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1. Título Expressões; representações; apresentações do tempo e da memória na iconografia da cultura urbana: A street art De que forma a street art (graffiti) representa; expressa; apresenta o tempo e a memoria de uma comunidade urbana? Imagens que dizem o tempo (misturando passado, presente e futuro) na cultura urbana – imaginário pictórico na street art. os graffiti, a instalação e a performance Memorias e promessas no imaginário pictórico da cultura urbana: street art. os graffiti, a instalação e a performance 1 Cultura visual da cidade. A partir da análise da arte urbana graffiti, performance e instalação, caraterizar o tempo e a memoria cultura visual urbana…. 1 Santo Agostinho (Confisses, XI, 14- 28) - que situou o tempo na esfera da alma, como uma distenso da alma (distentio animi), a partir da ideia de um presente dilatado que englobaria o passado e o futuro, respectivamente, na forma de memria e expectativa 1

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1. Título

Expressões; representações; apresentações do tempo e da memória na iconografia da

cultura urbana: A street art

De que forma a street art (graffiti) representa; expressa; apresenta o tempo e a memoria

de uma comunidade urbana?

Imagens que dizem o tempo (misturando passado, presente e futuro) na

cultura urbana – imaginário pictórico na street art. os graffiti, a instalação e a

performance

Memorias e promessas no imaginário pictórico da cultura urbana: street art.

os graffiti, a instalação e a performance 1

Cultura visual da cidade. A partir da análise da arte urbana graffiti,

performance e instalação, caraterizar o tempo e a memoria cultura visual

urbana….

Movimentos do tempo e da memória nas imagens da street art…..Imagens

que dizem o tempo e a memória de uma comunidade, caraterizando a cultura

visual urbana… Encontrar na iconologia da arte urbana o tempo existencial e

mostrar que se misturam, constantemente, o passado o presente e o futuro de

uma comunidade …….

1 Santo Agostinho (Confissoes, XI, 14- 28) - que situou o tempo na esfera da alma, como uma distensao da alma (distentio animi), a partir da ideia de um presente dilatado que englobaria o passado e o futuro, respectivamente, na forma de memoria e expectativa

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Intermitências do tempo e da memória na arte urbana….o imaginário

pictórico da cultura urbana na street art.

2. Introdução

A partir de obras da street art, graffit, instalação e performance, fazemos

uma reflexão sobre as expressões do tempo e da memória na iconografia

da cultura urbana. Essas expressões e contexto são também importantes

para indicar tendências recentes de produção de obras de arte que podem

impulsionar caminhos originais na narrativa contemporânea da história da

arte.

Acreditamos que a atividade artística na cultura urbana recria o nosso

modo de ver, viver e conviver em sociedade. Parece ser necessária a

reflexão acerca da atividade artística na cultura urbana (street art)

enquanto “janela” ( autor…..) que nos pode fazer pensar de forma

completa a vida social, imersa numa atmosfera estética feita de historia,

emoções, sentimentos e de afetos partilhados. Esta atmosfera estética

pode-nos fazer vibrar em comum, sentir em conjunto, experimentar

coletivamente.

. Acreditamos ainda que o trabalho artístico, seja no âmbito da criação ou

da fruição estética, possibilita o aparecimento de fraturas que nos

permitem pensar, sentir e agir, numa dimensão de cruzamento de culturas

e de formas de entendimento do mundo.

Cultura urbana

Street artImagens que dizem o tempo

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A vida, na cultura urbana, é atravessada pela riqueza de imagens

construídas pela existência de uma comunidade, enquanto conservação

viva da sua cultura. De acordo com Maffesoli, o quotidiano social é

animado por formas, imagens e processos de ligação entre os indivíduos,

pela dimensão estética da experiência social. A forma artística é uma

maneira de reconhecer a diversidade dos mundos social e individual

fazendo sobressair o invisível que a ciência oficial tem muita dificuldade

em distinguir (MAFFESOLI, 1995 A contemplação do mundo).

Maffesoli contraria a ideia historicamente construída ligada à

compreensão da existência de uma pertença genialidade dos artistas

entendida como dom inerente a poucos privilegiados da sociedade. A essa

perspetiva elitista de produção na arte, Maffesoli afirma a estética como

campo de produção de sentidos em comunhão com a vida social. Esta

perspetiva pode auxiliar na reflexão sobre os diferentes acessos à

produção e fruição na arte e considerar os diferentes modos de criação.

Determinadas tribos sociais tem acesso à imagem artística que é recriada

na experiencia empírica, no aqui e agora, produzindo novos sentidos sobre

a realidade possibilitando perceções do mundo e da vida que

constantemente se recriam.

A imagem que diz o tempo

Pensamos poder dizer que, a arte começa com o entendimento que o

artista possuiu do seu tempo. Entendimento que se vai materializando

através da criação de formas e expressões visuais com a intenção de as

comunicar no presente e para os presentes.

O artista cria e recria visualmente, em busca do seu tempo, tradições,

crenças, mitos, ritos, na verdade, cultura.

Aos criadores, inseridos na cultura de cada tempo, é-lhes pedido que apresentem

criaçoes inovadoras e que na sua açao façam avançar o tempo presente na direçao do futuro.

Qualquer ideia artística está carregada do pensamento e da cultura da sua época. A cultura,

que se revê no objeto criado, faz dele o fruto de um tempo e de um

espaço respondendo às necessidades singulares de cada tempo histórico.

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Ernst Cassirer, na sua obra Filosofia das Formas Simbolicas (1929), desenvolveu uma

filosofia da cultura como uma teoria dos símbolos, baseada na fenomenologia do

conhecimento. um denso estudo impregnado de um racionalismo no qual estende a

problemática kantiana às formas simbolicas como o campo das produçoes constitutivas da

cultura.

Para Cassirer, a ciência passa a ser compreendida como um conhecimento simbolico,

perdendo seu caráter universal e colocando-se no mesmo patamar de outros conhecimentos

simbolicos, de outras formas simbolicas. Enquanto Kant admite apenas a ciência como forma

de conhecimento objetivo, Cassirer defende que todo conhecimento e toda relaçao do homem

com o mundo se dá no âmbito das diversas formas simbolicas.

Ernst Cassirer, concebe o homem como animal symbolicum, produtor de signos e símbolos na

sua relaçao com o mundo. A arte, como as demais formas simbolicas, é uma modalidade de

simbolizaçao com a qual o homem constroi a realidade, criando conhecimento com suas

proprias perspetivas e valores. A arte é um “universo de discurso” independente que promove

uma compreensao profunda e essencial da realidade ajustada pela experiência estética,

favorecendo a liberdade interior. Para Cassirer a arte, como todas as outras formas simbolicas,

“é um dos meios que leva a uma visao objetiva das coisas e da vida humana. Nao é uma

imitaçao, mas uma descoberta da realidade”.

A questão que se coloca é a da imagem que diz o tempo….E que tempo é

o tempo da imagem? O tempo da imagem é o tempo existencial, o tempo

da nossa existência!

Sendo nos animais de fala mítica (animais da promessa) criamos uma linguagem onde

misturamos constantemente passado, presente e futuro de nos mesmos……e nos mesmos é

que somos testemunhas da passagem do tempo…. Que tempos dizem as imagens na arte

urbana? Que culturas definem?

Arte Urbana

Os significados da arte urbana desdobram-se nos múltiplos papéis por ela exercidos, sendo os

seus valores tecidos na sua relaçao com o público e nos modos de apropriaçao pela

coletividade. Há uma construçao temporal do seu sentido, afirmando-se ou infirmando-se.

Assim, estas práticas artísticas podem contribuir para a compreensao de alteraçoes que

ocorrem no urbano, assim como podem também rever os seus proprios papéis diante de tais

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transformaçoes. Que espaços e representaçoes modelam ou ajudam a modelar? Que balizas

utilizam nas suas atuaçoes nesse processo de construçao social?

A arte urbana é vista como um trabalho social, um ramo da produçao da cidade, expondo e

materializando as suas, nem sempre pacíficas, relaçoes sociais. Passar à análise simbolica da

arte urbana é pensar a cidade a partir de planos do imaginário de seus habitantes,

incorporando-os e experimentando o entendimento da sua materialidade. Deste modo, as

referências urbanas sao enfatizadas na sua dimensao qualitativa, abrindo-se à ambiguidade

dos seus sentidos. O relevo dos significados das obras de arte urbana e sua realizaçao no

domínio público dao-se em espaços atravessados de interdiçoes, contradiçoes e conflitos. A

sua realizaçao comporta relaçoes de força sendo exercidas entre grupos sociais, entre grupos e

espaços, entre interpretaçoes do quotidiano, da memoria e historia dos lugares. Pensar a arte

urbana é pensar sobre a vida social aproximando-se do modo pelo qual as pessoas se

produzem e sao produzidas no âmbito da ordem simbolica. É pensar sobre cultura urbana.

Mesmo sem coerência na qualidade e nas propostas artísticas, muitos artistas passam a

identificar-se com um desejo de rever codigos, desafiar o status quo, subverter verdades

consolidadas e dar relevo a experiências de vida e quadros de valores de pessoas comuns e de

grupos marginalizados. A cidade passa a ser palco de um diálogo que aparece tao assimétrico

quanto as relaçoes de poder vigentes. De um lado, a Arte Pública legitimada com tal, do

outro, uma arte de rua (street art) ou Arte Urbana, destituída de legitimaçao.

O tempo social (mistura passado presente e futuro)

O tempo social - feito de coexistência de relaçoes sociais com temporalidades diversas - além

de suas relaçoes com o passado e o presente, é também constituído de promessa. A realidade

está carregada do possível (de promessa) e nela nao estamos diante de blocos de tempo

sobrepostos. O real tem sentido junto com o que pode ser (animais de promessa ou de fala

mítica). A vida quotidiana, sendo plena de prescriçoes no tempo e no espaço, é carregada de

uma sujeiçao dos usos. Com isso, perde-se a açao envolta no uso enquanto relaçao prática

com o outro, limitando as apropriaçoes. A possibilidade de novos usos implica, entre outros

aspetos, o emprego do tempo e espaço para tecer novas territorialidades. Associando-se à

noçao de apropriaçao, a noçao de uso aí inclui também os planos do afetivo, do onírico e do

artístico. É ainda sinônimo de desfrute e fruiçao.

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O trabalho com esta memoria social liga-se a uma reconstituiçao - que é, ao mesmo tempo,

uma certa reinvençao - de referências anteriores (como acontecimentos, modos de vida), de

memorias coletivas e toda memoria coletiva tem por suporte um grupo social limitado e nao

há memoria coletiva que nao se desenvolva num quadro espacial.

A força desta memoria tem por suporte um conjunto de pessoas, cujas distintas lembranças se

tecem umas nas outras, ou seja, a rememoraçao do passado de uns apela à lembrança dos

outros. Diríamos que cada memoria individual é um ponto de vista sobre a memoria coletiva,

que este ponto de vista muda conforme o lugar que ocupamos, e que este mesmo lugar muda

segundo as relaçoes que temos com os outros meios. É na relaçao com esta maleabilidade

constante que se situa a invençao da memoria, a qual se liga à indeterminaçao presente nos

relatos e aos objetos e obras aos quais se referem.

A memoria coletiva faz-se de memorias individuais, mas diferencia-se delas. Nao sendo uma

coleçao de lembranças serenas e tranquilas, a memoria social reaviva, nas suas práticas,

afliçoes, contradiçoes e violências.

Nos espaços públicos, as práticas artísticas sao apresentaçao e representaçao dos imaginários

sociais. Evocam e produzem memoria podendo, potencialmente, ser um caminho contrário ao

aniquilamento de referências individuais e coletivas, à expropriaçao de sentido, à amnésia

citadina promovida por um presente produtivista. É nestes termos que, influenciando a

qualificaçao de espaços públicos, a arte urbana pode ser também um agente de memoria

política.

As imagens

O “fazer” na arte, parece resultar, principalmente, na produçao de imagens. Neste sentido,

pensar sobre as imagens, parece ser um procedimento a que nao poderemos fugir quando

queremos pensar as imagens na arte. As imagens podem convocar os nossos sentidos, por

vezes enigmáticas, ambíguas, mas podem em certa altura ser luzes que nos guiam através do

pensamento.

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Para de Walter Benjamin, a imagem desempenha um papel fundamental, um fio condutor que

permite pensar em diversas áreas, desde a fotografia ao cinema à pintura, ao tempo e à

modernidade. Para Benjamin, a historia é feita de imagens, sendo cada imagem carregada de

tempos. A historia deve ser, montagem, montagem de tempos. A imagem vista, ela propria

como montagem, torna-se em Walter Benjamin imagem dialética, “constelaçao saturada de

tensoes” em que o passado e o presente aparecem, sacudindo o tempo cronologico e o proprio

pensamento – “Nao é que o passado lança sua luz sobre o presente ou que o presente lança luz

sobre o passado; mas a imagem é aquilo em que o ocorrido encontra o agora num lampejo,

formando uma constelaçao” (Benjamin, 2006). Neste sentido pode aparecer um espaço, um

olhar crítico promovendo a leitura do momento presente e o reconhecimento do tempo

passado. Isto nao se dá sob uma ordenaçao linear mas sim por um aspeto estranho entre “o

ocorrido” e “o agora”, como um salto de tempo em que a imagem dialética é o ponto de

encontro entre o anacronismo da imagem e o passado de que emerge, “…o choque desses

tempos genealogicos produz a historia, na imagem, o ser se desagrega: explode…” (Didi-

Huberman , 2013).

Neste sentido, a imagem dialética pode ser vista como um poderoso instrumento fraturante na

produçao imagética moderna tendo a produçao artística como elementos importante de

investigaçao.

Aby Warburg, teorico alemao que, entre o final do século XIX e o início do século XX,

trouxe à luz uma obra de grande abrangência na Historia Social da Arte. Aby Warburg

delimitou um campo de investigaçao e uma metodologia na qual considera a análise das

imagens, como inseparável do estudo das suas funçoes. Em Aby Warburg, a análise

iconográfica apresenta-se como uma investigaçao sobre as fontes das imagens: nao sendo para

ele as imagens entidades historicas, mas sim realidades historicas, inseridas num processo de

transmissao de cultura (Johnson, 2012).

No pensamento de Aby warburg parece existir o desejo e a necessidade de olhar o mundo

com a intençao de o questionar. O seu trabalho parece ter ido no sentido de estabelecer

relaçoes e sentido entre as coisas, mesmo as mais díspares e distantes atribuindo a essas coisas

uma condiçao de flexibilidade e maleabilidade. Tendo em conta essa flexibilidade e

maleabilidade foi possível alcançar inesperadas correspondências e descobertas significaçoes

nao habituais. Daí o esforço e a exigência de observar atentamente aquilo que à primeira vista

nao se deteta quando se olha. Merleau-Ponty em O Olho e o Espírito (2002), refere que a

visao nao se reduz ao olhar estático, o olhar que cristaliza sem ter em consideraçao o passado,

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o presente e o futuro. A visao é envolvida pelo movimento, nao havendo um tempo único,

mas o “durante” ou o “entre” Daí a procura da curva e da contracurva que a imaginaçao

encontra nas formas da natureza e na arte (Merleau-Ponty, 2002). Trata-se de um

entendimento do mundo que torna relevante forma e conteúdo das coisas e as suas ligaçoes.

Devemos pensar esse processo dialético como um processo da presença e da ausência. Por um

lado, “ver perdendo”, e por outro, “ver aparecer o que se dissimula” Temos que nos inquietar

com o “entre”. A imagem dialética é o ponto de inquietaçao, o “entre” (Did-Huberman,

2011).

O atlas de Warburg é um objeto pensado para que a partir das imagens, agrupadas de uma

certa maneira, nos possibilitasse uma releitura do mundo ligando de modo diferente os

pedaços díspares O Atlas de Aby Warburg é assim, uma montagem de fragmentos carregados

de movimento de tempos diferentes em que cada um é portador de uma memoria. Aby

Warburg concebia o proprio tempo como montagem e nao há, em Warburg, como pensar o

tempo sem a montagem (Didi-Huberman, 2013). .

“A minha infância acabou, chegou ao fim e por isso nao vamos mais falar nela”. Ora, durante

toda a nossa vida, as coisas da nossa infância vao reaparecer e somos crianças até ao fim da

nossa vida. É o que se passa na cultura, na historia das imagens, segundo Warburg. Este

modelo diz-nos, portanto, que as imagens sao operadores de migraçao, Wanderung. Hoje é

muito importante fazer o elogio da migraçao, saber que as imagens sao feitas para atravessar

fronteiras. Em segundo lugar, ele forneceu um novo modelo temporal a partir da Nachleben,

da sobrevivência, que faz com que aquilo que julgávamos que era de uma determinada época

e tinha desaparecido reapareça selecionado e recativado por outra época

Que conceito poderia aproximar o pensamento de Didi-Huberman ao de Aby Warburg? Didi-

Huberman destaca a especificidade do tempo que, criado na obra de arte, cria diferentes elos

com base nos quais será possível reconfigurar diversos tempos. Assim, a memoria que a obra

traz consigo continuará a atravessar diversos tempos. O tempo, segundo Didi_Huberman, está

no centro de todo o pensamento sobre a imagem, pois ao estarmos diante da imagem estamos

frente ao tempo. Diante da imagem, é o tempo que nos olha. O trabalho de Aby Warburg sob

o ponto de vista de Didi-Huberman é visto como uma montagem de tempos distintos onde a

imagem dialética nos permite interpretar criticamente o passado e o presente e descer às

profundezas do espírito humano, à matéria anacronicamente estratificada e que se repense, na

imagem, as relaçoes do “agora” com “o que aconteceu”

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3.2 O problema de investigação.

Qual é a relaçao entre a cultura urbana e a produçao iconográfica da cidade?

Como se expressa essa iconografia?

Que tempos dizem as imagens….o tempo historico? O tempo existencial?

Como se exprime o tempo e a memoria da nossa existência nas imagens da arte

urbana? Que iconografia o representa?

Qual é ou como é a cultura visual da cidade?

Como se carateriza a interaçao entre essa produçao artística e a vida da cidade?

Que valores, mitos e ritos estao na base dessa produçao?

De forma o imaginário pictorico da cultura urbana mistura constantemente passado

presente e futuro? De que forma ou como se tecem memorias e tempos na cultura

urbana?

O tempo é uma reverberaçao em nos. Quem dá conta da passagem do tempo sou eu, o

individuo. O tempo é aquilo que enche a estrutura oca (durand)…é a existência do

individuo….Aquilo que dá densidade a um sujeito é a passagem do tempo…o tempo é

aquilo que dá forma e enche a estrutura oca.a existência preenche a estrutura ….Aquilo

que dá densidade e intensidade ao individuo é a passagem do tempo……

Como é que se diz na arte, como se exprime o tempo? Como se exprime o tempo na

imagem, a densidade do sujeito, na arte urbana?

.

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3.3 Relevância.

A questao da cultura visual e do seu impacto na experiência contemporânea será neste estudo

acompanhado pela análise da street art. Forma de comunicar marginal, a strret art propiciava-

se a repensar as complexidade da vida urbana e da sua relaçao com as imagens e a

repercussao destas na memoria e no tempo da sociedade contemporânea.

4. Revisão Bibliográfica (Estado da Arte)

Arte urbana

Cultura urbana

Maffesoli – A contemplação do mundo; elogio da razão sensível; A sombra de

dionísio; o tempo das tribos.

Marc Auge - Não-lugares.

CASTELLS, MANUEL - The City and the grassroots.

CERTEAU, Michel de. - The practice of everyday life.

CERTEAU, Michel. A cultura no plural.

FOUCAULT, Michel. – Microfisica do poderFOUCAULT, Michel – As palavras e as coisas

GUATTARI, Félix - Espaço e poder: a criação de territórios na cidade.

ZYGMOUNT, B. Modernidade Liquida

A imagem e comunicação

Moises Lemos martins - Crise no Castelo da Cultura - Das Estrelas para os

Ecrãs; Imagem e pensamento

Deleuze, G. . Francis Bacon - Lógica da Sensação.

Didi-Huberman, G. (2013). Imagens apesar de tudo

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Did-Huberman, G. (2011). O que nós vemos, o que nos olha

Didi-Huberman, G. (2013). Atlas ou a Gaia Ciência Inquieta

VILÉM FLUSSER – Filosofia da caixa preta

Roland Barthes – A camara clara

CASSIRER, Ernest. A arte. In: Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana.

Semiótica

BARTHES, Roland. A Aventura Semiológica

ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica.

Produção simbólica

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico

Imaginário social

Sociologia urbana (sociologia do desvio)

George H. Mead - Mente, self, e sociedade

Erving Goffman - A Representação do Eu na Vida Cotidiana

Robert Park, - A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano

SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental.

LATOUR, Bruno. Reagregando o Social

LYOTARD, Jean-François, A Condição Pós-moderna

Sociologia da arte

Howard S. Becker - Arte Worlds

Albertino Gonçalves – Vertigens, para uma sociologia da perversidade

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BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade: o pintor da vida moderna

ORTEGA Y CASSET, José. A desumanização da arte.

BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação

BENJAMIN, Walter - Magia e técnica, arte e política.

ADORNO, Theodor W. Teses sobre sociologia da arte. In: COHN, Gabriel (org.). Theodor W. Adorno.

FREUND, Julien. A sociologia da arte e da técnica. In: A sociologia de Max Weber.

Antropologia da arte

LEVI-STRAUSS. Olhar, escutar, ler.

Pesquisa etnográfica

Harold Garfinkel - O que é etnometodologia?

Interacionismo simbólico

Graffiti

Pesquisa qualitativa

Sartre, J.-P. (2012). Alberto Giacometti.

Observação participante

Interação social

3. Hipóteses

Que diz a produção simbólica da cultura urbana? Que tempo é o tempo da imagem

da cultura urbana. Que tempo é o tempo da imagem…..????

Serao as imagens, as obras de arte, cristalizaçoes do modo como os artistas vêm e sentem o

tempo e o espaço nos quais produzem objetos? Ou, para além de poderem ser vistas como

ligadas a realidades de um determinado tempo e de um determinado espaço, as imagens

refletem também inquietaçoes que atravessam o tempo e que reaparecem em tempos e

espaços diferentes daqueles em que foram produzidas?

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6. Metodologia

Para estudar um fenomeno complexo como a imagem que diz o tempo na street art e

interrogar-nos acerca do lugar e do papel na cultura urbana, o nosso estudo nao se cingirá a

uma única ferramenta nem delimitará um so objeto, recorrendo a um trabalho de bricolage

metodologica, que combinará a participaçao em blogs, o desenvolvimento de um estudo

antropologico na cidade …… (que envolverá a observaçao direta nao participante, a

realizaçao de entrevistas e a recolha de imagens, a análise visual...), a elaboraçao de uma

cartografia, que integrará a nossa propria experiência subjetiva da iconografia quotidiana.

7. Cronograma

8. Resultados esperados

Pretende-se criar uma cartografia para recolha e amostragem das imagens da street art, das

mais excecionais as mais banais. Mapear intervalos de açao com vista a criar planos de

inteligibilidade capazes de mostrar os pedaços de historia, fragmentos de experiência e

imanência das imagens que farao deflagrarem novas formas de pensar a temporalidade das

imagens por mais marginais, clandestinas, passageiras, nomadas que sejam.

as imagens sao operadores de migraçao, Wanderung. Hoje é muito importante fazer o elogio

da migraçao, saber que as imagens sao feitas para atravessar fronteiras. Em segundo lugar, ele

forneceu um novo modelo temporal a partir da Nachleben, da sobrevivência, que faz com que

aquilo que julgávamos que era de uma determinada época e tinha desaparecido reapareça

selecionado e recativado por outra época

9. Referência Bibliográfica

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Bachelard, G. (2005). A formação do espírito científico : contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto Editora

Barthes, R. (1988) Aula,. Sao Paulo: Editora Cultrix

Benjamin, W. (1989). Discurso Interrompidos. Buenos Aires: Taurus

Benjamin, W. (1986). Documentos de cultura. Documentos de barbárie. Sao Paulo: Editora Culturix.

Benjamin, W. (1994) Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. (Obras

escolhidas, vol. 1). Sao Paulo: Brasiliense

Benjamin, W. (1992). Sobre arte, técnica, linguagem e política. Lisboa: Relogio d’Agua.

Benjamin, W. (2006). Passagens. UFMG.

Bergson, H, (1999). Matéria e memória – Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito.Sao Paulo: Martins

Fontes

Deleuze, G. (2011). Francis Bacon - Lógica da Sensação. Lisboa: Orfeu Negro.

Didi-Huberman, G. (2013). Imagens apesar de tudo. Porto: Dafne.

Did-Huberman, G. (2011). O que nós vemos, o que nos olha. Porto: Dafne Editora

Didi-Huberman, G. (2013). Atlas ou a Gaia Ciência Inquieta. Porto: Dafne Editora

Johnson, C. (2012). Memory, Metaphor, and Aby Warburg's Atlas of Images. Cornell

University Press.

Malraux, A. (2013). O Museu Imaginário . Lisboa: Ediçoes 70.

Marques, B. (2011). Julião Sarmento com James Joyce: Melancolia e Narcisismo. Lisboa: UNL/ Faculdade de

Ciências Sociais e Humanas.

Merleau-Ponty, M. (2002). O olho e o Espirito. Lisboa: Vega.

Poulet, Georges. (1992), O espaço proustiano. Rio de Janeiro: Imago

Sartre, J.-P. (2012). Alberto Giacometti. (C. Euvaldo, Trad.) Sao PAulo: MartinFontes

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