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PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Mirian L PachecoAv. Presidente Antonio Carlos, 251 11o. andar - Gab.03Castelo RIO DE JANEIRO 20020-010 RJ
PROCESSO: 0077500-46.2009.5.01.0044 RO
A C Ó R D Ã O
5ª T U R M A
PLANO DE SAÚDE. DIREITO ADQUIRIDO.
AUXÍLIO-DOENÇA. O cancelamento abrupto do
plano de saúde caracteriza-se como violação
ao direito adquirido do reclamante, que é
detentor do benefício ainda que em gozo de
auxílio-doença, devendo ser restabelecido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário,
interposto contra a sentença proferida pela MM. 44ª Vara de Trabalho do Rio de
Janeiro, em que são partes: SENDAS DISTRIBUIDORA S.A., recorrente, e
REGIFÁBIO DA SILVA, recorrido.
RELATÓRIO
Inconformada com a r. sentença de fls. 110/114, que julgou procedente
o pedido, a reclamada interpõe recurso ordinário.
Embargos de declaração opostos a fls. 116/118 pela reclamada, os
quais foram rejeitados, conforme decisão a fls. 120/121.
Pretende a reclamada a reforma da sentença a quo no tocante ao
restabelecimento do plano de saúde sob o argumento de que inexiste previsão legal
que obrigue a sua manutenção na hipótese de suspensão contratual em virtude de o
reclamante encontrar-se em gozo de auxílio-doença.
Custas a fl. 133 e depósito recursal a fl. 134.
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Contrarrazões do reclamante a fls. 147/150.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do
recurso.
MÉRITO
DO RESTABELECIMENTO DO PLANO DE SAÚDE
Requer a reclamada a reforma do julgado quanto à reintegração do
reclamante ao plano de saúde.
Alega a recorrente que, por liberalidade, costuma fornecer aos seus
empregados plano médico somente pelo período de afastamento que não ultrapasse
o lapso de 2 anos.
Aduz que, por inexistente previsão legal que determine a inclusão do
reclamante em plano médico-hospitalar, indevida tal condenação bem como a
aplicação de multa diária deferidas na sentença recorrida.
Razão não lhe assiste.
É incontroverso que o autor era beneficiário do plano de saúde médico,
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o qual era concedido a todos os empregados da ré, e que, em dezembro/2005,
entrou em gozo de auxílio-doença, tendo a reclamada cancelado o referido plano.
Todavia, nos termos do art. 476 da CLT, considera-se como licença
não remunerada o período em que o empregado se encontra em gozo de auxílio-
doença, implicando a suspensão de seu contrato de trabalho.
Não se pode admitir que o benefício seja cancelado exatamente no
momento em que o empregado se encontra convalescente. Trata-se de direito
adquirido do empregado ao longo do tempo, devendo ser mantido mesmo durante
seu afastamento para gozo do auxílio-doença previdenciário.
O fato de o reclamante encontrar-se enfermo no momento do
cancelamento do benefício atrai, por si só, a incidência dos princípios-norma
constitucionais que transcendem as disposições da lei ordinária, tais como:
dignidade da pessoa, direito social à saúde e valor social do trabalho.
Ademais, se a ré costuma arcar com o custeio integral do plano de
saúde dos seus empregados até 2 anos após seu afastamento para gozo de
auxílio-doença, conforme confessado em seu recurso, por sua própria conta e
liberalidade, o fornecimento do benefício aderiu ao contrato de trabalho do
reclamante.
A alteração dessa concessão, mediante o cancelamento repentino do
plano de saúde, acarretou inequivocamente prejuízo ao empregado, nos termos do
art. 468 da CLT.
Invoca o recorrente os termos da Lei 9656/98, que dispõem acerca de
planos e seguros privados de assistência à saúde. Sustenta que, mesmo afastado
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por doença, o reclamante poderia optar em continuar com o plano médico desde que
arcasse com o ônus das mensalidades.
Ressalte-se que o referido artigo se aplica às hipóteses de rescisão do
contrato de trabalho sem justa causa, o que não é o caso dos autos. Ademais,
jamais a lei geral pode sobrepor-se à especial (CLT).
Assim, nesse aspecto, nada a reparar na decisão de 1º grau, devendo
a reclamada reincluir e manter o reclamante no plano de saúde, sob pena de
pagamento da multa diária já fixada.
Nego provimento.
DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS
Sustenta a recorrente que não houve má-fé de sua parte ao opor os
embargos declaratórios a fls.116/118 porque pretendia fosse esclarecido item
apontado na sentença recorrida.
Requer a reclamada a reforma da sentença ''que manteve a
condenação da recorrente ao pagamento da indenização no importe de 10% sobre o
valor da condenação e multa de 1%''.
Sem razão.
Ao contrário do que aduz a recorrente, a multa de 1% sobre o valor da
causa foi corretamente aplicada pelo Juízo a quo, pois os embargos de declaração
versaram sobre matéria abordada na sentença, inexistindo as
omissões/obscuridades apontadas.
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É clara a sentença de 1º grau ao dispor que o reclamante deverá ser
reincluído no Plano de Saúde; a condenação de sua manutenção no referido plano é
consequência lógica da reinclusão.
Quanto à alegada multa de 10% mencionada pelo recorrente, não se
constata sua aplicação à reclamada na sentença a fls.110/114 tampouco na decisão
de embargos a fls. 120/121.
Assim, mantém-se a multa de 1% sobre o valor da causa aplicada à
reclamada por procrastinatórios seus embargos, conforme previsto a fl.121.
Nego provimento.
CONCLUSÃO
Nego provimento ao recurso.
A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 5ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, NEGAR provimento
ao recurso, nos termos do voto da desembargadora relatora.
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2011.
Desembargadora Federal do Trabalho Mirian Lippi Pacheco
Relatora
aoj
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