca E, V

Sanhaço frade Stephanophorus diadematus

E

Sanhaço papa laranja

Thraupis banariensis E, V

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Saracura Sanã Pardirallus nigricans E, V

Gruiformes Rallidae Saracura tres potes Aramides cajanea E

Sebinho Coereba flaveola E, V

Sertanejo Subelegatus modestus E, V

Gruiformes Cariamidae Siriema Cariama cristata E, V

Soco boi Tigrisoma sp E, V Criticamente em perigo Ardeidae Socozinho Butorides striatus E, V

Tangará Chiroxiphia caudata E

Tesoura Tyrannus (Muscivora) savana

E, V

Tesourinha da mata Phibalura flavirostris E Vulnerável

Tico tico comum Zonotrichia capensis E, V

Psittaciformes Psittacidae Tiriva de testa vermelha

Pyrrhura (frontalis) frontalis

E, V

Tiziu Volatinia jacarina E, V

Ramphastidae Tucano de Bico Verde

Ramphastos (dicolorus) dicolorus

E, V

Tucano toco Ramphastos toco E, V

Ciconiidae Urubu Coragyps atratus E, V

Urubu cabeça vermelha

Cathartes aura E, V

Verão Pyrocephalus rubinus E

Viuvinha da mata Xolmis cinérea E, V

Figura 20 - Canário da Terra (Sicalis flaveola) espécie comumente encontrada nas propriedades rurais visitadas.

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Figura 21 - Nidificação de Guaxe (Cacicus haemorrhous ) em palmeira Jerivá.

Figura 22 - Socozinho (Butorides striatus) às margens d o Ribeirão São Francisco

Figura 23 - Coruja Buraqueira (Speotyto cunicularia)

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Figura 24 – Frango d´água comum (Gallinula chloropus)

Figura 25 – Anu Branco (Guira guira)

8.3 - Ictiofauna

Foram identificadas quatro espécies de peixes na Área de Proteção Ambiental de Divinésia- MG. A metodologia usada foi principalmente à visualização, além das entrevistas. Das espécies existentes, somente o Lambari e a Traíra são nativos, sendo que a Tilápia e o Bagre Africano são originários de outros países. O Lambari ocorre naturalmente na região e está presente nos córregos ao redor da Área de Proteção Ambiental de Divinésia- MG. Vale ressaltar que as espécies introduzidas são predadoras e durante as entrevistas houve afirmações de que a população de Lambaris sofreu grande queda após a introdução das mesmas. Metodologia:

E= Entrevista

V= Visualização

S= Registro sonoro

R= Rastros

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Família Nome Popular Nome

Científico Metodologia

Status de conservação

Traíra Hoplias malabaricus

E, V

Cichlidae Tilápia Tilapia nilotica E, V

Acará E

Tetragonopterinae Lambari Astyanax sp E, V

8.4 - Herpetofauna

O estudo de anfíbios foi feito através de busca ativa em volta da Área de Proteção Ambiental de Divinésia– MG. Essa coleta foi feita ao anoitecer, sendo necessária a utilização de lanternas para a visualização dos animais. Os anuros foram capturados com as mãos e colocados em saco de nylon e em recipiente devidamente ventilado. Os animais foram levados para o alojamento e no dia seguinte, de manhã, eles eram fotografados e depois levados para local onde foram coletados, para serem soltos. Para o levantamento dos anfíbios também foram feitas entrevistas com os moradores do entorno da APA.

O levantamento de répteis foi feito somente através de entrevistas com os

moradores do entorno da Área de Proteção Ambiental de Divinésia- MG. No caso das serpentes, durante a entrevista foi utilizado o Guia Ilustrado para a Serra do Mar – Serpentes da Mata Atlântica (MARQUES, ETEROVIC & SAZIMA), para auxiliar na identificação.

A identificação foi feita através de dados secundários, que se constituíram de

guias, lista de espécies, livros e artigos científicos disponíveis em bibliotecas e na internet. Foram identificadas 5 espécies de serpentes, 7 espécies de anuros e 4 espécies de lagartos.

Metodologia

E= Entrevista

V= Visualização

S= Registro sonoro

R= Rastros

Família Nome popular Nome científico Metodologia

Status de conservação

Caninana Spilotes pullatus

Anomalepidae cobra-cega Liotyphlops beui E

Amphisbaenidae Cobra-cega

Leposternon microcephalum E

Colubridae Cobra-cipó Chironius bicarinatus E

Cobra-cipó Chironius exoletus E

Cobra-cipó Chironius laevicollis E

cobra-cipó, jararaquinha

Tropidodryas striaticeps (juvenil) E

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cobra-coral Etapomorphus lepidus E

Elapidae cobra-coral (verdadeira) Micrurus decoratus E

cobra-coral, coral Micrurus corallinus E

cobra-d'água Liophis miliaris merremii E

cobra-d'água Liophis miliaris miliaris E

Coral Clelia montana E

coral Micrurus frontalis

Viperidae cotiara, urutu Bothrops fonsecai E

cotiara, urutu Bothrops cotiara

Falsa coral Erythrolamprus aesculapii E

jararaca Bothrops jararaca E

jararaca Bothrops jararaca (juvenil) E

jararacuçu Bothrops jararacussu E

jararacuçu Brothrops jararacussu (juvenil) E

Teidae Lagarto Teiú Tupinambis merianae E

Polychrotidae papa-vento Enyalius iheringii E

Perereca Scinax sp. E, V

Perereca verde Aplastodiscus calypigius E

Perereca verde Aplastodiscus perviridis E

Hylidae Perereca-de-apulheta Dendropsophus minutus E, V

Aguiidae Quebra-quebra Ophiodes fragilis E

Rã assobiadora Leptodactylus fuscus E

Rã-pimenta Leptodactylus labyrinthicus E, V

Bufonidae Sapo-cururu Bufo pombali E

Sapo-cururu Bufo ictericus E, V

Leptodactilidae Sapo-intanha Odontophrynus americanus E, V

Sapo-martelo Hypsiboas faber E, V

8.5 - Mastofauna

Para o inventário de mamíferos foi utilizada a metodologia de entrevistas, o que resultou em uma lista composta por 14 espécies. Foram visualizadas em campo as

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seguintes espécies: Preá, Lebre, Serelepe, Gambá e Gato do mato pequeno. A Área de Proteção Ambiental Serrana – MG abriga vários animais, sendo um ótimo local para possíveis observações.

Legenda da Metodologia: E= Entrevista V= Visualização S= Registro sonoro R= Rastros.

Família Nome popular Nome científico Metodologia Status de conservação

Cebidae Bugio Alouatta guariba. E, S Em perigo

Cachorro do mato

Hydrochoeridae Capivara Hydrochoerus hydrochaeris

E

Tayassuidae Cateto Tayassu spp. E Em perigo

Dasyproctidae Cotia Dasyprocta spp. E

Didelphidae Cuíca d'agua Chironectes minimus E Em perigo

Gambá Didelphis spp. E, V

Gato do mato pequeno

Felis spp. E, V Em perigo

Jaguatirica Felis pardalis E Criticamente em perigo

Leporidae Lebre Sylvilagus brasiliensis E, V

Canidae Lobo guará Crysocyon brachyurus E Vulnerável

Lontra Lutra spp. E Vulnerável

Procyonidae Mão pelada Procyon cancrivorus E

Erethizontidae Ouriço Coendou spp. E

Agoutidae Paca Agouti paca E

Caviidae Preá Cavia spp. E, V

Quati Nasua nasua E, R

Sauá Callicebus spp. E

9 - Caracterização Física

9.1 – Solos

A caracterização regional dos solos para este relatório baseou-se em revide estudos pedológicos que abrangem parte da Bacia do Rio Doce, unidade fisiográfica em que se insere a Área de Proteção Ambiental, principalmente, na identificação dos solos no campo do Município de Divinésia.

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Figura 26 – Mapa dos solos presentes na APA (Fonte: IBGE)

LVA 26

Classe: LVA

Nome: Latossolo Vermelho-Amarelo

Descrição: LVA Distrófico + PV Distrófico + LV Distrófico

LVA 21

Classe: LVA

Nome: Latossolo Vermelho-Amarelo

Descrição: LVA Distrófico + LVA Distroférrico + PV Eutrófico

Segundo o IBGE os solos presentes na APA são subdivididos em duas variações

principais de latossolo Vermelho-amarelo, conforme demonstra da figura e as tabelas. Mais se sabe que todas as regiões de topografia acidentada, conforme preconiza a literatura ocorre uma variação nas propriedades físico-quimicas do solo, sendo os solos localizados nas baixadas e terraços menos ácidos, mais arenoso e mais fértil, já os solos de topo apresentam maiores teores de argila, são mais ácidos e menos férteis. Portanto uma caracterização dos solos na Área de Proteção Ambiental do Município de Divinésia mais completa foi efetuada com base no revide de literatura, análise de imagem de satélite Landsat, complementadas com informações obtidas no campo, através de viagens de reconhecimento.

A descrição das classes de solos mais descriminada é apresentada a seguir:

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Figura 27 – Mapa do solo presentes na APA (Fonte: Radam Brasil)

As classes de solos encontrados compreendem:

Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico

Além das características inerentes aos latossolos, esta classe distingue-se das

demais por apresentar cores predominantemente vermelho-amareladas e brunadas nas matrizes 5YR, 7, 5YR e 10YR. solos acentuadamente drenados e ocorrem principalmente nos planaltos dissecados.

Figura 28 - Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico Coordenadas (Datum Córrego Alegre) Latitude 20o 57` 39,3” Longitude 43o 01` 12,6” Propriedade de Walmir Alves

Apresentam avançado estado de intemperismo, com predominância de minerais de

argila do tipo 1:1, baixa quantidade de minerais primários e baixa reserva de elementos nutritivos plantas. A relação silte/argila é menor que 0,70; o grau floculação é normalmente igual ou próximo a 100% refletindo o alto grau de agregação dos colóides, o que torna o solo muito poroso, proporcionando maior resistência à erosão. São solos distróficos, com saturação de bases inferior a 50% ocupam também posição de importância na área, enquanto os eutróficos não foram identificados neste nível de trabalho.

Na área da APA esses latossolos constituem material coluvial, ocorrem muitos

associados aos cambissolos nas partes mais baixas das vertentes. Apresentam textura argilosa, sendo desenvolvidos a partir de rochas de caráter ácido

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(charnockitos/granitos/gnaisses), em geoformas com relevo variando entre fortemente ondulado a montanhoso.

As principais limitações ao uso agrícola desses solos o relevo fortemente ondulado

a montanhoso, condicionando ao impedimento à mecanização. Contudo nesta área apresentam relativa intensidade de ocupações por pastagem, cafezais e eucaliptos.

Latossolo Vermelho-Amarelo húmico

Caracteriza-se por apresentar horizonte A muito espesso, de coloração escura, e

horizonte B de coloração predominantemente brunada a amarelada, apresentando horizonte A com espessura variando 0,5 a 1,0 m. Os perfis normalmente muito profundos, tendo seqüência de horizontes A, B e C, com profundidade de A+B normalmente superior a 2 m, e com predominância de transpirações difusas e graduais entre os horizontes. Além de bem drenados, muito porosos e friáveis e, normalmente, resistentes à erosão, face ao alto grau de estabilidade dos agregados.

Na área de estudo, estes solos muito desenvolvidos a partir de charbockitos,

gnaisses, granitos e migmatitos, em vertentes convexas-concavas com relevo variando entre ondulado, fortemente ondulado e montanhoso.

As principais limitações quanto ao uso agrícola se relacionam à impedimentos à

mecanização quando em relevos mais acentuados e, de modo geral à baixa fertilidade. Na área de estudos, apresentam-se com relativamente elevada intensidade de ocupações por pastagens, cafezais e eucaliptos.

Cambissolos

Os cambissolos compreendem solos minerais não-hidromórficos com perfis rasos a

medianamente rasos, apresentando seqüência de horizontes A, B inicipiente e C pouco diferenciados. A textura varia de franco-arenosa até muito argilosa, sendo as texturas médias a argilosas as mais encontradas.

Na área em estudo, estes solos desenvolvidos a partir de chanockitos/granitos/gnaisses, ocupando geoformas com relevo fortemente ondulado e montanhoso.

As principais limitações quando ao uso agrícola referem-se à alta suscentibilidade à

erosão, devido à estreita espessura do horizonte B, elevados percentuais de silte, condições de relevo impedimentos à mecanização. Outra limitação quando ao uso agrícola referem-se à alta susceptibilidade à erosão, devido à estreita espessura do horizonte B, elevados percentuais de silte.

Litossolo

Compreendem solos pouco desenvolvidos, rasos, possuindo apenas um horizonte

A, que assenta diretamente sobre a rocha ou sob materiais desta rocha em grau avançado de intemperização do horizonte B, mas com espessura menor que 15 cm.

Na área em estudo, esses solos desenvolvidos a partir de chanockitos/granitos/gnaisses. Esses solos inaptos à exploração agrícola, sendo sua área

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de ocorrência destinada á preservação. Na área de estudos encontram-se associados a afloramentos rochosos e apresentam vegetação nativa relativamente mais preservada.

Esses solos são inaptos à exploração agrícola, sendo sua área de ocorrência

destinada á preservação. Na área de estudos encontram-se associados a afloramentos rochosos e apresentam vegetação nativa relativamente mais preservada.

Afloramento de rocha

Os afloramentos de rochas constituem tipo de terreno e não propriamente solos,

representados por exposições de diferentes tipos de rocha. Na área em estudo, os afloramentos de rochas ocorrem esparsamente sob a forma de pontões, lajeados e blocos arredondados, situados nas maiores altitudes.

Neossolo Flúvico

O neossolo flúvico são solos pouco desenvolvidos, moderadamente a bem drenados, algumas vezes mal drenados, pouco profundos a profundos, argilosos, silte-argilosos ou de textura media, amareladas, vermelhados, brunados ou acinzentados, moderadamente a bem intemperizados sem diferenciação aparente de horizontes (aparecem camadas) e desprovidos de horizonte sub-superficial com evidencia de acumulação de argila. Podem apresentar propriedades muito variáveis, dado o seu desenvolvimento em sedimentos aluviais e por se apresentarem pouco evoluídos.

Encontram-se ao longo dos rios, em várzeas ou terraços formados por sedimentos

recentes ou sub-recentes e incluem somente os solos que venham sofrendo inundações periódicas ou que estiveram até recentemente sujeitos a inundações. Não incluem os solos desenvolvidos sobre deposição aluvial antiga, que esteja referindo a influencia do clima e da vegetação.

Por tratar-se de solos jovens não apresentam desenvolvimento de perfil e

diferenciação de horizontes. Apresentam, freqüentemente, apenas um horizonte superficial algo escuro ou brunado resultante da atividade biológica, abaixo do qual, está o material primitivo, cuja textura varia de conformidade com o regime e velocidade das águas que provocam a deposição do material.

Os neossolo flúvico, são os mais férteis que se encontram na região da APA,

porém, estes não têm uma área (m²) satisfatória para a implantação de culturas.

9.1.1 – Potencial Agrícola e Manejo do solo

A potencialidade do solo, por apresentar varias limitações, o seu uso predominante

em pastagens, formadas na sua totalidade por capim brachiaria sp. e capim gordura. Tal uso associado à pecuária intensiva, baixa fertilidade do solo e manejo inadequado vem ocasionando processos erosivos em diversos pontos na área.

Muitas das florestas foram convertidas em áreas de produção, seja como

pastagens, plantios anuais ou perenes. Este processo é muito antigo, iniciado desde a descoberta do Brasil pelos Europeus.

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O solo, com o uso intenso perde a produtividade inicial, levando o agricultor a procurar novas áreas. Inevitavelmente os solos de desmatamentos são muito férteis, pois a floresta, depois de retirada, deixa muitos nutrientes no mesmo, principalmente se queimada. Estes nutrientes são absorvidos pela plantação ou levados com as águas das chuvas e depois de algumas colheitas o solo torna-se novamente pouco produtivo. Muitos dos métodos empregados pela nossa agricultura auxiliam a perda de produtividade do solo, como as queimadas indiscriminadas, a falta de cultivos em curvas-de-nível (o que combate à erosão), o abuso de defensivos agrícolas (que contaminam as águas dos rios e fontes e estimulam o aparecimento de pragas resistentes) dentre outros aspectos.

Figura 29 – Limitações na capacidade de uso dos recursos naturais.

A baixa fertilidade do solo aliada à topografia acidentada inviabiliza a mecanização

na maior parte das áreas e quando realizada inadequadamente causa erosão e perda de nutrientes. A aptidão para estas condições e de culturas de ciclo longo ou perene com aplicação de técnicas de conservação de solo.

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Figura 30 – Cultivo do Café em área de terraço.

A maior parte do solo dentro da Área de Proteção Ambiental (APAM) é utilizado

para pastagem para criação de gado de corte e leiteiro. Estas pastagens são compostas por brachiária sp, espécie de capim introduzido na região, sendo que restam poucas áreas com pastagem nativa. Entre as lavouras permanentes a grande maioria é representada por pomares de laranja, limão, abacate, etc. As lavouras temporárias são de olericulturas (repolho, tomate, pimentão, abóboras) voltadas para o comércio e atribuídas para subsistência da propriedade, principalmente para alimentação do gado e outros animais; como: milho, feijão e cana-de-açúcar.

No caso dos pequenos produtores, este é cultivado geralmente visando consumo

próprio e comercialização do excedente produzido, onde a cultura é encontrada em monocultivo ou consorciada com o milho. A semeadura na pequena propriedade usualmente é feita com matraca (semeadora de acionamento manual com deposição de sementes em covas). O controle de plantas daninhas é feito manualmente ou por capina. A colheita também é feita manualmente, por arranquio e posterior trilha.

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Figura 31 – Silvicultura – Eucaliptus sp. Sítio Córrego do Coelho

Atividade da silvicultura não é a principal fonte de renda da propriedade, ou seja,

apenas considerada como um investimento adicional a longo prazo, destaca-se o aproveitamento de áreas marginais, declivosas, altamente intemperizadas e lixiviadas, conseqüentemente com baixa disponibilidade de nutrientes. Nesta categoria de atividade a preocupação com os materiais utilizados e o manejo na implantação e condução a cultura é mínima, visando apenas ser utilizado como fonte de rendas futuras.

9.2 – Geologia

Figura 32 – Mapa geológico (Fonte: IBGE)

Descrição: Rochas gnáissicas de origem magmática e/ou sedimentar de médio grau metamórfico e rochas graníticas desenvolvidas durante o tectonismo

Símbolo: PP1

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Era: Paleoproterozóico

Figura 33 – Mapa geológico (Fonte: RADAMBrasil)

A geologia pode ser mapeada como Terrenos de alto grau metamórfico do Bloco

Vitória, caracterizada como o “Cinturão de Alto Atlântico”, e pode ser interpretado como porções expostas exposta da Crosta Inferior. A área da APA encontra-se inserida no setor setentrional da Província da Mantiqueira, mais exatamente no Bloco Vitória, Bloco este que juntamente com mais os Blocos: Paraná, Paulo e Brasília considerados Unidades Geotectônicas Arqueanas de Minas Gerais.

Mais precisamente a área pode ser mapeada com Complexo Juiz de Fora, este Complexo constitui uma faixa larga e extensa em forma de arco mais ou menos paralelo à costa, que, do extremo leste paulista, avançada para o sudeste de Minas Gerais, o Rio de Janeiro, o Espírito Santo e se prolonga mais para norte. Faz contato com as unidades vizinhas, em parte por falhas e no restante, de modo ainda não muito definido.

Os tipos litógicos do Complexo Juiz de Fora não têm distribuição regular, o que

dificulta o seu detalhamento. Nos estudos até agora realizados, procurou-se sistematizar em termos de faixas longitudinais, mais ou menos continuas e paralelas.

Este Complexo compreende uma grande variedade de médio e alto grau, entre os

quais se destaca a presença de charnokitos e rochas granulíticas diversas, que se associam a biotita-granada-gnaisses.

As rochas charnokiticas do Complexo Juiz de Fora constituem faixas paralelas que

prosseguem até a região de Governador Valadares, de onde os charnokitos continuam

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para norte, em lentes e corpos de varias dimensões, isoladas nos gnaisses e migmatitos, com os quais apresentam contatos gradativos ou bruscos, por falhas.

Os charnokitos da região de Divinésiarochas de composição básica a intermediaria

metamorfizadas em vários graus, reunindo charnokitos dioriticos, gabros e gnaisses a hiperstênio, associando-se a biotita-gnaisses e gnaisses facoidais.

Foi observado apenas uma unidade litológica em toda área da APA, podendo ser

descrita como uma rocha de textura lepdoblástica fanerítica fina a media às vezes grosseira em partes mais fésicas. É composta basicamente de quartzo, feldspato, granada, biotita e hiperstênio, podendo ser classificada como um Charnokito e/ou Biotita Granada Gnaisse. Esta rocha apresenta uma coloração bastante esverdeada e às vezes um pouco mais azulada, neste ultimo caso quando ocorre uma maior concentração de ferromagnesianos (biotita).

9.3 –Geomorfologia

A área está inserida na feição do relevo de Maciço Costeiro, com relevo elevado e

muito dissecado, sustentado predominantemente por rochas cristalinas de idade pré-cambriana. Basicamente, a região é composta por rochosas ígnea (granito) e rochas metamórficas (gnaisses) de composições e características variadas. As rochas fazem parte do Grupo Paraíba, predominando as metassedimentares e rochas gnáissicas. Outras rochas, como as ígneas, veios de quartzo e pegmatitos ocorrem irregularmente distribuídos na área. Intensos metamorfismos, resultantes de grogenia ocorrida no passado geológico, deram origem a arqueamentos, dobramentos e fraturamentos.

Figura 34 – Mapa geomorfológico (Fonte: RADAMBrasil)

Estruturalmente município faz parte do "Domínio Morfoestrutural do Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul”.

São afetados por uma densa malha de falhamentos e deslizamentos. São estes,

em grande parte, os responsáveis pela justaposição de rochas com características composicionais, texturais, metamórficas e de idades e evolução distintas. Hoje, estão expostas na superfície, em função da ação dos processos erosivos impulsionados pelo clima tropical úmido, associado a um regolito espesso, a retirada maciça da vegetação e o

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pastoreio são os elementos mais importantes na dinâmica dos processos erosivos atuantes na região.

A participação da estrutura geológica se manifesta na configuração da rede de

drenagem (padrão dendrítico) das formas topográficas, nos setores de serras, os rios apresentam vales encaixados e profundos e trechos encachoeirados.

9.4 – Relevo

Classe Característica Morfodinâmica Atual

Fa 5 Relevos colinosos com vertentes convexas e topos convexizados ou tabulares, intercalados por alvéolos, com incisões de drenagem entre 44 e 92m e declives que variam de 5 a 24

o;

Formações superficiais argilosas e arenoargilosas.

As áreas com densidade de drenagem 2, 3 e 4 representam um equilíbrio entre os processos erosivos e pedogenéticos; Nas áreas de densidade de drenagem 5 e 6 há uma maior concentração dos processos erosivos (principalmente em áreas de culturas cíclicas e criação extensiva em pastagens naturais) formando sulcos, ravinas e voçorocas.

Figura 35 – Mapa de relevo (Fonte: RADAMBrasil)

A altitude da APA possui pouca amplitude de variação estando entre de 1.006 a

580 m, onde as menores cotas encontram-se nos extremo leste nas planícies formadas pelo Rio Casca e a maior na face leste localidade de Santana. A maior cota esta localizada na região da Serra da Boa Vista na, divisa dos municípios de Divinésia e Ubá.

O relevo da região da APA é de certa forma marcado por um conjunto de morros

de vertentes ravinadas, com drenagens bem encaixadas e profundas.

Tanto os Morros quanto os Esporões possuem encostas ravinadas com declividades bem acentuadas, que estão em fase de dissecação, evoluindo por ravinamento e escorregamento, quando assumem perfil côncavo-côncavo (C+P+). Este processo de erosão pode ser considerado como uma busca de novos equilíbrios, destruindo assim, as formas convexas-convexas (C-P-) pré-existentes.

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9.5 – Clima

O clima predominante é o mesotérmico caracterizado por verões quentes e úmidos.

O período de seca tem duração de 3 a 5 meses, coincidindo com o período mais frio. Temperatura:

média anual: 19,4 C

média máxima anual: 26,4 C

média mínima anual: 14,8 C

Índice médio pluviométrico anual: 1221,4 mm

9.6 – Hidrologia

9.6.1 - Descrição geral da bacia do Rio Doce APA é contribuinte da bacia hidrográfica do Rio Doce, possui como dreno principal

do Ribeirão São Francisco, afluente do Rio Turvo que por sua vez é afluente do Rio Xopotó, pertencente a sub-bacia do Rio Piranga e por sua vez compõem a bacia hidrográfica do Rio Doce.

A bacia hidrográfica do rio Doce abrange uma área de 83.400 km² (equivalente ao tamanho de países como a Áustria ou Portugal) nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo composta por 156 municípios. O rio Doce encontra com o oceano Atlântico em Regência, no município de Linhares-ES, sendo os seus formadores o ribeirão do Carmo, que nasce em Mariana, e o rio Piranga, que nasce em Ressaquinha.

Perto de 3,5 milhões de pessoas vivem hoje na bacia, em 230 municípios (202

mineiros e 28 espírito-santenses). Um terço dessa população mora na zona rural. Cerca de 90% dos municípios possuem menos de 20 mil habitantes.

A grande diversidade de seu ambientes físicos e bióticos (cobertura vegetal, solos,

topografia, clima, hidrografia, fauna e flora) e o processo de ocupação deste território, traçaram um cenário bastante complexo do ponto de vista sócio/ econômico e ambiental, mostrando ao longo de toda a bacia diferenças marcantes em termos de atividades econômicas, disponibilidade hídrica e contradições sociais.

Suas principais atividades econômicas são mineração, siderurgia (o maior pólo

siderúrgico da América Latina está instalado na microrregião do Vale do Aço), geração de energia elétrica, indústria de celulose e o agronegócio (bovinocultura, suinocultura, cafeicultura, fruticultura, apicultura e produção de cana). Tais empreendimentos desempenham papel significativo nas exportações brasileiras de minério de ferro, aços, celulose, café e frutas. A produção de petróleo e uma reserva de 25 bilhões de metros cúbicos de gás natural, localizadas na foz do rio Doce, colocam a região em posição estratégica na questão energética do país.

Originalmente coberta por Mata Atlântica, a intensa devastação restringiu o

revestimento florístico originário basicamente à área do Parque Estadual do Rio Doce. As demais matas correspondem a uma vegetação que sofreu influência antrópica intensa, constituindo-se em vegetação secundária. Estima-se que menos de 7% da área possui hoje cobertura vegetal Destes, menos de 1% encontra-se em estágio primário.

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Figura 36 – Bacia do Rio Doce com a localização do Município de Divinésia.

9.6.2 - Rede Hidrográfica da APA A rede hidrográfica é bastante densa, como vales aprofundados e encaixados. Os

recursos hídricos são utilizados pelos os moradores locais para consumo doméstico, irrigação de lavouras, piscicultura, desedentação de animais, por visitantes para lazer e lançamentos de efluentes domésticos e agropecuários.

O enquadramento dos cursos d´água segundo a Resolução do CONAMA 357/2005

é classe 2 podendo ser destinada ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional.

Na APA existem cerca de 122 nascentes perenes e os cursos d´água listados

abaixo: Dreno principal Ribeirão São Francisco. Dreno secundário Córrego São Joaquim. Os demais cursos d´água presentes na área abrangida pela APA são:

1. Córrego Jatobá; 2. Córrego Santa Filomena; 3. Córrego Vieira; 4. Córrego da Grama; 5. Córrego das Posses; 6. Córrego Boa Vista;

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Figura 37 – Uma das nascentes contribuintes do Córrego São Joaquim Coordenadas (Datum Córrego Alegre) Latitude 20o 58` 08,2” Longitude 42o 59` 21,4”

Pelas características de relevo acidentado existem varias cachoeiras, de rara beleza, que são utilizadas como local de recreação e visitação pela população local e de outros municípios.

Figura 38 – Cachoeira localizada no Córrego das Posses Coordenadas (Datum Córrego Alegre) Latitude 20o 57` 39,3” Longitude 43o 01` 12,6” Propriedade de Wiliam Alves

A totalidade da área da APA é drenada pelo Ribeirão São Francisco, conforme demonstra figura a seguir.

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Figura 39 – Rede Hidrográfica da APA.

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9.7 - Pessoal

A APAM Serrana possui sede administrativa com mobiliário e equipamentos, mas

não conta com pessoal em período integral para a realização da gestão, fiscalização, desenvolvimento de programas e entre outras atividades necessárias.

Figura 40 – Sede Administrativa da APA.

9.8 – Potencial Turístico

A região da APA conta com vários pré-requisitos naturais exigidos para o turismo

tais como: edificações (fazendas) dotadas de valor histórico, estético e cultural, com características do período áureo do ciclo do café no Brasil, rios, cachoeiras, cobertura vegetal nativa, clima agradável, além de propriedades de pequeno porte, na maioria chácaras, onde se desenvolve agricultura e pecuária em pequena escala, além do uso associado ao lazer. O que possibilita a observação de flora e fauna ao redor das matas, caminhadas, cavalgadas e visitas às fazendas históricas, banhos de cachoeira na região entre outras atividades.

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Figura 41 - Pousada Taquaruçu – localizada às margens da MG 124 Coordenadas (Datum

Córrego Alegre) Latitude 20o 59` 31” - Longitude 42o 59` 29,6” - Propriedade de Helio Andrade. A pousada conta com toda a infra-estrutura para o turismo.

Figura 42 - Pousada Canarinho – localizada às margens da estrada vicinal que dá acesso ao município de Uba Coordenadas (Datum Córrego Alegre) Latitude 20o 59` 20,7” - Longitude 43o 01` 26,5” - A pousada conta com toda a infra-estrutura para o turismo.

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O turismo na região ainda é explorado comercialmente, com locais adequados para o recebimento e acomodação de turistas.

Quais as vantagens do Ecoturismo Para o Meio Ambiente: O ecoturismo pode ser uma excelente ferramenta de proteção ambiental, se for bem estruturado. Ele pode contribuir para conservação dos recursos naturais através de ações como:

imposição de algumas regras de conduta que os visitantes devem respeitar;

conscientizarão dos habitantes locais, dos turistas de que é importante e necessário conservar aqueles recursos naturais;

cobrança de pequenas taxas de entradas nos atrativos turísticos, para que o visitante valorize aquele patrimônio natural e contribua para sua manutenção.

Para Comunidade Local: O ecoturismo também pode ser uma ótima estratégia de desenvolvimento local.

Havendo um planejamento turístico, há também a criação de muitos empregos para atender o fluxo turístico e receber bem os visitantes. Essas oportunidades de trabalho surgem não apenas em pousadas, como também nos estabelecimentos comerciais, nos postos de monitoramento, nas agências de passeio, e por ai a fora.

Além disso, o turismo aumenta a movimentação de dinheiro na localidade e, com a cobrança de pequenas taxas, é possível melhorar a infra-estrutura de atendimento ao turista, e a comunidade também se beneficia com isso. Quanto mais exigente for o turista, melhores devem ser os serviços oferecidos pela localidade. Quanto melhor a localidade atender o turista, mas turista ela trai e estes cada vez mais conscientes. E quanto mais o turista investe em sua viagem, maiores benefícios o turismo gera a comunidade. Podemos citar alguns desses benefícios:

novas oportunidades de emprego e renda;

avanços tecnológicos e melhorias de serviço;

valorização da cultura local;

melhorias na infra-estrutura local;

melhoria da qualidade de vida da população;

possibilita a integração da população local com outras culturas através de indivíduos provenientes de diversas localidades.

Turismo

Ao contrário do que muitos pensam o Turismo Rural NÃO é um tipo de Ecoturismo. Ele é uma outra modalidade de turismo, que acontece em ambientes rurais. Vamos entender essa diferença, mais uma vez recorrendo ao dicionário: Rural: pertence ou relativo ao campo ou a vida agrícola; campestre. Prórpio do campo. Situado no campo. Agrícola, campesino, camponês, rústico. Ecológico: que pertence ou se refere a natureza. Produzido pela natureza, ou de acordo com suas leis. Derivado da natureza. Originário, oriundo. Em que não a trabalho do homem. Diz-se das ciências que trata da natureza e suas produções.

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Levando em conta essas definições, podemos entender que ao contrário do natural, o rural diz respeito a ambientes modificados pelo homem.entre essas modificações, podemos citar:

inserção de animais não nativos, como bois, cavalos, porcos, galinhas, cachorros, etc.

plantio de vegetais exóticos (não nativos), com o milho, banana, café, mandioca (aipim, macaxeira), tomate, etc.

construção de prédios: casas, galinheiro, baia, etc.

realização de obras: capina, abertura de poços, estradas, etc.

Assim, o turismo rural pode ser definido como turismo praticado em áreas rurais. Existem outras nomenclaturas para definir esse tipo de turismo, como, por exemplo, agroturismo, turismo no meio rural, turismo no espaço rural e turismo verde. Um bom exemplo de turismos rural são os hotéis fazenda no qual os indivíduos se hospedam na propriedade rural e compartilham este estilo de vida durante sua hospedagem.

De forma geral, há de se considerar os principais impactos nos atrativos da APAM

se referem à degradação dos ambientes, com supressão de vegetação e o desaparecimento da fauna original, às queimadas, à erosão, à disposição inadequada de lixo e detritos nos atrativos já utilizados.

10. Diagnóstico Ambiental

10.1. - Uso e Ocupação do Solo

O solo é um organismo vivo, base essencial da agricultura. Para manter sua fertilidade e evitar problemas como a erosão e a compactação, o agricultor precisa conhecer seus aspectos químicos, físicos e biológicos e adotar uma série de práticas de conservação.

A estrutura fundiária é formada por 86,05% das propriedades rurais com menos de 50 hectares e tendo como base econômica à agropecuária, destacando-se a cultura do café. A agricultura, que modificou o meio ambiente, fragmentando e isolando os remanescentes de vegetação nativa.

Há ocorrência a de manejo inadequado do solo e locais pontuais dentro da APAM, caracterizado pelo uso do fogo, preparo inadequado do solo entre outras. De modo geral em comparação com outras regiões de características físicas e biológicas, semelhantes às áreas degradadas dentro da unidade de conservação são poucas, pois a maior parte dos proprietários têm ampla consciência e desejo de conservação e preservação do meio ambiente, pois, sabem eles que sem a sua preservação das matas e nascentes que acompanham o seu habitat sofreriam grandes conseqüências dos impactos ambientais.

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Figura 43 - Como podemos observar na foto aas margens da mata se encontra uma aração com plantio de milho e logo acima na borda da mata o fogo. Proprietários Mauricio Rosendo Praim Localidade: Água Santa Latitude 20º 59’50.6” Longitude 43º 00’04.6”

O uso do fogo como forma de manejo de atividades agropecuárias, não é proibido

pela legislação”, mas o produtor rural deve respeitar a medidas imposta pelo IEF. Isto porque, quando se perde o controle do fogo, ele pode se tornar incêndio florestal, causando o prejuízos, perdendo o com isso o próprio produtor os vizinhos e o mais importante e o meio ambiente. Como podemos observar dentro do contexto da U.C. os proprietários não fazem uso indiscriminado do fogo que é extremamente prejudicial a vida microbiana do solo e como conseqüência traz com sigo a perda de fertilidade, erosão e conseqüentemente um dos maiores problemas que são os assoreamentos dos rios, lagos e a fonte principal de alimentação dos rios e lagos que são suas nascentes.

Dependendo das peculiaridades locais ou regionais justificarem o uso do fogo os órgãos competentes (ex: IEF – Instituto Estadual de Florestas) podem autorizar o uso do fogo, sob a forma de queima controlada.

A queima controlada é o uso do fogo de maneira planejada devidamente autorizada pelo IEF para eliminar a vegetação ou restos de culturas para determinados fins produtivos mantendo sobre controle.

É de há muito sabido que os solos sofrem com a degradação, sendo a erosão hídrica – causada pela chuva –, seu fator mais importante. Segundo estimativas, 1.100 milhões de hectares no mundo inteiro estão desperdiçados em virtude da degradação. A erosão hídrica remove a camada superficial do solo e com isso acaba trazendo sérios problemas para a agricultura e em situações extremas pode tornar a terra imprópria para as práticas agrícolas.

O impacto da erosão no solo pode comprometer a sustentabilidade do sistema agrícola ou, então, exigir a aplicação de altas tecnologias para manter a produtividade das culturas. Entre as metas dos produtores está a de produzir com menores custos. Controlar a erosão do solo, que é o principal entrave para a sustentabilidade e que varia muito de acordo com a existência de cada solo, é um meio eficiente de se manter a sustentabilidade da produção agrícola.

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Figura 44 - Aração feita de morro abaixo em local de alta declividade e topo de morro. Destacando que na “grota” situada na parte inferior há uma nascente Proprietários Localidade: Grama Latitude 20º 58’12.7” Longitude 43º 02’51.0”

As perdas de terra na forma de sedimento são a ordem de 15t a 50,8 t ha-1 ano-1, sendo 69 % superiores se comparadas ao mesmo solo com 30 % de cobertura. Essa perda de sedimento também traz sérios problemas, pois estará removendo a camada fértil do solo e transportando fertilizantes e defensivos agrícolas que irão contaminar os rios, barragens, lagos e baixadas. Quando o sedimento depositar-se no fundo desses corpos d’água, causar-lhes-á assoreamento e contribuirá para a poluição ambiental.

No solo descoberto ocorreram perdas, no sedimento + enxurrada, de 2, 4, 25 e 6

kg ha-1 de P, K, Ca e Mg respectivamente. Segundo alguns autores isso representa em torno de 5% das necessidades nutricionais da cultura do milho em pequenas produções. Isso, com certeza, leva a uma necessidade de aplicação de maior quantidade de fertilizantes para compensar essas perdas e, em conseqüência, trará maiores custos de produção, reduzindo os lucros, exatamente o contrário do que se busca em qualquer atividade. Fica o questionamento do porquê de não se evitar a erosão ao invés de se ter que aumentar os custos.

Práticas de preparo do terreno e de plantio em direção morro abaixo, método que

causa elevada perda de solo. Nas lavouras de café, os principais problemas ocorrem devido à erosão causada principalmente pelo uso de áreas excessivamente íngremes,

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excesso de capinas, plantios antigos com baixa densidade e baixo uso de práticas conservacionistas eficientes.

A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão. Entre os principais efeitos da cobertura vegetal, (SALOMÃO et alii, 1995) destacam os seguintes: a) proteção contra o impacto direto das gotas de chuvas; b) dispersão e quebra da energia das águas de escoamento superficial; c) aumento da infiltração pela produção de poros no solo por ação das raízes; d) aumento da capacidade de retenção de água pela estruturação do solo por efeito da produção e incorporação de matéria orgânica.

A pecuária praticada em sistema extensivo apresenta também alguns problemas

ao meio ambiente, associados à degradação dos solos (física, química e biológica) pela falta de reposição de nutrientes, alta lotação e manejo incorreto de animais. No sistema intensivo, cabe ressaltar o alto volume de dejetos produzidos, causando a contaminação de mananciais hídricos. É preciso lembrar ainda que no super pastejo os animais, com os sues cascos, formam uma camada compacta na superfície do solo dificultando a entrada da água e o ar.

As estradas também tem sido um dos principais agentes de degradação do solo

agrícola, servindo de foco inicial para a erosão evoluído para voçorocas que se espalha pela lavoura e termina com o assoreamento dos canais d'água e reservatórios. O inverso também é verdadeiro na medida em que a erosão nas áreas agricultáveis danifica as estradas. O estado ruim das estradas, principalmente no período chuvoso, deve-se, basicamente, a carência de obras complementares que tenham por finalidade minimizar a velocidade das enxurradas.

Figura 45 –Uso do solo, maior parte ocupada por pastagens.

*Outros usos corresponde a pastagens, ocupação urbana, estradas, cursos d´águas, afloramentos rochosos entre outros.

O uso do solo representa um dos meios de sobrevivência e fonte financeira para muitas das pessoas que habitam as áreas rurais. Seu uso deve ser feito de maneira correta para que, ao longo de nossas gerações, garanta uma produção satisfatória.

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A silvicultura representada pelo plantio de Eucaliptus sp. na ultima década tem sido a cultura que mais se desenvolve na região.

10.2 - Títulos DNPM e Mineração

O controle das atividades mineraria no país é feito pelo DNPM - Departamento

Nacional de Pesquisa Mineral. Esse departamento é uma autarquia, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que está sujeita tanto à legislação federal pertinente, como às legislações ambientais do Estado e do Município em que sem localizam a mina ou a jazida. O DNPM realiza três tipos de controle para a exploração mineral no Brasil. São eles: a Autorização de Pesquisa, a Concessão de Lavra e a Permissão de Lavra Garimpeira.

Segundo o artigo 6º da Resolução 10/88-CONAMA, não são permitidas nas APAS

as atividades de terraplanagem, mineração, dragagem e escavação que venham a causar danos ou degradação ao meio ambiente e/ ou perigo para pessoas ou para a biota. Também é preciso destacar que nas Áreas de Preservação Permanente (art. 2º e 3º da Lei 4.771/65) a atividade da mineração (como a extração de areia ou a exploração de jazidas em encostas) pode acarretar danos à vegetação de preservação permanente, para o que devem obrigatoriamente atender o DNPM e os órgãos ambientais estaduais. Apesar de não ser exigido expressamente o licenciamento ambiental prévio para a pesquisa mineral pela Lei Federal nº 7.805/89, nada impede que os Estados e Municípios suplementem a legislação e passem a exigi-lo. No caso da APAM da Serrana, não define em nenhum de sue artigos de criação sobre a proibição da extração mineral, bem como a realização terraplenagem, escavação e dragagem.

Figura 46 - Fonte: DNPM (2006).

Apesar da proibição prevista em lei existem cinco titulo do DNPM na área da APAM, cabe salientar que não se constatou nem uma exploração de jazidas na área.

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Número Ano Área Solicitada

Uso Fase Nome Substância Último Evento

830602 2006 50 CONSTRUÇ

ÃO CIVIL LICENCIAMENTO

MINERAÇÃO C

ARACOL LTDA. CASCALHO

676 - LICENÇA AMBIENTAL P

ROTOCOLIZADA EM 16/03

/2007

Número Ano Área Solicitada

Uso Fase Nome Substância Último Evento

830511 2007 2000 INDUSTRIAL

REQUERIMENTO DE PESQUISA

MAURICIO SILVA PALACIOS

MINÉRIO DE ALUMÍNIO

100 - REQ PESQ/REQ PESQUISA COMPLETO PROTOCOLI EM 13/02/2007

Número Ano Área Solicitada

Uso Fase Nome Substância Último Evento

831138 1986 1000 NÃO INFORMADO

REQUERIMENTO DE LAVRA

MINERAÇÃO ESTRELA DO SUL LTDA

FELDSPATO 361 - REQ LAV/EXIGÊNCIA PUBLICADA EM 26/09/2006

10.3 – Recursos Hídricos

A Constituição Federal trata da competência legislativa sobre as águas em

diferentes dispositivos, permitindo interpretações variadas. Primeiramente, a competência para legislar sobre águas é privativa da União Federal (art. 22, IV, CF). No entanto, o Município tem considerável influência na gerência de recursos hídricos, uma vez que a qualidade da água depende também da política ambiental adotada pelo município e da aplicação da legislação federal no âmbito municipal.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, lei nº 9433, promulgada em 8 de janeiro

de 1997, estabelece os novos procedimentos a serem adotados na gestão das águas. Pontos centrais desta lei são que a gestão da água deve ser realizada por bacia hidrográfica e que a água passa a ter valor econômico.

Esse ordenamento jurídico é todo ele baseado no inciso XIX do art. 21 da CF e, como conseqüência, o que dispõe a Lei no. 9433/97, da Política Nacional de Recursos Hídricos, que cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Com base nisso, temos o artigo 1º dessa lei, que diz o seguinte:

1. A água é um bem de domínio público. 2. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das

águas. 3. A gestão dos recursos hídricos deve contar com a participação do poder público,

dos usuários e da comunidade.

Com isso, pode-se dizer que em uma gestão de recursos hídricos, dentro de uma APA, tem que se levar em conta que essa gestão deve ser local, participativa pelos envolvidos não só nas dimensões de sua área de preservação, mas, contudo, também no seu entorno. Além disso, sempre tem de ser ouvido os órgãos superiores, para a implementação do sistema como um todo.

A região possui extensas áreas, com declividade elevada onde ainda há carência

de práticas conservacionistas em algumas áreas, o que contribui, possivelmente, para

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uma menor recarga dos aqüíferos e para um elevado carreamento de partículas em direção aos cursos d’água na época das águas. Atualmente, como acontece em praticamente todos os municípios brasileiros, suas nascentes têm apresentado vazões irregulares.

Há de se considerar a utilização de agrotóxicos, principalmente na cultura do café, onde alguns desses pesticidas persistem no solo e na água, prejudicando o homem e toda a vida animal e vegetal da região. Cabe salientar que a Lei Federal nº 7.802/89 a instituiu o sistema de controle do uso de agrotóxicos.

Salienta-se que na área da APA, os esgotos sanitários e os efluentes derivados da

atividade agropecuária são, em sua maioria, lançados sem tratamento nos cursos d´água pelas comunidades locais, bem como as propriedades rurais. A coleta de lixo também é um fator preocupante já que não coleta regular de na região, onde os proprietários o enterram ou queimam, contaminando o lençol freático com chorume.

Constatação de grande número de nascentes que servem com fonte de água para

o gado em perigo de extinguir, por causa da falta de área de recarga hídrica, pisoteio do gado e contaminação por fezes bovinas.

10.4 – Flora O interesse público existente na boa utilização e conservação das florestas é um

dos limites da função social da propriedade e a proteção jurídica da vegetação varia de acordo com a classificação dada pela própria legislação. Assim, por exemplo, as florestas de preservação permanente (criadas pelo Código Florestal de 1965) e as reservas legais florestais só podem ser alteradas ou suprimidas através de lei. Para reforçar a proteção jurídica das áreas de preservação permanente (APPs), o Código Florestal previu ainda, no caso de destruição ou desmatamento das mesmas que “nas terras de propriedade privada onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público poderá fazê-lo, sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário” (art. 18). Extrai-se deste dispositivo que é dever dos proprietários das terras (mesmo públicas) plantarem as florestas ou reflorestarem as APPs.

A APA apresenta uma variedade de paisagens, seja pela heterogeneidade das

condicionantes fisiográficas, seja pelo histórico de uso das terras e de modificação da cobertura vegetal original. A partir do século XIX, a floresta que cobria a região foi submetida a fortes pressões, seja para conversão para cafeicultura, seja para produção de carvão e madeira. Amplas áreas foram desmatadas, outras foram abandonadas após degradação dos solos, e alguns fragmentos permaneceram relativamente preservadas, em particular nas regiões mais acidentadas. A maioria dos fragmentos na região de estudo é composta por mata com 50 a 60 anos de regeneração, sendo a sua maioria com área inferior a 10 hectares. As alterações fisionômicas, estruturais e florísticas, decorrentes das atividades antrópicas são observáveis na maior parte dos fragmentos florestais.

A lei conhecida como de Crimes Ambientais (9605/98) estabelece que um cidadão

pode ser preso por extrair uma árvore. Diante disso, é imprescindível tomar como parâmetro no estabelecimento das zonas de proteção da APA estas legislações, que por si só já restringem a exploração nas áreas cobertas por essa vegetação.

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10.5 – Fauna

Um dos maiores perigos que ameaçam a sobrevivência das espécies mais exigentes

ecologicamente é a descaracterização da vegetação e, como conseqüência deste, a entrada de espécies invasoras. Desde que a caça seja coibida por meio de um eficiente sistema de vigilância, os cuidados envolvendo o manejo do parque devem levar em consideração estes dois fatores.

O isolamento age negativamente na riqueza de fragmentos de habtiat ao diminuir a

taxa (ou o potencial) de imigração ou de recolonização (Van Dorp & Opdam 1987, Hobbs 1988, Tangney et al. 1990, Verboom & Van Apeldoorn 1990). As espécies que conseguem se manter em fragmentos isolados tendem a se tornar dominantes (Hanson et al. 1990), e desta forma a diversidade do habitat diminui por uma redução da riqueza e de equabilidade biológica. Fragmentos de floresta de tamanho insuficiente ou muito isolados, não possibilitando a preservação de espécies que necessitam de grandes extensões de habitat para manter populações viáveis a longo prazo.

Os ambientes aquáticos da região, incluindo aqueles localizados em áreas abertas e na borda da mata, ainda que antrópicos representam poucos recursos não existindo uma grande variedade de espécies e quantidade de exemplares. Tendo uma maior concentração e diversidade de peixes apenas no Ribeirão São Francisco. Partindo do principio que os ciclos alimentares do ambiente aquático estendem-se ao ambiente terrestre, através de animais que se alimentam de peixes e outros organismos aquáticos, tal situação é desfavorável para muitos predadores, tais como serpentes, aves e morcegos.

Entre as espécies ameaçadas de aves, somente as espécies de Soco boi (Tigrisoma

sp.), Jacu guaçu (Penelope obscura), Gavião Pomba (Leucopternis SP) e Tesourinha da mata (Phibalura flavirostris) constituem preocupação imediata, mas outras aves também devem ser alvo preferencial de novos estudos. Destacando que foram catalogados uma espécie em perigo, uma criticamente, uma em perigo e cinco veneráveis. (Listas da fauna Mineira Ameaçada de Extinção – IEF-MG). Com relação à mastofauna o quadro é ainda mais preocupante apresentando quatro espécies em perigo, uma criticamente e duas veneráveis. A realização de projetos de pesquisas visando o levantamento de espécies, a ampliação do conhecimento da biologia e modo de vida de várias outras espécies pouco estudadas, com certeza aumentaria esta lista.

A peculiaridade das comunidades da APA e a fragilidade intrínseca do ecossistema

exigem medidas gerais de proteção principalmente da avifauna e mastofauna, incluindo aquelas situadas no entorno da APA.

11- Metodologia para elaboração do Plano de Manejo e Zoneamento.

O zoneamento ecológico econômico, além de ser considerado pela Lei 6.938/81 como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e tem sua definição legal na Lei Federal nº 9.985/00, instituidora do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

O IBAMA adota em seu “Roteiro Metodológico para a Gestão de Área de Proteção Ambiental “(IBAMA, 2001), o seguinte conceito de zoneamento ambiental: “é o instrumento que estabelece a ordenação do território da APA e as normas de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais. Atua organizando o espaço da APA em áreas com

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graus diferenciados de proteção e sobre as quais deve ser aplicado conteúdo normativo específico. Objetiva estabelecer distintos tipos e intensidades de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais, através da definição de um conjunto de zonas ambientais com seu respectivo corpo normativo. Tem como pressuposto um cenário de desenvolvimento futuro, formulado a partir das peculiaridades ambientais da região, em sua interação com processos sociais, culturais, econômicos e políticos, vigentes ou prognosticados para a APA e sua região.”

Alguns fatores de natureza legal, social ou ambiental orientaram a elaboração do zoneamento. Os parâmetros legais foram analisados no diagnóstico, sendo os principais textos a serem observados a legislação referente ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o Código Florestal, o Código de Mineração e o Código de Águas.

A Resolução nº 10/88 do CONAMA dispõe que as APAs deverão ter Zonas de Conservação e Zonas de Preservação da Vida Silvestre. Nas zonas de preservação da vida silvestre, segundo a referida resolução, será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais, enquanto nas zonas de conservação da vida silvestre poderá ser admitido um uso moderado e auto sustentado da biota, regulado de modo a assegurar a manutenção dos ecossistemas naturais.

Ainda segundo o artigo 5º da referida Resolução, nas APAs onde existam ou possam existir atividades agrícolas ou pecuárias, haverá Zona de Uso Agropecuário, nas quais serão proibidos ou regulados os usos ou práticas capazes de causar sensível degradação do meio ambiente.

Partindo destas fontes, foi elaborado um zoneamento para atender a estes objetivos e às necessidades de conservação dos recursos naturais da APA Serrana.

Como materiais básicos para o desenvolvimento dos trabalhos de zoneamento foram empregadas diversas bases cartográficas, imagens de satélite, visitas a campos, entrevistas e envolvimento da comunidade.

11.1 - Enfoque

Abordagem: O plano de manejo da APA Serrana apresenta três abordagens distintas, como mostra a figura

abaixo, sendo: enquadramento, diagnósticos e proposições, ou seja:

Enquadramento: Enquadramento da unidade nos cenários internacional, federal e estadual, destacando-se a

relevância e as oportunidades da UC nesses escopos. Essa primeira etapa de elaboração está sendo preparada através de pesquisa social, política e econômica das informações disponíveis do município de Divinésiae a micro-região a que está englobado.

Diagnóstico: Diagnóstico da situação sócio-ambiental da área da UC e sua caracterização ambiental e

institucional.

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Proposições: Proposições principalmente voltadas para APA e sua região, com a finalidade de

minimizar/reverter situações de conflito e otimizar situações favoráveis à UC, traduzidas em um planejamento.

Diagnóstico

ComunidadeA

Comunidade

B

ComunidadeC

Planejamento

Contextualização

da APA

Análise

Regional

Análise

da APA

APAM da Capivara Comunidades/Distritos

UC

Figura 47 – Abordagem do Plano de Manejo.

O Plano de Manejo é constituído por seis encartes, onde a Unidade de Conservação é

enfocada a partir da sua contextualização no cenário estadual, quando couber, o cenário federal. Parte-se então para uma análise da região ou entorno da APA e mais detalhadamente procede-se à análise da unidade de conservação propriamente dita. Uma vez dispondo-se de todos estes diagnósticos têm-se o conhecimento necessário para a definição e a tomada de decisão para o planejamento da UC e seu entorno. Os dois últimos encartes, Projetos Específicos e Monitoria/Avaliação estão vinculados à implementação do Plano de Manejo.

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Figura 48 - Apresenta a estruturação do Plano de Manejo.

Encarte 1 - Contextualização da APA: enquadra a unidade no cenário municipal e estadual. 1 – Cenário Estadual – Associa a UC a situações ambientais do Estado que podem

caracterizar oportunidades para compor corredores ecológicos, mosaicos e outras formas de parcerias.

2 – Cenário Municipal – Mostra a importância da APA Serana perante o Município de

Divinésia. • Encarte 2 – Análise Regional – trata dos municípios que compõem o entorno da Unidade de

Conservação. • Encarte 3 – Unidade de Conservação – apresenta as características bióticas e abióticas e os

fatores antrópicos, culturais e institucionais da APA, identificando os pontos fortes e fracos inerentes.

• Encarte 4 – Planejamento – aborda a estratégia de manejo da APA Serrana.

12 - Implementação do Plano de Manejo (2008-2005):

• Encarte 5 – Projetos Específicos – detalha situações especiais. Serão desenvolvidos e

implementados após a conclusão do plano de manejo (Projetos que serão implementados na Implementação do Plano de Manejo).

• Encarte 6 – Monitoria e Avaliação – estabelece os mecanismos de controle da eficiência,

eficácia e efetividade da implementação do planejamento.

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O planejamento constitui-se em um trabalho prévio e necessário para qualquer iniciativa seguindo métodos determinados, o que garante o sucesso do empreendimento. Este projeto propõe-se a detalhar a estratégia de planejamento para APA Serrana, desta forma assegurando-lhe o cumprimento de seus objetivos.

Este planejamento ocorre de forma processual e caracteriza-se por ser contínuo, gradativo, flexível e participativo. Mantém a correlação entre a evolução e a profundidade do conhecimento, a motivação, os meios e o grau de intervenção no manejo da unidade de conservação. Estabelece a relação de prioridades entre as ações, mantendo, ao longo do tempo, as grandes linhas e diretrizes que orientam o manejo, permite o ajuste durante a sua implementação e requer o envolvimento da sociedade em diferentes etapas de sua elaboração.

12.1. - Enfoques do Planejamento:

Figura 49 – Enfoques.

12.2 - Envolvimento da Comunidade

Primeira Reunião Técnica – Organização e Planejamento:

Nessa primeira etapa foram discutida pela equipe técnica a implementação do

planejamento das estratégias de ação de pesquisas, agendamento de datas, curso de capacitação para os membros do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Serrana, estruturação das oficinas de planejamento com a comunidade rural,

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sistematização da coleta e análise de informações sobre a Unidade de Conservação e o Município de Divinésia, elaboração do cronograma físico-financeiro do projeto.

Foram realizadas três oficinas as quais visaram instruir e orientar a população a respeito do que é uma APAM, função e atribuição do Conselho Gestor, Plano de Manejo entre outros tópicos relacionados. Nas oportunidades forma levantados problemas, soluções e potenciais, através do emprego de questionários e discussões com a comunidade.

Figura 50 – Parte dos objetivos de uma das palestras realizadas.

Figura 51 – Parte dos objetivos de uma das palestras realizadas.

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12.3 -Levantamento de Campo

Consistiu em visitas à área ao seu entorno, para reconhecimento e levantamento do que possuem e sua realidade, incluindo pontos fortes e fracos, problemas, ameaças e oportunidades para seu funcionamento. É nesta ocasião foram feitas todas as coletas de material biológico, se for o caso, e de informações e dados, inclusive aqueles de socioeconomia, de acordo com as características da APAM e seu entorno. Nessa oportunidade também são feitas as visitas e entrevistas com autoridades locais, vizinhos e outros moradores e com todas as instituições que possam influenciar de alguma maneira o manejo da APAM, na oportunidade foi empregado um questionário como modelo abaixo.

Modelo de Pesquisa com a Comunidade Rural

Nome:

Cônjuge:

Filhos:

Dependentes:

Comunidade Distrito:

Nome da Propriedade:

Área Total: Área de Mata: Área Agrícola:

Produção Principal: Produção Secundária:

Possui Energia Elétrica: ( ) Sim ( ) Não

Possui Reserva legal Averbada: ( ) Sim ( ) Não

Possui quantas nascentes na propriedade?

Possui Fossa Séptica (Esgoto)? ( ) Sim ( ) Não

Técnica utilizada no preparo do solo: ( ) Queimada ( ) Aração morro abaixo ( ) Aração com trator ( ) Aração com boi ( ) Aração em nível

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Utiliza agrotóxicos nas plantações? ( ) Sim ( ) Não

Faz uso de irrigação ou Plantio Direto? ( ) Irrigação ( ) Plantio Direto

Quantas nascentes servem à Propriedade? São protegidas por mata? ( ) Sim ( ) Não São isoladas, sem o acesso do gado? ( ) Sim ( ) Não

Conhece as informações sobre Proteção de nascentes? ( ) Sim ( ) Não

Possui conhecimento sobre a importância da preservação de matas? ( ) Nenhuma ( ) Razoável ( ) Muito boa

Já verificou algum tipo de tráfico de animais Em sua região? ( ) Sim ( ) Não

Costuma ver espécies de animais silvestres em sua região? ( ) Sim ( ) Não Qual a freqüência? ( ) 1 vez por semana ( ) 1 vez por mês ( ) 1 vez a cada seis meses

Aves

Répteis Anfíbios Mamíferos

Peixes Cobras

Acha importante o trabalho de preservação da

No caso de um Zoneamento englobando as matas de sua propriedade, ser classificado como uso restrito, você concordaria e ajudaria com a sua

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variedade de animais silvestres de sua região? ( ) Sim ( ) Não

preservação (mata)? ( ) Sim ( ) Não

Já observou na sua região a utilização de queimadas irregulares? ( ) Sim ( ) Não

Possui que tipo de recurso hídrico? ( ) Nascente ( ) Córrego ( ) Ribeirão ( ) Rio

Nesse(s) recurso(s) possui mata ciliar? ( ) Sim ( ) Não Se positivo responda: ( ) Inferior a 30 metros ( ) Superior a 30 metros

Possui acesso a algum tipo de financiamento? ( ) Sim ( ) Não

Quais os principais problemas enfrentados? Ambientais – Sociais -

O que acha que poderia ser feito para a preservação dos recursos naturais de sua região?

Tem algum tipo de Produção artesanal? ( ) Sim ( ) Não Qual ou quais?

Acha importante investimentos em Turismo-rural e Eco-turismo? ( ) Sim ( ) Não

Já utilizou ou utiliza dessa fonte de renda? ( ) Sim ( ) Não

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Utiliza do eucalipto como fonte alternativa de produção de madeira? ( ) Sim ( ) Não

Tem vontade de iniciar o plantio dessa espécie para a produção de madeira? Em caso de Positivo, determinar se: ( ) subsistência ( ) comercial

Acha importante a preservação das áreas de recarga hídrica para a melhoria da qualidade e quantidade de água? ( ) Sim ( ) Não

Possui as áreas de recarga hídrica da propriedade cobertos por matas? ( ) Sim ( ) Não

Participaria de um programa de preservação de nascentes e topos de morros em sua propriedade, recebendo e plantando mudas de espécies silvestres para reflorestamento de sua propriedade?

Faz uso dos recursos naturais da sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não

Já visitou ou visita algum órgão ambiental (Polícia Florestal, IEF, IBAMA, outros)? ( ) Sim ( ) Não Qual freqüência? ( ) uma única vez ( ) uma vez ao mês ( ) uma vez a cada seis meses ( ) uma vez ao ano

Lança esgoto derivado de curral, granja,ou outra fonte poluidora em algum recurso hídrico? ( ) Sim ( ) Não Se positivo: Qual nome desse recurso hídrico?

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A região da APAM Serrana possui cerca de 152 propriedades rurais, das quais foram visitadas 85 e aplicado o questionário de entrevista em 62 delas. Os resultados obtidos no que se refere à conservação do solo, flora, recursos hídricos, atividades desenvolvidas entre outros podem ser observados nos gráficos abaixo. A pecuária representa a principal atividade e fonte de renda das propriedades, seguida pela silvicultura.

13,33

6,67

40,00

6,67 6,67

26,67

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

%

Atividade Principal

CAFÉ MILHO PECUÁRIA FEIJÃO CANA EUCALIPTUS

Figura 52 – Atividade principal na propriedade.

Quase a totalidade das propriedades (80%) não possuem sistema primario de tratamento de efluentes domesticos sendo este efluentes lançados “in ntura” em córregos e brejos, já os residuos derivados das atividades agropecuarias na sua maioria são utilizados para confecçao de comspostagem.

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80,00

20,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

%

Existência de Fossa

NÃO SIM

Figura 53 – Tratamento de efluentes liquidos.

Cerca de 20% das propriedades rurais possuiem as matas cercadas para evitar a entrada de gado e consequencia danificação do sub-bosque e afugentamento da fauna.

80,00

20,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

%

Mata protegida - Isolada

NÃO SIM

Figura 54 – Isolamento (cercamento) dos Fragmentos.

Apesar de ser uma exigencia legal mais de 93% das propriedades rurais não possuem reserva legal averbada, cabendo salientar que em muitas propriedades não há a presença de fragmentos florestais nativos.

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66

93,33

6,67

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

%

Reserva Legal Averbada

NÃO SIM

Figura 55 – Reserva Laegal Averbada.

Nas propriedades servidas por cursos d’água mais de 86% são desprovidas de mata ciliar, fato este derivado principalmente pela ocupaçao do solo destas áreas, os quais normalmente são mais ferteis e e facil mecanizaçao.

86,67

13,33

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

%

Existencia de Mata Ciliar

NÃO SIM

Figura 56 – Mata ciliar.

Das propriedades com nascentes pouco mais de 53% possuem área de recarga hidrica recoberta por fragemnto florestal.

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67

46,67

53,33

42,00

44,00

46,00

48,00

50,00

52,00

54,00

%

Existência de Área de Recarga Hidrica

NÃO SIM

Figura 57 – Área de Recarga Hidrica.

As nascentes são a principal fonte de água para a propriedade, seja para desedentação de animais ou consumo domestico.

66,67

33,33

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

%

Recursos Hidricos

NASCENTE CORREGO

Figura 58 – Recurso hidrico utilizado na propriedade.

O uso de agrotóxico sem a devida orintenação tecnica é comum nas propriedades, derivado principalmente pela cafeicultura ser a cultura principal.

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60,00

40,00

0

10

20

30

40

50

60

%

Uso de Agrotóxico

NÃO SIM

Figura 59 - Uso de Agrotóxico.

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13 – Proposta de Zoneamento

Figura – Uso intensivo do solo.

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Figura – Conservação dos Recursos Hídricos.

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Figura – Zona de Preservação e Conservação da Vida Silvestre e Flora

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Figura - Zona de Interesse Turístico.

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Figura - Zoneamento

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15 - Conclusões e Recomendações

Geral Maior incentivo à pesquisa científica na região, promovendo a aplicação do ICMS

ecológico, o Estado repassa aos municípios parte dos recursos do ICMS, de acordo com o tipo e o tamanho das áreas protegidas de cada Município. Desta forma, as unidades de conservação que antes eram vistas como um entrave ao desenvolvimento econômico municipal - já que aquelas áreas não podiam sofrer o mesmo tipo de exploração econômica - passaram a ter um status de geradoras de receita para os Municípios;

Devido à peculiaridade da APA ser cruzada em total sua extensão pela MG 124, todos os programas relativos à conservação da fauna e flora, necessitam de uma atenção especial.

Flora As normas legais de proteção notadamente as que tratam das Áreas de

Preservação Permanente (APP), cujos parâmetros, definições e limites são definidos pelo Código Florestal (Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965), pela Medida Provisória 2.080/64, de 13 de junho de 2001, pela Resolução do CONAMA 303, de 20 de março de 2002, Lei Estadual 14.309/02 de 19/06/2002 entre outras.

Reflorestamento com espécies nativas que forneçam uma cobertura permanente do solo devem ser implantados, respectivamente, em áreas íngremes e nas áreas de bordaduras de córregos e rios, conforme a lei determina;

Averbação da Reserva Legal de pelo menos 20% de sua área em matas ou área a reflorestar. Este requisito não se tem atendido na prática, na região em estudo de forma geral, o que prescreve esta lei;

Inibição do uso do fogo;

Formação de corredores ecológicos.

Fauna Programa de monitoramento, inventário e manejo de Fauna;

Redução e/ou suspensão do uso de agrotóxico.

Solos

O controle da erosão em terras rurais é muito complexo por envolver questões

tanto de ordem técnica como socioeconômicas, e que devem ser conjuntamente avaliadas visando à adoção de uma política agrícola que contemple a manutenção ou aumento do potencial produtivo das terras. No que se refere às questões técnicas, destacam-se como fundamental a utilização adequada de práticas agrícolas de conservação do solo, a adoção de medidas contra a erosão associada a estradas, e o fornecimento de subsídios visando o planejamento da ocupação agrícola através da elaboração de do diagnóstico de aptidão agrícola e capacidade de erosão das terras.

Medidas propostas divididas em vegetativas, edáficas e mecânicas.

Orientação aos produtores rurais, para adoção de práticas agrícolas menos agressivas ao ambiente, através dos órgãos de pesquisa, assistência técnica e extensão agropecuária;

Rotação de culturas e a manutenção de cobertura morta;

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Quando comparado ao sistema convencional de cultivo, o plantio direto é considerado como uma prática de conservação do solo, minimizando perdas por processos erosivos;

Para introduzir o controle integrado de erosão ao nível de cada propriedade, deve-se elaborar um plano de conservação do solo. De acordo com este planejamento, devem ser implantadas as práticas adequadas a cada localidade, para um controle de erosão abrangente;

Plantio, preparo do solo e manejo fitotécnico em nível (e não no sentido “morro abaixo”) como se tem visto em várias propriedades da região;

Vegetação de contenção, terraceamento, sistema de drenagem, plantio direto:

Rotação de culturas, adubação e uso de corretivos químicos ou orgânicos;

Controle do fogo;

Cobertura mort;a

Consorciação de culturas;

Cultivos em nível;

Terraceamento;

Controle de voçorocas;

Formação e manejo de pastagens;

Drenagem;

Irrigação;

Barragem;

Reflorestamento. Recursos Hídricos

Construção de micro-bacias de contenção d´água: estas estruturas devem ser feitas à beira das estradas, quando não se pode evitar que o percurso seja no sentido do escoamento da água pluvial;

Uso de agrotóxicos e fertilizantes sempre respeitando a recomendação do fabricante e com receituário agronômico;

Ações de monitoramento com o desenvolvimento de um projeto de coleta e avaliação da qualidade de água;

Construção de fossa séptica para tratamento do esgoto doméstico; Turismo

Respeito à Legislação Vigente: O turismo deve respeitar a legislação vigente em todos os níveis no país, as convenções internacionais e os Princípios e Critérios do Turismo Sustentável;

O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das regiões receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em harmonia às suas tradições e valores culturais;

Identificar os aspectos de infra-estrutura e recursos humanos necessários;

Oferecer uma gastronomia típica, saborosa e higiênica;

Ter uma ou mais atividades produtivas que caracterizem a propriedade;

Beleza natural da propriedade;

Opções de atividades para os hóspedes acompanharem a rotina da propriedade;

Contato com a cultura e a tradição local;

Acesso fácil;

Possibilidade de compra de produtos típicos, entre outros;

Capacitação de técnicos e monitores, dimensionar instalações, trilhas e passeios,e planejar as atividades;

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Socioeconomia Para viabilizar a implementação de um plano de manejo que não entre em conflito

direto com as atividades desempenhadas na APAM, torna-se fundamental o conhecimento da realidade socioeconômica dos municípios, particularmente do contexto sócio-ambiental das propriedades rurais inseridas nesta unidade de conservação. A APAM apresenta uma situação onde existe o predomínio da exploração intensiva agrícola, baseada em médias e pequenas propriedades, associadas a atividades como a agropecuária e áreas de reflorestamento.

A adequada distribuição espacial das atividades econômicas que fazem uso dos

recursos naturais da APAM e a introdução de sistemas de manejo baseados em princípios sustentáveis, sejam agrícolas, de pastagens, silvicultura, manejo de florestas nativas, de recreação ou de visitação, possibilitam um melhor desempenho econômico destas atividades a longo prazo aliado ao atendimento de objetivos de conservação;

Estabelecimento e desenvolvimento de programas de comunicação social e educação ambiental que tratem do repasse de informações sobre a APAM e os estudos realizados, assim como as atividades relacionadas à proteção dos recursos naturais, inserção da UC no meio ambiente e modo de vida da população local.

Modificação do perímetro da APAM Exclusão da sede do município, bem como suas zonas de expansão urbana da

APA, visando minimizar o conflito de usos.

16 - Referências Bibliográficas

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