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SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – SEMDES
PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SÓCIOEDUCATIVO DO MUNICÍPIO DE
PIRACICABA-SP.
PIRACICABA-SP
Documento elaborado pela equipe do Departamento de Proteção Social Especial da
SEMDES, em parceria com as demais secretarias de políticas públicas do Município e
entidade parceira que executa o atendimento socioeducativo de Liberdade Assistida e
de Prestação de Serviços à Comunidade, com vistas ao planejamento das ações de
execução do Serviço de Atendimento Socioeducativo em meio aberto no Município.
I. Identificação
1.1. Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo
Vigência: 2014 – 2024.
Período de elaboração:
DATA AÇÃO HORÁRIO LOCAL
18/08 1ª Reunião da Comissão –
Apresentação de dados 9h00 SEMDES
05/09 2ª Reunião da Comissão –
Apresentação de Matriz de Planejamento
8h30 SEMDES
26/09 3ª Reunião da Comissão –
Discussão da Matriz de Planejamento
8h30 SEMDES
10/10 4ª Reunião da Comissão –
Discussão da Matriz de Planejamento
8h30 SEMDES
17/10 5ª Reunião da Comissão – Apresentação da versão
preliminar do Plano Municipal 8h30 SEMDES
27 a 31/10
Consulta pública - Site SEMDES
03 a 07/11
CMDCA e CMAS A definir A definir
Responsáveis pela elaboração:
Nome Representação
Dra. Tatiane Aparecida Narciso Gasparoti
Procuradoria Jurídica
Lúcia Cristina de Oliveira Santini José Douglas Galvão
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEMDES
Ângela Márcia Fossa Secretária Municipal de Saúde – SMS
Renata Graziela Duarte Gava Secretaria Municipal de Ação Cultural –
SEMAC
Marcolino Malosso Filho Secretaria Municipal de Esporte e Lazer –
SELAM
Keila Arruda Nicolau Valente Secretaria Municipal de Trabalho e
Renda – SEMTRE
Narzi Alves Novalis Guarda Civil – GC
Iara Aparecida Rodrigues Secretaria Municipal de Educação – SME
Dra. Vivian de Sordi Villela Lorenzi Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba – EMDHAP
Fábio Dias da Silva Serviço de Apoio ao Adolescente com
Medida Socioeducativa – SEAME
Vara da Infância e Juventude de
Piracicaba
Promotoria de Justiça – Infância e
Juventude
Defensoria Pública
Conselho Tutelar
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – CMDCA
Conselho Municipal Sobre Álcool e
Outras Drogas
Conselho Municipal da Assistência Social
– CMAS
Diretoria de Ensino
Universidade Metodista de Piracicaba –
UNIMEP
1.2. Prefeitura Municipal
Município: Piracicaba
Nome do Gestor Municipal (Prefeito): Gabriel Ferrato dos Santos
Nível de Gestão: ( ) Inicial ( X )Básica ( ) Plena
Porte do Município:
( ) Pequeno Porte I
( ) Pequeno Porte II
( ) Médio Porte
( X ) Grande Porte
Endereço da Prefeitura:
Rua: Antônio Correia Barbosa
Bairro: Chácara Nazareth Número: 2233
CEP: 13.400-900 Telefone: 34031000
E-mail: [email protected] Site: www.piracicaba.sp.gov.br
1.3. Órgão responsável pela Gestão do Plano Municipal de Medidas
Socioeducativas:
Nome do Órgão Gestor (Secretaria/Serviço): Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Social
Nome do Gestor Municipal (Secretário/a): Eliete Nunes F. da Silva
Endereço:
Rua Alferes José Caetano
Bairro: Centro Número: 1128
CEP: 13400-123 Telefone: 34178800
E-mail: [email protected]
1.4. Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA:
Nome do Presidente: Marcolino Malosso Filho
Telefone: E-mail: [email protected]
1.5. Conselho Tutelar:
Conselho Tutelar I:
Nome do Coordenador: Rodolpho Hoff Júnior
Telefone: (19) 34325775 E-mail: [email protected]
Conselho Tutelar II:
Nome do Coordenador: Fernando de Paula Gomes
Telefone: (19) 34135497 E-mail: [email protected]
II. Introdução
O presente documento objetiva apresentar a organização e as ações do
Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa (MSE) de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC) no município de Piracicaba-SP.
Sua elaboração pautou-se nas prerrogativas do Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA (Lei nº 8069/90), da Política Nacional de Assistência Social
(PNAS), da Resolução nº 109/2009 que aprova a Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE
(Lei Federal nº 12.594/2012).
O Plano, consolidado neste documento, foi fruto de uma construção coletiva e
contou com a participação dos atores que compõe o Sistema de Garantia de Direitos
de Crianças e Adolescentes e demais órgãos governamentais.
O processo se iniciou com o Curso do Plano Municipal de Atendimento
Socioeducativo, organizado pelo Instituto São Paulo de Cidadania e Política, Oscip
Mundo Melhor (OMM), tendo em vista qualificar e instrumentalizar os atores do
Sistema de Garantia de Direitos na construção do Plano Municipal citado, e que
contou com a participação dos profissionais do Departamento de Proteção Social
Especial e do Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa (SEAME),
entidade que executa o atendimento socioeducativo no Município.
Após isso, o planejamento do trabalho incluiu a coleta de dados dos
atendimentos junto à coordenação da entidade, a partir de algumas perguntas
orientadoras sobre a violência urbana no município e as características dos
adolescentes que cumprem medida socioeducativa ao levar em conta a incidência dos
atos infracionais por divisão de território dos Centros de Referência de Assistência
Social (CRAS).
A imersão sobre os dados dos territórios do Município, o perfil e as
necessidades dos adolescentes e a rede de serviços existentes serviu de base para se
produzir um conhecimento indicador de caminhos necessários para a promoção de
iniciativas voltadas a diminuição dos fatores de risco e para a promoção dos fatores de
proteção dos adolescentes do Município.
Desta forma, através do Decreto nº 15.743 de 31 de julho de 2014, que instituiu
a Comissão de Elaboração do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, de
que trata o art. 7º, § 2º e art. 8º da Lei Federal nº 12.594/12 – Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo –, foi possível a elaboração do Plano Decenal com ações
e propostas articuladas em encontros realizados com as Secretarias Municipais de
Desenvolvimento Social, de Saúde, de Educação, da Ação Cultural, de Esportes,
Lazer e Atividades Motoras, do Trabalho e Renda, da Guarda Civil, da Empresa
Municipal de Desenvolvimento Habitacional (EMDHAP) e da Procuradoria Geral do
Município, além dos membros convidados, tais como: representantes do Tribunal de
Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, Diretoria de Ensino,
Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA), Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
Cabe destacar, a participação dos profissionais diretamente envolvidos na
execução das medidas socioeducativas em meio aberto no Município que, com suas
experiências cotidianas, muito contribuíram para as propostas lançadas, bem como a
pesquisa realizada referente ao impacto das intervenções institucionais com os
adolescentes egressos (2005 à 2010) e com os adolescentes em cumprimento de
medida socioeducativa, que puderam avaliar, junto as famílias, o que já vinha sendo
executado no âmbito desses programas, possibilitando traçar estratégias que
atendessem suas demandas.
Devemos destacar que o Município de Piracicaba tem um trabalho voltado para
a população em questão desde 1981, a partir de uma iniciativa do Bispo Emérito Dom
Eduardo Koaik junto a Diocese de Piracicaba, ainda na vigência do Código de
Menores. O projeto era desenvolvido pelos Casais Voluntários em parceria com a
Faculdade de Serviço Social de Piracicaba, com a denominação de Projeto de
Liberdade Orientada para Menores Infratores, tendo a finalidade de atender a
adolescentes primários autores de atos infracionais leves.
O trabalho foi se consolidando e em 1983, passou a denominar-se Serviço de
Apoio ao Menor (SEAME). A partir de janeiro de 1988 o SEAME ficou vinculado à
Pastoral do Serviço de Caridade (PASCA), entidade também criada pela Diocese de
Piracicaba.
Em 2006 a sigla foi alterada para Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida
Socioeducativa (SEAME) para se adequar às mudanças normativas.
É preciso, contudo, salientar que foi partir de 2010 que o serviço de medidas
socioeducativas foi municipalizado e a Prefeitura do Município de Piracicaba, em
parceria com o SEAME, iniciou uma readequação no atendimento de acordo com as
orientações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES), baseadas
nas prerrogativas do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8069/90), da
Política Nacional de Assistência Social (PNAS), da Resolução nº 109/2009 que aprova
a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo – SINASE (Lei Federal nº 12.594/2012)
No ano de 2011 o SEAME inicia um novo projeto voltado a um trabalho
preventivo com crianças e adolescentes, o qual é subsidiado pelo Fundo Municipal da
Criança e do Adolescente (FUMDECA).
Desde o início, o trabalho do SEAME mantém vínculo com a Vara da Infância e
Juventude da Comarca de Piracicaba que encaminha à entidade os adolescentes aos
quais foram aplicadas as medidas socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação
de Serviços à Comunidade. Além disso, se mantém até hoje o trabalho dos Casais
Voluntários em parceria com o atendimento técnico.
2.1. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) – Lei nº
12.594/2012
O processo democrático e estratégico de construção do SINASE concentrou-se
especialmente num tema que tem mobilizado a opinião pública, a mídia e diversos
segmentos da sociedade brasileira: o que deve ser feito no enfrentamento de
situações de violência que envolvem adolescentes enquanto autores de ato infracional
ou vítimas de violação de direitos.
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda,
responsável por deliberar sobre a política de atenção à infância e à adolescência, tem
buscado cumprir seu papel normatizador e articulador, ampliando os debates para
envolver efetiva e diretamente os demais atores do Sistema de Garantia dos Direitos.
Tendo como premissa básica a necessidade de se constituir parâmetros mais
objetivos e procedimentos mais justos que evitem ou limitem a discricionariedade, o
SINASE reafirma a diretriz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sobre a
natureza pedagógica da medida socioeducativa.
O ECA expressa direitos da população infanto-juvenil brasileira, pois afirma o
valor intrínseco da criança e do adolescente como ser humano, a necessidade de
especial respeito à sua condição de pessoa em desenvolvimento, o valor prospectivo
da infância e adolescência como portadoras de continuidade do seu povo e o
reconhecimento da sua situação de vulnerabilidade, o que as torna merecedoras de
proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado; devendo este atuar
mediante políticas públicas e sociais na promoção e defesa de seus direitos.
A mudança de paradigma e a consolidação do ECA ampliaram o compromisso
e a responsabilidade do Estado e da Sociedade Civil por soluções eficientes, eficazes
e efetivas para o sistema socioeducativo e asseguram, aos adolescentes que
infracionaram, oportunidade de desenvolvimento e uma autêntica experiência de
reconstrução de seu projeto de vida. Dessa forma, esses direitos estabelecidos em lei
devem repercutir diretamente na materialização de políticas públicas e sociais que
incluam o adolescente em conflito com a lei.
Sendo assim, priorizaram-se as medidas em meio aberto (LA e PSC) em
detrimento das restritivas de liberdade (semiliberdade e internação). Trata-se de
estratégia que busca reverter à tendência crescente de internação dos adolescentes
bem como confrontar a sua eficácia invertida, uma vez que se tem constatado que a
elevação do rigor das medidas não tem melhorado substancialmente a inclusão social
dos egressos do sistema socioeducativo.
Tal demanda necessita da efetiva participação dos sistemas e políticas de
educação, saúde, trabalho, previdência social, assistência social, cultura, esporte,
lazer, segurança pública, entre outras, para a efetivação da proteção integral de que
são destinatários todos adolescentes.
A implementação do SINASE objetiva primordialmente o desenvolvimento de
uma ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos. Defende,
ainda, a ideia dos alinhamentos conceitual, estratégico e operacional, estruturada,
principalmente, em bases éticas e pedagógicas.
O adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações socioeducativas que
contribua na sua formação, aprendendo com a experiência acumulada individual e
social, potencializando sua competência pessoal, relacional, cognitiva e produtiva, ao
propiciar o acesso a direitos e às oportunidades de superação de sua situação de
exclusão, de ressignificação de valores, para não reincidir na prática de atos
infracionais.
As ações socioeducativas devem exercer uma influência sobre a vida do
adolescente, contribuindo para a construção de sua identidade, de modo a favorecer a
elaboração de um projeto de vida, o seu pertencimento social e o respeito às
diversidades (cultural, étnico-racial, de gênero e orientação sexual), possibilitando que
assuma um papel inclusivo na dinâmica social e comunitária.
Para tanto, a elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) constitui-se
numa importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do
adolescente e na conquista de metas e compromissos pactuados com esse
adolescente e sua família durante o cumprimento da medida socioeducativa. A
elaboração do PIA se inicia na acolhida do adolescente no programa de atendimento e
sua elaboração é a realização do diagnóstico por meio de intervenções técnicas junto
ao adolescente e sua família.
2.2. Municipalização do Atendimento Socioeducativo
Em 18 de janeiro de 2012, a Lei 12.594, que institui o Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo (SINASE), teve seu texto regulamentada para a
execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes que estejam em
conflito com a lei.
Pelas disposições contidas na Constituição Federal e na Lei do SINASE, cabe
à União a coordenação nacional e a formulação de regras gerais do atendimento
socioeducativo, enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm o dever
de gerenciar, coordenar e executar programas de atendimento socioeducativo no
âmbito de suas competências.
A municipalização dos programas de meio aberto, ocorre mediante a
articulação de políticas intersetoriais em nível local, a constituição de redes de apoio
nas comunidades, e por outro lado, a regionalização dos programas de privação de
liberdade a fim de garantir o direito à convivência familiar e comunitária dos
adolescentes internos, bem como as especificidades culturais.
O significado da municipalização do atendimento no âmbito do sistema
socioeducativo é que tanto as medidas socioeducativas quanto o atendimento inicial
ao adolescente em conflito com a lei devem ser executados no limite geográfico do
município, de modo a fortalecer o contato e o protagonismo da comunidade e da
família dos adolescentes atendidos.
Trata-se do planejamento de uma política pública intersetorial que, como tal,
não pode ficar a cargo apenas de um setor da administração, seja ele qual for. É
importante lembrar que a elaboração do Plano de Atendimento Socioeducativo
depende de dados confiáveis acerca da demanda de atendimento, e estes deverão ser
colhidos junto aos diversos serviços e órgãos.
O Plano Municipal deve prever abordagens múltiplas junto aos adolescentes e
suas famílias, que deverão ser executadas pelos mais diversos setores da
administração com ênfase para aqueles responsáveis pela educação, saúde,
assistência, trabalho/profissionalização, cultura, esporte e lazer, sendo cada qual
devidamente justificada sob o ponto de vista técnico, a partir de uma análise crítica – e
também interdisciplinar – das vantagens e desvantagens de cada ação planejada.
Diante do exposto, a Lei do SINASE institui aos Municípios as seguintes
atribuições:
Art. 5o Compete aos Municípios:
I – Formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento
Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado;
II – Elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em
conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual;
III – Criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas
socioeducativas em meio aberto;
IV – Editar normas complementares para a organização e funcionamento dos
programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo;
V – Cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento
Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à
atualização do Sistema;
VI – Cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução
de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido
para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem
foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto.
Ademais, o fato de o Município ser o responsável pela execução das medidas
em meio aberto não exclui de nenhuma maneira a gestão participativa deste ente
federado com o Estado, vez que este também tem o dever de prestar assistência
técnica ao Município na construção e na implementação do Sistema Socioeducativo,
nele compreendidas as políticas, planos, programas e demais ações voltadas ao
atendimento ao adolescente a quem se atribui ato infracional desde o processo de
apuração, aplicação e execução de medida socioeducativa.
III. Diagnóstico.
O SEAME, enquanto executor das medidas socioeducativas de Liberdade
Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade, em conjunto com a SEMDES
realizaram um levantamento de dados para responder questões relacionadas aos 269
adolescentes1 em atendimento no SEAME em Junho de 2014 e suas famílias,
objetivando estabelecer um “contorno” ao qual possa ser iniciado um diálogo acerca
do Plano Municipal.
3.1 – MAPEAMENTO
O perfil do Município de Piracicaba em relação aos adolescentes em
cumprimento de Medida Socioeducativa, tem como característica um território que
engloba cerca de 83 bairros. Para facilitar o estabelecimento de estratégias para
intervenções, foi realizado um mapeamento por território de CRAS.
3.1.1 – Mapeamento por território de CRAS
1 Em junho de 2014 o SEAME contava com 275 adolescentes em atendimento, dos
quais 6 não haviam iniciado o atendimento, a Interpretação de Medida, ou seja, ainda não havia sido coletada as informações necessárias para inclusão neste levantamento de dados.
3.1.8 – CRAS – Piracicamirim (79)
3.2 – COMPARATIVO
Os dados a seguir enfatizam as questões quantitativas e o comparativo com
outros anos em relação aos adolescentes em cumprimento de Medidas
Socioeducativas. É necessário salientar que o aumento dos casos em 2013 é
decorrente da criação da Vara da Infância e Juventude, que dinamizou a execução
dos processos, e não necessariamente do aumento das ações infracionais cometidas
por adolescentes.
3.3 – LEVANTMENTO DE DADOS QUALITAVIVOS
A partir de uma análise qualitativa, os Orientadores de Medida seguiram
norteadores para avaliar questões objetivas e subjetivas da população em questão.
3.3.1 – Causa
A partir do atendimento psicossocial, o Orientador de Medida levantou
hipóteses dos fatores que poderiam ser a causa do comportamento infracional. Os
adolescentes em sua maioria apresentam de 2 a 3 fatores de causa.
Histórico familiar
A intensão deste gráfico é apresentar uma característica do histórico dos
adolescentes, não cabendo comparações de juízo de valor com diferentes modelos de
família. Informamos aqui somente quem permanece com seus progenitores (família de
origem) e aqueles aos quais os progenitores constituíram novas famílias (que também
podem proporcionar novas figuras de referência aos adolescentes).
Dinâmica Familiar
“Sem vínculo familiar” corresponde aos adolescentes que estão sob Medida
Protetiva de acolhimento institucional, não necessariamente com o vínculo rompido
com a família.
Figura Paterna
Figura Materna
Drogas
A partir do relato do adolescente, família, do atendimento psicossocial e
informações coletada junto a rede de atendimento do município, o Orientador de
Medida levantou hipótese acerca do uso de entorpecentes.
Perspectiva
A partir do relato do adolescente, família, do atendimento psicossocial e
informações coletada junto a rede de atendimento do município, o Orientador de
Medida levantou hipótese acerca da aderência aos objetivos da Medida
Socioeducativa.
IV. Objetivo
4.1 – Objetivo Geral
Realizar o acompanhamento social e sistematizar o atendimento
socioeducativo aos adolescentes em conflito com a lei, encaminhados pela Vara de
Infância e da Juventude da comarca de Piracicaba-SP, durante o cumprimento de
medidas socioeducativas em meio aberto nas modalidades de Liberdade Assistida
(LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) e sua inserção em outros
serviços da rede socioassistencial e intersetorial do município.
4.2 – Objetivos Específicos
Realizar o acolhimento do adolescente e sua família através do atendimento do
SEAME;
Realizar o acompanhamento social do adolescente e de sua família através de
entrevistas sociais, visitas domiciliares, encaminhamentos para a rede
socioassistencial e intersetorial do município, e de oficinas socioeducativas
executadas na entidade parceira;
Promover atividades que envolvam aprendizado relativo à cidadania,
profissionalização, recreação, artes e cultura;
Promover sua integração à família, à comunidade e à sociedade em geral;
Estimular a participação da família no acompanhamento do adolescente;
Apoiar a ampliação do número de vagas nos programas de profissionalização
já existentes;
Articular a política municipal de saúde ao atendimento das crianças e
adolescentes;
Encaminhar e/ou acompanhar o adolescente na rede de ensino do município;
Garantir a manutenção e a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos pela
rede de atendimento socioeducativo no município;
Elaborar o Plano Individual de Atendimento – PIA, será elaborado sob a
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento,
com a participação efetiva do adolescente e de sua família;
Proporcionar conhecimentos aos técnicos e orientadores, sobre execução das
medidas socioeducativas em meio aberto, conforme os parâmetros e diretrizes
do SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo;
Conscientizar a sociedade de sua importância na socialização do adolescente;
Disponibilizar informações organizadas e sistematizadas em relação à política
de atendimento socioeducativo, visando maior transparência possível e
efetividade da política pública;
Promover discussões, encontros, seminários gerais e temáticos;
Promover ações de prevenção da violência em suas diversas manifestações;
Conscientizar Executivo e Legislativo Municipal da importância de criar uma
política de promoção de oportunidades aos adolescentes do município,
incentivando a profissionalização e os estudos.
V. Público-Alvo
Adolescentes de 12 a 18 anos incompletos, ou jovens de 18 a 21 anos, em
cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de
Serviços à Comunidade (PSC), encaminhados pela Vara da Infância e da Juventude
de Piracicaba-SP.
VI. Recursos Humanos
A Instituição conta com 17 profissionais em regime CLT, sendo:
1 Coordenador Técnico;
1 Coordenador Administrativo;
10 Orientadores de Medida (6 Assistentes Sociais e 4 Psicólogos);
1 Cozinheira;
1 Serviços Gerais;
1 Guarda Civil;
1 Psicóloga;
1 Assistente Social.
Em regime RPA:
1 Pedagoga;
1 Arteterapeuta;
1 Cabelereiro;
1 Técnico de informática.
A Instituição ainda conta com profissionais que atuam por meio de parcerias:
2 Educadores físicos (SELAM);
4 Psicólogas (Espaço Orientação);
1 Professora de Yoga (trabalho voluntário com a equipe do SEAME);
5 profissionais do Projeto “Menino Gourmet” (Casa do Bom Menino);
2 Psicólogos (voluntários para trabalhos de reflexão com a equipe técnica);
6 Estagiários (UNIMEP);
1 Estagiário (ANHAGUERA).
VII. Metodologia
A Liberdade Assistida de acordo com o art. 118 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), a medida de Liberdade Assistida será adotada com a finalidade de
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente, pelo prazo mínimo de seis meses,
podendo ser prorrogada, revogada ou substituída a qualquer tempo, ouvido o
Orientador, o Ministério Público e o Defensor.
Já a Prestação de Serviços à Comunidade de acordo com o ECA, no art. 117,
consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral por período não
excedente de seis meses, junto às entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas governamentais.
Desta forma, o trabalho executado pelo SEAME visa complementar as ações
do CREAS no desenvolvimento do Serviço de Proteção Social de Média
Complexidade a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de LA e de
PSC, uma vez que a entidade se encontra vinculada ao Sistema Único de Assistência
Social (SUAS).
O SEAME fundamenta-se no acompanhamento do adolescente autor do ato
infracional, não como vítima, mas como sujeito de suas ações. O conhecimento não se
limita à mera apropriação, se efetiva na relação Sujeito x Realidade. Assim, o
movimento reflexão e ação são operacionalizados dentro do método participativo e
interativo.
O que se busca no trabalho com os jovens e seus familiares é que tenham a
possibilidade de refletir sobre a vivência enquanto ser social e dessa forma serem
agentes de transformação. Olhar o jovem isoladamente não permite uma
compreensão de sua identidade e conflitos. Neste aspecto percebe-se o jovem sendo
influenciado e influenciando o meio em que vive. Entendendo que o adolescente por
viver uma fase de grandes mudanças físicas, biológicas e emocionais consterne este
movimento inter-relacional.
Quando da aplicação das medidas socioeducativas pelo Juízo da Vara da
Infância e Juventude, os adolescentes e seus responsáveis serão encaminhados ao
SEAME, no qual um Orientador de Medida fará a Interpretação da Medida que prevê a
acolhida e o esclarecimento quanto ao funcionamento da entidade e a forma de
acompanhamento, dando início à elaboração do PIA, que consiste no desenvolvimento
de uma ação socioeducativa focada no atendimento integral do adolescente de forma
personalizada.
Ao iniciar o acolhimento do adolescente e seu responsável, ambos assinarão
termos de compromisso referente ao cumprimento da medida e aceitação das regras
da entidade. Destaca-se o atendimento técnico individual como a tônica eficaz no
processo de acompanhamento das medidas socioeducativas. Os atendimentos
ocorrerão semanalmente com os jovens e mensalmente com os responsáveis, durante
o período estabelecido judicialmente.
No decorrer do acompanhamento ocorrerão encaminhamentos, como por
exemplo, para obtenção de documentação pessoal, atendimento médico, psiquiátrico,
programas de esporte, cultura e lazer, inclusão escolar com a realização de visitas e
contatos às escolas.
As visitas domiciliares se darão mensalmente ou quando necessárias, uma vez
que o conhecimento da realidade social instrumentaliza a ação do Orientador de
Medida. A intervenção junto aos adolescentes também prevê o fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários com ações intergeracionais visando o
desenvolvimento da afetividade e sociabilidade por intermédio de atividades lúdicas
que propiciem vivências socioeducativas capazes de ampliar e fortalecer o direito ao
convívio familiar e comunitário.
Já as atividades externas acontecerão em datas comemorativas e/ou a serem
estipuladas pelos Orientadores de Medida em conjunto com os jovens atendidos. As
mesmas ocorrerão sempre com a presença de um ou mais Orientador de Medida.
As reuniões com os parceiros da PSC ocorrerão sempre que houver
necessidade de encaminhamento, possibilitando trocas de informações e experiências
referentes ao cumprimento desta medida, entre o Orientador de Medida e o
responsável pelo órgão ou serviço que receberá o adolescente.
Cabe também à equipe de Orientadores de Medida outras ações, tais como:
participação em encontros e eventos de relevância a demanda atendida que contribua
para o aperfeiçoamento profissional, recepção de cópias dos processos e realização
de acompanhamento dos mesmos no Fórum, elaboração de relatórios técnicos,
reunião da equipe técnica para discussão de casos, articulação e participação em
reuniões com os demais atores que compõe o Sistema de Garantia de Direitos,
reunião com a diretoria do SEAME, participação nas reuniões de casais voluntários
(que visitam os adolescentes em atendimento), sensibilização e articulação da
comunidade, mobilização para participação dos jovens atendidos na Conferência
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Ademais, o acompanhamento das famílias com filhos internos na Fundação
Casa é realizado através de atendimento grupal mensal no qual são abordados temas
referentes ao processo de internação e desinternação dos jovens, com o intuito de
fortalecer os vínculos familiares, propiciando a reflexão das famílias para receberem
os jovens em seu retorno. A partir da participação das famílias no atendimento grupal,
viabilizam-se visitas às referidas Unidades.
Para cumprir suas finalidades o trabalho do SEAME é desenvolvido através de:
Atendimento individual aos adolescentes e familiares pelos Orientadores de
Medida;
Atendimento individual aos adolescentes e familiares pelos setores de Serviço
Social e Psicologia;
Encaminhamentos aos recursos da comunidade (Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social, documentação, Secretaria de Saúde, escolas,
emprego, etc.);
Encaminhamento dos Adolescentes às instituições onde cumprirão a medida
de Prestação de Serviços à Comunidade, com acompanhamento dos técnicos
do SEAME.
Acompanhamento escolar contato estreito junto aos gestores escolares
(especifico do projeto preventivo);
Visitas institucionais (Conselhos Tutelares, Rede socioassistencial, Escolas,
etc.);
Condução para transporte (uma vez por mês) das famílias para visita aos filhos
na Fundação CASA (fora do município);
Atendimento às famílias com filhos internos na Fundação CASA;
Atendimento em grupos com adolescentes;
Atendimento em grupos com mães;
Reunião Mensal com responsáveis;
Visitas domiciliares realizadas pelos técnicos;
Visita e acompanhamento às famílias por casais voluntários;
Constante capacitação técnica;
Confecção de relatórios aos órgãos responsáveis pelos encaminhamentos;
Atividades com adolescentes e familiares, tais como:
Arteterapia;
Prática esportiva;
Reforço Escolar;
Entre outros.
VIII. Formas de financiamento
O Serviço de Proteção Social Especial a adolescentes em cumprimento de
medidas socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à
Comunidade, é executado em parceria com a organização PASCA – Pastoral dos
Serviços da Caridade – SEAME (Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida
Socioeducativa), com capacidade de atendimento para 200 adolescentes, o custo do
serviço no ano de 2014 é de R$404.154,83, financiado com recursos municipais e
estaduais conforme segue abaixo:
Recursos Municipais: R$258.954,83.
Recursos Estaduais: R$145.200,00.
X. Bibliografia
Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional. Brasília, 18 de janeiro de 2012. Sistema Nacional De Atendimento Socioeducativo –SINASE. Secretaria Especial dos Direitos Humanos – Brasília-DF: CONANDA, 2006.
X. Matriz de planejamento